Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria...

107

Transcript of Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria...

Page 1: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão
Page 2: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão
Page 3: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

3

ÍNDICE

PREFÁCIO ...................................................................................... 7

APRESENTAÇÃO................................................................................ 9

1.0 AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE LOCAIS ..................................................... 11

1.1 Regime Hídrico............................................................................. 11

1.2 Seleção de solos adequados ............................................................... 13

1.3 Monitoramento quali–quantitativo da água e do solo......................................... 161.3.1 Água ................................................................................................ 161.3.2 Solo ................................................................................................. 18

1.4 Aspectos locais................................................................................19

1.5 Tanques–rede .................................................................................21

2.0 CONSTRUÇÃO DO EMPREENDIMENTO .................................................. 26

2.1 Aqüicultura e o meio ambiente ................................................................26

2.2 Métodos de redução da erosão, percolação e infiltração .....................................28

2.3 Métodos de redução da erosão ...............................................................292.3.1 Vegetação ......................................................................................... 292.3.2 Terraços e curva de nível ...................................................................... 30

2.4 Destinação correta dos resíduos do cultivo ...................................................31

2.5 Métodos de tratamento de efluentes ..........................................................31

2.6 Sinalização adequada do empreendimento...................................................33

2.7 Utilização de materiais resistentes e atóxicos.................................................35

2.8 Locação dos tanques-rede ....................................................................36

3.0 CONTROLE DE FUGAS ......................................................................38

3.1 Mecanismos de controle de fugas ............................................................38

3.2 Conseqüências para o meio ambiente e para a produção....................................39

Page 4: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

4

4.0 ALIMENTOS E PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO..............................................41

4.1 Hábito alimentar ...............................................................................41

4.2 Alimentação adequada para as fases de cultivo ..............................................44

4.3 Crescimento e terminação ....................................................................47

4.4 Rações balanceadas ..........................................................................49

4.5 Manejo alimentar ..............................................................................57

4.6 Armazenamento de rações....................................................................58

4.7 Quantidade de resíduos e a qualidade da água ..............................................59

5.0 BIOSSEGURANÇA ........................................................................ 61

5.1 Sistema sanitário preventivo ..................................................................61

5.2 Densidades e suas relações com a sanidade.................................................63

5.3 Identificação do agente etiológico.............................................................64

5.4 Destino dos animais mortos ...................................................................67

5.5 Aquisição de alevinos .........................................................................67

5.6 Transporte .....................................................................................68

5.7 Legislação para transporte de animais........................................................70

6.0 TÉCNICAS MANEJO....................................................................... 75

6.1 Densidade de povoamento....................................................................75

6.2 Qualidade de água ............................................................................76

6.3 Uso de aeração ...............................................................................85

6.4 Calagem e Adubação .........................................................................866.4.1 Calagem ........................................................................................... 866.4.2 Adubação ......................................................................................... 87

6.5 Controle de fósforo e avaliação da capacidade suporte do ambiente ........................88

7.0 DIREITOS E SEGURANÇA DE OUTROS USUÁRIOS DOS RECURSOS HÍDRICOS ........ 91

Page 5: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

5

7.1 Responsabilidade pelo uso dos recursos hídricos ............................................91

7.2 Manutenção e organização do empreendimento visando redução dos impactos visuais e

sonoros ............................................................................................92

7.3 Divulgação dos resultados de preservação gerados pelo empreendimento..................93

7.4 Regularização do empreendimento junto aos órgãos competentes ..........................94

8.0 EMPREGADOS ............................................................................ 96

8.1 Priorizar a contratação de funcionários locais como promoção de responsabilidade social..96

8.2 Condições de trabalho e desenvolvimento....................................................96

8.3 Capacitação e nivelamento funcional .........................................................97

8.4 Segurança e bem estar funcional .............................................................98

9.0 LEGISLAÇÃO.............................................................................. 99

9.1 Enquadramento de projetos de aqüicultura na legislação ambiental .........................99

9.2 Licenciamento ambiental ....................................................................100

9.3 Roteiro de procedimentos para obtenção de licenciamento em aqüicultura................1029.3.1 Instalação de piscicultura em tanques escavad os ..................................... 1029.3.2 Instalação de piscicultura em tanques-rede ............................................. 103

10.0 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ......................................................... 104

Page 6: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

6

Page 7: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

7

PREFÁCIO

Esta obra Boas Práticas de Manejo em Aqüiculturafoi elaborado para dar suporte ao sub-programa detreinamento de produtores rurais e pescadores da baciado Paraná III, dentro de um projeto maior e que pretendecontribuir com o desenvolvimento da aqüicultura emviveiros escavados e em tanques-rede instalados noreservatório de Itaipu.

Este trabalho se constitui na sistematização ecompilação de diversas informações e obras técnicas. Nãopretende esgotar o assunto, mas ser um instrumento quepossibilite a análise, reflexão e discussão dos problemastécnicos organizacionais e legais que envolvem aatividade, que possui um grande potencial de crescimentona região e que pode auxiliar no desenvolvimentoregional, com a geração de emprego e renda aos setoresda agropecuária e da pesca extrativa, que por muitos anosforam relegados a um segundo plano nas prioridades dopoder público e também do mercado.

Page 8: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

8

Page 9: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

APRESENTAÇÃO

Com grande potencial hídrico o Brasil possui aresponsabilidade e fazer com que suas águas sejam uma ferramenta democrática de desenvolvimento, sendouma delas o aproveitamento dos reservatórios para ocultivo de peixes. Os mais de 1.350.000 hectares de áreaalagada pela barragem poderão gerar, além de energia elétrica, alimento e oportunidade de emprego e renda pormeio do cultivo de peixes.

O objetivo de Itaipu e parceiros, no entanto, éocupar com produção todas as áreas onde o cultivo for social, econômico e ambientalmente sustentável.Possuímos comprovada excelência em produção deenergia através da utilização das águas, tendo na usinade Itaipu o maior e melhor exemplo disso. No intuito de extrapolar essa excelência às outras questões de direta responsabilidade sócioambiental, é que a ItaipuBinacional vem trabalhando em projetos de aqüicultura epesca.

Para se ter sustentabilidade é preciso respeitaralgumas práticas, e esse é o objetivo desta publicação. Fizemos aqui um apanhado de princípios que regem as boas práticas na aqüicultura.Respeitando a aplicação desses princípios, poderemosobter ganhos ambientais, sociais e econômicos, alicercesde um futuro sustentável.

Page 10: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

10

Page 11: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

11

1.0 AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE LOCAIS

A seleção dos locais para instalação dosempreendimentos aquícolas deve levar em consideraçãouma série de aspectos relacionados ao relevo, ao tipo desolo, à disponibilidade de água e localização e locaçãodos viveiros e tanques.

1.1 Regime Hídrico

Entende-se como regime hídrico a disponibilidadede água para o cultivo ao longo do ciclo e ao longo doano, para que se possa proporcionar um mínimo derenovação de água, permitindo a diluição dos metabólitosgerados pelos organismos aquáticos. Esta disponibilidadedepende da forma da bacia hidrográfica e onde seráinstalada a atividade aquícola. Entende-se como baciahidrográfica a unidade do espaço físico que age como umreservatório de água e sedimentos, defluindo-os em umaseção fluvial única, por onde passa o canal do rio. Osdivisores de água são as cristas das elevações do terrenoque separam a drenagem da precipitação entre duasbacias adjacentes (Figura 1). A rede de drenagem de umabacia hidrográfica é formada pelo rio principal e pelos seusafluentes, constituindo-se em um sistema de transporte de

Page 12: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

12

água e sedimentos, enquanto a sua área de drenagem édada pela superfície da projeção vertical da linha fechada.

A

formação da bacia hidrográfica dá-se através dosdesníveis dos terrenos que direcionam os cursos da água,sempre das áreas mais altas para as mais baixas. E éessa tendência que a água tem em seguir umadeterminada orientação dada pelo relevo e pelo efeito dagravidade que pode ser chamada de bacia hidrográfica.Para a instalação de um empreendimento aquícola não sedeve barrar o rio, mas sim derivar a água em um ponto ecanalizá-lo para a área selecionada para a construção dostanques. No local da captação da água deve ser instaladoum sistema de filtros mecânicos, para evitar a entrada de

Figura 1. Esquema de uma Bacia Hidrográfica.

Page 13: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

13

organismos aquáticos predadores e também de materialcomo sedimentos, folhas e plantas que possam causarproblemas como o entupimento do canal ou turvação daágua dos viveiros. A legislação permite a utilização de nomáximo 20% do volume de um curso d´água paraobtenção de outorga. Caso seja utilizado um volume maioré necessária a realização de um estudo de impactoambiental prévio.

1.2 Seleção de solos adequados

A seleção dos locais para instalação dos viveirosdeve ser criteriosa, levando em conta os aspectos delocalização e disposição dos tanques, otimizando o uso daárea e permitindo que cada viveiro possua abastecimento

Page 14: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

14

individual. Para tanto é muito importante observar ascaracterísticas do solo, o qual é resultante basicamente dadesagregação de rochas e da decomposição de restosvegetais e animais (Figura 2). Para a aqüicultura, o soloassume enorme importância, pois é responsável pelascaracterísticas químicas da água.

Genericamente o solo é composto quimicamentede: 45% de elementos minerais; 25% de ar; 25% de águae 5% de matéria orgânica. O solo pode ser constituído devárias partículas de diversas características e origensdiferentes e isso é muito importante na hora de seconstruir um viveiro (Figura 3). Entre os principais tipos desolos encontrados nas áreas destinadas aosempreendimentos aquícolas, destacam-se os seguintes:

Page 15: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

15

Solos cascalhados e arenosos: são compostos departículas predominantemente maiores, dificultando aretenção de água, porém facilitando a circulação do ar,sendo que a água nestes solos tende a se encaminharpara regiões mais profundas, aumentando a perda deágua por infiltração.

Solos silte-argilosos: formados por partículas maisfinas, apresentando maior capacidade de reter água, masem compensação dificultam a retenção e presença do arentre as partículas. Solos com presença de materiaiscoloidais orgânicos e alguns minerais, apresentam grandecapacidade de formar agregados ou grumos, cimentando-se entre si.

Solos turfosos: estes solos contêm cerca de 20%de carbono orgânico, sendo assim caracterizados pelapredominância de um material orgânico fibroso-turfa, nasuperfície, pelo forte odor de mofo e cor escura,ocupando, de início, mais de 50% da primeira camadavertical de 80 cm.

Quanto à permeabilidade, solos argilosos e silicos-argilosos são os mais indicados. Os arenosos e turfosossão permeáveis, não sendo indicados para a piscicultura,pois revestir os viveiros com lonas pode inviabilizar oempreendimento. Com relação à composição química,solos ricos em fósforo e calcário são ótimos, porém, a

Page 16: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

16

deficiência desses elementos pode ser corrigida atravésde calagem e adubação.

Antes de iniciar a construção dos viveiros, éaconselhável que um técnico habilitado faça um projetotécnico, no qual seja realizada uma tradagem no local ecoleta de material para analisar a composição física dosolo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ounão acúmulo de material sedimentado transportado pelaerosão causada em áreas agriculturáveis, pois a erosãopode transportar material e formar camadas que dificultama construção dos viveiros.

1.3 Monitoramento quali–quantitativo da água e dosolo

1.3.1 Água

A quantidade e a qualidade da água são muitoimportantes para o aqüicultor decidir qual espécie a sercriada e o modelo de cultivo a ser adotado.

Quantidade: é importante para que em períodos deestiagem prolongada, os viveiros mantenham aquantidade mínima de água, particularmente em regiõesonde ocorre grande perda de água por evaporação e/ouinfiltração, evitando assim surpresas com viveiros secos(Figura 4), ou com falta de oxigênio. O decréscimo de 2,5cm/dia de lâmina da água pode ser compensado com umaentrada média de 31L/seg.ha. para a piscicultura semi-

Page 17: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

17

intensiva. Por outro lado, a renovação excessivadetermina diminuição de fertilidade da água (adubos) eprodução natural de alimento.

Qualidade: o acompanhamento da qualidade daágua se faz necessário, não só para evitar surpresasdesagradáveis, como o estresse e a morte dosorganismos criados, mas também visando um adequadomanejo do sistema de criação, desde a melhor utilizaçãoda própria água, o controle da alimentação e docomportamento dos organismos. A água possuipropriedades físicas e químicas que são muito importantesna criação de organismos aquáticos e devem ser mantidasdentro dos limites tolerados para cada espécie. Osparâmetros mais importantes são: temperatura, oxigêniodissolvido, pH, condutividade, alcalinidade, amônia, nitrito

Figura 4. Viveiro seco por falta de água

Page 18: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

18

e transparência. O controle diário ou semanal dosparâmetros físico-químicos da água pode ser realizadoatravés de aparelhos eletrônicos ou kits de análise deágua.

