mais inclusivo e efetivo em Porto Alegre Rumo a um Orçamento ...
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mais inclusivo e efetivo
em Porto AlegreBrasil – Unidade de Gerenciamento do PaísUnidade de Desenvolvimento Sustentável
Região da América Latina e do CaribeBanco Mundial
Rumo a um Orçamento Participativo
@ 2008 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial 1818 H Street, NWWashington, DC 20433
Essa é uma versão resumida de um estudo realizado pelo Banco Mundial em 2006. A versão completa do estudo poderá ser encontrada no website: http://www-wds.worldbank.org.
As opiniões emitidas nessa publicação são de exclusiva e de inteira responsabilidade de seus autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Banco Mundial, seus Diretores Executivos ou os governos por ele representados.
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais estão proibidas.
Relatório sumário de um estudo de caso
Rumo a um Orçamento Participativomais inclusivo e efetivo
em Porto Alegre
Brasil – Unidade de Gerenciamento do PaísUnidade de Desenvolvimento Sustentável
Região da América Latina e do CaribeBanco Mundial
Fevereiro de 2008
@ 2008 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial 1818 H Street, NWWashington, DC 20433
Essa é uma versão resumida de um estudo realizado pelo Banco Mundial em 2006. A versão completa do estudo poderá ser encontrada no website: http://www-wds.worldbank.org.
As opiniões emitidas nessa publicação são de exclusiva e de inteira responsabilidade de seus autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Banco Mundial, seus Diretores Executivos ou os governos por ele representados.
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais estão proibidas.
Relatório sumário de um estudo de caso
Rumo a um Orçamento Participativomais inclusivo e efetivo
em Porto Alegre
Brasil – Unidade de Gerenciamento do PaísUnidade de Desenvolvimento Sustentável
Região da América Latina e do CaribeBanco Mundial
Fevereiro de 2008
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii
Antecedentes: um estudo sob demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Fundamentos conceituais e metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Principais resultados da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Como é a qualidade de participação no OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Como é a interface entre o OP e a administração fiscal do município? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Qual é a capacidade do OP de fiscalizar a execução do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Qual é a relação do OP com outras iniciativas de prestação de contas social? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Quais são os impactos sociais e fiscais do OP?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Principais recomendações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como aperfeiçoar a “qualidade de participação” no OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como fortalecer a interação entre o OP e a administração fiscal do município? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como aperfeiçoar a capacidade do OP de fiscalizar a execução do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Como estabelecer um sistema mais coerente de prestação de contas social na cidade,
melhorando a articulação entre os fóruns de governança participativa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Como aprimorar o entendimento dos impactos do OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Anexo: Análise econométrica detalhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figuras:
Figura 1. Ciclo do Orçamento Participativo em Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Figura 2. Relações de poder importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Figura 3. Número de participantes do OP, 1990-2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Figura 4. Tempo dedicado ao OP pelos conselheiros (porcento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Figura 5. Percepções do público sobre o OP por porcentagem da população, 2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Figura 6. Comparação do OP e ciclos do Orçamento Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Figura 7. Parcela de investimentos executados, 1999-2006. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Figura 8. A política, o ciclo de gasto e fóruns de participação em Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Figura 9. Despesas operacionais do município de Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados
brasileiros, 1986–2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Figura 10. Receitas correntes em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros,
1986–2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Tabela 1. Participação do OP de acordo com a idade (porcento), 1995-2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Tabela 2. Conhecimento das regras e critérios do OP de acordo com o tempo da participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Tabela 3. Impactos sociais e fiscais em municípios que implementaram o OP antes e depos de 1996. . . . . . . . . . . . . . 11
Tabela 4. Impactos usando somente governos municipais que implementaram o OP antes de 1996 . . . . . . . . . . . . . . . 16
Tabela 5. Impactos usando governos municipais que implementaram o OP antes e depois de 1996 . . . . . . . . . . . . . . . 17
Tabela 6. Impactos no desempenho fiscal (IPTU/PIB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Tabela 7. Impactos no desempenho fiscal (gasto operacional/gasto corrente). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Tabelas:
Agradecimentos
ste estudo resulta de uma iniciativa
conjunta da Unidade de Desenvolvimento ESocial da Região da América Latina e do
Caribe (LCSSO) e do Departamento de
Desenvolvimento Social (SDV) do Banco Mundial.
A equipe responsável contou com o permanente
apoio e encorajamento de McDonald Benjamin
(Gerente Setorial, LCSSO), Steen Lau Jorgensen
(Diretor do setor, SDV) e Caroline Kende-Robb
(Gerente Setorial, SDV). A equipe gostaria de
agradecer também ao Fundo Japonês de
Consultoria pelo seu apoio financeiro.
A equipe deste relatório foi liderada por William
Reuben (Cientista Social Senior, LCSSO) e foi
composta por Andre Herzog (SDV), Tito Yepes
(Economista de Infraestrutura, LCSSD),
Alessandra Heinemann (LCSSO), Eri Watanabe
(LCSSO) e Irina Ghobrial (LCSSO), do Banco
Mundial. Um relatório de Marco Kamiya (PADECO,
Ltd.) serviu como base para o estudo. A equipe
que compilou o relatório base da PADECO foi
composta pelos consultores brasileiros Tarson
Núñez, Luciano Fedozzi, Milton André Stella, Ciro
Biderman, Glauco Peres da Silva, Itamar Spanhol,
Andrey Sgorla e Letícia Almeida. Peggy McInerny
editou o relatório e Flávia Carbonari foi
responsável pela produção dos relatórios
sumários.
O relatório se beneficiou amplamente da estreita
cooperação e apoio do prefeito José Fogaça e
sua equipe em Porto Alegre, incluindo os
Secretários Municipais Cézar Busatto, Clóvis
Magalhães, João Portella e Cristiano Tastch, bem
como a equipe do Observatório de Porto Alegre.
Finalmente, o relatório também se beneficiou do
retorno e de sugestões dos representantes do
Conselho do Orçamento Participativo (COP),
assim como do ex-prefeito de Porto Alegre, João
Verle, e da organização não-governamental
Cidade.
A equipe agradece as excelentes contribuições,
comentários e sugestões de McDonald Benjamin,
Mark Lundell (Líder de Setor, LCSSD), Darwin
Marcelo (Consultores, LCSSD), Fernando Blanco
(Economista, LCSPE) e John Nash (Economista
líder, LCSSD), assim como aos revisores deste
estudo: Ana Bellver (Especialista em Gestão do
Setor Público, LCSPS), Gianpaolo Baiocchi
(Professor, Universidade de Massachusetts), Rob
Chase (Líder Especialista em Desenvolvimento
Social, SDV) e Mila Freire (Assessora Senior, FEU).
Sugestões feitas por Ethan Weisman (Economista
Líder e Líder de Setor, LCC5C), Jennifer Sara
(Líder de Setor, LCSSD) e Deborah Wetzel (Líder
Especialista em Setor Público, LCSPS) no
Encontro Decisório contribuíram grandemente no
sentido de melhorar a qualidade deste relatório.
ii
Índice
i
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii
Antecedentes: um estudo sob demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Fundamentos conceituais e metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Principais resultados da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Como é a qualidade de participação no OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Como é a interface entre o OP e a administração fiscal do município? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Qual é a capacidade do OP de fiscalizar a execução do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Qual é a relação do OP com outras iniciativas de prestação de contas social? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Quais são os impactos sociais e fiscais do OP?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Principais recomendações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como aperfeiçoar a “qualidade de participação” no OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como fortalecer a interação entre o OP e a administração fiscal do município? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como aperfeiçoar a capacidade do OP de fiscalizar a execução do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Como estabelecer um sistema mais coerente de prestação de contas social na cidade,
melhorando a articulação entre os fóruns de governança participativa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Como aprimorar o entendimento dos impactos do OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Anexo: Análise econométrica detalhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figuras:
Figura 1. Ciclo do Orçamento Participativo em Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Figura 2. Relações de poder importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Figura 3. Número de participantes do OP, 1990-2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Figura 4. Tempo dedicado ao OP pelos conselheiros (porcento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Figura 5. Percepções do público sobre o OP por porcentagem da população, 2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Figura 6. Comparação do OP e ciclos do Orçamento Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Figura 7. Parcela de investimentos executados, 1999-2006. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Figura 8. A política, o ciclo de gasto e fóruns de participação em Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Figura 9. Despesas operacionais do município de Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados
brasileiros, 1986–2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Figura 10. Receitas correntes em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros,
1986–2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Tabela 1. Participação do OP de acordo com a idade (porcento), 1995-2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Tabela 2. Conhecimento das regras e critérios do OP de acordo com o tempo da participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Tabela 3. Impactos sociais e fiscais em municípios que implementaram o OP antes e depos de 1996. . . . . . . . . . . . . . 11
Tabela 4. Impactos usando somente governos municipais que implementaram o OP antes de 1996 . . . . . . . . . . . . . . . 16
Tabela 5. Impactos usando governos municipais que implementaram o OP antes e depois de 1996 . . . . . . . . . . . . . . . 17
Tabela 6. Impactos no desempenho fiscal (IPTU/PIB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Tabela 7. Impactos no desempenho fiscal (gasto operacional/gasto corrente). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Tabelas:
Agradecimentos
ste estudo resulta de uma iniciativa
conjunta da Unidade de Desenvolvimento ESocial da Região da América Latina e do
Caribe (LCSSO) e do Departamento de
Desenvolvimento Social (SDV) do Banco Mundial.
A equipe responsável contou com o permanente
apoio e encorajamento de McDonald Benjamin
(Gerente Setorial, LCSSO), Steen Lau Jorgensen
(Diretor do setor, SDV) e Caroline Kende-Robb
(Gerente Setorial, SDV). A equipe gostaria de
agradecer também ao Fundo Japonês de
Consultoria pelo seu apoio financeiro.
A equipe deste relatório foi liderada por William
Reuben (Cientista Social Senior, LCSSO) e foi
composta por Andre Herzog (SDV), Tito Yepes
(Economista de Infraestrutura, LCSSD),
Alessandra Heinemann (LCSSO), Eri Watanabe
(LCSSO) e Irina Ghobrial (LCSSO), do Banco
Mundial. Um relatório de Marco Kamiya (PADECO,
Ltd.) serviu como base para o estudo. A equipe
que compilou o relatório base da PADECO foi
composta pelos consultores brasileiros Tarson
Núñez, Luciano Fedozzi, Milton André Stella, Ciro
Biderman, Glauco Peres da Silva, Itamar Spanhol,
Andrey Sgorla e Letícia Almeida. Peggy McInerny
editou o relatório e Flávia Carbonari foi
responsável pela produção dos relatórios
sumários.
O relatório se beneficiou amplamente da estreita
cooperação e apoio do prefeito José Fogaça e
sua equipe em Porto Alegre, incluindo os
Secretários Municipais Cézar Busatto, Clóvis
Magalhães, João Portella e Cristiano Tastch, bem
como a equipe do Observatório de Porto Alegre.
Finalmente, o relatório também se beneficiou do
retorno e de sugestões dos representantes do
Conselho do Orçamento Participativo (COP),
assim como do ex-prefeito de Porto Alegre, João
Verle, e da organização não-governamental
Cidade.
A equipe agradece as excelentes contribuições,
comentários e sugestões de McDonald Benjamin,
Mark Lundell (Líder de Setor, LCSSD), Darwin
Marcelo (Consultores, LCSSD), Fernando Blanco
(Economista, LCSPE) e John Nash (Economista
líder, LCSSD), assim como aos revisores deste
estudo: Ana Bellver (Especialista em Gestão do
Setor Público, LCSPS), Gianpaolo Baiocchi
(Professor, Universidade de Massachusetts), Rob
Chase (Líder Especialista em Desenvolvimento
Social, SDV) e Mila Freire (Assessora Senior, FEU).
Sugestões feitas por Ethan Weisman (Economista
Líder e Líder de Setor, LCC5C), Jennifer Sara
(Líder de Setor, LCSSD) e Deborah Wetzel (Líder
Especialista em Setor Público, LCSPS) no
Encontro Decisório contribuíram grandemente no
sentido de melhorar a qualidade deste relatório.
ii
Índice
i
O governo municipal de Porto Alegre, capital do
Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, solicitou
apoio ao Banco Mundial para fortalecer o processo
de Orçamento Participativo (OP). Mais
especificamente, o governo municipal solicitou ao
Banco o enfoque em cinco questões básicas:
Como aperfeiçoar a “qualidade de participação” no
OP?
Como fortalecer a interface entre o OP e a
administração fiscal do município?
Como aperfeiçoar a capacidade do OP para fiscalizar
a execução do orçamento?
Como estabelecer um sistema de prestação de
contas social mais coerente na cidade, melhorando a
articulação entre o OP e os diferentes fóruns de
participação?
Qual é o impacto social e fiscal do OP?
Este relatório examina estes cinco desafios críticos que
o OP enfrenta atualmente e propõe recomendações
para superá-los.
O Orçamento Participativo é um processo pelo
qual os cidadãos e/ou organizações da sociedade
civil participam diretamente em diferentes fases da
preparação e fiscalização dos orçamentos
públicos. Os OPs variam no nível e tipo de
participação, bem como nos critérios técnicos e
instrumentos utilizados na alocação de recursos. Na
maior parte dos casos, o foco do Orçamento
Participativo está nas despesas e envolve a tomada de
decisões de forma participativa em planos anuais ou 1plurianuais do orçamento público .
O Orçamento Participativo ganhou reconhecimento
nacional e internacional graças à experiência de
Porto Alegre, que se tornou exemplo mundial de
governança local transparente e prestadora de
contas. Desde sua instituição na capital gaúcha, esse
mecanismo de participação popular espalhou-se pela
América Latina e pelo mundo, consagrando-se como
uma das mais bem-sucedidas ferramentas de boa
governança dos últimos 15 anos. Atualmente, o
Orçamento Participativo é praticado em
aproximadamente 200 municípios brasileiros e em
diversas cidades da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador, Guatemala, México, República Dominicana,
Uruguai e Venezuela. Em 2005, o Peru tornou-se o
primeiro País a institucionalizar um OP nacional.
n
n
n
n
n
Este estudo está baseado nos princípios
conceituais do Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial de 2004 do Banco Mundial, que identifica
a participação como um elemento central na
prática de prestação de contas social. Neste
relatório, participação é definida como o conjunto de
esforços por meio do qual os cidadãos expressam sua
voz, se engajam diretamente na administração ou
monitoramento de serviços públicos e/ou na prestação
de serviços públicos (Goetz 2003). Além disso, a voz é
um fator indispensável que equilibra as relações de
poder entre o governo, prestadores de serviço e
usuários (ver figura 2). Esse estudo considera que a
existência de fortes laços de responsabilidade entre o
cidadão e a classe dos políticos (por meio do exercício
da voz do cidadão) tem um impacto importante no laço
Figura 2. Relações de poder importantes
O Estado
Politicos Formuladoresde políticas
Voz
Via longa de prestação de contas
Não-pobres
Compacto
Serviço
Provedores
Figura 1. Ciclo do Orçamento Participativo em Porto Alegre
Orçamento Participativoem Porto Alegre
JulhoSetembro
investimentospropostos
Análise dos
Agosto SetembroVotação damatriz de
investimentos
OutubroDezembro
do plano deinvestimentos
Detalhamento
Novembro DezembroDiscussões
DezembroJaneiro
Discussões e eleição
FevereiroRecesso
Março/Abril
preparatóriasReuniões Segunda
metade deAbril/MaioRodada depriorização
MaioJulho
Assembléiastemáticas eregionais
Primeirametade de
JulhoAssembléiaMunicipal
Organizações
Linha
Cidadão/clientes
Pobres
Via curta
Poder do cliente
Antecedentes: um estudo sob demanda
O Orçamento Participativo nasceu em Porto
Alegre, a partir de um processo experimental e
consultivo dirigido pelo governo municipal e por
novos movimentos sociais no final dos anos 80.
