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MANUEL PEDRO MALEIA PRODUTIVIDADE E DIVERGÊNCIA GENÉTICA DE CULTIVARES COMERCIAIS DE ALGODÃO (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) EM MOÇAMBIQUE MARINGÁ PARANÁ - BRASIL JANEIRO - 2010

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MANUEL PEDRO MALEIA

PRODUTIVIDADE E DIVERGÊNCIA GENÉTICA DE CULTIVARES COMERCIAIS DE ALGODÃO (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) EM

MOÇAMBIQUE

MARINGÁ

PARANÁ - BRASIL JANEIRO - 2010

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MANUEL PEDRO MALEIA

PRODUTIVIDADE E DIVERGÊNCIA GENÉTICA DE CULTIVARES

COMERCIAIS DE ALGODÃO (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) EM MOÇAMBIQUE

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, para obtenção do título de Mestre.

MARINGÁ PARANÁ - BRASIL JANEIRO - 2010

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

Maleia, Manuel Pedro

M245p Produtividade e divergência genética de cultivares

comerciais de algodão (Gossypium hirsutum L. raça

latifolium H.) em Moçambique / Manuel Pedro Maleia. --

Maringá, 2010.

75 f. : il. color.

Orientador : Prof. Dr. Pedro Soares Vidigal Filho.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá, Programa de Pós-graduação em Genética e

Melhoramento, 2010.

1. Algodoeiro - Avaliação. 2. Algodão - Produtividade -

Diversidade genética. 3. Algodoeiro Adaptabilidade. 4.

Algodoeiro - Similaridade genética. 5. Algodoeiro -

Dissimilaridade genética. 6. Algodoeiro - Marcadores

moleculares RAPD. 7. Algodão - Moçambique. I. Universidade

Estadual de Maringá. Programa de Pós-graduação em Genética

e Melhoramento. II. Título.

CDD 21.ed.633.51

Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte.

(O autor)

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Aos meus pais, Pedro Manuel Maleia e Muachema Muhamade Maleia.

À minha esposa, Teresa José Maleia.

Aos meus irmãos, Fátima, Josefina, Pedro Jr., Aida, Momade e Irene.

Aos meus sobrinhos, Susana, Benito, Assanito e Mamu.

A toda família Maleia.

DEDICO.

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iv

AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem Ele nada seria possível.

À Universidade Estadual de Maringá, em especial ao Programa de Pós-

graduação em Genética e Melhoramento (PGM), pela oportunidade de realizar este

curso.

Ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) - Moçambique e ao Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – Brasil, pelo

intercâmbio para formação em cursos de pós-graduação, e pela concessão de bolsa

de estudos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

pela disponibilização de recursos financeiros necessários à aquisição de materiais

para a pesquisa.

Ao Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de

Namialo (CIMSAN), à DUNNAVANT – Morrumbala, à PLEXUS – Montepuez e a

todos os funcionários que tornaram possível a realização da parte deste trabalho

desenvolvida em Moçambique.

Ao Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), em especial ao

doutor Calisto Bias, pela disponibilidade e auxílio na recomendação da candidatura à

bolsa de estudos.

Ao professor doutor Pedro Soares Vidigal Filho, pela orientação, incentivo e

apoio científico que prestou incansavelmente, com muita paciência, sabedoria e,

sobretudo, pelos conhecimentos transmitidos. A ele, meu grande reconhecimento e

especial agradecimento.

Às professoras doutora Maria Celeste Gonçalves Vidigal e doutora Adriana

Gonela, pela co-orientação, pelas experiências e conhecimentos transmitidos e

pelas sugestões que foram essenciais à realização deste trabalho.

À doutora Giselly Figueiredo Lacanallo, pela ajuda durante os trabalhos

laboratoriais.

Ao Núcleo de Pesquisa Aplicada à Agricultura (NUPAGRI), pelas condições

técnicas e materiais disponibilizados.

Ao doutor Marcus Vinícius Kvitschal, da Empresa de Pesquisa Agropecuária

e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), pela ajuda prestada nas análises

estatísticas.

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v

A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Genética e

Melhoramento (PGM), especialmente aos professores doutor Carlos Alberto Scapim,

doutor Alberto José Prioli, doutor Ronald José Barth Pinto, doutor Erasmo Renesto e

doutora Maria de Fátima Pires da Silva Machado, pelos importantes conhecimentos

transmitidos. Ao Secretário do PGM, Francisco José da Cruz, e à Maria Valquíria Magro,

pelo encorajamento e pelos serviços prestados.

Aos amigos e grandes companheiros de curso do PGM, pela ajuda,

amizade, companheirismo e convivência, tornando minha permanência no Brasil

uma valiosa experiência profissional e pessoal.

A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para o sucesso do

presente trabalho.

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BIOGRAFIA

MANUEL PEDRO MALEIA, filho de Pedro Manuel Maleia e de Muachema

Muhamade, nasceu em 2 de agosto de 1976, na cidade de Angoche, província de

Nampula, Moçambique.

Em dezembro de 1993, concluiu o Ensino Básico na Escola Secundária de

Angoche, Nampula, Moçambique.

Concluiu o Ensino Médio, em dezembro de 1996, na Escola Pré-Universitária

1º de Maio, Nampula, Moçambique.

Ingressou no Curso de Licenciatura em Engenharia Agronômica, em agosto

de 1997, na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Maputo, Moçambique, obtendo

o título de Engenheiro Agrônomo em 2003.

Em junho de 2003, ingressou no Instituto de Investigação Agrária de

Moçambique (IIAM), exercendo funções no Centro de Investigação e Multiplicação

de Sementes de Algodão de Namialo (CIMSAN), nas áreas de Melhoramento de

Plantas, Proteção Vegetal e Fitotecnia.

Em março de 2008, ingressou no curso de Mestrado do Programa de Pós-

Graduação em Genética e Melhoramento (PGM), da Universidade Estadual de

Maringá – UEM, em Maringá – PR, Brasil.

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vii

ÍNDICE

LISTA DE QUADROS ........................................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. xi LISTA DE QUADRO E FIGURA DO APÊNDICE ................................................. xii RESUMO ............................................................................................................. xiii ABSTRACT .......................................................................................................... xv

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 4

2.1. Origem, distribuição geográfica e difusão do algodão ............................. 4

2.2. Evolução e genética ................................................................................ 4

2.3. Cultura de algodão (Gossypium hirsutum L.) .......................................... 6

2.3.1. Importância sócio-econômica ............................................................... 6

2.3.2. História e problemas da cultura do algodoeiro em Moçambique .......... 7

2.4. Interação genótipo x ambiente ................................................................. 8

2.5. Estabilidade e adaptabilidade fenotípicas .............................................. 11

2.5.1. Metodologia proposta por Annicchiarico (1992) .................................. 14

2.5.2. Metodologia proposta por Toler e Burrows (1998) .............................. 14

2.6. Diversidade genética ............................................................................. 17

2.7. Marcadores moleculares ....................................................................... 18

2.7.1. Marcadores moleculares do tipo RAPD .............................................. 20

2.7.2. Análise estatística dos dados de marcadores RAPD .......................... 21

2.7.2.1. Medidas de similaridade ..................................................................... 21

2.7.2.2. Coeficiente de similaridade de Jaccard .............................................. 22

2.7.2.3. Análise de agrupamento ..................................................................... 22

2.7.2.3.1. Método hierárquico UPGMA (Ligação média entre grupo) ........... 23

2.7.2.3.1.1. Definição do número de grupos ......................................................... 24

2.7.2.4. Análise de variância molecular (AMOVA) ........................................... 25

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 26

3.1. Análise de adaptabilidade e de estabilidade produtivas ........................ 26

3.1.1. Localização dos experimentos ............................................................ 26

3.1.2. Clima e solo ........................................................................................ 28

3.1.3. Características das regiões agro-ecológicas ...................................... 28

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viii

3.1.4. Tratamentos ........................................................................................ 29

3.1.5. Delineamento experimental ................................................................ 30

3.1.6. Unidades experimentais ..................................................................... 30

3.1.7. Instalação e condução dos experimentos ........................................... 30

3.1.8. Características avaliadas .................................................................... 31

3.1.9. Análises estatísticas ........................................................................... 31

3.1.9.1. Análise de variância individual ............................................................ 32

3.1.9.2. Análise de variância conjunta ............................................................. 33

3.2. Análise da divergência genética molecular ............................................ 34

3.2.1. Cultivares e linhagens analisadas ...................................................... 34

3.2.2. Extração e quantificação do DNA genômico....................................... 35

3.2.3. Iniciadores (primers) RAPD utilizados ................................................ 36

3.2.4. Amplificação do DNA e Análises do DNA genômico .......................... 37

3.2.5. Análises estatísticas dos dados moleculares ...................................... 38

3.2.5.1. Análise de agrupamento e quantificação da variabilidade

genética entre e dentro dos grupos geográficos ........................................... 38

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 39

4.1. Análise de variância individual ............................................................... 39

4.2. Análise de variância conjunta ................................................................ 40

4.3. Adaptabilidade e estabilidade de produtividade de algodão em caroço 42

4.4. Rendimento de fibra das cultivares analisadas ...................................... 45

4.5. Divergência genética molecular entre cultivares e linhagens ................ 46

4.5.1. Análise de variância molecular (AMOVA) ........................................... 51

4.5.2. Análise de agrupamento ..................................................................... 51

4.6. Considerações finais ............................................................................. 54

5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 55

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 57

APÊNDICE ............................................................................................................ 73

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ix

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Critério de classificação dos grupos de cultivares pelo padrão de

resposta fenotípica, conforme classificação de Toler e Burrows (1998)

......................................................................................................... 16

Quadro 2 - Comparação dos tipos de marcadores moleculares mais utilizados em

estudos genéticos e programas de melhoramento .......................... 19

Quadro 3 - Anos e locais de avaliação de produtividade de cultivares de algodão em

diferentes Regiões Agroecológicas de maior concentração de produção

de algodão em Moçambique ............................................................ 27

Quadro 4 - Lista de cultivares avaliadas, origem, ano da introdução, características

de tolerância à cigarrinha (Empoasca fascialis) e o percentual da área

cultivada em Moçambique ............................................................... 30

Quadro 5 - Análise de variância individual, com as respectivas esperanças de

quadrados médios ........................................................................... 32

Quadro 6 - Análise de variância conjunta, com as respectivas esperanças de

quadrados médios ........................................................................... 33

Quadro 7 - Lista das cultivares e linhagens usadas para análise da divergência

genética ........................................................................................... 34

Quadro 8 - Primers decâmeros utilizados nas reações de amplificação de

fragmentos de DNA usados como marcadores RAPD ..................... 37

Quadro 9 - Resumo da análise de variância individual da produtividade de algodão

em caroço (kg ha-1) de nove cultivares avaliadas em três regiões de

Moçambique, durante os anos agrícolas de 2003/04, 2004/05 e

2005/06 ............................................................................................ 39

Quadro 10 - Resumo da análise de variância conjunta da produtividade de algodão

em caroço (kg ha-1) de nove cultivares avaliadas em três regiões de

Moçambique, durante os anos agrícolas de 2003/04, 2004/05 e

2005/06 ............................................................................................ 40

Quadro 11 - Desdobramento do efeito de cultivares na produtividade de algodão em

caroço de nove cultivares de algodão avaliadas em três Regiões Agro-

ecológicas de Moçambique durante os anos agrícolas 2003/04,

2004/05 e 2005/06 ........................................................................... 41

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x

Quadro 12 - Estimativa dos parâmetros de estabilidade e adaptabilidade para

produtividade de algodão em caroço de nove cultivares comerciais de

algodão mediante as metodologias propostas por Annicchiarico (1992)

e por Toler e Burrows ( 1998) .......................................................... 45

Quadro 13 - Relação dos primers decâmeros utilizados, número de bandas obtidas

de RAPD amplificados de 21 cultivares e linhagens de algodão ..... 46

Quadro 14 - Resumo da matriz de coeficientes de similaridade de Jaccard (sii’) e de

seus complementos (dii’), obtidos com 151 marcadores de DNA

mediante o método de RAPD entre 21 cultivares e linhagens de

algodão ............................................................................................ 49

Quadro 15 - Medidas de dissimilaridade obtidas a partir de Complemento Aritmético

do Índice de Jaccard entre as 13 cultivares e oito linhagens de algodão

(G. hirsutum) .................................................................................... 50

Quadro 16 - Análise de variância molecular de dois grupos geográficos de cultivares

e linhagens de algodão (G. hirsutum), obtida por marcadores

moleculares RAPD (151 bandas) ..................................................... 51

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xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Padrões de resposta fenotípica bi-segmentada convexo e côncavo (A e E)

e uni-segmentada (B, C e D) das cultivares em função da variação na

qualidade ambiental (µ). ........................................................................... 17

Figura 2 - Locais onde foram realizados os experimentos de avaliação das nove

cultivares comerciais de algodão. ............................................................ 26

Figura 3 - Padrão de resposta das cultivares de algodão enquadradas nos grupos

uni-segmentados (B, C e D). .................................................................... 44

Figura 4 - Perfil eletroforético dos produtos de amplificação do DNA genômico de 13

cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) com os primers OPA-

13 (A), OPB-07 (B) e OPA-11 (C). ........................................................... 48

Figura 5 - Dendrograma baseado na matriz de dissimilaridade correspondente ao

Complemento Aritmético do Índice de Jaccard entre 21 cultivares e

linhagens de algodão (G. hirsutum) definido pelo critério de agrupamento

UPGMA, utilizando 151 marcadores RAPD. ............................................ 52

Figura 6 - Projeção gráfica das distâncias genéticas das 13 cultivares e oito

linhagens de algodão (G. hirsutum) em espaço bidimensional, com base no

Complemento Aritmético do Índice de Jaccard. ....................................... 54

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xii

LISTA DE QUADRO E FIGURA DO APÊNDICE

Quadro 1A - Desdobramento do efeito de cultivares no rendimento de fibra de nove

cultivares de algodão avaliadas em três Regiões Agro-ecológicas de

Moçambique, no ano

2005/06.............................................................74

Figura 1B - Mapa de Regiões Agro-ecológicas de Moçambique (INIA, 2000)........75

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xiii

RESUMO

MALEIA, Manuel Pedro, M. Sc. Universidade Estadual de Maringá, janeiro de 2010. Produtividade e divergência genética de cultivares comerciais de algodão (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) em Moçambique. Professor Orientador: Pedro Soares Vidigal Filho. Professores Conselheiros: Maria Celeste Gonçalves-Vidigal e Adriana Gonela.

O algodoeiro produz a mais importante fibra têxtil e a maioria das cultivares

comerciais plantadas no mundo pertencem à espécie G. hirsutum raça latifolium. O

presente estudo teve como objetivos avaliar o comportamento fenotípico de nove

cultivares comerciais de algodão (G.hirsutum L. raça latifolium) e estimar a

divergência genética entre cultivares e linhagens de algodão de origem africana e

americana introduzidas em Moçambique. Os experimentos de avaliação de

produtividade foram constituídos das cultivares africanas REMU 40, ALBAR SZ9314,

ALBAR FQ902, ALBAR BC853, STAM 42, CA 222, CA 324, IRMA 12-43 e ISA 205,

utilizando-se do delineamento em blocos completos casualizados, com quatro

repetições. A estabilidade e a adaptabilidade de produção foram efetuadas mediante

o emprego das metodologias de Annicchiarico (1992) e de Toler e Burrows (1998).

Na análise da divergência genética das cultivares africanas e das cultivares e

linhagens americanas TAMCOT 22, TAM 96WD-69s, TAMCOT Pyramid, TAM 98D-

102, TAM 96WD-18, TAM 94J-3, TAM 88G-104, TAMCOT Sphinx, TAM 98D-99ne,

TAM 94WE-37s, TAM 94L-25 e TAMCOT Luxor, utilizou-se de marcadores

moleculares RAPD. A análise de adaptabilidade pela metodologia de Toler e

Burrows (1998) indicou que as cultivares CA 324 e STAM 42 apresentaram

adaptabilidade específica a ambientes de alta e de baixa qualidade,

respectivamente, enquanto as demais cultivares avaliadas apresentaram

adaptabilidade ampla. No que se refere à metodologia de Annicchiarico (1992),

verificou-se que as cultivares ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43 apresentaram maior

estabilidade fenotípica. Os 24 primers RAPD utilizados amplificaram um total de 166

bandas, identificando 90,96% de polimorfismo. A quantificação da variabilidade

genética intra e intergrupos geográficos evidenciou uma variabilidade significativa de

16,30% entre os grupos geográficos africano e americano. O estudo revelou maior

similaridade genética entre as cultivares comerciais de algodão africanas, enquanto

as cultivares e linhagens americanas foram as mais dissimilares. O complemento

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aritmético de Jaccard, obtido com os 151 marcadores moleculares RAPD, mostrou

que as cultivares africanas ALBAR BC853 e STAM 42 foram as mais similares,

enquanto as combinações mais dissimilares foram entre a cultivar TAMCOT Sphinix

com ISA 205, ALBAR BC853 e REMU 40. Em Programas de Melhoramento do

Algodoeiro, visando ao incremento de produtividade, recomendam-se as

combinações ISA 205 x TAMCOT Sphinix, ALBAR BC853 x TAMCOT Sphinix e

REMU 40 x TAMCOT Sphinix de forma a se obter segregantes transgressivos

superiores.

