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Mandan no Ou to Vanadis

Volume 1

Capitulo 01 Encontro com a Vanadis

“Tigre-sama.”

Seu corpo estava sendo sacudido por uma garota com uma voz familiar.

Já que estava ensolarado fora da janela, se deu conta que já era de manhã.

Mesmo assim, continuava sonolento.

“Um pouco mais... Só um pouco mais.”

“Quanto é um pouco mais?”

“Não tenho nenhuma caça planejada para hoje, assim até à tarde...”

“Por favor, não seja preguiçoso e levante-se!”

Ela o repreendeu.

Depois de ter sido retirado das cobertas, os ombros de Tigre foram sacudidos violentamente.

Ao abrir os olhos, viu uma garota cujo rosto estava vermelho de raiva. Ela tinha um rosto

infantil e um cabelo de cor de avelã penteado em duas mechas que dificilmente parecia

ameaçador, mesmo quando ela estava com raiva.

“Ah... Bom dia, Titta.”

Com uma voz que contrastava com sua sonolência, Tigre disse o nome da jovem serva. Titta o

soltou ao ver que estava acordado.

“Os soldados já terminaram de se se preparar, e aguardam por você, Tigre-sama!”

Tigre sem expressão alguma repetiu aquelas palavras várias vezes em sua cabeça.

E sua cara ficou pálida de repente.

“... Maldição!”

Saiu da cama aos tropeços enquanto Titta dobrava seu pijama. Ela colocou um pequeno balde

com água aos seus pés.

“Obrigado por preparar tudo como sempre.”

“Pensei que isto poderia acontecer. Preparei seu café da manhã. Quando terminar de lavar seu

rosto, venha, por favor.”

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Sem mostrar sinal de raiva, Titta sorriu radiante e fez uma reverência enquanto segurava sua

saia antes de deixar o quarto com passos curtos.

Tigre se sentiu refrescado depois de lavar seu rosto e finalmente estava completamente

desperto.

Se vestindo enquanto saía do quarto, rapidamente abotoou a camisa enquanto corria pelo

corredor.

“Não tenho mais tempo... Me pergunto se deveria levá-lo.”

Tigre foi direto a um quarto no final do estreito corredor.

Era um quarto pequeno, que dificilmente seria capaz de acomodar três adultos. Em frente à

entrada tinha um rack requintadamente decorado, e sobre ele, estava um arco.

A corda havia sido reforçada e lubrificada no verão, por isso estava pronto para ser usado a

qualquer momento se assim desejasse. A única característica que ressaltava no arco era sua

cor negra.

Dava uma aparência simples, com um braço curvo e a corda igualmente era negra.

Era como se o próprio arco tivesse sido cortado e feito da própria escuridão.

“Sempre que o observo, tenho um estranho sentimento.”

O arco emitia uma atmosfera estranha diferente dos outros, mas era uma herança. Diziam que

os ancestrais da família Vorn haviam caçado usando esse arco.

O pai de Tigre o deixou um último pedido em relação ao arco.

“Só deve usar este arco quando precisar de verdade. E só nessas circunstâncias.”

Mesmo antes de conhecer a vontade de seu pai, Tigre tinha um pequeno sentimento de

incomodo pelo arco, de modo que evitava toca-lo o quanto fosse possível.

Corrigindo sua postura enquanto respirava, Tigre apertou seu punho em frente ao peito e

agradeceu pelo arco de seus ancestrais, que o haviam passado de geração em geração.

Ao terminar Tigre caminhou rapidamente e silenciosamente para o corredor. Depois correu

rapidamente até a sala de refeições.

Tigrevurmud, de 16 anos de idade, nasceu em uma família de Condes do Reino de Brune. Ficou

responsável pela casa quando seu pai ficou doente e morreu há dois anos.

Seu nome que quase parecia um trava línguas o foi dado por seus antepassados, que

obtiveram o titulo de Conde. Até mesmo Tigre o achava muito longo, e difícil de pronunciar

por isso pediu para pessoas que eram próximas a ele que o chamassem de Tigre.

Quando Tigre entrou na sala de refeições um doce e perfumado aroma chegou ao seu nariz.

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Na mesa rústica estava um presunto, pão de centeio, um omelete, leite, e uma fumegante

sopa de cogumelos.

Titta o esperava na mesa.

“Estou bem só com a sopa.”

“Isso não está bem.”

Titta sempre é teimosa, quando se trata de comida.

“O que faria se seu estômago roncasse na frente de todos. Seria algo muito vergonhoso.”

Com as mão na cintura olhava com severidade para Tigre. Parecia muito mais assustadora que

de manhã quando o havia acordado.

Tigre se rendeu já que era uma batalha que não poderia ganhar e começou a comer com ela.

“Obrigado pela comida.”

Tigre se levantou da mesa enquanto agradecia. Titta com um guardanapo e uma escova na

mão, se aproximou de Tigre.

“Tem um pouco de comida no seu rosto. Por favor, assegure-se de se limpar.”

Titta falava com um tom ligeiramente irritado, enquanto limpava a boca de tigre com o

guardanapo.

“Seu cabelo também está um desastre.”

Depois de dizer isso levantou a mão que segurava a escova, e cuidadosamente começou a

pentear o cabelo vermelho de Tigre.

“Olhe, seu colarinho está embolado.”

Colocando a escova e o guardanapo na mesa, estendeu sua mão e arrumou o colarinho de

Tigre. Tigre ficou quieto.

“Tigre-sama.”

“O que aconteceu?”

De repente a voz da Titta se tornou frágil. Tigre a respondeu gentilmente. Tigre pensava nela

que era um ano mais nova, como sua irmã mais nova.