Esse processo se iniciou nos primeiros anos de
redemocratização e descentralização no Brasil, após o
fim da ditadura militar em 1985. A Constituição de 1988
deu início a um processo de descentralização e
reformas tributárias que criaram espaço fiscal aos
governos municipais para a tomada de decisões sobre
investimentos públicos mais relevantes. Uma série de
instituições de governança participativa vem se
proliferando desde então no Brasil, com destaque para
Conselhos Municipais de políticas e entidades de
Orçamento Participativo. O OP foi introduzido no
município de Porto Alegre sob a administração do
Partido dos Trabalhadores (PT), numa coalizão com
movimentos sociais. Embora, inicialmente, cercado de
dificuldades devido a limitações fiscais, o OP de Porto
Alegre conseguiu superar estes desafios ao longo do
tempo, consolidando-se, progressivamente, até atingir
sua forma atual. Hoje, o OP é conduzido por uma nova
coalizão política liderada pelo Partido Popular Socialista
(PPS), que administra o município de Porto Alegre.
Possui, atualmente, uma metodologia complexa para
organizar a participação popular em uma cidade de
mais de 1.4 milhão de habitantes, bem como para
priorizar investimentos públicos com base em três
critérios principais: necessidades básicas não-
atendidas, população e preferências dos cidadãos. O
OP constitui um elemento dentro de um complexo
sistema de governança participativa existente em Porto
Alegre. A figura 1 apresenta o ciclo anual do orçamento
participativo em Porto Alegre.
21
Fundamentos conceituais e metodologiade responsabilidade entre o Estado e seus agentes
prestadores de serviços (o compacto).
O ato de expressar a voz é considerado a longa
rota para a obtenção de prestação de contas
(accountability) por envolver a tentativa dos cidadãos
de influenciar a prestação de serviços através do
Estado e de suas políticas sociais. O ato de expressar o
poder do cliente é considerado a rota curta para a
obtenção de prestação de contas porque os
beneficiários exercem influência e poder direto sobre os
serviços, afetando sua prestação sem passar pelo
Estado. Esse estudo enfoca, principalmente, a voz,
visto que o OP é um mecanismo de voz pelo qual o
cidadão entra em um processo participativo com o
objetivo de influenciar nas despesas públicas.
AdministraçãoColisões/Inclusões
OP
Assembléia Regional do OP - 2007/2008
Fo
to:
Ivo
Go
nça
lves
- P
MPA
1 Definição adotada pelo Social Accountability Sourcebook (Guia de Prestação de Contas Social) do Banco Mundial (http://ftp.worldbank.org/pub/dfgg/socacc.htm).
O governo municipal de Porto Alegre, capital do
Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, solicitou
apoio ao Banco Mundial para fortalecer o processo
de Orçamento Participativo (OP). Mais
especificamente, o governo municipal solicitou ao
Banco o enfoque em cinco questões básicas:
Como aperfeiçoar a “qualidade de participação” no
OP?
Como fortalecer a interface entre o OP e a
administração fiscal do município?
Como aperfeiçoar a capacidade do OP para fiscalizar
a execução do orçamento?
Como estabelecer um sistema de prestação de
contas social mais coerente na cidade, melhorando a
articulação entre o OP e os diferentes fóruns de
participação?
Qual é o impacto social e fiscal do OP?
Este relatório examina estes cinco desafios críticos que
o OP enfrenta atualmente e propõe recomendações
para superá-los.
O Orçamento Participativo é um processo pelo
qual os cidadãos e/ou organizações da sociedade
civil participam diretamente em diferentes fases da
preparação e fiscalização dos orçamentos
públicos. Os OPs variam no nível e tipo de
participação, bem como nos critérios técnicos e
instrumentos utilizados na alocação de recursos. Na
maior parte dos casos, o foco do Orçamento
Participativo está nas despesas e envolve a tomada de
decisões de forma participativa em planos anuais ou 1plurianuais do orçamento público .
O Orçamento Participativo ganhou reconhecimento
nacional e internacional graças à experiência de
Porto Alegre, que se tornou exemplo mundial de
governança local transparente e prestadora de
contas. Desde sua instituição na capital gaúcha, esse
mecanismo de participação popular espalhou-se pela
América Latina e pelo mundo, consagrando-se como
uma das mais bem-sucedidas ferramentas de boa
governança dos últimos 15 anos. Atualmente, o
Orçamento Participativo é praticado em
aproximadamente 200 municípios brasileiros e em
diversas cidades da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador, Guatemala, México, República Dominicana,
Uruguai e Venezuela. Em 2005, o Peru tornou-se o
primeiro País a institucionalizar um OP nacional.
n
n
n
n
n
Este estudo está baseado nos princípios
conceituais do Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial de 2004 do Banco Mundial, que identifica
a participação como um elemento central na
prática de prestação de contas social. Neste
relatório, participação é definida como o conjunto de
esforços por meio do qual os cidadãos expressam sua
voz, se engajam diretamente na administração ou
monitoramento de serviços públicos e/ou na prestação
de serviços públicos (Goetz 2003). Além disso, a voz é
um fator indispensável que equilibra as relações de
poder entre o governo, prestadores de serviço e
usuários (ver figura 2). Esse estudo considera que a
existência de fortes laços de responsabilidade entre o
cidadão e a classe dos políticos (por meio do exercício
da voz do cidadão) tem um impacto importante no laço
Figura 2. Relações de poder importantes
O Estado
Politicos Formuladoresde políticas
Voz
Via longa de prestação de contas
Não-pobres
Compacto
Serviço
Provedores
Figura 1. Ciclo do Orçamento Participativo em Porto Alegre
Orçamento Participativoem Porto Alegre
JulhoSetembro
investimentospropostos
Análise dos
Agosto SetembroVotação damatriz de
investimentos
OutubroDezembro
do plano deinvestimentos
Detalhamento
Novembro DezembroDiscussões
DezembroJaneiro
Discussões e eleição
FevereiroRecesso
Março/Abril
preparatóriasReuniões Segunda
metade deAbril/MaioRodada depriorização
MaioJulho
Assembléiastemáticas eregionais
Primeirametade de
JulhoAssembléiaMunicipal
Organizações
Linha
Cidadão/clientes
Pobres
Via curta
Poder do cliente
Antecedentes: um estudo sob demanda
O Orçamento Participativo nasceu em Porto
Alegre, a partir de um processo experimental e
consultivo dirigido pelo governo municipal e por
novos movimentos sociais no final dos anos 80.
Esse processo se iniciou nos primeiros anos de
redemocratização e descentralização no Brasil, após o
fim da ditadura militar em 1985. A Constituição de 1988
deu início a um processo de descentralização e
reformas tributárias que criaram espaço fiscal aos
governos municipais para a tomada de decisões sobre
investimentos públicos mais relevantes. Uma série de
instituições de governança participativa vem se
proliferando desde então no Brasil, com destaque para
Conselhos Municipais de políticas e entidades de
Orçamento Participativo. O OP foi introduzido no
município de Porto Alegre sob a administração do
Partido dos Trabalhadores (PT), numa coalizão com
movimentos sociais. Embora, inicialmente, cercado de
dificuldades devido a limitações fiscais, o OP de Porto
Alegre conseguiu superar estes desafios ao longo do
tempo, consolidando-se, progressivamente, até atingir
sua forma atual. Hoje, o OP é conduzido por uma nova
coalizão política liderada pelo Partido Popular Socialista
(PPS), que administra o município de Porto Alegre.
Possui, atualmente, uma metodologia complexa para
organizar a participação popular em uma cidade de
mais de 1.4 milhão de habitantes, bem como para
priorizar investimentos públicos com base em três
critérios principais: necessidades básicas não-
atendidas, população e preferências dos cidadãos. O
OP constitui um elemento dentro de um complexo
sistema de governança participativa existente em Porto
Alegre. A figura 1 apresenta o ciclo anual do orçamento
participativo em Porto Alegre.
21
Fundamentos conceituais e metodologiade responsabilidade entre o Estado e seus agentes
prestadores de serviços (o compacto).
O ato de expressar a voz é considerado a longa
rota para a obtenção de prestação de contas
(accountability) por envolver a tentativa dos cidadãos
de influenciar a prestação de serviços através do
Estado e de suas políticas sociais. O ato de expressar o
poder do cliente é considerado a rota curta para a
obtenção de prestação de contas porque os
beneficiários exercem influência e poder direto sobre os
serviços, afetando sua prestação sem passar pelo
Estado. Esse estudo enfoca, principalmente, a voz,
visto que o OP é um mecanismo de voz pelo qual o
cidadão entra em um processo participativo com o
objetivo de influenciar nas despesas públicas.
AdministraçãoColisões/Inclusões
OP
Assembléia Regional do OP - 2007/2008
Fo
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Ivo
Go
nça
lves
- P
MPA
1 Definição adotada pelo Social Accountability Sourcebook (Guia de Prestação de Contas Social) do Banco Mundial (http://ftp.worldbank.org/pub/dfgg/socacc.htm).
Mecanismos de participação (como o OP) também
podem romper equilíbrios ineficientes na estrutura
do Estado e, potencialmente, propiciar ganhos de
eficiência em termos de resultados fiscais e sociais.
A idéia por trás desse argumento é a de que o OP pode
contribuir para melhorar as receitas municipais porque
cidadãos que têm voz ativa, no que se refere a decisões
orçamentárias, estarão mais propensos a pagar os
impostos locais. Uma suposição semelhante é a de que
a participação dos pobres produz re-alocações mais
eficientes dos gastos públicos, o que governos não con-
seguiriam identificar sem “perguntar diretamente” a seus
cidadãos.
No contexto dos mecanismos para prestação de
contas social e voz do cidadão, o OP contribui para
a formulação do orçamento público. Sua eficácia
dependerá da qualidade de voz do cidadão. Se a voz
dos cidadãos não for representativa ou for mal-
informada, não fará uma contribuição positiva para a
melhoria da efetividade da prestação de contas e do
desenvolvimento. Esse estudo examina o OP em Porto
Alegre como mecanismo de articulação de voz e procu-
ra avaliar a sua contribuição para uma prestação de
contas mais eficiente e uma melhor governança durante
o ciclo de despesas públicas. A abordagem utilizada
identifica três dimensões de análise da qualidade da voz
no OP de Porto Alegre: inclusão, que considera a quanti-
dade de atores sociais que participa do processo, anali-
sando as barreiras, incentivos e custos para a participa-
ção de certos grupos; legitimidade, que enfatiza os
aspectos de confiança, credibilidade e justiça do pro-
cesso do OP; e informação, que analisa o acesso dos
cidadãos a informações atuais, relevantes e confiáveis
para participar de forma construtiva do processo do OP.
O êxito da prestação de contas de todos os mecanis-
mos participativos depende, no entanto, de um conjunto
de condições capazes de propiciar um ambiente favorá-
vel ao engajamento cívico.
A capacidade da voz do cidadão em influenciar
processos de decisão e impactar resultados de
desenvolvimento depende, também, de fatores de
economia política mais amplos e da inserção no
esquema de governança existente. Acemoglu, Ticchi e
Vindigni (2006) mostram, por exemplo, que em certas
circunstâncias, ao optar por uma estrutura de Estado
ineficaz, os ricos podem valer-se de apadrinhamento e
apropriar-se de políticas democráticas. Isto lhes permite
reduzir a quantia de redistribuição e a prestação de bens
públicos na democracia. Além disso, o Estado ineficaz 2 Para saber mais sobre participação no OP, ver Fedozzi (2007).
No entanto, certos grupos sociais encontram
barreiras ou falta de estímulos para participar.
Mulheres e grupos de baixa renda apresentam altos
percentuais de representação. Minorias étnicas e
portadores de deficiência também são bem
representados. Contudo, alguns grupos sociais não
participam com a mesma intensidade devido a barreiras
de participação e falta de incentivo. Grupos sub-
representados incluem os extremamente pobres,
jovens, grupos de renda média a alta, bem como certos
grupos profissionais, tais como empresários. Exigências
de tempo, linguagem, baixo nível de escolaridade e um
limitado entendimento do processo do OP são algumas
das barreiras à participação, especialmente em
instâncias mais elevadas de representação. Para os
muito pobres, o tempo e o custo despendidos na
participação são muito altos. Grupos com maior renda
sentem-se desestimulados a participar porque,
segundo eles, o OP tem como foco principal atender
demandas de infra-estrutura dos pobres, e porque a
participação requer tempo.
Há uma relativa supra-representatividade de
pessoas mais velhas entre os participantes do OP.
Essa supra-representatividade é ainda mais significativa
quando analisada a faixa etária de delegados e
Como é a qualidade de participação no OP?
A participação do OP é expressiva em Porto Alegre.
Cerca de um quinto da população relata ter participado
do OP em algum ponto de suas vidas. O número de
participantes cresceu rapidamente nos primeiros anos
cria sua própria constituição, o que o ajuda a persistir por
algum tempo. Quando os pobres chegam ao poder na
democracia, seu estímulo é reformar a estrutura do
Estado para torná-lo mais eficiente, de forma que mais
impostos possam ser arrecadados a um custo menor,
com fatias de renda menores para os burocratas.
Baseando-se nestes fundamentos e supondo que a
participação no processo do OP no Brasil seja voltada
aos pobres, é possível esperar um governo mais eficaz e
maior distribuição de renda. A não ser, é claro, que
outros grupos se apropriem do processo participativo.
Quando há uma mudança na balança do poder, o
incentivo para a nova coligação é o de produzir
resultados sociais através da reforma da estrutura
do Estado para torná-lo mais eficiente em termos de
coleta de impostos, alocação orçamentária e da
redução da renda pública capturada por burocratas.
Esses esforços normalmente encontram enorme resistên-
cia por parte do eleitorado da coligação anterior, inclusive
do aparato burocrático. Mecanismos participativos como
o OP podem produzir ganhos em eficiência, produzindo
resultados fiscais e sociais positivos e contribuindo para
o fortalecimento do aprendizado cívico. De acordo com
Williamson (1979), em tais circunstâncias, mecanismos
como esses podem se tornar ferramentas eficientes na
ruptura do equilíbrio existente e, potencialmente, contri-
buir para melhores resultados fiscais e sociais.
A metodologia deste relatório baseia-se em traba-
lhos recentes sobre prestação de contas social e
governança e enfoca cinco dimensões principais do
OP: (i) o processo participativo e as condições que
determinam a qualidade e inclusão da voz dos cidadãos;
(ii) a interface de baixo pra cima entre o OP e a adminis-
tração fiscal; (iii) a capacidade de cima para baixo do OP
como mecanismo de fiscalização na execução do orça-
mento; (iv) os limites e potencial do OP dentro de um
sistema mais amplo de prestação de contas social e
governabilidade participativa; e, finalmente, (v) seus
impactos sociais e fiscais. O relatório combina métodos
qualitativos e quantitativos, incluindo modelos economé-
tricos, análise de dados, pesquisas representativas de
domicílios de Porto Alegre, entrevistas semi-estruturadas,
grupos focais organizados, um exame dos orçamentos
anuais da cidade e pautas das reuniões do OP em que
são decididos os investimentos em obras públicas. Este
estudo foi beneficiado por um processo interativo de
diálogo com os principais parceiros que participaram
desde a fase inicial até a apresentação dos resultados da
pesquisa.
