Manual Secretaria da Cultura 2012 - Limeira e a Imigração ... · fazendeiros paulistas, que...

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O movimento abolicionista que os colonos fizessem até chegar às ganhava força. A Lei do Ventre Livre foi fazendas. Cada fazendeiro poderia aprovada, mas, a liberdade dos filhos de usufruir no máximo de dez contos de réis e escravas só se tornaria uma realidade a teriam preferência os que optassem por partir de 1892, após alcançarem a imigrantes oriundos da Europa. O maioridade. A abolição da escravatura já Governo Imperial também procurou estava sendo esperada e só não ocorreu implementar ações que permitissem um antes de 1888, devido às pressões dos maior controle e uma uniformização na cafeicultores e senhores de engenho. Eles direção da importação de alienígenas. ainda não haviam encontrado uma Uma dessas iniciativas foi a organização solução para o problema da mão-de-obra. d a I n s p e t o r i a G e r a l d e Te r r a s e Como os negros africanos davam Colonização, pelo decreto nº 6.129, de 23 sustentabilidade à agricultura, os de fevereiro de 1876. Ele fixava as bases fazendeiros previam um futuro permeado para fiscalização e gerenciamento de de dificuldades. A solução, sem dúvida, todos os serviços de imigração e seria a importação de braços, visando à colonização. Esse órgão examinaria as substituição do escravo pelo imigrante. embarcações, cuidaria da saúde, Procurando minimizar esse problema, a agasalho, sustento, entrega de bagagens Assembleia Provincial decretou, em 30 de e colocação dos imigrantes nas colônias. março de 1871, uma lei que autorizava o A Assembleia Provincial de São Paulo, Governo da Província de São Paulo a com base nas leis nº 108, de 25 de abril de emitir apólices até a quantia de 1880, e a nº 36, de 21 de fevereiro de 1881, 600:000$000 (seiscentos contos de réis), autorizou a abertura de crédito para a para subsidiar os agricultores que construção de núcleos coloniais que pretendessem empregar colonos em seus funcionariam como escolas agrícolas para estabelecimentos agrícolas. Esses m e n o r e s e a d u l t o s , n a t i v o s e incentivos se destinavam ao pagamento estrangeiros.de passagens e suprimento das despesas

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Transporte de café - Acervo Paulo Masuti Levy

As ações para importação de propriedades da Província de São Paulo novos braços se multiplicavam e os eram muito extensas, essa entidade fazendeiros paulistas Martinho Prado centrou suas ações no sentido de atrair Júnior, Nicolau de Sousa Queiroz e Rafael trabalhadores que receberiam por de Barros fundaram, em 6 de julho de j o r n a d a e n ã o c o m o p e q u e n o s 1886, a “Sociedade Promotora de proprietários de terras.Imigração”. Essa instituição ganhou credibil idade, principalmente por oferecer aos italianos a oportunidade de emigrar com a certeza de sua instalação em núcleos ou fazendas, com emprego imediato para garantir o seu futuro. Eis parte do texto da escritura de constituição da mencionada sociedade, lavrada em 2 de julho de 1886: A Sociedade não tem fins de especulação lucrosa e nenhum de seus sócios poderá perceber, por qualquer forma, ou título, lucro ou vantagem alguma pecuniária. Ela deveria ser extinta após cinco anos de existência e os seus três fundadores seriam mantidos nos cargos de diretores, durante todo o tempo de sua duração. Seria o cúmulo da inocência ou idiotice acreditar que os cafeicultores fundaram essa instituição s e m o b j e t i v a r l u c r o s . C o m o a s

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A Sociedade Promotora de Imigração

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As entidades abolicionistas o Major Antonio Augusto Botelho. Ele batiam duro para a libertação dos impulsionou seus confrades para apoiar a escravos e muitas se envolviam em planos causa. Em 1886, quase todos os escravos para promover fugas em massa. Isso da cidade já estavam libertos; no entanto, c a u s a v a m a i o r p r e o c u p a ç ã o a o s havia escravocratas convictos que não cafeicultores. Em Limeira as ideias libertaram seus negros, mesmo depois da r e p u b l i c a n a s e a b o l i c i o n i s t a s s e Lei Áurea. Muitos atos dessa natureza propagavam por meio do “Grêmio pipocavam em toda a província, Democrático”. Participaram dessa contribuindo para aumentar a tensão dos entidade: Cândido Serra, Antonio fazendeiros para obtenção de mão-de-Augusto Botelho, Joaquim Maynert Kehl, obra. A imigração em grande escala está Dr. Ezequiel de Paula Ramos, José intimamente relacionada à questão da Ferreira da Costa, João de Quadros escravidão.Sobrinho, Joaquim Antonio Machado de Apesar de muitos historiadores Campos, Dr. Estevam de Almeida, Dr. afirmarem que a abolição tornou possível Fabrício Vampré, Luiz Borges Sampaio, a imigração em massa, a relação oposta Dr. Arthur Porchat, João Prodócimo da também deve ser considerada. Enquanto Costa Brum e outros. Campos Sales as fazendas de café puderam funcionar esteve na cidade para discursar em favor predominantemente com mão-de-obra da abolição da escravatura. Grupos de escrava, não ocorreu a imigração em larga jovens facilitavam a fuga de negros nas escala, subsidiada pelo estado. A fazendas e os encaminhavam a lugares libertação dos escravos tornou-se mais seguros. Isso ocorria com os inevitável e os cafeicultores paulistas, fazendeiros mais radicais, porque alguns cujo poder crescia decisivamente, trataram de libertar seus cativos antes conseguiram impor sua solução para o mesmo da lei de 13 de maio de 1888. À problema. A partir de 1884, o governo da frente da Loja Maçônica de Limeira estava Província de São Paulo fez tudo para

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A Pressão pela Abolição da Escravatura

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atingir o objetivo pretendido pelos cafeeiros plantados na província poderosos. Inundou o mercado de aumentou de 220 para 700 milhões. Essa é trabalho com imigrantes subvencionados uma leitura positiva registrada nos e, em 1886, encontrou uma maneira de documentos oficiais que exaltam a auxiliar integralmente a introdução de iniciativa do governo da província e das alienígenas. Quando os fazendeiros associações e entidades que promoviam foram ameaçados com fugas em massa e parcerias com o poder público. No desordens eles encontraram maior entanto, é necessário conhecer o outro facilidade para substituir o braço cativo lado da moeda, a história dos imigrantes “indiscipl inado” pelos imigrantes que não deram certo, a saga daqueles que italianos. Essa crise de mão-de-obra foram trazidos com o único objetivo de ocorreu num período crítico da economia s e r v i r d e m ã o - d e - o b r a b a r a t a e italiana. Os produtos agrícolas norte- disciplinada para as fazendas de café. americanos eram oferecidos por preço Muitos candidatos à emigração viajaram mais barato no mercado. Essa situação a pé, cruzando a maior parte do norte da crítica gerou uma oferta imediata de Itália, sob um inverno rigoroso, para trabalhadores desesperados, prontos embarcar em Gênova, visando usufruir do para protagonizar o grande êxodo. Em benefício da gratuidade das passagens. meados de 1887, mais de setenta mil Eles desconheciam o futuro sombrio que imigrantes foram empregados em os aguardava na nova terra. Alguns estabelecimentos agrícolas em São deputados e o governo da província, que Paulo. Para que o leitor tenha uma idéia se mantinham no poder graças à força dos até então, aproximadamente sessenta Barões do Café, faziam discursos e mil escravos cuidavam da agricultura empreendiam gestões para saturar as paulista. O evento da imigração não só fazendas com trabalhadores, com o permitiu que ocorresse a abolição, como objetivo de aumentar a concorrência. A lei também colaborou com o aumento da da oferta e procura manteve os salários produção de café. Entre os anos de 1888 e achatados. Apesar das afirmações o início do século XX, o número de oficiais, a coação e a violência eram

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Navio ancorado no Porto de Genova, principal porta de saída de emigrantes italianos ao Brasil(cartão postal editado no início do século XX)

evidentes na vida rural, principalmente eles só conseguiam acumular algum nos momentos de greve, visando, de pecúlio em circunstâncias muito especiais qualquer forma, manter o controle. Os ou quando participavam de famílias com i m i g r a n t e s f i c a r a m s u j e i t o s a o s muitos membros capacitados ao fazendeiros paulistas, que exerciam o trabalho. Um dos indicadores mais poder da vida e da morte. significativos que revela a condição dos

Mais uma vez insisto em dizer que alienígenas na Província de São Paulo é a a história que ocorreu com portugueses, grande quantidade de imigrantes que suíços e alemães se repetiu. Os deixaram o estado, dirigindo-se à f a z e n d e i r o s f a z i a m o q u e b e m Argentina ou que regressaram à Itália. Até entendiam, aplicavam multas arbitrárias, mesmo para retornar à velha pátria, eles procurando reduzir os salários dos enfrentavam dificuldades. Encontramos colonos. Os pesos e medidas vigentes nas um documento datado de 11 de abril de vendas das fazendas continuavam a ser 1890, no qual o Conde de Roswadowisk, motivo de reclamação. Muitas colônias cônsul da Itália, respondendo a um t inham grupos de capangas que comunicado da Intendência Municipal de mantinham os imigrantes sob vigilância. Limeira, enviado em 4 de abril daquele Relatórios consulares e jornais de época m e s m o a n o , d e m o n s t r o u t o t a l registram centenas de eventos violentos, insensibilidade para com a situação que não eram julgados com equidade pela penosa em que se encontrava o italiano de justiça. Dificilmente se encontra um único sobrenome Astolfi. Publicamos essa caso de fazendeiro que tenha recebido correspondência na íntegra: Recebi a qualquer punição por ter espancado um carta de 4 do corrente, na qual me de seus agregados. Essas arbitrariedades comunicaram a situação digna de geraram muita violência. compaixão do colono Astolfi e sua família.