“Por- Por que tem quer ir para a guerra, Tigre-sama?”

Nervoso, Tigre começou a brincar com seu cabelo vermelho. Algumas vezes Titta fazia esse

tipo de pergunta difícil, e Tigre se esforçava para respondê-las.

“Como é um recrutamento de sua Majestade, como chefe e Conde de Vorn, é natural que eu

sirva ao reino de Brune.”

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“Ma- mas.”

Titta fitou tigre chorando, e argumentou.

“Mas só consegui cem soldados...”

Embora fosse parte da nobreza dos Condes. Havia diferentes tipos de Condes.

A família Vorn não era pobre; porém eram humildes. Também poderiam ser considerados

como uma família modesta.

Estavam localizados no território de Alsace rodeado de montanhas e bosques, muito longe do

centro do país, de modo que não havia muito com que pudessem enriquecer.

Mesmo o estilo de vida de Tigre, estava muito longe do que se esperaria de alguém da nobreza,

sem luxos e grandeza.

A casa não era muito grande, o simples fato de que Titta podia cuidar dos trabalhos

domésticos sozinha, comprovava o seu tamanho.

“Escutei que o inimigo é o reino de Zhcted. Nesse caso, não seria melhor que não participasse

Tigre-sama? Depois de tudo Alsace e o reino de Zhcted estão separados por uma só montanha.”

“Isso é verdade, mais estamos no exterior do país. Zhcted não tem motivo para invadir um

lugar como este.”

Para Tigre o pensamento de que seu lar não viraria um campo de batalha era um alívio.

“Então você vai... Embora sempre que provoquem as suas habilidades de arco e flecha? “

“Certamente é pouco provável aparecer em ema Chanson de geste[¹] usando um arco.”

“Não importa que não seja uma Chanson de geste.”

Titta disse com uma voz firme, e em seguida enterrou seu rosto no peito de Tigre.

“Só te peço... que não se esforce demais, e tenha cuidado de não se ferir para que volte são e

salvo, por favor.”

Tigre abraçou o delicado corpo da serva que estava preocupada com ele.

“Não se preocupe. Eu não voltei a salvo da minha primeira campanha há dois anos?”

“Aquela vez, Urz-sama estava...”

De repente Titta parou de falar. Urz era o pai de Tigre que faleceu há dois anos.

Tigre abraçou a cabeça de Titta para tranquiliza-la.

“Nesta batalha, minha tropa foi colocada atrás das tropas principais, então estaremos a salvo e

se caso algo acontecer, eu resolverei de algum jeito.”

[1]Chanson de Geste: “Canção de feitos heroicos” são poemas épicos da França, que narravam os feitos

de cavaleiros e lendas de batalhas.

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Enquanto limpava as lágrimas que escorriam pela face de Titta, ela balançou a cabeça

mostrando que havia entendido.

“Escute Tigre-sama, por favor, não fique dormindo no campo de batalha como de costume.”

“Está insinuando que eu nunca acordo na hora certa?”

“Claro. As únicas ocasiões em que tigre acorda na hora certa são quando tem que ir às caçadas,

não é?”

Titta retrucou antes da repentina resposta de Tigre.

Mesmo com o que disse, Tigre entendeu que Titta estava o animando do fundo de seu coração,

de modo que, Tigre a abraçou mais uma vez.

Titta deixou seu corpo descansar sobre o de Tigre enquanto a abraçava.

O calor de seu corpo podia ser sentido através da roupa, e seu cabelo cor de avelã exalava uma

tênue, mas doce fragrância.

Apesar de Tigre querer permanecer dessa forma um pouco mais, não tinha muito tempo.

Ainda sem querer fazê-lo, Tigre delicadamente parou de abraçar a Titta.

“Titta, conto com você para cuidar da casa na minha ausência.”

Titta, limpando as lágrimas com uma de suas mangas, o disse sorridente.

“Por favor, deixe comigo e, por favor, Tigre-sama você também tenha cuidado.”

Tigre saiu pela porta principal levando seu arco e aljava nas costas, observou que os soldados

estavam em formação esperando por ele.

Um homem de baixa estatura com uma armadura de couro caminhou até Tigre, e fez uma

reverência.

“Jovem mestre, todos se reuniram e as preparações foram terminadas.”

“ Bom trabalho, Bertran.”

O homem já de idade avançada, era o assessor de Tigre, o qual tinha muito mais experiência

em guerras que Tigre e era o único entre seus homens que sabia montar a cavalo.

O resto de seus homens eram soldados a pé, equipados com lanças, espadas e usavam uma

armadura de couro.

“Sem dúvida alguma temos um bom numero de soldados.”

Tigre ergueu os olhos, enquanto falava com Bertran, alguns dos soldados mais experientes

começaram a brincar.

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“Meu senhor não tem com que se preocupar, ainda que estejamos há três anos sem pisar no

campo de batalha, temos estado treinando sem parar todos os dias, enquanto trabalhamos no

campo.”

“Assim mesmo se desobedecermos à ordem do rei, continuaremos tendo bastante da onde

tirar comida.”

“Aprecio suas palavras. Mas não seria bom levar sua mulher conosco? Estou certo que alguns

dos seus gritos furiosos seriam capazes de espantar alguns milhares de soldados inimigos, você

não acha?”

Os soldados começaram a rir fortemente.

“É melhor você desistir disso jovem mestre, a mulher deste homem não pode diferenciar

amigos de inimigos.”

Disse Bertran, Tigre decepcionado pelo que seu assessor disse, terminou a conversa com um

dar de ombros.

“Parece que a moral do grupo não será um problema depois de tudo.”