3 4
Principais resultados da pesquisade sua implementação, mas, recentemente, começou a
cair e estabilizou-se em torno de 11.000 participantes
por ano (ver figura 3). Apesar dessa recente queda, o
envolvimento ainda expressivo de um grande número
de cidadãos no orçamento público revela um interesse 2dos cidadãos na participação .
conselheiros: pessoas entre 50 anos ou mais
representam quase a metade de membros eleitos do
conselho (43,96 porcento). Conseqüentemente, a sub-
representatividade da população jovem entre
delegados e conselheiros é ainda mais crítica. Como se
pode verificar na tabela 1, apenas 1,7 porcento dos
jovens entre 16–25 anos de idade foram eleitos
conselheiros e apenas 8,1 porcento delegados, entre
1995 e 2005.
Figura 3. Número de participantes do OP, 1990-2006
Evolução do número de participantes no OP 1990 a 2006
0 2000 4000
6000 8000
10000
12000 14000
16000 18000
20000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Total Número departicipantes OP
Reunião do Conselho do Orçamento Participativo - 27/11/2007
Fo
to:
Ric
ard
o G
iust
i - P
MPA
Mecanismos de participação (como o OP) também
podem romper equilíbrios ineficientes na estrutura
do Estado e, potencialmente, propiciar ganhos de
eficiência em termos de resultados fiscais e sociais.
A idéia por trás desse argumento é a de que o OP pode
contribuir para melhorar as receitas municipais porque
cidadãos que têm voz ativa, no que se refere a decisões
orçamentárias, estarão mais propensos a pagar os
impostos locais. Uma suposição semelhante é a de que
a participação dos pobres produz re-alocações mais
eficientes dos gastos públicos, o que governos não con-
seguiriam identificar sem “perguntar diretamente” a seus
cidadãos.
No contexto dos mecanismos para prestação de
contas social e voz do cidadão, o OP contribui para
a formulação do orçamento público. Sua eficácia
dependerá da qualidade de voz do cidadão. Se a voz
dos cidadãos não for representativa ou for mal-
informada, não fará uma contribuição positiva para a
melhoria da efetividade da prestação de contas e do
desenvolvimento. Esse estudo examina o OP em Porto
Alegre como mecanismo de articulação de voz e procu-
ra avaliar a sua contribuição para uma prestação de
contas mais eficiente e uma melhor governança durante
o ciclo de despesas públicas. A abordagem utilizada
identifica três dimensões de análise da qualidade da voz
no OP de Porto Alegre: inclusão, que considera a quanti-
dade de atores sociais que participa do processo, anali-
sando as barreiras, incentivos e custos para a participa-
ção de certos grupos; legitimidade, que enfatiza os
aspectos de confiança, credibilidade e justiça do pro-
cesso do OP; e informação, que analisa o acesso dos
cidadãos a informações atuais, relevantes e confiáveis
para participar de forma construtiva do processo do OP.
O êxito da prestação de contas de todos os mecanis-
mos participativos depende, no entanto, de um conjunto
de condições capazes de propiciar um ambiente favorá-
vel ao engajamento cívico.
A capacidade da voz do cidadão em influenciar
processos de decisão e impactar resultados de
desenvolvimento depende, também, de fatores de
economia política mais amplos e da inserção no
esquema de governança existente. Acemoglu, Ticchi e
Vindigni (2006) mostram, por exemplo, que em certas
circunstâncias, ao optar por uma estrutura de Estado
ineficaz, os ricos podem valer-se de apadrinhamento e
apropriar-se de políticas democráticas. Isto lhes permite
reduzir a quantia de redistribuição e a prestação de bens
públicos na democracia. Além disso, o Estado ineficaz 2 Para saber mais sobre participação no OP, ver Fedozzi (2007).
No entanto, certos grupos sociais encontram
barreiras ou falta de estímulos para participar.
Mulheres e grupos de baixa renda apresentam altos
percentuais de representação. Minorias étnicas e
portadores de deficiência também são bem
representados. Contudo, alguns grupos sociais não
participam com a mesma intensidade devido a barreiras
de participação e falta de incentivo. Grupos sub-
representados incluem os extremamente pobres,
jovens, grupos de renda média a alta, bem como certos
grupos profissionais, tais como empresários. Exigências
de tempo, linguagem, baixo nível de escolaridade e um
limitado entendimento do processo do OP são algumas
das barreiras à participação, especialmente em
instâncias mais elevadas de representação. Para os
muito pobres, o tempo e o custo despendidos na
participação são muito altos. Grupos com maior renda
sentem-se desestimulados a participar porque,
segundo eles, o OP tem como foco principal atender
demandas de infra-estrutura dos pobres, e porque a
participação requer tempo.
Há uma relativa supra-representatividade de
pessoas mais velhas entre os participantes do OP.
Essa supra-representatividade é ainda mais significativa
quando analisada a faixa etária de delegados e
Como é a qualidade de participação no OP?
A participação do OP é expressiva em Porto Alegre.
Cerca de um quinto da população relata ter participado
do OP em algum ponto de suas vidas. O número de
participantes cresceu rapidamente nos primeiros anos
cria sua própria constituição, o que o ajuda a persistir por
algum tempo. Quando os pobres chegam ao poder na
democracia, seu estímulo é reformar a estrutura do
Estado para torná-lo mais eficiente, de forma que mais
impostos possam ser arrecadados a um custo menor,
com fatias de renda menores para os burocratas.
Baseando-se nestes fundamentos e supondo que a
participação no processo do OP no Brasil seja voltada
aos pobres, é possível esperar um governo mais eficaz e
maior distribuição de renda. A não ser, é claro, que
outros grupos se apropriem do processo participativo.
Quando há uma mudança na balança do poder, o
incentivo para a nova coligação é o de produzir
resultados sociais através da reforma da estrutura
do Estado para torná-lo mais eficiente em termos de
coleta de impostos, alocação orçamentária e da
redução da renda pública capturada por burocratas.
Esses esforços normalmente encontram enorme resistên-
cia por parte do eleitorado da coligação anterior, inclusive
do aparato burocrático. Mecanismos participativos como
o OP podem produzir ganhos em eficiência, produzindo
resultados fiscais e sociais positivos e contribuindo para
o fortalecimento do aprendizado cívico. De acordo com
Williamson (1979), em tais circunstâncias, mecanismos
como esses podem se tornar ferramentas eficientes na
ruptura do equilíbrio existente e, potencialmente, contri-
buir para melhores resultados fiscais e sociais.
A metodologia deste relatório baseia-se em traba-
lhos recentes sobre prestação de contas social e
governança e enfoca cinco dimensões principais do
OP: (i) o processo participativo e as condições que
determinam a qualidade e inclusão da voz dos cidadãos;
(ii) a interface de baixo pra cima entre o OP e a adminis-
tração fiscal; (iii) a capacidade de cima para baixo do OP
como mecanismo de fiscalização na execução do orça-
mento; (iv) os limites e potencial do OP dentro de um
sistema mais amplo de prestação de contas social e
governabilidade participativa; e, finalmente, (v) seus
impactos sociais e fiscais. O relatório combina métodos
qualitativos e quantitativos, incluindo modelos economé-
tricos, análise de dados, pesquisas representativas de
domicílios de Porto Alegre, entrevistas semi-estruturadas,
grupos focais organizados, um exame dos orçamentos
anuais da cidade e pautas das reuniões do OP em que
são decididos os investimentos em obras públicas. Este
estudo foi beneficiado por um processo interativo de
diálogo com os principais parceiros que participaram
desde a fase inicial até a apresentação dos resultados da
pesquisa.
3 4
Principais resultados da pesquisade sua implementação, mas, recentemente, começou a
cair e estabilizou-se em torno de 11.000 participantes
por ano (ver figura 3). Apesar dessa recente queda, o
envolvimento ainda expressivo de um grande número
de cidadãos no orçamento público revela um interesse 2dos cidadãos na participação .
conselheiros: pessoas entre 50 anos ou mais
representam quase a metade de membros eleitos do
conselho (43,96 porcento). Conseqüentemente, a sub-
representatividade da população jovem entre
delegados e conselheiros é ainda mais crítica. Como se
pode verificar na tabela 1, apenas 1,7 porcento dos
jovens entre 16–25 anos de idade foram eleitos
conselheiros e apenas 8,1 porcento delegados, entre
1995 e 2005.
Figura 3. Número de participantes do OP, 1990-2006
Evolução do número de participantes no OP 1990 a 2006
0 2000 4000
6000 8000
10000
12000 14000
16000 18000
20000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Total Número departicipantes OP
Reunião do Conselho do Orçamento Participativo - 27/11/2007
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i - P
MPA
Tabela 1. Participação do OP de acordo com a idade, 1995-2005 (porcento)
O fator tempo é uma razão para a supra-
representatividade de cidadãos mais velhos, espe-
cialmente entre conselheiros e delegados. Uma
pesquisa entre 44 conselheiros e ex-conselheiros mos-
trou que a participação no OP demanda tempo. A maio-
ria dos delegados dedica entre 4 a 8 horas por semana
para o OP, e 21,4 porcento despendem mais de 12
horas por semana. O tempo exigido para a participação
no OP, especialmente em níveis mais altos de represen-
tatividade, é provavelmente uma barreira à participação
para grupos sub-representados, como os jovens e pes-
soas de meia idade empregados em turno integral.
O OP goza de credibilidade entre seus
participantes e a população de Porto Alegre como
um todo. De acordo com a pesquisa, a percepção do
público em geral é de que o OP é uma conquista muito
importante da cidade de Porto Alegre — ajuda a
fortalecer a democracia, aumenta a eficiência do
governo, é voltado à população mais carente e melhora
a qualidade de vida da cidade (ver figura 5). Como era
de se esperar, essa percepção é ainda mais positiva
entre os participantes do OP. Mesmo questões
controversas sobre percepções públicas do OP
receberam respostas favoráveis. Declarações
colocando o OP como uma “prática demagógica,” por
exemplo, alcançaram um percentual relativamente baixo
nas pesquisas, com somente 16.18 porcento dos
entrevistados declarando-se total ou parcialmente de
acordo com isto.
Figura 5. Percepções do público sobre o OP por porcentagem da população, 2006
5 6
2005
Idade
1995 1998 2000 2002
Membros doConselho (2005)
Delegados(2005)
16 a 25
15.8 17.3 17.6 19.5 19.0 1.7 8.1 24.3
26 a 33 19.1 15.1 16.4 17.4 15.0 6.0 8.3 15.9
34 a 41 23.0 22.7 20.4 19.9 16.7 12.9 19.3 16.7
42 a 49 18.8 19.4 18.6 18.6 21.7 35.3 26.9 13.8
50 ou +
(para 2002)
22.4 25.2 25.9 24.5 19.0 34.5 26.9 14.6
60+ (2005)
- - 8.6 9.5 10.5 14.7
N/R2 0.9 0.3 1.1 0.1 0.0 -
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Fedozzi (2007).
24%
41%
13%
22%
Figura 4. Tempo dedicado ao OP por conselheiros %
Até 4 horas por semana
Entre 4 e 8 horas por semana
Entre 8 e 12 horas por semana
Mais do que 12 horas por semana
2 N/R: Não respondeu.
0 20 40 60 80 100 %
53.6 30.11
51.71 29.16
56.91 28.57
57.26 26.68
65.88
23.61 É muito importante
Amplia a democracia
Aumenta a eficiência do governo
A favor dos pobres
Melhora a qualidade de vida
concorda totalmente concorda mais ou menos
Fonte: Pesquisa realizada por este estudo, 2006.
Apesar da percepção positiva do público, é impres-
cindível lidar com importantes desafios que perma-
necem no processo de prestação de contas do OP.
Há, por exemplo, um desequilibrado campo de atuação
para os participantes do OP na delegação em níveis mais
altos de representação. Participantes com mais anos de
experiência, disponibilidade de tempo e conhecimento
das complexas regras de procedimento do OP têm mais
probabilidades de serem eleitos como delegados regio-
nais e conselheiros, o que tem levado a baixos níveis de
rotatividade entre os delegados. Além disso, os mecanis-
mos de informação entre delegados e suas bases não
são sistemáticos e carecem de registros. O predomínio
de uma cultura verbal entre os constituintes do OP, o que
demanda e gera menos precisão, e o fato de que o OP é
em si mesmo percebido como um ganho na prestação
de contas ao público, podem explicar o desencontro
existente entre a credibilidade do OP e as falhas a respei-
to de sua prestação de contas interna.
Apesar de gozar de altos índices de participação e
credibilidade, a análise da influência do OP na
administração fiscal gera resultados variáveis. Por
um lado, o OP em Porto Alegre não levou a uma aloca-
ção medíocre de recursos ou fragmentação de investi-
mentos. A distribuição de recursos nos últimos doze
anos de implementação do OP mostra uma gradual
redução das quantias alocadas para demandas regio-
nais, indicando que o OP tem privilegiado, gradualmen-
te, demandas temáticas, embora nos últimos dois anos
a parcela de demandas regionais tenha crescido. Em
outras palavras, o processo do OP tem alocado recur-
sos cada vez maiores no sentido de atender as necessi-
dades estratégicas da cidade como um todo. Em rela-
ção ao risco da fragmentação de investimentos, imposto
Como é a interface entre o OP e a
administração fiscal do município?
por pressões regionais para alocar recursos para finan-
ciar pequenas obras públicas, o OP também apresenta
um desempenho muito bom: embora o número de
demandas para pequenos investimentos tenha cresci-
do, isto não afetou a parcela total de recursos alocados
para suprir tais demandas. Por outro lado, não há pro-
vas de que o OP tenha desempenhado um papel positi-
vo na contribuição para um equilíbrio fiscal em Porto
Alegre. Não há ligação direta entre política e comporta-
mento fiscais em Porto Alegre e o OP. Em diferentes
ocasiões, as previsões de gastos e receitas não coinci-
diram com os valores reais. Esse desequilíbrio fiscal tem
sido geralmente coberto pela criação de déficits corren-
tes ou pela postergação de investimentos de capital.
Inconsistências entre os ciclos do OP em Porto
Alegre e do orçamento municipal também têm contri-
buído para a elaboração de planos de investimentos,
que carecem de informações precisas sobre a distri-
buição de recursos. A figura 6 mostra como os ciclos do
OP e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se sobre-
põem, revelando um desencontro entre os cronogramas
para a priorização do orçamento do OP e a preparação
das diretrizes do orçamento municipal anual. A priorização
das obras públicas no OP começa no princípio de maio e
vai até julho. Nesse meio tempo, a LDO é elaborada pelo
braço Executivo do governo municipal entre julho e agosto,
e então submetida à Câmara de Vereadores em 15 de
agosto. O resultado é que o timing dos dois processos
não é completamente sincronizado, e etapas importantes
no processo do OP são concluídas sem informações pre-
cisas sobre a previsão do orçamento (ver boxes em azul
na figura 6). Conseqüentemente, diminui a capacidade do
governo municipal de executar os investimentos planeja-
dos dentro do cronograma traçado. Estas inconsistências
criam graves riscos à credibilidade do OP, gerando des-
confiança entre os participantes quanto à capacidade real
do OP de influenciar os investimentos municipais.
