MANEO SUSTENTÁVEL DA MATÉRIAfiPRIMA PARA O … · os que utilizam fontes naturais brasileiras....

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MANEJO SUSTENTáVEL DA MATéRIA-PRIMA PARA O ARTESANATO O Brasil vai sediar a Copa do Mundo da FIFA 2014 e para esta oportunidade, há expectativa de grandes investimentos. Mas o principal le- gado deste megaevento será a valorização de muitos segmentos da economia, devido à ex- posição internacional. Para o artesão, será um momento de di- vulgação de seus produtos, principalmente os que utilizam fontes naturais brasileiras. Isto significa que o empreendedor que cultiva ou colhe elementos naturais para o desenvolvi- mento de sua atividade terá durante na Copa do Mundo da FIFA 2014 a chance de mostrar esse diferencial em suas produções. O fato de o Brasil ser o anfitrião do Mundial traz ao empreendedor de artesanato a opor- tunidade de divulgar o seu trabalho dentro e fora do País. Para tanto, é preciso agir de forma estratégica, a fim de se preparar para as possi- bilidades que surgirão, a partir da visibilidade que será alcançada nos próximos anos. Conforme esta classificação, o manejo susten- tável prevê a utilização correta das matérias-pri- mas naturais. Para tanto, uma forma de aproveitar as oportunidades geradas pelo Mundial é desen- volver produtos do artesanato com a iconogra- fia e matérias-primas características das regiões. Dessa forma, o empreendedor poderá utilizar a produção sustentável como forma de agregar valor ao trabalho e entregar um produto compe- titivo ao turista. A falta de informações sobre o manejo correto da matéria-prima poderá acarretar, em longo pra- zo, o esgotamento das fontes naturais. Em curto prazo, a qualidade do produto é prejudicada pelo uso incorreto dos insumos, assim como, perde-se a oportunidade de ganhar a vantagem competiti- va com o artesanato sustentável. Nesta Resposta Técnica será possível compreender os principais aspectos do manejo sustentável e como os pe- quenos negócios de artesanato poderão aprovei- tar as oportunidades geradas pela Copa do Mun- do da FIFA 2014. Uma das estratégias é o manejo sustentável. E para trabalhar a sus- tentabilidade dentro do artesanato, cabe abordar a classificação dos insumos, de acordo com o tipo de matéria-prima utilizada: MATéRIA-PRIMA NATURAL MATéRIA-PRIMA PROCESSADA MATéRIA-PRIMA RECICLáVEL /REAPROVEITáVEL O fato de o Brasil ser o anfitrião do Mundial traz ao empreendedor de ar- tesanato a oportunidade de divulgar o seu trabalho dentro e fora do país FONTE: TERMO DE REFERêNCIA PRODUZIDO PELO SEBRAE PARA O SETOR DE ARTESANATO (2010)

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Manejo sustentável da Matéria-priMa para o artesanato

O Brasil vai sediar a Copa do Mundo da FIFA

2014 e para esta oportunidade, há expectativa

de grandes investimentos. Mas o principal le-

gado deste megaevento será a valorização de

muitos segmentos da economia, devido à ex-

posição internacional.

Para o artesão, será um momento de di-

vulgação de seus produtos, principalmente

os que utilizam fontes naturais brasileiras. Isto

significa que o empreendedor que cultiva ou

colhe elementos naturais para o desenvolvi-

mento de sua atividade terá durante na Copa

do Mundo da FIFA 2014 a chance de mostrar

esse diferencial em suas produções.

O fato de o Brasil ser o anfitrião do Mundial

traz ao empreendedor de artesanato a opor-

tunidade de divulgar o seu trabalho dentro e

fora do País. Para tanto, é preciso agir de forma

estratégica, a fim de se preparar para as possi-

bilidades que surgirão, a partir da visibilidade

que será alcançada nos próximos anos.

Conforme esta classificação, o manejo susten-

tável prevê a utilização correta das matérias-pri-

mas naturais. Para tanto, uma forma de aproveitar

as oportunidades geradas pelo Mundial é desen-

volver produtos do artesanato com a iconogra-

fia e matérias-primas características das regiões.

Dessa forma, o empreendedor poderá utilizar

a produção sustentável como forma de agregar

valor ao trabalho e entregar um produto compe-

titivo ao turista.

