maio 2013 - Clube Galp Energia · vez, os tradicionais pastéis de nata, na “Nata Lisboa”, um...
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maio 2013 Flas
h 192
Cena en Familia Capa
Próximas Realizações Capa
Barragem dos Gagos 3
XXXV Aniversário 4
O Bowling voltou! 6
Doce Lisboa 7
Disney on Ice 9
Cake Design 10
Picos da Europa e
País Basco
13
Destaques
Próximas Realizações
01 a 05 julho -
Colónia de Férias YA -
Entrepreneurship School no
ISCTE
08 a 12 julho - Colónia de
Férias Jornada de Contrastes
10 a 24 julho - Colónia de
Férias em Bath, Inglaterra
14 a 20 julho - Colónia de
Férias na Quinta da Escola
20 a 28 julho -
Viagem à Islândia
21 a 27 julho - Colónia de
Férias na Quinta da Escola
03 a 11 agosto - Viagem a
França: Normandia, Bretanha e
Vale do Loire
05 a 09 agosto - Colónia de
Férias no NexGym - Quinta das
Conchas
14 setembro - Workshop:
Tenha uma horta na sua casa
Dia 25 de abril se realizó mas una cena convivio del Clube Galp Energia,
que para mí no es un club y sí una familia.
Fue una cena para unir fuerzas para lo que resta de temporada.
Es verdad que comenzamos mal, pero lo que cuenta no es como se co-
mienza pero sí como se acaba.
Estamos a un pié de llegar a la final de la copa Inatel que no tengo la me-
nor duda de que llegaremos a ella y la disputaremos como gladiadores de
bola.
Nuestro mayor éxito es la amistad que nos une !
Fuerza Galp Energia ! Mi familia !
Pedro Reyes
Cena en Familia
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Cena en Familia
Sorteados 501
Os contemplados, na sequência do sorteio lançado pela Direção do Clube Galp Energia - Núcleo
Centro, com, cada qual, um livro da série 501 Must-Visit foram os Associados:
Teresa Calçado Carvalho
Miguel Gomes
Carlos Rafael
Maria Joana Gonçalves
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Barragem dos Gagos
Disputou-se, no passado dia 27 de abril, a primeira etapa do Campeonato Interno de Pesca Desportiva
do Clube Galp Energia - Núcleo Centro, referente ao ano de 2013. Esta primeira prova foi disputada
na Barragem dos Gagos, próximo de Fazendas de Almeirim, local onde nos deslocámos pela primeira
vez, sendo assim as técnicas a utilizar muito do desconhecimento de todos.
Este dia, ficou também marcado pelo forte vento e frio que se fez sentir, condições atmosféricas que
muito dificultaram a prática desta modalidade, e que muito terá contribuído para a não obtenção de
bons resultados e para a não captura de belos exemplares que existem nesta Barragem.
O primeiro classificado foi Rui Reis que capturou, durante as quatro horas de duração da prova, 6,480
kg de pescado (carpas e pimpões), tendo-se classificado nos lugares imediatos, respetivamente, Filipe
Bertelo com 4,600 Kg e Rui Batalha com 3,200 Kg. Este campeonato interno, que envolve cerca de
duas dezenas de pescadores, teve nesta prova a presença de quinze participantes.
De realçar ainda a captura de um exemplar (Carpa) com 5,600 Kg, por Rui Reis.
A classificação da prova, e respetivo peso de pescado capturado por cada pescador, foi a que se
indica abaixo:
Rui Reis
Clas
s Nome
Peso
(kg)
1º Rui Reis 6,500
2º Filipe Bertelo 4,600
3º Rui Batalha 3,200
4º José Couvinha 2,820
5º Jorge Cunha 2,560
6º José Cruz 2,440
7º Paulo Martins 2,060
8º Francisco Novo 1,740
9º Tobias Rasteiro 1,520
10º Daniel Bertelo 1,200
11º Camilo Marques 0,900
14º Francisco Mouro 0,000
14º Fernando Moreira 0,000
14º Joaquim Rodrigues 0,000
14º Americo Escaleira 0,000
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XXXV Aniversário
Almoço comemorativo
35º Aniversario
Clube Galp Energia
Com história para contar
Com centenas de participantes
Neste almoço comemorativo
Foi na Quinta das Oliveiras
Vamos recordar para toda a vida
Colegas de longas décadas
Núcleos regionais
Há muito que não se viam
Foram abraços até demais
Fomos até Alferrarede
Excelente Quinta das Oliveiras
As mesas já estavam postas
Estava tudo a maneira
Eu vou pedir um favor
Espero ser atendida
Arranjem mais passeios e almoços
Isto é que é vida
Tinham bolo de aniversário
Estava em cima da mesa
Cantámos os Parabéns
E para o ano há mais
Eu tenho mesmo a certeza
Maria Cândida Cardoso Serrano
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XXXV Aniversário
Sorteio A Filha do Papa Desta feita, a escolha, efetuada pela Direção do
Clube Galp Energia - Núcleo Centro, sobre o que
sortear entre os seus Associados em mais um
Flash informativo, recaiu sobre o 6º livro de Luís
Miguel Rocha – A Filha do Papa.
Luís Miguel Rocha apresenta no seu curriculum o fato de
ser o 1º escritor português a atingir o top do prestigiado
New York Times, tendo inclusivamente já vendido mais
de meio milhão de exemplares de A Filha do Papa.
Caso pretenda ser um dos seis contemplados com um
exemplar desta obra, deve contatar a Secretaria do
Clube Galp Energia - Núcleo Centro, até ao próximo dia
17 de julho, através do número 21 724 05 32 (extensão
interna 10 532) ou do endereço de mail interno Clube
GalpEnergia – Secretaria.
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O Bowling voltou! Pois foi! Teve início no passado sábado dia 20 de abril, nas magníficas instalações do Beloura Bowling
Sintra, o X Campeonato Interno de Bowling Feminino do Clube Galp Energia – Núcleo Centro.
Esta emblemática competição, que já chegou à dezena de edições, é a prova que por vezes algumas
iniciativas que se organizam quase apenas por carolice tornam-se posteriormente verdadeiros marcos
de vitalidade e companheirismo entre colegas associadas do Clube Galp Energia.
Numa manhã solarenga, apresentaram-se à competição 14 atletas altamente bem humoradas e bem
dispostas, para depois do defeso de inverno começarem este novo campeonato na sua melhor
performance possível! Depois da conversa posta em dia, do respectivo aquecimento efectuado,
começaram os lançamentos das bolas com o objectivo final do derrube integral dos pinos que lá ao
fundo teimosamente se mantinham em pé!
No entanto com o desenrolar dos lançamentos, e cada vez mais adaptadas às condições da pista, os
pinos cada vez ficavam menos em pé, o que fez rejubilar todas as participantes de alegria e
satisfação.
No final obtiveram-se óptimas prestações individuais o que faz prever deste campeonato um dos mais
renhidos de sempre! Foi sem dúvida uma óptima manhã de sábado passada por entre o suor, a
concentração e a pontaria, mas suportado claramente por um salutar convívio reinante entre todas as
participantes!
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Doce Lisboa 20 de Abril de 2013
Texto e fotografias: Clara Ramos
Muitas descrições se podem fazer sobre Lisboa; talvez a mais conhecida seja “Cidade Branca”,
por causa da sua incomparável luz. No entanto, não me lembraria de chamar a Lisboa “doce”. Mas,
depois do dia 20 de abril e do passeio que o Clube Galp Energia organizou, tenho de reconhecer que a
minha Lisboa é mesmo muito docinha!
Para se falar da doçaria associada a Lisboa, há que recuar ao tempo da ocupação romana e árabe.
Muitos dos doces que, ainda hoje, são tradicionais de Lisboa ficaram-nos desses tempos; um exemplo
é o “polme” (para fritar, com farinha e ovo), referido num livro de cozinha de Roma ou “cozer em
azeite” (fritar), que nos terá ficado dos árabes; fatias douradas e sonhos de abóbora fazem-se por
estes lados desde esses tempos!
A visita iniciou-se no Largo do Camões, onde nos foram dadas algumas explicações e logo nos
dirigimos para a Pastelaria Bénard, situada bem no coração do Chiado, ao lado da Brasileira. A Bénard
foi uma pastelaria muito chique desde o séc. XIX (foi fundada em 1868) até ao final da Segunda
Guerra Mundial, frequentada por senhoras, enquanto os homens, nomeadamente a intelectualidade,
frequentava a Brasileira. E aí se iniciou esta viagem pelos doces de Lisboa: os famosos croissants da
Bénard abriram as “hostilidades doceiras”!
O grupo seguiu para a Bijou do Calhariz, que existe desde 1927 mesmo ao lado do Elevador da
Bica e está mais ou menos como era nessa altura. E aí deliciámo-nos com a especialidade da casa: bolas
de berlim!
Dirigimo-nos então para o Bairro Alto, onde mais informação nos foi dada relacionada com o
tema. No séc. XVI, na Baixa medieval, havia a Rua das Confeitarias, próxima do atual Terreiro do
Paço, onde estas se situavam; as confeitarias foram regulamentadas no reinado de D. João I,
atendendo à sua importância na Lisboa de então. No séc. XVI, havia 150 confeiteiros a trabalhar na
Rua dos Confeiteiros.
Com o avançar dos séculos, os muitos conventos existentes em Lisboa (no tempo do terramoto,
havia em Lisboa 300 conventos, que, na sua maioria, caíram nessa altura) eram famosos pelos seus
doces. Para os conventos, iam meninas nobres para quem a família não tinha dinheiro para pagar dote
para um bom casamento, acompanhadas das suas aias. Os conventos tinham muita disponibilidade de
ovos (que lhes chegavam da população como dízimos) e a doçaria desenvolveu-se muito. As receitas
iam sendo apuradas e escritas; apenas a receita final ficava em segredo, não sendo passada a escrito.
Cruzado todo o Bairro Alto até à Rua D. Pedro V, nova paragem para mais uns docinhos! Desta
vez, os tradicionais pastéis de nata, na “Nata Lisboa”, um novo conceito de exportação de pastéis de
nata (não, não foi invenção do senhor ministro, a ideia surgiu antes!), numa loja com uma decoração
bem interessante e com uma vista magnífica sobre Lisboa.
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Depois de regalarmos os sentidos visual e gustativo, nova caminhada, desta vez até à Rua do
Século, para visita ao Convento dos Cardaes. Este convento foi fundado por D. Luísa Távora no séc.
XVII, acolhendo freiras da Ordem das Carmelitas Descalças e, até hoje, mantém a sua atividade
religiosa, atualmente com uma congregação de irmãs dominicanas. Paralelamente, e desde o séc. XIX,
acolhe senhoras cegas e com outras deficiências. O Convento dos Cardaes resistiu ao terramoto de
1755 quase sem ser destruído e, embora por fora tenha um aspeto muito austero, o seu interior é
ricamente decorado, nomeadamente a Igreja, com o altar em talha dourada e a nave envolta em
painéis de azulejos de Delft representando a vida de Santa Teresa de Ávila e pinturas no plano
superior. A visita ao Convento dos Cardaes terminou com doces, claro, desta vez, compotas e
chutneys.
Mais doces conventuais nos aguardavam! Depois de cruzarmos o Bairro Alto, desta vez em
direção a S. Pedro de Alcântara, encontrámos uma pequena loja, onde pudemos deliciar-nos com
pastéis de Tentúgal e pastéis de Santa Clara!
E nova caminhada, novo rumo! Desta vez, até ao Príncipe Real, mais propriamente até à Rua
Cecílio de Sousa, para uma visita à loja Claudio Corallo, especializada em cacau e café de S. Tomé e
Príncipe, onde nos foram dadas diversas explicações sobre o cacau. O cacau puro não tem sabor a
cacau nem a açúcar, o seu sabor é parecido com o da azeitona. O sabor a cacau só vem depois da
torrefação; provámos cacau puro e cacau a 73%, já com açúcar mas ainda bastante amargo.
O nosso passeio docinho terminaria na geladaria Ice Dreams, na Rua da Escola Politécnica, em
que as nossas papilas gustativas se deliciaram com diversos sabores de gelados: desde os tradicionais
chocolate ou morango, mas também papaia/hortelã, maracujá, menta/chocolate, amoras, alecrim ou
alfazema. Delícias atrás de delícias! A degustação de gelados varia com as épocas do ano; por
exemplo, de inverno, é possível saborear gelado de castanha com Vinho do Porto. A merecer visitas em
várias épocas do ano!
Mas… se o passeio docinho estava terminado, ainda não estava o passeio gastronómico! De novo
rumo à R. D. Pedro V, tivemos um lauto almoço no restaurante Paparrucha, novamente com uma vista
fantástica sobre Lisboa! Um final de passeio a condizer com a manhã bem doce que o Clube Galp
Energia nos proporcionou!
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Disney on Ice
E lá fomos nós felizes e contentes para o que prometia ser um Passaporte para a Aventura no Pavilhão
Atlântico.
Avós, filhos e netos.
Disney On Ice, a maravilha de espetáculo que encantou toda a família. Para uns viajar no tempo
revivendo a infância. Para os mais pequenos a fantasia, o sonho, o vibrar com algumas das figuras já
tão conhecidas de todos como o Mickey e a Minie, entre outros.
O viver histórias de encantar como o Walt Disney tão bem sabia fazer, conseguindo captar
transversalmente a atenção de todas as gerações.
Aconteceu mesmo a aventura, exploramos as terras do Rei Leão, abanamos a cabeça, batemos o pé
juntamente com a Lilo e o Stitch, voamos com o Peter Pan e a Sininho, velejamos com o temível
Capitão Gancho e nadamos com a pequena Sereia.
Regressámos à realidade satisfeitos de termos percorrido esse Mundo Único e Fantástico que é o
Mundo Disney.
Alfredo Quintas
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Cake Design
No dia 20 de abril, sábado, numa manhã solarenga, fomos até à Escola do Isto Faz-se em
Lisboa. Aí desvendamos os mistérios de como construir um bolo com vários andares,
desmistificámos a complicação de fazer um laço e da utilização de imensas ferramentas e
utensílios.
No fim da manhã, tínhamos construído um
bolo de dois andares, com um grande laço e
imensos enfeites de várias formas e feitios.
É sem dúvida um mundo de magia, onde nos é
possível construir tudo o que a nossa
imaginação consegue alcançar!
Neuza Carvalho
Workshop de Iniciação ao Vegetarianismo
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Workshop de Iniciação ao Vegetarianismo No âmbito da multidisciplinaridade dada às iniciativas promovidas pelo Clube Galp Energia - Núcleo
Centro, decorreu, no passado dia 13 de abril, uma atividade que no meu caso concreto me abriu
horizontes relativamente à forma de encarar a alimentação vegetariana: tratou-se de um workshop
subordinado ao tema “Iniciação ao Vegetarianismo”.
Este workshop, que contou com a presença de oito participantes e meia (sim porque uma das
participantes apenas tinha sete anos de idade), demonstrou ser uma verdadeira revolução na forma de
cozinhar lá em casa. Os legumes não se comem só na sopa, mas a lasanha de legumes e os legumes com
broa de milho têm sido um sucesso.
Esta iniciativa consistiu na tomada de conhecimento de alguns produtos que poderão substituir a
carne ou os lacticínios, como por exemplo a soja, o tofu e o seitan e na aprendizagem de receitas
cozinhadas com eles.
Começámos por fazer algumas marinadas que serviriam posteriormente para utilizar em alguns dos
pratos confecionados. Depois aprendemos a fazer um sumo revitalizante, que tomado ao pequeno-
almoço garante não só a desintoxicação do organismo, mas também consiste num cocktail de energia
para o dia inteiro. Este sumo, feito à base de frutas e vegetais, teve como principal novidade o fato
de ser feito com brócolos e que tanto agradou a todas as participantes. No final foi feita uma mousse
de chocolate sem ele, isto é, trata-se de uma mousse feita com bananas e com farinha de alfarroba,
que depois de tudo triturado resultou numa sobremesa fácil, rápida e muito saudável.
Enfim, todos os pratos confecionados e degustados foram do agrado de todas, não só pela
simplicidade da sua elaboração, como também pela certeza de uma alimentação mais saudável. Se
esta iniciativa tiver follow-up, poderão com certeza contar com a minha presença.
LBR
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Karting em Fátima
Maio é o mês de Nossa Senhora de Fátima e são muitos os peregrinos que cedo para lá caminham à
procura de renovar a sua fé, mas também há quem procure um pouco de adrenalina, velocidade e
porque não, um pouco de competição saudável.
Foi neste sentido que um grupo de colegas se reuniu no Funpark no passado dia 27 de abril para a 1ª
eliminatória do campeonato interno de Karting 2013.
A manhã estava perfeita para mais uma prova a alta velocidade, uma temperatura amena acompanhada
de uma agradável brisa com aroma a pinho, tão típico desta região, e que apenas cedeu lugar ao cheiro
do combustível quando os karts se fizeram à pista.
O grupo começou a chegar por volta das 10:30h, entre estreantes e as caras do costume, todos
pareciam ter fé de que garantiriam um lugar no pódio ou, pelo menos, o apuramento para a final do dia
11 de maio em Évora.
Seguiu-se o briefing e a qualificação, onde as picardias não tardaram a começar, “o teu kart está todo
kitado”, “é preciso ter mãozinhas” foram algumas das provocações proferidas pelos nossos pilotos.
A corrida foi bastante disputada e infelizmente marcada por um pequeno incidente, que impediu um
colega de completar a prova. No entanto, 11 dos 12 aspirantes de pilotos que participaram da
eliminatória foram apurados para a final…terá sido milagre?
