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MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS DIAGNOSTIC (CDD) Autores da versão original: Reece Akhtar Uri Ort Tomas Chamorro-Premuzic David Winsborough Autores da versão brasileira: Reece Akhtar Uri Ort Lucas de Francisco Carvalho Angela Coy 2019

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MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE

DRIVERS DIAGNOSTIC (CDD)

Autores da versão original:

Reece Akhtar

Uri Ort

Tomas Chamorro-Premuzic David Winsborough

Autores da versão brasileira:

Reece Akhtar

Uri Ort

Lucas de Francisco Carvalho Angela Coy

2019

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SUMÁRIO

1 INFORMAÇÕES RESUMIDAS SOBRE O CORE DRIVERS DIAGNOSTIC .................................................................................................................................................. 3 2 CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO ...................................................................................................................................................................................................... 5

2.1 Escopo da Avaliação ................................................................................................................................................................................................ 5 2.2 Como o Core Drivers Diagnostic pode ser usado? .................................................................................................................................................. 6 2.3 Público-Alvo ............................................................................................................................................................................................................. 8 2.4 Feedback e Insights do Relatório............................................................................................................................................................................. 8

2.4.1 Core Drivers......... ............................................................................................................................................................................... 8 2.4.2 Trabalho em Equipe ............................................................................................................................................................................ 9 2.4.3 Potencial............................................................................................................................................................................................ 11

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................................................................................................................................. 12 3.1 O Modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade (CGF) ............................................................................................................................ 13

3.1.1 Conscienciosidade ............................................................................................................................................................................. 15 3.1.2 Estabilidade Emocional ..................................................................................................................................................................... 15 3.1.3 Extroversão ....................................................................................................................................................................................... 16 3.1.4 Agradabilidade .................................................................................................................................................................................. 16 3.1.5 Abertura à Experiência...................................................................................................................................................................... 17

3.2 O Modelo que embasa o CDD e os Core Drivers ................................................................................................................................................... 18 4 DESENVOLVIMENTO DO CORE DRIVERS DIAGNOSTIC E PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA VERSÃO ORIGINAL ......................................................................... 20

4.1 Desenvolvimento e Evidências de Validade para os Itens .................................................................................................................................... 20 4.2 Estatísticas Descritivas, Fidedignidade e evidências de validade com base na estrutura interna para a versão original do CDD………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….22 4.3 A Intercorrelação entre Escalas ......................................................................................................................................................................................... 26

5 EVIDÊNCIAS DE VALIDADE COM BASE NA RELAÇÃO COM VARIÁVEIS EXTERNAS PARA A VERSÃO ORIGINAL DO CDD .................................................................. 27

5.1 Evidências de Validade Convergente e Discriminante com a versão original do CDD.......................................................................................... 28 5.1.1 Medidas............................................................................................................................................................................................. 28 5.1.2 Resultados da Busca por Evidências de Validade Convergente e Discriminante para a versão original do Core Drivers Diagnostic 31 5.1.3 Respeitoso ......................................................................................................................................................................................... 32 5.1.4 Disciplinado ....................................................................................................................................................................................... 33 5.1.5 Determinado ..................................................................................................................................................................................... 35 5.1.6 Expansivo .......................................................................................................................................................................................... 36 5.1.7 Curioso .............................................................................................................................................................................................. 37 5.1.8 Estável ............................................................................................................................................................................................... 38 5.1.9 Resumo de Evidências de Validade Convergente e Discriminante da versão original do CDD ........................................................ 39

5.2 Validade Concorrente da versão original do CDD ................................................................................................................................................. 40 5.2.1 Medidas............................................................................................................................................................................................. 41 5.2.2 Resultados da Validade Concorrente da versão original do Core Drivers Diagnostic…………………………………………………………...42

6 DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS E NORMALIZAÇÃO DAS PONTUAÇÕES (EUA)...................................................................................................................................................53

6.1 Diferenças entre Grupos na versão original do Core Drivers Diagnostic .............................................................................................................. 44 6.2 Simulação de Impacto Adverso da versão original do Core Drivers Diagnostic.................................................................................................... 46 6.3 Pontuação Normativa da versão original do Core Drivers Diagnostic .................................................................................................................. 49

7 TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO CDD PARA O BRASIL ....................................................................................................................................................... 60

8 PADRONIZAÇÃO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CDD............................................................................................................................................................................................................61 9 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA VERSÃO BRASILEIRA DO CDD ................................................................................................................................................. 53

9.1 A amostra para verificação das propriedades psicométricas e normatização ............................................................................................................... 54 9.2 Estatísticas descritivas e fidedignidade ............................................................................................................................................................................ 55 9.3 Análise fatorial confirmatória ........................................................................................................................................................................................... 69 9.4 Correlações dos fatores ................................................................................................................................................................................................... 70

10 EVIDÊNCIAS DE VALIDADE BASEADAS NA RELAÇÃO COM VARIÁVEIS EXTERNAS .......................................................................................................................... 59

10.1 Instrumentos.................................................................................................................................................................................................................. 59 10.2 Resultados...................................................................................................................................................................................................................... 60 10.3 Sumário das evidências de validade .............................................................................................................................................................................. 62

11 DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS E NORMATIZAÇÃO ........................................................................................................................................................................... 63

11.1 Diferenças entre grupos ................................................................................................................................................................................................ 63 11.2 Pontuações normativas .................................................................................................................................................................................................. 65

12 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................................................................................... 70

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1 INFORMAÇÕES RESUMIDAS SOBRE O CORE DRIVERS DIAGNOSTIC (CDD)

Pesquisas científicas têm demonstrado de forma consistente que a personalidade –

definida como disposições/tendências estáveis sobre como pensamos, sentimos e nos

comportamos—é um forte indicador de resultados no trabalho (Barrick & Mount, 1991).

Atualmente, é comum entre as organizações o uso de ferramentas de avaliação da

personalidade como parte de suas estratégias de gerenciamento de talentos, podendo usar

os insights provenientes de testes avaliativos para definir como selecionam, desenvolvem ou

promovem colaboradores, equipes e líderes. De fato, considera-se que essas ferramentas têm

validade incremental na previsão do desempenho profissional quando comparadas com

métodos amplamente utilizados, como entrevistas, análise de currículos e escolaridade, além

de estarem isentas de impactos desfavoráveis e de viés de grupo (Chamorro-Premuzic &

Furnham, 2010).

Embora muitas organizações usem avaliações da personalidade em suas estratégias de

gerenciamento de talentos – de colaboradores individuais a cargos de liderança– as

ferramentas mais populares podem ser confusas devido à sua extensão, ao uso deficiente da

tecnologia e a insights de difícil compreensão. Tudo isso, no seu conjunto, cria uma

experiência ruim para o usuário, que acaba não gostando de realizar a avaliação e não

conseguindo entender completamente o feedback do relatório gerado. Além disso, esses

fatores limitam a capacidade de uma organização de utilizar em larga escala as avaliações de

personalidade. Como resultado, o talento acaba frequentemente passando despercebido e

não desenvolvido suficientemente e, ao mesmo tempo, os líderes tomam decisões pouco

fundamentadas sobre o capital humano. Superar essas limitações foi a motivação para

desenvolver o Core Drivers Diagnostic (CDD).

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O CDD, desenvolvido pela empresa Deeper Signals, é um inventário da personalidade

baseado no modelo dos Cinco Grande Fatores (CGF), o modelo de personalidade mais próximo

de um consenso científico e mais bem fundamentado (Funder, 2001). O CDD consiste em 60

itens dos quais o usuário precisa escolher um adjetivo que melhor o descreva dentre o par de

adjetivos que lhe é apresentado. Essa ferramenta é administrada em uma plataforma de

tecnologia moderna e segura (“Sistema Insigna Teste online”1). Após concluir o teste, os

usuários recebem um relatório com a descrição de seus resultados.

O CDD foi desenvolvido a partir de coletas de dados com mais de 35.000 adultos

trabalhadores, nos EUA, técnicas psicométricas e métodos de machine learning. Este manual

técnico descreve as propriedades psicométricas do CDD, tanto para sua versão original quanto

para a versão brasileira, especificamente a fidedignidade, a estrutura fatorial e as

intercorrelações das escalas (i.e., estrutura interna), além de evidências de validade

convergente, discriminante e concorrente. As pontuações no CDD têm correlação com outros

construtos e inventários psicométricos conhecidos, como fatores do modelo dos Cinco

Grandes Fatores, Dark Triad e o Hogan Personality Inventory, além de engajamento dos

empregados, comportamentos laborais contraproducentes e medidas de autorrelato de

desempenho laboral. O instrumento também foi testado para impacto adverso, o qual não foi

identificado (descrito no manual com mais detalhes em capítulo específico).

O CDD foi desenvolvido com foco em profissionais adultos que ocupam cargos de

colaborador individual, gestão e liderança. A ferramenta pode ser usada para nortear decisões

sobre gestão de talentos, coaching, desenvolvimento de equipe, treinamento, e para apoiar

1 Um relatório técnico completo que descreve a arquitetura e a segurança da plataforma está disponível mediante

solicitação (e-mail: [email protected])

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mudanças organizacionais. Caso o CDD tenha como finalidade o uso em processos de seleção,

ele não deve ser a única ferramenta de avaliação a ser considerada no processo de tomada de

decisão.

2 CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO

Este capítulo descreve as principais características do CDD, especificamente as formas de

utilização da ferramenta, os públicos-alvo e uma visão geral dos insights do relatório. O

capítulo foi criado para ajudar os profissionais e as partes interessadas a avaliar o CDD e sua

adequação dentro de suas organizações.

2.1 Escopo da Avaliação

O CDD contém seis escalas baseadas no modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF) de

personalidade (Chamorro-Premuzic & Furnham, 2010), o modelo de personalidade com maior

evidência científica. O Capítulo 3 descreve as escalas de maneira mais detalhada, bem como

explica a estrutura interna do CDD (i.e., composição por seis fatores). Essas seis escalas são:

• Agradabilidade - A tendência a ser franco ou respeitoso.

• Conscienciosidade - A tendência a ser flexível ou organizado.

• Determinação - A tendência de ser descontraído ou determinado.

• Extroversão - A tendência de ser reservado ou expansivo.

• Abertura - A tendência a ser pragmático ou curioso.

• Estabilidade Emocional - A tendência a ser entusiasmado ou emocionalmente estável.

Com 60 itens de escolha forçada, os usuários devem escolher um adjetivo que melhor

os descreva dentre o par de adjetivos que lhes é apresentado. A avaliação leva de cinco a dez

minutos para ser finalizada.

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Os usuários realizam a avaliação na plataforma online da Insigna. Essa plataforma

apresenta uma interface de usuário moderna também projetada para dispositivos móveis,

que oferece uma experiência online confiável, segura e privada, compatível com a

Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).

Além de poder ser concluído rapidamente, o CDD é também um teste envolvente.

Comparado com outras avaliações comerciais, o CDD foi projetado para ser usado em grandes

quantidades e para fornecer insights de modo rápido e descomplicado. Sendo assim, sua

validade (ver Capítulo 5) assegura que a avaliação é precisa e pode ser uma ferramenta

importante para fins de desenvolvimento personalizado.

2.2 Como o Core Drivers Diagnostic pode ser usado?

Como apontado por Sartre (1938), quando tentamos nos conhecer só podemos usar o

conhecimento que nos é fornecido por outras pessoas. É difícil nos conhecermos a partir de

nós mesmos. Ou seja, o insight é mais significativo quando vem de fora. Como o insight e o

feedback são as principais forças para gerar mudança e desenvolvimento, o CDD é projetado

para possibilitar o autoconhecimento de várias maneiras. As organizações/empresas podem

usar o CDD para:

1. Possibilitar insights com base científica e imparciais. Os seres humanos são

tomadores de decisões tendenciosos. O CDD fornece dados escaláveis,

imparciais e cientificamente validados para:

• Melhorar as decisões de seleção e desenvolvimento de colaboradores

• Orientar o desenvolvimento de lideranças

• Compreender os valores de uma organização

• Configurar a composição de equipes

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• Ajudar as organizações a aproveitar a diversidade cognitiva de seu pessoal

2. Potencializar mudanças por meio da autoconsciência. O CDD destaca os

comportamentos com o maior potencial para mudanças. Isso permite que o

indivíduo obtenha insights sobre seus pontos fortes e fracos, e concentre

esforços nas áreas mais adequadas. Oferecer insight e compreensão dos

estados e características internas tem mostrado ter efeitos significativos na

mudança, na identificação com um grupo/equipe e nas preferências

interpessoais.

3. Identificar importantes lacunas para treinamento e desenvolvimento. A

maioria das organizações pratica uma abordagem única para todos os

processos de desenvolvimento, embora, é claro, essa abordagem não se

ajuste a ninguém. Nem todos estão abertos a mudanças ou abordam o

desenvolvimento da mesma forma, e nem todos precisam da mesma

quantidade de treinamento. O CDD ajuda a personalizar os planos de

desenvolvimento.

4. Demonstrar a eficácia das intervenções. Como dizia um velho ditado: “Não

se pode gerenciar o que não se pode medir”. O CDD ajuda indivíduos a

acompanhar o progresso em relação ao alcance de seus objetivos

comportamentais. Ao contrário de crenças já arraigadas, evidências

recentes demonstram que as disposições de comportamento podem ser

impactadas por intervenções bem planejadas (Roberts et al., 2017).

5. Fazer uso de dados para ajudar as empresas a entender sua força de

trabalho. Todas as empresas têm problemas. A maioria desses problemas

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tem a ver com pessoas. E a maioria dos problemas envolvendo pessoas se

deve à falta de compreensão. O CDD pode ajudar as organizações a entender

melhor suas pessoas e sua diversidade cognitiva.

2.3 Público-Alvo

O CDD foi desenvolvido para ser usado em contextos de gerenciamento de talentos,

especificamente na tomada de decisões relacionadas a talentos para cargos de colaboração

individual, gestão ou liderança. A avaliação não foi concebida para um setor específico, e as

pontuações não são afetadas por experiências profissionais ou educacionais anteriores. A

avaliação não foi desenvolvida para ser usada por pessoas menores de 18 anos. A ferramenta

foi desenvolvida para falantes de inglês com tradução para o português brasileiro disponível

pela plataforma da Insigna. O presente manual refere-se à versão em português do Brasil do

CDD. Ao traduzir o instrumento, são conduzidos estudos de replicação para garantir que haja

invariância de medição entre o inglês e as versões em outras línguas.

2.4 Feedback e Insights do Relatório

Ao concluir a avaliação, os usuários recebem um relatório gerado automaticamente. O

relatório possui três seções: Core Drivers, Trabalho em Equipe e Potencial. A seguir, cada uma

dessas seções é descrita.

2.4.1 Core Drivers

O CDD tem como base um modelo científico e empírico, além de ser uma ferramenta fácil

para ser utilizada. Em vez de sobrecarregar o usuário com muitas escalas e pontuações

percentuais, apresentamos somente o feedback sobre as três pontuações mais extremas. O

feedback é determinado comparando-se as pontuações com o banco de dados normativo, e

identificando as três escalas que mais se afastam da média da amostra. Como resultado, os

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usuários recebem três adjetivos que descrevem seus Core Drivers. Por exemplo, um indivíduo

com pontuações muito baixas em Agradabilidade e Abertura e altas pontuações em

Estabilidade Emocional seria descrito como Franco, Pragmático e Estável (consulte o Capítulo

3 para ver uma lista de todos os possíveis Core Drivers). Para que o usuário chegue

rapidamente ao insight e à compreensão, nós não fornecemos feedback sobre pontuações

que não se afastam muito da média, embora esses dados estejam disponíveis para os

administradores da plataforma.