1.3.2 Solo

As propriedades físicas do solo de maiorimportância para a aqüicultura são a textura, apermeabilidade e a resistência do solo.

Textura do solo: A textura do solo refere-se àsproporções relativas de partículas de diversos tamanhosexistentes na sua composição. A importância do seuconhecimento é para melhor entendimento sobre a maiorou menor dificuldade com que a água se movimenta emseu interior. Muitas das reações químicas e físicas queocorrem nos solos dependem do tamanho das partículas,já que nos de granulação mais fina é maior a área decontato do mesmo com a água e substâncias nelasdissolvidas. A determinação da textura do solo é feitaatravés de análise granulométrica, realizada mediantepeneiramento.

Permeabilidade do solo: A permeabilidade é apropriedade que o solo apresenta de permitir oescoamento da água ou ar através dele.

Resistência do solo: Como o solo deforma-sesobre ação de cargas, os esforços produzidos pelo peso

Page 19: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

19

de uma obra devem ser avaliados, no sentido dedimensionar a sua fundação. Nesse aspecto, chama-seresistência útil o limite de carga (peso) que umdeterminado tipo de solo suporta sem que o terrenocomprometa a segurança e estabilidade da obra.

1.4 Aspectos locais

Um empreendimento de aqüicultura exige viveirosde qualidade em lugares apropriados para a atividade emuitos aspectos devem ser considerados, tais como:

Obtenção de água; águas de rios, riachos e dereservatórios, geralmente são boas fontes para apiscicultura, contanto que não sejam poluídas com dejetosindustriais e/ou inseticidas ou metais pesados. Águas denascentes podem ser utilizadas desde que soframaeração. O uso de águas subterrâneas geralmente implicaem custos elevados para sua extração e abastecimentocontínuo.

Mão-de-obra; é muito importante o treinamento damão-de-obra para o trabalho em cultivos aquícolas, poisesta é uma atividade que exige muita dedicação eobservação do comportamento dos viveiros e dosorganismos cultivados, as quais o homem do campo aindanão está acostumado.

Condições climatológicas: a temperatura local esuas variações irão influenciar na escolha das espécies

Page 20: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

20

para a criação, assim como a variação do volume d’águaao longo do período do cultivo. O tempo nublado ouchuvoso prejudica a produção primária através dafotossíntese, concorrendo para uma diminuição do nívelde oxigênio dissolvido.

Localização; o local de criação próximo ao centrocomercial diminui o custo de transporte de um modo geral,facilita a obtenção de ração, adubos e demais insumos,além de oferecer melhor opção de mercado.

Acesso viário: a localização dos viveiros dentro dapropriedade rural deve permitir um fácil acesso deveículos, tanto para transporte de rações como do produtoda despesca, principalmente permitindo o escoamento daprodução em períodos chuvosos.

Facilidade de obtenção de energia elétrica;principalmente em cultivos intensivos, é importante ter adisponibilidade de uma rede de energia elétrica próximaaos viveiros, para facilitar a instalação de aeradores e/oubombas d´água para uso normal ou de emergência. Ailuminação da área dos viveiros facilita o manejo e dificultao furto, além de contribuir em atividades emergenciais.Também o uso da energia elétrica pode auxiliar nainstalação de alimentadores automáticos, os quaisdiminuem o uso intensivo da mão-de-obra, mas exigemque esta seja mais qualificada.

Page 21: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

21

1.5 Tanques–rede

O cultivo em tanques-rede ou gaiolas (Figura 5)otimizam os recursos hídricos não apropriados para aaqüiculturaconvencional.Este tipo decultivo,relativamentenovo naaqüiculturabrasileira tempor objetivomaximizar aprodução porunidade deárea e tempo, empregando-se a alimentação artificial,manejo intensivo, planejamento da produção, associado amelhoria da qualidade do pescado produzido.

O sistema de produção em tanques-rede é maisintensivo que o cultivo em viveiros escavados. Nestesistema há total dependência de ração como alimento,pois a contribuição do alimento natural é quase nula parao crescimento e engorda dos peixes, e os custos com asdietas completas contribuem com mais de 70% dos custos

Figura 5. Tanque-rede

Page 22: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

22

totais de produção. Para o cultivo em tanques-rede, ondea densidade por área utilizada é alta, é necessária umaelevada renovação de água. Portanto, a produtividade dostanques-rede sofre influências do tamanho do mesmo,formato, tamanho da malha e disposição dos tanques-redeem relação a correnteza, taxa de renovação de água,qualidade da água interna e externa ao tanque-rede e daqualidade do alimento fornecido, bem como da qualidadedos animais estocados.

O sistema de criação em tanques-rede deve serconsiderado uma alternativa comercial onde o cultivo emviveiros escavados não é viável, ou visando a utilizaçãodas águas públicas, ou seja, áreas alagadas comoreservatórios de hidrelétricas e lagoas naturais. Comoocorre em outros sistemas de produção, existemvantagens e desvantagens que devem ser levadas emconsideração e cuidadosamente analisadas antes daescolha dos métodos de produção.

Vantagens do sistema de cultivo em tanques-rede:• vários recursos hídricos podem ser utilizados,

incluindo lagos, reservatórios, canais de rios,riachos, que de outra maneira não poderiam serdespescados;

• contribuir para reduzir a pressão sobre os recursosda terra;

• o investimento inicial é relativamente baixo;

Page 23: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

23

• possibilidade de combinar o cultivo de váriasespécies;

• independência de tratamentos e exploração;

• facilidade de controle de competidores epredadores;

• a depuração dos peixes é mais eficiente;

• a colheita é simplificada;

• as observações e amostragens de peixes são feitasfacilmente (exemplo detecção de enfermidades);

• Desvantagens do sistema de cultivo em tanques-rede:

• amortização dos investimentos poderá ser pequena;

• aumento nos custos com mão-de-obra maisespecializada;

• a ração deve ser de alta qualidade enutricionalmente completa;

• alto consumo de oxigênio devido a grande taxa deestocagem;

• difícil em zonas desprotegidas de ventos fortes;• a incidência de doenças pode ser alta e pode

disseminar rapidamente;• o controle de doenças é muito difícil;

• vandalismo, predação e roubos são problemaspotenciais.

Page 24: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

24

O tanque-rede ou gaiola é formada pelasestruturas de sustentação, flutuação e fixação (Figura 6).Os materiais a serem utilizados na confecção são os maisvariáveis possíveis, podendo-se utilizar materiais dopróprio local ou não. Quanto às paredes da gaiola, podemser de rede de pesca, tela com arame galvanizadorecoberta com material plástico, aço inox entre outros.

Quanto aos formatos, podem ser quadrados, retangularesou cilíndricos, com o objetivo de confinamento de peixes ecrustáceos, proporcionando melhor manejo e condição deproteção contra competidores e predadores.

Quanto ao custo de construção, devemos observarque, além da escolha do material outro ponto queinfluencia é o tamanho do tanque. Quanto maior otamanho, mais barato será a unidade de volume, porém, amédia de produção por metro cúbico diminui por diminuir ataxa de renovação de água e consequentemente a

Figura 6. Tanques-rede instalados para o cultivo

Page 25: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

25

densidade de estocagem por metro cúbico. Mas deve-sedar preferência amultiplicidade de tanquesem vez de adquirir umtanque muito grande, pois omanejo se tornará maisdifícil. Os tanques-redesatualmente comercializadose que também são os maisutilizados, tem em média de4 a 6 metros cúbicos. Emboas condições dequalidade de água podemser utilizados de 50 a 250kg de peixe por metrocúbico, dependendo daespécie.

Os tanques devemser fixados, evitando-seuma excessiva movimentação, principalmente em locaiscom influência de ventos. A fixação pode ser feita atravésde poitas (Figura 7) ou por fixação nas margens.

Figura 7. Poitas de concretoutilizadas para fixação dos

tanques

Page 26: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

26

2.0 CONSTRUÇÃO DO EMPREENDIMENTO

2.1 Aqüicultura e o meio ambiente

A aqüicultura depende fundamentalmente dosecossistemas nos quais está inserida. É difícil produzirsem provocar alterações ambientais. No entanto, pode sereduzir o impacto sobre o meio ambiente a um mínimo, demodo que não haja redução da biodiversidade,esgotamento ou comprometimento negativo de qualquerrecurso natural e alterações significativas na estrutura efuncionamento dos ecossistemas. Esta é uma parte doprocesso produtivo. Não pode desenvolver tecnologiavisando aumentar a produtividade sem avaliar os impactosambientais produzidos.

Os impactos ambientais podem ocorrer durante afase de implantação de um sistema de cultivo e durante asua operação. Tomando como exemplo os viveirosescavados, muito usados para o cultivo de peixes, temosque os principais impactos ambientais durante a fase deinstalação do empreendimento são:• remoção da cobertura vegetal no local de construção dosviveiros;• remoção de mata ciliar para captação de água;• erosão com o carregamento de sedimento para cursosd’água naturais.

Page 27: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

27

Os principais impactos ambientais causadosdurante a fase de operação dos cultivos são:• liberação de efluentes ricos em nutrientes(principalmente N e P), causando poluição dos cursosd’água;• liberação de efluentes ricos em matéria orgânica esólidos em suspensão, aumentando a turbidez em corposd’água naturais;• introdução de espécies exóticas e doenças no ambiente;• introdução de substâncias tóxicas e drogas bio-acumulativas no ambiente.

A sustentabilidade ambiental dos sistemas deprodução pode ser melhorada por meio da implantaçãodas boas práticas de manejo.

Considerando o exemplo do cultivo em viveirosescavados, temos que as principais práticas para reduzir oimpacto ambiental são:• construção de viveiros em áreas previamentedegradadas;• construção dos viveiros durante a estação seca;• redução na taxa de renovação de água ao mínimoindispensável;• uso de ração balanceada, fornecida de forma controladapara evitar sobras;• controle rigoroso no programa de adubação dos viveirospara evitar excesso de fertilizantes;

Page 28: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

28

• povoamento dos viveiros com densidade moderada ecompatível com a capacidade de carga do ambiente;• uso dos efluentes como água de irrigação de plantações;• uso de tanques de decantação, filtros mecânicos e/ounaturais, acoplados ao sistema de escoamento;• liberação de efluentes em corpos de água corrente, comcapacidade de diluição;• priorizar a criação de espécies nativas;• uso de manejo adequado para evitar o escape deanimais para o meio ambiente (ex. colocação de telas noscanais de escoamento e cuidados na despesca);• não aplicar produtos químicos nos viveiros ou misturá-losà ração;• uso de técnicas de manejo que aumentam aprodutividade sem prejuízo ao meio ambiente;• prática do policultivo ou consórcio para aproveitar melhoros alimentos naturais disponíveis.

2.2 Métodos de redução da erosão, percolação einfiltração

As águas da chuva quando arrastam o solo, sejaele rico de nutrientes ou de materiais orgânicos, provocamo enchimento dos leitos dos rios e lagos com essesmateriais. Esse fenômeno de enchimento se chamaassoreamento. A erosão depende fundamentalmente daintensidade da chuva, da infiltração da água, da topografia

Page 29: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

29

do terreno, do tipode solo e daquantidade devegetaçãoexistente, sendo aprincipal causapara que ocorra aerosão. A erosãopode formar asvoçorocas (Figura8), que sãoverdadeirascrateras criadas pelo escoamento intenso da chuva queatinge os lençóis freáticos. Estas voçorocas podem atingirmais de 8 metros de profundidade.

2.3 Métodos de redução da erosão :

2.3.1 Vegetação

A vegetação (Figura 9) é muito importante, poisprotege o solo do impacto direto da chuva, e tambémdiminui a erosão, pois as raízes proporcionam sustentaçãomecânica ao solo, mesmo as raízes mortas propiciarãocanais para dentro do solo, onde a água pode penetrar ecom isso sobrar menos água para correr na superfície.

Figura 8. Formação de voçorocas causadaspela erosão

Page 30: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

30

2.3.2 Terraços ecurva de nível

Osterraços sãoconstruídos com oacúmulo de terra,evitando que aágua provenientedas chuvasescorra pela superfície do solo, provocando erosão.Atualmente com a implantação do sistema de plantiodireto e mecanização dos terrenos, utiliza-se muito osterraços denominados bases largas, que são estruturascom o mesmo princípio, porém, que permitem o cultivocom máquinas sobre si. É importante lembrar que estesistema funciona, mas o terreno em questão deve tercobertura com matéria orgânica para ajudar a infiltraçãoda água das chuvas.

Máquinas pesadas, como tratores, funcionamcomo agentes causadores da compactação do solo.Dependendo da forma do sistema radicular da vegetaçãopoderemos ter uma menor ou maior infiltração de água atéas camadas mais profundas do solo.

