MANEIRAS DE INSERIR A LITERATURA EM SALA DE AULA
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS E LINGUAGENS
LÍVIA DE LOURDES DIAS MONTEIRO RAMOS
NEPE II
Artigo científico apresentado como conclusão da NEPE II do 6º período do Curso de Letras: Português/Literaturas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.Professor Orientador: Doutora Valéria RositoPeríodo: julho a novembro de 2011
Nova Iguaçu – RJNovembro de 2011
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MANEIRAS DE INSERIR A LITERATURA EM SALA DE AULA
Lívia de Lourdes Dias Monteiro Ramos
Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ, discente do Curso de Letras da UFRRJ – Instituto
Multidisciplinar – Departamento de Tecnologias e Linguagens
RESUMO
Este trabalho objetiva a inserção da literatura em sala de aula, assim, é preciso
estimular a atenção dos alunos para a literatura. Algumas maneiras disso ser feito são as
rodas de leitura e a criação de histórias pelos alunos em sala de aula, utilizar-se-á como
ponto de partida para instigar a criatividade dos alunos a adaptação das Mil e uma noites
de Julieta de Godoy Ladeira.
Palavras-chave: literatura, sala de aula.
ABSTRACT
This work aims the implementation of literature in the classroom. It is necessary
to stimulate the students' attention to literature. Some ways for it be done are the
circles of reading and the creation of stories by students in the classroom, using as a
starting point for engaging students' creativity to adapt The thousand and one nights
by Julieta de Godoy Ladeira.
Keywords: literature, classroom.
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1. INTRODUÇÃO
Texto quer dizer Tecido; mas enquanto até aqui esse tecido foi sempre tomado por um produto, por um véu todo acabado, por trás do qual se mantém, mais ou menos oculto, o sentido (a verdade), nós acentuamos agora, no tecido, a idéia gerativa de que o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; (BARTHES, 1987, p.82)
A literatura tem origem na palavra latina littera – letras – assim, quanto mais se
lê mais se amplia o repertório vocabular do indivíduo, proporcionando uma maior
intimidade com as letras, as palavras. Já que, tem-se falado muito a respeito da literatura
e da falta de receptividade dos alunos, além das criticas aos professores que utilizam
métodos obsoletos de aprendizagem, não proporcionando nenhum tipo de prazer para
um aluno já relutante (GAZOLA, André. p.1). Levando-se isso em consideração, pode-
se depreender a importância de novas maneiras de inserir a literatura em sala de aula, já
que a mesma recebe um posicionamento negativo por parte dos alunos. Apesar de não
ser tarefa fácil, um professor de Literatura deve dominar alguns métodos inovadores
para a inserção da mesma em sala de aula a fim de criar nos alunos maior receptividade.
Os alunos precisam de um texto que os envolvam e, para tal, escolheu-se a
adaptação das Mil e uma noites de Julieta de Godoy Ladeira, visto que, este livro
ajudará a mostrar para os alunos a importância de uma história envolvente, ao estudar a
personagem Sherazade, que usa a contação de histórias como respaldo para não morrer.
Isto é, ela estimula a curiosidade do sultão, que passava cada noite com uma jovem e
mandava matá-la no dia seguinte, fazendo com que ele a queira ouvir noite após noite e
assim se livra da morte. Já que,
Na antiguidade clássica a memória (recordação) era um instrumento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos, o que acontece inclusive nas sociedades de hoje. Mas a memória coletiva não é somente uma conquista, é também um instrumento e um objeto de poder. (FALOPPA, 2008, p.1)
Diante disso tudo é preciso explicitar maneiras de inserir a literatura em sala de
aula, visando a dinamização do ensino, e dar ao aluno uma nova visão da relação
leitor/escritor-texto e do que se pode fazer utilizando a imaginação como instrumento de
criação de textos.
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2. MATERIAL E MÉTODOS
Exemplificar-se-á algumas maneiras de trazer a atenção dos alunos para a
literatura partindo da obra adaptada, por ter o volume diminuído sem alterar a essência,
das Mil e uma noites, de Julieta de Godoy Ladeira (vide figura abaixo). Para um bom
começo, insere-se à vida leitora do aluno essa obra que é uma das mais famosas obras
da literatura árabe e que contém uma coletânea de contos escritos entre os séculos XIII e
XVI.
http://www.submarino.com.br/produto/1/15309/mil+e+uma+noites,+as
Resumidamente:
“O sultão é traído por sua mulher e resolve vingar-se em outras moças. Assim, passa cada noite com uma jovem, mandando matá-la no dia seguinte, até que Sherazade se oferece para passar uma noite com ele, com a condição de lhe contar uma história antes da execução. O sultão deixa-se envolver, noite após noite, pelas fascinantes narrativas de Sherazade, e assim se passam mil e uma noites.” (LADEIRA, 1997, contra-capa)
Como já foi dito, este livro ajudará a mostrar para os alunos a importância de
uma história envolvente em que contar é igual a viver e para que isso flua da melhor
maneira tem-se a mediação do professor e este, por sua vez, necessita oferecer aos
alunos maneiras inovadoras que os aproximem da literatura.