Na seção de Core Drivers do relatório, os usuários encontrarão duas subseções: “Seus

Drivers” e “Seus Extremos”. A primeira seção descreve seus três Core Drivers olhando para

eles como pontos fortes (ou fortalezas). Ou seja, vendo como eles impactam positivamente

sua vida no trabalho. A segunda seção descreve como esses Core Drivers, podem gerar

problemas e atrapalhar o alcance de suas metas. O feedback nessa seção é voltado para

desenvolvimento, e foi criado para que os usuários possam se conscientizar sobre possíveis

problemas de comportamento e para que possam gerenciá-los da melhor maneira.

2.4.2 Trabalho em Equipe

A segunda seção é "Seu Trabalho em Equipe" e descreve como os Core Drivers de um

indivíduo afetam a maneira como ele interage e se relaciona com os outros e quando trabalha

em equipe. Com base em seu fator mais dominante de personalidade, os usuários recebem

uma Função na Equipe (Team Role), que corresponde ao papel que provavelmente

desempenham dentro de um grupo. Existem 12 Funções de Equipe possíveis:

1. O Sereno permanece tranquilo e calmo no trabalho. Consegue manter a cabeça fria quando

sob pressão, e outras pessoas o procuram para ajudar a manter a calma.

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2. O Guardião fica alerta para os perigos e mostra grande interesse em detectar e tratar os

riscos nos projetos de equipe. Gosta de receber feedback e duvida que as coisas são sempre

tão boas quanto parecem.

3. O Estipulador de Metas é focado e dedicado ao crescimento profissional. Tem uma clara

definição de sucesso e estabelece um plano para alcançá-lo.

4. O Torcedor é maleável e não está preocupado com status. Ao apoiar em vez de liderar, ele

não está preocupado em controlar seus companheiros de equipe.

5. O Articulador une as pessoas. Ajuda a equipe a construir relacionamentos, aumentar sua

rede de contatos e promover uma cultura de colaboração.

6. O Pensador é alguém independente e reflexivo. Ele se abstém de seguir a visão comum e

ajuda a equipe a refletir cuidadosamente.

7. O Empatizador constrói harmonia e reduz conflito. Ao preferir cooperar a dominar, garante

que a equipe permaneça unida.

8. O Defensor da Verdade faz a equipe manter os pés no chão. Está disposto a ter conversas

difíceis e responsabilizar as pessoas.

9. O Gestor de Projetos é organizado e confiável. Estabelece metas de longo prazo, planeja

com antecedência e mantém a equipe focada na tarefa.

10. O Desbloqueador de Caminhos é flexível, age rapidamente e não fica restrito às regras.

Ele vai eliminar bloqueios organizacionais para ajudar a equipe a realizar o trabalho.

11. A Máquina de Ideias adora observar e criar. Pode gerar novas ideias rapidamente e gosta

de fazer as coisas de maneira diferente.

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12. O Solucionador de Problemas prefere botar a “mão na massa”, ser prático e pé no chão.

Oferece fatos e uma visão pragmática das coisas e garante que a equipe mantenha uma

atitude realista.

Da mesma forma, baseado na atribuição de uma Função na Equipe, há duas subseções

adicionais que fornecem mais informações sobre seus pontos fortes relativos ("No seu

melhor") e limitações ("No seu extremo"). Esse feedback foi projetado para fornecer ao

indivíduo informação adicional sobre o seu talento e sobre o valor que pode beneficiar a

equipe, assim como dicas sobre comportamentos que podem causar um desempenho

insatisfatório em equipe, conflitos em grupo e ineficiência de modo geral.

2.4.3 Potencial

A seção final do relatório é "Seu Potencial". Essa seção fornece conselhos práticos e dicas

para ajudar as pessoas a aproveitar a conscientização adquirida nas seções anteriores do

relatório assim como a alcançar seus objetivos, melhorar comportamentos problemáticos e

levar uma vida mais gratificante e produtiva.

A primeira subseção, “Gatilhos”, descreve as tarefas, trabalhos e ambientes que o

indivíduo provavelmente achará mais envolventes e energizantes. Esse conhecimento é

especialmente útil quando o indivíduo está tentando identificar uma nova carreira ou decidir

em quais projetos deve trabalhar.

A segunda subseção, "Conhecimento", contém um conjunto de artigos, vídeos e podcasts

cuidadosamente selecionados. A partir de uma enorme biblioteca de conteúdo de

importantes cientistas, pensadores e líderes de pensamento, cada peça foi selecionada com

base no perfil de personalidade do indivíduo. Esse conteúdo o ajudará a entender de forma

mais aprofundada os temas explorados no relatório.

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A terceira subseção, “Habilidades no Trabalho”, descreve como uma pessoa normalmente

executa três habilidades que são centrais para um ótimo desempenho laboral: a capacidade

de lidar com o estresse, tomar decisões difíceis e resolver problemas desafiadores. Aqui

descrevemos como normalmente as pessoas exibem esses comportamentos e maneiras de

melhorá-los.

A quarta subseção, “Hábitos”, descreve três micro-hábitos que o indivíduo pode começar

a praticar. Mais uma vez, essas informações são exclusivas ao perfil de personalidade de cada

pessoa e projetadas para ajudar a fazer mudanças simples, melhorar comportamentos e o

alcance de seus objetivos.

A última subseção, “Interesses”, descreve atividades recreativas específicas que o

indivíduo pode querer explorar. A vida não é só trabalho. Para garantir o bem-estar é

importante criar espaço para fazer uma pausa no trabalho e praticar atividades de lazer. Com

base nas pontuações do indivíduo, fornecemos uma lista de atividades que correspondem a

esse perfil e acessos para o Meet Up (um site para comunidades focadas em hobbies

disponível no mundo todo) onde o indivíduo pode encontrar outras pessoas com interesses

em comum.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Embora existam sete bilhões de pessoas no planeta, a ciência tem mostrado que, apesar

de gostarmos de pensar que cada um de nós é um ser único, o nosso comportamento varia

em um número relativamente pequeno de dimensões (Schmitt, Allik, McCrae, & Benet-

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Martínez, 2007). Portanto, embora as pessoas mudem ao longo da vida, o fato é que as

tendências psicológicas de um indivíduo possuem um “centro de gravidade” comportamental

(Caspi, Roberts, & Shiner, 2005). Se você é um adolescente alegre e desorganizado, muito

provavelmente você se tornará um aposentado alegre e desorganizado. Se no seu casamento

você é um parceiro irritado e controlador, há poucas chances de você se transformar em um

líder equilibrado e inspirador no âmbito profissional.

Muitos dos problemas que as pessoas encontram em seus relacionamentos com os

outros (seja no trabalho, no lazer ou no amor) se devem à falta de compreensão. Isso tem

levado ao aumento no número de ferramentas populares de identificação de perfil

comportamental. Embora seja fácil de entender, ferramentas como essa são falhas e inexatas.

Como resultado disso, cientistas têm buscado desenvolver outras ferramentas mais científicas

e baseadas em dados que permitam oferecer insight e melhor compreensão sobre as

personalidades e comportamentos próprios e de outras pessoas.

Com base na ciência moderna, os cientistas da Deeper Signals criaram uma ferramenta

de fácil utilização e autoexplicativa. Com a abordagem adotada no seu desenvolvimento, é

possível fornecer às organizações e aos indivíduos um feedback personalizado e baseado em

dados, que pode ajudar o indivíduo a maximizar o seu potencial, trabalhar de maneira mais

produtiva com os outros e criar mudanças comportamentais duradouras. O capítulo seguinte

descreve o arcabouço teórico e a justificativa para o CDD.

3.1 O Modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade (CGF)

A questão central nas pesquisas atuais sobre personalidade não diz respeito ao

significado dos traços de personalidade ou à existência ou utilidade deles, mas diz respeito à

escolha de quais traços da personalidade devem ser avaliados. Ao longo dos últimos vinte

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anos, psicólogos têm fornecido provas convincentes de que as diferenças individuais na

personalidade podem ser classificadas com base em cinco traços principais: Estabilidade

Emocional, Extroversão, Agradabilidade, Conscienciosidade e Abertura à Experiência (Digman,

1990).

De fato, muitos psicólogos entendem que esses traços capturam a essência da

variabilidade interindividual, fornecendo um nível de descrição geral da pessoa que, se

adequado, deve ajudar a prever como ela se comportará no futuro. Comparado com outros

modelos de personalidade, os CGF servem como “moeda comum” e como “linguagem

universal” nas pesquisas sobre personalidade, podendo ser convertidos ou traduzidos em

muitas taxonomias diferentes. Portanto, as avaliações baseadas nos CGF oferecem aos

pesquisadores um grau de solidez e versatilidade ao tentar identificar, avaliar e prever

comportamentos futuros (Digman, 1990; Chamorro-Premuzic & Furnham, 2010).

Vale ressaltar que, embora os traços da personalidade não tenham sido identificados

com o objetivo de prever comportamentos no trabalho nem de gerenciar talentos, e embora

a personalidade supostamente não esteja relacionada à capacidade cognitiva, o fato de os

traços de personalidade descreverem diferenças gerais e consistentes entre os indivíduos

significa que são úteis em contextos de seleção de pessoas, podendo ser considerados

preditores de comportamentos no trabalho. De fato, constatou-se que a taxonomia consegue

prever uma série de resultados relacionados à vida pessoal e ao trabalho (Chamorro-Premuzic

& Furnham, 2010). A seguir, explicamos algumas das pesquisas que demonstraram a validade

preditiva do modelo CGF.

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3.1.1 Conscienciosidade

A Conscienciosidade descreve até que ponto um indivíduo pode ser visto como

competente, organizado, dedicado, orientado para o alcance dos objetivos, disciplinado e

determinado. Foi constatado que essa dimensão é um preditor consistente do desempenho

no trabalho e em treinamentos, com coeficientes meta-analíticos comparáveis aos de

capacidade cognitiva (Mount & Barrick, 1998). Esses pesquisadores afirmam que “indivíduos

que são confiáveis, persistentes, focados no alcance dos objetivos e organizados tendem a ter

desempenhos mais altos em praticamente qualquer trabalho; vistos de forma negativa,

aqueles que são descuidados, irresponsáveis, pouco esforçados para alcançar os objetivos e

impulsivos tendem a ter desempenho inferior em praticamente qualquer trabalho.” (p.851).

3.1.2 Estabilidade Emocional

A Estabilidade Emocional descreve até que ponto o indivíduo não é ansioso, hostil,

impulsivo, depressivo ou excessivamente inseguro. A estabilidade emocional descreve o

inverso do que é chamado neuroticismo. Ela tem sido associada ao desempenho no trabalho

e em contextos de treinamento, particularmente sob condições estressantes (Chamorro-

Premuzic, 2007). Embora as pesquisas meta-analíticas sobre o impacto da estabilidade

emocional nos resultados no trabalho não tenham chegado a um consenso, teorias recentes

têm alegado que a relação entre a Estabilidade Emocional e o desempenho é curvilínea, onde

muito alto ou muito baixo na dimensão reduz o desempenho. Isso explica por que, sob

algumas circunstâncias – particularmente pressão situacional notavelmente baixa ou tarefas

menos estimulantes – os indivíduos neuróticos têm vantagem sobre suas contrapartes

estáveis, pois estão naturalmente mais alertas a possíveis ameaças no ambiente. Sob essa

mesma lógica, estudos referentes a controladores de tráfego aéreo tendem a relatar um

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desempenho superior de indivíduos com alto neuroticismo (i.e., baixa estabilidade emocional)

(Matthews, 1999).

3.1.3 Extroversão

A Extroversão descreve até que ponto um indivíduo é gregário, proativo, assertivo e

entusiasta, e exibe emotividade positiva. Os indivíduos com pontuação baixa nessa dimensão

podem ser descritos como Introvertidos. Constatou-se que as pontuações na Extroversão

preveem desempenho em vendas, eficácia gerencial e surgimento de liderança (Mount,

Barrick e Stewart, 1998). Além disso, alguns pesquisadores têm defendido que a dimensão

pode ser dividida em duas subdimensões: uma descreve a sociabilidade e gregarismo da

Extroversão, enquanto a outra descreve a determinação, ambição e proatividade (Hogan &

Hogan, 2007; Judge & Kammeyer-Meyer, 2012). Dessa forma, alguns Extrovertidos podem ser

caracterizados mais por sua tendência a vivenciar afeto positivo, ser sociáveis e gostar da

companhia de outros (do mesmo modo em que temem ficar sozinhos), enquanto em outros

Extrovertidos a característica principal seria a dominância, a autoconfiança e a liderança.

3.1.4 Agradabilidade

A Agradabilidade descreve até que ponto um indivíduo confia nas pessoas, é altruísta,

modesto, empático e complacente. A Agradabilidade é vantajosa em trabalhos que exigem

interações interpessoais ou nos quais é primordial estabelecer bons relacionamentos (Mount

et al., 1998). Um caso típico é o atendimento ao cliente onde, de fato, foi constatado que a

Agradabilidade pode prever com bastante exatidão o desempenho na execução desse tipo de

trabalho (Hurtz & Donovan, 2000), especialmente se baseada em tarefas de equipe e não em

tarefas individuais (Barrick, Stewart, Neubert & Mount, 1998). A Agradabilidade também

parece moderar os efeitos da Conscienciosidade – o mais forte traço de personalidade

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correlacionado ao desempenho no trabalho ou aos resultados relacionados ao trabalho (Witt

& Ferris, 2003). Assim, pessoas que pontuam alto na Conscienciosidade (conscienciosas) e

baixo na Agradabilidade tendem a entrar em conflito com os outros; enquanto pessoas que

pontuam alto na Conscienciosidade e na Agradabilidade se beneficiarão dos efeitos sinérgicos

da disciplina e da cooperação. Ainda nessa linha, as baixas pontuações em Agradabilidade

estão relacionadas a comportamentos de trabalho contraproducentes e comportamentos

sociais impróprios que podem perturbar os outros e prejudicar o desempenho (Mount, Ilies,

& Johnson, 2006).

3.1.5 Abertura à Experiência

A Abertura à Experiência (ou Abertura) descreve até que ponto um indivíduo é movido

pela fantasia e pelo lado artístico, é guiado pelo sentimento, orientado para a ação, é

ideacional e tem valores liberais. A Abertura está frequentemente relacionada a resultados e

atividades intelectuais como curiosidade e agilidade na aprendizagem, sendo assim um

preditor de desempenho para quem trabalha em funções e ambientes artísticos (Ackerman &

Haggestad, 1997; Kaufman et al., 2016). Além disso, está relacionada com a adoção de

atitudes mais tolerantes e inclusivas, níveis superiores de capacidade cognitiva e produção de

resultados mais inovadores (Akhtar, Humpheys & Furnham, 2015; Lee et al. 2010; Leutner,

Ahmetoglu, Akhtar & Chamorro-Premuzic, 2014). Indivíduos com baixas pontuações nessa

dimensão normalmente pensam de maneiras mais conservadoras, resolvendo problemas de

modo prático e pragmático, sem interesse em ideias abstratas, e com pouca probabilidade de

investir tempo em atividades intelectuais (Chamorro-Premuzic, 2007).

Page 18: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

18

3.2 O Modelo que embasa o CDD e os Core Drivers

Dadas as evidências analisadas na seção anterior, foi tomada a decisão de basear o

CDD no modeloCGF. O CDD mede seis disposições globais de personalidade. Existem duas

denominações para cada uma das escalas do modelo CGF, uma representando o extremo

superior e a outra o extremo inferior da escala. Embora o CDD tenha sido baseado no CGF,

uma pequena modificação foi realizada na operacionalização do modelo CGF, uma vez que a

avaliação foi desenvolvida para uso em contextos práticos. Especificamente, a Extroversão foi

dividida em duas escalas, uma associada à socialização e tendência ao gregarismo, e a outra

ao direcionamento, proatividade e ambição das pessoas. Essa divisão da Extroversão

possibilitou que cada escala especificamente focasse em um aspecto relevante desse fator

(Ones & Viswesvaran, 1996), fazendo com que o uso prático da escala fosse potencializado.

