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MANUAL DE CONSERVAÇÃO DE CANTARIAS 2000

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  • MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS

    2000

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    NDICE

    1- APRESENTAO .................................................................................................................. 4 2- INTRODUO .................................................................................................................. 5

    3- TIPOS DE ROCHA ENCONTRADOS NO BRASIL...................................................................... 7

    - Calcrio .................................................................................................. 7 - Pedra Lioz ................................................................................... 7 - Mrmore .................................................................................................. 7 - Pedra-sabo .................................................................................. 7 - Gnaisse .................................................................................................. 7 - Granito .................................................................................................. 8 - Arenito .................................................................................................. 8

    4- A UTILIZAO DA PEDRA NAS CONSTRUES HISTRICAS ....................................... 9

    4.1- ALVENARIAS DE PEDRA .................................................................................. 9

    - Pedra Seca .................................................................................. 9 - Pedra e Barro .................................................................................. 9 - Pedra e Cal .................................................................................. 9 - Pedra Regular .................................................................................. 9 - Canjicado .................................................................................. 10

    4.2- ELEMENTOS ARQUITETNICOS......................................................................... 10

    - Colunas e pilares .................................................................. 10 - Cunhais .................................................................................. 11 - Arcos ................................................................................................. 11 - Cimalhas ................................................................................. 12 - Cercaduras ................................................................................. 12 - Cachorros ................................................................................. 13 - Escadas e degraus ................................................................. 13 - Mobilirio e equipamentos urbanos ....................................... 14

    4.3- PEDRAS COMO MATERIAL DE REVESTIMENTO ................................. 14

    4.3.1- PISOS ................................................................................................ 14

    4.3.1.1- INTERNOS ................................................. 14

    - Mrmore ................................................. 14 - Lioz ................................................................. 14 - Lajeado ................................................. 14 - Seixo rolado ................................................. 14

    4.3.1.2- EXTERNOS ................................................. 15 - Lajeado ................................................ 15 - Seixo rolado ................................................ 15

    4.3.2- PAREDES EXTERNAS ................................................................ 15

    5- PATOLOGIAS ................................................................................................................ 17

    5.1- METODOLOGIA DE IDENTIFICAO DAS PATOLOGIAS .............................. 17

    5.1.2- CARACTERIZAO DOS MATERIAIS CONSTRUTIVOS................. 17 5.1.3- CARACTERIZAO DO MEIO AMBIENTE ................................. 18

    5.2- AGENTES DEGRADADORES DA PEDRA .............................................. 18

    5.2.1- ESTRESSES EXTERNOS .............................................................. 18

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    - Carga ............................................................................................. 17 - Expanso trmica ............................................................. 18 - Expanso devido umidade .............................................. 19 5.2.2- ESTRESSES INTERNOS .............................................................. 19

    - Congelamento .............................................................................. 19 - Cristalizao de sais .............................................................. 19 - Eroso alveolar .............................................................. 19 - Eflorescncia ............................................................................... 20 - Corroso de grampos de ferro .............................. 20

    5.2.3- AGENTES FSICOS EXTERNOS........................................................... 20

    - Capilaridade .............................................................................. 21 - Condensao .............................................................................. 21 - Ataque da chuva .............................................................. 22 - Poluio atmosfrica .............................................................. 22 5.2.4- ATAQUE BIOLGICO .............................................................. 23

    - Bactrias e fungos .............................................................. 23 - Algas .............................................................................................. 23 - Liquens .............................................................................. 23 - Plantas .............................................................................. 23

    5.3 - RECONHECIMENTO DAS PATOLOGIAS.......................................................... 24 - Alterao Cromtica ................................................................ 24 - Alveolizao ................................................................................ 24 - Crosta Negra ............................................................................... 24 - Degradao Diferencial ............................................................... 24 - Desagregao ............................................................................... 25 - Esfoliao ............................................................................... 25 - Fissura ............................................................................................... 26 - Perdas ............................................................................................... 26 - Pitting ............................................................................................... 26 - Presena de vegetao ............................................................... 27 - Grafitismo ............................................................................... 27

    6- MTODOS DE TRATAMENTO .............................................................................. 28

    6.1- LIMPEZA DE CANTARIAS .............................................................................. 28 6.1.1- MTODOS DE LIMPEZA DE CANTARIAS .............................. 28

    6.1.1.1- LIMPEZA COM GUA.......................................................................... 28

    - gua vaporizada .............................................................................. 28 - Jateamento de gua a baixa presso .............................................. 29 6.1.1.2- LIMPEZA QUMICA ............................................................................. 29 - Pastas aquosas .............................................................................. 29 6.1.1.3- LIMPEZA MECNICA .............................................................. 30 - Microjateamento de areia .............................................................. 30 - Microabrasador .............................................................................. 31 - Limpeza com bisturi .............................................................. 31 - Limpeza a laser .............................................................................. 31

    6.2- RECONSTITUIO DE CANTARIAS .............................................................. 32

    6.2.1- COM PRTESES .............................................................................. 32 6.2.2- COM ARGAMASSAS .............................................................. 33

    6.2.3- COM POLMEROS .............................................................................. 33

    6.3- CONSOLIDAO DE CANTARIAS .............................................................. 34

    6.4- PROTEO DE CANTARIAS .............................................................. 35

    6.4.1- PROTEO SUPERFICIAL .............................................................. 35

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    6.4.2- PROTEO CONTRA UMIDADE .............................................. 36

    - Barreira Fsica..................................................................................... 36 - Controle climtico interno.................................................................. 36 - Valas de Ventilao............................................................................. 36 - Valas de Ventilao com enchimento............................................... 37 - Protees diversas.............................................................................. 37

    GLOSSRIO......................................................................................................................... 38 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................... 42

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    1- APRESENTAO O Manual de Conservao de Cantarias faz parte de um conjunto de manuais do IPHAN cuja finalidade orientar todos aqueles que participam direta e indiretamente da preservao do Patrimnio Cultural. O Manual visa tambm unificar os procedimentos adotados nas intervenes de conservao em esculturas, estruturas e elementos decorativos executados em pedra nos monumentos histricos brasileiros. O Manual tem o objetivo de atender a necessidade de orientao tcnica prevista nas intervenes preliminares de conservao da pedra, sem ter a pretenso de esgotar todas as possibilidades de diagnstico, tratamentos e procedimentos relativos a essa rea de atuao. O Manual aborda, entre outros aspectos, os tipos de rocha utilizados no Brasil e suas formas de utilizao, a identificao das patologias e dos agentes degradadores e os mtodos de tratamento. um trabalho de carter preliminar que necessita de um processo de discusso, reviso e complementao, que promova o aprimoramento tcnico para posterior publicao pelo IPHAN. Foi elaborado pelo tcnico Frederico Almeida, engenheiro da 5 SR do IPHAN, e pautado na experincia vivenciada na jurisdio daquela Regional, contando com o apoio tcnico e operacional do Grupo Tarefa do Programa Monumenta, com apoio da UNESCO, atravs do Acordo de Cooperao Tcnica entre o Minc e este organismo.

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    2- INTRODUO No Brasil, as primeiras construes, simples e frgeis paliadas de madeira com cobertura de fibras vegetais, foram sendo substitudas por construes slidas e definitivas medida que o povoado ia se consolidando. A significativa riqueza mineral do Brasil, com considervel variedade de tipos de rochas distribudas em toda a extenso territorial, possibilitou a utilizao da pedra pelos colonizadores semelhana do que ocorria no continente europeu. Nas mais antigas e nobres edificaes brasileiras, a pedra era aplicada nas alvenarias e na decorao das fachadas e interiores. Foi fundamental na consolidao das fortificaes, no momento em que as muralhas, inicialmente em terra, foram reforadas com espessas alvenaria de pedra . Em se tratando de material nobre, quanto maior a riqueza ornamental em pedra, mais importante e imponente era a edificao. A escolha do tipo de rocha a ser utilizada variava conforme o servio a ser executado e a regio do pas. Assim, nas regies ricas em calcrio, era esse o tipo presente nas construes dos edifcios, tanto nas alvenarias como nos elementos decorativos. Certamente, a baixa dureza do material permitiu o uso na execuo dos elementos decorativos, cujo resultado foram os primorosos trabalhos escultricos em portadas, lavabos, socos de altares, taas de plpito e cimalhas, como se pode observar em exemplares da arquitetura colonial, civil e religiosa nos Estados de Sergipe, Paraba e Pernambuco. Na Paraba, existem monumentos totalmente construdos em pedra calcria, devido predominncia e abundncia de jazidas dessa rocha. o caso da Igreja de Nossa Senhora da Guia, que, alm da fachada principal em cantaria magnificamente esculpida, apresenta, em seu interior, elementos arquitetnicos e bens integrados de excepcional valor artstico, com destaque para o retbulo do altar-mor. Pela facilidade do corte e do esquadrejamento, o calcrio foi muito utilizado na execuo da alvenaria regular de pedra, em blocos de grandes e mdias dimenses, como, por exemplo, no Forte Orange, em Itamarac/PE, e na Fortaleza de Santa Catarina em Cabedelo/PB. Em reas ricas em arenito, oriundo de arrecifes marinhos ou de rios, este o material dos elementos arquitetnicos e decorativos das fachadas das edificaes. Especificamente no Nordeste destacam-se Penedo, s margens do rio So Francisco, e Recife, cidade litornea com orla protegida por arrecifes. O arenito, por oferecer maior resistncia, foi substituindo o calcrio como pedra decorativa das fachadas. No litoral sul do estado de Pernambuco, regio rica em gnaisses, calcrio e granito, observa-se em algumas construes o uso simultneo dessas trs pedras, cada uma delas aplicada conforme sua especificidade: o gnaisse e o granito nas alvenarias ordinrias, e o arenito nas ornamentaes das fachadas, cunhais, cercaduras e cimalhas, como pode ser observado no Convento de Santo Antnio em Serinham/PE.