Eu consegui um modesto 5º lugar e, sem dúvida, mais um excelente dia entre colegas e amigos.
Venha de lá a final! Vemo-nos em Évora!
Carlos Bonjour Matos
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Picos da Europa e País Basco
de 23 a 30 de abril de 2013
Dizem que uma das características das pessoas do signo Sagitário (como é o meu caso) é gostar muito
de viajar. Eu não acredito no que dizem os signos, mas não há dúvida que comigo nada pode ser mais
verdadeiro. Comecei a viajar com os meus pais, quando era pequena, por Espanha e Inglaterra, depois
houve uns anos em que, por várias razões, viajei apenas por Portugal e especialmente até Tavira, mas a
partir de certa altura abalancei-me a ir mais longe (mais exatamente de carro até à antiga Jugoslávia,
atravessando alguns países da Europa) e, a partir daí, nunca mais deixei de percorrer os trilhos deste
mundo. Com as mais diversas Agências de Viagens fui a lugares mais próximos ou mais longínquos,
passei pelas mais variadas aventuras, vivi situações inesquecíveis, muito boas e outras que não o foram
tanto, até que em 2008, por uma daquelas situações inesperadas com que nos deparamos na vida, tive
conhecimento da existência do Clube Galp Energia e fui numa viagem maravilhosa ao Laos, Vietname e
Cambodja.
Como gostei tanto, a partir daí decidi não viajar com mais ninguém. E assim cheguei à minha 14ª
viagem com o Clube, com o qual já fui a vários lugares do mundo, do Oriente e do Ocidente, do Norte e
do Sul e a vários pontos da Europa. E agora chegou a vez do Norte de Espanha, do qual apenas
conhecia poucas coisas.
Primeiro dia - 23 de Abril:
Num dia cheio de sol e temperatura agradável 48 pessoas (mais o Bruno Lopes da Direcção do Clube
Galp, a guia “Carocha” da Agência de Viagens que organizou o passeio e o motorista Nuno) partiram de
autocarro às 7,:0 horas, em direção ao país nosso vizinho da Península Ibérica. O primeiro destino
seria Salamanca, onde almoçámos, depois de duas paragens em áreas de serviço. Não conhecia a maior
parte dos companheiros de viagem, mas isso não constituiu problema, porque passadas umas horas,
parecia que todos éramos já velhos conhecidos, tal o ambiente de camaradagem e cumplicidade que se
estabeleceu. Depois do almoço no Hotel Corona Sol seguiu-se a visita à cidade acompanhada pela guia
local (Antónia).
Salamanca é uma cidade bastante próxima da fronteira de Vilar Formoso e está situada na histórica
Região de Leão. Esta região sofreu influências romanas, árabes e outras, mas menos significativas. A
cidade de Salamanca ostenta o título de "La Dorada" e o seu centro histórico foi considerado pela
UNESCO como património histórico da humanidade em 1988, tendo sido Capital Europeia da Cultura
em 2002. A sua Plaza Mayor é considerada a mais bonita de toda a Espanha.
Terra de clima ameno, a cidade está situada em local plano, mas com montanhas ao norte e ao sul.
Como seus maiores tesouros encontramos a Universidade de Salamanca (a segunda universidade mais
antiga da Europa, fundada no ano 1218 por Afonso IX de Leão), as Catedrais Nova e Velha, a Plaza
Mayor, a Ponte Romana, a Casa das Conchas, o Convento de las Dueñas e muitos outros. O título de “La
Dorada” deve-se ao fato de o arenito utilizado nas suas antigas construções apresentar uma coloração
levemente dourada clara e pode-se verificar que o título faz juz à sua beleza.
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Picos da Europa e País Basco Na província de Salamanca são produzidos uvas, vinho, azeite e existe alguma pecuária de ovinos e
caprinos. O aspecto mais rico de Salamanca talvez seja a sua história secular, onde se verificaram
acontecidos importantes. Cristóvão Colombo mesmo chegou a passar pela cidade, nela tivemos a
inquisição, judeus, portugueses, árabes e muitos mais compuseram o seu quadro histórico e, também
devido à sua localização geográfica, foi em dados momentos e ocasiões influenciada pelos celtas.
Dentro desta cidade de cerca de 300.000 habitantes existe uma notável história cultural da
humanidade.
Admirámos exteriormente o Palácio de la Salina, o Palácio de Anaya, o Palácio de Monterrey, a Casa
das Conchas e visitámos as Catedrais (a Antiga e a Nova), o Convento de las Dueñas, bem como o
Convento de Santo Esteban e a Universidade.
As duas catedrais são majestosas. A Velha, construída entre os séculos XII e XIV, possui exemplos
dos estilos românico e gótico; a Nova, construída entre 1513 e 1733 num estilo puramente gótico, foi
desenhada paralelamente à Catedral Velha. Os dois templos são maravilhosos e ficamos horrorizados
só de pensar que a ideia original no início da construção da Catedral Nova era que, logo que estivesse
terminada, fosse derrubada a Velha por ser considerada escura e muito antiga. Felizmente, quando as
obras ficaram terminadas, foi reconsiderada a ideia de destruí-la e, por essa razão, conserva-se
actualmente. Um facto curioso é que a Catedral Nova foi a última em Espanha a construir-se em estilo
gótico.
A catedral Nova foi construída entre 1513 e 1733, tendo-se conservado a Velha. O muro direito da
Catedral Nova apoia-se sobre o muro esquerdo da Velha, que ficou parcialmente reduzido com a nova
construção, pelo que teve de ser reforçado para o interior do antigo templo. A torre da nova catedral,
que teve de ser reforçada no século XVIII após o terramoto de Lisboa, tinha sido construída sobre a
torre sineira da antiga.
O convento de Santa Maria, mais conhecido por Convento de Las Dueñas, foi fundado en 1419 por
Juana Rodriguez Maldonado, mulher de Fernando Alfonso de Olivera, na casa onde habitava, que tinha
sido mandada construir pelo seu primeiro marido, Juan Sánchez de Sevilha, o qual, desde 1390,
desempenhou o cargo de tesoureiro-mor de Castela. A intenção da fundadora foi criar um local para
onde se pudessem retirar as senhoras nobres. Por esse facto, o povo de Salamanca deu-lhe o
sobrenome de Convento de Las Dueñas.
Autorizada a doação em finais de 1419, logo as dependências do palácio de finais do século XIV foram
habitadas por religiosas dominicanas. Dessas dependências conservam-se alguns restos, como um arco
em ferradura no claustro superior, em ladrilhos. A igreja do convento foi construída em meados do
século XVI. É obra do frade dominicano Martin de Santiago.
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Picos da Europa e País Basco
Consta de uma única nave ogival, coberta por sete abóbadas e rematada por uma ábside com retábulo
barroco. A fachada é de estilo plateresco. Actualmente é um convento de monjas Dominicanas.
No exterior da igreja, de grande sobriedade, destaca-se a porta principal, onde se encontra uma
imagem da Virgem, além das imagens de São Francisco e São Domingos de Gusmão.
Mas não há dúvida que o interesse de todo o convento se localiza no magnífico claustro, construído em
1533, que teve que adequar a sua planta à disposição das primitivas dependências, pelo que foi
realizada uma singular planta pentagonal irregular, da qual o lado menor tem dois arcos, ao passo que
os outros têm seis ou sete. Vinculado arquitectonicamente à obra de Rodrigo Gil de Hontañón, tem
dois pisos. O inferior possui arcos segmentados sobre colunas e medalhões com cabeças nos tímpanos,
e o superior tem lintéis com colunas. Os capiteis são de uma fantasia e variedade inesgotáveis e nos
tímpanos foram lavrados monstros e figuras grotescas.
A Igreja de Santo Estêvão é um templo católico localizado em Salamanca, sendo um dos mais
importantes exemplares da arquitectura plateresca espanhola.
A igreja faz parte de um complexo que inclui um convento e pertence à ordem dos Dominicanos. Os
edifícios primitivos foram erguidos entre 1255 e 1256, mas foram derrubados no século XVI para
darem lugar às construções actuais.
A sua construção teve lugar entre 1524 e 1610, com projecto de Juan de Álava, com a participação de
Martín de Santiago e Rodrigo Gil de Hontañón. Embora seja um edifício plateresco, apresenta traços
góticos e barrocos. A sua fachada exibe uma original combinação de arco e pórtico, inspirada nas
galerias renascentistas italianas.
Tem planta em cruz latina com três naves e seu retábulo é da autoria de José de Churriguera,
constituindo uma das mais importantes obras do barroco espanhol.
A construção da Casa das Conchas começou nos últimos anos do século XV por ordem de Rodrigo
Maldonado de Talavera, cavaleiro da Ordem de Santiago, catedrático de Direito na Universidade, da
qual foi reitor, e membro do Conselho Real de Castela. As obras foram prosseguidas por seu filho,
Rodrigo Arias Maldonado. As conchas, símbolo da família Pimentel, decoram a fachada do edifício
depois do casamento de Juana Pimentel com Arias Maldonado em 1517 e no brasão do fundador,
apoiado por dois leões, figuram as flores de lis (cinco) dos Maldonado. O nome da Casa das Conchas é
devido ao facto de ter mais de 400 conchas na sua fachada.
A Casa das Conchas é um Palácio urbano representativo da nova nobreza cortesã do século XVI. O
palácio urbano converte-se em símbolo do poder da nobreza. Aqui podem-se observar reminiscências
do antigo castelo medieval, com altas torres, que se erguem orgulhosas sobre os restantes edifícios
da cidade e são coroadas por ameias. As paredes exteriores e interiores enchem-se de brasões e
símbolos do senhor do palácio.
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Picos da Europa e País Basco
Outro ponto de destaque neste belíssimo edifício de Salamanca são as janelas que se encontram
protegidas por telas do tipo gótico. Ao longo dos tempos passou por importantes modificações e
restaurações. Actualmente é usado como biblioteca pública. De estilo gótico tardio, é considerada
uma das mansões mais representativas da época dos Reis Católicos.
A fundação da Universidade data do ano 1218 pelo rei Afonso X, com a categoria de Estudo Geral do
seu reino. O título de Estudo Geral pretende indicar a diversidade das disciplinas ensinadas, a sua
condição de estabelecimento público, isto é, sem o carácter privado de anteriores colégios, sendo uma
instituição aberta a todos que para ela tivessem merecimento (no conceito da época). A condição de
Estudo Geral garantia também o reconhecimento real dos títulos que fossem concedidos. O cardeal de
Aragão Pedro de Luna, que depois seria o papa de Avinhão Bento XIII, foi um grande protector da
instituição, impulsionando a compra dos primeiros edifícios e a construção dos Colégios Maiores e o
edifício histórico da Universidade, a partir de 1411.
Rapidamente foi considerada pelas autoridades académicas do mundo como uma das "quatro luzes".
Compartilhar esta situação com Paris, Bolonha e Oxford fez com que a cidade prosperasse como um
grande centro académico e cultural. Figuras tão importantes como Miguel de Cervantes, Cristóvão
Colombo, Inácio de Loiola, Hernán Cortés e Miguel de Unamuno passaram pelos portões da escola - uns
como professores, alguns como alunos e outros como autoridades académicas.
Do ponto de vista arquitectónico, o edifício da universidade é um verdadeiro tesouro de Salamanca. E
mais, dizem que se uma pessoa for capaz de encontrar a pequena rã escondida na decoração
plateresca da fachada, essa pessoa terá boa sorte para o resto da vida.
É fácil entender por que razão Salamanca é considerada um dos melhores lugares para se estudar
espanhol; de facto, Salamanca está localizada numa região conhecida por falar o espanhol "puro", tal
como acontece com Coimbra em Portugal.
A Universidade de Salamanca é a mais antiga da Espanha, bem como a mais antiga da Península Ibérica
e de toda a Europa. Na Europa foi a primeira a adquirir o título de universidade. Demorou cerca de
dois séculos até a instituição conseguir contar com edifícios próprios onde ministrar o ensino. Até isso
acontecer, as aulas eram ministradas no claustro da catedral, em casas arrendadas ao cabido e na
igreja de São Benito.
Para além das Escolas Universitárias (o equivalente às actuais Faculdades), o ensino era ministrado em
Colégios Maiores, para as licenciaturas e doutoramentos, e Colégios Menores, para os bacharelatos.
Os colégios eram em geral organizados de acordo com a origem da maioria dos seus estudantes.
Entre muitas outras questões pioneiras em diversos ramos da ciência, foi no claustro desta
Universidade que foi discutida a viabilidade do projecto de Cristóvão Colombo que levou à descoberta
da América e as consequências resultantes da veracidade das suas afirmações. Uma vez descoberta a
América, nele se discutiu o direito dos indígenas ameríndios a serem reconhecidos com plenitude de
direitos pessoais, uma situação que era bastante revolucionária para a época.
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Picos da Europa e País Basco
Nele também se procedeu ao desenvolvimento da ciência do Direito. Para além das contribuições para
a ciência, a Universidade de Salamanca foi um importante foco humanista e a principal fonte de que se
servia a administração da monarquia hispânica para criar e manter o seu Estado e a administração
imperial que lhe estava associada.
Foram matemáticos de Salamanca que estudaram a reforma do calendário, por incumbência do papa
Gregório XIII, e propuseram a solução que depois veio a ser adoptada.
O auge da fama da Universidade foi atingido em finais do século XVI, período em que nela conviveram
alguns dos intelectuais mais brilhantes da Península Ibérica, formando o que ficou conhecido como a
escola de Salamanca. Por volta de 1580, a Universidade admitia cerca de 6.500 estudantes novos em
cada ano, fazendo dela uma das maiores do mundo de então.
A influência da Universidade de Salamanca ultrapassou em muito as fronteiras de Castela, atraindo
numerosos estudantes e investigadores estrangeiros. Foram muitos os portugueses que nela
estudaram, incluindo alguns dos mais brilhantes intelectuais portugueses do Renascimento.
Durante a invasão francesa (1808-1813) muitos dos seus Colégios Maiores foram destruídos, não
porque tivesse tido lugar qualquer batalha em Salamanca, mas por simples espírito destruidor e
também para utilizar as pedras para construir defesas. As bibliotecas da Universidade foram
espoliadas dos seus melhores bens. Uma parte destes foi recuperada e integrada na Biblioteca do
Palácio Real. Esta última parte foi posteriormente readquirida pela Biblioteca da Universidade em
1954.
Com mais de 35.000 alunos, a Universidade de Salamanca é hoje uma das instituições universitárias
mais prestigiadas da Europa, atraindo estudantes de toda a Espanha e do mundo de língua castelhana.
Depois de todas estas visitas, seguimos para o Hotel Corona Sol para jantar. Como se diz que a Cidade
de Salamanca é ainda mais bonita de noite do que de dia, por causa das iluminações, houve pessoas que
queriam ir até à zona histórica da cidade. Mas afinal ninguém saiu: na televisão davam o jogo de
futebol entre o Bayern de Munique e o Barcelona, que os primeiros ganharam por 4 – 0!
Segundo dia – 24 de Abril:
Também com um dia cheio de sol deixámos o Hotel bem cedo, seguindo para Zamora, cidade capital da
província do mesmo nome situada em Castela e Leão. Está próxima da fronteira com Portugal e é
atravessada pelo rio Douro. Tem uma particular importância para nós, dado que foi aqui que teve lugar
a conferência entre D. Afonso Henriques e Afonso VII de Leão, para discutirem a independência de
Portugal e estabelecerem a paz entre os reinos de Portugal e Leão.
Com as suas 24 igrejas de estilo Românico dos séculos XII e XIII foi chamada um museu da arte
Românica. Zamora é a cidade com o maior número de igrejas românicas de toda a Europa. Uma das
características do estilo românico é que fazendo muita força sobre os arcos, estes quebram. Por isso,
as construções românicas são construções atarracadas, como os castelos.
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Nestas construções não havia janelas baixas. No gótico é diferente: quanto mais alto construímos,
mais perto estamos de Deus.
Após a vitória Romana sobre o herói Lusitano Viriato o local foi chamado pelos Romanos como Occelum
Durii ou Ocellodurum (literalmente, "Olho do Douro"). Durante o domínio Romano esteve nas mãos dos
Vaccaei, e foi incorporada na província Romana de Hispania Tarraconensis. Ficava situada na estrada
de Emerita (a moderna Mérida) para Asturica Augusta (a moderna Astorga).
Após o estabelecimento do Reino Cristão das Astúrias, o local tornou-se um posto fronteiriço
estratégico e foi cenário de muitos recontros militares entre Muçulmanos e Cristãos. Durante este
período tornou-se uma cidade muito fortificada.
Henrique IV concedeu a Zamora o título de “muito nobre e muito leal cidade".
O episódio histórico mais notável que teve lugar em Zamora foi o assassínio fora das muralhas da
cidade do rei Sancho II de Castela, em 1072. Algumas décadas antes, o rei Ferdinando I de Leão
tinha dividido os seus reinos entre os três filhos. À filha D. Urraca, tinha legado a "bem fortificada
cidade de Zamora". Os três filhos lutaram entre si, até que o último vencedor, Sancho, ficou
vitorioso. Zamora resistiu, porque D. Urraca se aliou com nobres de Leão. Sancho II de Castela,
ajudado por El Cid (O Campeador), cercou Zamora. O Rei Sancho II foi assassinado por um nobre de
Zamora, Bellido Dolfos, que enganou o rei, convidando-o para uma reunião privada. Após a morte de
Sancho II, Castela apoiou o seu irmão Afonso VI de Leão, que tinha sido deposto. O acontecimento foi
comemorado pela construção da Porta da Traição. Zamora foi também cenário de lutas ferozes no
século XV, durante o conflito entre os apoiantes de Isabel a Católica e Juana a Beltraneja.