Depois que as risadas cessaram, Tigre fez uma saudação. Montou ao cavalo que Bertran o

havia levado e levando seu punho direito ao ar, deu uma ordem.

“Nosso destino são as Planícies de Dinant, no caminho nós nos reuniremos com as tropas de

Lorde Marthus.”

Os soldados levantaram seus estandartes de guerra no alto.

Levavam dois estandartes diferentes. Um era o estandarte de guerra da Casa Vorn que era

feito de tecido azul com uma lua crescente e uma estrela cadente em cor branca. O outro

tinha a imagem de Bayard, um cavalo carmesim de crina negra, o símbolo do Reino de Brune.

“ Com isso dito, vamos partir já!”

O reino de Brune e o reino de Zchted que se encontrava a leste tinham uma rixa a mais de

vinte anos.

Desta vez o motivo do conflito é por culpa das chuvas torrenciais que transbordaram o rio que

servia como fronteira entra ambos os reinos causando inundações.

No início as pessoas imediatamente começaram a apontar para os outros dizendo “Foi culpa

deles, pois não fizeram seu trabalho para controlar o rio” o que foi a fagulha que iniciou o fogo.

Depois, ambos os reinos receberam petições dos afetados para que tomassem medidas sobre

o assunto argumentando que os outros, “não estavam fazendo nada para evitar as

inundações”, o que atiçou as chamas ocasionando que se convertesse em um conflito de

grande escala.

Mas isso por si só, não era um motivo para que Tigre fosse chamado ao campo de batalha.

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“Parece que as tropas do inimigo dificilmente alcançam cinco mil homens, e nossas forças

superam os vinte e cinco mil. Sem dúvida é bem tranquilizador.”

O homem que falava com sarcasmo ao lado de Tigre, era um cavaleiro veterano, Massa Rodant.

Marthus era amigo do pai de Tigre, tinha tomado conta de Tigre e às vezes atuava como seu

benfeitor.

“Será que é porque Sua Alteza Real estará em campo de batalha pela primeira vez?”

Tigre perguntou a Marthus enquanto cavalgava ao seu lado.

“É verdade, depois de tudo sua Majestade está muito preocupado com ele.”

Marthus, que vestia uma armadura e elmo de aço cobrindo seu robusto corpo, acariciava seu

bigode grisalho com algum desgosto.

“Desta vez o conflito, é como uma briga de crianças que os pais devem intervir, não é algo que

afetaria de forma drástica o futuro do reino. Com base nisso para sua Alteza “O príncipe

Regnas” somos mais do que decoração para sua primeira batalha... para ser preciso, esta

batalha é para que o príncipe ganhe alguma experiência.”

Certamente o rei deve desejar que na primeira batalha de seu querido filho, o príncipe ganhe

com uma vitória esmagadora.

O rei enviou os cavaleiros sob o comando direto do príncipe, e os nobres que governavam os

territórios ao redor das Planícies de Dinant foram chamados também ao campo de batalha.

Inclusive os nobres de baixo nível como Marthus e Tigre.

Com todos os soldados reunidos superavam os vinte e cinco mil.

As tropas sob o comando de Marthus eram em volta de trezentos homens, entre os quais

havia cinquenta cavaleiros.

Ainda que o número não fosse pequeno, comparado com os vinte e cinco mil homens que

formavam o exercito, não eram mais que uma gota no oceano e o mesmo se aplicava a Tigre,

por esse motivo foram colocados ao final da formação.

“As apostas sempre estão a favor do exercito maior – É algo básico na guerra. Mas não acha

que o rei esta cometendo um erro ao enviar o príncipe Regnas ao campo de batalha? Depois

de tudo ele é o seu sucessor ao trono.”

O velho cavaleiro segurou o ombro de tigre, ainda que não fosse sua intenção dizer isso, se

não houvesse feito provavelmente Tigre haveria perdido sua vontade de lutar.

“Não pense tanto nisso, como nobres de baixo nível, a única coisa que temos que fazer é

permanecer obedientemente na retaguarda. Se os demais pensam que a vitória está

assegurada, um grande número entraria em combate para receber a gloria... o que me recorda

Tigre, já escutou algo sobre as Princesas da Guerra?”

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Bertran perguntou repentinamente, como se houvesse se lembrado de algo, Tigre assentiu ao

lembrar um rumor que havia escutado.

“Se refere as Sete Vanadis de Zchted?”

“Correto. Dizem que o exercito inimigo esta sendo comandado por uma delas. Uma garota de

dezesseis anos, nunca foi derrotada por ninguém, e segue acumulando vitória atrás de vitória.

Uma excelente espadachim, sempre nas linhas de frente, cortando todos os que a entram em

sua frente, alguns a chamam de Silvfrah[2], outros a chamam de Meltis[3].”

O reino de Zchted era governado pelo rei, e as Sete Vanadis, cada uma governava uma das

sete províncias do reino.

“Tem a mesma idade que eu, uh.”

Tigre se sentia surpreendido sobre a jovem comandante. Mesmo tendo a mesma idade, e

inclusive sendo uma garota, ela tinha muito mais experiência em batalha que Tigre, havia

conseguido façanhas heroicas e era a comandante de um exército de cinco mil.

No reino de Brune, onde Tigre havia nascido. As mulheres não tinham permissão de virarem

guerreiras, com exceção daquelas nascidas na nobreza.

Assim, nesse tempo todo, Tigre não havia sido capaz de ver uma só mulher lutar no campo de

batalha.

Assim, a curiosidade de Tigre aumentou.

“Qual é o nome dessa Vanadis?”