Figura 9. Vegetação às margens do rio

Page 31: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

31

2.4 Destinação correta dos resíduos do cultivo

O material orgânico proveniente da adição defertilizantes, excreção dos peixes e restos de ração nãoconsumidos pelos peixes, ficam depositados fundo dostanques. Por sua vez, os metabólitos e os compostosnitrogenados e fosfatados encontram-se diluídos no meio.Os nutrientes derivados da ração não consumida, dosfertilizantes e dos produtos metabólicos dos peixesestimulam o desenvolvimento de algas. Nos sistemasonde se adota a circulação intermitente, estes produtosencontram-se no efluente, o qual é, geralmente, dispostoem um corpo receptor sem nenhum tipo de tratamento.

O maior problema com a qualidade do efluenteproduzido está relacionado com a despesca dos animais.Com a diminuição no nível de água e posterior secagemtotal do tanque, os resíduos e matéria orgânica sãolançados nos rios, levando a poluição do meio. Em locaisonde se usam substâncias químicas no controle deparasitas e doenças os prejuízos poderão ser aindamaiores, com a contaminação dos corpos da água.

2.5 Métodos de tratamento de efluentes

Os métodos de tratamento de efluentes sãonecessários, visando minimizar impactos ambientais

Page 32: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

32

causados pelo cultivo de organismos aquáticos nosviveiros. Entre estes métodos podemos destacar:

Lagoas de decantação: este método visa reter aágua dos viveiros despescados, uma vez que os resíduossólidos se depositam no fundo e após alguns dias, libera-se a água, minimizando o impacto ambiental. Para tanto énecessário observar um tamanho mínimo de lagoa quepossa armazenar o volume de água gerado na despesca.

Macrófitas: o uso de macrófitas (aguapés) emcanais ou em tanques pode ser uma alternativa, pois estasplantas retiram do ambiente o fósforo e nitrogênio, quesão os poluidores potencias para os ambientes aquáticos.No entanto, o uso de macrófitas em viveiros deve sercontrolado, pois o excesso (Figura 10) impede a entradade luz no viveiro, diminuindo a produção de alimentonatural e oxigênio aos peixes, com conseqüente

Figura 10. Macrófitas aquáticas em viveiro

Page 33: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

33

mortalidade dos animais. Um dos maiores problemas é odestino das plantas. Podem ser usadas como adubosdevido a sua grande quantidade de biomassa adquiridaem pouco intervalo de tempo e podem ainda ser usadascomo fonte de energia (calor). Conforme a água fluiatravés do substrato, as macrófitas agem como umabarreira à manutenção do seu curso, diminuindo avelocidade de avanço, fazendo com que sedimentos epoluentes precipitem ocorrendo a absorção dos nutrientes,principalmente o nitrogênio e o fósforo.

Filtro biológico: este sistema permite asobrevivência e o desenvolvimento de algumas bactériasaeróbias capazes de reduzir substâncias como onitrogênio que é tóxico aos peixes. As bactériasanaeróbias se desenvolvem, pois o ar circula entre omaterial fornecendo oxigênio às bactérias.

2.6 Sinalização adequada do empreendimento

Para a instalação do empreendimento aquícola emáguas públicas, no sistema de cultivo em tanques-redesem lagos ou reservatórios, que são considerados locaisabertos, ou seja, navegáveis, devem ser instaladassinalizações com bóias (Figura 11) ou outras formasdeterminadas pelos órgãos competentes, como a Marinha,a fim de evitar acidentes e facilitar a navegação.

Page 34: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

34

A instalação dos tanques deve ser em local depouca navegação, ou seja, em um braço do lago, evitandoassim problemas com a fiscalização. Locais muitonavegáveis podem trazer outras formas de prejuízo, pois oexcesso de barulho causa estresse nos animais,resultando em prejuízo no desempenho dos mesmos. Emtodos os empreendimentos de tanques-rede, sejam elesem braços pouco navegáveis ou e’m locais navegáveis, asinalização deve estar prevista no processo delicenciamento ambiental.

Figura 11. Sinalização dos tanques-redes

Page 35: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

35

2.7 Utilização de materiais resistentes e atóxicos

Os materiais utilizados na construção dos tanques-rede devem ser resistentes e não deixar resíduos noambiente aquático. Para a construção de tanques-redesão utilizadas telas de multifilamento, telas plásticasrígidas, telas metálicas rígidas e/ou com revestimento deplástico, podendo ser rígida ou sanfonada. Os tanques,ainda, necessitam de materiais de sustentação, quepodem ser estruturas rígidas como madeira, bambu, tubosmetálicos ou tubos de PVC entre outros. A vida útil destesmateriais na água é variável e deve ser levada emconsideração para a escolha do material, baseado numcálculo de viabilidade econômica. No caso dos tanques-rede serem fixados por poitas, devem ser utilizadas bóiaspara manter o tanque na superfície, podendo a bóia serconstituída de galões plásticos ou outros materiais quetenham resistência a ação do tempo.

Em tanques escavados, a construção também nãopode deixar resíduos na água. Na construção de mongespara escoamento da água e outras estruturas deve serutilizada argamassa. Recomenda-se realizar uma troca deágua, ou seja, encher e posteriormente esvaziar ostanques antes da primeira estocagem de animais.

Page 36: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

36

2.8 Locação dos tanques-rede

O correto posicionamento dos tanques-redes noambiente é muito importante, pois a sua localização éafetada pela correnteza da água, profundidade, ação deventos e ondas, sendo que estes fatores podem afetar omanejo do dia a dia. Sua localização influencia naproteção contra roubos, vandalismos e navegação. Adistância entre os tanques (Figura 12) é muito importantepara facilitar a renovação de água. Outro fator que tem

grande influência é a profundidade do local de instalação,pois em locais muito profundos, pode ocorrer inversão dascamadas de eutrofização e temperatura da água,prejudicando o cultivo. Em locais muito rasos, por sua vez,

Figura 12. Distanciamento dos tanques-rede

Page 37: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

37

pode ocorrer acúmulo de sedimentos que certamenteafetarão a qualidade da água. Em unidades instaladas emreservatórios de hidroelétricas devemos considerar avariação histórica no nível de água do reservatório.

Os tanques devem ser dispostos de tal forma quea água de um tanque não passe por outros tanques, poispode prejudicar o desempenho dos animais. Tanquesencostados uns aos outros prejudicam a qualidade daágua e dificultam o manejo, reduzindo a produtividadefinal. Recomenda-se uma distância mínima de 2 a 3 vezeso tamanho do próprio tanque, entre linhas, para facilitar acirculação de água e também o manejo.

Page 38: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

38

3.0 CONTROLE DE FUGAS

Como o sistema de cultivo em tanques-rede égeralmente explorado de forma intensiva, é importante ocontrole de fugas dos peixes, para evitar prejuízoseconômicos e ambientais. Em algumas regiões do país,como no nordeste e sudeste, também ocorre o cultivo deespécies exóticas com alto valor de mercado e facilidadede comercialização, como a tilápia do Nilo. Neste caso éfundamental o controle de fugas, para evitar impactosambientais e transtornos legais.

Os cultivos em tanques escavados também devemter mecanismos de controle de fugas para os cursosd´água, pois na maioria das vezes as espécies exploradassão exóticas e o escape de peixes durante o cultivo eprincipalmente durante a despesca, podem contribuir paraa alteração da diversidade específica dos rios e riachos,principalmente quando se tratam de espécies do topo dacadeia alimentar, como os carnívoros.

3.1 Mecanismos de controle de fugas

Os mecanismos de controle de fugas podem serinstalados na saída da água dos viveiros, em canais deágua ou então com a instalação de tanques dedecantação final antes do corpo receptor do ambiente, que

Page 39: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

39

Fluxo da água

OOO O

OOOO

O

O

OOOO

OOO O

OOOO

OOOO

OOO

OOOOOOOO

OOOOOOO OOO

OOO

OO

O

O O

O

O

OO

OO

O O

OO

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O O

OO

O O

OO

O O

O

OO

O

OO

O

O

O

O

O O

OOO

O

O

OO

OOO

O

O

O

O

OOO

O

O

O

0 0oo 000 0 0 0 00 0 0 0 oo o o0o0

0 0oo 000 0 0 0 00 0 0 0 oo o o0o0

0 0oo 000 0 0 0 00 0 0 0 oo o o0o0

0 0oo 000 0 0 0 00 0 0 0 oo o o0o0

0 0oo 000 0 0 0 00 0 0 0 oo o o0o0

OO

Areia fina

Areia grossa

Pedra brita

Figura 13. Esquema do filtro mecânico

serve também para o controle de fuga de todos os viveirosde um empreendimento aquícola.

Telas: são muito usadas por ter um baixo custo,devendo ser instaladas de forma que fique como um sacofixado na saída d’ água do cano de abastecimento ousaída.

Filtro mecânico: é a forma mais viável para evitar aentrada ou saída de organismos para o ambiente natural.Constituído a partir de camadas de pedras e areias, sendoque a água deve entrar em contato com as pedrasmaiores e depois com a areia (Figura 13), entre a entradae a saída de água deve-se ter um desnível entre os canos.

3.2 Conseqüências para o meio ambiente e para aprodução

As fugas podem ser, também: (a) resultado dainundação das áreas de cultivo de peixes, (b) pelo

Page 40: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

40

rompimento da parede dos viveiros ou de seus mongesou, ainda, (c) pela própria decisão do piscicultor oupescador desportivo de introduzir espécies novas nosmananciais aquáticos.

A introdução de peixes externos à bacia podecausar modificações nas condições ecológicas do local ealterar a reprodução, o crescimento e o desenvolvimentodas espécies nativas. Pode, ainda, introduzir doenças eparasitas afetando negativamente a estrutura original doambiente, além de possibilitar a redução da diversidadegenética das populações de peixes do ambiente.

Page 41: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

41

4.0 ALIMENTOS E PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

4.1 Hábito alimentar

Quanto ao hábito alimentar os peixes podem serplanctívoros, herbívoros, carnívoros, onívoros, detritívorose iliófagos, de acordo com a sua dieta:

Planctívoros: São assim denominados os peixesque se alimentam predominantemente de plâncton,podendo ser divididos em seletores, filtradores passivos efiltradores ativos. Pertence a este grupo a Hypophthalmusedentatus, mais conhecida por sardela, que se alimentana superfície de ambientes de águas correntes e ocupaum lugar de destaque na produção pesqueira do lago deItaipu. Temos também a carpa cabeça grande (Aristichtysnobilis) (Figura 14), zooplanctívora e a carpa prateada(Hypophthalmichtys molitrix) fitoplanctofoga, peixesimportantes para o cultivo em viveiros escavados.

Figura 14. Carpa cabeça grande

Page 42: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

42

Herbívoros: São peixes que selecionam alimentovegetal vivo como vegetais superiores (folhas, frutos esementes), macro e microalgas bentônicas e fitoplâncton.A este grupo pertence um grande número de espécies edentre elas se destaca a carpa capim (Ctenopharingodonidella) (Figura 15).

Carnívoros: São peixes que selecionam alimentoanimal vivo, incluindo alimento natural. Quando o alimentoé constituído principalmente por peixe é chamadopiscívoro, e quando se alimentam de insetos, insetívoro.Pertencem a este grupo alguns grandes migradores comoo dourado (Salminus brasiliensis) (Figura 16), pintado(Pseudoplatystoma coruscans) e também peixes deambientes de águas calmas como o tucunaré (Cichla

Figura 15. Carpa capim

Figura 16. Dourado (Salminus brasiliensis)

Page 43: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

43

ocellaris) e pirarucú (Arapaiama gigas).Onívoros: São peixes que consomem alimento

animal e vegetal, empartes bastanteequilibradas. Osonívoros aproveitama grande variedadede alimentosdisponíveis, podendoapresentar uma dietadiversificadadependendo da região e da época do ano, como porexemplo, o pacu(Piaractusmesopotamicus)(Figura 17), oarmado (Pterodorasgranulosus), a tilápia(Oreochromisniloticus), o piavuçú(Leporinus macrocephalus), jundiá (Rhamdia quelen)(Figura 18) e a matrinchã (Brycon cephalus).

Detritívoros: São peixes que se alimentam dematéria orgânica de origem animal em putrefação e/oumatéria vegetal em fermentação.

Iliófagos: Estes peixes ingerem substrato formadopor lodo ou areia, que por si só não representa um tipo de

Figura 17. Pacu (Piaractus mesopotamicus)

Figura 18. Jundia (Rhamdia quelen)

Page 44: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

44

alimento, mas nele são encontrados os alimentosprocurados (animal, vegetal ou detrito). Estes peixescontam com um aparelho digestivo adaptado para

selecioná-lo. Um peixe iliófago de grande importânciacomercial é o curimbatá (Prochilodus lineatus) (Figura 19),espécie abundante na bacia do rio Paraná, muito utilizadaem cultivos.