Palavras-chave: Adaptabilidade, dissimilaridade genética, interação G x A,

marcadores moleculares RAPD.

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xv

ABSTRACT

MALEIA, Manuel Pedro, M.Sc. Universidade Estadual de Maringá, January, 2010. Productivity and genetic divergence of commercial cotton cultivars (Gossypium hirsutum L. race latifolium H.) in Mozambique. Adviser: Pedro Soares Vidigal Filho. Committee members: Maria Celeste Gonçalves-Vidigal and Adriana Gonela.

Cotton is the main textile fiber and most of the commercial cotton cultivars grown in

the world belong to G. hirsutum race latifolium. The objectives of the present study

were to evaluate phenotypic behavior of nine commercial cotton cultivars (G.

hirsutum L. race latifolium), and also to estimate genetic divergence among cotton

cultivars and lineages of African and American origins introduced in Mozambique.

The experiments of cotton productivity were carried out with African cultivars Remu

40, ALBAR SZ9314, ALBAR FQ902, ALBAR BC853, STAM 42, CA 222, CA 324,

IRMA12-43 and ISA 205, in a randomized complete block design with four

replications. The stability and adaptability of cottonseed productivity were assessed

using methodologies proposed by Annicchiarico (1992) and Toler and Burrows

(1998). The adaptability analysis of Toler and Burrows (1998) indicated that the

cultivars CA 324 and STAM 42 presented specific adaptability to high and low quality

environments, respectively, whereas the remaining evaluated cultivars showed

general adaptability. Regarding the Annicchiarico’s methodology (1992), it was

verified that the cultivars ISA 205, STAM 42 and IRMA 12-43, showed higher

phenotypic stability. The genetic divergence among the African cultivars and

American cultivars and lineages TAMCOT 22, TAM 96WD-69s, TAMCOT Pyramid,

TAM 98D-102, TAM 96WD-18, TAM 94J-3, TAM 88G-104, TAMCOT Sphinx, TAM

98D-99ne, TAM 94WE-37s, TAM 94L-25 e TAMCOT Luxor was performed using

RAPD molecular markers. The 24 RAPD primers used had amplified a total of 166

bands showing 90.96% of polymorphism. The quantification of genetic diversity of

intra and inter geographic groups pointed out a significant variability of 16.30%

between African and American geographic groups. The study revealed higher

similarity among African commercial cotton cultivars, while American cultivars and

lineages were the most dissimilar. The Arithmetic Complement of Jaccard’s Index,

obtained with the 151 RAPD molecular markers, showed that the African cultivars

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ALBAR BC853 and STAM 42 were the most similar, whereas the combinations

between cultivar TAMCOT Sphinix with ISA 205, ALBAR BC853 and REMU 40 were

the most dissimilar. In order to increase the cotton productivity the following

combinations ISA 205 x TAMCOT Sphinix, ALBAR BC853 x TAMCOT Sphinix e

REMU 40 x TAMCOT Sphinix should be recommended for the Mozambique Cotton

Breeding Program to obtain superior transgressive segregants.

Key words: Adaptability, genetic dissimilarity, G x E interaction, RAPD molecular

markers.

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1

1. INTRODUÇÃO

O algodoeiro (Gossypium spp.) pertence à família Malvaceae, gênero

Gossypium, que inclui 45 espécies diplóides (2n=2x=26) e seis alotetraplóides

(2n=4x=52) entre selvagens e cultivadas (Brubaker et al., 1999). As espécies

cultivadas do gênero Gossypium são quatro: duas delas diplóides (Gossypium

herbaceum e Gossypium arboreum), originárias do Velho Mundo, e duas

alotetraplóides (Gossypium hirsutum e Gossypium barbadense), originária do

Novo Mundo. As espécies diplóides envolvem os genomas A, B, C, D, E, F, G e

K, enquanto as alotetraplóides correspondem a dois grupos sub-genômicos, com

similaridades aos genomas A e D (Endrizzi et al., 1985; Stewart, 1995).

A produção mundial do algodão é inteiramente proveniente das espécies

G. hirsutum e G. barbadense. A espécie G. hirsutum destaca-se como a mais

importante, contribuindo com 90 a 95% da produção mundial (Iqbal et al., 2001;

Altaf-Khan et al., 2002; Penna, 2005). São descritas para esta espécie sete raças

geográficas (latifolium, marie-galante, morrilli, palmeri, punctatum, richmondi e

yucatanense), de acordo com as variações ocorridas devido à difusão da cultura

(Neves, 1965). A raça latifolium, originária do México e da Guatemala, deu origem

às cultivares comerciais “upland”, amplamente semeadas no mundo.

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) é cultivado em

regiões tropicais e subtropicais em diferentes tipos de solos como cultura anual,

embora seja basicamente uma cultura perene tropical (Prentice, 1972; Fryxell,

1984). A cultura representa cerca de 40% de todas as fibras produzidas no mundo

(Ozyigit, 2009). Mais de dois terços da sua produção mundial é proveniente de

regiões de Latitudes superiores a 30ºN, onde se localizam os dois principais

produtores: os Estados Unidos e a China (FAO, 2009). Em Moçambique, o

algodão é cultivado principalmente por produtores familiares, em áreas de cultivo

inferiores a 1 ha, contribuindo com cerca de 90% da produção total Moçambicana

de algodão (Mahalambe, 2003). Entretanto, as lavouras apresentam uma

produtividade média de 541 kg ha-1, muito inferior à produtividade média mundial

que é da ordem de 1.251 kg ha-1 de algodão em caroço (FAO, 2009).

A pesquisa agrária no período colonial em Moçambique, que data dos

anos anteriores a 1974, foi marcada pela negligência do setor familiar (Bias e

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Donovan, 2003). Desde a independência até a assinatura dos Acordos Gerais da

Paz, celebrados em 1992, a eficácia da pesquisa agrária foi minada pela

instabilidade política e pela guerra civil. Neste período, as cultivares

predominantemente usadas foram Remu 40 e A 637-24, caracterizadas pelo

baixo rendimento de fibra (34 a 35%). Como forma de melhorar a produtividade e

a rentabilidade da cultura, houve uma crescente demanda de variedades

melhoradas, mais produtivas e com melhores indicadores tecnológicos de fibra

(Walker et al., 2006).

A introdução de cultivares comerciais de algodão oriundas de outros

países africanos, com destaque àquelas com elevada porcentagem de fibra e

potencialidade produtiva nas condições em que foram desenvolvidas, foi a prática

mais adotada (Walker et al., 2006). Uma parte desse germoplasma está sendo

cultivado pelos agricultores. De acordo com a IAM (2007), as cultivares

amplamente utilizadas em Moçambique são a CA 324 e a Remu 40, que juntas

representam cerca de 80% do total de área de cultivo de algodão

Apesar de algumas destas cultivares introduzidas já estarem sendo

utilizadas pelos produtores, em decorrência do estímulo das empresas

fomentadoras, as mesmas ainda não tinham sido avaliadas quanto à estabilidade

e adaptabilidade de produção nas condições Moçambicanas.

Segundo Suinaga et al. (2006), a interação genótipos por ambientes é um

dos principais desafios no melhoramento de plantas, tanto no processo de

seleção ou recomendação de cultivares, principalmente quando o ranqueamento

de desempenho dos genótipos aos ambientes não é constante. A identificação de

cultivares com alta adaptabilidade e desempenho previsível no âmbito específico

ou geral das condições ambientais é uma opção para lidar com este fato (Cruz e

Carneiro, 2006). Como a produção de algodão em Moçambique é ainda

caracterizada por baixos níveis de produtividade mesmo ao nível da África (FAO,

2009), supôs-se que as cultivares introduzidas apresentam um padrão

diferenciado de adaptabilidade e algumas delas não são bem adaptadas às

condições do ambiente de Moçambique, assim como são nas condições em que

foram desenvolvidas e recomendadas.

Desse modo, foi necessário um estudo para avaliar o potencial produtivo e

a adaptabilidade dessas cultivares, para oferecer maior suporte ao sistema de

produção de algodão em Moçambique, conferindo a sua adequação às condições

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ambientais do país. Além do mais, a variabilidade encontrada nas cultivares

comerciais de algodão é considerada baixa pelo uso das mesmas cultivares

comerciais ou germoplasma elite aparentado nos programas de melhoramento

(Van-Esbroeck et al., 1998). Com a finalidade de ampliar o banco de

germoplasma e utilizar a sua fonte nos programas de melhoramento, foram

introduzidas, em 2006, mais quatro cultivares e oito linhagens de algodão da

espécie G. hirsutum dos Estados Unidos da América (EUA). Entretanto, a

diversidade genética deste germoplasma ainda não tinha sido avaliada, sendo

este procedimento importante para que os recursos genéticos possam ser

utilizados de forma adequada, auxiliando o melhorista na identificação e seleção

dos genitores para os programas de melhoramento (Falconer, 1989).

Na avaliação da diversidade genética, os marcadores moleculares

destacam-se como uma das principais ferramentas por possibilitar a obtenção de

informações mais precisas no que se refere ao polimorfismo, a independência dos

efeitos ambientais e do estádio fisiológico da planta (Agarwal, 2008).

Dentre os marcadores moleculares disponíveis atualmente, o RAPD

(Random Amplified Polimorfism DNA) tem sido utilizado para identificar

divergência genética disponível em bancos de germoplasma, pela sua

simplicidade, necessidade de pouca quantidade de DNA e habilidade em gerar

polimorfismo (Williams et al.,1990; Ferreira e Grattapaglia,1998). Gottardi et al.

(2002) salientam que o uso de marcadores RAPD permite a identificação do

parentesco entre cultivares e inferências sobre a diversidade existente entre e

dentro de cultivares. No algodoeiro, vários trabalhos demonstraram que a técnica

RAPD foi eficiente na identificação da divergência genética (Zuo et al., 2000; Lu e

Myers, 2002; Linus et al., 2002; Mehetre et al., 2004; Vafaie-Tabar et al., 2004;

Rana e Bhat, 2005; Sheidai et al., 2007; Patil et al., 2007; Esmail et al., 2008;

Mohmood et al., 2009).

O presente trabalho teve como objetivos avaliar o comportamento

fenotípico de nove cultivares comerciais de algodão (Gossypium hirsutum L. raça

latifolium) visando à recomendação de cultivares estáveis e adaptáveis às

condições das regiões algodoeiras de Moçambique; e estimar a divergência

genética entre as nove cultivares comerciais de algodão (G. hirsutum) africanas e

quatro cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) americanas, por meio

de marcadores moleculares RAPD.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Origem, distribuição geográfica e difusão do algodão

As espécies cultivadas do gênero Gossypium são quatro, sendo duas

delas, a G. herbaceum e a G. arboreum, originárias do Velho Mundo, enquanto as

duas outras, G. hirsutum e G. barbadense, do Novo Mundo (Neves, 1965).

Assume-se que a G. hirsutum foi primeiramente domesticada por povos pré-

Colombianos da península de Yucatan. A raça selvagem de G. hirsutum é

“yucatanense”, da qual surgiu a raça “punctatum”. Estas foram domesticadas e

dispersaram para o resto da Mesoamérica, América do Sul e do Norte. Evidências

etno-botânicas sugerem que a raça “latifolium” surgiu deste germoplasma

(Brubaker et al., 1994). Os Centros Primários da diversidade do gênero

Gossypium são Centro Ocidental e Sul do México (18 espécies), Arábico e Norte

de África (14 espécies) e Austrália (17 espécies) (Brubaker et al., 1999). De

acordo com Brown et al. (1999), as espécies G. hirsutum e G. barbadense são

nativas do México onde foram originalmente domesticadas.

A distribuição dos componentes da tribo Gossypiae é mundial, estando os

gêneros e as espécies presentes nas regiões tropicais e subtropicais com um

padrão de distribuição geral que pode ser, em alguns casos, relacionado à

dispersão marítima (Penna, 2005). Neves (1965) reporta que a produção desta

fibra distribui-se desde o paralelo 47°N até o paralelo 30°S, limites muito mais

amplos do que os originais da cultura. O algodoeiro também é encontrado nas

regiões áridas e semi-áridas, nas quais a cultura é praticada em sistemas de

irrigação (Penna, 2005).

2.2. Evolução e genética

O algodoeiro é uma dicotiledônea com sistema reprodutivo intermediário

(preferencialmente autógama com freqüente alogamia), com as taxas de

polinização cruzada variando entre 5 a 35%, dependendo do local, e das

atividades de insetos polinizadores (Allard, 1960; Poehlman, 1987; Fuzatto,1999;

Abdalla et al., 2001). Esta cultura pertence à ordem Malvales, família Malvaceae e

gênero Gossypium. Este gênero inclui 45 espécies diplóides (2n=2x=26) e seis

alotetraplóides (2n=4x=52), entre selvagens e cultivadas (Brubaker et al., 1999).

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Fryxell (1992) descreve na sua revisão um total de 50 espécies do gênero

Gossypium, das quais cinco são alotetraplóides, em função da sua proposta de

incorporação de G. lanceolatum à espécie G. Hirsutum. Contudo, não há pleno

acordo entre os especialistas quanto à classificação de espécies apresentada por

Fryxell devido, principalmente, à complexidade de sua variabilidade

(Fuzatto,1999).

Os algodoeiros em cultivo no mundo pertencem a quatro espécies

distintas deste gênero, duas espécies diplóides do Velho Mundo (G. arboreum L.

e G. herbaceum L.) ambas com genoma A (2n=2x=26), nativas da África e

Sudeste da Ásia e duas alotetraplóides do Novo Mundo (G. barbadense L. e G.

hirsutum L.) com genoma AD (2n=4x=52) das Américas (Endrizzi et al., 1985;

Pillay e Myers, 1999; Iqbal et al., 2001). As espécies diplóides envolvem os

genomas A, B, C, D, E, F, G e K e as alotetraplóides correspondem a dois grupos

sub-genômicos, com similaridades aos genomas A e D (Endrizzi et al., 1985;

Stewart, 1995).

Nas espécies alotetraplóides, o genoma D tem 13 cromossomos

pequenos e o genoma A tem 13 cromossomos moderadamente grandes no

complemento haplóide de 26. Os genomas A e D diferem na quantidade de

seqüências repetitivas de DNA (Geever et al.,1989). Estas diferenças permitem a

especificidade do genoma durante o processo meiótico de emparelhamento de

cromossomos (Mursal e Endrizzi, 1976).

Durante o processo evolutivo, as espécies diplóides com pequenos

cromossomos hibridizaram com uma segunda espécie diplóide com cromossomos

grandes. A duplicação espontânea criou espécies tetraplóides com 52

cromossomos (2n=4x=52) com dois grupos de genomas A e D (AD) (Simmonds,

1984; Munro, 1987).

A produção mundial do algodão é inteiramente proveniente de G.

barbadense e G. hirsutum. Esta última é a de maior importância, sendo

responsável por 90 a 95% da produção mundial. A espécie G. barbadense tem

importância na produção de fibras especiais de alta qualidade, destacando-se as

cultivares conhecidas como ”Pimas” no Hemisfério Norte e pouco mais de 5% da

produção mundial é devida a esta espécie (Iqbal et al., 2001; Altaf-Khan et al.,

2002; Penna, 2005). As plantas da espécie Gossypium hirsutum, conhecida no

Brasil como algodoeiro “herbáceo” ou “anual” e no Hemisfério Norte, como

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algodoeiro “upland”, apresentam porte sub-arbustivo e não são verdadeiras

anuais, pois, havendo condições favoráveis após o período de produção,

continuam vegetando, podendo permanecer por dois ou três anos (Penna, 2005).

2.3. Cultura de algodão (Gossypium hirsutum L.)

2.3.1. Importância sócio-econômica

A planta do algodão (G. hirsutum) produz a mais importante fibra têxtil do

mundo, sendo que 47% dos têxteis do mundo contêm algodão. Ela representa

cerca de 40% de todas as fibras produzidas no mundo (Instituto de Economia

Agrícola, 2009; Ozyigit, 2009). O algodão é, também, uma cultura de

aproveitamento mais completo e que oferece os mais variados produtos de

utilidade. Além da fibra, seu principal produto, o algodoeiro produz diversos

subprodutos, que apresentam também grande importância econômica,

destacando-se o línter (6%), o óleo bruto (15%), o bagaço, que é quase a metade

da semente (26%) do total do peso bruto (Embrapa, 2008). Quanto ao comércio,

os Estados Unidos da América são os líderes fornecedores no mercado mundial,

respondendo por 24% das exportações mundiais. Destacam-se, também,

Uzbequistão, Austrália e países africanos (ex-colônias francesas), responsáveis

por 40% do total exportado (Instituto de Economia Agrícola, 2009).

Apesar de ser o maior produtor, a China não participa das exportações,

uma vez que quase toda a sua produção é consumida internamente. Os outros

países maiores produtores de algodão são Índia, Estados Unidos da América,

Paquistão, Brasil, Uzbequistão e Turquia (Instituto de Economia Agrícola, 2009;

Ozyigit e Gozukirmizi, 2009).

Em Moçambique, o algodoeiro é uma cultura de grande importância

econômica e social sendo a principal cultura de rendimento depois do tabaco,

representando 27% de exportações de produtos agrícolas nos últimos dez anos

(Instituto Nacional de Estatística, 2009). Como cultura industrial, o algodoeiro tem

na sua cadeia produtiva diversos setores que empregam e/ou fornecem ocupação

desde o campo até a indústria de descaroçamento.