O sistema certamente foi criado Sinto muito não poder satisfazer o pedido para manter os trabalhadores na do Astolfi, ainda que acompanhado pela dependência dos patrões. Alguns órgãos valiosa recomendação de V.V.S.S. de imprensa e documentos revelam que Conforme as instruções de meu governo,

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Imigrantes Italianos trabalhando na lavoura do café.(Cartão postal editado em 1903)

o s s eus r ep r es en t a n t es n ã o s ã o fazendeiros, dos imigrantes, dos autorizados a sustentar as despesas de governantes brasileiros e italianos, repatriação dos colonos que, por uma sempre com a intenção de levar razão qualquer, não acharam no Brasil a vantagem. O homem sedento de poder e posição que esperavam obter com a ávido por riqueza não se importa em máxima facilidade. Não é certamente o maltratar seus semelhantes e o mundo governo italiano o responsável pelas em que vivemos está permeado de ações dos agentes de imigração ocorrências que confirmam essa verdade brasileiros, os quais, como no caso indiscutível. No entanto, apesar da presente, fizeram partir da Itália até inescrupulosidade dos agentes de indivíduos velhos e doentes fortemente emigração, que enganavam os ignorantes incapazes de trabalhar. com estórias maravilhosas, os imigrantes Apresento a V.V.S.S. os atestados de contribuíram com o desenvolvimento de minha distinta consideração. Limeira, do Estado de São Paulo e do

Creio que ocorreram abusos dos Brasil.

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Hospedaria dos Imigrantes - Século XIXAcervo Memorial do Imigrante

Depois de serem utilizadas e produtores de Café. O projeto do prédio construídas instalações para abrigar os de dez mil metros quadrados foi do recém chegados, a Lei número 56, de 21 engenheiro alemão Antonio Martins de março de 1885, autorizou o dispêndio H a u s s l e r. A h o s p e d a r i a e s t a v a de cem contos de réis para a aquisição de dimensionada para receber três mil um terreno de 34 mil metros quadrados e imigrantes, mas, em alguns momentos, a construção de um prédio para a abrigou aproximadamente o triplo de sua Hospedaria de Imigrantes do Brás, com capacidade.acomodação para a secretaria e pessoal da administração. Nesse bairro se dava o Estrutura e Funcionamentocruzamento dos trilhos da Central do Brasil e da São Paulo Railway, que ligavam R e c e p ç ã o , t r i a g e m e a capital ao Rio de Janeiro e a Santos, encaminhamento para as fazendas no respectivamente. Em julho de 1886, no interior do estado. Essas eram as funções governo de Antonio de Queiroz Telles, básicas da hospedaria. Era dotada de então Barão de Parnaíba, iniciaram-se as serviços de alimentação, alojamento, obras. Em julho de 1887, um surto de controle médico-sanitário, registro e varíola e difteria ocorrido na Hospedaria direcionamento ao trabalho. No do Bom Retiro levou as dependências do escritório oficial de informação e Brás, mesmo inacabadas, a receberem o c o l o c a ç ã o , e r a m i n d i c a d a s a s primeiro grupo de imigrantes. As obras só oportunidades de emprego. O tempo foram concluídas em 1888 e a sua médio de permanência de estrangeiros e administração, nos primeiros anos, nacionais era de uma semana. Esse prazo esteve a cargo da Sociedade Promotora era condicionado pela oferta de trabalho, de Imigração, fundada e dirigida por

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A Hospedaria dos Imigrantes

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problemas médico-sanitários ou pela i m i g r a n t e s d e a c o r d o c o m s u a s d i s p o n i b i l i d a d e d e t r a n s p o r t e . profissões.Atravessando os oceanos em porões superlotados, sob péssimas condições de Um pouco da História dos higiene, numa época marcada por Italianos em Limeiraepidemias de varíola, tuberculose, tifo, cólera, entre outras, o imigrante tinha na

Os italianos começaram a chegar sua boa condição de saúde o cartão de

a essa cidade, no início da década de 1870, entrada para uma nova vida. Por essa

a exemplo de Massimiliano Prada. O Dr. razão, a Hospedaria era dotada de uma

João Batista Borelli, sem dúvida um dos seção de banhos e desinfecção,

nomes mais expressivos da colônia e n f e r m a r i a , c o n s u l t ó r i o m é d i c o ,

limeirense, pesquisando os documentos farmácia, cozinha e rouparia. Os

pertencentes às associações italianas hóspedes eram vacinados e os doentes

fundadas na cidade, levantou os com maior gravidade eram removidos

seguintes dados: “Em 1884, registramos para a Santa Casa de Misericórdia ou para

entre os comerciantes a presença de: o Hospital de Isolamento. A Hospedaria

Farani & Cia., Afonso Nocito & Tarci, do Brás tinha seis grandes dormitórios e

Godofredo Luce e Egisto Parronchi. um refeitório que acomodava 800

Nessa época, Massimiliano Prada e pessoas. O Correio Paulistano noticiou,

Domingos Scartezini exerciam a profissão em março de 1906: Começa a funcionar a

de alfaiate. Agência Oficial de Colonização e

Em 8 de setembro de 1887, Tr a b a l h o , i n s t a l a d a e m p r é d i o

fundou-se a “Società Operaia di Mutuo especialmente construído junto da

Soccorso” da qual foram presidentes: Hospedaria de Imigrantes. Foi instituída

Francesco Farani, Francesco Pierroti e p e l o D r. B o t e l h o , S e c r e t á r i o d a

Alexandre Formani. No dia 15 de agosto Agricultura, para favorecer a colonização

de 1896, foi criada a “Società Operaia e proteger todos os que trabalhavam na

Italiana e Beneficenza”, sob a presidência lavoura. Esse órgão encaminhava os

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Sede da Sociedade Italiana de Mutuo Socorro inaugurada em 1888 - Limeira - SP

de Egisto Parronchi. Em 9 de setembro de Peccinini e Florenzo Mattietto.1900, ocorreu uma fusão dessas duas A 20 de setembro de 1923, por entidades para constituição da “Società iniciativa de Giuseppe Prada, foi feita a Italiana di Mutuo Soccorso Humberto I”. fusão das duas mencionadas sociedades, Ela foi presidida pelos seguintes cidadãos: originando a “Società Italiana di Mutuo Biagio Maretta Schettini, Silvério Ignarra, Soccorso”, cujos presidentes foram: Francisco Marchese, Ângelo Piscitelli, Florenzo Mattietto, Caetano Diniz, Francisco Pasquale, Nicolau Del Nero, Geraldo Potenza, José Della Chiesa, Giuseppe Theodoro Santucci, Salvador Salvador Fillipi, Vito Mastrocolla, José P a o l i l l o , C a r m i n e A r c a r o , J o ã o Pasquale e Vicenzo Leone.Marmorato, Vito Mastrocolla, Egisto Em 16 de março de 1937, com a Parronchi, Geraldo Potenza, Ângelo Feola união da Sociedade Italiana de Mutuo e Caetano Diniz. Socorro, da eEscola Emanuelle Feliberto,

Em 1894, aparecem Atílio Sabato, do Fascio Antonio Cascino e da Ópera José Balbi, Francesco Grotta e José Nacionale Dopolavoro, foi constituída a Theodoro Santucci na fundação da Santa “Casa D'Italia que, por ocasião da Casa de Misericórdia. No dia 15 de Segunda Grande Guerra, tornou-se fevereiro de 1901, foi inaugurado o serviço inativa. de iluminação elétrica da cidade. A obra Em 1961, os remanescentes da foi realizada pela empresa Ignarra S o c i e d a d e I t a l i a n a f i z e r a m u m a Sobrinho & Cia., constando entre seus campanha para construir o prédio Dante sócios Luigi Scartezini e Carmine Arcaro. Alighieri, inaugurado em 10 de outubro de

Em 20 de agosto de 1902, fundou- 1964, abrigando a ”Sociedade Italiana” e o se a “Società de Mutuo Soccorso” entre os “Instituto Cultural Ítalo Brasileiro”. A I t a l i a n o s d o S e t e n t r i ã o . F o r a m última diretoria da Sociedade Italiana de presidentes dessa entidade: Giuseppe Limeira foi composta pelos seguintes Prada, Leone Zaccaria, Luiz Felizi, Emilio membros: Vicenzo Leone (presidente), Spadari, João Giovanini, Augusto Massari, Henrique de Carli (tesoureiro), Felício Alberto Ferrari, Dante Battiston, Pietro Giffoni (1º secretário), Caetano Vivona (2º

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secretário). Também constavam como membros: Luiz Borelli, José Ponzo, Vicente Bombini, Vicente Puzzi, Caetano Muoio, Luigino Burigotto, Giovani Tronco, Francisco Gullo, Benito Coletta, Antonio Rossi, Henrique Savoi, Pedro Coelli, Carmine Scar iatto, Humberto di Ferdinando, Catulo Ranzi, Bruno Paladino, Carmine Lombardi, Atílio Sabato Galzerano, Domenico Galzerano, Giovani Antonio Galzerano e Luiz Suppia”.

