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Central Estadual de Transplantes

Manual de Transplantes

2 edio - 2004

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NDICE1. APRESENTAO............................................................................................................................................ 71.1 Apresentao da 1 edio 1995-1996 ........................................................................................................................... 7 1.2 Apresentao da 2 edio 2004 ................................................................................................................................. 8

2. INTRODUO ............................................................................................................................................... 9 3. PROCURA DE RGOS PARA TRANSPLANTES ..................................................................................... 11 4. CENTRAL ESTADUAL DE TRANSPLANTES DO ESTADO DO PARAN - CET-PR .............................. 12 5. FUNCIONAMENTO E FLUXO DE OPERAES DA CENTRAL ESTADUAL DE TRANSPLANTES DO PARAN CET-PR ........................................................................................................................................... 145.1 Notificaes de pacientes potenciais doadores de rgos e tecidos............................................................................. 14

5.2 Cadastramentos e registros............................................................................................................................................ 14

5.1.1 Morte Enceflica.................................................................................................................................14 5.1.2 Corao Parado..................................................................................................................................14 5.2.1 Cadastramento de receptores de rgos e tecidos ....................................................................15

5.2.1.1 Pacientes receptores de crnea ................................................................................................................... 15 5.2.1.2 Pacientes receptores de corao ................................................................................................................. 16 5.2.1.3 Pacientes receptores de valva cardaca humana ......................................................................................... 16 5.2.1.4 Pacientes receptores de fgado de doador cadver..................................................................................... 16 5.2.1.5 Pacientes receptores de fgado doador vivo ................................................................................................ 17 5.2.1.6 Pacientes receptores de rim de cadver...................................................................................................... 17 5.2.1.7 Pacientes receptores de rim doador vivo .................................................................................................... 17 5.2.1.8 Pacientes receptores de pncreas isolado ou rim e pncreas(cadver) ..................................................... 18 5.2.1.9 Pacientes receptores de pncreas de doador vivo ...................................................................................... 18 5.2.1.10 Pacientes receptores de tecidos steo-fscio-condro-ligamentosos .......................................................... 19 5.2.1.11 Pacientes receptores de medula ssea ........................................................................................................ 19 5.2.2 Cadastramento de unidades de atendimento e de centros transplantadores. .......................................... 19 5.3 Captao de rgos e tecidos ......................................................................................................................................... 19 5.3.1 Fluxo de operaes da CET-PR na captao de rgos e tecidos ............................................................... 20 5.3.1.1 Servios credenciados para captao de rgos e tecidos com Coordenador Intra-hospitalar de Transplantes .................................................................................................................................................. 20 5.3.1.2 Servios no credenciados e sem Coordenador Intra-hospitalar de Transplantes .................................... 21 5.3.1.3 Outras providncias da CET-PR na captao de rgos e tecidos.............................................................. 21 5.4 Distribuio de rgos e tecidos..................................................................................................................................... 22 5.4.1 Crneas ......................................................................................................................................................... 22 5.4.1.1 Curitiba, Londrina e regies, e demais municpios que possuam centro de transplante de crnea ......... 23 5.4.1.2 Maring e Cascavel ....................................................................................................................................... 23 5.4.1.3 Recusas de crneas e urgncias ................................................................................................................... 23 5.4.2 Urgncias....................................................................................................................................................... 23 5.4.2.1 Fgado............................................................................................................................................................ 24 5.4.2.2 Corao ......................................................................................................................................................... 25 5.4.2.3 Rins ................................................................................................................................................................ 25 5.4.2.4 Fluxo de distribuio e alocao de rim ......................................................................................................27 5.5 Outras Atribuies da CET-PR ...................................................................................................................................... 28 utras 5.6 Cobrana dos procedimentos de transplantes atravs do Sistema nico de Sade SUS ........................................ 28 5.6.1 Formas de cobrana...................................................................................................................................... 28 5.6.1.1 Sistema de Informao Ambulatorial SIA/SUS ........................................................................................... 28 5.6.1.2 Sistema de Informao Hospitalar SIH/SUS ............................................................................................... 30 5.6.2 Retirada de rgos........................................................................................................................................ 30 5.6.2.1 Pela equipe do hospital que realizou a Busca Ativa .................................................................................... 30 5.6.2.2 Retirada de rgo no mesmo hospital onde ocorreu a Busca Ativa do Doador, por equipe profissional externa ...................................................................................................................................................... 31 5.6.2.3 Retirada de rgo realizada em hospital distinto daquele em quefoi realizada a Busca Ativa. ................31 5.6.2.4 Cdigos para retiradas de rgos em AIHs distintas ..................................................................................32 5.6.2.5 Lquidos de preservao ...............................................................................................................................32 5.6.2.6 Manuteno hemodinmica ..........................................................................................................................32

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5.6.3 5.6.3.1 5.6.3.2 5.6.3.3 5.6.3.4 5.6.4 5.6.5

Disposies Gerais ........................................................................................................................................ 32 Doador Corao Parado............................................................................................................................... 32 Doador com Morte Enceflica...................................................................................................................... 32 Tecidos steo-condro-fscio-ligamentosos ................................................................................................. 33 Valvas Cardacas ........................................................................................................................................... 33 Retirada de rgo Interestadual (exceto Crnea e Rim)............................................................................ 34 Retirada de rgo Intermunicipal em distncias acima de 100km (exceto cnea) .................................. 34

6. MATERIAL BIOLGICO NECESSRIO PARA EXAMES PR-TRANSPLANTE COM DOADOR CADVER..............35 6.1 Material biolgico do doador para exames pr-transplante ......................................................................................... 35 6.1.1 Sorologia ......................................................................................................................................................35 6.1.2 Coleta de material de doador de corao /rins para provas de histocompatibilidade ............................ 35 6.2 Linfonodo .....................................................................................................................................................36 6.3 Bao .................... ........................................................................................................................................ 36 6.4 Tipagem HLA-A, B, C, DR e DQ e prova cruzada (crossmatch)............................................................... 37 6.5 Coleta de sangue dos receptores ............................................................................................................... 37 6.5.1 Receptores de crnea ................................................................................................................................. 37 6.5.2 Receptores de corao................................................................................................................................ 37 6.5.3 Receptores de valvas cardacas................................................................................................................... 38 6.5.4 Receptores de fgado................................................................................................................................... 38 6.5.5 Receptores de rim de cadver e rim e pncreas........................................................................................ 38 6.5.6 Receptor de pncreas isolado de doador cadver ..................................................................................... 38 6.5.7 Receptores de tecidos steo-condro-fscio-ligamentosos......................................................................... 38 7. DIAGNSTICO DA MORTE ENCEFLICA ................................................................................................................... 39 7.1 Resoluo n. 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina de 08/08/1997 .................................................................... 39 7.2 Resoluo n. 082/99 do Conselho Regional de Medicina do Estado do Paran ........................................................... 40 7.2.1 Morte Enceflica Interpretaes Legais Complementares..................................................................... 40 7.2.2 Determinao da Morte Enceflica ............................................................................................................ 42 7.2.2.1 Pr-requisitos .............................................................................................................................................. 42 7.2.2.2 Exame clnico ............................................................................................................................................... 43 7.2.2.3 Teste de apnia............................................................................................................................................ 43 7.2.2.4 Exames complementares ............................................................................................................................ 44 7.2.2.5 Repetio do exame clnico (2 exame) ..................................................................................................... 46 7.2.2.6 Equipe mdica ............................................................................................................................................. 46 7.2.2.7 Comunicao com familiares ou responsvel legal .................................................................................... 46 7.2.2.8 Conduta aps a determinao da Morte Enceflica .................................................................................. 47 7.2.2.9 Fundamentos legais .................................................................................................................................... 47 7.2.2.10 Principais tpicos para clarificar e uniformizar as aoes na determinao da Morte Enceflica ........... 47 7.2.2.11 Modelo de fluxo de operaes para determinao da Morte Enceflica .................................................. 49 8. CRITRIOS CLNICOS PARA DOAO DE RGOS E TECIDOS DE PACIENTES EM MORTE ENCEFLICA (DOADOR CADVER) .................................................................................................................................................... 51 8.1 Consideraes gerais....................................................................................................................................................... 51 8.1.1 Doadores marginais: ................................................................................................................................... 52 8.2.1 Critrios gerais: ........................................................................................................................................... 52 8.2.2 Critrios Especficos .................................................................................................................................... 53 8.2.2.1 Doao de crneas ...................................................................................................................................... 53 8.2.2.2 Doao de corao ...................................................................................................................................... 54 8.2.2.3 Doao de fgado ......................................................................................................................................... 54 8.2.2.4 Doao de rins............................................................................................................................................. 54 8.2.2.5 Doao de rim e pncreas e pncreas isolado: .......................................................................................... 55 8.2.2.6 Doao de tecidos steo-fscio-condro-ligamentosos............................................................................... 55 9. MANUTENO CLNICA DO PACIENTE DOADOR DE RGOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFLICA EM UTI.56 9.1 Fisiologia da Morte Enceflica......................................................................................................................................... 56 9.2 Manuteno clnica do doador ........................................................................................................................................ 56 9.2.1 Assistncia respiratria............................................................................................................................... 56 9.2.2 Assistncia hemodinmica .......................................................................................................................... 57 9.2.3 Assistncia trmica ..................................................................................................................................... 58 9.2.4 Correo de distrbios hidro-eletrolticos ................................................................................................. 58