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2.3.2. História e problemas da cultura do algodoeiro em Moçambique

A cultura de algodoeiro foi introduzida em Moçambique no século XVI,

sem grande crescimento pela carência de investimentos. Em resposta à crise

econômica vivida no início da década de 30, do século XX, a sua produção

industrializou-se com início de investimentos do Governo Colonial, subseqüente à

publicação do Diploma de Trabalho Forçado para o Algodão. Tal publicação, que

durou três décadas, dizia que cada família rural tinha por obrigação fazer pelo

menos meio hectare desta cultura (Mahalambe, 2003).

O interesse manifestado em Moçambique pelas cultivares exógenas de

algodão, espécie Gossypium hirsutum, tipo herbáceo ou “upland”, vem de longa

data. Segundo Melo e Carvalho (1969), as primeiras importações de cultivares

melhoradas de algodão foram feitas pelo Centro de Investigação Cientifica

Algodoeira (CICA) em 1946, com a introdução de cultivares de origem americana.

As atividades de melhoramento genético do algodoeiro (Gossypium

hirsutum L.), do tipo “upland”, africano, realizadas em Moçambique de 1966 a

1975, objetivavam recuperar as cultivares em exploração que se encontravam

degeneradas, procurando-se beneficiar vários caracteres agronômicos,

especialmente a resistência à cigarrinha (Empoasca facialis) e à bacteriose,

causada por Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum, e melhorar várias

características tecnológicas da fibra (Carvalho, 1989).

Como resultado deste trabalho, foram selecionadas três cultivares (A 637-

24, A 637-33 e REMU 40) as quais foram lançadas para o cultivo em 1974, sendo

a primeira recomendada para a agricultura familiar e as outras para a agricultura

mais evoluída (Carvalho, 1989).

Desde a independência até a assinatura dos Acordos Gerais da Paz

(1975 a 1992), período em que a eficácia da pesquisa agrária declinou pela

instabilidade política e pela guerra civil, as cultivares predominantemente usadas

eram Remu 40 e A 637-24. Em 1994, foi criado o Centro de Investigação e

Multiplicação de Sementes de Algodão de Namialo (CIMSAN), com a finalidade

de reativar os trabalhos de pesquisa realizadas pelo então Centro de Investigação

Científica de Algodão (CICA), coordenando toda a pesquisa científica da cultura,

que consiste em: melhoramento, fitotecnia e proteção de plantas, com todos estes

setores trabalhando em conjunto. No melhoramento e na produção do algodão, a

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avaliação da produtividade é efetuada a partir de dois caracteres: produtividade

de algodão em caroço e de pluma (Kg há-1) e rendimento da fibra (%). Em

Moçambique, a produção de algodão caroço é mais importante, uma vez que o

produtor efetua a comercialização geralmente em caroço.

A produção de algodão em Moçambique encontra-se mais concentrada

nas regiões agroecológicas 6, 7 e 8, com quase cerca de metade da produção na

Região 7. Segundo Rohrbach et al. (2001), tais regiões, em sua maior parte,

representam a Região Norte do país.

As empresas algodoeiras fomentadoras é que têm a responsabilidade de

fornecer as sementes dentro das suas concessões. Eles adquirem sementes

básicas (local ou importada), multiplicam e distribuem gratuitamente aos seus

produtores de algodão. Contudo, maior parte da semente utilizada é proveniente

da lavoura anterior. A cultura é majoritariamente praticada em sequeiro e

inteiramente dependente das chuvas. A comercialização pelo setor familiar,

responsável pela maior parte da produção total, acontece geralmente em caroço e

a fibra é normalmente comercializada pelas empresas algodoeiras fomentadoras

para exportação.

Em Moçambique são apontados como principais fatores limitantes da

produção: o manejo da cultura, condições edafo-climáticas desfavoráveis (baixa

fertilidade dos solos e irregularidade da distribuição das chuvas), incidência de

pragas (cigarrinha “Empoasca fascialis”, pulgões “Aphis gossypii” e lagarta

americana ”Helicoverpa armigera”), uso de cultivares não adaptadas às condições

do ambiente, cultivos sucessivos com o algodoeiro sem uso de fertilizantes, e a

existência de solos com elevados índices de acidez (Rohrbach et al., 2001; UEM,

2007).

Isaacman (1996) salienta que os solos ferralíticos encontrados ao Norte

de Moçambique são duros, pesados e propensos ao alagamento, em função do

seu elevado conteúdo de argila que, aliado aos sucessivos ciclos de cultivo do

algodoeiro ao longo de muitos anos, constituem-se em ambientes desfavoráveis

ao desenvolvimento das plantas do algodoeiro.

2.4. Interação genótipo x ambiente

Genótipo refere-se ao conjunto de alelos que um indivíduo possui, os

quais são importantes para determinar a expressão dos caracteres pesquisados.

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O termo ambiente tem um significado amplo, abrangendo condições em

que as plantas se desenvolvem, incluindo local, anos, incidência de pragas,

práticas de manejo, ou uma combinação desses fatores. Isto é, representa todos

os fatores não genéticos que influenciam o crescimento e desenvolvimento de um

indivíduo. A combinação entre locais e anos forma os ambientes e, na realidade,

sintetizam um conjunto enorme de variáveis, que interagem mutuamente influindo

no desempenho dos genótipos, cujos fenótipos tornam-se indicadores da

qualidade em cada ambiente (Lukonge, 2005).

As culturas são normalmente implantadas em uma grande faixa

ambiental. Todavia, pode ocorrer que diferentes populações de uma mesma

espécie venham a ter diferentes médias fenotípicas. Para saber se essas

diferenças se devem a fatores genéticos, ambientais, ou a uma combinação de

ambas, as populações devem ser cultivadas primeiramente em um mesmo

ambiente. Se as diferenças permanecerem no mesmo ambiente, conclui-se que

as populações são geneticamente diferentes e se as diferenças fenotípicas

desaparecerem em um ambiente comum comprova-se que houve influência do

meio ambiente. Também, pode acontecer que um genótipo comporte-se bem em

um ambiente e mal em outro, indicando a presença de interações específicas que

ocorrem entre genótipos e ambientes (Montalván e Montaño-Velasco, 1999).

Como as condições de ambiente no campo são bastante flutuantes, deve-

se ter muita cautela no momento da indicação de cultivares, quer seja para um

espectro amplo ou restrito de ambientes, sempre devendo ser estimada a

significância, a natureza e a magnitude da interação genótipo por ambiente

(Borém, 1997).

De acordo com Montalván e Montaño-Velasco (1999), a interação

genótipo x ambiente refere-se ao comportamento diferenciado de genótipos

quando cultivados em vários ambientes. Isto é, as respostas dos genótipos são

diferentes às alterações que ocorrem nos ambientes. Esta interação não só

interfere na recomendação de cultivares, que fica restrita a um ambiente

específico, como também dificulta o trabalho dos melhoristas, exigindo que o

melhoramento seja conduzido nas condições em que o genótipo será utilizado.

Allard e Bradshaw (1964) definiram a resposta relativa dos genótipos em

relação à variação dos ambientes em previsível e imprevisível. A previsível inclui

todos os fatores permanentes do ambiente, tais como as características gerais do

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clima e do tipo do solo, as características do ambiente que variam de uma forma

sistemática, como o fotoperíodo, e os aspectos do ambiente que estão sob

controle do homem, como a época e a densidade de semeadura e outras práticas

culturais. A imprevisível inclui as flutuações aleatórias do ambiente que não estão

sob controle humano, ou seja, aquelas que variam, como precipitação pluvial,

temperatura, umidade relativa do ar, incidência de pragas e doenças e outros.

Um dos objetivos da maioria dos programas de melhoramento genético é

estimar quanto da variação fenotípica se deve à interação genótipo por ambiente.

Por meio desta estimativa, podem-se direcionar trabalhos visando a atenuar os

efeitos da interação ou até mesmo utilizá-la na obtenção de cultivares para

condições específicas (Ramalho et al., 2004). Vencovsky e Barriga (1992)

salientam que não basta apenas detectar a presença ou a ausência da interação

genótipo x ambiente, mas deve-se também considerar a sua natureza.

Existem dois tipos de interação genótipos x ambientes: uma denominada

simples ou quantitativa, que ocorre quando o comportamento das cultivares nos

ambientes não for semelhante e outra chamada complexa ou qualitativa, quando

a ordem de mérito das cultivares não é a mesma nos ambientes. Quando a

interação é de natureza simples, um genótipo mantém sua posição relativa apesar

da presença da interação. Entretanto, no caso da interação ser

predominantemente complexa, tal relação deixa de se verificar, observando-se

uma inversão de comportamento de um ambiente para outro, de modo que estes

apresentam diferentes respostas a variações ambientais, causando alteração na

sua classificação, considerando os diversos ambientes (Robertson, 1959;

Montalván e Montaño-Velasco, 1999). A interação de natureza complexa é a que

complica o trabalho do melhorista, impedindo que a recomendação de cultivares

possa ser feita de maneira generalizada.

Na análise da interação genótipos x ambientes, diferentes genótipos

devem ser avaliados em dois ou mais ambientes contrastantes, procurando,

também, definir se os seus respectivos efeitos são fixos ou aleatórios,

dependendo da abrangência das futuras conclusões sobre os resultados. O efeito

é considerado fixo quando ele não pode ser generalizado, gerando informações

válidas somente para os materiais envolvidos no estudo. O efeito é aleatório toda

vez que os tratamentos representarem uma amostra de uma população em que a

informação obtida pode ser estendida para toda essa população (Ramalho et al.,

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1993). Assim, se os genótipos forem escolhidos e o pesquisador se interessar

apenas por estes determinados genótipos o seu efeito será tratado como fixo e se

os ambientes se constituírem amostras de diferentes regiões de um local de

estudo com a finalidade de generalizar as conclusões para todo local, então os

ambientes serão considerados de efeitos aleatórios.

Antes de se estudar a interação genótipos x ambientes, é fundamental

que se faça a análise de variância em cada ambiente, para que se possa avaliar a

existência de variabilidade genética entre as cultivares estudadas, a precisão

relativa de cada experimento e a homogeneidade das variâncias residuais (Cruz e

Regazzi, 2001) e fazer a análise conjunta apenas dos ambientes cujas variâncias

residuais sejam homogêneas (Cruz et al., 2004).

2.5. Estabilidade e adaptabilidade fenotípicas

Estimada a interação genótipo x ambiente (G x A), que constitui um dos

maiores problemas dos programas de melhoramento de qualquer espécie, seja na

fase de seleção ou na recomendação das cultivares, é possível adotar medidas

para atenuar o seu efeito (Ramalho et al., 2004; Cruz e Carneiro, 2006).

Vencovsky (1978) e Ramalho et al. (1993) recomendam como meios para

atenuar o efeito da interação G x A: a identificação de cultivares específicas para

cada ambiente, o zoneamento ecológico e a identificação de cultivares com maior

estabilidade fenotípica. A primeira é uma solução considerada altamente

dispendiosa e praticamente inexecutável. Neste caso, as cultivares/linhagens são

avaliadas em vários ambientes e, por meio da análise dos dados, são

identificadas as cultivares para cada ambiente específico. O ambiente pode ser

muito restrito a quaisquer variações imprevistas nessas condições, fazendo com

que as cultivares não mais se mostrem adaptadas.

A segunda alternativa, que consiste em agrupar ambientes

ecologicamente semelhantes, os quais são agrupados em sub-regiões dentro das

quais a interação não seja significativa, só é possível com base em diferenças

macroambientais, tornando o zoneamento vulnerável às variações imprevisíveis

que possam ocorrer no ambiente.

A identificação de cultivares com maior estabilidade fenotípica, ou

segundo Cruz e Carneiro (2006), o emprego de cultivares com ampla

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adaptabilidade e boa estabilidade, é a alternativa que tem sido recomendada,

uma vez que pode ser aplicada nas mais variadas situações. Esta requer estudos

sobre a “performance” genotípica com base nos parâmetros de adaptabilidade e

estabilidade, pelos quais se tornam possíveis a identificação de cultivares de

comportamento previsível e que sejam responsivas às variações ambientais, em

condições específicas ou amplas. Estudos de adaptabilidade e de estabilidade

fornecem informações pormenorizadas sobre o comportamento de cada genótipo

frente às variações ambientais, o que não é possível obter a partir de interação

genótipos por ambiente, apesar de este ser importante para direcionar o

melhorista (Cruz e Regazzi, 1994).

Problemas na conceituação dos termos ‘adaptabilidade e estabilidade’

têm sido freqüentes, em função das variadas definições por autores diferentes

(Mariotti et al.,1976). No entanto, estes sugerem que a adaptabilidade seria a

capacidade de os genótipos responderem vantajosamente à melhoria do

ambiente, enquanto a estabilidade refere-se à capacidade de os genótipos

apresentarem comportamento altamente previsível em função das variações

ambientais. Segundo Verma et al. (1978), a adaptabilidade é a capacidade de os

genótipos apresentarem produtividades elevadas constantes em ambientes

desfavoráveis, mas com habilidade de responder a melhoria das condições

ambientais. De acordo com Cruz e Carneiro (2006), alguns autores consideram

esta definição a mais apropriada e para caracteres como produtividade estes

conceitos são os mais atuais.

Segundo Montalván e Montaño-Velasco (1999), existem três conceitos

básicos de estabilidade, quais sejam: a estabilidade estática, a estabilidade

agronômica e a estabilidade ligada à previsibilidade. O primeiro conceito refere-se

a uma constância de desempenho dos genótipos nos ambientes. Desse modo, o

genótipo mais estável do ponto de vista estático é aquele que tem menor variação

média em todos os ambientes considerados. Isso é avaliado pelo cálculo da

variância de desempenho de cada um dos genótipos nos ambientes testados. A

cultivar ideal será aquela com variância zero. Este tipo de estabilidade, na prática,

não é de interesse porque, quando existe, geralmente está relacionada a

genótipos de pobre desempenho que não reagem na presença de melhores

ambientes. Entretanto, a estabilidade estática tem importância quando ligada a

caracteres de resistência a doenças e pragas.

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O segundo conceito refere-se à capacidade de resposta ao potencial

produtivo dos ambientes. Um genótipo com estabilidade agronômica mostra

interação mínima com o ambiente e acompanha o desempenho médio de todos

os genótipos em cada um dos ambientes. A identificação de cultivares com este

tipo de estabilidade permite selecionar genótipos com potencial para manter-se

entre as melhores em qualquer um dos ambientes estudados (Cruz e Carneiro,

2006).

A estabilidade ligada à previsibilidade leva em conta também o potencial

responsivo de genótipos à melhoria de ambientes com o adicional de considerar a

confiabilidade dessa resposta. Assim, o genótipo que possua resposta positiva

perfeitamente linear, sem nenhum desvio da reta de regressão e média de

produtividade vantajosa, é considerado ideal (Cruz e Carneiro, 2006).

De acordo com Cruz e Carneiro (2006), recomenda-se ainda utilizar o

termo geral “performance” genotípica para designar o desempenho, o

comportamento e as flutuações de um genótipo quando desenvolvido em vários

ambientes. Utiliza-se o termo “desempenho” quando relacionado a caracteres

como produtividades de grão e “comportamento” quando se refere a caracteres

relativos à resistência a doenças.

Diversos tipos de análises estatísticas são atualmente utilizados para

estimar a adaptabilidade e a estabilidade de diferentes genótipos, dentre elas

estão disponíveis diversas metodologias, conforme aos princípios estatísticos

envolvidos: metodologias baseadas na análise de variância, tais como a

Tradicional e as propostas por Plaisted e Peterson (1959), Wricke (1965) e

Annicchiarico (1992); baseadas em regressão linear, como as de Finlay e

Wilkinson (1963), Eberhart e Russel (1966) e Tai (1971); baseadas em regressão

linear bissegmentada, como a de Verma et al. (1978), Cruz et al. (1989) e Toler e

Burrows (1998); e as metodologias baseadas em análise não paramétrica,

proposta por Lin e Binns (1988), Huehn (1990). Algumas metodologias

proporcionam informações complementares, permitindo melhor conhecimento,

tanto das cultivares avaliadas quanto dos ambientes estudados. Enquanto

algumas análises são relativamente simples outras são mais sofisticadas e

complexas, mas todas fundamentadas na existência de interações. Dentre os

vários métodos de análise de estabilidade, aqueles que fazem o uso da

regressão, são os mais aceitáveis. Contudo, o método adotado pelo melhorista

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deve ser simples e fornecer resultados de fácil interpretação, dependendo dos

dados experimentais, principalmente os relacionados com o número de ambientes

disponíveis, da precisão requerida e do tipo de informação desejado (Borém e

Miranda, 2007).

2.5.1. Metodologia proposta por Annicchiarico (1992)

A metodologia proposta por Annicchiarico (1992) vem sendo muito

utilizada pelos melhoristas de plantas na análise da estabilidade fenotípica, pois a

mesma apresenta uma relativa facilidade de aplicação e de interpretação dos

resultados gerados. Esta metodologia é baseada em análise de variância e

considera a estimação de um índice de confiança (Wi) que representa a chance

de uma cultivar i apresentar performance fenotípica superior à média geral do

conjunto genotípico que está sendo avaliado (Nunes et al., 1999). Este índice de

confiança pode ser estimado pela seguinte expressão:

( ) iii SZYW α−−= 1.

