MAPEAMENTO DA QUALIDADE DE VIDA EM POUSO ALEGRE, MG · 2012. 10. 24. · de qualidade ambiental,...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
Lays Horta de Miranda
MAPEAMENTO DA
QUALIDADE DE VIDA EM
POUSO ALEGRE, MG
ALFENAS, 2011
LAYS HORTA DE MIRANDA
MAPEAMENTO DA QUALIDADE DE VIDA EM POUSO ALEGRE, MG
Alfenas, 2011
Dissertação apresentada como parte
dos requisitos para obtenção de
grau em bacharelado em Geografia
pela Universidade Federal de
Alfenas. Área de concentração:
sensoriamento remoto e
geoprocessamento. Orientadora:
Rúbia Gomes Morato.
LAYS HORTA DE MIRANDA
MAPEAMENTO DA QUALIDADE DE VIDA EM POUSO ALEGRE, MG
Aprovada em: 21 de novembro de 2011
Prof.ª Dr.ª Rúbia Gomes Morato
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
Prof. Dr. Fernando Shinji Kawakubo
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
Prof. Me. Ericson Hideki Hayakawa
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
A Banca examinadora abaixo aprova
a Dissertação apresentada como parte
dos requisitos para obtenção de título
de graduação em Bacharelado em
Geografia da Universidade Federal de
Alfenas. Área de concentração:
sensoriamento remoto e
geoprocessamento.
Dedico a todos os cidadãos pouso-
alegrenses, a meus familiares e amigos
pelo apoio e aos professores da
Geografia da Universidade Federal de
Alfenas.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto de Ciências Biológicas e da Terra da Universidade Federal de Alfenas, pela
oportunidade oferecida.
A Prof.ª Dr.ª Rúbia Gomes Morato, orientadora, pela confiança em mim depositada, pelos
conhecimentos transmitidos, pela dedicação e pela amizade.
Aos professores da área das Geotecnologias da Universidade Federal de Alfenas, por
despertar em mim o interesse por este ramo da ciência geográfica, e pelas críticas construtivas
que aprimoraram meu trabalho.
Ao coordenador do curso, Prof. Dr. Clibson Alves dos Santos, e ao chefe de Departamento
das Ciências Biológicas e da Terra, Prof. Dr. Ronaldo Luiz Mincato, pelo excelente trabalho
realizado.
Aos demais professores do curso de Geografia da Universidade Federal de Alfenas, pela
amizade e o carinho.
Às amigas Iara Caroline de Oliveira Santos e Christiany Mattioli Sarmiento, com quem
troquei experiências e conhecimento.
Aos meus colegas de turma e de curso, pelos momentos inesquecíveis passados juntos.
A minha gêmea inseparável, Larissa Horta de Miranda, pela convivência todos estes anos de
nossas vidas.
A minha família, por serem os responsáveis na formação do meu caráter, pelo apoio a todas
minhas decisões e incentivo a sempre continuar em frente.
Ao meu namorado, pela companhia e afeto.
A cidade de Alfenas, pela acolhida.
RESUMO
Este trabalho objetiva analisar a qualidade de vida urbana no município de Pouso Alegre –
MG com auxílio de imagens de satélite Landsat-7 ETM, através do mapeamento por técnicas
de Geoprocessamento. A metodologia utilizada consiste na elaboração de três índices: índice
de qualidade ambiental, índice socioeconômico e índice de educação, através do sistema de
recuperação de informações georreferenciadas Estatcart e do sistema de informação
geográfica Ilwis 3.4. O mapeamento da qualidade de vida no município é a principal
contribuição da Geografia neste tipo de estudo. Dessa forma, consegue-se chegar a um mapa
final, cujo resultado apresenta grande correlação com a realidade do local, uma vez que a
metodologia utilizada se mostrou bastante eficiente. As regiões que apresentam maiores
índices de qualidade de vida são também as áreas mais nobres da cidade. Por fim, consegue-se
evidenciar os locais onde há maior necessidade de investimentos públicos para que a
qualidade de vida dos moradores melhore com o passar dos anos.
