MARCELLA DOS SANTOS AMORIM ALEXANDRE PEIXOTO SERAFIM
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MARCELLA DOS SANTOS AMORIM ALEXANDRE PEIXOTO SERAFIM
Monografia de conclusão de Residência Médica em Terapia Intensiva Pediátrica
Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
www.paulomargotto.com.br Brasília, 23 de novembro de 2011
IntroduçãoCrianças criticamente doentes têm risco
significativo para o desenvolvimento de anemia e receber transfusões de sangue
Transfusões em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) foram associadas com piores resultados
* minimizar a exposição aos hemoderivados
IntroduçãoHá variações substanciais nas práticas de
transfusões de glóbulos vermelhos * controvérsia na indicaçãoEstudos recentes contestam a utilização do
nível de hemoglobina como parâmetro isolado na indicação de transfusão
Avaliação clínica : sinais vitais, condições hemodinâmicas e presença de sangramento
IntroduçãoNem sempre a transfusão de glóbulos
vermelhos resulta em maior disponibilidade de oxigênio para os tecidos
Alterações associadas com o tempo de armazenagem das hemácias : perfusão microvascular, o transporte e consumo de oxigênio
Objetivo
Analisar as conseqüências das transfusões de sangue em crianças e determinar se o tempo de armazenamento dos concentrados de hemácias utilizados em uma UTI Pediátrica teve associação com maior tempo de internação ou maior mortalidade
Materiais e MétodosFoi estudada uma coorte retrospectiva de
crianças internadas na UTI Pediátrica do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS) no período de novembro de 2009 a dezembro de 2010
Dados : consulta de arquivo de dados do banco de sangue do HRAS e consulta aos prontuários e arquivo de dados da UTIP - HRAS
Materiais e MétodosUTI Pediátrica do HRAS : 16 leitos e atende
principalmente a pacientes clínicos, com uma taxa de ocupação em torno de 90%
HRAS é um hospital de ensino de nível secundário, com atenção voltada aos pacientes pediátricos e uma grande maternidade
Materiais e MétodosDados coletados :o data de nascimentoo idade, data da admissão na UTIP, diagnósticoo valor da hemoglobina pré – transfusãoo data da transfusão de concentrado de hemáciaso período de armazenamento do concentrado de
hemácias (em dias)o volume da transfusãoo presença ou não de choque instávelo data do óbito e data da altao PIM2 e probabilidade de óbito.
Materiais e MétodosDados referentes às transfusões : livro de
registro de transfusões de hemoderivados do banco de sangue do HRAS
o dados do receptor (nome, data de nascimento, local de internação, data da transfusão, volume e tipo de hemoconcentrado solicitado)
o registro do doador
Materiais e MétodosDefinições
Para efeito de comparação das variáveis dependentes (tempo de internação e mortalidade) com o tempo de armazenagem foi considerado o tempo de corte menor ou igual a 7 dias
Materiais e MétodosDefinições
Para os pacientes que receberam mais de uma transfusão, foi considerada a transfusão com maior tempo de armazenagem
Materiais e MétodosDefinições
Choque instável foi definido como a necessidade de iniciar ou aumentar inotrópicos nas 24 horas anteriores à transfusão
Materiais e MétodosAnálise estatísticao software SPSS v14.0 (SPSS Inc, Illinois,
EUA)o características clínicas dos participantes
foram comparadas pelo teste do qui-quadradoo dados não-paramétricos foram comparados
pelo teste U de Mann-Whitney
Resultados212 internações
103 transfusões em 59 pacientes (27,8%)o 29 gênero feminino (49%)o 30 gênero masculino (51%)
153 pacientes não – transfundidos (72,2%)
Gráfico 1 : Freqüência das transfusões em relação a idade (em meses)
o crianças de menor faixa etária foram mais transfundidas mediana de 9,4 meses (4,8 a 26,7; IQR)
