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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS BUCAIS EM PORTADORES DO HIV-1 NO MUNICÍPIO DE CACOAL, RONDÔNIA GRAZIELA DE CARVALHO TAVARES DA ROCHA Belém-PA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS BUCAIS EM PORTADORES DO HIV-1 NO

MUNICÍPIO DE CACOAL, RONDÔNIA

GRAZIELA DE CARVALHO TAVARES DA ROCHA

Belém-PA

2013

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GRAZIELA DE CARVALHO TAVARES DA ROCHA

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS BUCAIS EM PORTADORES DO

HIV-1 NO MUNICÍPIO DE CACOAL, RONDÔNIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando A. Machado

Belém-PA

2013

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

_________________________________________________________________________

Rocha, Graziela de Carvalho Tavares da, 1974- Manifestações patológicas bucais em

portadores do HIV-1 no município de Cacoal, Rondônia / Graziela de Carvalho Tavares da Rocha. - 2013.

Orientador: Luiz Fernando Almeida Machado. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Belém, 2013.

1. AIDS (Doença) Complicações e sequelas. 2. HIV (Vírus) Cacoal (RO). 3. Boca Doenças. I. Título.

CDD 22. ed. 616.9792

________________________________________________

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1

GRAZIELA DE CARVALHO TAVARES DA ROCHA

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS BUCAIS EM PORTADORES DO HIV-1 NO

MUNICÍPIO DE CACOAL, RONDÔNIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas, da Universidade

Federal do Pará como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de

Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida Machado

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Banca Examinadora: Profa. Dra. Rosimar Neris Martins Feitosa

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Profa. Dra. Ana Cláudia Braga Amoras

Instituto de Ciências da Saúde, UFPA

Profa. Dra. Vânia Nakauth Azevedo

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Prof. Dr. Antonio Carlos Rosário Vallinoto (suplente)

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Belém, 13 de junho de 2013.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, e ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários da UFPA, mesmo frente a todas as dificuldades e adversidades permitiram a conclusão deste trabalho.

A equipe do SAE de Cacoal por terem aberto suas portas e viabilizado nossa

pesquisa.

Agradecimento em especial ao Professor Dr. Luiz Fernando A. Machado, por

ter me acolhido em momento tão especial e decisivo.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu marido, Julio Cesar e às minhas filhas Maria Fernanda e

Giovana Maria, pela tolerância e paciência em minhas ausências, somado ao

carinho, apoio e amor incondicional.

À minha avó Ana Massa, exemplo de todas as pessoas boas, caridosas,

perseverantes e que têm amor e respeito ao próximo.

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“Conduta de pais, caminho de filhos.”

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5

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 07

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ 08

RESUMO ................................................................................................................. 09

ABSTRACT ............................................................................................................. 10

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11

1.1 O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) ................................... 11

1.1.1 Biologia do HIV-1 ....................................................................................... 11

1.1.2 Replicação do HIV-1 .................................................................................. 13

1.2 EPIDEMIOLOGIA DO HIV-1 ....................................................................... 14

1.3 MANIFESTAÇÕES ORAIS NA INFECÇÃO PELO HIV-1 ........................... 15

1.3.1 Importância do HIV-1 na Geração de Lesões Odontológicas ................ 17

1.4 RELAÇÃO ENTRE MANIFESTAÇÕES ESTOMATOLÓGICAS, CONTAGEM DE LTCD4+ E CARGA VIRAL EM PACIENTES HIV-1 POSITIVOS ................................................................................................. 18

1. 5 LESÕES BUCAIS ....................................................................................... 18

1.5.1 Líquen Plano .............................................................................................. 18

1.5.2 Candidíase ................................................................................................. 19

1.5.3 Doenças Periodontais ............................................................................... 20

1.5.4 Tuberculose ............................................................................................... 21

1.5.5 Leucoplasia Pilosa .................................................................................... 22

1.5.6 Doença das Glândulas Salivares Associadas ao HIV-1 – Hiperplasia da Parótida ................................................................................................. 23

1.5.7 Estomatite Aftóide Recidivante ................................................................ 23

1.5.8 Herpes Simples.......................................................................................... 24

1.5.9 Herpes Zoster ............................................................................................ 25

1.5.10 Sarcoma de Kaposi ................................................................................... 25

1.5.11 Linfoma Não-Hodgkin ............................................................................... 26

1.5.12 Lesões Verrucosas Bucais ....................................................................... 27

1.5.13 Xerostomia ................................................................................................. 28

1.6 OBJETIVOS ................................................................................................ 29

1.6.1 Objetivo geral ............................................................................................ 29

1.6.2 Objetivos específicos ................................................................................ 29

2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 30

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2.1 TIPO DE ESTUDO ...................................................................................... 30

2.2 LOCAL DE ESTUDO ................................................................................... 30

2.3 CASUÍSTICA E COLETA DE DADOS ......................................................... 30

2.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ........................................................................ 31

2.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ....................................................................... 31

2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................. 31

2.7 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................... 32

3 RESULTADOS ............................................................................................ 33

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO ................................. 33

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA QUANTO AOS

FATORES DE RISCO PARA AQUISIÇÃO DO HIV-1 .................................. 36

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE

LTCD4+ E DE CARGA VIRAL PLASMÁTICA DO HIV-1 ............................. 38

3.4 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO QUANTO ÀS MANIFESTAÇÕES

CLÍNICAS NA CAVIDADE ORAL ................................................................ 39

4 DISCUSSÃO .... .......................................................................................... 44

5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 49

ANEXO 1 ................................................................................................................. 57

ANEXO 2 ................................................................................................................. 58

ANEXO 3 ................................................................................................................. 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Perfil sócio-demográfico dos portadores do HIV-1 atendidos no Serviço

Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a

janeiro de 2013. ....................................................................................... 34

Tabela 2: Perfil sócio-econômico dos portadores do HIV-1 atendidos no Serviço

Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a

janeiro de 2013.. ...................................................................................... 35

Tabela 3: Distribuição dos fatores de risco dos portadores do HIV-1 atendidos no

Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de

1999 a janeiro de 2013. ........................................................................... 37

Tabela 4: Associação entre o perfil sócio-demográfico e a presença de alterações

bucais observadas nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no

Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de

1999 a janeiro de 2013. ........................................................................... 41

Tabela 5: Associação entre os fatores de risco e a presença de alterações bucais

observadas nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço

Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a

janeiro de 2013.. ...................................................................................... 42

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Quantificação da carga viral dos pacientes portadores do HIV-1 atendidos

no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de

1999 a janeiro de 2013. ........................................................................... 38

Figura 2: Descrição dos níveis de LTCD4+ e LTCD8+ dos pacientes portadores do

HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-

RO, no período de 1999 a janeiro de 2013. ............................................... 39

Figura 3: Distribuição das alterações bucais observadas nos pacientes portadores do

HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-

RO, no período de 1999 a janeiro de 2013. ............................................... 40

Figura 4: Distribuição das alterações bucais com relação a carga viral nos pacientes

portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado

(SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013. ................... 43

Figura 5: Distribuição das alterações bucais com relação ao número de LTCD4+ nos

pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial

Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de

2013........................................................................................................... 43

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RESUMO

A AIDS é um problema de saúde pública mundial e as manifestações

patológicas bucais podem servir como marcadores para o prognóstico da infecção

pelo Vírus da imunodeficiência humana 1 (HIV-1) por meio do aparecimento de

doenças oportunistas. O presente estudo descreve as manifestações patológicas

bucais em indivíduos portadores do HIV-1 de Cacoal, Rondônia, assim como sua

correlação com os níveis de carga viral plasmática do HIV e o número de linfócitos T

CD4+. Foram analisados os prontuários de 113 pacientes atendidos no Serviço de

Atendimento Especializado (SAE) de Cacoal, RO, no período de 1999 a janeiro de

2013. Foi observado um leve predomínio de portadores do HIV do gênero feminino,

sendo que a maior parte dos pacientes eram casados, com baixo nível de

escolaridade, com renda familiar de 1 a 3 salários mínimos e com parceiro único. A

prevalência de lesões bucais foi baixa (28,3%), quando comparada a outros estudos

no Brasil, sendo que a candidíase e a úlcera aftosa foram as lesões bucais mais

freqüentes (19,4%), predominando entre indivíduos do gênero masculino, na faixa

etária compreendida entre 36 e 52 anos de idade. Não foi observada associação

entre os fatores de risco para a aquisição do HIV e as alterações patológicas na

cavidade bucal e as lesões bucais foram associadas, de forma estatisticamente

significativa, com elevados índices de carga viral plasmática do HIV e baixo número

de LTCD4+, na população examinada.

Palavras-chave: HIV-1, Lesões bucais, Patologias.

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ABSTRACT

AIDS is a worldwide public health problem and the oral pathological

manifestations can serve as markers for the prognosis of the infection with human

immunodeficiency virus 1 (HIV-1) by the emergence of opportunistic diseases. The

present study describes the oral pathological manifestations in individuals with HIV-1

in Cacoal, Rondônia, as well as its correlation with the levels of HIV plasma viral load

and the number of TCD4+ lymphocytes. The charts of 113 patients treated at the

Centro de Atendimento Especializado (SAE) – (Specialized Centre Care), in Cacoal,

RO, they were analysed in the period from 1999 to January 2013. A slight prevalence

of HIV was observed in female patients, and that most patients were married, with

low education levels, a family income of 1 to 3 minimum wages and a sole partner.

The prevalence of oral lesions were low (28.3%) when compared to other studies in

Brazil, knowing that the oral candidiasis and the aphthous ulcer were the most

commons (19.4%), predominantly among males aged between 36 and 52 years old.

There was no association between the risk factors for HIV acquisition and

pathological changes in the oral cavity and oral lesions were associated significantly

with high levels of plasma viral load of HIV and low number of LTCD4+, in the

population examined.

Keywords: HIV-1, Oral lesions, Pathologies.

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1 INTRODUÇÃO

Os retrovírus têm se destacado no grupo de agentes infecciosos de natureza

viral. A família Retroviridae compreende vírus que infectam primariamente

vertebrados, determinando-lhes uma variedade de doenças imunossupressoras e

neoplásicas, embora já tenham sido encontrados retrovírus infectantes de outros

seres, tais como aves, répteis, insetos e moluscos (Gallo & Wong-Staal, 1982).

