Manual de Boas Prática Manejo de Pirarucu - SEBRAE

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Manejo de Pirarucu de maneira artificial.

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  • Eduardo ono e Jacob KEhdi

    MANUAL DE BOAS PRTICAS DE PRODUO DO PIRARUCU EM CATIVEIRO

    1 edio

    braslia

    Sebrae

    2013

  • Presidente do conselho deliberativo nacionalRoberto Simes

    diretor-Presidente Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho

    diretor-Tcnico Carlos Alberto dos Santos

    diretor de administrao e FinanasJos Claudio dos Santos

    Gerente da unidade de agronegcios Enio Queijada de Souza

    Gerente adjunta da unidade de agronegcios Ftima da Costa Lamar

    Projeto EstruturantePirarucu da Amaznia

    coordenadora nacional Newman Costa

    coordenador regional Joo Machado Neto

    Equipe Tcnica Fase iiAlexsandro da Silva CascaesGraciane Dias de SDesstenes Marcos do NascimentoKeyla Reis de OliveiraRina Ftima Suarez da CostaTristo da Silveira CavalcanteCarlos dos Reis Lisboa Jnior

    Rodrigo Silveira da RosaClio Luis Picano MatosLeocy Cutrim dos Santos FilhoJos Daniel Tavares RodriguesPaula Lobo Ferreira de Assis

    consultores TcnicosEduardo Ono e Jacob Kehdi

    Edio Paulo Sousa

    Tratamento de Linguagem e redao Final Gleice Mere

    FotosLuiz Claudio Marigo (capa),Gleice Mere, Jacob Kehdi e Martin Halverson ilustraesMathias Mller

    impressoAthalaia Grfica e Editora Ltda.

    Verso dezembro 2013

    2013. Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas Sebrae Todos os direitos reservados.a reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610/1998).

    Informaes e contatosSebrae Servio brasileiro de apoio s Micro e Pequenas EmpresasSGaS 604/605 conjunto a braslia-dFTel.: (61) 3348-7100 www.sebrae.com.br

    Manual de boas Prticas de Produo do Pirarucuem cativeiro. Sebrae, braslia, 2013. 46 p: il.; color. iSbn: 978-85-7333-598-9

    1. Produo de pirarucu. 2. Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia.

  • SUMRIO

    PREFCIO ......................................................................................................................................................................................6

    Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia ........................................................................................................6

    1. Introduo...............................................................................................................................................................................7

    Manual de boas Prticas de Produo do Pirarucu em cativeiro ...............................................................7

    2. Principais manejos para a engorda do pirarucu ..................................................................................................7

    recria dos alevinos .........................................................................................................................................................8

    alimentao dos pirarucus ....................................................................................................................................... 11

    Qualidade da gua ...................................................................................................................................................... 12

    despesca do pirarucu ................................................................................................................................................. 14

    3. Restries pesca ............................................................................................................................................................ 15

    4. Produo econmica do pirarucu um peixe com excelentes qualidades ....................................... 16

    5. Resultados ............................................................................................................................................................................17

    Viveiros escavados e audes ................................................................................................................................... 17

    Tanque-rede ..................................................................................................................................................................20

    Sistema intensivo com recirculao ..................................................................................................................... 23

    6. Discusso e recomendaes ....................................................................................................................................... 27

    infraestrutura Tanque escavado ou aude ..................................................................................................... 27

    infraestrutura Tanques-rede ....................................................................................................................... 28

    Povoamento ..................................................................................................................................................................30

    Manejo da qualidade da gua ............................................................................................................................... 31

    Manejo nutricional e alimentar ............................................................................................................................. 35

    captura e manuseio ................................................................................................................................................... 39

    abate para comercializao .................................................................................................................................... 38

    7. Consideraes finais ....................................................................................................................................................... 40

    8. Agradecimentos ................................................................................................................................................................41

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    Projeto Estruturante Pirarucu da Amazniaa amaznia possui cerca de sete milhes de quilmetros quadrados, dos quais quase cinco milhes esto em territrio brasileiro. um bioma que ocupa 49,29% do territrio nacional, a maior floresta tropical de rea contnua da Terra. A rica biodiversidade desse bioma representa inmeras oportunidades de negcios que podem ser exploradas, respeitando-se os seguintes princpios: viabilidade econmica, justia social e ecologia.A fim de expandir, de otimizar e de racionalizar a utilizao desses recursos naturais, os Sebrae da regio norte, a associao brasileira dos Sebrae/Estaduais (abase) e o Sebrae nacional iniciaram, em 2007, os denominados Projetos Estruturantes da amaznia. os setores contemplados foram: madeira e mveis, flores tropicais, turismo, manejo florestal no madeireiro e reproduo do pirarucu, Arapaima gigas, em cativeiro. Esses setores econmicos so de fundamental importncia para a regio norte, que composta por sete estados da Federao: acre, amazonas, amap, Par, rondnia, roraima e Tocantins. a coordenao de cada projeto estruturante foi realizada em diferentes estados, mas o desenvolvimento das tecnologias ocorreu de forma concomitante em diversos pontos da regio, devido s diferenas locais. Foram estudadas, desenvolvidas e sistematizadas tecnologias para a explorao econmica sustentvel, com um novo olhar, que contempla a preservao do meio ambiente, profissionaliza os setores estudados e agrega valor a produtos da amaznia explorados, h dcadas, de maneira insipiente.o consumo do pirarucu um hbito tradicional da regio amaznica que, nos ltimos anos, tem-se expandido para outras regies brasileiras. apesar do aumento do consumo e de a atividade ser um trao cultural amaznico, antes do incio do projeto no havia pesquisas ou literatura a respeito da cadeia reprodutiva desse peixe. cerca de 90% do pirarucu consumido no brasil so obtidos por meio da pesca predatria, o que representa um srio risco de extino da espcie. as novas tecnologias so o nico caminho para reverso desse quadro.o primeiro passo do projeto foi avaliar o ciclo reprodutivo da espcie e desenvolver tecnologia para sua reproduo em cativeiro, engorda, comercializao e posicionamento de marketing. a disponibilizao dessas informaes dever ajudar a mudar o quadro de consumo do pescado em todo o territrio nacional.o maior empecilho para a expanso da criao do pirarucu em cativeiro eram os alevinos. no existiam tcnicas e metodologias para reproduo em laboratrio. os empresrios esperavam os pirarucus reproduzirem-se naturalmente. Por meio da tecnologia desenvolvida durante os trs anos de projeto, estabeleceram-se boas prticas para a produo de alevinos, o que aumentou, significativamente, a qualidade e a produo de larvas e alevinos em cativeiro.

    PREFCIO

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    1. Introduo

    Manual de Boas Prticas de Produo do Pirarucu em Cativeiro Este material foi produzido a partir dos resultados obtidos nas unidades de observao de Engorda do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia, desenvolvido pelo Sebrae, no perodo de 2007 a 2010, nos Estados do acre, do amap, do amazonas, de rondnia, de roraima e do Tocantins.

    o pirarucu, Arapaima gigas, objeto deste estudo, um dos maiores peixes de gua doce do mundo. Ele carnvoro, tem respirao area obrigatria e chama a ateno pelo rpido crescimento. h muito tempo, a espcie tem sido uma importante fonte de alimento para os habitantes da amaznia. desde a dcada de 1940, h registros sobre o potencial produtivo e algumas experincias de cultivo da espcie no Pas. Esses estudos ressaltam as suas caractersticas biolgicas e zootcnicas, alm do elevado valor comercial e sua importncia como alimento na regio amaznica.

    nesse sentido, a realizao do presente estudo, desenvolvido de forma pioneira pelo Sebrae, atende s seguintes demandas: Econmica diversifica a produo e gera novas fontes de renda e emprego em pequenas propriedades rurais.Ecolgica visa ao aumento populacional de uma espcie ameaada de extino, a partir de prticas ambientalmente sustentveis.Segurana alimentar estimula a criao de novas fontes de alimentos e nutrientes, em pequenos criadouros, a custos economicamente viveis.Incentivo a novas polticas de desenvolvimento um benefcio para os estados que compem a regio amaznica.

    o Manual de Boas Prticas de Produo do Pirarucu em Cativeiro descreve os principais manejos utilizados para a engorda do pirarucu. Ele um roteiro para quem deseja iniciar ou ampliar a sua criao e uma fonte de informaes para profissionais e tcnicos interessados em conhecer mais detalhes sobre as pesquisas desenvolvidas pela equipe do Sebrae.

    o captulo 2 uma leitura simples e resumida sobre os principais manejos utilizados na engorda do pirarucu. os demais captulos apresentam uma anlise mais aprofundada dos resultados obtidos a partir dos trabalhos realizados no projeto.

