Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

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H i s t ó r i a 1 9º Ano de escolaridade 1ª Ficha de Apontamentos de História (versão actualizada) Autor: Manuel Rodrigues Pina Montagem e Paginação: Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário S. Filipe, Agosto de 2012 A História dá aos fatos humanos a sua dimensão no tempo; fornece os antecedentes e os dados de um grande número de problemas actuais; proporciona o sentido de continuidade, desenvolve o espirito crítico e de reflexão; permite conhecer melhor o homem e ensina a relatividade das coisas. (Pierre Salmon)

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H i s t ó r i a 1

9º Ano de escolaridade

1ª Ficha de Apontamentos de História (versão actualizada)

Autor: Manuel Rodrigues Pina Montagem e Paginação: Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

S. Filipe, Agosto de 2012

A História dá aos fatos humanos a sua dimensão no tempo; fornece os antecedentes e os dados de um grande número

de problemas actuais; proporciona o sentido de continuidade, desenvolve o espirito crítico e de reflexão; permite conhecer

melhor o homem e ensina a relatividade das coisas.

(Pierre Salmon)

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Antes de entrarmos no tratamento dos temas incluídos neste trabalho, vamos em jeito de

apresentação dirigir umas breves palavras aos professores e alunos utilizando o mesmo espaço como

forma de evitar o aumento do número de paginas tendo em conta que os problemas financeiros

afectam a nós todos. Aliais, por este motivo, não pudemos seguir todas as orientações para a

normalização de trabalhos académicos, nomeadamente a inclusão da folha de guarda, de rosto, etc.

Aos professores

A História1é uma versão actualizada da 1ª ficha de apontamentos de História do 9º ano de

escolaridade que temos vindo a utilizar há alguns anos. Pretendemos com esta actualização, a

superação de algumas lacunas constatadas na versão anterior e tornar os conteúdos mais acessíveis

por forma a facilitar o processo de ensino- aprendizagem.

Está de acordo com o programa oficial e divide-se em três temas:

Tema 1: Mundos antigos, modernos e contemporâneos;

Tema 2: As primeiras sociedades humanas;

Tema 3: As primeiras civilizações- a Civilização Egípcia como exemplo.

O aluno encontrará nele, os instrumentos básicos de suporte da sua aprendizagem: uma exposição

simples e estruturada da matéria, apoiada em abundante documentação e de pistas de trabalho, de

reflexão e de pesquisa.

Para concretizar este trabalho recorremos a uma abundante bibliografia que tivemos o cuidado de

indicar na última página deste documento.

Gostaríamos de aproveitar a oportunidade para agradecer a todos os professores pelas sugestões

apresentadas. Todavia, permitam-nos agradecer de forma muito especial ao professor Ademiro Fortes

Rodrigues do Rosário pela sua grande colaboração na montagem dos textos e imagens, utilizando o

seu próprio material. Afinal, Não é todos os dias que a gente encontra alguém destinado a colaborar

em trabalhos deste género sacrificando preciosos momentos das suas férias.

Aos alunos

Esta ficha de apontamentos é um simples instrumento de trabalho mas ao longo dele aparecem

textos, figuras, cronologias e questionários. Assim, em diálogo com o vosso professor e com a ajuda

de outros livros, aprenderão melhor e aprofundarão os vossos conhecimentos. Vão ter a oportunidade

de estudar mais duas fichas de apontamentos durante o ano lectivo.

Vamos tentar conhecer os seres humanos de outros tempos. Eles sentiam, pensavam, sonhavam,

amavam e viviam de acordo com crenças, valores e atitudes diferentes dos nossos. São essas

diferenças que vamos tentar descobrir e entender porque conhecendo o passado podemos

compreender o presente e preparamo-nos melhor para o futuro.

Desejo-vos muitos sucessos.

Manuel Rodrigues Pina

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Tema 1: Mundos antigos, modernos e contemporâneos.

A História, uma ciência dos homens no tempo.

Contrariamente ao que muitos pensam, a história não se interessa apenas pelo passado, mas também pelo

presente. É que o passado continua presente no meio de nós. Se já não estão vivos os homens de outras épocas,

muitas das suas obras continuam, no entanto, a servir a nossa existência e a dar-nos confiança no progresso e

no futuro da humanidade.

Para nós podermos viver com as comodidades que temos, nomeadamente a nível dos transportes,

comunicação e saúde, para nós podermos ter acesso à cultura e à participação na vida politica, outros homens

antes de nós trabalharam, lutaram, inventaram e progrediram.

A propósito da participação na vida politica, julgo oportuno avançar que a primeira experiência democrática

aconteceu na cidade Grega de Atenas no século V antes de cristo e a partir daí foi conquistando o mundo e

com sucesso, basta ver que o sistema democrático já se encontra praticamente enraizado a nível mundial, não

obstante os aspectos menos bons que têm vindo a descaracterizar a democracia em alguns países.

O conceito de História pode ser definido de várias formas.

Algumas definições do conceito de História:

- É a ciência que estuda o homem ao longo do tempo, isto é, desde o passado mais remoto até aos nossos

dias.

- É a ciência dos homens no tempo e em sociedade. (Marc Bloch)

- É o conhecimento do passado humano. (Henri Marrou)

- É uma reconstrução crítica do passado vivido pelos homens em sociedade. (Pierre Salmon)

Como se faz a História?

O historiador, no seu trabalho de pesquisa, utiliza o método científico: investiga, critica e

selecciona os documentos com o objectivo de descobrir a verdade. Por isso se afirma que a História é

uma ciência que tem um objecto (estudo dos homens) e um método (método científico) próprios.

A História não se inventa. Para conhecer a vida dos homens ao longo do tempo, o historiador

apoia-se nas fontes históricas ou documentos históricos.

Fontes históricas ou documentos históricos: - são todos os vestígios deixados pelos homens ao

longo do tempo e que nos fornecem importantes informações sobre a vida dos mesmos.

Exemplos de fontes históricas ou documentos históricos: restos ósseos, restos de vestuários,

moedas, instrumentos, estátuas, fotografias, habitações, livros, jornais, revistas, contos, etc.

Actualmente existem novos tipos de fontes que servem aos historiadores do presente e que servirão

aos historiadores que hão – de viver no futuro. São os filmes, os discos, as fitas magnéticas e de

vídeo gravadas, etc.

As fontes históricas podem classificar-se da seguinte forma:

-fontes orais: lendas, contos,...

-fontes escritas: livros, jornais, revistas,...

-Fontes monumentais: habitações, moedas, estradas,...

Importância das fontes históricas As fontes históricas são muito importantes na medida em que fornecem ao historiador informações

importantes que o permitem dar-nos a conhecer a vida do homem ao longo do tempo e em qualquer

região localizada à superfície da terra. Só para citar um exemplo, baseando-se nas fontes históricas,

um historiador francês consegue conhecer toda a história de Cabo-verde, isto é, desde a sua

descoberta até aos nossos dias. Todavia, aquilo que o historiador diz, só tem valor mediante a

apresentação das fontes em que se apoiou (livros, jornais, restos fósseis, etc.).Elas são a prova do que

realmente aconteceu.

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Cuidado para não confundir as fontes históricas com os factos históricos ou acontecimentos

históricos.

Factos históricos ou acontecimentos históricos: são os acontecimentos mais importantes que

tiveram lugar na vida do homem. A descoberta do fogo, da agricultura, a revolução urbana, a

invenção da escrita, o surgimento do cristianismo, a crise de século XIV, a expansão marítima

europeia, a Revolução Francesa, a Revolução industrial, as duas guerras mundiais, são alguns

exemplos de factos históricos.

Estudar a História é, no fundo, estudar os factos históricos.

Afinal, que importância tem o estudo da História?

- Permite alargar os horizontes dos nossos conhecimentos;

- Permite conhecer o passado, compreender melhor o mundo em que vivemos (o presente) e preparar o futuro

na medida em que fornece ensinamentos preciosos quando se procuram caminhos novos; (Doc. 1)

- Desenvolve o espírito crítico e de reflexão;

- Desenvolve o espírito de tolerância e de receptividade para com outras culturas;

- A História é a memória dos homens. Um povo que não saiba a sua «História» não sabe de onde veio

e como evoluiu até chegar ao estádio em que se encontra.

Doc. 1

«Para nós a História é a maneira de bem pôr os problemas de hoje, graças a uma indagação científica do

passado, virada para a preparação dos tempos vindouros.» V. M. Godinho

Como estudioso da vida dos homens através do tempo, o historiador não se contenta com o simples

conhecimento dos acontecimentos ou factos históricos. É necessário saber investigar, analisar e

extrair conclusões desses mesmos acontecimentos, para poder abarcar todos os aspectos da vida dos

homens: aspectos políticos, económicos, sociais, culturais e religiosos. Para tentar reconstruir todos

esses aspectos, o historiador tem necessidade de recorrer a outras ciências auxiliares da história.

Ciências auxiliares da História:

- A arqueologia: procura e estuda os vestígios materiais, geralmente através de escavações;

- A paleografia: decifra os escritos antigos;

- A numismática: estuda as moedas;

- A cronologia: localiza os acontecimentos no tempo;

- A geografia: localiza os acontecimentos no espaço.

Para além das ciências que acabamos de apontar, existem outras ciências auxiliares da História. São

elas a geologia, a biologia, a química, a estatística, etc.

O tempo e o espaço

O tempo e o espaço são fundamentais para a compreensão da História. Os acontecimentos

precisam ser localizados no tempo e no espaço para poderem ser compreendidos.

Tempo (quando?)

Espaço (onde?)

Pontos de referência

O homem procurou, desde épocas mais recuadas, compreender ou, pelo menos, organizar o tempo,

contando os dias, as semanas, os meses, os anos, as décadas, os séculos e os milénios.

Para medir ou contar o tempo é necessário um ponto de referência que é um acontecimento

considerado importante.

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Diferentes pontos de referência utilizados na contagem do tempo

Povos Pontos de referência

Povos

cristãos

Para os povos cristãos o ponto de referência utilizado na contagem do tempo é o

nascimento de cristo que corresponde ao ano 1. Fala-se, assim, de anos, décadas,

séculos e milénios «antes de Cristo» (a.C.) e «depois de Cristo» (d.C.).

Muçulmanos Os muçulmanos contam o tempo a partir da Hégira (fuga do Profeta Maomé da

cidade de Meca para Medina, que corresponde ao ano 622 depois de cristo).

Antigos

Gregos

Os antigos gregos utilizavam como ponto de referência os primeiros jogos olímpicos

(776 a.C.).

Antigos

Romanos

Os antigos romanos utilizavam como ponto de referência a fundação da cidade de

Roma (753 a.C.).

Para além dos apontados, vários foram os outros pontos de referência utilizados na contagem do

tempo.

Medição do tempo histórico (segundo a era cristã)

Barra cronológica

4º Milénio

a.C. 3º Milénio

a.C. 2º Milénio

a.C. 1º Milénio

a.C. 1º Milénio

d.C. 2º Milénio

d.C. 3º Milénio

d.C.