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    Mesmo dispondo o Brasil de rochas em abundncia, constata-se a importao de pedras, como o lioz, vindo de Portugal nos lastros dos navios, largamente utilizado no Nordeste em elementos arquitetnicos e decorativos, nos revestimentos de pisos e paredes. No Recife, o lioz muito encontrado: a fachada da igreja da Boa Vista, feita de blocos previamente esculpidos; as paredes do mercado de So Jos; muitas das caladas e meios-fios dos antigos bairros do Recife, So Jos e Boa Vista; as cercaduras das fachadas do Teatro Apolo e o prtico do Teatro Santa Isabel so alguns dos muitos exemplares existentes na cidade. A Itlia, famosa pela variedade de mrmores decorativos, difundiu o uso desse material, considerado o mais nobre do mundo, na Europa e tambm nas Amricas. Mesmo tendo a arquitetura colonial brasileira recebido forte influncia italiana, constata-se a pouca utilizao do mrmore no Brasil. So freqentes, em grande nmero de monumentos brasileiros do Nordeste, as pinturas popularmente conhecidas como marmorizadas, empregadas nos elementos arquitetnicos e decorativos em madeira, pedra ou massa, simulando o mrmore colorido, pouco existente no Brasil. 3.2- TIPOS DE ROCHA ENCONTRADOS NO BRASIL E SUAS

    CARACTERSTICAS FSICAS CALCRIO Origem geolgica: Sedimentar. Cor: Varia do branco ao bege amarelado. Textura: Variada compacta, terrosa, granulada, fosca. Dureza: Muito macia e de fcil trabalhabilidade. Porosidade: Alta. Local onde encontrado: Principalmente no Nordeste do Brasil: Paraba,

    Sergipe. Utilizao: Cantarias esculturais, alvenarias regulares. OBS: A alta porosidade e a baixa dureza diminuem a

    resistncia s intempries. PEDRA LIOZ Origem geolgica: Metamrfica. Cor: Bege-claro, cinza, rosa. Textura: Polida, lisa. Dureza: Mdia. Porosidade: Mdia. Local onde encontrada: Portugal e Frana. Utilizao: Cantaria decorativa, esculturas, fachadas, pisos, etc. MRMORE Origem geolgica: Metamrfica. Cor: Branco, preto, rosa, verde, etc. Textura: Lisa, polida. Dureza: Mdia. Porosidade: Alta porosidade. Local onde encontrada: Minas Gerais, Bahia.

    Utilizao: Pisos, fachadas, esculturas, etc. OBS: No Brasil foi pouco utilizado como revestimento de

    fachadas, mas influenciou toda a arte decorativa o marmorizado.

    PEDRA-SABO Origem geolgica: Sedimentar. Cor: Variada. Textura: Lisa, Polida. Dureza: Macia, talcosa. Porosidade: Alta.

  • Local onde encontrada: Minas Gerais e serto nordestino. Utilizao: Cantaria decorativa e esculturas. OBS: O Aleijadinhofoi o grande utilizador desse tipo de

    rocha.

    GNAISSE Origem geolgica: Magmtica. Cor: Escura cinza e marrom. Textura: Fosca, rugosa in natura. Dureza: Alta. Porosidade: Baixa. Local onde encontrada: Nordeste e Sudeste do Brasil. Utilizao: Alvenaria ordinria. OBS: Pedra semigrantica.

    GRANITO Origem geolgica: Magmtica. Cor: Variada. Textura: Fosca, in natura. Dureza: Alta. Porosidade: Baixa. Local onde encontrado: Minas Gerais e sul da Bahia. Utilizao: Alvenaria ordinria. OBS: Constituda de quartzo e feldspato. No Nordeste

    encontrado com mica, em tons de cinza brilhante. ARENITO Origem geolgica: Sedimentar. Cor: Bege, cinza. Textura: Rugosa, spera, terrosa, granulada. Dureza: Alta. Porosidade: Alta. Local onde encontrada: Costa brasileira principalmente no Nordeste

    Pernambuco e Alagoas. Utilizao: Cantaria decorativa, fachadas. OBS: Devido alta resistncia, substituiu o calcrio na

    ornamentao das fachadas. 4- A UTILIZAO DA PEDRA NAS CONSTRUES HISTRICAS 4.1- ALVENARIAS DE PEDRA

    Pedra Seca - As pedras so aplicadas em seu estado natural e a alvenaria erguida sem a utilizao de argamassa: s pedras assentadas umas sobre as outras, intercalam-se pedras menores para melhor acomodao e estabilidade da construo. Geralmente constitui muros divisrios de grande espessura e no muito altos. pouco encontrada em construes residenciais.

    Figura: Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

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  • Pedra e Barro As pedras so aplicadas tanto em seu estado natural como beneficiadas. Quando aparentes, so submetidas a servio de cantel. Essa alvenaria, normalmente de funo estrutural, erguida com argamassa de terra e, em alguns casos, as pedras menores intercalam-se s maiores. As espessuras das paredes variam de 0,50m a 1,00m. Excepcionalmente, alcanam dimenses de at 1,80m. Geralmente, nesses casos, so erguidas duas paredes paralelas e o vazio preenchido com material solto de pedras e massa. Pedra e Cal Esta alvenaria diferencia-se da anterior apenas pela argamassa, que passa a ser constituda de terra e cal.

    Pedra Regular So alvenarias constitudas por blocos regulares de pedra de grandes espessuras e faces trabalhadas e lisas, quando aparentes. Muito usadas nas construes das muralhas das fortificaes, so tambm encontradas em edificaes civis e religiosas, especificamente nos cunhais, embasamentos e socos.

    Canjicado Alvenaria de pedras irregulares. Intercalam-se pedras de maior tamanho com pedras menores, que formam um entremeado chamado de canjicado . Pode ser encontrado em alvenarias com argamassas de barro ou de cal.

    Forte de Nossa Senhora dos Remdios _ Fernando de Noronha PE . Foto: Frederico Almeida

    ALVENARIA REGULAR Desenho: Frederico Almeida

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  • Foto e Figura: Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

    4.2- ELEMENTOS ARQUITETNICOS COLUNAS E PILARES

    Estes elementos estruturais, sempre presentes nos espaos arquitetnicos do passado, foram desde a antiguidade tratados de forma a se integrarem concepo espacial e esttica do edifcio. A pedra, em todo o mundo, foi o material geralmente escolhido para a execuo dessas estruturas primordiais estabilidade das edificaes. Utilizavam-se as rochas de melhor qualidade, aliando-se a este conceito a textura e a cor de forma a que o produto final, esculpido conforme o gosto e o estilo arquitetnico da poca, oferecesse ao observador um belo efeito visual.

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    Figura Fonte: Conservao e Restaurao de Monumentos Histricos _ SEPLAN- IPHAN FUNDARPE. Zildo Sena Caldas

  • CUNHAIS Elementos estruturais fundamentais na construo das antigas edificaes. Por estarem integrados concepo da obra arquitetnica, so tambm considerados componentes da decorao das fachadas dos edifcios. Quando executados em pedra, so constitudos por blocos regulares, aparelhados para permanecerem aparentes. As faces das pedras, geralmente lisas, podem apresentar decorao pontual de trabalho de cantel, em baixo ou em alto-relevo.

    ARCOS Elementos estruturais que possibilitaram a criao de vos com dimenses superiores quelas provenientes do uso da verga reta. Quando em pedra, as aduelas que os constituem so cortadas em cunha e o fecho (pea fundamental estabilidade do arco) apresenta geralmente decorao em relevo.