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Massimiliano PradaAcervo Augusta Schulz

Vicenzo Leone, uma figura que se “Corrispondente Consulare D'Itália”. dedicou aos seus patrícios e, por essa Vicenzo recebeu essa honraria, no dia 6 de razão, foi indicado como representante março de 1955. O Vice-Cônsul dottore consular da colônia italiana em Limeira. Francesco Ruffo entregou pessoalmente V i c e n z o p a r t i c i p o u d e d i v e r s a s a comenda, em uma sessão solene associações e era membro ativo da ocorrida na Sociedade Italiana (Casa Maçonaria. Em janeiro de 1955, foi D'Itália). O Dr.João Batista Borelli agraciado pelo governo italiano com a assumiu as funções de correspondente comenda “Stella della Solidarietà consular e, no dia 16 de outubro de 1968 Italiana”. Ele foi homenageado pelos também foi agraciado com a mesma inúmeros anos de serviços prestados à comenda.colônia de Limeira, sendo escolhido como

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Os Representantes dos Italianos

Vicenzo Leone

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Sarau dançante na Sociedade Italiana - 04/08/1928Acervo Paulo Masuti Levy

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Síntese da História da Citricultura

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Conforme as pesquisas de Geraldo funcionamento da Escola Agrícola Prática Hasse, desde 1897, a superprodução Luiz de Queiroz, em Piracicaba, foi um cafeeira preocupava os governantes e grande passo para o desenvolvimento do interessados. Diante desse problema, a ramo. A partir de 1910, a instituição partir de 1902, o governo paulista instituiu passou a formar engenheiros agrônomos. um imposto sobre o plantio de novos Em 13 de outubro de 1954, O Estado de cafezais. Essa iniciativa, que perdurou por São Paulo publicou um artigo de Armando aproximadamente dez anos, incentivou a M a r t i n s C l e m e n t e , i n t i t u l a d o cultura da laranja, principalmente em “Quatrocentos anos de Fruticultura”, terras arenosas, não recomendadas ao tendo o articulista afirmando que, em cultivo do café. Houve certa resistência 1909, Júlio Conceição, fazendeiro de café por parte dos fazendeiros, porque, até de Piracicaba, plantou laranjas em uma então, em muitos lugares, a palavra área de 120 alqueires nas fazendas laranja era usada como um termo Paraíso e São Lourenço, situadas nas depreciativo. “Na capital do país, onde o proximidades do citado município. comércio da laranja era praticado Conhecedores dessa cultura consideram predominantemente por ambulantes, essa proeza quase impossível para a biscateiros e feirantes, sempre dispostos época, principalmente levando-se em a passar a perna no próximo, “laranjeiro” conta a dificuldade de se conseguir mudas passou a ser sinônimo de embrulhão, em número suficiente para cultivar área vigarista ou malandro”. Em São Paulo, tão extensa. Nos pr imórdios da como incentivo aos agricultores, o citricultura, somente os comerciantes que governo estadual distribuía mudas tinham vínculos com o mercado interno e frutíferas no Horto Agrário de Cubatão e externo obtinham sucesso. Em 1909, o no Horto Botânico da Cantareira, na governo federal instituiu prêmios a quem C a p i t a l . E m 1 9 0 1 , o i n í c i o d o exportasse frutas e essa ação incentivou

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Síntese da História da Citricultura

os comerciantes do Rio de Janeiro a Experimental da citada cidade, publicou exportar para a Argentina a partir de 1910. uma monografia de Henrique Lôbbe, Um dos pioneiros nessa atividade foi registrando que o iniciador da citricultura V i c e n t e B a r o n e . A s f r u t a s e r a m em larga escala foi Domingos Almeida embaladas em caixas de cebola vindas do Guimarães. Já o Suplemento Histórico da Rio Grande do Sul e em sacos de aniagem. Gazeta de Limeira, editado em 1980, As laranjas produzidas em São Paulo, registrou que o primeiro pomar comercial colhidas entre os meses de abril e julho, e foi plantado em 1908 pelo Major José do Rio, entre agosto e dezembro, foram Levy Sobrinho, cafeicultor e político exportadas, regularmente para a limeirense. Segundo o depoimento de seu Argentina e, eventualmente, para o filho, Manoel Simão de Barros Levy, o Uruguai. Era um negócio lucrativo. No Major plantou seu primeiro pomar de entanto, até então, a exportação era um laranjas baianas em 1918, em uma área simples complemento do comércio que abrigava um cafezal queimado pela interno, que tinha seus principais focos geada de 1917. Na realidade, o fazendeiro dominados por portugueses no Rio de Mário de Souza Queiroz (1872 – 1968), Janeiro e por descendentes de italianos primo do visionário que implantara a no mercado de São Paulo. Nova Iguaçu e escola agrícola da vizinha Piracicaba, C a m p o G r a n d e e r a m a s r e g i õ e s descendente do célebre Nicolau Pereira produtoras no Rio de Janeiro e o de Campos Vergueiro, do Barão de município de Limeira destacava-se no Limeira e do Senador Francisco Antonio Estado de São Paulo, fornecendo a maior de Sousa Queiroz, já plantava laranjas em parte das laranjas baianas destinadas à Limeira. Em 1911, após ter administrado a exportação. Nesses primeiros anos, a fazenda paterna, por uma década, Mário colheita e o embarque ferroviário para comprou a Chácara Santa Cruz, uma São Paulo eram organizados pelo propriedade de 520 hectares, que comerciante André de Felice, que recolhia pertencera ao Senador Vergueiro, cujo a produção de pomares mistos. Em 1985, portão de entrada ficava a um quilômetro a Revista Laranja, editada pela Estação do centro da cidade de Limeira. Essas

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terras não eram apropriadas para o cultivo escola informal, a Chácara Santa Cruz se do café; por essa razão, ele decidiu t o r n o u u m c e n t r o i n f l u e n t e d e cultivar cítricos, adotando como modelo multiplicação de novas variedades de os pomares da Califórnia. Para iniciar a cítricos. Mario Queiroz “era mais viveirista cultura, ele importou um técnico em do que fazendeiro e mais romântico do enxertia formado na Alemanha. Em 24 de que empresário, não media esforços para junho de 1912, chegou à Chácara Santa conseguir borbulhas de laranjeiras que Cruz o jardineiro, pomicultor e horticultor p r o m e t e s s e m b o n s r e s u l t a d o s Edmond Hess, contratado por indicação comerciais”. Segundo seu filho, Eduardo de Anna Hering, governanta de Souza S o u z a Q u e i r o z , e o t é c n i c o e m Queiroz. No primeiro ano, Hess plantou fruticultura, Luiz Marino Neto, além das três milhões de sementes de laranja inúmeras variedades de cítricos, as caipira e selecionou boas mudas para laranjas Pérola e Serrana foram criações constituição de um viveiro comercial, o originais da Chácara Santa Cruz, onde primeiro de Limeira. Octávio de Souza surgiu, por acaso , uma laranja sem Queiroz afirmou que, em 1913, seu pai semente, que foi denominada pela mandou colocar um cartaz – Vendem-se ESALQ de “Pera Souza Queiroz”. Enfim, Laranjeiras – na divisa da propriedade, as mudas produzidas por Edmund Hess junto à passagem do trem. Com o sucesso constituíram um dos primeiros pomares alcançado, Mário contratou outro comerciais de São Paulo, com vinte mil alemão, chamado Siegfried, para auxiliar pés de laranja baiana e tangerina cravo. nos trabalhos. Os dois imigrantes Em 1920, cinquenta mil pés produziam o ensinaram a técnica da enxertia baixa mesmo número de caixas de laranja e (próxima ao chão) aos peões da fazenda. tangerina por safra. A Santa Cruz também Esse método contrariava a tradição dos era produtora de café, algodão, milho, hortelões portugueses que sempre flores e verduras. Entre os anos dev 1914 e preconizaram a enxertia alta. Hess 1916, Mário de Souza Queiroz foi prefeito justificava essa técnica para proteger a de Limeira. Durante sua gestão, ele planta do sol. Além da implantação dessa esforçou-se para reunir os citricultores em

