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«MÃE, NÃO QUERO IR À ESCOLA» O pediatra Mário Cordeiro ajuda-o a saber reagir com firmeza e bom senso Pág 08 JARDIM DE INFÂNCIA, MODO DE USO A parceria entre os pais e os educadores é fundamental para que tudo corra bem Pág 24 ABAIXO OS CUSTOS As melhores campanhas para poupar Pág 20 MANUAL PARA O REGRESSO ÀS AULAS Tudo o que precisa de saber para começar o ano com o pé direito, e ainda ter uns minutos para si IMAGEM ZIPPY 2012 PUB

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«MÃE, NÃO QUERO IR À ESCOLA» O pediatra Mário Cordeiro ajuda-o a saber reagir com firmeza e bom senso Pág 08

JARDIM DE INFÂNCIA, MODO DE USO A parceria entre os pais e os educadores é fundamental para que tudo corra bem Pág 24

ABAIXO OS CUSTOS As melhores campanhas para poupar Pág 20

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Gaia: Urban Market regressa à praia Artesanato urbano, yoga, demonstração de dança hip hop e cortes de cabelo low cost são algumas das propostas do ‘Urban Mar-ket vai à Praia’. A próxima edição tem lugar na Praia de Lavadores, em Gaia, e decorre entre 9 Setembro e 7 Outubro.

Guimarães: pic-nic cheio de animação A capital Europeia da Cul-tura organiza no próximo dia 9 de Setembro um pic-nic no Parque da Cida-de de Guimarães que vai contar com muita anima-ção, desporto, música e artesanato. Uma ideia interessante para passar um domingo em família.

OUTRAS PROPOSTAS

Prolonge as férias ao máximo

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Visite Serralves, veja exposições e vá a workshops Até 30 de Setembro não perca na Fundação Serral-ves a exposição O Meu Quarto não tem Paredes, um projecto feito em parce-ria com escolas que lhe mostra o interior das casas e os segredos de quem as habita. Aproveite ainda pa-ra passear pelo parque on-de pode apreciar esculturas da Fundação Serralves e participe em workshops. Por exemplo, dia 9 de Se-tembro, aprenda todo o processo de fazer pão.

Regata da Baía do Sado... em banheiras O Parque Urbano de Albar-quel, em Setúbal, será o lo-cal ideal para assistir a uma prova no mínimo caricata e original: a 1ª edição de co-rrida de embarcações fei-tas no próprio dia do even-to, a partir de materiais im-prováveis, como lençóis, tá-buas, baldes e garrafas. A regata decorre no dia 15 de Setembro.

CONSTRUÇÕES NA AREIA Não perca a grande final do concurso Construções na Areia Olá 2012 que se reali-zou em 24 praias e que en-volveu mais de 1500 crian-ças dos 6 aos 14 anos. A final é já domingo, 2 de Se-tembro, na Praia do Tama-riz (Estoril) a partir das 10h.

Não perca a música, arte, cinema e dança do ‘Lisboa na Rua’A edição deste ano do Lisboa na Rua decorre até dia 16 de Se-tembro e oferece-lhe um sem número de espectáculos com en-trada livre, como por exemplo concertos de jazz, música eru-dita, cinema português, dança contemporânea, arte urbana e música brasileira. Já este sábado, dia 1 de Setembro, não per-ca às 22h a sessão de cinema ao ar livre Aquele Querido Mês de Agosto, no Bairro do Armador, e no dia seguinte (2 de Se-tembro) aproveite para ouvir os sons de jazz da Banda Elisa Rodrigues e DJ ZEF & Gipsy, pelas 17h, na Tapadas das Ne-cessidades, e o Quinteto de Sopros da Metropolitana, no Jar-dim do Arco Cego, pelas 19h. Ainda no Domingo, há tempo pa-ra ver mais um filme nas Escadinhas de São Cristovão: Barba + A Caixa (22h). Para não perder pitada da Lisboa na Rua, na-da melhor do que consultar o resto do programa em egeac.pt.

Com o Setembro a bater à porta, aproveite o melhor de dois mundos: os espectáculos, sessões de cinema ao ar livre e jogos da cidade aliados às actividades divertidas da praia • Construções na areia no Estoril ou um pic-nic com música em Guimarães são boas ideias para prolongar o Verão!

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Custo Zero

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UMA TARDE DE JOGOS O Centro Comercial Dolce Vita Tejo recebe sábado, dia 1 de Setembro, a ‘Tarde de Jogos (Pouco) Assustado-res’. A iniciativa está inte-grada no MOTELx – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa e é desti-nada a miúdos e graúdos.

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ISABEL STILWELL Directora do Destak

emos a mania de dourar a nossa infância, de contar umas histórias muito cor de rosas, inclusive a nós próprios, de que

fizemos sumir as injustiças, as ansiedades e as angústias, e tudo parece tão fácil e feliz. E a vida na escola é um desses mitos que

insistimos em incluir nas romarias aos tempos que nunca foram e que queremos impingir aos nossos filhos. Até ao dia em que um deles, perante a insistência de que não faça fitas para ir para as aulas, nos pergunta de chofre: «Mas a mãe gostava assim tanto da escola?». Assim, à queima-roupa, a questão suscita o efeito desejado e damos por nós a confessar: «Eu? Eu odiava a escola!» Embora a escola

seja hoje um lugar mais acolhedor do que era,

a verdade é que raramente é o

lugar

preferido de uma criança. E a criança até aceita que o mundo não pode ser perfeito todos os dias, desde que os pais também aceitem ouvir os seus desabafos, se solidarizem com as suas dificuldades e não queiram à força que acordem todas as manhãs eufóricas. E cá para mim é essa a questão: suportamos mal, mas mal a um nível patológico mesmo, ver os nossos filhos infelizes e, por isso, tentamos catequizá-los à força para a maravilha que os espera para lá daquelas portas, na esperança de que acreditem e não nos façam sentir culpados. E para além disso, tememos que não estudem e não sejam nada na

vida! Mas é

mil vezes preferível a sinceridade. Não tenha medo de dizer que não gostou da escola ou que não tinha boas notas. Não disfarce a irritação que lhe causa levantar cedo, arrumar lancheiras e enfrentar o trânsito. Fale das frustrações do seu trabalho. Mas fale também de como foi capaz de superar o tédio, as dificuldades e os conflitos. Explique-lhe que não há nada que seja bom todos os dias, mas que o esforço acumulado rende. Porque é essa a única moral da história.