Gráfico 2 – Frequência das transfusões em relação ao nível de hemoglobina pré – transfusão
o mediana de 7,35 mg/dL (6,52 – 8,0; IQR)o 19 das 103 transfusões não foi encontrado o valor da
hemoglobina pré - transfusão por falta de dados no prontuário
Resultados23 crianças apresentaram choque
hemodinâmicoCausas de hemotransfusão - insuficiência respiratória : 5 casos - pré – operatório : 13 casos - hemorragia : 12 casos - exanguineotransfusão : 1 caso
Gráfico 4 – Frequência das transfusões em relação ao tempo (em dias) de armazenamento do concentrado de hemácias
o mediana de 7 dias (6 -11 dias; IQR) o média de 8,9 diaso perda de 3 transfusões
Gráfico 5 – Frequência das transfusões em relação ao tempo de internação (em dias)
o mediana de 12 dias (p < 0,001 Mann – Whitney)o média de 17,8 diaso não – transfundidas mediana de 4 dias
Gráfico 7 – Frequência das transfusões em relação ao escore PIM2 – Escore médio de – 2,63
Gráfico 8 - Frequência das transfusões em relação a probabilidade de óbito – 15,2%
Descrição da População Quanto ao Escore PIM2, Mortalidade e Tempo de Internação_______________________________________________________________________ PT PNT PTOTAL p ProbÓbito* 15,2% 7,23% 9,35% PIM2 § -2,63 (1,86) -3,75 (1,72) -3,45 (1,82) 0,002 TempoDeInternação # 17,8 (24,1) 8 (16) 11 (18,8) < 0,001 Óbito 14/59 (23,7%) 13/153 (8,5%) 27/212 (12,7%)________________________________________________________________________ PT: População transfundida PNT: População Não-Transfundida PTOTAL: População Total * Mediana (Quartil 25 - Quartil 75) § Média (DP) # Em dias: Mediana (Quartil 25 - Quartil 75)
Tabela 1 – Descrição da população quanto ao escore PIM 2, mortalidade e tempo de internação
ResultadosCrianças transfundidas x Não transfundidas o PIM 2 : escore médio de -2,63 (- 2,63 vs –
3,75, respectivamente, p = 0,002)o Probabilidade de óbito : 15,2% vs 7,3%o Tempo de internação : mediana de 12 dias
(12 dias vs 4 dias, respectivamente, p < 0,001)
Comparação do tempo de Armazenagem e Tempo de Internação: > 7 dias < 7 dias
n1 = 32 n2 = 25
U = 432,5 P (two-tailed) = 0,603
Tabela 2 – Comparação entre o tempo de armazenagem do concentrado de hemácias e o tempo de internação
(mediana de 12 dias para o grupo n1 e mediana de 11 dias para o grupo n2) (12 dias vs 11 dias, respectivamente, p = 0,603)
Comparação entre o tempo de armazenagem e o numero de óbitos____________________________________ >7dias </=7dias Total____________________________________Óbito Não 24 20 44 Sim 8 5 13 Total 32 25 57 ____________________________________ Chi-square: 0,199P = 0,655
Tabela 3 – Comparação entre o tempo de armazenagem e o numero de óbitos
ResultadosNão houve diferença estatisticamente
significativa entre o tempo de internação do grupo de crianças transfundidas com hemácias com 7 dias ou menos de armazenamento comparado com o grupo transfundido com as hemácias com mais de 7 dias de armazenamento (11 dias vs 12 dias, p= 0,603, Mann-Whitney)
Não houve diferença na mortalidade entre os grupos transfundidos com hemácias jovens (≤ 7 dias)
ou antigas (>7dias)(20% vs 25%, p = 0,655, x²)
Processo de armazenamento do concentrado
de hemácias
Níveis de 2,3 difosfoglicerato e de
Hemoglobina S-nitrosilada
Depleção do trifosfato de
adenosina (perda da integridade da
membrana celular e microvesiculação)
Restos de membrana celular (CD 47) - inibição
macrófagos, geração trombina e
lipídeos pró - coagulantes
Propriedade imunológica
ou pró – coagulante(risco de SDMO)
DiscussãoEstudo de choque em ratos : hemácias
armazenadas durante 3 dias aumentaram o consumo de oxigênio, enquanto as armazenadas por 28 dias não produziram melhora clínica