Essa decisão é suportada pela literatura (e.g., Costa & McCrae, 2008), havendo evidências

prévias de que a Extroversão está associada à ambição e pró-atividade (Judge & Kammeyer-

Mueller, 2012), e direcionamento e pró-atividade são preditores significativos do sucesso em

uma carreira (Seibert, Crant, & Kraimer, 1999)2. A divisão da Extroversão em duas escalas é:

Extroversão-gregarismo e Extroversão-proatividade, distinguindo entre as disposições

expansivas e sociáveis da Extroversão e as disposições ambiciosas, determinadas e cheias de

energia, respectivamente.

Para o respondente do CDD, é apresentado os Core Drivers que se referem às três

pontuações mais extremas desse indivíduo nas seis escalas que compõem a avaliação. Tal qual

2 Separar a Extroversão em duas escalas tem impacto nas propriedades psicométricas do teste. Como demonstrado nos parágrafos seguintes, a análise fatorial sugere que as duas escalas de Extroversão são explicadas por um fator, mas as análises de correlação indicam que as duas escalas separadas de Extroversão têm um padrão de covariância diferente com os outros fatores do CDD e outras medidas psicológicas. Seguindo a lógica da incerta de Heisenberg, os construtos não devem ser definidos por sua mensuração, mas o foco deve ser dado à definição dos construtos e às evidências de validade (Barrett, 2003).

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19

explicado anteriormente, os Core Drivers são determinados ao comparar as pontuações com

o banco de dados normativo, e ao identificar as três escalas que mais se afastam da média da

amostra. Um resumo dos Core Drivers e de como eles se relacionam com o modelo CGF da

personalidade pode ser visto na Tabela 1. Para facilitar, ao discutir os Core Drivers e relatar

suas propriedades psicométricas, nos referimos ao seu extremo superior.

Tabela 1: Modelo Core Drivers

Core Drivers Extremo inferior

Modelo CGF Dimensão

Core Drivers Extremo superior

Franco Crítico, com personalidade forte

Agradabilidade Respeitoso

Adaptável, cooperativo, amigável

Flexível Flexível, reativo, impulsivo

Conscienciosidade Disciplinado

Organizado, confiável, ponderado

Reservado Reservado, quieto, introspectivo

Extroversão - Gregarismo Expansivo

Sociável, expansivo, falante

Descontraído Descontraído, sossegado, humilde

Extroversão - Proatividade

Determinado Ambicioso, assume riscos, focado em

objetivos

Pragmático Pragmático, prático, direto

Abertura Curioso

Criativo, intelectualizado, inquisitivo

Entusiasmado Fervoroso, ansioso, autocrítico

Estabilidade emocional Estável

Emocionalmente estável, calmo, tranquilo

Nota. No teste CDD, o nome dado aos seis fatores (ou escalas) que o compõem foi baseado no Extremo Superior desta tabela. Portanto, são os fatores: Respeitoso, Disciplinado, Expansivo, Determinado, Curioso e Estável.

De acordo com o que está apresentado na Tabela 1, cada um dos Core Drivers, isto é,

cada um dos fatores que compõem o CDD, está diretamente relacionado a uma dimensão do

CGF. Cada fator possui um extremo inferior e um extremo superior. O nome dado a cada fator

foi baseado no seu extremo superior, representando a direção do construto que está sendo

avaliado pelo fator.

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20

4 DESENVOLVIMENTO DO CORE DRIVERS DIAGNOSTIC E PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS

DA VERSÃO ORIGINAL

Este capítulo descreve, primeiramente, o processo e a metodologia usada para

desenvolver o CDD. Em seguida, apresentamos as propriedades psicométricas da ferramenta,

especificamente as estatísticas descritivas, estimativas de consistência interna e

intercorrelações.

4.1 Desenvolvimento e Evidências de Validade para os Itens

Um processo de desenvolvimento científico e robusto foi utilizado para criar o CDD.

Em primeiro lugar, os especialistas da área, com estudos avançados em psicologia

organizacional e em psicometria, analisaram a literatura científica sobre o modelo CGF, assim

como taxonomias mais recentes, como o modelo HEXACO (Goldberg, 1992; Lee & Ashton,

2004; Roberts, Kuncel, Shiner, Caspi, & Goldberg, 2007; Saucier, 1994). Isso levou à

identificação de seis domínios comportamentais com maior potencial para prever o sucesso

pessoal e profissional: a tendência para a ser Respeitoso, Disciplinado, Determinado,

Expansivo, Curioso e Estável. Tal qual está apresentado ao longo desse manual técnico, os

fatores do CDD foram nomeados com base nessa nomenclatura.

Utilizando essa taxonomia comportamental, os especialistas geraram um banco de itens

hipotetizados para medir o afeto, as cognições e os comportamentos característicos dos seis

domínios comportamentais. A ferramenta foi concebida para que os usuários escolham um

dos dois adjetivos que melhor os descreve. Os adjetivos representam os dois extremos do

continuum comportamental. Alguns exemplos são: "irritável" versus "bonzinho" (Estável),

"calado" versus "falante" (Expansivo), "altruísta" versus "competitivo" (Determinado),

"desorganizado" versus "obsessivo" (Disciplinado), "direto" versus “respeitoso” (Respeitoso),

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21

“prático” versus “inventivo” (Curioso). Optamos pelo formato de escolha forçada para os

pares de adjetivos em vez de itens tradicionais para poder oferecer uma experiência de teste

otimizada e também combater a tendência de algumas pessoas para falsear respostas com o

objetivo de parecerem ter mais traços socialmente desejados do que realmente têm (Meade,

Pappalardo, Braddy, & Fleenor, 2018). Esses pares de adjetivos foram testados pelos

especialistas para verificação de evidências de validade aparente e validade de conteúdo;

foram criticados, refinados e enxugados até chegar a um conjunto potencial de 175 pares de

adjetivos compreendendo aproximadamente 30 para cada um dos seis domínios.

Em segundo lugar, os pares de adjetivos foram testados quanto à desejabilidade social.

Dada a natureza de escolha forçada dos itens, era fundamental que qualquer uma das opções

fosse igualmente desejável ou indesejável. Para conseguir isso, uma amostra total de 15.148

profissionais adultos nos Estados Unidos respondeu a cada par de adjetivos. Qualquer par de

adjetivos que fosse escolhido por mais de 60% do grupo foi descartado. Dessa forma, o

conjunto de itens foi reduzido a 83 pares de adjetivos.

Como terceiro passo, procuramos reduzir ainda mais o número de pares de adjetivos para

manter aqueles que geraram escalas com as melhores propriedades psicométricas. Isto foi

possível usando dados de uma amostra de 1.051 profissionais adultos e técnicas estatísticas

(i.e, estatística descritiva, correlações entre itens, medidas de consistência interna, análise

fatorial exploratória e confirmatória). Esse processo revelou uma clara estrutura fatorial com

seis escalas, cada uma composta por 10 itens e bons níveis de consistência interna (tal qual

apresentado neste manual). Essa análise gerou o conjunto final de itens composto por 60

pares de adjetivos.

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22

Em quarto lugar, verificamos evidências de validade com base na relação com variáveis

externas para a ferramenta. Para isso, selecionamos três amostras de adultos trabalhadores

(Amostra 1 N = 374, Amostra 2 N = 2.218, Amostra 3 N = 928). As três amostras responderam

o CDD, além de uma bateria de inventários psicométricos, sendo eles: medidas do modelo

CGF, do Dark Triad, interesses vocacionais, engajamento no trabalho e medidas de autorrelato

indicadoras do desempenho no trabalho. Essa coleta de dados de várias amostras nos

permitiu testar a estabilidade e generalização das propriedades psicométricas e identificar

evidências de validade para a ferramenta.

A etapa final envolveu a criação de um banco de dados normativo para que as pontuações

de um indivíduo possam ser comparadas, avaliadas tomando como referência uma população

representativa, e testadas quanto a impacto adverso. Com esse fim, agregamos todos os

dados que tinham sido coletados anteriormente. No total, para desenvolver e validar o CDD

foram coletados dados de mais de 35.000 profissionais adultos nos Estados Unidos. As seções

seguintes descrevem os resultados dessas análises e as propriedades psicométricas de cada

escala.

4.2 Estatísticas Descritivas, Fidedignidade e evidências de validade com base na estrutura

interna para a versão original do CDD

Na Tabela 2 apresentamos a estatística descritiva das seis escalas. Para cada escala, a

média de pontuação e seu desvio padrão são apresentados juntamente com as pontuações

mínima e máxima, assim como uma estimativa da fidedignidade da escala.

Os itens estão no formato de resposta de escolha forçada, onde os adjetivos são

respondidos em forma de "0" ou "1". Com dez itens por escala, as pontuações podem variar

de zero e dez. Por exemplo, os indivíduos que selecionam positivo para cada item da escala

Page 23: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

23

Respeitoso, obtêm uma pontuação de dez, o que significa que são amigáveis, afetuosos e

agem com integridade, enquanto a pontuação zero indica que o indivíduo é direto, franco e

manipulador.

Ao agregar os dados coletados, a pontuação média para cada escala mostra variações

similares e os desvios-padrão se mostram comparáveis. As respectivas pontuações mínima e

máxima indicam que uma ampla gama de pontuações foi refletida. Além disso, as escalas

apresentam distribuição normal, tal como mostram as pontuações de assimetria estatística e

curtose. Finalmente, as escalas apresentam níveis aceitáveis de consistência interna

(estimativas maiores que > .60 são desejáveis), o que sugere que os participantes respondem

a cada item de maneira consistente (Cronbach, 1951).

Tabela 2. Estatísticas Descritivas e Fidedignidade.

Escala N M DP Med Min Max Assim Cur α

Respeitoso 1,712 5,42 2,53 6 0 10 -0,14 -0,75 0,68

Disciplinado 7,173 5,56 2,79 6 0 10 -0,15 -0,97 0,76

Determinado 5,854 4,61 2,95 5 0 10 0,10 -1,07 0,80

Expansivo 6,820 4,63 2,93 5 0 10 0,08 -1,12 0,80

Curioso 7,352 4,97 2,56 5 0 10 -0,04 -0,85 0,70

Estável 6,237 4,90 2,19 5 0 10 -0,04 -0,59 0,61

Nota: M = Média, DP = Desvio-Padrão, Med = Mediana, Min = Mínima, Max = Máxima, Assim = Assimetria, Cur = Curtose; α = Alfa de Cronbach.

A Tabela 3 mostra os resultados da Análise por Componentes Principais (ACP) com

rotação varimax. Seguindo a prática padrão, foi analisado o scree plot para identificar o

número de fatores a serem extraídos, o que indicou cinco componentes. Ao extrair cinco

componentes e inspecionar a matriz de padrões rotacionados, itens foram carregados em

coeficientes com valores notadamente diferentes de zero em componentes distintos,

conforme a hipótese. Aqui uma ressalva é necessária. Embora o CDD seja composto por seis

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24

fatores, um modelo composto por cinco fatores era esperado empiricamente, considerando

o modelo CGF. A junção de seis fatores em cinco pode ocorrer, de acordo com a literatura

prévia (Costa, McCrae & Dye, 1991; Judge, & Kammeyer-Mueller, 2012), já que os domínios

Expansivo e Determinado têm uma dimensão subjacente em comum, a Extroversão, tal qual

pode ser observado nos resultados apresentados na Tabela 3. Os itens pertencentes à escala

Determinado carregaram nos componentes Expansivo (positivamente) e Respeitoso

(negativamente). Isso era esperado, já que a escala pertence a uma dimensão

comportamental de primeira ordem (Mount, Barrick, Scullen e Rounds, 2005). Tal qual

explicado em nota anterior neste manual, embora a análise fatorial indique a junção dos

fatores de Extroversão em um só componente, as análises buscando evidências de validade

com base em variáveis externas corroboram a manutenção da estrutura com seus fatores,

separando extroversão em dois componentes. No geral, a ACP explicou 34% da variância. Os

componentes um e dois explicados foram responsáveis pela maior variância (10% e 8%,

respectivamente), seguidos pelos componentes 3 (6%) e componentes 4 e 5 (5% cada).

Tabela 3. Resultados da Análise por Componentes Principais

Item

1. Expansivo

2. Respeitoso

3. Disciplinado

4. Estável

5. Curioso

RESP-1 0,42

RESP -2 -0,32 0,32

RESP -3 0,40

RESP -4 0,55

RESP -5 0,42 0,34

RESP -6 0,51

RESP -7 0,36

RESP-8 0,56

RESP-9 0,47

RESP -10 0,36 0,47

DIS-1 0,39

DIS-2 0,36

DIS-3 0,46

DIS-4 0,64

DIS-5 0,59

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25

DIS-6 0,58

DIS-7 0,49

DIS-8 0,59

DIS-9 0,60

DIS-10 0,65

DET-1 0,49 0,39

DET -2 0,42 -0,28 0,39

DET -3 0,19 -0,61

DET -4 0,20 -0,55

DET -5 0,19 -0,37 0,35

DET -6 0,31 -0,29 0,30

DET -7 0,13 -0,54

DET -8 0,22 -0,42

DET -9 0,28 -0,40

DET -10 0,29 -0,38 0,33

EXP-1 0,42

EXP -2 0,67

EXP -3 0,69

EXP -4 0,70

EXP -5 0,63

EXP -6 0,59

EXP-7 0,51 -0,39

EXP-8 0,70

EXP-9 0,50

EXP-10 0,50

CUR-1 0,62

CUR-2 0,56

CUR-3 0,44

CUR-4 -0,36 -0,31 0,37

CUR-5 0,14

CUR-6 -0,45 0,23

CUR-7 0,41

CUR-8 0,60

CUR-9 0,57

CUR-10 0,66

EST-1 0,53

EST -2 0,13

EST -3 0,60

EST -4 0,53 0,35

EST -5 0,52

EST -6 0,44

EST -7 0,32 0,41

EST -8 0,50

EST -9 0,53 0,40

EST -10 0,51

Nota: N = 929. RESP = Respeitoso, DIS = Disciplinado, DET = Determinado, EXP = Expansivo, CUR = Curioso, EST = Estável. Para fins de apresentação, a carga dos itens maiores/menores que ± .30 não são mostradas. Exceções foram feitas para destacar casos em que os itens carregaram em componentes coerentes.

Page 26: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

26

4.3 A Intercorrelação entre Escalas

A Tabela 4 exibe a correlação entre as seis escalas. Essas correlações foram

computadas para entender como as pontuações nas seis escalas estão relacionadas entre si.

Replicando outras análises que têm correlacionado o modelo CGF (Rushton & Irwing, 2008),

as escalas do CDD estão, na maioria das vezes, correlacionadas entre si. Vale discutir algumas

dessas relações. Primeiro, a escala Determinado aparece negativamente correlacionada com

as pontuações de Respeitoso e Disciplinado, enquanto positivamente correlacionada com as

pontuações de Expansivo. Dado que a escala Determinado reflete um domínio

comportamental de primeira ordem, tais relações foram hipotetizadas. Essas relações

também se refletem na análise ACP apresentada na Tabela 3. Em segundo lugar, Disciplinado

está negativamente correlacionado com as pontuações de Curioso. Isso sugere que é pouco

provável que indivíduos organizados e confiáveis sejam curiosos e criativos, uma relação que

encontra fundamentação na literatura existente (Furnham, Zhang, & Chamorro-Premuzic,

2005). Em terceiro lugar, as escalas Expansivo, Determinado e Curioso estão positivamente

correlacionadas entre si, sugerindo que os indivíduos sociáveis são mais ambiciosos e mente

aberta. Por fim, a correlação positiva entre as escalas Respeitoso e Estável sugere que

indivíduos amigáveis e empáticos são emocionalmente estáveis e não propensos a

sentimentos de ansiedade.

Tabela 4. Correlações entre as Escalas

Respeitoso Disciplinado Determinado Expansivo Curioso Estável Respeitoso — Disciplinado 0,17* — Determinado -0,41* -0,19* — Expansivo 0,00 -0,19* 0,51* — Curioso -0,05 -0,41* 0,15* 0,23* — Estável 0,18* -0,03 0,28* 0,32* 0,05 —

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27

Nota: N = 938. * p < 0,05.