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EDITORIAL

Não tenha medo de lhe dizer que sempre odiou a escola

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O que muda nas escolas com a chegada do novo ano lectivo

Há disciplinas que deixam de ser obrigatórias, aulas que passam a ter mais tempo e novos exames logo a partir do 4.º ano, tudo em

nome de um reforço no rigor e na qualidade da educação • A revisão curricular, que entra já em vigor durante o próximo ano lectivo, traz alterações em todos os ciclos de ensino, desde o Básico ao Secundário • Para evitar as surpresas, saiba o que vai mudar já a partir de Setembro

O início do novo ano lectivo es-tá à porta e com ele as novida-des introduzidas pela mais re-cente revisão curricular, que entrará em vigor já em Setem-bro. Depois de uma consulta

CARLA MARINA MENDES [email protected]

pública, que resultou na recol-ha de mais de 1600 contributos e pareceres, o Ministério da Educação e Ciência deu conta da mudança, que pretende, ain-da de acordo com a tutela, ac-tualizar o currículo, melhorar o acompanhamento dado aos alunos e garantir uma maior

autonomia das escolas. E se es-tes objectivos e medidas estão já definidos, outros há que exi-gem mais explicações. Como a intenção, ainda recentemente reforçada pelo ministro da Educação, de antecipar o iní-cio do ensino vocacional para o 5.º, ou seja, quando os alunos

têm apenas 10 anos. Os porme-nores estão ainda por conhe-cer e a medida por regulamen-tar, mas isso não impediu que tivesse originado alguma polé-mica, com muitas vozes a le-vantarem-se contra. Para já, conheça as novidades para os diferentes ciclos de ensino.

Novidades ESCOLA ATÉ AOS 18 ANOS A ideia não era nova, mas foi com a publicação, no início de Agosto, de um decreto-lei em Diário da República que a esco-laridade passou a ser obrigató-ria até aos 18 anos. Uma lei que vale já a partir do próximo ano lectivo e que traduz, lê-se no documento, uma medida importante «para o progresso social, económico e cultural de todos os portugueses». Mas que obriga a novas alterações, entre as quais a criação «de

ofertas educativas» e a adap-tação de «currículos com con-teúdos considerados relevan-tes, que respondam ao que é fundamental para os alunos e assegurem a inclusão de todos no percurso escolar». Desta forma, todos os alunos entre os seis e os 18 anos devem fre-quentar o regime de escolari-dade obrigatória. O que pressupõe o dever, para o encarregado de educação, de fazer a matrícula e, para o aluno, de frequentar a escola.

EDGAR MARTINS/CM

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31 de Agosto de 2012 · 07

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NOVIDADES

REVISÃO

CURRICULAR • São várias as mudanças, algu-

mas das quais tomadas ao longo do Ensino Básico e Secundário. Entre elas contam-se a confir-mação da Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências Físico-Químicas e da Natureza como disciplinas consi-deradas fundamentais. Como tal, o seu ensino será reforçado já a partir do novo ano lectivo, que arranca em Setembro, o que se traduzirá em mais horas de aulas para estas disciplinas. • O fim da Educação para a Cida-dania é uma realidade, pelo menos enquanto disciplina iso-lada e obrigatória. Embora não desapareça totalmente, mantém--se apenas como intenção educa-tiva. O que significa que caberá às escolas criá-la e decidir se os alu-nos podem ou não usufurir dela. • Disciplinas que se encontravam agrupadas sob uma mesma designação passam a ter identi-dade própria. É o que acontece com a Educação Visual, a Edu-cação Musical, a Educação Física e ainda a Educação Tecnológica. • O Inglês torna-se uma língua obrigatória ao longo de pelo menos cinco anos. O que não sig-nifica, no entanto, que que desa-pareça a pluralidade de oferta de outras línguas estrangeiras. • Caberá às escolas definir qual a duração das aulas, que actual-mente estavam limitadas a blo-cos de 45 minutos. 1.º CICLO (1.º, 2.º, 3.º E 4.º ANOS): • No Ensino Básico pretende-se promover um acompanhamento mais eficaz dos alunos, através de apoios específicos, que vão ter

em conta o desempenho dos

jovens estudantes nacionais.