4.2 Alimentação adequada para as fases de cultivo

A alimentação dos peixes deve sempre levar emconsideração as exigências nutricionais, o ritmo alimentar,e o estágio de vida, pois desta forma poderemos obter omelhor desempenho com o menor custo e ainda contribuircom a sustentabilidade do ambiente de cultivo, poisocorrerão menores perdas de nutrientes para o ambiente.Assim, devemos observar as seguintes fases para

Figura 19. Curimbatá (Prochilodus lineatus)

Page 45: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

45

proporcionar o melhor desenvolvimento dos organismosaquáticos:

Larvas e Alevinos: As larvas, nos primeiros dias devida, se alimentam das reservas nutritivas contidas nosaco vitelínico, sendo que, o tempo de reabsorção totaldesta reserva está relacionado com o seu tamanho etemperatura da água. Com a abertura da boca, a larvapassa a se alimentar também de alimentos exógenos e afalta de alimentos no ambiente pode provocar elevadosíndices de mortalidade. Com o início da alimentaçãoexógena, a quantidade e qualidade dos nutrientesdisponíveis é de grande importância, uma vez que osistema digestório da larva não está totalmentedesenvolvido e, como conseqüência, para muitasespécies, é muito difícil uma ração artificial conter todos osnutrientes necessários às exigências nutricionais, sendoimportante que os tanques estejam bem adubados paraprodução de plâncton. Assim, para alimentação inicial depeixes, embora seja usada uma ração protéica de altovalor, é necessário o uso de alimentação natural, que é oplâncton. Para que a larva encontre alimento comfacilidade, é fundamental que os organismos do plânctonestejam suficientemente próximos, de forma que as larvaspossam detectá-los.

Na alevinagem intensiva os peixes sãoalimentados com rações completas, de acordo com suasexigências. As rações são fareladas ou trituradas em

Page 46: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

46

partículas pequenas, sendo que a exigência de proteínabruta é maior nesta fase. A taxa de arraçoamento(quantidade de ração x peso vivo) é maior, na medida emque os alevinos crescem. Também o arraçoamento é maisfreqüente nessa fase (Tabela 1).

Tabela 1. Taxa e freqüência de arraçoamento de tilápias àtemperatura de 28oC

Fonte: Adaptado do NRC (1993)

Além da dieta artificial podem ser fornecidosalimentos naturais e artemia salina, além da adição devitaminas e complexos de minerais. As vantagens dessesistema estão relacionadas com a obtenção de altas taxasde sobrevivência, sendo uma maneira real de se aumentara produção de alevinos.

Tamanho dos peixes Taxa dearraçoamento (%

do peso vivo)

Freqüência dearraçoamento (no de

vezes ao dia)

2 dias a 1 grama 30 - 10 81 – 5 gramas 10 – 6 65 – 20 gramas 6 – 4 420 – 100 gramas 4 – 3 3 – 4>100 gramas 3 3

Page 47: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

47

Na Tabela 2 está demonstrado o tamanho ótimo departículas do alimento para os peixes tropicais maiscomumente cultivados.

Tabela 2 - Tamanho ótimo de partículas do alimento para ospeixes tropicais comumente cultivados

Tamanho dopeixe (cm)

Tipo de ração Tamanho dapartícula (mm)

Pós-larva1,0 a 1,51,6 a 2,42,5 a 4,04 a 77 a 1010 a 15> 15

Farelada finaFarelada

Triturada/fareladaTriturada

Triturada ou micropeletePeletizada ou extrusadaPeletizada ou extrusadaPeletizada ou extrusada

< 0,30,3 a 0,50,5 a 0,80,8 a 1,21,2 a 1,71,7 a 2,42,4 a 4,0

> 4,0Adaptado de Kubitza (1997)

4.3 Crescimento e terminação

Nesta fase o fornecimento de ração é essencial(Figura 20), pois nas fases de crescimento e terminação aalimentação deve ser composta de uma dieta completa,ou seja, os peixes devem ser alimentados com rações queforneçam todos os nutrientes necessários ao seudesenvolvimento.

Page 48: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

48

Estas rações devem ser granuladas, processadasna forma peletizada ou extusada para evitar a seleção deingredientes pelos peixes, facilitar o manejo e diminuir asperdas. Nessa fase a exigência de proteína bruta éinferior, oarraçoamentotambém émenos freqüentee a taxa dearraçoamento(% de peso vivo)e menor do quenas fases delarvas ealevinos.

Para correção da porcentagem de arraçoamentorecomendam-se biometrias periódicas semanais ouquinzenais para a correção da quantidade de ração a serfornecida. A biometria é a captura parcial dos animais dotanque com um mínimo recomendado de 10% dosanimais, para serem medidos e pesados, avaliando-se,assim, o ganho de peso no período e possibilitando ocálculo da conversão alimentar (consumo de ração/ganhode peso).

A captura dos peixes em tanques-rede pode serfeita através do auxílio de puçás. Os peixes capturados

Figura 22. Realização de peso

Figura 20. Arraçoamento de viveiros escavados

Figura 21. Captura dos peixes

Page 49: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

49

são contados e acondicionados em um local adaptado nopróprio barco (ex. tambor com aproximadamente 60 litros,com metade de água e um puçá dentro) (Figura 21). Apesagem deve ser realizada rapidamente (Figura 22), poisa demora excessiva dos animais fora da água pode levarao estresse e, conseqüente, perda de peso e até a mortedo animal. Após a pesagem realiza-se a soltura dosanimais. Uma estrutura eficiente para realização debiometrias e classificação de peixes para repicagem é autilização de balsas que facilitam o trabalho devido aestabilidade e espaço disponível.

4.4 Rações balanceadas

A nutrição visa, de maneira geral, o fornecimentodos elementos necessários para o organismo sedesenvolver de maneira adequada, e, no caso daprodução animal, da forma mais econômica possível, paraque o produtor obtenha o máximo ganho na atividade.

Os elementos nutricionais são: as proteínas,gorduras, os carboidratos, minerais e vitaminas. Osalimentos compõem-se destes elementos e de acordocom a sua composição são considerados como alimentosprotéicos ou energéticos, e em relação à origem podemser de origem animal ou vegetal. As vitaminas e mineraisgeralmente são fornecidos através de suplementosmineral e vitamínico, denominados premix.

Page 50: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

50

A exigência nutricional expressa a necessidade denutrientes para o crescimento, manutenção, atividadefísica e reprodução dos animais (matrizes e reprodutores),que varia conforme a espécie, fase de desenvolvimento,estágio fisiológico e ambiente.

Proteínas: As proteínas são de fundamentalimportância na nutrição, visto que estão presentes emtodo organismo formando os tecidos e exercendo tantofunções estruturais quanto funcionais. Na ração a maiorparte dos custos corresponde à fração protéica e quandodesbalanceada é fonte do nitrogênio (amônia) excretadopara a água. Os organismos aquáticos não têm umanecessidade de proteínas em si, porém de aminoácidos.As proteínas são formadas por uma série de aminoácidose, portanto, a forma de se prover à necessidade deaminoácidos é fornecendo proteínas aos organismosaquáticos. Os organismos aquáticos têm capacidade desintetizar alguns aminoácidos a partir de outroscompostos, entretanto, alguns aminoácidos não sãosintetizados pelo organismo dos animais ou podem sersintetizados numa quantidade que não atinge asnecessidades do mesmo. Estes são denominadosaminoácidos essenciais.

Energia: A energia é definida como a capacidadede realizar trabalho. Este trabalho é, no organismo, acapacidade de locomoção, crescimento e reprodução e éfornecida por carboidratos, gorduras e proteínas. A

Page 51: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

51

exigência de energia nos peixes é inferior a dosmamíferos e aves, pois o gasto de energia é menor, já queeles não têm a capacidade de manter a temperaturacorporal. Para a sustentação e locomoção na água, ospeixes gastam menos energia que os animais terrestres.Outro fator é que a excreção de nitrogênio na forma deamônia requer menos energia que a uréia e ácido úrico.

Gordura: As gorduras, além de excelente fonte deenergia, são responsáveis por uma série de funções noorganismo. São os principais constituintes da membranacelular e formadores de alguns hormônios, fonte dosácidos graxos essenciais e a principal forma dearmazenamento de energia do organismo. Os peixespodem fabricar alguns ácidos graxos, entretanto, existemalguns que não podem ser sintetizados pelo organismo,sendo fornecidos na ração. São denominados de ácidosgraxos essenciais.

Carboidratos: Os carboidratos de interesse para anutrição de peixes é basicamente o amido e a fibradietária. A fibra dietária é composta por uma série decarboidratos e outros componentes, como a lignina quesão importantes para o correto funcionamento do aparelhodigestivo. O amido é uma das formas de armazenamentode energia pelos vegetais, estando presente em sementescomo milho, trigo, arroz, em raízes como a mandioca e abatata e servem como fonte de energia para os peixes.

Page 52: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

52

Vitaminas e Minerais: Vitaminas e minerais sãocomponentes de suma importância na nutrição deorganismos aquáticos, pois são essenciais em váriosprocessos metabólicos. O seu fornecimento é feito pelaincorporação dos suplementos minerais e vitamínico efontes de macrominerais (cálcio e fósforo) como calcário,fosfato bicálcico, farinhas de peixe, de carne e ossos,entre outros. As vitaminas podem ser divididas emlipossolúveis e hidrossolúveis. As lipossolúveis sãosolúveis em gordura e, portanto, não o são em água. Porterem esta capacidade estas vitaminas podem serestocadas no organismo junto com as gorduras. Asvitaminas hidrossolúveis não podem ser acumuladas noorganismo, tendo que ser fornecidas diariamente naquantidade correta, pois como não podem ser estocadas oseu excesso é excretado. Os organismos planctônicos sãoexcelentes fontes de vitaminas.

Com relação à idade, os animais nas fases iniciaisapresentam uma maior exigência quando comparados aosem fase de crescimento e terminação.

No caso de peixes, devido à grande diversidade deespécies, há uma grande variação na exigência dedeterminados nutrientes, principalmente devido adiferentes hábitos alimentares.

O ambiente em que os peixes são cultivados napiscicultura extensiva pode suprir de forma parcial ou totala exigência dos mesmos, através de alimentos (plâncton)

Page 53: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

53

produzidos através da fertilização dos tanques, porém, nocaso de cultivos intensivos ou semi-intensivos (principaissistemas atuais), o fornecimento de nutrientes vindosdestes organismos é desconsiderado, formulando-serações completas de modo a suprir toda a exigência doanimal. Na piscicultura intensiva o excesso de produçãode fitoplâncton não é desejado, pois pode levar a baixosníveis de oxigênio durante a madrugada, podendo causarmorte dos peixes.

Para o crescimento dos peixes é necessário ofornecimento de uma quantidade de nutrientes adequadosà exigência dos animais, que varia em relação à espécie ecom a idade. No intuito de atender a exigência nutricionalé que se formulam rações, onde se procura adequar, apartir de uma mistura de vários alimentos, o balançoadequado de nutrientes para aquela idade ou espécie.

As rações mais utilizadas na aqüicultura são:Ração farelada: As rações fareladas (Figura 23)

estão sujeitas a grande perda dos seus nutrientes, istoporque há uma elevada relação entre a sua áreasuperficial e oseu volume.Fator este quepara aaqüicultura é umgrandeproblema, pois a

Figura 23. Ração farelada para as fases iniciais

Page 54: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

54

perda de nutrientes para a água, além da diminuição dovalor nutricional da ração, é uma fonte poluidora,principalmente de fósforo e nitrogênio.

Ração peletizada: A peletização pode ser definidacomo uma aglomeração de pequenas partículas empartículas maiores por meio de um processo mecânico decombinação de umidade, calor e pressão, onde ocorre acompactação e passagem forçada da mistura deingredientes através de aberturas nos anéis dapeletizadora. A temperatura da mistura a ser peletizadapode atingir 80 a 90ºC e umidade ao redor de 16 a 18%.Após a peletização os peletes (grãos) são resfriados. Aração peletizada (Figura 24) oferece vantagens tanto demanejo quanto de desenvolvimento dos animais quandocomparada ao uso de rações fareladas. A peletizaçãoaumenta a eficiência alimentar, pois impede a seleção dosingredientes por parte dos animais, obrigando-os a ingeriruma dieta balanceada uma vez que os péletes se mantémestáveis na água diminuindo as perdas de nutrientes, alémde manter a qualidade da água.

Figura 24. Ração peletizada

Page 55: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

55

Ração extrusada: O processo de extrusão provocamodificações físicas e químicas nos alimentos, exige altapressão, alta umidade e temperatura ao redor de 130 a150 ºC, causando a explosão e expansão da mistura deingredientes. Isso ocorre porque a mistura é submetida aum processo de pré-cozimento nos condicionadores,depois forçada por uma rosca dentro do cilindro extrusor(Figura 25). Com este processo ocorre maior gelatinizaçãodo amido e exposição dos nutrientes contidos no interior

das células vegetais à ação digestiva, melhorando aeficiência alimentar.

O uso de rações extrusadas permite melhorobservação da resposta alimentar dos animais, pois elasapresentam baixa densidade e flutuam na água. Alémdisso, apresentam estabilidade (não se dissolvem) na

Figura 25. Ração extruzada

Page 56: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

56

água por um longo período, possibilitando com istoobservar se o animal comeu toda a ração fornecida.