A falta de informações sobre o manejo correto

da matéria-prima poderá acarretar, em longo pra-

zo, o esgotamento das fontes naturais. Em curto

prazo, a qualidade do produto é prejudicada pelo

uso incorreto dos insumos, assim como, perde-se

a oportunidade de ganhar a vantagem competiti-

va com o artesanato sustentável. Nesta Resposta

Técnica será possível compreender os principais

aspectos do manejo sustentável e como os pe-

quenos negócios de artesanato poderão aprovei-

tar as oportunidades geradas pela Copa do Mun-

do da FIFA 2014.

Uma das estratégias é o manejo sustentável. E para trabalhar a sus-tentabilidade dentro do artesanato, cabe abordar a classificação dos insumos, de acordo com o tipo de matéria-prima utilizada:

Matéria-priMa natural

Matéria-priMa processada

Matéria-priMa reciclável/reaproveitável

o fato de o Brasil ser o anfitrião do Mundial traz ao empreendedor de ar-

tesanato a oportunidade de divulgar o seu trabalho dentro e fora do país

Fonte: terMo de reFerência produzido pelo seBrae para o setor de artesanato (2010)

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Vive-se numa época em que a

preocupação com o desenvolvimento

baseado na sustentabilidade tornou-se

uma questão importante. Na prática, isto

representa o aproveitamento dos recursos

naturais ofertados em uma região sem

levá-los à extinção. Mas, além da natureza,

o conceito de desenvolvimento sustentável

busca garantir o respeito à realidade social

e a cultura das comunidades envolvidas.

Para o megaevento, a sustentabilidade

está em alta. De acordo com o presidente

da Câmara Temática de Meio Ambiente

e Sustentabilidade, Cláudio Langone, em

matéria ao portal Terra, o Brasil trabalha

para fazer da Copa do Mundo da FIFA

2014 um mundial sustentável. Além disso,

o consumidor adquiriu a tendência de

priorizar produtos sustentáveis, sendo

este um fenômeno mundial e que poderá

ganhar destaque em 2014.

A atividade artesanal, que aproveita

recursos locais, vem sendo estimulada pelo

Governo Federal, por meio de ações de

ministérios como o do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome e o da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, por ser uma

solução que complementa renda para os

produtores rurais.

USO DA MATÉRIA-PRIMA NATURAL

outros resultados positivos soMaM-se, quando esta atividade dispõe da Matéria-priMa local coMo principal insuMo:

• Nos casos de aplicação de matéria-prima nativa, quando encontrada em abundância, o associati-vismo é favorecido pela necessidade de várias pes-

soas integrarem o sistema de manejo e preparo an-tes de sua utilização para a atividade artesanal;

• O extrativismo é uma atividade que diminui o

êxodo rural;• Estimula atividades nas

comunidades do entorno;• Atividade com alto poten-

cial de sustentabilidade.

As biojoias, as cerâmicas e os cestos de fibras estão entre os vários produtos confeccionados a partir de matérias-primas cultivadas em regiões espalhadas pelo Brasil e que já são encontrados em reconhecidas lojas internacionais. Conforme divulgação da Associação Brasileira de Exporta-ção do Artesanato (ABEXA), em 2011, representantes da rede El Corte Inglês efetivaram negócios com os artesãos brasileiros em volumes acima de R$ 1 milhão, levando os produtos do artesanato brasileiro para mais de 82 lojas em Portugal e Espanha.

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MATO GROSSO

O estado oferece grande produção de colares, pulseiras, anéis e outros

acessórios da moda, a partir de sementes como açaí, tucumã, babaçu.

CEARÁ

Sua representante é a carnaúba. A trança desta fibra produz cestas, estei-

ras, abanos e vassouras.

Um trabalho peculiar da região utiliza as areias coloridas das falésias encon-

tradas em praias como Majorlândia e Aracati. Com minúsculas pás e estiletes,

os artesãos vão preenchendo as garrafinhas formando desenhos e paisagens.

A cerâmica cearense é transformada em figuras lúdicas, a partir de uma

produção importante de louça (moringas, gamelas ou pratos). Um dos produ-

tos mais procurados pelos turistas, pela sua tipicidade, é o chapéu de couro.

Produtos como bainhas de faca, porta revistas, esculturas, cadeiras, sandá-

lias e sapatos de couro cru, reafirma o Ceará como um grande polo industrial

do couro.

RIO GRANDE DO NORTE

As atividades artesanais mais representativas são a cerâmica, as cestarias,

os trançados e o couro. Na madeira, os destaques são as peças que expressam

a religiosidade e o imaginário popular. Os teares movidos a pedal dão forma às

redes de fio de algodão.