• Vai continuar o Apoio ao Estudo, a par com outras actividades de enriquecimento curricular. • A tutela decidiu ainda introduzir a realização de provas finais no 4.º ano, que vão incidir sobre as disci-plinas de Português e Matemática. 2.º CICLO (5.º E 6.º ANOS: • A Educação Visual e Tecnológica passa a ser dividida em duas dis-ciplinas independentes: a Edu-cação Visual e a Educação Tecno-lógica, cada uma com um pro-grama específico e ainda pro-fessores próprios. • Mantém-se a actividade experi-mental nas Ciências da Natureza, que se deve realizar com toda a turma. • A Formação Cívica deixa de ser obrigatória, podendo ser uma opção, mas desde que a escola lhe entenda atribuir um tempo lectivo semanal. • Neste fase o aluno só pode escolher Inglês como língua estrangeira, garantia de que todos tenham, pelo menos, cinco anos desta língua. • Passa a existir um apoio Diário ao Estudo, logo a partir do 5.º ano, com a duração de cinco horas semanais. Uma oferta que é obrigatória para as escolas, sendo no entanto a sua frequên-cia facultativa para os alunos. Os estudantes a quem é dirigido serão escolhidos pelo Conselho de Turma e aprovados pelos encarregados de educação. • Mantêm-se as provas finais a Português e Matemática no final do 6.º ano. 3.º CICLO (7.º, 8.º E 9.º ANOS): • Reforço das horas de ensino de História e Geografia, que ganham mais 45 minutos de aulas por

semana no 7.º e no 9.º ano. • No 7.º e 8.º anos oferece-se, por decisão da escola, uma disciplina de acordo com o seu projecto educativo. • Reforçam-se aqui as horas para o ensino das ciências experimen-tais, o que confere uma aposta no conhecimento científico. • Antecipa-se do 9.º para o 7.º ano a aprendizagem da disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação. De acordo com o Ministério da Educação, trata-se de uma forma de levar os mais jovens a começarem a usar de forma segura e adequada os recursos digitais. • Mantém-se a oferta de uma segunda língua estrangeira. • Mantêm-se os exames a Portu-guês e Matemática no 9.º ano. • Desaparece do currículo a disci-plina de Educação Tecnológica, embora possa ser mantida, estando a decisão dependente dos directores escolares. • São ainda reforçadas as horas de ensino de História e Geografia, para «valorizar o conhecimento social e humano». ENSINO SECUNDÁRIO (10.º, 11.º E 12.º ANOS): • Reforça-se o ensino do Portu-guês, que passa a ter, todas as semanas, cinco aulas, em vez das quatro que vigoravam no ano lec-tivo anterior. O objectivo é melho-rar «a capacidade de expressão oral e escrita do aluno». • Mantêm-se duas opções disci-plinares anuais, ainda que com uma carga horária infe-rior (de seis,

passa-se para quatro aulas por semana) no 12.º ano. • A Educação Física deixa de con-tar para os efeitos da média final do secundário, o que continua a acontecer apenas se o aluno pre-tender seguir estudos nesta área. Uma medida que se aplica de forma progressiva. Ou seja, no próximo ano lectivo (2012/2013) é apenas válida para os alunos matriculados no 10.º ano. • Decidiu manter-se o reforço da carga horária nas disciplinas bie-nais de formação específica de

Física e Quí-mica, Biologia e ainda Geologia. ESCOLAS: • Os estabelecimentos de ensino passam a ver reforçados a sua autonomia pedagógica e organi-zativa. Cabe-lhes seleccionar, entre outros aspectos, as meto-dologias e a duração dos tempos de aulas, que passa a ser flexível.

• Cabe-lhes aplicar o

currículo e completá-lo, o que deverá adaptar-se às

características dos alunos e das escolas. • Podem ainda implementar pro-jectos próprios, com a missão de oferecer um ensino de qualidade, opções pelas quais se devem depois responsabilizar.

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Mário CordeiroQuando a escola dá dores de barriga...

da uma delas para chegar à ori-gem do problema. Que outras “dores” aparecem com as aulas? É normal alguma expectativa, com a respectiva ansiedade e dúvidas, na oscilação do nosso pêndulo adrenalínico/endorfí-nico, que é como quem diz von-tade de ousar versus vontade de segurança e regressão, so-bretudo no início de um novo ciclo académico ou se houver uma mudança para uma nova escola. Todavia, é bom os adul-tos terem a noção de que as do-

res (como as dores noctur-nas “de crescimento”)

não são inven-

tadas – elas existem e doem mesmo… só que a sua causa é que é psicológica, mas o corpo não funciona separado da mente. Os pais podem fingir que acredi-tam numa doença, para que os filhos tenham, de vez em quan-do, um balão de oxigénio? Há regras. Mas não há regras sem excepções, e sem trans-gressões. O normal é ir às au-las. Há excepções: as viagens, doenças, uma ida ao médico, e depois as transgressões (mais raras) em que não se vai por-que, naquele dia, apetece mes-mo ficar em casa. É preciso al-guma arte para dosear tudo is-to, mas é possível (quer relati-vamente às crianças, quer aos adultos), e os pais devem ter a suficiente flexibilidade para pensar que um dia de “gazeta” não mata ninguém e até dá estímulo para os dias se-guintes correrem melhor.

DR

Agarra-se à barriga e diz que não quer ir à escola. É uma apendicite ou uma fita para não ir? • Como reagir se somatiza a ansiedade em

doença? • Para descobrir as respostas, fomos perguntar a um grande pediatra e pai (e avô), que tem uma enorme reserva de sabedoria e bom senso

Entrevista

Um dia o nosso filho acorda agar-rado à barriga. Da primeira vez, assustamo-nos a sério, mas de-pois percebemos que a verdadei-ra causa da dor é o desejo de não ir à escola. Porque é que somati-zam tudo na barriga? Para a maioria das pessoas, o estômago e o intestino são dois “órgãos-alvo” para o stresse e para a ansiedade – são famo-sas as dores de barriga antes dos exames. Faz parte da orga-nização do sistema nervoso – os movimentos gastrointesti-

ISABEL STILWELL [email protected]

dicionam um aumento da pro-dução de ácido pelo estômago o que, em consequência, vai provocar gastrite e ainda dor. Mas se for mesmo uma dor re-lacionada com o stresse esco-lar, então através do mimo e da firmeza poder-se-á lidar com ela: é um dado adquirido que não deixará de, pela dor, ir à es-cola, mas não se deve desvalo-rizar a dor – porque ela existe e dói… Por isso é preciso ser empático e dizer à criança que se percebe a sua ansiedade, mas que também os outros me-ninos, e mesmo os pais, sentem o que ele sente quando estão perante situações novas, mas que tudo vai correr bem. E, à tarde, deve conversar-se sobre o assunto e fazer ver a criança que, de facto, tudo correu bem. Mas fica sempre a dúvida se é co-mo o Pedro e o Lobo, e logo hoje que desvalorizo a dor é que é uma coisa séria. Como se diag-nostica uma dor de barriga que precisa de uma urgência?