A vantagem da utilização das rações extrusadasem tanques-rede é que o alimento permanece nasuperfície da água (Figura 26), permitindo ao tratadorvisualizar as sobras de ração e diminuir a alimentaçãofornecida diariamente.

Page 57: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

57

4.5Manejo alimentar

Muitos fatores influenciam no manejo alimentarpara o cultivo dos peixes, como espécies com hábitoalimentar diferentes, condições ambientais e sistemas decultivo. Além disso, temos variações dentro de umamesma espécie com relação à fase de cultivo e condiçõesfisiológicas. Para a alimentação correta dos peixes, todosos parâmetros citados acima devem ser observados para

Figura 26. Sobras de rações extrusadas no tanque

Page 58: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

58

que se possa obter ótimos índices zootécnicos eproporcionar boa lucratividade para o aquicultor.

Alguns cuidados no fornecimento de ração aospeixes devem ser considerados quanto ao tipo de raçãoutilizada. Uma comparação entre ração peletizada eextrusada em relação ao manejo da alimentação,qualidade da água, eficiência alimentar e outros fatorespode ser observada na Tabela 3.

Tabela 3. Características das rações peletizada e extrusada emrelação ao manejo da alimentação.

Parâmetros Ração peletizada Ração extrusada

Densidade/FlutuaçãoObservação da respostaalimentarNível de arraçoamentoPossibilidade de perdasEstabilidade na águaManejo alimentar

Alta/afundaDifícil

% da biomassaAlta

Baixa a médiaComplexo

Baixa/flutuaFácil

À VontadeBaixaAlta

Simples

Adaptado de Kubitza (1997)

4.6 Armazenamento de rações

Para garantir alimentação de qualidade ao plantel,deve-se atentar pelo armazenamento da ração em locaisapropriados, mantidas em ambiente ventilado, afastadas

Page 59: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

59

do chão e do sol e de outros animais que possam delautilizar-se (roedores, pássaros, por exemplo). Altos níveisde umidade na ração propiciam o aparecimento de fungosprodutores de toxinas (aflatoxina, por exemplo), que sãoextremamente perigosas.

Deve-se, também, além de se evitar grandes pilhasque poderiam causar a compactação das embalagens debaixo. O piscicultor deve saber reconhecer algunsindicadores de uma ração deteriorada como mudança decor, aquecimento, aspecto, odor, esfarelamento,compactação, além da presença de grumos e bolor. Ogerenciamento do estoque é um fator que não deve sernegligenciado na aqüicultura comercial moderna. Nãodeve haver sobras de lotes de ração já vencidos. Deve-selembrar que o custo da ração é o principal elementodentro da planilha de custos e grandes perdas, por sobraou deterioração, implicam em maiores gastos, podendo-seaté inviabilizar a criação.

4.7 Quantidade de resíduos e a qualidade da água

A alimentação é o principal fator responsável pelocrescimento dos organismos aquáticos e, portanto, para acorreta nutrição dos peixes devem ser levados emconsideração fatores como a exigência nutricional, valorbiológico dos alimentos utilizados na formulação da ração,a qualidade dos alimentos, o processamento da ração e o

Page 60: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

60

manejo alimentar para a espécie a ser cultivada,respeitando-se o hábito alimentar e fase de cultivo.Quando esses fatores são levados em consideração, aquantidade de resíduos é menor e a qualidade da água decultivo será melhor. Mas quando ocorre o contrário aquantidade de resíduos é grande e a qualidade da águafica comprometida. A percentagem de minerais sobeassustadoramente e toda a biodiversidade ficacomprometida.

Page 61: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

61

5.0 BIOSSEGURANÇA

Biossegurança é um termo utilizado na indústriaanimal para descrever as medidas tomadas contraqualquer desencadeamento de doenças contagiosas. Aprevenção entra no conceito da biossegurança como umforte componente que lhe dá consistência e solidez, eassim deve ser considerada no desenho e implementaçãode qualquer medida de manejo voltada para evitar oureduzir a probabilidade da introdução de patógenos noambiente de cultivo e conseqüente surto de doenças.

5.1 Sistema sanitário preventivo

No cultivo de peixes os mecanismos de defesa sãoexpostos a condições adversas, dentre elas: má nutrição,alterações bruscas, problemas com qualidade de água,inadequada condição sanitária, infestações por parasitas epatógenos, alta densidade de cultivo etc. Os mecanismosde defesa natural dos peixes são:

• Muco: substâncias de ação neutralizantes,bactericidas e fungicidas, anticorpos e enzimas estãopresentes no muco dos peixes, se tornando uma das maisimportantes barreiras contra organismos patógenos.

• Escamas e pele: as escamas protegem ospeixes contra as injúrias físicas, ajudando na manutenção

Page 62: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

62

e impedindo a entrada de água e perda de íons dostecidos para a água. Infestações por parasitas podemcausar danos às brânquias, peles e nadadeiras, perda deescamas e conseqüente infecção por bactérias e fungos.O tratamento preventivo das doenças em peixes são asmedidas profiláticas. As medidas de prevenção em umaaqüicultura são:• boa qualidade de água;• monitoramento freqüente das condições dapiscicultura;• bom manejo dos peixes;• estocagem em densidades adequadas;

• boa qualidade genética dos peixes (boaprocedência);• limpeza do local (enterrar peixes mortos), evitandoproliferação de doenças;• mecanismos contra predadores (além de predarem,trazem doenças aos peixes);• observação atenta do andamento da piscicultura(peixes e rotina).

As observações de rotina na piscicultura são muitoimportantes, pois elas podem vir a solucionar muitosproblemas, antes que atinjam níveis catastróficos. Éimportante que todos os dias os viveiros sejam vistoriadose neles observados:• se o nível de entrada de água é suficiente;• se o nível de saída de água está adequado;

Page 63: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

63

• se há peixes mortos;

• se o comportamento dos peixes esta normal (estãona superfície, há peixes isolado do grupo etc.).• se os peixes estão poucos reativos a estímulosexternos;• se há indicio de falta de oxigênio na água;

• se há algas em demasia;

• se os peixes estão concentrados próximos aentrada ou a saída de água do viveiro.

5.2 Densidades e suas relações com a sanidade

Densidade de estocagem excessiva dificulta oacesso dos peixes ao alimento gerando certa competiçãonas zonas de alimentação, com isso, além de afetar nodesenvolvimento dos peixes, estressa os animais e elescomeçam a se machucar uns aos outros (Figura 27). Adisputa pela alimentação e a superlotação causa umaqueda na quantidade de oxigênio, estressando os peixes etambém facilitando oacesso de organismospatogênicos queaproveitam aimunodepressão parase instalarem nospeixes, pois os Figura 27. Densidades elevadas

Page 64: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

64

patógenos estão no ambiente de cultivo, porém só atacamos peixes quando estes estiverem com imunidade baixa.

5.3 Identificação do agente etiológico

Toda vez que o piscicultor se defrontar comproblemas de doenças, deve seguir um esquema rotineirode exames, a fim de alcançar o diagnóstico correto, e, porconseqüência, o tratamento ideal.

Pode-se, didaticamente, dividir em três os passosfundamentais que devem ser seguidos na investigaçãodas doenças: identificar, resolver e informar.

Identificar: É importante a correta identificação dadoença, pois com ela pode-se dizer que “metade doproblema está resolvido”. Para se chegar a um bomdiagnóstico, recomenda-se o seguinte procedimento:

Reconhecimento clínico: Uma ficha deidentificação é imprescindível e deve conter os seguintesdados: data, localidade, espécie, idade, sexo,comprimento total (mm), peso total (g), rio, riacho, ribeirão,lago etc., piscigranja, aquário (dimensões), origem daágua, fluxo (i/min), alimentação principal, data dafabricação, tamanho do pellet, freqüência de alimentação,data das primeiras mortes ou sintomas, percentagemdiária de ocorrências, medicamentos prescritos eministrados, resultados obtidos, condições físico-químicasda água, comportamento do cardume, observações.

Page 65: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

65

Exame clínico: Um exame completo do peixe deveser realizado, levando-se em consideração os seguintesaspectos:• superfície externa: se os animais apresentam lesões,coloração, ulceração, descamação, necrose, congestão,pontos brancos ou negros, tumores, aumento de volume;• musculatura: úlceras, quistos, necroses, furúnculos,micoses, etc.;• olhos: opacidade, hemorragias gerais e parciais;• brânquias: observar se abertura branquial está muitoaberta, cortadas, coloração, presença de corpo estranho(alimento, areia, barro), palidez geral ou parcial, micose,etc.;• exame interno: verificar se os órgãos apresentampresença de líquido ascítico, consistência e coloração,quistos, adesões, exame individual dos órgãos.

Coleta e envio de amostras: Para seremexaminados em laboratório especializado, os peixesdevem ser enviados da seguinte forma:• exemplares vivos com até 6 cm: 5 exemplares/litros;• exemplares moribundos: resfriados, em recipientes termoisolantes (caixas de isopor);• amostras congeladas: individualmente, em sacosplásticos, com gelo seco triturado;• amostras preservadas: em formol a 4%, sendo 1 parte dopeixe e 9 partes de líquido.

Page 66: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

66

Além das informações no caso de doenças, deve-se procurar um técnico, para fazer um diagnóstico maispreciso, pois as doenças podem atingir todos os animaisdo cultivo.

Resolver: Após a identificação, o investigador deveaplicar os conhecimentos no sentido de solucionar oproblema, uma vez que esse é o objetivo a ser alcançado.

Sabe-se que muitas vezes, após o diagnóstico,não há muito que fazer pela população piscícola afetada,mas mesmo essa conclusão é altamente positiva, poispermite uma tomada de posição por parte do piscicultorque decidirá da conveniência ou não de recomeçar suacriação.

O alto custo dos medicamentos, aliado àimpraticabilidade de ministrá-los por via parenteral, tornamos tratamentos inviáveis, embora do ponto de vistacientífico seja perfeitamente possível o combate à maioriadelas.

Informar: Eis uma questão delicada. Ospiscicultores, como todos os outros criadores eagricultores, oferecem resistência à atitude de comunicara ocorrência de doenças em suas criações, temendoposteriormente serem discriminados e impedidos deretomar aquela atividade. No entanto, é preciso venceressa barreira, que é mais de ordem cultural, pois ainformação é de suma importância na investigação dasdoenças, permitindo um trabalho profilático mais eficiente.

Page 67: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

67

Portanto, essa informação deve ser fornecida comabsoluta fidelidade e presteza.

Devido ao difícil controle de enfermidades emambientes aquáticos o piscicultor deve preferencialmentetrabalhar a profilaxia, ou seja, a prevenção dos problemassanitários principalmente através de práticas de manejoadequadas. No caso do aparecimento de qualquerproblema, um profissional da área, no caso um médicoveterinário deve ser contactado.

5.4 Destino dos animais mortos

Quando os animais estão morrendo em umapropriedade é muito importante dar um destino correto aeles, o mais indicado é enterrá-los, sempre tomando osdevidos cuidados em relação ao local onde será utilizado,evitando fazer o buraco muito superficial, de forma queoutros animais ou até mesmo crianças não possamvasculhar. Não faça buracos muito perto de rios, poços enascentes, pois pode contaminar a água com os resíduosdos animais e acabar prejudicando atividade dapropriedade ou de outras propriedades.

5.5 Aquisição de alevinos

Page 68: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

68

Para a produção de peixes devemos ter oconhecimento dos fornecedores de alevinos ou juvenisidôneos. A melhor forma de ter contato com osfornecedores é procurando indicações com asassociações de aqüicultores da região. Desta forma, serãoobtidas informações, nas quais se pode cobrarresponsabilidade na qualidade dos alevinos. Diante dainexistência de associações de criadores, uma outraopção segura é buscar indicações nos escritórios públicosrurais, como é o caso da Emater e dos postos dassecretarias de Agricultura. Nesses escritórios, assim comonas associações, podem ser encontradas relações delocais onde podem ser adquiridos os alevinos.

5.6 Transporte

O sucesso do transporte começa com o preparodos peixes. Primeiramente, eles devem estar sadios edeve-se suspender a alimentação dos peixes, deixando osanimais em jejum antes do transporte, evitando aexcreção de fezes e metabólitos na água do transporte.

Larvas e alevinos: Devem ser acondicionados emsacos plásticos (50 a 60L) e transportados por carro,ônibus e avião. Os sacos plásticos devem conter cerca de¼ do volume de água e o restante de oxigênio (Figura 28).O oxigênio deve ser de tubo pressurizado, mas semmanter o saco plástico com muita pressão interna (deve

Page 69: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

69

ficar um pouco frouxo, pois do contrário aumenta a chancede perfurações e também prejudica a sobrevivência dospeixes).