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Sede da Fazenda Santa Cruz que, após reforma abrigou a sede do Limeira Clube.

uma cooperativa, mas não foi bem de cítricos, principalmente na cidade de sucedido nessa empreitada. Ele também Limeira, que, futuramente, tornou-se a conseguiu com o prefeito da capital a Capital da Laranja. Após perder esse c e s s ã o d e u m a b a n c a p a r a título, passou a ostentar a honra de ser, comercialização dos produtos dos durante muitos anos, o maior viveiro agricultores limeirenses. Na prática, essa cítrico do mundo. A família Dierberger ideia também não deu certo. Na década deu uma contribuição ímpar nesse de 20, Mário mudou-se para São Paulo, contexto. A Fazenda Citra abrigou o deixando a administração da fazenda aos primeiro barracão de classificação e filhos. Em 1939, suas terras foram embalagem de laranjas. Mais tarde, esse loteadas pela primeira vez. Foi nessa “Packing House” foi transferido para a época que o Limeira Clube, fundado em cidade, próximo da via férrea, para 1916, comprou a área da sede da Santa facilitar os embarques na Cia. Paulista de Cruz, medindo três alqueires, por cem Estradas de Ferro, que, desde 1906, já contos de réis. Em 1986, permaneciam mantinha um serviço utilizando vagões apenas 8600 metros quadrados nas mãos especiais para o transporte de frutas do de seus descendentes. Essa área também interior para a capital.foi adquirida pelo citado clube. Não há notícia da existência de outro viveiro cítrico constituído no interior paulista, antes do empreendimento de Souza Queiroz. A Escola Luiz de Queiroz só começou a fazer enxertia cítrica a partir da década de 20, pelo professor Philippe Westin Cabral de Vasconcelos (1892 – 1985), que passou para a história como o pai das laranjas Baianinha de Piracicaba e Piralima. Abrimos esse parêntesis, para contarmos um pouco do início do plantio

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Packing House da Fazenda Citra (após reforma) - Acervo Museu da Família Dierberger - Limeira - SP.

Em 3 de novembro de 1927, em um colhidas no pomar da Chácara Baiana, relatório dirigido ao fazendeiro Major situada em Limeira, pertencente ao Major José Levy Sobrinho, João Dierberger José Levy Sobrinho, que deu apoio moral Júnior (1898–1979) registrou os métodos, e material, “sem os quais teria sido problemas e macetes inerentes à impossível executar essa operação a bom exportação de laranjas para a Europa. Em termo”. Segundo a programação, as 1926, o autor do citado documento e João laranjas imprestáveis para exportação Carlos Baptista Levy, utilizando o canal de deveriam ser vendidas em São Paulo. exportação de flores da Dierberger & Cia, Animados com a boa aceitação que essas empreenderam a primeira exportação de frutas tiveram na Europa, conforme laranjas para a Europa empregando os provaram as primeiras contas de venda, métodos californianos a partir de Limeira. eles aumentaram essa quantidade. O Essa iniciativa acarretou considerável resultado pecuniário dessa experiência, p r e j u í z o p a r a a m b a s a s p a r t e s incluindo-se a frigorificação e a venda de contraentes. Em 1927, na segunda laranjas no mercado interno, assim como tentativa que João Dierberger Júnior a exportação de 720 caixas de laranjas empreendeu, sem a coadjuvação de João Pera, não corresponderam à expectativa, Carlos Levy, que havia falecido, ele apesar do brilhante sucesso que, c o n s e g u i u u m l u c r o d e , tecnicamente, tiveram com a maioria das aproximadamente, 49.943 110 réis remessas e com o considerável lucro exportando 7994 caixas de laranjas obtido com a venda das frutas de baianas, das quais foram vendidas 7859 tamanho médio e pequeno, que, em nos mercados de Hamburgo e Londres. média, foi de 16 mil réis líquidos por caixa. De acordo com o planejamento, a A falta de fruta de tamanho médio e Dierberger & Cia deveria exportar 5000 pequeno, uma remessa de mil caixas de caixas de laranjas Baiana, a serem laranjas frigorificadas em São Paulo e

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Dierberger e a Exportação de Laranjas para a Europa

reexpedidas a Santos a fim de serem porcentagem por caixa, a fim de animar o exportadas, e as caixas de laranjas Pera, trabalho consciencioso. Também seria fornecidas pelo Sr. Mário de Souza conveniente que cada pomar tivesse Queiroz, cujas frutas chegaram em c a r a m a n c h õ e s c o b e r t o s , p a r a péssimo estado ao destino, foram alguns armazenagem das frutas colhidas. Isso dos fatores que ocasionaram um facilitaria o rápido e contínuo transporte e considerável prejuízo. Apesar disso, essa melhor aproveitamento do tempo seco. iniciativa pioneira rendeu um lucro líquido Assim, mesmo no período das chuvas, o de 49.493 110 réis. Considerando todos os trabalho não ficaria paralisado por falta de fatos, a experiência instilou esperança no frutas colhidas.” No princípio, as desenvolvimento da exportação para o operações de seleção, l impeza e estrangeiro. O líquido médio foi de 6.353 embalagem foram executadas em um réis por caixa, preço tão baixo, porque a barracão junto à fábrica do Major Levy, maioria das frutas enviadas eram de situado nas proximidades da estação da tamanho grande. João Dierberger Júnior Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Os planejava evitar o máximo possível o últimos despachos foram preparados em contato manual com a fruta, tanto na um barracão, especialmente construído colheita, como na separação. Ele sabia no pomar da Chácara Baiana. João que a mínima ferida em sua epiderme Dierberger avaliou que seria conveniente constituía-se o portão de entrada para os executar essas operações junto à chave da germes que causam a putrefação. estrada, para facilitar o embarque nos Entretanto, os colhedores não se vagões, a locomoção do pessoal e adaptaram a essa exigência. Depois de fiscalização dos trabalhos. Quanto ao detalhar o procedimento da colheita, ele transporte, “a despesa é menor, quando o relatou que, para realizar essa operação, carreto é um só, do pomar até a casa de ele despendeu, aproximadamente, 250 beneficiamento, junto à estrada de ferro, réis por caixa. “No futuro, seria sem descarga e nova carga em algum interessante pagar o serviço por ponto intermediário”. O custo do empreitada, com direito a uma pequena transporte poderia ter uma redução de

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até 5 contos de réis, com a aquisição de imprestáveis, embalagem em papel de um automóvel. Isso era perfeitamente seda e encaixotamento, oferecendo justificável, porque, para execução de subsídios de valor imensurável para uma operação desse porte, desde que ela racionalização do trabalho e de custos fosse feita com veículo próprio, renderia para as futuras exportações. No que se um lucro equivalente ao pagamento de refere aos fretes terrestres, antes de 50% do seu valor. “Quanto ao custo da iniciar a exportação, foi feita uma mão-de-obra, incluindo-se a confecção exposição das diversas dificuldades que de 8.041 caixas preparadas para se opunham ao desenvolvimento dessa exportação e a quantia de 1000 réis “pró atividade ao Secretário da Agricultura. labore” ao gerente da empresa, foi Infelizmente, as gestões com o governo despendida a quantia de 1.260 réis por não produziram resultados. Entretanto, caixa. Essa despesa poderá ser reduzida a Dierberger elogiou as companhias de 1000 réis, uma vez que o pessoal tenha estradas de ferro, pela facilitação do adquirido maior prática e se acharem transporte. Em geral, os vagões mais perfeitos maquinismos à disposição despachados como carga não levaram da empresa”. Para selecionar as frutas por mais do que 15 horas no trajeto até tamanho, eles construíram uma máquina Santos. Para tratar das formalidades a correias móveis. Também utilizaram, alfandegárias, eles contrataram os com sucesso, uma prensa de ferro armada serviços da casa despachante, F. Motta & sobre um banco a roliços, para colocação Cia. Preocupados com o envio cuidadoso das tampas das caixas em forma das frutas e com o embarque em Santos, abaulada. João Dierberger Júnior João Júnior acompanhou pessoalmente detalhou todo o processo de seleção todos os despachos até bordo. Ele manual e industrial das frutas, assim esperava que, no futuro, a Companhia de como a importância do treinamento de Docas colaborasse para que não pessoal para aprimoramento das ocorressem as demoradas e prejudiciais operações de limpeza manual das laranjas formalidades para o desembaraço de c o m p a n o s , e s c o l h a d a s f r u t a s documentos e entrega da mercadoria a

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Chácara Baiana, com destaque para o Major José Levy Sobrinho(à direita). Acervo Museu da Fazenda Itapema - Limeira - SP.