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    2. Principais manejos para a engorda do pirarucu

    Recria dos alevinosos alevinos de pirarucu so muito predados por pssaros, pois, frequentemente, tm que subir superfcie para respirar. alm disso, precisam estar livres de parasitas e receber excelente alimentao nas fases iniciais da engorda. So recomendados os seguintes procedimentos:

    utilizar alevinos com procedncia, de pisciculturas legalizadas;

    recriar o pirarucu at 0,5 kg ou mais com proteo especial contra predadores. Essa recria pode ser feita em tanque escavado, coberto com tela antipssaro, ou em tanque-rede com tampa;

    em um tanque-rede de 10 m, podem ser recriados 250 pirarucus de at 0,5 kg;

    Alevinos de pirarucu

    Tanque-rede de 3 m x 3 m x 1,5 m com tela antipssaro, equipamento utilizado para a recria do pirarucu

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    os pirarucus at 0,5 kg devem ser alimentados com rao de tima qualidade. Pirarucus que emagrecem na fase inicial dificilmente se recuperam;

    pirarucu de 5 kg que no se alimentou com rao adequada na recria e ainda apresenta o dorso afinado. Essa caracterstica prejudica o rendimento de carne, que ser menor.

    durante os processos de recria e engorda dos pirarucus em tanques-rede, deve-se instalar telas de nilon, do tipo mosquiteiro, por dentro e ao redor do tanque, para evitar que a rao saia. Essa estrutura recebe o nome de comedouro. A tela deve ser fixada pela parte superior, de modo a ficar 10 cm acima e 30 cm abaixo do nvel da gua. a parte de baixo da tela deve conter um peso (corrente, por exemplo) em toda sua extenso para mant-la esticada. no se deve fixar a parte de baixo da tela no tanque, pois os pirarucus podem entrar atrs do comedouro, ficar presos entre as duas telas e morrer afogados.

    Viveiro com tela antipssaro

    Pirarucu de 5 kg que no se alimentou com rao adequa-da na recria e ainda apresenta o dorso afinado. Essa caracte-rstica prejudica o rendimento de carne, que ser menor

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    Tanque-rede com comedouro

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    Alimentao dos pirarucusao alimentar os alevinos, utilize a mesma rao com a qual eles foram treinados. converse com seu fornecedor de alevinos para saber qual rao esto comendo e utilize-a por pelo menos um ms.A quantidade de rao colocada deve ser suficiente para que os pirarucus comam tudo em at 10 minutos. d a rao de cada trato dividida em pores. a queda do alimento na gua estimula o consumo pelos pirarucus.acompanhe o crescimento dos pirarucus por meio de pesagens. as raes disponveis no mercado fazem com que eles atinjam o peso prximo dos relacionados na tabela a seguir:

    Dias de engorda Peso do pirarucu

    1 dia 15 gramas

    30 dias 100 gramas

    60 dias 500 gramas

    100 dias 1 kg

    235 dias 5 kg

    365 dias 10 kg

    420 dias 12 kg

    Em tanques-rede, devido ao menor consumo de rao, o crescimento pode ser de 20% a 30% menor, principalmente quando os peixes estiverem acima de 1 kg.

    na tabela a seguir esto relacionados a quantidade de protena da rao, o tamanho de rao recomendado, o nmero de tratos dirio e a estimativa de consumo para o pirarucu em tanques escavados:

    Peso do pirarucu

    Protena bruta da rao

    Tamanho do gro da rao Tratos por dia

    Consumo de rao estimado por peixe

    na respectiva fase de desenvolvimento

    15 100g 40 a 45% 1 2 mm 6 4 50 g100 500g 40 a 45 % 2 3 mm 4 400 g500g 1kg 40 a 45% 3 5 mm 3 650 g1kg 5 kg 36 a 40% 8 10 mm 3 6 kg5kg 12 kg 36 a 40% 12 15 mm 3 16 kg

    Total 23,1 kg

    d preferncia a raes compostas por, no mnimo, 40% de protena. algumas raes

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    existentes no mercado, com 36% de protena bruta, podem ser utilizadas, mas so poucas as de boa qualidade.

    o total de 23,1 kg de rao para produo de 12 kg de pirarucu pode ser utilizado para uma estimativa do consumo de rao para cada quilo de peixe; ou seja, so consumidos aproximadamente 2 kg de rao para cada quilo de peixe produzido.

    Qualidade da guao pirarucu um peixe de regies quentes, por isso cresce melhor em guas com temperaturas entre 28c e 30c. Em temperaturas menores que 26c, ocorre a diminuio do consumo de comida. Quando a gua chega a temperaturas menores que 20c, principalmente com durao de mais de trs dias, pode ocorrer a mortandade dos peixes.

    dentre outros parmetros de qualidade da gua, a transparncia o principal fator limitante para a engorda do pirarucu em tanque escavado. a transparncia diminui devido ao esverdeamento da gua em funo da adubao causada pelas fezes dos peixes e pelas sobras de rao. a transparncia tambm diminui porque os pirarucus com mais de 3 kg reviram o barro no fundo do viveiro e sujam a gua.

    a seguir, alguns cuidados para se manter a qualidade da gua.

    Mantenha a transparncia da gua sempre acima de 20 cm. de preferncia, acima de 30 cm. Importante: quando a transparncia da gua fica abaixo dos 20 cm, os pirarucus comem pouco e, consequentemente, no crescem.

    Para manter a transparncia em condies adequadas, recomenda-se realizar troca de gua e estocagem adequada ao nmero de peixes.

    Para diminuir o problema com a transparncia da gua, podem-se estocar de 500 a 700 peixes por hectare na fase final da engorda (cada peixe pesando no mximo at 12 kg). Mais detalhes sobre as densidades de estocagens esto no item Povoamento.

    deve ser evitada a instalao de tanques-rede em locais de gua muito turva.

    Para medir a transparncia da gua o ideal utilizar o disco de Secchi, como a seguir:

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    as caractersticas de alguns tanques fazem com que a transparncia da gua demore mais a diminuir. Veja na tabela a seguir os fatores que influenciam a relao entre o tanque e a transparncia da gua:

    Caracterstica do tanque Efeito na transparncia da gua

    Viveiro mais profundo (acima de 2,7 m)

    Evita que as partculas e nutrientes do fundo, revolvidas pelos pirarucus, cheguem superfcie. Sem partculas suspensas no ocorre turbidez e sem nutrientes disponveis na coluna dgua o esverdeamento reduzido.

    Fundo bem compactado, cascalhado

    Evita que os pirarucus consigam revolver as partculas do fundo.

    Solos arenosos

    So formados por partculas grosseiras que permanecem menos tempo na coluna dgua, favorecendo menor turbidez. Geralmente tm menos nutrientes, diminuindo o esverdeamento da gua.

    Tanques com pouca matria orgnica no fundo

    Tanques com excesso de matria orgnica podem liberar muitos nutrientes para a coluna dgua pelo revolvimento do fundo pelos pirarucus, o que favorece o esverdeamento.

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    Despesca do pirarucuo pirarucu um peixe grande e saltador. Quando ameaado, principalmente na hora da despesca, tende a pular para fora da rede, podendo se machucar ou at mesmo ferir quem trabalha em sua captura. alm disso, ele necessita respirar fora dgua e, quando impedido, morre afogado. Para a realizao de um bom manejo, alguns cuidados devem ser tomados.

    nas despescas, utilizar redes com 6 a 7 metros de altura.

    Para a retirada dos pirarucus do tanque, o nvel de gua deve ser previamente diminudo, de modo que fique com, no mximo, 1,5 m de profundidade.

    Trabalhar com boia e chumbo da rede na mesma vertical, formando um colo na rede que impea que os peixes pulem.

    nunca empurrar a rede por trs, para evitar acidentes.

    Passar a rede o mais rapidamente possvel, pois o pirarucu pode se afogar em passadas de redes demoradas.

    utilizar varas para manter as boias elevadas durante o fechamento da rede. alm de proteger os funcionrios, evita que os peixes pulem por cima da rede.

    deve-se evitar que os pirarucus presos na rede virem de barriga para cima, pois podem morrer afogados. deixe um espao adequado na rede. a utilizao de ferros (chamados de terceiro homem ou morto) para sustentao das redes ajuda nesse servio.

    Despesca do pirarucu. A rede com altura de 7 m evita que os trabalhadores fiquem prximos aos peixes

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    o planejamento da engorda, por fases, deve permitir a transferncia dos pirarucus para tanques prximos, principalmente com peixes acima de 1 kg. desse modo, possvel o transporte manual, evitando a utilizao de caixas, que estressante para os pirarucus com mais de 1 kg.

    a transferncia material pode ser feita em sacos (de rao, por exemplo) sem gua, para evitar o afogamento dos peixes.

    Classificaes peridicas por tamanho so importantes. Podem ser feitas nas mudanas de peixes entre as fases de criao nos tanques de terra. nos tanques-rede, o crescimento desigual maior e as classificaes devem ser mais frequentes.

    3. Restries pescao pirarucu, de elevado valor econmico, tem sido explorado pelas populaes nativas desde o sculo XViii. Essa intensa explorao provocou um acentuado declnio populacional a ponto de, atualmente, ser considerada, em algumas regies, uma espcie quase extinta e sobre-explorada, em outras.

    Em resposta sobrepesca dos estoques naturais, as autoridades governamentais criaram diversas restries explorao do pirarucu. o tamanho mnimo para a sua captura passou a ser 150 cm; h a total proibio da pesca no perodo de reproduo da espcie (perodo do defeso). o defeso do pirarucu varia de acordo com a regio da amaznia, pois sua reproduo coincide com os perodos mais chuvosos:

    Rede fixada no morto durante o manejo

    Rede fixada no morto durante o manejo

    Terceiro homem ou morto utilizado para fixao da rede durante o manejo

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    Amazonas, Par, Acre e Amap 1 de dezembro a 31 de maio. Rondnia 1 de novembro a 30 de abril.Roraima 1 de maro a 31 de agosto. Bacia Hidrogrfica do Araguaia-Tocantins 1 de outubro a 31 de maro; tamanho mnimo de 155 cm para captura.

    no amazonas, alm do perodo de defeso institudo pela normativa Federal, a proibio da pesca total devido a uma norma estadual. a pesca autorizada apenas nas reas que dispem de planos comunitrios de manejo de lagos, autorizados e monitorados pelos rgos ambientais estadual e federal.