Durante o século XII, a cidade foi extraordinariamente importante pela sua posição estratégica nas
guerras entre o reino de Leão e os Árabes para conquistar a Península Ibérica. Em resultado disto, a
cidade conserva muitas igrejas e edifícios daquela época. Nos séculos seguintes, Zamora perdeu a sua
importância política e económica e verificou-se uma onda de emigração, especialmente para a América
do Sul (onde foram fundadas muitas outras cidades com o nome de Zamora).
A catedral de Zamora foi construída em 20 anos, ao passo que a construção da de Salamanca tinha
durado 3 séculos. A sua fachada é clássica com influência gótica. Observamos arcos botantes, como
contrafortes das paredes. A cobertura dá a ideia de que é formada por escamas. Não tem a forma de
cruz latina. As igrejas de Espanha tinham de obedecer a uma determinada orientação – a entrada
principal ficava a poente. Havia a procura da luz quando se entrava na igreja. Nas catedrais
espanholas há sempre o coro no meio, ao contrário do que acontece em Portugal. A catedral de
Zamora é do estilo gótico plateresco, que significa trabalhar a pedra como se fosse prata (plata). É da
época de Isabel de Castela – o estilo Isabelino, que corresponde mais ou menos ao nosso estilo
Manuelino. Um das mais bonitas igrejas de Zamora é a da Magdalena, com o antigo convento em
frente. Existe aqui também uma belíssima ponte românica de pedra do século XII. Apenas no século
XIX é que é descoberto um arco diferente – o parabólico - , por um génio: Gaudí.
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Picos da Europa e País Basco Em seguida, prosseguimos para Leão, onde almoçámos no Hotel SPA Paris. Seguiu-se a visita à cidade.
Leão é um município da Espanha, capital da província de Leão, na comunidade autónoma de Castela e
Leão. A sua população era de 136.985 habitantes em 2006.
Leão é famosa pela sua catedral gótica, e por diversos outros monumentos e edifícios, como a Basílica
de Santo Isidoro, onde está o Panteão Real, o mausoléu ricamente decorado no qual foi enterrada a
família real do reino medieval de Leão e que também possui uma das melhores colecções do mundo de
pinturas românicas; a Casa de Botines, uma das primeiras obras do arquitecto catalão Antoni Gaudí,
ocupada actualmente por um banco, o Mosteiro de São Marcos, originalmente a sede da Ordem Militar
de Santiago, construída no século XVI ou o novo MUSAC, Museu de Arte Contemporânea de Castela e
Leão.
Conhecida pelas suas festas, como as que têm lugar durante a Páscoa, as procissões realizadas em
Leão foram declaradas de Interesse Internacional, e, nestas datas, visitantes de diversas partes do
mundo vêm à cidade e participam das suas tradições.
A cidade de Leão está localizada a uma altitude de 840 metros, no centro da província e é um local de
passagem obrigatória para todos aqueles que se dirigem para a Galiza e Astúrias.
Leão foi fundada no século I A.C. (no ano 28 A.C.), por César Augusto, porque aqui existiam grandes
minas de ouro. Em 68 d.C. veio para Leão a Legio VII Gemina que fundou um acampamento militar
permanente, que seria a origem da cidade e é exactamente do nome desta legião que deriva o seu
nome moderno. A legião foi recrutada por Galba a partir de soldados iberos, que determinaram a
localização da cidade, de maneira a protegerem o território dos habitantes selvagens das montanhas
das Astúrias e Cantábria e para garantirem o transporte do ouro extraído da província da Hispânia.
A história pós-romana da cidade consiste basicamente na história do Reino de Leão. O acampamento
da legião nas Astúrias desenvolveu-se e tornou-se uma importante cidade, que resistiu aos ataques
dos visigodos até 586. Foi uma das poucas cidades onde os visigodos permitiram aos romanos que
mantivessem as suas fortificações. Durante a guerra contra os invasores muçulmanos, a mesma
fortaleza, que os romanos haviam construído para proteger a planície das incursões dos povos
montanheses, tornou-se o posto avançado que cobria a montanha, como o último refúgio da
independência espanhola.
Por volta do ano de 846, um grupo de moçárabes (cristãos que não fugiram dos muçulmanos e viviam
sob o regime islâmico) tentou repovoar a cidade; porém, um ataque muçulmano acabou por impedir a
iniciativa. No ano de 856, sob o rei Ordonho I, teve lugar outra tentativa para repovoar a região,
desta vez com sucesso. Ordonho II fez de Leão a capital de seu reino (914) e a mais importante das
cidades cristãs da Ibéria.
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Saqueada por Almançor em 987, a cidade foi reconstruída e repovoada por Afonso V, rei da Castela.
Leão era ponto de paragem para os peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago, para chegarem
até Santiago de Compostela. Durante o início da Idade Média, a indústria do gado trouxe um período
de prosperidade à cidade.
No século XVI teve início um período de declínio económico e demográfico, que continuou até o século
XIX. Em Julho de 1936, durante a Guerra Civil Espanhola, a população de Leão participou na guerra ao
lado das forças republicanas.
Durante a década de 1960, Leão experimentou um grande crescimento, devido à migração de parte da
população das zonas rurais da província.
Em 1983 Leão foi anexada à região vizinha da Castela, para formar a Comunidade Autónoma de
Castela e Leão.
A cidade possui diversos monumentos impressionantes, desde edifícios medievais até outros mais
modernos. Entre os mais importantes está a catedral da cidade, em estilo gótico e com 1850 metros
quadrados de vitrais de diferentes tonalidades, criando um ambiente muito característico e único no
seu interior. Depois de Chartres, em França, é a catedral que tem mais vitrais na Europa e é
considerada a jóia do norte da Península Ibérica. Foi construída sobre umas termas romanas do século
II. O rei Ordoño mandou fazer aqui um palácio no século X, muito parecido com a catedral de Oviedo.
No século XII o bispo de Leão, que tinha visitado a catedral de Chartres, ficou entusiasmado com a
mesma e mandou erigir esta catedral. A sua construção foi iniciada no século XIII (durou de 1205 até
1301). É uma réplica em menor escala da Catedral de Reims, em França. Tem um estilo gótico muito
clássico, francês. A fachada principal – oeste - tem a maior parte de elementos góticos, que formam a
letra H. Observamos arcos botantes que sustentam o peso da abóbada, o que permite tectos altos e
de formas esbeltas, com a intenção de permitir a entrada de mais luz e poder chegar ao céu e a Deus.
Depois de sairmos da catedral, sentimo-nos renovados para prosseguir com a visita da cidade.
Observámos na Catedral de Santa Maria a Torre Sineira com 65 metros de altura, a torre do relógio
com 67 metros e uma rosácea. Na porta da catedral temos a Virgem Branca (uma cópia de 1956), pois
a original está no interior da catedral e é do século XIII. Sobre a cabeça da virgem está o arcanjo
São Gabriel, bispos e frades dominicanos. No meio está Cristo a presidir ao Juízo Final, acompanhado
por dois anjos.
Na época não havia livros e os retábulos das Igrejas eram usados para ensinar as pessoas. A planta
desta catedral é em forma de cruz latina, com deambulatório. Tem 3 naves, 3 rosáceas e 3 fachadas.
Tem 30 metros de largura e 90 metros de altura. A abóbada sobre o altar-mor tem 7 partes, o
número da perfeição. O número 7 aparece pela primeira vez no Antigo Testamento. A maior parte dos
vitrais é medieval e são do século XIII, XIV e XV. Dos séculos XVI e XVII não há nenhum. Os vidros
dos vitrais estão ligados por chumbo e não são pintados. A limpeza dos vitrais é minuciosa, feita em
seco, com um microscópio e depois é colocado um metal novo, que não oxide e os vitrais são protegidos
com um vidro duplo, para evitar que o vitral fique em contacto com a temperatura exterior.
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A limpeza dos vitrais da catedral começou em 1993 e, até agora, só metade é que foi limpa. Na parte
Norte as cores dos vitrais são frias (predomina o branco e o azul) e na parte Sul existem árvores,
arbustos e pequenas cabeças que significam animais – é o mundo animal e vegetal. O Papa João XXIII
definiu esta catedral como tendo “mais vidro que pedra, mais luz que vidro e mais fé que luz”.
Em frente da fachada principal da catedral há um monumento cheio de mãos em baixo relevo, que é
uma homenagem a todos os artesãos que trabalharam na construção da mesma.
O claustro fica situado na parte Norte da catedral. É do século XIV e a abóbada é renascentista do
século XVI. Foi criado como cemitério e nas paredes existem frescos de Nicolas Francês, bastante
esbatidos. Nos claustros dormiam peregrinos e na altura havia pestes. Muitos morriam e era usada cal
para desinfectar as paredes, pelo que os frescos iam desaparecendo. Em Leão há 15.000 estudantes
universitários. Uma parte da muralha romana da cidade é do século III. Todas as portas da muralha
são modernas, do século XIX.
Temos também a Basílica de Santo Isidoro ou Real Colegiada Basílica de Santo Isidoro (um grande
teólogo e sábio que é o patrono da Universidade de Leão e também o patrono da Internet em
Espanha), que é um dos conjuntos arquitectónicos de estilo românico mais destacados da Espanha. Foi
construída durante os séculos XI e XII.
Inicialmente, foi um mosteiro dedicado a São João Baptista. Com a morte de Santo Isidoro (bispo de
Sevilha) e com a trasladação dos seus restos mortais para Leão em 1063, teve lugar a mudança do
nome do templo.
O conjunto é considerado o mais completo da Espanha, e alguns acreditam que ele seja o mais
completo do ocidente. Apresenta estilo românico na sua maior parte, com alguns detalhes em estilo
gótico e renascentista.
A igreja original foi construída no período pré-árabe, sobre as ruínas de um templo dedicado ao deus
romano Mercúrio. Com a conquista da região por Almançor, que durou de 938 a 1002, esta primeira
igreja foi destruída. Leão foi repovoada e uma nova igreja e um novo mosteiro foram estabelecidos no
século XI por Afonso V de Leão. A igreja também beneficiou da sua posição geográfica, na famosa
rota de peregrinação a Santiago de Compostela. Escultores, mestres canteiros e artistas de toda a
Europa vieram trabalhar no novo mosteiro que estava a ser construído.
No conjunto histórico da basílica podem ser encontradas amostras de diversos períodos da história
da arte. A abside e o transepto do edifício são em estilo gótico, enquanto outras partes do mesmo
datam dos períodos românico e renascentista. O estilo românico chegou ao seu esplendor no Panteão
dos Reis; a capela funerária dos reis de Castela e Leão, é um dos mais destacados exemplos ainda
existentes da arte românica em toda a região de Castela. A igreja em si possui uma planta em forma
de cruz latina, com três naves e nas suas portas vêem-se exemplos da obra escultórica da época.
Amostras do estilo gótico podem ser vistas na capela-mor e em diversos murais.
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O tímpano ricamente entalhado da Porta do Cordeiro é um dos destaques da basílica; criado antes de
1100, este tímpano românico retrata o sacrifício de Isaac por seu pai, Abraão. A porta que fica do
lado direito da porta principal é a Porta do Perdão, utilizada pelos peregrinos que não conseguiam
chegar a Santiago de Compostela. Aqui fica a metade do caminho francês para Santiago e muitos
peregrinos não conseguiam ir mais longe do que este local. Em 1943 o Papa Pio XII deu-lhe o título de
Basílica, por ter sempre expostas as relíquias de Santo Isidoro. Está aberta 24 horas por dia.
Temos também o antigo mosteiro de São Marcos, mandado construir pelos Reis Católicos. Foi um
albergue até ao século XVIII e aí viviam os cavaleiros da Ordem de Santiago. Desde 1964 que é um
parador (o que corresponde às pousadas portuguesas), com a sua exuberante fachada plateresca. Este
parador e o de Santiago de Compostela são os únicos Paradores de luxo de toda a Espanha. Em
Espanha há um total de 93 Paradores de turismo.
A Casa de Botines é um edifício neogótico, um excelente exemplo da arquitectura de Antoni Gaudí,
construída entre 1892 e 1894. Em frente da casa está uma escultura de Gaudí, sentado num banco.
Gaudí nasceu em Tarragona em 1852 e faleceu em 1926. Fora de Barcelona (onde está, entre outras, a
sua obra-prima – A Sagrada Família) construiu esta casa, uma outra na Cantábria – La casa del
Capricho e o Palácio Episcopal de Astorga. A Casa de Botines foi construída num ano, porque nesta
altura havia muito dinheiro. Gaudí tentou adaptar o edifício àquilo que estava em seu redor e usou o
estilo neogótico. É feita em calcáreo da região de Leão. De início foi uma loja de telas. Depois passou
para escritório principal da Caja España e actualmente funcionam aqui os escritórios principais da
Caja de Ahorros.
Do lado direito fica o edifício Renascentista que é a sede do governo da Província de Leão e do lado
esquerdo está a Câmara Municipal.
Leão é também a sede do MUSAC (Museu de Arte Contemporânea de Castela e Leão) que foi
inaugurado em 1 de Abril de 2005. O edifício onde está situado o museu apresenta uma
impressionante estrutura modernista, com vidros de todas as cores trazidos dos restos dos vitrais da
catedral, depois de submetidos a um tratamento especial. Foi projectado pela equipa de arquitectos
Mansilla & Tuñón e visto do ar tem a forma de uma calçada romana. Em Maio de 2007 recebeu o
prémio Mies van der Rohe, o mais importante da Europa em Arquitectura.
Em seguida, demos um passeio de autocarro pela cidade e fomos para o Hotel Eurostars Léon, de 4
estrelas, mas que tinha uma deficiência: apenas um elevador. Assim, para levar até aos quartos 49
pessoas e respectivas bagagens, não foi fácil!…
Jantámos na Bodega del Chico e depois do jantar fomos para o Hotel para assistir a um novo jogo de
futebol – desta vez foi entre o Real Madrid e o Dortmund, tendo a equipa de José Mourinho perdido
por 4 a 1.
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Terceiro dia – 25 de Abril:
Saímos cedo do Hotel, porque o programa do dia prometia ser bastante preenchido. Assim, desta vez
sem termos o sol por companhia e com uma temperatura mais baixa, seguimos para Oviedo,
acompanhados pelo guia Miguel, muito competente e com bastantes conhecimentos, mas um tanto
efeminado.
Oviedo é a capital das Astúrias. Acerca da História das Astúrias existe uma série de estudos sobre
as origens do Principado das Astúrias, que tem o seu início histórico a partir da invasão do Império
Romano do Ocidente.
Com a conquista das Astúrias pelos romanos com Augusto (29-19 A.C.), a região entrou para a história.
Após vários séculos sem presença estrangeira, os suevos e visigodos ocuparam a terra desde o século
VI d.C. até o início do século VIII, ocupação essa que terminou com a invasão de Espanha pelos
mouros. No entanto, estes não encontraram território montanhoso fácil de conquistar, e as terras ao
longo da costa norte da Espanha nunca se tornaram inteiramente parte da Espanha islâmica. Pelo
contrário, com o início da conquista árabe no século VIII, esta região tornou-se um refúgio para os
cristãos nobres e, em 722, foi criado um reino efectivamente independente, o Asturorum Regnum, que
se tornou o berço da incipiente Reconquista. No século 10, o Reino de Astúrias abriu caminho para o
Reino de Leão, e durante a Idade Média há referências históricas escassas acerca desta região,
devido ao seu isolamento geográfico.
Durante o reinado de Afonso II, tornou-se conhecido o Caminho de Santiago, uma vez que o próprio
Rei foi o primeiro a ir até Santiago de Compostela ver o túmulo do apóstolo.
1388 foi uma data importante para o actual Principado, porque João I das Astúrias deu este título a
esta região. A partir daqui, o herdeiro do trono castelhano (mais tarde espanhol) passou a ser
denominado Príncipe das Astúrias.
Hoje as Astúrias são reconhecidas pelo rei da Espanha João Carlos como uma comunidade autónoma e
um principado; oficialmente a constituição monárquica do país elege o príncipe das Astúrias como o
herdeiro da coroa de Espanha e o primeiro na linha de sucessão ao trono espanhol. O príncipe das
Astúrias possui um total de 35 títulos e a mulher, pelo casamento, ficou com esses mesmos títulos. Se
esta se divorciar, fica apenas com um ordenado mensal e passa a ser chamada de Excelentíssima
Senhora. Desaparecem os títulos adquiridos pelo casamento.
No início do século XVI, a população atingiu 100.000 habitantes pela primeira vez, mas dentro de um
século este número duplicaria. Durante o século XVII, Astúrias foi um dos centros do Iluminismo
espanhol.
Mais tarde, no século XIX, os habitantes desta região tornaram-se no primeiro povo a expulsar os
franceses invasores, iniciando assim o alargamento das Astúrias.
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Picos da Europa e País Basco A Revolução Industrial chegou às Astúrias a partir de 1830 com a descoberta e exploração
sistemática dos recursos de carvão e ferro. Ao mesmo tempo, houve uma migração significativa para a
América (especialmente Argentina, Uruguai, Porto Rico, Cuba e México), e foram muitos aqueles que
conseguiram fortuna no exterior e muitas vezes voltaram para sua terra natal com uma situação
económica bastante desafogada. Estes empresários foram conhecidos colectivamente como 'indianos',
por terem visitado e feito as suas fortunas nas Índias Ocidentais. O património dessas famílias ricas
ainda pode ser visto hoje nas Astúrias: mansões muito grandes, modernistas, estão espalhadas por
toda a região, bem como instituições culturais, tais como escolas e bibliotecas públicas.