Em que:

iW : índice de confiança da cultivar i (%);

iY : média geral da cultivar i;

( )α−1Z : percentil (1-α) da função de distribuição normal acumulada;

iS : desvio-padrão dos valores percentuais;

α: nível de significância prefixado (para este estudo foi considerado α

igual a 0,25).

Conforme Annicchiarico (1992), quanto maior a estimativa de Wi, mais

estável é considerada a respectiva cultivar, sendo preferidas as cultivares que

apresentem estimativa superior a 100%. Dessa forma, pela proposta de

Annicchiarico (1992), as cultivares que apresentarem valor de Wi superior a 100%

não deverão apresentar médias fenotípicas inferiores à média geral.

2.5.2. Metodologia proposta por Toler e Burrows (1998)

A metodologia proposta por Toler e Burrows (1998) considera o uso de

regressão não-linear na estimação do índice ambiental e foi desenvolvida a partir

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de uma união de conceitos relacionados aos modelos propostos por Digby (1979)

e por Cruz et al. (1989). O modelo de Digby é um modelo uni-segmentado que

considera a análise de regressão não linear, mas é incapaz de avaliar o padrão

de resposta dos genótipos em ambientes favoráveis e desfavoráveis,

simultaneamente. Por outro lado, a metodologia de Cruz et al. (1989) permite esta

avaliação de duplo padrão de resposta dos genótipos por se tratar de uma

metodologia de regressão linear bi-segmentada. Entretanto, também existe a

dependência entre o índice ambiental e as médias do conjunto genotípico, tal

como na análise de regressão linear simples (Eberhart e Russel, 1966). Na

metodologia de Toler e Burrows (1998), a estimação dos parâmetros é feita por

um processo interativo de quadrados mínimos (não-linear) de acordo com o

método de Gauss-Newton modificado (Gallant, 1987). Dessa forma, esta

metodologia prevê que os parâmetros que refletem a qualidade ambiental não

apresentam relação de dependência com as médias fenotípicas do conjunto

genotípico, tal como é verificado nas metodologias baseadas em regressão linear.

Além disso, esta metodologia permite a escolha do modelo que melhor

explique a “performance” fenotípica das cultivares, o qual pode ser uni ou bi-

segmentado. A rejeição da hipótese H( i1β = i2β ) implica na escolha do modelo bi-

segmentado, enquanto que o aceite desta hipótese implica na escolha do modelo

uni-segmentado.

O modelo uni-segmentado é expresso por:

ijijjiiijY εδµβα +++=

Em que:

ijY : “performance” média da i-ésima cultivar no j-ésimo ambiente; sendo i

= 1,2,...,I e j = 1,2,...,J;

iα : “performance” média da cultivar i;

iβ : coeficiente de sensibilidade da resposta fenotípica da cultivar i ao

ambiente;

iµ : efeito ambiental do j-ésimo ambiente;

ijδ : desvio de regressão para a i-ésima cultivar no j-ésimo ambiente;

ijε : erro experimental médio (resíduo) da observação Yij;

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Por sua vez, o modelo bi-segmentado é expresso por:

ijijjijijiij ZZY εδµββα ++−++= ])1([ 21

Em que:

ijY : “performance” média da cultivar i no ambiente j;

iα : parâmetro que reflete a “performance” da cultivar i no intercepto com

jµ = 0;

i1β e i2β : parâmetros que refletem a sensibilidade da resposta fenotípica

da cultivar i nos ambientes desfavoráveis e favoráveis, respectivamente;

jµ : parâmetro que reflete a qualidade do ambiente j;

ijδ : desvio de regressão para a i-ésima cultivar no j-ésimo ambiente;

ijε : erro experimental médio (resíduo);

Zj : variável binária que assume valor 0 quando jµ > 0 e 1 quando jµ ≤ 0.

As estimativas de i1β , i2β e jµ com g genótipos e a ambientes estão

sujeitas às restrições:

gg

ii

g

ii ==∑∑

=

=

12

11 ββ e 0

1=∑

=

∧a

jjµ

Toler e Burrows (1998) também propuseram a classificação das cultivares

em cinco diferentes grupos, de acordo com o seu padrão de resposta (Quadro 1).

Quadro 1 - Critério de classificação dos grupos de cultivares pelo padrão de resposta fenotípica, conforme classificação de Toler e Burrows (1998) Grupo Critério Significado prático

A Rejeita-se H( i1β = i2β ), com i1β < 1 < i2β

Resposta convexa (bi-segmentada) e duplamente desejável

B Aceita-se H( i1β = i2β ), aceita-se H( iβ > 1)

Resposta linear simples e adaptabilidade somente em ambientes de alta qualidade

C Aceita-se H( i1β = i2β = iβ = 1)

Resposta linear simples não desviando da resposta média; adaptabilidade ampla

D Aceita-se H( i1β = i2β ), aceita-se H( iβ < 1)

Resposta linear simples e adaptabilidade somente em ambientes de baixa qualidade

E Rejeita-se H( i1β = i2β ), com i1β > 1 > i2β

Resposta côncava (bi-segmentada) e duplamente indesejável

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Um padrão de resposta convexa ou duplamente desejável caracteriza-se

quando o genótipo apresenta desempenho consistente nos ambientes

desfavoráveis (µ < 0) e é responsiva em condições favoráveis (µ > 0). Por outro

lado, uma resposta côncava ou duplamente indesejável caracteriza-se quando o

genótipo apresenta sensibilidade aos ambientes abaixo da média (desfavoráveis)

e é pouco responsiva às condições favoráveis (Figura 1).

Figura 1 - Padrões de resposta fenotípica bi-segmentada convexo e côncavo (A e E) e uni-segmentada (B, C e D) das cultivares em função da variação na qualidade ambiental (µ).

2.6. Diversidade genética

A avaliação da diversidade genética e do grau da associação entre ou

dentro das cultivares é o primeiro passo para o desenvolvimento de cultivares.

Nesta avaliação, a aplicação de tecnologias baseadas em DNA melhora a

precisão e eficiência na seleção de parentais nos programas de melhoramento

(Falconer e Mackay, 1996).

Segundo Neves (1965), a variabilidade encontrada no gênero Gossypium

é considerada enorme, principalmente devido ao grande número de espécies

existentes. Outra fonte de variação disponível aos melhoristas da cultura é a

diversidade intra-específica. Na espécie G. hirsutum, existem sete raças

geográficas: punctatum, marie-galante, palmeri, richmond, morrili, yucatanense e

latifolium. Esta última compreende as cultivares modernas do algodoeiro anual de

fibra média (Penna, 2005).

Apesar da variabilidade encontrada no gênero Gossypium ser

considerada enorme, vários estudos revelam que as cultivares comerciais do

algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.) têm baixo nível de diversidade

genética, avaliada com base em izoenzimas (Wendel et al., 1992), RAPDs

(Tatineni et al., 1996; Lu e Myers, 2002), AFLPs (Pilley e Myers, 1999; Abdalla et

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al., 2001; Iqbal et al., 2001) e marcadores microssatélites (Gutierrez et al., 2002;

Rungis, 2005).

Uma das razões deste declínio de diversidade é o uso freqüente de

poucos parentais, associado à reseleção dentro das cultivares e do germoplasma

elite no desenvolvimento de novas cultivares comerciais (Van-Esbroeck et al.,

1998). A outra hipótese da falta de diversidade é relacionada ao efeito

“bottleneck” (gargalo de garrafa) que ocorre quando se dá uma diminuição

drástica do tamanho de população, resultando em perda de arsenal genético o

que causa mudanças nas taxas de variabilidade (Tajima, 1989))..

Iqbal et al. (2001) confirmam a hipótese do efeito “bottleneck” que ocorreu

durante a importação de pequenas quantidades de semente do México para

Estados Unidos da América no século XIX. Este efeito foi agravado durante os

estágios de desenvolvimento de G. hirsutum L. raça latifolium por meio de

seleções para maturação precoce o que levou a uma limitada diversidade no

algodoeiro cultivado (Lewis, 1962).

2.7. Marcadores moleculares

Diversas técnicas de biologia molecular estão hoje disponíveis para

detecção de variabilidade genética de DNA. Estas técnicas permitem a obtenção

de um número virtualmente ilimitado de marcadores moleculares, cobrindo todo o

genoma do organismo. Tais marcadores podem ser utilizados para as mais

diversas aplicações, tanto no estudo de genética como na prática de

melhoramentos de plantas.

A avaliação da divergência genética e do grau da associação entre ou

dentro das cultivares é muito importante num programa de melhoramento. As

tecnologias de análise molecular da variabilidade do DNA permitem determinar

pontos de referência nos cromossomos, tecnicamente denominados marcadores

moleculares, que são sequências de DNA que diferenciam dois ou mais

indivíduos e são herdadas geneticamente.

Por meio do uso de marcadores moleculares, técnicas avançadas têm

sido empregadas, permitindo que os pesquisadores alcancem maior eficiência em

estudos de diversidade genética ao analisar a variação diretamente no genoma

(DNA), uma vez que estes não sofrem influências do ambiente e nem dependem

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do desenvolvimento da planta, como é o caso de marcadores morfológicos

(Borém e Miranda, 2007).

Os principais tipos de marcadores moleculares podem ser classificados

em dois grupos, conforme a metodologia utilizada para identificá-los: hibridização

ou amplificação de DNA. Entre os identificados por hibridização estão os

marcadores RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism) e minissatélites

ou locos VNTR (Variable Number of Tandem Repeats). Já aqueles revelados por

amplificação incluem os marcadores do tipo: RAPD (Random Amplified

Polymorphic DNA); SCAR (Sequence Characterized Amplified Regions) ou ASA

(Amplified Specific Amplicon); microssatélite (ou SSR - Simple Sequence

Repeats”; AFLP (Amplified Fragment Length Polymorphism); SNPs (Single

nucleotide polymorphism); CAPS (Cleaved amplified polymorphic sequences);

SRAP (Sequence-related amplified polymorphism); RAMP (Randomly amplified

microsatellite polymorphism); TRAP (Target region amplification polymorphism).

Atributos como consistência e tempo para obtenção de resultados, nível de

polimorfismo obtido, custo e facilidade de uso são importantes para a

implementação de marcadores moleculares na rotina de um programa de

melhoramento. Para essas e outras características, o Quadro 2 ilustra a

comparação dos tipos de marcadores moleculares mais utilizados em estudos

genéticos e programas de melhoramento (Agarwal et al., 2008).

Quadro 2 - Comparação dos tipos de marcadores moleculares mais utilizados em estudos genéticos e programas de melhoramento

Tipos de marcadores moleculares

Tributos RFLP SCAR AFLP RAPD Microssatélites

Consistência Alta Média a Alta Média Baixa Baixa a Média

Abundância Alta Baixa Alta Alta Média

Custo ($) Alto Médio a Alto Médio Baixo Baixo a Médio

Facilidade de Implementação Difícil Média Média Fácil Média

Polimorfismo Médio Médio Médio Médio Médio Reproducibilidade Alta Alta Alta Baixa Média

Fonte: Agarwal et al, (2008).

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O algodoeiro (G. hirsutum L.), uma das principais culturas produtora de

fibras do mundo, vem sendo bastante estudado com relação ao DNA, utilizando

marcadores moleculares, ferramenta muito valiosa nos programas de

melhoramento genético. Anteriormente os marcadores moleculares não eram

largamente usados no algodão devido a vários desafios e dificuldades

encontradas pelos cientistas na sua aplicação para o genoma do algodoeiro. O

primeiro problema enfrentado pelos pesquisadores foi o desenvolvimento de um

protocolo padrão de extração para a produção de alta qualidade de DNA

apropriada para análises moleculares. Uma vez que o tecido do algodoeiro tem

altos teores de polissacarídeos e compostos fenólicos que interagem com

proteínas e ácidos nucléicos, isso gera um problema na extração de DNA com

alta qualidade. O segundo desafio é o baixo nível de polimorfismo encontrado

dentro das cultivares do tipo “upland”. Contudo, todos estes desafios têm sido

ultrapassados e, assim, a pesquisa genômica do algodoeiro tem alcançado uma

notável dimensão (Preetha e Raveendren, 2008).

Métodos apropriados de extração de DNA de algodão foram propostos

por Paterson et al. (1993), Vroh et al. (1996), Saha et al. (1997) e Permingeat et

al. (1998). De acordo com Vidal et al. (2003), vários são os métodos de extração

utilizados na obtenção de DNA de algodão de alta qualidade e, entre aqueles que

melhores resultados geram na eficiência para a extração de DNA de algodão,

destacam-se os protocolos de Ferreira e Grattapaglia (1998) e Zhang e Stewart

(2000).

2.7.1. Marcadores moleculares do tipo RAPD

O uso de pequenos iniciadores, primers oligonucleotídicos, de dez bases,

na reação em cadeia de DNA polimerase (PCR) como um método de geração de

marcadores moleculares polimórficos foram propostos, independentemente, por

Williams et al.,(1990) e Welsh e McClelland (1990).

Esta técnica, conhecida por RAPD (Random Amplified Polymorphic DN),

envolve a amplificação simultânea de vários loci anônimos no genoma utilizando

vários princípios de seqüência arbitrária. O polimorfismo de DNA amplificado ao

acaso (RAPD) ou AP-PCR (Arbitrarily Primed – PCR) surgiu com a idéia de se

utilizarem iniciadores mais curtos e de seqüência arbitrária para dirigir a reação de

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amplificação, eliminando, assim, a necessidade de conhecimento prévio da

seqüência, no caso, do PCR. Na técnica de RAPD utiliza-se de um

oligonucleotídeo sintético como iniciador (primer), que produz um polimorfismo

detectado na presença ou ausência de bandas discretas de DNA, sendo,

portanto, de expressão dominante, não permitido a discriminação de indivíduos

heterozigóticos. Porém, esta técnica é bem simples e rápida, não requer grande

quantidade de DNA, não envolve o uso de sondas radioativas e demanda menos

mão-de-obra (Borém e Miranda, 2007). Além disso, constitui-se em uma das

poucas ferramentas disponíveis que efetivamente permite a análise genética

detalhada para um grande número de marcadores, sem a necessidade do

conhecimento prévio da seqüência a ser estudada (Ferreira & Grattapaglia, 1998).

Contudo, os marcadores RAPD são criticados por terem baixa reproducibilidade

(Jones et al., 1997). Muitos fatores podem influenciar o padrão de

reproducibilidade dentro ou entre laboratórios, incluindo a concentração de DNA,

padrão de reproducibilidade do termociclador usado, qualidade e concentração

dos iniciadores primers, a escolha do DNA polimerase e a precisão ao pipetar os

diversos componentes da PCR (Rafalski, 1997). Porém, o uso de marcadores

RAPD permite a identificação do parentesco entre cultivares e as inferências da

diversidade existente entre e dentro de cultivares (Gottardi et al., 2002).

2.7.2. Análise estatística dos dados de marcadores RAPD

2.7.2.1. Medidas de similaridade

As medidas de similaridade ou os coeficientes de similaridade são

utilizados em análises por meio de marcadores de DNA, como o RAPD ou AFLP,

que geram variáveis binárias, do tipo ausência (0) e presença (1). São utilizadas,

também, as medidas de dissimilaridade, que são obtidas pelo complemento

aritmético das medidas ou coeficientes de similaridade (Moreira et al., 1994). De

acordo com Cruz e Carneiro (2006), nessa situação, os coeficientes de

similaridade entre pares de genótipos podem ser obtidos levando-se em conta os

valores:

a: valor que quantifica o número de coincidência do tipo 1-1 para cada par

de genótipo.

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b: valor que quantifica o número de discordância do tipo 1-0 para cada par

de genótipo.

c: valor que quantifica o número de discordância do tipo 0-1 para cada par

de genótipo.

d: valor que quantifica o número de coincidência do tipo 0-0 para cada par

de genótipo.

Com base nesses valores, podem ser obtidas as medidas de similaridade,

como:

• índice de similaridade de Jaccard, dado por: SJ = a/(a+b+c);

• coeficiente de coincidência simples, dado por: SSM = (a+d)/(a+b+c+d);

• entre outros.

Como se trata de medidas de similaridade, Cruz e Carneiro (2006)

recomendam, na análise de agrupamento, o uso de medidas de dissimilaridade.

Em função de haver vários coeficientes de similaridade propostos, a

escolha vai depender dos objetivos da pesquisa, do tipo de unidade amostral em

estudo e das propriedades inerentes de cada coeficiente. Na prática, tem sido o

mais rotineiro o de Jaccard (Jaccard, 1908), sendo indicado para comparar

populações dentro de uma espécie (Cattaneo, 2001; Cruz e Carneiro 2006).

2.7.2.2. Coeficiente de similaridade de Jaccard

O coeficiente de similaridade de Jaccard (Jaccard, 1908) caracteriza-se

por excluir a coincidência do tipo 0-0, ou seja, não admite a ausência, bem como

similaridade, pois necessariamente as concordâncias 0-0 não indicam

similaridade. As alterações no genoma, que condicionam a ausência de banda em

um genótipo, podem não ser as mesmas que ocasionam a ausência de banda em

outro (Amaral-Júnior e Thiebaut, 1999).