    FECHO

    Figura Fonte: Conservao e Restaurao de Monumentos Histricos _ SEPLAN- IPHAN FUNDARPE. Zildo Sena Caldas

    CIMALHAS

    Elementos decorativos de acabamento, que ornamentam a concordncia do topo superior das paredes com o forro (nos ambientes internos) e/ou com o beiral (no exterior). Quando em pedra, os blocos so engastados nas paredes, ficando uma parte em balano, a qual, previamente trabalhada no cantel, forma um perfil contnuo geralmente ricamente recortado.

    Beirais de Olinda Foto: Frederico Almeida

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  • CERCADURAS

    So elementos que emolduram vos de porta e janelas das edificaes. Quando em pedra, as partes que constituem peitoril, ombreiras e vergas nas janelas, soleira, ombreira e verga nas portas so confeccionadas em blocos separados e recebem esmerado tratamento de cantel. Executadas para permanecerem aparentes, tm a finalidade esttica de ressaltar a cadncia dos cheios e vazios da fachada do edifcio, enriquecendo-o e valorizando a leitura arquitetnica.

    Figura Fonte: Barroco Mineiro Glossrio de Arquitetura e Ornamentao

    CACHORROS Elementos estruturais engastados nas paredes, cujo balano d apoio a sacadas, janelas, barroteamentos de pisos e estrutura de coberta. Quando em pedra, so executados a partir de blocos de forma regular, geralmente prismas retangulares. A face aparente recebe o tratamento usual de cantel, que pode ainda aparecer recortado, conforme o gosto da poca, conferindo mais leveza s estruturas usualmente assentadas umas ao lado das outras e formando um conjunto denominado cachorrada.

    Figura: Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

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  • ESCADAS E DEGRAUS

    As escadas, quando em pedra, so feitas de modo a cada degrau formar um batente biapoiado nas alvenarias de fechamento da caixa de escada. Os patamares so lajes de pedra com face lisa para cima que constituem o piso. Os bocis so geralmente recortados, formam perfis decorativos que do leveza e elegncia escada. Os guarda-corpos, com suas balaustradas de pedra, eram utilizados, geralmente, em entradas principais de prdios pblicos e residncias. Quanto mais ricos em detalhes os elementos em pedra, mais imponente era a escada.

    Foto e Figura: Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

    MOBILIRIO E EQUIPAMENTOS URBANOS

    A pedra foi muito utilizada na execuo de mobilirio e equipamentos urbanos, tais como lavabos, pias batismais e de gua benta, bases de plpito, fontes, chafarizes, conversadeiras e bancos. Essas peas de dupla funo, utilitria e decorativa, geralmente eram ornamentadas de acordo com as tendncias da poca e da inspirao do artista; h exemplares em todos os tipos de pedra de fcil trabalhabilidade, inclusive em mrmore nacional e importado.

    4.3- PEDRAS COMO MATERIAL DE REVESTIMENTO

    4.3.1- PISOS

    4.3.1.1- INTERNOS

    - Mrmore- Quando o revestimento de pisos internos era em pedra, o mrmore, por sua resistncia e nobreza, foi um dos mais usados em nossos monumentos. Era aplicado em ambientes nobres de grande circulao, assentado em pedras esquadrejadas de diversos tamanhos. No Brasil, muito encontrado nas cores branca e preta, s vezes formando um quadriculado nessas duas cores. As placas eram assentadas em junta solta ou amarrada, ou mesmo em diagonal; a superfcie polida, voltada para cima, e o tardoz, irregular.

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  • Piso em mrmore do Teatro de Santa Isabel Recife/PE assentamento em diagonal Foto: Frederico Almeida

    - Lioz- Pode-se encontrar, tambm, pisos internos revestidos de pedra lioz, assentados igualmente ao mrmore, todavia em maiores dimenses.

    - Lajeado- Tipo de piso revestido de lajes de pedra assentadas com argamassa de barro. As lajes podem ser trabalhadas em forma geomtrica, quadrada e retangular, ou ainda de forma irregular. Pode-se usar lajes de pedra-sabo, arenitos, gnaisse, calcrio e pedra lioz. - Seixo rolado- Assentamento de pedras redondas de rios, chamadas de seixos, sobre argamassa de barro, formando desenho mourisco. Para melhor aparncia, maior resistncia e durabilidade, deve-se fazer um apiloamento rigoroso, de modo a se ter uma perfeita compactao.

    Figura: Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

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  • 4.3.1.2- EXTERNOS

    - Lajeado Como nos revestimentos internos, so placas de pedra

    esquadrejadas ou de forma irregular, assentadas sobre um colcho de areia, ou argamassa de barro ou cal. Era geralmente utilizado em calamentos externos como ruas e passeios pblicos.

    Foto : Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

    - Seixo rolado- Usado tambm exteriormente, porm com pedra de rio de maiores dimenses . Nas ruas, forma faixas de lajes de pedra conhecidas como capistranas, que serviam de passeio; no centro das ruas enladeiradas, geralmente eram aplicadas pedras em forma de costela, que combatiam a eroso das enxurradas.

    Figuras: Fonte Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos Sylvio Vasconcellos.

    4.3.2- PAREDES EXTERNAS Alm dos azulejos, as paredes podem ser revestidas de pedra. Na Europa, h inmeros monumentos com suas fachadas totalmente revestidas de pedra calcria, ou mrmores de diversas cores, ou at de granitos. Eram assentadas com argamassa de barro, ou barro e cal. Devido ao peso, as placas de pedra podiam ser fixadas com grampos de metal. H poucos monumentos revestidos externamente de pedra no Brasil. As fachadas das Igrejas da Conceio da Praia, em Salvador, e N. Sra. da Boa Vista, em Recife, so formadas por blocos de pedra lioz e no com placas fixadas nas fachadas. 5- PATOLOGIAS __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 15

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    5.1- METODOLOGIA DE IDENTIFICAO DAS PATOLOGIAS

    Antes de qualquer trabalho de conservao em cantaria, deve-se efetuar um rigoroso levantamento de todas as patologias que esto afetando a obra lapidada, mape-las e identific-las graficamente . Para uma primeira avaliao do estado de conservao, um cuidadoso exame visual do edifcio deve ser executado. Segue-se, ento, a necessidade da determinao do tipo qumico e mineralgico da rocha usada, bem como o reconhecimento de suas caractersticas fsicas: dureza, porosidade, peso especfico, textura e cor. Um estudo das condies ambientais do meio onde est inserida a obra de cantaria poder facilitar o reconhecimento da influncia dos agentes atmosfricos e ambientais no processo de deteriorao da pedra. Para isso, deve-se preliminarmente determinar a variao de temperatura e umidade, o nvel de poluio do ar, a salinidade do solo, ventos, chuvas, etc. Quando se suspeita da influncia de ataque biolgico no processo de deteriorao da pedra, os agentes biolgicos (algas, bactrias, fungos, plantas, etc.) tambm devem ser analisados.

    5.1.1- CARACTERIZAO DOS MATERIAIS CONSTRUTIVOS O primeiro passo para caracterizar os materiais construtivos realizar um levantamento dos dados arquivsticos e histricos concernentes aos materiais empregados na edificao, bem como das intervenes ocorridas no passado: reconstituies, limpezas, consolidaes, etc. Esse trabalho capacitar o estabelecimento da existncia de qualquer correlao entre os diferentes materiais e suas propriedades no processo de deteriorao. Alm de um mapeamento dos materiais empregados no entorno, para a perfeita identificao da rocha utilizada na cantaria, preciso obter-lhe - o nome cientfico; - o nome comum e outras possveis designaes; - uma descrio macroscpica; - a origem geolgica; Quando um determinado problema de conservao requer uma anlise mais apurada, necessria a obteno de amostra do material ptreo utilizado, e a identificao da rocha dever ser complementada com - a caracterizao mineralgica e a anlise qumica; - a capacidade de absoro de gua; - a anlise da porosidade atravs da total imerso; - a anlise da absoro dgua atravs da capilaridade; - a medio das propriedades mecnicas: resistncia compresso, trao, flexo, coeficiente de Poisson, graus de elasticidade, etc.;

  • - a medio das propriedades trmicas: coeficiente de dilatao e condutividade trmica.

    5.1.2- CARACTERIZAO DO MEIO AMBIENTE Para uma perfeita identificao das condies amse obter - a sua orientao geogrfica; - os principais parmetros fsicos do meio exinterior: temperatura, umidade absoluta e relaintensidade e direo dos ventos, ndices de precipvariaes de ocorrncia durante o ano; - as condies de poluio do ar e as inftrfego de veculos, indstrias, bem como as variaano; - as fontes internas de calor e luz; - as fontes naturais, eventuais fontes de venti- a freqncia da concentrao de pessoas de

    5.2- AGENTES DEGRADADORES DA PEDRA 5.2.1.- ESTRESSES EXTERNOS

    A estrutura dos edifcios est sujeita ao de mlocalizadas, conforme a solicitao de carregamenesforos provocam deformaes e microfissuraedifcios, verificando-se a acelerao do processdiminuio da resistncia contra a ao do meio am

    Vrias so as causas de tenses localizadas que p - Carga - As estruturas autnomas de pedrarecebem maiores ou menores tenses solicitaestruturais a que cada um desses elementos estsurgem, na estrutura interna da rocha, microscpprocesso de deteriorao da pedra.