Os retrovírus patogênicos ao homem incluem os (i) vírus linfotrópicos de

células T humanas tipos 1 e 2 (HTLV-1 e HTLV-2), relacionados a distúrbios

neurológicos e hematológicos, classificados no gênero Deltaretrovirus e os (ii) vírus

da imunodeficiência humana 1 e 2 (HIV-1 e HIV-2), classificados no gênero

Lentivirus (Gallo, 1991; Liu, 1996; ICTV, 2012).

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma moléstia crônica

causada pelo HIV, a qual infecta principalmente LTCD4+, tendo como consequência

a redução progressiva destas células, ocorrendo maior probabilidade de aquisição

de infecções oportunistas importantes pelos indivíduos acometidos (Alves et al.,

2004).

1.1 O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)

O HIV é classificado como membro da família Retroviridae, subfamília

Lentivirinae, gênero Lentivirus (ICTV, 2012). Possui um capsídeo em forma de cone

que comporta o genoma do vírus formado por duas moléculas de RNA de fita

simples (Turner & Summers, 1999).

1.1.1 Biologia do HIV-1

O HIV-1 é esférico com, aproximadamente, 100 nm de diâmetro,

apresentando o genoma, duas fitas idênticas de RNA associadas a enzima DNA

polimerase RNA dependente (transcriptase reversa), estabilizados por um capsídio

protéico, circundado por um envelope externo de glicoproteína específica do vírus a

gp160, precursora da gp120 e gp41, em uma membrana lipídica originada do

hospedeiro (Wong-Staal & Gallo, 1985; Tripathi & Agrawal, 2007).

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O genoma do HIV contém dois filamentos idênticos de RNA de fita simples e

polaridade positiva, contendo nove genes delimitados por duas regiões terminais

longas e repetitivas chamadas LTR (Long Terminal Repeats). Estes genes estão

divididos em três genes estruturais (gag, pol e env), típicos dos retrovírus, dois

genes regulatórios (tat e rev) e quatro genes acessórios (nef, vif, vpu e vpr) (Greene,

1991).

O HIV-1 é caracterizado por uma enorme variabilidade genética e antigênica,

na região que codifica as glicoproteínas do envelope (gene env), estima-se que o

tamanho da diversidade possa ser superior a 10% em um único paciente e chegue a

50% entre cepas de diferentes grupos. Dificultando o desenvolvimento de vacinas e

o tratamento com drogas anti-retrovirais, mas permitindo a reconstrução de diversos

aspectos da história evolutiva do vírus (Pinto & Struchiner, 2006).

A análise de sequências conhecidas do HIV-1 permitiu classificá-lo em três

grupos distintos denominados M, O e N. O grupo M (major) envolve a maioria das

infecções em todo o mundo e é composto por nove subtipos filogeneticamente

distintos, denominados A, B, C, D, F, G, H, J e K, cujas sequencias de genes

diferenciam entre si em cerca de 20%. O subtipo C é o mais prevalente, sobretudo

na Índia, enquanto o subtipo B é o mais difundido em todos os continentes. Foram

descritas 43 formas recombinantes circulantes (CRF) que são responsáveis por 18%

do total das infecções. O CRF BF surgiu na América do Sul, tendo como origem o

subtipo F da África. No Brasil, predominam os subtipos B, C, D e F e os CRF: BF,

BD e BC (Santos et al., 2009).

Plantier et al. (2009) relataram uma importante descoberta de um novo grupo

do HIV-1 encontrado em uma mulher camaronesa. A nova variante é distinta dos

grupos M, N e O. Os testes para HIV-1 nesta mulher estavam todos reativos para o

grupo M, entretanto as proteínas mostraram-se pouco reativas com a gp120 e

nenhuma reatividade com a gag18. O genoma viral foi completamente sequenciado

e esta variante do HIV-1 foi denominado grupo P.

A análise filogenética das variantes dos vários grupos do HIV-1 e de

sequências do HIV-2 foi peça importante na montagem de um dos quebra-cabeças

mais instigantes da epidemia de HIV/AIDS: a história da introdução do vírus na

espécie humana. Neste sentido, apesar de uma relação entre os lentivírus humanos

(HIV-1 e HIV-2) e retrovírus de primatas (Simian immunodeficiency virus, SIV) ter

sido sugerida desde o início da epidemia, a reconstrução das relações filogenéticas

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entre as principais variantes do HIV e os SIV somente ocorreu na medida em que

cresceu o número de vírus isolados de diferentes espécies de símios (Pinto &

Struchiner, 2006).

1.1.2 Replicação do HIV-1

A ligação do HIV-1 com a célula hospedeira ocorre por interação entre uma

glicoproteina do envelope viral, a gp120, e a molécula CD4 das células hospedeiras

(linfócitos CD4+, monócitos, macrófagos, células de Langerhans, entre outras), e

propicia a internalização da partícula viral. Apenas a interação gp120-CD4 não é

suficiente para a entrada do vírus, sendo necessária a presença dos receptores de

quimiocinas CCR5 ou CXCR4, identificados como os principais correcepetores in

vivo para o HIV-1, promovendo as alterações conformacionais que facilitam as

ligações ao correceptor e a entrada viral. O envelope viral se funde com a membrana

celular, processo facilitado pela gp41 (Ferreira et al., 2010).

Uma vez no interior da célula hospedeira, o vírus sofre desnudamento e seu

RNA é convertido em DNA, por meio da ação da enzima transcriptase reversa,

quando então o DNA viral será incorporado ao DNA do hospedeiro, por meio da

enzima viral integrase (Ortigão-de-Sampaio & Castello-Branco, 1997). O DNA viral

integrado passa a ser denominado de pro-vírus e servirá como molde para a síntese

de todas as proteínas e genomas necessários para compor os novos vírus (Veloso

et al., 2010).

À medida que a doença progride, ocorre comprometimento do sistema

imunológico, onde o número de LTCD4+ no sangue periférico declina de seu nível

normal (1.000 a 1.200 células/mm³), para menos de 200 células/mm³ nos estágios

avançados da AIDS. Ao mesmo tempo, a relação entre células LTCD4+ e LTCD8+ no

sangue diminui seu valor normal de 2 para menos de 0,5. À medida que o número

de LTCD4+ diminui, o sistema imunológico torna-se incapaz de conter as infecções

causadas pelo HIV, permitindo a maior disseminação e multiplicação do vírus com

aumento da viremia, assim, indivíduos infectados exibem lesões bucais

frequentemente associadas à imunossupressão, as quais são causadas por

patógenos oportunistas (Trentin et al., 2007).

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1.2 EPIDEMIOLOGIA DO HIV-1

No mundo inteiro, estima-se que 33,4 milhões de pessoas estão infectadas

com o HIV-1. Na África subsaariana, a AIDS é a principal causa de mortes, sendo

que a expectativa de vida nestes países caiu de 62 para 47 anos (Melo et al., 2006).

O Boletim Epidemiológico de AIDS, do Ministério da Saúde, em 2012,

informou que de 1980 a 2012 foram identificados 656.701 casos de AIDS no Brasil,

distribuídos em: 367.540 casos na Região Sudeste (56,0%), 130.942 casos no Sul

(19,9%), 88.830 casos no Nordeste (13,5%), 37.245 casos no Centro-Oeste (5,7%) e

32.140 casos na região Norte (4,9%). Em 2011 a taxa de incidência de AIDS no

Brasil foi de 20,2 casos para cada 100.000 habitantes, a taxa da Região Norte foi de

20,8.

Existem mudanças no perfil da AIDS no Brasil. As mudanças devem-se à

difusão geográfica da doença a partir dos grandes centros urbanos em direção aos

municípios de médio e pequeno porte e ao aumento da transmissão por via

heterossexual (Brito et al., 2000). O aumento da contaminação pela relação

heterossexual tem contribuído para a feminização da epidemia (Gabriel et al., 2005).

Atualmente, identifica-se o sexo feminino numa curva ascendente de

incidência da doença. Em razão desse quadro, aumenta-se o número de

transmissões verticais do HIV-1 e a taxa da via vertical passa de 20 a 40%,

consequentemente o número de crianças afetadas pela doença começa a ocupar

espaço na epidemiologia (Guerra et al., 2007).

Com o aumento do número de mulheres soropositivas aumentou a

preocupação com a transmissão vertical do HIV-1 às crianças. Quando expostas ao

vírus desde sua formação intra-uterina e/ou até os 03 meses de vida, as crianças

têm seu sistema imunológico afetado na plenitude de seu desenvolvimento e

crescimento, podendo desenvolver anormalidades neuropsicológicas e falhas no

desenvolvimento normal (Grando et al., 2002).

Outro aspecto de mudança na epidemiologia da contaminação pelo HIV-1 é o

aumento na proporção de casos nos indivíduos com menor escolaridade,

denominado pauperização (Gabriel et al., 2005)

Com a introdução da terapia anti-retroviral (TARV) em 1996, ocorreu uma

importante queda na mortalidade, estabilizando-a em aproximadamente 6,4 óbitos

anuais a partir de 2000 (Veloso et al., 2010).

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15

Segundo Brito et al. (2000), essa redução não foi homogênea em todas as

regiões, nos dois sexos, nas diversas faixas etárias, nem relacionadas ao declínio da

incidência, já que a epidemia está em crescimento nas regiões Sul e Nordeste e em

declínio no Sudeste.

É relevante ressaltar três grandes fases na evolução desta epidemia: Uma

fase inicial, caracterizada pela infecção entre homens que fazem sexo com outros

homens e por um nível de escolaridade alto dos pacientes; uma segunda fase,

caracterizada pelo incremento de casos devido à transmissão por uso de drogas

injetáveis, como a consequente diminuição do grupo etário e maior disseminação

entre indivíduos heterossexuais; terceira e atual fase, quando se acentua a

tendência de disseminação entre os heterossexuais, principalmente as mulheres

(Melo et al., 2006).

1.3 MANIFESTAÇÕES BUCAIS NA INFECÇÃO PELO HIV-1

Em virtude da alta prevalência de lesões bucais em portadores de HIV-1,

muitas lesões podem ser diagnosticadas apenas pelas suas características clínicas

devido à facilidade do exame da boca e orofaringe por profissionais de saúde, o que

pode auxiliar no diagnóstico precoce da infecção pelo HIV e na avaliação da

progressão da mesma (Amorim et al., 2009).