2.7.2.3. Análise de agrupamento

A análise de agrupamento consiste no uso de técnicas que permitam

reunir, por algum critério de classificação, unidades amostrais em grupos, de

maneira que as unidades sejam similares dentro do grupo e com heterogeneidade

entre os grupos. Por outro lado, as estimativas de similaridade quantificam e

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informam sobre o grau de semelhança ou de diferença apresentado entre dois

quaisquer genótipos. No entanto, o número de estimativas obtidas é relativamente

grande (igual a n(n-1)/2, em que n é o número de acessos considerados no

estudo), o que torna impraticável o reconhecimento de grupos homogêneos pelo

simples exame visual daquelas estimativas. Assim, para realizar esta tarefa faz-se

uso de métodos de agrupamento ou de projeções de distâncias em gráficos

bidimensionais, em que cada coordenada é obtida a partir da medida de

dissimilaridade (Cruz e Carneiro, 2006).

Há diversos métodos de agrupamento, que se distinguem pelo tipo do

resultado a ser fornecido e pelas diferentes formas de definir a proximidade entre

um indivíduo em um grupo já formado ou entre dois grupos quaisquer. Em todos

os casos, não se conhece, a priori, o número de grupos a serem estabelecidos e

diferentes métodos proporcionam diferentes resultados. Dos métodos de

agrupamento, os mais utilizados são os hierárquicos ou de otimização. Nos

métodos hierárquicos, obtém-se um dendrograma que expressa graficamente a

relação entre as observações, enquanto nos métodos de otimização, como o de

Tocher, os grupos formados são mutuamente exclusivos, não permitindo a

visualização das relações entre grupos (Amaral-Júnior, 1994).

2.7.2.3.1. Método hierárquico UPGMA (Ligação média entre grupo)

Entre os métodos de agrupamento hierárquicos, o UPGMA (Unweighted

Pair Grouping Method with Aritimetical Means – média das distâncias) (Sneath e

Sokal, 1973) apresenta o melhor ajuste para as distâncias originais e estimadas.

É o mais adequado por apresentar dendrogramas com coeficiente de correlação

cofenético máximo, que é uma medida de concordância entre os valores originais

de dissimilaridade e aqueles apresentados no dendrograma (Arriel et al., 2006).

No melhoramento genético e em estudos biológicos, o método UPGMA é um dos

mais utilizados. Este método é indicado quando os possíveis grupos naturais são

de diferentes dimensões e é recomendado quando nos genótipos a serem

agrupados, há expectativa de formação de grupos próximos daqueles

considerados naturais. O método UPGMA proporciona um agrupamento dos

genótipos com muitas propriedades desejáveis, como a alta estabilidade

(Cattaneo, 2001).

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Este método agrupa indivíduos de acordo com a similaridade, utilizando

médias aritméticas das medidas de dissimilaridade, que evita caracterizar a

dissimilaridade por valores extremos (máximo ou mínimo) entre os genótipos

considerados. Neste método, os indivíduos mais similares são agrupados

inicialmente e assim, sucessivamente, até os indivíduos ou grupos mais distantes

(Cruz e Carneiro, 2006).

Neste método, o dendrograma é estabelecido pelos genótipos com maior

similaridade e a distância entre um indivíduo k e um grupo formado pelos

indivíduos i e j é dada por:

d(ij)k = média{dik ; djk} = (dik + djk) / 2

Ou seja, d(ij)k é dada pela média do conjunto das distâncias dos pares dos

indivíduos (i e k) e (j e k).

A distância entre dois grupos é fornecida por:

d(ij)(kl) = média {dik ; dil ; djk ; djl} = (dik + dil + djk + djl) / 4

A distância entre dois grupos formados, respectivamente, pelos indivíduos

(i e j) e (k e l) é dada pela média do conjunto, cujos elementos são as distâncias

entre os pares de indivíduos (i e k), (i e l), (j e k) e (j e l).

Segundo Cruz e Carneiro (2006), a utilização conjunta de métodos de

agrupamento e de dispersão gráfica tem sido a alternativa mais ideal, sobretudo

quando se pretende visualizar as distâncias entre os indivíduos dentro e entre os

grupos formados.

2.7.2.3.1.1. Definição do número de grupos

A determinação do número de grupos para uma base de dados é uma

das tarefas mais difíceis no processamento de agrupamento. Não existe um

critério objetivo para determinar um ponto de corte no dendrograma, ou seja, para

determinar quantos grupos devem ser formados (Albuquerque et al., 2006). De

acordo com Barroso e Artes (2003), o número de grupos pode ser definido, a

priori, por algum conhecimento que se tenha sobre os dados, pela conveniência

do pesquisador, por simplicidade, ou ainda pode ser definido a posteriori com

base nos resultados da análise.

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2.7.2.4. Análise de variância molecular (AMOVA)

Inferências seguras sobre a estruturação genética podem ser obtidas por

meio de marcadores moleculares, mas tal procedimento envolve diferentes

metodologias, dependendo do tipo de marcador, se dominante (Zucchi et al.,

2003) ou co-dominante (Zucchi et al., 2005). No caso de marcadores dominantes,

a quantificação da variabilidade só foi possível a partir da introdução da estatística

FST, sendo facilmente aplicável em diferentes situações por constituir uma

estrutura coerente e flexível para a análise de dados moleculares (Oliveira e Silva,

2008). Pela estatística FST, estimam-se os componentes de variâncias (entre e

dentro das populações) análogos às estatísticas F de Wright, por meio da análise

de variância molecular (AMOVA). De acordo com Oliveira e Silva (2008), a

variância genética total ( 2Tσ ) corresponde ao somatório da variância entre

procedências ( 2pσ ) e a variância entre acessos dentro de procedências ( 2

aσ ), com

os componentes de variância sendo testados a partir do coeficiente ØST (Excoffier

et al., 1992).

ØST = FST = 22

2

ap

p

σσ

σ

+

Em que:

ØST: valor da variabilidade genética entre as procedências; 2pσ : componente de variância devido às diferenças entre procedências;

2aσ : componente de variância devido às diferenças entre acessos dentro

de procedências.

A AMOVA pode ser empregada em qualquer grupo de indivíduos e classe

de marcadores (Mohammadi e Prasanna, 2003).

De acordo com Wright (1978), valores de variabilidade genética entre as

populações ou procedências de 0 a 0,05; 0,05 a 0,15; 0,15 a 0,25 e acima de

0,25 indicam divergências genéticas baixa, moderada, alta e muito alta,

respectivamente.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Análise de adaptabilidade e de estabilidade produtivas

3.1.1. Localização dos experimentos

Os experimentos foram instalados no Município de Montepuez e na Vila

de Namialo, situados na Região Norte de Moçambique, nos anos agrícolas

2003/04, 2004/05 e 2005/06. Enquanto na Vila de Morrumbala, que se situa na

Região Central do país, os experiemento foi instalado no ano agrícola 2005/06

(Figura 2).

Figura 2 - Locais onde foram realizados os experimentos de avaliação das nove cultivares comerciais de algodão. Fonte: Adaptado da Architect Africa Network, 2008.

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Todos os locais onde os estudos foram desenvolvidos estão situados

entre as Regiões Agroecológicas 6, 7 e 8. Na Região Agroecológica R7 (média

altitude), situa-se o município de Montepuez, a 555 m de altitude, 38º59’ de

Longitude Leste e 13º07’ de Latitude Sul, no distrito de Montepuez, Região Sul da

Província de Cabo Delgado. Namialo localiza-se entre as Regiões Agroecológicas

R7 (média altitude) e R8 (litoral costeira), a 157 m de altitude, 39º59’ de Longitude

Leste e 14º55’ de Latitude Sul, no distrito de Meconta, Centro Leste da Província

de Nampula. A Vila de Morrumbala, por sua vez, está localizada entre as Regiões

Agroecológicas R6 (semi-árida do Vale do Zambeze) e R7 (média altitude), a 392

m de altitude, 35º35’ de Longitude Leste e 17º19’ de Latitude Sul, no distrito de

Morrumbala, na Região do Baixo Zambeze, Província de Zambézia.

Os anos agrícolas (2003/04, 2004/05 e 2005/06) e os locais

representativos da produção de algodão de Moçambique (Namialo, Montepuez e

Morrumbala) foram combinados, totalizando sete ambientes distintos de avaliação

(Quadro 3).

Quadro 3 - Anos e locais de avaliação de produtividade de cultivares de algodão em diferentes Regiões Agroecológicas de maior concentração de produção de algodão em Moçambique

Ambiente Ano Local Regiões

Agroecológicas Província Região

I 2003/04 Montepuez R7 Cabo Delgado Norte

II 2003/04 Namialo R7 e R8 Nampula Norte

III 2004/05 Montepuez R7 Cabo Delgado Norte

IV 2004/05 Namialo R7 e R8 Nampula Norte

V 2005/06 Montepuez R7 Cabo Delgado Norte

VI 2005/06 Morrumbala R6 e R7 Zambézia Centro

VII 2005/06 Namialo R7 e R8 Nampula Norte

Fonte: Adaptado do INIA (2000).

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3.1.2. Clima e solo

A Região de Namialo caracteriza-se por apresentar um clima do tipo Aw,

segundo a classificação de Koppen, sub-úmido seco. A precipitação pluvial média

anual oscila entre 800 a 1.000 mm e a temperatura média anual é de 26°C. A

classificação dos solos varia de arenosos (ferralic arenosols e haplic arenosols de

textura arenosa) a franco argilosos e gleyic arenosols, que ocorrem

alternadamente com solos arenosos hidromórficos (MAE, 2005a).

A Região de Montepuez é típica por apresentar clima do tipo Aw,

conforme classificação de Koppen, semi-árido e sub-úmido seco. A precipitação

média anual variando entre 800 e 1.200 mm, enquanto a temperatura média anual

varia entre 20 a 25°C. Nesta Região, predominam os solos hidromórficos, cuja

textura varia entre arenosos, arenosos sobre argila e solos argilosos

estratificados, de cor escura do tipo mollic, gleic e dystric gleysols, e haplic e luvic

phaeozems (MAE, 2005b).

Por sua vez, a Região de Morrumbala apresenta clima do tipo Aw,

conforme classificação de Koppen, tropical chuvoso de savana, com temperatura

e precipitação média anual de 23ºC e 1.000 mm, respectivamente. Predominam

os solos vermelhos, variando de franco arenosos a argilosos, bem como de

ferralíticos a litossolos de fundo (MAE, 2005c).

3.1.3. Características das regiões agro-ecológicas

Os elementos de dinâmica que devem ser considerados na análise do

sector agrário em Moçambique incluem a dispersão geográfica das zonas de

produção de acordo com as regiões agro-ecológicas definidas, o que constitui um

fator importante na definição de estratégias diferenciadas (Sitóe, 2005). Conforme

a classificação do INIA (2000), do ponto de vista do potencial agro-ecológico para

agricultura, Moçambique possui um total de dez (10) Regiões Agro-ecológicas

com diferentes aptidões, as quais, em geral, são definidas principalmente pela

precipitação e tipo de solos. As distintas zonas agro-ecológicas podem ser

agrupadas em três macro-zonas: Norte, Centro e Sul. Este agrupamento não

corresponde literalmente à divisão tradicional entre províncias do Norte, Centro e

Sul de Moçambique (Sitóe, 2005). Os experimentos foram instalados

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considerando as Regiões Agro-ecológicas 6, 7 e 8, onde o algodão é

majoritariamente produzido:

Região agro-ecológica 6 (R6): representa a região semi-árida do Vale do

Zambeze e Sul de Tete. Esta região consiste duma vasta área seca desde o

distrito de Mopeia até a fronteira com a Zâmbia. A maior parte da região não

excede a 200 m de altitude e a precipitação média anual varia entre 500 e 800

mm, concentrada entre os meses de Novembro e Março. A zona mais baixa desta

região possui duas sub-zonas: uma com evapotranspiração entre 1.200 -1.400mm

e outra com um grande déficit de água durante a maior parte do ano e um alto

risco de perda de culturas. Dessa forma, o algodão é produzido na média do

Zambeze. Região agro-ecológica 7 (R7): região de média altitude das províncias da

Zambézia, Nampula, Tete, Niassa e Cabo Delgado. Esta é uma vasta zona,

incluindo terras com altitude entre 200 e 1.000 m no interior da Zambézia,

Nampula, Sul de Cabo Delgado e Niassa. A precipitação média anual e

evapotranspiração potencial variam entre 100 e 1.400 mm, sendo que algumas

zonas desta região possuem temperaturas mais altas (acima de 25ºC) e outras

moderadamente quentes (entre 20 e 25 ºC). A textura dos solos é variável. Em

quase toda a região, há um grande potencial para produção de algodão, a qual

tem sido praticada desde várias décadas. Região agro-ecológica 8 (R8): região litoral das províncias de Zambézia,

Nampula e Cabo Delgado. É uma região que consiste de uma faixa costeira de

largura variável desde Pebane na Zambézia até Quionga em Cabo Delgado. A

precipitação média anual varia entre 800 e 1200 mm e a evapotranspiração varia

entre 1.400 mm e 1.600 mm. Os solos em geral são arenosos, sendo pesados

nas zonas mais baixas e caracterizam-se por apresentar fertilidade muito baixa.

3.1.4. Tratamentos

Os tratamentos foram constituídos de nove cultivares comercias de

algodão africanas, sendo uma delas de origem local (Remu 40); três (ALBAR

SZ9314, ALBAR FQ902, ALBAR BC853), introduzidas do Zimbabwe; e cinco

(STAM 42, CA 222, CA 324, IRMA12-43, ISA 205), introduzidas de Camarões,

Costa do Marfim e Senegal (Quadro 4).

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Quadro 4 - Lista de cultivares avaliadas, origem, ano da introdução, características de tolerância à cigarrinha (Empoasca fascialis) e o percentual da área cultivada em Moçambique

Cultivares

Origem Ano de

introdução

Tolerância à cigarrinha (Empoasca

fascialis)

Área cultivada (%)a

ALBAR SZ9314

Zimbabwe 1999 Alta 4

ALBAR FQ902 Zimbabwe 1999 Alta 0

ALBAR BC853 Zimbabwe 1999 Alta 0

STAM 42 Senegal 1999 Baixa 7

CA 222 Costa do Marfim 1994 Média 0

CA 324 Costa do Marfim 1994 Média 47

IRMA 12-43 Camarões 1994 Alta 0

ISA 205 Costa do Marfim 1994 Alta 4

REMU 40 Moçambique 1980 Alta 34 aÁrea cultivada no ano agrícola 2005/06. Fonte: Instituto de Algodão de Moçambique (2007).

3.1.5. Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos

casualizados, com quatro repetições, perfazendo um total de 36 parcelas

experimentais em cada experimento.

3.1.6. Unidades experimentais

Em todos os experimentos, cada unidade experimental foi constituída de

5 fileiras de plantas com 5,0 m de comprimento, espaçadas a 1,0 m entre fileiras e

0,20 m entre plantas na fileira, totalizando 25 plantas por fileira, correspondente a

uma densidade populacional de 50.000 plantas ha-1. A área útil da parcela

constituiu-se em três fileiras centrais, perfazendo uma área útil de 15 m²,

enquanto as duas fileiras laterais foram consideradas como bordaduras.

3.1.7. Instalação e condução dos experimentos

Os experimentos foram conduzidos em regime hídrico de sequeiro. A

semeadura foi efetuada durante o período de início das chuvas, geralmente na

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primeira quinzena de dezembro, em covas, de forma manual (com auxílio de

enxada) em linhas, depositando-se 4 a 10 sementes por cova, a

aproximadamente 4 cm de profundidade. Aos 15 dias após a emergência das

plântulas foi feito o primeiro desbaste, deixando-se duas plantas por cova,

posteriormente, aos 21 dias após a emergência, foi realizado um segundo

desbaste deixando-se apenas uma planta por cova.

O controle de plantas invasoras foi mediante cinco a seis capinas

manuais, com auxílio de enxada, de forma a impedir que as plantas daninhas

exercessem concorrência com a cultura. Não foi feita nenhuma adubação de

base ou de cobertura, de forma a permitir que os experimentos simulassem as

condições similares àquelas predominantes nos campos dos produtores rurais

daquelas regiões.

No controle de pragas foram feitas duas pulverizações de inseticida

EndosSulfan (475 g L-1), seguida de 3 aplicações de Lambda-cihalothrin (50 g L-1),

com intervalo de duas semanas a partir da sexta semana após a emergência, nas

doses de 800 e 400 mL ha-1, respectivamente (INIA, 2003). A aplicação do

inseticida foi realizada com micro ulva do tipo ULV (Ultra Low Volume).

3.1.8. Características avaliadas

Na análise de produtividade, foram avaliadas as seguintes características:

a) Produtividade de algodão em caroço: valor médio, expresso em kg

ha-1, da massa total do algodão em caroço colhido de todas as plantas existentes

na área útil de cada parcela experimental.

b) Rendimento de fibra: valor médio referente à porcentagem (%) de

fibra extraída de algodão em caroço colhido em cada parcela. O descaroçamento

foi realizado com auxílio de máquina de serra de escova (Continental C21-10).

Esta característica foi avaliada apenas para o ano agrícola de 2005/06 em todos

locais (Namialo, Montepuez e Morrumbala).