    _____________________________________________________________MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS bientais do monumento, deve-

    terno ao monumento e do seu tiva do ar, radiao solar, itaes pluviomtricas e suas

    ormaes sobre suas fontes, es de ocorrncia durante o

    lao; ntro do monumento.

    aiores ou menores tenses to a que est submetida. Os s na estrutura interna dos o de deteriorao, devido biente.

    odem ocorrer:

    (colunas, pilares, vigas, etc.) ntes, conforme as funes sujeito. Ao se deformarem, icas fissuras que aceleram o

    Porous Building Materials Materials Science for Architectural Conservation; Giorgio Torraca

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  • - Expanso trmica - Toda edificao est sujeita a variaes dirias e sazonais de temperatura. Tais variaes trmicas so importantes fontes de estresse estrutural provocado pela cclica expanso e contrao trmica dos materiais. As foras de dilatao e contrao trmica agem, mesmo em um material rgido e homogneo como a pedra, de forma no uniforme. A superfcie externa da pedra est mais exposta s variaes trmicas do meio ambiente do que a sua estrutura interna, pois a exposio solar, as chuvas, as geadas, etc. agem mais diretamente na superfcie. O ciclo de variao de temperatura causa tenses diferenciadas e conseqentes estresses estruturais.

    Porous Building Materials Materials Science for Architectural Conservation; Giorgio Torraca

    - Expanso devido umidade Em pedras que contm argilas, como alguns arenitos, a expanso por absoro de gua e a contrao provocada pela sua liberao podem causar importante estresse, principalmente entre a superfcie da pedra e sua parte interna, quando a superfcie est molhada.

    5.2.2- ESTRESSES INTERNOS Os estresses internos podem ocorrer dentro dos materiais porosos por diversas causas:

    - Congelamento (clima glacial e temperado) Cons o de cristais de gelo dentro dos poros da pedra. o congelamengua, que, ao passarem do estado lquido para o slido, dos poros da pedra, causando esforos internos na sua estrestresse estrutural.

    - Cristalizao de sais No Brasil, um dos degradao dos materiais porosos. Os sais solveis se inpedra, cristalizam-se pelo processo de evaporao e passpara o slido, expandindo-se internamente dentro dos porosinternas. Devido aos diversos fatores causadores de umidaformam um ciclo de liquefao e solidificao contnua, pindesejveis na estrutura interna da pedra.

    Sabe-se tambm que, quanto maior a concentrao dedimenses, maiores so os estresses causados por esse pr

    _______________________________________________________________________MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS iste na forma

    to das molculas de

    se expandem dentro utura e conseqente

    maiores fatores de stalam nos poros da am do estado lquido e causando tenses de, os sais solveis

    rovocando estresses

    poros de menores ocesso.

    ___________________ 18

  • - Eroso alveolar Tipo de deteriorao causada pela rpida cristalizao de sais solveis, principalmente na superfcie da pedra, sujeita ao de ventos e temperaturas mais elevadas que aceleram o processo de evaporao da umidade e provocam a conseqente cristalizao de sais. Superficialmente aparecem pequenos alvolos, acelerando a desagregao superficial da cantaria.

    Base do Cruzeiro da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres Jaboato dos Guararapes/PE: Foto: Frederico Almeida

    Porous Building Materials Materials Science for Architectural Conservation; Giorgio Torraca

    SOLO

    EFLORESCNCIA

    VENTO FRACO

    CAMADA DE GUA SOBRE A SUPERFCIE

    b) EFLORESCNCIAGUA EVAPORA NA SUPERFCIECRISTAIS

    DE SAL

    a) EROSO ALVEOLAR

    CIRCULAO DO VENTO

    A GUA EVAPORA NO PORO

    ALVOLO

    UMIDADE

    CAPILARIDADE SOLO

    CHUVACRISTAL DE SAL

    VENTOFORT

    E

    - Eflorescncia Trata-se de uma grande concentrao de sais solveis cristalizados na superfcie dos materiais porosos. A eflorescncia de sais acontece fora dos poros do material, por isso mesmo o grau de deteriorao menor. No entanto a eflorescncia icador de contaminao interna da pedra por sais solveis, sabidam res de estresses no interior da pedra.

    _____________________________________________MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS um forte indente causadoFigura Catlogo do Sistema de Saneamento Bayosan

    _____________________________________________ 19

  • - Corroso de grampos de ferro Os metais ferrosos, quando oxidados, aumentam de volume. Se estiverem cravados na pedra, fatalmente causaro fissuras ou fraturas na cantaria. Inicialmente, o aumento do volume da pea metlica provoca minsculas fissuras internas na pedra, favorecendo a passagem de gua e a conseqente acelerao do processo corrosivo.

    Porta interna da Igreja de Nossa Senhora dos Remdios de Fernando de Noronha/PE Foto: Frederico Almeida

    5.2.3 - AGENTES FSICOS EXTERNOS - As reaes qumicas sempre ocorrem na presena de gua, portanto a corroso qumica somente possvel quando os materiais esto midos.

    - Capilaridade - um processo de suco de gua que alimenta a umidade das paredes de uma construo ou de uma cantaria. Juntamente com a umidade, vm os sais solveis, to danosos, precipitando reaes qumicas desfavorveis conservao dos materiais porosos. Quanto menores os poros de um tipo de rocha, maior a capacidade de suco de gua.

    __________ _________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 20

    _______________________________Figura fonte: catlogos comerciais

  • - Condensao - outro processo de alimentao de gua (umidade) sobre a superfcie de um material. A gua suspensa no ar, em seu estado gasoso, entra em contato com a superfcie da pedra, resfriando-a . Com esse resfriamento, a gua passa para o estado lquido e depositada na superfcie da pedra, que a absorve. As impurezas, tambm depositadas na superfcie da pedra, reagem quimicamente com a gua e aceleram os processos de corroso.

    CROSTA NEGRA

    ZONA FRGIL ATRS DA CROSTA NEGRA SUPERFCIES

    LIMPAS PELA CHUVA- EROSO BRANCA

    INTEMPRIES

    CRISTAIS IMPUREZAS E FULIGEM

    FISSURAS PERMITEM PENETRAO

    FINA CAMADA DE GUA COM IMPUREZAS CIDAS

    SECAGEM

    UMIDADE

    Porous Building Materials Materials Science for Architectural Conservation; Giorgio Torraca

    - Ataque da chuva - prejudicial cantaria porque o ar contm dixido de carbono, que, dissolvido em gua, forma cido carbnico. Nessas condies, os calcrios, as argamassas, a cal, e os mrmores podem ser transformados e gradativamente dissolvidos. Nos arenitos, por serem mais porosos, a penetrao de gua mais profunda.

    Corroso em Pedra Lioz Teatro Apolo Recife/PE Foto: Frederico Almeida

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 21

  • - Poluio atmosfrica

    Os monumentos que esto inseridos nos grandes centros urbanos e industriais esto mais expostos ao da poluio atmosfrica. O ar poludo geralmente contm grandes concentraes de dixido de enxofre (SO2), que, na presena da gua e do oxignio do ar, transforma-se em cido sulfrico (H2SO4), forte o bastante para causar a deteriorao de vrios materiais mineralgicos. A cantaria recebe os depsitos de poluentes atmosfricos que vo se acumulando na superfcie, escurecendo-a. Quando h uma grande concentrao desses depsitos, forma-se uma camada de poluentes e fuligem que chamada de crosta negra.

    Depsitos escuros Fachada da Igreja da Ordem Terceira do Carmo- Recife/PE Foto: Frederico Almeida

    5.2.3- ATAQUE BIOLGICO

    - Bactrias e fungos - Vrias bactrias e fungos captam energia para sua sobrevivncia atravs de reaes qumicas. Como resultado, aparecem formaes de cidos que podem corroer os materiais de construo e at mesmo a pedra.

    - Algas - Freqentemente ocorrem ataques de algas nas superfcies de materiais de construo, principalmente em climas quentes e midos. Geralmente, o ataque apenas superficial, sendo mais danoso em pinturas e superfcies de cantaria.

    - Liquens- So formados pela associao de fungos e algas. Desenvolvem-se sobre as superfcies externas da cantaria. Alguns liquens tm poder de penetrao pela produo de cidos orgnicos, outros tm menor penetrao. Os danos causados pelos liquens geralmente se iniciam superficialmente, desfigurando lentamente as superfcies decorativas.