bordo. No relatório, ele registrou a falta empresa não poupou esforços para de cuidado dos estivadores. Para resolver introduzir a fruta brasileira, até então esse problema e outros inconvenientes, completamente desconhecida no seria aconselhável empregar aquele mercado alemão, recusando qualquer jeitinho brasileiro, reservando a quantia porcentagem ou lucro, tendo-nos de 100 réis por caixa para gratificações. informado todas as exigências do Depois de detalhar todo o processo de mercado hamburguês, como ainda se fretes marítimos, Dierberger elogiou a verifica pela volumosa correspondência Hamburg Sud. A empresa facilitou os que, durante a exportação desse ano, a despachos, consentindo o pagamento Stamer & Co. nos enviou.” Quanto à dos fretes no porto de destino, o que pela diminuição do lucro esperado, ocorrido Royal Mail foi recusado. “Contrariando pelo apodrecimento de parte das laranjas, todas as expectativas, o mercado de em algumas remessas, Dierberger Hamburgo apresentou-se muito mais concluiu que o apodrecimento foi favorável do que o de Londres para a provocado pela “Mosca de Frutas”. “O compra de nosso produto, sendo a maior inimigo da nova e tão futurosa diferença de lucro considerável nos indústria de exportação de laranja é a diversos tipos, variando de 1 a 6 mil réis Mosca de Frutas. Para observação, tendo por caixa. Mesmo nos tipos 64 e 80 que, no guardado, como de costume, algumas mercado de Londres, produziram c a i x a s d a r e m e s s a e m q u e s t ã o , prejuízo, ainda deram algum lucro na verificamos, após poucos dias da sua venda em Hamburgo”. “Em parte, essa expedição, a putrefação de algumas obtenção de melhores preços é devido ao frutas, a qual aumentava, rapidamente, consciencioso trabalho e ao cuidado que reduzindo a quantidade de exemplares adotamos na manipulação das frutas. em cada caixa m/m a 30%. A razão de não Convém salientar os grandes serviços ter ocorrido igual fato com a remessa prestados pela firma Stamer & Co. anterior (120 caixas) é facilmente Hamburg, nosso representante naquela explicada, pois houve entre essa e a praça. Durante a primeira experiência, a s e g u n d a u m i n t e r v a l o d e ,

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Depósito temporário de caixas de laranjas constituído no momento da colheita.Acervo do Museu da Fazenda Citra - Limeira - SP.

aproximadamente, um mês, tempo em qualidade e não a quantidade garantiu a que a multiplicação da mosca assume aceitação das marcas de laranjas da enormes proporções. Encerrando o nosso empresa, “Tropic Sun”, “Tropic Palm” e relatório, agradecemos os bons auxiliares “Exquisit”, pelos importadores europeus. que nos possibilitaram a realização da Em 1927, as organizações existentes se experiência, principalmente ao Sr. integraram para a constituição da nova Rodolfo Pudelko, que desempenhou a sua firma, a Dierberger & Companhia, a qual função com rara dedicação e perfeita João Dierberger era o sócio comandatário compreensão. Igualmente ao Sr. e os seus dois filhos, sócios solidários. Felisberto Camargo, que nos auxiliou em Além de desenvolver outras atividades, a diversas providências a serem adaptadas. empresa também introduziu inúmeras Operários e operárias de Limeira, apesar variedades de plantas cítricas, tais como de inexperientes, demonstraram boa diversas tangerinas, a laranja valência, a vontade e grandes aptidões para, cada Washington Navel (Baianinha), a Hamlin, vez mais, se familiarizar com esse diversos Grape-Fruits, etc. Quando João trabalho, o qual, quiçá, para Limeira e São Dierberger Júnior abriu o caminho para a Paulo ainda será de imenso valor. (a) João laranja brasileira na Europa, Júlio Prestes, Dierberger Júnior.“ então Governador do Estado de São

Paulo, convidou o agrônomo Fernando Em 1928, O Estado de São Paulo Costa para assumir a Secretaria da publicou uma carta enviada por Gaelzzer Agricultura. Ele reorganizou o Instituto Netto, comissário do Brasil em Berlim, à Agronômico, criou o Instituto Biológico e, Associação Comercial de São Paulo, para facilitar a vida dos exportadores, destacando o trabalho da família mandou construir uma Packing House e Dierberger: “A única firma brasileira que implantar Estações Experimentais em t e m f e i t o b o a s r e m e s s a s , b e m Limeira e Sorocaba. A gestão do citado acondicionadas e de laranjas bem secretário foi profícua, no momento em escolhidas, com cascas limpas, tem sido a que a cultura do café sofria sério agravo firma “Dierberger Irmãos de São Paulo”. A pelo surto de broca dos cafezais, e a

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Casa da Laranja (Packing House) - Limeira - SP.Acervo Lillian Senra.

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c i t r i c u l t u r a b u s c a v a g a n h a r Brasil era o quinto maior produtor embasamento técnico. Também foi mundial de cítricos, superado apenas importante a nomeação do agrônomo pelos Estados Unidos da América, Felisberto Camargo, formado na ESALQ, E s p a n h a , J a p ã o e I t á l i a . M u i t o s como primeiro diretor da Estação capitalistas entraram no negócio, mas, Experimental de Limeira. Ele encontrou para exportar, era preciso ter boas um desafio à altura dos conhecimentos relações no exterior. Surgiram os adquiridos em um curso de especialização intermediários que viajavam pelo interior em cítricos de que ele participou em catando laranja caipira nas fazendas. Riverside/Califórnia e da experiência Egisto Ragazzo Júnior tinha 29 anos adquirida no Instituto Agronômico de quando, em 1933, entrou no negócio da Campinas, onde havia trabalhado laranja, arrastado pelo pai, comerciante anteriormente. O agrônomo Edmundo de aguardente, arroz e café. Ele Navarro de Andrade (1880 – 1941), confidenciou ao pesquisador Geraldo formado pela Escola Nacional de Hasse: “Chegava a época de exportar, era Agricultura de Coimbra (Portugal), na uma corrida atrás de laranja, pois a primeira década do século XX, exerceu produção era insuficiente. Eu me lembro u m a g r a n d e i n f l u ê n c i a p a r a o de que, no primeiro ano, saí com um desenvolvimento do plantio e exportação grupo de colhedores de laranja, jagunços, de frutas cítricas, pelos seus artigos a bem dizer, e me instalei num barraco de publicados em “O Estado de São Paulo”, Araraquara, com as máquinas de seleção nos anos de 1928 e 1929. Após a de laranjas. Nós procurávamos em todos experiência audaciosa de João Dierberger os cafezais da região para apanhar laranja Júnior, a exportação brasileira de laranja caipira, que dava em árvores frondosas, não parou de crescer. Em 1927, foram no meio do café”. Outro que começou exportadas 359.837 caixas no valor de comprando laranja na região de 114.185 libras esterlinas e, em 1931, Jaboticabal, Araraquara e Catanduva, foi 2.054.302 caixas, por 658.322 libras João Senra, nascido em 1902, em Barroso, esterlinas. No final da década de 20, o MG. Sua filha, Lillian Senra Siqueira,

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minha amiga particular, contou-me que essa altura, o movimento em Limeira era João trabalhou por muito tempo com os grande. Crescia o número de pessoas que Dierbergers, em Mogi das Cruzes, São plantavam e exportavam laranjas. Muitos Paulo e na Fazenda Citra. “Depois de aventureiros perderam dinheiro e, cheios algumas exportações, meu pai resolveu de dívidas, partiam no famoso trem que trabalhar por conta própria. Em 1932, ele saía de madrugada de Limeira. O motivo mudou-se para Limeira, onde começou a mais comum dos prejuízos era o seguinte: fazer descoloração de laranjas com gás Os navios levavam cerca de um mês para etileno, em pequenas câmaras, e com chegar à Europa. Assim que aportavam, esse negócio conseguiu capital suficiente os importadores começavam a enviar para exportar duas safras. Ele também boletins informando os altos preços. c o m p r a v a l a r a n j a p a r a o u t r o s Entusiasmados, os exportadores, aqui no exportadores”. Poucos anos depois, João Brasil, confiantes, enviavam grandes Senra já utilizava a Casa da Laranja de quantidades de fruta. Durante o trajeto Limeira e Packing Houses em Campinas e do navio, quando a carga ainda estava a Piracicaba para empreender suas caminho, novos boletins anunciavam a exportações. “Ele comprava laranjas na queda dos preços. Então, os prejuízos se região de Limeira e, como os negócios avolumavam e era falência à vista. A estavam indo bem, expandiu suas sociedade com Manoel Pires Lopes foi um operações para São Simão, Cravinhos, sucesso e rendeu muito dinheiro, graças à Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, estratégia de meu pai de negociar, a principalmente em Campos. Eles priori, um preço mínimo para as laranjas montavam o barracão de laranja, colhiam que exportava. Assim, os custos estavam de dia e embalavam à noite. O sucesso garantidos e ainda sempre sobrava algum chamou a atenção de uma firma de café l u c r o . ” O s i m p o r t a d o r e s e s e u s em Santos, que também despachava representantes compravam os frutos dos laranjas para a Europa. O proprietário, pomares em libras esterlinas. Essa prática Manoel Pires Lopes, procurou meu pai e provocou uma competição pela compra se tornou sócio em suas exportações. A antecipada das safras, quando ainda