- -
--
População(IBGE 2000)
Anúncio da construção da escola municipal de ensino fundamental Rincão,demanda do OP 2001 - 31/10/2007
Fo
to:
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nça
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MPA
Tabela 1. Participação do OP de acordo com a idade, 1995-2005 (porcento)
O fator tempo é uma razão para a supra-
representatividade de cidadãos mais velhos, espe-
cialmente entre conselheiros e delegados. Uma
pesquisa entre 44 conselheiros e ex-conselheiros mos-
trou que a participação no OP demanda tempo. A maio-
ria dos delegados dedica entre 4 a 8 horas por semana
para o OP, e 21,4 porcento despendem mais de 12
horas por semana. O tempo exigido para a participação
no OP, especialmente em níveis mais altos de represen-
tatividade, é provavelmente uma barreira à participação
para grupos sub-representados, como os jovens e pes-
soas de meia idade empregados em turno integral.
O OP goza de credibilidade entre seus
participantes e a população de Porto Alegre como
um todo. De acordo com a pesquisa, a percepção do
público em geral é de que o OP é uma conquista muito
importante da cidade de Porto Alegre — ajuda a
fortalecer a democracia, aumenta a eficiência do
governo, é voltado à população mais carente e melhora
a qualidade de vida da cidade (ver figura 5). Como era
de se esperar, essa percepção é ainda mais positiva
entre os participantes do OP. Mesmo questões
controversas sobre percepções públicas do OP
receberam respostas favoráveis. Declarações
colocando o OP como uma “prática demagógica,” por
exemplo, alcançaram um percentual relativamente baixo
nas pesquisas, com somente 16.18 porcento dos
entrevistados declarando-se total ou parcialmente de
acordo com isto.
Figura 5. Percepções do público sobre o OP por porcentagem da população, 2006
5 6
2005
Idade
1995 1998 2000 2002
Membros doConselho (2005)
Delegados(2005)
16 a 25
15.8 17.3 17.6 19.5 19.0 1.7 8.1 24.3
26 a 33 19.1 15.1 16.4 17.4 15.0 6.0 8.3 15.9
34 a 41 23.0 22.7 20.4 19.9 16.7 12.9 19.3 16.7
42 a 49 18.8 19.4 18.6 18.6 21.7 35.3 26.9 13.8
50 ou +
(para 2002)
22.4 25.2 25.9 24.5 19.0 34.5 26.9 14.6
60+ (2005)
- - 8.6 9.5 10.5 14.7
N/R2 0.9 0.3 1.1 0.1 0.0 -
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Fedozzi (2007).
24%
41%
13%
22%
Figura 4. Tempo dedicado ao OP por conselheiros %
Até 4 horas por semana
Entre 4 e 8 horas por semana
Entre 8 e 12 horas por semana
Mais do que 12 horas por semana
2 N/R: Não respondeu.
0 20 40 60 80 100 %
53.6 30.11
51.71 29.16
56.91 28.57
57.26 26.68
65.88
23.61 É muito importante
Amplia a democracia
Aumenta a eficiência do governo
A favor dos pobres
Melhora a qualidade de vida
concorda totalmente concorda mais ou menos
Fonte: Pesquisa realizada por este estudo, 2006.
Apesar da percepção positiva do público, é impres-
cindível lidar com importantes desafios que perma-
necem no processo de prestação de contas do OP.
Há, por exemplo, um desequilibrado campo de atuação
para os participantes do OP na delegação em níveis mais
altos de representação. Participantes com mais anos de
experiência, disponibilidade de tempo e conhecimento
das complexas regras de procedimento do OP têm mais
probabilidades de serem eleitos como delegados regio-
nais e conselheiros, o que tem levado a baixos níveis de
rotatividade entre os delegados. Além disso, os mecanis-
mos de informação entre delegados e suas bases não
são sistemáticos e carecem de registros. O predomínio
de uma cultura verbal entre os constituintes do OP, o que
demanda e gera menos precisão, e o fato de que o OP é
em si mesmo percebido como um ganho na prestação
de contas ao público, podem explicar o desencontro
existente entre a credibilidade do OP e as falhas a respei-
to de sua prestação de contas interna.
Apesar de gozar de altos índices de participação e
credibilidade, a análise da influência do OP na
administração fiscal gera resultados variáveis. Por
um lado, o OP em Porto Alegre não levou a uma aloca-
ção medíocre de recursos ou fragmentação de investi-
mentos. A distribuição de recursos nos últimos doze
anos de implementação do OP mostra uma gradual
redução das quantias alocadas para demandas regio-
nais, indicando que o OP tem privilegiado, gradualmen-
te, demandas temáticas, embora nos últimos dois anos
a parcela de demandas regionais tenha crescido. Em
outras palavras, o processo do OP tem alocado recur-
sos cada vez maiores no sentido de atender as necessi-
dades estratégicas da cidade como um todo. Em rela-
ção ao risco da fragmentação de investimentos, imposto
Como é a interface entre o OP e a
administração fiscal do município?
por pressões regionais para alocar recursos para finan-
ciar pequenas obras públicas, o OP também apresenta
um desempenho muito bom: embora o número de
demandas para pequenos investimentos tenha cresci-
do, isto não afetou a parcela total de recursos alocados
para suprir tais demandas. Por outro lado, não há pro-
vas de que o OP tenha desempenhado um papel positi-
vo na contribuição para um equilíbrio fiscal em Porto
Alegre. Não há ligação direta entre política e comporta-
mento fiscais em Porto Alegre e o OP. Em diferentes
ocasiões, as previsões de gastos e receitas não coinci-
diram com os valores reais. Esse desequilíbrio fiscal tem
sido geralmente coberto pela criação de déficits corren-
tes ou pela postergação de investimentos de capital.
Inconsistências entre os ciclos do OP em Porto
Alegre e do orçamento municipal também têm contri-
buído para a elaboração de planos de investimentos,
que carecem de informações precisas sobre a distri-
buição de recursos. A figura 6 mostra como os ciclos do
OP e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se sobre-
põem, revelando um desencontro entre os cronogramas
para a priorização do orçamento do OP e a preparação
das diretrizes do orçamento municipal anual. A priorização
das obras públicas no OP começa no princípio de maio e
vai até julho. Nesse meio tempo, a LDO é elaborada pelo
braço Executivo do governo municipal entre julho e agosto,
e então submetida à Câmara de Vereadores em 15 de
agosto. O resultado é que o timing dos dois processos
não é completamente sincronizado, e etapas importantes
no processo do OP são concluídas sem informações pre-
cisas sobre a previsão do orçamento (ver boxes em azul
na figura 6). Conseqüentemente, diminui a capacidade do
governo municipal de executar os investimentos planeja-
dos dentro do cronograma traçado. Estas inconsistências
criam graves riscos à credibilidade do OP, gerando des-
confiança entre os participantes quanto à capacidade real
do OP de influenciar os investimentos municipais.
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População(IBGE 2000)
Anúncio da construção da escola municipal de ensino fundamental Rincão,demanda do OP 2001 - 31/10/2007
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Figura 7. Parcela de investimentos executados, 1999-2006
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
%
O debate sobre o Orçamento Participativo tem-se
centrado, principalmente, no papel da voz dos cida-
dãos na tomada de decisão sobre o orçamento,
não na vigilância pública sobre os gastos do gover-
no nem na entrega de bens e serviços. Uma análise
das pautas das reuniões chave do Conselho do
Orçamento Participativo (COP) mostrou que ele não tem
feito uma avaliação consistente das políticas fiscais e
decisões municipais, particularmente em momentos
críticos. Este comportamento do COP pode ser atribuí-
do à ausência de uma motivação de seus membros em
priorizar esta discussão sobre seu interesse em assegu-
rar que as demandas de sua comunidade sejam incluí-
das no Plano de Investimentos. Outra possibilidade
seria a falta de qualificação e informação de seus mem-
bros para proceder este tipo de análise, uma vez que a
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a Lei
Orçamentária Anual (LOA) e o Plano Plurianual (PPA)
requerem certos conhecimentos técnicos que o cidadão
comum pode não possuir.
MARÇO/ ABRILReuniões de articulação
e preparação; integração dos fóruns de
delegados e fóruns de planejamento;
apresentação do Plano de Investimentos e do
Regimento Interno.
Segunda quinzenaABRIL/MAIO
Rodada de assembléias: eleição das prioridades
temáticas e dos conselheiros.
MAIO/JUNHO/JULHO
Regiões, Temáticas e Fóruns Municipais de
Servidores; eleição dos delegados;
hierarquização das obras e serviços.
Primeira quinzenaJULHO
Assembléia Municipal
FEVEREIRORecesso
JULHO/ AGOSTO/ SETEMBRO
Análise das demandas.
AGOSTO/ SETEMBRO
Discussão e votação da matriz orçamentária e
início da distribuição de recursos para as regiões
e temáticas no COP.
OUTUBRO/ DEZEMBRODetalhamento do Plano de Investimentos e Serviços; finalização das distribuições de
recursos; apresentação e votação das propostas.
NOVEMBRO/ DEZEMBRODiscussão das alterações ao
Regimento Interno, critérios gerais, técnicos e regionais.
DEZEMBRO/ JANEIRO
Discussão e votação do Regimento Interno,
critérios gerais, técnicos e regionais.
Sanção da LOA pelo prefeito –
15 de dezembro.
Data de envio da LOA para a Câmara de Vereadores –
15 de outubro.
Sanção da LDO pelo prefeito –
10 de outubro.
Data de envio da LDO para a
Câmara de Vereadores – 15 de agosto.
Figura 6. Comparação do OP e ciclos do Orçamento Municipal
7 8
A falta de informações pode levar ou ao excesso
ou ao corte de demandas a serem incluídas na
proposta do Plano de Investimentos. De fato, o OP
trabalha com estimativas de receita baseadas em anos
anteriores, fazendo correções diante da taxa esperada
de crescimento econômico, arrecadação de impostos e
operações de crédito, sendo que todos estes itens
foram superestimados. O desencontro entre as datas
da priorização do OP e o processo orçamentário é
atualmente uma das principais preocupações dos
servidores da Secretaria Municipal da Fazenda.
Outro resultado da pesquisa que gera
preocupações está relacionado à contínua e
significativa queda do percentual do Plano de
Investimentos (PI) que foi implementado. Esse
percentual determina, de maneira geral, se os
investimentos orçados foram efetivamente concluídos
dentro do cronograma previsto e se todas as demandas
incluídas no PI foram efetivamente executadas.
Enquanto entre 1990 e 1999 aproximadamente 90
porcento dos projetos do PI foram concluídos antes da
data prevista, desde o ano de 2000 este percentual tem
ficado abaixo dos 70 porcento, apresentando,
sucessivamente, significativas quedas (ver figura 7). A
taxa dos investimentos executados caiu ainda mais em
2005 e 2006. Entretanto, nesses últimos dois anos um
considerável número de projetos foi classificado como
“em andamento”. Isso significa que eles ainda estão
dentro do cronograma previsto para conclusão e não
podem ser considerados como incompletos. Além
disso, é importante destacar que obras públicas
priorizadas pelo OP que não são encerradas dentro do
planejado, normalmente são incluídas no próximo ciclo
orçamentário. Isto implica demora na conclusão das
obras, mas não, necessariamente, o seu abandono.
Qual é a capacidade do OP de fiscalizar
a execução do orçamento?
Existe, certamente, uma oportunidade para
aumentar a contribuição do OP sobre o gasto
responsável do dinheiro público em diversas
instâncias de governo. Embora o OP em Porto Alegre
tenha contribuído para um maior entendimento das
necessidades de gastos públicos voltados aos mais
carentes, ele não tem cumprido seu potencial de
aperfeiçoar a compreensibilidade do orçamento e tem
dado atenção insuficiente à fiscalização do orçamento.
Os participantes do OP consideram-se geralmente mal
informados sobre o orçamento, particularmente em
relação à aquisição e execução de obras públicas.
Apenas uma minoria (4-8 porcento) das pessoas
entrevistadas afirmaram estar bem informadas (ver
tabela 2).
Conhecimento das regras
e critérios de trabalho do OP 1 ano 2 para 4 anos 5 para 7 anos 8 anos ou mais
n 22 98 94 153 Maioria das regras
% 11.1 25.9 47.7 64.0
n 66 144 60 58 Somente algumas
% 33.2 38.0 30.5 24.3
n 46 81 30 23 Poucas
% 23.1 21.4 15.2 9.6
n 65 56 13 5 Não sabe
% 32.7 14.8 6.6 2.1
n 199 379 197 239 Total
% 100 100 100 100
Tempo de Participação no OP
Tabela 2. Conhecimento das regras e critérios do OP de acordo com o tempo da participação
Fonte: Pesquisa de Opinião Pública (2007).Posse dos conselheiros do Orçamento Participativo - 27/7/2007
Fo
to:
Lu
cia
no
La
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MPA
Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Figura 7. Parcela de investimentos executados, 1999-2006
0%
10%
20%
30%
40%
50%
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90%
100%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
%
O debate sobre o Orçamento Participativo tem-se
centrado, principalmente, no papel da voz dos cida-
dãos na tomada de decisão sobre o orçamento,
não na vigilância pública sobre os gastos do gover-
no nem na entrega de bens e serviços. Uma análise
das pautas das reuniões chave do Conselho do
Orçamento Participativo (COP) mostrou que ele não tem
feito uma avaliação consistente das políticas fiscais e
decisões municipais, particularmente em momentos
críticos. Este comportamento do COP pode ser atribuí-
do à ausência de uma motivação de seus membros em
priorizar esta discussão sobre seu interesse em assegu-
rar que as demandas de sua comunidade sejam incluí-
das no Plano de Investimentos. Outra possibilidade
seria a falta de qualificação e informação de seus mem-
bros para proceder este tipo de análise, uma vez que a
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a Lei
Orçamentária Anual (LOA) e o Plano Plurianual (PPA)
requerem certos conhecimentos técnicos que o cidadão
comum pode não possuir.
MARÇO/ ABRILReuniões de articulação
e preparação; integração dos fóruns de
delegados e fóruns de planejamento;
apresentação do Plano de Investimentos e do
Regimento Interno.
Segunda quinzenaABRIL/MAIO
Rodada de assembléias: eleição das prioridades
temáticas e dos conselheiros.
MAIO/JUNHO/JULHO
Regiões, Temáticas e Fóruns Municipais de
Servidores; eleição dos delegados;
hierarquização das obras e serviços.
Primeira quinzenaJULHO
Assembléia Municipal
FEVEREIRORecesso
JULHO/ AGOSTO/ SETEMBRO
Análise das demandas.
AGOSTO/ SETEMBRO
Discussão e votação da matriz orçamentária e
início da distribuição de recursos para as regiões
e temáticas no COP.
OUTUBRO/ DEZEMBRODetalhamento do Plano de Investimentos e Serviços; finalização das distribuições de
recursos; apresentação e votação das propostas.
NOVEMBRO/ DEZEMBRODiscussão das alterações ao
Regimento Interno, critérios gerais, técnicos e regionais.
DEZEMBRO/ JANEIRO
Discussão e votação do Regimento Interno,
critérios gerais, técnicos e regionais.
Sanção da LOA pelo prefeito –
15 de dezembro.