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 22

  • - Plantas De pequeno, mdio e grande porte, podem causar ruturas e destruio de alvenarias de pedra, cantarias e at mesmo de edificaes. A planta se desenvolve ao penetrar na alvenaria: as razes e o caule se expandem, aumentando de volume e causando a conseqente destruio dos materiais ali presentes.

    Sacadas de Olinda/PE Foto: Frederico Almeida

    5.3- RECONHECIMENTO DE PATOLOGIAS

    - Alterao cromtica - Trata-se de reao que se manifesta superficialmente, provocando escurecimento ou clareamento e chegando at a modificar a cor original da pedra.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 23

  • - Alveolizao - Degradao que se manifesta com a formao de cavidades de dimenses variadas na superfcie.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    - Crosta Negcamada escura qu

    - Degradaheterogeneidade d

    ___________________________MANUAL DE CONSERVAO DE C

    Figura Fonte: Normal 1/88 AlterazioniLapidei: Lessico ra Depsito de impurezas ambientais, formando grossa e reage com a pedra, levando sua degradao.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    o diferenciada - Degradao profunda devido o material estrutural, modificando sua textura original.

    _______________________________________________________________ ANTARIAS 24

    Macroscopiche dei Materiali Portada em Pedra Lioz do Teatro Apolo Recife/PE Foto: Frederico Almeida

  • - Desagregao - Perda da coeso do material lapidado.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    - Esfoliao - Degradao que se manifesta com o destacamento espesso de uma ou mais camadas do substrato superficial.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    - Fissura - Descontinuidade do material, com abertura de fendas.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 25

  • - Perdas Formao de uma lacuna na cantaria por perda de material.

    Figura Fonte: Normal 1/88 Alterazioni Macroscopiche dei Materiali Lapidei: Lessico

    - Pitting Degradao puntiforme que se manifesta pelo apnumerosos orifcios de pequeno dimetro.

    - Presena de vegetao - Superfcie impregnada de mu

    plantas.

    FiguraConse GiuliaOrnel

    ______________________________________________________________________________MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS

    arecimento de Figura Fonte: Biology in the Conservation of Works of Art- Giulia Caneva; Maria Pia Nugari and Ornella Salvatori

    sgo, lodo ou

    Fonte: Biology in the rvation of Works of Art-

    Caneva; Maria Pia Nugari and la Salvatori

    ____________ 26

  • - Grafitismo - Camada de tinta sobre a superfcie da cantaria por

    vandalismo ou interveno inadequada.

    Grafitagem na Cantaria do Teatro Apolo Recife/PE Foto: Frederico Almeida

    6- MTODOS DE TRATAMENTO

    As principais operaes de tratamento inerentes conservao da cantaria so limpeza, reconstituio, consolidao e proteo. Nem sempre necessrio executar todas as etapas. O estado de conservao da cantaria definir quais os tratamentos necessrios, devendo-se levantar e diagnosticar as patologias. A escolha de materiais e mtodos a serem usados dever ser baseada em testes apropriados. No caso do uso de produtos qumicos, deve-se estar consciente de todas as caractersticas fsico-qumicas do produto e seus efeitos na cantaria. Os profissionais envolvidos no trabalho devem ter comprovadamente capacitao tcnica tanto para a execuo dos servios de conservao como para a perfeita utilizao dos produtos e equipamentos necessrios s intervenes determinadas.

    6.1- LIMPEZA DE CANTARIAS O objetivo da limpeza de cantarias em um monumento histrico remover todas as substncias que efetivamente causam o processo de deteriorao da pedra ou contribuem para isso - sais solveis, incrustaes insolveis, ms intervenes feitas anteriormente, infestao de vegetao, dejetos de animais -, respeitando-se a textura e a cor originais. Os problemas tcnicos dos processos de limpeza de cantarias devem ser considerados, pois requerem aes qumicas e mecnicas que podem pr em risco a superfcie da cantaria. A escolha do mtodo a ser usado depender da natureza das substncias a serem removidas e do tipo de superfcie a ser limpa.

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 27

  • Os mtodos a serem utilizados devem ser controlados de modo a possibilitar sua paralisao caso se faa necessrio. A eficincia do mtodo deve ser constantemente avaliada atravs de testes prvios, que determinaro os produtos e mtodos a serem usados; necessria, portanto, a prvia aprovao da equipe de fiscalizao. As operaes de limpeza somente devero ser efetuadas em superfcies compactas, onde inexistem processos de deteriorao que danificaram ou destruram a coeso das partculas formadoras do material de pedra. 6.1.1- MTODOS DE LIMPEZA DE CANTARIAS

    6.1.1.1- LIMPEZA COM GUA - gua vaporizada Consiste na aplicao de uma nvoa fina de gua (vaporizao) em temperatura ambiente, em toda a superfcie da cantaria. O jato no deve ser direcionado diretamente para a superfcie, e a distncia efetiva entre o vaporizador e a superfcie deve ser ajustada cuidadosamente de forma a no acarretar efeitos mecnicos.

    gua em Spray

    Porous Building Materials Materials Science for Architectural Conservation; Giorgio Torraca

    OBS: Tambm poder ser utilizado equipamento de vapor dgua a temperatura controlada. Aplicado sobre a pedra, poder remover toda a sujidade superficial, evitando a absoro demasiada de gua pela pedra.

    Limpeza atravs de Vapor dgua Foto: Frederico Almeida

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 28

  • - Jateamento de gua a baixa presso - Trata-se da aplicao de jato de gua, com a utilizao de equipamento de jateamento que permita o controle da presso (mx 2,5 3 atm.). Como no caso anterior, o jato no deve ser direcionado diretamente para a cantaria, de modo a no causar efeitos mecnicos na superfcie da p es de rejuntos e desgastes lo

    O te scritos podem eventualmente ser cs 6

    -csaetupdcOaTaeli

    ________MANUAL Dcalizados).

    bs: Os mtodos de limpeza an

    omplementados com escovas duperfcies de pedra muito porosa.

    .1.1.2- LIMPEZA QUMICA

    Pastas aquosas O mtoontato entre a superfcie a serolues na superfcie da pedra. Obsorventes ( sepiolita ou betonitatc., que servem de suporte para aestadas. Carbonatos e bicarbonsados como solues a seremulverizao de gua j descritos e sujeira da superfcie. Resistindoom o sal EDTA dissolvido na solu tempo de aplicao desses pnlise in situ ou em laboratrio. estes prvios de aplicao devemplicada bem como o tempo de feito alcanado e determina-se ompa.

    Limpeza de Cantaria - Suporte Lama Betonita Fachada da Igreja de N. Sra. da Ordem Terceira do Carmo do Recife PE Foto: Frederico Almeida

    ____________________________________E CONSERVAO DE CANTARIAS edra (remo

    riormente de

    e nilon, porm o uso inadequado em

    do tem dupla vantagem: prolonga o tempo de limpa, enquanto diminui a penetrao das s produtos utilizados como pastas so argilas ), polpa de papel, polpa de algodo, slica gel, aplicao de solues qumicas previamente

    atos de amnia diludos em gua podem ser testadas, se os mtodos de jateamento e no conseguirem remover todos os depsitos ainda a sujidade, pode-se reforar a soluo

    o em menores propores. rodutos deve tambm ser determinado pela

    ser realizados, anotando-se a soluo a ser aplicao. Efetuados os testes, verifica-se o mtodo a ser utilizado em toda a rea a ser

    Limpeza Qumica de Cantaria - bicarbonato + EDTA Suporte Polpa de Papel. Portada do Teatro Apolo Recife/PE Foto: Frederico Almeida

    ______________________________________________ 29

  • 6.1.1.3- LIMPEZA MECNICA o uso de mtodos abrasivos. Devem ser aplicados em superfcies que ainda se mantm coesas, ou seja, no h desagregao superficial da cantaria. As reas onde devero ser aplicados esses mtodos devem ser limitadas apenas aos locais em que os anteriores no deram resultado. Os equipamentos muito abrasivos esto descartados, pois seu emprego no permite o controle efetivo do nvel de limpeza desejado, desgastando reas de cantaria de forma mais agressiva e profunda, envolvendo grandes perdas de pedra.

    - Microjateamento de areia - Consiste na remoo das camadas de sujidade atravs de equipamento apropriado, que provoca jatos de micropartculas (microesferas de vidro, p de mrmore, gesso, p de quartzo, etc.) a presso e quantidade controladas e aplicado nas superfcies de pedra. Pode remover sujidades mais resistentes como tintas, crosta negra e manchas. Exige importao do equipamento, mas a sua alta eficincia poder diminuir os custos de aplicao.

    Figura fonte Catlogos Comerciais

    - Microabrasador (brocas dentrias) mtodo de limpeza

    abrasiva limitado, para uso somente em pequenas reas. Sua utilizao em reas maiores inviabilizada pelo tempo gasto na remoo, tornando-o impraticvel.