Dores violentas, ou acom-panhadas de sintomas

como vómitos, diar-reia, ou qualquer

outro, e so-b r e -

tudo se se mantêm ao longo do tempo, mesmo que exacerba-das pela ansiedade. Por vezes, uma consulta por alguém em-pático pode servir para ajudar a criança a descodificar a questão, a saber a origem da sua dor e a ultrapassá-la. Às vezes começam ainda as do-res de cabeça. Problema de olhos, de menos horas de sono ou uma variante das dores de barriga?

A dor de cabeça pode ter o mesmo significado do que a dor de barriga, mas claro que há dores de cabeça, em idade es-colar, ocasionadas por proble-mas de sinusite, alergias, enxa-quecas (muito mais comum nas crianças do que se pensa), esforço de visão (mais do que falta de visão) e sobrecarga de tensão, stresse, trabalhos para

casa, actividades extra-cur-riculares, etc, etc. É pre-

ciso ir excluindo ca-

Se for mesmo uma dor relacionada com o stresse escolar, através do mimo e da fir-meza poder-se-á lidar com ela. É um dado adquirido que não deixará de ir à escola, mas a dor merece atenção... porque dói.

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nais dependem do sistema ner-voso autónomo, que é indepen-dente da vontade e é controla-do pelos factores de que o nosso corpo se apercebe – como o medo, a culpa, a ansiedade, a angústia, a insegurança –, mas que não podemos (pelo menos de forma total) controlar com a vontade. Daí, perante o stres-se, a barriga doer. E como é que se trata uma dor utilizada contra a escola? Pode haver muitas causas pa-ra as dores de barriga para além do stresse e da ansieda-de. Mais, estas situações con-

BILHETE DE IDENTIDADE

Nome Mário Cordeiro Nascimento Lisboa Filhos Pai de 5 fil-hos, entre os 32 e os 9 anos (incluindo gémeos), e avô de 4

netos Profissão Pediatra Funções Para além do consultório, é professor auxiliar de Saúde Pública na Faculdade de Ciências

Médicas da UNL, membro da Sociedade Portuguesa de Pedia-tria e da British Association for Community Child Health, entre

outros Livros Para esta fase, ler “O Livro das Crianças”, “O Grande Livro do Adolescente” e “Livro dos Medos e das Birras”

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Podem chorar, berrar ou atirar-se

para o chão. Podem fazer fitas e recusar a despedida • A culpa é da ansiedade, uma das principais emoções que marca o início de mais um ano lectivo, sobretudo para as crianças que se aventuram pela primeira vez no ensino básico • Porque é mesmo disso que se trata: de uma nova aventura, cabendo aos pais ajudar na transição • Paciência e compreensão é a fórmula certa para evitar que o primeiro dia de aulas se transforme num inferno

CARLA MARINA MENDES [email protected]

A mochila já está arrumada. Sente-se ainda o cheiro a novo dos livros, imaculados, à espe-ra do lápis que lhes dará sen-tido. Está tudo a postos para o início de uma nova etapa, o pri-meiro ciclo do ensino básico. Para trás ficaram os amigos do pré-escolar, as educadoras, a escolinha, agora substituídos por novos desafios, uma reali-dade que, para muitas crian-ças, se faz acompanhar de uma dose – normal, dizem os espe-cialistas –, de ansiedade. E re-

Ansiedade123RF

DIFÍCIL DEIXAR CRESCER Da excitação ao medo é apenas um pulinho com a chegada do primeiro dia de aulas. A ansiedade e o alívio juntam-se ao grupo de emoções que, afinal, não são só as crianças a sentir. À porta das escolas, o stresse é um sentimento dominante, partilhado, naturalmente, pelos mais pequenos, força-dos a enfrentar o desconhe-cido, mas também pelos pais, obrigados pelo passar do tempo – a que se chama cres-cer – a deixar sair do ninho as crias. E vê-las voar. O início de mais um ano lec-tivo é, por isso, também difí-cil para os pais. Multiplicam- -se as dúvidas: «Será que o meu filho vai conseguir fazer amigos?», «Conseguirá adap-tar-se a uma nova realidade e ter boas notas?» ou «Será que vai ficar em segurança?». Redobram-se os receios e a ansiedade. Se pertence a este grupo, o melhor conselho é começar já a preparar-se para o momento da sepa-ração. Até porque não há melhor do que vê-los crescer.

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O medo do desconhecido

ceio, que também é partilhado pelos pais.

Prepare-se, por isso, para algumas lágrimas, que são ca-racterísticas nestes momentos. As birras são também uma possibilidade, assim como o «Não quero ir!», que resulta do receio de enfrentar o desconhe-cido. Há, pois, que compreen-der. E ajudar a ultrapassar.

Birras e mau humor A ansiedade da separação po-de surgir sob muitas formas: uma discussão logo pela manhã sobre o que vestir, re-cusar falar com a professora,

fazer uma birra. E a adaptação é também ela diferente. Se pa-ra alguns, habituados desde bebés à rotina das creches e infantários, a novidade não assusta, para muitos outros a separação dos pais pode con-verter-se numa autêntica tra-gédia. O ideal é que esteja pre-parado para todas as eventua-lidades. E obrigue-se a sorrir, ainda que, também para si, a

ansiedade da separação se faça sentir de igual forma.