As Astúrias desempenharam um papel importante nos acontecimentos que levaram à Guerra Civil
Espanhola. Astúrias permaneceu leal ao governo democrático republicano durante a Guerra Civil. Com
Franco, eventualmente ganhando o controlo de toda a Espanha, as Astúrias - tradicionalmente ligada à
coroa espanhola - foram conhecidas apenas como "Província de Oviedo" desde 1939 até a morte de
Franco em 1975. O nome da província foi restaurado completamente após o regresso da democracia à
Espanha, em 1977. Em 30 de Dezembro de 1981, as Astúrias tornaram-se uma comunidade autónoma.
O governo das Astúrias detém competências abrangentes em áreas importantes, tais como saúde,
educação e protecção do ambiente. Desde Maio de 2011, o Presidente do Governo das Astúrias é
Francisco Álvarez-Cascos.
As Astúrias são uma região rica em monumentos, desde o pré-românico até aos nossos dias, incluindo
ainda as pinturas rupestres do Paleolítico.
Antes de mais, devemos destacar na arte pré-românica das Astúrias, a Igreja de Santa Maria del
Naranco e a Igreja de São Miguel de Lillo. Do pré-românico asturiano passamos para a arte românica,
também representada nesta terra tão rica em história, arte e cultura. A arte românica pode ser vista
ao longo de todo o Caminho de Santiago. O melhor exemplo desta corrente artística é o Mosteiro de
San Pedro de Villanueva.
Também vamos encontrar monumentos dos estilos gótico e barroco, embora não sejam tão
importantes como os do românico e pré-românico. Devemos ainda referir que todo o conjunto de
monumentos do Principado das Astúrias em geral e de Oviedo, a sua capital, em particular, está
declarado como Património Histórico pela UNESCO.
Oviedo é considerada uma cidade muito cara: quanto mais próximo estamos do Centro da cidade, mais
caras são as casas. Por exemplo, uma casa de 60 metros quadrados pode custar 450.000 Euros.
Porém, é das cidades menos poluídas de Espanha e é considerada a mais limpa da Europa. Tem mais de
100 ruas peatonais. Aqui não existem contentores de lixo. O lixo só pode ser colocado nas ruas depois
das 19 horas. Quem o fizer antes disso, paga uma multa de 30.000 Euros. No centro de Oviedo vivem
pessoas da vida pública asturiana. São naturais de Oviedo Fernando Alonso, campeão da Fórmula I,
Carmen Polo, que foi casada com Francisco Franco e também a mulher do Príncipe Filipe.
Nos arredores de Oviedo visitámos no Monte Naranco, a uma altitude de 635 metros e depois de uma
subida bastante íngreme, a Igreja de Santa Maria del Naranco.
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Picos da Europa e País Basco
Em 842 o rei Ramiro I e a mulher construíram este monumento como palácio real. No tecto da sala do
primeiro andar existem 7 arcos, mas o do meio não suporta nada. Era apenas para se obter o número
7, o número da plenitude, da sorte. Há várias colunas e 32 medalhões entre elas, com a representação
dos animais que se caçavam nesta região. Tudo o que aqui está feito em pedra é original. Na sala de
baixo, que tem as mesmas dimensões da sala de cima, mas parece mais pequena, havia banhos. Para o
rei havia uma piscina de água quente, onde ele fazia as suas necessidades fisiológicas e depois tomava
banho. Naquela altura (século IX) era uma inovação ter uma construção com uma cúpula e outro andar
por cima. É Património da Humanidade pela UNESCO desde 1989.
A escassos metros de Santa María del Naranco encontra-se a Igreja de São Miguel de Lillo. Esta
igreja é uma construção pré-românica dedicada a São Miguel Arcanjo e foi também mandada construir
em 848 também pelo rei Ramiro I. Tem uma única nave e é considerada um dos exemplos mais
importantes do românico asturiano. De início a planta da igreja constava de três naves, mas depois da
reforma que teve lugar em 1775 passou a ter apenas uma.
Conserva três absides românicas construídas em cantaria.
Entramos na igreja atravessando uma torre-pórtico de 1689, com uma porta de acesso de finais do
século XII. Tem outras duas portas de entrada: una cega e outra que dá acesso à capela de São
Miguel.
Ao pé da igreja estão os restos do primitivo claustro românico de finais do século XII. Este claustro
foi substituído na reforma que teve lugar entre os anos 1674 - 1694 pelo actual claustro barroco.
O mosteiro foi abandonado em 1835, continuando a igreja a estar activa como igreja paroquial e
realizando-se aqui casamentos (uma média de 3 por ano). Os vidros da Igreja são blindados por causa
das fortes mudanças de temperatura (neve e temperaturas elevadas) e o conjunto é também
Património da Humanidade desde 1985. Em 2011 foi restaurada, porque estava cheia de humidade,
devido à água que desce da montanha.
Em seguida, visitámos a Santa Igreja Basílica Catedral Metropolitana de São Salvador de Oviedo que
é uma catedral de estilo gótico. É conhecida também como Sancta Ovetensis, devido à qualidade e
quantidade das relíquias que contém. O Papa João Paulo II visitou esta catedral.
Começou a ser edificada em finais do século XIII pela sala do capítulo e o claustro, e a sua
construção prolongou-se por três séculos, até ao remate da torre em meados do século XVI.
Posteriormente seria acrescentada uma charola no século XVII, além de diversas capelas anexas às
naves laterais.
A igreja está localizada no lugar do anterior conjunto catedralício pré-românico do século IX, tendo
sobrevivido alguns dos edifícios. Por esta razão e devido à demora da construção do edifício actual,
este possui estruturas de estilo pré-românico (Câmara Santa), românico (abóbadas e apostolado da
Câmara Santa), renascentista (remate da torre) e barroco (Charola, Capela do Rei Casto e outras
capelas).
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A Câmara Santa, do século IX, foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO e guarda as
jóias mais preciosas da catedral: uma cruz grega do século VIII, as cruzes da Vitória e dos Anjos do
século XVIII, símbolos de Astúrias e da cidade de Oviedo, respectivamente, uma cruz de madeira,
pintada a ouro, uma cruz de madeira revestida de pedras preciosas, a Caixa das Ágatas (oferta da
mulher de Afonso III) e a Arca Santa (a mais importante) que está no centro e contém um grande
número de relíquias, entre as quais se encontra o Santo Sudário e que foi aberta pela última vez no
século XI. O Santo Sudário é um pano com as medidas de 33 x 62 centímetros que envolveu o rosto
de Cristo quando o desceram da cruz. Foi investigado durante 10 anos e os cientistas dizem que é do
século I, que envolveu o rosto de um homem jovem e referem outros aspectos que correspondem a
Jesus Cristo.
A influência da arquitectura gótica, que já era patente em Castela no início do século XIII apenas
chegou às Astúrias nos últimos anos desse século, quando começou a renovação gótica do conjunto da
catedral, não pelo edifício principal, talvez por respeito para com a antiga basílica ou por escassez de
recursos para fazer face a uma obra de tal envergadura, mas sim pelos edifícios anexos: a sala do
capítulo e o claustro. Seria necessário esperar quase mais um século para ver o início da catedral
gótica.
A construção do templo gótico começa em 1382 por ordem do bispo Gutierre de Toledo.
No século XVI termina o pórtico e a torre da fachada. Nos séculos seguintes fizeram-se obras e
melhoramentos em muitas das capelas.
Em 11 de Outubro de 1934, um grupo de revolucionários colocou uma bomba na cripta da Câmara
Santa, a qual destruiu uma grande parte do monumento e causou sérios danos na sua estrutura.
Também as obras de arte sofreram grandes prejuízos e desapareceram importantes relíquias. Apesar
disso, puderam ser salvos tesouros da cripta como o Santo Sudário. A reconstrução deste desastre
teve lugar entre 1939 e 1942 respeitando, na medida do possível, o traçado original.
A porta principal da Catedral é de estilo gótico flamejante. A construção da actual fachada tem início
nos princípios do século XVI e, apesar da época da construção, continua a utilizar-se o estilo gótico
em lugar do renascentista.
É construído um pórtico de pouca altura com três arcos e três portas que dão acesso a cada uma das
naves. A portada central, a mais importante tanto esteticamente como em tamanho, está coroada com
um relevo da Transfiguração e ao lado existem figuras em baixo-relevo que representam Afonso II o
Casto. Um pouco mais abaixo observamos uns medalhões que representam o Menino Jesus e São João
em criança.
As portas realizadas no século XVIII são em nogueira. A porta da nave central contém uma imagem
de São Salvador e de Santa Eulália de Mérida, ambos patronos da catedral e do Principado de
Astúrias. Entramos no templo pela porta do lado esquerdo.
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Picos da Europa e País Basco A construção da torre de estilo gótico e renascentista tem início em 1508 e termina em 1587.
Com uma altura de 80 metros está dividida em cinco corpos que vão diminuindo de tamanho à medida
que se sobe. A torre inicia-se integrada no pórtico sobre os quatro pilares que formam a arcada. Na
torre podemos encontrar um relógio no segundo piso, e no último piso o escudo do bispo de Oviedo -
Cristóbal Rojas Sandoval.
Em Oviedo não há indústria. A profissão mais importante é o funcionalismo público (85.000 pessoas).
Depois é o comércio. Oviedo é considerada uma cidade onde as pessoas se vestem bem. Nas suas ruas
podemos encontrar lojas dos mais famosos costureiros franceses e italianos e casas com artigos das
melhores marcas mundiais. Tem 222.000 habitantes.
Almoçámos na Grande Taberna Asturiana. Em seguida, dirigimo-nos para a zona mineira relacionada
com a exploração das minas e com os rios. O carvão necessita de ser lavado de outros materiais com a
água dos rios. O carvão começou a ser extraído no século XVII. Em 1996 foi assinado um acordo para
fechar as minas, a fim de reconverter as zonas noutro tipo de indústrias, mas o trabalho nas minas
continuou. A par da indústria mineira, foi criada a indústria metalúrgica. O coque (um tipo de
combustível derivado da hulha) é necessário para fundir o ferro. Passamos por uma povoação que
nasceu à sombra da indústria metalúrgica e onde viviam 2.000 famílias em 2010. Passamos também
pela fábrica da Bayer e fiquei a saber que o ácido acetilssalicílico (a substância activa da Aspirina)
também sai do carvão. A padroeira desta zona é a Virgem del Roble.
São Martin del Rei Aurelio é o concelho onde está situado o Museu da Mina. Este museu tem duas
partes: uma de exposições e outra de fornos de extracção e uma reprodução em larga escala de uma
mina com equipamento real. Descemos de ascensor – La Jaula – até uma profundidade de 600 metros a
uma velocidade de 8 metros por segundo! No fim, verificámos que não era assim, que se tratava de
uma brincadeira, mas tudo estava preparado para dar essa sensação. Caminhámos durante 1
quilómetro por dois túneis (de madeira e de ferro) guiados por um antigo mineiro, que nos ia dando
explicações acerca das diversas fases do trabalho nas minas. Era um trabalho duro, exposto a uma
série de perigos, como as derrocadas, a carência de luz, a má qualidade do ar e muitas outras. Para
verificar se o ar das minas era respirável e detectar fugas de grisú (mistura de metano e ar que era
explosiva), introduziam-se canários nas minas, em gaiolas: se os canários mostrassem sinais de
intoxicação, a mina tinha de ser evacuada. O salário nas minas era de cerca de 2.500 Euros mensais. O
Museu tem laboratório, enfermaria, sector de primeiros socorros, lavandaria, etc.
Nas Astúrias também existe a indústria das carnes. Aqui encontram-se muitos minifúndios,
nomeadamente pomares de maçãs para produção da sidra. Estas maçãs têm muito sumo, mas são
ácidas. Não são maçãs de mesa. Mas as maçãs doces também são necessárias para a fermentação da
sidra, porque têm açúcar. A sidra natural é sumo de maçã fermentado. Quanto a outras árvores, aqui
não existem amendoeiras, mas sim avelaneiras.
Continuamos para Cangas de Onis, uma bonita localidade asturiana do interior, com uma história muito
rica. Apesar de apenas contar actualmente com cerca de 6.000 habitantes, número que aumenta
significativamente durante os meses de verão, Cangas de Onis foi a primeira Capital do Reino das
Astúrias até ao ano 774.
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O monumento mais importante de Cangas é a igreja de Santa Cruz, construída no ano 733 sobre um
dólmen que ainda se conserva no seu interior, embora também seja famosa a chamada ponte romana
que na realidade foi construída no reinado de Afonso XI.
Nesta localidade residiu Pelágio e aqui, no município de Cangas de Onis, teve lugar a famosa Batalha
de Covadonga, na qual os Muçulmanos foram expulsos da Cordilheira Cantábrica, tendo-se então
iniciado a reconquista da Península. Apesar de não estar a grande altitude, apenas a 87 metros sobre
o nível do mar, dá a impressão de ser uma cidade de alta montanha, devido aos altos cumes que a
rodeiam.
É uma das portas de entrada para o Parque Nacional dos Picos de Europa, que desde 1916 é um dos
Parques Nacionais mais antigos de Espanha. De início a sua área era de cerca de 17.000 hectares, mas
em 1992 é ampliado e fica com 60.000 hectares. As diferenças de altitude, que vão dos 150 aos 2590
metros e a sua especial geografia, definem a riqueza da sua flora e fauna. Aqui encontramos faias,
carvalhos, azinheiras, azevinhos e tílias, que formam bosques por onde passeiam corças, javalis e
raposas e também aves, como falcões, águias e abutres. Passamos pelo Maciço Ocidental e pelo maciço
Central, com paisagens de grande beleza, entre desfiladeiros com os cumes cobertos de neve e
profundas gargantas, rios caudalosos e pontes que nos deixam os olhos cheios de verde e azul. Foi uma
pena haver algum nevoeiro, pois assim não nos foi possível ver toda a beleza dos montes cheios de
neve. Ficámos apenas com uma ideia fugidia dos cumes!
Cangas de Onis é um bom ponto de partida para explorar uma parte dos Picos de Europa, pois a partir
daqui pode-se subir com facilidade ao Santuário de Covadonga e aos Lagos de Covadonga.
Chegamos a Covadonga.
Em 18 de Maio de 722 teve aqui lugar a batalha de Covadonga, que foi a primeira grande vitória das
forças militares Cristãs na Hispânia a seguir à invasão árabe em 711. Uma década depois,
provavelmente no verão de 722, a vitória de Covadonga assegurou a sobrevivência da soberania Cristã
no Norte da Península Ibérica e é considerada por muitos autores como o início da reconquista cristã:
o reino das Astúrias tornar-se-ia o ponto de partida da reconquista e a própria batalha, que também
foi importante para nós, marca o seu início simbólico. Atribuindo a vitória à protecção da Virgem
Maria, Pelágio manda construir em sua honra um santuário na gruta, baptizada Cova Dominica, que se
chamaria Covadonga.
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A “Santa Cueva” é a gruta onde se venera a Virgem “La Santina”, como os asturianos chamam à sua
padroeira. Abre-se numa rocha, à qual se acede por uma escada longa, que muita gente sobe de
joelhos. A cruz monumental situada à entrada é a cruz da vitória, com que Pelágio se auto-proclamou
rei. Debaixo da gruta há uma queda de água, que vai diminuindo de intensidade até se tornar num
riacho. Normalmente, a Virgem está vestida de vermelho. Debaixo da gruta há uma fonte onde as
pessoas deitam moedas e cujas águas dizem que dão felicidade a quem as beber. Estiveram neste local
alguns reis, príncipes, infantas e o Cardeal Roncalli (mais tarde Papa João XXIII). Pio XII conseguiu
as indulgências para Covadonga. No interior da gruta está o túmulo de Pelágio.
A Basílica de Nossa Senhora de Covadonga é uma igreja dedicada a Nossa Senhora de Covadonga,
padroeira das Astúrias, situada no coração de um vale cercado pelos majestosos cumes dos Picos da
Europa. A Basílica começou a ser construída em 1877 e terminou em 1901. Foi concebida por Frederico
Aparici e é de estilo neo-românico, imitando as grandes catedrais da Idade Média. A pedra da Basílica
tem óxido de ferro, dando-lhe uma tonalidade rosada.
Jantámos no Gran Hotel Pelayo, um hotel de montanha, muito agradável, em Cangas de Onis. Como
desta vez não havia futebol, uma grande parte dos companheiros de viagem divertiu-se numa sessão
de anedotas.
Quarto dia – 26 de Abril:
Mais uma vez deixámos o hotel bastante cedo, desta vez com uma chuva miudinha e uma acentuada
descida de temperatura. Passamos por Arenas de Cabrales, famosa pelo seu queijo, que é semelhante
ao Roquefort ou Gorgonzola, muito forte e picante. Eu gosto muito de todos os queijos, mas posso
garantir que este é dos melhores que já comi, pois provei-o e trouxe um para casa. Mas há aqui muitos
outros queijos. A produção é feita em locais húmidos (com até 90% de humidade) e o queijo leva 3 ou
4 meses para estar curado. Deve ser bebido acompanhado de vinho do Porto, ou então com uvas
brancas ou peras. Passamos depois por La Franca, uma localidade relativamente próxima e depois por
Potes.