    Figura fonte Catlogos Comerciais

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 30

  • Limpeza com bisturi - Mtodo que exige muita habilidade e pacincia do operador, pois, semelhana do anteriormente descrito, seu uso em cantaria limitado devido demora e s dimenses das reas a serem limpas.

    - Limpeza a Laser mtodo que exige equipamentos de limpeza prprios. Atravs de uma pistola a laser, que emite jatos de raios laser diretamente sobre

    a cantaria, remove-se principalmente aquela sujidade que no foi tirada pelos mtodos anteriores. Um grande impedimento para seu uso tanto o alto custo do equipamento como o da sua importao.

    Catlogos Comerciais

    Figura fonte Catlogos Comerciais

    CROSTA NEGRA

    PEDRA

    RAIO LASER REFLETIDO

    RAIO LASER INCIDENTE

    PEDRA

    GS

    CROSTA NEGRA

    RAIO LASER

    OBS: A limpeza de grandes reas de superfcie de cantaria poder ser feita pelo mtodo das tentativas progressivas, que consiste em aplicar os mtodos de limpeza j descritos, aumentando os diversos graus de aplicao at se obter o nvel de limpeza desejado. Esse mtodo limitado pelas caractersticas fsico-qumicas e ambientais do meio onde est inserida a superfcie de pedra a ser limpa, bem como pelas condies de sujidade e de degradao da cantaria.

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 31

  • 6.2- RECONSTITUIO DE CANTARIAS

    6.2.1- COM PRTESES Consiste na reconstituio das perdas ocorridas na cantaria, atravs da aplicao de prteses de pedra com as mesmas caractersticas fsicas da original. A escolha das prteses de pedra a serem aplicadas requer um apurado dom artstico, pois somente tcnicos-escultores so capazes de confeccionar determinados tipos de prtese, principalmente aquelas que exigem complementao de ornatos, cimalhas, cartelas de pedra. Na escolha da pedra a ser aplicada como complemento da lacuna, preciso considerar tambm a cor e a textura, que devero ser o mais semelhantes possvel da cantaria a ser reconstituda.

    Fachada do Teatro Apolo do Recife/PE Prteses de pedra Foto: Frederico Almeida.

    A aplicao de prteses de menores dimenses pode ser feita apenas com o auxlio de colas ou resinas. Os pequenos pedaos regulares da pedra escolhida so cortados e colados nos locais determinados, para possibilitar o perfeito encaixe da nova prtese. As colas e resinas que se podem aplicar devem ter os seguintes requisitos: boa adeso, durabilidade, baixa retrao, elasticidade e rigidez. Epxis, resinas polister, poliuretano e acrlica so colas que tm melhores propriedades adesivas e mecnicas. As juntas tambm devem ser reconstitudas, pois as emendas dessas pequenas prteses no podero se tornar aparentes, sob pena de prejudicar a leitura da cantaria. So disfaradas atravs de resinas devidamente entonadas para se ter uma perfeita integrao com o material original.

    Quando se empregam prteses de maiores dimenses, necessria se faz a aplicao de reforos com pinos metlicos ( ao inox ou lato). A prtese a ser aplicada dever ser perfurada de forma que os pinos metlicos, cravados na

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 32

  • cantaria, se adaptem aos furos a serem executados. Colas epxicas so as mais indicadas para garantir a estabilidade dessas peas de pedra, mas pode-se tambm, em determinados casos, utilizar as resinas polister.

    PRTESE PINO METLICO

    Figuras Fonte Manual

    do Morador de Olinda Eliane Azevedo e Silva et alii

    6.2.2- COM ARGAMASSAS As argamassas para reconstituio das cantarias so atualmente usadas no preenchimento de fissuras. So usualmente confeccionadas com cal hidrulica como aglomerante. O agregante a ser escolhido depender das caractersticas granulomtricas do material a ser reconstitudo. A aplicao de fungicidas e filtros de UV dever ser apropriadamente utilizada. A adio de pigmentos inorgnicos e quimicamente estveis, tais como terra ou xidos metlicos, permitida. O uso das argamassas com o tradicional cimento deve ser evitado, pois ele pode ocasionar a formao de sais solveis, danosos pedra. 6.2.3- COM POLMEROS A reconstituio da cantaria atravs de polmeros dever ser efetuada superficialmente atravs da utilizao de pastas feitas in situ, tomando-se como base as caractersticas da pedra a ser recomposta. Deve-se ter o cuidado de no deixar a superfcie da cantaria com aparncia artificial, e especial ateno dever ser tomada para que as intervenes se limitem apenas s reas de lacuna que realmente comprometam a leitura da superfcie lapidada. As resinas polister, epxicas e acrlicas so as mais utilizadas atualmente. Os agregantes das pastas sero definidos conforme as caractersticas da pedra a ser reconstituda, de modo a possibilitar a perfeita integrao da cor e da textura originais.

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 33

  • Reintegrao superficial com polmeros Facha do Teatro Apolo Recife. Foto: Frederico Almeida

    Nos trabalhos com altos ndices de exposio luz, dever ser prevista a adio de produtos filtrantes de raios UV. Cada tipo de resina tem o apropriado filtro UV e deve aditivar as pastas na proporo entre 1% a 2%. Devem-se efetuar testes prvios para determinar o percentual adequado dos produtos filtrantes, pois tem-se verificado que a alta concentrao deles modifica a cor da pasta, dificultando a integrao cromtica. Na utilizao de pastas como colas e adesivos, deve-se ter o mesmo cuidado que com as pastas reconstituidoras. Os agregantes utilizados so talco, dixido de zinco, p de mmore, microesferas de vidro ou outros materiais inertes. Devem-se misturar s pastas pigmentos naturais a fim de se obter a tonalidade desejada para uma boa reintegrao.

    Reintegrao superficial com polmeros Fachadas do Teatro Apolo Recife. Fot

    ________________________________________________________________MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS

    o: Frederico Almeida

    __________________________ 34

  • __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 35

    6.3- CONSOLIDAO DE CANTARIAS Entende-se por tratamento de consolidao a impregnao de produtos que penetram na pedra, melhorando e aumentando a coeso do material alterado em seu substrato, resultando na melhor resistncia aos processos de deteriorao. A consolidao da pedra pode ser executada com produtos inorgnicos e orgnicos (polmeros). Cada uma das categorias tem suas vantagens e desvantagens: os inorgnicos so menos elsticos e mais durveis; os orgnicos so, em geral, mais elsticos e tm melhor propriedade de adeso. Os produtos consolidantes devem ter algumas propriedades fundamentais:

    - no devem formar subprodutos deteriorantes; - devem ser absorvidos uniformente pela pedra; - tero a profundidade de penetrao controlada, dependendo das

    caractersticas da pedra e do grau de fluidez do consolidante; - devem ter o coeficiente de dilatao trmica prximo do da pedra a

    ser consolidada; - se so produtos repelentes gua, no devem tornar a pedra

    totalmente impermevel; - devem manter a aparncia externa da pedra.

    A impregnao dos consolidantes feita por diversos mtodos, desde a aplicao com pincis e escovas at a pulverizao. As peas de menor porte podem ser impregnadas a vcuo, dentro de autoclaves especficas. Testes laboratoriais devem ser previamente feitos para escolher o melhor mtodo de impregnao e determinar a sua profundidade. Existem vrios consolidantes, cada um deles indicado para ser usado em determinado tipo de pedra. Por exemplo:

    CONSOLIDANTES TIPO DE ROCHA Silicato de Etila Usado em consolidao de arenitos, cermicas. Alquil-alcoxisilano Usado em consolidao de arenitos, cermicas. Mistura de silicato de etila + Alquil-alcoxisilano

    Usada em consolidao de arenitos, cermicas.

    Alquil-aril-polisiloxano Usado em alvenarias, arenitos, mrmores, calcrios. Resina acrlica Usada em consolidao de mrmores e calcrios compactos. Mistura de resina acrlica e silicone

    Usada em mrmores, calcrios e arenitos.

    Tambm como consolidante inorgnico h o hidrxido de brio ou hidrxido de clcio, que pode ser usado em pedras calcrias se as descontinuidades dos vazios no superarem 50 100m.

    6.4- PROTEO DE CANTARIAS

    A proteo de cantarias pode ser feita atravs do uso de produtos qumicos ou de uma efetiva ao externa para eliminar as fontes de degradao da pedra.

  • __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 36

    6.4.1- PROTEO SUPERFICIAL

    A proteo superficial de cantarias um procedimento recomendado toda vez que o fator de alterao da pedra agir principalmente na superfcie externa do material: poluio, condensao de umidade qumica e mecnica, ao da chuva. A proteo superficial no aconselhvel no caso de penetrao da gua na pedra por capilaridade.

    As principais propriedades dos produtos a serem utilizados como protetores so: - inrcia dos produtos utilizados; - no formao de subprodutos degradadores da pedra; - boa estabilidade qumica; - boa estabilidade contra os raios UV; - boa permeabilidade de vapores de gua; - mnima influncia nas propriedades ticas e cromticas da superfcie da pedra.