A infecção pelo HIV compromete o sistema imune de maneira sistêmica, o

que ocasiona também depleção na função imunológica da mucosa bucal, tornando-a

suscetível a diversas alterações, tais como: candidíase, leucoplasia pilosa, sarcoma

de Kaposi, linfoma não-Hodgkin, gengivite ulcerativa necrozante aguda e

periodontite. As manifestações bucais da infecção pelo HIV são comuns e podem

representar um importante valor diagnóstico da doença. Aproximadamente 60% dos

indivíduos infectados pelo HIV e 80% daqueles com AIDS apresentam tais

manifestações. Portanto, a presença de alterações bucais sugestivas de um estado

de imunodepressão induz a busca no paciente da possibilidade de infecção pelo

HIV, ou alerta para uma queda imunológica naqueles que tem a doença (Gasparin et

al., 2009).

Grando et al. (2002) afirmam que a maioria dos pacientes com AIDS

desenvolve manifestações estomatológicas em algum momento da infecção.

Destaca que cerca de 40% dos sinais e sintomas da AIDS encontram-se na região

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da cabeça e do pescoço. Os primeiros artigos sobre AIDS já mencionavam o fato de

manifestações estomatológicas, tais como as candidíases, sugerirem quadros de

imunodeficiência significativa. A importância das manifestações estomatológicas em

pessoas infectadas pelo HIV levou à inclusão destas nos critérios de classificação da

AIDS proposta pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças em 1994.

A AIDS é caracterizada por severa imunossupressão do hospedeiro.

Manifesta-se por uma variedade de sintomas e sinais clínicos, muitos deles tendo a

cavidade oral como sítio dessas manifestações. Origina um espectro de alterações

bucais no indivíduo portador do HIV, compreendendo mais de quarenta (40) lesões,

as quais, inúmeras vezes, surgem como manifestação inicial da apresentação clínica

(Cavassani et al., 2002).

Os pacientes portadores do HIV frequentemente manifestam lesões na

cavidade oral de forma grave, persistente e recorrente, mesmo após o tratamento

adequado, pois várias destas patologias desenvolvem-se de forma precoce como

uma manifestação de o paciente ser portador de imunodeficiência e com um

prognóstico alarmante, onde as infecções orais estão entre as primeiras

reconhecidas manifestações clínicas da AIDS, portanto, lesões orais representam

um significativo e importante problema de saúde para portador do HIV-1 (Ficarra &

Eversole, 1994).

As lesões orais mais fortemente associadas com a infecção pelo HIV são:

candidíase oral (eritematosa e pseudomembranosa), leucoplasia pilosa, sarcoma de

Kaposi, linfoma não-Hodgkin, eritema gengival linear, gengivite e periodontite

ulcerativa necrozante. Algumas lesões orais como a candidíase oral e a leucoplasia

pilosa também são importantes indicadores prognósticos da progressão da infecção

pelo HIV. A presença destas lesões não só sugerem a infecção como podem ser um

dos primeiros sinais da evolução destes indivíduos infectados para o

desenvolvimento da AIDS (Miziara et al., 2004).

A presença de lesões orais pode ter um impacto significativo sobre a

qualidade de vida, pois a saúde bucal está fortemente associada à saúde física e

mental do ser humano, existindo um aumento importante na busca da saúde bucal

pelos portadores do HIV, especialmente em crianças. É necessário existir uma

cooperação internacional para assegurar que o aspecto oral da doença dos

portadores do vírus esteja incluído nos programas de saúde oral como assim é o do

paciente não portador, enfatizando que todos os profissionais da saúde oral devam

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receber educação e formação sobre a importância da saúde bucal e da utilização

das lesões orais como marcadores indiretos da infecção pelo HIV (Coogan et al.,

2005).

O paciente infectado com o HIV-1 é um cliente em potencial dos cirurgiões

dentistas, pois frequentemente surgem os primeiros sintomas na boca. Isto torna

importante o papel de promover e adequar a saúde bucal dos pacientes

soropositivos permitindo-lhes melhor qualidade de vida (Brasil, 1996).

1.3.1 Importância do HIV-1 na Geração de Lesões Odontológicas

Em 1986, a Comunidade Econômica Européia reunida em Copenhague

discutiu as manifestações clínicas orais em portadores do HIV, sendo que deste

encontro resultou uma listagem de 30 doenças que apresentavam lesões

associadas com a infecção pelo HIV-1. Posteriormente foram acrescentadas novas

lesões. As manifestações bucais associadas com a infecção pelo HIV-1 são listadas

dentro de três grupos, baseados na intensidade com que se apresentam nesta

associação (Souza et al., 2000).

De acordo com Axell et al. (1991) o grupo I consiste de lesões orais

comumente associadas com infecção pelo HIV, tais como: candidíase, leucoplasia

pilosa, gengivite úlcero-necrosante aguda (GUNA) e sarcoma de Kaposi. São

enquadradas no grupo II as ulcerações atípicas, doenças de glândulas salivares,

infecções virais por citomegalovírus (CMV) e herpesvírus, papiloma vírus e varicela-

zoster, pois são menos comuns de ocorrerem. O grupo III abrange lesões

possivelmente associadas com infecção pelo HIV, como exemplo osteomielite,

distúrbios neurológicos, sinusite e carcinoma epidermóide.

A incidência de cárie e gengivite em crianças infectadas pelo HIV é elevada,

valor justificado pelo alto consumo de medicamentos contendo açúcar, dieta rica em

carboidratos para reposição calórico-protéica, menor imunidade contra bactérias

cariogênicas, diminuição do fluxo salivar, hábitos inadequados de higiene bucal e

falta de informação quanto às práticas de promoção de saúde bucal. Assim, estas

crianças representam um grupo em especial, em que muitos fatores moduladores da

doença cárie e gengivite fazem parte do cotidiano de suas vidas. Alguns destes

fatores podem ser trabalhados e modificados com a educação em saúde. Entretanto,

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o mesmo não pode ser feito com aqueles advindos da condição sistêmica, como a

dieta e a imunidade (Ribeiro, 2002).

Um aspecto importante é a correlação estabelecida entre o tipo de lesão oral

presente e o comportamento de risco dos pacientes, tais como em indivíduos

promíscuos e hemofílicos ou transfundidos (Souza et al., 2000). Dentre as lesões

presentes nestes pacientes, destaca-se a candidíase nas suas diversas formas

clínicas, seguido por leucoplasia pilosa, gengivites e/ou periodontites progressivas,

herpes simples, sarcoma de Kaposi, lesões do papilomavírus humano (condiloma

acuminado, verruga vulvar e hiperplasia epitelial focal), entre outras (Laskaris et al.,

1994).

1.4 RELAÇÃO ENTRE MANIFESTAÇÕES ESTOMATOLÓGICAS, CONTAGEM DE

LINFÓCITOS T CD4+ E CARGA VIRAL EM PACIENTES PORTADORES DO HIV-1

As principais alterações imunológicas observadas em adultos infectados pelo

HIV-1 são a disfunção da imunidade celular com diminuição de LTCD4+, inversão da

relação LTCD4+/LTCD8+ e diminuição da resposta proliferativa de células T a

mitógenos e antígenos in vitro (Ortigão-de-Sampaio & Castello-Branco, 1997).

Medeiros et al. (2007) afirmam que a frequência de manifestações

estomatológicas em pacientes portadores do HIV é diretamente proporcional à carga

viral apresentada e inversamente proporcional à contagem de LTCD4+. A contagem

de LTCD4+ abaixo de 200 células/mm³ e a carga viral do HIV superior a 10.000

cópias/mL, juntamente com outros fatores, incluindo o tabagismo, má higiene bucal e

xerostomia, podem facilitar o desenvolvimento de lesões bucais em portadores de

HIV-1 (Bravo et al., 2006).

1.5 LESÕES BUCAIS

1.5.1 Líquen Plano

De etiologia desconhecida, caracteriza-se por ser uma doença mucosa-

cutânea de origem inflamatória crônica. Clinicamente apresenta-se sob formas

variadas, sendo reticular, atrófica, papulosa erosiva, bolhosa e eritematosa. Acomete

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principalmente a mucosa jugal, gengiva, dorso da língua, mucosa labial e vermelhão

do lábio (Moleri et al., 2012).

1.5.2 Candidíase

A candidíase é a lesão oral mais comum nos pacientes com HIV-1/AIDS

(Ranganathan et al., 2004; Feijoo et al., 2005). Estima-se que sua prevalência na

América Latina corresponda à aproximadamente 40% das lesões orais em HIV-1

positivos.

É causada pelo fungo Candida albicans e ocorre no início da infecção pelo

HIV-1 em pacientes previamente assintomáticos e em 90% dos pacientes com AIDS,

tendo a queda de LTCD4+ circulantes como fator para o aparecimento da candidíase

oral (Sanjar et al., 2011). Recentemente a Candida dubliniensis foi descrita como

responsável pela recorrência de candidíase oral em imunodeprimidos (Alves et al.,

2009). A C. dubliniensis tem sido objeto de intensa investigação também por

apresentar similaridade genotípica e fenotípica com a C. albicans e pela identificação

de cepas resistentes a drogas antifúngicas, como o fluconazol (Nonaka et al., 2008).

As três apresentações mais comuns na cavidade oral de pacientes HIV-1 são

a candidíase pseudomembranosa, a candidíase eritematosa e a queilite angular

(Reznik, 2006).

Greenspan (1998) descreve a candidíase pseudomembranosa como placas

brancas, removíveis, causadas pela proliferação de hifas fúngicas misturadas ao

epitélio descamado e células inflamatórias. A candidíase atinge qualquer parte da

boca ou faringe. Em estudo de casos de Moleri et al. (2012) a característica de

recobrir o dorso da língua serviu de sinal clínico indicioso de que o paciente se

encontrava em estado de imunodepressão. Reforçando o interesse em investigar a

infecção pelo HIV-1.

A forma eritematosa é representada por áreas avermelhadas, localizadas

principalmente no palato, língua e mucosa jugal (Lima et al., 1994).

A queilite angular é caracterizada por fissuras crostosas que aparecem nas

comissuras labiais, podendo apresentar-se em diferentes estágios, desde o

inflamatório (queilite) até o degenerativo (queilose). O diagnóstico é basicamente

clínico (Alves et al., 2009).

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Muitos relatos epidemiológicos enfatizam a prevalência da candidíase em

pacientes HIV positivos e ressaltam a sua importância como marcador da

progressão da doença e preditivo para o aumento da imunodepressão (Cavassani et

al., 2002)

1.5.3 Doenças Periodontais

Segundo Volkweis et al. (2001) a doença periodontal apresenta-se como

manifestação clínica de prevalência moderada, estando relacionada sua etiologia ao

controle de placa do paciente, mostrando-se um padrão mais agressivo em áreas

localizadas.