A proximidade dos Picos de Europa faz de Potes o centro nevrálgico do turismo desta região. A
gastronomia desta vila goza de uma grande fama, baseada nos produtos da zona: hortaliças, legumes,
milho, batatas, assim como o vinho e a aguardente (orujo). A torre do Infantado, actual Câmara
Municipal, é a sua principal e mais antiga marca de um rico património artístico - século XV - , do qual
também fazem parte a torre de Orejón de la Lama e a igreja gótica de São Vicente.
A sede da Câmara Municipal da Vila de Potes encontra-se na Torre do Infantado, uma torre medieval
que domina o centro da cidade e que conta com um importante passado histórico desde a Baixa Idade
Média. A Torre foi motivo de disputas entre importantes famílias da nobreza e testemunhou
directamente as guerras que aqui tiveram lugar.
Vamos de seguida visitar o Mosteiro de São Toríbio de Liébana.
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As origens do mosteiro não são claras. Várias lendas falam-nos da sua fundação, embora a
autenticidade de algumas delas seja mais que discutível.
Segundo a tradição, a fundação do mosteiro no ano de 828 deve-se a São Toríbio, um monge que tinha
nascido em Turieno e que chegou a ser bispo de Astorga. São Toríbio fundou um mosteiro dedicado a
São Martim nesta zona. A forma como teve lugar esta fundação é diferente de lenda para lenda. Uma
delas diz-nos que, quando o santo chegou a este lugar, não encontrou nenhum tipo de ajuda por parte
dos habitantes da zona para erigir o mosteiro. Desmoralizado, foi até um bosque, onde se deparou
com uma luta feroz entre um urso e um boi. São Toríbio aproximou-se deles e com a sua palavra
amansou-os e convenceu-os a que o ajudassem na construção do templo. Uma outra lenda também fala
destes dois animais, mas diz-nos que o urso matou o boi que ajudava o santo na construção do
mosteiro. São Toríbio ralhou com ele e, depois de o acalmar, conseguiu que substituísse o boi nas
tarefas da construção. Por este motivo, na abside central do mosteiro encontramos representadas as
cabeças de um boi e de um urso.
Durante o reinado de Afonso I de Astúrias foram trazidas para este mosteiro as relíquias de São
Toríbio. Este tinha feito uma peregrinação à Terra Santa no século V e no regresso trouxe consigo
numerosas relíquias, entre as quais um fragmento da Cruz de Cristo ou Lignum Crucis. A partir do
século XII o mosteiro passou a ser conhecido também como São Toribio de Liébana, devido às
peregrinações que se faziam para venerar as relíquias do santo e o maior pedaço conservado da Cruz
de Cristo.
Rapidamente o mosteiro se tornou conhecido. Em 1328 o rei Afonso XI de Castela autorizou o
mosteiro a colectar esmolas para poder manter um hospital de peregrinos. No século XV o Papa Júlio
II decidiu abrir uma Porta Santa no mosteiro, que, durante a Idade Média foi um centro importante
de peregrinações. No século XX (em 1967) o Papa Paulo VI tornou-o um dos mais importantes centros
de peregrinação do Mundo. A primeira Porta Santa é a de Jerusalém, que se abre de 75 em 75 anos; a
segunda é a do Vaticano que se abre de 50 em 50 anos, a terceira é a de Santiago de Compostela, que
se abre sempre que o dia de Santiago (25 de Julho) calha a um domingo (a próxima vez será em 2021);
a quarta Porta Santa é a do Mosteiro de Liébana, que apenas se abre nos anos em que o dia 16 de
Abril coincide com um domingo. É conhecida pelo nome da Porta do Perdão e abriu-se pela última vez
em 2006. As indulgências conseguem-se depois de uma pessoa cruzar a porta do Perdão, rezar,
confessar-se e comungar quinze dias depois de ter cruzado a porta. A indulgência plenária dos
pecados é a mesma prerrogativa que se consegue em Jerusalém, Roma ou Santiago de Compostela.
O mosteiro actual começou a ser construído em 1265 e as obras prolongaram-se até ao século XV.
A igreja gótica ergue-se no mesmo lugar onde se situava o anterior templo românico, que por sua vez
substituiu a primitiva igreja pré-românica. Foi construída num estilo muito sóbrio, influenciado pelas
directrizes da catedral de Cister.
Está formada por três naves, divididas em quatro partes e acabadas a leste com três absides
poligonais.
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Aos pés da nave central levanta-se uma torre prismática, na base da qual fica o coro.
Na parede sul abrem-se as duas portas de acesso ao templo.
A porta principal está formada por três arcos de meio ponto.
Na abside norte podemos encontrar a imagem jacente de São Toríbio.
Trata-se de uma talha do século XIV, realizada em madeira de nogueira de Burgos, que ainda conserva
parte da policromia original. É pena que esteja um pouco deteriorada, devido ao costume dos
peregrinos apanharem pequenas aparas das imagens para as usarem como amuletos.
Na abside sul pode-se venerar a imagem de Nossa Senhora de los Ángeles, talhada em madeira do
século XVI.
A pia baptismal, situada ao fundo da nave, é do século XVII. Neste século o mosteiro é remodelado e
constrói-se o novo claustro.
Mas não há dúvida que o elemento mais interessante de todo o mosteiro, pelo menos para os
peregrinos, é o Lignum Crucis. Para alojar esta relíquia, no século XVIII foi construída uma capela
barroca, ligada à parede norte.
Segundo a tradição, o fragmento conservado em São Toríbio corresponde ao braço esquerdo da Cruz
onde morreu Cristo, podendo-se observar o orifício que deixou o prego que sustinha a sua mão. É o
maior fragmento conservado e um dos poucos que a igreja reconhece como sendo autêntico. As
primeiras notícias da existência desta relíquia em Liébana, datam do ano 1316.
Em 1958 realizou-se um estudo do fragmento de madeira e comprovou-se que tem uma antiguidade de
cerca de 2000 anos e que pertence a um Cupressus Sempervivens, uma espécie de árvore que cresce
na Palestina.
No século XVI dividiu-se a madeira em dois fragmentos para lhe dar forma de cruz, a qual foi
guardada num relicário de prata dourada, também em forma de cruz, que se pode venerar num
baldaquino situado no centro da capela.
Depois de visitarmos o Mosteiro, subimos no teleférico de Fuente Dé que percorre os 753 metros de
desnível entre a estação de partida de Fuente Dé (a 1.094 metros de altitude) e o Miradouro del
Cable (a 1847 metros). Aqui a neve cobria tudo (disseram-nos que havia uma altura de 20 centímetros
de neve, mas que na semana anterior a altura da neve atingia um metro) e estava uma temperatura
muito baixa, próxima dos 0 graus. A paisagem devia ser lindíssima, mas não nos foi possível ver grande
coisa, porque havia bastante nevoeiro. Tiraram-se algumas fotografias e voltámos a apanhar o
teleférico para descer. Logo que entrámos no autocarro, começou a cair uma chuva bastante forte, o
que nos impediu de ir ver a praia de La Franca.
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O almoço teve lugar no Hotel do Infantado em Potes, cidade que marca um ponto central na visita do
parque dos Picos da Europa. Passamos pelo desfiladeiro da Hermida e vamos entrar nos Picos da
Europa, na sua parte mais estreita. Saímos das Astúrias e agora estamos na Cantábria, a uma altitude
de 300 / 400 metros. Encontramos aqui árvores de fruto e videiras, pois estamos numa região de
microclima mediterrânico. Na Cantábria temos 7 parques naturais e um parque nacional. Também é
uma zona onde vivem ursos pardos. No século XV estas terras pertenciam ao Marquês de Santillana
del Mar. Existem aqui muitas igrejas do século X, construídas após a reconquista cristã. Passamos
depois por São Vicente de la Barquera e Comillas.
Chegámos a Santander que é capital da Comunidade Autónoma da Cantábria.
A grande praia desta zona é a Praia de El Sardinero. Aqui as praias são muito pequenas. As pessoas
com mais posses são as que procuram Comillas. Gaudí construiu aqui a Casa Capricho, da qual tivemos
apenas um fugidia ideia, pois está situada dentro de uma propriedade - a Casa do Marquês. Outro
edifício importante é a Universidade Pontifícia do século XIX, muito conhecida pelos seus cursos de
Verão. Santander combina atractivos culturais e históricos com uma localização privilegiada: é a porta
de entrada não só para El Sardinero, um elegante balneário à beira-mar, mas também para outras
praias bonitas e bem preservadas. A cidade sofreu um grande incêndio em 1941 que arrasou mais de
2300 edifícios e 37 ruas. Portanto, grande parte de seu centro é novo para padrões europeus, apesar
das suas raízes culturais remontarem a mais de dois mil anos. Na sua reconstrução, favorecida pelo
impulso industrial que a região viveu na segunda metade do século passado e pelo seu movimentado
porto, Santander reergueu-se com traços arquitectónicos de influência racionalista, que se
misturaram com reproduções de estilos antigos (como acontece na catedral). No seu centro foram
feitos passeios para peões, bares, cafés e lojas. Actualmente, os atractivos da capital da Cantábria
não são apenas a sua proximidade com o mar, pois é uma cidade rica em museus e vida cultural. É
vizinha do Parque Nacional dos Picos de Europa e não está longe da Costa Verde.
As primeiras notícias de Santander referem-se ao período romano, quando era denominada Portus
Victoria Julio- Brigesium, um ponto importante do comércio marítimo. No ano de 1187 a cidade
recebeu de Afonso VII os forais para formar, juntamente com Castro Urdiales, Laredo e San Vicente
de la Barquera as "Quatro Vilas da Costa". Ao longo de sua história destacou-se como porto marítimo.
Possui actualmente cerca de 200.000 habitantes.
Como continuava a chover bastante e não parecia que o tempo se viesse a modificar, dirigimo-nos ao
Hotel Santemar, um edifício muito bonito, onde jantámos e onde cada pessoa procurou distrair-se,
depois do jantar, da forma que mais lhe agradou.
Quinto dia – 27 de abril:
Continuando acompanhados pela chuva e pelo frio e desta vez pela guia Ivana, deixámos cedo o Hotel,
como já era hábito. Passamos de novo pela Praia de El Sardinero - na realidade há duas praias com
este nome: a maior era frequentada pelo Rei Afonso XIII e pelas pessoas da alta sociedade. A outra,
mais pequena, era frequentada pelas pessoas mais modestas.
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Picos da Europa e País Basco Como curiosidade, a Ivana conta que na altura em o rei vinha passar as férias a esta praia, os fatos de
banho eram de lã e os costumes bastante rigorosos: por exemplo, se uma senhora desnudasse um
ombro, tinha de pagar uma multa de uma peseta, o que devia ser bastante naqueles tempos.
Na visita panorâmica da cidade, passamos pelo Palácio dos Desportos, que tem forma de baleia,
fazendo-se a entrada das pessoas por uma porta situada na zona da cauda. O edifício tem uma
capacidade para 6.500 pessoas. É de aço inoxidável. Santander é uma cidade pequena, bastante
segura, tendo em 1912 recebido uma escova de platina por ser a cidade mais limpa de Espanha. É uma
cidade onde está em grande destaque a cultura e tem muito turismo. Tem um bom porto mercante e
um porto pesqueiro. Porém, aqui não há indústria. Os barcos são todos modernos devido a uma
subvenção concedida desde o ano 2000. A Cantábria está separada do resto de Espanha pelas
Montanhas Cantábricas. Aqui não existem fábricas. As pessoas dedicam-se ao sector terciário e ao
turismo.
Prosseguimos para Santillana del Mar, que é uma das localidades de maior valor histórico-artístico de
Espanha e o principal centro de turismo da Cantábria, o que a converte num dos lugares mais visitados
e atractivos da região.
A vila possui verdadeiros tesouros arquitectónicos, sendo a Colegiada de Santa Juliana o edifício mais
representativo de Santillana del Mar e a jóia mais importante do românico na Cantábria. É a igreja
românica mais alta de todo o Norte de Espanha. É também digna de nota a Plaza Mayor.
Neste lugar existiu desde a Alta Idade Média um mosteiro para albergar as relíquias de Santa
Juliana. No retábulo temos uma escultura de Santa Juliana, bem como uma águia, que é o símbolo de
São João. Debaixo da escultura de Santa Juliana estão as suas relíquias. O coro é do século XVIII
(1715). Pouco depois passou a ser Colegiada. O complexo religioso que actualmente se vê começou-se a
construir logo no século XII, embora tenha passado por reformas posteriores.
A igreja tem três naves com cruzeiro e uma impressionante cabeceira de três absides escalonadas.
Esta cabeceira é das coisas mais bonitas, não apenas do românico da Cantábria, mas de toda a
Espanha. No transepto existe uma cúpula de planta quadrada e arcadas murais sobre colunas.
Um elemento de grande beleza é o claustro construído no lado norte, no século XII, com arcos
românicos. Todos os capitéis são diferentes e muito bonitos.
Na capela gótica estão os túmulos (semi-destruídos pelos franceses) da família Tubanco, que foram
conselheiros dos Reis Católicos.
Aqui sobressaem as cenas que incluem anjos. Em poucos lugares como no claustro de Santillana del
Mar estes seres tiveram um tão grande protagonismo.
A vila de Santillana del Mar é sede de uma intensa actividade cultural, que se desenvolve durante todo
o ano.
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A Cantábria é uma região muito verde, porque aqui chove muito. Há muito gado, especialmente vacas.
Havia bosques de carvalhos, mas agora só vemos pastos e eucaliptos. Vemos também muitas
construções. Nos anos 80 a zona era muito pobre, apenas existiam criadores de gado. Mas a Espanha
entrou na CEE em 1986 e uma parte do dinheiro recebido foi para fazer estradas e em 5 anos foi
construída a estrada mais importante de Espanha – a que liga esta Zona à Meseta Ibérica. O dinheiro
também foi usado no desenvolvimento rural, tendo sido concedido 95% do dinheiro para reconstruir
casas em estilo montanhês. Passamos por Torrelavega - uma cidade industrial, com a fábrica da
química Solvay (soda cáustica) que ajudou muita gente desta cidade, que tinha 57.000 habitantes.
Aqui podemos encontrar o maior mercado de gado de Espanha, que se realiza às quartas-feiras. As
mercadorias vão de comboio até ao porto de Santander. Diz-se que Santillana del Mar é a cidade das
3 mentiras: não é santa, não é plana (llana), nem tem mar. O chão de Santillana é de pedras soltas,
pois é uma cidade medieval. Não encontramos aqui nada de moderno, a não ser as lojas.
Falar de Santillana é fazê-lo também das Grutas de Altamira, considerada a capela Sistina da arte
rupestre; estas grutas contêm, provavelmente, as pinturas pré-históricas mais famosas do mundo.
Em primeiro lugar visitamos o Museu de Altamira que inclui vários sectores:
0: Altamira, a descoberta da Arte; 1: Arqueologia pré-histórica; 2: Antes de Altamira; 3: A vida no
tempo de Altamira; 4: A Arte primitiva; 5: O final de uma era e 6: Mais pré-história. Estes sectores
servem como introdução para a exposição permanente do museu e ilustram as circunstâncias que
rodearam a descoberta das pinturas da gruta de Altamira em 1789 por Marcelino Sanz de Sautuola,
um rico agricultor que se interessava pela cultura e ciência. Sautuola tinha o hábito de fazer
excursões nos terrenos que rodeavam a sua casa em Puente San Miguel, perto de Santillana, para
apanhar insectos, minerais ou fósseis para as suas colecções. Foi o próprio Sautuola que relatou que,
num dia em que estava a cavar, a sua filha Maria de 8 anos, que o acompanhava, entrou numa gruta e
olhando para o teto da mesma, cheio de pinturas, gritou: “Paizinho, olha, são bois!”. Sautuola não teve
dúvidas quanto à importância desta descoberta, mas a mesma apenas foi reconhecida em 1902, depois
do seu falecimento que ocorreu em 1888.
As grutas de Altamira fecharam ao público em 1977, com o objectivo de se efectuar um estudo
exaustivo acerca das causas da deterioração das pinturas e para se encontrarem possíveis soluções.
De acordo com as conclusões do estudo, foi decidido limitar o acesso à gruta, colocando um limite
anual de 8.500 pessoas, que foi mantido desde que a gruta reabriu em 1982. Para compensar esta
limitação, foi planeado fazer uma reprodução altamente fiel para disseminar o conhecimento da
riqueza artística da gruta a um sector muito mais vasto da população. Esta decisão levou à construção
da Nova Gruta, que abriu oficialmente em 17 de Julho de 2011, ao mesmo tempo que as novas
instalações do Museu de Altamira, do qual faz parte. Agora só se visita a réplica das grutas, que fica
apenas a 300 metros da gruta original.
Tinha chegado a altura que eu esperara tão ansiosamente: poder entrar na réplica das grutas de
Altamira, já que não podia entrar nas grutas verdadeiras! Mas ali não se podem tirar fotografias, nem
mesmo sem flash.
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Apesar disso, experimentei tirar uma e, com a precipitação de tirar a máquina fotográfica do bolso, o
bilhete que me dava acesso à réplica da gruta caiu-me do bolso, sem eu dar por isso. Fiquei muito
desapontada, mas quero aqui salientar o gesto do Bruno, que imediatamente me cedeu o seu bilhete.
Mas a “Carocha” que já tinha visitado as grutas, deu o seu bilhete ao Bruno e tudo acabou em bem!
