Manifesto Anti Portas

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  • BREVE MANIFESTO ANTI PORTAS EM PORTUGUS SUAVE

    "Real Senhor a passando... Encostado bananeira, diz o preto para preta: est bonita a brincadeira."

    1.- Estava eu 'posto em sossego' - aprestando o barquito da famlia para umas passeatas na Ria -, quando soube que vinham albergar em Aveiro nada menos que 2-intelectuais-2 de Lisboa, apostados em trocar a missanga de meia-dzia de refervidas ideias por um aafate cheio do marfim eleitoral deste Distrito. De pronto apostado em estragar-lhes o negcio, ainda ponderei ento a convenincia de dar um salto algarvio Praia dos Tomates - para um tonificante estgio ' la minuta', junto da elite bem-pensante e vegetariana da Capital em frias. Todavia, depressa desisti desse passeio para o sul - confiado em que a singela funda-de-David, que sempre me acompanha, bastaria para atingir e abater essas aves de arribao. No que no goste de pssaros. Gosto. Mas detesto os cucos polticos - que usurpam e se instalam com -vontade nos ninhos feitos por outros companheiros (a a escrever 'camaradas' - expresso regional cada em desuso, mas recupervel). 2.- Deixando os eufemismos, a verdade que venho lutando desde h muitos anos (frustradamente embora) contra o latrocnio institucional de que a regio de Aveiro vem sendo vtima: designadamente, tiraram-nos o Centro Tecnolgico da Cermica; o Centro de Desportos Nuticos foi tambm para Coimbra; o discreto porto da Figueira da Foz vem sendo privilegiado em relao ao porto-de-mar de Aveiro; a nossa Universidade s comeou a receber dotaes decentes depois de saturada a Universidade do Minho; as questes da bacia do Vouga so tratadas na Hidrulica do Mondego; a Direco dos Servios da Segurana Social de Aveiro foi transferida para Coimbra; os nossos Servios de Sade foram degradados para 'sub-regionais'; a Agricultura do Distrito passou a ser dirigida pela Lusa Atenas e por Braga (!); e a superviso da Educao na regio foi repartida entre o Porto e a dita Coimbra. 3.- S nos faltava agora mais essa: sermos doravante representados no Parlamento por dois intelectuais da Capital! Era o cmulo passarem os Deputados por Aveiro a ser gente de fora - 'estrangeiros' para aqui impontados por Lisboa, como 'comissrios polticos para zona subdesenvolvida' ou 'tutores de indgenas carecidos de enquadramento'. Tinha que reagir - e reagi ! 4.- Na verdade, o Distrito de Aveiro sempre foi terra de franco acolhimento para quem vem de fora - para aqui trabalhar e viver, valorizando a regio (que se torna tambm sua). Alis, esse um dos segredos do nosso crescimento e desenvolvimento. esta uma das caractersticas da nossa identidade: somos gente aberta e hospitaleira, tolerante e liberal, civilizada, moderna, culta e progressiva; todavia - at por isso - nunca tolermos que nos impontassem mentores! 5.- Disposto a barrar a promoo ( nossa custa) a tais intrusos, procurei apurar quem realmente sejam. 6.- Quanto ao Dr. Pacheco Pereira, foi-me fcil saber que, antes e depois do '25 de Abril', foi comunista radical - daqueles que (aos gritos de "nem mais um soldado para as colnias") impediram designadamente que Portugal pudesse ter evitado a guerra civil em Timor (e a subsequente invaso indonsia - com os dramas e horrores to sobejamente conhecidos). Com slida formao marxista-leninista, o Dr. Pacheco Pereira tem vrios livros publicados sobre o movimento operrio e os conflitos sociais em Portugal no incio do