O melhor que tem a fazer é criar rotinas. E mantê-las. O que implica planear antecipa-damente, reduzindo ao máxi-mo as mudanças na vida da criança, pelo menos nas sema-nas que antecedem o início do ano escolar.

Na hora da despedida, não aproveite uma distracção do

pequeno para desaparecer da vista. Pode parecer mais fácil, mas dizer adeus é parte inte-grante do processo. E não lhe pergunte se pode ir embora ou deixe a promessa de um pre-sente no caso de se portar bem. Evite ainda atrasar-se na hora de o ir buscar. Chegar a horas é particularmente im-portante sobretudo nos pri-meiros dias de aulas.

DICAS

UM PRIMEIRO DIA SEM SOBRESSALTOS • Levante-se mais cedo para ter tempo

para fazer tudo e ainda lidar com alguma birra antes de sair.

• Não fale muito sobre as sau-dades que vai sentir do

seu filho.

• Reforce a ideia de que a ir para a escola não é um castigo, mas antes uma promoção, que merece pelo facto de já estar crescido. • Aceite as lágrimas e a tristeza que, afinal, são mais do que normais. No entanto, isso não implica uma cedência ou alteração das rotinas já estabelecidas. • Mantenha a paciência. A adaptação pode levar alguns dias. Por isso, respeite o ritmo

das crianças e esteja ao seu lado.

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Cadernos, mochilas, canetas e, claro, os livros escolares, a lista de material é extensa... e cara • Em média, os portugueses gastam mais de 500 euros com o regresso às aulas • Mas há formas de poupar, como o recurso aos livros usados, cada vez mais uma opção para as famílias nacionais

Custos a subir

Um regresso às aulas que castiga a carteira dos portuguesesCARLA MARINA MENDES [email protected]

dos, obriga mesmo ao uso do cartão de crédito como forma de pagamento.

Embora nem todos pensem – ou possam – gastar tanto, é uma clara minoria aqueles que estabeleceram como tecto má-ximo os 250 euros de despesa com o regresso às aulas. Ape-nas 21% admite ficar-se por es-te valor (menos 7 pontos per-centuais que em 2011) e um pou-co mais – 26% – define o inter-valo da despesa entre os 250 e os 500 euros (também menos do que no ano anterior, que eram 36%). A aumentar está o número dos que admitem gas-tar mais: 20% dos inquiridos

pondera despender entre 500 e 700 euros, mais

sete pontos per-

ALIADOS DA POUPANÇA

AGRADECER E GANHAR Chama-se “Eu Agradeço a Um Professor” e é desafio lançado aos alunos pela Staples, uma acção inédita em prol da edu-cação e da valorização dos pro-fessores, que resulta na oferta diária, até 12 de Setembro, de mais de 800 euros em vales de descontos. Para se habilitar a ganhar só tem de ir à página www.facebook.com/movimen-toeuagradecoaumprofessor e participar na aplicação “Não às faltas de material”. EM SEGUNDA MÃO Para quem quer poupar nos livros, o site Leiloes.net tem mais de dois mil manuais esco-lares à venda a partir de 99 cêntimos. Numa secção própria de artigos escolares para o regresso às aulas, é possível poupar ao comprar ou vender os livros escolares. Também o

miau.pt disponibiliza uma cate-goria específica para a compra e venda de artigos escolares usados – ́ Material Escolar’. COMPRAR MAIS BARATO São várias as livrarias que dis-ponibilizam descontos na com-pra dos manuais escolares online, como a Wook, onde pode poupar 10%. Ou a Leya, onde a oferta é de 6% nas reco-mendações pedagógicas, a que se junta um desconto imediato de 10% em todos os livros de apoio escolar, o que inclui, dicio-nários e obras de análise.

DESCONTOS PARA TODOS No Continente, ‘os livros ficaram menos pesados’, já que a reserva dos manuais através do site do hipermercado garante 10% de desconto no cartão daquela grande superfície. A reserva pode ser também feita no site do Jumbo, que ofe-rece igual desconto (de tam-bém 10%), mas imediato.

Com Setembro aqui tão perto, é hora de começar a fazer a lis-ta do material necessário para o regresso às aulas. E de fazer contas à vida. É que, de acordo com os dados de um estudo do Observador Cetelem, pelo me-nos 507 euros é quanto, em mé-dia, as famílias portuguesas estão a pensar gastar com o no-vo ano lectivo.

A despesa é grande e nem os tempos de crise impedem que continue a aumentar. Ain-da de acordo com a mesma fon-te, oito euros é quanto custa a mais a ida para a escola este ano. Um valor elevado e que, segundo 30% dos inquiri-

A grande fatia do investimento das famílias para o regresso às aulas recai sobre a compra de vestuário e calçado. A maioria dos inquiridos (74%) referiu que pretende adquirir este tipo de produto

30% dos inquiridos ponde-ra mesmo pagar com o cartão de crédito

caros. A compra dos li-

vros corresponde a um investimento

avultado, o que justifica que ca-da vez mais famílias a optem pe-la compra de usados. Enquan-to em 2011 os inquiridos no Ob-servador Cetelem estavam qua-se todos (99%) unidos na in-

tenção de comprar novo, este ano as respostas mudaram. A maioria (89%) ainda aposta no novo, mas os apertos na cartei-ra levam já 18% a escolher os li-vros em segunda mão.

E a preferir cada vez mais as lojas online. Oito por cento

dos inquiridos no mesmo estudo já o fazem, embora

as papelarias (82%) e os hiper-mercados/supermercados (79%) continuem a ser os pre-feridos para as compras de ma-terial escolar.