A principal preocupação durante a construção da nova gruta e do Museu foi evitar prejudicar a gruta
original, assegurando que o seu ambiente não era distorcido e prevenindo qualquer agressão mecânica
que pudesse alterar o frágil equilíbrio dos estratos calcários. Para esse efeito, foi usada uma
tecnologia avançada, permitindo que os níveis de vibração fossem mantidos abaixo do que poderia ser
considerado o nível natural da zona da gruta. O edifício é da autoria do arquitecto cantábrico Juan
Navarro Baldeweg. O interior, em plano aberto e luminoso, apresenta pedra clara na frente, gesso
ocre e até tectos cobertos de relva e mostra aos visitantes o significado de Altamira como um local
arqueológico de primeira importância e as chaves do mundo paleolítico no qual viveram os homens que
o habitaram e decoraram. A réplica foi construída para permitir que todos os visitantes de Altamira
pudessem ver as pinturas no contexto em que foram criadas. É uma réplica das partes mais
interessantes da gruta original e mostra as texturas, contornos e variações de cor até ao milímetro;
no caso das pinturas, utiliza os mesmos pigmentos naturais usados pelos artistas primitivos.
Antes de entrarmos na gruta, é-nos mostrado um filme que resume os principais marcos na história da
gruta, incluindo os dois períodos de ocupação pelo homem do paleolítico.
Quando ali entramos, não podemos reprimir o espanto: na pedra estão gravadas muitas figuras de
bisontes, em várias posições, tendo sido usado o carvão vegetal para obter o negro e sendo a cor
vermelha obtida com óxido de ferro misturado com água. O negro é usado para dar profundidade às
figuras. O teto está cheio de bisontes - chamam a esta gruta a Capela Sistina, pois foi feita por um
autêntico génio, dado que todas as pinturas foram realizadas de um modo realista. Houve momentos
em que o artista teve de se baixar para trabalhar e ter perspectiva das pinturas. O búfalo chefe da
manada que dá o alerta dos perigos, está desenhado com a cauda levantada. A segunda parte da gruta
é a mais antiga, a que está melhor conservada, porque não tem água. A água estraga a pintura. Vemos o
desenho de um cavalo a galopar e na última parte da gruta existem símbolos que estão em mais grutas,
mas não sabemos o que significam.
Depois de visitarmos este local de tão grande significado para a Humanidade, regressamos a
Santander para almoçar. Mas antes do almoço, ainda fizemos uma visita panorâmica pela cidade.
Santander tem uma história muito antiga, tendo sido governada pelos romanos. Este lugar foi usado
mais tarde pelo rei espanhol Afonso XIII, que aqui costumava passar as suas férias de Verão. A
cidade tem um porto que tornou esta cidade mais povoada por razões comerciais. Além da Câmara
Municipal deve ser referida a Igreja de São Francisco. Este edifício foi usado como biblioteca, mas
agora transformou-se em museu. Na biblioteca podemos encontrar as obras escritas por Marcelino
Menendez Pelayo, um popular escritor que foi proposto para Prémio Nobel da Literatura.
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A Catedral de Santander é uma das atracções turísticas mais visitadas da cidade e tem uma
arquitectura gótica. Em 1941 a cidade sofreu um incêndio que arrasou boa parte de seus edifícios e
construções. Hoje em dia, o centro caracteriza-se pela mistura de arquitecturas antigas, como a
Catedral, com edifícios mais modernos, erguidos com a reconstrução da cidade. Por esse motivo, a
igreja ganhou ainda mais destaque. A Catedral de Santander está construída sobre uma colina, no
mesmo lugar onde um dia foi erigida a Abadia de Santo Emetério e São Celedónio, em redor da qual
nasceu a cidade de Santander Na parte baixa do conjunto da Catedral encontra-se a Igreja de
Cristo, que é o monumento mais antigo que se conserva na cidade. Efectivamente, no seu subsolo
foram encontrados restos de umas termas romanas. Esta pequena igreja de três naves divididas por
grossos pilares caracteriza-se pelo seu estilo sóbrio, embora no seu interior conserve algumas peças
de grande valor.
Pela sua parte, a Catedral é um templo que pela sua solidez e com a sua torre robusta tem um aspecto
de fortaleza. Começou a construir-se no século XIII e foi declarada monumento de Interesse
Cultural em 1931, embora tenha sido reconstruída após o incêndio de 1941. É um edifício gótico. Trata
-se de um conjunto histórico e monumental, construído entre finais do século XII e o século XIV
sobre o antigo mosteiro. A construção da planta inferior data dos primeiros anos do século XII. Foi
elevada à categoria de Colegiada em 1131 pelo rei Afonso VII e começada a reconstrução dos actuais
edifícios por iniciativa de Afonso VIII, após a concessão do foral a Santander em 1187. A parte
superior do edifício foi construída em finais do século XIII e inícios do século XIV. No final foi
construído o claustro gótico. Posteriormente recebeu o título de Igreja Colegial dos Corpos Santos.
Tem especial interesse a porta principal, levantada por volta de 1230, onde estão lavrados os
primeiros escudos do reino no qual aparecem juntos castelos e leões, após a unificação definitiva de
Castela e Leão no tempo de Fernando III. O templo foi ampliado nos séculos XVI e XVII.
Em 1754 a Colegiada dos Corpos Santos foi transformada em catedral pelo papa Bento XIV. Sofreu
danos consideráveis com a explosão de dinamite do barco Cabo Machichaco (1893); depois de
sobreviver à Guerra Civil Espanhola, sofreu em 1941 as consequências do incêndio de Santander,
ficando seriamente danificada, o que tornou necessária uma reconstrução e ampliação entre 1942 e
1953, quando foi inaugurada; a restauração levada a efeito nas partes afectadas permite hoje
contemplar as notáveis qualidades arquitectónicas do monumento original.
Descemos agora à Igreja Baixa da Catedral de Santander: a igreja compreende duas plantas
sobrepostas e um claustro com dependências anexas.
A inferior e mais antiga, chamada Igreja de Cristo (também conhecida como Cripta), está constituída
por três naves e quatro partes. Toda a estrutura de arcos suporta o peso do piso superior e, por essa
razão, tem uma espessura e uma robustez consideráveis. A sua decoração consiste principalmente em
motivos vegetais.
A Igreja Alta deste conjunto monumental foi edificada durante o século XIII, no mesmo estilo gótico
da Igreja de Cristo. Perdeu uma grande parte dos seus tesouros no já referido incêndio. As janelas do
templo estão decoradas com vitrais, embora sejam actuais. A Catedral-Basílica de Santander conta
com numerosas capelas distribuídas nas paredes das naves laterais, orientadas a sul e a norte. Devido
ao projecto de reconstrução foram suprimidos importantes elementos barrocos da catedral.
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Picos da Europa e País Basco O templo foi ampliado em meados do século XX, tendo sido acrescentado um novo presbitério e
deambulatório. O presbitério encontra-se rodeado pelo deambulatório que contém dois altares
dedicados a Fernando III de Castela o Santo, que deu dinheiro para a construção da igreja, e a São
Matias. A antiga Colegiada constava de três naves, às quais foi incorporada uma quarta nave, antes
ocupada por algumas capelas. Desde o século XV até ao século XVII foram anexadas várias capelas
laterais. Na Sala do Capítulo e na nave contígua reunia-se, em ocasiões excepcionais, o Conselho Geral
da Cidade de Santander.
O claustro, de planta trapezoidal, foi construído durante a primeira metade do século XIV, mantendo
o mesmo estilo arquitectónico do conjunto. Pelas portas da sua parede ocidental tinha-se acesso ao
grande Hospital do Espírito Santo e à igreja para peregrinos de Santiago.
O terrível incêndio de Santander, que teve uma duração de 3 dias, não começou na catedral, mas o
vento ciclónico de 150 quilómetros por hora levou o fogo até à catedral e daí a todo o centro da
cidade, pelo que aqui não há centro histórico. Ninguém morreu neste incêndio, mas arderam 500
edifícios. Santander levou 25 anos a recuperar desta destruição. Passamos pelo Palácio da Magdalena,
uma oferta da cidade ao Rei Afonso XIII, que gostava muito de passar o Verão em Santander. Então
fez-se um palácio e uma península inteira para o Rei, que lhe foram oferecidos. Este palácio custou
700.000 pesetas em 1908, o que representa hoje 4 milhões de Euros. O Marquês de Comillas e o
Marquês de Valdesillas deram o dinheiro que faltava para a conclusão do palácio. Foi inaugurado em
1912 e, desde 1913 até 1930, o Rei passou aqui todos os Verões. As casas imponentes por onde
passamos foram construídas pelas famílias nobres que queriam veranear junto do Rei. Este palácio foi
durante 5 anos a Universidade de Santander. Em 1936 começou a Guerra Civil e o Palácio foi utilizado
como Hospital. Em 1937 Franco fez do Palácio um quartel. Em 1941 ocorreu o incêndio e muita gente
foi viver para o Palácio. Em 1949 voltou a ser Universidade de Verão. Franco morre em 1975 e o conde
de Barcelona vende o palácio por 150 milhões de pesetas, o que seria actualmente 1 milhão de Euros. O
conde de Barcelona sempre teve falta de dinheiro e a sua estadia em Portugal foi paga pelo Governo
Português. Depois o palácio foi reabilitado por 20 milhões de Euros e actualmente é um Palácio de
Congressos e a Universidade de Verão. Todos os sábados têm aqui lugar casamentos civis, pela módica
quantia de 200 Euros.
Outras construções históricas merecem ser referidas, como a Igreja da Consolação, o prédio do
Hospital São Rafael, o Banco de Santander e o Hotel Real, o Real Clube Náutico, o Palácio das
Festividades, a Marina e a Avenida da Rainha Vitória, construídas durante a época em que os Reis
vinham para Santander.
Parques e praças não faltam pela cidade. Além da Praça de Itália, outras costumam ser muito
frequentadas, como a Praça de Pombo, sempre cheia de jovens e crianças que se reúnem para brincar,
a Praça da Câmara Municipal (construída nos anos 60) e a Praça das Estações.
Durante o ano, a cidade de Santander recebe diversos festivais. No primeiro domingo de Junho é
celebrado o Dia da Criança na Cantábria, comemorado com muitas festividades.
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No dia 24 do mesmo mês, a celebração da chegada do Verão toma conta de El Sardinero com uma
belíssima queima de fogo de artifício. Algumas festas religiosas como as Festas da Virgem Bem
Aparecida, em Setembro e o Festival de Saint James, em Agosto, são tradicionais na cidade. É no
centro da cidade que estão localizados os melhores restaurantes, bares e lojas para compras.
Uma outra catástrofe que assolou Santander aconteceu em 1893 quando foram destruídas todas as
casas da frente marítima. Vinha um barco de Bilbau e durante a descarga declarou-se um incêndio.
Como não foi possível apagar o incêndio, decidem fundir o barco com outro barco. Mas havia 1800
caixas de dinamite no barco e os dois barcos explodiram. Todos os habitantes de Santander estavam
a olhar os barcos e as autoridades estavam no porto. Dá-se a explosão e todas as personalidades
morrem, com excepção do bispo e do alcaide. Deste modo, o urbanismo de Santander deve-se a estas
duas catástrofes.
Na Cantábria nunca houve muitos emigrantes. Aqueles que há são provenientes sobretudo da Roménia,
do Equador, do Peru e da Colômbia. A taxa de desemprego na Cantábria é de 21% (55.000 pessoas).
Sempre com chuva e frio por companhia, deixámos Santander e prosseguimos para o País Basco
(Euskadi).
O País Basco é um território que, apesar do nome, não é um país independente, mas uma área de 20 mil
quilómetros quadrados situada entre a Espanha e a França, onde vivem os bascos. Estabelecido ali há
mais de 4 mil anos, este povo conservou boa parte dos seus traços culturais originais, especialmente o
nacionalismo e a língua, que não tem parentesco com nenhuma outra. Ao longo de todo aquele tempo, os
bascos tiveram o seu território ocupado por romanos, visigodos, mouros e francos. No século 17, a
demarcação definitiva das fronteiras dividiu de vez este povo em dois Estados. É referido que em
Espanha, onde estão situados 90% do território basco, a integração foi mais difícil que em França. A
comunidade autónoma do País Basco é constituída por três províncias: Álava, cuja capital é Vitoria-
Gasteiz; Guipúzcoa cuja capital é San Sebastián / Donostia; e Bizcaia, cuja capital é Bilbau.
Durante a Guerra Civil Espanhola (de 1936 a 1939) lutaram contra o general Francisco Franco. Como
represália, o general acabou com a relativa autonomia política basca, alimentando ainda mais o
nacionalismo daquele povo e fazendo surgir organizações terroristas que defendiam a criação de um
Estado independente. O mais famoso desses grupos, a ETA (sigla de Euskadi Ta Askatasua ou "pátria
basca e liberdade") apareceu em 1959. Ao longo das últimas quatro décadas, os terroristas
organizaram atentados contra o governo central em nome da independência. Uma pequena trégua na
luta aconteceu em 1978, com a promulgação de uma nova Constituição espanhola que favorecia a
autonomia do País Basco. Desde 1980, a nação conta com um Parlamento próprio, mas ainda não tem
território, o que alimenta os remanescentes da ETA a prosseguir com atentados em defesa da
autonomia total da região basca.
Dirigimo-nos agora a Portugalete que fica situada no país basco e foi fundada em 1322 pela viúva D.
Maria Díaz de Haro, mas a carta da fundação perdeu-se anos mais tarde, sendo ratificada em 1432,
mediante o Privilégio de Confirmação por João II de Castela.
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Não se conhece com exactidão o verdadeiro significado etimológico de Portugalete, sendo várias as
teorias que tratam de explicar a origem deste nome.
Para alguns estudiosos, o nome do lugar seria “Ugalete”, que em Euskera poderia significar “lugar com
água”, e ao qual se terá anteposto a palavra latina “ Portu”. Outra teoria afirma que Portugalete teria
o significado de “porto de seixos rolados”.
Do ponto de vista portuário, Portugalete foi inicialmente o lugar de saída da lã castelhana para a
Flandes. Portugalete contou no século XIX e nos primeiros anos do século XX com numerosas
tabernas onde se provavam as especialidades gastronómicas locais.
Era uma zona à entrada do canal, na qual se amontoavam as areias e sedimentos, o que tornava a
navegação difícil e até perigosa.
As maiores elevações que existem perto de Portugalete são as colinas de São Roque, Campanzar, Los
Hoyos e Repélega.
Depois de uma volta de autocarro pela cidade, fomos observar a Ponte suspensa da Biscaia ou Ponte
de Portugalete, que foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO em 13 de Julho de 2006.
A decisão foi tomada após a avaliação de um total de 37 candidaturas de pontes do mesmo tipo, tendo
a estrutura basca sido escolhida por ser a única com essas características ainda no activo.
A Ponte suspensa, inaugurada em 1893, foi construída pelo engenheiro Alberto Palácios, discípulo do
criador da Torre Eiffel.
Depois desta decisão, já acolhida com agrado pelas autoridades locais, a ponte da Biscaia torna-se o
primeiro bem cultural do País Basco e o primeiro da Espanha a receber a classificação de Património
Industrial.
Conhecida popularmente como "A Ponte", a estrutura une há 113 anos as margens do Rio Nervion,
entre as localidades de Portugalete e Getxo, marcando desde a sua construção a imagem mais
reconhecida da parte industrial da cidade.
A ponte também sofreu danos durante a Guerra Civil porque o tabuleiro, no qual se pode atravessar
de uma margem para a outra, foi destruído, sendo reconstruído em 1941. Em 1998 a gôndola foi
inaugurada e em 1999 o percurso sobre a viga foi adaptado, de modo a que o público pudesse admirar
a estrutura desde o interior. Desde 1893 cerca de 650 milhões de pessoas já atravessaram o estuário
do rio Nervion.
Depois de atravessarmos o rio Nervion fomos ver um mareómetro. Após termos admirado a
grandiosidade que nos oferece este colosso de ferro, tomamos de novo contacto com o molhe de
Churruca.
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O mareómetro, situado no final do molhe, foi construído em Paris e colocado pela Junta de Obras do
Porto em 1883. Trata-se de um instrumento náutico que regista a subida e descida do nível das águas
com as marés. Esta informação, de grande importância, facilitava aos barcos a sua passagem pela ria.
Hoje é uma testemunha que abre passagem para o Molhe de Ferro.
Agora a chuva era torrencial e o frio acentuava-se, pelo que seguimos para Bilbau, para o hotel que
nos aguardava – Hotel Grand Bilbao, onde jantámos.
Sexto dia - 28 de Abril:
Desta vez seguiram com o nosso grupo duas guias – Gracina e Elena, pois iríamos visitar vários Museus,
entre os quais o Guggenheim e o nosso grupo, que era grande, teria de ser dividido em dois.
Começaram por nos dizer que este tempo frio e chuvoso é normal no Norte de Espanha. Depois de
sairmos do Hotel fizemos uma panorâmica de Bilbau e seguimos para Guernica. Guernica e Luno (em
espanhol) ou Gernika-Lumo (em basco), é um município da Espanha na província da Biscaia, comunidade
autónoma do País Basco. Em 2012 tinha 16.812 habitantes (densidade de 1.984,9 habitantes por
quilómetro quadrado).