Séculos a.C. (antes de cristo) Séculos d.C. (depois de Cristo)

Passado Futuro

Presente

II I I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX XXI

d. C

Conforme dissemos acima, no calendário cristão o nascimento de cristo é uma referência para a

contagem do tempo. As datas anteriores ao nascimento de cristo devem ser assinaladas

obrigatoriamente com a.C. (= antes de cristo), mas quando são posteriores ao nascimento de cristo

(d.C.), não precisam ser assinaladas.com efeito, sempre que encontras uma data não assinalada, esteja

certo de que se trata de uma data posterior ao nascimento de cristo.

A conversão de datas em séculos

Para identificar as datas com os séculos, procede-se da seguinte forma:

Seculo I vai do ano 1 até ao fim do ano 100

Seculo II vai do ano 101 até ao fim do ano 200

Seculo III vai do ano 201 até ao fim do ano 300

Seculo IV vai do ano 301 até ao fim do ano 400

E assim sucessivamente

Deves prestar atenção ao número das centenas. Se a data terminar em dois zeros, o número de centenas

indica-te o século.

Por exemplo, as datas:

1000 Século X

1100 Século XI

1400 Século XIV

Nascimento de cristo

Nascimento de cristo

Passado Futuro

Presente

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Se não terminar em zeros, acrescentas uma unidade ao número das centenas ou dos milhares e das

centenas.

Exemplos:

509 Seculo VI a.C. (5+1 = 6)

O27 a.C. século I a.C. ( 0 + 1 = 1 )

1143 Século XII ( 11 + 1 = 12 )

Não te esqueças que os séculos são sempre referenciados com numeração romana.

Existem outros processos que podem ser utilizados para identificar as datas com os séculos

correspondentes.

Os períodos históricos

Para mais facilmente compreender a evolução da humanidade, a história é tradicionalmente

dividida em idades ou épocas, que representam diferentes formas de estar no mundo. A cada Uma

dessas épocas corresponde modificações importantes na vida do homem.

A divisão tradicional da História em idades (períodos) é a seguinte:

- A Pré-História: período que vai desde a formação do homem até à invenção da escrita (dividindo-

se em Paleolítico e Neolítico);

- A Idade antiga (Antiguidade): período que vai desde a invenção da escrita à queda do Império

Romano do Ocidente (ano 476 d.C.);

- A Idade Média: período que vai desde a queda do Imperio Romano do ocidente (ano 476 d.C.) à

queda do Império Romano do Oriente (ano 1453) e o início do apogeu dos descobrimentos

marítimos;

- A Idade Moderna: período que vai desde a queda do Império Romano do Oriente (ano 1453) à

Revolução Francesa (ano 1789).

- A Idade Contemporânea: período que vai desde a Revolução Francesa (ano 1789) até aos nossos

dias.

A designação «pré-história» deriva do facto de se considerar que a História começava com o

aparecimento da escrita no 4º milénio a.C., porque só a partir dessa altura se dispunha de documentos

que permitissem conhecer a vida dos povos. Hoje, a designação de pré-história perdeu esse

significado, pois a arqueologia, ao revelar inúmeras fontes materiais, tornou possível conhecer a vida

dos povos sem escrita.

Este ano vamos estudar a Pré-história, a Idade Antiga e a Idade Média. No 8º ano tiveste a

oportunidade de estudar vários acontecimentos do Mundo contemporâneo.

Aproveitamos para deixar esta importante ficha de trabalho que deves procurar resolver com muito

cuidado. Caso encontrar dificuldades em responder a uma ou outra pergunta ou a outras que não

estejam aqui incluídas, coloca imediatamente as tuas dúvidas ao teu professor. Não podes ficar com

dúvidas! E mais! Não deixa a matéria acumular. Nunca deixa para amanhã aquilo que tu podes

fazer ainda hoje porque amanhã pode ser tarde demais.

Ficha de trabalho

1. «Como já sabes, a História não se interessa apenas pelo passado, mas também pelo presente.»

1.1.Diz, por palavras tuas, o que é a História.

1.2.Identifica o objecto de estudo da História.

1.3. Mostra que é importante o estudo da História.

1.4. O que são fontes históricas?

1.5. Aponta os tipos de fontes históricas.

1.6. Explica a importância das fontes históricas.

1.7. Define factos históricos (acontecimentos históricos).

1.8. Cita exemplos de factos históricos.

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2.«O historiador tem necessidade de recorrer a outras ciências.»

2.1. Indica as principais ciências auxiliares da História.

2.2. Explica a importância de duas dessas ciências para o trabalho do historiador.

3.«Para contar o tempo foram utilizados ao longo da Historia diferentes pontos de referência».

3.1.identifica o ponto de referência utilizado pelos povos de tradição cristã na contagem do tempo.

3.2. Menciona outros pontos de referência utilizados na contagem do tempo.

4. Situa no século respectivo os seguintes anos:

- Ano 20 = Séc.________ Ano 476= Séc.________ Ano 1789 = Séc.________

- Ano 20 a.C.= séc._______ Ano 753 a.C.=Séc._____ Ano 1991 = Séc._________

-Ano 100 = Séc._______ Ano 1000 = Séc.______ Ano 2000 = Séc._________

- Ano 105= Séc.________ Ano 1001 = Séc._______Ano 2001 = Séc._________

- Ano 299= Séc._________ Ano 1453 =Séc._______ Ano 2012 = séc.__________

5. Indica o milénio e o século em que nos encontramos.

6.«A história é tradicionalmente dividida em idades ou períodos (épocas), que representam diferentes

formas de estar no mundo.»

5.1. Identifica os períodos históricos.

7. «A pré- História é um período extremamente longa.»

7.1.Define Pré-História.

7.2. Identifica os períodos que se enquadram na Pré-História.

Tema 2: As primeiras sociedades humanas

A África, berço da humanidade

O homem é o resultado de uma longa evolução das espécies que ocorreu durante milhões de anos.

Eras Características Idade

Arqueozóica Não exista vida + De 3500m

Protozóica Espécies unicelulares 3500 a 500 m

Primária Répteis, batráquios, peixes, invertebrados, árvores, 500 a 300 m

Secundaria Mamíferos, aves, grandes répteis, 200 a 60 m

Terciaria 1º Primatas 60 a 4 m

Quaternária 1º Homens 4m

M= milhões

Os seres humanos evoluíram diferentemente dos outros primatas, possuindo nós um grupo de

traços que de imediato nos separam de todos os outros grupos de primatas.

Primatas: classe de mamíferos que engloba o homem e os animais que a ele se assemelham.

(exemplos: macacos, gorilas, chimpanzés,)

Os primatas formaram duas grandes famílias:

- Os pongídeos (gibão, orangotango, gorila e chimpanzé);

-Os hominídeos (australopitecos, Homo habilis, etc.). Com os hominídeos inicia-se uma longa

aventura que conduziu ao aparecimento do homem actual.

Os fósseis são fundamentais para o estudo da evolução do homem e mesmo da terra.

Sabes o que são fósseis?- São restos ou vestígios de animais ou vegetais de épocas passadas que

aparecem conservadas em rochas pela acção de diversos agentes (água, sal, etc.)

O primeiro hominídeo surgiu há 4 milhões de anos o que nos faz concluir que o nascimento da

espécie humana é muito recente em comparação com a História do restante mundo animal e vegetal.

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O homem não se definiu como homem de um momento para outro, mas é o resultado de uma longa

e lenta evolução física e intelectual que durou milhões de anos.

Como era o homem primitivo?

- Era um animal que caminhava curvado, tinha braços longos, pernas curtas, olhos encovados,

maxilares fortes e salientes. Os braços serviam para ajudar a andar e só pouco a pouco aprendeu a

caminhar sobre as extremidades posteriores. O volume do cérebro era semelhante ao dos macacos.

Hominização: é o nome que se dá ao longo e lento processo de evolução física e intelectual do

homem, desde a sua fase simiesca ou antropóide até ao estádio de desenvolvimento actual.

Hominídeo: ser humano na fase de hominização.

Fases da hominização:

- Australopitecus

- Homo habilis

- Pitecantropus ou homem erecto

- Homem de Neanderthal ou homo sapiens

- Homem de Cro-Magnon ou sapiens sapiens

Como se pode ver, os primeiros hominídeos foram chamados de Australopitecus, seguindo-se na

linha de evolução o homo habilis, o Homo erectus, o Homo Sapiens e o Homo Sapiens Sapiens , que

corresponde ao ser humano actual.

A designação de Homo erectus (= homem erecto) atribuída ao pitecantropus, não é muito

correcta porque já o Homo habilis e os próprios Australopitecus tinham alcançado a verticalidade.

Quando se descobriu o Homo erectus aquelas espécies não eram ainda bem conhecidas e julgava-se

que ele era o primeiro ser humano com postura vertical.

A África é considerada o berço da humanidade, pois foi neste continente que foram encontrados os

vestígios dos primeiros homens.

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Como deves ter reparado, os dados referentes ao Homo Habilis não aparecem mencionados.

Contudo, não podemos deixar de avançar que este ser é originário do continente africano, tendo

evoluído provavelmente do Australopitecus. Os primeiros fósseis do género têm 2 ou 3 milhões de

anos e, Com uma capacidade craniana na ordem dos 800 cm³, foi o primeiro a utilizar as mãos para

transformar uma pedra, um osso ou um pedaço de madeira num instrumento.

Com o Homo habilis o homem dava, assim, um passo importante na transformação do meio em

função das suas necessidades.

Informações complementares

Os seres humanos, tal como outras formas de vida dos nossos dias, são o resultado de milhões de anos de evolução (...) Desenvolveram os dedos dos pés e das mãos e um cérebro relativamente grande. Todavia, os seres humanos evoluíram diferentemente dos outros primatas, possuindo nós um grupo de traços que de imediato nos separam de todos os outros grupos de primatas. Richard Leakey, As Origens do Homem, Editorial presença

LUCY é o nome dado ao esqueleto de um Australopitecus fêmea com 3,2 milhões de anos, descoberto na Etiópia em 1974. Constitui o mais completo esqueleto da espécie dos australopitecus encontrado até hoje. Os arqueólogos chamaram-lhe «Lucy» porque, quando procediam à sua reconstituição, ouviam na rádio a famosa canção dos Beatles «Lucy in the Sky With the diamonds». Foi encontrado com 60% dos ossos, faltando-lhe o crânio. Em laboratório, por comparação ou dedução reconstituiu-se a totalidade do esqueleto. Calcula-se que quando morreu contava apenas vinte anos.

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Vimos já que primatas são a classe de mamíferos que engloba o homem e os animais que a ele se

assemelham. Agora Vamos ver, quais são as características que distinguem o homem dos restantes

primatas.

Características que distinguem o homem dos restantes primatas:

- Verticalidade e locomoção bípede;

- Capacidade de trabalho;

- Inteligência;

- Linguagem.

A conquista da bipedia

Há cerca de três milhões de anos, aconteceram profundas alterações climáticas: O clima húmido

transformou-se gradualmente em clima seco e, como consequência, as florestas deram lugar às

savanas, constituídas por uma vegetação de porte mais baixa.