“Se mal me recordo, seu nome é Eleonora Viltaria. Os rumores dizem que é uma verdadeira

beldade. Se alguém a comparasse com as mais charmosas das gemas, a gema seria vista como

uma simples pedra.”

“É verdade que ela é tão bonita?”

“É bom ter interesse em mulheres bonitas, mais se lembre de que deve se controlar. Se não

Titta poderia ficar com ciúmes.”

O bigode grisalho de Massa se movia ao som das gargalhadas dos homens, Tigre o respondeu

rapidamente.

“ E por que mencionou a Titta de repente? Ela é como uma irmã mais nova....”

“Desde que eram crianças, as pessoas diziam que vocês eram a imagem de um irmão

preguiçoso e irmã mais nova que sempre o ajudava.”

Apesar de Marthus dizer sem malícia alguma, Tigre não pode argumentar contra suas palavras.

Assim, enquanto despenteava sua cabeleira vermelha, Tigre voltou ao tema original da

conversa.

[2] Silvfrah: Princesa do vendo do brilho prateado

[3] Meltis: Dançarina da Espada

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“Se a Vanadis for uma comandante tão boa como os rumores dizem, isso não significa que

poderíamos terminar em uma batalha difícil?”

“Poderia ser assim, mas a diferença entre a força militar é muito grande. Mesmo se o

comandante que comandara as tropas inimigas for um especialista em guerra, não poderá

superar a diferença numérica.”

Não importa a quão boa espadachim fosse a Vanadis, não seria capaz de superar a

esmagadora vantagem numérica de cinco por um.

Embora Tigre estivesse de acordo, por algum motivo não podia dizê-lo.

“O que é essa desagradável sensação?”

Tigre sentia algo sinistro, como uma premonição. Ele sentia sua nuca como se estivesse em

chamas.

Esta não era a primeira vez que Tigre experimentava esse tipo se sensação.

Já havia experimentado antes, quando estava ao ponto de ser devorado por uma matilha de

lobos por causa de sua falta de cuidado, quando se encontrou com um dragão nas montanhas

ou quando Titta foi acordá-lo como sempre e ele se encontrava bastante animado por causa

do sonho que havia tido.

De qualquer forma Tigre sabia que toda vez que tinha essa sensação, coisas ruins aconteciam.

“Não fique tão preocupado.”

Tigre havia deixado transparecer em sua face o que realmente sentia, o que fez com que

Marthus se preocupasse.

“Há algo que te incomode? Não parece ser o rapaz despreocupado de sempre.”

“Despreocupado você disse.... Não poderia dizer de outra forma? Como que sou uma pessoa

imperturbável.”

Tigre contestou com raiva, fazendo Marthus rir.

“Não importa que tente enfeitá-lo com palavras elegantes. Ainda lembro-me daquele dia

como se houvesse sido ontem. Há dois anos quando você ocupou o lugar de Urz.”

“Será que eu disse algo desta vez?”

“Quando os representantes das aldeias e vilarejos te perguntaram como administraria Alsace,

Não os respondeu com um ‘Vou administrar de alguma forma’? Se isso não é ser

despreocupado, então não sei o que é.”

Tigre não respondeu nada, e só deu de ombros.

Apesar disso Marthus continuou falando.

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“Quando Urz ainda estava conosco, ele sempre te elogiava dizendo que era alguém ‘calmo e

sereno, embora um pouco otimista. Com um grande juízo e um corpo forte’. Essas são as

palavras exatas que usava para descrever seu filho, não é verdade.”

“Mesmo que diga isso, ainda confio em minha maneira de fazer as coisas.”

Tigre respondeu antes do comentário de Marthus.

Era um feito que nenhum incidente havia acontecido em Alsace.

E há pouco tempo, suas rendas começaram a aumentar de maneira constante. Até mesmo

conseguiu construir uma boa relação com os representantes que haviam ficado sem palavras

pela sua despreocupada resposta naquela situação anterior.

“Sem contar os dias em que vai à caça, afinal você é capaz de acordar na hora certa? Claro,

sem ajuda de Titta.”

“...Não, não é assim...”

“Titta me contou tudo, que toda vez que tem uma folga, você vai até as montanhas e florestas

próximas com caças difíceis e fica vários dias sem voltar.”

Tigre deu de ombros enquanto permanecia em silêncio, era algo que não podia negar.

“Esqueça o que eu disse. Pode se ver que você faz um bom trabalho como governante. Só de

olhar, posso notar que seus homens confiam em você.”

Marthus olhou por sobre seus ombros, para os soldados.

Seus espíritos de batalha haviam diminuído um pouco devido a serem designados para a

retaguarda, mas não se escutava nenhuma queixa por parte dos soldados.

“Tigre é nosso trabalho fazer com que esses homens voltem a salvo a suas casas. É nosso dever

pensar no que fazer durante a batalha. Não sei o que te preocupa, mas não pense demais

nisso.”

“Agradeço sua preocupação.”

Tigre agradeceu Marthus que se preocupava com ele.

Era como Marthus havia dito, não tinha sentido se preocupar muito com isso.

Mesmo que fosse frustrante, eles haviam sido chamados ao campo de batalha como meras

peças para o príncipe real.

Ninguém esperava que contribuíssem com algo na batalha, assim tanto Tigre como Marthus

não pensava que utilizariam seus homens em combate.

Depois de vários dias, o grupo de Tigre chegou as Planícies de Dinant.

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O exército principal, os vinte e cinco mil soldados, se encontrava em formação ao pé da colina.

A retaguarda comandada pelo príncipe Regnas, formada por cinco mil soldados, se encontrava

em cima da colina. Naturalmente Tigre e Marthus formavam parte da retaguarda.