3.1.9. Análises estatísticas

Antes da análise da variância (ANOVA), os erros experimentais foram

submetidos aos testes de normalidade e de homogeneidade de variâncias que

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foram feitas no software SAS (2008), aplicando-se os testes de Shapiro-Wilk

(Shapiro e Wilk, 1965) e de Bartlett (Bartlett, 1937), respectivamente, a 5% de

probabilidade, para verificar se os mesmos obedeciam às pressuposições básicas

de normalidade e homogeneidade de variâncias (Pimentel Gomes, 1987;

Banzatto e Kronka, 2006). Após a satisfação das pressuposições, procedeu-se a

aplicação da ANOVA individual.

3.1.9.1. Análise de variância individual

Em cada combinação de local e ano (ambiente), foi feita a ANOVA

(Quadro 5), na qual se considerou efeitos fixo para cultivares e aleatório para os

blocos, utilizando o seguinte modelo estatístico (Cruz et al., 2004):

ijjiij BGY εµ +++=

Em que:

=ijY valor observado, relativo à i-ésima cultivar no j-ésimo bloco;

=µ média geral;

=iG efeito fixo da i-ésima cultivar (i = 1, 2,..., g);

=jB efeito aleatório do j-esimo bloco ( j = 1,2,...,b);

=ijε erro experimental.

Quadro 5 - Análise de variância individual, com as respectivas esperanças de quadrados médios

FV GL QM E (QM) F Blocos r – 1 QMB 22

Bgσσ +

Cultivares

g – 1

QMG )1/(1

22 −+ ∑=

gGri

QMG/ QMR

Resíduo (r – 1) (g – 1) QMR 2σ

Total rg – 1

Antes de se proceder a ANOVA conjunta, efetuou-se a avaliação da

homogeneidade das variâncias residuais dos ambientes, pelo teste de Fmáximo

de Hartley (Hartley, 1950), a 5% de probabilidade, a fim de garantir a viabilidade

da aplicação da análise de variância conjunta.

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3.1.9.2. Análise de variância conjunta

Na ANOVA conjunta (Quadro 6), foi adotado o efeito de cultivares como

fixo e os efeitos ambientes e blocos como aleatórios, com base no seguinte

modelo estatístico (Cruz et al., 2004):

ijkjkijjiijk ABGAAGY εµ +++++= /

Em que:

=ijkY valor observado, relativo ao i-ésima cultivar no k-ésimo bloco dentro

do j-ésimo ambiente;

=µ média geral;

=iG efeito fixo da i-ésima cultivar (i = 1, 2,..., g);

=jA efeito aleatório do j-ésimo ambiente (j = 1, 2,..., a);

=ijGA efeito da interação da i-ésima cultivar com o j-ésimo ambiente;

=jkAB / efeito aleatório do k-ésimo bloco dentro do j-ésimo ambiente (k =

1, 2,..., r);

=ijkε erro experimental.

Quadro 6 - Análise de variância conjunta, com as respectivas esperanças de quadrados médios FV GL QM E (QM) F

Blocos/ambientes a (r – 1) QMB 22bgσσ +

Ambientes (A) a – 1 QMA 222ab grg σσσ ++ QMA/QMB

Cultivares (G) g – 1 QMG garr ga φσσ ++ 22 l QMG/QMGA

G x A (a – 1) (g – 1) QMGA 22gar σσ l+ QMGA/QMR

Resíduo a (r – 1) (g – 1) QMR 2σ

Total agr – 1

Após a constatação da significância para a interação genótipos/cultivares x

ambientes, foi feita análise de estabilidade e de adaptabilidade fenotípicas

mediante o emprego das metodologias propostas por Annicchiarico (1992) e por

Toler e Burrows (1998), considerando a produtividade de algodão em caroço, de

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todos os ambientes. A comparação entre as médias foi realizada pelo teste de

Tukey (Tukey, 1971). As análises de variância e da estabilidade proposta por

Annicchiarico (1992) foram realizadas com auxílio do programa computacional

Genes (Cruz, 2006a; Cruz, 2006b), enquanto a aplicação da metodologia

proposta por Toler e Burrows (1998) foram realizadas mediante o uso do

Programa Estabilidade (Ferreira e Zambalde, 1997).

3.2. Análise da divergência genética molecular

3.2.1. Cultivares e linhagens analisadas

O estudo foi realizado no Laboratório de Biologia Molecular, do Núcleo de

Pesquisa Aplicada à Agricultura (Nupagri), da Universidade Estadual de Maringá.

No total, foram analisadas 13 cultivares (nove africanas e quatro americanas) e

oito linhagens americanas de algodão (G. hirsutum L.), provenientes de

Moçambique. As cultivares e linhagens americanas foram recentemente

introduzidas no país pelo Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de

Algodão de Namialo (Quadro 7).

Quadro 7 - Lista das cultivares e linhagens usadas para análise da divergência genética Número de

ordem

Cultivar/linhagem

Grupo geográfico

Origem

1 ALBAR SZ9314 Africano Zimbabwe

2 ALBAR FQ902 Africano Zimbabwe

3 ALBAR BC853 Africano Zimbabwe

4 STAM 42 Africano Senegal

5 CA 222 Africano Costa do Marfim

6 CA 324 Africano Costa do Marfim

7 IRMA 12-43 Africano Camarões

8 ISA 205 Africano Costa do Marfim

9 REMU 40 Africano Moçambique

10 TAMCOT 22 Americano EUA

11 TAM 96WD-69s (L) Americano EUA

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Quadro 7, Cont.

12 TAMCOT Pyramid Americano EUA

13 TAM 98D -102 (L) Americano EUA

14 TAM 96WD-18 (L) Americano EUA

15 TAM 94J-3 (L) Americano EUA

16 TAM 88G-104 (L) Americano EUA

17 TAMCOT Sphinx Americano EUA

18 TAM 98D-99ne (L) Americano EUA

19 TAM 94WE-37s (L) Americano EUA

20 TAM 94L-25 (L) Americano EUA

21 TAMCOT Luxor Americano EUA

EUA: Estados Unidos da América. (L) Linhagem. Números de ordem 10 a 21 são as quatro cultivares e oito linhagens introduzidas dos Estados Unidos da América no ano de 2006.

3.2.2. Extração e quantificação do DNA genômico

O processo de extração de DNA do algodão foi realizado segundo o

protocolo descrito por Zhang e Stewart (2000). Para tanto, as sementes de cada

cultivar e linhagem foram semeadas em bandejas, contendo areia lavada e

mantidas em casa de vegetação até o momento da coleta das folhas jovens. No

total, foram obtidas quatro plantas de cada cultivar e linhagem.

Cerca de 20 dias após a emergência, foi realizada a coleta do material

vegetal. Igual quantidade de tecidos foliares, jovens e frescos, de quatro plantas

de cada cultivar foi coletada e agrupada de forma a compor uma amostra de 300

mg. Após a coleta o tecido vegetal de cada amostra, o material foi imediatamente

colocado em tubos plásticos do tipo eppendorf com capacidade de 1,5 mL,

fechados e acondicionados em caixa de isopor, contendo nitrogênio líquido, e

imediatamente levados para o laboratório.

Em seguida, o material foi triturado, adicionando ao mesmo 600 µL de

tampão de extração pré-aquecido a 65°C [CTAB 2% (w/v); NaCl 1M; EDTA 0,02

M; Tris-HCl 0,1 M pH 8,0; PVP-40 2% (w/v); β-mercaptoetanol 10%].

Os tubos foram agitados em vórtex por 30 segundos e incubados a 65ºC

em banho-maria por 30 minutos, sendo homogeneizados a cada 5 minutos. Após

os 30 minutos, os tubos foram retirados e deixados esfriar em temperatura

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ambiente, sendo a eles adicionados 600 µL da mistura de clorofórmio:álcool

isoamílico (24:1) e homogeneizados gentilmente por 5 minutos.

As amostras foram centrifugadas a 12.000 rpm em temperatura ambiente,

por 5 minutos, sendo o sobrenadante (fase aquosa) transferido para um novo

tubo. Depois foram adicionados em cada tubo 600 µL de isopropanol gelado

(-5ºC) e misturado lentamente por inversão dos tubos.

A seguir, as amostras foram centrifugadas a 12.000 rpm à temperatura

ambiente por 15 minutos e, depois, descartado o sobrenadante, sendo no DNA

precipitado adicionados 300 µL de etanol 70% e as amostras centrifugadas a

12.000 rpm, em temperatura ambiente, por 15 minutos, descartando o

sobrenadante. Foram adicionados novamente 300 µL de etanol 95% gelado e as

amostras foram centrifugadas a 12.000 rpm, em temperatura ambiente por 5

minutos, sendo o sobrenadante descartado.

O precipitado foi posto para secar por aproximadamente 1 hora em

temperatura ambiente e, depois, ressuspendido em 100 µL de H2O Milli-Q.

Após a extração, foi efetuada a quantificação do DNA em

espectrofotômetro Femto 700S, seguindo o seguinte procedimento: 20 µL de cada

amostra de DNA foi diluída em 1.980 µL de água Milli-Q estéril em cuvette de

quartzo de 2.000 µL e submetida à leitura da densidade óptica a 260 nm (DO260),

para avaliar a quantidade de DNA, e a 280 nm (DO280), para avaliar a

contaminação com proteínas ou fenóis. A concentração da amostra de DNA foi

estimada de acordo com a equação [DNA] (ng/µL) = DO260 x 5.000. O quociente

DO260 e DO280 das amostras de DNA pura foi aproximadamente igual 1,8. Um

valor inferior a 1,8 indica contaminação com proteína; valor superior a 2,0 indica

contaminação com fenol (Romano, 1998). Finalmente, as amostras de DNA foram

diluídas em água Milli-Q estéril de modo que as amostras de trabalho estivessem

a uma concentração padrão de 10 ng de DNA µl-1. As amostras foram então

armazenadas em freezer a -20oC até que se procedesse as reações de

amplificação de DNA.

3.2.3. Iniciadores (primers) RAPD utilizados

No estudo da divergência genética foram testados 46 primers decâmeros

arbitrários adquiridos da Operon Technologies, dos quais foram selecionados 24

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por serem considerados os mais polimórficos e aqueles que apresentaram

bandas mais definidas (Quadro 8).

Quadro 8 - Primers decâmeros utilizados nas reações de amplificação de fragmentos de DNA usados como marcadores RAPD

Iniciador Sequência

de nucleotídeos Iniciador Sequência

de nucleotídeos Primer (5’ – 3’) Primer (5’ – 3’) OPA-11 CAA TCG CCG T OPF-16 GGA GTA CTG G OPA-13 CAGCACCCAC OPG-14 GGA TGA GAC C OPA-18 AGG TGA CCG T OPG-19 GTC AGG GCA A OPB-04 GGA CTG GAG T OPH-14 ACC AGG TTG G OPB-07 GGT GAC GCA G OPI-03 CAG AAG CCC A OPB-12 CCT TGA CGC A OPJ-04 CCG AAC ACG G

OPC-06

GAA CGG ACT C OPK-08 GAA CAC TGG G OPC-20 ACT TCG CCA C OPK-09 CCC TAC CGA C OPE-04 GTG ACA TGC C OPK-20 GTG TCG CGA G OPF-05 CCG AAT TCC C OPO-19 GGT GCA CGT T OPF-06 GGG AAT TCG G OPW-07 CTG GAC GTC A OPF-07 CCG ATA TCC C OPY-20 AGC CGT GGA A

3.2.4. Amplificação do DNA e Análises do DNA genômico

As reações de amplificação com os 24 primers RAPD foram preparadas

em um volume total de 25 µL por reação, as quais continham: 0,2 mM de cada

dNTP, 5 mM de MgCl2; 0,2 mM de primer, 20 mM de Tris-HCl pH 8,4; 50 mM de

KCl, uma unidade de taq DNA polimerase, 50 ng de DNA genômico e água ultra-

pura para completar o volume de 25 µL.

Os ciclos de amplificação foram constituídos por uma etapa inicial de

desnaturação a 94ºC por 5 minutos, seguidos de 45 ciclos de amplificação

composto por três etapas. Uma etapa de desnaturação a 94ºC por 1 minuto, uma

etapa de ligação do primer ao DNA a 35ºC por 1 minuto e, por último, a terceira

etapa para a amplificação e incorporação dos nucleotídeos a 72ºC por 2 minutos.

Ao final, foi dado um período adicional de 5 minutos a 72°C para que as

extensões se completassem.

Concluída a amplificação, os fragmentos de DNA foram fracionados em

gel de agarose 1,2%, contendo brometo de etídio (0,02 µL mL-1) em tampão TAE

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1X (TAE 50X: Tris base - 242 g; ácido acético glacial – 57,1 mL; EDTA 0,5 M pH

8,0 - 100 mL), sendo o mesmo utilizado como tampão de corrida.

Os fragmentos amplificados foram visualizados sob luz ultravioleta

utilizando, para tanto, o Fotossistema Spectroline, com as imagens sendo

capturadas em câmera digital Canon Power Shot A620.

Utilizou-se como padrão de tamanho de bandas o DNA ladder de 100pb

(Invitrogen), sendo a altura da banda encontrada determinada pelo programa

computacional GeneLine, versão 2.0. Somente as bandas nítidas foram

selecionadas para serem utilizadas nas análises estatísticas.

3.2.5. Análises estatísticas dos dados moleculares

3.2.5.1. Análise de agrupamento e quantificação da variabilidade genética entre e dentro dos grupos geográficos

Os fragmentos de DNA amplificados foram computados com a presença (1)

ou ausência de bandas (0). A análise foi realizada somente para as bandas

polimórficas. O agrupamento das cultivares e linhagens de algodão foi realizado

por meio do método hierárquico UPGMA (Unweighted Pair Grouping Method with

Aritimetical Means) (Sneath e Sokal, 1973), utilizando a matriz de dissimilaridade

correspondente ao complemento do coeficiente de Jaccard (Jaccard,1908).

A quantificação da variabilidade genética entre e dentro dos grupos

geográficos (nove cultivares comerciais africanas e doze cultivares e linhagens

americanas), verificada pela análise de variância molecular (AMOVA), foi

realizada pelo método de Excoffier et al. (1992), com base em 151 bandas

polimórficas. Considerou-se uma estrutura hierárquica desbalanceada, uma vez

que o número de acessos por grupo geográfico foi variável e cada grupo

geográfico (africano ou americano) considerado uma população (Oliveira e Silva,

2008).

A significância estatística das variâncias foi testada utilizando-se 1.000

permutações aleatórias. Para avaliar a diversidade dentro de cada grupo

geográfico foi feita a análise de projeção gráfica, utilizando espaço bidimensional,

obtida pela matriz de dissimilaridade de Jaccard. As análises estatísticas

aplicadas no presente estudo foram realizadas mediante o uso do programa

computacional GENES (Cruz, 2008).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análise de variância individual

Uma vez satisfeitas às pressuposições básicas de normalidade e de

homogeneidade de variâncias dos erros (p > 0,05) pelos testes de Shapiro-Wilk

(Shapiro e Wilk, 1965) e de Bartlett (Bartlett, 1937), respectivamente, foi feita a

análise de variância (ANOVA) em cada ambiente. A ANOVA individual evidenciou

a presença de diferenças significativas (p < 0,05), na produtividade de algodão em

caroço, entre as cultivares avaliadas, em quase todos os ambientes, à exceção

dos ambientes correspondentes a Namialo, no ano agrícola de 2003/04, e

Montepuez, no ano agrícola de 2004/05 (Quadro 9).

Quadro 9 - Resumo da análise de variância individual da produtividade de algodão em caroço (kg ha-1) de nove cultivares avaliadas em três regiões de Moçambique, durante os anos agrícolas de 2003/04, 2004/05 e 2005/06

Ambientes QM

F(QMG/QMR) CV (%) Cultivares (G) Resíduo (R)

Montepuez (2003/04) 154.618,29 * 54.620,91 2,83 7,05 Namialo (2003/04) 46.374,19 50.028,77 0,93 26,37 Montepuez (2004/05) 57.097,67 93.822,50 0,61 19,97 Namialo (2004/05) 343.549,38 ** 88.611,11 3,88 22,26 Montepuez (2005/06) 393.550,86 ** 84.738,67 4,64 21,25 Morrumbala (2005/06) 443.745,80 * 145.201,11 3,06 25,07 Namialo (2005/06) 175.416,67 * 66.435,19 2,64 24,29

G.L. 8 24

Fmáx = 2,90 *Significativo a 5% pelo teste F. **Significativo a 1% pelo teste F.

Na avaliação da homogeneidade das variâncias residuais (Quadro 9),

entre os ambientes, pelo teste de Fmáximo de Hartley (Hartley,1950), constatou-

se que foi razoável supor que as variâncias residuais foram homogêneas (p >

0,05), garantindo a viabilidade da aplicação da análise de variância conjunta.

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Uma boa precisão experimental foi também verificada (Quadro 9), visto os

coeficientes de variação para a produtividade de algodão em caroço se

apresentarem dentro dos limites toleráveis para a variável em análise (Santos et

al., 1998).

4.2. Análise de variância conjunta

A análise de variância conjunta permitiu verificar um efeito significativo da

interação cultivares x ambientes (G x A) na produtividade de algodão em caroço,

em nível de 1% de probabilidade (Quadro 10).