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15.14 Cadastro de Paciente Receptor de Rim e Pncreas ........ ......................................................................................... 93 15.15 Cadastro de Paciente Receptor de Tecido steo-condro-fscio-ligamentoso.......................................................... 94 15.16 Cadastro de Paciente Receptor de Medula ssea .................................................................................................... 95 15.17 Solicitai de Exames de Histocompatibilidade Doador Cadver............................................................................. 96 15.18 Termo de Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos...................................................................................... 97 15.19 Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos ............................................................................................................... 98 15.20 Relatrio de Retirada de Crneas .............................................................................................................................. 99 15.21 Termo de Autorizao para Transporte de Potenciais Doadores ...........................................................................100 15.22 Termo de Justificativa para Recusa de rgos e Tecidos para Transplante ............................................................101 15.23 Relatrio de Implante de Crnea .............................................................................................................................102 15.24 Evoluo Clnica de Crnea 6/12 Ms ....................................................................................................................103 15.25 Evoluo Clnica de Crao 1 Ms .........................................................................................................................104 15.26 Evoluo Clnica de Crao 6/12 Ms...................................................................................................................105 15.27 Evoluo Clnica de Valva Cardaca 1 Ms...............................................................................................................106 15.28 Evoluo Clnica de Valva Cardaca 6/12 Ms ........................................................................................................107 15.29 Notificao de Transplante de Fgado Doador Vivo.................................................................................................108 15.30 Evoluo Clnica do Fgado 1 Ms............................................................................................................................109 15.31 Evoluo Clnica do Fgado 6/12 Ms......................................................................................................................110 15.32 Notificao de Transplante de Rim Doador Vivo .....................................................................................................111 15.33 Evoluo Clnica do Rm 1 Ms ................................................................................................................................112 15.34 Evoluo Clnica do Rim 6/12 Ms ..........................................................................................................................113 15.35 Nitificao de Transplante de Pncreas Doador Vivo..............................................................................................114 15.36 Evoluo Clnica do Pncreas 1 Ms........................................................................................................................115 15.37 Evoluo Clnica do Pncreas 6/12 Ms..................................................................................................................116 15.38 Evoluo Clnica do Tecido steo-condro-fscio-ligamentoso 1/6 Ms ................................................................117 15.39 Notificao de Transplante de Medula ssea ..........................................................................................................118 15.40 Evoluo Clinica do Transplante de Medula ssea ..................................................................................................119

16. MATRIAS CORRELATAS .........................................................................................................................12016.1 Legislao e Regulamentao .....................................................................................................................................120 16.1.1 Lei Federal n. 9.434 de 04.02.97 .............................................................................................................120 16.1.2 Lei Federal n. 10.211 de 23.03.01 ...........................................................................................................125 16.1.3 Lei Estadual n. 11.236 de 13.12.95..........................................................................................................126 16.1.4 Lei Estadual n. 11.210 de 28.12.95..........................................................................................................128 16.1.5 Decreto Federal n. 2.268 de 30.06.97.....................................................................................................129 16.1.6 Portaria MS n. 3.407 de 05.08.98............................................................................................................139 16.1.7 Projeto do Grupo Especial de Transplantes de rgos e Tecidos paraImplantao da CET-PR............153 16.2 Artigos ........................................................................................................................................................................ 158 16.2.1 O Papel da Coordenao Intra-Hospitalar de Transplantes ....................................................................158 16.2.2 O Papel dos Profissionais da Sade na Doao de rgos......................................................................158 16.2.3 Transplante de rgos: Morte Fsica e Morte Enceflica (Cerebral ) So Sinnimos ............................160 16.2.4 Morte Enceflica (Cerebral) No Sinnimo de Vida Vegetativa ..........................................................160 16.2.5 Morte Enceflica (Cerebral) No Sinnimo de Coma ..........................................................................161 16.2.6 Papel do Transplante de Pncreas no Tratamento da Diabete Melito....................................................162 16.2.7 A Comercializao de rgos e a tica dos Transplantes .......................................................................164 17. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................ 166

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1. APRESENTAO 1.1 APRESENTAO DA 1 EDIO 1995 - 1996 O presente Manual de Transplantes do Estado do Paran foi desenvolvido a partir da criao da Central de Transplantes do Estado do Paran (CET-PR), no sentido de orientar as atividades de transplante no Estado, em importantes aspectos, principalmente, aqueles referentes ao funcionamento da CET. Este manual deve, tambm, orientar aqueles profissionais da rea da sade preocupados por no dominarem os complexos aspectos relativos ao diagnstico da Morte Enceflica e sua legislao, tranqilizando-os, para que se sintam mais vontade e colaborem com a procura de rgos. O Manual de Transplantes contm detalhes sobre a notificao obrigatria de rgos disponveis para transplantes com doador cadver, alm de discorrer sobre a captao e distribuio de rgos, incluindo aspectos legais e ticos da questo. Todos os conceitos aqui formulados foram baseados na legislao brasileira vigente, quais sejam:- Lei Federal n. 8.489 de 18.11.92 MS, Decreto Federal n. 879 de 22.07.93, PT/MS/SAS n.. 96 de 28.07.93, PT/MS/SAS n. 38 de 03.03.94, Lei Estadual n. 11.210 de 28.11.95, Lei Estadual n. 1.236 de 13.12.95, Resoluo do Conselho Federal de Medicina n. 1.346 de 08.08.91, Normas para Licenciamento de Banco de Olhos da Associao Brasileira de Banco de Olhos e Normas para Credenciamento de Laboratrios de Histocompatibilidade da Associao Brasileira de Histocompatibilidade. O Manual de Transplantes dever ser submetido a um aprimoramento constante com assessoria tcnica da Comisso Estadual de Transplantes.

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1.2 APRESENTAO DA 2 EDIO 2004 O Manual de Transplantes da Central Estadual de Transplantes do Estado do Paran pretende oferecer aos usurios uma fonte de consultas atualizada sobre as atividades de transplantes de rgos e tecidos no Estado. Esta segunda edio incorpora modificaes importantes em relao primeira edio 1995/96, no apenas aquelas relacionadas com novas leis e regulamentaes federais a respeito, mas, tambm, as relacionadas com aperfeioamentos no protocolo de diagnstico da Morte Enceflica e da criao da figura do Coordenador Intra-hospitalar de Captao de rgos e Tecidos. Entre as mais importantes leis e regulamentos includos esto:- Lei Federal n. 9.434 de 04.02.97, Lei Federal n. 10.211 de 23/03/01, Decreto Federal n. 2.268 de 30.06.97, Portaria MS n. 3.407 de 05.08.98, Resoluo CFM n. 1.480 de 08.08.97 e Resoluo CRM PR n. 82 de 19.08.99.

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2. INTRODUO O transplante de rgos e tecidos, tais como crneas, corao, fgado e rins, entre outros, considerado tcnica consagrada para uma efetiva reabilitao de pacientes portadores de insuficincia terminal desses rgos. Avanos tcnicos tm proporcionado uma progressiva melhora dos resultados dos enxertos com inegveis benefcios para os receptores. Alm do objetivo fundamental dos transplantes de rgos de salvar vidas, principalmente, nos casos de transplante de corao, fgado e pulmes, esses procedimentos tambm promovem significativa reabilitao fsica e social dos pacientes, reintegrando-os famlia e ao trabalho com uma melhor qualidade de vida. Nos casos de transplante de rim, promove-se tambm economia de recursos, pois o tratamento alternativo para manuteno da vida, a dilise, de custo mais elevado, a longo prazo. A era dos transplantes em nosso Estado iniciou-se em 1959 com o primeiro transplante de crnea realizado pelo oftalmologista Carlos Augusto Moreira. J, o primeiro transplante de rim com doador vivo foi realizado em Londrina pela equipe do Doutor Lauro Brandina e do Doutor Altair Jacob Mocelin, com a participao do Doutor Antnio Marmo Lucon da Universidade de So Paulo, em 1973. Em 1979, foi realizado no Hospital de Clnicas da Universidade Federal do Paran o primeiro transplante de medula ssea do Brasil pela equipe do Doutor Ricardo Pasquini. O primeiro transplante de corao foi realizado em 1985 no Hospital Evanglico de Curitiba pela equipe do Doutor Danton Rocha Loures, e o primeiro transplante de fgado, em 1991, no Hospital de Clnicas da Universidade Federal do Paran, pela equipe do Doutor Jlio Cezar Uilli Coelho. O primeiro transplante de rim e pncreas no Estado do Paran foi realizado, mais recentemente, pela equipe do Dr. Joo Eduardo Leal Nicoluzzi no Hospital Angelina Caron, de Campina Grande do Sul, em janeiro de 2001. Em outubro de 2.003, no Paran, estavam cadastrados na CET-PR um total de 41 pacientes receptores ativos espera de transplante de corao e 355 de fgado. Infelizmente, a maioria dos pacientes morrem antes que um doador seja encontrado. Com relao aos transplantes de crnea, tnhamos, nessa poca, 851 pacientes na lista de espera ativa no Estado. No sentido de promover a captao de crneas em Curitiba, em 1976, foi fundado o Banco de Olhos de Curitiba, junto Faculdade Evanglica de Medicina. Esse centro especializado na captao de crneas para transplante promoveu inegvel avano das doaes de crneas. Levantamentos realizados por especialistas do Banco de Olhos de Curitiba evidenciaram que os maiores problemas que impedem a captao de crneas em Curitiba so a falta de lembrana dos familiares no momento do bito e a desinformao do pessoal das unidades de terapia intensiva. Esses dados demonstraram tambm que medidas organizacionais simples, como a presena de um voluntrio, junto s centrais funerrias, para exercer a funo de lembrar aos familiares a oportunidade da doao, podem aumentar substancialmente esse tipo de doao. Com referncia aos transplantes de rins, a situao dos pacientes em lista de espera mais dramtica. Por estatsticas da Secretaria Estadual da Sade, em outubro de 2003, no Estado do Paran, aproximadamente 3.200 pacientes estavam em tratamento crnico pelo laborioso e dispendioso processo da dilise, dos quais, 1794 estavam em lista de espera ativa para transplante de rim no Paran. Para o futuro, a exemplo de outros pases, o problema do acmulo de pacientes de insuficincia renal crnica terminal em tratamento pela dilise em espera para transplante dever se agravar ainda mais entre ns devido ao exponencial aumento da prevalncia da insuficincia renal crnica na populao. Estatsticas da extinta Comisso Regional de Nefrologia do Estado do Paran e da 2 Regional de Sade do Estado do Paran, corroboram com essa previso. Considerando que em 1984 tnhamos apenas 333 pacientes em dilise no Estado, ou seja, 41,5 pacientes por milho de habitantes, e que, em 2003, tnhamos cerca de 3.200 pacientes (355 pacientes por milho de habitantes), isto representa um aumento de 8,5 vezes por milho de habitantes em relao citada data. Esse expressivo aumento da demanda de tratamento pela dilise no Estado do Paran pode ser explicado simplesmente pela crescente difuso dos conhecimentos nefrolgicos e a abertura de novas9

