MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma...

7
Viu o pai matar a mãe Viu o pai matar a mãe Viu o pai matar a e quando era criança Fez um aborto aos 16 anos Perdeu um irmão viciado em álcool Recusou a eutanásia ao pai, que acabou por se suicidar quando era criança Fez um aborto aos 16 anos Perdeu um irmão viciado em álcool Recusou a eutanásia ao pai, que acabou por se suicidar quando era criança Fez um aborto aos 16 anos Perdeu um irmão viciado em álcool Recusou a eutanásia ao pai, que acabou por se suicidar MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO MAITÊ PROENÇA UMA VID AD E INFERNO MARCAD POR SEXO TRAIÇÃO E DROGA MARCAD POR SEXO TRAIÇÃO E DROGA MARCADA , A , A POR SEXO , TRAIÇÃO E DROGA n o 447 . semanal . 24 de Novembro de 2008 . 1,35 (Cont.) FILHA DE SÓNIA ARAÚJO RADIANTE POR IR TER IRMÃOS GÉMEOS MORTE DO ACTOR PEDRO PINHEIRO DEIXA COMP ANHEIRO DEV AST ADO: “ELE FOI O AMOR DA MINHA VIDA LONGE D A F AMÍLIA P AULO SOUSA, QUE JÁ NÃO VÊ OS FILHOS ,MARIA E GUILHERME, HÁ 8 MESES , MUDA-SE P ARA LONDRES

Transcript of MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma...

Page 1: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e

Viu o pai matar a mãeViu o pai matar a mãeViu o pai matar a mãequando era criançaFez um abortoaos 16 anosPerdeu um irmãoviciado em álcoolRecusou a eutanásia ao pai, que acabou por se suicidar

quando era criançaFez um abortoaos 16 anosPerdeu um irmãoviciado em álcoolRecusou a eutanásia ao pai, que acabou por se suicidar

quando era criançaFez um abortoaos 16 anosPerdeu um irmãoviciado em álcoolRecusou a eutanásia ao pai, que acabou por se suicidar

MAITÊ PROENÇA

UMA VIDA DE INFERNOMAITÊ PROENÇA

UMA VIDA DE INFERNOMAITÊ PROENÇA

UMA VIDA DE INFERNOMARCAD POR SEXO TRAIÇÃO E DROGAMARCAD POR SEXO TRAIÇÃO E DROGAMARCADA ,A ,A POR SEXO, TRAIÇÃO E DROGA

no 447 . semanal . 24 de Novembro de 2008 . €€1,35 (Cont.)

FILHA DE SÓNIA ARAÚJO RADIANTEPOR IR TER IRMÃOS GÉMEOS

MORTE DO ACTOR PEDRO PINHEIRO DEIXA COMPANHEIRO DEVASTADO:“ELE FOI O AMOR DA MINHA VIDA”

LONGE DA FAMÍLIAPAULO SOUSA, QUE JÁ NÃO

VÊ OS FILHOS, MARIA E GUILHERME, HÁ 8 MESES,

MUDA-SE PARA LONDRES

Page 2: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e

Em “Uma Vida Inventada”,MAITÊ PROENÇA escreve sobre o seu passado dramático: viu a mãe ser morta

pelo pai,que depois se suicidou,após a actriz se recusar a praticar eutanásia,e experimentou todas as drogas

Aos 48 anos,a actriz brasileira,que é mãe de Maria,de 17 anos,esteve em Lisboa

para apresentar o seu mais recente livro

“Nunca usei droga como fuga. Usavaporque gostava daquela sensação„

A actriz quebrou o silêncio sobre o seu passado trágico. “O meu livro não é um lamento. Não oescrevi com interesses esquivos. Escrevi porque precisava de escrever”, justifica Maitê Proença

Page 3: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e
Page 4: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e

Com o distanciamento e a delica-deza que só a literatura permite, a consagrada actriz brasileira fazum desassombrado balanço dosseus 48 anos. “Eu tinha 12 anos