A atividade artesanal está relacionada

com a disponibilidade de recursos para sua

subsistência e constitui de 60% a 70%, utili-

zando matéria-prima advinda da natureza.

A extração sem planejamento desses

insumos representa a escassez e em último

caso o fim da atividade artesanal. Desenvolver

ações que permitam o uso consciente destes

materiais não renováveis ou que precisem de

um tempo para renovação é um importante

passo em direção ao manejo sustentável.

Para minimizar os impactos ambientais,

promover desenvolvimento sustentável e

estimular a geração de empregos, há que se

criar alternativas que promovam geração de

renda maior do que o lucro proveniente de

práticas ilegais e degradantes.

A falta de conexão entre mercado e pro-

dução artesanal baseada em recursos natu-

rais gera problemas de várias ordens. É preci-

so entender as relações entre os artesãos e o

meio natural onde é produzido o artesanato

para criar estratégias de manejo sustentável

dos recursos a serem explorados.

REPRESENTATIVIDADE REGIONAL DA MATÉRIA-PRIMA NATURAL NO BRASIL

Sendo o Brasil um país de inúmeras referências culturais e de uma bio-diversidade extraordinária, é natural que sua produção artesanal re-presente esta diversidade. Apresenta-se a seguir, produtos artesanais que utilizam matéria-prima local e são referências em alguns estados.

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PARANÁ

Algumas regiões do estado têm excelente aproveitamento de maté-

ria-prima vegetal como bambu, cizal, cipó, vime, junco, palha de milho e

trigo, e folha de bananeira. Os produtos confeccionados a partir destas

matérias-primas servem como utilitários e adornos. Os mais representati-

vos são cestaria, porta-joias, bolsas, baús, cadeiras, jogos de xadrez e redes.

A descendência italiana é retratada na madeira que, no Para-

ná, é trabalhada em técnicas como entalhe e marchetaria e, aplica-

da em porta-joias, tabuleiro de jogos, porta-cartas e estojos diversos.

O Paraná também apresenta importante produção de seda natural.

AMAZONAS

A produção artesanal reflete a cultura nativa, com forte relação do sa-

ber indígena retratando a relação homem-natureza do caboclo da Amazô-

nia. Entre os exemplos que melhor representam a diversidade desta região

brasileira, destacam-se:

SÃO PAULO

O artesanato de São Paulo denota a miscigenação de cultura de seus

habitantes, como se percebe na produção estadual de cerâmica, com misto

de influência indígena e oriental. Destaca-se ainda a cerâmica figurativa de

Taubaté. Os traços indígenas surgem em outras matérias-primas naturais

como fibras vegetais - principalmente na cestaria de cipó, de bambu e de

taboa - que são transformadas em artefatos de caça e pesca, adornos e

instrumentos musicais.

Fauna e FloraSão empregados na ativi-dade artesanal madeira, cipós, fibras, sementes, frutos, ossos e penas. Os produtos finais resultam em cocares, testeiras e braçadeiras, cuias, ins-trumentos musicais (per-cussão e sopro), barcos, bomboneiras, fruteiras, porta-joias, esculturas de animais, e demais peças.

cerâMicaMarajoara e tapajônica: deco-rativos (animais, estatuetas) e utilitários (pratos, panelas, fruteiras e galheteiros).

BalataLátex extraído da seringuei-ra que dá origem à confec-ção de estatuetas como de boto, arara, macaco, peixe--boi, cobra, entre outros.

MineraisExplora-se minerais metálicos e não metálicos na confecção de joias e bijuterias combinadas com sementes.

cestariaAparece com destaque em forma de cestas, ser-viços americanos, tapetes, chapéus, fruteiras, bolsas, entre outros.

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Artesãs no Pontal da Barra, em Maceió

RIO GRANDE DO SUL

A matéria-prima natural utilizada na produção artesanal gaúcha com

maior significado simbólico é o couro bovino. Com este componente, são

produzidos tradicionalmente desde botas, arreios, boleadeiras e bainhas

de faca até peças de mobiliário e decoração. Da mesma origem do couro,

aproveita-se o chifre para a decoração de cabos de facas e canivetes. Dos

pampas, também vem a lã de ovelha, que é a base para a produção de acol-

choados, cobertores, agasalhos e tapeçaria. A tradicional cuia de chimarrão,

símbolo importante da cultura gaúcha, é feita artesanalmente do porongo.