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unidades de dilise no Estado, sendo muitos pacientes novos identificados. No entanto, alm disso, outros fatores devem ser levados em considerao, pois, mesmo em pases com amplos recursos para a sade, como os Estados Unidos e Alemanha, verifica-se um significativo aumento na demanda pela dilise. Esses pases, por exemplo, atendiam j no ano 2.000, respectivamente, 1.300 e 683 pacientes em dilise por milho de habitantes, sugerindo que progressivamente tambm deveremos atingir esses nmeros, ou qui, ultrapass-los, devido ao nosso ainda precrio atendimento das doenas bsicas que causam a insuficincia renal crnica, como a glomerulonefrite, a hipertenso arterial, a diabete melito, as infeces e o lpus eritematoso sistmico. Alm dos fatores acima expostos, outras circunstncias promovem o aumento exponencial da prevalncia da insuficincia renal crnica no mundo. Entre as mais citadas, esto o aumento da sobrevida da populao, com o aparecimento de maior nmero de casos de nefroesclerose, o aumento no nmeros de portadores de diabete melito, alm da progressiva maior sobrevida dos pacientes em tratamento pela dilise. Mais recentemente, destaca-se tambm o retorno dos pacientes a dilise, devido rejeio crnica dos transplantes de rim. Considerando os fatos acima descritos, parecer da comunidade cientfica nefrolgica internacional que apenas um desenvolvimento cientfico decisivo (breakthrough) na rea da profilaxia ou tratamento da insuficincia renal crnica ser capaz de deter o exponencial aumento da demanda de tratamento pela dilise e pelo transplante de rim atualmente disponveis. Em nosso meio, no entanto, considerando o pequeno nmero de transplantes de rim realizados e o precrio atendimento populacional das doenas causadoras de insuficincia renal, resta-nos muito a realizar para que tenhamos uma assistncia satisfatria. Estatsticas da extinta Comisso Regional de Nefrologia do Estado do Paran, de fato, mostram um reduzido nmero de transplantes renais realizados no Estado, apesar de superior mdia nacional. Em 1986 foram realizados aproximadamente 100 transplantes renais no Paran, ou seja, 12,6 pacientes por milho de habitantes, comparados com a mdia de 5 pacientes por milho por ano no Brasil. Na poca, isso representava, em nosso Estado, 1 transplante renal para 3 pacientes novos em dilise. Em 2002, no Paran, por estatsticas da Central Estadual de Transplantes, foram realizados cerca de 250 transplantes renais, entre doadores vivos e cadveres, ou seja, 26,8 por milho de habitantes, equivalentes a 1 para 5 pacientes novos em dilise. No Brasil, por outro lado, em 2.002, foram feitos cerca de 2.990 transplantes renais, representando, aproximadamente, 17 por milho de habitantes, conforme dados da Associao Brasileira de Transplante de rgos. Entre as medidas a serem tomadas no sentido de modificar o rpido aumento do nmero de pacientes em dilise no Estado do Paran, est, portanto, o incremento dos transplantes renais. Acreditase na possibilidade de elevar nossa capacidade anual de transplantes para cerca de 40 a 60 por milho de habitantes por ano, ndices esses semelhantes aos de pases desenvolvidos da Europa e Amrica do Norte, atravs do estabelecimento e aprimoramento de centrais de captao de rgos e tecidos para transplantes, e do incentivo aos transplantes atravs do pagamento justo dos procedimentos. Alm disso, para reduzir o crescimento do nmero de pacientes que atinjam a condio de insuficincia renal crnica com necessidade de dilise, absolutamente necessrio que o poder pblico desenvolva programas para um amplo atendimento ambulatorial, principalmente em hipertenso arterial e diabete melito, com acesso gratuito aos medicamentos necessrios.

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3. PROCURA DE RGOS PARA TRANSPLANTES Desde que os transplantes de rgos e tecidos se concretizaram, importantes avanos tcnicos, a partir da dcada de 70, tornaram esses procedimentos rotineiros para reabilitao de pacientes portadores de algum tipo de insuficincia funcional terminal de rgo vital ou tecido. Dessa forma, tornou-se imperiosa a captao de grande nmero de rgos de cadver para que esses tratamentos viessem a ser realizados em larga escala. Essa demanda de rgos e tecidos tem aumentado progressivamente, exigindo o desenvolvimento de mtodos organizados de captao de rgos e tecidos, com regulamentao adequada, para assegurar sua eficincia e evitar abusos. Entre os muitos fatores que influenciam a captao de rgos, podem ser citados a legislao sobre transplante de rgos e tecidos, a conscientizao da comunidade para o problema, e a organizao de agncias de procura de rgos. A legislao sobre transplante de rgos e tecidos visa enquadrar legitimamente as aes de transplantes, evitando possveis abusos e problemas jurdicos processuais possveis na prtica de transplante de rgos e tecidos. No Brasil, a Lei dos Transplantes de 1992, embora adequada para que esses objetivos sejam atendidos, foi substituda em 04 de fevereiro de 1997 pela Lei Federal n. 9.434, conhecida como Lei da Doao Presumida de rgos, a qual determina que caso o indivduo morto no disponha de um documento oficial comprovando o estado de no doador, torna-se um doador automtico de rgos e tecidos, no existindo mais a necessidade legal da solicitao famlia. No entanto, mesmo com a inteno de aumentar as doaes, a nova lei no produziu o efeito esperado, ficando evidenciada grande resistncia idia por parte da populao, incluindo entidades mdicas como o Conselho Federal de Medicina e a Associao Mdica Brasileira. Assim, foi editada a Medida Provisria n. 1.718/98 que devolve famlia a opo de doar ou no os rgos, transformada na Lei n. 10.211, em 23/03/2.001. A conscientizao popular para a doao, a conscientizao e o empenho dos profissionais de UTI e neurologistas na identificao de doadores em potencial em estado de Morte Enceflica, e o compromisso das equipes de transplantes em consumar as retiradas de rgos e tecidos, so fatores tambm importantes para obteno de rgos e tecidos para transplante. Campanhas educativas permanentes sobre a necessidade de rgos e tecidos para transplante e a publicidade destinada a incentivar as doaes so igualmente essenciais para a efetivao dos transplantes. Tais iniciativas devem ser desencadeadas com a efetiva implantao de um sistema capaz de assegurar a adequada captao e distribuio dos rgos e tecidos. A condio sine qua non para satisfazer a necessidade de mais rgos e tecidos para transplantes, assegurando a justia distributiva, a organizao e implantao de sistemas de captao e distribuio de rgos e tecidos. Em nosso pas, centrais de captao de rgos para transplantes esto em funcionamento em vrios estados da federao, trazendo inegveis benefcios para pacientes necessitados de transplantes de rgos e tecidos, alm de um efetivo aumento do nmero desses procedimentos nessas regies. Essas centrais foram regulamentadas em 1997 atravs do Decreto Federal n. 2.268 que instituiu o Sistema Nacional de Transplantes e, nos estados, as Centrais de Notificao, Captao e Distribuio de rgos CNDOs, como unidades executivas das atividades do SNT.

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4. CENTRAL ESTADUAL DE TRANSPLANTES DO ESTADO DO PARAN - CET-PR Tendo em vista a imperiosa necessidade de aumentar a captao de rgos no Estado do Paran, assim como, de regulamentar e incentivar a procura e distribuio de rgos no Estado, assegurando a justia distributiva e atendendo a resoluo 079/95, a Secretaria de Estado da Sade do Paran, conforme legislao vigente, na poca, Lei Federal n. 8.489 de 18.11.92 e Decreto Federal n. 879 de 22.07.93, designou o grupo de especialistas denominado Grupo Especial de Transplantes de rgos para elaborar o projeto de funcionamento de uma central de transplantes para o Estado do Paran. O grupo foi constitudo por representantes da Secretaria de Estado da Sade: Doutor Carlos Renato dvila, Doutor Heitor de Frana Borges, Doutora Tnia Gisele de Lara, da Universidade Federal do Paran, Doutor Jos Gasto Rocha de Carvalho, Doutor Mrio Luiz Luvizotto, Doutor Renato Tmbara Filho, Doutor Iseu Affonso da Costa, Doutor Jlio Cezar Uili Coelho, Doutor Jos Fioravante da Rosa - da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, Doutor Miguel Carlos Riella - da Universidade Estadual de Londrina, Doutor Altair Jacob Mocelin - da Sociedade Brasileira de Nefrologia - Regional do Paran, Doutor Andreas Zschoerper Linhares - do Hospital Evanglico de Curitiba, Doutor Danton Richlin da Rocha Loures - da Associao Paranaense de Oftalmologia, Doutor Hamilton Moreira, Doutor Francisco Grupenmarcher, Doutor Jos Jorge Neto e da Associao Paranaense de Portadores de Doenas Renais, Doadores e Transplantados (APARTRANS) - Advogada Henriette Cordeiro Gurios e Senhor Sebastio Pereira. Coube ao Doutor Carlos Renato dvila a coordenao da implantao da Central Estadual de Transplantes do Paran, ao Doutor Heitor de Frana Borges a relatoria do projeto e ao Doutor Andreas Zschoerper Linhares, a secretaria. A Central de Transplantes uma aspirao antiga daqueles que realizam transplantes no Paran. Desde o primeiro transplante de rim realizado em Londrina, em outubro de 1973, pela equipe uronefrolgica coordenada pelo Doutor Lauro Brandina e pelo Doutor Altair Jacob Mocelin, pensava-se seguir o exemplo de outros pases que iniciaram seus programas de captao organizada de rgos e tecidos de cadver, regionalmente. Desde essa poca, inmeros projetos foram desenvolvidos no sentido de dotar o Estado do Paran de um sistema de captao e distribuio de rgos e tecidos, destacando-se aquele denominado de Paran Transplantes, em 1985, por iniciativa do extinto INAMPS, com assessoria da Comisso Regional de Nefrologia do Estado do Paran, e, o Projeto Paran-Transplante/Cidado Vida, em 1989, por intermdio da Secretaria de Estado da Sade. Assim, aps a elaborao do projeto anteriormente citado, transcrito mais adiante neste manual, a Central Estadual de Transplantes do Estado do Paran foi inaugurada em 13 de dezembro de 1995, com os seguintes objetivos: assegurar a justia na distribuio de rgos e tecidos, desenvolvendo o princpio da distribuio eqitativa; regulamentar a procura e a distribuio de rgos e tecidos para transplante no Paran; incentivar a procura e captao de rgos e tecidos no Paran; aumentar efetivamente a captao e o aproveitamento de rgos e tecidos. Para atingir seus objetivos, foram estabelecidas as atribuies para a CET-PR, reestruturadas a partir da legislao vigente: coordenar o Sistema Estadual de Transplantes; elaborar e definir normas tcnicas e manuais de procedimentos, juntamente com a comunidade cientfica; manter e gerenciar os cadastros de pacientes, equipes e centros de transplantes; receber notificaes de pacientes em situao de Morte Enceflica; cadastrar todos os servios e profissionais envolvidos com transplantes de rgos e tecidos no Estado do Paran, assim como os pacientes potenciais receptores dos diversos rgos; proceder a distribuio eqitativa dos rgos, conforme critrios aceitos pela12