quando a minha mãe morreu e o mundo sedesfez. O meu pai, que a matou no auge deum ódio pelo amor que sentia, foi cuidar de si.”A morte da mãe, assassinada à facada pelopai numa reacção violenta à descoberta deuma traição, crime testemunhado pela pró-pria Maitê; a degradação física do progenitor,em consequência de um cancro; o pedido deajuda para praticar eutanásia, que a actriz recusou, e o seu posterior suicídio; a morte doirmão mais velho em consequência da de-pendência do álcool. “Uma Vida Inventada”é um relato cheio de episódios marcantes,desde o aborto que fez quando tinha apenas16 anos até às drogas que experimentou,passando pelos amores que viveu e pelo iní-cio da sua carreira na Globo. Em entrevista àLux, Maitê Proença fala sobre os motivos quea levaram a escrever um livro autobiográfico.Dona de uma beleza serena, a actriz tornadaescritora confessa também que a maternida-de foi o acontecimento mais marcante da suavida. Maitê Proença tem uma filha, Maria, de 17 anos, fruto do seu casamento, já termi-nado, com Paulo Marinho. Lux – Teve receio de se expor ao escrevereste livro?Maitê Proença – Há coisas sobre as quais sepode escrever mas das quais não se pode falar. Quando se está a escrever num quartofechado, não se coloca essa questão da exposição. Os factos não são o mais impor-tante. Eu conheço-os e quero que eles interessem, porque uma história bem conta-da é o que mais interessa. Lux – Como é que conseguiu escrever sobrealgo tão doloroso como a morte dos seuspais e do seu irmão?M.P.– Para escrever, não se pode estar imersoem sentimentos, senão sai uma má escrita, sentimentalóide e piegas. Tem de se ter dis-tância, tem de se olhar como se não fossenosso. Só nesse momento é que se pode escrever alguma coisa. Antes disso, vivem-seos acontecimentos. Lux –Foi difícil crescer sem mãe?M.P. – Não sei como seria se fosse diferente.Foi como tinha de ser. Lux –Durante a sua adolescência, viajou pelomundo, experimentou drogas, fez um abor-to aos 16 anos. Essa rebeldia foi uma formade escape?M.P. – Não tenho a menor consciência da razão por que fiz as coisas como fiz. Nãoacho que fui uma rebelde como outros adolescentes, que saem de casa porque sãocontra alguma coisa. A minha casa é que saiude mim. Não tive de tomar nenhuma posi-

Na sua passagem por Lisboa, Maitê Proença mostrou-se bem-disposta, apesar de ainda estar a recuperar de uma aparatosa queda de cavalo,

em Setembro, que lhe valeu cinco costelas fracturadas

“Passei 22 anos a manter uma série de histórias onde achava que elas deviam ficar,no âmbito privado.Um dia, senti necessidade

de as contar com a minha própria voz„

Page 5: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e

ção, tive de me virar dentro daquilo! Não acho que andei contra nada, eu andava comopodia. Talvez nem tenha sido rebelde (risos). Lux – Experimentou quase todas as drogas,mas nunca ficou dependente de nenhuma...M.P.– Isso é uma sorte (risos)! Mas não é o quedeve ser feito, porque algumas pessoas entu-siasmam-se muito com aquilo. Gosto da sensa-ção que as drogas promovem, mas talvez gostemais de estar saudável. Acho que é um equi-líbrio especial, não é para toda a gente. Se gostasse um pouquinho mais do lado lunar, poderia ter-me afundado. Sempre tive umamedida. Nunca usei a droga como fuga. Usavaporque gostava daquela sensação. Lux – Teve contacto com várias crenças e religiões. A sua busca espiritual ajudou-a a perceber melhor a morte?M.P. – Não, porque não interessa se vamospara o céu ou para o inferno, ou se nos vamostransmutar numa folha. Não quero dominar o mistério, deixo essa questão para quandochegar a hora. Não tenho medo da morte. Lux – Aos 20 anos, teve um acidente de carro que a deixou gravemente ferida e, em Setembro último, sofreu cinco fracturasnas costelas, após uma queda de cavalo. Tem medo da dor?M.P. – Tenho boa tolerância à dor. Ninguémgosta da dor quando sabe que está paraacontecer algo muito grave. Por exemplo,não toleramos a dor do enfarte, mas tolera-mos bem a dor do parto, porque sabemosque vai nascer uma criança. Quando sofri essaqueda, achei que era o fim. Mas provavel-mente vou andar a cavalo outra vez (risos)! Lux –Escreveu “talvez não tenha sido talhadapara a vida a dois”. Porquê?M.P.– Já tive muitos relacionamentos que fun-cionaram, que foram grandes êxitos, mas nãoacho que essa seja a única maneira de ser feliz.Às vezes relacionamo-nos com cada encrenca,que estar sozinho parece ser o melhor. Lux –Já viveu alguma relação assim?M.P. – Quando penso nisso, já estou de saída.Apenas acho que há que fazer isso de formadelicada. Não se pode sair atabalhoadamente

Maitê Proença experimenta a vidaintensamente: “A maioria das pessoas daminha idade gosta mais da segurança doque eu. Gosto da sensação da vertigem”