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estavam em plena florada. A produção era prosperidade de causar inveja”. Egisto calculada a olho, para o bem e para o mal. Ragazzo Jr. lembra-se de que, no interior, Tratava se de um grande negócio. O eles adiantavam dinheiro para a colheita. engenheiro João Ernesto Dierberger “Muita gente pegou esses adiantamentos contou-nos que João Kachler Filho se e sumiu, sem deixar rastro.” Nas áreas destacava entre os compradores de economicamente importantes, São Paulo laranja. Ele tinha um olho clínico. Esse e Rio de Janeiro, fixaram-se firmas com talento rendeu excelentes negócios à grande poder de barganha na exportação. empresa. Um negócio sazonal, que Os citricultores de maior porte assinavam começava, no primeiro semestre, em São contratos plur ianuais com essas Paulo, e terminava, entre agosto e empresas, para garantir a venda da dezembro, na Baixada Fluminense. Do produção de seus pomares. Destacou-se Rio se exportava para o Prata, e de São entre os compradores Alberto Cocozza Paulo, para a Europa. Os maiores (1892 – 1958), o “Rei da Laranja”, que, na exportadores trabalhavam nas duas década de 30, operava mais de 20 praças e, somando todos eles, não barracões de embalagem no interior passavam de uma centena. A rotatividade paulista e na baixada Fluminense. Ele era muito alta. A Dierberger & Cia. também constituiu a Goodwin Cocozza, continuava nesse mercado internacional, em sociedade com Harry Goodwin, um mas o seu carro chefe foi, desde o dos principais importadores de frutas de princípio, o seu viveiro, não só de cítricos, Londres. mas de inúmeras variedades de plantas Em 1938, em substituição à “Seção f r u t í f e r a s , n a t i v a s , e x ó t i c a s e E x p o r t a ç ã o ” , d a D i e r b e r g e r & ornamentais. Durante a safra, o dinheiro Companhia, foi organizada a firma da laranja movimentava as cidades de Dierberger Exportadora Ltda. Eles Limeira, Taubaté e Sorocaba. Hasse construíram uma “Packing House” na comentou que “alguns exportadores, ou F a z e n d a C i t r a . E s s e p e r í o d o f o i mesmo os seus prepostos, apareciam de caracterizado pela extensão das diversas a u t o m ó v e l , a p a r e n t a n d o u m a o r g a n i z a ç õ e s d e p e n d e n t e s e

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especialidades. No campo agrícola, a outros para a lavoura, também progrediu, empresa introduziu, acl imatou e devido à qualidade dos produtos e propagou mudas de diversas classes de atendimento especializado. Theodoro abacateiros, o que permitiu a produção Lourencini foi o principal dirigente dessa dessa fruta por meio de enxertia. De área, contando com a competência de acordo com o depoimento do saudoso Carlos Alfredo Roderbourg, Ronaldo João Dierberger Júnior, Reynaldo Rieter e Paulo Kassahara.Dierberger empreendeu trabalhos Em 1939, a exportação de laranjas espetaculares à frente da Seção de in natura no Brasil bateu um recorde, Paisagismo da Dierberger & Companhia. chegando a 197 mil toneladas. O maior Eis uma relação de alguns dos inúmeros movimento exportador já era feito em parques e jardins, públicos e particulares, São Paulo, seguido pelo Rio, e as constituídos pelo citado artista: Jardins do companhias ferroviárias fomentaram o Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro; desenvolvimento desse comércio. Nessa Praça da Liberdade, de Belo Horizonte época, a Companhia Paulista de Estradas MG; Ilha do Brocoió, na Guanabara; de Ferro tinha 360 vagões fruteiros. Para Parques e jardins da família Guinle, em que tenhamos uma estimativa do Terezópolis; Jardim do Ipiranga, em São crescimento da exportação, basta Paulo; termas de Poços de Caldas e registrar que, em 1927, ano em que os Termas de Araxá. Para realizar essas Dierbergers empreenderam a já citada verdadeiras obras-primas, ele contou experiência com o mercado externo, com a assessoria de Gustavo Bausch, foram exportadas 12.594 toneladas de Rodolpho e Joaquim Boehm e Walter laranjas e, no ano de 1939, chegamos Bartsch. A Seção Comercial da Dierberger estabelecer o recorde, exportando & Cia. gozava de respeitabilidade entre os 197.118 toneladas.consumidores e plantadores de sementes A citricultura sofreu sobremaneira de todas as espécies, tanto nacionais, com a eclosão da Segunda Guerra como as importadas. O comércio de bons Mundial. Em 1940, os principais mercados artigos, como fungicidas, inseticidas e importantes cortaram seus pedidos e,

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consequentemente, os produtores por satisfeito o citricultor que vendesse paulistas perderam a sua principal fonte suas laranjas por mil réis a caixa, preço de renda. Com o bloqueio da maioria dos sete vezes inferior ao praticado mercados importadores, os citricultores e anteriormente. Uma das opções era o exportadores se articularam para colocar italiano José Cutrale que, desde 1913, seu produto no mercado interno. Não negociava com laranjas no Mercado havia mais saída para a superprodução. Municipal de São Paulo, inaugurado em Além de forçar a indústria a comprar 1933. No interior, entre os exportadores, laranja para os operários, o Major José sobrava, praticamente, Van Parys. A Levy Sobrinho, à frente da Secretaria da paralisação dos principais mercados Agricultura de São Paulo, também tentou importadores da Europa provocou uma escoar a produção pela da fabricação de febre de produção de óleo essencial de s u c o s . E l e m a n d o u i n s t a l a r u m laranja no Brasil. No começo, em 1941, equipamento de fabricação de sucos pelo ocorreu uma adesão de grande número sistema “Hot Pack” na “Packing House” de citr icultores e especuladores, do Estado, em Limeira. Como não havia principalmente porque os exportadores m e r c a d o , p o u c o s u t i l i z a v a m a s pagavam adiantado a quantia de 50 mil instalações, que acabaram caindo nas réis o litro. O excesso de produção e a mãos de Edmond Van Parys, um belga, queda dos preços frustrou as expectativas filho de Leon Van Parys, um dos mais de muitos aventureiros. Com os pomares tradicionais importadores de fruta da em decadência, a Seção de Fruticultura da Europa. Ele começou a exportar e, em Secretaria da Agricultura Indústria e 1939, fundou a Citrobrasil, com base na Comércio, executando a ideia do Major qual manteve aberta, durante a guerra, Levy, concluiu o primeiro levantamento sua linha de negócios com a empresa da da citricultura paulista. Em 1941, não família, na Bélgica. Van Parys assumiu e havia mais do que 1203 citricultores no manteve a liderança na exportação de estado. Eles cultivavam 4,5 milhões de laranjas para a Europa, até meados da árvores, sendo 3 milhões adultas e 2,3 década de 60. Durante a guerra, dava-se milhões novas.

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Com a crise gerada pela Segunda Importação e Exportação. Seção G u e r r a M u n d i a l , a D i e r b e r g e r Industrial para produção de mentol), Exportadora Ltda. que, durante o tempo Dierberger Arquitetura Paisagística Ltda. que se envolveu com a exportação de (Ajardinamentos em geral. Plantas cítricos, contou com a ajuda de João Ornamentais). Senra, João Kachler Filho, João Fischer, Lillian Senra Siqueira, filha de João Luiz Marino Netto, Alberto Kachler, Senra, contou- me que, nessa época, além Henrique Mantel e outros, encerrou as d a s a t u r a ç ã o d o m e r c a d o p a r a suas atividades e, posteriormente, foi comercialização do óleo extraído da casca liquidada. O plano de vasto plantio da da laranja, surgiu a Tristeza, doença que nogueira “Tung”, cujas sementes foram d i z i m o u o s p o m a r e s . “ D a d a s a s importadas da “Alachua Tung Oil circunstâncias desfavoráveis no setor Corporation”, que seria executado por citrícola, meu pai resolveu realizar um uma entidade estrangeira, também foi antigo sonho dos tempos de estudante. intenrrompido. Entretanto, eles tinham Ele foi comprar gado em Mato Grosso diversificado suas atividades e, apesar da para engordar em São Pedro, Santa Maria dificuldade enfrentada com o bloqueio do da Serra e em Limeira, onde alugava os mercado externo, principalmente o pastos do Sr. Tomás de Luca, proprietário Europeu, as suas empresas continuaram a da Fazenda Botafogo. Durante a guerra, operar. De acordo com o depoimento de por ser italiano, o citado senhor teve seus João Dierberger Júnior, a partir do início bens congelados pelo Banco, fato que o da década de 40, a Dierberger & Cia. levou à falência. Em 1945, aconselhado encerrou suas atividades, constituindo- pelo próprio Tomás de Luca, meu pai, em s e , p o r s u c e s s ã o , a s s e g u i n t e s sociedade com Manoel Pires Lopes, organizações mais especializadas: arrematou a fazenda em leilão. Meus pais Dierberger Agrícola Ltda.- Limeira passaram a residir na sede da Botafogo e a (Viveiristas – Fruticultores), Dierberger o r g a n i z á - l a p a r a r e c e b e r g a d o . Agro Comercial Ltda. (Comércio de Construíram mangueiros, local para Sementes e artigos para a lavoura vacinação, iniciaram uma grande criação