Visitámos em primeiro lugar a Casa de Juntas de Guernika. A cidade de Guernika foi durante séculos o
local de reunião dos povos de Biscaia. Antigamente, cada comarca tinha o seu representante para
debater os problemas comuns da região, os quais se reuniam em assembleias. Estas assembleias
realizavam-se junto à árvore de Guernika e chamavam-se Juntas Gerais da Biscaia. Duraram até 1876,
altura em que são abolidas as leis que regiam a vida de Biscaia. Após 102 anos de suspensão, as Juntas
voltam a reunir-se em 1979. Tem assim início a segunda etapa na vida desta instituição. A Casa de
Juntas e a árvore de Guernika são símbolos vivos da história do povo basco. O edifício das Juntas foi
erigido junto ao carvalho foral, ponto de encontro de todos os territórios do país basco.
Visitamos o núcleo central da Casa de Juntas, onde se celebram os plenários das Juntas Gerais de
Biscaia.
Trata-se de uma Instituição antiquíssima, pois as Juntas têm as suas origens na Idade Média, quando
as suas assembleias se reuniam no exterior e em redor da árvore de Guernika.
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De início, existia uma pequena Capela, onde se celebrava um acto religioso que precedia o acto político
e onde também tinham lugar os juramentos dos Forais. As reuniões eram convocadas mediante o toque
de um corno. Com o decorrer do tempo, as assembleias mudaram o lugar de reunião para o interior do
recinto. A partir de 1826 e procurando um espaço mais de acordo com as necessidades da instituição,
a primitiva igreja foi demolida para se iniciar a construção do actual edifício. A sala de Juntas foi
então concebida como um espaço capaz de reunir as duas funções. Estamos assim perante uma igreja-
parlamento. Embora na actualidade a vertente eclesiástica tenha sido relegada para segundo plano
pela política, continua a manter-se tanto o altar como as pias de água benta como testemunhos de
épocas anteriores.
A árvore de Guernika é o símbolo mais universal dos bascos. À sua sombra celebraram-se inicialmente
as assembleias das Juntas Gerais, às quais vinham os representantes de todos os municípios biscaínos.
Perto da Casa e da tribuna, encontramos os diferentes exemplares da árvore de Guernika. A actual
foi plantada em 2005, com 19 anos de idade. No jardim encontram-se as suas antecessoras. O Tronco
Velho encontra-se rodeado de colunas e apesar de não ser a primeira de todas as árvores de
Guernika, é o resto mais antigo que existe. Em 1860 foi plantada a sua sucessora e permaneceu em
frente da tribuna até 2004, ano em que secou por completo e teve de ser substituída.
Deste modo, o seu significado simbólico vai-se perpetuando através dos sucessivos exemplares de
carvalhos, tal como a alma do país Basco se vai transmitindo de geração em geração.
A tribuna actual é reservada para ocasiões especiais como o juramento do cargo de presidente do
governo basco ou de deputado Geral da Biscaia.
O lustre da Sala de Juntas é uma oferta da Imperatriz Eugénia de Montijo, casada com Carlos III.
Guernica foi bombardeada pelos nazis em 26 de Abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, o que
inspirou Pablo Picasso na sua famosa obra "Guernica". Picasso pintou esse quadro para retratar o
estado de Guernica após o bombardeamento: restos de pessoas espalhados por todos os lados. Diz-se
que durante uma exposição um oficial nazi indagou a Picasso: «Foi você quem fez isso?», ao que ele
respondeu: «Não, foram vocês que fizeram»!
Após o fim da Guerra Civil, Picasso permitiu que a obra fosse emprestada ao Museu de Arte Moderna
de Nova Iorque, com a condição de que voltasse à Espanha somente quando a ditadura Franquista
caísse. Em 1981, depois da morte de Francisco Franco, a obra voltou ao território espanhol e está
actualmente exposta no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.
O ataque aéreo a Guernica teve lugar numa segunda-feira cheia de sol. Guernica é um povoado
histórico do País Basco, no nordeste da Espanha. Os habitantes, na maioria camponeses, levavam a sua
vida habitual, mesmo para uma época de guerra. A única coisa fora do normal foi a passagem de um
avião de reconhecimento, voando em círculos - isto às 11 horas. E só! Mas, por volta das 16 horas, o
céu escureceu. Voando em forma de "x", 23 aeronaves marcadas com uma cruz negra avançaram sobre
a cidade. Era a Legião Condor da Luftwaffe, a força aérea nazi.
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Durante três horas, a esquadra despejou 250 quilos de bombas de fragmentação e incendiárias,
transformando o lugarejo numa bola de fogo: 1.645 pessoas morreram e 889 ficaram feridas. Às
19,45 horas, quando a formação desapareceu no horizonte, a cidade tinha-se transformado em cinzas.
Foi o primeiro ensaio da guerra total, tal a sua devastação. Após a destruição houve um incêndio
favorecido pelo vento. As mortes verificaram-se nos refúgios ou por causa das metralhadoras a
campo aberto. Poucos edifícios ficaram de pé. Também se salvou a Igreja de Santa Maria, a Ponte da
Renteria, a Casa de Juntas e o Guernikaku Arbola e algumas casas. A zona da feira, o frontão e a rua
de São João passaram a ser apenas recordações.
Entrámos na Fundação Museu da Paz de Guernica. O Museu da Paz de Guernica é um museu temático
dedicado à cultura da paz. Inspirado no trágico bombardeamento de Guernica, aborda os dois âmbitos
de trabalho do Museu: a Historia e a Paz. Nas suas paredes há textos verdadeiramente comovedores.
O Museu da Paz de Guernica abre como Museo Gernika em 7 de Abril de 1998.
Era um museu que abordava, principalmente, o tema da história de Gernika-Lumo e o terrível
bombardeamento da cidade durante a Guerra Civil espanhola. Entre os anos 1999 e 2002, graças às
ajudas recebidas do Ministério da Cultura, entre outros, o museu leva a efeito obras adequadas do
edifício e, após a realização de um projecto museográfico e a execução do mesmo, é decidido
convertê-lo num Museu da Paz (o primeiro de Euskadi e de toda a Espanha).
É, pois, a partir de 2003 que o museu reabre as suas portas (8 de Janeiro de 2003) renovando o seu
perfil e ampliando as suas possibilidades e convertendo-se numa instituição de acordo com as
necessidades do mundo de hoje. É um espaço que cresceu para transformar-se num museu atractivo e
dinâmico, um museu para sentir e viver, um cenário em que a história amplia o caminho da
reconciliação, um lugar para pensar que, entre todos, podemos dar forma à paz.
O Museu celebrou ao longo de 2008 o seu décimo aniversário.
Chamou-me particularmente a atenção a seguinte frase que está numa das paredes do Museu: “A paz do século XXI - Ao longo da historia, temos combinado e fundido diferentes modelos de formas e ideias de paz. A paz, pois, não é uma ideia finita, fechada em si mesma. Trata-se antes de um barco, que não vai à deriva nem está ancorado, mas que navega carregado de desejos, ideias e vontades que evoluem ao mesmo tempo que nós mesmos, procurando formas de nos relacionarmos com as outras pessoas e de nos respeitarmos. Mas que se entende hoje por paz? que nos dizem aqueles que investigam a paz? onde está esse barco que nos mostra uma realidade mutante e em constante movimento? que leva no porão? para onde dirigimos o leme?”.
Numa parte do chão, em vidro, podem-se ver alguns destroços que ficaram depois do
bombardeamento, incluindo uma pequena boneca de pano. E não pude deixar de perguntar a mim
mesma: que teria acontecido à sua dona?
Numa outra parede do Museu, a toda a largura, está um mural de cerâmica que reproduz a famosa tela
de Picasso-Guernica.
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Picos da Europa e País Basco
Após estas visitas voltámos a Bilbau, para almoçar.
Bilbau é a cidade basca mais populosa, que desenvolveu, já no século XIX, uma actividade comercial
importante que foi crescendo, ao ritmo da indústria, ao longo do rio Nervión. No século XX os grandes
projectos arquitectónicos transformaram Bilbau numa referência da arquitectura mundial: o Museu
Guggenheim, o Palácio de Congressos e da Música Euskalduna, o Metro (muito moderno) de Norman
Foster, o Aeroporto de Santiago Calatrava (situado a apenas 6 quilómetros), etc.
Os 700 anos de história de Bilbau reflectem-se nos edifícios e construções que encantam os
visitantes. O “Casco Velho” é Monumento Histórico-Artístico e constitui a referência para
reconstruir a história da cidade desde as suas origens. Nele se encontra a catedral de Santiago, o
Museu Arqueológico, Etnológico e Histórico de Biscaia e o reformado Teatro Arriaga. O centro
urbano constitui um exemplo da melhor arquitectura do século XX, com edifícios que são a sede, há
um século, das principais instituições e empresas de Bilbau, formando um destacado conjunto
arquitectónico realizado pelos melhores arquitectos locais.
O Museu Guggenheim Bilbau tornou-se o motor cultural e turístico do País Basco e o Museu das Belas
Artes é um dos melhores da Espanha; abriga uma completa e valiosa pinacoteca com três colecções:
arte antiga (El Greco, Zurbarán, Goya ou Van Dyck), arte contemporânea (Gauguin, Bacon ou Tàpies) e
arte basca (Regoyos, Zuloaga ou Iturrino).
Bilbau, capital da Biscaia, é a maior cidade do Norte de Espanha com 354 000 habitantes. Se
contarmos com a área metropolitana tem mais de 1.000.000 de habitantes. Está situada na margem do
rio Nervion e a 11 quilómetros do Mar Cantábrico, com o qual comunica a sua ria. Esta tem sido
fundamental para o desenvolvimento industrial e económico de Bilbau desde a sua fundação (ano
1300)., pois Bilbau começou por ser um pequeno bairro de pescadores (que é agora o casco velho). Em
1300 recebeu um documento de fundação, dando-lhe independência para se converter em povoação,
em porto. Aqui existe uma ria, que era um porto comercial para o Reino de Castela, exportando lã,
vinho e carvão. Bilbau cresceu entre os séculos XV e XIX e desenvolveu-se para o outro lado da ria no
final do século XIX. São Nicolau é o padroeiro dos marinheiros. Há aqui muitas igrejas dedicadas a
São Nicolau. Temos o mercado de flores aos domingos. Vemos uma ponte de Santiago Calatrava, com
um desenho que não é funcional, mas que é muito bonita. Tem uma alcatifa preta na parte destinada
aos peões, para as pessoas não escorregarem e caírem. Existe um depósito franco onde passavam as
mercadorias pela fronteira. É uma porta da ria à cidade e vice-versa.
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Bilbau é um dos principais focos económicos e culturais do norte da Península e uma referência
internacional arquitectónica e artística cujo cartão de visita é o famoso Museu Guggenheim,
oferecendo numerosas e variadas propostas para o ócio e a cultura.
O processo de renovação urbanística verificado nos últimos anos tem sido muito intenso e alterou a
sua fisionomia. Actualmente vive um grande momento de actividade. A oferta cultural é vasta e
sucede-se de forma contínua. Os seus museus e galerias não devem deixar de ser visitados: o Museu
de Belas Artes é uma excelente pinacoteca e está situado ao lado do Museu Guggenheim, inaugurado
em 1997, obra de Frank O. Gehry, com uma arquitectura espectacular. Um passeio pelo Casco Velho,
além de possibilitar conhecer um dos maiores centros comerciais da Europa, permite apreciar os
edifícios emblemáticos da cidade ou provar os “pintxos” (tapas) nas suas numerosas tabernas e cafés.
Bilbau é um ponto de referência internacional em gastronomia. Os excelentes restaurantes que
existem na cidade permitem desfrutar de uma mesa requintada, que aqui atinge a categoria de arte.
Bilbau, devido a estar perto do mar e da Cordilheira Cantábrica, possui arredores com grandes
contrastes. Se a costa oferece um grande número de propostas, não são menos as do interior. A
província de Biscaia é um território acidentado atravessado de norte a sul por várias cadeias de
montanhas. É uma paisagem de grande beleza caracterizada por vales muito verdes, casas encravadas
nas ladeiras e rios que correm entre montanhas de moderada altura, com não mais de 1.000 metros.
Neste ambiente rural existem parques naturais, biótipos, reservas… Esta terra tem muito que
oferecer e os seus recursos naturais são consideráveis. Por um lado, devido à proximidade da costa é
possível disfrutar de um grande número de praias, frequentadas durante todo o ano por pessoas que
vão passear ou praticar algum desporto. Na costa e na montanha, encontram-se povoações com
história, tradições ancestrais, deliciosos recantos onde se pode disfrutar de tranquilidade. A tudo
isto, junta-se a gastronomia e o património cultural
O euskera é um idioma não indo-europeu falado principalmente no País Basco ou Euskal Herria. O
território deste idioma estende-se a três âmbitos administrativos diferentes: em Espanha, às duas
Comunidades Autónomas de Euskadi e Navarra, e na República Francesa, a uma parte do seu
Departamento dos Pirineus Atlânticos.
Euskaltzaindia, a Real Academia da Língua Basca (1919), é a Instituição Académica oficial que se
encarrega da sua tutela e de estabelecer as normas filológicas do seu uso.
Com a abertura do Museu Guggenheim em 1997, Bilbau passou a ser uma cidade turística.
Passamos por um edifício da autoria de Sisa Vieira com 165 metros de altura e 42 andares, que é a
sede da empresa Argentina Iberdrola e o mais alto de Bilbau. Vemos o Palácio de Congressos e da
Música., que obteve em 2003 o prémio do melhor Centro de Congressos do mundo. Tem lugar para
1168 pessoas e aqui já cantou Monserrat Caballé, que referiu que era o local com melhor acústica onde
tinha cantado. Aqui também se realizam concertos da orquestra sinfónica.
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Picos da Europa e País Basco Passamos pelo novo estádio do Atlético Clube de Bilbau, que ontem empatou com o Barcelona. Vemos a
Praça do Sagrado Coração. O Metro é de 1945 e é um dos mais modernos de Espanha. Temos o tranvia
desde 2003.
Vamos agora pela auto-estrada A8 que começa em Irun e vai até à Galiza. O Nosso Hotel (Grand
Bilbao) foi o último que abriu em Bilbau.
A Espanha tem 17 comunidades autónomas e o País Basco tem 7.000 quilómetros quadrados, com uma
configuração em triângulo. A costa forma o lado maior do triângulo. Tem 2.100.000 habitantes. Todo o
Norte de Espanha tem em comum o clima. Aqui está situada a Cordilheira Cantábrica, com a sua parte
mais alta nas Astúrias. Há muitas montanhas e chuva. No Verão a média das temperaturas é de 25
graus e no Inverno situa-se entre 5 e 10 graus, tal como acontece hoje.
A agricultura aqui foi sempre muito pobre e o País Basco depende do clima. Aqui passou-se muita fome
e o gado é importante. Desde a entrada na União Europeia o produtor de leite recebe 28 cêntimos por
cada litro de leite. As vacas também dão a carne e também há peixe. Temos uma indústria conserveira
que é muito importante, sendo os peixes mais utilizados o bonito e a anchova. Aqui existe a ovelha
lacha (ou ovelha basca) para a produção de leite destinado ao fabrico de queijo. Estas ovelhas têm
uma grande quantidade de lã, mas a sua qualidade não é boa. O leite é bom e tem denominação de
origem. O outro pilar do sector primário é a indústria florestal, pois aqui encontramos muitos bosques
de pinheiros e eucaliptos. O eucalipto necessita de muita água e muitos nutrientes e o seu
crescimento é muito rápido (15 anos). Temos também castanheiros, acácias e carvalhos que são
árvores típicas desta região. Os Bascos têm a sua própria língua e cultura. Não se sabe bem qual a
origem dos bascos e da sua língua. O Euskera começou a falar-se na pré-história. O caminho de
Santiago foi muito importante para o desenvolvimento desta região. Aqui não havia nobreza, mas sim
senhores feudais e camponeses.
O movimento independentista basco quer reunir todas as regiões, mas Navarra não quer e França
também não.
No país basco o desporto favorito é a pelota basca que se joga com 2 paredes e um ou dois jogadores
e uma bola. Outro desporto típico são as regatas de traineiras. A mais famosa é na Concha de San
Sebastian. Outros desportos são o levantamento de pedras, o corte de troncos de madeira, com o
corte horizontal em sistema de contra-relógio. A música também é diferente: utilizam um xisto (uma
flauta com 3 orifícios), acompanhada por um tambor pequeno. Há danças com os homens e as mulheres
separados, o chorchico (baile de 8 pessoas) sem contacto físico entre os dançarinos, por causa das
tentações e ainda outras. O acordeão era considerado um instrumento do inferno, porque incitava as
pessoas a bailar e a manter contacto físico: Ainda hoje fazem bailes para dar as boas–vindas a uma
pessoa importante.
O governo basco regula a educação, a justiça e a saúde. Dos impostos 94% ficam aqui. Não necessitam
de ajuda da União Europeia nem do Governo de Madrid. No resto de Espanha não é assim! O
desemprego em Espanha é de 26% da população activa. No país basco é de 15%. No século XIX
começou-se a produzir ferro de forma intensiva para a indústria pesada.
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A população cresce e uma parte de Bilbau só foi construída 50 anos mais tarde, por causa da
valorização dos terrenos. Então as construções vão subindo pelos montes. Faltam infra-estruturas até
aos anos 70. Bilbau era nessa altura uma cidade muito feia e muito suja para se viver. Em 1983 teve
lugar a última destruição da cidade. Nessa altura, tudo mudou. Apareceu um novo motor para a
economia - os serviços e o turismo. Foram abertas grandes lojas por causa do museu Guggenheim.