5 EVIDÊNCIAS DE VALIDADE COM BASE NA RELAÇÃO COM VARIÁVEIS EXTERNAS PARA A

VERSÃO ORIGINAL DO CDD

O Capítulo 4 demonstrou que as escalas exibem adequada fidedignidade por consistência

interna e estrutura fatorial (evidências de validade com base na estrutura interna). Neste

capítulo, buscamos evidências de validade com base na relação com variáveis externas para o

CDD.

Primeiro, respondemos à questão: “até que ponto as pontuações nas dimensões se

correlacionam com construtos psicológicos?”. Enquanto a validade convergente testa até que

ponto uma escala se correlaciona com outras variáveis que são hipotetizadas para medir um

domínio comportamental similar, a validade discriminante testa até que ponto uma escala

não se correlaciona com variáveis que medem domínios comportamentais diferentes.

Estabelecer a validade convergente e a discriminante é importante na construção

psicométrica, uma vez que coloca as escalas dentro de uma rede nomológica de construtos

psicológicos de construtos psicológicos. Isso serve como evidência adicional para afirmar que

as escalas medem os comportamentos desejados, o que aumenta a interpretabilidade das

pontuações. Em segundo lugar, fornecemos evidência que demonstra a validade concorrente

da escala, respondendo dessa forma à pergunta: “Até que ponto as pontuações nas dimensões

se correlacionam com comportamentos e resultados relevantes no contexto do trabalho?”.

Embora as análises a seguir demonstrem múltiplas formas de evidências de validade, são

necessárias mais evidências para confirmar a validade preditiva das escalas, ou seja, a

capacidade de prever resultados futuros no contexto do trabalho. Conforme estabelecido nas

Page 28: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

28

diretrizes e regulamentações da US EEOC (veja

https://www.eeoc.gov/policy/docs/factemployment_procedures.html), é fundamental

demonstrar a validade preditiva se essas escalas forem usadas em contextos aplicados e para

ajudar a tomar decisões de seleção ou contratação.

5.1 Evidências de Validade Convergente e Discriminante com a versão original do CDD

A seguinte seção descreve as medidas usadas para verificar evidências de validade

convergente e discriminante das escalas, assim como a apresentação e interpretação dessas

análises. Para verificar evidências de validade convergente e a validade discriminante do CDD,

selecionamos alguns inventários relacionados ao modelo teórico da ferramenta e que têm

sido amplamente validados em contextos aplicados e de pesquisa.

5.1.1 Medidas

Mini-IPIP Big Five Personality Inventory (Donnellan, Oswald, Baird, Lucas, 2006)

O inventário Mini-IPIP é uma versão de 20 itens do amplamente utilizado inventário

IPIP de Personalidade dos CGF (Goldberg et al., 2006). Esse inventário mede cinco dimensões:

Extroversão, Agradabilidade, Conscienciosidade, Estabilidade Emocional e Abertura. O

modelo CGF da personalidade tornou-se a taxonomia de facto para organizar, descrever e

medir as dimensões da personalidade. Foi constatado que essa taxonomia é capaz de prever

uma série de resultados relacionados à vida e ao trabalho (Barrick e Mount, 1991). Os

participantes responderam a cada item usando uma escala Likert de cinco pontos (Discordo

Totalmente até Concordo Totalmente).

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29

Inventário Hogan de Personalidade (IHP): Formulário do Banco Internacional de Itens de

Personalidade (IHP:IPIP; Goldberg et al., 2006; Hogan & Hogan, 2007)

O IHP:IPIP é uma versão não comercial do IHP, uma conhecida avaliação de

personalidade usada em contextos de seleção e desenvolvimento. Foi constatado que o IHP

prevê uma série de resultados relevantes relacionados ao trabalho, tais como desempenho,

eficácia de liderança e inovação (para uma revisão, ver Akhtar, Humphreys, Furnham, 2015).

O IHP:IPIP mede sete dimensões comportamentais: Ajustamento, Ambição, Sociabilidade,

Sensibilidade Interpessoal, Prudência, Inquisitivo e Abordagem de Aprendizagem. O

inventário é composto por 70 itens, cada um dos quais tem que ser respondido pelos usuários

usando uma escala Likert de cinco pontos (Discordo Totalmente até Concordo Totalmente). A

correlação média entre as escalas IHP:IPIP e IHP é de 0,70, o que sugere um alto nível de

validade convergente entre a versão comercial e a não comercial da avaliação.

O Inventário HEXACO da Personalidade (Lee & Ashton, 2004)

O modelo de traços de personalidade HEXACO consiste em seis diferentes fatores de

personalidade: Honestidade/Humildade, Emotividade, Extroversão, Agradabilidade,

Conscienciosidade e Abertura, juntamente com quatro facetas para cada fator. Para os

propósitos desta análise, os participantes responderam itens apenas da escala

Honestidade/Humildade. Indivíduos com pontuações muito altas na escala Honestidade-

Humildade evitam manipular os outros para benefício pessoal, se sentem pouco tentados a

quebrar regras, não estão interessados em riqueza e luxos extravagantes e não sentem que

têm o direito a um status social elevado. Por outro lado, pessoas com pontuações muito baixas

nessa escala tendem a elogiar outras pessoas para conseguir o que querem, podem quebrar

regras para benefício pessoal, estão motivadas por ganho material e sentem um forte senso

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30

de autovalorização. Os participantes foram convidados a expressar a sua concordância

(Discordo Totalmente até Concordo Totalmente) em relação às afirmações. A escala consiste

em 10 itens, demonstra altos níveis de consistência interna e é considerada um preditor válido

de resultados na vida e no trabalho (Lee & Ashton, 2004).

Mini-Interest Profiler da O*Net (Rounds, Ming, Cao, Song, & Lewis, 2016)

O Mini-Interest Profiler da O*Net é um inventário de 30 itens que mede os interesses

e preferências vocacionais de um indivíduo. Com base no modelo de interesses vocacionais

de Holland, o inventário mede seis tipos de personalidade: Realista, Artística, Investigativa,

Social, Empreendedora e Convencional (Holland, 1997). As pontuações nessas dimensões são

contrastadas com um banco de dados de profissões (O*Net) dos Estados Unidos. Essa

ferramenta é amplamente usada para propósitos de orientação de carreira e para

compreender a adequação entre a personalidade de um indivíduo e um determinado

trabalho.

Dark Triad Dirty Dozen (DTDD) (Jonason & Webster, 2010).

A DTDD é um inventário formado por 12 itens para avaliar a Tríade Sombria da

personalidade (Dark Triad). A Dark Triad representa três amplas dimensões sociais malévolas

e agênticas da personalidade: a Psicopatia, o Narcisismo e o Maquiavelismo. Os indivíduos

com pontuações altas nessas três dimensões da personalidade são provavelmente insensíveis,

indiferentes e egoístas (Psicopatia), egocêntricos e exageradamente confiantes (Narcisismo)

e manipuladores e exploradores (Maquiavelismo). Constatou-se que essas dimensões

preveem desempenho no trabalho, engajamento e comportamentos relacionados ao trabalho

(Furnham, Richards e Paulhus, 2013). Os participantes responderam cada item usando uma

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31

escala Likert de cinco pontos (Discordo Totalmente até Concordo Totalmente). Cada escala

demonstrou ter níveis aceitáveis de consistência interna (α > .70).

Orientação à Dominância Social (Ho et al., 2015)

A Orientação à Dominância Social (ODS) mede a atitude de um indivíduo em suas

propensões de apoio à desigualdade entre grupos sociais. Constatou-se que a ODS tem um

papel fundamental em uma variedade de atitudes e comportamentos intergrupais. A escala é

composta por 16 itens que são classificados por meio de uma escala Likert de sete pontos

(Oponho-me fortemente até Apoio fortemente) e tem altos níveis de consistência interna (α

> .70). Pontuações nesta escala estão correlacionadas à expressão de atitudes racistas, à

expressão de sentimentos contra imigrantes e ao apoio a políticas nacionalistas.

Autoritarismo de Direita (Zakrisson, 2005)

O Autoritarismo de Direita (AD) descreve a propensão de um indivíduo a se submeter às

autoridades que são vistas como estabelecidas e legítimas, assim como a tendência a aderir a

convenções e normas sociais e a reagir com hostilidade às pessoas que não aderem a elas.

Aqueles com pontuação mais altas valorizam a uniformidade e são a favor do uso da

autoridade de grupo, inclusive da coerção, para consegui-la. A escala consiste em 15 itens, e

os participantes respondem usando uma escala Likert de cinco pontos. A escala tem altos

níveis de consistência interna (α > 0,70) e está correlacionada com as pontuações da ODS

conjuntamente com a propensão a atitudes racistas e sexistas (Zakrisson, 2005).

5.1.2 Resultados da Busca por Evidências de Validade Convergente e Discriminante para a

versão original do Core Drivers Diagnostic

As próximas seções descrevem a validade convergente e a validade discriminante do CDD,

enfatizando e interpretando as correlações estatisticamente significativas. Os resultados

Page 32: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

32

sintetizados estão apresentados de maneira agrupada para cada uma das escalas (fatores) do

CDD.

5.1.3 Respeitoso

A escala Respeitoso mede até que ponto os indivíduos são compassivos, cooperativos e

amigáveis versus questionadores, durões e desconfiados. Com base na dimensão

Agradabilidade do CGF (Goldberg, 1992), os indivíduos que pontuam mais alto normalmente

são pró-sociais, empáticos e procuram evitar conflitos. Por outro lado, pontuações baixas

evidenciam indivíduos propensos a quebrar regras, tomar decisões difíceis e agir de forma

egoísta. A Tabela 7 mostra a correlação entre as pontuações em Respeitoso e uma série de

construtos psicológicos.

Ao explorar a relação entre as pontuações nos CGF e no IHP, a escala Respeitoso

correlacionou-se positivamente com as medidas de Agradabilidade e Sensibilidade

Interpessoal. Essa relação positiva já era esperada (Hogan, 1995) uma vez que as três escalas

afirmam ter avaliar o mesmo domínio comportamental. Curiosamente, as pontuações em

Respeitoso e as pontuações em Consciencioso não apresentaram correlação, mas foram

positivamente correlacionadas com a escala Prudência. Embora as duas escalas coincidam nos

comportamentos exemplificados, a segunda enfatiza o comportamento detalhista,

organizado e confiável. A correlação positiva com Prudência sugere que os indivíduos

respeitosos provavelmente também exibem tais comportamentos. As pontuações na escala

Respeitoso não mostraram relação com medidas de Neuroticismo e Estabilidade Emocional.

As pontuações na escala Respeitoso exibiram correlação negativa com as pontuações de

Extroversão e Sociabilidade, sugerindo que indivíduos com pontuações altas não são

socialmente expansivos ou buscam muito envolvimento com outras pessoas. Por último, as

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33

pontuações na escala Respeitoso não mostraram relação com medidas de Abertura,

Inquisitivo e Abordagem de Aprendizagem.

A Dark Triad correlacionou-se negativamente com as pontuações na escala

Respeitoso, especificamente o Maquiavelismo e a Psicopatia. Essa relação está em

consonância com o descrito na literatura existente (Furnham et al., 2013). Os indivíduos que

pontuaram baixo na escala Respeitoso tendem a ser manipuladores, insensíveis e desonestos.

Pontuações altas sugerem pessoas que tendem a seguir as regras, a ser honestas e empáticas.

O estudo da relação entre os interesses vocacionais e as pontuações na escala

Respeitoso indica que é pouco provável que indivíduos com pontuações altas se interessem

por carreiras que exijam atividade física e resolução de problemas concretos (Realistas),

expressão criativa e ambiguidade (Artística) ou que liderem, influenciem ou persuadam outros

(Empreendedora).

Por último, as pontuações na escala Respeitoso foram relacionadas às pontuações de

Honestidade/Humildade, o que indica que indivíduos com pontuações mais altas possuem um

forte direcionamento moral, agem com integridade e justiça, são confiáveis e não são

motivados por sentimentos de ganância. Da mesma forma, as pontuações estão

negativamente correlacionadas com a ODS, sugerindo que pessoas com pontuações altas não

sentem a necessidade nociva de controlar os outros e de mostrar atitudes favoráveis à

discriminação de grupos.

5.1.4 Disciplinado

A escala Disciplinado mede até que ponto um indivíduo pode ser descrito como

organizado, confiável e criterioso versus flexível, reativo e impulsivo. Com base na dimensão

Conscienciosidade dos CGF (Goldberg, 1992), os indivíduos com pontuações mais altas são

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34

geralmente eficientes, autodisciplinados e dedicados. Por outro lado, as menores pontuações

indicam indivíduos flexíveis, espontâneos, reativos e impulsivos. A Tabela 7 apresenta a

correlação entre as Pontuações Disciplinado e outros construtos psicológicos.

Ao examinar a relação entre as pontuações em Disciplinado com as escalas dos CGF e do

IHP, constatou-se que a escala apresenta correlação positiva com as pontuações de

Conscienciosidade e Prudência. Como essas escalas refletem o mesmo domínio

comportamental, um alto nível de convergência já era esperado. A escala não mostrou relação

com as medidas de Agradabilidade e Sensibilidade Interpessoal. As pontuações também não

mostraram relação com Neuroticismo, mas mostraram um leve relacionamento positivo com

o Ajustamento. Isso sugere que indivíduos que pontuam alto em Disciplinado têm uma leve

tendência a ser emocionalmente equilibrados, calmos e demonstram baixos índices de

ansiedade. As pontuações na escala Disciplinado apresentaram correlação negativa com as

medidas de Extroversão e Sociabilidade: indivíduos com pontuações mais altas tendem a

valorizar a independência, a autonomia e a própria companhia mais do que a interação e a

socialização com os outros. Por fim, a escala não mostrou estar relacionada com as medidas

de Abertura, Inquisitivo e Abordagem à Aprendizagem.

Constatou-se que a escala Disciplinado mostra correlação negativa com muitos dos

interesses vocacionais. Especificamente, é pouco provável que indivíduos com altas

pontuações se interessem por carreiras que podem ser caracterizadas como Realistas,

Investigativas, Artísticas ou Sociais. Por último, a escala Disciplinado não encontrou relação

com as três dimensões da Tríade Sombria, nem com medidas de Honestidade/Humildade,

ODS e AD (Autoritarismo de Direita).

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35

5.1.5 Determinado

A escala Determinado mede até que ponto um indivíduo é ambicioso, tende a arriscar e é

focado em objetivos, versus descontraído, sossegado e humilde. Como apontado

anteriormente, o CDD tem como base principal o modelo CGF da personalidade. No entanto,

a escala Determinado sofre uma variação e mede um domínio comportamental de primeira

ordem relacionado à ambição e à necessidade de realização. Os indivíduos com pontuações

mais altas tendem a ser descritos como persistentes, trabalhadores e proativos. Por outro

lado, as menores pontuações sugerem indivíduos descontraídos, satisfeitos e humildes. A

Tabela 7 mostra a correlação entre as pontuações em Determinado e outros construtos

psicológicos.

Em primeiro lugar, as pontuações na escala Determinado estão significativamente

correlacionadas com as escalas do CGF. Em particular, a escala apresentou correlação negativa

com as pontuações em Agradabilidade e Neuroticismo, e correlação positiva com Extroversão

e Abertura. Portanto, é possível afirmar que indivíduos com altas pontuações em Determinado

podem ser descritos como diretos, críticos de si mesmos e de outros, socialmente confiantes

e abertos a novas perspectivas e ideias. Essas relações são replicadas quando estudamos a

relação dessa escala com as pontuações no IHP (e.g. Ajuste, Curiosidade, Abordagem de

Aprendizagem e Sociabilidade). No caso da Sensibilidade Interpessoal, os dados indicam uma

correlação positiva com as pontuações de Determinado. Interpretamos as direções

divergentes das correlações como refletindo, por um lado, a tendência a ser diplomático

(Sensibilidade Interpessoal) e por outro a tendência a ser cooperativo e resolver conflitos de

forma pacífica (Agradabilidade). Considerando os comportamentos refletidos pela escala

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Determinado, é mais importante ainda destacar a forte correlação positiva com a escala da

Ambição, o que indica evidências de validade convergente.