Palavras-chave:
Qualidade de vida, Pouso Alegre, mapeamento, sistema de informação geográfica, mapa final.
ABSTRACT
This paper aims to analyze the quality of urban life in the city of Pouso Alegre - MG with the
aid of satellite Landsat-7 ETM through GIS mapping techniques. The methodology consists
in the elaboration of three indexes: environmental quality, socioeconomic index and education
index, through the recovery system Estatcart georeferenced information and geographic
information system Ilwis 3.4. Mapping the quality of life in the city is the main contribution
of this type of study Geography. Thus, it is possible to reach a final map, the result shows
strong correlation with the reality of the place, once the methodology has proven very
effective. Regions with higher levels of quality of life are also areas of the city's finest.
Finally, it is possible to highlight the places where there is greater need for public investment
in the quality of life of residents improves over the years.
Key words:
Quality of life, Pouso Alegre, mapping, geographic information system, final map.
6
Sumário
1. Introdução...................................................................................................... 7
2. Área de Estudo .............................................................................................. 8
3. Objetivos ........................................................................................................ 9
3.1. Objetivos Gerais ....................................................................................................... 9
3.2.Objetivos Específicos ................................................................................................... 9
4. Justificativa .................................................................................................. 10
5. Fundamentação Teórica ............................................................................... 11
5.1. Geotecnologia ........................................................................................................... 11
5.1.1. Sensoriamento Remoto ................................................................................... 11
5.1.2. Satélite LANDSAT 7 ........................................................................................... 11
5.1.3. Geoprocessamento ........................................................................................ 11
5.1.4. Sistemas de Informação Geográfica ................................................................ 12
5.1.5. SIG ILWIS ........................................................................................................... 12
5.2.Estudos sobre qualidade de vida ............................................................................... 12
6. Material e Método ......................................................................................... 14
7. Resultado ...................................................................................................... 16
8. Discussão ...................................................................................................... 19
9. Conclusão ..................................................................................................... 20
Referências Bibliográficas: ............................................................................... 21
7
1. Introdução
Pouso Alegre se localiza na região sul de Minas Gerais, sendo importante pólo
industrial e comercial na região. Ao longo das últimas décadas, a cidade vem apresentando
um crescimento acelerado, devido a inúmeros fatores, mas principalmente em decorrência da
industrialização da cidade e de sua localização. A cidade fica às margens da rodovia Fernão
Dias, a 180 km de São Paulo e a 360 km da capital mineira.
Esse rápido crescimento da população pouso-alegrense é acompanhado da carência de
planejamento urbano, o que gera um ambiente desorganizado juntamente com a falta de
infraestrutura em muitos setores da cidade.
Para conciliar o crescimento e o desenvolvimento, é necessário mapear a qualidade de
vida urbana a fim de que se conheçam os problemas e principais falhas que a cidade
apresenta.
Figura 1 – Localização de Pouso Alegre, região sul de Minas Gerais
8
2. Área de Estudo
A área de estudo é o município de Pouso Alegre, localizado na região Sul do Estado
de Minas Gerais, conforme a Figura 1 acima. É cortado por duas importantes rodovias, a BR-
381 (Fernão Dias; que liga São Paulo - SP a Belo Horizonte - MG) e a BR-459 (Rodovia
Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga Poços de Caldas – MG a Lorena – SP). Tem uma
área de 544 km2 e 120.467 habitantes (IBGE, 2007).
Fig. 2: Representação do mapa dos principais rios e rodovias que cortam a cidade
9
3. Objetivos
3.1. Objetivos Gerais
O objetivo geral deste trabalho é estudar a qualidade de vida da população no
município, gerando um mapa final.