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comunidade cientfica e de usurios; elaborar relatrios peridicos de todas as atividades, dispondo-os para a comunidade; avaliar e fiscalizar as aes relativas aos transplantes de rgos e tecidos no Estado; promover a conscientizao e educao da comunidade leiga para o transplante de rgos e tecidos. O gerenciamento da Central Estadual de Transplantes do Paran e das Centrais Regionais de Transplantes ficou a cargo da Secretaria Estadual da Sade do Estado do Paran. Administrativamente, as centrais de transplantes foram vinculadas Diretoria de Servios de Sade, com assessoria permanente da Comisso Estadual de Transplantes, composta por representantes das associaes das especialidades mdicas envolvidas, dos centros de transplantes por especialidade, das associaes dos usurios do sistema e da Secretaria de Estado da Sade. Atualmente, a CET-PR assessorada por cmaras tcnicas nomeadas pela Secretaria Estadual da Sade. O Grupo Especial de Transplantes de rgos (Resoluo SESA-PR n. 079/ 95) definiu que o Estado do Paran ficaria dividido em uma Central Estadual de Transplantes localizada em Curitiba, para coordenar os trabalhos, e, a princpio, quatro Centrais Regionais de Transplantes, localizadas em Londrina e Maring, Cascavel e Pato Branco, e, no futuro, a depender da evoluo das atividades das centrais, outras centrais regionais podero ser criadas.

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5. FUNCIONAMENTO E FLUXO DE OPERAES DA CENTRAL ESTADUAL DE TRANSPLANTES DO PARAN CET-PR A nova Lei dos Transplantes n. 9.434 de 04 de fevereiro de 1997, regulamentada pelo Decreto Federal n. 2.268 de 30 de junho de 1997 e a Portaria do Ministrio da Sade n. 3.407 de 05 de agosto de 1998, descritos adiante neste manual, promoveram alteraes substanciais no funcionamento das centrais de transplantes no pas e, portanto, da Central Estadual de Transplantes do Paran (CET-PR). A captao de rgos e tecidos, desde a abordagem da famlia do potencial doador, at o acompanhamento da entrega do cadver reconstitudo, antes de responsabilidade da Central, foi agora delegada aos hospitais, com a criao das Coordenaes Intra-hospitalares de Transplantes, conforme Portaria MS 905/00, permanecendo as Centrais (CNCDO - Centrais de Notificao, Captao e Distribuio de rgos) com a responsabilidade da distribuio de rgos e tecidos, alm do acompanhamento e do fomento dessas atividades. Desta forma, foram estabelecidas para a CET-PR as atividades descritas abaixo, adaptadas s novas determinaes.

5.1 NOTIFICAES DE PACIENTES POTENCIAIS DOADORES DE RGOS E TECIDOS 5.1.1 MORTE ENCEFLICA A notificao de pacientes potenciais doadores de rgos e tecidos em estado de Morte Enceflica por todos os hospitais, credenciados ou no ao Sistema nico de Sade, obrigatria pela Lei Estadual n. 11.236/95 e pela Lei Federal n. 9.434/97. As notificaes so endereadas CET-PR, que funciona 24 horas por dia, ininterruptamente, para receb-las atravs de telefone ou fax. A notificao feita aps o preenchimento da primeira etapa de avaliao do potencial doador (primeiro exame clnico), do Termo de Declarao de Morte Enceflica do CFM/CRM-PR, em trs vias (Anexo 1). As notificaes so feitas pelos Coordenadores Intra-hospitalares de Transplantes, conforme a Portaria MS n. 905/00, acima referida. Toda notificao recebida registrada em formulrio apropriado, onde constam as informaes pertinentes (Anexo 2).

5.1.2 CORAO PARADO As notificaes de potenciais doadores de rgos e tecidos de pacientes em estado de morte com corao parado, por todos os hospitais credenciados ou no pelo SUS, so tambm encaminhadas CETPR, preenchendo-se o formulrio Anexo 3, aps autorizao da famlia. O Instituto Mdico Legal, atravs de suas unidades, e as centrais funerrias no Estado, notificaro obrigatoriamente CET-PR as retiradas de crneas por eles intermediadas, preenchendo tambm, nesse caso, o Formulrio de Notificao de Doador com Corao Parado (Anexo 3).

5.2 CADASTRAMENTOS E REGISTROS Apenas so aceitos para cadastramento de receptores de rgos e tecidos solicitaes com14

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preenchimento do formulrio especfico completo, provenientes de estabelecimentos de sade credenciados pelo Ministrio da Sade, cadastrados na Secretaria Estadual da Sade para realizar procedimentos de transplantes. De acordo com o Decreto Federal n. 2.268/97, no autorizada duplicidade de inscries, devendo o candidato a transplante optar por apenas 01 centro transplantador. Em caso de transferncia de centro transplantador, considerada a data de inscrio mais antiga.

5.2.1. CADASTRAMENTO DE RECEPTORES DE RGOS E TECIDOS Os centros de transplantes em cardiologia, hepatologia, nefrologia, oftalmologia, ortopedia e outros, cadastram todos os pacientes que aguardam rgo ou tecido para transplante, independentemente de serem receptores de doador vivo ou cadver, atravs do encaminhamento CET-PR de formulrios especficos com as informaes necessrias, conforme itens descritos a seguir. Esses centros de transplantes recebem instrues para encaminhar o material biolgico (sangue e/ou soro) dos receptores cadastrados para os exames imunolgicos pertinentes aos laboratrios de referncia credenciados junto ao Ministrio da Sade. Aps o recebimento dos formulrios preenchidos por completo, a CET-PR cadastra os pacientes no Sistema Nacional de Transplantes e organiza lista de espera para transplante de cada rgo ou tecido, ordenada segundo critrios estabelecidos para cada tipo de transplante, conforme regulamentao federal. Os centros de transplantes encaminham por escrito (e. g. fax) informaes atualizadas dos seus pacientes inscritos na CET-PR contendo modificaes do quadro clnico ou outros motivos que impeam o transplante.

5.2.1.1 PACIENTES RECEPTORES DE CRNEA Os oftalmologistas, atravs dos centros de transplantes credenciados pelo Ministrio da Sade, cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio de inscrio individual dos seus pacientes candidatos transplante de crnea (Anexo 4) preenchido e assinado pelo mdico especialista responsvel. No Estado do Paran, as listas de espera de receptores de crnea formam uma lista regional em Curitiba, Maring, Londrina e Cascavel e, outras, por municpio, onde exista servio credenciado. Caso o nome do paciente conste em mais de uma lista enviada, o paciente ter que optar por se cadastrar atravs de um nico centro transplantador. So considerados casos de urgncia, aqueles enquadrados nos critrios descritos na Portaria MS n. 3.407/98, quais sejam: a) falncia de enxerto, estado de opacidade com durao superior a trinta dias; b) lcera de crnea sem resposta a tratamento; c) iminncia de perfurao de crnea descementocele; d) perfurao do globo ocular; e) receptor com idade inferior a sete anos que apresente opacidade corneana bilateral. Nesses casos, para incluso no sistema, preenchido formulrio especfico, denominado Cadastro Obrigatrio para Incluso de Urgncia para Transplante de Crnea (Anexo 5). O cadastro dos pacientes em lista de espera para transplante de crnea atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), sempre que necessrio.

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5.2.1.2 PACIENTES RECEPTORES DE CORAO Os cardiologistas, atravs dos centros de transplantes em cardiologia credenciados pelo Ministrio da Sade, cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio de inscrio individual dos seus pacientes candidatos a transplante de corao (Anexo 6), preenchido e assinado pelo mdico especialista responsvel. Para cadastramento, necessrio que o mdico informe CET-PR a classificao do paciente de acordo com os critrios de descompensao cardaca da American Heart Association (AHA) em classe funcional I, II, III e IV. So considerados casos de urgncia aqueles enquadrados nos critrios descritos na Portaria MS 3.407/98, quais sejam: a) retransplante indicado no perodo de 48 horas aps o transplante anterior; b) choque cardiognico; c) necessidade de internao em Unidade de Terapia Intensiva e medicao vasopressora; d) necessidade de auxlio mecnico atividade cardaca. Nesses casos, para incluso no sistema, preenchido formulrio especfico, denominado Cadastro Obrigatrio para Incluso de Urgncia para Transplante de Corao (Anexo 7). Nos casos de urgncia, alm da busca ativa estadual, h busca ativa em outros Estados que disponham de servios de captao de rgos e tecidos para transplante, atravs do Sistema Nacional de Transplantes. A urgncia deve ser renovada a cada 72 horas. Qualquer alterao na classe funcional de descompensao cardaca do paciente que justifique a desativao da procura interestadual de rgos imediatamente informada CET-PR, por fax, com a identificao do paciente, motivo, e a assinatura do mdico responsvel. O cadastro dos pacientes em lista de espera para transplante de corao atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade.