Em segundo lugar, as pontuações da escala Determinado mostraram correlação positiva

com duas dimensões da Dark Triad: Maquiavelismo e Narcisismo. Isso indica que pontuações

mais altas sugerem pessoas mais propensas a quebrar regras, influenciar os outros e exibir

altos níveis de autoconfiança. Tais relações podem ser esperadas, dada a natureza

competitiva, orientada para objetivos e focada em conquistas da escala (Miller, 2015).

Em terceiro lugar, as pontuações em Determinado foram positivamente correlacionadas

com os cinco interesses vocacionais medidos: Realista, Social, Artístico, Empreendedor e

Convencional. Embora as múltiplas correlações positivas reflitam o desejo geral de sucesso

profissional, é importante destacar que a relação mais forte aparece com a dimensão

Empreendedor – o desejo de criar e liderar um negócio e influenciar os outros – uma relação

que confirma pesquisas anteriores (Almeida, Ahmetoglu, & Chamorro-Premuzic, 2014).

Por último, as pontuações de Determinado mostraram correlação positiva com as medidas

de ODC e AD. Essas relações podem ser interpretadas da seguinte forma: as pontuações mais

altas indicam comportamentos muito competitivos, forte desejo de controlar, dominar e

superar os outros. Considerando os comportamentos evidenciados pela ODC e AD, a relação

positiva indica possível toxicidade e sugere que pode haver riscos práticos para indivíduos com

pontuações muito altas em Determinado.

5.1.6 Expansivo

A escala Expansivo mede até que ponto um indivíduo é sociável, expansivo e falante,

versus reservado, quieto e introspectivo. Com base na dimensão Extroversão do modelo CGF,

pessoas com pontuações mais altas tendem a ser cheios de energia, conversadores e buscam

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37

estímulo dos outros. Pontuações menores indicam indivíduos que se sentem confortáveis em

sua própria companhia, são independentes e reflexivos. A Tabela 7 mostra a correlação entre

as pontuações na escala Expansivo e outros construtos psicológicos.

Em primeiro lugar, pontuações da escala Expansivo estão positivamente correlacionadas

com Agradabilidade e Sensibilidade interpessoal, sugerindo que pontuações mais altas

denotam indivíduos de certa forma amigáveis e fáceis de se conviver. Como esperado (Hogan,

1995), as pontuações na escala Expansivo encontram forte correlação com as medidas de

Extroversão e Sociabilidade. Como as três escalas são hipotetizadas para medir o mesmo

domínio comportamental, essas relações podem ser tomadas como evidência de validade

convergente. As pontuações na escala Expansivo também estão positivamente

correlacionadas com Abertura e Inquisitivo (sugerindo que existe receptividade a novas

experiências e curiosidade) e com Ambição e Ajustamento (indicando a tendência a ser, de

certa forma, orientado para objetivos e emocionalmente estável).

Em segundo lugar, as pontuações na escala Expansivo se correlacionam positivamente

com o Narcisismo, uma relação já estabelecida anteriormente (Jonason & Webster, 2010). A

escala também apresentou correlação com todos os interesses vocacionais, correlacionando-

se mais fortemente com a escala Social; nessa relação as pontuações mais altas sugerem

indivíduos com grande interesse em carreiras que envolvem frequente comunicação,

interação e colaboração.

5.1.7 Curioso

A escala Curioso mede até que ponto um indivíduo é criativo, intelectualizado e inquisitivo,

versus pragmático, prático e direto. Com base na dimensão Abertura a Novas Experiências do

CGF, pontuações mais altas sugerem indivíduos imaginativos, artísticos e inventivos. Por outro

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lado, pontuações baixas sugerem indivíduos pragmáticos, práticos e tradicionais. A Tabela 7

mostra a correlação entre as pontuações da escala Curioso e outros construtos psicológicos.

Primeiramente, a escala Curioso apresenta correlação positiva com medidas de Abertura,

Inquisitivo e Abordagem de Aprendizagem, indicando um alto grau de validade convergente.

Também foram obtidas correlações positivas com as medidas de Agradabilidade e

Sensibilidade Interpessoal, e Extroversão e Sociabilidade, e correlações negativas com as

medidas de Conscienciosidade e Prudência. Ao interpretar esses dados, os indivíduos com

pontuação mais alta podem ser descritos como cooperativos e sociáveis que não gostam de

regras e de rotinas.

Em segundo lugar, a escala não mostrou relação com as medidas da Dark Triad. A escala

correlacionou-se positivamente com as escalas de interesse vocacional Realista e Artístico,

mostrando uma forte relação com esse último interesse, sugerindo que indivíduos com

pontuações altas procuram carreiras que possibilitem a expressão artística e a criatividade.

Por último, a escala Curioso encontrou correlação negativa com as escalas ODS e AD, o

que indica que as maiores pontuações sugerem indivíduos abertos, liberais e tolerantes a

diferenças, com pouca probabilidade de apoiarem atitudes conservadoras, favorecendo, ao

invés disso, ideais humanistas.

5.1.8 Estável

A Escala Estável mede até que ponto um indivíduo é emocionalmente estável, calmo e

tranquilo, versus entusiasmado, ansioso e autoconsciente. Com base na dimensão

Estabilidade Emocional da estrutura de personalidades do CGF, pessoas com pontuações altas

podem ser descritas como tranquilas, confiantes e seguras. Os que pontuam baixo podem ser

descritos como emocionalmente voláteis, autocríticos e propensos a sentimentos de estresse

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e ansiedade. A Tabela 7 mostra a correlação entre as pontuações na Escala Estável come

outros construtos psicológicos.

Primeiramente, as pontuações na Escala Estável correlacionam-se negativamente com o

Neuroticismo e positivamente com as pontuações de Ajustamento. Dado que essas escalas

apresentam o mesmo domínio comportamental, essas correlações servem como evidência de

validade convergente. Além disso, a escala correlaciona-se positivamente com as escalas

Extroversão e Sociabilidade, Ambição, Prudência e Inquisitivo. Com base nessas relações,

indivíduos com pontuações mais altas podem ser descritos como socialmente extrovertidos,

autoconfiantes, organizados, contidos e abertos a experimentar coisas novas.

Em segundo lugar, a escala correlaciona-se negativamente com uma dimensão da Dark

Triad: a Psicopatia. Isso sugere que indivíduos com pontuações mais altas provavelmente não

exibem comportamentos insensíveis ou emocionais. Em terceiro lugar, é provável que os

indivíduos procurem profissões Realistas ou Empreendedoras. Por fim, as pontuações na

dimensão Estável correlacionam-se positivamente com a Honestidade/Humildade, sugerindo

que indivíduos com pontuações mais altas agem com senso de honestidade e integridade.

5.1.9 Resumo de Evidências de Validade Convergente e Discriminante da versão original do

CDD

As análises a seguir demonstram efetivamente que as seis escalas possuem evidências de

validade convergente e discriminante. Não apenas essas análises colocam as escalas dentro

de uma taxonomia psicológica, mas as fortes correlações fornecem evidências de que os itens

medem os comportamentos desejados e coincidem com construtos psicológicos externos

adjacentes. Quando comparado a outras avaliações modernas de personalidade que

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40

envolvem o uso de adjetivos, o CDD demonstra validade convergente igual ou superior às

medidas do CGF (Meade et al., 2018).

Tabela 5. Resultados da Validade Convergente e Validade Discriminante

Escala Respeitoso Disciplinado Determinado Expansivo Curioso Estável

Agradabilidade 0,47* 0,04 -0,14* 0,16* 0,14* -0,06

Conscienciosidade 0,03 0,54* 0,01 -0,06 -0,24* 0,06

Neuroticismo -0,07 -0,09 -0,10* -0,05 0,08 -0,53*

Extroversão -0,22* -0,27* 0,46* 0,73* 0,22* 0,24*

Abertura -0,06 -0,05 0,12* 0,10* 0,38* 0,09

Ajustamento 0,10 0,15* 0,14* 0,14* -0,05 0,60*

Ambição -0,24* 0,21* 0,63* 0,34* 0,02 0,41*

Sociabilidade -0,17* -0,32* 0,35* 0,52* 0,21* 0,26*

Sensibilidade Interpessoal 0,18* 0,10 0,13* 0,45* 0,14* 0,36*

Prudência 0,29* 0,44* -0,19* -0,10 -0,31* 0,17*

Inquisitivo -0,08 -0,04 0,21* 0,17* 0,34* 0,20*

Abordagem à Aprendizagem -0,06 0,06 0,16* 0,07 0,16* 0,07

Maquiavelismo -0,28* -0,13 0,20* 0,09 -0,06 -0,25*

Psicopatia -0,15* -0,08 0,04 -0,08 -0,15 -0,21*

Narcisismo -0,13 -0,02 0,23* 0,26* 0,03 0,05

Realista -0,31* -0,49* 0,46* 0,34* 0,25* 0,01

Social -0,09 -0,26* 0,33* 0,50* -0,04 0,26*

Investigativa -0,17 -0,40* 0,14 0,27* 0,20 -0,08

Artística -0,25* -0,36* 0,30* 0,40* 0,41* -0,01

Empreendedora -0,25* -0,16 0,54* 0,48* 0,05 0,39*

Convencional -0,19 -0,24 0,39* 0,24* 0,10 0,07

Honestidade/Humildade 0,32* 0,15 -0,12 -0,03 0,04 0,16*

Orientação à Dominância Social

-0,25* 0,02 0,29* 0,14 -0,11* 0,03

Autoritarismo de Direita -0,07 0,03 0,29* 0,10 -0,24* 0,19

Nota: 1-5: CGF, N = 3,146. 6-12: IHP, N = 242. 13-19: Dark Triad, N = 168. 16-21: Interesses Vocacionais, N = 168. Honestidade/Humildade N = 361. Orientação à Dominância Social, N = 142. Autoritarismo de Direita, N = 142. * As correlações são estatisticamente significativas para p < 0,05.

5.2 Validade Concorrente da versão original do CDD

A próxima seção descreve a validade concorrente da ferramenta. Primeiro são descritas

as medidas usadas para testar a validade concorrente e, então, são apresentadas as

correlações entre o CDD e essas medidas. Em seguida, haverá a interpretação e discussão

desses resultados.

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5.2.1 Medidas

Escala Utrecht de Engajamento no Trabalho – 9 itens (UWES-9) (Schaufeli & Bakker, 2006)

A UWES-9 é uma escala de 9 itens que mede o engajamento no trabalho. Trata-se de

uma versão abreviada da UWES original composta por 17 itens e que mede o engajamento no

trabalho em três dimensões: Vigor, Dedicação e Concentração. Esses três valores podem ser

somados para produzir uma única pontuação de engajamento que represente o nível em que

um indivíduo é engajado no seu trabalho, ou motivado por seu trabalho, de maneira cognitiva,

emocional e física.

Os participantes respondem a cada item usando uma escala Likert de frequência de 7

pontos (1 = Nunca a 7 = Sempre). Foi constatado que o engajamento no trabalho se

correlaciona positivamente com uma variedade de medidas organizacionais de desempenho

(Saks, 2006).

Comportamentos Contraproducentes no Trabalho (Bennett & Robinson, 2000)

Os comportamentos contraproducentes no trabalho (CWBs, sigla em inglês para

Counter Productive Work Behaviors) descrevem comportamentos de um trabalhador que vão

contra os interesses de uma organização e seus responsáveis. Esses comportamentos podem

incluir o absenteísmo, abuso em relação aos outros, bullying, ociosidade, incivilidade, fraude,

assédio sexual e sabotagem (Spector et al., 2006). Com o intuito de medir os comportamentos

contraproducentes, usamos a lista de 18 itens específicos da CWB desenvolvida por Bennet e

Robinson (2000). A lista contém 18 comportamentos contraproducentes específicos, e os

participantes indicaram a frequência com a qual eles já exibiram determinados

comportamentos (0= nunca, 7= diariamente). A escala apresentou níveis aceitáveis de

consistência interna e tem sido usada amplamente em contextos de pesquisa.

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42

Medida de autorrelato sobre o desempenho no trabalho

Uma escala composta por cinco itens para medir o desempenho no trabalho foi criada

pelos autores da versão original do CDD. Os participantes indicaram o número de promoções

que tinham recebido nos últimos dois anos, assim como a frequência com a qual eles:

• Planejavam seu trabalho para que fosse concluído no prazo.

• Realizavam seu trabalho adequadamente com o mínimo de tempo e esforço.

• Colaboravam bem com os outros.

• Atingiam ou excediam o que seu trabalho exigia deles.

Usando uma escala Likert de 1 a 5 (Nunca - Diariamente), os participantes avaliaram com

que frequência exibiam os comportamentos acima descritos. Uma pontuação única de

desempenho no trabalho foi criada a partir da soma desses cinco itens. Embora avaliações

subjetivas de desempenho no trabalho possam estar enviesadas e sejam normalmente menos

precisas do que avaliações do supervisor ou de colegas, esses dados foram coletados para

indicar até que ponto um indivíduo acredita ter um bom desempenho dentro de sua função.

5.2.2 Resultados da Validade Concorrente da versão original do Core Drivers Diagnostic

A Tabela 8 mostra a correlação entre o CDD e três medidas relevantes de comportamentos

no trabalho: CWB, engajamento no trabalho e medida de autorrelato sobre o desempenho no

trabalho.

Primeiramente, os comportamentos contraproducentes no trabalho (CWBs) se

correlacionaram moderadamente e negativamente com a escala Respeitoso. As escalas

Curioso e Estável também se correlacionaram negativamente, porém em menor grau

comparativamente. Tais relações estão de acordo com a literatura existente (Mount, Ilies, &

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Johnson, 2006): indivíduos agradáveis, empáticos e cooperativos são significativamente

menos propensos a exibir comportamentos prejudiciais e contraproducentes no trabalho.

Em segundo lugar, o Engajamento no Trabalho apresentou correlação positiva com as

escalas Disciplinado, Determinado e Expansivo. Essas relações podem caracterizar indivíduos

como organizados, comprometidos e focados nos objetivos que tendem a manter atitudes

mais positivas em relação ao seu trabalho (i.e., senso de compromisso, energia e satisfação)

(Schaufeli & Bakker, 2006). Mais uma vez, tais relações estão em consonância com a literatura

existente (Akhtar, Boustani, Tsivrikos, & Chamorro-Premuzic, 2015).

Finalmente, avaliações de autorrelato do desempenho no trabalho encontraram

correlações significativas com a escala Determinado. Isso significa que indivíduos ambiciosos,

focados nos objetivos e proativos são mais propensos a concluir seu trabalho dentro do prazo

estabelecido, exceder as expectativas dos outros e produzir um trabalho de alta qualidade.

Embora reconheçamos que medidas de autorrelato sobre desempenho estão sujeitas a vieses,

essa correlação também pode ser interpretada como indicação de que indivíduos

Determinados são mais propensos a realizar seu trabalho de forma confiante e ousada. Essa

tendência está de acordo com pesquisas já realizadas e destaca a natureza contínua das

dimensões da personalidade, que vão de adaptativas até desadaptativas (Grijalva, Harms,

Newman, Gaddis, & Fraley, 2015; Widiger & Mullins-Sweatt, 2009).

Tabela 6. Resultados da Validade Concorrente

Comportamento no trabalho

Respeitoso Disciplinado Determinado Expansivo Curioso Estável

Comportamentos contraproducentes no trabalho (CWBs)

-0,31* -0,20* 0,09 0,01 -0,12* -0,11*

Engajamento -0,04 0,28* 0,17* 0,16* -0,10 0,13

Desempenho autorrelatado

0,02 0,13 0,16* 0,10 -0,03 0,09

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Nota: CWB N = 315; Engajamento & Desempenho no Trabalho N = 168. Dados sobre Validade para CWB foram coletados usando apenas a forma abreviada do CDD. *As correlações são estatisticamente significativas para p < 0,05.