  • sculo. Constou-me ter agora no prelo um longo escrito sobre as motivaes ntimas que o tero levado a renegar o comunismo - opo ideolgica que (a manter-se) no lhe teria permitido 'fazer carreira' no PSD, como evidente... Todavia, segundo notcias de certo semanrio, o Dr. Pacheco Pereira recusa o jogo de equipa que a social-democracia pressupe: ditadorzinho, no quer na campanha eleitoral em curso a companhia do Dr. Gilberto Madail - que limita s vulgares tarefas de motorista: gui-lo pelo Distrito (que mal conhece). Realmente, o Dr. Pacheco Pereira ainda carece de alguma reciclagem democrtica... 7.- Quanto ao Dr. Portas, esfalfei-me a correr bibliotecas e alfarrabistas - procura dos livros que tivesse dado luz, donde pudesse inferir qual seja afinal a corrente de pensamento que o norteia. Baldadamente. De facto, o Dr. Paulo Portas apenas publicou um 'folheto de cordel' (que me custou 750$00) sobre os malefcios da integrao do nosso pas na Comunidade Europeia - opsculo sem qualquer novidade em relao aos numerosos bilhetes-postais que vem subscrevendo no seu jornal (sem erros ortogrficos, mas com pouco flego - valha a verdade). Digamos que tais escritos esto para o 'ensaio' como as quadras populares para o 'poema' - na forma e no contedo. Trata-se de breves crnicas fteis (embora no tanto como as do MEC, que alis lhe leva a palma no sentido de humor e imaginao). Espremidas - pingam apenas cinco ou seis ideias, que no chegam sequer para conformar o anarco-conservadorismo (?) que se arroga ser a sua actual matriz ideolgica. 8.- Certo porm ter sido com essas 'quadras soltas' que o Dr. Portas concorreu aos jogos florais da poltica recente - ganhando (por 'meno honrosa') a viagem turstica ao crculo eleitoral de Aveiro, que o Partido Popular oferecia como prmio para o melhor trabalho apresentado por amadores sobre o tema do 'antieuropesmo primrio'. Tenho-me esforado por lhe estragar tal passeio - com algum xito. 9.- Julgavam o Dr. Portas e o enfadado Pacheco Pereira (outro excurcionista) que as respectivas candidaturas a deputado por Aveiro eram 'favas contadas'. No nos conhecendo, supunham que os aveirenses ('provincianos' como nos chamam) ficaramos enlevados e at agradecidos pela sorte (grande) de passarmos a ser representados no Parlamento por 'lisboetas de to alto gabarito' (a expresso no minha, evidentemente). Tero assim ficado surpreendidos pelo 'impedimento' que - logo aps a 1 anunciao - eu prprio (parente muito chegado da noiva) entendi opr firmemente ao casamento-de-convenincia que pretendiam contrar com a minha querida regio de Aveiro (num escandaloso golpe-de-ba eleitoral - para usar linguagem de telenovela). Como consequncia imediata, eles - que tencionavam 'casar por procurao' (que como quem diz sem-sequer-c-pr-os-ps) - tiveram que se dar ao incmodo inesperado de interromper as regaladas frias que gozavam e vir mesmo mostrar-nos os seus dotes. Estraguei-lhes o arranjinho! 10.- O primeiro a comparecer foi o Dr. Portas. Chegou de fato novo e ideias velhas. E instalou-se num hotel da regio - escolhido pela mezinha (no Guia Michelin). Desde ento, quase no tem feito outra coisa seno passar a 'cassete' - que gravou contra a participao de Portugal na Comunidade Europeia. To desenvolto como qualquer vendedor de banha-da-cobra, impinge a quem se acerca as suas crticas integrao (alis com a mesma monotonia com que o Marco Paulo repete ter dois amores). E confunde deliberadamente os erros crassos cometidos pelo cavaquismo (nas