Quadro 10 - Resumo da análise de variância conjunta da produtividade de algodão em caroço (kg ha-1) de nove cultivares avaliadas em três regiões de Moçambique, durante os anos agrícolas de 2003/04, 2004/05 e 2005/06

FV GL QM F Blocos/Ambiente 21 414.554,74 Ambientes (A) 6 23.579.295,31 56,88**

Cultivares (G) 8 328.238,43 1,53 G x A 48 214.352,41 2,57**

Resíduo 168 83.351,18 Total 251 Média geral 1.569,63 CV (%) 18,39

4.067,36

29.111,38

7,16

** Significativo a 1% de probabilidade.

Os resultados mostram que o efeito da interação G x A foi de elevada

magnitude, o que propiciou uma alteração do padrão de resposta fenotípica das

cultivares frente à variação na qualidade ambiental (Quadros 10 e 11),

justificando, portanto, o estudo da estabilidade e da adaptabilidade (Cruz e

Carneiro, 2006).

Pode-se observar, também, que houve variação na qualidade ambiental

conforme apresentado no Quadro 11. Ramalho et al. (1993) enfatizam a

importância do uso de dois ou mais ambientes contrastantes em estudos dessa

natureza.

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Quadro 11 - Desdobramento do efeito de cultivares na produtividade de algodão em caroço de nove cultivares de algodão avaliadas em três Regiões Agro-ecológicas de Moçambique durante os anos agrícolas 2003/04, 2004/05 e 2005/06

Produtividade (kg ha-1)

Ambientes

Cultivares A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 Média

ALBAR SZ9314 3.270,00 a 820,17 a 1.524,44 a 1.333,33 ab 1.185,66 bc 1.675,00 abc 725,00 b 1.504,71 ab

ALBAR FQ902 3.519,17 a 837,83 a 1.582,22 a 1.583,33 a 918,17 c 1.308,33 bc 1.183,33 ab 1.561,57 ab

ALBAR BC853 3.053,33 ab 800,00 a 1.446,67 a 716,67 b 1.334,17 b 1.247,23 c 875,00 ab 1.353,29 b

STAM 42 3.048,83 ab 872,17 a 1.672,22 a 1.600,00 a 1.593,67 ab 1.716,67 abc 1.183,33 ab 1.669,57 a

CA 222 3.517,00 a 647,17 a 1.372,22 a 1.116,67 ab 1.542,17 ab 1.900,00 ab 1.100,00 ab 1.599,29 ab

CA 324 3.547,83 a 822,50 a 1.723,33 a 1.183,33 ab 1.074,83 bc 1.400,00 bc 941,67 ab 1.527,71 ab

IRMA 12-43 3.247,50 a 883,50 a 1.460,00 a 1.383,33 a 1.980,17 a 1.165,00 c 1.450,00 a 1.652,86 a

ISA 205 3.209,67 a 1.059,67 a 1.603,33 a 1.566,67 a 1.413,83 ab 2.077,78 a 1.100,00 ab 1.718,86 a

REMU 40 3.439,83 a 892,00 a 1.421,11 a 1.550,00 a 1.288,33 bc 1.188,89 c 991,67ab 1.538,86 a

Média 3.317,02 848,33 1.533,95 1.337,04 1.370,11 1.519,88 1.061,11 1.569,63

CV (%) 7,05 26,37 19,97 22,26 21,25 25,07 24,29 18,39

A1 = Montepuez (2003/004), A2 = Namialo (2003/004), A3 = Montepuez (2004/05), A4 = Namialo (2004/05), A5 = Montepuez (2005/06), A6 = Morrumbala (2005/06), A7 = Namialo (2005/06). Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

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Ainda no Quadro 11, observa-se que cultivares melhores num ambiente

são piores noutros. Por exemploa cultivar ALBAR FQ902, que foi uma das

melhores no ambiente de Namialo, no período de 2004/05, foi a pior em

Montepuez, no ano agricola 2005/06. Enquanto a cultivar Remu 40, uma das

melhores em Namialo (2004/05), foi uma das piores em Morrumbala (2005/06).

Resultados semelhantes foram encontrados por Killi e Harem (2006), Mustafa e

Babiker (2007), Hoogerheide et al. (2007), ao estudarem o comportamento

produtivo de algumas cultivares de algodão na Turquia, Sudão e Brasil,

respectivamente.

4.3. Adaptabilidade e estabilidade de produtividade de algodão em caroço

Na análise da adaptabilidade mediante a proposta de Toler e Burrows

(1998), observa-se que todas as cultivares apresentaram comportamento uni-

segmentado, visto a hipótese de nulidade entre as estimativas de β1i e β2i (Ho: β1i

= β2i ou β1i - β2i = 0 ) ser aceita para todas elas. Dessa forma, detectou-se não

haver evidências estatísticas, em nível de 5% de probabilidade para afirmar que

as estimativas β1i e β2i foram diferentes (Quadros 1 e 12).

A cultivar CA 324, classificada no grupo B e que representa quase a

metade (47%) da produção nacional de algodão (Instituto de algodão de

Moçambique, 2007) caracterizou-se por ser mais responsiva em ambientes de

alta qualidade (estimativa de βi > 1,0), mostrando, portanto, adaptabilidade

específica (Quadro 12). Assim, a indicação da cultivar CA 324 deve se restringir

aos ambientes mais favoráveis, tais como aqueles constituídos por áreas de

maior fertilidade do solo, neutralidade de pH, com regime de chuvas que supra as

necessidades hídricas do algodoeiro e onde os produtores sejam detentores de

melhores condições tecnológicas. Caso contrario, a mesma poderá apresentar

médias de produtividade significativamente reduzidas, pois um genótipo que é

superior em ambientes muito específicos pode apresentar comportamento

medíocre em outros, caso as condições ambientais requeridas por ele não forem

prevalecentes. Cultivar que responde melhor à melhoria da qualidade ambiental

pode desapontar em ambientes desfavoráveis (Vencovsky e Barriga, 1992;

Caierão et al., 2006). As regiões algodoeiras de Moçambique são caracterizadas

pela baixa fertilidade e pelos elevados níveis de acidez dos solos (Universidade

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Eduardo Mondlane, 2007). A falta de adubação, a elevada acidez, associado ao

problema de não se fazer rotações de culturas, tem levado a uma acentuada

degradação de solos em várias regiões, caracterizadas pela perda de fertilidade e

vulnerabilidade à erosão. Além disso, esse problema se agrava pela prática de

queima da soqueira como medida de controlo de pragas e doenças, o que leva a

fertilidade dos solos a um rápido esgotamento. Conforme Isaacman (1995), os

solos ferralíticos encontrados ao Norte de Moçambique são duros, pesados e

propensos ao alagamento, em função do seu elevado conteúdo de argila que,

aliado aos vários ciclos sucessivos de cultivo do algodoeiro, constituem-se em

ambientes desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas do algodoeiro, limitando

significativamente a produtividade. Assim sendo, a cultivar CA 324 é pouco

promissora no país. Esta cultivar representa cerca de 50% do total de área de

cultivo de algodão no país (IAM, 2007). Assim, os baixos níveis de produtividade

de algodão em Moçambique podem ser resultantes da ampla utilização de CA

324 por pequenos agricultores de baixa renda, sem a aplicação de altas

tecnologias. O Relatório do Instituto de Algodão de Moçambique (2009) mostra

que os agricultores autônomos, aqueles que normalmente utilizam boas

tecnologias, conseguem obter uma produtividade de algodão em caroço, na

cultivar CA 324, duas a três vezes mais que a produtividade média nacional da

cultura. Enquanto isso, a produtividade obtida pelos pequenos produtores com

baixas tecnologias de produção encontra-se abaixo da média nacional e cerca de

quatro vezes menos que os produtores que utilizam tecnologias mais avançadas.

A cultivar STAM 42 apresentou adaptabilidade específica a ambientes de

baixa qualidade (Grupo D), visto ser a estimativa de βi inferior a 1 (Quadro 12),

não sendo muito exigente a melhoria da qualidade ambiental e tendo maior

potencial de resposta fenotípica em ambientes de baixa qualidade que as demais

cultivares avaliadas. Pelas características dos solos da maioria das regiões

algodoeiras de Moçambique, esta cultivar seria promissora. As demais cultivares

avaliadas enquadraram-se no grupo C (Quadro 12), fato indicativo de que estas

cultivares apresentaram resposta fenotípica satisfatória para maior parte de

ambientes, ou seja, mostraram adaptabilidade ampla (estimativa de βi = 1).

A Figura 3 mostra o padrão de resposta fenotípica de três cultivares de

algodão, representando os distintos grupos (B, C e D). Observa-se que a cultivar

CA324 (grupo B) respondeu melhor à melhoria da qualidade ambiental (µi > 0) e

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sob condições adversas (µi < 0) mostrou baixa produtividade. Assim, para os

agricultores sem recursos tecnológicos, e/ou em regiões com problemas

edafoclimáticos esta cultivar não seria a mais adequada.

A Cultivar ISA 205, do grupo C, acompanhou a resposta média dos

ambientes, mostrando adaptabilidade geral. A cultivar STAM 42, enquadrada no

grupo D, partiu de uma produtividade razoável em ambientes de baixa qualidade

e foi pouco responsiva à melhoria da qualidade ambiental. Portanto, ela seria a

mais indicada para as regiões de baixa tecnologia, não respondendo

satisfatoriamente nas condições de alta tecnologia.

Figura 3 - Padrão de resposta das cultivares de algodão enquadradas nos grupos uni-segmentados (B, C e D).

No que se refere à metodologia de Annicchiaricco (1992), as cultivares ISA

205, STAM 42 e IRMA 12-43 apresentaram estimativas do índice de confiança Wi

superiores a 100%, evidenciando maior estabilidade fenotípica para produtividade

de algodão em caroço (Quadro 12). Ou seja, estas cultivares apresentaram-se

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com 75% (Wi (75)) de probabilidade de, na pior das hipóteses, terem 8,49; 6,63 e

1,81% de produtividade, respectivamente, acima da média dos ambientes, sendo,

portanto, as mais previsíveis.

Quadro 12 - Estimativa dos parâmetros de estabilidade e adaptabilidade para produtividade de algodão em caroço de nove cultivares comerciais de algodão, mediante metodologias propostas por Annicchiarico (1992) e por Toler e Burrows ( 1998)

Cultivares Toler e Burrows Annicchiarico

iα̂ i2β̂ - i1β̂ i1β̂ i2β̂ iβ̂ Grupo R2 Wi (75) (%)a

ISA 205 1.718,86 a - 0,48 1,27 0,79 0,89 C 94,6 108,49 (1)

STAM 42 1.669,57 a - 0,50 1,22 0,72 0,83* D 96,7 106,63 (2)

IRMA 12-43 1.652,86 a 0,48 0,50 0,98 0,88 C 82,6 101,81 (3)

CA 222 1.599,29 ab - 0,36 1,41 1,05 1,12 C 95,5 94,80 (4)

Albar FQ902 1.561,57 ab 0,44 0,74 1,18 1,09 C 92,8 94,00 (6)

REMU 40 1.538,86 ab 0,49 0,67 1,16 1,05 C 95,3 94,32 (5)

CA 324 1.527,71 ab 0,12 1,05 1,17 1,15* B 97,4 91,69 (7)

Albar SZ9314 1.504,71 ab - 0,37 1,33 0,96 1,04 C 97,4 90,56 (8)

Albar BC853 1.353,29 b 0,18 0,82 1,00 0,96 C 93,6 81,02 (9)

* Significativo a 5% de probabilidade. Os valores dentro dos parênteses indicam o ranking de estabilidade em ordem decrescente. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Segundo o Instituto de Algodão de Moçambique (2007), as cultivares ISA

205 e STAM 42 representam 4 e 7% de produção nacional de algodão,

respectivamente, não sendo a cultivar IRMA 12-43 praticamente mais cultivada.

4.4. Rendimento de fibra das cultivares analisadas

Levando-se em consideração a média por cultivar, para a característica

rendimento da fibra, observou-se que ela variou aproximadamente de 35 a 40%.

No geral, as cultivares apresentaram elevado rendimento de fibra (>37%) sem

diferenças estatisticamente significativas (p > 0.05). A exceção ocorreu com a

cultivar Remu 40, que apresentou um rendimento de fibra baixo e estatisticamente

diferente de todas as cultivares, em nível de 5% de probabilidade.

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4.5. Divergência genética molecular entre cultivares e linhagens

A utilização de 24 primers RAPD propiciou a amplificação de um total de

166 bandas, com uma média de 6,92 e amplitude de 2 a 10 bandas por primer.

Do total de bandas produzidas, 151 foram polimórficas (90,96 % de polimorfismo),

o que corresponde a 6,29 bandas polimórficas por primer (Quadro 13).

Quadro 13 - Relação dos primers decâmeros utilizados, número de bandas obtidas de RAPD amplificados de 21 cultivares e linhagens de algodão

Primers Total de bandas

Bandas polimórficas

Bandas monomórficas Polimorfismo (%)

OPA-11 8 7 1 87,50 OPA-13 4 4 0 100,00 OPA-18 2 2 0 100,00 OPB-04 10 10 0 100,00 OPB-07 4 2 2 50,00 OPB-12 8 8 0 100,00 OPC-06 6 6 0 100,00 OPC-20 4 4 0 100,00 OPE-18 9 8 1 88,89 OPF-05 7 7 0 100,00 OPF-06 8 8 0 100,00 OPF-07 5 4 1 80,00 OPF-16 8 7 1 87,50 OPG-14 5 3 2 60,00 OPG-19 7 7 0 100,00 OPH-14 10 10 0 100,00 OPI-03 7 7 0 100,00 OPJ-04 9 8 1 88,89 OPK-08 8 8 0 100,00 OPK-09 8 6 2 75,00 OPK-20 9 8 1 88,89 OPO-19 7 6 1 85,71 OPW-07 8 6 2 75,00 OPY-20 5 5 0 100,00 Total 166 151 15 90,96 Média 6,92 6,29 0,63 -

Esmail et al. (2008), estudando a divergência genética entre linhagens

elites de germoplasma de algodão nos Estados Unidos da América e utilizando 23

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primers RAPD, encontraram 113 bandas, dos quais 96 bandas (84,96%) foram

polimórficas. Por sua vez, Menezes et al. (2008), estimando a divergência

genética entre linhagens avançadas de germoplasma de algodão e utilizando 28

iniciadores RAPD, obtiveram um total de 280 fragmentos de DNA, dos quais

apenas 70 fragmentos (25%) foram polimórficos. No presente trabalho, observou-

se um polimorfismo diferenciado e relativamente superior ao dos trabalhos acima

mencionados. De acordo com Colombo et al. (2000), a obtenção de 50 a 100

bandas polimórficas são suficientes para estimar relações genéticas entre e

dentro de espécies vegetais.

Ainda no Quando 13, pode-se observar que os primers OPB-04 e OPH-14

propiciaram maior número de bandas (10), enquanto o primer OPA-18 propiciou o

menor número de bandas (2). A porcentagem mais elevada de polimorfismo foi

observada com os primers OPA-13, OPA-18, OPB-04, OPB-12, OPC-06, OPC-20,

OPF-05, OPF-06, OPG-19, OPH-14, OPI-03, OPK-08 e OPY-20, com 100% de

polimorfismo cada, enquanto o nível de polimorfismo mais baixo foi obtido com o

primer OPB-07 (50%).

A análise de padrões de bandas de DNA (Figura 4), correspondente a

amplificação obtida com os primers OPA-11, OPA-13 e OPB-07, mostra o nível de

polimorfismo encontrado entre as cultivares e linhagens. Observa-se que 100%

de polimorfismo foi obtido com o primer OPA-13, que amplificou dois marcadores

moleculares, com pesos de 500 pb e 700 pb específicos para a cultivar TAMCOT

Luxor. O primer, por sua vez, OPA-11 amplificou um marcador de 550 pb

específico para a cultivar TAM 94L-25.

A estimativa da divergência genética entre os pares de 13 cultivares e oito

linhagens de algodão (G. hirsutum), determinada a partir de 151 bandas

polimórficas, por meio do Complemento Aritmético de Jaccard (Quadros 14 e 15),

evidenciou que a dissimilaridade entre as cultivares e linhagens variou de 0,08 a

0,66, com uma média de 0,29. Os pares de cultivares ou linhagens de algodão

mais divergentes foram ISA 205 e TAMCOT Sphinx, seguido por ALBAR BC853 e

TAMCOT Sphinx. A cultivar americana TAMCOT Sphinx formou pares mais

divergentes com a maior parte das cultivares comerciais africanas (dii' > 0,50).

A menor divergência genética foi encontrada entre as cultivares ALBAR

BC853 e STAM 42, com dissimilaridade menor que dii’ = 0,1. Ainda no Quadro 14.

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Observa-se que, na maioria dos casos, a maior similaridade encontrada foi entre

as cultivares comerciais de algodão de origem africana (sii' > 0,80).

Figura 4 - Perfil eletroforético dos produtos de amplificação do DNA genômico de 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) com os primers OPA-13 (A), OPB-07 (B) e OPA-11 (C). M, DNA ladder de 100 pb; 1, ALBAR SZ9314; 2, ALBAR FQ902; 3, ALBAR BC853; 4, STAM 42; 5, CA 222; 6, CA 324; 7, IRMA 12-43; 8, ISA 205; 9, REMU 40; 10, TAMCOT 22; 11, TAM 96WD-69s; 12, TAMCOT PYRAMID; 13, TAM 98D-102; 14, TAM 96WD-18; 15, TAM 94J-3; 16, TAM 88G-104; 17, TAMCOT Sphinx; 18, TAM 98D-99ne; 19, TAM 94WE-37s; 20, TAM 94L-25; 21, TAMCOT Luxor.