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de porcos e fizeram uma fábrica de expansão na venda de calcário do amigo farinha de mandioca, aproveitando a Abílio Pedro, que nunca se cansou de plantação que já existia. Meu pai, no comentar o pioneirismo de meu pai. O entanto, sempre de olho na laranja, grande pomar da Botafogo saiu na frente, mantinha contato com os técnicos da c o m s a f r a s g i g a n t e s , a l t a m e n t e Estação Experimental de Cordeirópolis, c o b i ç a d a s p e l o s e x p o r t a d o r e s e especialmente com o dr. Sylvio Moreira, produtores de suco de laranja. Os seu dileto amigo. Foi esse pesquisador compradores calculavam a safra em que descobriu que a causa da Tristeza era número de caixas e percorriam os devida ao porta-enxerto utilizado na pomares para saber o quanto poderiam época. Essa doença foi a responsável pelo oferecer para adquiri-la e, ao mesmo d e c l í n i o d o s p o m a r e s e , tempo, preocupavam-se em não perdê-la consequentemente, pela queda violenta para os concorrentes. Meu pai tinha um da produção de citrus. Meu pai resolveu se burro branco que utilizava sempre como antecipar, formando um grande viveiro, montaria e o cedia aos compradores para observando as técnicas experimentadas avaliar a safra. Alguns comentavam que o com porta-enxerto imune à citada João Senra treinava o burro branco para doença. Ele formou um grande pomar na passar pelo pomar somente nas ruas em Fazenda Botafogo, situada em Limeira, que as laranjeiras estavam mais então Capital da Laranja. Os vizinhos e carregadas de frutas. Nessa época, com conhecidos comentavam que ele estava essa quase exclusividade, com um pomar louco, porque o que restava de laranja grande, altamente disputado, meu pai estava caindo dos pés doentes e, ainda recheava seus cofres e os do Manoel Pires por cima, João Senra plantava pomares Lopes, que continuava seu sócio, e assim não alinhados, ou melhor, em curvas de se manteve por 25 anos. Na época, meu nível, o que era uma novidade na região. pai representava a citricultura brasileira Ele também foi o pioneiro a utilizar na FARESP, hoje FAESP, em São Paulo. calcário para corrigir o PH do solo. Com Viajava frequentemente ao Rio de esse exemplo, houve uma grande Janeiro, acompanhado pelo Henrique

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Carreta da Fazenda Botafogo utilizada para servir os visitantes da propriedade pertencente a João Senra. Acervo Lillian Senra.

Jacobs e Manoel Rodrigues, para pleitear Agricultura de São Paulo. João Senra melhores câmbios para exportação de sempre comentou que a convivência com citrus, etc... Em Limeira foi presidente da os Dierbergers foi uma escola que formou Associação Rural. Sempre esteve inúmeros profissionais.presente nas comissões e presidência das festas da laranja, lembradas como grandes eventos, com o comparecimento de governadores de estado, secretários da agricultura e outras autoridades e t é c n i c o s . N e s s a s o c a s i õ e s e r a m escolhidos e premiados os melhores pomares e os melhores exemplares de frutas cítricas, apresentados no local da festa.” Em uma dessas oportunidades, João Senra e Manoel Pires Lopes receberam o 1º Prêmio, pelo maior e melhor pomar do Estado de São Paulo. Lillian contou muitas outras histórias e fatos pitorescos envolvendo até mesmo Jânio da Silva Quadros, que publicaremos oportunamente. De fato, Geraldo Hasse e outros especialistas no ramo afirmaram que a Botafogo, situada no município de Limeira, chegou a ser, na década de 50, a maior fazenda de laranja do Brasil, com duzentas mil árvores. Ela serviu de r e f e r ê n c i a p a r a o s p r i m e i r o s levantamentos de custo de produção cítrica, empreendidos pela Secretaria da

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Colhedora de laranjas contratada pelaDierberger & Companhia.

Acervo Museu da Fazenda Citra - Limeira - SP.

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Pulverizador pertencente à Dierberger & CompanhiaAcervo do Museu da Fazenda Citra - Limeira - SP

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01) Livros de recortes de jornais: A Imigração, Gazeta de Notícias, Diário de Santos, Diário Mercantil de São Paulo, Jornal do Agricultor (Dez /1883 a 1886. (Museu Paulista)02) Coleção de Leis: Posturas Municipais promulgadas pela Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo03) ( Arquivo do Estado de São Paulo)T-1 Imigração Cx:1 (1854-1886) e Cx:2 (1887), Cx:3 ( 1888), Ms, Cx: 4 (1889-1891..04) Terras e Colonização Cx:2 (1888 Ms) – (Arquivo do Estado de São Paulo)05) Secretaria da Agricultura - Ofícios Diversos 1890- 1891- (Arquivo do Estado de São Paulo)06) Jornal A Província de São Paulo (18, 19, 25 e 28 de Novembro de 1889)07) Guide l'émigrant au Brésil (Santa-Anna Nery)-Exposição Internacional de Paris-188908) Jornal do Comércio do Rio de Janeiro (04/01/1893) – Cópia: acervo: S F A - Berna09) Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro ( 6/06/1885)10) Correio Paulistano (27/01/1880, 19/01/1889, 6/6/1889, 27/03/1889, março de 1906)11) Relatório da Secretaria da Agricultura (1897-pg 120)12) Secretaria da Agricultura Ofícios Diversos – 1881-1889 – Ms13) Boletim do Departamento de Imigração e Colonização, Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo nº 7 - Dez/1952.14) Documentos do Acervo Iconográfico do Memorial do Imigrante15) Documentos diversos alusivos às gestões do Conselho e da Assembléia Federal Suíça (1858- 1860)16) Diversos relatórios do Dr. Heusser (manuscritos arquivados no Arquivo Federal de Berna)17) Manuscritos de Jean Jackes Tschudi (Acervo Arquivo Federal de Berna)18) Livro nº1 da Colônia Senador Vergueiro (1846) Acervo Paulo Masuti Levy.19) Livro Mestre V da Fazenda Ibicaba (1862 – 1867) Acervo Paulo Masuti Levy.20) Livro de Matrícula da Fazenda Ibicaba (1877 – 1890) Acervo Paulo Masuti Levy.21) Livro Borrador 1 (Escritura Mercantil) Faz. Ibicaba – 1890 Acervo Paulo M. Levy.22) Auto de Posse de Parte das Terras da Sesmaria Morro Azul - 27-10-1817 Acervo Família Levy.23) Álbum de Família (José Vergueiro) – Acervo Dra. Lotte Köhler – Munique – Alemanha.24) Diário de Carlota Schmidt ( neta adotiva de José Vergueiro ) – Acervo Dra. Lotte Köhler – Munique25) Circular do Ministério da Agricultura do Rio de Janeiro (Livro 239 de 1883) Doc CO 7754 - Caixa26) Carta de Doação de Rata de Terra pelo capitão Luiz Manoel da Cunha Bastos à Sociedade do Bem Comum de Limeira ( 22 de fevereiro de 1832) – 1º livro de Notas do Juiz de Paz de Limeira (pág 1)27) Autos de Ação Executiva Souza Queiroz X Vergueiro & Cia. (1888) Cartório 1º Ofício Limeira SP.28) Cartas de José Vergueiro aos credores (Acervo Cartório 1º Ofício – Limeira - SP. Brasil )29) Cartas Precatórias envolvendo a Vergueiro & Cia e seus credores (Cartório 1º Ofício – Limeira)30) Atestado de Óbito de José Vergueiro31) Rascunho de Embargo elaborado pelo Dr. Ezequiel de Paula Ramos, referente à hipotecaenvolvendo a Vergueiro & Cia. e o credor (London and Brazilian Bank Limited) 15/06/1875.32) Recibos documentando envio de café através da Cia. Paulista de Estradas de Ferro33) Cartas de Maria Umbelina (esposa de José Vergueiro) ao neto adotivo João Augusto Brune ( Acervo Dr.Helmut Troppimaier)34) Livro de Registro Geral de Escravos Doc 6612 Arquivo do Estado de São Paulo.35) Doc E 00606/11 Fundo de Emancipação de Escravos Limeira –1875 Arquivo do Estado de São Paulo.36) Doc. CO1092 - Ofícios de Limeira 1842 a 1859 Arquivo do Estado de São Paulo.37) Livro 7 dos Exames, Atos e Graus de 1800-1803 fls.169v. (Universidade de Coimbra – Portugal )38) Livro de Informações – 2º, Fl.88 e v. (Universidade de Coimbra)