“Sou uma bela misturada hedonista que era

a minha mãe e do meupai,um pessimista,

cheio de regras„

Page 6: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e

Durante a adolescência, e depois de tersofrido a perda da mãe, Maitê Proençapercorreu os quatro cantos do mundo.Viveu em Paris, conheceu os hábitos

e as religiões do Oriente e experimentouvárias drogas. Aos 19 anos, começou a sua carreira como actriz, na novela

da Rede Globo “Dinheiro Vivo”

“Não acho que fui uma rebelde

como outros adolescentes,que

saem de casa porquesão contra algumacoisa.A minha casa é que saiu de mim„

de um lugar para onde se atirou o coração. Lux –É difícil lidar consigo?M.P. – Não (risos). Os meus amores continuam a sê-lo. O pai da minha filha é um amor, o meuprimeiro namorado é um grande amigo. Con-tinuo a relacionar-me com ele, inclusive com amulher e os filhos dele. Não tem nada a ver comquerer reinaugurar aquela relação, isso já estásuperado há muitos anos. Saí dali porque quis.Não me separo dessas pessoas, vou acumu-lando relacionamentos. Mudam de teor, trans-formam-se em outra coisa, mas o amor fica.Lux –Terminou há alguns meses o namoro comRodrigo Paiva. Sente-se disponível para amar?M.P. – Muito disponível. Não aprendo muitocom a dor do fim dos relacionamentos (risos)!Apaixono-me com muita facilidade, precisodisso. Não sei viver uma vida morna. Deixo--me apaixonar e não tenho medo disso.Lux – No seu livro revela que o único homemque traiu foi o pai da sua filha. Como é que aMaria reagiu a isso?M.P.–Disse-lhe: “Poxa, Maria, seu pai tambémnão era fácil!” (risos). A Maria sabe a mãe quetem. Ela convive comigo desde que nasceu e existe algo que se chama a verdade, que é a base da nossa relação. Nunca menti à minhafilha. Ensinei-lhe que a minha relação com opai dela é uma relação de amor, onde coube a traição, como cabe nas relações de tantasoutras pessoas que mentem em relação a isso.Lux –Ser mãe foi um marco importante na suavida?M.P. – Ser mãe deu um sentido real à minhavida. Era tudo uma grande aventura e, de repente, tudo fez sentido. Tive essa sensaçãomuito nítida no momento em que pari a minhafilha. Aconteceu em mim um amor imediato.

Page 7: MAITÊ PROENÇA UMA VIDA DE INFERNO UMA VIDADE INFERNO · uma vida de inferno maitÊ proenÇa uma vidade inferno marcad por sexo traiÇÃo e drogamarcada ,a por sexo, traiÇÃo e

Lux – Enquanto mãe de uma adolescente,quais são os seus principais receios?M.P.– O meu maior receio é a combinação deálcool com carro. A Maria teve um acidente decarro muito grave que a traumatizou, porquese magoou severamente. Mas luto contraisso. Não vou ficar em casa a pensar no quepode acontecer, porque também quero queela tenha experiências. Lux – É insegura em relação à imagem quetem de si mesma?M.P.– Por ser figura pública, acho que exigemmais de mim do que das outras pessoas. Seriamuito menos vaidosa se não fosse actriz. Lux –É muito vaidosa?M.P.– Não sou muito, mas seria ainda menos.Vermo-nos na televisão é uma coisa muito desagradável, porque enquanto os outrossó vêem as partes boas, eu vejo o que nãopresta. Lux –Convive bem com as suas rugas?M.P. – Convivo, mas se elas pudessem não estar aqui (risos)... Mas também é ridículo umamulher sem rugas. Só se pode fazer plásticasaté determinado ponto. Lux –Já fez alguma cirurgia estética?M.P. – Tenho um amigo cirurgião com quemconverso sobre a hipótese de colocar botox.Mas quando vejo na televisão aquelas pessoas cheias de botox na cara, acho feio. O rosto fica sem expressão. Eu pergunto-lhe o que é que ele faria comigo, se podia tiraresta ou aquela ruga dos olhos. Ele diz-me quenão, que não pode, em relação justamenteàquilo que me incomoda. Então ficamos sópela conversa especulativa (risos). ■

Maitê Proença já posou váriasvezes para a Playboy.

Aos 48 anos, não descarta a possibilidade de recorrer

à cirurgia estética: “Vai chegar a hora em que vou querer

levantar alguma coisa”

“Não sei viver uma vida morna.

Deixo-meapaixonar e não

tenho medo disso„

“Ensinei à minhafilha que a minharelação com o paidela é uma relação

de amor,ondecoube a traição,como cabe nas

relações de pessoasque mentem em relação a isso„

texto Raquel Costa ([email protected])fotos Artur Lourenço agradecimentos Hotel Tivoli Lisboa