    4. Produo econmica do pirarucu um peixe com excelentes qualidades J foram realizados diversos trabalhos voltados criao do pirarucu. Em sua maioria, os modelos de alimentao adotados basearam-se em peixes forrageiros vivos, de baixo valor comercial, descartes da pesca ou ainda em resduos in natura de pescados e de animais terrestres. Por essas experincias, constatou-se que a produo comercial de peixes carnvoros nesses moldes, como o caso do pirarucu, economicamente invivel, alm de apresentar uma srie de restries nos mbitos sanitrio e ambiental. dessa forma, para se viabilizar a produo do pirarucu em escala industrial, necessrio que a criao seja conduzida com raes balanceadas de alta qualidade.

    o pirarucu apresenta uma srie de caractersticas positivas para a criao intensiva. as principais so:

    o rpido crescimento (cerca de 10 kg no primeiro ano de criao).

    a boa tolerncia ao adensamento e s condies de cultivo intensivo em ambientes tropicais.

    a capacidade de realizar a respirao area nas fases mais avanadas do seu desenvolvimento, aproveitando o ar diretamente da atmosfera, sem depender do oxignio dissolvido na gua.

    a fcil adaptao ao consumo de alimentos balanceados e raes comerciais.

    carne clara, magra, tenra, de alta qualidade e livre de espinhas intramusculares.

    Alto rendimento de fil (acima de 45%), superando o rendimento alcanado pela maioria dos peixes cultivados atualmente no Pas.

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    Elevada demanda e valor de mercado, com excelentes perspectivas para o mercado internacional.

    apesar de todas as vantagens que apresenta o cultivo do pirarucu, os conhecimentos necessrios sua produo comercial sustentvel ainda no foram consolidados. as experincias de cultivo acumuladas se restringem aos esforos pioneiros de alguns piscicultores e tcnicos que tm conduzido as criaes ao custo da pesquisa, pesquisa prtica (no cientfica) e do empirismo.

    Frente ao enorme e crescente interesse do setor produtivo em investir na produo do pirarucu, faz-se necessrio construir um banco de informaes confivel sobre o desempenho zootcnico e econmico de sua produo em diferentes ambientes e sob diversas condies de criao. o sucesso da criao do pirarucu como negcio depende ainda da capacidade de comercializ-lo com qualidade e valor agregado. Para que isso seja possvel, o conhecimento das demandas do perfil dos consumidores-alvo e dos produtos concorrentes, entre outras informaes referentes ao mercado, so essenciais para que as estratgias de marketing e comercializao sejam traadas. aps a consolidao e a divulgao desses conhecimentos, ser possvel aos empreendedores interessados investir na atividade com maior segurana no mbito da produo e da comercializao.

    5. Resultadosnesta seo so apresentados, de modo mais abrangente, os resultados obtidos nas unidades de observao da Engorda do Projeto Estruturante do Pirarucu da amaznia. Foram avaliados diferentes sistemas de produo, incluindo os principais ndices de desempenho zootcnico e econmico.

    o sistema de viveiros e audes o mais utilizado na piscicultura e foi testado em todos os estados. os estudos com tanque-rede foram restritos a trs unidades de observao do Projeto e o sistema intensivo com recirculao foi testado em apenas uma unidade.

    Viveiros escavados e audesa tabela a seguir apresenta os principais parmetros zootcnicos resultantes das unidades de observao da engorda do pirarucu em viveiros e audes que foram manejados de forma adequada. nessas unidades os alevinos passaram por uma fase de recria em viveiro escavado protegido com tela antipssaro, ou confinados em tanques de tela ou tanques-rede at a soltura no ambiente de engorda, para evitar a ao dos predadores.

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    Resultados da engorda do pirarucu em viveiros escavados e audes com rao extrusada comercial para peixes carnvoros.

    Parmetros Valores

    Peso mdio inicial 15 g

    Peso mdio aos 12 meses 8 a 10 kg

    Peso mdio aos 14 meses 10 a 12 kg

    Converso alimentar aparente 1,7 2,3

    Sobrevivncia 90 a 95%

    Biomassa final 7.000 a 16.000 kg/ha

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    nas fases de engorda, foram instaladas unidades de observao em viveiros e audes com reas que variaram entre 700 m e 12.000 m. Foi observado que a rea de espelho dgua do viveiro ou aude tem influncia muito pequena sobre o resultado da produo, desde que se mantenha uma densidade populacional de peixes adequada. do ponto de vista da infraestrutura, o parmetro mais importante a profundidade da gua. Viveiros ou audes rasos, com menos de dois metros de profundidade, tm problemas graves com a alta turbidez da gua (gua barrenta ou excessivamente verde), onde os peixes reduzem ou at mesmo cessam o consumo de alimento e, consequentemente, no crescem. Portanto, um dos pontos crticos a ser observado com ateno que a infraestrutura deve permitir a manuteno da qualidade da gua em condies favorveis, sobretudo do ponto de vista da sua transparncia.

    Dias de engorda e crescimento do pirarucu em tanques escavados e audes

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    8000

    9000

    10000

    11000

    12000

    13000

    14000

    15000

    16000

    17000

    18000

    0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570

    Peso

    [g]

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

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    O grfico apresentado representa uma curva mdia de crescimento do pirarucu engordado em viveiro escavado e aude. os peixes atingiram, em mdia, o peso entre 8 e 10 kg durante o ciclo de produo de um ano, a partir de juvenis j condicionados rao (10 a 15 cm). Essa variao nos resultados consequncia das diferentes condies climticas, sobretudo da temperatura da gua, do porte inicial do juvenil e do manejo da produo (alimentao e densidade de povoamento, entre outros), partindo do princpio que so utilizados insumos de qualidade (alevinos e rao). Para obter esses resultados, como principal fonte de alimento, foram utilizadas raes extrusadas comerciais para peixes carnvoros, com nveis de protena bruta entre 40% e 45% e gordura entre 6% e 15%. Em algumas unidades houve uma complementao na dieta com alimento natural (peixes e crustceos nativos). o pirarucu tem uma grande habilidade em aproveitar o alimento natural disponvel nos viveiros e audes, o que complementa a dieta e contribui significativamente no desenvolvimento dos animais. Considerando, ainda, que as raes utilizadas no foram desenvolvidas especificamente para a espcie e, provavelmente, no atendem plenamente necessidade da mesma, essa complementao especialmente importante no atual estgio tecnolgico da produo do pirarucu. Pelas observaes do projeto, os peixes apresentam uma piora sensvel na converso alimentar a partir dos 12 kg de peso mdio, o que reduz a lucratividade da produo.

    Foram construdos cenrios de custo de produo para diferentes preos de alevinos e rao, baseados nos resultados mdios de desempenho produtivo (crescimento, converso alimentar e taxa de sobrevivncia), que esto representados na prxima tabela. os valores variaram sensivelmente por causa da escala de produo e da distncia dos fornecedores de insumos. o custo total de produo foi calculado com base na participao do alevino e rao em 80% do montante. os demais 20% se referem ao custo da mo de obra e de outras despesas.

    Custo de produo do pirarucu na fase de engorda, considerando diferentes cenrios de preo de alevinos, rao e eficincia produtiva em viveiro escavado e aude.

    Cenrio Preo do alevino Preo da rao Custo total do quilo de pirarucu

    1 R$ 20,00/unidade R$ 2,50/kg R$ 9,78/kg

    2 R$ 15,00/unidade R$ 2,00/kg R$ 6,72/kg

    3 R$ 10,00/unidade R$ 1,70/kg R$ 4,92/kg

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    1 Piscicultor em pequena escala, com produo de 2 a 3 t/ano*, compra insumos ao preo de varejo e est distante do fornecedor, tem dificuldade de gesto e menor eficincia produtiva (converso alimentar 2,2).2 Piscicultor em mdia escala, com produo de 5 a 20 t/ano, compra insumos com valores prximos ao preo de atacado e est distante do fornecedor. Usa mnimas ferramentas de controle e gesto e tem boa eficincia produtiva (converso alimentar 1,9).3 Piscicultor em mdia/grande escala produz mais de 50 t/ano, compra insumos

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    ao preo de atacado e prximo do fornecedor, usa vrias ferramentas de controle e gesto e tem alta eficincia produtiva (converso alimentar 1,7).* t/ano = toneladas por ano

    a tabela, a seguir, mostra que a produo economicamente vivel considerando-se um preo de mercado do peixe inteiro entre r$ 7,50/kg e r$ 10,00/kg, valor que depende da escala de venda e do tipo de consumidor. Para atingir esses resultados, preciso utilizar insumos de qualidade e manejo adequado, dentro de uma escala mnima que permita diluir os custos fixos e aumentar o poder de negociao na compra dos insumos.

    Retorno econmico da produo de um hectare. Dados relativos produo de 10 toneladas de pirarucu, criado em viveiro escavado e aude, na fase de engorda, com diferentes cenrios de preo de alevinos, rao e eficincia produtiva.