O aumento na duração da armazenagem foi associado com redução da perfusão e do consumo de oxigênio em pacientes adultos
DiscussãoKaram e colaboradores : estudo com 296
crianças transfundidas em UTI
o aumento na incidência de disfunção múltipla de órgãos naquelas que receberam hemácias armazenadas por ≥ 14 dias (OR 1,87, 95% CI 1,04; 3,27, p = 0,03)
o diferença significativa no tempo de permanência na UTI (diferença média ajustada + 3,7 dias, p < 0,001)
Discussão
o nenhuma mudança na mortalidade (6,3% vs 4,3%, p = 0,6)
o crianças < um mês de idade : probabilidade maior de receber hemácias armazenadas por menos de 14 dias (61% vs 43%, P <0,001)
o pior resultado clínico associado a politransfusões
DiscussãoNo nosso estudo não encontramos diferença
significativa entre o tempo de armazenagem do hemoconcentrado e o tempo de internação (p = 0,603)
Não houve diferença em relação a mortalidade
Nossas crianças transfundidas foram de faixa etária mais baixa, com média de idade de 29,69 meses
DiscussãoEstudos observacionais em adultos são
conflitantesAlguns autores relataram que a transfusão de
unidades mais antigas (tempo de armazenamento > 14 dias) foi associada com diminuição oxigenação cerebral, aumento da taxa de infecções hospitalares, aumento de trombose venosa profunda, aumento de SDMO e aumento da mortalidade
Outros não relataram nenhum impacto significativo com transfusão de unidades antigas
DiscussãoGauvin e colegas na análise do estudo
TRIPICU(Transfusion Requirements in Pediatric Intensive Care Units) :
associação da transfusão de hemácias armazenadas por mais de 14 dias e o aumento da incidência de disfunção de múltiplos órgãos
DiscussãoKneyber e colaboradores (transfusão
sanguínea versus aumento da morbimortalidade em crianças criticamente doentes)
o crianças transfundidas tinham maior mortalidade (16,4 vs 2,6%, p <0,001)
o mortalidade mais relacionada ao número de transfusões (p = 0,002) do que ao nível de hemoglobina pré - transfusão (p = 0,10)
o suporte ventilatório prolongado (11,1 ± 1,8 vs 3,2 ± 0,3 dias, infusão p <0,001)
Discussãoo uso de drogas vasoativas (8,2 ± 1,8 vs 2,8 ±
0,6 dias, p <0,001) o maior tempo de permanência em UTIP (13,0
± 1,8 vs 3,2 ± 0,2 dias, p <0,001)o maior probabilidade de morte (PIM média)
entre os transfundidoso nenhuma associação observada entre o nível
de hemoglobina pré-transfusão e mortalidade (p = 0,10)
DiscussãoBateman e colaboradores (estudo com 977
crianças e 30 UTIPs)o 49% receberam transfusãoo maior tempo de internaçãoo maior tempo em ventilação mecânicao maior mortalidadeo maior incidência de infecções hospitalares e
de disfunção cardiorrespiratóriao 65% das transfusões com tempo de
armazenamento inferior ou igual a 14 dias, com média de 13,3 dias
DiscussãoNosso estudo :o 27,8% receberam transfusão * postura conservadora * ausência de uniformidade na indicação * hemoglobina pré – transfusão (média de 7,3
mg/dL)
o 43% das transfusões com hemácias com tempo de armazenamento inferior a 7 dias (média de 8,9 dias)
DiscussãoNão há um consenso na literatura em relação
ao valor da hemoglobina pré– transfusão
Outros fatores como estado hemodinâmico, doença de base, patologias cirúrgicas (pré e pós operatório) e presença de sangramento
DiscussãoLimitações do nosso estudoo caráter retrospectivoo numero pequeno de pacienteso impossibilidade de ajustar a análise para a
variável confundidora das múltiplas transfusões
ConclusãoNão houve relação estatisticamente
significativa entre o tempo de armazenagem do concentrado de hemácia transfundido e o tempo de internação e a mortalidade
O valor da hemoglobina pré – transfusão no nosso serviço é mais baixo e nossas crianças recebem hemácias mais jovens
Obrigada