    So produtos recomendados como protetores: AGENTES PROTETORES TIPO DE ROCHA Resinas acrlicas Mrmores, materiais de baixa porosidade. Misturas de resinas acrlicas e silicones

    Todos os materiais.

    Alquil-aril-polisiloxano Todos os materiais. Para estabelecer uma proteo contra as modificaes cromticas, deve-se aditivar a soluo a ser empregada com produtos filtrantes de raios UV. Existem produtos de filtro UV especficos para cada uma das solues empregadas. Especial cuidado dever ser tomado na escolha desses produtos. A proporo do uso deles deve ser controlada, pois verifica-se que seu emprego indiscriminado reage negativamente, modificando as cores iniciais.

    6.4.2- PROTEO CONTRA UMIDADE

    Como a gua o maior agente de destruio da pedra, deve-se pensar na eliminao das fontes de umidade que porventura podero atacar as superfcies da pedra. Existem vrios mtodos de combate umidade em edifcios histricos, que podero ajudar na proteo das cantarias :

    - Barreira fsica consiste em criar uma barreira fsica nas paredes de um edifcio, de modo a eliminar a possibilidade de ascenso de umidade por capilaridade. utilizado em casos graves de problemas de contaminao com sais solveis por capilaridade. Consiste no corte da alvenaria e na aplicao de resinas polister, formando barreiras fsicas ao longo da alvenaria. Para isso, deve-se cortar a alvenaria atravs de equipamento especfico, de modo a garantir a estabilidade e possibilitar a aplicao de produto impermevel que formar a barreira fsica.

  • Barreira Fsica

    umidade

    umidade

    Figura Fonte Manual de Conservao Preventiva para

    Edificaes Grupo Tarefa/ Programa Monumenta/BID

    - Controle climtico interno - consiste em controlar os agentes do ambiente interno onde est inserida a escultura de pedra, evitando, assim, problemas com condensao e poluentes do ar.

    - Vala de ventilao consiste em criar uma vala em torno da fundao, permitindo a evaporao da umidade antes da sua chegada s paredes do edifcio. Esse procedimento diminuir a quantidade de gua absorvida pela parede, reduzindo, conseqentemente, os danos ocasionados pela umidade.

    Figura Fonte Manual de Conservao Preventiva para Edificaes Grupo Tarefa/ Programa Monumenta/BID

    N.T. 1- ALVENARIA ANTIGA 2- PAREDE DA VALA EM

    CONCRETO ARMADO 3- CALHA 4- GRELHA

    ventilao

    umidade

    evaporao

    - Vala de ventilao com enchimento consiste em afastar o terreno das fundaes, criando-se uma vala com enchimento de material drenante, de modo a afastar a umidade das paredes do edifcio.

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 37

  • N.T.

    1- ALVENARIA MIDA 2- ENCHIMENTO COM

    GRANULOMETRIA DIFERENCIADA

    3- TUBULAO POROSA PARA ESCOAMENTO

    4- LENOL DGUA EXISTENTE

    Figura Fonte Manual de Conservao Preventiva para Edificaes Grupo Tarefa/ Programa Monumenta/BID

    - Protees diversas a simples aplicao de elementos protetores contra umidade em uma edificao representa uma ao de proteo. Beirais, drenos e calhas so disciplinadores de queda dgua que sempre ajudaro a afastar a ao da umidade das superfcies de cantaria.

    Figura Fonte Manual de Conservao Preventiva para Edificaes Grupo Tarefa/ Programa Monumenta/BID

    DRENO

    BEIRAL

    DRENO

    Alm das aes mencionadas, qualquer procedimento que evite ou afaste a presena de gua na edificao pode ser considerado uma ao de proteo: um simples conserto de tubulao de gua, a aplicao de calhas, drenos , impermeabilizantes e quaisquer protetores de infiltrao de gua so, sem dvida, considerados proteo contra a umidade.

    Trabalhos de conservao tm geralmente vida til limitada, portanto devero ser realizadas inspees e manutenes peridicas de todo o sistema de proteo executado.

    Falhas do sistema de proteo (proteo superficial, telhados, drenos, etc.), se detectadas a tempo, podero ser reparadas antes que uma agresso maior se desenvolva na pedra.

    Operaes de manuteno so necessrias para evitar a realizao de trabalhos de restaurao posterior, longos e mais caros.

    __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 38

  • __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 39

    GLOSSRIO

    Abrasivo Que, ou o que produz abraso (desgastamento; esfoladura; escoriao). Adeso Ato de aderir (unir; colar; grudar). Aduela Pedra talhada que compe os arcos ou abbadas. Alga Famlia de plantas da classe das criptognicas, que vivem no fundo ou na superfcie de guas salgadas

    ou doces.

    Amarrado(a) Preso com amarra. Arrecife Recife; rochedo ou srie de rochedos situados prximos costa ou a ela diretamente ligados, submersos

    ou pequena altura do nvel do mar.

    Arremate Acabamento, concluso; remate. Axialmente Relativamente a eixo. Bactria Microorganismo unicelular , que se reproduz por cissiparidade. Balano Salincia ou corpo avanado do edifcio, em relao s prumadas das colunas, pilastras, paredes, etc., de

    sustentao ; avanamento.

    Balco Sacada , geralmente com balustre, em fachadas de pisos superiores das construes, qual se tem acesso por uma janela rasgada por inteiro (aquela que se abre at o nvel do pavimento dando frente para uma sacada ou um guarda- corpo).

    Base Parte inferior de coluna, pilar, etc. Suporte de figura esculpida;pedestal. Benfeitoria Obra til realizada em propriedade, e que valoriza a obra feita em coisas mveis ou imveis com o fim de

    as conservar, melhorar ou embelezar.

    Bicarbonato de amnia

    Qualquer sal cido do cido carbnico+soluo aquosa de amonaco, incolor, bsica, com odor caracterstico, utilizada em diversos e importantes setores.

    Bocel Parte do piso de um degrau que se projeta cerca de trs centmetros alm da face do espelho. Capitel Remate de coluna, sua parte superior; geralmente esculpido. Carbonato de amnia

    Qualquer sal cido do cido carbnico+amnia.

    Cartela Superfcie lisa num piso ou num pedestal, destinada, por via de regra, a receber uma inscrio. Cercadura Moldura de portas ou janelas, pode ser de pedra, madeira ou massa.Tudo que guarnece ou orna o

    contorno de algum objeto; orla.

    Cclico(a) Que se realiza ou se repete numa certa ordem. Cimalha Elemento formado por diferentes molduras, colocado na parte superior, que termina, coroa ou remata uma

    fachada, um elemento construtivo ou uma edificao. Moldura usada para concordar o plano do teto com os das partes internas.

    Coeficiente de Poisson

    Coeficiente que avalia a rigidez do material na direo perpendicular direo de aplicao dos esforos de trao.

    Concha Qualquer objeto ou utenslio de feitio anlogo ao da concha. Consolidante Que consolida (torna slido, seguro, estvel).

    Contrao Ato ou efeito de contrair-se; encolhimento, diminuio, encurtamento. Corroso Ao ou efeito de corroer-se. Desgaste ou modificao qumica ou eletro-qumica espontnea de agentes

    do meio ambiente.

    Cristalizao Passagem de uma substncia dum estado amorfo (lquido ou gs) para o estado cristalino, ou de uma soluo para este estado. Aglomerado de cristais.

    Cunha Pea de ferro ou de madeira , em forma de diedro slido, bastante agudo, que se introduz em uma brecha, para fender pedras,madeiras,etc., para servir de calo, e para firmar ou ajustar certas coisas.

    Cunhal ngulo externo e saliente, formado por duas paredes convergentes, podendo ser de madeira, pedra ou massa .

    Demarcar Marcar os limites de; extremar; delimitar. Desfigurar Alterar a figura ou o aspecto de; adulterar. Diagonal Oblquo. Num polgono, segmento de reta que une um vrtice a outro no consecutivo. Dilatao Aumento de dimenses. Aumento de volume. Alargamento , ampliao. Dureza Qualidade ou estado de duro; rijeza. Resistncia que o mineral oferece ao esforo exercido sua

    superfcie com o fim de riscar.

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    Mdulo de elasticidade

    Mdulo de elasticidade ou de Young "E" uma constante de proporcionalidade que caracteriza cada material.

    Embasamento Base de um edifcio ou de uma construo. Base, ordinariamente simples, larga e sem ornatos, que sustenta pedestais de colunas ou de esttuas.

    Engastado Embutido; encravado; encaixado. Entremeado Intermedido;intercalado;interposto. Enxurrada Volume de gua que corre com grande fora. Eroso Ato de corroer pouco a pouco. Trabalho mecnico de desgaste realizado pelas guas correntes, e que

    tambm pode ser feito pelo vento (eroso elica), pelo movimento das geleiras e ainda pelos mares.