Fontes Documentais

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39) Recenseamento da Capital - Acervo Arquivo do estado de São Paulo.40) Doc. Alusivo ao destrato da sociedade entre o Senador Vergueiro e a família do Brigadeiro Luiz Antonio de Souza ( 1º Tabelionato de São Paulo, livro de notas nº27 – página nº 54).41) Parecer de Vergueiro sobre a Colonização Oficial – Colônia de Santo Amaro SP - Ata da Sessão nº84 do Conselho do Governo da Província de São Paulo, realizada em 18 de outubro de 1828.42) Inúmeros documentos pertencentes ao Arquivo de Gotha – Turíngia – Alemanha43) Documentos relativos ao Movimento do Porto de Santos, enviados pelo Vice- Consulado de Bremen em Santos ( 1849 – 1866) - Staatsarchiv Bremen – 2-C.144) Inúmeros documentos pertencentes ao Arquivo Distrital de Viana do Castelo, Porto e Braga( Dra. Alexandra Esteves - Arquivo Distrital de Viana do Castelo - Portugal ).45) Pesquisas na Torre do Tombo – Lisboa – Portugal.46) Biblioteca da Universidade de Coimbra (Pesquisas Projeto Imigração Resgate)47) Cartas de colonos aos seus parentes e amigos (Acervos Particulares e Oficiais).48) Doc alusivo à Instalação da Câmara Municipal de Limeira enviado 23 de julho de 1844. Doc49) E1/P2 Centro de Memória Histórila de Limeira SP. (CMH).50) Doc alusivo aos escravos enviado pela Câmara de Limeira à Pres. da Província em 29-05-1846.(CMH).51) Carta de José Tavares Bastos ao Presidente da Câmara de Limeira indagando sobre a Revolta dos Colonos na Ibicaba, (Doc 30 E1/P2 de Março de 1857) –Centro de Memória Histórica de Limeira52) Doc 33 E1/P1 CMH Limeira SP alusivo à Cia. Paulista de Estradas de Ferro.53) Doc 1936 E3/P31 insurreição de escravos, envolvendo Rio Claro e Limeira – Acervo CMH Limeira54) Taxa de Escravos Fazenda Quilombo (Desmembrada da Morro Azul) Doc 1778 E3/P31 Acervo Centro de Memória de Limeira 55) Doc 1944 E3/P31 – Ofício de José Vergueiro ao Senador José Floriano de Godoy opinando sobre a legislação ideal para a abolição dos escravos. CMH Limeira SP.56) Doc 377 E1/P9 Fazendas de Café, Código de Posturas. 29 de Março de 1888. (CMH Limeira)57) Memorial de José Vergueiro apresentado ao Ministro da Agricultura em 1874.58) Carta de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro ao Presidente da Província de São Paulo (6 de janeiro de 1853 - Arquivo do Estado de São Paulo).59) Inventário de Luiz Manoel da Cunha Bastos ( Cartório do 1º Ofício de Piracicaba ( 15/10/1835 ).60) Censo de Vila Nova Constituição (Piracicaba) de 1822.61) Ofício de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro a José Tomás Nabuco de Araújo (Presidente da Província de São Paulo) informando sobre a Colônia Senador Vergueiro (06/01/1852). 62) Anexos Quadro de pessoal da Colônia Ibicaba e das contas dos parceiros (1851) – Acervo Arquivo Histórico – Museu Imperial – IPHAN – Ministério da Cultura – Petrópolis RJ.- ( Maço 117 - Doc. 5786 )63) Ofício de José Tavares Bastos, chefe interino de Polícia de São Paulo, ao Antônio Roberto de Almeida, Vice-Presidente da província de São Paulo - Comentando a agitação da Colônia Senador Vergueiro. Secretaria de Polícia de São Paulo, 16/04/1857. Acervo Arquivo Histórico – Museu Imperial – IPHAN – Ministério da Cultura – Petrópolis Rj. ( Maço 124 - Doc. 6199).

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01) Franzina, Emilio, storia dell'emigrazione veneta: dall'unita AL facismo, Verona, 199102) Franzina, Emilio, La Grande Emigrazione, : L'esodo dei rurale dal Veneto durante Il secolo XIX, Venezia- 1976.03) Kaufmann, Hans, Prättigauer Talchronik, Schiers, 200704) Bettio, Beniamino, Trecento anime disperse, Tessere di Storia della comunità di Rubano - Vêneto - Itália - 200705) Capppelina, Liliana e Vanpetti,Monica, Realtà Amara, Instituto Comprensivo Giuseppe Toaldo, Montegalda, 200306) Bettio, Beniamino, Traverso, Antonio, Rubano NelPeriodo Napoleonico, Biblioteca Pública, Comune di Rubano, 198207) Repertório das Sesmarias - Secretaria de Estado da Cultura - Departamento de Museus e Arquivos - Arquivo do Estado de São Paulo, 1994.08) Taunay (Carlos Augusto), Manual do Agricultor Brasileiro, 1839 - Acervo Biblioteca Nacional RJ. Armazéns de Livros IV -196, 6, 21 ou III - 241, 7, 23.09) Kidder (D.P.) e Fletcher (J.C.) - O Brasil e os Brasileiros, (2 volumes) Tradução de Elias Dolianit, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1941.10) Tschudi (J. J. von) Viagens às Províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, tradução E. de Lima e Castro, São Paulo, Livraria Martins Editora.11) Davatz (Thomas) - Memórias de Um Colono no Brasil, Chür, 1858.12) Davatz (Thomas) Memórias de Um Colono no Brasil, São Paulo, Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1972, Tradução, Editora da USP13) Sergio Buarque de Holanda. Holanda (Sérgio Buarque de), As Colônias de Parceria, in História Geral da Civilização Brasileira,Sérgio Buarque de Holanda, São Paulo, DIFEL, 1967Tomo II, vol. 3º.14) Milliet (Sérgio), Roteiro do Café e outros Ensaios, São Paulo, Col. Departamento de Cultura, 1941, Volume XXV.15) Pülschen (Henrique W.) - O destino - 1849 -Sta. Bárbara d'Oeste Editora TLP Informática Ltda., 1991.16) Busch (Reynaldo | Kuntz) - História de Limeira 1º Volume, Limeira, Ediição Prefeitura Municipal - 2ª Edição, 1967.17) Zaluar (ª Emílio) Peregrinação pela Província de São Paulo (1860-1861) - Rio de Janeiro, Livraria B. L. Granier.18) Bezerra (Maria Cristina dos Santos), De Colonos a Proprietários, A Saga da Formação do Bairro dos Pires, Soc. Pró Memória de Limeira, Unigráfica Indústria Gráfica Ltda, 2002.19) Florence (Hercules) - Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas - de 1825 a 1829 - Tradução do Visconde de Taunay, São Paulo, Editora Cultrix USP, 1977.20) Forjaz (Djalma) O Senador Vergueiro Sua Vida e Sua Época (1778 - 1859) - São Paulo Oficinas do Diário Oficial, 1924.21) Levy (Paulo Masuti) e Heflinger (José Eduardo Jr.) - Seleção de Documentos do Acervo do Centro Municipal de Memória Histórica de Limeira, Soc. Pró Memória, Limeira, 2001, Unigráfica Ind. Gráfica Ltda.22) Levy (Paulo Masuti) e Heflinger (José Eduardo Jr.) - Caderno de Memórias O Senador Vergueiro e a Imigração Européia - Sociedade Pró Memória de Limeitra,1999, Unigráfica Ind. Gráfica Ltda.23) Kidder (D. P.) e Fletcher (J. C.), Brazil and the Braziliens, Childs & Peterson, 1857 - Philadelphia - USA.24) Heflinger (José Eduardo), Levy (Paulo Masuti) e Cantalice (Rommel Siqueira Campos) - Recordações de Infância de Carlota Schmidt no Ibicaba, Limeira, Unigráfica Ind. Gráfica Ltda, 2005.25) Witter (José Sebastião) Ibicaba uma Experiência Pioneira - São Paulo - Edições do Arquivo doEstado, Coleção Monografias, nº5, 2ª edição - 1982.26) Heflinger (José Eduardo), E Os Italianos Chegaram, Limeira, Unigráfica Ind. Gráfica Ltda, 201027) Heflinger (José Eduardo), A Revolta dos Parceiros na Ibicaba, Limeira, Unigráfica Ind. Gráfica Ltda, 200928) Heflinger (José Eduardo), bicaba o Berço da Imigração Europeia de Cunho Particular, , Unigráfica Ind. Gráfica Ltda, 2006

Bibliografia