PERNAMBUCO

A cerâmica artesanal pernambucana tem reconhecimento internacio-

nal como um dos mais importantes centros de arte figurativa mundial e

divide espaço com peças utilitárias (potes, panelas e vasos), lúdicas e reli-

giosas. A inspiração sertaneja brasileira pode ser reproduzida em santos,

anjos, jogos e brinquedos infantis, cenas religiosas e do cotidiano sertane-

jo, bem como em panelas, jarros, pratos e copos.

O couro que é curtido e trabalhado pelo próprio artesão ganha vida em

forma de sandálias, bolsas, cintos, chapéus e alforjes.

Pernambuco destaca-se na produção de artesanato em madeira, tanto pela

produtividade quanto pela tipicidade apresentada. Os destaques são as carran-

cas e esculturas sacras, além da produção das matrizes para a xilogravura.

Pela produção em fibras naturais, o estado destaca-se na criação de ob-

jetos orientados para a decoração e acessórios de moda. A palha tingida ou

na cor natural é transformada em bolsas, tapetes e cestas.

Para o empreendedor de pequeno negócio, que desen-volve atividade artesanal e utiliza elementos naturais como matéria-prima, é importante observar algumas situações dentro do ambiente em que está inserido:

diFiculdades enFrentadas pelos artesãos

O ciclo de produção e colheita, em alguns casos, não acompanha o período de maior demanda do mercado. Se o produtor não consegue adquirir a matéria-prima duran-te o período em que ela é encontrada por valores mais competitivos, terá seus custos aumentados nos períodos em que houver menor oferta do insumo no mercado.

sazonalidade

Dependência das condições climáticas para a produção e secagem da matéria-prima.

cliMa

Ausência de controles técnicos no manuseio e armazenagem para que o insumo seja preservado de fungos e bactérias que com-prometem o estoque de matéria-prima.

controle técnico

Aumento do tempo de produção que inclui o processamento da matéria-prima e pode comprometer os prazos de entrega aos clien-tes tornando a atividade pouco lucrativa.

teMpo de produção

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Manejo sustentável da Matéria-priMa para o artesanato

O desenvolvimento de pesquisas e estudos nas áreas de tecnologia e ciên-

cia permite que a extração de matéria-prima de forma sustentável das flores-

tas seja utilizada na confecção de artigos de artesanato, vestuário e biojoias.

As práticas voltadas ao uso sustentável (não predatório) da flora nativa é

sem dúvida o melhor caminho a ser adotado pelo empreendedor que busca

garantir por longo período sua fonte de renda. A história do país está reple-

ta de exemplos negativos que têm levado espécies tão comuns nas florestas,

como o Pau-Brasil, jacarandá e o mogno, a se tornarem raras.

O consumidor consciente busca produtos que utilizem como matéria-pri-

ma elementos extraídos com critérios de respeito à natureza, como a colheita

de sementes caídas, corte de folhas sem a derrubada das árvores e seleção de

áreas de colheitas intercaladas com áreas de plantio. Ao investir nesta prática

de manejo, o empreendedor dá um importante passo na valorização de seus

produtos junto ao mercado consumidor e na preservação do meio ambiente.

BOAS PRÁTICAS alguMas das principais vantagens da utilização do Manejo sustentável

Um exemplo positivo que demonstra

como artesãos e produtores locais podem

transformar necessidades em soluções

pode ser conferido neste vídeo.

Cabe destacar ainda como a preo-

cupação, em longo prazo, com o meio

ambiente criou uma oportunidade em

negócio para os artesãos do cerrado:

A cartilha Boas Práticas de Manejo

para o Extrativismo Sustentável do Capim

Dourado & Buriti, divulgada em 2010 pelo

Instituto Sociedade População e Natu-

reza (ISPN), buscou difundir as melhores

práticas para o manejo sustentável no

artesanato de capim-dourado costura-

do com a seda (ou fita) do buriti. Como

o cerrado é o segundo maior bioma do

Brasil, e ocupa 24% do território nacional,

o potencial para o artesanato é enorme.

Como consequência, a preocupação com

a sustentabilidade surgiu da constatação

de que nos últimos 40 anos praticamente

metade da vegetação foi desmatada, ame-

açando as atividades de artesãos da região.