Por este fato, as possibilidades de que Tigre tomasse parte nas batalhas tinha tornado

minúsculas.

***

Ao anoitecer, sob o céu escuro, milhares de soldados avançavam em silêncio.

Havia coberto o metal de suas espada com lama para evitar que o seu brilho os delatassem,

amordaçaram seus cavalos e cobriram com algodão suas ferraduras para evitar qualquer

barulho. Tomaram muitas precauções.

Graças a isso o inimigo não notou a sua presença, e chegaram ao seu objetivo ao lado da colina.

Só precisavam subir em silencio o declive, e seriam capazes de ver o acampamento inimigo.

Podiam ver o brilho das fogueiras, e várias tochas, era óbvio que o acampamento teria

sentinelas vigiando, depois de tudo se tratava da retaguarda de Brune.

“Descansem um pouco. E depois comecem as preparações.”

A garota de cabelos prateados que estava na frente, liderando os cavaleiros, sorriu

ligeiramente. Os soldados fizeram o que a garota murmurou, e depois de descansar

começaram a tirar o algodão e as mordaças dos cavalos.

Em pouco tempo os espiões que havia enviado ao acampamento inimigo voltaram.

Pelo que os espiões disseram, parecia que todos no acampamento haviam dormido e não

havia movimento, a garota virou-se para os soldados. Desembainhando a espada de sua

cintura em uma surpreendente velocidade, a levantou para o alto, causando uma pequena

explosão de vento.

“O inimigo a nossa frente tem uma força de cinco mil homens, cinco vezes o nosso número.

Pode ser a retaguarda, mas aqui se encontra o comandante inimigo, pelo qual com certeza

haverá soldados de elite.”

Mesmo com essa desvantagem, os olhos carmesins da garota estavam cheios de confiança e

espírito de luta, e continuou falando.

“Mesmo assim, eu irei, e conseguirei a vitória, quem me acompanhará?”

Os soldados levantaram seus punhos em silêncio e apontaram suas lanças e espadas para o

céu.

A garota voltou sua atenção para o acampamento inimigo, subiu em seu cavalo, e com um

movimento de sua espada deu a ordem.

“Que comece o ataque!”

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Seu estandarte de guerra balançava ao vento. A imagem de Zirnitra – Um dragão negro que

também soltava fogo negro adornava o estandarte, era o símbolo do reino de Zchted.

Cortando o vento à medida que prosseguiam, os cavaleiros empunhavam suas espadas e

lanças, outros levavam arcos, todos preparados para lutar, seguiam a garota que cavalgava a

frente do grupo, até o topo da colina.

Os soldados que faziam a guarda finalmente se deram conta do ataque inimigo ao escutar o

trote dos cavalos, que fazia a terra tremer.

“O inimgo...”

Com um movimento de sua espada a garota converteu o grito de alerta do soldado em uma

fonte que espirrava sangue.

Sob o tênue brilho da lua, a garota guiou seu grupo de mil soldados diretamente ao centro do

acampamento inimigo, deixando só morte e destruição pelo seu caminho. O exercito de Brune

mergulhou em caos. Alguns soldados até mesmo jogaram suas armas ao chão e clamavam por

suas vidas.

Alguns soldados valentes tentaram resistir, mais foi em vão.

Depois de tudo, a força e a habilidade da garota no comando das tropas de Zchted era muito

grande.

Em alguns instantes, hordas de inimigos haviam sido assassinadas, ou haviam sido mortos

pisoteados por cavalos. Mesmo assim, nenhuma só gota de sangue manchara o corpo da

garota.

Cada vez que cortava o vento com sua espada, os cadáveres no chão aumentavam.

Seu cabelo prateado dançava com o vento. Sem perder seu encanto, a garota havia atacado o

acampamento inimigo acompanhada de seus soldados.

A esta altura, era óbvio quem sairia vitorioso.

***

Seus ouvidos zumbiam.

O som das espadas se chocando, os gritos de agonia, e o trote dos cavalos inundavam seus

ouvidos.

“...Ugh.”

Tigre acordou.

Em frente aos seus olhos recém-abertos se encontrava um límpido céu azul, que o hipnotizava

pela sua imensidão.

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Movendo para o lado o peso que estava sobre ele, Tigre se levantou.

Quando o zumbido em seu ouvido desapareceu, Tigre pode escutar o barulho do vento

mesclado com o gemido dos feridos e moribundos. Também se podiam escutar passos pela

relva e os leves sons dos estandartes sendo quebrados.

Conforme a poeira foi abaixando, Tigre começou a perceber o odor de sangue que preenchia o

ar.

“Por acaso eu fiquei inconsciente?”

Com os pés cambaleantes, Tigre levantou os olhos e observou o mar de cadáveres em frente

aos seus olhos, parecia uma colina feita com cadáveres.

A relva havia sido pintada de vermelho pelo sangue, e o solo estava coberto por centenas ou

talvez milhares de cadáveres em todas as direções. Um sentimento de nojo invadiu o corpo de

Tigre obrigando-o a cobrir sua boca. Ele percebeu que sua mão estava tingida de vermelho.

“Sangue?”

Tigre rapidamente checou seu rosto e seu corpo em busca de ferimentos, e compreendeu que

o sangue não vinha dele.

“Deve ser o sangue de outra pessoa, uh.”

Parece que o corpo de Tigre ficou enterrado entre os cadáveres, o que ajudou a evitar que o

inimigo notasse que ainda estava vivo.

“Bertran! Lorde Marthus!”

Tigre gritou o nome do velho cavaleiro e seu assessor, mas não obteve nenhuma resposta.

“Espero que tenham conseguido escapar.”