5.2.1.3 PACIENTES RECEPTORES DE VALVA CARDACA HUMANA Os cardiologistas, atravs dos centros de transplantes em cardiologia e demais servios em cardiologia credenciados pelo Ministrio da Sade, cadastrados na Secretaria Estadual da Sade para implante de valva cardaca, encaminham CET-PR formulrio de inscrio individual de seus pacientes candidatos a transplante de valva cardaca (Anexo 8). Os pacientes so cadastrados de acordo com os critrios de qualificao para transplante de valva cardaca da New York Heart Association (NYHA), baseados na idade, tipo de leso e grau de insuficincia cardaca. O cadastro dos pacientes em lista de espera de transplante de valva cardaca atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade.

5.2.1.4 PACIENTES RECEPTORES DE FGADO DE DOADOR CADVER Os gastroenterologistas, atravs dos centros de transplantes de fgado credenciados pelo Ministrio da Sade, cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio de inscrio individual dos seus pacientes candidatos a transplante de fgado (Anexo 9), de acordo com a Portaria MS 541/02. So considerados casos de urgncia, aqueles enquadrados nos critrios descritos na Portaria MS 3.407/98, quais sejam:16

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a) hepatite fulminante; b) retransplante indicado no perodo de quarenta e oito horas aps o transplante anterior. Nesses casos, para incluso no sistema, preenchido formulrio especfico denominado Cadastro Obrigatrio para Incluso de Urgncia para Transplante de Fgado. (Anexo 10). Nos casos de urgncia, alm da busca ativa estadual, h busca ativa em outros Estados que disponham de servios de captao de rgos e tecidos para transplante, atravs do Sistema Nacional de Transplantes. A urgncia deve ser renovada a cada 72 horas. Qualquer alterao no estado do paciente que justifique a desativao da urgncia e/ou procura interestadual de rgos dever ser imediatamente informada CET-PR, por fax, com a identificao do paciente, motivo e a assinatura do mdico responsvel. O cadastro dos pacientes em lista de espera para transplante de fgado atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade.

5.2.1.5 PACIENTES RECEPTORES DE FGADO DOADOR VIVO Da mesma forma que para os pacientes receptores de fgado doador cadver, os gastroenterologistas, atravs dos centros de transplante de fgado credenciados pelo Ministrio da Sade, encaminham CET-PR formulrio de inscrio individual de seus pacientes candidatos a transplante de fgado (Anexo 9). No entanto, alm disso, conforme o Decreto Federal n. 2.268/97, que regulamenta a Lei Federal dos Transplantes n. 9.434/97, o doador especificar em documento escrito, firmado tambm por duas testemunhas, qual tecido, rgo ou parte do seu corpo est doando para transplante ou enxerto em pessoa que identificar ............. documento esse em duas vias, encaminhadas pelo hospital transplantador ou paciente ao rgo do Ministrio Pblico em atuao no lugar de domiclio do doador, com protocolo de doador recebimento, como condio para concretizao da doao (Anexo 11 frente e verso). A via protocolada arquivada no pronturio do paciente doador e a outra mantida junto ao Ministrio Pblico.

5.2.1.6 PACIENTES RECEPTORES DE RIM DE CADVER As Unidades de Dilise atravs dos centros de transplantes de rim, credenciados pelo Ministrio da Sade e cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio individual (Anexo 12) de seus pacientes candidatos transplante de rim de cadver. Esse formulrio deve indicar o nome do centro de transplantes que realizar o procedimento. As informaes clnicas constantes no documento servem de base para compor a lista nica de espera do Estado. O cadastro dos pacientes em lista de espera para transplante de rim atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade. So considerados casos de urgncia, e, portanto, enquadrados como prioridade para distribuio do rgo, aqueles pacientes com falta de acesso vascular para realizao das modalidades de dilise, conforme a Portaria MS 3.407/98. Nesses casos, para incluso no Sistema, preenchido formulrio especfico denominado Prioridade para Transplante de Rim (Anexo 13).

5.2.1.7 PACIENTES RECEPTORES DE RIM DOADOR VIVO As Unidades de Dilise, atravs dos centros de transplantes de rim, credenciados pelo Ministrio da Sade, e cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio individual (Anexo17

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12) de seus pacientes candidatos a transplante de rim de doador vivo. Esse formulrio deve indicar o nome do centro de transplantes que realizar o procedimento. Alm disso, conforme o Decreto Federal n. 2.268/97, que regulamenta a Lei Federal dos Transplantes n. 9.434/97, o doador especificar em documento escrito, firmado tambm por duas testemunhas, qual tecido, rgo ou parte do seu corpo est doando para transplante ou enxerto em pessoa que identificar ......... documento esse em duas vias, encaminhadas pelo hospital transplantador ou pelo paciente ao rgo do Ministrio Pblico em atuao no lugar de domiclio do doador, com protocolo de doador recebimento, como condio para concretizao da doao (Anexo 11 frente e verso). A via protocolada arquivada junto ao pronturio do paciente doador e a outra mantida junto ao Ministrio Pblico.

5.2.1.8 PACIENTES RECEPTORES DE PNCREAS ISOLADO OU RIM E PNCREAS (CADVER) As unidades de nefrologia ou endocrinologia, atravs dos centros de transplantes de rim e pncreas credenciados pelo Ministrio da Sade e cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CETPR formulrio de inscrio individual dos seus pacientes candidatos a transplante de pncreas isolado ou rim e pncreas (Anexo 14) em espera de doador cadver. Esse formulrio deve indicar o nome do centro de transplante que realizar o procedimento. As informaes clnicas constantes no documento servem de base para compor a lista nica de espera do Estado. O cadastro de pacientes em lista de espera para transplante de pncreas ou rim e pncreas atualizado mensalmente pelo mdico responsvel por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade. As regulamentaes para a realizao de transplantes de pncreas isolado e rim e pncreas esto descritas nas Portarias MS n. 935/99 e n. 936/99. Os pacientes com indicao de transplante de rim e pncreas so cadastrados na CET-PR, no sistema de lista nica, formando um subconjunto do cadastro tcnico para o transplante renal, de modo que pacientes j inscritos na lista de distribuio de rim, ao serem transferidos para rim e pncreas tero mantidas as datas da inscrio original. O Artigo 3 da Portaria MS n. 935 define que o pncreas e um rim de determinado doador so oferecidos preferencialmente ao receptor de transplante combinado, sendo considerado prioridade tcnica de distribuio. Os pacientes em lista de espera para transplante de pncreas isolado concorrero ao rgo (crossmatch) aps os pacientes de rim e pncreas. Esses pacientes recebero o pncreas se o crossmatch for negativo e no houver utilizao do rgo para transplante conjugado.

5.2.1.9 PACIENTES RECEPTORES DE PNCREAS DE DOADOR VIVO Os endocrinologistas, atravs dos centros de transplantes de pncreas, credenciados pelo Ministrio da Sade, e cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio individual (Anexo 14) de seus pacientes candidatos a transplante de pncreas de doador vivo. Esse formulrio deve indicar o nome do centro de transplantes que realizar o procedimento. Alm disso, conforme o Decreto Federal n. 2.268/97, que regulamenta a Lei Federal dos Transplantes n. 9.434/97, o doador especificar em documento escrito, firmado tambm por duas testemunhas, qual tecido, rgo ou parte do seu corpo est doando para transplante ou enxerto em pessoa que identificar ......... documento esse em duas vias, encaminhadas pelo hospital transplantador ou pelo paciente ao rgo do Ministrio Pblico em atuao no lugar de domiclio do doador, com protocolo de doador recebimento, como condio para concretizao da doao (Anexo 11 frente e verso). A via protocolada arquivada junto ao pronturio do paciente doador e a outra mantida junto ao Ministrio Pblico.18

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5.2.1.10 PACIENTES RECEPTORES DE TECIDOS STEO-FSCIO-CONDRO-LIGAMENTOSOS Os ortopedistas atravs dos centros de transplantes de tecidos steo-fsico-condro-ligamentosos credenciados pelo Ministrio da Sade e cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CETPR formulrio de inscrio individual (Anexo 15) de seus pacientes candidatos a receber os enxertos. O mdico especialista, ao fazer a solicitao da pea para enxerto, especifica as caractersticas que se apliquem ao receptor, como dimenses (comprimento, dimetro), lado direito ou esquerdo, e outras, justificando e assinando o pedido. Os pacientes cadastrados constituem uma lista nica de espera. Pacientes portadores de tumores malignos e, a seguir, casos de fraturas complexas em pacientes com implantes, como prtese de quadril e joelho, por exemplo, integram a lista de prioridade. O cadastro dos pacientes em lista de espera para transplante de tecidos steo-fsico-condroligamentosos atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade.

5.2.1.11 PACIENTES RECEPTORES DE MEDULA SSEA Os hematologistas, atravs dos centros de transplantes de medula ssea, credenciados pelo Ministrio da Sade e cadastrados na Secretaria Estadual da Sade, encaminham CET-PR formulrio de inscrio individual dos seus pacientes candidatos a transplante de medula ssea (Anexo 16), de acordo com a Portaria MS n. 1.316 de 30/11/00. O cadastro dos pacientes em lista de espera para transplante de medula ssea atualizado pelo mdico responsvel, por escrito (e.g. fax), conforme a necessidade.