A deteriorização do sistema imunológico pela diminuição dos linfócitos T

CD4+ pode comprometer as defesas e aumentar a susceptibilidade a alterações

periodontais (Pereama et al., 2006).

Os indivíduos infectados pelo HIV-1 podem apresentar desde uma gengivite

caracterizada por uma faixa eritematosa e/ou a periodontite. A periodontite é

frequentemente localizada, destrutiva e necrosante do periodonto de inserção

(Murray, 1994).

A gengivite e a periodontite de evolução rápida, quando lesões bacterianas

associadas ao HIV-1, ocorrem em decorrência da imunossupressão provocando

alterações na microbiota normal da boca e nota-se um aumento das bactérias

anaeróbias gram-negativas subgengivais, com consequentes distúrbios nos

componentes salivares como as enzimas antimicrobianas e imunoglobulinas. Há

uma diminuição da capacidade da saliva em controlar a microbiota e placa

bacteriana, propiciando o desenvolvimento de lesões gengivais e periodontais

(Souza et al., 2000).

O eritema gengival linear ou gengivite associada ao HIV-1 em estudos

microbiológicos tem sido associado à presença da C. albicans e Actinobacillus

actinomycetemcomitans em 20% de gengivite-HIV. Apresenta-se como uma faixa

vermelho-fogo ao longo da gengiva marginal, estendendo-se de 2 a 4 mm em

direção apical. Não está associado ao acúmulo de placa e não responde ao

tratamento convencional de raspagem, alisamento radicular e polimento coronário.

(Alves et al., 2009). A gengivite pode ou não ser acompanhada de ocasionais

hemorragias e desconforto (Chagas et al., 2009).

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Segundo Trentin et al. (2007), a saúde periodontal depende da interação dos

fatores de risco com os mecanismos imunológicos. As lesões periodontais com

características agressivas podem ser a primeira expressão clínica de infecção pelo

HIV, apresentam um curso mais grave quando comparadas a indivíduos não-

imunocompetentes.

As doenças periodontais necrosantes dividem-se em gengivite ulcerativa

necrosante (GUN), caracterizada por ulceração marginal da gengiva, com formação

de áreas de necrose, porém sem envolvimento do periodonto de inserção,

periodontite ulcerativa necrosante (PUN) com áreas de necrose tecidual e perda de

inserção periodontal, formação de bolsas e sequestros ósseos e estomatite

ulcerativa necrosante (EUN), que consiste em uma manifestação ainda mais

agressiva caracterizada por lesões que se estendem além da junção mucogengival,

com grande destruição tecidual e envolvimento sistêmico, está relacionada ao

avanço e complicações da PUN. Tanto a GUN quanto a PUN têm as bactérias

anaeróbicas como agentes etiológicos, associados a fatores sistêmicos. A infecção

pelo HIV é um exemplo dos fatores etiológicos sistêmicos, estando diretamente

relacionada com seu início e severidade (Michel et al., 2012). Greenspan (1998)

relata que a PUN é grave e rápida, tem início súbito com perda rápida de osso e dos

tecidos moles.

A periodontite associada à necrose pode levar os dentes à mobilidade devido

a perda de tecido ósseo e mole, resultar em hemorragias, coleção purulenta e forte

odor, dor intensa em toda maxila e mandíbula. Existem hipóteses do vírus Epstein-

Barr (EBV) estar envolvido na evolução da doença periodontal (Imanishi, 2005).

1.5.4 Tuberculose

Causada pelo bacilo aeróbico Mycobacterium tuberculosis, a tuberculose é

uma doença infecciosa granulomatosa e suas manifestações bucais ocorrem pela

deposição do bacilo presente no escarro, resultante da expulsão de bactérias pela

tosse. Prevalece mais na linha mediana do dorso da língua, no palato e lábios.

Apresenta-se como uma úlcera irregular ou de aspecto estrelado, geralmente

dolorosa, superficial ou profunda, de fundo granulomatoso, tendendo a aumentar de

tamanho lentamente e não cicatriza (Volkweis et al., 2001).

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1.5.5 Leucoplasia Pilosa

A leucoplasia pilosa foi inicialmente descrita em um grupo de homossexuais

masculinos jovens. Os estudos relataram um tipo inusitado de lesão branca, crônica,

quase patognomônica de infecção por HIV-1 (Volkweis et al., 2001). Enquanto

outros estudos a descreveram como uma lesão acinzentada ou esbranquiçada

localizada nas bordas laterais da língua, podendo apresentar enrugamentos verticais

e estender-se até a superfície ventral e dorsal da língua.

A infecção se dá pelo Vírus Epstein-Barr (EBV), comumente encontrada em

pacientes nos estágios iniciais da AIDS, sendo o bordo lingual a região mais afetada

e manifestando-se clinicamente como uma placa branca de superfície plana,

corrugada ou pilosa (Chagas et al., 2009).

Umbelino Júnior et al. (2010) também afirmam que o EBV é o agente

etiológico da leucoplasia pilosa oral e a caracterizam como importante marcador de

imunossupressão. As características histopatológicas são consideradas suficientes

para o diagnóstico, destacando as alterações nucleares, que representam o efeito

citopático do EBV nesta lesão.

Histopatologicamente é caracterizada por hiperceratose, paraceratose,

acantose, papilomatose, presença de células balonizadas com alterações nucleares

na camada espinhosa, discreto infiltrado inflamatório intra-epitelial e no tecido

conjuntivo subjacente. Está associado à presença de candidíase. Alguns autores

descrevem alterações nucleares associadas ao EBV como critério suficiente para o

diagnóstico histopatológico e se estes forem representativos, os demais são

desnecessários ao diagnóstico (Dias et al., 2001).

A leucoplasia pilosa pode estar associada à baixa contagem de LTCD4+.

Pode estar associada ainda à linfopenia, candidíase e linfoadenopatia. Sua presença

é considerada um marcador precoce da infecção pelo HIV-1, assim como do

desenvolvimento e do prognóstico da AIDS (Umbelino Júnior et al., 2010).

A leucoplasia pilosa pode ser variável, bilateral, assintomática e é um fator

negativo em termos de prognóstico segundo Volkweis et al. (2001). É uma lesão não

removível, “raspável”, segundo Milagres et al. (2004), e na maioria dos casos é

assintomática e regride espontaneamente ou não apresenta sintomatologia

relevante, assim não está indicado qualquer tratamento (Scully et al.,1991).

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Quando associada ao comprometimento imunológico espera-se sua

regressão espontânea havendo melhora no sistema de defesa do paciente (Milagres

et al., 2004).

1.5.6 Doença das Glândulas Salivares Associadas ao HIV-1 – Hiperplasia da

Parótida

É um fenômeno bastante comum em crianças ocorrendo em qualquer estágio

da infecção. Pode estar relacionado a mudanças no estado imunológico do paciente,

consequentemente à diminuição do número de linfócitos T CD4+. Foi sugerido

também que a infecção por Citalomegalovírus ou o EBV poderiam ser responsáveis

pela hiperplasia das parótidas (Alves et al., 2009).

Tem como principal sinal clínico o aumento do volume da glândula salivar

parótida (uni ou bilateral, este observado em cerca de 60% dos pacientes com

alterações glandulares), firme à palpação, sem evidências de inflamação e

sensibilidade, provocando deformação facial. Pode estar associado à xerostomia,

aumentando a atividade da cárie (Leggot, 1992).

O tratamento é sintomático e empírico, devido sua etiologia desconhecida,

não há tratamento definitivo. Muitas vezes há remissão do quadro com o uso da

Zidovudina.

1.5.7 Estomatite Aftóide Recidivante

Estomatite aftóide recidivante (EAR) é uma entidade mórbida caracterizada

pelo aparecimento de úlceras (aftas) dolorosas, de tamanho e duração variáveis.

São tipicamente encontradas na mucosa bucal não-queratinizada (Cooke, 1969).

Episódios severos de EAR têm sido descritos em pacientes portadores de

HIV-1, normalmente estão localizadas no palato mole, lojas tonsilares ou língua

(Miziara et al., 2005).

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1.5.8 Herpes Simples

O vírus herpes simples é um patógeno humano comum, sendo que o tipo 1

(Herpesvirus humano 1 ou HHV-1) dissemina-se predominantemente através da

saliva infectada ou de lesões periorais ativas e o tipo 2 (Herpesvírus humano 2 ou

HHV-2) envolve preferencialmente as regiões genitais. Entretanto, em virtude das

práticas sexuais, o HHV-1 pode ser encontrado nas infecções genitais e o HHV-2

pode ser verificado nas infecções orais (Reggiori et al., 2008).

Trata-se de um vírus neurotrópico, disseminando-se por vias nervosas,

alojando-se em nervos periféricos e gânglios nervosos, e a infecção é uma condição

perene, tornando-se permanentemente latente na raiz nervosa ganglionar

correspondente ao sítio da inoculação (o gânglio trigêmio para infecção oralabial e o

gânglio sacro para a infecção genital). Apresenta tropismo positivo por ceratinócitos

e neurônios. Os neurônios não sendo permissíveis à replicação sofrem

integralização de seu DNA, caracterizando a infecção latente. A reativação decorre

de fatores que debilitam o sistema imunológico (Trindade et al., 2007).

O HHV-1 é transmitido pelo contato direto com um indivíduo excretante do

vírus. O indivíduo pode estar sintomático ou assintomático. É mais elevada

principalmente nas primeiras horas de formação das bolhas. Apresenta-se como

vesículas pequenas, dolorosas que podem coalescer e ulceram sobre base

eritematosa formando uma crosta serosa, cicatrizando nas próximas semanas. Ao

persistir por mais de duas semanas, associada à soropositividade para HIV-1, é

conclusivo para um diagnóstico de AIDS (Chagas et al., 2009).

A principal forma de acometimento dos pacientes com HIV-1 é a reativação

do HSV latente no gânglio trigeminal, originando lesões em lábios e mucosa com

vesículas que resultam em úlceras irregulares cercadas por margens

esbranquiçadas (Reggiori et al., 2008).

Alves et al. (2009) também relatam que a herpes simples pode provocar

alterações sistêmicas. Aparece na forma clássica de úlceras irregulares, rasas e

dolorosas que destroem o epitélio pavimentoso estratificado queratinizado,

principalmente nos lábios e região peribucal. Ao contrário das lesões típicas, nos

imunodeficientes ocorre também em mucosa não queratinizada. O tratamento com

aciclovir tópico (creme) é o mais utilizado. Quando não há resposta à terapia com

antivirais tópicos usam-se os sistêmicos. O uso do laser tem oferecido melhora um

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pouco mais rápida em relação ao uso de medicação conforme relatado por Reggiori

et al. (2008).