  • negociaes internacionais e no desenvolvimento interno das polticas sectoriais da integrao) com a prpria integrao - o que constitui uma desonestidade intelectual inaceitvel. Pior quando reclama que seja submetida a referendo a nossa entrada na Unio Europeia - depois de j termos entrado (e... recebido os milhes e milhes que essa opo facultou aos incompetentes governos do PSD) ! Alis, o Portas no explica sequer que mirfica alternativa comparticipao na CE teramos podido escolher. 11.- Confrontado com questes polticas mais comezinhas (como a regionalizao e o tratamento dos resduos txicos), no tem opinio prpria ou no sabe para que lado lhe convm cair - e refugia-se ento na evasiva: reclama um plebiscito 'adequado'. 12.- Fundamentalista e vaidoso, o Dr. Portas parece estar convencido de que no existe mais nenhum portugus inteligente e verdadeiramente patriota - alm dele e do Dr. Manuel Monteiro. Alis, o Portas tem o nosso povo em fraqussima conta... No obstante, messias da restaurao, reclama 'missionrios' (sic) para o seu ridculo sebastianismo - sem revelar de que Alccer Quibir pretende afinal a reconquista. 13.- Inseguro, o jovem Portas sublima os seus problemas existenciais numa catarse de legitimidade duvidosa: exacerba as opinies polticas que defende a um grau de intolerncia que excede manifestamente o radicalismo aceitvel de quem se move apenas por convices arreigadas - tornando-se injusto, maledicente e agressivo. Alis, o frenesim que reveste a sua militncia bem um indcio dessa teraputica (praticada que foi, tambm, por 'chefes' cujos nomes a Histria registou - mal comparando...). 14.- Polticamente, o Portas um 'bluff' - produto acabado de certos meios intelectualides da Capital, que funcionam em circuito fechado: por convites mtuos, elogios recprocos e esquemas de sobrevivncia imediata. Entre muitos outros, fazem parte de tal 'entourage' o avinagrado Vasco Pulido Valente ('avinagrado' de vinagre - entenda-se) e sua piedosa esposa, D. Constana Cunha e S - ambos comungando os chorudos ordenados que "O Independente" (assim chamado) do Dr. Portas lhes paga, pelas crnicas de mal-dizer que semanalmente ali escrevinham, no cmodo formato A4. Tambm o inefvel Miguel Esteves Cardoso colabora no endeusamento do Portas, rebuscando a favor do patro os trocadilhos que lhe deram notoriedade h mais de 20 anos - aquando era uma espcie de menino-prodgio da escrita ftil. Pena que tenha deixado de ser prodgio e se mantenha menino; pena que desperdice agora o seu inegvel talento juvenil a produzir romances pornogrficos - ainda que muito apreciados pelas pegas e pederastas do Intendente e pelo crtico Henrique Monteiro, que os reputa (o termo adequado) como peas exemplares da literatura moderna. 15.- O Portas elitista. Mas simula demagogicamente interessar-se pelos problemas daqueles a quem, no seu milieu, uso chamar 'as classes baixas' - como aconteceu recentemente na Bairrada, quando fingiu participar na vindima que gente simples e autntica da terra levava a cabo (por castigo andando agora, h j vrias noites, a pr 'creme nvea' na sua mozinha mimosa, nunca antes maltratada por qualquer alfaia agrcola). 16.- O Portas dissimulado: esconde da opinio pblica parte da sua verdadeira identidade. Concretamente, oculta que monrquico - opo que, sendo embora legtima, tinha obrigao de revelar queles a quem pede o voto para deputado da Repblica ! a tal 'falta de transparncia poltica' que critica - nos outros, claro...