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André Gazola descreve algumas maneiras de despertar o prazer pela leitura, tais
como, estimular a escrita, fazer teatro e outras representações, oficina de artistas e jogos
de leitura. Tentar-se-á fazer o mesmo com a adaptação já mencionada.
Estimular os alunos através do humor é um ótimo ponto de partida. O professor
deve localizar os alunos quanto a narrativa, igual ao feito aqui, além de pedir para que
eles leiam o livro ou que trechos sejam lidos em sala de aula. Feito isto, o professor
pedirá aos alunos para formarem uma roda e lhes mostrará uma charge (figura abaixo)
como exemplo e pedirá para que cada aluno faça o mesmo.
http://grafar.blogspot.com/2008_07_20_archive.html
Para os alunos que gostarem de desenhar essa é uma opção super válida:
http://www.nosrevista.com.br/2010/02/10/as-mil-e-uma-noites-tem-nova-traducao-no-brasil/
Também se pode tentar encenar alguns dos contos com os alunos, contando com
a criatividade dos mesmos na hora de confeccionar o figuro (vide figura 1), o que pode
vir a ser uma atração de um evento na escola para familiares e amigos ou até,
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dependendo do resultado, aberta ao público. Algumas das histórias já são bem
conhecidas, facilitando a encenação, por terem sido transformadas em desenhos, jogos,
filmes, enfim, em adaptações de todos os gêneros, tais como, Aladin (vide figura 2),
Simbad o marujo (vide figura 3) e Ali Babá e os Quarenta Ladrões (vide figura 4).
FIGURA 1 http://baladas.blogtv.uol.com.br/2009/06/15/hopi-hari-apresenta-mil-e-um-dias-nas-ferias-magicas
FIGURA 2 http://blogtudo-de-bom.blogspot.com/2010/09/o-fascinio-das-mil-e-uma-noites.html
FIGURA 3 http://literaturapersa.blogspot.com/2009/10/simbad-o-marujo.html
FIGURA 4 [Ali Baba e os Quarenta Ladrões] http://umarabefrustrado.blogspot.com/2011/01/ben-ali-baba-e-os-quarenta-
ladroes.html
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Além dessas maneiras há uma que chama bastante a atenção do público jovem,
os quadrinhos, tem aluno que gosta de desenhar e criar histórias para os seus próprios
desenhos, o que importa é dar liberdade ao aluno para usar a imaginação:
http://asleiturasdopedro.blogspot.com/2010/11/fernando-bento-as-aventuras-de-uma-vida.html
Enfim, pode-se fazer uma construção musical, criar jogos para depois da leitura,
como por exemplo, imaginar os personagens e descrevê-los, contar histórias construídas
pelos alunos, rodas de leitura em grupo e/ou individual, entre outros. Visto que:
As mil e uma noites constitui uma obra circular e aberta: como produto do saber tradicional, essas narrativas reproduzem o espírito e a concepção do mundo islâmico, através de seus discursos, vigorosos e simbólicos, caracterizando-se como uma obra circular. Por outro lado, a atemporalidade dessas fábulas, identifica que o fenômeno de transmigração do conto oral, define esta obra como aberta. (FALOPPA, 2008, p.2)
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Magda Soares (2001) problematiza a escolarização da leitura literária, com base
na produção literária que é feita para a escola, a biblioteca escolar como instância de
escolarização da literatura, o estudo e a leitura de livros de literatura, o conceito de
literatura infantil entre outros. Então, faz-se necessária a mediação do professor na hora
da seleção, organização e tratamento dos textos para que os questionamentos de Soares
sejam tratados com a preocupação e o cuidado merecidos, além de favorecer uma leitura
prazerosa para os alunos.