A justificar o aumento dos que se viram para as compras na internet está o número cres-cente de campanhas que ofere-cem descontos capazes de sua-vizar a despesa com o início das aulas. No texto ao lado damos-lhe a conhecer algumas que ain-da pode aproveitar.

18% já admitem comprar este ano os livros em segunda mão

centuais quando comparando com os dados do ano anterior.

Mais adeptos dos usados Ao custo dos cadernos, cane-tas, mochila e restante material junta-se a fatia de leão: os ma-nuais escolares, cada vez mais

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www.destak.ptRegresso às @ulas31 de Agosto de 2012 · 21

Respire fundo! Esta página é para mães em véspera do tiro da partida

Os pais que nos desculpem, mas esta página foi pensada para as mães, que o Instituto Nacional

de Estatística garante que são as principais responsáveis pela organização do dia-a-dia dos filhos • São elas, sobretudo, que precisam de carregar as baterias • Aqui ficam alguns truques, que funcionam

Oxigénio B DIVIRTA-SE A PLANEAR Não é uma agenda qualquer, não é mesmo, nem podia ser quando o seu criador, e autor dos textos e

de todas as notas e chamadas de atenção é o Eduardo Sá, e depois porque começa logo em Setembro, que é quando na realidade o ano novo se inicia, como toda a gente que tem filhos sabe . «Está a entrar numa agenda de pais (...) Onde há espaço para tudo: família, recla-mações, quadros de honra e namoro. Existem, ainda, sugestões luminosas, opiniões murmuradas e projectos em construção», avisa. Mas o acesso é condicionado e a entrada reservada apenas a alguns pais como, por exemplo, aqueles que fazem uma asneira quase todos os dias. Mas vá ler e descubra se é um deles.

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A OFEREÇA A SI MESMA UM PRESENTE... Se passou o verão pró-

ximo dos seus filhos, como espe-ramos que tenha acontecido, é mais que natural que esteja can-sada. Não é politicamente correcto dizê-lo mas provavel-mente voltou ao trabalho com algum prazer, tirando um gozo

enorme dos trajectos de carro em que pode ouvir a música que entende, e a conversa com os seus colegas de escritório parece reconfortante depois de dias a repetir a história do lobo mau e dos três porquinhos. Não tenha remorsos de sentir vontade de regressar à rotina, e de recon-quistar algum tempo para si. E se

comprou mochilas, cadernos e lápis para o seu filho, não hesite em dar uma volta pelas lojas e oferecer a si mesma qualquer coisa que deseje mesmo. Nem se sinta má mãe por os deixar por um bocadinho para ir ao cabelei-reiro ou lanchar com uma irmã. Acabe de regarregar as baterias, porque a rotina está ai à porta...

DMEIAS IGUAIS E DA MESMA COR Talvez não saiba, mas eu

tenho a certeza do que afirmo: as meias fogem para o país das Meias Desemparelhadas. Pois é, e não há nada mais desesperante numa manhã com pressa do que encontrar só uma... Por isso resista a comprar meias diferen-tes. Todas iguais, todas da mesma cor, e assim se uma se puser a andar, há sempre outra para lhe fazer par. Poupa tempo, dinheiro e muitas birras.

CPONHA O SONO EM ORDEM, JÁ! Durante as férias esco-

lares deixamos escorregar todos os horários, inclusivé o de ir para a cama. O deles e o nosso. Mas a bem da sua sani-dade mental, comece já a impor ordem no ritmo bioló-gico. Estipule e faça cumprir uma hora de ir para a cama. É provável que custe a adorme-cer, deixe-os ler até ao sono chegar, mas nada de telemó-veis ou televisão. De manhã obrigue-os a levantarem-se e ponha-os a marchar, não conta ficarem meios adorme-cidos a ver desenhos anima-dos . Ao fim do dia feche as cortinas e corte a luz, reco-meçando a rotina do banho, jantar a horas, história e cama. Seja firme consigo , porque rabugenta nem se atura a si própria.

E POR FAVOR, APRENDA A DELEGAR Temos a mania que chega-

mos para tudo e todos. Queixamo-nos do cansaço que resulta da brincadeira, mas não delegamos. E muito menos, admitimos que nos substituam. É um disparate que ninguém agra-dece. Por isso jure a si mesma que este ano vai aprender a pedir ajuda. Ao princípio custa, fere o orgulho, mas depois é melhor para todos. E se começasse por deixar o pai fazer alguma coisa?

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TIAGO SOUSA DIAS/CM

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31 de Agosto de 201222 ·

Regresso às @ulas

O papão da escola

A dislexia, uma das maiores causas de insucesso escolar, pode e deve ser

diagnosticada logo na fase de alfabetização • Se o seu filho não consegue associar o som à letra, troca as letras, ou tem dificuldades na leitura e na escrita, e com isso, revela algum desfasamento na aprendizagem face aos coleguinhas de escola, então é caso para procurar a ajuda de uma especialista • O quanto antes, já que este é daqueles males com cura

Cerca de 80% dos participan-tes numa acção de rastreio pio-neira no Grande Porto, num es-tudo tendo crianças entre os 7 e os 16 anos como alvo, apre-sentam dificuldades escolares acentuadas. Problemas de lei-tura, problemas na escrita ou outras lacunas directamente associadas ao insucesso esco-lar foram as dificuldades en-contradas neste rastreio pro-movido pelo Centro de Tera-pias de Desenvolvimento,

VERA VALADAS FERREIRA [email protected]

Clipêutica, no Porto, e cujo ob-jectivo era detectar a dislexia em crianças e jovens em idade escolar.