Data de envio da LOA para a Câmara de Vereadores –
15 de outubro.
Sanção da LDO pelo prefeito –
10 de outubro.
Data de envio da LDO para a
Câmara de Vereadores – 15 de agosto.
Figura 6. Comparação do OP e ciclos do Orçamento Municipal
7 8
A falta de informações pode levar ou ao excesso
ou ao corte de demandas a serem incluídas na
proposta do Plano de Investimentos. De fato, o OP
trabalha com estimativas de receita baseadas em anos
anteriores, fazendo correções diante da taxa esperada
de crescimento econômico, arrecadação de impostos e
operações de crédito, sendo que todos estes itens
foram superestimados. O desencontro entre as datas
da priorização do OP e o processo orçamentário é
atualmente uma das principais preocupações dos
servidores da Secretaria Municipal da Fazenda.
Outro resultado da pesquisa que gera
preocupações está relacionado à contínua e
significativa queda do percentual do Plano de
Investimentos (PI) que foi implementado. Esse
percentual determina, de maneira geral, se os
investimentos orçados foram efetivamente concluídos
dentro do cronograma previsto e se todas as demandas
incluídas no PI foram efetivamente executadas.
Enquanto entre 1990 e 1999 aproximadamente 90
porcento dos projetos do PI foram concluídos antes da
data prevista, desde o ano de 2000 este percentual tem
ficado abaixo dos 70 porcento, apresentando,
sucessivamente, significativas quedas (ver figura 7). A
taxa dos investimentos executados caiu ainda mais em
2005 e 2006. Entretanto, nesses últimos dois anos um
considerável número de projetos foi classificado como
“em andamento”. Isso significa que eles ainda estão
dentro do cronograma previsto para conclusão e não
podem ser considerados como incompletos. Além
disso, é importante destacar que obras públicas
priorizadas pelo OP que não são encerradas dentro do
planejado, normalmente são incluídas no próximo ciclo
orçamentário. Isto implica demora na conclusão das
obras, mas não, necessariamente, o seu abandono.
Qual é a capacidade do OP de fiscalizar
a execução do orçamento?
Existe, certamente, uma oportunidade para
aumentar a contribuição do OP sobre o gasto
responsável do dinheiro público em diversas
instâncias de governo. Embora o OP em Porto Alegre
tenha contribuído para um maior entendimento das
necessidades de gastos públicos voltados aos mais
carentes, ele não tem cumprido seu potencial de
aperfeiçoar a compreensibilidade do orçamento e tem
dado atenção insuficiente à fiscalização do orçamento.
Os participantes do OP consideram-se geralmente mal
informados sobre o orçamento, particularmente em
relação à aquisição e execução de obras públicas.
Apenas uma minoria (4-8 porcento) das pessoas
entrevistadas afirmaram estar bem informadas (ver
tabela 2).
Conhecimento das regras
e critérios de trabalho do OP 1 ano 2 para 4 anos 5 para 7 anos 8 anos ou mais
n 22 98 94 153 Maioria das regras
% 11.1 25.9 47.7 64.0
n 66 144 60 58 Somente algumas
% 33.2 38.0 30.5 24.3
n 46 81 30 23 Poucas
% 23.1 21.4 15.2 9.6
n 65 56 13 5 Não sabe
% 32.7 14.8 6.6 2.1
n 199 379 197 239 Total
% 100 100 100 100
Tempo de Participação no OP
Tabela 2. Conhecimento das regras e critérios do OP de acordo com o tempo da participação
Fonte: Pesquisa de Opinião Pública (2007).Posse dos conselheiros do Orçamento Participativo - 27/7/2007
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Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre
9 10
Embora o OP formalmente permita aos cidadãos
fiscalizar a execução do Plano de Investimentos, a
fiscalização ocorre de forma ad-hoc. O governo muni-
cipal oferece condições favoráveis para a fiscalização do
orçamento: adota vários processos de prestação de
contas, possui um sofisticado sistema de informatização
e fornece informação atualizada sobre o planejamento
do orçamento, gastos públicos, programas do governo
local e dados sócio-econômicos em seu site. No entan-
to, os cidadãos de Porto Alegre não dispõem de oportu-
nidades sistemáticas para dar seu retorno sobre a pres-
tação de serviços. Embora a qualidade dos serviços seja
debatida em diversos espaços participativos do municí-
pio, incluindo o OP, estes debates não são amparados
por dados ou por um retorno confiável e sistemático aos
usuários sobre o acesso, uso, qualidade e prestação de
vários serviços municipais. A maioria das informações
sobre o desempenho do OP se dá através da mídia sob
formatos inadequados e de modo casual. Há pouco ou
nenhum fluxo de informações entre delegados regionais
(ou nos próprios fóruns regionais) e suas respectivas
comunidades. A falta de atenção à execução do orça-
mento municipal pode ter contribuído indiretamente à
atual situação do OP, que apresenta vários investimentos
não estão sendo executados de forma distinta de como
haviam sido planejados.
Embora o Orçamento Participativo em Porto Alegre
Qual é a relação do OP com outras
iniciativas de prestação de contas social?
seja, provavelmente, o mecanismo mais conhecido
de participação direta no Brasil, ele existe dentro de
um complexo sistema de governo participativo 3local. Assim como diversas outras cidades, Porto Alegre
conta com múltiplas esferas de interação entre o governo
local e a sociedade civil. Cada uma dessas esferas é de
uma natureza em particular, abrangendo desde a expres-
são da voz do cidadão na legislação, planejamento urba-
no e orçamento até a co-produção de bens e serviços
públicos. Contudo, a análise indica claramente que Porto
Alegre não tem um sistema coerente de governo local
em termos de participação e prestação de contas social.
Apesar da cidade ter sido pioneira no aprofunda-
mento da democracia em nível local, ela própria tam-
bém acabou criando uma série de espaços inefica-
zes. Duplicação de papéis, competição e tensões reais
existem em vários fóruns de participação em Porto
Alegre. Esses espaços devem ser articulados de forma
coerente para criar um sistema de participação e contro-
le social que possa traduzir-se em participação e media-
ção no alcance de resultados. Há também algumas
importantes lacunas funcionais na atual constelação de
espaços participativos, tais como o cálculo de receita e
despesa, revisão das alocações e fiscalização e avalia-
ção de desempenho, como mostra a figura 8. Portanto,
apesar de o OP ter se tornado uma prática vibrante e sóli-
da de governança participativa, há espaço para melhori-
as nesse sistema, e também em outras esferas de parti-
cipação popular existentes na cidade.
Figura 8. A política, o ciclo de gasto e fóruns de participação em Porto Alegre
3 Para uma análise detalhada sobre a evolução da participaçãopopular em Porto Alegre, ver Baiocchi (2005).
Congresso da Cidade
Conselhos Municipais
Fóruns de Planejamento
Orçamento Participativo
Falta de um marco geral para articular as diferentes instituições sociedade civil – governança local
1
Planejamentodo orçamento
Aquisição
Auditoriapública
Execuçãodo orçamento
Formulação de política
É importante reconhecer, portanto, as limitações do
OP em viabilizar a prestação de contas do governo
municipal em relação à execução do orçamento e à
qualidade da prestação de serviços. Desde sua
criação, o principal objetivo do OP tem sido a inclusão
do retorno do cidadão na formulação do orçamento. Ao
longo do tempo – e como resultado de seu êxito e
permanência, mas também como resposta à necessida-
de de entender e fiscalizar o orçamento municipal – o OP
desenvolveu certa capacidade de fiscalizar a execução
dos investimentos priorizados, bem como a execução de
obras públicas. Contudo, tais capacidades são limitadas
e deveriam ser fortalecidas.
A análise econométrica conduzida para este estudo
isolou os impactos fiscais e sociais do OP para
estabelecer se estes são de fato causados pelo
Orçamento Participativo. A análise compara governos
municipais do País que adotaram OP com um grupo de
governos municipais que não adotaram o OP e que
possuíam oportunidades compatíveis para reduzir os
índices de pobreza, melhorar a prestação de serviços
públicos e a performance fiscal antes do advento do OP.
A análise atenta para o fato de que na maioria dos
governos municipais em que o OP foi implementado, o
Partido dos Trabalhadores (PT) foi um ator político chave,
seja por estar administrando a prefeitura ou por ser a
segunda força política mais importante da cidade. Neste
sentido, esse estudo investiga se os impactos estimados
foram resultados do OP e não o resultado do mesmo
processo político que levou o PT ao poder. Portanto, a
análise é capaz de determinar se foi o OP, e não o
processo político que desencadeou o OP, que produziu
os impactos.
Resultados iniciais da análise econométrica
sugerem que Orçamento Participativo pode ter
impactado na redução dos índices de pobreza nos
governos municipais onde foi implementado por
mais de uma década. Vale a pena observar que este
impacto sobre a pobreza ocorreu apesar da redução do
PIB per capita nestes governos municipais, sugerindo
que o OP pode contribuir para um impacto redistributivo
no longo prazo. Parece, também, que o impacto no
acesso à água tratada e saneamento básico é positivo
para todos os governos municipais que adotaram o OP.
Quais são os impactos sociais e fiscais do OP?
Por outro lado, o estudo não indica impactos
positivos consistentes no desempenho fiscal. A
segunda hipótese testou o impacto do OP no desempe-
nho fiscal supondo que, ao dar aos cidadãos o poder de
influência sobre decisões de alocação, haverá uma
maior transparência na utilização dos recursos do orça-
mento público e um aumento no grau de conhecimento
do cidadão em relação ao orçamento público. Entretanto,
não foi possível constatar um impacto consistente do OP
no desempenho fiscal dos municípios. Quando mensura-
do pela proporção de investimento para gastos
correntes, o impacto do OP no desempenho fiscal pare-
ceu ser negativo (ou seja,contrário ao esperado). A ausên-
cia de resultados positivos associados ao OP na
performance fiscal de Porto Alegre pode ser explicada
pela ênfase dada pelo OP à alocação de investimentos de
capital e pela fraca relação do OP com outras
decisões da administração fiscal.
A tabela 3 resume o sinal e a significância dos coefi-
cientes que medem o impacto do OP em variáveis
sociais e fiscais. De maneira geral, os impactos foram
extremamente significativos em municípios que haviam
implementado o OP antes de 1996 e, portanto, já utiliza-
vam o mecanismo há mais tempo. Impactos positivos em
variáveis sociais também foram bastante sigificativos para
essas municipalidades. Por outro lado, os impactos fiscais
são significativos a um nível mais baixo de confiança. No
caso das municipalidades que implementaram OP antes
de 1996, o impacto fiscal apresenta um sinal oposto ao
esperado. (Para uma análise detalhada do estudo econo-
métrico sobre os impactos sociais e fiscais do OP, ver
Anexo).
POLÍTICA &CICLO DE GASTO
SOCIEDADE CIVIL - GOVERNO LOCAL
Ausente
Assembléia do OP, região Norte - 25/05/2007
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MPA
9 10
Embora o OP formalmente permita aos cidadãos
fiscalizar a execução do Plano de Investimentos, a
fiscalização ocorre de forma ad-hoc. O governo muni-
cipal oferece condições favoráveis para a fiscalização do
orçamento: adota vários processos de prestação de
contas, possui um sofisticado sistema de informatização
e fornece informação atualizada sobre o planejamento
do orçamento, gastos públicos, programas do governo
local e dados sócio-econômicos em seu site. No entan-
to, os cidadãos de Porto Alegre não dispõem de oportu-
nidades sistemáticas para dar seu retorno sobre a pres-
tação de serviços. Embora a qualidade dos serviços seja
debatida em diversos espaços participativos do municí-
pio, incluindo o OP, estes debates não são amparados
por dados ou por um retorno confiável e sistemático aos
usuários sobre o acesso, uso, qualidade e prestação de
vários serviços municipais. A maioria das informações
sobre o desempenho do OP se dá através da mídia sob
formatos inadequados e de modo casual. Há pouco ou
nenhum fluxo de informações entre delegados regionais
(ou nos próprios fóruns regionais) e suas respectivas
comunidades. A falta de atenção à execução do orça-
mento municipal pode ter contribuído indiretamente à
atual situação do OP, que apresenta vários investimentos
não estão sendo executados de forma distinta de como
haviam sido planejados.
Embora o Orçamento Participativo em Porto Alegre
Qual é a relação do OP com outras
iniciativas de prestação de contas social?
seja, provavelmente, o mecanismo mais conhecido
de participação direta no Brasil, ele existe dentro de
um complexo sistema de governo participativo 3local. Assim como diversas outras cidades, Porto Alegre
conta com múltiplas esferas de interação entre o governo
local e a sociedade civil. Cada uma dessas esferas é de
uma natureza em particular, abrangendo desde a expres-
são da voz do cidadão na legislação, planejamento urba-
no e orçamento até a co-produção de bens e serviços
públicos. Contudo, a análise indica claramente que Porto
Alegre não tem um sistema coerente de governo local
em termos de participação e prestação de contas social.
Apesar da cidade ter sido pioneira no aprofunda-
mento da democracia em nível local, ela própria tam-
bém acabou criando uma série de espaços inefica-
zes. Duplicação de papéis, competição e tensões reais
existem em vários fóruns de participação em Porto
Alegre. Esses espaços devem ser articulados de forma
coerente para criar um sistema de participação e contro-
le social que possa traduzir-se em participação e media-
ção no alcance de resultados. Há também algumas
importantes lacunas funcionais na atual constelação de
espaços participativos, tais como o cálculo de receita e
despesa, revisão das alocações e fiscalização e avalia-
ção de desempenho, como mostra a figura 8. Portanto,
apesar de o OP ter se tornado uma prática vibrante e sóli-
da de governança participativa, há espaço para melhori-
as nesse sistema, e também em outras esferas de parti-
cipação popular existentes na cidade.
Figura 8. A política, o ciclo de gasto e fóruns de participação em Porto Alegre
3 Para uma análise detalhada sobre a evolução da participaçãopopular em Porto Alegre, ver Baiocchi (2005).
Congresso da Cidade
Conselhos Municipais
Fóruns de Planejamento
Orçamento Participativo
Falta de um marco geral para articular as diferentes instituições sociedade civil – governança local
1
Planejamentodo orçamento
Aquisição
Auditoriapública
Execuçãodo orçamento
Formulação de política
É importante reconhecer, portanto, as limitações do
OP em viabilizar a prestação de contas do governo
municipal em relação à execução do orçamento e à
qualidade da prestação de serviços. Desde sua
criação, o principal objetivo do OP tem sido a inclusão
do retorno do cidadão na formulação do orçamento. Ao
longo do tempo – e como resultado de seu êxito e
permanência, mas também como resposta à necessida-
de de entender e fiscalizar o orçamento municipal – o OP
desenvolveu certa capacidade de fiscalizar a execução
dos investimentos priorizados, bem como a execução de
obras públicas. Contudo, tais capacidades são limitadas
e deveriam ser fortalecidas.
A análise econométrica conduzida para este estudo
isolou os impactos fiscais e sociais do OP para
estabelecer se estes são de fato causados pelo
Orçamento Participativo. A análise compara governos
municipais do País que adotaram OP com um grupo de
governos municipais que não adotaram o OP e que
possuíam oportunidades compatíveis para reduzir os
índices de pobreza, melhorar a prestação de serviços
públicos e a performance fiscal antes do advento do OP.