As necessidades de adaptação ao novo ambiente onde havia mais dificuldades em conseguir

alimentos e onde os perigos eram maiores, fez com que alguns primatas começassem a endireitar o

corpo para poderem conseguir alimentos e observar os perigos que os rodeavam. Assim, pouco a

pouco, foram adquirindo uma posição vertical, passando a caminhar apenas sobre os pés. Tornaram-

se bípedes.

Analisa os documentos que se seguem com muita atenção

A evolução do homem «Admitindo que o homem é o resultado de um muito complexo e longo processo de hominização, seremos tentados a voltar à base, isto é, ao primata que desceu das árvores para caminhar no chão. De início o hominídeo distingue-se do chimpanzé não pelo peso do cérebro nem provavelmente pelas suas aptidões intelectuais, mas pela locomoção bípede e postura vertical. Desde então, a posição erecta é o elemento decisivo que vai libertar a mão da função locomotora. A oposição do polegar, aumentando a força e a precisão da preensão, vai fazer da mão um instrumento polivalente: de repente, o bipedismo abre a possibilidade de evolução que conduz ao Homo sapiens. A posição erecta liberta a mão, a mão liberta o queixo, a verticalização e a libertação do queixo libertam a caixa craniana das dificuldades mecânicas que antes pesavam sobre ela e esta torna-se apta a alargar-se em favor de um inquilino mais volumoso (...). Não é uma espécie que evoluiu desde os primeiros hominídeos ao Homo Sapiens, numa duração imensa., deram-se saltos esporádicos de espécie para espécie, de sociedade para sociedade, de indivíduo para indivíduo.»

Edgar Morin, le paradigme perdu : la nature humane

Com a bipedia – as primeiras conquistas O bipedismo será, pois, o factor o factor da hominização mais decisivo e precoce: a alavanca que, à sua frente impulsionou tudo o mais (...). O bipedismo permitia aos hominídeos verem mais longe e mover-se mais facilmente no solo, adquiriram uma estatura aparentemente maior e libertaram as mãos. «Desocupadas», as mãos serão os melhores órgãos para o domínio tecnológico da matéria-prima, dando origem a instrumentos em madeira, osso e pedra lascada; e ao acolherem este tipo de tarefas, libertam por sua vez a boca, órgão tradicional de defesa, trabalho e transporte de alimentos, que assim fica disponível para a constituição do aparelho vocal necessário à linguagem articulada. Luís Raposo e outros, A Aventura humana (adaptado)

As mãos tornam-se ferramentas ao serviço do cérebro. Libertas da locomoção, são, cada vez mais, instrumentos de precisão. Tanto os animais como os homens têm mãos preênseis. Mas o polegar do homem, mais longo, permite-lhe agarrar melhor os objectos.

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O homem adquiriu a inteligência

A capacidade de adaptação ao meio foi um dos factores mais importantes de modificação do homem desde as suas

origens. (...). As condições tecnológicas criadas pelos hominídeos foram o segundo factor que lhes possibilitou

distinguirem-se da natureza e posteriormente dominá-la.

Foi por ser faber (artesão) que o homem se tornou sapiens (inteligente). Como já não precisava de usar as mãos para

suportar o peso do corpo, o homem pôde libertar os músculos e os ossos do maxilar e do crânio da execução de

numerosos afazeres. Isso possibilitou o aumento da caixa craniana onde os centros sensitivo-motores do córtex se

desenvolveram.

(Joseph Ki -Zerbo, em O correio, da Unesco, nº 10-11 de 1979)

Como deves ter concluído pela análise dos documentos, as transformações físicas e intelectuais do

homem têm a sua origem na bipedia. Com efeito, vamos a partir deste momento ver a relação

existente entre a bipedia e o desenvolvimento físico, técnico e intelectual do homem.

A bipedia e o desenvolvimento físico, técnico e intelectual do homem

A bipedia foi muito importante para o desenvolvimento físico, pois graças à bipedia a coluna

torna-se erecta o que vai libertar as patas dianteiras da sua primitiva função locomotora que, ao

deixarem de suportar o peso do corpo, se transformam em genuínas mãos capazes de executar

delicadas operações como a apanha de frutos, combates, desvio de obstáculos, etc. tudo isso vai

contribuir para a diminuição da pressão dos músculos faciais sobre os ossos do crânio, contribuindo

para a redução dos maxilares e para o aumento da capacidade craniana e do volume do cérebro.

O desenvolvimento físico foi por sua vez importante para o desenvolvimento técnico, pois com

desenvolvimento físico alcançado, as mãos ganham maior capacidade de preensão e agilidade no

fabrico de instrumentos.

O desenvolvimento técnico foi muito importante para o desenvolvimento intelectual na medida em

que o fabrico de instrumentos vai estimular a capacidade criativa do homem, isto é, o pensamento. O

homem torna-se um ser inteligente.

A linguagem

As técnicas do fabrico de utensílios de pedra, madeira ou osso passavam de geração em geração e

de um local para outro. Isto só foi possível devido à existência de uma forma de comunicação entra

os homens. Logo, foi o trabalho que obrigou os nossos antepassados a comunicarem, desenvolvendo

a linguagem.

A caça em grupo foi Também uma importante causa do surgimento da linguagem, pois essa

actividade exigia a utilização de sinais ou sons que fossem compreendidos por todos os elementos do

grupo por forma a poderem comunicar uns com os outros.

Fases de evolução da linguagem:

- Linguagem gestual ou mímica: linguagem baseada no uso de sinais ou sons;

- Linguagem holofrástica: linguagem baseada no uso de gestos acompanhados de sons imprecisos,

semelhantes aos emitidos pelas crianças na fase de aprendizagem da fala;

- Linguagem articulada: linguagem baseada no uso de sons definidos e precisos.

A bipedia foi muito importante para o surgimento da linguagem articulada na medida em que as

mãos passaram a executar muitas tarefas antes desempenhadas pela boca que ficou livre para o

exercício da palavra. Contribuiu igualmente para o alinhamento da laringe em relação à boca e para a

libertação das cordas vocais permitindo a emissão de sons articulados.

Este privilégio (da linguagem) jamais o teríamos, sem dúvida, se os nossos lábios tivessem de assegurar para

as necessidades do corpo, a carga pesada e penosa da alimentação. Mas as mãos chamaram a si esse encargo e

libertaram a boca para o exercício da palavra.

(Gregório de Nisa, citado por Leroi-Gouthar, In O Gesto e a palavra)

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A descoberta do fogo O fabrico de instrumentos foi o primeiro acto revelador de capacidades humanas. Ao produzir o

fogo, o homem deu um novo passo, ainda mais decisivo, para dominar a natureza.

É de crer que o homem tenha inicialmente aprendido a conservar o fogo provocado por fenómenos

naturais como os relâmpagos, erupções vulcânicas ou pelas faíscas resultantes do choque entre

pedras, quando produzia instrumentos. Todavia, as deslocações constantes dos grupos humanos,

obrigaram-nos a inventar processos para o produzir. Sendo assim, podemos afirmar que primeiro o

homem aprendeu a utilizar o fogo que aparecia na natureza e, só depois, aprendeu a produzi-lo.

Processos (métodos) primitivos de produção do fogo:

- Por fricção ou atrito de uma vara de madeira dura numa ranhura de madeira mole;

- Por choque de duas pedras, sendo uma delas de pirite.

O fogo foi uma fonte de calor, de alegria de

segurança. Serviu para assustar os predadores (animais

destruidores) e garantir, por consequência, a tranquilidade das mulheres, das crianças e dos velhos

que ficavam no acampamento (...).

O fogo foi também um elemento de organização

social (...).

É possível que o fogo tenha ajudado a linguagem

articulada a afirmar-se (...).

Mas, sobretudo, o homem adquire com o fogo um

poder novo: o de transformar as coisas (...), endireitar

varas e fragmentos de hastes de animais, amolecer os

dentes de mamutes e fazer estalar as pedras. Robert Clarke, o nascimento do homem, ciência

aberta5,Gradiva, Lisboa, 1980

Importância da descoberta do fogo:

- A sobrevivência em locais frios tornou-se mais fácil;

- Facilitou a ocupação das cavernas cuja escuridão as tornava inabitáveis;

- Tornou mais efectiva a defesa contra os animais ferozes;

- Permitiu cozinhar os alimentos o que simplificou seu consumo;

- O consumo de alimentos Cozidos vai exigir menos esforços aos maxilares no acto de mastigação o

que provoca uma redução dos dentes molares e dos maxilares e o alongamento do crânio para trás;

- Permitiu o fabrico de instrumentos mais aperfeiçoados;

- O hábito de se reunir à volta da fogueira aumentou a comunicação, promoveu o desenvolvimento da

linguagem e a troca de conhecimentos e de experiencias;

- Contribuiu para o aumento demográfico;

Ficha de trabalho

1 «O homem não se definiu com homem de um momento para outro, mas é o resultado de uma longa

e lenta evolução física e intelectual que durou milhões de anos».

1.1. Identifica o continente que é considerado o berço da humanidade.

1.2 Como era homem primitivo?

1.3. Aponta as características que distinguem o homem dos restantes primatas.

Page 17: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

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2.«O bipedismo será, pois, o elemento de hominização mais decisivo e precoce: a alavanca que, à sua

frente, impulsionou tudo o mais (...).

Luís Raposo e outros, a aventura humana (adaptado)

2.1.Define hominização.

2.2.Em que consiste o bipedismo?

2.3.Mostra que o bipedismo foi muito importante para o desenvolvimento físico do homem.

2.4.Relaciona o desenvolvimento físico alcançado pelo homem, com o seu desenvolvimento técnico.

2.5.Refere a importância que teve o fabrico de instrumentos no processo de hominização.

2.4. Comenta as seguintes afirmações:

- Afirmação 1: «Foi por ser faber (artesão) que o homem se tornou sapiens (inteligente)».

- Afirmação2: «O cérebro humano é filho da mão humana.»

- Afirmação 3: «No próprio acto de produzir instrumentos o homem se autoproduziu».

2.5. Diz qual foi o primeiro hominídeo a fabricar instrumentos.

3.«É ainda muito difícil fazer qualquer afirmação definitiva sobre o modo como surgiu a linguagem.» ( J M. Roberts, A Origem do Homem)

3.1. Aponta as fases de evolução da linguagem.

3.2. Explica em que medida a caça em grupo foi importante para o surgimento da linguagem.

3.2. Relaciona o bipedismo com o surgimento da linguagem articulada.

4.«Primeiro o homem aprendeu a utilizar o fogo que aparecia na natureza e, só depois, aprendeu a

produzi-lo».

4.1.Refere a origem do fogo que o homem utilizava, antes de aprender a produzi-lo.

4.2. Indica os primeiros processos utilizados pelo homem primitivo para produzir o fogo.

4.3. Escreve o nome do hominídeo que produziu o fogo pela primeira vez.

4.4. Enuncia as consequências da descoberta do fogo.

Vimos anteriormente que Para mais facilmente compreender a evolução da humanidade, a história

é tradicionalmente dividida em idades ou épocas (períodos),que representam diferentes formas de

estar no mundo. A cada Um desses períodos corresponde modificações importantes na vida do

homem. A partir deste momento, vamos dar início ao estudo do período mais remoto- o Paleolítico.