5.2.2 CADASTRAMENTO TRANSPLANTADORES

DE

UNIDADES

DE

ATENDIMENTO

E

DE

CENTROS

O cadastramento das unidades de atendimento aos receptores de rgos e tecidos e de centros e equipes de transplantes realizado automaticamente pela CET-PR, utilizando dados da publicao em DOU contendo a autorizao do servio. Instrues para autorizao e renovaes de autorizaes e cadastramentos de estabelecimentos de transplantes so encontradas na Internet. www.saude.gov.br/transplantes. www.saude.gov.br/transplantes

5.3 CAPTAO DE RGOS E TECIDOS A partir da nova regulamentao federal de transplantes, composta pela Lei Federal n. 9.434/97, Lei Federal n. 10.211/01, Decreto Federal n. 2.268/97, Portaria MS n. 3.407/98, Portaria MS n. 3.410/ 98, Portaria MS n. 217/99, Portaria MS n. 270/99, Portaria Conjunta MS-SE/SAS n. 10/00, a CET-PR deixou de tomar parte ativa na captao de rgos e tecidos, atividade essa que passou a ser realizada pelos hospitais envolvidos com transplantes e hospitais com Unidade de Terapia Intensiva que preencham as exigncias legais. Como complemento necessrio captao de rgos nos novos moldes, agora com a responsabilidade delegada aos hospitais, a Portaria MS n. 3.407/98 criou a figura dos Coordenadores Intrahospitalares de Transplantes e a Portaria MS n. 3.410/98 definiu grupos de procedimentos especficos19

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relacionadas atividade. www.saude.gov.br/transplantes. www.saude.gov.br/transplantes Para a efetiva captao de rgos e tecidos, os seguintes passos so observados pelas equipes de captao: 1) Deteco do potencial doador; 2) Notificao Central Estadual de Transplantes; 3) Encaminhamento do material biolgico para exames sorolgicos e tipificao HLA e ABO Rh, caso este ltimo ainda no tenha sido determinado (Captulo 6). 4) Comprovao da Morte Enceflica (Captulo 7); 5) Manuteno do potencial doador (Captulo 9); 6) Abordagem familiar (Captulo 10); 7) Cirurgia de retirada de rgos e tecidos (Captulo 11);

5.3.1 FLUXO DE OPERAES DA CET-PR NA CAPTAO DE RGOS E TECIDOS Considerando as etapas da captao de rgos e tecidos anteriormente descritas neste Manual, cabe CET-PR as seguintes operaes:

5.3.1.1 SERVIOS CREDENCIADOS PARA CAPTAO DE RGOS E TECIDOS COM COORDENADOR INTRA-HOSPITALAR DE TRANSPLANTES 1) Aps notificao da existncia de um paciente em Morte Enceflica, a CET-PR acompanha o processo de captao de rgos e tecidos juntamente com o Coordenador Intra-hospitalar de transplantes; 2) Orienta sobre a necessidade da realizao de exames sorolgicos, exames de histocompatibilidade e outros exames complementares, anotando resultados repassados para CET-PR; 3) Preenche e repassa para o laboratrio de imunogentica de referncia o formulrio de Solicitao de Exames de Histocompatibilidade para Doador Cadver (Anexo 17); 4) Confere o andamento do diagnstico da Morte Enceflica, at a concluso dos exames clniconeurolgicos, teste de apnia e exames complementares exigidos por Lei (Protocolo CFM / CRM;Captulo 7) e certifica-se do acionamento do Instituto Mdico Legal, por parte do Coordenador Intra-hospitalar de Transplantes, quando se tratar de morte violenta; 5) Confere o Termo de Autorizao (familiar) para Remoo de rgos e Tecidos em pacientes em Morte Enceflica (Anexo 18); 6) Aciona equipes de retirada de rgos e tecidos, quando no houver equipe no prprio hospital; 7) Apanha rgos (e. g. rins) nos hospitais, trazendo-os CET-PR com o Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos (Anexo 19) preenchido; 8) Em caso de morte violenta, a CET-PR verifica se a documentao (Relatrio de Morte Enceflica, Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos e Termo de Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos) est devidamente preenchida. Os documentos, com cpia para a CET-PR, acompanham o corpo com destino ao IML; 9) Emite a Lista de Receptores de rgos e Tecidos e os distribui conforme os critrios estabelecidos pelo Ministrio da Sade / Sistema Nacional de Transplantes (Captulo 5.4).

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5.3.1.2 SERVIOS NO CREDENCIADOS E SEM COORDENADOR INTRA-HOSPITALAR DE TRANSPLANTES 1) Aps notificao da existncia de um paciente em Morte Enceflica, a CET-PR acompanha o processo de captao de rgos e tecidos, juntamente com o mdico intensivista da UTI; 2) Orienta o encaminhamento dos exames de sorologia, histocompatibilidade e outros exames complementares, anotando resultados repassados para CET-PR; 3) Preenche e repassa para o laboratrio de imunogentica de referncia o formulrio de Solicitao de Exames de Histocompatibilidade para Doador Cadver (Anexo 17); 4) Repassa orientaes s UTIs sobre o diagnstico da Morte Enceflica; 5) Providencia leito de UTI e/ou UTI mvel para que o potencial doador possa ser transferido para outra unidade hospitalar autorizada pelo Ministrio da Sade para captao de rgos e tecidos; 6) Confere o andamento do diagnstico da Morte Enceflica at a concluso do exame clnico neurolgico, teste de apnia e exames complementares, como eletroencefalograma e arteriografia; 7) Aborda a famlia, solicitando autorizao para a remoo de rgos e tecidos, e transferncia de hospital, obtendo as assinaturas do Termo de Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos (Anexo 18) e Termo de Autorizao para Transporte de Potenciais Doadores de rgos e Tecidos (Anexo 20); 8) Solicita o comparecimento do mdico legista (Instituto Mdico Legal) UTI, quando se tratar de morte violenta; 9) Transfere o potencial doador para hospital credenciado, de posse do Atestado de bito, Termo de Declarao de Morte Enceflica, Termo de Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos, e do Termo de Autorizao para Transporte de Potenciais Doadores, devidamente assinados (Captulo 7.2.2 8). 10) Aciona equipe de retirada de rgos e tecidos; 11) Providencia a reserva do Centro Cirrgico; 12) Apanha os rgos (e. g. rins) nos hospitais, trazendo-os CET-PR com o Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos (Anexo 19) preenchido; 13) Em caso de morte violenta, a CET-PR verifica se a documentao (Termo de Declarao de Morte Enceflica, Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos e Termo de Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos) est devidamente preenchida. Os documentos, com cpia para a CET-PR, acompanham o corpo com destino ao IML; 14) Emite a Lista de Receptores de rgos e Tecidos e distribui conforme os critrios estabelecidos pelo Ministrio da Sade / Sistema Nacional de Transplantes (Captulo 5.4).

5.3.1.3 OUTRAS PROVIDNCIAS DA CET-PR NA CAPTAO DE RGOS E TECIDOS 1) Emite listas de possveis receptores de corao e fgado, conforme Tipagem ABO/Rh, para proceder os primeiros contatos com as equipes de captao e transplante; 2) Contata a Secretaria Estadual da Sade visando a utilizao de automvel ou a Casa Militar do Estado, visando a utilizao de aeronave, para transporte das equipes de captao, quando a retirada de rgos e tecidos for em outras cidades; 3) Confirma o horrio de sada da aeronave junto ao hangar do Estado, avisando o hospital onde se dar a retirada e o provvel horrio de chegada das equipes; agiliza o transporte da equipe de retirada do aeroporto ao hospital; 4) Avisa s equipes quando a doao no autorizada e outras intercorrncias, como casos de sorologia positiva, parada cadiorespiratria irreversvel, etc. 5) Encaminha rgos e/ou material biolgico entre hospitais, aeroportos, rodovirias e laboratrios, com as respectivas documentaes;21

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6) Recebe resultados de tipagem tecidual HLA de doadores de rgos (e. g. rins) de cadver, cadastrando-os e elaborando por computador a lista de receptores mais compatveis, conforme regulamentao programada; 7) Contata equipes de transplante renal para confirmar condies clnicas dos pacientes e incluso na lista para concorrer prova cruzada (crossmatch); 8) Organiza a lista dos pacientes receptores de provas cruzadas (crossmatch) para os laboratrios de imunogentica, conforme a listagem emitida por computador e as condies clnicas dos pacientes; 9) Repassa aos mdicos responsveis pelos pacientes quais aqueles que foram selecionados ou no para realizao da prova cruzada (crossmatch); 10) Providencia a entrega dos rins para o centro transplantador onde se encontra o receptor, mediante recibo de entrega do rgo; 11) Encaminha cpia do resultado de sorologia, do Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos e da Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos do potencial doador para as equipes que faro o transplante; 12) Abre pronturio para arquivo dos dados do doador cuja retirada de rgos e tecidos se concretizou, contendo toda a documentao, que inclui o formulrio de Notificao de Morte Enceflica, o Termo de Declarao de Morte Enceflica, o Termo de Autorizao para Remoo de rgos e Tecidos, o Relatrio de Retirada de rgos e Tecidos, o resultado dos exames sorolgicos e prova cruzada (crossmatch) e a Lista dos Receptores; 13) Registra a Notificao do Potencial Doador no programa do Sistema Nacional de Transplantes da CET-PR; 14) Informa a Central Nacional de Captao e Distribuio de rgos, atravs de formulrios especficos do SNT, quais os rgos e pacientes transplantados e quais as equipes que realizaram os transplantes; 15) Em caso de no haver receptor para o rgo no Estado, a CET-PR o disponibiliza para a Central Nacional de Notificao, Captao e Distribuio de rgos / SNT / MS, preenchendo formulrios especficos do SNT; 16) Encaminha carta de agradecimento e relatrio dos rgos implantados s U.T.I.s envolvidas, e carta de agradecimento a familiares de doadores. 17) Providencia limpeza e descarte de materiais, incluindo sangue e materiais contaminados; 18) Atende a familiares de doadores que solicitem informaes sobre a doao;

5.4 DISTRIBUIO DE RGOS E TECIDOS A Distribuio de rgos e Tecidos no Estado do Paran segue os critrios estabelecidos pelo Decreto Federal n. 2.268 de 30/01/98 e Portaria MS n. 3.407 de 05/08/98, com adequaes especficas para o Estado. 5.4.1 CRNEAS As crneas so distribudas conforme lista de espera nica de pacientes, emitida pela CET-PR e devem ser transplantadas obrigatoriamente na rea de captao, podendo ser encaminhadas a outras reas, na inexistncia de receptores em lista de espera, ou quando o profissional estiver indisponvel. At que no Estado do Paran existam Bancos de Olhos autorizados pelo Ministrio da Sade para realizao do controle de qualidade dos tecidos oculares, cada profissional responsvel por esse controle. Aps a efetivao de Bancos de Olhos no Estado, os centros de transplante de crneas devero22

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definir sua referncia para a realizao dos exames pertinentes. Os centros de transplantes de crneas tero no mximo 04 (quatro) horas para definir sobre a utilizao das crneas alocadas, aps o que ser realizada nova alocao pela CET-PR, conforme os critrios vigentes. A crnea pode retornar ao centro de transplante que realizou a captao , caso a alocao da CETPR indique um de seus prprios pacientes.