    CenrioPreo de venda do pirarucu =

    R$ 7,50/kgPreo de venda do pirarucu =

    R$ 10,00/kgCusto total quilo

    do pirarucu

    1 R$ 22.800,00 R$ 2.200,00 R$ 9,78/kg

    2 R$ 7.800,00 R$ 32.800,00 R$ 6,72/kg

    3 R$ 25.800,00 R$ 50.800,00 R$ 4,92/kg

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    importante ressaltar que o cenrio 3 aplica-se tambm s organizaes de pequenos produtores (associaes e cooperativas). Essas instituies podem, alm de realizar compras conjuntas de insumos, comercializar de forma escalonada a produo por meio de contratos. Tambm possvel diluir os custos do acompanhamento tcnico especializado, entre outros.

    no caso do pequeno produtor, que trabalha isolado (cenrio 1), uma das nicas formas de viabilizar seu negcio explorar nichos de mercado, como agregao de valor ao seu produto ou, por exemplo, vender diretamente para o consumidor final.

    Tanque-redeO pirarucu uma espcie que se adapta bem condio do confinamento em tanque-rede. atingiu nveis de produtividade bastante elevados, se comparados aos de outros peixes amaznicos, como o tambaqui. na tabela a seguir so apresentados os resultados zootc-nicos mdios das unidades mais exitosas do projeto.

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    Resultados da engorda do pirarucu em tanque-rede com rao extrusada comercial para peixes carnvoros.

    Parmetros Valores

    Peso mdio inicial 0,5 kg

    Peso mdio em 12 meses 8 a 9 kg

    Converso alimentar aparente

    2,0 a 2,2

    Sobrevivncia 90 a 95%

    Biomassa final kg/m 100 a 120 kg/m

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    os tanques-rede testados no projeto foram de 6 m de volume (2m x 2m x 1,5m). Eles so considerados tanques de pequeno volume e tm a vantagem de ser mais facilmente manejados por pequenos produtores. Porm, com o crescimento dos empreendimentos, natural o interesse dos piscicultores em experimentar tanques de volumes maiores. contudo, no foi possvel realizar o teste nesse projeto, devido escala em que foi desenvolvido o trabalho. Ser importante, no futuro, testar tanques maiores, sobretudo por causa do fomento e da disponibilidade do uso de grandes ambientes para a piscicultura, como os lagos das usinas hidreltricas.

    a seguir so apresentadas as curvas de crescimento e produtividades mdias do pirarucu nos tanques-rede de pequeno volume.

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    8000

    9000

    0 50 100 150 200 250 300 350 400

    Pes

    o m

    dio

    (g

    ram

    as)

    Periodo de cultivo (dias)

    Crescimento do pirarucu em tanque-rede

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

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    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    Foram construdos cenrios de custo de produo para diferentes preos de alevinos e rao, baseando-se nos resultados mdios de desempenho obtidos. Esses insumos variam, sensivelmente, por causa da escala de produo e da distncia dos fornecedores. o custo total de produo foi calculado com base na participao do alevino e rao em 80% do montante. os demais 20% se referem a custo da mo de obra e outras despesas. a seguir a anlise dos custos.

    Custo de produo do pirarucu na fase de engorda em tanque-rede, considerando-se diferentes cenrios de preo de alevinos, rao e eficincia produtiva.

    Cenrios Preo do alevino Preo da rao Custo total do pirarucu

    1 R$ 20,00/unidade R$ 2,50/kg R$ 9,81/kg

    2 R$ 15,00/unidade R$ 2,00/kg R$ 7,46/kg

    3 R$ 10,00/unidade R$ 1,70/kg R$ 5,72/kg

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    1 Piscicultor em pequena escala, com produo de 2 a 3 t/ano*, compra insumos ao preo de varejo e distante do fornecedor. Tem dificuldade de gesto e menor eficincia produtiva (converso alimentar 2,2).2 Piscicultor em mdia escala, com produo de 5 a 20 t/ano, compra insumos prximo ao preo de atacado e est distante do fornecedor. Usa mnimas ferramentas de controle e gesto e tem boa eficincia produtiva (converso alimentar 2,1).

    0,0

    20,0

    40,0

    60,0

    80,0

    100,0

    120,0

    140,0

    0 50 100 150 200 250 300 350 400

    Bio

    mas

    sa (k

    g/m

    3 )

    Perodo de cultivo (dias)

    Produtividade do pirarucu no tanque-rede

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    3 Piscicultor em mdia/grande escala produz mais de 50 t/ano, compra insumos ao preo de atacado e est prximo do fornecedor. Usa vrias ferramentas de controle e gesto e tem alta eficincia produtiva (converso alimentar 2,0).* t/ano = toneladas por ano

    a tabela, a seguir, mostra que a produo economicamente vivel, considerando-se um preo de mercado entre r$ 7,50 e r$ 10,00/kg do peixe inteiro, valor que depende da escala de venda e do tipo de consumidor. Para atingir esses resultados, preciso utilizar insumos de qualidade e manejo adequado, dentro de uma escala mnima de produo que permita diluir os custos fixos e aumentar o poder de negociao na compra dos insumos.

    Retorno econmico da produo de 20 tanques-rede de 6 m. Dados relativos produo de 10 toneladas de pirarucu na fase de engorda, com diferentes cenrios de preo de alevinos, rao e eficincia produtiva.

    Cenrios Preo de venda = R$ 7,50/kg Preo de venda = R$ 10,00/kg

    1 R$ 23.100,00 R$ 1.900,00

    2 R$ 400,00 R$ 25.400,00

    3 R$ 17.800,00 R$ 42.800,00

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    Sistema intensivo com recirculaoSistemas intensivos de produo, com reutilizao da gua, so indicados para situaes de escassez dos recursos hdricos e de alto valor da terra. Esse tipo de sistema favorece a viabilizao das atividades do pequeno produtor, pois tem como objetivo obter a maior produo por rea, com um uso mnimo de gua. uma das unidades de observao do projeto foi montada para estudar o pirarucu nesse tipo de ambiente.

    o sistema apresentado no esquema a seguir consiste em um tanque circular de PVc instalado dentro de um viveiro de terra. os peixes so alojados nesse tanque de PVc. um compressor de ar radial, conhecido como soprador de ar, usado para bombear a gua do viveiro de terra para o tanque de PVc. a maior parte da gua bombeada sai por um grande dreno lateral do tanque de PVc e retorna ao tanque de terra para ciclagem da amnia excretada pelos peixes. No tanque de terra, o fitoplncton utiliza a amnia como nutriente, retirando-a do meio. uma pequena quantidade de gua sai do sistema para retirada dos resduos slidos, fezes, atravs de um dreno central no tanque de PVc.

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    Esquema do sistema intensivo de recirculao de gua montado em uma das unidades de observao do Projeto Estruturante Pirarucu na Amaznia.

    A retirada das fezes do sistema reduz o enriquecimento excessivo da gua com nutrientes (adubao natural) e, consequentemente, mantm a transparncia elevada por mais tempo. O confinamento dos pirarucus dentro do tanque de PVC evita que eles revolvam o fundo do viveiro, impedindo a elevao da turbidez mineral. conforme observado no sistema de viveiros e audes, a perda de transparncia da gua o principal fator limitante para o crescimento do pirarucu.

    Sistema intensivo em tanque de PVC com recirculao em viveiro escavado em Pimenta Bueno - RO

    Sistema intensivo em tanque de PVC com recirculao em viveiro escavado em Pimenta Bueno (RO)

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    a prxima tabela mostra os resultados da produo do pirarucu na unidade onde foi instalado o sistema de recirculao de gua. os peixes estocados com 975 g atingiram, em um ano, o peso mdio de 10,0 kg. Esse crescimento foi um pouco inferior ao observado em viveiros de terra, mas atingiu as expectativas iniciais. os pirarucus em sistemas com altas densidades (por exemplo, sistemas de recirculao, tanques-rede) tm apresentado menor consumo e, consequentemente, menor crescimento. uma soluo para potencializar o desenvolvimento do pirarucu em sistemas de alta densidade seria a utilizao de uma rao especfica que atenda melhor necessidade da espcie. Essas raes disponibilizariam os nutrientes necessrios a um desempenho mais eficiente.

    a converso alimentar atingiu o valor de 1,97 e foi pouco superior observada em tanques de terra. a ausncia de oferta de alimento natural e possvel gasto de energia com natao, devido movimentao da gua, podem ser responsveis por essa converso. a taxa de sobrevivncia de 98,7% foi das melhores j observadas.

    Sistema intensivo em tanque de PVC com recirculao em viveiro escavado em Pimenta Bueno (RO)

    Ao final desse ano de cultivo, a produtividade dentro do tanque de PVC alcanou 66 kg/m. a biomassa correspondente da rea total do sistema para um hectare foi superior ao que se atingiu nos viveiros escavados e audes, chegando a 20.626 kg/hectare.

    Alimentao dos peixes no sistema intensivo em tanque de PVC com recirculao em viveiro escavado, em Pimenta Bueno (RO)

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    Resultados da produo do pirarucu em sistema intensivo de recirculao.