A vida no paleolítico

Paleolítico – ( paleo = antigo + lito = pedra )- significa, na realidade, antiga idade da pedra. Este

nome foi atribuído à época em que os homens faziam os seus instrumentos de pedra lascada, para o

distinguir do período seguinte- o Neolítico ou nova idade da pedra em que se passou a fabricar

instrumentos de pedra polida. Todavia, para evitar qualquer problema, vamos apresentar uma

definição muito simples do conceito de paleolítico.

Paleolítico: é o período em que o homem fazia de pedra lascada os seus principais instrumentos.

Contudo, convém esclarecer desde já que a pedra não constituiu a única matéria- prima utilizada no

fabrico de instrumentos e outros utensílios. Além da pedra que foi sem dúvida a principal matéria-

prima, outras também foram utilizadas. Temos a madeira, fibras, cascas, chifres, ossos, dentes,

tendões, etc.

Servindo-se dessas matérias – primas fabricava-se uma grande variedade de instrumentos.

Os Principais instrumentos fabricados pelo homem do período paleolítico são: seixos, bifaces,

raspadores, pontas de seta, buris, agulhas, lâminas, arpões, arco e flecha, propulsores, etc.

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Analisa com muita atenção os documentos que se seguem.

A idade da pedra não foi só de pedra A pedra não foi a única matéria- prima explorada pela indústria dos homens da chamada idade da pedra. O reino vegetal fornecia a madeira, sem dúvida o material de uso mais frequente na vida diária. Das árvores extraiam-se também fibras para torcer e trançar cordas. As cascas também podiam transformar-se em revestimentos para canoas ou eram usadas na indumentária. Para o caçador pré-histórico os animais significavam uma fonte de alimentação e de matéria-prima: com os ossos, chifres e dentes confeccionavam-se diversos tipos de objectos. Os tendões eram resistentes e flexíveis o bastante para se transformarem em cordas para o arco; a gordura alimentava as lamparinas e ajudava a preservar o couro. (Revista conhecer, Fasc. Nº 21

Economia e modo de vida

A economia e o modo de vida

Economia recolectora: o homem do período paleolítico praticava uma economia recolectora, pois

não sabia praticar a agricultura nem a pastorícia. Alimentava-se dos produtos que conseguia obter na natureza através da prática da caça, da pesca e da recolecção (carne, peixe, folhas, frutos, raízes, ovos, etc.). Modo de vida nómada: o homem do período paleolítico tinha um modo de vida nómada, pois não vivia

num lugar fixo. Deslocava-se temporariamente de um sítio para outro á procura de alimentos. Foi a economia recolectora que levou o homem a ter um modo de vida nómada, pois ao praticar uma

economia recolectora baseada na prática da caça, da pesca e da recolecção, ao tentar fixar-se numa região,

pouco tempo depois os alimentos tornavam-se escassos e isto obrigava o homem a deslocar temporariamente

de um sítio para outro à procura de alimentos, levando uma vida nómada. Entre todas as actividades, a caça foi a mais importante actividade do homem paleolítico.

Instrumentos de pedra

Esses homens (do paleolítico) eram mestres

artesãos, que aproveitavam a pedra ao máximo. Se

muitos instrumentos parecem pouco elaborados,

isto devia-se a que o sílex, facilmente trabalhável

de acordo com certas técnicas e manuseios, tem

um fio frágil que se gasta depressa. O Sílex é mais

duro que o aço, como se pode provar provocando-

lhe atrito com a lâmina de uma faca. Outros

instrumentos ou armas que se destinavam a uso

prolongado ou que, para serem mais funcionais,

necessitavam de uma forma perfeita, são

admiravelmente bem-feitos.

(François Bordes, em As Origens do homem)

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Importância da caça

A caça permitia obter a carne para a alimentação, o óleo para manter aceso as lamparinas, peles para o

fabrico de vestuário, cobertores e tendas, tendões para fios e cordas, ossos, chifres e dentes para o fabrico de

instrumentos variados. Além disso, desenvolveu o espírito de cooperação e de partilha e promoveu o

desenvolvimento da linguagem,

Principais métodos (técnicas) utilizados na caça:

Lançamento de armas manualmente e mais tarde com ajuda do arco ou do propulsor;

Armadilhas: fossas cobertas de ramos e folhas (para os gigantes herbívoros),preparação de tectos de

grandes pedras com isca (para carnívoros), redes (para animais de pequeno porte com a lebre),etc.

Utilização do fogo para assustar a caça e fazê-la cair de uma falésia e então pegá-la;

Vários homens se alternavam na perseguição do animal até ficar cansado;

O disfarce. Envolvido numa pele de animal, o caçador conseguia chegar até à proximidade da

caça disfarçadamente, sem despertar a sua atenção.

Documentos

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Vamos continuar a estudar o paleolítico, pois falta-nos ainda falar sobre a habitação, o vestuário e a

arte.

A habitação

Por causa do modo de vida nómada, o homem do paleolítico passava grande parte do seu tempo ao

ar livre. Contudo, para descasar durante a noite e se proteger contra as intempéries (tempestades),

Tinha a necessidade de uma habitação. Eram simples paliçadas, cavernas, cabanas, tendas, etc.

Na maior parte do mundo, os homens do paleolítico inferior acampavam provavelmente ao ar livre. Parece

terem feito apenas acampamentos temporários e, quando construíam habitações, estas eram muito frágeis. Mischa Titiev, introdução à antropologia cultural, fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa,1963

O vestuário

Os vestígios mais antigos do vestuário datam do paleolítico superior: roupas e calçados feitos de

peles e cosidos com fios obtidos a partir de tendões de animais.

As manifestações artísticas e os ritos mágicos

O homem do paleolítico deixou testemunho das suas preocupações e manifestações artísticas e

religiosas que ainda hoje são de difícil compreensão.

As principais manifestações artísticas do período paleolítico são:

-Arte móvel ou mobiliária

-Arte parietal ou rupestre

Arte móvel ou mobiliária: consistia na representação de objectos de pequenas dimensões (escultura

de mulher, cabeça de animais) em pedra, osso ou marfim. Esta forma de arte é designada de arte

móvel ou mobiliária porque sendo os objectos de pequenas dimensões, podem ser facilmente

transportados de um lugar para outro.

Arte parietal ou rupestre: consistia na representação de desenhos e pinturas nas paredes internas

das grutas tendo como principais temas, animais e cenas de caça, a própria mão e sinais geométricos.

É designada de arte parietal ou rupestre porque era feita sobre rochas, nas paredes e nos tectos das

cavernas.

A descoberta das primeiras pinturas rupestres

Curiosidades da história

A descoberta da arte rupestre deve-se a uma menina espanhola de cinco anos que, em 1878, acompanhava o seu pai,

um engenheiro que visitava a gruta da Altamira (próximo de Santander- Espanha). o tecto da gruta era baixa, pelo que o

pai caminhava com dificuldades, agachado, olhando o chão. A menina, contemplando a rocha do tecto, exclamou: «papá!

touros!». O pai, a custo, olhou para cima e ficou maravilhado: aquela rocha continha numerosas figuras pintadas que

representavam cavalos, bisontes, javalis e veados. Assim se descobriu a arte rupestre.

Caverna

Reconstituição de uma cabana

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O significado da arte paleolítica

Existem diferentes opiniões no que se refere ao significado da arte paleolítica. Contudo, Para a

maioria dos historiadores o homem do paleolítico dedicava-se à arte com objectivos mágicos.

Através da arte o homem procurava obrigar a natureza a proceder de acordo com os seus interesses.

Por exemplo, ao pintar uma cena de caça em que apareciam animais mortos por intermédio dos seus

instrumentos, acreditava que isto iria favorecer a caça desses animais. (Documentos 1 e 2).

A pintura era um acto mágico, certamente, associado a «cerimónias» como gestos, ruídos, gritos,

gemidos, danças, etc.- os ritos mágicos.

Ritos mágicos - conjunto de cerimónias através das quais o homem comunica com forças

sobrenaturais com o objectivo de procurar o auxílio destes na sua luta pela sobrevivência.

As pinturas foram encontradas nas paredes internas de grutas profundas, de difícil acesso, talvez

porque procuravam voluntariamente locais misteriosos. Esta intenção de «esconder» as pinturas

comprova o caracter mágico da arte.

Pede ao teu professor para te explicar outros possíveis objectivos pretendidos pelo homem

paleolítico com as suas criações artísticas.

Documentos

Doc.1.

A sua arte seria realizada não pelo culto da beleza, mas pelo culto do mágico. Culto destinado segundo alguns, à boa

sorte dos caçadores, na época em que o homem, ignorando de todo a agricultura, tinha na caça o elemento fundamental da

sua existência: ao encanto dos animais para que se deixassem matar, e à reprodução para que nada faltasse a estes

trogloditas.

Ferreira de Castro

Troglodita: individuo absolutamente primitivo.

Doc.2

Arte e Magia

Geralmente atribui-se um fim mágico à arte paleolítica. O homem, desejoso de uma boa caçada, ia a uma gruta e lá,

com a mão mutilada, pintava a imagem do animal que queria matar, depois assinalava furiosamente o animal com

«flechas», com «armadilhas», traçava sobre o seu corpo feridas sanguinolentas e, confiando na eficácia deste rito de

feitiçaria, partia confiante para executar na vida real a cena pintada na parede.

Marthe e Alain Mariac, la préhistorique, (adaptado)

Ficha de trabalho

1.«A caça foi a mais importante actividade praticada pelo homem do período paleolítico».

1.1. Define paleolítico.

1.2. Transcreve o texto para o teu caderno e completa-o.

Os homens do paleolítico superior viviam da caça, da __________ e da ________________ de

frutos, __________,_________,________etc. Dependiam de uma economia ______________ e

deslocavam-se temporariamente de um sítio para outro levando uma vida _____________. As

grandes caçadas levaram-nos ao fabrico de instrumentos, como______________,

______________,___________________ e ____________________.

1.3. Menciona os principais métodos de caça utilizados por esses homens.

1.4. Justifica a afirmação: «os homens do paleolítico praticavam uma economia recolectora».

1.5. Mostra a relação existente entre a economia recolectora e o nomadismo.

1.6.caracteriza a habitação do homem paleolítico.

2. «O homem do paleolítico deixou testemunho das suas preocupações e manifestações artísticas e

religiosas.»

2.1. Distingue a arte móvel ou mobiliaria da arte parietal ou rupestre.

2.2. Comenta a afirmação: «pintava-se para caçar, não se caçava para pintar.»

2.3. Identifica os materiais utilizados nas pinturas rupestres

0.3. Diz o que mais te impressionou no estudo do paleolítico.

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A revolução neolítica

Após termos abordado vários aspectos relacionados com o período paleolítico, vamos a partir deste

momento, estudar a outra fase da pré-história, isto é, o neolítico.