1.5.9 Herpes Zoster

O herpes zoster é causado pela reativação do vírus varicela-zoster

(Vasconcellos et al., 1990). As lesões afetam, preferencialmente, os nervos

sensitivos do tronco e da região de cabeça e pescoço. O acometimento dos vários

ramos do trigêmio pode resultar em lesões bucais, faciais ou oculares (Volkweis et

al., 2003).

Os pacientes HIV-1 positivos apresentam risco maior de dez a vinte vezes de

desenvolver herpes zoster. É imprescindível a investigação em pacientes de grupo

de risco para AIDS quando houver manifestação de herpes zoster. Suas

manifestações clínicas são um indicador precoce da fragilidade imunológica, assim

como de prognóstico desfavorável da infecção pelo HIV (Vasconcellos et al., 1990;

Volkweis et al., 2003).

Regezi & Sciubba (2000) descreveram o quadro clínico de herpes zoster

como representado por vesículas agrupadas em cachos, dispostas sobre base

eritematosa e edemaciada, em faixa unilateral, acompanhando o trajeto de um

nervo, sem ultrapassar a linha média. A erupção cutânea geralmente é precedida de

fenômenos parestésicos ou dolorosos.

Com relação ao tratamento do herpes zoster, os corticosteróides podem ser

usados em combinação com o aciclovir, apresentando significativa melhora na

cicatrização das lesões cutâneas e alívio da dor aguda (Gnann & Whitley, 2002).

1.5.10 Sarcoma De Kaposi

É um tumor maligno proveniente do crescimento de células das paredes dos

vasos sanguíneos. A biópsia é o único método para diagnosticar esta doença. É a

neoplasia mais comum associada à AIDS, porém é raro ocorrer em crianças (Alves

et al., 2009).

O Herpesvírus humano 8 (HHV-8) está implicado como agente etiológico do

sarcoma de Kaposi, tantos os monócitos como os linfócitos B aparecem como

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reservatórios para o HHV-8 em indivíduos assintomáticos, considerando que o HHV-

8 está presente nas células escamosas e células endoteliais microvasculares dentro

das lesões de sarcoma de Kaposi (Offermann,1999).

A confirmação do diagnóstico é facilmente detectada por biópsia nos tecidos

infectados e sangue periférico. Suas fases iniciais caracterizam-se por manchas

roxas, que evoluem para placas e posteriormente apresenta-se como nódulo tumoral

(Chagas et al., 2009).

O sarcoma de Kaposi aparece sob forma de máculas, placas, pápulas ou

nódulos avermelhados assintomáticos, azulados ou violáceos, solitários ou múltiplos,

com ou sem ulcerações. Nos estágios mais avançados, as lesões podem tornar-se

elevadas, frequentemente lobuladas, ulceradas e macias. Se o tumor envolve a

gengiva, a lesão pode tornar-se hiperplásica e cobrir a coroa dos dentes. As lesões

intra-ósseas podem provocar um aumento de volume coberto por mucosa normal,

podendo ser confundida com um abscesso periapical (Alves et al., 2009).

1.5.11 Linfoma Não-Hodgkin

Linfomas não-Hodgkin (LNH) constituem grupo heterogêneo de neoplasias

originadas da proliferação clonal de linfócitos B, T e células NK e representam 4% de

todas as neoplasias humanas. O diagnóstico se baseia na biópsia do linfonodo ou

massa tumoral (Colleoni & Inaoka, 2007).

Utilizando-se critérios morfológicos e imunohistoquímicos detectou-se que o

pleomorfismo celular é um achado importante na suspeição morfológica dos

Linfomas não-Hodgkin (LNH). A proliferação vascular, a presença de um fundo

inflamatório reativo constituído por eosinófilos, plasmócitos e histiócitos, por vezes

formando granulomas epitelióides, foram achados constantes. Entretanto não tão

frequentes quanto a irregularidade celular (Milito et al., 2002).

O LNH tem características próprias, quando associado à infecção pelo HIV-1.

(Casariego et al., 2006). Os LNH relacionados com a AIDS constituem um grupo

heterogêneo de linfomas que deriva de linfócitos B alto grau, compreendendo os

LNH sistêmicos, linfoma primário do sistema nervoso central (LPSNC) e linfoma

primário das cavidades. Dentre os LNH sistêmicos está o linfoma plasmoblástico da

cavidade oral. Na sua patogenicidade e etiologia, são apontados vários fatores

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como: infecção viral (EBV e HHV-8), monoclonalidade versus policlonalidade, lesões

genéticas e imunodeficiência avançada (LPSNC-CD4+<50 cels./µL) (Silva, 2003).

Segundo Leão et al. (2009), é a segunda causa tumoral mais comum

associada ao HIV-1. A frequência diminui com a introdução da terapia antirretroviral.

Não há consenso quanto à redução na incidência de LNH em pacientes HIV

positivos em uso de terapia antirretroviral, mas o ganho na sobrevida é indiscutível.

Este aumento de sobrevida pode ser explicado pelo maior controle de infecção viral

e consequente melhora da imunidade ou pelo uso de esquemas quimioterápicos

mais agressivos (Pereira et al., 2004).

1.5.12 Lesões Verrucosas Bucais

O Papilomavirus humano (HPV) é um vírus oncogênico e associado à indução

de inúmeras lesões hiperplásicas, na cavidade oral. Foram identificados mais de 100

genótipos de HPV ligados a lesões benignas e 12 tipos ligados a lesões malignas.

Desses, HPV-6 e HPV-11 têm baixo risco de malignidade enquanto HPV-16 e HPV-

18 são fortemente associados com malignidade (Leite et al., 2008).

Dentre as lesões benignas associadas ao HPV em cavidade oral estão:

papiloma e condiloma acuminado, verruga vulgar e hiperplasia epitelial focal. Entre

as malignas são citados o carcinoma epidermóide e o carcinoma verrugoso. As

lesões verrugosas causadas pelo HPV não têm localização definida na cavidade

oral, podem ser únicas ou múltiplas, com aspecto de couve-flor, exofíticas, sésseis

ou pediculares, e são denominadas papiloma escamoso, condiloma acuminado ou

verrugoso. (King et al., 2002; Lilly et al., 2005).

O condiloma acuminado é uma proliferação do epitélio estratificado

escamoso. Moura et al. (2005) relatam quanto maior a imunossupressão do

paciente, mais alta a prevalência de lesões bucais, entretanto, a partir da introdução

da terapia antirretroviral de alta atividade houve uma alteração da epidemiologia das

infecções oportunistas decorrentes da infecção pelo HIV-1 culminando na diminuição

da prevalência da leucoplasia pilosa bucal e periodontite necrozante aguda e no

aumento de prevalência das doenças das glândulas salivares e lesões bucais pelo

HPV.

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28

1.5.13 Xerostomia

A xerostomia é comum em indivíduos infectados pelo HIV-1 e tem como

causa provável o uso da HAART e uso prolongado de medicamentos como

antidepressivos e ansiolíticos. Quando ocorre há aumento do risco de cáries e

doenças periodontais. Pode ser amenizado com o uso de fármacos locais que

estimulem a produção de saliva ou a substituam (Leão et al., 2009).

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29

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo Geral

Descrever a prevalência das patologias bucais encontradas em indivíduos

portadores do HIV-1, atendidos no ambulatório de doenças infecto contagiosas da

cidade de Cacoal, Rondônia, Brasil.

1.6.2 Objetivos Específicos

Descrever as características sóciodemográficas dos indivíduos portadores

do HIV-1, atendidos no ambulatório de doenças infecto contagiosas da cidade de

Cacoal, Rondônia;

Descrever a prevalência de patologias bucais na população examinada com

as características sóciodemográficas;

Associar a presença de patologias bucais em portadores do HIV-1 com a

carga viral plasmática e o número de LTCD4+.

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30

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo e correlacional de corte transversal.

2.2 LOCAL DE ESTUDO

O município de Cacoal conta com uma população estimada pelo IBGE de

78.574 habitantes. Cacoal é cidade polo regional em saúde e tem grande

importância dentro deste contexto, uma vez que atende no total 162.300 habitantes

referentes às cidades de Cacoal, Espigão D’Oeste, Ministro Andreazza, Pimenta

Bueno, Primavera de Rondônia, São Felipe e também Rondolândia (cidade do

estado do Mato Grosso). Por ser situado de forma estratégica, o município de

Cacoal é referência para os municípios de menor porte da região, promovendo

atendimento a todos eles de forma sistemática, inclusive aos portadores de

DST/AIDS (IBGE, 2012).

O ambulatório de doenças sexualmente transmissíveis, do município de

Cacoal, Rondônia, faz parte do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), o qual

se localiza na Unidade Especializada Fundação Nacional de Saúde (FNS), contando

com uma equipe multidisciplinar formada por médico, enfermeiras e psicóloga para o

atendimento dos usuários portadores de hepatites virais, alem de portadores do HIV-

1 e de outras infecções sexualmente transmissíveis. O serviço atende usuários

residentes no município de Cacoal e municípios circunvizinhos, respeitando a rotina

de funcionamento das 13:00 horas às 18:00 horas, de segunda à sexta-feira.

2.3 CASUÍSTICA E COLETA DE DADOS

A coleta de dados sóciodemográficos, clínico odontológico, da carga viral

plasmática do HIV e do numero de LTCD4+, referentes à população estudada, foi

realizada pela avaliação dos prontuários médicos de todos os pacientes portadores

do HIV-1, atendidos e cadastrados no centro de referência para tratamento de

doenças infectocontagiosas no município de Cacoal, estado de Rondônia, e

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31

transcritos para um formulário adaptado (Anexo 1). Os registros foram efetuados

nesta Unidade no período de 1999 a janeiro de 2013.

2.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

i) Indivíduos portadores do HIV cadastrados no SAE de Cacoal, Rondônia;

ii) Indivíduos que são acompanhados mensalmente no SAE de Cacoal e que

possuíam as informações pertinentes ao trabalho nos prontuários;

iii) Indivíduos que foram a óbito mas que realizaram o acompanhamento

mensal no SAE, sendo que os prontuários estavam adequados à pesquisa.