Do naipe de alunos observa-dos – através de inquéritos aos pais e às crianças – 44% de-monstravam sintomas de dis-lexia. Mais de metade das crianças trocavam as letras en-quanto liam e um número ain-da maior apresentava dificul-dades de interpretação e com-preensão das frases. Mas atenção: tais casos são apenas situações de alerta que não po-dem ser considerados um diag-

Dificuldades

DE QUE FALAMOS? A dislexia caracteriza-se por uma dificuldade na área da lei-tura, escrita e soletração. Cos-tuma ser identificada na escola na fase da alfabetização, já que provoca um desfasamento na aprendizagem. As pessoas dis-léxicas apresentam dificulda-des na associação do som à letra (o princípio do alfabeto) e costumam trocar letras, por exemplo, b com d, ou escrevê- -las na ordem inversa. A disle-xia é um problema envolvendo

o processamento da escrita no cérebro, sendo comum tam-bém confundir a direita com a esquerda no sentido espacial. Agatha Christie, Charles Dar-win, Leonardo Da Vinci, Van Gogh, Walt Disney e Tom Cruise são algumas das figuras céle-bres das Artes e das Ciências que, tendo padecido de tal con-dição nos primeiros anos de vida, ultrapassaram com sucesso tal obstáculo. Se for este o caso do seu filho, não desespere!

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SÉRGIO LEMOS/CM

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31 de Agosto de 2012 · 23

Ofereça o Destak a um amigo. Não o deite no chão. O ambiente agradece.

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nóstico definitivo. É que «a dis-lexia não pode ser confirmada apenas num rastreio, pois exi-ge uma avaliação complemen-tar», sublinha Maria Amélia Dias Martins, a psicopedagoga e especialista em insucesso es-colar responsável por este es-tudo agora divulgado.

À partida, mais de metade dos pais que levaram os filhos ao rastreio de dislexia percep-cionavam já alguma dificulda-de escolar das crianças – 66% revelou mesmo preocupação relativamente às dificuldades de escrita das crianças. Na maioria dos casos, tal per-cepção registou-se logo no pri-meiro ano de escolaridade. A reacção tardia dos pais em bus-ca de ajuda profissional pode agravar ainda mais o cenário.

Paralelamente, existem ou-tros sinais indicadores de uma dificuldade escolar acentuada, que leva ao insucesso escolar repetido e que, se não tratada a tempo, pode acarretar pro-blemas emocionais graves». Neste estudo, por exemplo, foi possível determinar, segundo a percepção dos próprios pro-genitores, que entre as crianças rastreadas 79% apresentavam perturbações durante o sono.

Mais: em 55% dos casos os pais consideram o filho como uma criança nervosa, que não consegue estar sossegada e 25% apresentam já sintomas fí-sicos que podem estar associa-dos ao insucesso escolar, como, por exemplo, dores de cabeça sem explicação.

SINTOMAS

NA 1.ª INFÂNCIA:

• Atraso no desenvolvimento da linguagem. Começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o habitual e a construir frases mais tardia-mente. • Apresentou alguns problemas de linguagem durante o seu desenvolvimento, dificuldades em pronunciar determinados sons, linguagem ‘abebezada’ para além do tempo normal, etc. • Apresentou dificuldades em memorizar e acompanhar canções infantis e lenga-lengas, revelou dificuldades nas activi-dades de rimas. • Dificuldade na consciência e manipulação fonológica. Dificul-dade em se aperceber que os sons das palavras podem divi-dir-se em bocados mais peque-nos e em manipular esses mes-mos sons. NA IDADE ESCOLAR: • Lentidão na aprendizagem e automatização dos processos da leitura e escrita. Maior len-tidão que o normal na aprendi-zagem das letras e na leitura das sílabas. • Dificuldade em compreender que as palavras se podem seg-mentar em sílabas e fonemas. • A velocidade da leitura é signi-ficativamente abaixo do espe-rado para a idade: muitas vezes silábica e por soletração. • Bastantes dificuldades na lei-tura, com a presença constante de alterações e de falhas nos processos de descodificação grafema-fonema e/ou na leitura automá-tica de pala-vras.

• Dificuldades na compre-

ensão de textos escritos devido à sua fraca qualidade na leitura. Normal compreensão quando as histórias lhe são lidas. • A escrita surge com muitos erros ortográficos, com trocas fonológicas e/ou lexicais. • Lacunas acentuadas na orga-nização das ideias no texto e na construção frásica. • Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa (uma hora de trabalho rende 10 minutos). • Utiliza estratégias e truques para não ler. Não revela qual-quer prazer pela leitura. • Distrai-se com bastante facili-dade perante qualquer estí-mulo, parecendo que está a “sonhar acordado”. Curtos períodos de atenção. • Os resultados escolares não são condizentes com a sua capacidade intelectual. Melho-res resultados nas avaliações orais do que nas escritas. • Dificuldades em memorizar informações verbais. • Dificuldades na aprendizagem de uma língua estrangeira. • Não gosta de ir à escola ou de realizar qualquer actividade com ela relacionada. • Apresenta “picos de aprendiza-gem”, nuns dias parece assimilar e compreender os conteúdos curriculares e noutros parece ter esquecido o que tinha aprendido anterior-mente.