    Parmetros Valores

    Volume do tanque de PVC 45 m

    Nmero de peixes 300

    Perodo 365 dias

    Peso mdio inicial 0,975 kg

    Peso mdio final 10.069 kg

    Converso alimentar 1,97

    Sobrevivncia 98,7 %

    Biomassa no tanque de PVC 66,23 kg/m

    Biomassa por rea do viveiro 20.623 kg/ha

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    os custos com material e mo de obra para a instalao do sistema intensivo no viveiro escavado foram de r$ 5.539,00. houve um aumento de custos de r$ 0,37 por quilo de pirarucu em relao criao dos peixes soltos em viveiro. Para os clculos considerou-se que o tempo de vida de um tanque de PVc de cinco anos e produz, anualmente, 2.980 kg de peixe.

    apesar de a produtividade ter sido de duas a quatro vezes maior que nos sistemas convencionais, alteraes no projeto atual possivelmente viabilizariam maior produo. Essas alteraes devem ser no sentido de tornar a retirada de fezes do sistema e ciclagem dos nutrientes mais eficientes. O uso de raes de melhor qualidade tambm poderia aumentar a capacidade do sistema.

    A tabela a seguir mostra a influncia do aumento da produtividade nesse sistema em relao ao custo final do quilo de pirarucu produzido.

    Produo anual de pirarucu no sistema de recirculao estudado em um viveiro de

    1.445 m

    Produo anual equivalente a um hectare de viveiro

    Aumento do custo por quilo de pirarucu produzido devido

    depreciao do tanque de PVC

    2.980 kg * 20.623 kg R$ 0,37

    4.335 kg ** 30.000 kg R$ 0,25

    7.225 kg ** 50.000 kg R$ 0,15

    * Produo obtida no estudo atual.** Simulao de produo aps as adequaes no sistema.Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

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    Obs: Os gastos com energia eltrica podem variar de R$ 120,00 a R$ 600,00 ao ano. Esses valores dependem do tipo de contrato do piscicultor com a respectiva companhia de abastecimento. A estimativa se refere ao volume de eletricidade utilizado para movimentar um motor air lift de 0,5 cv.

    os resultados do trabalho nesse sistema de produo foram bastante promissores, mas ainda so preliminares, pois no foi possvel reavali-lo dentro do perodo de execuo do projeto. ainda necessria a realizao de estudos mais aprofundados, sobretudo aps as adequaes tcnicas desse modelo. preciso avaliar at onde possvel melhorar a eficincia e a aplicabilidade do sistema em outras localidades e realidades dentro da amaznia.

    6. Discusso e recomendaesFoi feita uma discusso dos resultados e apresentadas sugestes com base nas experincias acumuladas ao longo do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia. as recomendaes seguem as etapas da produo do pirarucu e so mostradas a seguir.

    Infraestrutura Tanque escavado ou audeo pirarucu apresenta algumas peculiaridades quanto infraestrutura necessria para sua produo, devido ao fato de ser um animal que atinge grande porte, se comparado s demais espcies de peixes criadas em cativeiro. no caso da criao em viveiros escavados e audes, importante que os tanques apresentem um fundo com solo argilo-arenoso ou argiloso bem compactado e, preferencialmente, com boa plasticidade (solo com liga) ou at mesmo que apresente certo teor de cascalho. Essa caracterstica interessante para que a movimentao dos animais de maior porte, ou seja, que tenham mais de 5 kg, no eleve a turbidez mineral da gua. o problema popularmente conhecido por gua barrenta ou gua toldada e nada mais do que uma grande quantidade de argila em suspenso. nesse tipo de gua a produo do pirarucu limitada e pode tornar a atividade economicamente invivel. Tanques com maior profundidade, ou seja, mais de 2,5 m, tambm contribuem para a minimizao do problema de turbidez, pois amenizam o efeito da movimentao dos peixes. outra caracterstica importante quanto aos viveiros e audes usados na criao do pirarucu em cativeiro a de terem o fundo mais regular possvel, sem obstculos como razes, troncos, pedras etc., que dificultam a passagem da rede de arrasto no momento da captura.

    O tamanho dos viveiros, aparentemente, influenciou muito pouco nas experincias realizadas. os tanques ou audes podem apresentar os mais diversos tamanhos, apenas se deve observar a profundidade adequada, a fim de reduzir o problema com a turbidez mineral. Foram testados tanques com at um hectare. o mais importante, no que se refere s dimenses da infraestrutura, que o planejamento da produo ocorra de forma a manter as densidades de estocagem sempre elevadas, tanto para otimizar o aproveitamento do espao fsico quanto para permitir o efeito gregrio (comportamento de cardume). o

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    efeito uma competio benfica entre os animais, na qual apresentam melhor resposta ao arraoamento e aproveitam o alimento de forma mais eficiente.

    Os juvenis de pirarucu, at atingirem cerca de 25 cm de comprimento, so presas fceis para aves ou morcegos, devido ao fato de subirem superfcie da gua para respirar. Os viveiros utilizados para recria devem, preferencialmente, apresentar proteo contra a ao desses predadores. medida que o pirarucu atinge maior porte, os predadores alados (que tm asas) tm dificuldade em capturar os peixes.

    Infraestrutura Tanques-rede

    os tanques-rede podem ser usados com sucesso para dois propsitos: alevinagem/recria e engorda, at que o peixe atinja o porte comercial. Em ambos os casos os resultados obtidos foram positivos. contudo, alguns cuidados devem ser adotados.

    Tanques-rede na recria

    o melhor material a ser utilizado so as malhas de poliamida revestidas em PVc, as quais apresentam boa resistncia mecnica, baixa abrasividade (no ferem os peixes), so de fcil manuseio e apresentam menor colmatao, que a obstruo da malha pelo crescimento de algas e outros organismos. o tamanho das malhas utilizadas varia conforme o porte dos animais povoados, mas pode medir entre 5 e 15 mm para juvenis de pirarucu entre 8 e 25 cm de comprimento para os adultos, respectivamente. o volume dos tanques-rede na recria pode variar de 4m (2m x 2m x 1m) a 13,5 m (3m x 3m x 1,5 m).na fase de recria, a manuteno da limpeza das malhas um dos pontos mais crticos e

    Sistema intensivo em tanque de PVC com recirculao em viveiro escavado em Pimenta Bueno (RO)

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    deve ser feita, regularmente, em perodos de 5 a 10 dias. Quanto menor a malha, mais transparente ou mais adubada a gua, maior deve ser a frequncia da manuteno. Quando necessrio, a limpeza da malha, obstruda pelo crescimento de algas e outros organismos, dever ser feita sem os peixes dentro do tanque-rede, ou seja, eles devem ser transferidos para um tanque-rede limpo, para depois se proceder limpeza.

    alm da manuteno adequada das malhas, muito importante a instalao de tampa, para evitar a ao de predadores, e do comedouro, para evitar que a rao saia do tanque-rede. o comedouro composto por uma tela plstica de malha menor que a rao ofertada aos peixes, com aproximadamente 40 cm de largura e comprimento igual ao permetro do tanque. Essa tela deve ser fixada somente pela parte superior, no lado de dentro, por todo o permetro do tanque-rede, de modo a ficar 30 cm abaixo e 10 cm acima da linha dgua.

    nessa fase, o espaamento entre os tanques-rede deve ser de, pelo menos, a mesma largura do tanque. o local de instalao deve ter, no mnimo, 1,5 m de profundidade livre abaixo do fundo do tanque, para que os resduos lanados pelos peixes possam se dispersar e no se acumular embaixo das gaiolas. os tanques-rede devem ser posicionados em locais com boa circulao de gua, geralmente promovida pelo vento predominante. recomendado que as linhas de tanques sejam colocadas em posio perpendicular direo do vento predominante.

    Tanques-rede na engorda

    durante a fase de engorda, no momento do manejo (biometria e despesca), o tanque tem que suportar o peso e a fora dos animais. na execuo do projeto foram testados alguns materiais sob esses aspectos. os que apresentaram melhores resultados sero descritos a seguir:

    Tela tipo alambrado, confeccionada com arame galvanizado revestido com PVc aderente, com espessura de, no mnimo, fio BWG 16 e malha 25 mm, com as costuras das telas feitas com cabo eltrico de cobre (flexvel) revestido com PVC (fio 4 ou 6 mm). recomendado que a costura no seja feita com o arame que compe a tela, por causa da sua baixa resistncia flexo, que resulta em frequentes rupturas e fuga dos animais. Dentre as desvantagens da tela tipo alambrado, esto o maior peso, a dificuldade no manuseio e a baixa resistncia corroso, quando a proteo plstica do arame sofre abraso ou ruptura.

    Rede de multifilamento de poliamida com fio 210/72 (espessura) e malha com abertura de 30 mm, previamente confeccionada (costurada) pelo prprio fabricante. Trata-se de outro material testado e que apresentou timos resultados. Ela muito mais leve e de mais fcil manuseio que a tela metlica, no entanto, seu uso pouco recomendado nos locais onde h presena de predadores como, por exemplo, piranhas, que podem romper as redes. Estruturas complementares, como a tampa do tanque-rede, para evitar a fuga dos peixes e a ao dos predadores, alm de proteger os comedouros, so

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    importantes para o bom funcionamento do sistema. a tampa pode ser confeccionada com o mesmo material utilizado nas paredes do tanque-rede. Ela no deve ficar submersa e nem apresentar frestas por onde os peixes possam fugir.

    nos tanques-rede de engorda as dimenses podem ser variveis. o tamanho mnimo recomendado de 6 m (2m x 2m x 1,5 m). Em ambos os casos, importante manter elevadas taxas de estocagem, para obter melhores resultados, conforme ser demonstrado posteriormente.