A análise atenta para o fato de que na maioria dos
governos municipais em que o OP foi implementado, o
Partido dos Trabalhadores (PT) foi um ator político chave,
seja por estar administrando a prefeitura ou por ser a
segunda força política mais importante da cidade. Neste
sentido, esse estudo investiga se os impactos estimados
foram resultados do OP e não o resultado do mesmo
processo político que levou o PT ao poder. Portanto, a
análise é capaz de determinar se foi o OP, e não o
processo político que desencadeou o OP, que produziu
os impactos.
Resultados iniciais da análise econométrica
sugerem que Orçamento Participativo pode ter
impactado na redução dos índices de pobreza nos
governos municipais onde foi implementado por
mais de uma década. Vale a pena observar que este
impacto sobre a pobreza ocorreu apesar da redução do
PIB per capita nestes governos municipais, sugerindo
que o OP pode contribuir para um impacto redistributivo
no longo prazo. Parece, também, que o impacto no
acesso à água tratada e saneamento básico é positivo
para todos os governos municipais que adotaram o OP.
Quais são os impactos sociais e fiscais do OP?
Por outro lado, o estudo não indica impactos
positivos consistentes no desempenho fiscal. A
segunda hipótese testou o impacto do OP no desempe-
nho fiscal supondo que, ao dar aos cidadãos o poder de
influência sobre decisões de alocação, haverá uma
maior transparência na utilização dos recursos do orça-
mento público e um aumento no grau de conhecimento
do cidadão em relação ao orçamento público. Entretanto,
não foi possível constatar um impacto consistente do OP
no desempenho fiscal dos municípios. Quando mensura-
do pela proporção de investimento para gastos
correntes, o impacto do OP no desempenho fiscal pare-
ceu ser negativo (ou seja,contrário ao esperado). A ausên-
cia de resultados positivos associados ao OP na
performance fiscal de Porto Alegre pode ser explicada
pela ênfase dada pelo OP à alocação de investimentos de
capital e pela fraca relação do OP com outras
decisões da administração fiscal.
A tabela 3 resume o sinal e a significância dos coefi-
cientes que medem o impacto do OP em variáveis
sociais e fiscais. De maneira geral, os impactos foram
extremamente significativos em municípios que haviam
implementado o OP antes de 1996 e, portanto, já utiliza-
vam o mecanismo há mais tempo. Impactos positivos em
variáveis sociais também foram bastante sigificativos para
essas municipalidades. Por outro lado, os impactos fiscais
são significativos a um nível mais baixo de confiança. No
caso das municipalidades que implementaram OP antes
de 1996, o impacto fiscal apresenta um sinal oposto ao
esperado. (Para uma análise detalhada do estudo econo-
métrico sobre os impactos sociais e fiscais do OP, ver
Anexo).
POLÍTICA &CICLO DE GASTO
SOCIEDADE CIVIL - GOVERNO LOCAL
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Assembléia do OP, região Norte - 25/05/2007
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Tabela 3. Impactos sociais e fiscais em municípios que implementaram o OP antes e depois de 1996
11 12
Impactos sociais Impactos fiscais
-++++
+ + +
Significativo em 99% Significativo em 95% Não Significativo
Impacto Positivo Impacto Negativo
Legenda:
O estudo traz também uma análise econométrica
mais simplificada com resultados específicos
sobre o caso de Porto Alegre, seguindo a mesma
lógica de comparação de grupos de tratamento e
controle. Essa análise compara Porto Alegre com
todas as outras capitais de Estados brasileiros e com
todas as capitais que não possuem OP. Com base nos
dados disponíveis, não foi possível concluir que as
condições de vida em Porto Alegre melhoraram mais do
que em outras cidades. Com relação à performance
fiscal, os resultados indicam ser improvável que o atual
problema fiscal da cidade esteja de fato relacionado ao
OP. A análise sugere uma maior probabilidade de Porto
Alegre ter aumentado seus gastos operacionais depois
de 1996 por alguma outra razão, e ter sido incapaz de
resolver essa questão mesmo com o aumento (relativo)
das receitas, observado a partir do ano 2000 (ver
figuras 9 e 10).
Figura 9. Despesas operacionais do município em Porto Alegree controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros, 1986–2004
(b) Capitais de Estados sem OP
200
400
600
800
1000
1985
1990
1995
2000
2005
ano
Unidade tratada Grupo de controle
0
200
400
600
800
1200
(a) Todas as capitais de Estados
1985
1990
1995
2000
2005
ano
Unidade tratada Grupo de controle
Redução dapobreza
Acesso à água encanada
Acesso a melhoressistemas de
esgoto
Arrecadação deimpostos
sobre imóveis
Investimentos/gastos
operacionais
Impacto se o OPfoi implementado
antes de 1996
Impacto se o OPfoi implementadodepois de 1996
Figura 10. Receitas correntes em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estadosbrasileiros, 1986–2004
0
500
1000
1500
2000
1985
1990
1995
2000
2005
ano
Unidade tratada Grupo de controle
(a) Todas as capitais de Estados
200
400
600
800
1000
ano
Unidade tratada Grupo de controle
(b) Capitais de Estados sem OP
1985
1990
1995
2000
2005
Conclusões
As descobertas acima contribuem para a
identificação dos potenciais e das limitações do
OP. As descobertas sobre impactos do OP no
desempenho fiscal e nos índices de pobreza no Brasil
sugerem que o OP é um mecanismo participativo que
tem forte potencial para impactos distributivos voltados
aos grupos mais carentes, capazes de levar à redução
da pobreza no longo prazo. Sua capacidade de exercer
impacto positivo no desempenho fiscal é menos
evidente. Esta aparente limitação do OP tem
importantes conseqüências para a sustentabilidade dos
investimentos voltados às camadas mais
desfavorecidas da população. Os resultados da análise
de impactos confirmam os resultados gerais desse
estudo: o OP em Porto Alegre constitui uma via
representativa e confiável da voz do cidadão para os
pobres influírem na alocação de investimentos públicos,
mas tem limitações para melhorar o desempenho fiscal.
O desencontro de ciclos entre o OP e o orçamento
municipal e um alcance estreito do OP nas alocações
de investimento impedem a melhoria da
compreensibilidade e prestação de contas do
orçamento, bem como a melhoria da qualidade dos
gastos além da alocação de investimentos,
arrecadação de receita e o desempenho fiscal e
prestação dos serviços em Porto Alegre.
Assembléia do OP 2007/2008 da região Leste - 01/06/2007
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Assembléia do OP 2007/2008 da região Cristal - 23/05/2007
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Tabela 3. Impactos sociais e fiscais em municípios que implementaram o OP antes e depois de 1996
11 12
Impactos sociais Impactos fiscais
-++++
+ + +
Significativo em 99% Significativo em 95% Não Significativo
Impacto Positivo Impacto Negativo
Legenda:
O estudo traz também uma análise econométrica
mais simplificada com resultados específicos
sobre o caso de Porto Alegre, seguindo a mesma
lógica de comparação de grupos de tratamento e
controle. Essa análise compara Porto Alegre com
todas as outras capitais de Estados brasileiros e com
todas as capitais que não possuem OP. Com base nos
dados disponíveis, não foi possível concluir que as
condições de vida em Porto Alegre melhoraram mais do
que em outras cidades. Com relação à performance
fiscal, os resultados indicam ser improvável que o atual
problema fiscal da cidade esteja de fato relacionado ao
OP. A análise sugere uma maior probabilidade de Porto
Alegre ter aumentado seus gastos operacionais depois
de 1996 por alguma outra razão, e ter sido incapaz de
resolver essa questão mesmo com o aumento (relativo)
das receitas, observado a partir do ano 2000 (ver
figuras 9 e 10).
Figura 9. Despesas operacionais do município em Porto Alegree controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros, 1986–2004
(b) Capitais de Estados sem OP
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ano
Unidade tratada Grupo de controle
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(a) Todas as capitais de Estados
1985
1990
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ano
Unidade tratada Grupo de controle
Redução dapobreza
Acesso à água encanada
Acesso a melhoressistemas de
esgoto
Arrecadação deimpostos
sobre imóveis
Investimentos/gastos
operacionais
Impacto se o OPfoi implementado
antes de 1996
Impacto se o OPfoi implementadodepois de 1996
Figura 10. Receitas correntes em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estadosbrasileiros, 1986–2004
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2000
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Unidade tratada Grupo de controle
(a) Todas as capitais de Estados
200
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600
800
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ano
Unidade tratada Grupo de controle
(b) Capitais de Estados sem OP
1985
1990
1995
2000
2005
Conclusões
As descobertas acima contribuem para a
identificação dos potenciais e das limitações do
OP. As descobertas sobre impactos do OP no
desempenho fiscal e nos índices de pobreza no Brasil
sugerem que o OP é um mecanismo participativo que
tem forte potencial para impactos distributivos voltados
aos grupos mais carentes, capazes de levar à redução
da pobreza no longo prazo. Sua capacidade de exercer
impacto positivo no desempenho fiscal é menos
evidente. Esta aparente limitação do OP tem
importantes conseqüências para a sustentabilidade dos
investimentos voltados às camadas mais
desfavorecidas da população. Os resultados da análise
de impactos confirmam os resultados gerais desse
estudo: o OP em Porto Alegre constitui uma via
representativa e confiável da voz do cidadão para os
pobres influírem na alocação de investimentos públicos,
mas tem limitações para melhorar o desempenho fiscal.
O desencontro de ciclos entre o OP e o orçamento
municipal e um alcance estreito do OP nas alocações
de investimento impedem a melhoria da
compreensibilidade e prestação de contas do
orçamento, bem como a melhoria da qualidade dos
gastos além da alocação de investimentos,
arrecadação de receita e o desempenho fiscal e
prestação dos serviços em Porto Alegre.
Assembléia do OP 2007/2008 da região Leste - 01/06/2007
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Assembléia do OP 2007/2008 da região Cristal - 23/05/2007
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Mudanças e melhorias na metodologia do OP
podem ajudar a superar algumas de suas
limitações. Ainda assim, os limites estruturais do OP
devem ser admitidos pelos atores sociais e autoridades
municipais. Há outros mecanismos de participação que
são mais adequados para aperfeiçoar a prestação de
contas em certas fases do ciclo de gastos públicos, tais
como conselhos setoriais para gerir políticas setoriais
contabilizáveis e a prestação de serviços. As seguintes
recomendações visam contribuir para o
aperfeiçoamento do desempenho e impactos do OP em
Porto Alegre, ao mesmo tempo em que propõem
medidas específicas para envolver outras organizações
e mecanismos no estabelecimento de um sistema de
prestação de contas social, no qual o OP cumpre um
papel de destaque.
Criar estímulos e remover barreiras para tornar o
OP mais inclusivo é um desafio crítico. Medidas
para encaminhar estes desafios poderiam incluir a
expansão do foco do OP a tópicos de importância
estratégica para a cidade como um todo, incluindo
fiscalização orçamentária, receitas e gastos correntes
municipais que afetam o espaço para investimentos do
OP e que atrairiam o interesse da classe média e de
grupos profissionais, como empresários. Além disso, a
participação poderia ser mais adequada no sentido de
atrair aqueles que atualmente não participam, por
exemplo, ao promover votações online em prioridades
de investimento disponíveis ou, re-embolsando os
custos financeiros da participação no caso dos grupos
mais carentes (por exemplo, o custo de passagens de
ônibus para participantes abaixo de certos níveis de
renda). Melhorar a eficiência das reuniões do conselho
do OP, ao reformular os procedimentos das reuniões,
pouparia tempo aos participantes. Finalmente, melhorar
Como aperfeiçoar a “qualidade
de participação” no OP?
13 14
Principais recomendaçõeso treinamento e a educação dos participantes é
essencial para consolidar integralmente os benefícios
potenciais do OP como mecanismo que auxilia o
cidadão a entender o processo do orçamento
municipal. Necessidades de treinamento deveriam ser
identificadas a cada nível de participação (como
delegados e conselheiros) e para cada fase do ciclo do
OP como parte integral do processo do OP.
Tornar a representatividade do OP mais legítima e
contabilizável é fundamental para preservar sua
credibilidade. Simplificar as regras de procedimento
do OP e torná-las mais acessíveis aos seus
participantes nivelaria o campo de atuação entre os
participantes e evitaria uma concentração do
conhecimento das regras nas mãos de poucos
representantes do OP. Além disso, estabelecer diretrizes
e formatos simples para apresentações dos
conselheiros e delegados melhoraria o sistema de
relato aos constituintes e a prestação de contas de
cima para baixo.
Ajustar o cronograma do processo de priorização
do OP e o ciclo municipal do orçamento é
fundamental. Colocar o ciclo do OP um mês à frente
para assegurar consistência com a Lei Orgânica do
governo municipal traria melhores resultados em termos
de qualidade de informação disponível durante o
processo de priorização e, conseqüentemente,
melhoraria a eficácia das demandas do OP. Uma
solução alternativa seria assegurar que o Executivo do
governo municipal forneça uma estimativa de receita
razoavelmente precisa no período para o qual as
demandas de investimento do OP estão sendo
priorizadas. Entre maio e julho, cada região e setor
deveriam então receber uma estimativa mais precisa
Como fortalecer a interação entre o OP e a
administração fiscal do município?
dos limites orçados para gastos de capital no ano
seguinte.
A articulação entre a administração fiscal do
município e o OP poderia ser ainda mais
aprimorada com a expansão para dois anos do
ciclo do OP no caso de obras públicas complexas,
mantendo um cronograma anual para os investimentos
do OP passíveis de execução em menor período de
tempo. Esta medida aumentaria a capacidade dos
participantes do OP se engajarem na fiscalização das
obras públicas ao reduzir a pressão de tempo gerada
pelo atual ciclo anual. Ainda assim, deve-se admitir que
uma possível mudança no sentido de um OP bianual é
uma redução da interface entre a população e o
governo local.
Introduzir um mecanismo no ciclo do OP que
permita ajustes no Plano de Investimentos durante
a execução do orçamento evitaria o acúmulo de
investimentos defasados nos casos de inesperada
queda de receita. Esta medida pode ser
complementada com ações que fortaleçam a
capacidade municipal no planejamento do orçamento,
tais como a coleta e divulgação de indicadores sobre a
precisão das receitas e gastos para cada ciclo do
orçamento, ou a criação de um indicador para medir a
precisão das estimativas de desembolso para cada
item no Plano de Investimentos. Estes dados podem,
então, ser usados como marcos registrados pelo
Conselho do OP.
Melhorar a compreensibilidade fiscal e
orçamentária, bem como criar espaços para um
diálogo completo sobre política fiscal no ciclo do
OP, são essenciais para maximizar o potencial
impacto positivo do OP na administração fiscal.
Isto pode ser alcançado por meio de um conjunto de
medidas, contando com a inclusão de uma fase no
começo do ciclo do OP para uma discussão pública
aprofundada de toda a política fiscal do governo
municipal e execução do orçamento. Paralelamente a
isto, poderia ser fornecido um treinamento básico em
finanças municipais para conselheiros do OP, incluindo:
Planos Plurianuais (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), Lei de Orçamento Anual (LOA),
Relatórios de Resumo de Execução Orçamentária
bimensais (RREO), e Relatórios de Gerenciamento
Fiscal (RGF). Estas medidas podem ser
complementadas por parcerias com universidades
locais e grupos de especialistas que poderiam auxiliar o
COP a desenvolver políticas fiscais independentes e
análise de orçamentos, e tornar o website do
ObservaPoA num sistema que ofereça informação
estatística para avaliar prioridades e monitorar
impactos.