    Escultura Litrgica

    Escultura que tem finalidade litrgica: lavabos, pia batismal, pia de gua benta, etc.

    Esquadrejamento Ato ou efeito de esquadrejar (serrar ou cortar em esquadria) Estabilidade Propriedade geral dos sistemas mecnicos, eltricos e aerodinmicos, pela qual o sistema retorna ao

    estado de equilbrio aps sofrer uma perturbao.

    Expanso Ato de expandir-se, alargar-se, dilatar-se, ampliar-se. Fibra vegetal Qualquer fibra de origem vegetal. Fluorssilicato Qualquer sal do cido fluossilcico (lquido incolor, fumegante, solvel em gua, venenoso, corrosivo) .

    Frm. [H2SiF6].

    Fronto Espcie de empena que serve para coroar a parte central do frontispcio (fachada principal; frontaria) da igreja, quase sempre trabalhada e encimada ao meio por uma cruz.

    Funcionalidade Qualidade daquilo que atende funo, ao fim prtico. Fungicida Diz-se de, ou substncia empregada no combate aos fungos. Fungo(s) Organismos vegetais, dos quais fazem parte o cogumelo, os bolores e as orelhas-de-pau. Fuste Parte principal da coluna, entre o capitel e a base. Granulometria Proporo relativa com que partculas de diferentes dimenses entram na composio de um solo ou de

    um agregado.

    Golfinho Figura da armaria que representa este animal. Impregnao Ato ou efeito de impregnar-se (infiltrar-se em; penetrar-se em). Incrustao Ato ou efeito de encrustar-se. Depsito de matria slida , inicialmente em soluo, sobre qualquer matriz.

    Infestao Ato ou efeito de infestar (percorrer devastando; assolar; invadir; causar grandes estragos, srios danos a).

    Intercalado(a) Entremeado; interposto. Junta solta Forma de assentamento de pisos em placas de forma que os rejuntes estejam alinhados. Lacuna Falha; falta; cavidade. Lapidado(a) Talhado , polido. Lastro de navio Tudo quanto se mete no poro do navio para lhe dar estabilidade. Lavabo Pequena bacia ou chafariz com uma bica . Nas igrejas, geralmente situado na sacristia ou no corredor

    que liga esta capela-mor.

    Liquefao Ato ou efeito de liquefazer(-se), de tornar(-se) lquido. Macroscpico(a) Diz-se das observaes feitas vista desarmada. Relativo ao exame do que grande. Mourisco Da mourana (terra dos mouros). Oxidado Combinado com oxignio; enferrujado. Paliada Tapume ou cerca de paus fincados na terra para defesa de reduto. Cerca ou grade dupla, recheada de

    barro e fibras vegetais ou outros materiais, que lhe conferem estabilidade e resistncia.

    Parmetro Varivel ou constante qual, numa relao determinada ou numa questo especfica, se atribui um papel particular e distinto dadas outras variveis ou constantes.

    Patamar Piso de certa largura no comeo ou fim de uma escada . Ptreo De pedra; petroso.Com aparncia ou resistncia de pedra. Pia de gua benta Vaso de pedra, com gua benta. Pia de Batismo Grande vaso de pedra onde se verte a gua utilizada no batismo. Porosidade Qualidade de poroso (que tem poros , pequenos orifcios de passagem).

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    Portada Grande porta, enquadrada por composio ornamental. Exemplo:Portada da Igreja do Carmo , Ouro Preto, atribuda ao Aleijadinho.

    Portante Que porta ou leva. Precipitao pluviomtrica

    ndice que mede a queda de chuvas em uma determinada regio.

    Prisma retangular Poliedro em que duas faces so polgonos paralelos e cngruos, e as outras so paralelogramos.Utilizado para dispersar, refratar e ou refletir luz.

    Prtese Substituto ou sucedneo duma parte perdida. Pulverizao Ato de pulverizar . Radiao Qualquer dos processos fsicos de emisso e propagao de energia, seja por intermdio de fenmenos

    ondulatrios, seja por meio de partculas dotadas de energia cintica.

    Rejunto (Rejuntamento)Camada fina de argamassa especial, prpria para formar as juntas das pedras nas paredes de obras.

    Ressaltados(as) Relevados; destacados. Retrao Ato ou efeito de retrair-se. Contrao permanente de um concreto ou de uma argamassa, que se verifica

    durante o seu endurecimento.

    Rigidez Qualidade de rgido (que no flexvel, rijo, resistente). Rugoso(a) Que tem rugas; enrugado, spero. Ruptura Ato ou efeito de romper-se; rompimento. Salinidade Qualidade de salino.Teor de substncias salinas em um lquido. Sazonal Prprio de, ou que se verifica em uma sazo ou estao. Soco Base quadrangular de um pedestal ou de algum outro elemento arquitetnico. Solidificao Passagem direta do estado lquido ao estado slido. Substrato O que constitui a parte essencial; base; fundamento; essncia. Sujidade Qualidade ou estado de sujo. Taa de Plpito Bacia ou tanque de chafariz em forma de clice. Tardoz Face fosca da cantaria que fica para o interior da parede. Trabalhabilidade Propriedade que apresenta um material de ser facilmente preparado e aplicado em obras. Umidade absoluta Qualidade ou estado de mido ou ligeiramente molhado. UV Raio ultravioleta (radiao eletromagntica de comprimento de onda situado, aproximadamente, entre 40

    e 4000A).

    Vaporizao Ato ou efeito de vaporizar (converter em vapor). Voluta Ornato moldado em forma de espiral, em trabalho de talha ou escultura em pedra, bastante usado na

    ornamentao externa e interna das igrejas mineiras do sculo XVIII.

  • __________________________________________________________________________________________ MANUAL DE CONSERVAO DE CANTARIAS 42

    BIBLIOGRAFIA Barroco mineiro. Glossrio de arquitetura e ornamentao. CALDAS, Zildo Sena. Conservao e restaurao de monumentos histricos. SEPLAN-PR, IPHAN, FUNDARPE. CANEVA, Giulia et alii. Biology in the conservation of works of art. Rome, ICCROM, 1991. CARVALHO, Ayrton et alii. Arquitetura religiosa. FAUUSP, MEC IPHAN, 1978. CHAROLA, A. E. (ICCROM, Roma) & LAZARINI, Lorenzo. (Laboratorio Scientifico della Misericordia, Venezia). The statues of Easter Island: deterioration and conservation problems. IDEAS (investigations into devices against environmental attack on stones). A German-Brasilian project. Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais/CETEC, 1988. JOKILEHTO, JUKKA. Conservation ethics: the seven lamps. Lecture delivered at Edinburgh. 24 march, 1994. LEAL, Fernando Machado. Restaurao e conservao de monumentos brasileiros. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 1977. Manual de conservao preventiva para edificaes. Grupo Tarefa/Programa Monumenta BID. NORMAL COMISSION. Italian National Research Council / Ministry of the Environment and Cultural Heritage, 1977. OTT, Carlos et alii. Arquitetura oficial II. FAUUSP, MEC-IPHAN, 1978. SEGURADO, Joo Emlio dos Santos. Acabamentos das construes. 2ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves. SEGURADO, Joo Emlio dos Santos. Materiais de construo. 4ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves. SILVA, Eliane Azevedo e et alii. Manual do morador de Olinda. Olinda, Fundao Centro de Preservao dos Stios Histricos de Olinda, 1992. TABASSO, Laurenzi M. Conservation treatments of stone. From: The deterioration and conservation of stone, studies and documents on the cultural heritage, vol 16, UNESCO, 1987. TORRACA, Giorgio. Porous building materials. 3ed. Rome, ICCROM, 1988. VASCONCELLOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil: sistemas construtivos. 5ed. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1979.

  • Presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva Ministro da Cultura Gilberto Passos Gil Moreira Presidente do IPHAN Antnio Augusto Arantes Neto Coordenador Nacional do Programa Monumenta Luiz Fernado de Almeida Coordenao do Manual Sylvia Maria Nlo Braga Consultora - Especialista em Patrimnio Histrico COORDENAO E TEXTO DO MANUAL Frederico Faria Neves Almeida Engenheiro Civil 5 SR/IPHAN/MinC COLABORADORES Fernanda Buarque de Gusmo Silvia Katz REVISO DE TEXTO Rosngela Valle Almeida AGRADECIMENTOS Roberto de Hollanda Cavalcanti Sylvia Braga Snia Coutinho Calheiros Silvia Puccioni

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    MOBILIRIO E EQUIPAMENTOS URBANOS- Carga - As estruturas autnomas de pedra (colunas, pilaresTIPO DE ROCHAResinas acrlicas

    BIBLIOGRAFIA