5.4.1.1 CURITIBA, LONDRINA E REGIES, E DEMAIS MUNICPIOS QUE POSSUAM CENTRO DE TRANSPLANTE DE CRNEA Em todos os municpios do Estado, exceto Maring e Cascavel, ambas as crneas so distribudas atravs de listagem emitida pela CET-PR, considerando os critrios de tempo de inscrio em lista nica de espera e compatibilidade de idade entre doador e receptor.

5.4.1.2 MARING E CASCAVEL Em Maring e Cascavel, as crneas so distribudas, a partir de lista de receptores gerada pela CETPR, de modo que uma delas alocada para o receptor mais antigo da lista de espera de pacientes do centro de transplante que realizou a cirurgia de retirada de crneas. A outra crnea alocada ao receptor mais antigo da lista de espera da regio dos municpios de Maring ou Cascavel dependendo da procedncia da crnea. Nesses casos, tambm considerada a compatibilidade de idade entre doador e receptor.

5.4.1.3 RECUSAS DE CRNEAS E URGNCIAS Os casos de recusas e devolues de crneas so justificados por escrito CET-PR, preenchendo o Termo de Justificativa para Recusa de rgos e Tecidos para Transplante (Anexo 21). Considera-se recusa quando o mdico responsvel pelo paciente consultado para alocao da crnea no aceita realizar o implante, seja por questes clnicas do paciente ou administrativas, e, quando o receptor no aceitar o implante. Nas recusas de crneas em que o paciente no se encontra em condies clnicas para o implante, como por exemplo, infeces, gravidez, puerprio e outros motivos, desde que o centro de transplante encaminhe justificativa por escrito CET-PR, este mantm o seu lugar na lista de espera. Nesses casos, ao redigir a justificativa, o mdico comunica tambm o perodo estimado que o paciente permanecer sem condies de transplante. Nos casos em que o mdico responsvel esteja ausente ou temporariamente impossibilitado para realizar a cirurgia, o paciente tambm mantm seu lugar ativo na lista. O estado de condio semi-ativa pode ser solicitado pelo mdico ou paciente em qualquer circunstncia clnica ou administrativa quando no h previso da realizao da cirurgia.

5.4.2 URGNCIAS As urgncias so determinadas pelos critrios previstos na Portaria MS n. 3.407, de 05/08/98 ), quais sejam: a) falncia do enxerto, estado de opacidade com durao superior a trinta dias; b) lcera de crnea sem resposta a tratamento;23

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c) iminncia de perfurao de crnea descementocele; d) perfurao do globo ocular; e) receptor com idade inferior a sete anos com opacidade corneana bilateral. Os pedidos de incluso de receptor em situao de urgncia devem ser feitos por escrito para a CET-PR, contendo o motivo da urgncia (Anexo 5). A solicitao deve ser renovada a cada 72 (setenta e duas) horas, sob pena de cancelamento, por no renovao. As urgncias sero atendidas com prioridade, com crneas captadas e destinadas a lista de espera da rea de captao. Os pedidos de urgncia podero ser atendidos com qualquer tipo de tecido ocular, como crneas de pessoas idosas, crneas criopreservadas ou esclera. Em casos de no aceitao do tecido ocular fornecido pela CET-PR, o paciente ser automaticamente retirado da situao de urgncia. Enfatizamos que sempre que houver necessidade para utilizao de um tecido ocular para implante, os pacientes receptores devem ser cadastrados na CET-PR. Nos casos de urgncia, os pacientes so cadastrados imediatamente. Todos os transplantes realizados devem ter o Relatrio de Implante de Crnea (Anexo 22) preenchido e encaminhado CET-PR no prazo mximo de 1 (uma) semana.

5.4.2.1 FGADO O fgado implantado, preferencialmente, pela equipe que procedeu a retirada, a qual definida pela lista de espera de pacientes receptores de fgado. Todo o fgado disponvel oferecido primeiramente para os receptores do Estado do Paran em situao de emergncia, e, em segundo lugar, para os receptores inscritos na lista de espera estadual. No havendo receptor compatvel, o fgado disponibilizado para as situaes de emergncia ou pacientes em lista de espera dos estados vizinhos. Os critrios de distribuio de fgado pela CET-PR, conforme a Portaria MS n. 3.407 de 05/08/98, esto descritos a seguir. Para incluso do paciente receptor, necessrio preencher o formulrio denominado de Cadastro Obrigatrio para Incluso de Urgncia para Transplante de Fgado (Anexo 10). 1) Critrios excludentes: ABO incompatvel; 2) Critrios classificatrios: Identidade ABO; Precedncia quando doador e receptor tiverem o peso corporal abaixo de 40 kg; Tempo em lista de espera. 3) Critrios de urgncia: Retransplante agudo (48 horas); Hepatite fulminante. Observaes: 1) Para pacientes receptores com peso superior a 40 kg, os potenciais receptores devem ter relao de peso doador/receptor entre 0,5 a 1,5 (50%); 2) Toda vez que ocorrer uma reduo do fgado, a parte no aproveitada deve ser enviada para a CET-PR; 3) Toda vez que ocorrer uma partio (split) do fgado, o segundo split dever ser implantado no prximo paciente da lista do centro que efetuou a diviso, com a anuncia da CET-PR. A relao de peso entre doador e receptor fica a critrio da equipe transplantadora.

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5.4.2.2 CORAO O corao implantado, preferencialmente, pela equipe que procedeu a retirada, a qual definida pela lista de espera de pacientes receptores de corao. Devido ao curto tempo de isquemia do corao (4 horas no mximo) e a necessidade de transporte adequado, o corao deve ser ofertado, a princpio, dentro da rea geogrfica onde se encontra o potencial doador. Para a distribuio de corao, o Estado do Paran est dividido em duas reas geogrficas: Curitiba e regio vizinha, at 150 Km (PR4). Londrina e regio vizinha, at 150 Km (PR2). Quando o potencial doador estiver em outra rea do Estado, e houver condies de transporte adequado, o corao distribudo atravs da lista de espera estadual. As listas regionais PR4 e PR2 so formadas pelos pacientes inscritos nas Centrais Regionais de Transplantes de Curitiba e Londrina, respectivamente. A lista de espera estadual formada pela unio das duas listas regionais. Todo corao disponvel oferecido primeiro para os receptores do Estado em situao de emergncia. Em segundo lugar, o corao ofertado para os receptores em lista de espera regional. No havendo receptor compatvel, o corao pode ser disponibilizado para os estados vizinhos. Em caso do corao no ser destinado para nenhum receptor, pode ento ser disponibilizado para a extrao das valvas cardacas. Os critrios de distribuio de corao pela CET-PR, conforme Portaria MS n. 3.407 de 05/08/ 98, esto descritos a seguir. Em caso de urgncia, para incluso, necessrio preencher o formulrio denominado de Cadastro Obrigatrio para Incluso de Urgncia para Transplante de Corao (Anexo 7). 1) Critrios excludentes: ABO incompatvel, exceto para casos de urgncias; Peso do doador incompatvel com o receptor. 2) Critrios classificatrios: Compatibilidade de peso corporal entre o doador e receptor; Idade do receptor; Tempo de lista de espera. 3) Critrios de urgncia: Retransplante indicado no perodo de 48 (quarenta e oito) horas aps o transplante anterior; Choque cardiognico; Necessidade de internao em Unidade de Terapia Intensiva e medicao vasopressora; Necessidade de auxlio mecnico atividade cardaca; Observao: Observao a distribuio de corao no Estado do Paran contempla a distncia entre doador e receptor conforme as reas geogrficas descritas acima, PR4 e PR2.

5.4.2.3 RINS A distribuio de rins realizada atravs de critrios imunolgicos e tempo de lista de espera. A lista nica estadual composta de listas regionalizadas, contemplando quatro (4) macroregies, definidas pela Secretaria de Estado da Sade como referncia para assistncia Sade, quais sejam: Curitiba; Londrina; Maring; Cascavel. A distribuio estadual contempla os receptores em lista de espera nica com quatro (4) ou mais compatibilidades HLA em relao ao doador, sendo obrigatoriamente 1B e 1DR. Na ocorrncia de 6 (seis) compatibilidades HLA, esse paciente fica em primeiro lugar na lista. So respeitados critrios de identidade ABO, excluindo tipo sangneo B para AB, alm do tempo de inscrio dos receptores.25

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A falta de acesso para realizao de dilise confere prioridade ao receptor. A incluso dos pacientes nesse critrio feita por escrito CET-PR, atravs do documento Cadastro Obrigatrio para Incluso de Prioridade para Transplante de Rim (Anexo 13). Esses pacientes so colocados nas primeiras posies da lista, abaixo dos pacientes com 6 compatibilidades HLA, independentemente da compatibilidade HLA com o doador. A ordem na lista de espera, quando da ocorrncia de mais de um paciente em prioridade, ser conferida pelo tempo em lista de espera. Todos os receptores abaixo de 16 anos so considerados como pacientes peditricos, tendo precedncia na lista estadual, aps as prioridades (HLA 6 antgenos e falta de acesso para dilise), desde que tenham ABO idntico e que tenham tipagem HLA com 2 (duas) compatibilidades. Esta indicao decorre das questes clnicas associadas hemodilise em pediatria. Todos os casos em lista de espera da pediatria sero submetidos a avaliao da equipe de transplante vinculada (condio clnica e compatibilidade HLA), para posterior deciso se concorrem ou no ao crossmatch. A associao das listas estadual e regional, das prioridades e dos casos peditricos dever conter um total de 10 pacientes, que concorrero ao crossmatch, sendo que os 2 (dois) primeiros pacientes com exames negativos recebero os rins para transplante. Com o advento dos transplantes de rim e pncreas, cujos pacientes entram como prioridade por Lei (Portaria MS n. 935 de 22/07/99), at cinco pacientes candidatos ao transplante duplo so primeiramente includos para exames de crossmatch, completando at quinze pacientes com os demais pacientes da lista de espera para transplante de rim. Aps contempladas as prioridades (HLA 6 antgenos, falta de acesso dilise) e a prioridade para transplante de rim e pncreas, a equipe que realizou trs (3) retiradas de rins, tem na sua quarta retirada os rins distribudos exclusivamente para pacientes de seu servio, ordenados por compatibilidade HLA e tempo de lista de espera (lista restrita), aps as suas prioridades e seus casos peditricos. Os dois (2) primeiros pacientes da lista com crossmatch negativo recebem os rins para transplante. No caso da equipe no ter disponibilidade para realizar os dois transplantes simultaneamente, a lista para crossmatch composta com a incluso dos servios de transplante da Regio. Para que os pacientes possam concorrer ao crossmatch, devem ter amostras atualizadas de soro no laboratrio de histocompatibilidade (colhidas nos ltimos dois meses), e, tambm, devem ter estocadas no laboratrio trs amostras de soro, colhidas no intervalo mnimo de seis meses (soro histrico). Pacientes em situao de prioridade entram em lista com apenas uma amostra de soro, desde que no prazo de validade (2 meses). Assim sendo, em resumo, conforme Portaria MS 3.407 de 05/08/98, os critrios para distribuio de rins so os que seguem: 1) Critrios excludentes: Amostra do soro do receptor fora do prazo de validade; Incompatibilidade sangnea entre doador e receptor, em relao ao sistema ABO. 2) Critrios de classificao: Compatibilidade em relao aos Antgenos Leucocitrios Humanos, HLA; Idade do receptor; Tempo decorrido da inscrio na lista nica; Indicao de transplante combinado rim e pncreas; 3) Critrios de urgncia: A falta de acesso para a realizao das modalidades de dilise.