    PovoamentoEm viveiros e audes, o povoamento deve ser feito, preferencialmente, com juvenis previamente condicionados rao, em ambiente preparado com calagem e com a gua de boa transparncia. a densidade de estocagem deve ser mantida elevada, podendo chegar de 3.000 a 4.000 kg/hectare na fase de recria (at 1 kg de mdia) em viveiros de baixa renovao de gua.

    na fase de engorda, em ambiente com baixa renovao de gua, ou sem nenhuma renovao, pode-se chegar a densidades de 7 a 10 toneladas/ha. Em viveiros com renovao parcial de gua (cerca de 5% ao dia), possvel ultrapassar a produtividade de 16 toneladas/ha. no sistema de viveiro e aude, recomendado que sejam trabalhadas, no mnimo, duas fases de crescimento. Todavia, com trs fases de crescimento, o aproveitamento da infraestrutura e a produtividade so mais elevados. nas tabelas a seguir h recomendaes para produes em duas ou trs fases de engorda.

    Recomendaes de povoamento e densidades de peixes em viveiros escavados e audes para criao em duas fases de crescimento.

    Parmetro Fase 1 Fase 2

    Peso mdio inicial 15 g 500 g

    Peso mdio final 500 g 12.000 g

    Densidade de estocagem (peixe/hectare)

    8.400 700

    Biomassa final (kg/hectare) 4.000 8.000

    Tempo em dias 60 dias 360 dias

    Sobrevivncia 95 % 97 %

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

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    Recomendaes de povoamento e densidades em viveiro escavado e aude para criao em trs fases de crescimento.

    Parmetro Fase 1 Fase 2 Fase 3

    Peso mdio inicial 15 g 500 g 3.000 g

    Peso mdio final 500 g 3.000 g 12.000 g

    Densidade de estocagem (peixe/hectare) 8.400 2.050 650

    Biomassa final (kg/hectare) 4.200 6.000 8.000

    Tempo 60 dias 120 dias 240 dias

    Sobrevivncia 95 % 98 % 99 %

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    no tanque-rede, a produo deve ser trabalhada em, no mnimo, trs fases de crescimento, onde alm da repicagem para reduo da densidade de estocagem, importante realizar a classificao dos peixes por tamanho.

    Recomendaes de povoamento e densidades em tanque-rede para criao em trs fases de crescimento.

    Parmetro Fase 1 Fase 2 Fase 3

    Peso mdio inicial 15 g 500 g 3.000 g

    Peso mdio final 500 g 3.000 g 8.500 g

    Densidade de estocagem (peixes/m) 80 25 15

    Biomassa final (kg /m) 40 kg/m 75 kg/m 120 kg/m

    Tempo em dias 60 dias 120 dias 180 dias

    Sobrevivncia 95 % 99 % 99 %

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

    atualmente no se recomenda que o sistema intensivo, com recirculao de gua, seja implantado para a produo comercial, porque ainda no foi reavaliado com resultados conclusivos. medida que o sistema for aprimorado e novamente testado, devero ser formuladas recomendaes quanto sua implantao.

    Manejo da qualidade da guaas principais recomendaes para o manejo da qualidade da gua na produo do pirarucu, de acordo com as particularidades dos diferentes sistemas de produo, so apresentadas a seguir. Sero destacados os parmetros fsicos e qumicos mais importantes.

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    Temperatura da gua

    a faixa de temperatura ideal para o crescimento do pirarucu de 28c a 30c. Quando a temperatura da gua est abaixo de 26c e acima de 32c, os peixes consomem menos rao. as oscilaes que esse parmetro sofre, diuturnamente e sazonalmente, so mais importantes que o valor absoluto da temperatura da gua e devem ser as menores possveis.

    durante os trabalhos nas unidades de observao, constatou-se que peixes que vinham, durante meses, sendo mantidos em guas com elevada temperatura, cerca de 30c, apresentaram drstica reduo no consumo de rao, tanto em viveiros como nos tanques-rede, quando houve uma repentina queda de temperatura para 26c. Por outro lado, juvenis de pirarucu mantidos em ambientes com temperaturas estveis ao redor de 25c a 26c continuaram apresentando resposta ativa alimentao. a informao comprova que o pirarucu tem, dentro de limites, boa capacidade de adaptao a temperaturas menores, desde que no ocorram grandes oscilaes.

    Em temperaturas abaixo de 20c pode ocorrer mortandade, principalmente quando o frio for prolongado. houve um caso em que, durante alguns dias, a temperatura da gua sofreu repentina queda, com temperaturas entre 16c e 20c. Esses nveis foram mantidos por vrios dias consecutivos de 5 a 6 dias , o que causou mortandade parcial e total em todas as classes de tamanho, juvenis e adultos.

    um ponto importante a ser observado nesse caso que, somada baixa temperatura da gua, a temperatura do ar tem grande influncia sobre o pirarucu, por causa da respirao area obrigatria que apresenta a espcie. assim, embora a temperatura da gua tenha se mantido entre 16c e 20c, na ocasio de alto ndice de mortandade, a temperatura do ar atingiu 8c durante as madrugadas, fator que, certamente, foi determinante na mortalidade dos animais. o porte do animal e a condio nutricional tambm demonstraram ter grande influncia na taxa de mortandade. Os menores animais e os que no apresentaram condio nutricional adequada foram os mais sensveis s baixas temperaturas, ao passo que animais maiores e em melhor estado nutricional resistiram oscilao de temperatura.

    Portanto, nas regies onde ocorrem quedas drsticas e repentinas na temperatura, recomenda-se que os animais sempre sejam mantidos em corpos dgua de grandes dimenses, maiores que 5.000 m e mais profundos que 2,5 m. Essas caractersticas proporcionam maior estabilidade trmica e conforto aos animais. alm disso, recomenda-se que nessas regies o povoamento seja realizado de forma que, na poca em que houver queda de temperaturas, os peixes j tenham atingido porte suficiente para tolerar essas oscilaes.

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    PH da gua o pirarucu bastante rstico e, aparentemente, tolera uma faixa larga de ph (5,0 a 11,5), pois no foi observada mortalidade em nenhum dos extremos de ph ocorridos nas unidades de observao. os pirarucus se desenvolveram bem em ambientes com baixo ph. os phs altos geralmente esto associados a guas muito verdes, com baixa transparncia. nesse caso, a transparncia pode ser o problema relacionado queda de desempenho do peixe, e no o ph.

    Alcalinidade e dureza totais

    a alcalinidade e dureza totais representam os componentes do sistema tampo, equilbrio qumico que estabiliza o ph da gua prximo do neutro. Esses dois fatores tm grande importncia no desenvolvimento de algumas espcies. no entanto, no se observou grande influncia desses parmetros na produo do pirarucu. Alm disso, a correo da alcalinidade e da dureza com calcrio pode estimular a produo de fitoplncton e causar diminuio da transparncia, o que reduz o consumo de rao pelo pirarucu.

    Amnia e nitrito

    As maiores concentraes de amnia total observadas nas unidades ficaram entre 0,8 e 2,4 mg/L nh3 + nh4

    +. aparentemente elas no causaram maiores prejuzos ao desenvolvimento dos animais, apesar de algumas unidades terem apresentado, junto com essas concentraes, nveis de ph de 9,0 a 9,5, resultando em cerca de 0,9 mg/L nh3 (amnia txica). Esses picos de amnia foram pontuais e ocorreram apenas num curto perodo na fase final do ciclo produtivo, por essa razo no foi possvel constatar nenhum prejuzo econmico na produo. Alm disso, um estudo cientfico que avaliou a tolerncia do pirarucu amnia j havia indicado que a espcie bastante tolerante a esse composto na gua. de qualquer forma, nveis elevados de amnia na gua so indesejveis, pois afetam a excreo nitrogenada dos peixes.

    as concentraes de nitrito foram monitoradas durante o ciclo produtivo, mas nenhum problema com esse composto foi detectado. As maiores concentraes medidas ficaram abaixo de 0,1 mg/L no2

    -, o que est dentro das faixas toleradas pela maioria das espcies tropicais. Porm, importante realizar o monitoramento desse parmetro, principalmente nos ambientes onde ocorrem elevadas concentraes de amnia associadas a baixas concentraes de oxignio dissolvido.

    no caso da ocorrncia de elevadas concentraes de amnia na gua, as medidas mais recomendadas so a reduo nas taxas de arraoamento e a renovao de gua. apesar de a renovao de gua ser um dos manejos mais utilizados pelos piscicultores para controlar esse problema, ela pouco recomendada, caso o efluente do viveiro/aude seja lanado diretamente no ambiente natural, por causa do impacto que poder causar sobre o corpo receptor (rios, lagos, represas etc.). Quando a piscicultura utilizar algum tipo de

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    tratamento para o efluente, a medida poder ser usada como alternativa para aliviar o problema.