Na região, o grupo extrativista da comuni-

dade de Mumbuca foi o primeiro a preocu-

par-se com o futuro da colheita, e buscar as

práticas sustentáveis de coleta do recurso

natural, o que futuramente culminou nesta

cartilha. O material completo pode ser con-

ferido no link.

as práticas voltadas ao uso sustentável da Flora nativa é seM dúvida o Melhor caMinho a ser adotado pelo eMpreendedor que Busca garantir por longo período sua Fonte de renda

Manejo sustentávelExploração racional exercen-do o menor impacto possível sobre o meio ambiente.

Fonte: relatório Brundtland (1987)

sustentaBilidadePrevê a exploração econômica de deter-minadas atividades aliada aos cuidados com a renovação dos insumos retirados das áreas envolvidas na extração.

Criação de uma identidade cultural, devido ao fato de utilizar matérias-primas caracte-rísticas da região;

Possibilidade de contar com o recurso natural por mais tempo, garantindo a renda do artesão;

Melhora da imagem do produto e da em-presa perante os consumidores.

Criação de produtos com maior qualidade;

Possibilidade de diferenciar o artesanato dos demais concorrentes;

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Manejo sustentável da Matéria-priMa para o artesanato

presidente do conselho deliberativo nacional: Roberto Simõesdiretor-presidente: Luiz Barretto | diretor-técnico: Carlos Alberto dos Santosdiretor de administração e Finanças: José Claudio dos Santos

uaMsF - Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeirosuacc - Unidade de Atendimento Coletivo - Comércio - Juarez de Paulaconteúdo: Knowtec Ltda. - Elga Moraes e Michele Laforga. Fotos: Banco de ImagensseBrae serviço Brasileiro de apoio às

Micro e pequenas empresas

Para que o artesão possa aproveitar as

oportunidades durante a Copa do Mundo

da FIFA 2014 e após o megaevento, suge-

re-se:

• Utilizar a matéria-prima extraída

da natureza de forma sustentável

para fabricação do artesanato.

O artesão poderá desenvolver

um produto com menor custo e

ofertar ao cliente uma peça única,

com características que traduzam

a região e seja um diferencial para

o turista;

• Buscar a diversificação da maté-

ria-prima utilizada. Além da ex-

ploração predatória dos insumos

levar a extinção deles, o artesão

poderá utilizar esta matéria-prima

diversificada como forma de aten-

der aos diversos perfis de turistas;

• Procurar formas de produção

cooperada dentro de sua comu-

nidade pode ser uma forma de

desenvolver ações em conjunto,

que busquem potencializar o ar-

tesanato da região no mercado

consumidor. Dessa forma, será

possível melhorar a imagem e a

confiança do público em relação

às peças produzidas, além de re-

duzir custos no transporte e na

coleta de matéria-prima;

• Buscar informações em órgãos

competentes para reconheci-

mento de áreas de proteção, esti-

mulando a salvaguarda das rique-

zas regionais;

• Formar parcerias para aproveitar

recursos locais, além da coope-

ração. Estas parcerias podem ga-

rantir que todos os artesãos da

região utilizem os recursos de for-

ma consciente, não prejudicando

assim a produção da comunidade;

• Utilizar selos e certificações de

sustentabilidade, garantindo uma

maior visibilidade e confiança

do mercado consumidor. Como

exemplo de selo regional, existe a

certificação “A Bahia Feita a Mão”,

oferecida pelo Instituto Mauá em

parceria com o Programa do Ar-

tesanato Brasileiro (PAB) e com

apoio do Sebrae, que capacita e

oferece soluções em gerencia-

mento para os artesãos.

Com relação às dificuldades encon-

tradas pelos artesãos na utilização do

manejo sustentável, algumas ações se

tornam estratégicas:

• Planejar a demanda por seus pro-

dutos e as matérias-primas ne-

cessárias para confecção. Assim,

é possível prever a quantidade

necessária de cada material e

qual a melhor época de compra

ou extração.

• Planejar os prazos de entrega e

trabalhar antecipadamente os

pedidos com seus clientes. Para

não atrasar as entregas, é essen-

cial que o empreendedor com-

preenda o tempo necessário para

produção e sua capacidade máxi-

ma para aceitar pedidos.

• Utilizar um espaço de produção

adequado e trabalhar com pro-

cessos técnicos adequados para

cada tipo de matéria-prima.

• Buscar capacitação para lidar

com este problema, Para tanto, o

Sebrae oferece cursos gratuitos e

subsidiados, de forma presencial

e a distância. Os cursos on-line e

gratuitos podem ser acessados

no portal da instituição.

ações recoMendadas