3.2. Objetivos Específicos
Analisar os principais problemas encontrados no município, os quais podem ser
divididos em três dimensões: qualidade ambiental, educação e nível sócio-econômico. Esta
análise terá a finalidade de estudar cada uma destas dimensões em particular e depois agrupá-
las, de modo a entender o problema como um todo e buscar uma possível solução para este
problema.
10
4. Justificativa
Estudar o crescimento de uma cidade como Pouso Alegre se faz importante visando
principalmente à qualidade de vida de seus habitantes. Uma cidade de suas proporções
necessita projetos para que seu crescimento seja organizado e acompanhe o desenvolvimento
da cidade e o grande fluxo migratório que esta apresenta. Há, inclusive, estudos que prevêem
uma duplicação no número de habitantes da cidade na próxima década.
A proximidade a pólos tecnológicos nacionais (Santa Rita do Sapucaí) e a duas
universidades federais (UNIFEI, em Itajubá; UNIFAL, em Alfenas) influencia tanto no
crescimento quanto no desenvolvimento de Pouso Alegre, bem como a faculdade de Medicina
(localizada na cidade) que, junto ao Hospital Regional, tornam a cidade um referencial em
termos de saúde; e a recente instalação de uma unidade do Instituto Tecnológico Federal na
cidade, o qual proverá a possibilidade de que a população possa cursar nível superior em uma
instituição federal na própria cidade.
O papel do geógrafo nesse estudo é o de analisar os problemas da cidade, a fim de
organizar o fluxo de seu crescimento e propor alternativas que venham a solucionar tais
problemas. Faz-se necessário, inclusive, a adequação do plano diretor da cidade, para que se
possam direcionar as soluções aos principais problemas que nela encontramos.
Por fornecer aparato em termos de análise espacial, através de imagens de satélite e
dados censitários, que virão a gerar um mapa final, o presente estudo se faz importante para a
Geografia de um modo geral.
11
5. Fundamentação Teórica
5.1. Geotecnologia
A geotecnologia é um conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e
disponibilização de informação com referência geográfica. É composta por soluções em
hardware, software, dataware e peopleware, que juntos constituem poderosa ferramenta para
tomadas de decisão.
É representada por Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Cartografia Digital,
Sensoriamento Remoto, Sistemas de Posicionamento Global (ex: GPS), Aerofotogrametria,
Geodésia, Topografia Clássica, entre outros.
5.1.1. Sensoriamento Remoto
Figueiredo (2005) define sensoriamento remoto como “processo de captação de
informações dos fenômenos e feições terrestres, por meio de sensores, sem contato direto com
os mesmos, associado a metodologias e técnicas de armazenamento, tratamento e análise
destas informações”. Existem vários satélites em operação, como o LANDSAT.
5.1.2. Satélite LANDSAT 7
Este sistema, Land Satellite, foi desenvolvido pela NASA e iniciou sua operação em 1972.
Neste estudo, foi utilizado o LANDSAT 7, que é equipado com os sensores ETM (Enhanced
Tematic Mapper) e PAN (Pancromático).
5.1.3. Geoprocessamento
Rodrigues (1990) define o Geoprocessamento como o conjunto de tecnologias de
coleta e tratamento de informações espaciais e de desenvolvimento, e uso, de sistemas que as
utilizam. As áreas que se servem das tecnologias de Geoprocessamento têm, em comum, o
interesse por entes de expressão espacial, sua localização, ou distribuição, ou ainda a
distribuição espacial de seus atributos. Como demonstram as definições apresentadas, os
instrumentos ou recursos disponibilizados pelas tecnologias de Geoprocessamento são
diversos, tais como os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), o Sensoriamento Remoto e
os Sistemas de Posicionamento Global (GPS). Estas tecnologias podem ser utilizadas em
diversas áreas como a Geografia, a Cartografia, a Agronomia, a Geologia, entre outras,
fornecendo importante subsídio para variadas aplicações.