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31 de Agosto de 201224 ·

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O que os pais podem (e devem) esperar do Jardim de Infância

PARA PAIS SEPARADOS

O MONOPÓLIO DO “ENCAR-REGADO DE EDUCAÇÃO” O pai ou a mãe que tem o título de Encarregado de Educação pode acabar por ter uma relação priveligada com a escola. Tendencialmente acon-tece sempre, mas tudo se agrava quando os pais são separados, e têm entre si uma má relação, e este título é mais um numa guerra de poder. Por falta de informação, ou por hábito, o Jardim de Infância (como a creche e a escola) pode acabar por compactuar com esta guerra, ou porque a educa-dora ouve todas as manhãs apenas o lado daquele que habitualmente trás a criança, ou porque envia toda a infor-mação sobre a criança, desde as notas até aos convites para festas e reuniões, apenas ao que está “na ficha”. Não há razão nenhuma, sobretudo nes-tes tempos em que incluir mais

um nome na mailling list não representa qualquer custo acrescido, para que a escola não informe sempre os dois, e os incite a estarem presentes. PONHA O SEU FILHO À FRENTE DE TUDO Os pais e os educadores devem tentar que a escola seja um espaço neutro, um espaço da criança, onde ela se possa até refugiar das tensões de casa. Os pais devem tentar respeitar este direito da criança, mesmo quando estão magoados ou a passar por um divórcio compli-cado, evitando meter a educa-dora “ao barulho”. Infelizmente há aqueles que procuram que a educadora corrobore a tese de que a criança voltou do pai (ou da mãe) mais agitada, ou que se queixa do pai (ou da mãe) na escola. Ao minarem o território da escola, e a confiança da criança no educador ou pro-fessor, os pais cometem um erro crasso que é objectiva-mente um maltrato. Uma escola que seja cúmplice disto

é também ela maltra-tante.

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Se há um marco que fica na memória dos pais é o do primeiro dia de escola (seja creche ou jardim de infância) dos seus filhos • Esta saída

de casa para o mundo, como todas as grandes conquistas, não é nada fácil, mas a segurança dos pais motiva os filhos a ir mais longe • Mais tarde, a segurança dos filhos ajuda os pais a descontrair e a acreditar que escolheram a escola certa

Esta nova etapa exige deixar entrar algumas personagens novas na vida da família. A di-rectora do Jardim de Infância que escolhemos para o nosso filho, mas principalmente a educadora e as auxiliares da sa-la onde ele ficar, serão as gran-des referências para todos e é muito importante perceber que se deve procu-rar uma relação de parceria e não de “mestre-pais” ou de “cliente --funcionário”. Mas para que tudo corra bem, e possa usufruir da ajuda da escola na educação do seu filho, há algumas re-gras importantes, que tanto os pais como os educadores devem res-peitar. Deixamos-lhe cinco pis-tas fundamentais daquilo que um pai e uma mãe podem, e devem, esperar da escola.

1Ser informado. Os pais têm todo o direito de querer sa-ber o que é que o filho faz

durante o dia, mas tenha em conta que quando as educado-ras estão com as crianças elas são a sua prioridade, evite mal entendidos perguntando logo quando é que é o melhor mo-mento para conversarem. Pa-

ANA FONSECA [email protected]

ra além dos relatos do dia-a-dia, peça-lhe que marque um tem-po para que a possa, com cal-ma, questionar, pedir que lhe explique o que não entende, e aconselhá-la. Os educadores também ganham muito com esse tempo, porque os pais são os maiores especialistas nos seus filhos!

2Ver o seu filho “em acção.” Para uma Sala é impor-

tante ter rotinas e que a educadora possa es-tabelecer relações com cada uma das

crianças e com o gru-po sem so-frer inter-r u p ç õ e s constantes.

Contudo, é importantíssi-

mo para todos que os pais possam,

de vez em quando, entrar e ver o seu filho “em acção” – não há nada que traga mais tranquilidade e que consolide melhor a relação educador-criança-família do que esse tempo. Sendo as-sim, respeite as regras e se-ja compreensivo quando não existe disponibilidade, mas peça algumas oportuni-

dades (e explicações, caso não as haja). A sala não deve ser um lugar interdito aos pais.

3Conflitos na es-cola ficam na es-cola A escola deve

saber resolver os confli-tos que surgem na esco-la entre crianças, ou entre professores e alunos, e não dar listas aos pais de tudo o que os seus filhos fizeram de mal. Tirando uma circunstân-cia especialmente grave, se o problema for resolvido deve ser arrumado, e não entregue aos pais para “re-castigarem” em casa. Mas atenção, porque o mesmo é válido ao contrá-rio: ou seja, os pais não podem chegar à escola e exigir que a escola “castigue/repreenda” os seus filhos, porque fizeram uma birra em casa.

4Sentir-se em casa e ser con-vidado a ficar um bocadinho no recreio com o seu filho quando o vai

buscar . Não há melhor sinal de fe-

licidade e de bem es-tar na escola como

quando o seu filho diz “Só mais cinco minu-

tos” quando é hora de ir

embora. Deve sen-tir-se em casa naque-le recreio e ser possí-vel ficar a observar o

seu filho com os a m i g o s ,

conversan-do com as

educadoras ou auxiliares. É nor-

malmente nestes momentos infor-

mais que pode estabelecer uma verdadeira relação com as pessoas que estão diaria-mente com o seu filho e ver em primeira mão a dinâmica da escola.

5Perceber o como e o por-quê do que ali se faz. Nu-ma escola as actividades,

as normas e as regras devem existir e ser feitas com inten-cionalidade, e com fundamen-tação. Não hesite em pergun-tar o que quiser, porque assim compreenderá melhor a filoso-fia da escola onde o seu filho passa tanto tempo! Mas lem-bre-se que a educadora está ali para ajudar o seu filho a cres-cer, e o facto de não concordar sempre consigo não quer dizer que seja ela que está errada... Dê-lhe a oportunidade de se ex-plicar, e pelo seu lado, exponha as suas dúvidas e as suas an-gústias sem medo de críticas ou julgamentos. Acredite que naquela escola todos querem o melhor para o seu filho.

Sugestões

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Quando chega o mês de Setembro a lista de compras para o regresso à escola não

para de aumentar. Roupa, calçado, material escolar, computador e até móveis e secretárias são alguns dos produtos que certamente constam dessa lista. O Destak deixa-lhe algumas sugestões e ideias para facilitar a árdua tarefa de escolher o mais importante e saber ainda as tendências da próxima estação.

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