  • 17.- O Portas um democrata precrio: por falta de formao ou informao, por carncia de convices ou por incoerncia, rejeita a aplicabilidade universal da regra '"um homem-um voto" - verdadeiro axioma da Democracia essencial. Assim sendo, no me admiraria nada que o Dr. Portas resvalasse a curto prazo para a defesa de solues autoritrias para a governao dos portugueses, que (no seu entender) revelam "uma estranha tendncia para o precipcio". 18.- Eleitoralmente, o Portas desleal: vicia as regras do jogo. Na verdade, tendo-se feito substituir formalmente na direco d' "O Independente" (assim chamado), usa agora tal semanrio como jornal-de-campanha privativo, a publicitando escandalosamente os seus palpites e auto-elogios e atacando e denegrindo os adversrios - com a cumplicidade na batota do respectivo 'conselho editoral' ! Porque no sou 'queixinhas', no vou lamentar-me nem reclamar contra to anmalo procedimento - junto da comisso-de-tica do Sindicato dos Jornalistas, junto da Alta Autoridade para a Comunicao Social ou mesmo junto da Comisso Nacional de Eleies. No vou sequer queixar-me mezinha do Dr. Paulo Portas. To-pouco protestarei junto do Dr. Nobre Guedes - tido por 'dono do jornal' -, at porque sei que anda absorvidssimo por visitas dirias a feiras e mercados e pelas demais tarefas da sua prpria 'candidatura a sanguessuga' (tambm pelo PP), sem que lhe reste tempo para se preocupar com subtilezas e ninharias ticas. Alis, provavelmente no ser especialista em 'deontologia profissional do jornalismo'. Assim sendo, remeto a apreciao da chocante conduta do Dr. Portas e d' "O Independente" para a opinio pblica e para os jornalistas Daniel Reis, Cceres Monteiro, Csar Principe e Jos Carlos de Vasconcelos - tidos por profissionais honestos, competentes e livres (alis como muitos outros). Concretamente, permito-me perguntar-lhes se acham que o comportamento daquele semanrio e do Dr. Portas (que usa fazer a apologia dos valores morais sociais) seja ticamente aceitvel. 19.- De facto, no fcil ser-se coerente e srio em poltica ! 20.- Particularmente difcil porm 'fazer carreira poltica' em Portugal - sobretudo quando no se dispe do apoio de qualquer dos 'lobbies' que condicionam quase toda a nossa actual vida pblica. Estou a referir-me 'solidariedade corporativa' na promoo individual de que beneficiam os membros da Maonaria, os confrades da Opus Dei, os agentes dos grupos econmicos e - mais recentemente - os parceiros da comunidade 'gay'. Trata-se de organizaes ou agregados que mantm interveno (directa ou indirecta) praticamente em todas as estruturas da nossa vida colectiva - tambm nos partidos polticos e na comunicao social. Agindo concertada ou avulsamente,os membros de tais 'lobbies' tm grande influncia sobre muitas tomadas de posio de quem-de-direito e sobre a formao da opinio pblica. Podem designadamente ajudar ao aparecimento de pretensos gnios artsticos, 'heris sociais' ou dolos-de-ps-de-barro (como so muitos dos polticos de sucesso). 21.- Por definio, as interferncias do gnero so discretas ou mesmo subliminares - e passam geralmente desapercebidas aos cidados influenciveis. Na verdade, quem que, de manh, ao acompanhar a torrada e o galo do dejejum com a leitura do 'Pblico', pondera que esse jornal tem dono - e que o editorialista Vicente Jorge Silva capataz dos respectivos interesses (mesmo quando - agora instalado - escreve consideraes que fazem lembrar os tempos remotos e diferentes em que foi considerado pelos situacionistas de ento como um jovem rasca da 'gerao de 60') ? E quem perceber que est a ser condicionado na formao da sua opinio, quando escuta

  • na rdio uma anlise ou critica - injustamente lisonjeira - da aco de um diplomata, do trabalho de um artista ou da capacidade de um poltico homossexual proferida por outro homossexual, se no souber que tal apreciao reporta afinal a solidariedade de pessoas da mesma minoria ? 22.- A aco de todos ou alguns desses 'lobbies' perpassa de facto os principais partidos - transversalmente. E, por vezes, no esprito-de-corpo ou jogo de convenincias dos respectivos protagonistas que se encontra explicao para surpreendentes convvios gastronmicos no 'Gambrinus' ou na provncia e para inesperados apoios ou solidariedades esprias ocasionalmente detectveis nos mais variados campos da nossa vida colectiva. 23.- Republicano convicto, socialista humanista e democrata sem transigncias, tenho feito o meu discreto percurso de poltico-no-profissional apenas com a ajuda dos activistas locais do PS e o firme apoio da gente bairrista da regio de Aveiro - sem compromissos em relao a qualquer daquelas estruturas ou 'foras de presso'. Livre e independente como sempre, enfrento a presente conjuntura eleitoral com justificada confiana. Estrla de 3 grandeza nos cus confinados do meu Distrito, nada me ofusca o brilho fugaz do citado Dr. Portas - cometa ocasional, que desaparecer deste firmamento to depressa como apareceu (e... sem deixar rasto). To-pouco me perturba a dimenso aparente do Dr. Pacheco Pereira - lua nova doutras galxias, que (perdido o fulgor militante que o marxismo-leninismo lhe emprestava) agora s visvel quando reflecte a claridade frouxa dessa extensa nebulosa que se chama PSD. 24.- Na minha terra, sou mais forte do que eles ! 25.- Na noite do prximo dia 1 de Outubro, espero poder pendurar no meu cinto de caa poltica as tais duas aves de arribao - espcies exticas lisboetas pouco apreciadas na regio cinegtica de Aveiro: um garnis-cantante e um pavo-de-monco-cado. Esses trofus serviro de espantalho a futuras transmigraes para esta 'zona demarcada entre o Douro e o Buaco"

    Carlos Candal