2.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

i) Indivíduos que foram transferidos para outras localidades;

ii) Indivíduos que iniciaram o acompanhamento no SAE mas não mais

retornaram ao acompanhamento mensal realizado na Unidade;

iii) Indivíduos cujos prontuários não continham as informações clínico-

epidemiológicas e laboratoriais necessárias à realização do presente estudo.

2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Após a coleta dos dados, todas as informações foram tabuladas em planilhas

do programa Microsoft Excel®. Posteriormente estes foram exportados e analisados

no software Bioestat 5.0 (Ayres et al., 2007). Realizou-se análise descritiva dos

dados, com distribuição de frequências relativas, sendo ainda utilizado o valor

mínimo, valor máximo e mediana para as variáveis quantitativas contínuas, e

posteriormente os dados foram categorizados e agrupados. Para análise de

associação entre os parâmetros bucais com o tempo de infecção pelo HIV,

contagem de LTCD4+ e carga viral plasmática do HIV foram usados os testes

ANOVA, Kruskal-Wallis, teste t e Mann-Whitney, com um índice de confiabilidade de

95% (IC=95%) e o nível de significância estatística adotado foi de 5% (p<0,05).

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32

2.7 ASPECTOS ÉTICOS

O presente projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa

da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED, em obediência a

resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual normatiza as pesquisas

que envolvem seres humanos (Anexo 3).

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33

3 RESULTADOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO

No presente estudo foram avaliados 161 prontuários de pacientes com

diagnóstico de HIV/AIDS atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de

Cacoal, Rondônia. Destes prontuários, 48 foram excluídos em virtude dos indivíduos

terem sido transferidos de unidade por mudança de endereço ou por terem iniciado

e abandonado o tratamento na referida Unidade de Saúde. Desta forma, os

prontuários de 113 pacientes foram elegíveis para a pesquisa.

Em relação às características sóciodemograficas, foi possível verificar que 54

pacientes (47,8%) eram do gênero masculino e 59 (52,2%) do gênero feminino,

sendo que a maioria (96; 85,0%) residiam no perímetro urbano e os demais (17;

15,0%) residiam na área rural de seus respectivos municípios de origem.

Quanto à naturalidade, somente 30 pacientes (26,6%) eram naturais do estado

de Rondônia, enquanto que 70 (61,9%) eram naturais de outras regiões do Brasil,

sendo que destes, a metade era proveniente da região Sul (35/70; 50,0%), seguido

das regiões Sudeste (22/70; 31,4%), Centro-Oeste (8/70; 11,4%) e Nordeste (5/70;

7,1%). A informação acerca da naturalidade não foi encontrada em 13 prontuários

(11,5%).

No que se refere à idade, verificou-se que a idade mínima apresentada foi 4

anos e a máxima 80 anos, com uma média de 39,7 ± 13,1 anos. A faixa etária que

apresentou o maior número de casos foi entre 36 e 52 anos (53 casos; 46,9%). As

informações referentes ao gênero, residência, faixa etária e naturalidade estão

contidas na Tabela 1.

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Tabela 1: Perfil sóciodemográfico dos portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

Variáveis n %

Gênero

Feminino 59 52,2

Masculino 54 47,8

Total 113 100,0

Local de residência

Rural 17 15,0

Urbano 96 85,0

Total 113 100,0

Faixa Etária

4 |— 20 4 3,5

20 |— 36 36 31,9

36 |— 52 53 46,9

52 |— 68 16 14,2

68 |— 84 4 3,5

Total 113 100,0

Naturalidade

Rondônia 30 26,6

Outro Estado 70 61,9

Não Informado* 13 11,5

Total 113 100,0 *Estes valores não foram considerados para o cálculo estatístico.

Quanto à cor da pele/raça, as predominantes foram a de cor branca e a de

cor parda, onde foram identificados 52 indivíduos (46,0%) cada, enquanto que 8

indivíduos (7,1%) eram de cor negra e 1 (0,9%) era indígena (Tabela 2).

A renda familiar variou de menos de um salário mínimo até mais de sete

salários mínimos, sendo que em 15 (13,3%) dos prontuários não foi informada a

renda e a mais prevalente foi aquela que variou entre 1 e 3 salários mínimos (66;

58,4%; Tabela 2).

Em relação à escolaridade, a avaliação dos prontuários revelou que a maior

parte (43; 38,0%) dos pacientes eram analfabetos ou possuíam o ensino

fundamental incompleto, 27 (23,9%) possuíam ensino fundamental/médio

incompletos, 29 (25,7%) apresentavam nível médio completo/superior incompleto,

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sendo que o ensino superior completo foi relatado por apenas 8 pacientes (7,1%).

Vale ressaltar que em 6 prontuários (5,3%) esta informação não existia (Tabela 2).

Quanto ao estado civil, foi possível observar que a maioria dos pacientes

declaram-se casados (52; 46,0%), 37 (32,7%) eram solteiros, 10 (8,8%) eram

separados (divorciados) e 6 (5,3%) afirmaram ser viúvos. Esta informação não foi

obtida nos prontuários de 8 pacientes (7,1%; Tabela 2).

Tabela 2: Perfil sócio-econômico dos portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

Variáveis n %

Cor/Raça

Branca 52 46,0

Pardo 52 46,0

Negra 8 7,1

Índio 1 0,9

Total 113 100,0

Renda Familiar

Menos de 1 salário mínimo 14 12,4

1 a 3 salários mínimos 66 58,4

4 a 6 salários mínimos 15 13,3

7 a 11 salários mínimos 3 2,6

Não Informado* 15 13,3

Total 113 100,0

Escolaridade

Analfabeto/ Fundamental Incompleto 43 38,0 Fundamental Completo/ Nível Médio Incompleto 27 23,9

Médio completo/ Superior Incompleto 29 25,7

Superior Completo 8 7,1

Não Informado* 6 5,3

Total 113 100,0

Estado Civil

Casado (a) 52 46,0

Separado (a) 10 8,8

Solteiro (a) 37 32,7

Viúvo (a) 6 5,3

Não Informado* 8 7,1

Total 113 100,0 *Estes valores não foram considerados para o cálculo estatístico.

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36

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA QUANTO AOS FATORES

DE RISCO PARA A AQUISIÇÃO DO HIV-1

Quanto à preferência sexual, foi observado que em 95 dos prontuários

(84,1%) os pacientes declaram ser heterossexuais, doze (10,6%) disseram ser

homossexuais e três (2,7%) informaram ser bissexuais, enquanto que em três

indivíduos (2,7%) a questão não se aplicava por se tratarem de crianças (Tabela 3).

Quanto ao número de parceiros por semana, 56 indivíduos (49,6%)

informaram possuir parceiro único, 46 (40,7%) informaram ter dois ou mais parceiros

semanalmente e os demais prontuários (11; 9,7%) não continham essa informação.

Em relação ao uso de preservativo, sete (6,2%) deixaram a opção sem resposta,

mas a maioria (52; 46,0%) informaram que sempre utilizavam, 18 (15,9%) usavam

às vezes e 36 (31,9%) relataram, em seus prontuários, nunca utilizar o preservativo

(Tabela 3).

Quanto ao histórico de Doenças Sexualmente Transmissíveis, observou-se

que 28 pacientes (24,8%) relataram já ter tido alguma DST, embora a maioria (74;

65,5%) tenham referido nunca terem sido acometidos por nenhuma. Outra

característica observada nos prontuários desses pacientes foi quanto ao uso de

tatuagens, sendo que apenas 12 (10,6%) afirmaram possuir alguma tatuagem pelo

corpo, 89 (78,8%) disseram nunca ter feito nenhuma tatuagem e de doze indivíduos

(10,6%) não havia essa informação (Tabela 3).

Entre os indivíduos avaliados, observou-se que 44 (38,9%) relataram fazer

uso de drogas, 50 (44,2%) relataram não fazer uso de nenhum tipo de drogas e de

19 pacientes (16,8%) não foi possível obter essa informação. É importante ressaltar

que dos 44 indivíduos que disseram já ter feito uso de algum tipo de droga, 10

(22,7%) utilizavam drogas endovenosas, nove (20,5%) disseram serem usuários de

drogas não injetáveis e dos demais (25; 56,8%) não foi possível obter esta

informação (Tabela 3).

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Tabela 3: Distribuição dos fatores de risco dos portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

Fatores de Risco n %

Comportamento Sexual

Heterossexual 95 84,1

Homossexual 12 10,6

Bissexual 3 2,7

Não Informado 3 2,7

Total 113 100,0

Parceiros por semana

Apenas 1 parceiro 56 49,6

2 ou mais parceiros 46 40,7

Não Informado 11 9,7

Total 113 100,0

Uso de camisinha

Sempre 52 46,0

Nunca 36 31,9

Às vezes 18 15,9

Não Informado 7 6,2

Total 113 100,0

Histórico de DST

Não 74 65,5

Sim 28 24,8

Não Informado 11 9,7

Total 113 100,0

Tatuagem

Não 89 78,8

Sim 12 10,6

Não Informado 12 10,6

Total 113 100,0

Uso de Drogas

Não 50 44,2

Sim 44 38,9

Não Informado 19 16,8

Total 113 100,0

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38

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE LTCD4+ E

DE CARGA VIRAL PLASMÁTICA DO HIV-1

Dentre os 113 pacientes estudados, 17 (15%) eram apenas soropositivos

para o HIV e os demais (96; 85,0%) possuíam diagnóstico de AIDS. Com relação à

última carga viral plasmática do HIV registrada no prontuário, 36 indivíduos (31,9%)

apresentaram valores indetectáveis (menos de 50 cópias de RNA viral por mL de

sangue), 25 (22,1%) apresentaram carga viral menor que 10.000 cópias, 36 (31,9%)

apresentaram numero de cópias entre 10.000 e 100.000 cópias e 8 pacientes (7,1%)

apresentaram carga viral acima de 100.000 cópias de RNA viral por ml de sangue.

Em sete prontuários (6,3%) não foi possível obter esta informação (Figura 1).

Figura 1: Quantificação da carga viral plasmática do HIV de pacientes portadores do HIV atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

Quanto ao número de linfócitos T CD4+ identificado nos prontuários de 106

pacientes, verificou-se que a média foi de 475 ± 239 células por mm3 de sangue,

sendo que a maior parte dos pacientes (61; 54,0%) exibiu entre 200 e 500 células,

44 (39,0%) apresentaram níveis acima de 500 células/mm3 de sangue e apenas um

paciente (0,9%) apresentou contagem inferior a 50. Não foi possível obter esta

informação em 7 prontuários (6,2%; Figura 2).