Cadaembalagem pesa de 8 a9 kg e deve conter cercade 20 mil larvas. Seforem alevinos, onúmero varia com otamanho e a espécie.Em geral, podemosembalar cerca de 200 a500 alevinos com até 2cm e cerca de 200 a 250alevinos com tamanhode 3 a 4 cm.

No transportecom caixa (Figura 29), a aeração deve ser constante. Paraisso, use mangueira perfurada a laser, constituindo umcirculo que é conectado a um sistema de aeração(oxigênio comprimido) com manômetro (para economizaroxigênio). A mangueira perfurada a laser promove cercade 40% de economia de oxigênio comparável com pedrasporosas.

Peixes em jejum consomem menos oxigênio queos peixes alimentados. O tempo de jejum depende datemperatura e dos hábitos alimentares (carnívoros

Figura 28. Transporte de larvas e alevinos

Page 70: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

70

resistem menosao jejum que osdemais). Notransporte emcaixas, deve-seenchê-la para queos peixes nãosofram com amovimentação daágua.

5.7 Legislação para transporte de animais

Antes de iniciar o transporte, algumas providênciasque devem ser tomadas:

Espécies cultivadas (nativas e exóticas)• Retirar o Guia de Trânsito Animal – GTA.

• Devem proceder de propriedade ruralcadastrada na Secretaria da Agricultura e doAbastecimento - SEAB.

• Nota Fiscal de Produtor ou outro documentofiscal que comprove a finalidade dos animais que serãotransportados.

Espécies coletadas na natureza• Guia de Trânsito Animal - GTA.

Figura 29. Transporte de juvenis em caixas

Page 71: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

71

• Guia de Transporte fornecida pelo InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente - IBAMA.

Page 72: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

72

6.0 AGENTES TERAPÊUTICOS E OUTRASSUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

O desenvolvimento da aqüicultura tem gerado umcrescimento acentuado no consumo de drogasterapêuticas na tentativa de melhorar as condições e asaúde dos organismos de cultivo que estão sobreconstantes ataques de “bioagressores”, que são os vírus,bactérias, parasitas e fungos, os quais atacamespontaneamente ou como conseqüência das técnicas demanejo inadequadas. Considerando os problemas desaúde das espécies de cultivo em relação aos seusmétodos de controle, os patógenos podem ser divididosem grupos.

O primeiro grupo engloba os agentes que nãopodem ser tratados como os vírus e as bactérias que sãoresistentes a drogas de difícil tratamento, por exemplo,Renibacterium salmoninarum.

O segundo grupo compreende todos os outrosagentes causadores de enfermidades dos quais muitorespondem aos tratamentos terapêuticos.

As drogas usadas na aqüicultura podem seragrupadas como desinfetantes tropicais, organofosfatados(ou organofosforados) e antimicrobianos.

Desinfetantes: esse grupo é constituído por umaampla variedade de compostos, tais como sal, formalina,sulfato de cobre, amônia quaternária, hipoclorito de sódio,

Page 73: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

73

etc. Devido à amplitude e o grau de eficácia, estes sãoparcialmente intercambiáveis e são usados para eliminarparasitas, bactérias oportunistas, protozoários e fungos.Alguns deles, tal como verde malaquita, tem um impactoambiental potencialmente adverso.

Organofosfatados: o principal agente deste grupo éo diclorfos (inseticida organofosforados não sistêmicos),usado para o controle em gaiolas marinhas. Pelo fato deseu uso ser essencial para a produção de salmões, oemprego desta droga está muito difundido e provoca umsério efeito ambiental. Existe necessidade urgente desubstituir essa droga quanto antes.

Antimicrobianos: constituídos quase na suatotalidade por antibióticos, esses agentes são usados paracombater um amplo número de enfermidades de origembacteriana. Os grupos principais são: sulfonamidas,tetraciclina, quinolinas, nitrofuranos, eritromicinas e outrosbactericidas não classificados, como o cloranfenicol.

Apesar da dificuldade de se obter dados reais deconsumo em outros paises, na Noruega foi comprovado ouso de 50 toneladas de antibióticos só em 1990. Estaquantidade foi aproximadamente o dobro da utilizada pelamedicina humana nesse pais. O grande perigo de usoindiscriminado de antibióticos está na criação deresistência de certos patógenos humano tais como ocólera, doença provocada por uma bactéria altamentepatogênica para o homem, pode vir a desenvolver

Page 74: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

74

linhagens resistentes aos antibióticos conhecidos pelamedicina humana, já que por coincidência as bactérias dogênero vibrio são as mais comuns nos ambientesmarinhos.

Portanto, as doenças bacterianas na aqüiculturaque são atualmente combatidas com antibióticos como ocloranfenicol, podem chegar a apresentar resistênciacrescente. Por outro lado, as pessoas que manipulam taisantibióticos nas instalações de aqüicultura podem chegara sofrer graves conseqüências devido ao contatoprolongado com essas substâncias. Um exemplo disso é aanemia aplasicas irreversível, provocada pelacloranfenicol, doença que é fatal em 70% dos casos.

O tratamento terapêutico dos organismos decultivo com drogas resulta na liberação de grandesquantidades de substâncias ativas e de seus metabólicospara dentro do habitat aquático. Este fator, em conjuntocom os resíduos orgânicos dos peixes e camarões decultivo agrava os quadros de poluição. Os antimicrobianosacumulam-se na fauna aquática (peixes e invertebrados)que circundam as fazendas de cultivo e podem chegar aapresentar concentrações acima dos valores aceitáveisdestas substâncias. Por outro lado esta substância podeser encontrada nos sedimentos marinhos e, dependendoda sua natureza podem ser metabolizadas ou podempersistir por longos períodos.

Page 75: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

75

6.0 TÉCNICAS MANEJO

6.1 Densidade de povoamento

A quantidade de peixes a ser estocada depende devários fatores, como a espécie, fase de desenvolvimento etamanho do peixe, qualidade da água do tanque, estaçãodo ano, entre outros. O fato de que o aumento dadensidade populacional promove a redução docrescimento também deve ser considerado. Assim, nosviveiros com menos peixes, o crescimento é mais rápido eos exemplares atingem tamanhos maiores. Nos viveirosmuito povoados, o crescimento pode até ser inibido.Densidades excessivas impedem que exemplares adultosatinjam condições de desova. Na Tabela 5, estáapresentada uma relação entre tamanho e densidade depeixes em tanques de terra.

Para larvas, por exemplo, deve-se utilizar adensidade de 100 larvas por m2 para a maioria dasespécies. Se houver maior quantidade, a retirada dealevinos deve começar mais tarde, em decorrência damenor disponibilidade de alimento. Além disso, considereque quanto maior a densidade de estocagem (número depeixes por metro quadrado), melhor deve ser a qualidadeda água.

Page 76: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

76

Tabela 5. Relação entre tamanhos, densidades e algumasobservações par peixes cultivados em tanques de terra.

Comprimento /peso

Peixe / m 3 Observações

2 a 3 cm 15 a 20 Vender nesse tamanhoou estocar para engorda.

4 a 7 cm 10 a 15 Transformar em juvenil.7 a 10 cm 7 a 10 Passar o inverno e ser

mantido até 30 a 40g.40 a 100 g 5 Engorda.100 a 300 g 2 a 3 Engorda.300 a 1000g 1 a 2 Engorda final.

6.2 Qualidade de água

A água deve ter componentes na quantidade certa,pois a produção de um viveiro está relacionada com aqualidade da água que o abastece, embora sejam raros osmananciais que não podem ser aproveitados para apiscicultura. Quanto mais intensivo for o sistema decriação, maiores serão as exigências em termos dequalidade de água e, portanto, maior a necessidade efreqüência de acompanhamento de suas condições.

No caso da piscicultura, é fundamental conheceras propriedades físicas, químicas e biológicas dosambientes de criação, pois são fatores limitantes da

Page 77: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

77

produção e dão subsídios para o conhecimento dasinterações entre ambiente de criação, peixes e agentespatogênicos. Uma das melhores formas para melhorar aqualidade de água que abastece os viveiros é fazerpequenos viveiros de decantação para limpar a água que

contém muitas partículas em suspensão.O acompanhamento de alguns fatores ajuda a

determinar a qualidade da água. Vejamos:Temperatura: É um dos fatores mais relevantes na

piscicultura, pois os peixes são animais de sangue frio,onde a temperatura do corpo varia com a temperatura daágua e todo metabolismo dospeixes é afetado. Em temperaturasmais elevadas, os peixesconsomem mais alimento, ficammais ágeis e crescem mais,aumentando o consumo deoxigênio. No entanto, a temperaturaideal de cultivo é variável em funçãoda espécie. O termômetro é oinstrumento utilizado para medir a temperatura (figura 30)

Oxigênio: O oxigênio é indispensável para quasetodas as funções vitais nos organismos vivos. Encontra-sena água em quantidade variável, mas quase sempre emconcentrações superiores a dos demais gases dissolvidosna água. As principais fontes de oxigênio são a atmosferae a fotossíntese das plantas. A produção primaria(microalgas/fitoplancton) renova constantemente a reserva

Figura 30. Termômetro

Figura 31. Medidor deoxigênio dissolvido

Page 78: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

78

de oxigênio da água, por outro lado, o uso de aeradoresdiminui a produção primária. O medidor de oxigêniodissolvido esta apresentado na figura 31.

Os valores de temperatura e níveis de oxigêniodissolvido apresentam relações inversas, ou seja, em valoresmais elevados de temperatura o nível de oxigênio dissolvido émenor. Isto pode ser verificado na tabela 6.

Page 79: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

79

Tabela 6. Níveis de oxigênio em água completamente saturadaem relação a temperaturas variadas

Temperatura(ºC)

Níveis deoxigênio

(ppm)

Temperatura (ºC)

Níveis deoxigênio

(ppm)10 11,10 20 9,0011 10,83 21 8,8212 10,61 22 8,6713 10,38 23 8,4114 10,15 24 8,3615 9,96 25 8,2216 9,76 26 8,0217 9,55 27 7,7918 9,35 28 7,7619 9,16

Fonte: PROENÇA & BITTENCOURT, 1994.

Page 80: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

80

PH: O pH atua diretamente nos processos damembrana celular interferindo no transporte iônico intra eextra celular e entre os organismos e o meio, sendoimportante no controle da toxidez por metais, pois águasácidas apresentam maiores concentrações de metais emsuas formas solúveis, oriundos na água de processos delixiviação, efluentes de mineração, esgotos domésticos,indústrias e atmosfera. A faixa adequada para ocrescimento da maioria das espécies de peixes de águadoce varia entre 6,5 a 8,5, porém esta variação deve ser amenor possível durante o dia. Valores extremos de pHdanificam a superfície das brânquias, levando à morte,pois o pH afeta a toxidez de vários poluentes e metaispesados e na disponibilidade de nutrientes. O medidor depH esta representado na figura32.

Amônia e nitrito: A amônia éa principal forma de excreção dosresíduos nitrogenados dos peixesprovenientes do metabolismo dasproteínas. As formas da amônia noambiente são; NH3, forma nãoionizada e tóxica aos peixes e NH4

+,forma ionizada pouco tóxica aospeixes sendo que valores de NH3

acima de 0,05mg/L podemprejudicar o desempenho dospeixes. O nitrito (NO2

-) é produzido pela oxidação da amônia e

Figura 32. Medidor de pH

Page 81: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

81

da redução a nitrato (NO3-), as duas formas são tóxicas aos

peixes. Concentrações de NO2- que causam toxidez aos peixes

variam de 0,3 a 0,5mg/L. O nitrito é muito tóxico aos peixesdevido a sua combinação com a hemoglobina do sangue queresulta na meta-hemoglobina, diminuindo a eficiência dotransporte de oxigênio, resultando na morte do animal.

Condutividade elétrica: A condutividade elétrica édefinida como a capacidade que a água possui de conduzircorrente elétrica. Este parâmetro está relacionado com apresença de íons dissolvidos na água. Quanto maior aquantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividadeelétrica da água.

Em águas continentais, os íons diretamenteresponsáveis pelos valores da condutividade são, entre outros,o cálcio, o magnésio, o potássio, o sódio, carbonatos,carbonetos, sulfatos e cloretos. O aparelho utilizado para medira condutividade elétrica está apresentado na Figura 33. Seusvalores não determinam, especificamente, quais os íons queestão presentes em determinada amostra de água, mas podecontribuir para possíveis reconhecimentos de impactosambientais que ocorram na bacia de drenagem, ocasionadospor lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos,etc. A condutividade elétrica da água pode variar de acordocom a temperatura e a concentração total de substânciasionizadas dissolvidas.