12
5.1.4. Sistemas de Informação Geográfica
Para Burrough (1986), SIG é um importante conjunto de ferramentas para colecionar,
armazenar, recuperar, transformar e apresentar dados espaciais do mundo real. O
desenvolvimento das técnicas computacionais possibilitou o trabalho com um grande volume
de dados, sejam estes mapas, imagens ou tabelas, de maneira integrada dentro de um SIG.
“Muito mais que um sistema que permite a produção de mapas, os SIG são sistemas que
se preocupam com a descrição, explicação e previsão dos padrões e processos nas escalas
geográficas” (LONGLEY et. al. 2007, apud MORATO et. al. 2011).
O núcleo do SIG é a análise espacial, como vários autores consideram (LONGLEY et. al.
2007). O primeiro trabalho envolvendo análise espacial foi realizado em 1854, pelo britânico
John Snow, relacionando os casos de cólera em Londres com a distribuição espacial dos
poços de água. Através da elaboração de um mapa, Snow verificou o setor que concentrava o
maior número de ocorrências.
5.1.5. SIG ILWIS
No presente estudo, foi utilizado o SIG Ilwis (Integrated Land and Water Information
System), gratuito e desenvolvido pelo International Institute for Geo-Information Science and
Earth Observation (ITC), da Holanda. Neste software é possível realizar a entrada de dados,
edição, modelagem, processamento de imagens de sensoriamento remoto e análise espacial.
Está disponível na internet e pode ser instalado no computador pessoal facilmente.
5.2. Estudos sobre qualidade de vida
As bases teóricas para a realização deste projeto foram encontradas em estudos sobre a
qualidade de vida em áreas urbanas. Atualmente, encontra-se na literatura um grande aparato
no que diz respeito aos estudos de qualidade de vida.
O próprio padrão de urbanização, frequentemente desordenado é um gerador de
problemas que influencia nas qualidades de vida da população (SANTOS e MARTINS, 2002,
p.7). Ainda no âmbito da urbanização, Ross (1995, p.217) diz: “...o crescimento rápido das
cidades não pode ser acompanhado no mesmo ritmo pelo atendimento de infra-estrutura para
melhoria da qualidade de vida. A deficiência de redes de água tratada, de coleta e tratamento
de esgoto, de pavimentação de ruas, de galerias de água pluviais, de áreas de lazer, de áreas
13
verdes, de núcleos de formação educacional e profissional, de núcleos de atendimento
médico-sanitário é comum nas cidades”.
Segundo Morato, a principal contribuição da Geografia nos estudos sobre qualidade de
vida é o mapeamento. “Os padrões de distribuição espacial da qualidade de vida são de
essencial importância para o processo de planejamento, em escala local, municipal,
metropolitana, estadual ou nacional.”
A definição de qualidade de vida, para Maslow (2001), sustenta-se na teoria das
necessidades básicas. Segundo este autor, as necessidades humanas apresentam-se
hierarquicamente da seguinte forma: necessidades fisiológicas: fome, sono; necessidades de
segurança: estabilidade, ordem; necessidades de amor e pertinência: família, amigos;
necessidades de estima: respeito, aceitação; e necessidades de auto atualização: capacitação.
14
6. Material e Método
Para Morato (2003), a qualidade de vida urbana é entendida como o grau de satisfação
das necessidades básicas para a vida humana, que possa proporcionar bem-estar aos
habitantes de determinada fração do espaço geográfico.
De um modo geral, analisando todo um conjunto de metodologias utilizadas em
análises de qualidade de vida, percebemos que os indicadores mais utilizados dizem respeito à
renda, educação e presença de áreas verdes. Porém, os números utilizados para os indicadores
de qualidade de vida são muito variáveis. Um maior número de indicadores não
necessariamente torna o índice de qualidade de vida mais eficiente, segundo Morato et. al
(2003).