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39

Com relação aos exames de contagem dos linfócitos T CD8+, não foram

verificadas informações em 10 (8,9%) prontuários. A média obtida para os demais foi

de 1.049 ± 586 células por mm3 de sangue periférico, sendo que 12 pacientes

(10,6%) apresentaram níveis inferiores a 500 células/mm3, 43 (38,0%) possuíam

níveis intermediários entre 500 e 1000 células e os demais (48; 42,5%) obtiveram

contagem de células superiores a 1000 por mm3. É importante ressaltar também que

na relação entre a contagem dos níveis de linfócitos T CD4+ e T CD8+, obteve-se

uma média de 0,538 ± 0,3132.

Figura 2: Descrição dos níveis de linfócitos T CD4+ e linfócitos T CD8+ dos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro 2013.

3.4 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO QUANTO ÀS MANIFESTAÇÕES

CLÍNICAS NA CAVIDADE BUCAL

Dentre os 113 prontuários analisados, 32 (28,7%) relatavam a presença de

lesões bucais. As lesões bucais mais comumente observadas foram a candidíase

(19,4%), a úlcera aftosa (19,4%), o herpes simples (16,1%), o herpes zoster, a

leucoplasia (12,9%), o eritema linear gengival e a periodontite (9,7%; Figura 3).

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40

Figura 3: Distribuição das alterações bucais observadas nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

Dentre os 32 participantes portadores do HIV que apresentaram alguma

alteração na cavidade bucal, 19 (59,4%) eram do gênero masculino e 13 (40,6%)

eram do gênero feminino, sem significância estatística (p=0,122). No que se refere à

idade, a faixa etária de maior prevalência foi a de 36 a 52 anos de idade (16; 50,0%),

com diferença estatisticamente significante (p=0,024) em relação às outras faixas

etárias (Tabela 4).

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41

Tabela 4: Associação entre o perfil sócio-demográfico e a presença de alterações bucais observadas nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

A análise dos fatores de risco para a aquisição do HIV, não demonstrou

nenhum resultados estatisticamente significante em relação ao comportamento

sexual, ao uso de camisinha e ao número de parceiros por semana (Tabela 5).

O número de casos de alterações na cavidade bucal também se mostrou

maior entre aqueles que disseram usar camisinha às vezes (17; 60,7%) e entre

aqueles que nunca usaram, essa freqüência foi de apenas 14,3% (4/28). Foi

verificado também que aqueles que possuíam apenas um parceiro por semana, a

freqüência do aparecimento de lesões bucais foi maior 16 (55,2%), no entanto, sem

significância estatística. Os homossexuais tiveram a maior proporção em presença

dessas lesões (5; 41,7%) entre os doze participantes, mesmo assim, sem diferença

significativa (Tabela 5).

Variáveis

Alterações na cavidade bucal

Sim

Não p

n % n %

Gênero

Feminino 13 40,6 46 56,8 0,122

Masculino 19 59,4 35 43,2

Total 32 100,0 81 100,0

Idade

4 |— 20 3 9,4 1 1,2

0,024

20 |— 36 6 18,8 35 43,2

36 |— 52 16 50,0 32 39,5

52 |— 68 7 21,9 10 12,3

68 |— 84 0 0,0 3 3,7

Total 32 100,0 81 100,0

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42

Tabela 5: Associação entre os fatores de risco e a presença de alterações bucais observadas nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

Fatores de Risco

Alterações na cavidade bucal

Sim

Não p

n % n %

Comportamento Sexual

Bissexual 0 0,0 3 3,7

0,298 Heterossexual 25 78,1 70 86,4

Homossexual 5 15,6 7 8,6

Não informado 2 6,3 1 1,2

TOTAL 32 100,0 81 100,0

Uso de camisinha

Às vezes 17 53,1 35 43,2

0,347

Nunca 4 12,5 14 17,3

Sempre 7 21,9 29 35,8

Não informado 4 12,5 3 3,7

TOTAL 32 100,0 78 100,0

Número de parceiros/semana

Somente 1 parceiro 16 50,0 40 49,4 0,853

Dois ou mais parceiros 13 40,6 33 40,7

Não informado 3 9,4 8 9,9

TOTAL 32 100,0 81 100,0

Com relação à presença de lesões na cavidade bucal e os níveis de carga

viral plasmática do HIV apresentada por estes pacientes, foi possível perceber que o

aumento dos níveis de carga viral aumenta, significativamente, o número de casos

de lesões orais (p = 0,043, Mann-Whithney; Figura 4).

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43

Figura 4: Distribuição das alterações bucais com relação a carga viral nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

No tocante ao número de LTCD4+, verificou-se que quanto maior o número de

LTCD4+ por mm3 de sangue periférico, menor foi à ocorrência de lesões na cavidade

bucal desses pacientes (p=0,045; Mann-Whithney; Figura 5).

Figura 5: Distribuição das alterações bucais com relação ao número de linfócitos T CD4+ nos pacientes portadores do HIV-1 atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período de 1999 a janeiro de 2013.

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44

4 DISCUSSÃO

Atualmente no estado de Rondônia existem apenas seis serviços

especializados para o atendimento ao portador do vírus HIV/AIDS, sendo que dois

deles localizam-se na capital Porto Velho e os demais no interior do Estado. Estes

tipos de ambulatórios especializados são importantes, pois monitoram a evolução da

infecção de cada indivíduo com profissionais capacitados proporcionando adequado

tratamento aos pacientes possibilitando-lhes uma melhor qualidade de vida. O

presente estudo revisou 113 prontuários de pacientes com diagnóstico de HIV/AIDS

atendidos no Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cacoal-RO, no período

de 1999 a janeiro de 2013.

No presente estudo houve uma leve predominância de pacientes do gênero

feminino (52,2%) em relação ao masculino (47,8%), semelhante ao encontrado na

cidade de Teresópolis, Rio de Janeiro (Gonçalves et al., 2012), o que demonstra a

feminilização da epidemia de HIV/AIDS no Brasil. No entanto, muitos trabalhos ainda

apontam o gênero masculino como predominante entre os portadores do HIV, como

foi demonstrado nas cidades de São Paulo (Vasconcelos et al., 1990), Natal no Rio

Grande do Norte (Souza et al., 2000), Heliópolis em São Paulo (Cavassani et al.,

2002), São Paulo capital (Gabriel et al., 2005 ) e Manaus no Amazonas (Chagas et

al., 2009).

Em relação à faixa etária dos indivíduos portadores do HIV atendidos em

Cacoal, RO, a média de idade foi de 39,7 anos e desvio padrão de 13,1 anos,

semelhante ao encontrado por Jané-Salas et al. (2006) em Barcelona na Espanha e

por Gasparin et al. (2009) na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, no entanto,

foi maior que a encontrada na cidade de Passo Fundo, também Rio Grande do Sul

(Trentin et al., 2007).

Poucos estudos trazem a naturalidade do paciente em seus resultados. No

presente estudo, somente 26,6% dos pacientes eram naturais do estado de

Rondônia, 30,1% da região sul, 19,5% da região sudeste, 7,1% região centro-oeste,

e 4,4% da região nordeste. Em estudo semelhante realizado por Gabriel et al.

(2005), avaliando os prontuários de 1837 portadores de HIV atendidos em São

Paulo, na capital, observaram que 66,19% eram da região sudeste; 22,4% eram

provenientes da região nordeste; 6,9% eram da região sul e 0,21% eram da região

norte. A diferença observada nos percentuais se deve, principalmente, ao fluxo

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migratório diferenciado nas regiões estudadas. Vale ressaltar que muitos indivíduos

portadores do HIV provenientes de cidades próximas à Cacoal, fazem o

acompanhamento nesta cidade, provavelmente devido ao medo da discriminação e

do preconceito por parte da sociedade.

Quanto à raça, houve predomínio em nosso estudo das raças branca e parda,

semelhante ao descrito por Trentin et al. (2007) em Passo Fundo, Rio Grande do

Sul e Alves et al. (2004) em Campina Grande na Paraíba, mas foi diferente do

encontrado por Lopes et al. (2007), em de São Paulo, onde a maioria dos

portadores do HIV eram negros. Esta diferença, provavelmente, deu-se em virtude

da procedência dos indivíduos, pois uma grande parte dos pacientes atendidos em

Cacoal eram provenientes das regiões sul e sudeste.

A renda familiar é outro descritor deste estudo, sendo que a maioria dos

indivíduos (58,4%) recebiam, em media, de 1 a 3 salários mínimos, semelhante ao

encontrado na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul (Gasparin et al., 2009), o

que reflete o baixo nível sócioeconômico dos portadores do HIV.

No presente estudo, foi observado que os maiores percentuais eram de

pacientes analfabetos ou com ensino fundamental incompleto (38,0%) e de

pacientes com o ensino médio completo/superior incompleto (25,7%). Estes dados

são levemente diferentes do relatado no boletim epidemiológico de DST/AIDS

(2010), onde 29,5% dos portadores do HIV tinham entre 1 a 3 anos de estudo e 30%

possuíam ensino médio completo. No trabalho realizado por Gabriel et al. (2005), na

cidade de São Paulo, somente 1,1 % eram analfabetos e 12,5% apresentavam o

ensino médio/superior. A diferença destes resultados poderia ser explicada pelas

diferenças regionais em termos de educação, tal como foi descrito por Amorim et al.

(2009), Campina Grande na Paraíba.

Em relação ao estado civil, a maior parte dos indivíduos no presente estudo

eram casados (46,0%), diferente do relatado por Amorim et al. (2009) e Alves et al.

(2004) em Campina Grande na Paraíba e Gabriel et al. (2005) na cidade de São

Paulo, onde a maioria dos pacientes eram solteiros.

No que se refere à opção sexual, a maioria dos pacientes, no presente

estudo, declararam-se heterossexuais (84,1%), semelhante ao encontrado nas

cidades de São Paulo (Gabriel et al., 2005), Rio Grande (Gasparin et al., 2009),

Natal (Souza et al., 2000) e no Boletim Epidemiológico DST/AIDS (MS, 2010), o que

reflete a tendência da epidemia de HIV/AIDS no Brasil.

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No presente estudo, 24,8 % dos pacientes relataram já terem sido acometidos

por algum tipo de DST, semelhante ao relatado por Alves et al. (2004), em Campina

Grande, onde 24,3 % dos indivíduos portadores do HIV afirmaram já ter tipo, pelo

menos, uma DST. O relatório nacional de prevalência de infecção por HIV no Brasil

(MS, 2007) apresenta percentual de 20,6% para pelo menos um problema relatado

de DST anterior ao diagnóstico de HIV.