Conceito de neolítico: é o período em que o homem fazia de pedra polida os seus principais

instrumentos.

Os materiais utilizados na produção de instrumentos eram praticamente os mesmos usados no

paleolítico, mas a pedra era agora trabalhada de uma forma mais perfeita - depois de talhada era

polida. É por isso que este período da pré-história ficou conhecido por neolítico ( Neo = nova + litos

= pedra = nova pedra ).

O surgimento de comunidades produtoras

Vimos anteriormente que durante o paleolítico o homem não produzia alimentos. A economia era

recolectora. Todavia, neste novo período, o homem aprendeu a praticar a agricultura e a pastorícia.

Surgem, Com efeito, as primeiras comunidades produtoras.

A economia recolectora deu lugar à economia produtora, o modo de vida nómada deu lugar à

sedentarização, surgiram as primeiras aldeias, novos tipos de instrumentos, novas técnicas, etc.

As transformações foram de tal maneira profundas que alguns historiadores consideram estarmos

perante uma verdadeira revolução.

Revolução: conjunto de transformações rápidas e profundas que decorrem na vida de uma

sociedade ou de toda a humanidade.

A descoberta da agricultura

A agricultura foi descoberta graças à melhoria das condições climáticas ocorridas há cerca de

12.000 anos, pois com essas melhorias climáticas, os animais adaptados a climas frios como a rena e

o bisonte, deslocaram-se para o norte acompanhando as massas glaciares, ouras extinguiram- se

como foi o caso do mamute, outros adaptaram-se às novas condições climáticas, tendo igualmente

surgido novas espécies de animais de menor porte. A vegetação também sofreu grandes alterações,

tendo surgido novas espécies vegetais.

Em consequência das mudanças verificadas a nível da fauna e da flora, houve grupos que se

deslocaram para o norte acompanhado as massas glaciares mas a maioria preferiu fixar-se nas bacias

dos rios, onde o homem pôde reparar que as sementes espalhadas pela água e pelo vento davam

origem a novas plantas. Apos ter reparado isto durante muito tempo, começou a juntar sementes as

quais eram lançadas à terra propositadamente para produzir. Aprendeu, deste modo, a praticar a

agricultura.

Cronologia das primeiras culturas agrícolas

Região Primeiras culturas agrícolas Cronologia (milénio a.C.)

Crescente fértil Trigo, cevada 8º

Andes e costa do Peru Feijão 6º

México Feijão, milho 6º - 5º

China Arroz, milho 5º-4º

India Milho, arroz 5º-4º

Mesmo após à descoberta da agricultura os homens continuaram a ser caçadores e recolectores

durante muito tempo, pois a produção agrícola era inicialmente insuficiente para garantir a

sobrevivência das populações devido à concentração da população em certas regiões. No entanto, a

caça e a recolecção passaram para o segundo plano, sendo apenas complementos na alimentação.

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A domesticação de animais

Foi com a descoberta da agricultura que o homem aprendeu a domesticar os animais, pois as zonas

férteis dos grandes rios atraiam não só o homem mas também os animais que se deslocavam a essas

regiões a fim de procurarem alimentos. Assim, o homem teve a oportunidade de verificar o hábito e o

comportamento dos animais, tendo verificado que era fácil pressioná-los e pô-los ao seu serviço. Da

captura passou-se à domesticação, da domesticação à criação de animais.

Cronologia da domesticação de animais

Região Animais Cronologia

(milénios a.C.) Médio oriente e América do sul Cão 10º

Iraque Carneiro 9º -8º

Irão Cabra 8º-7º

Turquia Porco 7º

Turquia e Grécia Boi 7º-6º

Peru Limo 4º-3º

Sul da Rússia e Arabia Camelo 3º

Ucrânia Cavalo 3º

Paquistão Búfalo 3º

Médio oriente e Paquistão Pato, galinha 3º-2º

Peru Alpaca 2º

Sibéria Rena 1º

A prática da agricultura e da pastorícia inicia-se numa zona do próximo oriente denominada de

crescente fértil. Trata-se de uma região situada entre o rio Nilo (Egipto) e os rios Tigre e Eufrates

(Mesopotâmia). Esta designação (crescente fértil) foi atribuída por causa da sua configuração

semelhante a uma lua em quarto crescente e por ser muito fértil.

A economia e o modo de vida

Economia produtora: o homem do período neolítico praticava uma economia produtora, pois

passou a produzir os seus próprios alimentos com base num conjunto de actividades, sobretudo

através da prática da agricultura e da pastorícia (domesticação e criação de animais).

Modo de vida sedentário: o modo de vida era sedentário, pois já vivia num lugar fixo onde

praticava a agricultura e a pastorícia e esperava pelo tempo das colheitas.

Foi a economia produtora que contribuiu para a sedentarização do homem, pois ao praticar uma

economia produtora baseada fundamentalmente na agricultura e na pastorícia (domesticação e

criação de animais), passou a garantir a produção dos seus alimentos de maneira que já podia viver

num lugar fixo. A própria prática da agricultura não permitia o nomadismo dado que era necessário

preparar o terreno para fazer o cultivo e esperar pelo tempo das colheitas.

O cão é um animal doméstico mais antigo, em

todas as regiões da Europa, Ásia e Africa. No

entanto parece que o cão não foi domesticado

mas, antes, se Autodomesticou. Com efeito, o

cão era um carnívoro parasita do homem, isto é,

acompanhava os grupos humanos, desde a

época dos grandes caçadores, para se alimentar

dos seus restos de comida. Há sinais de que foi

desde muito cedo um animal doméstico de

estimação. Num túmulo pré- neolítico da

palestina, apareceu uma criança enterrada com

um pequeno cachorro no braço.

Condições particulares

Não foi porque os habitantes do próximo

oriente fossem mais inteligentes que os outros,

que eles praticaram a primeira agricultura e

criação de gado, mas porque as condições do

meio a isso os conduziram.

M. e Alain, la préhistorique

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Questionários

1.«A agricultura e a domesticação dos animais constituirão a base de uma nova economia produção

de consequências extraordinárias para o progresso da civilização.»

1.1. Explica como é que o homem aprendeu a praticar a agricultura.

1.2. Diz como é conhecida a região onde surgiram os primeiros focos de agricultura.

1.3. Mostra que foi com a prática da agricultura que o homem aprendeu a domesticar os animais.

14. Caracteriza a economia e o modo de vida do homem neolítico.

1.5. Comenta a afirmação: «A sedentarização foi uma consequência da economia produtora»

1.6. Porque se considera o neolítico uma revolução?

O surgimento das primeiras aldeias

As primeiras aldeias surgiram em consequência da sedentarização, pois com a sedentarização o

homem começou a construir habitações fixas nos locais mais protegidos como o cimo dos montes, as

margens dos rios ou mesmo dentro de água (palafitas ou habitações lacustres). Foi com a construção

dessas habitações que surgiram as primeiras aldeias.

O homem utiliza, neste período, muitos dos utensílios que usara nos tempos paleolíticos. O arco e a

flecha, o arpão, as facas e as lanças continuaram de grande utilidade, mas inventa novos

instrumentos.

A agricultura e a domesticação dos

animais constituirão a base de uma nova

economia de produção de consequências

extraordinárias para o progresso da civilização.

Essas novas formas de vida serão designadas por

economia neolítica ou economia produtora

(Malmuquer de Matos., a Humanidade pré –

Histórica)

O caçador tornou-se pastor

O caçador tornou-se pastor muito naturalmente, sem

mudar o habito dos animais. Quando o rebanho subia às

colinas, o homem, ajudado pelo seu cão, conduzia-o para

os vales, em direcção às melhores pastagens. Ele ajudava

os cordeiros e os cabritos a transpor as passagens difíceis

e os animais deixavam-se conduzir na direcção pela qual o

homem os guiava

Sem enfrentar os perigos da caça., o homem dispunha

assim de uma reserva de carne, leite e peles.

(Marthe de Alain Marliac, la pré-Historique

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Novos tipos de instrumentos armas e utensílios

O homem inventou novos instrumentos no período neolítico porque descobriu a agricultura de

maneira que eram necessários instrumentos adequados para o trabalho da terra. Exemplos: enxada,

arado, foice, enxós, machados, etc.

Os instrumentos continuavam a ser feitos de pedra mas no seu fabrico aplicava-se uma nova técnica

que consistia em alimar as arestas pontiagudas, polindo a pedra com o auxílio de uma outra a que se

chamava polidor. Podia ainda ser polida utilizando a areia. Mais tarde, à pedra, ao osso e à madeira

vieram juntar os metais, o que revolucionou o fabrico de instrumentos.

Paralelamente aos novos instrumentos, a necessidade de armazenamento, transporte e conservação

e dos produtos, levou à criação de recipientes como vasos, cestos, etc. foi assim que se

desenvolveram novas técnicas entre as quais a cerâmica e a cestaria.

Para além da técnica de polir a pedra utilizada no fabrico de instrumentos, da cerâmica e da

cestaria, o homem neolítico desenvolveu outras técnicas, tais como:

- A fiação e a tecelagem, que permitiu confeccionar novos tipos de vestuário e outros utensílios,

nomeadamente redes;

- A moagem, que permitiu transformar os grãos em farinha, melhorando significativamente a

alimentação;

- A metalurgia, que revolucionou o fabrico de instrumentos e armas.

- No que se refere aos transportes marítimos, os progressos técnicos foram também importantes, pois

o remo, a vela e a jangada, começaram a ser utilizados;

- Os transportes terrestres beneficiaram de uma grande invenção técnica – a roda. A sua aplicação ao

carro fez aumentar grandemente a rapidez, com um menor esforço.

Questionários

1. «Para além da técnica de polir

a pedra, o homem neolítico

desenvolveu outras técnicas.»

1.1. Identifica-as.

1.2. Diz o que levou o homem

neolítico a fabricar novos

instrumentos.

1.3.Cita exemplos desses novos

instrumentos.

1.4.Identifica as matérias-primas

utilizadas no fabrico desses

instrumentos.

1.4. Explica o que esteve na

origem do desenvolvimento da

cerâmica e da cestaria.

1.5. A técnica de fiação e

tecelagem tiveram grande

importância na vida do

homem neolítico. Explica

porquê.

1.6. Indica outras técnicas

inventadas pelo homem

neolítico.

.

Page 27: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

25

Manifestações religiosas e artísticas

As manifestações religiosas

Os homens percebiam que dependiam da natureza, mas não conseguiam explica-la. Não

conseguiam explicar circunstancias que os prejudicavam e de que tinham medo: as trovoadas, as

cheias inesperadas, as tempestades, a doença, a morte, etc.

Perante esta situação, o homem foi imaginando a existência de forças sobrenaturais:

- Os agricultores porque dependiam da terra, elevaram-na à condição de Deusa- Mãe, representada

nas estatuetas femininas desta época. (Doc. 2)

- Os povos pastores promoveram certos animais - como o touro, à condição de deuses.

- Mais tarde, a lua, as tempestades e particularmente o sol, eram também divinizados.