Quando há integração entre Sensoriamento Remoto e Sistema de Informação
Geográfica (SIG), como em Morato (2003), são consideradas tanto variáveis ambientais como
as sócio-econômicas. Nas metodologias baseadas somente em técnicas do Sensoriamento
Remoto, a indicação de qualidade de vida é determinada pela proporção relativa entre as
classes de uso da terra. Já as metodologias baseadas em técnicas do Sistema de Informação
Geográfica fazem uso de indicadores socioeconômicos. A vantagem desta última é a
possibilidade de ser utilizada para a gestão municipal, e a desvantagem é que cada unidade
espacial é considerada homogênea.
Foram selecionados indicadores que fornecessem informações básicas sobre a
população, os índices básicos, os quais foram utilizados no cálculo dos índices para a
qualidade ambiental urbana, o nível sócio-econômico e a educação. Esses índices permitiram
que fosse criado um índice que sintetiza a qualidade de vida urbana.
Fig. 3: Estrutura, fonte de dados e indicadores para o Índice de Qualidade de Vida Urbana.
15
Os índices foram construídos seguindo os critérios adotados para o cálculo do IDH. O
quociente entre a diferença entre o valor observado e o mínimo possível, e a diferença entre os
limites máximos e mínimos possíveis, é igual ao valor de cada índice.
Os valores são transformados em uma escala de 0 a 1 através da seguinte expressão:
Índiceij
= (vij – v
i.min) / (v
i.max – v
i.min)
Onde:
vij = valor do indicador i no setor censitário j
vi.min
= valor mínimo do indicador i entre todos os setores censitários
vi.max
= valor máximo do indicador i entre todos os setores censitários
Da mesma forma que em Morato (2003), os dados de renda foram calculados com
base no valor do salário mínimo necessário, calculado pelo DIEESE, levando em conta as
necessidades que o salário mínimo deve suprir. Para avaliar a cobertura vegetal, foi utilizado
o Índice de Vegetação de Densidade Normalizada (NDVI) médio por unidade censitária.
Obteve-se o NDVI através de uma imagem do sensor ETM+ do LANDSAT 7. Em seguida,
aplicou-se uma operação de média zonal. Os demais índices-síntese (qualidade ambiental,
nível sócio-econômico e educação) tiveram seus pesos atribuídos em 1/3 cada.
O software utilizado para a realização deste estudo foi o Ilwis 3.4 (Integrated Land and
Water InformationSystem), o qual possibilitou o processamento digital da imagem. Para a
análise estatística dos dados foi utilizado o EstatCart – sistema de recuperação de informações
georreferenciadas – do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
16
7. Resultado
Pode-se notar que as regiões onde o índice de qualidade ambiental, o nível
socioeconômico e o índice de educação se apresentam mais elevados são coincidentes.
Representam áreas mais nobres da cidade, enquanto as que apresentam os níveis mais baixos
destas mesmas categorias representam as áreas mais carentes, a periferia da cidade.
Fig. 5: Representação dos mapas de qualidade ambiental, nível socioeconômico e educação.
Assim como em Shin et al. (2003) , os resultados de tais comparações servem como
base para determinar se um setor é melhor para se viver, ou se determinado setor oferece uma
melhor qualidade de vida agora do que anteriormente.
Quando se cruza estas informações, geramos o índice de qualidade de vida. Como se
pode observar, as áreas com o índice de vida mais elevado correspondem às áreas com os
melhores índices acima apresentados. Correspondem aos bairros de Fátima (I, II e III),
Pousada dos Campos, Pousada dos Campos II, Altaville, Esplanada, João Paulo II, Vale do
Sol, etc. As áreas com os índices mais baixos são aqueles onde a infra-estrutura urbana é
precária, o nível socioeconômico é bem baixo e a instrução da população também. Essa área
corresponde aos bairros São Geraldo, Jd São José, Guanabara, Belo Horizonte, Pitangueiras,
Cidade Jardim, Portal do Ipiranga, São João, Jd Yara, etc.