    Gs carbnico

    apesar de o pirarucu apresentar a atmosfera como a principal fonte para obteno do oxignio que respira, ele depende das brnquias para realizar a excreo do gs carbnico. Por isso a concentrao de gs carbnico na gua um parmetro importante a ser analisado, considerando-se que o pirarucu apresenta grande dificuldade em retir-lo do sangue em guas com elevadas concentraes desse gs. o acmulo do gs carbnico no sangue dos peixes interfere no processo respiratrio, dificulta o transporte de oxignio e causa acidificao do sangue, o que resulta em grande estresse dos animais.

    assim, nas situaes onde ocorrem baixas concentraes de oxignio na gua, comuns na produo do pirarucu sob alta densidade, o monitoramento do gs carbnico importante para garantir um ambiente de qualidade satisfatria aos animais. Segundo as observaes realizadas durante o projeto, nveis de gs carbnico acima de 20 mg/L co2 indicaram afetar a sade e aumentar o estresse dos juvenis.

    Turbidez e transparncia

    A turbidez indica a presena de partculas ou substncias dissolvidas na gua que dificultam a transmisso da luz. isso afeta a alimentao dos peixes, pois o pirarucu depende da viso para capturar alimentos. do ponto de vista da qualidade da gua, a elevada turbidez mineral provavelmente representa o principal ponto de estrangulamento para o desenvolvimento da espcie. A alta turbidez provocada pelo excesso de fitoplncton tambm dificulta a captura do alimento, o que pode ser observado pela falta de interesse ou resposta pouco vigorosa ao arraoamento nessas condies.

    Para a produo do pirarucu, guas com transparncia maior que 60 cm so muito interessantes, sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimento, quando os animais esto sendo condicionados a se alimentar observando o alimentador. nos viveiros e nos audes com maior profundidade, onde a eutrofizao do ambiente ocorre mais tardiamente e a gua permanece mais transparente, a produo do pirarucu tem apresentado melhores resultados.

    assim, medidas como a escolha de locais com solo menos propcio ocorrncia de turbidez mineral, viveiros e audes mais profundos ou a renovao parcial de gua para controlar a eutrofizao podem contribuir para reduzir a turbidez da gua.

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    Manejo nutricional e alimentaras raes comerciais para peixes carnvoros geralmente possuem protena bruta entre 40% e 48%. a protena da rao tem origem em ingredientes vegetais e animais, mas os peixes carnvoros, entre eles o pirarucu, aproveitam melhor as protenas de origem animal. Muitas raes comerciais para peixes carnvoros tm valor adequado em protena bruta, mas no resultam em bom desempenho, devido qualidade inadequada dessa protena ou ao desbalano dos micronutrientes. Em algumas observaes, resultados semelhantes foram constatados entre raes com 40% e 36% de protena bruta, provavelmente devido diferena na qualidade dessa protena.

    as raes comerciais para peixes carnvoros apresentam teor de gordura entre 6% e 15%. Geralmente os peixes carnvoros tm pouca habilidade para aproveitar os carboidratos

    Rao para alimentao de pirarucu

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    como fonte de energia e as gorduras so seu principal suprimento. os melhores resultados foram obtidos com raes de 40% a 42% de protena bruta e de 10% a 12% de gordura. uma rao comercial com 50% de protena bruta e 10% de gordura teve desempenho semelhante, mas com custo maior. comparando-se os resultados obtidos no Projeto Estruturante com ndices de desempenho de raes experimentais publicados na literatura cientfica, h indicadores fortes de que as raes comerciais ainda no atendem s necessidades especficas do pirarucu. Outro fator que atesta esse fato a diferena de crescimento entre o pirarucu que tem disposio alimento natural vontade. Pirarucus alimentados com peixes em abundncia chegam a crescer 20 kg em um ano, enquanto as raes comerciais tm resultado em ganhos de 10 kg ao ano.

    Embora desde o incio dos estudos tenha sido detectado que as raes no atendiam plenamente s necessidades do pirarucu, no foi possvel resolver o problema, pois as indstrias de raes s produzem raes especficas quando h uma demanda mnima, que normalmente est muito acima da quantidade consumida num projeto em escala-piloto, como foi o caso do Estruturante do Pirarucu. assim, medida que os projetos de produo de pirarucu forem se expandindo, e a demanda por uma rao especfica for aumentando, a tendncia que as indstrias se interessem em fabricar esse produto.

    o manejo de alimentao do pirarucu deve ser feito respeitando-se o vigor da resposta dos animais na hora do arraoamento. Em cada alimentao, a rao deve ser distribuda em parcelas, de forma que todos os animais tenham acesso ao alimento, mas, ao mesmo tempo, no permita que haja sobra de rao. como o impacto da queda da rao na gua estimula o consumo do peixe, deve-se ter uma ateno especial com a oferta de excesso de rao, pois o pirarucu ataca vorazmente a rao

    Resposta vigorosa na alimentao do pirarucu confinado no tanque-rede na UO em Rio Branco (AC)

    Resposta vigorosa alimentao dos juvenis da fase de recria no viveiro escavado na Aliana Indstria Pesqueira, Aliana do Tocantins (TO)

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    em reflexo a esse estmulo, mas quando esto prximos da saciedade, os animais capturam a rao, porm, em seguida, soltam os pellets sem consumi-los. como regra geral, cada poro de rao oferecida deve ser consumida em at 10 minutos.

    conforme apresentado na seo sobre a qualidade da gua, normalmente, medida que os peixes crescem, h reduo na transparncia da gua, o que pode diminuir o consumo de rao. Porm, mesmo em tamanhos mais avanados, quando as condies ambientais esto favorveis, o consumo permanece elevado, o que pode induzir o piscicultor a alimentar os animais em excesso.

    Para animais de maior porte, acima de 10 kg, essencial adequar o tamanho do gro da rao a fim de otimizar o consumo. Os maiores pellets comerciais chegam, geralmente, a 15 mm de dimetro, mas passam a ser pequenos demais para esses peixes. Entretanto, a limitao industrial dificulta as empresas de oferecerem raes com gros maiores, o que demandaria mais investimentos em tecnologia fabril.

    converses alimentares satisfatrias foram observadas em viveiros e audes onde houve abundncia de peixes invasores e camares, indicando que o pirarucu tem boa capacidade para se alimentar desses organismos. Estratgias para aumento da disponibilidade de alimento natural no viveiro podem reduzir o custo de produo e melhorar a sade do peixe, por suprir alguma deficincia nutricional que possa existir na rao no especfica. utilizar o pirarucu no viveiro depois de uma engorda de tambaqui ou outra espcie onvora, por exemplo, que contribui para a formao de alimento natural, poderia ser uma das estratgias. Pode-se, tambm, favorecer a produo de peixes forrageiros por meio da adubao no viveiro onde est sendo feita a recria em tanques-rede. Em seguida possvel soltar os pirarucus nesse ambiente, j povoado com alimento vivo. Porm, apesar da boa capacidade de consumo de peixes forrageiros, a produo em escala utilizando somente peixes invasores economicamente invivel, devido baixa produtividade, geralmente abaixo de 1.000 kg de pirarucu por hectare.

    Tamanho da rao recomendado e nmero de tratos para o pirarucu em viveiro, audes e tanques-rede.

    Peso do pirarucu em gramas Tamanho dos pellets Refeies ao dia

    15 100g 1 2 mm 6 a 4 vezes

    100 500g 2 3 mm 4 vezes

    500 1.000g 3 5 mm 3 vezes

    1.000 5.000g 8 10 mm 3 vezes

    5.000 12.000g 12 15 mm 3 a 2 vezes

    Fonte: Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia (2007 2010)

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    Captura e manuseioa captura e o manuseio do pirarucu, seja para transferncia dos peixes vivos de uma unidade produtiva para outra ou para o abate, devem ser feitos com muito cuidado. no somente por se tratar de um peixe de grande porte, mas principalmente porque o pirarucu um peixe saltador. J foram relatados diversos acidentes envolvendo o choque de peixes saltando para fugir da captura e atingindo trabalhadores da piscicultura.

    Para minimizar esse risco durante captura, recomenda-se que sejam utilizadas redes com altura de trabalho de 6 a 7 metros, de maneira a formar um grande colo em sua parte central. Isso faz com que o pirarucu fique preso e no consiga saltar por cima das boias da rede. Para boa eficincia na captura, as cordas das boias e do fundo devem trabalhar no mesmo alinhamento vertical. Se houver necessidade de se recolher a linha de fundo no meio da rede, esse servio deve ser feito pelo lado de dentro da rede e nunca por detrs da mesma, pois os pirarucus podem se chocar contra o colo da rede ou mesmo saltar sobre a boia, atingindo quem estiver por trs dela. Preferencialmente, o nvel da gua do viveiro ou aude deve ser previamente baixado, de modo que a gua tenha no mximo 1,5 m de profundidade.

    no momento do fechamento da rede, as boias podem ser levantadas e mantidas a certa altura da gua, com o auxlio de varas com forquilhas nas pontas, para evitar que os peixes escapem por cima das boias. apesar de possuir muita fora e saltar agressivamente contra a rede, no momento da captura, o pirarucu se cansa rapidamente.

    Por isso, no momento do fechamento, interessante aguardar alguns minutos at que os animais se acalmem, antes de iniciar seu manuseio.

    um ponto crtico a ser notado que, durante o manejo para a despesca do pirarucu,

    Captura total do pirarucu utilizando uma rede adequada no viveiro escavado na Aliana Indstria Pesqueira, Aliana do Tocantins (TO)

    Captura para a pesagem total do pirarucu dos tanques-rede instalados na barragem do CPPPN em Palmas (TO)

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    pode ocorrer a morte de animais por afogamento, caso eles se prendam na rede ou sejam mantidos em densidade muito alta por tempo prolongado.

    no caso da transferncia de juvenis vivos (at 1 kg), os peixes devem ser manuseados (no carregamento e no descarregamento), utilizando-se sacos plsticos ou outro recipiente que permita mant-los dentro da gua.