Em qualquer lugar que Tigre olhasse, podia ver corpos por todo o chão, e junto a eles podia-se

ver várias espadas e lanças quebradas, entre os restos do que uma vez foram estandartes de

guerra.

Sua visão estava turva pela névoa da manhã o impedindo de ver mais longe, mas ainda assim,

não podia ver movimento algum. Nem de seus aliados ou dos inimigos.

Apesar do que havia visto Tigre não sentia nem ira nem ódio pelo inimigo.

Sobrecarregado pela fadiga e o cansaço Tigre observou a paisagem.

“Foi uma batalha horrível.”

O ataque contra o exercito de Brune só terminou ao amanhecer. Em meio ao caos as tropas da

linha de frente também foram atacadas, o que ocasionou na derrota do exercito de Brune.

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“Ontem a meia noite, havia confirmado que as tropas de Zchted se encontravam em frente a

nossas, o que significa que dividiram seu exercito em dois. Um ataque simultâneo em ambas as

direções.”

Um calafrio percorreu o corpo de Tigre.

O plano havia sido tão simples que até uma criança poderia tê-lo arquitetado.

“Quem poderia ser tão descuidado para executar um plano como esse. Mesmo sabendo que

estávamos em maior numero.”

Apesar de terem poucos soldados decidiram dividir seu exército. O menor erro faria o exército

ser esmagado. Os soldados deveriam ser contra de tão arriscada era a ideia.

“Sem dúvida a execução foi um êxito.”

O exercito de Brune foi vencido.

Esmagado pelo tumulto dos aliados que fugiam, Tigre não foi capaz de dar ordens aos seus

homens. Entre o caos Tigre caiu de seu cavalo e ficou inconsciente.

Podia se dizer que quem derrotou o exercito de Tigre foram seus próprios aliados.

“Incrível.”

Tigre se lembrou. Mesmo só a vendo por pouco tempo, Tigre observou como a garota de

cabelo prateado liderava o exercito inimigo, cortando um a um e sem sequer parar, todos os

soldados de Brune que ficasse em seu caminho com só um movimento de sua espada.

“Será que ela era a Vanadis?”

A Princesa da Guerra, também conhecida como Vanadis, sempre na linha de frente de uma

batalha – Bem como Marthus havia dito.

A avassaladora beleza da garota foi gravada na parte mais profunda da mente de Tigre.

Sacodiu seu cabelo vermelho escuro, enquanto pensava nisso.

Por sorte seu arco estava perto dele.

Tigre o levantou e esticou a corda enquanto um pequeno sentimento de ansiedade e

inquietação percorria seu corpo.

“...Ainda funciona.”

Tigre se sentiu aliviado. Se o arco estivesse danificado, a corda estaria frouxa, deixando o arco

inutilizável.

Ainda sobravam algumas flechas em sua aljava.

Olhou para o céu, e calculou a direção em que estava com base na posição do sol.

“Para lá é o oeste, eh.”

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A partir do campo de batalha, o caminho em direção oeste levava para Brune, e para o leste

levava para Zchted.

Suportando a dor que percorria seu corpo, Tigre caminho lentamente para o oeste. De repente

uma silhueta apareceu em seu campo de visão e ele parou.

Era um cavaleiro montado a cavalo que se dirigia a todo galope até Tigre brandindo sua espada.

Tigre empunhou seu arco e se colocou em posição para atirar enquanto pegava uma flecha.

O cavalo abria caminho entre os corpos que jaziam no solo se aproximando cada vez mais de

Tigre. Quando a distancia se reduziu a trinta Alcin[4], o cavaleiro gritou com força.

“Um sobrevivente do exercito de Brune? Sua cabeça será minha!”

Tigre permaneceu em silêncio, preparou sua flecha, e a disparou sem hesitar.

Tudo se tornou um borrão.

No momento em que o barulho da flecha pode ser escutado, esta já havia atravessado a

garganta do cavaleiro.

Tudo aconteceu com uma surpreendente velocidade e calma.

Incapaz de fazer algo, o corpo do cavaleiro se retorceu e deslizou para o lado, caindo no chão

bruscamente.

Ao ter perdido seu cavaleiro, o cavalo deixou sair um relincho, e antes que Tigre pudesse se

aproximar dele, deu meia volta e galopou para longe.

“Eu desisto... parece que hoje não é meu dia...”

Tigre suspirou. Se tivesse conseguido deter o cavalo, teria conseguido sair do campo de

batalha com facilidade. Com dificuldade para caminhar, Tigre continuou sua viagem a pé; mas

não avançou nem dez passos quando parou novamente.

“Mais inimigos?”

Aproximadamente a trezentos metros dele, pode distinguir um grupo de cavaleiros. Se algum

dele sentir a presença de Tigre, o perseguiriam imediatamente.

“... Há sete no total.”

Tigre havia nascido com uma visão excepcional. E a mesma havia melhorado graças às caçadas,

ao ponto de que mesmo a trezentos metros, podia distinguir os traços faciais das pessoas.

Tigre olhou em sou aljava e percebeu que só restavam quatro flechas.

Apesar das habilidades de Tigre com o arco, era impossível matar dois inimigos com só uma

flecha. Ainda mais se eles investissem contra ele da mesma forma que o outro cavaleiro fez,

não haveria nada que Tigre pudesse fazer.

[4]Alcin; É uma unidade da própria Novel, 1 Alcin equivale aproximadamente a 1 metro

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“Espero que sejam meus aliados”

Rezando para que fossem, Tigre observou os cavaleiros. Quando viu o rosto do líder dos

cavaleiros seus olhos arregalaram pela surpresa.

“A Vanadis...”