Fortalecer a compreensibilidade do orçamento em
Porto Alegre é a pré-condição para melhorar a
capacidade de fiscalizar a execução do orçamento.
Atualmente, a compreensibilidade do orçamento é
limitada e desequilibrada entre os cidadãos de Porto
Alegre. Embora o OP tenha contribuído para melhorar o
entendimento das necessidades dos gastos públicos
voltados aos pobres, ele não tem cumprido seu
potencial de aperfeiçoar a compreensibilidade do
orçamento. Para elevar a conscientização sobre os
princípios básicos das finanças e orçamento
municipais, o OP pode fazer um uso mais freqüente de
rádios locais, simulando experiências de países como
Peru, Equador e Guatemala, bem como dos países
africanos de língua inglesa que vêm sendo apoiados
pelo Banco Mundial. O OP de Porto Alegre poderia
também incluir em seu estatuto um suplemento sobre
compreensibilidade fiscal e orçamentária, bem como
informações detalhadas sobre receitas e gastos
municipais nos relatórios sobre o Plano de
Investimentos. Além disso, os Jornais Regionais do OP
poderiam incluir informações técnicas e financeiras
detalhadas sobre cada projeto em implementação nas
respectivas regiões, permitindo a comparação entre
atividades planejadas e sua execução, e uma avaliação
geral da implementação de todos os programas
municipais nos documentos de Prestação de Contas
Municipais, usando os indicadores de desempenho
adotados pelo novo sistema de gerenciamento.
Além disso, o alcance do OP poderia ser
expandido para incluir, sistematicamente, a
fiscalização do orçamento no seu ciclo. O Conselho
do OP pode usar e publicar no seu website indicadores
simples que comparem o planejamento global dos
dados do orçamento (por exemplo, valores, tempo de
implementação, detalhes técnicos básicos) com a
execução dos dados do orçamento para vários
investimentos. Estes indicadores podem ser
desenvolvidos para permitir comparações e indicadores
Como aperfeiçoar a capacidade do OP
de fiscalizar a execução do orçamento?
Mudanças e melhorias na metodologia do OP
podem ajudar a superar algumas de suas
limitações. Ainda assim, os limites estruturais do OP
devem ser admitidos pelos atores sociais e autoridades
municipais. Há outros mecanismos de participação que
são mais adequados para aperfeiçoar a prestação de
contas em certas fases do ciclo de gastos públicos, tais
como conselhos setoriais para gerir políticas setoriais
contabilizáveis e a prestação de serviços. As seguintes
recomendações visam contribuir para o
aperfeiçoamento do desempenho e impactos do OP em
Porto Alegre, ao mesmo tempo em que propõem
medidas específicas para envolver outras organizações
e mecanismos no estabelecimento de um sistema de
prestação de contas social, no qual o OP cumpre um
papel de destaque.
Criar estímulos e remover barreiras para tornar o
OP mais inclusivo é um desafio crítico. Medidas
para encaminhar estes desafios poderiam incluir a
expansão do foco do OP a tópicos de importância
estratégica para a cidade como um todo, incluindo
fiscalização orçamentária, receitas e gastos correntes
municipais que afetam o espaço para investimentos do
OP e que atrairiam o interesse da classe média e de
grupos profissionais, como empresários. Além disso, a
participação poderia ser mais adequada no sentido de
atrair aqueles que atualmente não participam, por
exemplo, ao promover votações online em prioridades
de investimento disponíveis ou, re-embolsando os
custos financeiros da participação no caso dos grupos
mais carentes (por exemplo, o custo de passagens de
ônibus para participantes abaixo de certos níveis de
renda). Melhorar a eficiência das reuniões do conselho
do OP, ao reformular os procedimentos das reuniões,
pouparia tempo aos participantes. Finalmente, melhorar
Como aperfeiçoar a “qualidade
de participação” no OP?
13 14
Principais recomendaçõeso treinamento e a educação dos participantes é
essencial para consolidar integralmente os benefícios
potenciais do OP como mecanismo que auxilia o
cidadão a entender o processo do orçamento
municipal. Necessidades de treinamento deveriam ser
identificadas a cada nível de participação (como
delegados e conselheiros) e para cada fase do ciclo do
OP como parte integral do processo do OP.
Tornar a representatividade do OP mais legítima e
contabilizável é fundamental para preservar sua
credibilidade. Simplificar as regras de procedimento
do OP e torná-las mais acessíveis aos seus
participantes nivelaria o campo de atuação entre os
participantes e evitaria uma concentração do
conhecimento das regras nas mãos de poucos
representantes do OP. Além disso, estabelecer diretrizes
e formatos simples para apresentações dos
conselheiros e delegados melhoraria o sistema de
relato aos constituintes e a prestação de contas de
cima para baixo.
Ajustar o cronograma do processo de priorização
do OP e o ciclo municipal do orçamento é
fundamental. Colocar o ciclo do OP um mês à frente
para assegurar consistência com a Lei Orgânica do
governo municipal traria melhores resultados em termos
de qualidade de informação disponível durante o
processo de priorização e, conseqüentemente,
melhoraria a eficácia das demandas do OP. Uma
solução alternativa seria assegurar que o Executivo do
governo municipal forneça uma estimativa de receita
razoavelmente precisa no período para o qual as
demandas de investimento do OP estão sendo
priorizadas. Entre maio e julho, cada região e setor
deveriam então receber uma estimativa mais precisa
Como fortalecer a interação entre o OP e a
administração fiscal do município?
dos limites orçados para gastos de capital no ano
seguinte.
A articulação entre a administração fiscal do
município e o OP poderia ser ainda mais
aprimorada com a expansão para dois anos do
ciclo do OP no caso de obras públicas complexas,
mantendo um cronograma anual para os investimentos
do OP passíveis de execução em menor período de
tempo. Esta medida aumentaria a capacidade dos
participantes do OP se engajarem na fiscalização das
obras públicas ao reduzir a pressão de tempo gerada
pelo atual ciclo anual. Ainda assim, deve-se admitir que
uma possível mudança no sentido de um OP bianual é
uma redução da interface entre a população e o
governo local.
Introduzir um mecanismo no ciclo do OP que
permita ajustes no Plano de Investimentos durante
a execução do orçamento evitaria o acúmulo de
investimentos defasados nos casos de inesperada
queda de receita. Esta medida pode ser
complementada com ações que fortaleçam a
capacidade municipal no planejamento do orçamento,
tais como a coleta e divulgação de indicadores sobre a
precisão das receitas e gastos para cada ciclo do
orçamento, ou a criação de um indicador para medir a
precisão das estimativas de desembolso para cada
item no Plano de Investimentos. Estes dados podem,
então, ser usados como marcos registrados pelo
Conselho do OP.
Melhorar a compreensibilidade fiscal e
orçamentária, bem como criar espaços para um
diálogo completo sobre política fiscal no ciclo do
OP, são essenciais para maximizar o potencial
impacto positivo do OP na administração fiscal.
Isto pode ser alcançado por meio de um conjunto de
medidas, contando com a inclusão de uma fase no
começo do ciclo do OP para uma discussão pública
aprofundada de toda a política fiscal do governo
municipal e execução do orçamento. Paralelamente a
isto, poderia ser fornecido um treinamento básico em
finanças municipais para conselheiros do OP, incluindo:
Planos Plurianuais (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), Lei de Orçamento Anual (LOA),
Relatórios de Resumo de Execução Orçamentária
bimensais (RREO), e Relatórios de Gerenciamento
Fiscal (RGF). Estas medidas podem ser
complementadas por parcerias com universidades
locais e grupos de especialistas que poderiam auxiliar o
COP a desenvolver políticas fiscais independentes e
análise de orçamentos, e tornar o website do
ObservaPoA num sistema que ofereça informação
estatística para avaliar prioridades e monitorar
impactos.
Fortalecer a compreensibilidade do orçamento em
Porto Alegre é a pré-condição para melhorar a
capacidade de fiscalizar a execução do orçamento.
Atualmente, a compreensibilidade do orçamento é
limitada e desequilibrada entre os cidadãos de Porto
Alegre. Embora o OP tenha contribuído para melhorar o
entendimento das necessidades dos gastos públicos
voltados aos pobres, ele não tem cumprido seu
potencial de aperfeiçoar a compreensibilidade do
orçamento. Para elevar a conscientização sobre os
princípios básicos das finanças e orçamento
municipais, o OP pode fazer um uso mais freqüente de
rádios locais, simulando experiências de países como
Peru, Equador e Guatemala, bem como dos países
africanos de língua inglesa que vêm sendo apoiados
pelo Banco Mundial. O OP de Porto Alegre poderia
também incluir em seu estatuto um suplemento sobre
compreensibilidade fiscal e orçamentária, bem como
informações detalhadas sobre receitas e gastos
municipais nos relatórios sobre o Plano de
Investimentos. Além disso, os Jornais Regionais do OP
poderiam incluir informações técnicas e financeiras
detalhadas sobre cada projeto em implementação nas
respectivas regiões, permitindo a comparação entre
atividades planejadas e sua execução, e uma avaliação
geral da implementação de todos os programas
municipais nos documentos de Prestação de Contas
Municipais, usando os indicadores de desempenho
adotados pelo novo sistema de gerenciamento.
Além disso, o alcance do OP poderia ser
expandido para incluir, sistematicamente, a
fiscalização do orçamento no seu ciclo. O Conselho
do OP pode usar e publicar no seu website indicadores
simples que comparem o planejamento global dos
dados do orçamento (por exemplo, valores, tempo de
implementação, detalhes técnicos básicos) com a
execução dos dados do orçamento para vários
investimentos. Estes indicadores podem ser
desenvolvidos para permitir comparações e indicadores
Como aperfeiçoar a capacidade do OP
de fiscalizar a execução do orçamento?
15 16
inter-regionais. Seria aconselhável que o governo
municipal disponibilizasse no seu website a execução
regular dos relatórios do orçamento (isto é, os Relatórios
do Resumo da Execução Orçamentária bimensais –
RREO) em um formato amigável ao cidadão.
Finalmente, fortalecer mecanismos para a
fiscalização da sociedade civil e avaliação dos
serviços municipais contribuiria para toda a
prestação de contas social. Estas funções podem,
muito, bem ir além do alcance do OP, mas podem ser
cumpridas por outras organizações da sociedade civil e
espaços de diálogo envolvendo organizações de
usuários, sociedade civil e o governo municipal de Porto
Alegre, tais como os conselhos públicos setoriais
municipais e o Fórum de Serviços. A esse respeito, é
aconselhável fortalecer sua capacidade para fiscalizar e
avaliar a prestação de serviços. Mecanismos de
resposta do cidadão, tais como boletins de avaliação de
serviços (Community Score Cards e Citizen Report
Cards), podem ser introduzidos para fortalecer o poder
do cliente na fiscalização do desempenho dos serviços.
Estes mecanismos podem transformar-se em poderosas
ferramentas para melhorar a qualidade de prestação
dos serviços. O governo municipal introduz e dissemina
claros padrões de qualidade e compromissos através
do estabelecimento de uma lista dos serviços
municipais, que definiria padrões de desempenho
amigáveis ao cidadão para cada serviço fornecido pela
cidade e canais apropriados de feedback.
Primeiro, é essencial re-examinar a relação entre o
OP e os Conselhos Municipais para assegurar o
máximo de sinergia. Atualmente, a interface entre as
instituições existentes de participação direta é frágil,
comprometendo a possibilidade de um sistema
coerente de prestação de contas social. Opções para
chegar a melhores sinergias poderiam incluir o
estabelecimento de uma estrutura global que incorpore
os diferentes conselhos e o COP. Isso contribuiria para
esclarecer funções formais e informais, remover
sobreposições no planejamento do orçamento e
fiscalização, e, ao mesmo tempo, fortalecer uma
Como estabelecer um sistema mais coerente de
prestação de contas social na cidade, melhorando
a articulação entre os fóruns de governança
participativa?
interface dos diferentes conselhos municipais e as
assembléias temáticas do OP. Isto poderia ser
complementado por uma melhor integração dos Fóruns
Urbanos (debate público sobre o Plano Diretor), com a
priorização do Plano de Investimentos do OP através de
um grupo temático específico do OP.
Finalmente, fortalecer o alinhamento dos objetivos
de desenvolvimento do setor a longo prazo com o
Plano de Investimentos de capital anual é
essencial em termos de coerência e eficiência. Isto
poderia ser alcançado usando a Conferência da Cidade
para implementar um processo de planejamento
estratégico bem estruturado entre as instituições
existentes na sociedade civil e governo local. Este
processo estabeleceria metas claras de longo prazo
que alinhariam o fazer político e o planejamento do
orçamento. Além disso, o desenvolvimento de um
sistema de prestação de contas social em Porto Alegre
se beneficiaria do estabelecimento de uma estrutura de
governança permanente para fiscalizar a formulação,
implementação e revisão do processo de planejamento
estratégico da cidade. Além da Conferência da Cidade,
esta estrutura deveria incluir um comitê de coordenação
multigerenciado, uma secretaria executiva, uma equipe
técnica e grupos de trabalho temáticos, contando com
representantes dos conselhos públicos municipais,
áreas temáticas do OP, fóruns urbanos e o programa de
Governança Solidária Local, juntamente com
representantes do governo municipal (administração
direta e indireta), Legislativo local e setor privado.
A análise econométrica conduzida para este
relatório sugere que é preciso mais trabalho
analítico para melhorar o entendimento dos
impactos do OP e otimizar seus resultados. É
aconselhável que universidades e especialistas no
Brasil continuem seus esforços para avaliar os impactos
sociais e fiscais do OP. O modelo e o banco de dados
desenvolvidos para essa análise têm potencial para
serem expandidos e aprofundados, permitindo explorar
ainda mais as relações de causa e efeito que cercam o
OP e o valor que o processo participativo traz à redução
de pobreza e ao desenvolvimento.
Como aprimorar o entendimento
dos impactos do OP?
Anexo
O Orçamento Participativo como mecanismo para
melhorar investimentos de capital em favor dos
mais pobres tem contribuído para aprimorar as
condições de vida dos pobres nos governos
municipais onde foi adotado. Neste estudo, governos
municipais brasileiros que adotaram o OP são
comparados com um grupo de governos municipais
não-OP que tinham a mesma oportunidade de observar
melhorias na pobreza e acesso a serviços básicos
antes do advento do OP. A análise atenta para o fato de
que na maioria dos governos municipais em que o OP
foi implementado, o PT foi um ator político chave, seja
por estar administrando a prefeitura ou por ser a
segunda força política mais importante da cidade.
Neste sentido, a análise investiga se os impactos
estimados foram resultados do OP, e não o resultado do
mesmo processo político que levou o PT ao poder.
Portanto, a análise é capaz de determinar se foi o OP, e
não o processo político que desencadeou OP, que
produziu os impactos. O impacto pode ser lido na
tabela 4 pelo sinal e significância da variável (dummy)
OP. As colunas destacadas à direita são modelos com
um grupo de controle que foram criados usando votos
para o PT juntamente com as outras variáveis descritas
anteriormente. Presume-se que o sinal OP seja negativo
porque o índice de pobreza é reduzido, enquanto o
sinal para o acesso à água encanada e melhorias no
saneamento deveria ser positivo, já que a expectativa é
de que cresçam. O tamanho do coeficiente não é
relevante aqui. Note que os resultados são consistentes
quando o grupo de controle é construído com votos no
PT. Somente governos municipais que implementaram o
OP antes de 1996 foram incluídos nesta análise.