Bairros como Califórnia, Santo Expedito II, Jacarandá e loteamento São Paulo ficam
na média dos índices acima mostrados. Da mesma forma, apresentam valores médios no
índice de qualidade de vida urbana.
17
No mapa a seguir, podem-se identificar tais bairros e sua respectiva localização no
município.
Fig. 6: Representação do mapa da cidade e seus bairros (Fonte: Prefeitura Municipal)
18
Fig. 7: Representação do mapa de qualidade de vida urbana.
Qualidade de Vida Setores
População Renda per capita
(R$)
0,559 a 0,699 28 32887 141,71
0,7 a 0,749 28 28387 290,00
0,750 a 0,799 31 26923 483,03
0,800 a 0,863 12 8853 940,61
Fig. 8: Tabela da renda per capita relacionada ao índice de qualidade de vida
A tabela acima relaciona os intervalos obtidos no índice de qualidade de vida com a
população e a renda per capita de determinados setores. Os setores mais populosos tem a
renda per capita mais baixa, enquanto o setor menos populoso tem a renda per capita mais
alta. A diferença entre a renda per capita do primeiro intervalo do índice de qualidade de vida
para o último intervalo é bem grande, o que ilustra essa disparidade e mostra o quanto a renda
é mal distribuída no município.
19
8. Discussão
Os melhores índices de qualidade de vida se encontram nos setores censitários
correspondentes aos bairros dos setores centrais da cidade. Nestes setores, a qualidade
ambiental - um dos índices de maior importância na análise da qualidade de vida urbana - é
alta devido à arborização destes locais. São bairros onde a população residente apresenta alta
escolaridade e há infraestrutura urbana necessária à boa qualidade de vida da população.
Os índices mais baixos são encontrados nas áreas de infraestrutura precária,
localizadas, em sua maioria, na periferia da cidade. É áreas onde a população não teve grande
acesso à escola, fato que explica o baixo índice de educação encontrado nesses locais.
20
9. Conclusão
Pode-se notar que a metodologia utilizada no presente estudo foi eficaz para a
avaliação da qualidade de vida urbana em Pouso Alegre, podendo ser aplicada a diversos
outros municípios.
A análise da vegetação, através do NDVI médio, teve fundamental importância, uma
vez que a quantidade de áreas verdes presentes no município é uma das características
fundamentais para o estudo da qualidade de vida urbana. É importante lembrar que o NDVI
pode mascarar alguns dados, como é o caso de terrenos baldios e cemitérios, os quais acabam
influenciando no resultado da qualidade ambiental. Essa hipótese justifica o fato de o índice
de qualidade ambiental apresentar diferenças quando comparado aos demais índices.
A maior dificuldade encontrada ao realizar o presente estudo diz respeito ao acesso às
informações cartográficas e bibliográficas do município. Desta forma, a maior parte do estudo
teve como aparato estudos acerca da qualidade de vida urbana em outros municípios,
aplicando a metodologia escolhida à cidade de Pouso Alegre.
Uma fragilidade deste trabalho, muito importante no cotidiano do cidadão pouso-
alegrense, diz respeito às frequentes inundações que ocorrem nos períodos de chuva. Seria
interessante integrar um mapa comparativo dos setores de inundações frequentes ao
mapeamento da qualidade de vida, a fim de que o resultado apresentasse alternativas a este
problema ao mesmo tempo tão grave e tão comum à cidade.
O estudo pode vir a servir de apoio para se analisar os pontos que necessitam
melhorias para a população pouso-alegrense, através da diferenciação entre as áreas
classificadas quanto ao índice de qualidade de vida urbana.
O sensoriamento remoto, através da análise das imagens de satélite, permitiu a geração
dos mapas, por meio do geoprocessamento. Esses mapas evidenciam os setores censitários
mais carentes em termos de qualidade de vida.
Dessa forma, podem-se procurar soluções práticas voltadas à realidade do local com
base no mapeamento da qualidade de vida urbana da cidade.
21
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