Quando o exercito de Zchted atacou de surpresa, ela foi quem comandou o ataque na linha de

frente.

Tigre estava tão encantado pela sua beleza que inclusive deixou de respirar por um momento.

Uma jovem garota com a mesma idade. De cabelo prateado que chegava até a cintura e

brilhava com a luz do amanhecer. Seus radiantes olhos carmesins emanavam uma grande

dignidade.

Seus braços eram delgados, como os de qualquer garota de sua idade, porem parecia haver

nascido para portar a espada que a garota empunhava.

“Lorde Marthus disse que ela possuía uma beleza incomparável.”

Era como ela havia dito. Julgar sua beleza ou compará-la com coisas ordinárias, era algo

impensável. Quanto mais Tigre a olhava, mais aceitava essa declaração.

Finalmente, Tigre voltou a si. Sacudiu sua cabeça para tirar esses pensamentos de sua mente, e

com calma se concentrou no grupo da Vanadis.

Parecia que os cavaleiros eram sua escolta. E para protegê-la havia posto seus cavalos na

frente dela.

“Se assassinar a Vanadis...”

Não havia duvida alguma de que seu lado havia sofrido uma derrota esmagadora. Agora

mesmo, eles deviam estar perseguindo os sobreviventes do exército de Brune em uma

operação de rastreio de grande escala.

“... Mas, se ela ficasse ferida, teriam que abandonar a perseguição.”

Se Marthus, Bertran e os outros soldados de Alsace haviam sobrevivido isto aumentaria sua

oportunidade de escapar e inclusive poderiam sair dali com vida.

Um forte espirito de luta inundou seu corpo. E a mão que segurava o arco se encheu de força.

“O farei.”

Tigre pegou uma flecha e se preparou para disparar.

“O Elis, deusa do vento e da tempestade...”

O forte ranger do arco enquanto a corda se esticava encheu seus ouvidos.

No continente, o alcance máximo de um arco era de duzentos e cinquenta metros.

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Esta distancia só representava a distancia que a flecha podia alcançar, por isso só era

representativa.

Se quisesse infligir algum dano no inimigo, a distancia devia ser muito menor que essa.

No entanto a Vanadis, nesse momento, ainda se encontrava a uns trezentos metros de

distancia.

Mesmo assim Tigre disparou a flecha.

A flecha atravessou o vento, e se fixo na cabeça do cavalo de uns dos cavaleiros ao lado da

Vanadis.

Ao mesmo tempo em que o cavalo desmoronou no chão, levando consigo o cavaleiro, Tigre

disparou a segunda flecha.

A qual atravessou a testa de um dos cavaleiros.

“Muito bem.”

Agora, que as duas escoltas haviam caído, o caminho estava aberto.

O caminho até a Vanadis, de cabelos prateados e olhos carmesins, estava livre. Uma abertura

para que a flecha conseguisse alcança-la, havia sido criado.

“Agora começa o verdadeiro ataque.”

Tigre estendeu seu braço até sua aljava, sua respiração ficou mais tensa.

Mesmo quando nas profundidades das montanhas aonde não chegam raios do sol, se

encontrou com um Slo[5] de aproximadamente quarenta chet[6] de comprimento. Tigre não

ficou tão nervoso como nessa ocasião.

“Assumindo que os outros cavaleiros tentassem protege-la, os cavaleiros e os animais no solo

impediriam seus movimentos, de modo que os tomaria tempo para assumir suas posições.”

Mesmo que só os atrasasse por pouco tempo.

Para Tigre era mais que o suficiente.

“Me pergunto o que fará em sua atual situação. Ordenara ao cavalo que se deite para se

cobrir? Ou decidirá se desmontar? O que será?”

Em ambos os cenários, tanto sua direita como esquerda estavam obstruída por suas escoltas.

Havia um pequeno espaço atrás dela, mas era muito pequeno, por isso não serviria para se

esquivar de um ataque. Em sua frente, estirados no solo, se encontravam seus subordinados e

seus cavalos. Seria muito difícil tentar passar através deles sem tomar impulso para saltar

sobre eles, coisas que cavalos odeiam fazer.

Inclusive se a Vanadis conseguisse saltar sobre eles, entre o salto e a sua aterrissagem, ainda

que por um curto período de tempo, criaria uma abertura.

[5] Slo: Dragão da Terra

[6] Chet: Também é uma unidade própria. Um chet equivale a 10 centímetros aproximadamente.

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De repente Tigre, que se encontrava observando atentamente a Vanadis, foi atacado por um

forte calafrio.

A Vanadis estava sorrindo.

Definitivamente estava olhando para Tigre. E parecia muito emocionada.

“Kuh.”

Tigre rangeu seus dentes. Era obvio que ela não estava o levando a sério. Pegou as últimas

duas flechas de sua aljava. Segurou uma com seus dentes, e colocou a segunda no arco pronta

para ser disparada.

Mas nesse momento aconteceu algo incrível.

O cavalo da Vanadis flutuou suavemente no ar.

Passando sobre os cavaleiros que haviam caído no chão.

Essa altura era de mais ou menos vinte chet.

Para Tigre pareceu como se houvesse crescido um par de asas no cavalo e este voara sobre os

obstáculos. Não foi um salto mais sim como se houvesse planado sobre eles.

“O que foi isso...?”

Medo e pânico percorreram pelo corpo de Tigre. Inclusive chegou a acreditar que seus olhos

estavam enganados.

Nenhum cavalo que leve um cavaleiro deveria ser capas de saltar uma altura de vinte chet sem

tomar impulso.

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Ainda assim a Vanadis seguia na direção de Tigre, com uma expressão tranquila como se nada

tivesse acontecido.