Estes deuses, forças superiores e impossíveis de controlar, deviam ser aliados do homem na sua

luta diária pela sobrevivência e pelo progresso de maneira que era necessário prestar-lhes

homenagem por intermédio de acções e gestos muito concretos- o culto.

Culto: diversas formas de manifestação de respeito e homenagem a

divindades que se julgam superiores ao homem, através da adoração

ou de ritos variados (sacrifícios, danças, etc.). Os sacerdotes eram as

pessoas da comunidade encarregadas do culto. Doc. 2

Questionários

1. «Para além da técnica de polir a pedra, o

homem neolítico desenvolveu outras técnicas.»

1.1. Identifica-as.

1.2.Diz o que levou o homem neolítico a

fabricar novos instrumentos.

1.3. Cita exemplos desses novos instrumentos.

1.4. Identifica as matérias-primas utilizadas no

fabrico desses instrumentos.

1.5. A técnica de fiação e tecelagem

tiveram grande importância na vida do

homem neolítico. Explica porquê.

«O culto da grande deusa – mãe, também conhecida por mãe-natureza,

mãe- Terra ou simplesmente Natureza, aparecera já no paleolítico,

relacionado com a fecundidade humana e animal, sendo-lhe associada

agora no Neolítico, à fecundidade ligada à vida vegetal, uma vez que a

agricultura já era conhecida.» Rodrigues C. e outros, «Historia 7º ano.»

Page 28: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

26

O homem também não conseguia explicar a morte, o desaparecimento físico de pessoas que viam

andar, falar, trabalhar... e a quem estavam ligados por laços afectivos e até de sangue. E, porque este

desaparecimento físico era inexplicável, o homem ” criou” um mundo dos mortos a quem,

igualmente, começou a prestar culto – o culto dos mortos.

Como se pode concluir, o homem neolítico praticava dois tipos de cultos: o culto dos deuses e o

culto dos mortos.

A arte

Tal como a arte paleolítica, a neolítica reflecte também as preocupações dos homens na sua luta

pela sobrevivência.

Ao mesmo tempo que se mantêm as pinturas como actividades artísticas, outras formas de arte vão

surgindo com destaque para as construções megalíticas.

Novas formas de arte

Foi ligado ao culto dos mortos que surgiram os monumentos funerários, conhecidos por

monumentos megalíticos porque eram feitos de grandes pedras.

Megalíticos = (de mega = grande + litos = pedra)

Os monumentos megalíticos são:

- Menires- grandes pedras fixadas na posição vertical.

Os menires Podem aparecer isolados ou em grupos e, neste último caso, podem dispor-se em filas ou

em círculos.

-Alinhamentos: conjunto de menires dispostos em filas.

-Cromeleques ou cromeleches: conjunto de menires dispostos em círculo.

-As antas ou dólmenes: túmulos constituídos por três ou mais pedras levantadas ao alto com outra a

servir de cobertura. Os mortos eram ali enterrados com os seus objectos pessoais.

Para além dessas formas de arte, os agricultores e os pastores do neolítico exprimiram ainda o seu

sentido artístico em pequenas estatuetas da deusa – mãe mas também nas belas peças de cerâmica.

A origem da religião

A religião do homem neolítico não era tanto uma

questão de crença como de ritos. (...). O homem

primitivo dependia universalmente da natureza – da

sucessão regular das estações, da queda das chuvas nas

ocasiões apropriadas, do crescimento das plantas e da

reprodução dos animais.

Esses fenómenos naturais não ocorreriam a não ser

que ele cumprisse certos sacrifícios ou ritos.

Mas havia outro elemento cuja presença era manifesta

na religião primitiva: o medo. (...) tudo o que é estranho

ou mal conhecido está repleto de perigos.

O homem primitivo não teme só a doença e a morte,

mas também a fome, a seca, as tempestades, os espíritos

dos mortos e os animais que ele próprio matou. Segue-

se daí que a grande parte da religião do homem

primitivo consiste em precauções para afastar o mal.

Edward Burns , Historia da civilização Ocidental

A crença no além- túmulo

Pode admitir-se que, a partir do momento

em que começou a interrogar-se, o homem

pré-histórico acreditou na sobrevivência

para além da morte. (...) É de crer que o

caçador pré-histórico, ao depositar uma

azagaia ou outros utensílios junto do

morto, tivesse a intenção de não deixar o

seu semelhante partir desprevenido para o

outro mundo.

(Marthe e Alain Marliac, La préhistorique)

Responde às questões

1. Identifica os dois tipos de cultos praticados

pelo homem neolítico.

2. Aponta a mais importante divindade desse

período.

3. Cita outras divindades às quais se prestava

culto.

Page 29: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

27

Documentos

Questionários

1.«Quanto ao significado (funções, objectivos,) dos

monumentos megalíticos, os estudiosos divergem

nas suas teorias, pois não há uma opinião unanime».

1.1.Aponta os monumentos megalíticos.

1.2.Diz porque que são designados de monumentos

megalíticos.

1.3.Achas que a arte neolítica se resume às

construções megalíticas? Justifica a tua resposta.

2.Faz uma pequena investigação sobre as possíveis

funções desses monumentos e apresenta o resultado.

Page 30: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

28

A Revolução Urbana

As cidades e o comércio

Conceito de revolução urbana: transformação da economia e da sociedade que se caracteriza pelo

aparecimento das cidades.

Como surgiram as primeiras cidades?

- As primeiras cidades surgiram com o crescimento natural de algumas aldeias neolíticas onde se

praticava a agricultura e a pastorícia, pois com o desenvolvimento dessas actividades a alimentação

tornou-se variada e abundante, o que provocou a diminuição da mortalidade e o consequente aumento

demográfico. Com efeito, muitas aldeias cresceram e algumas evoluíram para cidades.

Como algumas populações conseguiam produzir mais do que necessitavam para o consumo

imediato, conseguiam acumular excedentes que podiam ser trocados por outros produtos. Surgiu,

assim, o comércio. Muitos especializaram-se em outras actividades como o artesanato.

Excedente- parte da produção que ultrapassa o consumo imediato das populações.

Diferenças entre aldeia e cidade

Entre a aldeia e a cidade as diferenças não são apenas de grandeza e de arranjo urbanístico; são

fundamentalmente de forma de vida, de organização económica, social e politica.

A aldeia continua a ser rural e com uma população voltada para a agricultura e pastorícia, enquanto

na cidade desenvolvem-se as actividades artesanais e mercantis.

A cidade torna-se o centro de uma economia de mercado, isto é, centro de trocas, local onde se

procuram e se oferecem os produtos de que a comunidade necessita. Torna-se também o centro

político, religioso e administrativo.

«A cidade, criada a partir da aldeia, passou a cotar com um novo corpo de habitantes: funcionários administrativos,

artesãos e mercadores. Por outro lado, a cidade distinguiu-se, definitivamente, da aldeia quando criou a escrita, o cálculo

e o sistema de pesos e medidas».

Lewis Mumford, A cidade na Historia, Editora Martins Fontes

O palácio e o templo passaram a simbolizar o poder político e o poder religioso. Mas o chefe

político era quase sempre o chefe religioso. Os dois puderes (politico e religioso) misturam-se. Quem

detém o poder o puder politico detém também o poder religioso. É por isso que se fala do poder

sacralizado.

O surgimento do comércio

O comércio surgiu com o aparecimento dos excedentes, pois uma comunidade podia possuir um

certo tipo de excedente mas sentia falta de outros produtos que não produzia de maneira que as

pessoas dessa comunidade começaram a trocar os seus excedentes com produtos que não possuíam e,

deste modo, surgiu o comércio. Por exemplo, as pessoas que viviam no litoral trocavam os seus

excedentes de sal e peixes com produtos agrícolas provenientes do interior.

A primeira forma de comércio foi a troca directa, isto é, baseava-se na troca directa de produtos

por produtos.

Desvantagens da troca directa:

- Era difícil estipular um valor justo para a troca (que quantidade de peles devia corresponder ao

valor de uma roda?);

- Nem sempre as pessoas encontravam na vizinhança os produtos de que necessitavam e, sendo

assim, sentiam-se forçadas a transportarem os seus produtos para regiões distantes a fim de fazerem a

troca.

Palácio-era o símbolo do poder politico.

Templo – era o símbolo do poder religioso

Poder sacralizado- forma de poder político em que a autoridade é exercida em nome dos deuses.

Page 31: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

29

Com a descoberta dos metais surgiu uma nova forma de comércio, a troca indirecta, isto é, o

comercio baseado no uso de moedas (de ouro, de prata,)

Questionários

1«Entre a aldeia e a cidade as diferenças não são apenas de grandeza e de arranjo urbanístico; são

fundamentalmente de forma de vida, de organização económica, social e politica».

1.1.Como surgiram as primeiras cidades?

1.2.Compara as aldeias e as primeiras cidades no que se refere às actividades praticadas.

1.3.Explica o surgimento do comércio.

1.4.Caracteriza a primeira forma de comércio.

1.5.Aponta os seus inconvenientes.

A estratificação social

O surgimento de uma grande diversificação de funções (fusão e trabalho de metais, calculo

comercial, a guerra, o sacerdócio,) e a apropriação dos excedentes e riquezas por parte de alguns,

originaram na sociedade grupos que se organizavam conforme o seu poder, funções e riquezas.

Formaram-se, assim, estratos sociais em que alguns possuíam uma situação mais privilegiada do que

outros, ou seja, surgiu a sociedade estratificada.

rr

Questionários

1.Quando é que se diz que uma sociedade é

estratificada?

2.Explica o que originou a estratificação social.

3.Achas que a sociedade cabo-verdiana é uma

sociedade estratificada? Justifica a tua resposta

Sociedade estratificada

Organização social comum às primeiras grandes civilizações.

Rei

Sacerdotes

etes

Escravos

Funcionários

Guerreiros

Mercadores

Artesãos

Camponeses

Sociedade estratificada – sociedade dividida em estratos ou escalões conforme o poder, a riqueza e as

funções exercidas.

Page 32: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

30

O surgimento da nação e do estado

As comunidades fixaram-se num determinado território e foi-se estabelecendo uma rede cada vez mais

complexa de relações entre os homens.

Estas comunidades já não estavam ligadas apenas pelos laços de parentesco mas, também, pelos costumes,

tradições, religião, língua, etc. assim apareceram as nações.

Naturalmente começou a sentir-se a necessidade de uma organização nova para a condução dessas

comunidades. Foi por isso que surgiu o estado.

Nação: comunidade unida por laços territoriais e culturais (língua, costumes, hábitos, tradições, etc.)

Estado: nação fixa num território com o poder organizado.

Há quem afirme que o estado surgiu para manter o bem- estar geral. No entanto, o estado antigo actuava como

instrumento de dominação dos ricos sobre os pobres e os escravos.

A Escrita

A escrita foi inventada devido às exigências da vida urbana.

O desenvolvimento das trocas comerciais constituiu uma importante causa da invenção da escrita

na medida em que os comerciantes precisavam registar o preço dos produtos, as quantidades, enviar

mensagens para outros mercadores distantes, etc.