A minha experiência como professor mostra que para instaurar o prazer do texto literário em sala de aula, primeiramente, é necessário, saber quem é esse aluno, indagar sobre seu ambiente familiar, o tipo de leitura favorita, frequência com que lê, autores favoritos, como gostaria que fossem suas aulas de literatura, entre outros aspectos que o professor possa considerar relevantes. (COENGA, pp.4,5)
Leonor Werneck dos Santos (2010, p.41) fala que “se o professor se restringe a
fichas e provas, acaba por perder a oportunidade de motivar a leitura e mostrar como se
constrói o texto.” Também, fala da sua experiência em trabalhar a leitura na escola e em
como isso pode ser desenvolvido, a fim de estimular o interesse dos alunos em ler,
participar, discutir e criticar o texto trabalhado, levando em consideração atividades pré-
textuais, por exemplo, jogo de palavras com o título, analisar as possibilidades de um
título, analisar a capa do livro; textuais, por exemplo, observar a divisão do texto, listar
e comentar as atitudes de alguma personagem, ver se há algum recurso de quebra de
fluxo da narrativa, pode-se fazer um quadro com os alunos sobre o que aconteceu; e
pós-textuais, por exemplo, retextualizar, ilustrar um conto, musicar, interpretar numa
peça teatral, fazer quadrinhos. Isso tudo pode ser feito considerando que:
Contar histórias é um ato lúdico e de reflexão. O universo imaginário do ser humano abstrai exemplos do cotidiano e os reproduz simbolicamente como forma de categorização de seus valores sociais. [...] A experiência do indivíduo, como produto de sua vivência cultural, modela-o com valores representativos de sua sociedade que podem ser considerados universais. No ato de contar, visto como um espaço lúdico, o indivíduo reproduz os sonhos e as fantasias, ao mesmo tempo em que manifesta aspectos valorativos de sua cultura. (FALOPPA, 2008, p.3)
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4. CONCLUSÃO
São muitas as maneiras de atrair a atenção dos alunos para a literatura em si,
porque depois de atividades que os instiguem a ler a história inteira, eles vão acabar
tomando esta decisão sozinhos. O importante é o professor ter esse tipo de atitude, pois
“criatividade não falta a um leitor motivado, e as histórias que surgem rendem outras
discussões, outras leituras interessantes.” (SANTOS, 2010, p.53)
Lembrando que todas as ilustrações apresentadas neste trabalho podem e devem
ser mostradas para os alunos como exemplo para a própria criação deles.
Conclui-se este trabalho com a reflexão de que:
“o texto tem seu sabor. É ele que nos leva ao prazer da leitura. É muito comum o leitor utilizar metáforas culinárias para revelar seu prazer gustativo diante de leitura. São comuns verbos como digerir, devorar, engolir etc utilizados por leitores ávidos, sedentos. [...] Como professor, compartilho a idéia de que a leitura é um ato interativo e de compreensão de mundo, e persigo a idéia de que a leitura literária em sala de aula deve favorecer o prazer e a fruição estética. (COENGA, pp.1,2,3)
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARTHES, Roland. O prazer do texto. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva,
1987;
COENGA, Rosemar. Ler por prazer: perspectivas para a leitura literária na escola.
Disponível em:
http://www.ice.edu.br/TNX/storage/webdisco/2008/12/19/outros/
cdcb93d70d09ab2ecb678cb0bdd887b4.pdf (Acessado em 06 set. 2011);
FALOPPA, Danilo Orion. O incontido desejo de narrar em: as mil e uma noites.
Literatura inf./juvenil: linguagens do imaginário I, 2008. Disponível em;
http://www.fflch.usp.br/dlcv/mariazildacunha/AS%20MIL%20E%20UMA%20NOITES.pdf
(Acessado em 26 nov. 2011);
GAZOLA, André. Literatura na sala de aula: desperte o prazer pela leitura. Disponível
em: http://www.bravus.net/literatura-na-sala-de-aula-desperte-o-prazer-pela-leitura/
(Acessado em 06 set. 2011);
LADEIRA, Julieta de Godoy. As mil e um noites (adaptação). São Paulo: Scipione,
1997. (Série Reencontro literatura);
SANTOS, Leonor Werneck dos. Leitura na escola: textos literários e formação do leitor.
In: Literatura infantil e juvenil na prática docente. GENS, Rosa; SANTOS, Leonor
Werneck dos; MARTINS, Georgina (orgs.). Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2010;
SILVA, Maria Ângela Garghetti. Leitura em sala de aula. Disponível em:
http://www.pesquisa.uncnet.br/pdf/ensinoMedio/LEITURA_EM_SALA_DE_AULA.pdf
(Acessado em 06 set. 2011);
SOARES, Magda. A escolarização da literatura infantil e juvenil. In: EVANGELISTA,
Aracy Alves Martins et all. (orgs.). A escolarização da leitura literária: O jogo do livro
infantil e juvenil. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
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