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5.4.2.4 FLUXO DE DISTRIBUIO E ALOCAO DE RIM

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FLUXO DE DISTRIBUIO E ALOCAO DE RIM

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5.5 OUTRAS ATRIBUIES DA CET-PR 1) Registra e arquiva dados de pacientes ativos, semi-ativos e transplantados. 2) Atende ao pblico que se dirige CET-PR para obter informaes sobre cadastramentos, posio em lista de espera, etc.; 3) Responde ao pblico questes sobre doao de rgos e tecidos; 4) Mantm contatos peridicos com os hospitais e profissionais de sade envolvidos; 5) Promove a divulgao da questo Doao de rgos e Tecidos, atravs de palestras, eventos, cursos, simpsios, mdia, etc.; 6) Elabora estatsticas sobre a realizao de transplantes no Paran; 7) Encaminha as situaes de prioridades para transplantes de rgos como fgado e corao para o Sistema Nacional de Transplantes, preenchendo formulrio especfico. 8) Recebe, analisa e encaminha para o Sistema Nacional de Transplantes / M.S., processos de solicitao de credenciamento de Estabelecimento de Sade e Equipe Especializada para realizar captao, transplantes e enxertos de rgos e tecidos, conforme a Portaria M.S. no. 3.407 de 05/08/98 . www.saude.gov.br/transplantes. www.saude.gov.br/transplantes 9) Autoriza liberao da AIH (Autorizao de Internao Hospitalar) dos procedimentos referentes a transplantes (Captulo 5.6).

5.6 COBRANA DOS PROCEDIMENTOS DE TRANSPLANTES ATRAVS DO SISTEMA NICO DE SADE SUS Em colaborao com Eliza Dolores Francisco Fvaro (Controle e Avaliao - CET-PR) As cobranas dos procedimentos referentes aos transplantes, contemplados pela Portaria MS n 92 de 2001, so realizadas atravs dos Sistemas de Informao Ambulatorial e Hospitalar SIA/SUS e SIH/ SUS. Esses procedimentos so pagos para hospitais e equipes de tranplantes cadastrados pelo Ministrio da Sade e autorizados pelo Sistema Nacional de Tranplantes para realizao desse procedimento. O Brasil atualmente um dos principais pases no mundo a realizar tranplantes, e o SUS responde por cerca de 90% dos procedimentos. Os hospitais credenciados para realizao de transplantes, no mbito do SUS, podero efetuar a cobrana desses procedimentos atravs dos Sistemas de Informaes Ambulatorial e Hospitalar.

5.6.1 FORMAS DE COBRANA 5.6.1.1 SISTEMA DE INFORMAO AMBULATORIAL SIA/SUS A cobrana dos procedimentos relacionados ao transplante poder ocorrer por meio de APAC Autorizao para Pagamento de Alto Custo, emitida em nome do paciente onde so lanados os procedimentos principal e secundrio, e atravs do Boletim de Produo Ambulatorial BPA, quando se tratar de exames pr e ps transplantes. Os procedimentos constantes na Tabela de Procedimentos do SIA/SUS so os apresentados a seguir:

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Cdigo 30011019

Procedimento ID de doador aparentado de medula ssea e outros precursores H-1. Fase ID de doador aparentado de medula ssea e outros precursores H-2.Fase ID de doador aparentado de medula ssea e outros precursores H-3.Fase ID de doador no aparentado de medula ssea e outros precursores H-1.Fase ID de doador no aparentado de medula ssea e outros precursores H-2.Fase ID de receptor aparentado de medula ssea e outros precursores H-1.Fase ID de receptor aparentado de medula ssea e outros precursores H-2.Fase Busca intern doador no aparent de medula ssea 1. Fase Busca intern doador no aparent de medula ssea 2. Fase Coleta e transporte de medula ssea do exterior Transplante de Crnea Transplante de Crnea em cirurgia combinada Transplante de Crnea em reoperao Transplante de Esclera Preservao, separao, avaliao biomicroscpica da Crnea/ Esclera Contagem de clulas endoteliais da crnea por microscpio especular de crnea Sorologia de possvel doador de Crnea/Esclera Acompanhamento ps transplante de Crnea Bi/Unilateral Realizao de mdulo sorolgico de possvel doador de rgos ID doador vivo de rim 1. Fase ID doador vivo de rim 2. Fase Provas Cruzadas (doador vivo) CROSSMATCH Auto Prova Cruzada (doador vivo) AUTOCROSS MATCH Prova Cruzada (doador vivo) (CROSSMATCH) CONTRA LINFCITOS ID doador cadver de Rim, Pncreas e Rim/Pncreas Provas Cruzadas (doador de corao) (CROSSMATCH) Coleta de Sangue, des. Ex. histoc. para cadastro doador REDOME Radiologia em pac transpl (rgo transplantado)

Valor pago 150,00

30011027 30011035 30011043 30011051 30011060 30011078 30012015 30012023 30012031 08146101 08148015 08448023 08147060 30041023 30041031 30042011 38011018 11066032 30022010 30022029 30022037 30022045 30022053 30023017 30031010 37011049 38024012

225,00 650,00 375,00 650,00 375,00 650,00 400,00 1.200,00 48.000,00 389,64 645,28 645,28 515,97 340,00 60,00 60,00 115,00 75,00 150,00 200,00 300,00 45,51 75,85 350,00 300,00 25,00 25,00

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5.6.1.2 SISTEMA DE INFORMAO HOSPITALAR SIH/SUS O processo se inicia com a Busca Ativa de doador de rgo que poder ocorrer em duas situaes: Doador em Morte Enceflica Doador Corao Parado O hospital solicita a emisso de AIH em nome do doador, lanando o cdigo 62001000 Busca Ativa de Doador de rgos e Tecidos no campo de procedimentos solicitados e realizados. Quando o doador estiver em Morte Enceflica, poder ser lanado no campo procedimentos especiais o cdigo 62003011 Avaliao de Morte Enceflica Menor de 2 anos ou 62004034 Avaliao de Morte Enceflica Maior de 2 anos, conforme a idade do paciente. Poder ser lanada tambm, no campo de procedimentos especiais da AIH do paciente o cdigo 62002007 Localizao e Abordagem de Possvel Doador de rgo. Para se efetuar a cobrana de exames grficos para o diagnstico de Morte Enceflica, somente daqueles efetivamente realizados, os mesmos devero ser preenchidos na AIH no campo servios profissionais, conforme o caso, com os Cdigos: Cdigo Procedimento 99800110 Realizao de EEG em Possvel Doador de rgos e Tecidos Realizao de Angiografia Cerebral (4 Vasos) em Possvel Doador de rgos e 99800136 Tecidos Realizao de Eco Doppler Colorido Cerebral em Possvel Doador de rgos e 99800144 Tecidos

5.6.2 RETIRADA DE RGOS 5.6.2.1 PELA EQUIPE DO HOSPITAL QUE REALIZOU A BUSCA ATIVA A AIH de Busca Ativa de Doador de rgo emitida em nome do doador e so lanados os cdigos de procedimentos de Manuteno de Hemodinmica e das retiradas de rgos no campo de Procedimentos Especiais e Servios Profissionais, respectivamente. Cdigos para Retiradas na AIH de Busca Ativa Cdigo 99800535 99800357 99800179 99800195 99800217 99800233 99800250 Procedimento Manuteno Hemodinmica no prprio hospital Coordenador de Sala Cirrgica Enucleao Uni ou Bilateral para Transplante Retirada de Corao para Transplante (1 cirurgio) Retirada de Corao para Transplante (2 cirurgio) Retirada de Pulmes para Transplante (1 cirurgio) Retirada de Pulmes para Transplante (2 cirurgio) Retirada de Unilateral/Bilateral de Rim para Transplante (1 cirurgio) Doador 99800276 Cadver30

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99800292 99800314 99800330 99800373 99800390

Retirada de Unilateral/Bilateral de Rim para Transplante (2 cirurgio) Doador Cadver Retirada de Fgado para Transplante (1 cirurgio) Retirada de Fgado para Transplante (2 cirurgio) Retirada de Pncreas para Transplante (1 cirurgio) Retirada de Pncreas para Transplante (2 cirurgio)

Procedimentos de Retiradas de rgos Limite: 1; Tipo de Vnculo: 14 prprio ou 17 privado; Tipo de Ato: 31

5.6.2.2 RETIRADA DE RGO NO MESMO HOSPITAL ONDE OCORREU A BUSCA ATIVA DO DOADOR, POR EQUIPE PROFISSIONAL EXTERNA O hospital cobrar os procedimentos no cdigo 99.800.15.2, taxa de sala cirrgica e materiais para Retirada de rgos para Transplante (um rgo ou mltiplos rgos). Caso o hospital seja o fornecedor dos lquidos de preservao de rgos, poder tambm cobrar os procedimentos relativos a estes lquidos conforme os rgos efetivamente retirados, lanando os respectivos cdigos no campo Servios Profissionais da AIH. Quanto remunerao da Eq