A organização politica e administrativa foi também uma impor6tante causa já que sem a escrita o

rei teria de enfrentar grandes dificuldades na governação. É que a difusão das leis, ordens, cobrança

de impostos, etc., seria difícil.

Os sumérios foram os primeiros povos a descobrir a escrita.

A primeira forma de escrita foi a escrita pictográfica-Sistema de escrita na qual se procurava

representar a realidade circundante por intermédio de desenhos mais ou menos esquemáticos

designados de pictogramas.

Na escrita pictográfica faziam como as crianças, representando por desenhos o que queriam dizer.

Exemplo:

Questionários

1.Embora não o vemos, o estado é uma realidade

sempre presente no nosso quotidiano.»

1.1. Apresenta uma definição de estado, diferente

da já mencionada.

1.2. Após uma pequena investigação, diz quais são

as instituições que compõem o estado de cabo

verde.

1.3. Mostra que, na verdade, o estado é uma

realidade sempre presente no nosso quotidiano.

Nada para comer na tenda

Fonte: enciclopédia internacional Focus

Page 33: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

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Como se pode ver, era uma escrita complicada, lenta na execução e não permitia expressar todas as

ideias.

Como poderiam, através do desenho, representar as ideias de bom, frio, mau, feliz, infeliz,

mentiroso, vaidoso, etc.?

Um outro tipo de escrita inventada pelos sumérios foi a escrita cuneiforme. Gravavam em argila mole sinas

em forma de cunha, que representavam nomes de objectos, orações, leis e ideias.

Foi nesta escrita que foi escrito que foi escrito o primeiro código de leis, designado por código de

Hamurabi. Este código representava pormenorizadamente as penas a que se sujeitavam os faltosos.

Código de Hamurabi (cerca de 1690 a.C.)

- Se um homem acusa outro homem de ter cometido assassínio, mas não o prova é condenado à morte;

- Se um homem cegar um escravo de um homem livre, pagará metade do seu preço;

- Se um médico tratar um homem livre de uma ferida grave e o matar, cortar-se-lhe-ão as mãos;

- Se um médico tratar o escravo de um plebeu e lhe causar a morte, ele dará escravo por escravo;

- Se um arquitecto construir uma casa e esta casa desabar matando o proprietário, esse arquitecto será também

morto; se morrer o filho do dono, será morto o filho do arquitecto;

- O homem que destruir o olho de outro homem, ficará também sem o olho;

- Se um filho fere o seu pai, amputar-se-lhe-ão a mão;

- A mulher que disser ao seu marido «tu não és meu marido», será deitada ao rio;

- O homem que disser `sua mulher «tu não és minha mulher», dar-lhe- á meia mina de prata (cerca de 250

gramas)

-Aquele que disser o seu pai: «tu não és s meu pai», será marcado com um ferro em brasa, preso e vendido

como escravo;

-se um escravo diz ao seu dono: «não és meu dono», assim que o dono provar que ele é seu, cortar-lhe – à a

orelha;

- Se um homem roubar bens de um deus ou de uma casa de senhores, esse homem será morto. E quem quer

que receba os objectos também será morto;

Este conceito de justiça a que corresponde uma sanção ou pena idêntica à falta cometida, tem o

nome de «pena de Talião».

Mais tarde surgiu a escrita ideográfica-sistema de escrita na qual se usava imagens para

representar ideias.

Exemplo:

Significa sol e também calor.

O aparecimento do traçado que iria originar o nosso alfabeto ocorreu na Fenícia e em regiões

vizinhas, por volta de 1300 a 1000 a.C. com um conjunto de 22 sinais que representam sons.

Mais tarde o alfabeto foi adoptado pelos gregos, que o transmitiram aos latinos, os quais o

passaram a todo o ocidente.

Escrita alfabética- escrita baseada no uso de sinais que representam sons.

Responde às questões

1.Diz o que esteve na origem da invenção da escrita.

2.Distingue a escrita pictográfica da escrita ideográfica.

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Tema 3: as primeiras civilizações – a civilização egípcia como exemplo

A civilização egípcia

A civilização egípcia é uma das primeiras civilizações urbanas que desenvolve brilhantemente

alguns princípios que estão na base da actual ciência.

Localização geográfica do Egipto: o Egipto localiza-se no nordeste da Africa, entre os desertos da

Arabia e da líbia. Ocupa um estreito e fértil vale, junto ao rio nilo.

Quadro geográfico do rio nilo: o rio nilo nasce nas montanhas da Abissínia e desagua no mar

Mediterrâneo.

O rio Nilo é o 2º maior do mundo em extensão 6695 Km, perdendo apenas para o rio Amazonas,

no Brasil, que tem 6868 Km ( www.google.com.br – acesso em 04.08.2012).

O Egipto, um Dom do Nilo

Se não fosse o rio nilo não podia haver vida no

Egipto tendo em conta que o seu território fica

localizado entre dois desertos (Arábia e Líbia) e

90% do seu território era composto por desertos.se

não fosse o rio todo o Egipto seria um deserto.

No Egipto quase não chovia mas quando chegava

a época das chuvas nas montanhas da abissínia, o

rio enchia-se e a água depositava nas margens um

limo muito fertilizante, constituído por restos

vegetais e substâncias minerais que o rio arrasta,

adubando a terra e tornando-a muito fértil e

favorável para a prática da agricultura. A faixa de

terra que ladeia o rio nilo é uma das mais férteis do mundo.

Para além de irrigar e de fertilizar os campos e de fornecer a água para a satisfação de varias

necessidades, o rio constituía ainda um importante recurso para a pesca e uma importante via de

comunicação.

O rio nilo era para os egípcios algo sagrado porque

não sabiam explicar a razão das cheias. Para eles

tratava-se de um mistério que ao longo dos seculos

procuravam desvendar.

Responde às questões

1, localiza a civilização egípcia no tempo e no espaço.

2.Diz onde nasce e onde desagua o rio nilo.

3.Explica a grande importância que teve o referido rio para o

desenvolvimento da civilização egípcia.

4.A que se devia a grande fertilidade do solo egípcio?

5.Diz porque que os egípcios atribuíam um caracter

sagrado ao rio Nilo.

Page 35: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

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As actividades económicas e os progressos técnicos

As actividades económicas

A economia egípcia era fundamentalmente agrária, pois baseava-se essencialmente na agricultura

devido à grande fertilidade das margens do nilo. Os principais produtos cultivados eram o trigo, a

cevada, o centeio, o linho, o papiro, a vinha e diversos legumes e frutos.

O papiro tinha grande importância na medida em que fornecia fios para a tecelagem, fabrico de

cordas e folhas que eram utilizadas pelos escribas.

A maior parte das terras pertencia ao rei (Faraó), aos templos, aos grandes senhores nobres, mas

quem a cultivava eram os camponeses e os escravos.

A pesca era também uma importante actividade económica. O pescado destinava-se ao consumo

interno mas também para exportação.

Criavam também animais que que lhes ajudavam nos trabalhos agrícolas e lhes forneciam produtos

alimentares e matérias- primas.

Outra actividade económica era o artesanato com destaque para os artigos de olaria, tecelagem,

cestaria, ourivesaria, construção naval e o trabalho dos metais.

O comércio interno nunca alcançou o desenvolvimento desejável por causa do controle excessivo

do Faraó mas o externo conheceu períodos de grande expansão.

Apesar do seu isolamento geográfico, o Egipto mantinha relações comerciais com outros povos da

Crescente Fértil a quem vendia principalmente produtos agrícolas e artesanais, ouro e pedra para a

construção, recebendo, em troca, metais, madeira, azeite e escravos.

Além do Faraó, ricos comerciantes das cidades estabeleceram relações comerciais com o

Mediterrânio Oriental, a Fenícia, a Suméria e Mar Vermelho.

O rio nilo funcionou como uma excelente via de comunicação utilizada no transporte de produtos.

Como podes ver as principais actividades económicas eram a agricultura, a pesca, a pastorícia, o

artesanato e o comércio.

Os progressos técnicos

Progressos técnicos verificados a nível da agricultura: para cultivar os campos utilizavam o

arado e a tracção animal, enxada, foices, etc.,

Progressos técnicos verificados a nível do aproveitamento da água: para melhor aproveitar a

água Construíram diques, canais, cisternas e poços. Para elevar a água utilizavam a picota ou

cegonha.

Questionários

1.Justifica a afirmação: «a economia egípcia era fundamentalmente agrária.»

2.Identifica os principais produtos cultivados.

3.Refere a importância do papiro.

4.Escreve o nome da região com a qual os egípcios mantinham relações comerciais, apesar do seu isolamento

geográfico.

5.Menciona as principais importações e exportações do Egipto.

Page 36: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

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A sociedade egípcia

Uma sociedade de classes

A sociedade egípcia era uma sociedade estratificada devido à grande diferenciação de funções. Era,

no entanto, uma sociedade de grande mobilidade, pois ninguém se encontrava preso à sua condição

social. As pessoas tinham a possibilidade de ascenderem na sociedade.

O estado egípcio

A organização do estado egípcio

O estado egípcio eram um estado centralizado num rei- o Faraó, considerado descendente directo

dos deuses e um verdadeiro deus. Os seus poderes eram sagrados, a sua autoridade absoluta e a sua

pessoa era alvo de um verdadeiro culto.

Vivendo no seu palácio, o Faraó se encontrava rodeado pela sua família, pelos nobres e alguns

funcionários que se ocupavam da administração que era centralizada.

Quando o rei é considerado como um chefe religioso, ou como um deus, o poder é sacralizado

ou teocrático.

Sociedade estratificada- sociedade dividida

em classes ou estratos.

Escriba-importante funcionário encarregado

de escrever os documentos oficias e apoiar

os serviços administrativos.

Os escribas Gozavam de grande prestígio

social no antigo egípcio porque dominavam

a escrita, o cálculo e as leis. Eram eles que

escreviam os documentos oficiais e

apoiavam os serviços administrativos,

sobretudo a cobrança dos impostos.

Page 37: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

35

Podemos então afirmar que o estado egípcio era um estado absoluto e teocrático. Era absoluto

porque todos os poderes (politico, religioso, militar, administrativo,) encontravam-se concentrados

nas mãos de um rei (o Faraó) e teocrático porque o rei era considerado um descendente directo dos

deuses e um verdadeiro deus.

Responde às questões

1.Identifica os estratos sociais que compunham a sociedade egípcia.

2.Explica a importância dos escribas na sociedade egípcia.

3.Relaciona a grande diferenciação de funções com a estratificação social.

4 Justifica a afirmação: «o Faraó detinha um poder absoluto e sacralizado no Egipto.»

A religião egípcia

Os egípcios eram politeístas, pois adoravam vários deuses. Chegaram a ter cerca de três mil deuses.

Alguns eram adorados apenas em determinados locais, outros, pelo contrário, eram adorados em todo

o país.

Entre os principais deuses (divindades) estavam o Rá ou Ámon-Rá (o deus sol), o Osíris (deus da

morte e da ressurreição), a Isis (deusa da terra fecunda). Era esposa de Osíris e mãe de Hórus (deus-

falcão, protector dos Faraós), o thot (deus da sabedoria) e a Hator (deusa da fertilidade). Osíris, Ísis

e Hórus constituíam uma trindade de pai, mãe e filho.