    Essa medida, apesar de mais trabalhosa, permite minimizar os ferimentos e o estresse dos animais. Porm, como o peixe tem respirao area obrigatria, imprescindvel que haja espao suficiente no recipiente para que ele possa vir superfcie respirar.

    durante o transporte dos juvenis vivos, pode-se adicionar sal comum (nacl) gua, na proporo de at 3 gramas/litro ou 3 kg/m. Esse sal tem como funo principal atenuar a perda de sais dos animais, causada pelo estresse fisiolgico dos peixes, resultante da captura, do manuseio e do transporte. E, assim como nas demais espcies de peixes, a aclimatao e a renovao graduais da gua antes da soltura dos juvenis so importantes para evitar qualquer choque aos animais (temperatura e ph da gua, entre outros). Peixes maiores que 1 kg podem ser transportados manualmente em sacos sem gua (de rao, por exemplo), a curtas distncias.

    Abate para comercializaoo procedimento recomendado para o abate do pirarucu segue o mesmo padro das outras espcies de peixes tropicais. Deve ser realizado em frigorfico com selo do Servio de inspeo Federal (SiF) para venda fora do etado, ou comercializado com gelo dentro do Estado.

    Para o abate no entreposto frigorfico, o ideal que os peixes sejam transportados vivos e, no processo de abate, seja feita a insensibilizao (atordoamento) o mais rpido possvel aps a captura.

    aps a insensibilizao, o peixe deve ser sangrado pelo corte dos arcos branquiais e imediatamente imerso numa mistura de gua e gelo, com cerca de 12c a 15c, onde mantido de 4 a 5 minutos.

    aps a sangria, o animal deve ser transferido para nova mistura de gua com gelo, a cerca de 5c, para o resfriamento da carcaa, que demora cerca de 30 a 40 minutos, para depois entrar na linha de processamento, por exemplo, para eviscerao e filetagem.

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    7. Consideraes finais

    o trabalho realizado permite concluir que a produo do pirarucu em cativeiro, tanto no sistema de viveiros escavados como em tanque-rede, tcnica e economicamente vivel; porm, nas pisciculturas com maior experincia, os resultados, em geral, foram melhores. Pisciculturas com mo de obra familiar tiveram bons desempenhos, devido ao maior cuidado dispensado aos peixes.

    os resultados alcanados podero ser melhorados com o aumento da qualidade das raes comerciais, que insatisfatria, e a reduo de custos na compra dos juvenis, que poder ser atingida com o estmulo produo local de alevinos com qualidade.

    A profissionalizao de todos os atores da cadeia produtiva, a construo de um modelo de produo para a piscicultura que possa atribuir lucro justo, sem desigualdade a todos os elos da cadeia so indispensveis sustentabilidade e ao sucesso dos empreendimentos.

    Sugere-se que os programas de capacitao dos empreendedores e da mo de obra sejam intensificados nos diversos mbitos do segmento, a fim de fomentar a profissionalizao da cadeia produtiva do pirarucu. a recomendao dirigida s propriedades rurais e aos demais ambientes de negcios.

    a construo do modelo de cadeia produtiva para piscicultura passa pela avaliao dos modelos existentes, dos modelos que sero instalados (tanto no mbito da iniciativa estatal, privada ou mista) e pela replicao dos melhores resultados com suas devidas correes.

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    8. AgradecimentosAgradecimentos s unidades do Sistema Sebrae que colaboraram com esta publicao:

    Sebrae Acreconselho deliberativo EstadualPresidente: Luiz Saraiva correiadiretoria Executivadiretor Superintendente: Joo batista Fecury bezerradiretora-Tcnica: Elizabeth amlia ramos Monteirodiretor de administrao e Finanas: Luiz carlos Simo Paivacoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia: Kleber Pereira campos JuniorGestora Estadual: rina Ftima Suarez da costa

    Sebrae Amapconselho deliberativo EstadualPresidente: alfeu adelino dantas Jniordiretoria Executivadiretor Superintendente: Joo carlos calage alvarengadiretora-Tcnica: ana dalva de andrade FerreiraDiretor de Administrao e Finanas: Waldeir Garcia Ribeirocoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia: isana ribeiro de alencar FigueiredoGestor Estadual: antonio Esprito Santo Viana de carvalho

    Sebrae Amazonasconselho deliberativo EstadualPresidente: antnio carlos da Silvadiretoria Executivadiretor Superintendente: nelson Luiz Gomes Vieira da rochadiretor-Tcnico: Maurcio aucar Seffairdiretor de administrao e Finanas: acio Flvio Ferreira da SilvaCoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da Amaznia: Wanderlia dos Santos Teixeira de oliveiraGestor Estadual: israel Folgosa de Moura

    Sebrae Parconselho deliberativo EstadualPresidente: Jos conrado azevedo Santosdiretoria Executivadiretor Superintendente: Vilson Joo Schuberdiretora-Tcnica: Suleima Fraiha Pegado

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    diretor de administrao de Finanas: augusto Jorge Joy neves colarescoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia: carlos dos reis Lisboa Jnior Gestora Estadual: Keyla reis de oliveira

    Sebrae Rondniaconselho deliberativo EstadualPresidente: Francisco Ferreira cabraldiretoria Executivadiretor Superintendente: Pedro Teixeira chavesdiretor-Tcnico: hiram rodrigues Lealdiretor de administrao e Finanas: osvino Juraszekcoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia: desstenes Marcos do nacimentoGestora Estadual: roberta Maria osrio Figueiredo

    Sebrae Roraimaconselho deliberativo EstadualPresidente: antnio airton oliveira diasdiretoria Executivadiretora Superintendente: Luciana Surita da Motta Macdodiretor-Tcnico: alberto de almeida costadiretora de administrao e Finanas: Maria cristina de andrade Souzacoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia: rodrigo Silveira da rosaGestora Estadual: itamira Sebastiana Soares

    Sebrae Tocantinsconselho deliberativo EstadualPresidente: roberto Magno Martins diretoria Executivadiretor Superintendente: Paulo henrique Ferreira Massuiadiretora-Tcnica: Maria Emlia Mendona P. Jaberdiretor de administrao e Finanas: Jarbas Luis Meurercoordenao do Projeto Estruturante Pirarucu da amaznia e Gestor Estadual: Gilberto Martins noleto

    Equipe Tcnica Fase I armando Freire LadeiraEvandro Monteiro barrosSamuel Silva de almeidaPaulo cesar rezende alvimJos altamiro da Silva

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    Agradecimentos aos empreendedores que colaboraram com esta publicao:

    ACREProprietrio: Konori KiokiPropriedade: Fazenda boa Esperana municpio: bujari

    Proprietrio: Salustiano Viana da SilvaPropriedade: Fazenda Veneza municpio: Xapuri

    Proprietrio: Geni Glucia Monteiro abraoPropriedade: Fazenda Sol nascente municpio: rio branco

    Proprietrio: Emerson Ferreira de SouzaPropriedade: Fazenda Fartura - municpio: acrelndia

    AMAPEmpresrio: Wagner Afonso RodriguesPropriedade: Pronorte incorporaes comrcio e imveis Ltda.

    AMAZONASEngorda:Propriedade: Fazenda So bento Proprietrio: osvaldir bento da Silva

    Propriedade: agrotec aquicultura e agropecuria Ltda.Proprietrio: Francejany Maia cortez

    Propriedade: Piscicultura litiaraProprietrio: Yoshito Kavati

    RORAIMAEngorda:Proprietrio: Aniceto Campanha WanderleyPropriedade: Fazenda Paraso de deus

    Proprietrio: raimundo PinheiroPropriedade: Fazenda novo Paraso

    Proprietrio: Jos Soares de SouzaPropriedade: Fazenda Santa LuziaProprietrio: rodolfo FranoisPropriedade: Fazenda gua Limpa

    RONDNIAreproduo e engorda:Proprietrio: Elthon LagoPropriedade: agroindustrial S Peixes da amaznia

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    reproduo:Proprietrio: Silas Pinheiro de castroPropriedade: Estncia amazonas

    Proprietrio: Megumi Yokoyama (Pedrinho)Propriedade: Piscigranja boa Esperana

    Engorda:Proprietrio: ancelmo KesterPropriedade: Piscicultura do assentamento Eli Moreira

    Proprietrio: Francisco Faustino netoPropriedade: Stio aquarius

    Proprietrio: rosalino GaloPropriedade: Stio Modelo

    Proprietrio: reneu ngelo castilhoPropriedade: Stio adriluci

    Proprietrio: Levi SilvaPropriedade: Stio Tabajara

    TOCANTINSEngorda:Propriedade: Fazenda So Paulo Proprietrio: Marco aurlio nogueira Mota

    Propriedade do Governo do Tocantins: centro de Produo e Pesquisa de Peixes nativos (cPPPn), da Secretaria de agricultura, Pecuria e abastecimento Propriedade: Fazenda uirapuru Proprietrio: Edvaldo Martins Fontes

  • 0800 570 0800 / sebrae.com.br