6 DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS E NORMATIZAÇÃO DAS PONTUAÇÕES (EUA)

Este capítulo relata até que ponto a diferença entre sexos, idades e grupos étnicos têm

estatisticamente pontuações significativamente diferentes no CDD. A compreensão dessas

diferenças pode ajudar na interpretação do feedback dos relatórios e das pontuações. Em

seguida, apresentamos o resultado de simulações de impacto adverso para demonstrar que

as escalas não discriminam com base em idade, sexo e etnia. Em outras palavras, os resultados

demonstram que essas variáveis demográficas não impactam na avaliação realizada pelo CDD.

Por último, apresentamos dados sobre a distribuição das pontuações.

6.1 Diferenças entre Grupos na versão original do Core Drivers Diagnostic

Foram realizados testes-t para amostras independentes a fim de investigar se homens e

mulheres, pessoas com mais ou menos de 45 anos, e indivíduos de etnia branca versus outras

etnias tiveram pontuações significativamente diferentes nas seis escalas do CDD. O d de

Cohen também foi calculado para entender até que ponto essas diferenças são significativas

na prática (isto é, expressivas).

A Tabela 9 indica que existem poucas diferenças estatísticas nas pontuações médias entre

indivíduos com idade menor ou maior que 45 anos. Embora as faixas etárias se mostrem

significativamente diferentes nas escalas Respeitoso e Curioso, o d de Cohen demonstra que

tais diferenças não são expressivas. Houve diferenças significativas e expressivas na escala

Disciplinado, uma tendência que está de acordo com pesquisas realizadas (i.e., indivíduos mais

velhos são tipicamente mais Conscienciosos; Soto, John, Gosling, & Potter, 2011). Da mesma

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45

forma, a Tabela 10 demonstra que, embora existam diferenças estatisticamente diferentes

entre mulheres e homens em algumas escalas (especificamente nas escalas Respeitoso,

Determinado, Curioso e Estável), essas diferenças não são expressivas. Por último, a Tabela

11 apresenta um panorama similar. Embora existam diferenças significativas entre indivíduos

brancos e não brancos, essas diferenças não são expressivas, como indicado pelo d de Cohen.

Tabela 7. Diferença entre faixas etárias nas escalas do Core Drivers Diagnostic

Escala Média – Abaixo de 45 anos

Média – acima de 45 anos

t gl D

Respeitoso 5,71 5,32 2,630* 713 0,15

Disciplinado 5,27 6,65 6,273* 147 0,57

Determinado 4,17 4,34 0,561 139 0,05

Expansivo 4,76 4,50 -0,980 142 0,09

Curioso 5,12 4,25 -3,711* 140 0,34

Estável 4,71 4,80 0,450 142 0,04

Nota: t = t valor, gl = graus de liberdade, *p < 0,05, d = d de Cohen (0,00 – 0,19 = desprezível; 0,20 – 0,49 = pequeno; 0,50 – 0,79 = moderado; 0,80 <= grande) (Cohen, 1977). Tabela 8: Diferenças entre Sexos nas escalas do Core Drivers Diagnostic

Escala Feminino Masculino t Gl D

Respeitoso 5,69 5,05 5,200* 1,523 0,25

Disciplinado 5,27 5,45 -1,520 1,601 0,07

Determinado 4,10 4,38 -2,221* 1,584 0,09

Expansivo 4,75 4,71 0,280 1,568 0,01

Curioso 5,23 4,74 4,640* 1,529 0,21

Estável 4,42 5,25 -8,719* 1,512 0,40

Nota: t = t valor, gl = graus de liberdade, * p < 0,05, d = d de Cohen (0,00 – 0,19 = desprezível; 0,20 – 0,49 = pequeno; 0,50 – 0,79 = moderado; 0,80 <= grande) (Cohen, 1977).

Tabela 9: Diferenças de Etnia nas escalas do Core Drivers Diagnostic

Escala Não Brancos Brancos t Gl D

Respeitoso 5,51 5,38 1,060 1,251 0,05

Disciplinado 4,90 5,91 -9,021* 1,929 0,39

Determinado 4,46 3,86 4,831* 1,899 0,21

Expansivo 4,83 4,61 1,904 1,978 0,08

Curioso 5,30 4,73 5,571* 1,898 0,24

Estável 4,84 4,52 3,492* 1,916 0,15

Note: t = t valor, gl = graus de liberdade, * p < 0,05, d = d de Cohen (0,00 – 0,19 = desprezível; 0,20 – 0,49 = pequeno; 0,50 – 0,79 = moderado; 0,80 <= grande) (Cohen, 1977).

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46

6.2 Simulação de Impacto Adverso da versão original do Core Drivers Diagnostic

O impacto adverso (IA) pode ser definido como “uma proporção substancialmente

distinta em contextos de seleção para contratação, promoção ou outras decisões trabalhistas

que impactam negativamente (i.e., desvantagem) grupos étnicos ou por sexo (vide seção

1607.16 do Uniform Guidelines on Employee Selection Procedures; Equal Employment

Opportunity Commission, Civil Service Commission, U.S. Department of Labor, 1978). A regra

dos 4/5 pode ser usada para determinar se uma avaliação é impactada por IA.

Especificamente, quando a proporção de seleção para grupos étnicos ou por sexo é menor

que 4/5, entende-se que há impacto de IA (1978, vide seção 1607,04 D). Além disso, de acordo

com o Age Discrimination in Employment Act (ADEA, 1967), pessoas com 45 anos ou mais

precisam ser cuidadosamente observadas em avaliações, para que não ocorra IA.

As análises anteriores demonstraram algumas diferenças entre grupos que foram

significativas, e por isso, simulações de IA foram conduzidas de acordo com a regra 4/5 para

verificação da existência de IA. Para essa verificação, nós comparamos a proporção de seleção

de grupos frequentemente impactados (i.e., mulheres, pessoas com mais de 45 anos e pessoas

de etnia não branca) em relação aos demais grupos (i.e., homens, pessoas com menos de 45

anos e pessoas de etnia branca). Proporções maiores ou iguais a 0,80 sugerem a não existência

de IA.

Mesmo as análises anteriores tendo demonstrado diferenças de grupo estatisticamente

significativas, mas no geral não expressivas (i.e., d de Cohen), foram conduzidas simulações

de IA da regra dos 4/5 para providenciar ainda mais evidências de que seis escalas não

impactam adversamente os grupos específicos.

Page 47: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

47

A Tabela 10 apresenta os pontos de corte recomendados ao usar o CDD para tomar

decisões sobre seleção, promoção e contratação. Os pontos de corte representam a busca

pelo equilíbrio entre não selecionar pessoas que pontuaram baixo em traços desejáveis pelo

avaliador e não criar impacto adverso. Embora forneçamos essas pontuações, destacamos

que pontuações baixas não implicam comportamentos negativos, improdutivos ou

prejudiciais. A personalidade encontra-se em um continuum no qual forças e desafios

comportamentais podem ser vistos em qualquer um dos extremos (Widiger & Mullins-Sweatt,

2009). Dessa forma, recomendamos que as organizações realizem uma análise de funções (job

analysis) para identificar o perfil de personalidade mais adequado antes de usar a ferramenta

para tomar decisões sobre contratação de pessoal. Além disso, se as organizações usarem

pontos de corte diferentes dos listados a seguir, é responsabilidade das organizações avaliar

os riscos potenciais de impacto adverso.

Tabela 10. Regras das Decisões de Seleção Recomendadas para o uso do Core Drivers Diagnostic

N

Não Atinge o Ponto de Corte Atinge o Ponto de Corte

Pontuação Bruta

Percentil Pontuação Bruta

Percentil

Respeitoso 1,712 ≤ 3 ≤ 17% > 3 > 17%

Disciplinado 7,173 ≤ 3 ≤ 18% > 3 > 18%

Determinado 5,854 ≤ 3 ≤ 29% > 3 > 29%

Expansivo 6,820 ≤ 3 ≤ 29% > 3 > 29%

Curioso 7,352 ≤ 3 ≤ 22% > 3 > 22%

Estável 6,237 ≤ 3 ≤ 19% > 3 > 19%

Usando os pontos de corte apresentados, realizamos simulações de IA para três

dimensões demográficas: idade, sexo e etnia. A Tabela 11 mostra os resultados de nossas

análises de IA para grupos por sexo; a

Tabela 12 mostra os resultados das análises de IA para grupos etários, e a Tabela 13 os

resultados das análises de IA para grupos étnicos. Dado que a proporção de IA foi maior do

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48

que 0,80 em cada escala e grupo demográfico, concluímos que, quando são usados os pontos

de corte recomendados, não deve ser esperado impacto ou viés adverso.

Tabela 11: Razões de Seleção e de Impacto Adverso para Gênero

Feminino Masculino Proporção de IA

Respeitoso 0,78 0,72 1,09

Disciplinado 0,73 0,75 0,97

Determinado 0,55 0,57 0,97

Expansivo 0,64 0,62 1,03

Curioso 0,76 0,68 1,12

Estável 0,65 0,76 0,86

Nota: IA = proporção de Impacto Adverso. Tabela 12: Razões de Seleção e Impacto Adverso para Idade

Acima de 45 Abaixo de 45 Proporção de IA

Respeitoso 0,75 0,75 1,00

Disciplinado 0,87 0,73 0,84

Determinado 0,55 0,56 1,01

Expansivo 0,61 0,63 1,03

Curioso 0,59 0,74 1,25

Estável 0,69 0,69 1,01

Nota: IA = proporção de Impacto Adverso. Tabela 13: Razões de Seleção e Impacto Adverso para Etnia

Não Brancos Brancos Proporção de IA

Respeitoso 0,79 0,73 1,08

Disciplinado 0,69 0,80 0,87

Determinado 0,62 0,48 1,28

Expansivo 0,65 0,61 1,07

Curioso 0,78 0,67 1,15

Estável 0,73 0,63 1,16

Nota: IA = proporção de Impacto Adverso.

Page 49: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

49

6.3 Pontuação Normativa da versão original do Core Drivers Diagnostic

Ao informar pontuações no CDD, os usuários podem achar mais fácil interpretar esses

resultados se eles forem colocados de forma padronizada e convertidos em percentis. Dessa

forma, indivíduos e grupos podem entender como eles se comparam ao restante da

população que realiza o teste. A Tabela 16 mostra a distribuição das pontuações brutas em

três grupos interpretativos: Baixo, Médio e Alto.

Tabela 14. Distribuição das Pontuações Brutas e Grupos Interpretativos

Escala N Baixo

0% – 33% Médio

34% – 66% Alto

67% – 100%

Respeitoso 1,712 0 – 4 5 – 6 7 – 10

Disciplinado 7,173 0 – 4 5 – 6 7 – 10

Determinado 5,854 0 – 3 4 – 5 6 – 10

Expansivo 6,820 0 – 3 4 – 5 6 – 10

Curioso 7,352 0 – 3 4 – 6 7 – 10

Estável 6,237 0 – 3 4 – 6 7 – 10

7 TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO CDD PARA O BRASIL

A tradução e adaptação cultural do CDD seguiu as diretrizes internacionais (Beaton et al.,

2000; ITC, 2017). Os procedimentos foram realizados de acordo com as seguintes etapas:

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50

a. Os itens compondo a versão original, em inglês, do CDD, foram organizados em uma

planilha eletrônica.

b. A tradução, considerando aspectos da cultura brasileira, foi realizada de maneira

independente por uma tradutora bilingue e por um pesquisador doutor com expertise

em avaliação psicológica.

c. Discordâncias foram debatidas até se chegar a um consenso da melhor opção para

tradução para o português do Brasil.

d. A versão em português do Brasil, juntamente com uma versão retro traduzida, foi

enviada para os autores originais do CDD.

e. Os autores originais do CDD forneceram sugestões, as quais foram debatidas e, quando

pertinentes e consensuais, acatadas.

f. Versão final do CDD em português do Brasil.

De acordo com as seis etapas listadas, chegou-se na versão traduzida e adaptada para o

Brasil dos itens compondo o CDD. Essa versão foi utilizada nos dados coletados, cujos

resultados estão apresentados no capítulo a seguir.

8 PADRONIZAÇÃO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CDD

Este capítulo apresenta os procedimentos para aplicação e correção que devem ser

utilizados para o uso do CDD.

Procedimentos e diretrizes para aplicação

O CDD foi desenvolvido com a intenção de ser uma avaliação da personalidade de fácil e

rápido uso. Assim, seguem os procedimentos para aplicação:

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51

1. O respondente recebe um link, via e-mail, para responder o teste. Nesse e-mail, o

participante é instruído sobre como fazer contato com o psicólogo responsável pela

aplicação.

2. Ao entrar no link, o participante deverá usar o log in e senha, para acessar a plataforma

online do CDD.

3. As instruções do CDD são apresentadas e, então, os pares de adjetivos que compõem

o teste. Os participantes devem escolher os adjetivos que melhor os representam.

Todos os itens devem ser respondidos para que o teste seja finalizado.

4. Após concluir as respostas aos 60 pares de adjetivos, a avaliação via CDD é finalizada,

e o participante recebe um relatório em PDF que descreve seus traços de

personalidade.

Especificamente quanto ao ponto 5, tal qual já descrito neste manual, uma vez que os

polos dos fatores do CDD foram descritos para ressaltar os pontos fortes do participante (e.g.,

flexível x disciplinado – bipolaridade do fator Disciplinado, que é relacionado ao dimensão

Conscienciosidade do CGF), o acesso direto do relatório é, mais do que o direito do

participante, um montante de informação que visa direcioná-lo aos seus pontos fortes,

minimizando a chance de apresentar elementos que possam trazer desconforto (assim como

pode ocorrer com testes clínicos).

Ainda, ao aplicar o CDD, algumas recomendações para os responsáveis pela aplicação são

apresentadas, com o objetivo de garantir uma aplicação padronizada e justa. Essas

recomendações estão a seguir:

1. O CDD deve ser sempre aplicado via plataforma online, de modo que todos os

respondentes sempre tenham acesso ao mesmo conteúdo e no mesmo formato.

Page 52: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

52

2. Além de receber instruções sobre como fazer contato com o psicólogo responsável

pela aplicação, as informações sobre o respondente, que são solicitadas na plataforma

(i.e., e-mail), visam possibilitar o contato direto entre respondente e aplicador.

3. Ao finalizar a avaliação, os participantes podem solicitar e agendar conversas com o

responsável pela aplicação, com o objetivo de eliminar dúvidas ou pedir feedback

adicional ao relatório.

4. Os respondentes têm o direito de solicitar que suas informações sejam

completamente excluídas da plataforma online, no momento que quiserem.

Procedimentos para correção do Core Drivers Diagnostic

Para pontuar cada fator do CDD, e determinar em qual polo o respondente se encontra

(e.g., flexível ou disciplinado no fator Disciplinado), a plataforma utiliza um algoritmo:

1. Para cada fator:

1.1. Soma de todas as respostas do participante nos 10 pares de adjetivos. Cada resposta

é pontuada como 0 ou 1, e o escore no fator varia de 0 a 10.

1.2. Utilizando a Tabela 7, deve-se converter a pontuação bruta em pontuação

percentílica.

1.3. Nos casos em que o percentil é superior a 50, a bipolaridade superior é apresentada

para o fator (e.g., disciplinado), de outro modo, é apresentada a bipolaridade inferior

(e.g., flexível).

1.4. Especificamente no relatório, os percentis foram divididos da seguinte maneira: 0-33

(baixo), 34-66 (moderado), e 67-100 (alto).

2. Os procedimentos relatados no ponto 1 são repetidos para cada um dos fatores do CDD.

Page 53: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

53

3. Uma vez que os seis fatores foram calculados, a determinação das escalas com maior peso

para o relatório é baseada nas pontuações percentílicas.