Também foi relatado no presente estudo o uso de drogas em portadores de

HIV-1, onde 38,9% declararam fazer uso de algum tipo de droga, sendo que 22,7%

utilizavam drogas injetáveis e 20,5 % usavam drogas não injetáveis, semelhante ao

relatado por Gabriel et al. (2005) na cidade de São Paulo e por Trentin et al. (2007),

em Passo Fundo estes índices são maiores que o descrito no Boletim

Epidemiológico de DST/AIDS (Brasil, 2010), que relata o uso de drogas injetáveis de

5,8% e no estudo feito por Gasparin et al. (2006), no Rio Grande, que relataram o

uso de drogas em 11,7% da população de portadores de HIV estudada.

Em relação às lesões bucais nos portadores do HIV de Cacoal, RO, verificou-

se um baixo índice de prevalência (28,7%), o qual se mostrou bem inferior ao

encontrado em outros estudos como em Cuba (40,9%; Carpio et al., 2009), na

Nigéria (56,8%; Adurogbangba et al., 2004) e no Brasil (46,8%; Pedreira et al.,

2008). Esta baixa prevalência de lesões orais no presente estudo, provavelmente, é

devido a uma deficiência no serviço de saúde oferecido a estes pacientes, uma vez

que não havia assistência odontológica direcionada a estes pacientes, sendo

implantado o serviço a partir deste trabalho.

As lesões orais encontradas neste estudo foram: candidíase (19,4%), úlcera

aftosa (19,4%), herpes simples (16,1%), herpes zoster (12,9%), leucoplasia pilosa

(12,9%), eritema linear gengival (9,7%) e a periodontite (9,7%). A candidíase

também foi a infecção oportunista mais prevalente nos estudos realizados em Natal

(80,0%; Souza et al., 2000), Heliópolis (29,7%; Cavassani et al., 2002), Campina

Grande (47,0%; Alves et al., 2004) e São Paulo (21,4%; Gabriel et al., 2005).

No presente estudo, foi observada uma associação significativa da elevada

carga viral plasmática do HIV com a presença de lesões orais nos portadores do

HIV, tal como foi relatado por estudos realizados na Califórnia (Greenspan et al.,

2000), México (Ramírez-Amador et al., 2003) e Rio de Janeiro (Ferreira et al., 2004),

provavelmente em virtude do grande comprometimento do sistema imunológico

(Lewi et al., 2004). No entanto, outros estudos realizados em São Paulo (Watanuki,

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2010) e na Carolina do Norte (Patton et al., 2000), esta associação não foi

observada, provavelmente devido a diferenças no tamanho amostral.

Também foi observada uma associação entre o baixo numero de linfócitos T

CD4+ e a presença de lesões bucais neste estudo, semelhante ao encontrado em

vários outros trabalhos realizados dentro e fora do Brasil (Barr et al., 1992; Glick et

al., 1994; Greenspan et al., 2000; Patton et al., 2000; Ramírez-Amador et al., 2003;

Kerdpon et al., 2004; Ferreira et al., 2007; Sharma et al., 2009). Este fato demonstra

que a taxa de declínio de linfócitos T CD4+ pode fornecer importante indício

prognóstico, no entanto, não é, por si só, indicador absoluto da probabilidade de

desenvolver AIDS (Lewi et al., 2004).

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5 CONCLUSÕES

A população de indivíduos portadores do HIV atendidos no ambulatório de

doenças infecto contagiosas da cidade de Cacoal, Rondônia, teve um leve

predomínio do gênero feminino. A maior parte dos pacientes eram casados, com

baixo nível de escolaridade, com renda familiar de 1 a 3 salários mínimos e com

parceiro único;

A prevalência de lesões bucais (28,7%) foi baixa, quando comparada a

outros estudos no Brasil, sendo que a candidíase e a úlcera aftosa foram as lesões

bucais mais frequentes, predominando entre indivíduos do gênero masculino, na

faixa etária compreendida entre 36 e 52 anos de idade;

Não foi observada associação entre os fatores de risco para a aquisição do

HIV e as alterações patológicas na cavidade oral;

As lesões bucais foram associadas, de forma significativa, com elevados

índices de carga viral plasmática do HIV e baixo número de LTCD4+, na população

examinada.

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ANEXO 1

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

LABORATÓRIO DE VIROLOGIA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Estou sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa sobre as “Manifestações patológicas bucais em portadores do HIV-1 no município de Cacoal, Rondônia.” que será desenvolvido pelo Laboratório de Virologia da Universidade Federal do Pará. Para que eu decida em participar ou não da pesquisa me foram prestadas as seguintes informações: A pesquisadora responsável é a Dentista Graziela de Carvalho Tavares da Rocha e o orientador é o Prof. Dr. Ricardo Ishak, Professor da Universidade Federal do Pará. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), Av. Cuiabá, 3087, Jardim Clodoaldo - Cacoal - CEP. 78976-005. Telefone: (69) 3311-1950 - Fax: (69) 3311-1950 – Ramal - 241 E-mail para contato: [email protected] O objetivo da pesquisa é descrever as manifestações de patologias bucais em pacientes HIV-1 positivos na cidade de Cacoal. Ninguém é obrigado a participar da pesquisa. Essa pesquisa é totalmente sigilosa e não oferece riscos porque será feita uma revisão de prontuários e aplicação de questionário previamente elaborado e modelo anexado no projeto aprovado pelo referido CEP, os prontuários são identificados por números e somente terá acesso a estas informações a pesquisadora e orientador. O exame clínico quando aceito pelo pesquisado(a) será realizado pela própria pesquisadora, profissional altamente capacitada para tal procedimento, pois além de ser sua profissão, tem cursos específicos no atendimento aos pacientes alvo da pesquisa. Os materiais usados neste exame como espelho e sonda clínica são esterilizados por autoclave, luvas e abaixadores de língua são descartáveis, não oferecendo riscos. Não haverá nenhum tipo de despesa para participação da pesquisa, assim como não haverá nenhuma forma de pagamento para participação. O grande benefício desta pesquisa para todos os que participam, é possibilitar uma melhor correlação entre o surgimento de patologias bucais e do diagnóstico do HIV-1, assim como a progressão da doença e um melhor atendimento destas patologias, melhorando a qualidade de vida do paciente . A participação na pesquisa é sigilosa, isto significa que, somente os pesquisadores ficarão sabendo de sua participação. Os dados utilizados na pesquisa terão uso exclusivo neste trabalho, sem a identificação individual do participante.

____________________________________________ GRAZIELA DE CARVALHO TAVARES DA ROCHA–

PESQUISADORA

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, e me sinto perfeitamente esclarecido(a) acerca do conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa. Cacoal, ____ / _____ / _____.

___________________________ Assinatura da participante

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ANEXO 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

DATA: ___/___/___ PRONTUÁRIO N°: ________________ PROTOCOLO: _______________

IDENTIFICAÇÃO:

GÊNERO: ( )Masc. ( )Fem. Cor da Pele: ( )Branco ( )Negro ( )Pardo

IDADE (anos): ( )Até 01 ( )01 à 04 ( )05 à 09 ( )10 à 14 ( )15 à 19 ( ) 20 à 34

( )35 à 49 ( )50 à 64 ( )Acima de 65 DATA DE NASCIMENTO: ___________________

NATURALIDADE:______________________________________________________________

LOCAL DE RESIDÊNCIA: ( )Rural ( )Urbano

FILHOS? ( )Nenhum ( )1 ou 2 ( )3 ou mais AMAMENTOU? ( )Sim ( )Não

REALIZOU PRÉ-NATAL? ( )Sim ( )Não QUANTOS? __________

RENDA FAMILIAR (salário mínimo): ( )Menos de 01 ( ) 1 à 3 ( )4 à 6 ( )7 à 11 ( )Acima de 11

ESCOLARIDADE: ( )Analfabeto/Nível Fundamental Incompleto

( )Nível Fundamental Completo/Nível Médio Incompleto

( )Nível Médio Completo/Nível Superior Incompleto

( )Nível Superior Completo

USOU ALGUM TIPO DE DROGA? ( )Sim ( )Não QUAL? ( )Álcool ( )Cigarro ( )Maconha

( )Outras _____

FEZ USO DE DROGA INJETÁVEL ALGUMA VEZ? ( )Sim ( )Não ( )Não quer comentar

SE SIM, COMO UTILIZOU SERINGA E AGULHA? ( )Sempre sozinho ( )Dividido com outra pessoa fixa

( )Dividido com mais de uma pessoa

ESTADO CIVIL: ( ) CASADO ( ) SOLTEIRO ( )OUTRO

COMPORTAMENTO SEXUAL: ( )Heterossexual ( )Homossexual ( ) Bissexual

NÚMEROS DE PARCEIROS POR SEMANA: ( )Apenas 01 ( )02 ou mais

PARCEIRO(S) DE OUTRO(S) ESTADO(S): ( )Sim ( )Não ( )Não sabe

USO DE CAMISINHA? ( )Sempre ( )Às vezes ( )Nunca HISTÓRICO DE DST? ( )Sim ( )Não

TATUAGEM ? ( )Sim ( )Não Quanto tempo?______ PIERCING? ( )Sim ( )Não Quanto tempo?________

JÁ FEZ TRANSFUSÃO DE SANGUE? ( )Sim ( )Não PRATICA ATIVIDADE FÍSICA? ( )Sim ( ) Não

DATA DIAGNÓSTICO PORTADOR DE HIV-1? ______________________________________________________

HAVIA ALGUMA ALTERAÇÃO NA CAVIDADE ORAL,QUAL?___________________________________________

TEM AIDS? ( ) SIM ( ) NÃO POSSUI ALGUMA DOENÇA CRÔNICA, QUAL?___________________________

FAZ USO DE ALGUM MEDICAMENTO,

QUAL?________________________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

FEZ ALGUMA CIRURGIA, QUAL?_______________________________________________________________________

FEZ TRATAMENTO ODONTOLÓGICO, QUANDO?_________________________________________________________

TEM QUEIXA DE ALGUMA ALTERAÇÃO BUCAL, DESDE QUANDO?_________________________________________

CARGA VIRAL CONTAGEM DE LINFÓCITOS TCD4+/TCD8+ PESO

(Kg)

ANAMNESE

COLETA CÓPIAS LOG CD4+ % CD8+ % CD4+/CD8+

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ANEXO 3