“Não tenha medo...!”

Tigre dizia a si mesmo. Só estou imaginando coisas.

Tigre franziu a testa na direção da Vanadis, e disparou sua terceira flecha.

Como se cavalgasse sobre o vento, a flecha viajou através do ar. E quando estava ao ponto de

acertar o alvo a sua frente – A flecha foi desviada por um brilho prateado.

“... Como isso é possível?”

Tigre olhou perplexo com o acontecimento.

Ela havia desviado uma flecha disparada a uma grande velocidade desde vários metros usando

só sua espada.

Façanhas de magnitude só se escutavam nos Chanson de Geste, nas lendas dos maiores heróis.

Não era algo que um humano qualquer podia fazer.

Tigre preparou sua ultima flecha.

Tinha confiança absoluta em seu arco. Sem mencionar o fato de que sua oponente se dirigia

direto para ele, e a distancia de trezentos alcin havia diminuído.

“É impossível errar.”

Mirando como antes, direto para sua testa – Mas igual a primeira vez, a flecha foi desviada.

Durante esse tempo, o cavalo da Vanadis não diminuiu a velocidade, se aproximando

velozmente de Tigre. Em menos de dez segundos, o alcançaria.

“Será que esse é meu fim?”

Tigre havia usado todas as suas flechas, e não tinha nenhuma outra arma. Fugir a pé de um

cavalo era impossível.

Segurando fortemente seu arco, Tigre se levantou, reunindo toda a sua força em suas pernas.

Já que não queria que o vissem em um estado tão deplorável.

A Vanadis chegou perto de Tigre, e parou seu cavalo.

O cabelo prateado da jovem não estava manchado com nem uma gota de sangue ou pó.

Sua pele branca fazia lembrar a neve brilhante que se acumulava no topo das montanhas de

sua cidade natal.

Uma aparência refinada, com um belo nariz, e lábios sedutores que a davam a aparência de

uma escultura digna dos deuses. No entanto seus olhos carmesins emanavam uma grande

vitalidade que confirmava o fato de que estava viva e era uma humana de carne e osso.

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Ela apontou a ponta de sua espada para Tigre.

“Solte seu arco.”

Tigre não tinha escolha a não ser fazer o que ela ordenou. Assentindo com satisfação, a

Vanadis disse com um sorriso.

“Você é bastante habilidoso.”

Tigre demorou um pouco a se dar conta que ela estava falando com ele.

“Por acaso está me elogiando? Apesar de que por alguns momentos estava apontando minha

flecha para ela?”

Mais que se sentindo lisonjeado, se sentia confuso.

“Chamo-me Eleonora Viltaria. E você é?”

“Tigrevurmud Vorn.”

“Você é um nobre? De que nível?”

Em vários países, dos reinos de Zchted e Brune, aqueles que possuem um sobrenome são

membros da nobreza. Sem contar algumas exceções, só os membros da nobreza possuem um

sobrenome.

Tigre respondeu que era um Conde, então a garota sorriu.

“Muito bem, Conde de Vorn.”

Enquanto embrenhava sua espada na bainha em sua cintura, Eleonora disse com um tom

alegre.

“De agora em diante, você me pertence, será meu prisioneiro de guerra.”

Enquanto Tigre ficava confuso pelas palavras inesperadas, a escolta finalmente os alcançou.

“Se apresse e suba.”

Olhando para Tigre, Lim falou com em um tom grave. Tigre percebeu rapidamente que o tom

de voz de Lim carregava certo ressentimento contra ele.

Lim era o cavaleiro cujo cavalo Tigre havia assassinado antes.

“Será que tomou o cavalo do outro cavaleiro? Parece que esta pessoa tem um ranque maior

que o resto das escoltas.”

“Posso levar meu arco também?”

Tigre perguntou enquanto mostrava o arco que havia deixado no solo a um momento atrás.

“É importante para mim.”

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Tigre mostrou sua aljava vazia para ressaltar o fato de que não representava ameaça alguma.

Lim estendeu sua mão para Tigre e disse.

“Está bem. Porém eu o levarei.”

Tigre entregou seu arco a Lim, e montou ao cavalo. Tigre colocou seus braços ao redor da

cintura se Lim.

Rapidamente Lim moveu seu pescoço para trás. Acertando o rosto de Tigre com seu elmo.

“O que está fazendo!?”

Tigre reclamou enquanto segura seu nariz vermelho. Eleonora só ria.

“Lim, já que agora, ele é meu prisioneiro. Tente se mais gentil com ele.”

“... Entendido, farei isso.”

A pesar de que o tom de sua voz deixava claro seu descontentamento, Lim obedeceu à ordem.

“Se fizer algum movimento estranho, imediatamente te derrubarei do cavalo, e te atropelarei

até a morte.”

Devido ao seu futuro incerto, e ao tremendo ódio que Lim tinha dele, Tigre deixou escapar um

suspiro.

Se virando para os cavaleiros, Eleonora proclamou com prazer.

“Apesar de ter sido uma batalha chata, fui capaz de apreciá-la no final. – Bom, é hora de nos

retirarmos.”

A batalha das Planícies de Dinant terminou com a vitória esmagadora do reino de Zhcted.

O exercito de Zhcted sofreu menos de cem baixas, enquanto que Brune terminou com um

saldo de aproximadamente cinco mil mortos em combate, e os feridos dobravam o valor dos

mortos.

Mas as perdas de Brune não se limitavam só a esses números. O reino de Brune ocultou algo

mais, um fato que seria muito difícil de esconder, não importava o quê.

Ocultaram o fato de que o supremo comandante, o sucessor do trono, o príncipe Regnas havia

morrido em batalha.