Tal qual pode ser observado, por um lado, as pontuações do CDD seguem a lógica da

conversão de pontuações brutas para percentis, após o cálculo de cada fator, a partir dos itens

no formato de escolha-forçada. Todos esses cálculos podem ser realizados apenas via

plataforma online, uma vez que não é possível aplicar o CDD no formato lápis e papel, e a

padronização de sua aplicação implica, necessariamente, a confecção do relatório, que é

automática via plataforma do CDD. Além disso, na plataforma, a pontuação bruta e

percentílica para cada fator, é apresentada e pode ser acessada pelo profissional responsável

e pelo respondente.

9 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA VERSÃO BRASILEIRA DO CDD

O CDD foi desenvolvido e estudos psicométricos foram conduzidos nos EUA, utilizando

uma amostra superior a 35.000 profissionais adultos. Para adequação da versão brasileira do

CDD, os pares de adjetivos foram cuidadosamente traduzidos e retro traduzidos por uma

equipe de especialistas bilíngues com experiência em avaliação da personalidade. Após a

tradução e adaptação cultural dos pares de adjetivos, discussões com os autores da versão

original foram realizadas, buscando garantir que a versão em português do Brasil reflete o

mesmo significado da versão original do CDD. A versão brasileira do CDD foi aplicada em 605

brasileiros adultos, profissionais, para verificação de suas propriedades psicométricas.

Conforme a apresentação detalhada nas páginas a seguir, a versão brasileira do CDD tem:

- Escalas com distribuição normal.

- Níveis satisfatórios de fidedignidade por consistência interna.

Page 54: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

54

- Uma estrutura fatorial compatível com o modelo subjacente ao CDD, explicitado neste

manual técnico.

- Evidências de validade com base na relação com variáveis externas.

- Vieses que podem ser considerados desprezíveis na comparação entre grupos.

Assim, pode-se observar que as propriedades psicométricas da versão brasileira são

equivalentes ao que foi observado para a versão original (EUA) do CDD.

9.1 A amostra para verificação das propriedades psicométricas e normatização

Foram coletados dados com 605 brasileiros adultos profissionais, com idades entre 18 e

45 anos (M= 25,21; SD = 4,72, sendo 56% mulheres. Em relação à etnia, a maior parte da

amostra preferiu não relatar (58,8%), seguidos por 17,2% caucasianos, 14,9% pardos e 6,1%

pretos. No que se refere à escolaridade, 49,8% eram estudantes universitários, 21,1%

relataram ter finalizado o ensino superior e 10,2% relataram ter finalizado o ensino médio. A

amostra foi por conveniência, e a coleta de dados foi aprovada por um comitê de ética em

pesquisa (CAAE: 17158019.1.0000.5514). Os dados da amostra foram utilizados para verificar

evidências de validade, estimativas de fidedignidade e normatização do teste. Além de

responder à versão brasileira do CDD, os participantes também responderam:

- Big Five Inventory 2 breve (Soto & John, 2017).

- Escala Holandesa de Dependência de Trabalho (Marina Romeo, Romeo, Yepes-Baldó,

Berger, & Franco Netto Da Costa, 2014).

• Inventário Espanhol de Burnout (Figueiredo-Ferraz, Gil-Monte, & Grau-Alberola,

2013).

Page 55: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

55

9.2 Estatísticas descritivas e fidedignidade

As estatísticas descritivas para os seis fatores do CDD estão apresentadas na Tabela 1.

Para cada fator, a média e o desvio padrão estão apresentados, além das pontuações mínima

e máxima, e a estimação da fidedignidade por consistência interna.

Cada item (i.e., par de adjetivos) utiliza um formato de escolha-forçada, em que os itens

são tabulados como zero ou 1. Sendo 10 itens por fator, a pontuação de cada fator varia entre

zero e 10. Como exemplo, se uma pessoa selecionar o adjetivo positivo (i.e., na direção

avaliada pelo fator) para o fator Respeitoso, a pontuação final será igual a 10, indicando que

essa pessoa é amigável, calorosa e age com integridade, enquanto uma pontuação igual a zero

indica que a pessoa é objetiva, direta e interesseira.

Ao agregar os dados coletados, a pontuação média para cada fator encontrou-se em

faixas similares e os desvios-padrão foram comparáveis, com exceção ao fator Disciplina (i.e.,

Conscienciosidade) no qual a média é um pouco mais alta em comparação aos demais fatores.

As pontuações mínima e máxima indicam que uma ampla faixa de pontuações foi obtida na

coleta de dados. Além disso, os fatores apresentaram distribuição normal de acordo com a

curtose e assimetria. Finalmente, os fatores apresentaram níveis aceitáveis de consistência

interna, sugerindo que os participantes responderam a cada item de uma maneira consistente

(Cronbach, 1951). Dois indicadores de fidedignidade por consistência interna foram utilizados,

o alfa de Cronbach e o omega de McDonald. Embora o alfa seja mais utilizado, ele tem diversas

limitações que são solucionadas pela estatística omega que é mais robusta (para discussão,

veja Trizano-Hermosilla & Alvarado, 2016). Assim, ambos indicadores estão apresentados,

facilitando a interpretabilidade dos achados, embora o omega seja mais indicado.

Page 56: MANUAL TÉCNICO DA VERSÃO BRASILEIRA DO CORE DRIVERS ...

56

Tal qual observado via estatística omega, todos os fatores atingiram um nível

satisfatório de precisão. Entretanto, é necessário explicar por que alguns fatores não

apresentaram níveis mais altos de consistência interna (especificamente, fatores Respeitoso

e Estável). Esses achados podem ser explicados por meio de quatro justificativas:

Primeira, o CDD foi desenvolvido para ser um instrumento psicológico muito breve. Ser

muito breve deve possibilitar que empresas acessem um número grandes de pessoas de

maneira rápida e eficiente e coletem informações acuradas sobre essas pessoas, que que

auxiliem na tomada de decisões. O CDD não foi desenvolvido para avaliações extremamente

detalhadas acerca da personalidade de uma pessoa, tal qual instrumentos similares ao NEO-

PI-R, por exemplo. Como apresentado por outros pesquisadores, a fidedignidade é impactada

diretamente pelo número de itens, de modo que a medida em que o número de itens

aumenta, a tendência é também que a fidedignidade aumente (Meade, Pappalardo, Braddy,

& Fleenor, 2018). Assim, não é surpreendente que a fidedignidade do CDD seja um pouco mais

baixa em comparação a testes com um número maior de itens.

Segunda, uma vez que o CDD tenta representar dimensões amplas da personalidade,

seus itens precisam cobrir diversos comportamentos. Como demonstrado anteriormente,

essa heterogeneidade tende a diminuir as estimativas de fidedignidade para casos de medidas

breves (Gosling, Rentfrow, & Swann, 2003). Isso é possível e aceitável uma vez que os itens

foram desenvolvidos com foco na validade. Como anteriormente mencionado, esse é o caso

do CDD.

Terceira, avaliações ipsativas, como o CDD, tendem a ter estimativas de fidedignidade

mais baixas em comparação a instrumentos que utilizam a tradicional escala Likert (Bartram,

2007).

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57

Quarta e última, os fatores do CDD demonstraram evidências de validade (vide capítulo

3). Tais quais apresentadas anteriormente, estimativas um pouco mais baixas de

fidedignidade são menos preocupantes em testes com evidências favoráveis de validade

(Yarkoni, 2010). Isso é particularmente verdadeiro para medidas que são desenvolvidas

utilizando métodos de machine-learning (veja neste manual sobre os métodos com base em

algoritmos genéticos; Akhtar, Ort, Winsborough, & Premuzic, 2019; Olaru, Wittöft, & Wilhem,

2015).

Tabela 15. Estatística descritiva e fidedignidade.

Fator M DP Med Min Max Ass Curtose α ω

Respeitoso 5,66 2,13 6 0 10 -0,09 -0,57 0,58 0,66

Disciplinado 7,22 2,10 8 0 10 -0,60 -0,25 0,65 0,69

Determinado 5,26 2,28 5 0 10 -0,02 -0,69 0,67 0,71

Expansivo 6,02 3,00 6 0 10 -0,28 -1,10 0,83 0,86

Curioso 5,41 2,34 5 0 10 0,10 -0,82 0,65 0,70

Estável 4,84 1,94 5 0 10 -0,12 -0,37 0,53 0,61

Nota: N = 605, M = média, DP = desvio padrão, Med = mediana, Min = mínimo, Max = máximo, Ass = assimetria; α = alfa de Cronbach; ω = Omega.

9.3 Análise fatorial confirmatória

Para testar a estrutura fatorial do CDD, foi conduzida uma análise fatorial confirmatória

(AFC). Essa análise foi escolhida já que o planejamento foi tentar replicar a estrutura da versão

original do CDD para a versão brasileira do teste. Foi especificado em quais fatores os itens

deveriam carregar. Os fatores poderiam se correlacionar entre si. O ajuste do modelo foi

acessado via χ2 (p > 0,05 é desejável), goodness of fit index (GFI; valores próximos a 1 são

aceitáveis); comparative fit index (CFI; valores próximos a 1 são aceitáveis); e o root mean

square residual (RMSEA; valores iguais a 0,06 ou abaixo são aceitáveis) (Bentler, 1990; Browne

& Cudeck, 1993). O modelo se adequou parcialmente aos dados: χ2 (1,695) = 4073.68, p <

.001; GFI = .80; CFI = .63; RMSEA = .046.

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58

Tentativas foram feitas para melhorar o ajuste ao modelo. Especificamente, correlações

entre itens e entre fatores foram liberadas e adicionadas de acordo com os índices de

modificação, estatísticas de mudança de parâmetros, níveis de significância e resíduos

padronizados. As liberações de correlações só foram realizadas nos casos em que houve

coerência com o modelo teórico. Como resultado dessas mudanças, foram encontrados os

seguintes índices de ajuste: χ2 (1,616) = 2979.19, p < .001; GFI = .85; CFI = .80; RMSEA = .037.

A partir dessas modificações, o CFA indica que o modelo se ajusta aos dados. Portanto, pode-

se concluir que as evidências com base nos índices de ajuste indicam a adequação da estrutura

interna da versão brasileira do CDD.

9.4 Correlações dos fatores

A Tabela 2 apresenta as correlações entre os fatores do CDD. No geral, elas são pouco

correlacionadas entre si, o que corrobora pesquisas prévias (Akhtar et al., 2019). As

correlações mais fortes foram entre Determinado e Expansivo, o que é esperado já que ambos

têm em comum o traço Extroversão. Similarmente, o fator Determinado se correlacionou

negativamente com o fator Respeitoso, bem como com Disciplinado e Curioso. Essas relações

replicam achados anteriores (Akhtar et al., 2019), com a versão original do teste.

Tabela 2. Correlações entre os fatores

Respeitoso Disciplinado Determinado Expansivo Curioso Estável

Respeitoso — Disciplinado -0,06 — Motivado -0,33* -0,11* — Expansivo 0,07 -0,25* 0,42* — Curioso 0,04 -0,40* 0,20* 0,26* — Estável 0,23* -0,04 0,02 -0,05 0,01 —

Nota. N = 605. * p < 0,05.

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10 EVIDÊNCIAS DE VALIDADE BASEADAS NA RELAÇÃO COM VARIÁVEIS EXTERNAS

Os resultados apresentados no Capítulo 2 demonstraram que os fatores do CDD obtiveram

uma estrutura fatorial adequada e uma boa fidedignidade por consistência interna. Neste

capítulo foram verificadas evidências de validade com base na relação com variáveis externas.

Primeiro, buscamos responder à questão: “as pontuações do CDD se relacionam com outros

construtos psicológicos?”. Nesse contexto a validade convergente testa as correlações entre o

teste (CDD) e medidas externas que avaliam construtos similares; a validade discriminante testa

as correlações entre o teste e medidas que avaliam construtos não relacionados. Buscar essas

evidências é importante na verificação psicométrica do teste, já que identifica a rede nomológica

de construtos psicológicos que o teste avalia. Além disso, verifica se o teste avalia os

comportamentos pretendidos. Segundo, são fornecidas evidências sobre a validade concorrente

do CDD, respondendo à questão “as pontuações do teste se relacionam com comportamentos e

consequências relevantes no contexto do trabalho?”.

10.1 Instrumentos

Big Five Inventory 2 versão breve (BFI-2; Soto & John, 2017)

O BFI-2 é um teste de autorrelato composto por 30 itens, baseado no modelo CCF,

avaliando as dimensões Extroversão, Agradabilidade, Conscienciosidade, Estabilidade Emocional

e Abertura. Ele também é composto por facetas, sendo duas facetas para cada dimensão.

Evidências de validade foram encontradas em estudo anterior para esse teste (Soto & John,

2017). Ele é respondido em uma escala Likert de 5 pontos, que vai de “discordo fortemente” até

“concordo fortemente”.

Inventário Espanhol de Burnout (SBI; Figueiredo-Ferraz et al., 2013)

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60

O SBI é composto por 20 itens que avaliam os níveis de burnout atuais no trabalho da

pessoa. Além de produzir uma pontuação total, ele também é composto por quatro facetas:

Entusiasmo com o Trabalho, Exaustão Psicológica, Indolência e Culpa. Propriedades

psicométricas satisfatórias foram observadas para essa escala (Figueiredo-Ferraz et al., 2013),

que deve ser respondida em uma escala Likert de 5 pontos.

Escala Holandesa de Dependência de Trabalho (DWAS; Marina Romeo et al., 2014)

A DWAS contém 10 itens que avaliam o nível de dependência de trabalho da pessoa. Além

da pontuação total, a escala é composta por duas facetas: Trabalho Excessivo e Trabalho

Compulsivo. A DWAS, que deve ser respondida em uma escala tipo Likert de 4 pontos,

apresentou propriedades psicométricas favoráveis (Marina Romeo et al., 2014).

10.2 Resultados

A seção seguinte descreve as evidências de validade baseadas na relação com variáveis

externas para a versão brasileira do CDD. Atenção foi dada às pontuações que apresentaram

significância estatística. Estão discutidas as relações entre as pontuações do CDD e as demais

medidas aplicadas.

As correlações observadas entre o CDD e o BFI-2 (vide Tabela 3) indicam evidências de

validade convergente e discriminante. Foram observadas correlações positivas com as

pontuações do CDD e as pontuações correspondentes do BFI-2, incluindo:

• Fator Respeitoso se correlacionou com pontuações de Compaixão, Respeito e

Integridade.

• Fator Disciplinado se correlacionou com pontuações de Organização, Produtividade e

Responsabilidade Pessoal.

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61

• Fator Determinado se correlacionou com pontuações de Assertividade e Proatividade.

• Fator Expansivo se correlacionou com Sociabilidade.

• Fator Curioso se correlacionou com pontuações de Sensibilidade Estética, Curiosidade

Intelectual e Imaginação Criativa.

• Fator Estável se correlacionou inversamente com medidas de Ansiedade, Depressão e

Estabilidade Emocional.

Evidências de validade discriminante são observadas nas correlações baixas em medidas não

correspondentes (por exemplo, fator Disciplinado e dimensão Extroversão do BFI-2). Além disso,

as associações distintas entre o fator Determinado e Expansivo com as facetas de Extroversão

(BFI-2), demonstram que o fator Determinado está relacionado mais com aspectos competitivos

e enérgicos da dimensão Extroversão, enquanto o fator Expansivo está mais relacionado com

aspectos de socialização e tendência a ser gregário. Esses achados confirmam a divisão da

dimensão Extroversão em dois fatores no CDD.

Ao lado disso, as correlações do CDD com o SBI indicam evidências de validade concorrente.

Em outras palavras, as pontuações do CDD se correlacionaram com os níveis de burnout no

trabalho, sendo que os fatores Estável e Respeitoso se correlacionaram, no geral, negativamente

com o SBI. Além disso, Determinado e Expansivo se correlacionaram, no geral, positivamente

com a pontuação de Entusiasmo com o trabalho.