Tabela 4. Impactos usando somente governos municipais que implementaram o OP antes de 1996
Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT
Esgoto Índices depobreza
Acessencanada
o à água Esgoto
OP -4.82 ** 0.06 *** 0.29 *** -11.06 *** 0.11 *** 0.34 ***
PIB per capita -0.85 *** 0.00 ** 0.00 2.93 *** 0.02 *** 0.00
Custos de transporteaté São Paulo
0.01 *** 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 ***
Constante 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
R2 0.19 0.51 0.28 0.52 0.39 0.41
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
Acessencanada
o à água Índices depobreza
Análise econométrica detalhada
15 16
inter-regionais. Seria aconselhável que o governo
municipal disponibilizasse no seu website a execução
regular dos relatórios do orçamento (isto é, os Relatórios
do Resumo da Execução Orçamentária bimensais –
RREO) em um formato amigável ao cidadão.
Finalmente, fortalecer mecanismos para a
fiscalização da sociedade civil e avaliação dos
serviços municipais contribuiria para toda a
prestação de contas social. Estas funções podem,
muito, bem ir além do alcance do OP, mas podem ser
cumpridas por outras organizações da sociedade civil e
espaços de diálogo envolvendo organizações de
usuários, sociedade civil e o governo municipal de Porto
Alegre, tais como os conselhos públicos setoriais
municipais e o Fórum de Serviços. A esse respeito, é
aconselhável fortalecer sua capacidade para fiscalizar e
avaliar a prestação de serviços. Mecanismos de
resposta do cidadão, tais como boletins de avaliação de
serviços (Community Score Cards e Citizen Report
Cards), podem ser introduzidos para fortalecer o poder
do cliente na fiscalização do desempenho dos serviços.
Estes mecanismos podem transformar-se em poderosas
ferramentas para melhorar a qualidade de prestação
dos serviços. O governo municipal introduz e dissemina
claros padrões de qualidade e compromissos através
do estabelecimento de uma lista dos serviços
municipais, que definiria padrões de desempenho
amigáveis ao cidadão para cada serviço fornecido pela
cidade e canais apropriados de feedback.
Primeiro, é essencial re-examinar a relação entre o
OP e os Conselhos Municipais para assegurar o
máximo de sinergia. Atualmente, a interface entre as
instituições existentes de participação direta é frágil,
comprometendo a possibilidade de um sistema
coerente de prestação de contas social. Opções para
chegar a melhores sinergias poderiam incluir o
estabelecimento de uma estrutura global que incorpore
os diferentes conselhos e o COP. Isso contribuiria para
esclarecer funções formais e informais, remover
sobreposições no planejamento do orçamento e
fiscalização, e, ao mesmo tempo, fortalecer uma
Como estabelecer um sistema mais coerente de
prestação de contas social na cidade, melhorando
a articulação entre os fóruns de governança
participativa?
interface dos diferentes conselhos municipais e as
assembléias temáticas do OP. Isto poderia ser
complementado por uma melhor integração dos Fóruns
Urbanos (debate público sobre o Plano Diretor), com a
priorização do Plano de Investimentos do OP através de
um grupo temático específico do OP.
Finalmente, fortalecer o alinhamento dos objetivos
de desenvolvimento do setor a longo prazo com o
Plano de Investimentos de capital anual é
essencial em termos de coerência e eficiência. Isto
poderia ser alcançado usando a Conferência da Cidade
para implementar um processo de planejamento
estratégico bem estruturado entre as instituições
existentes na sociedade civil e governo local. Este
processo estabeleceria metas claras de longo prazo
que alinhariam o fazer político e o planejamento do
orçamento. Além disso, o desenvolvimento de um
sistema de prestação de contas social em Porto Alegre
se beneficiaria do estabelecimento de uma estrutura de
governança permanente para fiscalizar a formulação,
implementação e revisão do processo de planejamento
estratégico da cidade. Além da Conferência da Cidade,
esta estrutura deveria incluir um comitê de coordenação
multigerenciado, uma secretaria executiva, uma equipe
técnica e grupos de trabalho temáticos, contando com
representantes dos conselhos públicos municipais,
áreas temáticas do OP, fóruns urbanos e o programa de
Governança Solidária Local, juntamente com
representantes do governo municipal (administração
direta e indireta), Legislativo local e setor privado.
A análise econométrica conduzida para este
relatório sugere que é preciso mais trabalho
analítico para melhorar o entendimento dos
impactos do OP e otimizar seus resultados. É
aconselhável que universidades e especialistas no
Brasil continuem seus esforços para avaliar os impactos
sociais e fiscais do OP. O modelo e o banco de dados
desenvolvidos para essa análise têm potencial para
serem expandidos e aprofundados, permitindo explorar
ainda mais as relações de causa e efeito que cercam o
OP e o valor que o processo participativo traz à redução
de pobreza e ao desenvolvimento.
Como aprimorar o entendimento
dos impactos do OP?
Anexo
O Orçamento Participativo como mecanismo para
melhorar investimentos de capital em favor dos
mais pobres tem contribuído para aprimorar as
condições de vida dos pobres nos governos
municipais onde foi adotado. Neste estudo, governos
municipais brasileiros que adotaram o OP são
comparados com um grupo de governos municipais
não-OP que tinham a mesma oportunidade de observar
melhorias na pobreza e acesso a serviços básicos
antes do advento do OP. A análise atenta para o fato de
que na maioria dos governos municipais em que o OP
foi implementado, o PT foi um ator político chave, seja
por estar administrando a prefeitura ou por ser a
segunda força política mais importante da cidade.
Neste sentido, a análise investiga se os impactos
estimados foram resultados do OP, e não o resultado do
mesmo processo político que levou o PT ao poder.
Portanto, a análise é capaz de determinar se foi o OP, e
não o processo político que desencadeou OP, que
produziu os impactos. O impacto pode ser lido na
tabela 4 pelo sinal e significância da variável (dummy)
OP. As colunas destacadas à direita são modelos com
um grupo de controle que foram criados usando votos
para o PT juntamente com as outras variáveis descritas
anteriormente. Presume-se que o sinal OP seja negativo
porque o índice de pobreza é reduzido, enquanto o
sinal para o acesso à água encanada e melhorias no
saneamento deveria ser positivo, já que a expectativa é
de que cresçam. O tamanho do coeficiente não é
relevante aqui. Note que os resultados são consistentes
quando o grupo de controle é construído com votos no
PT. Somente governos municipais que implementaram o
OP antes de 1996 foram incluídos nesta análise.
Tabela 4. Impactos usando somente governos municipais que implementaram o OP antes de 1996
Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT
Esgoto Índices depobreza
Acessencanada
o à água Esgoto
OP -4.82 ** 0.06 *** 0.29 *** -11.06 *** 0.11 *** 0.34 ***
PIB per capita -0.85 *** 0.00 ** 0.00 2.93 *** 0.02 *** 0.00
Custos de transporteaté São Paulo
0.01 *** 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 ***
Constante 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
R2 0.19 0.51 0.28 0.52 0.39 0.41
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
Acessencanada
o à água Índices depobreza
Análise econométrica detalhada
Contudo, deveria ser observado que o OP ajuda a
reduzir os índices de pobreza quando
implementado por uma década. Uma segunda
análise foi feita incluindo 37 governos municipais que
implementaram OP entre 1996 e 2000. Uma variável
(dummy) foi trocada para 1 para governos municipais
que tinham o OP durante os 10 anos entre 1990 e 2000.
Uma segunda variável (dummy) também foi trocada
para 1 para aqueles governos municipais que
implementaram o OP depois de 1996. O objetivo de
dividir a dummy em dois períodos foi descobrir qual dos
dois explicava melhor a variação dos resultados. Até
agora parece que os impactos no melhor acesso aos
serviços básicos foram positivos em ambos os casos,
mas houve impactos positivos na redução da pobreza
somente nos governos municipais onde o OP foi
implementado por mais tempo.
17 18
Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT
Esgoto Índices depobreza
Acessencanada
o à água Esgoto
OP antes de 1996 -8.69 *** 0.07 *** 0.25 *** -19.85 *** 0.11 *** 0.28 **
PIB per capita -1.12 *** 0.00 ** 0.00 -3.61 *** 0.00 0.00
Custos de transporteaté São Paulo
0.00 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 ***
Constante 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
N 3,479 4,256 7,479 36 82 109
Acessencanada
o à água Índices depobreza
OP depois de 1996 3.95 0.05 *** 0.19 ** 0.00 0.18 ** 0.48 ***
Tabela 5. Impactos usando governos municipais que implementaram OP antes e depois de 1996
R2 0.30 0.50 0.18 0,72 0.63 0.33
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
Por outro lado, o Orçamento Participativo não tem
um impacto consistente no desempenho fiscal. A
segunda hipótese testada foi se o OP empodera os
pobres, cria mais transparência e fortalece a
compreensibilidade do orçamento entre a população. A
suposição é que dar poder de influência aos cidadãos
nas decisões de alocação aumentará a disposição ao
pagamento de impostos e exercerá pressão no governo
municipal para arrecadar impostos que assegurem que
os recursos estejam disponíveis aos investimentos. A
proporção do IPTU em relação ao PIB mede a
capacidade da administração local municipal de
recolher impostos em relação ao potencial econômico
do governo municipal. Embora pareça haver um
aparente impacto positivo quando os governos
municipais que implementaram OP tanto antes como
depois de 1996 são incluídos no grupo de análise, este
impacto desaparece quando somente governos
municipais que implementaram OP antes de 1996 são
incluídos na amostra. Ainda assim, parece haver um
impacto positivo na arrecadação de impostos, mas este
resultado precisaria ocorrer entre especificações
diferentes para garantir que não seja um resultado
espúrio.
Tabela 6. Impactos no desempenho fiscal (IPTU/PIB)
OP antes/depois de 1996 OP antes de 1996
1.42 * 3.82 ** 0.61 2.04
0.94 1.85 ** - 0.52 ** - 0.19 - 0.58 ** - 0.18
0.00 0.02 *** 0.00 0.01 ** 0.00 0.00 0.00 0.00
0.26 0.33 0.23 0.19
O impacto do Orçamento Participativo na
proporção entre investimento e gastos correntes é
negativo. Quanto à parcela de recursos despendida na
operação dos governos municipais, em oposição aos
recursos dirigidos aos investimentos de capital sobre os
quais o OP tem influência, os resultados da análise
Tabela 7. Impactos no desempenho fiscal (gasto operacional/gasto corrente)
OP antes de 1996
PIB per capita
Custos de transporte até São Paulo
Constante
R2
OP depois de 1996
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
OP antes/depois de 1996 OP antes de 1996
-0.08 *** -0.08 *** -0.09 -0.11
-0.13 -0.02 0.00 0.00 -0.001 *
0.00 0.00 *** 0.00 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 0.00
0.14 0.09 0.14 0.20
OP antes de 1996
PIB per capita
Custos de transporte até São Paulo
Constante
R2
OP depois de 1996
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
*
-0.001
*** ***
mostram um impacto negativo. Uma possível
explicação deste resultado é que o OP está financiando
infra-estrutura social, o que cria necessidades de mão-
de-obra e manutenção, o que eleva os gastos
correntes.
Contudo, deveria ser observado que o OP ajuda a
reduzir os índices de pobreza quando
implementado por uma década. Uma segunda
análise foi feita incluindo 37 governos municipais que
implementaram OP entre 1996 e 2000. Uma variável
(dummy) foi trocada para 1 para governos municipais
que tinham o OP durante os 10 anos entre 1990 e 2000.
Uma segunda variável (dummy) também foi trocada
para 1 para aqueles governos municipais que
implementaram o OP depois de 1996. O objetivo de
dividir a dummy em dois períodos foi descobrir qual dos
dois explicava melhor a variação dos resultados. Até
agora parece que os impactos no melhor acesso aos
serviços básicos foram positivos em ambos os casos,
mas houve impactos positivos na redução da pobreza
somente nos governos municipais onde o OP foi
implementado por mais tempo.
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Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT
Esgoto Índices depobreza
Acessencanada
o à água Esgoto
OP antes de 1996 -8.69 *** 0.07 *** 0.25 *** -19.85 *** 0.11 *** 0.28 **
PIB per capita -1.12 *** 0.00 ** 0.00 -3.61 *** 0.00 0.00
Custos de transporteaté São Paulo
0.00 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 ***
Constante 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
N 3,479 4,256 7,479 36 82 109
Acessencanada
o à água Índices depobreza
OP depois de 1996 3.95 0.05 *** 0.19 ** 0.00 0.18 ** 0.48 ***
Tabela 5. Impactos usando governos municipais que implementaram OP antes e depois de 1996
R2 0.30 0.50 0.18 0,72 0.63 0.33
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
Por outro lado, o Orçamento Participativo não tem
um impacto consistente no desempenho fiscal. A
segunda hipótese testada foi se o OP empodera os
pobres, cria mais transparência e fortalece a
compreensibilidade do orçamento entre a população. A
suposição é que dar poder de influência aos cidadãos
nas decisões de alocação aumentará a disposição ao
pagamento de impostos e exercerá pressão no governo
municipal para arrecadar impostos que assegurem que
os recursos estejam disponíveis aos investimentos. A
proporção do IPTU em relação ao PIB mede a
capacidade da administração local municipal de
recolher impostos em relação ao potencial econômico
do governo municipal. Embora pareça haver um
aparente impacto positivo quando os governos
municipais que implementaram OP tanto antes como
depois de 1996 são incluídos no grupo de análise, este
impacto desaparece quando somente governos
municipais que implementaram OP antes de 1996 são
incluídos na amostra. Ainda assim, parece haver um
impacto positivo na arrecadação de impostos, mas este
resultado precisaria ocorrer entre especificações
diferentes para garantir que não seja um resultado
espúrio.
Tabela 6. Impactos no desempenho fiscal (IPTU/PIB)
OP antes/depois de 1996 OP antes de 1996
1.42 * 3.82 ** 0.61 2.04
0.94 1.85 ** - 0.52 ** - 0.19 - 0.58 ** - 0.18
0.00 0.02 *** 0.00 0.01 ** 0.00 0.00 0.00 0.00
0.26 0.33 0.23 0.19
O impacto do Orçamento Participativo na
proporção entre investimento e gastos correntes é
negativo. Quanto à parcela de recursos despendida na
operação dos governos municipais, em oposição aos
recursos dirigidos aos investimentos de capital sobre os
quais o OP tem influência, os resultados da análise
Tabela 7. Impactos no desempenho fiscal (gasto operacional/gasto corrente)
OP antes de 1996
PIB per capita
Custos de transporte até São Paulo
Constante
R2
OP depois de 1996
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
OP antes/depois de 1996 OP antes de 1996
-0.08 *** -0.08 *** -0.09 -0.11
-0.13 -0.02 0.00 0.00 -0.001 *
0.00 0.00 *** 0.00 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 0.00
0.14 0.09 0.14 0.20
OP antes de 1996
PIB per capita
Custos de transporte até São Paulo
Constante
R2
OP depois de 1996
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Comparaçãosem votospara o PT
Comparaçãocom votospara o PT
Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01
*
-0.001
*** ***
mostram um impacto negativo. Uma possível
explicação deste resultado é que o OP está financiando
infra-estrutura social, o que cria necessidades de mão-
de-obra e manutenção, o que eleva os gastos
correntes.
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