Na análise da diversidade genética dentro e entre os grupos geográficos

(americano e africano), verificou-se que a dissimilaridade dentro do grupo africano

foi menor, pois variou de 0,08 a 0,31, com uma média de 0,19 muito abaixo da

média geral (0,29).

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Quadro 14 - Resumo da matriz de coeficientes de similaridade de Jaccard (sii’) e de seus complementos (dii’), obtidos com 151 marcadores de DNA, mediante o método de RAPD entre 21 cultivares e linhagens de algodão

Combinações entre cultivares ou linhagens mais divergentes sii' dii'

Combinações entre cultivares ou linhagens mais similares sii' dii'

ISA 205 TAMCOT Sphinx 0,34 0,66 ALBAR BC853 STAM 42 0,92 0,08ALBAR BC853 TAMCOT Sphinx 0,35 0,65 REMU 40 STAM 42 0,90 0,10REMU 40 TAMCOT Sphinx 0,37 0,63 IRMA 12-43 STAM 42 0,89 0,11TAM 98D-102 TAMCOT Sphinx 0,38 0,62 IRMA 12-43 REMU 40 0,89 0,11TAM 94J-3 TAMCOT Sphinx 0,38 0,62 ALBAR BC853 CA 324 0,88 0,12STAM 42 TAMCOT Sphinx 0,38 0,62 IRMA 12-43 ALBAR FQ902 0,87 0,13TAM 98D-99ne TAMCOT Sphinx 0,39 0,61 ALBAR BC853 ALBAR FQ902 0,87 0,13CA 222 TAMCOT Sphinx 0,39 0,61 ALBAR BC853 IRMA 12-43 0,86 0,14ALBAR SZ9314 TAMCOT Sphinx 0,39 0,61 REMU 40 TAM 98D-99ne 0,86 0,14TAMCOT 22 TAMCOT Sphinx 0,39 0,61 CA 324 STAM 42 0,86 0,14

Resultados similares, de baixa divergência, foram obtidos também por

Multani et al. (1995), ao estimarem a divergência genética entre nove cultivares

de algodão australianas, e por Iqbal et al. (1997), entre 17 cultivares de algodão

da espécie G. hirsutum, por meio de marcadores RAPD. Estes autores

observaram uma dissimilaridade que variou, respectivamente, de 0,01 a 0,08 e

0,07 a 0,18. Em outro estudo, Lukonge (2005) relatou também altos valores de

similaridade na avaliação de 26 cultivares comerciais de algodão na Tanzânia,

cuja amplitude de valores variaram de 0,89 a 0,98. Porém, a diversidade dentro

do grupo americano, o qual é constituído principalmente por linhagens (Quadro 7),

apresentou-se relativamente maior, variando de 0,16 a 0,62, com uma média de

0,32 acima da média geral (Quadro 15).

A baixa divergência verificada entre as cultivares comerciais africanas

sugere que estas possuem uma base genética estreita. Tal fato indica a utilização

de poucos genótipos parentais com menor divergência entre si nos programas de

melhoramento das mesmas (Van-Esbroeck et al., 1998; Iqbal et al., 2001).

Situação idêntica foi reportada por Lu e Myers (2002), ao encontrarem alta

similaridade (92.7% a 97.7%), na avaliação da divergência genética entre as 10

variedades de algodão herbáceo (G. hirsutum L.), que tiveram a maior

contribuição genética para as cultivares comercias de algodão nos Estados

Unidos da América.

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Quadro 15 - Medidas de dissimilaridade obtidas a partir de Complemento Aritmético do Índice de Jaccard entre as 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum)

Cultivares/

Linhagens

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

1 0,00 0,27 0,26 0,24 0,31 0,25 0,26 0,27 0,27 0,29 0,29 0,31 0,32 0,26 0,32 0,30 0,61 0,29 0,39 0,33 0,37

2 - 0,00 0,13 0,15 0,22 0,15 0,13 0,22 0,19 0,32 0,27 0,25 0,22 0,24 0,25 0,24 0,61 0,22 0,38 0,25 0,28

3 - - 0,00 0,08 0,19 0,12 0,14 0,26 0,16 0,28 0,23 0,21 0,22 0,22 0,28 0,26 0,65 0,21 0,40 0,24 0,30

4 - - - 0,00 0,15 0,14 0,11 0,23 0,10 0,27 0,22 0,22 0,24 0,23 0,25 0,26 0,62 0,16 0,38 0,26 0,28

5 - - - - 0,00 0,17 0,18 0,26 0,20 0,31 0,26 0,28 0,28 0,27 0,29 0,28 0,61 0,24 0,44 0,30 0,31

6 - - - - - 0,00 0,15 0,24 0,16 0,25 0,23 0,22 0,18 0,16 0,25 0,19 0,61 0,19 0,37 0,24 0,16

7 - - - - - - 0,00 0,16 0,11 0,28 0,21 0,22 0,24 0,23 0,26 0,22 0,59 0,15 0,36 0,25 0,28

8 - - - - - - - 0,00 0,21 0,38 0,28 0,33 0,30 0,32 0,30 0,26 0,66 0,26 0,44 0,38 0,39

9 - - - - - - - - 0,00 0,27 0,23 0,25 0,23 0,25 0,23 0,25 0,63 0,14 0,38 0,25 0,29

10 - - - - - - - - - 0,00 0,17 0,26 0,20 0,23 0,28 0,28 0,61 0,30 0,40 0,33 0,33

11 - - - - - - - - - - 0,00 0,19 0,21 0,23 0,26 0,27 0,60 0,24 0,38 0,28 0,28

12 - - - - - - - - - - - 0,00 0,19 0,18 0,30 0,26 0,60 0,23 0,36 0,24 0,29

13 - - - - - - - - - - - - 0,00 0,16 0,23 0,22 0,62 0,25 0,42 0,26 0,27

14 - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,20 0,18 0,58 0,20 0,32 0,21 0,23

15 - - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,19 0,62 0,25 0,37 0,29 0,27

16 - - - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,56 0,25 0,38 0,28 0,29

17 - - - - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,61 0,54 0,57 0,60

18 - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,37 0,24 0,25

19 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,44 0,39

20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,00 0,23

21 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,00

Coeficiente de dissimilaridade media = 0,29; Amplitude de coeficiente de dissimilaridade (0,08 – 0,66). 1= ALBAR SZ9324; 2= ALBAR FQ902; 3= ALBAR BC853, 4= STAM 42; 5= CA 222; 6= CA 324; 7= IRMA 12-43; 8= ISA 205; 9= REMU 40; 10= TAMCOT 22; 11= TAM 96WD-69s; 12= TAMCOT PYRAMID; 13= TAM 98D-102; 14= TAM 96WD-18; 15= TAM 94J-3; 16= TAM 88G-104; 17= TAMCOT Sphinx; 18= TAM 98D-99ne; 19= TAM 94WE-37s; 20= TAM 94L-25; 21= TAMCOT Luxor.

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4.5.1. Análise de variância molecular (AMOVA)

A quantificação da variabilidade entre e dentro dos grupos geográficos,

verificada pela AMOVA, foi estimada em 16,30% e 83,70%, respectivamente

(Quadro 16). Segundo Wright (1978), o valor de FST é alto e significativo (p <

0,01), evidenciando uma considerável divergência genética entre os grupos

geográficos (Quadro 16). Ainda no Quadro 16, pode-se observar que não existem

evidências estatísticas, em nível de 5% de probabilidade, que suportam a

existência de variabilidade entre as cultivares ou linhagens dentro de todos os

grupos geográficos. Porém, a maior variância observada dentro dos grupos

geográficos é evidenciada em virtude da divergência entre cultivares ou linhagens

dentro do grupo geográfico americano, uma vez que se verificou maior

similaridade entre as cultivares comercias dentro do grupo africano (Quadros 14 e

15). Estes resultados indicam que os dois grupos geográficos estudados podem

ser considerados populações geneticamente distintas (Oliveira e Silva, 2008) e

que o grupo americano é o mais divergente.

Quadro 16 - Análise de variância molecular de dois grupos geográficos de cultivares e linhagens de algodão (G. hirsutum), obtida por marcadores moleculares RAPD (151 bandas)

FV

GL SQ Componentede variância

Porcentagem de variação

FST

Entre os grupos geográficos

1 51,37 3,33 16,30** 0,163**

Dentro dos grupos geográficos

19 325,06 17,11 83,70

Total 20 376,43 20,44 100,00 ** significativo a 1% de probabilidade.

4.5.2. Análise de agrupamento

Com base na matriz de dissimilaridade correspondente ao Complemento

do Coeficiente Aritmético de Jaccard, tornou-se possível a obtenção do

dendrograma obtido pelo Método Hierárquico UPGMA (ligação média entre

grupo).

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Efetuar um corte vertical a uma distância de 41,30% no dendrograma

possibilitou identificar seis grupos (Figura 5). O primeiro grupo foi constituído por

cerca de 90% de cultivares comerciais, de origem africana, com a cultivar ALBAR

SZ9314 formando um grupo isolado (IV). As cultivares e linhagens americanas

foram agrupadas nos restantes quatro grupos (II, III, V e VI), com exceção da

linhagem americana TAM 98D-99ne, que, apesar de pertencer ao grupo

geográfico americano, foi alocada no grupo africano. Esta linhagem não possui

nectários nas folhas e nas brácteas, comparando com as demais linhagens e

cultivares americanas (Thaxton et al., 2005). No caso do grupo II, foi possível

observar dois subgrupos: o subgrupo 1 com similaridade de 59,02 % em relação

ao subgrupo 2. O grupo III foi formado pela linhagem TAMCOT 94L-25 e cultivar

TAMCOT Luxor com 61,04 % de similaridade entre si.

Figura 5 - Dendrograma baseado na matriz de dissimilaridade correspondente ao Complemento Aritmético do Índice de Jaccard entre 21 cultivares e linhagens de algodão (G. hirsutum), definido pelo critério de agrupamento UPGMA, utilizando 151 marcadores RAPD.

Os grupos IV, V e VI foram constituídos por apenas uma cultivar ou

linhagem: cultivar africana ALBAR SZ9314, linhagem americana TAMCOT 94WE-

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37s, e a cultivar americana TAMCOT Sphinx, respectivamente. As cultivares e as

linhagem mencionadas, que formaram grupos singulares e isolados dos outros,

possuem características que lhes são peculiares em relação a outras. A cultivar

ALBAR SZ9314 tem muita das suas características agronômicas e de qualidade

de fibra melhoradas pelo Instituto de Investigação do Algodão no Zimbabwe. A

linhagem TAMCOT 94WE-37s, por sua vez, é caracterizada pela ausência de

tricomas no caule e nas folhas (Smith, 2003). Enquanto a cultivar TAMCOT

Sphinx destaca-se pelo elevado nível de resistência a nematóides (Rotylenchus

reniformis) (El-Zik e Thaxton, 1996).

A projeção gráfica das cultivares e linhagens no espaço bidimensional,

obtida pela matriz de dissimilaridade de Jaccard, mostra de maneira generalizada

as distâncias genéticas entre e dentro de grupos geográficos (Figura 6).

Esses resultados confirmam o grau de variabilidade genética existente

entre e dentro dos dois grupos geográficos (africano e americano) usados neste

estudo. O grupo africano engloba cultivares comerciais mais similares e, por sua

vez, o grupo geográfico americano é constituído por cultivares e linhagens mais

divergentes.

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Figura 6 - Projeção gráfica das distâncias genéticas das 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) em espaço bidimensional, com base no Complemento Aritmético do Índice de Jaccard. A identificação das cultivares e linhagens encontra-se apresentada no Quadro 7. 4.6. Considerações finais

Tendo em vista o conhecimento obtido a respeito do potencial produtivo,

da adaptabilidade e da estabilidade de produção das cultivares comerciais, é de

se esperar que isso venha contribuir para maior sustentabilidade ao sistema

produtivo de algodão em Moçambique. Assim sendo, para melhorar as baixas

produtividades verificadas até o presente momento em Moçambique, as cultivares

ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43 poderiam ser as mais indicadas para o cultivo,

por mostraram-se mais estáveis, com menor risco de baixa produtividade de

algodão em caroço e com padrão de resposta fenotípica favorável.

A diversidade genética observada nas cultivares comerciais de algodão

em Moçambique foi baixa. A recente introdução de cultivares e de linhagens

americanas permitiu ampliar essa baixa variabilidade genética encontrada entre

as cultivares comerciais.

Dessa forma, os resultados obtidos no presente estudo poderão auxiliar

no incremento da eficiência nas pesquisas, dando uma direção consistente ao

Programa de Melhoramento do Algodão em Moçambique. Visando ao alcance na

elevação da produtividade de algodão em Moçambique e utilizando do

germoplasma disponível, são recomendados os seguintes pares de combinações

híbridas: ISA 205 x TAMCOT Sphinix, ALBAR BC853 x TAMCOT Sphinix e REMU

40 x TAMCOT Sphinix. Porém, cruzamentos entre parentais com bom

desempenho e ao mesmo tempo divergentes entre si aumentam a possibilidade

de obtenção de segregantes superiores e, consequentemente, aumentam as

chances de êxito dos programas de melhoramentom visando ao aumento da

produtividade da cultura. Sendo assim, a hibridação entre ISA 205 e TAMCOT

Sphinx seria a mais indicada por serem estas as mais divergentes e pela boa

adaptabilidade e estabilidade encontrada na cultivar ISA 205. Pode, ainda, ser

complementada com a alta resistência a pragas e a doenças encontradas na

cultivar TAMCOT Sphinix.

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5. CONCLUSÕES

a) As cultivares ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43 foram as que apresentaram

maior produtividade de algodão em caroço, enquanto a menos produtiva foi a

cultivar ALBAR BC853.

b) No geral, as nove cultivares comerciais africanas apresentaram alto rendimento

de fibra com exceção da cultivar Remu 40 ;

c) A metodologia proposta por Annicchiarico (1992) indicou que as cultivares ISA

205, STAM 42 e IRMA 12-43 apresentam maior estabilidade fenotípica para

produtividade de algodão em caroço. Essas cultivares apresentaram-se com 75%

de probabilidade de, na pior das hipóteses, terem 8,49; 6,63 e 1,81% de

produtividade, respectivamente, acima da média dos ambientes, sendo, portanto,

as mais previsíveis.

d) A metodologia proposta por Toler e Burrows (1998) mostrou que todas as

cultivares foram representadas pelo modelo uni-segmentado. A cultivar STAM 42

apresentou adaptação específica a ambientes de baixa qualidade, enquanto a

cultivar CA 324 apresentou adaptação específica a ambientes de alta qualidade.

As demais cultivares apresentaram adaptabilidade geral.

e) As cultivares de algodão ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43, por terem

apresentando maior estabilidade, com menor risco de baixa produtividade de

algodão em caroço e padrão de resposta fenotípica favorável, mostraram-se mais

promissoras para serem recomendadas para cultivo nas condições de

Moçambique.

f) O uso de marcadores moleculares RAPD foi eficiente no estudo de divergência

genética das cultivares e linhagens de algodão, identificando um polimorfismo de

90,96 %.

g) O gráfico de projeção das cultivares e linhagens no espaço bidimensional,

obtido pelo complemento do Coeficiente Aritmético de Jaccard, evidenciou

menores distâncias dentro das cultivares comerciais africanas. As cultivares e

linhagens americanas, por sua vez, foram mais divergentes entre si.

h) O Complemento Aritmético de Jaccard, obtido com os 151 marcadores

moleculares RAPD, indicou que as cultivares mais divergentes foram ISA 205 e

TAMCOT Sphinx, enquanto as mais similares foram ALBAR BC853 e STAM 42.

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i) As combinações híbridas recomendadas, utilizando-se o germoplasma

estudado em Programas de Melhoramento do Algodoeiro, visando ao incremento

de produtividade, são as seguintes: ISA 205 x TAMCOT Sphinix, ALBAR BC853 x

TAMCOT Sphinix e REMU 40 x TAMCOT Sphinix.

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APÊNDICE

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Quadro 1A - Desdobramento do efeito de cultivares no rendimento de fibra de nove cultivares de algodão avaliadas em três Regiões Agro-ecológicas de Moçambique, no ano 2005/06

Rendimento de fibra (%)

Ambientes Média

Cultivares Montepuez

(2005/06)

Morrumbala

(2005/06)

Namialo

(2005/06)

ALBAR SZ9314 41,53 a 38,21 ab 37,48 bcd 39,07 a

ALBAR FQ902 35,77 b 42,41 a 36,50 cd 38,23 a

ALBAR BC853 34,6 b 39,40 a 42,90 ab 38,99 a

STAM 42 36,58 ab 39,41 a 43,94 a 39,98 a

CA 222 36,64 ab 36,30 ab 44,81 a 39,25 a

CA 324 35,7 b 39,11 ab 40,35 abc 38,40 a

IRMA 12-43 35, b 38,70 ab 41,30 abc 38,57 a

ISA 205 33,54 b 39,93 a 43,28 a 38,92 a

REMU 40 36,86 ab 33,90 b 34,52 d 35,09 b

Média 36,34 38,60 40,56 38,50

CV (%) 8,35 6,21 4,14 6,32

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

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Figura 1B - Mapa de Regiões Agro-ecológicas de Moçambique (INIA, 2000).

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