Também correlações coerentes foram observadas entre o CDD e a DUWAS. Especificamente,

os fatores Respeitoso e Estável se correlacionaram negativamente com a pontuação e total de

dependência de trabalho, enquanto Disciplinado, Determinado e Expansivo se correlacionaram

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62

positivamente. Esses achados indicam evidências de validade concorrente para os fatores do

CDD.

Tabela 16. Resultados das evidências de validade convergente e discriminante

Fator Respeitoso Disciplinado Determinado Expansivo Curioso Estável

Agradabilidade 0,12* 0,08* -0,12* -0,12* -0,05 0,09*

Compaixão 0,09* -0,12* -0,09* 0,05 0,05 -0,04

Respeito 0,23* 0,10* -0,07 0,10* 0,04 0,11*

Integridade -0,09* 0,10* -0,08 -0,30* -0,14* 0,05

Conscienciosidade 0,04 0,53* 0,05 -0,02 -0,18* 0,23*

Organização 0,06 0,41* 0,00 -0,08 -0,12* 0,33*

Produtividade -0,01 0,33* 0,16* 0,07 -0,13* 0,12*

Responsabilidade 0,04 0,53* -0,04 -0,04 -0,19* 0,08*

Extroversão 0,07 -0,07 0,43* 0,65* 0,23* 0,02

Assertividade -0,21* 0,11* 0,44* 0,31* 0,05 -0,06

Energia 0,07 -0,07 0,32* 0,61* 0,18* 0,07

Sociabilidade 0,30* -0,19* 0,20* 0,54* 0,29* 0,04

Abertura 0,01 -0,07 0,15* 0,12* 0,38* 0,06

Sensibilidade estética 0,04 -0,05 -0,02 -0,03 0,27* 0,05

Curiosidade intelectual -0,05 -0,01 0,02 -0,02 0,23* -0,06

Imaginação criativa 0,02 -0,08 0,35* 0,34* 0,31* 0,12*

Neuroticismo -0,15* -0,13* -0,19* -0,12* -0,07 -0,58*

Ansiedade -0,03 0,08 -0,20* -0,12* -0,25* -0,37*

Depressão -0,08 -0,17* -0,27* -0,15* 0,05 -0,44*

Labilidade emocional -0,21* -0,18* 0,03 0,00 0,00 -0,49*

Burnout -0,15* -0,08 -0,01 -0,01 0,08 -0,22*

Entusiasmo com o trabalho

0,11* 0,11* 0,14* 0,19* 0,05 0,12*

Exaustão psicológica -0,14* -0,13* -0,08* -0,11* 0,04 -0,21*

Indolência -0,24* -0,09* -0,07 -0,15* -0,02 -0,27*

Culpa 0,02 -0,02 0,01 0,09* 0,08 -0,01

Dependência de trabalho -.20* 0,09* 0,11* 0,06 0,05 -0,22*

Trabalho excessivo -.21* 0,09* 0,10* 0,04 0,04 -0,22*

Trabalho compulsivo -.15* 0,08 0,10* 0,06 0,05 -0,19*

Nota. N = 605. Variáveis em negrito representam as dimensões, e as demais são as facetas. * Correlações significativas no nível de p < 0,05.

10.3 Sumário das evidências de validade

Os resultados apresentados indicam evidências de validade para os fatores da versão

brasileira do CDD. Esses achados não somente posicionam os fatores em uma rede taxonômica,

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mas indicam que os itens mensuram prioritariamente os comportamentos e construtos

desejados.

11 DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS E NORMATIZAÇÃO

Este capítulo apresenta resultados em relação a diferenças entre gêneros, idade e grupos

étnicos nas pontuações do CDD. Entender essas diferenças facilita a interpretação das

pontuações do CDD. Assim, também neste capítulo está apresentada a normatização da versão

brasileira do CDD.

11.1 Diferenças entre grupos

Diferenças entre grupos de acordo com a idade foram investigadas. Uma vez que a idade é

uma variável contínua, a análise de correlação foi utilizada para essa finalidade. Dos seis fatores

do CDD, somente dois apresentaram correlação significativa: Determinado (r = 0,10, p < 0,05) e

Curioso (r = 0,10, p < 0,05). Todas as outras correlações foram inferiores a 0,05. Embora

significativas, essas duas correlações apresentam um efeito pequeno, indicando que, em

conjunto com os demais fatores, impactos na pontuação do CDD de acordo com a idade não são

esperados.

Comparações entre médias utilizando o teste t foram conduzidas para testar diferenças

entre homens e mulheres, e pessoas de etnia caucasiana e não-caucasiana. Estão também

apresentados os efeitos (d de Cohen), vide as Tabelas 4 e 5.

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A Tabela 4 indica somente 2 diferenças estatisticamente significativas, sendo que uma

delas (Estável) apresentou efeito inferior a 0,20, o que é considerado baixo/desprezível; e a outra

(Determinado) um efeito baixo de 0,22. Em termos práticos, de modo geral, não é esperado que

sexo seja uma variável que tenha impacto nas pontuações do CDD. A Tabela 5 apresenta

resultados similares. Contudo, somente uma diferença foi significativa, Estável, com d igual a

0,28, que é considerado um efeito baixo, resultados esses que indicam que a variável etnia não

deve impactar as pontuações dos fatores do CDD.

Na Tabela 6, apresentamos comparações entre as medias da amostra normativa norte-

americana (EUA) e a amostra normativa brasileira. As comparações foram baseadas unicamente

no d de Cohen. Pode-se observar três casos em que o d foi superior a 0,20, Disciplinado,

Determinado e Expansivo que podem ser considerados, respectivamente, alto, baixo e baixo.

Esses resultados indicam diferenças entre as amostras dos dois países, impactadas talvez por

questões culturais. Especificamente quanto à idade, sexo e etnia, não são esperados impactos

dessas variáveis nas pontuações dos fatores do CDD.

Tabela 17. Diferenças entre os sexos

Fator Feminino (n = 331) Masculino (n = 260)

t gl d

Respeitoso 5,78 5,48 1,657 549,87 0,14

Disciplinado 7,08 7,37 -1,653 573,20 0,14

Determinado 5,05 5,56 -2,716* 570,39 0,22

Expansivo 6,08 5,99 0,351 566,40 0,03

Curioso 5,31 5,51 -1,044 568,95 0,09

Estável 4,69 5,00 -1,941* 561,74 0,16

Nota. * p < 0,05, d = efeito (0-0,19 = desprezível; 0,20-0,49 = baixo; 0,50-0,79 = moderado; 0,80 ou maior = alto (Cohen, 1977).

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Tabela 18. Diferenças de acordo com a etnia

Fator Não-caucasiano (n = 145)

Caucasiano (n = 104)

t gl d

Respeitoso 5,64 5,95 -1,090 191,72 0,15

Disciplinado 7,31 7,15 0,590 215,26 0,08

Determinado 5,10 5,38 -0,986 220,99 0,13

Expansivo 6,26 6,34 -0,197 214,85 0,03

Curioso 5,43 5,79 -1,218 227,17 0,16

Estável 5,04 4,49 2,198* 226,75 0,28

Nota. * p < 0,05, d = efeito (0-0,19 = desprezível; 0,20-0,49 = baixo; 0,50-0,79 = moderado; 0,80 ou maior = alto (Cohen, 1977). Tabela 19. Comparações entre amostra EUA e amostra Brasil

Fator EUA Brasil d

N M DP N M DP

Respeitoso 1,712 5,42 2,53 605 5,66 2.13 0,10

Disciplinado 7,173 5,56 2,79 605 7,22 2.1 0,67

Determinado 5,854 4,61 2,95 605 5,26 2.28 0,25

Expansivo 6,820 4,63 2,93 605 6,02 3.00 0,47

Curioso 7,352 4,97 2,56 605 5,41 2.34 0,18

Estável 6,237 4,90 2,19 605 4,84 1.94 -0,03

Nota. d = efeito (0-0,19 = desprezível; 0,20-0,49 = baixo; 0,50-0,79 = moderado; 0,80 ou maior = alto (Cohen, 1977).

11.2 Pontuações normativas

Ao reportar as pontuações dos fatores do CDD, os profissionais podem utilizar as

pontuações percentílicas (i.e., percentis), que devem auxiliar a comparar a pessoa avaliada em

relação à amostra normativa. Na Tabela 7 estão apresentadas as pontuações brutas e também a

conversão para percentil. O percentil deve ser interpretado da seguinte maneira no CDD:

pontuação baixa (0-33), pontuação média (34-66) e pontuação alta (67-100). Considerando os

achados prévios em relação à idade, sexo e etnia, estamos apresentando a tabela normativa sem

ponderação por grupos.

Tabela 20. Conversão das pontuações brutas para percentis

Pontuação bruta

Respeitoso Percentil

Disciplinado Percentil

Determinado Percentil

Expansivo Percentil

Curioso Percentil

Estável Percentil

0 0 0 1 2 1 1

1 1 0 3 5 3 2

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2 4 1 8 9 7 7

3 11 2 16 16 15 17

4 22 6 29 25 27 33

5 38 15 45 37 43 53

6 56 28 63 50 60 73

7 74 46 78 63 75 87

8 86 64 89 75 87 95

9 94 80 95 84 94 98

10 98 91 98 91 98 100

Os parágrafos seguintes apresentam a interpretação para pontuações baixas, moderadas

e altas nos seis fatores do CDD. Essas interpretações foram utilizadas como base para a

elaboração dos textos que compõem o relatório gerado automaticamente pela plataforma do

CDD.

ESTÁVEL

Pontuação Baixa

São pessoas muito impactadas pelos sentimentos e emoções, estão sempre alertas ao que pode sair

errado e preocupadas em não terem dado o melhor de si. São descritas como sensíveis, preocupadas e

pensativas sobre as coisas que podem acontecer. São pessoas abertas a feedback e conselhos.

Geralmente são mais impactadas pelos sentimentos do que a maioria das pessoas, e rapidamente ficam

preocupadas. Raramente ficam satisfeitas e são usualmente autocríticas.

Pontuação Moderada

São pessoas que, no geral, conseguem manejar seus sentimentos, embora possam ficar ansiosas e

preocupadas sob stress. Essas pessoas não ficam frequentemente deprimidas ou preocupadas. Apesar

disso, ficam estressadas e são descritas pelos outros como emocionalmente estáveis. Lidam com as

situações mais difíceis como a maioria das pessoas, e são abertas ao feedback e mudanças.

Pontuação Alta

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São pessoas calmas e de fácil trato, livres de muita preocupação. São firmes nas situações mais difíceis e

vistas como ajustadas e calmas. É pouco provável que se deprimam ou fiquem ansiosas. Mesmo em

situações muito difíceis, ficam tranquilas e tendem a não se preocupar muito. O fato de serem livres de

ansiedade significa que geram um efeito de calma nos ambientes.

DETERMINADO

Pontuação Baixa

São pessoas razoavelmente fáceis de lidar e ficam felizes por verem para onde a vida as está levando.

Preferem um trabalho cooperativo e menos competitivo. Como essas pessoas ficam confortáveis com

outras pessoas assumindo a liderança, elas são boas pessoas para trabalhar em equipe. Elas participam

do trabalho, mas também consideram que a vida vai além do trabalho. Elas não se preocupam muito em

estar no controle ou em estar em primeiro lugar.

Pontuação Moderada

São pessoas que se sentem à vontade para seguir lideranças. São tão determinadas e competitivas quanto

a maioria das pessoas, além de serem comprometidas e trabalhadoras. Provavelmente suas carreiras não

são o único foco de suas vidas. Gostam do sentimento de conquista e de finalizar tarefas.

Pontuação Alta

São pessoas competitivas e determinadas. Preferem estar no controle e se frustram quando as pessoas

são lentas. São vistas pelos outros como alguém notável. São pessoas enérgicas e que buscam finalizar as

coisas. Geralmente ocupam cargos de responsabilidade e gostam da oportunidade de subir na carreira.

EXPANSIVO

Pontuação Baixa

São pessoas confortáveis com a própria companhia, pensativas e reflexivas. São naturalmente quietas,

que pensam e consideram os outros nas interações e ações. Os outros as veem como bons ouvintes, e

como pessoas que vão direto ao ponto e não perdem tempo com “conversa fiada”. Mais do que a maioria

das pessoas, elas ficam felizes em trabalhar sozinhas.

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Pontuação Moderada

São pessoas amigáveis e ficam à vontade em sua própria companhia. São pessoas com habilidades sociais

e também ficam à vontade com pessoas ao redor. São propensos a gostar de se reunir com pessoas

desconhecidas e são boas companhias, embora não busquem atenção e não são socialmente

dominadoras.

Pontuação Alta

São pessoas sociáveis e que gostam de estar entre pessoas. São extrovertidas, enérgicas e interessadas

em conhecer novas pessoas. São consideradas estimulantes pelos outros. São pessoas vistas como muito

sociáveis. São ótimas em fazer novas conexões e em conhecer novas pessoas.

RESPEITOSO

Pontuação Baixa

São pessoas descritas como objetivas e sinceras, pouco influenciadas pelas opiniões dos outros. São

diretas na fala e no trato, preferindo não fazer rodeios. É improvável que sejam facilmente influenciadas

por demonstrações de emoção ou preocupação pelos sentimentos dos outros.

Pontuação Moderada

São pessoas cooperativas e boas para trabalho em equipe, e que podem também se posicionar em favor

próprio. Tanto quanto a maioria das pessoas, são boas em ler os outros, e se importar com os sentimentos

alheios. São vistas como cooperativas e amigáveis. São respeitosas e delicadas se precisarem lidar com

conflito.

Pontuação Alta

São pessoas que se importam e têm compaixão – produzem paz e não conflitos. São emocionalmente

atenciosas, cuidadosas, sensíveis à necessidade dos outros. As pessoas tendem a confiar nelas, uma vez

que são boas ouvintes e se importam com os outros São pessoas boas em manter relacionamentos.

DISCIPLINADO

Pontuação Baixa

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São pessoas flexíveis, que agem com rapidez e não preocupadas com detalhes. Essas pessoas fazem as

coisas rapidamente. Não se preocupam muito com regras, o que significa que não ficam presas aos modos

antigos de resolver as coisas. São confortáveis com mudanças nas direções e pouco preocupadas com

procedimentos.

Pontuação Moderada

São pessoas organizadas e equilibram flexibilidade com segurança. Essas pessoas equilibram as

características minuciosa e confiável, com ser flexível e capaz de mudar. Embora estabeleçam padrões

altos e gostem de operar com estruturação, não são exageradamente rígidas. Os outros as veem como

seguras e conscienciosas.

Pontuação Alta

São pessoas altamente confiáveis e organizadas. Elas tendem a ser seguras, a planejar e a ser minuciosas

no trabalho. Fazem as coisas de acordo com as regras, gostam de fazer um bom trabalho e garantem a

pontualidade. Os outros as veem como confiáveis, com altos padrões e preocupadas com detalhes.

CURIOSO

Pontuação Baixa

São pessoas práticas, pragmáticas e pé no chão. Os outros valorizam o foco dessas pessoas em fazer as

coisas e a sua prontidão para lidar com a rotina e com trabalhos repetitivos. São pessoas que asseguram

que os outros não se percam e que mantenham os pés no chão.

Pontuação Moderada

São pessoas equilibradas entre serem curiosas e serem práticas. São pessoas capazes de ter novas ideias

e soluções criativas, e são capazes também de resolver problemas. Elas são pouco propensas a se apegar

a um problema e tendem a balancear novas ideias com questões práticas.

Pontuação Alta

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São livres pensadores, pessoas curiosas e abertas a novas ideias. São pessoas inventivas e criativas, que

buscam ideias não convencionais. Gostam de saber como as coisas funcionam ou estão conectadas em

inovações. Geram muitas ideias e soluções, e gostam de lidar com novos modos de ver e fazer as coisas.

12 REFERÊNCIAS

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