Figura 33. Medidor de condutividade elétrica

Page 82: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

82

Transparência: A transparência da água ultrapassaapenas poucos centímetros em águas fortementecoloridas, como em nossos rios na época de cheia. Osvalores p/ transparência variam durante o dia para ummesmo lado, interferindo diretamente no teor de oxigêniodissolvido. São responsáveis por essa variação, aquantidade de plâncton, circulação de água, natureza dabacia hidrográfica e o regime de chuvas. A transparênciada água pode ser medida através do disco de Secchi(FIGURA 34) que é um instrumento que indicaindiretamente o nível de nutrientes. Na tabela 7, estádemonstrada a avaliação donível de eutrofização doambiente e produtividade depeixes esperada em tanques-rede usando o disco de

secchi.Para o manejo em

tanques de terra,recomenda-se umaprodução primária, comaproximadamente 40 a 80cm de transparência da água, no entanto, deve-sesuspender a adubação quando chega a 20cm.

Figura 34. Disco de secchi -fonte. Kubitza, 2000

Page 83: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

83

Tabela 7. Avaliação do nível de eutrofização do ambiente ondeestão os tanques-rede, e produtividade esperada em tanques-rede com o uso do disco de secchiTransparência daágua

Nível de nutrientes Produtividadeesperada

≥ 2,0 m pobre ≥ 200 kg/m3

0,8 – 2,0 m médio Até 200 kg/m3

0,4 – 0,8 m rico Até 150 kg/m3

Fonte adaptada de ONO (1998).

Page 84: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

84

Turbidez: A turbidez é devido a presença departículas de argila ou de outros materiais em suspensão,que provocam a reflexão e dispersão dos raios luminosos,que procuram atravessar a água. A luz chega a ter suapenetraçãoreduzida, àsvezes, apoucoscentímetros deprofundidade.O aparelhoutilizado paramedir aturbidez estáapresentadona figura 35.

Viscosidade: A água é cerca de cem vezes maisviscosa que o ar, o que determina a capacidade desuspensão de organismos planctônicos, que necessitamde maior força para se locomover.

Figura 35. Aparelho para medir a turbidez

Page 85: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

85

6.3 Uso de aeração

A escolha de um tipo de aerador deve considerarfundamentalmente o tipo de viveiro e a necessidade deoxigênio da espécie criada. O aerador promoveoxigenação da água. Nessa oxigenação devemosconsiderar que no viveiro a água de pior qualidade ficapróximo ao fundo. Além disso, a terra do fundo do viveirocontém restos alimentares e excretas dos peixes. Quandoesse material do fundo é misturado às demais camadasda água, diminui drasticamente a qualidade dessa água. Aprofundidade de hélice do aerador no viveiro é um fatorimportante, pois determina a quantidade de água a serdeslocada e, portanto, oxigenada. Recomenda-se que apá fique submersa a cerca de 5 a 10 cm na água.

Viveiros rasos (até 1,5m de profundidade): Omelhor aeradora ser usado édo tipo Pá(Figura 36),pois fazcirculação maisrápido nasuperfície,removendo pouco e apenas lentamente o material dofundo do viveiro.

Figura 36. Aerador de superfície

Page 86: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

86

Viveiros maisprofundos (1,5m a 2,5m deprofundidade): Podem serusado tanto o tipo páquanto o propulsor, poiseste não afeta o fundo doviveiro (Figura 37).

O aerador deve seracionado quando os níveisde oxigênio estão mais

baixos, e quando os organismos produtores de oxigênio,através da fotossíntese param de produzir e começam aconsumir oxigênio. Os horários onde os índices são maisbaixos, são das 24h00 às 6h00. Os aeradores devem serligados nestes períodos quando os índices são baixos,evitando desperdício de energia elétrica e desgaste doaparelho.

6.4 Calagem e Adubação

6.4.1 Calagem

A calagem (Figura 38) é realizada em viveirosdestinados a produção de peixes, pelo mesmo motivo queé feito no solo da agricultura, ou seja, corrigir a acidez,proporcionando com isso um aproveitamento melhor dos

Figura 37. Aerador de propulsão

Page 87: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

87

nutrientes da água e melhorando significativamente aprodução de algas nos viveiros. Porém, só deve serrealizada quando realmente o pH natural do viveiro forácido ou para corrigir a alcalinidade.

6.4.2 Adubação

A fertilização melhora a produção dos viveiros, poisajuda a desenvolver pequenos vegetais (fitoplâncton) eanimais (zooplâncton e bentos) que servem de alimentosaos peixes. Através de uma grande cadeia de interações,os fertilizantes introduzidos na água liberam nutrientes,principalmente nitrogênio, fósforo e potássio queaumentam a produção de fitoplâncton.

Figura 38. Calagem de viveiros

Page 88: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

88

Os adubos podem ser: (a) orgânicos (estercoscurtidos ou frescos) e (b) inorgânicos/químicos.

Adubação Orgânica: No viveiro vazio espalha-se oadubo sobre o fundo. No viveiro cheio coloca-se estercoem suas margens. A adubação deve ser realizada antes edurante o cultivo, sendo a quantidade variável de acordocom o tamanho e a época de cultivo.

Adubação Química: Os adubos químicos utilizadosna agricultura podem ser utilizados sem nenhum problemana piscicultura. Adubação química também tem de serfeita na quantidade e na época adequada, mas éimportante levar em consideração sempre as condiçõeslocais de cada tanque,

Adubação Mista: Para fazer a adubação mista,emprega-se metade da quantidade de cada tipo de aduboque se utiliza individualmente. A adubação deve serinterrompida quando a água apresentar uma intensacoloração verde, pois os peixes poderão morrer por faltade oxigênio.

6.5 Controle de fósforo e avaliação da capacidadesuporte do ambiente

O fósforo é requerido para manutenção normaldas funções metabólicas e fisiológicas dos animais epermite o desenvolvimento do fitiplâncton. A carênciadesse mineral essencial na dieta dos peixes pode levar a

Page 89: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

89

vários sinais de deficiência, tais como baixo desempenhoe deficiência de minerais nos ossos.

Dentre os minerais exigidos pelos animais, o cálcioe o fósforo são requeridos em níveis mais elevados,quando comparados aos outros elementos minerais.Aproximadamente 90% do fósforo nos peixes estão nosossos e nas escamas. O fósforo pode ser absorvido daágua através das brânquias, mas a uma taxa muito menorque o cálcio. Entretanto, os níveis de fósforo dissolvido emáguas naturais são relativamente baixos, não obtendo ospeixes fósforo suficiente da água, devido ao fato de ofósforo contido nos alimentos convencionais(principalmente os de origem vegetal) ser parcialmenteindisponível. As rações para peixes são usualmentesuplementadas com fontes de fósforo. Praticamente todosos alimentos contêm fósforo em sua composição, mas suadisponibilidade é variável entre as diferentes espécies depeixes.

A absorção de fósforo é dependente de suasolubilidade no ponto de contato com a membranaabsortiva, sendo que o grau de moagem do alimento podeinfluenciar na utilização do mineral. As necessidades defósforo dos peixes dependem, entre outras coisas, daconstituição do trato digestório e do tipo de fonte defósforo. As espécies que dispõem de estômago podemabsorver mais eficientemente os fosfatos de baixasolubilidade que os peixes sem estômago. A eficiência na

Page 90: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

90

retenção de fósforo diminui com o aumento na ingestãodesse elemento. Sua taxa de absorção e de assimilaçãovaria entre as espécies, portanto, seus requerimentostambém variam. Quanto à fonte, o aproveitamento dasvegetais é geralmente baixo. Por outro lado, as fontesinorgânicas são bem aproveitadas e a utilização do fósforodas fontes de origem animal variam conforme a espéciede peixe. As informações sobre o requerimento de fósforodietário para cada espécie é essencial para a formulaçãode uma ração de baixo custo e que minimize a excreçãopara o meio ambiente.

Page 91: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

91

7.0 DIREITOS E SEGURANÇA DE OUTROS USUÁRIOSDOS RECURSOS HÍDRICOS

A lei federal 9.433 de 1997 prevê o aproveitamentomúltiplo dos recursos hídricos, que resulta em benefíciospara todos os usuários do recurso. No entanto, isto deveser feito com critérios, dentro das normas legais, paraevitar futuros problemas ou conflitos com outros usuáriosque também têm direito de usufruir do mesmo recursonatural. A exploração sustentável dos recursos hídricosaumenta os benefícios às comunidades locais bem comoproporciona melhorias na economia na região. Os usosmúltiplos podem ser: navegação, abastecimento urbano,geração de energia, irrigação, recreação, aqüicultura,pesca, e outros, dependendo do local em questão.

7.1 Responsabilidade pelo uso dos recursos hídricos

O intenso uso dos recursos naturais, já limitados,nas atividades de produção e consumo sem critériostécnicos está degradando-os, sem que ocorra umrespectivo reflexo dessa perda coletiva. Por isso, anecessidade de se reduzir a poluição e buscar umamelhor alocação de recursos, relacionando o preço dosbens e dos serviços produzidos com a qualidade ou a

Page 92: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

92

quantidade dos bens naturais utilizados nos processos,deve ser analisada criteriosamente, prevendo sempre umganho ambiental. Apesar da existência das respectivasnormas legais prevendo a cobrança pela utilização dosrecursos hídricos, na prática não se adotam ainda taismedidas apesar da nova ordem constitucional. Portanto, éimportante entender a relevância das normas legais eatuação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, muitos dosquais ainda em fase de constituição ou consolidação, quedetém a decisão de efetivar a cobrança pela utilização dosrecursos hídricos, bem como decidir sobre a aplicação dosrecursos arrecadados pela Agencia Nacional de Águas,preferencialmente na respectiva Bacia Hidrográfica ondeos recursos serão captados.

7.2 Manutenção e organização do empreendimentovisando redução dos impactos visuais e sonoros

Todo empreendimento gera transtornos, podendoser sonoros ou visuais, dentre outras formas, desde omomento da implantação até seu funcionamento. No casoda aqüicultura, a instalação de viveiros, parques ou áreasaquícolas em águas públicas, fabricas de rações ouunidades de processamento podem trazer algunsproblemas futuros, devido aos impactos sonoros, visuais ede odores, que podem ser desagradáveis à algumas

Page 93: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

93

pessoas. Estas situações devem ser planejadaspreviamente, ou então em caso de instalações jáexistentes, devem-se propor medidas de controle quesejam legalmente aceitáveis, evitando problemas futuros.No caso de instalação de áreas aquícolas de tanques-rede, a questão visual pode ser considerada por algunsque esta deteriora a qualidade cênica, mas para outrospode parecer como uma expressão da inserção humanano ambiente, e portanto fica difícil mensurar se estácausando impactos ou trazendo benefícios para apopulação ribeirinha, que anseia por melhor qualidade devida, pela geração de uma nova opção de emprego erenda.

7.3 Divulgação dos resultados de preservaçãogerados pelo empreendimento

O acompanhamento técnico dos empreendimentosaquícolas deve ser constante e o monitoramentoambiental é fator crucial para que se possa avaliar o graude impacto acusado. Em muitos ambientes, já bastantedegradados pelas atividades anteriores, a instalação decultivo de animais aquáticos pode trazer vantagensambientais, como por exemplo, em criação de peixes emviveiros escavados, o retorno de espécies de aves queanteriormente não havia mais no local, mesmo que

Page 94: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

94

possam causar alguns prejuízos econômicos à criação.Em cultivo em tanques redes, como a maioria dosambientes naturais é oligotrófico ou mesotrófico, osresíduos da alimentação fazem com que a fauna ícticaretorne ao local, mesmo que a diversidade específica sealtere, mas como geralmente o ambiente já foi seriamenteafetado por represamentos anteriores, o enriquecimentode fauna é importante fator que pode ser considerado umganho ambiental.

A divulgação dos resultados dos levantamentostécnicos pode ser através de palestras e dias de campo,por exemplo. A forma de divulgação poderá ser diferentepara cada local, pois a divulgação depende daparticipação da sociedade interessada, e isto deve serlevado em consideração.

7.4 Regularização do empreendimento junto aosórgãos competentes

Para qualquer finalidade de uso das águas de umrio, lago ou mesmo de águas subterrâneas, deve sersolicitada uma Outorga ao Poder Público e do devidolicenciamento ambiental.

Os usos mencionados referem-se, por exemplo, aaqüicultura, irrigação, indústria, geração de energiaelétrica, paisagismo, lazer, navegação. Ou, qualquerinterferência que se pretenda realizar na quantidade ou na

Page 95: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

95

qualidade das águas de um manancial, necessita de umaautorização do Poder Público.

A Constituição Federativa de 1988 estabeleceuque as águas podem ser de domínio da União, dosEstados e do Distrito Federal. As águas de domínio daUnião são aquelas que se encontram em terras do seudomínio, que banham mais de um Estado, sirvam de limitecom outros países ou unidades da Federação, ou seestendam a território estrangeiro ou dele provenham. Aságuas de domínio dos Estados e do Distrito Federal sãotodas as outras, incluindo as águas de origemsubterrânea.

No Brasil a outorga do uso da água é deresponsabilidade da Agência Nacional das Águas–ANA, eno estado do Paraná a responsabilidade pela emissão deoutorgas cabe à Superintendência de Desenvolvimento deRecursos Hídricos e Saneamento Ambiental –SUDERHSA.