Para além dos deuses apontados existiam ainda outros. O Faraó e o rio Nilo, eram também

considerados deuses. Aliais, como já dissemos, os egípcios chegaram a ter cerca de três mil deuses.

Os deuses eram muito temidos. Os sacerdotes inculcavam nos homens o temor aos deuses e um

sentimento de fragilidade perante os mesmos e organizavam cultos através de cerimónias e festas

regulares.

Adorava-se também vários animais, pois acreditavam que os deuses encarnavam nos seus corpos.

Entre os muitos animais adorados estavam o gato, o crocodilo, a serpente, o boi, o macaco, etc.

Muitos desses animais eram embalsamados após a morte e sepultados em locais sagrados.

Para além do culto dos deuses praticava-se também o culto dos mortos, pois acreditavam na

vida além da morte (vida extraterrena = vida além túmulo). Acreditavam que essa nova vida

desenvolvia-se de forma semelhante à vida terrena pelo que os mortos deviam ser conservados

fisicamente e rodeados de conforto, riqueza e luxo.

Page 38: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

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A necessidade de preservarem o corpo dos mortos para que pudessem beneficiar da vida

extraterrena, levou os egípcios a descobrirem a técnica do embalsamamento e mumificação que

ainda hoje causam muita admiração aos cientistas. O corpo conservado - a múmia, era colocado num

sarcófago.

O sarcófago era, pois, uma espécie de caixão onde se colocava a múmia, isto é, o corpo

conservado.

De acordo com as suas crenças, pensavam que, após a morte, a alma era julgada no tribunal de

Osíris e, se fosse pura, ganharia a vida eterna (o coração era colocado no prato de uma balança, no

outro prato era colocada uma pena. se o coração pesasse mais do que a pena a alma era impura e não

passava para a eternidade, pois era devorada por Amit, o monstro do nilo).

Foram construídos numerosos túmulos mas apenas o Faraó e os mais ricos gozavam do privilégio

de serem enterrados neles. A maioria dos egípcios era enterrada em buracos abertos na areia do

deserto.

A religião desempenhou um papel importante na vida dos antigos egípcios, influenciando todos

os sectores da sociedade:

- A arte era uma expressão do simbolismo religioso;

- A literatura e a filosofia estavam imbuídas de preceitos religiosos;

- O governo era em grande parte uma teocracia;

- Grande parte dos lucros da economia era utilizada na construção de templos e no sustento da classe

sacerdotal.

Como afirmou o historiador Heródoto, «os egípcios foram os mais religiosos de todos os homens».

Analisa com muita atenção os Documentos que se seguem

O MITO DE Osíris

Set, o deus-vento do deserto, era mau e invejoso. Tinha inveja da brisa fresca que soprava ao entardecer,

empurrando suavemente as velas dos barcos que subiam o Nilo. Tinha inveja das águas fertilizantes do

grande rio, quando a cheia dava de beber à terra ressequida. E invejava mais do que tudo, o seu irmão

Osíris, o rei-deus da terra e da vegetação, que trouxera a paz e a prosperidade Egipto. Invejava a felicidade

de Osíris, casado com a deusa da chuva, Ísis, e pai de um filho jovem e poderoso, o deus-falcão Hórus.

Um dia, não conseguindo esconder por mais tempo o ódio que o consumia, Set matou Osíris, retalhou-o

em mil pedaços e, soprando raivosamente, espalhou-os por todo o Egipto! Em seguida, semeou por todo o

lado a desordem e a violência.

Ísis chorou com amargura a morte do seu esposo amantíssimo e as suas lagrimas, caindo sobre os campos,

pareciam gotas de chuva cristalina e refrescante. Noite e dia, Hórus, que agora reinava no lugar de Osíris,

voou incansavelmente em busca dos restos mortais de seu pai. Por fim, a deusa e o filho, revolvendo as

entranhas da terra, recolheram um a um todos os pedaços do corpo bem-amado. Auxiliados por Anúbis, o

deus-chacal, embalsamaram o corpo de Osíris, que ressuscitou, para voltar a reinar, triunfante e imortal, no

mundo dos mortos. Agora, o ódio e a inveja nada podem contra ele! Lá está, sentado no seu trono de ouro,

ao lado de Isis, a proceder ao julgamento dos mortos. Homenagem a ti, ò grande deus!

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Questionários

1. «Como afirmou historiador Heródoto, «os egípcios foram os mais religiosos de todos os

homens»».

1.1. Justifica a afirmação: «os egípcios eram politeístas».

1.2. Escreve o nome de quatro importantes divindades egípcias.

1.3. Diz porquê que os egípcios atribuíam grande importância ao culto dos mortos.

1.4. Identifica o outro tipo de culto praticado pelos egípcios.

1.5. Relaciona a prática do embalsamamento com a crença dos Egípcios na vida além da morte.

1.6. Demonstra a profunda influência da religião na vida dos antigos egípcios.

O2. O que mais ti chamou atenção no estudo da religião egípcia?

As manifestações culturais egípcias

A arte egípcia

Uma arte grandiosa

O poder absoluto do Faraó sobre a grande multidão de camponeses e escravos, bem como a

religiosidade do povo egípcio ajudam-nos, a compreender as monumentais realizações artísticas

egípcias.

A nível da arquitectura destacam-se: os templos (morada dos deuses) e os túmulos (morada das

almas).

A forma dos túmulos variou ao longo dos tempos. Os primeiros foram as mastabas, seguiram-se as

pirâmides e finalmente os hipogeus.

Os Hipogeus (hipo= sob; geo= terra) eram túmulos cavados em rochas de difícil acesso e foram

construídos devido aos roubos frequentes. Aí era mais fácil manter secreto o sarcófago e as riquezas

que sempre desapertaram a cobiça dos ladrões.

O túmulo de Tutankhamon (hipogeu) constitui um dos raros exemplares que permaneceu

intacto até ao século XX. Foi descoberto em1922. (consulta o documento da página 40 assinalado

com o nº 4).

As obras mais famosas construídas pelos egípcios são as pirâmides do planalto de Gizé,

mandadas construir pelos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. Ficaram para a História.

Todos os trabalhos eram feitos à custa dos braços, pelo que essas construções monumentais se

devem aos enormes esforços de grandes massas de camponeses e escravos.

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39

Documentação

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Para além da arquitectura, a escultura, a pintura, a ourivesaria, a olaria e o mobiliário,

constituíam também importantes realizações artísticas e ajudam-nos a testemunhar vida quotidiana

dos egípcios na medida em que representam cenas do dia- a- dia.

A escultura era muito variada, desde estátuas

colossais a pequenas estatuetas e relevos.

Em jeito de resumo, podemos dizer que as principais

formas de arte desenvolvidas pelos egípcios são a

arquitectura, a escultura, a pintura a ourivesaria, a

olaria e o mobiliário.

A arte egípcia tinha funções predominantemente

religiosas, pois as maiores obras artísticas que os

egípcios nos deixaram encontravam-se ao serviço da

religião. Os templos estavam ligados ao culto dos

deuses e, os túmulos, ao culto dos mortos.

Baixo – relevo- a rainha bebe leite por uma taça enquanto uma serva a

penteia.

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41

Questionários

1.Identifica as principais formas de arte desenvolvidas pelos egípcios.

2.Indica as construções artísticas que se enquadram no campo da arquitectura.

3.Aponta os factor que contribuíram para o surgimento de grandes construções artísticas no Egipto.

4.Aponta os tipos de túmulos construídos pelos egípcios.

5.Diz o que são hipogeus.

6.Explica o que esteve na origem da construção desse tipo de túmulo.

7.Justifica a afirmação: «A arte egípcia tinha funções predominantemente religiosas».

A escrita

Uma escrita complexa

As origens da escrita egípcia são pouco conhecidas, mas deve ter surgido para responder às necessidades

de uma administração mais exigente.

Os egípcios praticaram três tipos de escrita:

- A escrita hieroglífica: escrita constituída por desenhos representativos de objectos, animais, astros, plantas,

figuras humanas e outra figuras mais frequentes - os hieróglifos (1). Era uma escrita extremamente complicada

e era utilizada sobretudo nas paredes dos templos e dos túmulos, raramente em papiro (2). Tratava-se de uma

escrita sagrada.

- A escrita hierática: era uma simplificação da escrita hieroglífica e utilizada sobretudo pelos sacerdotes nos

textos sagrados.

-A escrita demótica: era uma escrita ainda mais simplificada e popular, usada pelos escribas nos documentos

mais correntes.

O principal material de suporte da escrita egípcia era o papiro, uma espécie de papel, fabricado a partir de

uma planta que tem este nome.

Documentos

Page 44: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

42

As ciências egípcias A necessidade de resolver os problemas quotidianos e também as suas crenças religiosas, levaram os

egípcios a desenvolver várias ciências, com destaque para com as que se seguem:

- A matemática (aritmética e geometria): a matemática foi fundamental para a construção de grandiosos

palácios e túmulos, como para a marcação dos campos após as cheias. Utilizaram operações algébricas simples

e os números fraccionários, extraíram a raiz quadrada, calcularam proporções, áreas e volumes.

- A astronomia: a influência dos astros na agricultura e a relação dos corpos celestes com alguns deuses

levaram os sacerdotes egípcios a desenvolver a astronomia. Observando o movimento dos astros,

chegaram a prever eclipses, e criaram um

calendário em que o ano aparece dividido em

365 dias, o dia em 24 horas e a hora em 60

minutos.

- A medicina: desenvolveu-se graças aos

conhecimentos adquiridos com prática da

mumificação dos corpos, pois permitiu-lhes conhecer

os principais órgãos do corpo humano e o seu

funcionamento. Praticaram operações cirúrgicas,

trataram certas doenças dos olhos, reconheceram a

importância do coração e da circulação sanguínea e

utilizaram certas plantas na cura das doenças.

Note-se, no entanto, que estes conhecimentos «científicos» são meramente descritivos e resultam da

experiencia. Além disso, misturam-se com práticas mágicas e supersticiosas.

Questionários

1.«As Origens da escrita egípcia são pouco conhecidas, mas deve ter surgido para responder às

necessidades de uma administração mais exigente.»

1.1.Identifica as formas de escrita praticadas pelos antigos egípcios, para além da escrita hieroglífica.

1.2.O que é a escrita hieroglífica?

2«A necessidade de resolver os problemas quotidianos e também as suas crenças religiosas, levaram os

egípcios a desenvolver várias ciências.»

2.1.Menciona as áreas científicas onde o conhecimento egípcio mais se notabilizou.

2.2.Relaciona a prática da mumificação dos corpos com o desenvolvimento da medicina.

2.3.Explica o que esteve na origem do desenvolvimento da astronomia.

2.4.Aponta os progressos alcançados neste ramo de conhecimento.

Page 45: Manuel Rodrigues Pina Ademiro Fortes Rodrigues do Rosário

Bibliografia Geral

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