Page 96: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

96

8.0 EMPREGADOS

8.1 Priorizar a contratação de funcionários locaiscomo promoção de responsabilidade social

Os empreendimentos aquícolas devem terpreocupação de gerar emprego e renda na área de suaatuação, e a prioridade deve ser a constatação de mão-de-obra local, que vai promover o desenvolvimentoregional, mesmo que não se tenha pessoal treinado paraas atividades, que pode ser realizado com o apoio deórgãos públicos e privados. O envolvimento dacomunidade pode trazer vantagens comerciais e dereconhecimento pela população e também evitar conflitosfuturos entre a comunidade ou entre vizinhos.

8.2 Condições de trabalho e desenvolvimento

As condições de trabalho devem atender alegislação pertinente e permitir ao trabalhador que sintasatisfeito pelo trabalho que realiza no final do dia. Ascondições do empreendimento devem garantir queatividades insalubres tenham os equipamentos deproteção individual necessários para a execução dastarefas, e que o período de trabalho não exceda o

Page 97: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

97

estabelecido pela lei trabalhista. Certas tarefas devem serrealizadas por equipes treinadas especificamente para tal,como as despescas, tanto em viveiros escavados comoem sistemas de cultivo em tanques-rede, devido anecessidade de manter a qualidade do produto final.

8.3 Capacitação e nivelamento funcional

A capacitação dos empregados é muito importante,pois cada funcionário tem uma forma de trabalho. Quandoeles assam a trabalhar juntos em uma atividade, acapacitação e nivelamento profissional deve ser realizado,pois a partir deste momento todos os profissionaistrabalharão da mesma forma, resultando em ganhos parao setor. No caso da aqüicultura, o nível de capacitaçãoinfluencia diretamente na forma de manejo dos animais,resultando em perda de desempenho dos mesmos,quando não são observados os aspectos técnicosrelativos a temperatura da água e ao comportamento dosanimais, por exemplo. Isto pode ser explicado pelo fatoque os animais em um dia receberem alimentação em umhorário e em outro dia em outro ou receberem alimentaçãonum dia 4 vezes e em outro 3, fato que comprometerá odesempenho dos animais, pois isto altera o seu ritmoalimentar e consequentemente seu metabolismo.

Page 98: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

98

8.4 Segurança e bem estar funcional

A segurança do trabalho deve estar sempre emprimeiro lugar nas tarefas diárias de trabalho, poisacidentes de trabalho afetam sobremaneira ostrabalhadores, desde sua falta ao serviço, o que reduz onúmero de funcionários e sobrecarrega os demais, etambém acarreta custos trabalhistas adicionais.

A motivação dos trabalhadores é atualmente oprincipal foco dos gerentes de organizações, pois estestrabalham melhor motivados, proporcionando maisrendimento para a empresa. Um funcionário com baixaestima, por problemas familiares, e que não gosta do quefaz ou de como faz, geralmente não produz o que é capaze também repassa sua insatisfação aos demais colegas.

Page 99: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

99

9.0 LEGISLAÇÃO

9.1 Enquadramento de projetos de aqüicultura nalegislação ambiental

O arcabouço legal que normatiza e orienta a aqüiculturaé constituído por um conjunto de leis, decretos e resoluções,que de forma direta ou indireta, busca o uso harmônico eequilibrado dos recursos naturais. Um dos maiores problemasatuais da aqüicultura esta relacionada a legislação e aoordenamento legal, pois muitos dos empreendimentos estãoirregulares em relação ao Código Florestal (Lei 4.771 de15/09/65). A faixa referente a mata ciliar (Figura 39), que nosminifúndios principalmente da região sul do Brasil foiincentivada a retirada para atividades de cultivo ou de pastoreiona época da colonização, é atualmente um dos maioresproblemas para adequação dos empreendimentos a legislaçãovigente.

Page 100: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

100

9.2 Licenciamento ambiental

Todos os empreendimentos aquícolas devembuscar seu licenciamento ambiental junto às entidadesoficiais, e para tanto além do projeto técnico devemprovidenciar as seguintes licenças ambientais:

Licença Prévia: Representa uma consulta deviabilidade do empreendimento em que o empreendedor

Figura 39. Largura da mata ciliar dependendo da largura do rioFonte: IAP-Paraná

Page 101: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

101

da obra verifica junto ao organismo competente se épossível construir aquele tipo de obra em um determinadolocal e em conformidade com a legislação ambiente emvigor, quer federal, quer estadual. Assim, com base nasleis, normas e regulamentos vigentes, vai obter respostasse o empreendimento é viável ou não. E, se for, em quecondições legais. Essa licença não autoriza a construçãoda obra, apenas atesta a viabilidade de sua instalaçãonaquele local.

Licença de Instalação: Depois de ter a LicençaPrévia aprovada, o empreendedor precisa submeter paraaprovação um projeto físico e operacional da obra, comtodos os seus detalhes de engenharia, demonstrando deque forma vai atender as condições e restrições impostaspela licença prévia. Somente após a expedição dessalicença é que se pode começar as obras.

Licença de Operação: Concluídas as obras, oempreendedor deverá dirigir-se ao organismo ambientalcompetente e solicitar uma nova vistoria, a fim deconstatar se o empreendimento foi construído de acordocom o projeto apresentado e licenciado, principalmente notocante ao atendimento das restrições ambientais. Seestiver em desacordo, a obra pode ser embargada. Seestiver de acordo, a licença será expedida e somenteassim o empreendimento poderá começar a funcionar.

Autorização ambiental: Em pequenosempreendimentos familiares, no estado do Paraná, a

Page 102: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

102

Instrução Normativa Interna do Instituto Ambiental doParaná prevê uma forma simplificada de licenciamento,que é a Autorização Ambiental, que não se aplica aempreendimentos comerciais como produção de alevinos,pesque-pagues e cultivos intensivos. Para o sistema decultivo em tanques-rede a Portaria 112 de 15/07/2005prevê também a Autorização ambiental, em casos delicenciamento ambiental de áreas aquícolas com volumesinferiores a 300 metros cúbicos de cultivo em águaspúblicas.

9.3 Roteiro de procedimentos para obtenção delicenciamento em aqüicultura

9.3.1 Instalação de piscicultura em tanques escavad os

O interessado pelo empreendimento deve se dirigir atéo instituto Ambiental do Paraná (IAP) mais próximo de suaresidência e manifestar seu pedido, o responsável técnico doIAP, estará encaminhando o proprietário para o preenchimentode alguns formulários, e pagamentos de algumas taxascobradas pelo órgão. Após a requisição, feita no IAP, técnicosda área de meio ambiente irão até a propriedade fazer afiscalização sobre o local de instalação dos tanques referentesa alguns itens como a captação de água de rios edistanciamento do local da construção de rios e nascentes.

Page 103: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

103

9.3.2 Instalação de piscicultura em tanques-rede

O Aquicultor interessado no cultivo em tanques-rededeverá procurar a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pescada Presidência da República (SEAP), órgão responsável peloordenamento da aquicultura, pela delimitação de áreas eparques aquícolas e ainda pela determinação da capacidadesuporte do ambiente.

A SEAP fará os encaminhamentos, do pedido, aosoutros órgãos que deverão também emitir seus pareceres eanuências, são eles: Órgão ambiental, no caso do Paraná oInstituto Ambiental do Paraná (IAP), a Marinha, que tratará dasquestões de segurança de tráfego aquaviário, o Serviço dePatrimônio da União (SPU), que trata das questões de benspúblicos e ainda a Agência Nacional de Águas que fará aoutorga. Todo ordenamento jurídico a respeito da aquiculturaem corpos d’água está contido no Decreto 4.895 de 25 denovembro de 2003, na instrução normativa n. 06 de 31 de maiode 2004 e na portaria do IAP n. 112 de 14 de julho de 2005.

Page 104: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

104

10.0 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, M.F. Registro de aqüicultor. Panorama daaqüicultura. V.11, n.63, jan/fev 2001. p.54-56.

ARANA, L.V. 1997. Princípios químicos de qualidade de águaem aqüicultura: uma revisão para peixes e camarão.Florianópolis: UFSC, p 26-33.

ARANA, L.V. 1999. Aqüicultura e desenvolvimento sustentável:subsídios para a formulação de políticas de desenvolvimentoda aqüicultura brasileira. Florianópolis: UFSC. p.65-71.

CARDOSO, E.L & FERREIRA, R.M.A. Cultivo de peixes emtanques-rede: desafios e oportunidades para odesenvolvimento sustentável EPAMIG, 2005. P.9-22.

COELHO, S.R.C.; Cardoso, M.B. Tanques rede de pequenoVolume. Panorama da aqüicultura. V.8,n.47, mai/jun 1998.p.22

ESTEVES, F. A. Fundamentos em limnologia. Rio de Janeiro:Interciência/FINEP, 1988. 575p.

FELLENBERG, G. 1980. Introdução aos problemas da poluiçãoambiental. São Paulo EPU/USP p70-80.

FURUYA, W. M., FURUYA V. R.,1997. Reprodução de peixes;Módulo VII; Curso de atualização em piscicultura de água docepor tutoria a distância; Maringá: Azopa-UEM; 21p.

GALLI, L.F. & TORLONI, C.E.C. Criação de peixes, São Paulo,Nobel, 1999. 119p.

GARUTTI, V. Piscicultura ecológica, ed. UNESP- São Paulo,2003, 332p.

Page 105: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

105

GOMES, L.C. Matrinxã. Panorama da aqüicultura. V.8, n.45,jan/fev 1998.p.15.

http://www.nupelia.uem.br/infra-estrutura/home/area-macrofitas.htm

http://www.sanantonio.com.br/especies.htm

KUBITZA, F. Considerações sobre o modelo de pisciculturaconsorciada com suínos. Panorama da aqüicultura. V.11, n.63,jan/fev 2001. p.33.

KUBITZA. F. Tilápias. Panorama da aqüicultura. V.10, n.59,mai/jun 2000. p.44.

KUBTIZA, F. Tilápia: Tecnologia e planejamento na produçãocomercial, Jundiaí – SP, ed. Acqua & Imagem, 2000.

MENEZES, J.R.R. & YANCEY, D.R. Manual de criação depeixes, CANPINAS, 1998. 116p.

ONO, E.A. Cultivo de peixes em tanques-rede, Campo Grande,MS, 1998.

OSTRENSKY, A. & BOEGER, W. Piscicultura: fundamentos etécnicas de manejo. Guaíba – RS, 1998, 211p.

Panorama da Aqüicultura. Disputa pela água pode gerarconflito entre países. V.7, n.42, jul/ago 1997. p.5.

Panorama da Aqüicultura. FHC assina decreto regulamentandoa aqüicultura em águas publicas. V.5, n.32, nov/dez 1995. p.17.

Panorama da Aqüicultura. Tese mostra viabilidade de cultivoassociado de tilápias com robalos. V.6, n.38, nov/dez 1996.p.11

Page 106: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

106

PROENÇA, C.E.M & BITTENCOURT, P.R.L. Manual depiscicultura tropical. Brasília, 1994. 196p.

PROENÇA, C.E.M. Legislação aqüicola. Panorama daaqüicultura. V.8, n.45, jan/fev 1998. p.34-35.

SAMPAIO, A.V.; ONO, E.A.; KUBTIZA, F. LOVSHIN, L.L.,Planejamento da produção de peixes, Campo Grande, 1998.60p.

SENAR/PR 1995. Piscicultura: como construir viveiros: manualdo trabalhador Curitiba: SENAR/PR, 28p.

SERATTO, C.D. et al. Curso de Piscicultura – EMATER,Curitiba.

SILVA, A.L.N. & SIQUEIRA, A.T. Piscicultura em tanques-rede:princípios básicos. Recife: SUDENE:UFRPE – imprensauniversitária, 1997. 72p.

SOUSA, S.M.G.; BARCELOS, L.J.G. Curso de tecnologiaavançada em piscicultura; junho/1997.

TAMASSIA, S. T. J.; Carpa Comum (Cyprinus carpio):Produção de Alevinos. Boletim Técnico 76; Florianópolis:Epagri; 75p.

TAVARES, L. H. S. 1994. Limnologia Aplicada a Aqüicultura.Jaboticabal: FUNEP, 70p.

TEIXEIRA FILHO, A.R. Piscicultura ao alcance de todos. SãoPaulo, 1991, 212p.

VAZZOLER, A. E. A. M.; 1996; Biologia da reprodução depeixes teleósteos: Teoria e prática; Maringá: Eduem – SãoPaulo: SBI; 169p.

Page 107: Manual de Boas Práticas em Aqüicultura - itaipu.gov.br · solo, como teores de matéria orgânica, textura e se há ou não acúmulo de material sedimentado transportado pela erosão

107

WAINBERG, A. Locação de projeto e construção. Panorama daaqüicultura. V.9, n.52, mar/abril 1999. p.52-53-54.