No Museu uma das obras mais famosas é o cão feito de uma estrutura de aço inoxidável e plantas em
floração (umas no inverno, outras no verão). É o Puppy (mascote) desenhado por Jeff Koons em 1992.
É a chamada arte kitsch!
Jeff Koons casou-se com a famosa Cicciolina, uma artista italiana de segundo plano, que entrava em
filmes porno. Conta-se que um dia, quando veio apresentar um dos seus filmes a Portugal, foi
convidada a ir à Assembleia da Repúlica. Ela foi, mas quando entrou na sala, destapou um seio! Imagino
a situação e não posso deixar de sorrir!...Já se divorciou de Koons.
Neste Museu o tipo de arte que está exposto, por vezes não parece obra de arte. Mas a verdade é
que a arte é como a música: umas pessoas gostam, outras não. O nome Guggenheim vem de uma família
Suíça, de judeus, que foram para os Estados Unidos no século XIX. O filho que fundou este museu foi
Salomon, que casou com Helena Rotschild. Compraram as obras dos pintores mais célebres: mais de
150 quadros de Kandinsky, de Picasso, etc. Em 1993 fizeram uma fundação e abriram o primeiro
Museu, que está em Nova Iorque. O segundo Museu está em Veneza. Peggy Guggenheim era uma
sobrinha de Salomon e durante a guerra ajudou muitos artistas a ir para os Estados Unidos. Então,
como não tinham outros meios para lhe pagar, pagavam-lhe com obras de arte. O terceiro Museu
Guggenheim é o de Bilbau. Dentro do seu programa para melhorar a cultura e para ser um motor da
economia, a fundação Guggenheim procurava um local na Europa para instalar um Museu. Tinham
pensado em Madrid ou Barcelona, mas havia a Expo de Sevilha e os Jogos Olímpicos em Barcelona.
Então Bilbau ofereceu-se para acolher o Museu e a cidade acabou por ser escolhida, No primeiro ano
tiveram 1.200.000 visitantes, quando esperavam apenas 500.000. No pior ano, que foi 2001, tiveram
700.000 visitantes. A média é de 1 milhão de pessoas por ano. O edifício foi desenhado por Frank
Gehry e tem a forma de uma flor ou de um peixe. Na parte de trás do museu, no passeio, pode-se
passar debaixo das pernas de uma aranha gigantesca – A Mamã – obra em bronze da autoria de Louise
Bourgeois. As aranhas são animais com muitas patas para abraçar e têm muitos filhos. São
protectoras como as mães e para Louise Bourgeois simbolizam a força poderosa da mulher e da mãe.
Existem outras esculturas de aranhas da mesma artista no Canadá, nos Estados Unidos (Washington)
e no Japão.
O museu compõe-se de uma série de volumes interligados, recobertos de pedra calcária e de titânio.
A tudo isto é acrescentado o vidro e, com as suas formas curvilíneas e retorcidas, o conjunto parece-
me fascinante. A luz reflecte-se de modo diferente nas suas estruturas, conforme a hora do dia e o
Museu reflecte-se inteiro nas águas do rio Nervion. No interior há 19 galerias, tendo uma delas 130
metros de comprimento por 30 de largura, não tem colunas e pode conter obras de arte que
dificilmente caberão nas salas habituais de um museu. Foi pouco divulgado que 5 dias antes da
abertura deste Museu, a polícia basca evitou um atentado da ETA previsto para o dia da inauguração.
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Um agente suspeitou de dois homens que estavam perto do Museu e, quando lhes pediu a
identificação, um dos homens deu-lhe um tiro e matou-o. É por essa razão que a praça de acesso ao
Museu tem o nome de José Maria Aguirre, o guarda assassinado. À entrada do museu existem 7
túlipas gigantescas, de cores diferentes, de aço inoxidável.
No interior do museu encontramos um tipo de arte que ninguém entende. O artista também não quis
dizer nada - é a chamada arte minimalista. Entramos numa sala enorme onde todas as esculturas de
Richard Serra (são 7) utilizam o mesmo material e foram feitas numa fábrica na Alemanha. São obras
de 2005, 2006 e constituem um tipo de arte muito popular nos anos 60 e 70, - é o estudo da
geometria - as espirais, as elipses, os cones. O artista faz investigações sobre o espaço, a figura
geométrica. É o peso e a forma destas esculturas que faz que estejam de pé. “O artista Richard Serra quer que fiquemos afectados pela escultura e brinca com os nossos sentidos. Esta exposição é uma das exposições permanentes do Museu e chama-se a “Matéria do tempo”. Constitui a reflexão mais complexa em redor do aspecto físico do espaço e a natureza da escultura. As esculturas de Serra estabelecem uma nova relação com o visitante, cuja experiência com o objecto passa a formar parte essencial do seu significado. Esta exposição permite perceber a evolução das formas escultóricas de Serra, desde uma elipse dupla relativamente simples até à complexidade de uma espiral. À medida que o visitante observa e rodeia as esculturas, estas transformam-se de forma inesperada, criando uma vertiginosa e inolvidável sensação de espaço em movimento”.- Isto não é da
minha autoria. Foram palavras da guia, mas francamente, não vi nem senti nada do que aqui é dito, as
esculturas não me afectaram minimamente e não as queria em minha casa!...
Seguiu-se uma sala com outra exposição, onde há alguns quadros de arte mais moderna, figurativa,
mas que também não me disse grande coisa, mas achei interessante uma galeria muito simples, com
uma exposição intitulada “Sorrisos”: são 12 quadros com rostos de mulheres sorridentes, louras,
morena e ruivas, da autoria de Alex Katz e são os olhos que fazem a diferença entre todas.
Há depois o Salão dos Sonhos de Joseph Steib, onde vi muitos quadros de Picasso, dois quadros de
Vieira da Silva e um de Arpad Szenes e vários Kandinsky. Deste já gostei!
Na sala dos surrealistas ficamos com uma ideia do que se passa nos campos de concentração, que não
foram uma invenção nazi, pois já existiam antes. Os artistas fazem arte que reflecte aquilo que estão
a sentir no momento em que a fazem. Há diferentes temas sobre a Segunda Grande Guerra na sala “A
Arte durante a guerra” e fiquei a saber que Picasso era admirado pelos Nazis. Há aqui vários quadros
que tratam de exílios, fugas e clandestinidade.
Havia ainda muito que ver, mas o tempo estava a escassear e ainda tínhamos que visitar a Igreja de
Santiago.
A catedral basílica de Santiago, em Bilbau, encontra-se em pleno casco antigo da cidade. Está
dedicada ao Apóstolo Santiago (padroeiro da cidade) porque Bilbau formou parte do Caminho de
Santiago pela costa.
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A Catedral de Bilbau é um magnífico templo gótico edificado entre as últimas décadas do século XIV
e o século XV.
A construção nestes dois séculos faz que haja uma certa unidade de estilo no edifício, que é de um
gótico correcto e muito belo, embora de moderadas dimensões. A excepção a esta homogeneidade é a
fachada principal, que é neogótica e realizada no século XIX por Severino Achucarro.
O interior da catedral de Bilbau é de grande beleza. A planta é de cruz latina com três naves e
cruzeiro. Os suportes são pilares cilíndricos com colunas ligadas que suportam a pressão das nervuras
das abóbadas. A cabeceira é poligonal com charola.
Por vezes, a chuva dava tréguas e o sol dava um ar da sua graça. Porém, o nosso destino era San
Sebastian, onde chegámos ainda de dia. Mas a chuva tinha voltado e seguimos logo para o Hotel Palácio
de Alete, onde jantámos. Tinha sido um dia muito interessante!
Sétimo dia – 29 de Abril:
Quando saímos do Hotel, verificámos que a temperatura tinha subido e o Sol tinha reaparecido. Isto
permitiu-nos admirar melhor a cidade, que é bastante bonita. San Sebastián é uma pequena cidade de
183.000 habitantes, com uma actividade cultural invulgar para o seu tamanho. A baía da Concha é uma
pequena baía conhecida como a Pérola do Cantábrico, situada na costa do mar Cantábrico, em frente à
cidade de San Sebastián. A baía da Concha é o símbolo turístico de San Sebastián e, como o seu nome
indica, possui forma de concha e alberga duas praias (Ondarreta com 950 metros e a praia da Concha
com 1350 metros) e uma ilha no centro, a ilha de Santa Clara. De um lado está situado o Monte Urgull,
onde se diz que nasceu a cidade. Do outro lado, está o Monte Igueldo, onde existe um teleférico. A
rainha Maria Cristina ao vir aqui passar o Verão, trouxe consigo os nobres, que aqui construíram belas
casas.
Passamos pelo rio Urumea, com as suas famosas Pontes e candeeiros – a mais bonita é a ponte Maria
Cristina de Habsburgo, bisavó do Rei João Carlos. A praia mais famosa é a da Concha, mesmo no
centro da cidade. San Sebastian não sofreu durante a Guerra Civil, porque era o local de veraneio
preferido de Francisco Franco. Para aqui vinham também muitos actores famosos: Elisabeth Taylor,
Hitchcock, a espia Mata- Hari e muitos outros.
Apreciamos as praias de areia fina, o grande número de parques e jardins que convivem com a
arquitectura tradicional, romântica e contemporânea, o mar e a montanha a dois passos, a sua
qualidade de vida e a sua famosa gastronomia, que converteram San Sebastian nos últimos dois
séculos num destino turístico de primeiro plano.
San Sebastian nasceu como uma povoação pesqueira, cresceu como cidade comercial e fortaleza
militar, com a invasão das tropas napoleónicas e, depois de ter sido destruída quase por completo em
1813 na batalha com as tropas anglo-portuguesas, renasceu como cidade de serviços, sob o patrocínio
real, pois a rainha Maria Cristina escolheu esta cidade para passar as férias.
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Foi nos últimos anos do século XIX e inícios do século XX que San Sebastián se manifestou como
cidade culta, repleta de serviços e destino por excelência do turismo do norte de Espanha. A
grandiosidade dos seus edifícios é reflexo dos gostos da realeza e da burguesia do momento e dão-lhe
um carácter senhorial que soube adaptar-se aos tempos.
Um dos principais atractivos turísticos da cidade é a gastronomia, pois no seu território reúne mais
estrelas Michelin por metro quadrado do que nenhum outro lugar do mundo (de um total de sete
restaurante com 3 estrelas Michelin que há em toda a Espanha, três estão situados em San
Sebastian). Foi o berço do renascer da gastronomia basca através do movimento “a nova cozinha
basca”. A qualidade das suas matérias-primas e os seus mundialmente conhecidos “pintxos” ou tapas
(San Sebastian é considerada a capital mundial do “pintxo”) fazem as delícias de toda a gente.
Os passeios pelo centro da cidade, a chamada Área Romântica da Belle Époque, cujas ruas principais
são totalmente peatonais e junto ao rio Urumea, são outro dos pontos fortes da oferta turística de
San Sebastián.
Junto à foz do rio encontram-se o Teatro Victória Eugénia e o Hotel Maria Cristina, que constituem
um dos conjuntos monumentais mais atractivos da cidade. Atravessando o rio pela ponte de Maria
Cristina, a mais vistosa das pontes de San Sebastian, encontra-se a Estação do Norte e as vivendas
de estilo puramente francês situadas à beira do rio.
A actividade cultural cresceu ao mesmo ritmo que a actividade turística. O Festival Internacional de
Cinema, o Festival de Jazz e a Quinzena Musical são acontecimentos imprescindíveis ao longo do ano,
tal como os festivais cinematográficos temáticos e eventos das artes cénicas como o festival de
teatro.
A dezena de museus que possui, as magníficas esculturas de renome, a diversidade de teatros e salas
de exposições, são, sem dúvida, um claro exemplo da sua riqueza cultural. No século XX foi a sede do
Governo Nacionalista de Franco.
San Sebastián foi escolhida pelo jornal inglês The Guardian como "uma das cinco melhores cidades de
veraneio" do mundo, juntamente com Berlim, Estocolmo, Nova York e Amsterdão.
A actual catedral de San Sebastián é a igreja do Bom Pastor, edificada no século XIX como templo
neogótico que foi posteriormente elevada à categoria de catedral no século XX.
A catedral é de finais do século XIX. Em 1888 o arquitecto Manuel Eclavé, que foi o autor do
projecto, deu início às obras do edifício. Antes do lançamento da primeira pedra, depois da missa, o
infante Afonso XIII, com apenas 2 anos de idade, “assinou” os documentos oficiais para a
reconstrução da catedral. Nas fundações colocaram uma caixa de chumbo, com a fotografia do Papa,
da família real, juntamente com outros papéis e moedas. A construção demorou 11 anos: de 1888 a
1899, data em que se rematou o conjunto com a grande torre que culmina o pórtico da fachada
ocidental.
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Apesar disso, dois anos antes, em 1897, foi inaugurada esta grande igreja, cerimónia em que esteve
presente a família real - a Rainha Maria Cristina acompanhada dos seus filhos Afonso XIII e a
princesa das Astúrias, com a infanta Maria Teresa.
A catedral só foi consagrada em 1953. Custou o dobro do que tinha sido previsto, ou seja, 1.500.000
Euros. O órgão é de 1954 e também custou 1.500.000 Euros. Neste período de tempo foram feitas
remodelações (sem retábulo e sem vitrais). O chão que era de madeira de carvalho, foi substituído e
agora é de mármore. O estilo é neogótico, com arcos botantes a apoiar a estrutura. A fachada
principal tem 2 torres. A construção desta catedral, tal como a de Burgos, é inspirada na Catedral de
Colónia. Anteriormente era a Igreja do Sagrado Coração de Jesus e agora passou a ser a catedral do
Bom Pastor. Os artífices da catedral eram todos bascos. É a terceira maior catedral de Espanha,
depois da de Sevilha e da de Saragoça. É nessa época que ganha muita importância com o Caminho de
Santiago, que faz crescer a cidade. Encontra-se também no caminho do interior de Espanha para a
Costa Cantábrica. Era também uma rota comercial.
Manuel Eclavé inspirou-se nas catedrais góticas alemãs, mas especialmente na de Colónia. Por essa
razão é um edifício de acentuada verticalidade com arcos ogivais muito aguçados (o edifício mais alto
de San Sebastian) e uma grande quantidade de elementos decorativos como pináculos e carrancas,
além de uma colecção de 14 vitrais de Juan Bautista Lázaro que representam os doze apóstolos e os
Sagrados Corações de Jesus e Maria e duas rosáceas, o que lhe dá una espectacularidade
considerável.
Em meados do século XX (1953), a igreja do Bom Pastor converte-se na nova Catedral de San
Sebastián. Mais de cinquenta anos depois colocou-se o órgão, com mais de dez mil tubos e um peso de
mil toneladas, que fazem dele um dos maiores da Europa.
A catedral de San Sebastián é um enorme edifício neogótico com planta em cruz latina de três naves,
transepto e presbitério. As pias de água benta são conchas trazidas das Filipinas.
No interior existe uma cripta muito espaçosa e, no exterior, a torre, construída por Ramón Cortázar,
tem 75 metros de altura. O altar mor está dedicado ao Bom Pastor. Aí encontramos as estátuas de
Nossa Senhora del Carmen, Santo António, Santa Teresa e o Sagrado Coração.
Na sua fachada principal, destaca-se a “A Cruz da Paz”, obra do escultor Eduardo Chillida. Com os
seus 1.915 metros quadrados é a maior igreja de toda a cidade.
Passámos pelo Palácio dos Congressos, onde se realiza o Festival de cinema.
O Monte Igueldo é uma vasta zona geográfica situada a oeste da cidade de San Sebastián, entre a
praia de Ondarreta e a povoação de Orio. A área de Igueldo é um grande parque natural de 6,2
quiilómetros quadrados, com uma população muito escassa. Limita a norte com o mar e o seu litoral
rochoso oferece possibilidades para a pesca e a prática de desportos náuticos.
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Na área encontra-se o Parque de Atracções de Monte Igueldo, bem como numerosos restaurantes,
hotéis, vários parques de campismo, salas de festas e o Observatório Metereológico. Do alto do
monte temos uma esplêndida vista da cidade de San Sebastián.
Depois de um pequeno passeio junto à baía para apreciarmos a paisagem e tirarmos fotografias da
praia da Concha, voltámos ao autocarro, para continuarmos a viagem para Burgos.
A Catedral de Santa Maria de Burgos é uma lindíssima obra arquitectónica que combina vários estilos
entre todas as suas partes; porém o estilo que predomina é o gótico. É um templo católico dedicado à
Virgem Maria e tem também o título de Santa Igreja Basílica Metropolitana de Santa Maria de
Burgos. A visita à Catedral de Burgos é feita com audioguías e vamos seguindo as explicações de
acordo com os números do audioguia e os números correspondentes dos vários pontos de interesse. É
de estilo gótico flamejante, com influência Alemã e Francesa e sofreu importantes modificações nos
séculos XV e XVI. Além do gótico, os estilos no seu interior são o renascentista e o barroco. A
imagem do retábulo é o Santíssimo Cristo de Burgos. A Catedral é, na verdade, uma autêntica
maravilha que merece ser visitada.
A origem desta construção remonta aos inícios do século XIII (1211), quando o bispo D. Maurício é
incumbido de ir buscar a noiva do rei Fernando II, a princesa Beatriz da Suábia. Esta longa viagem
pela França e Alemanha, numa época em que estavam a ser construídas a maior parte das catedrais
góticas, deve ter despertado no bispo o desejo de substituir a modesta catedral primitiva de Burgos,
por um monumento digno de ser a principal igreja de Castela. Inaugura-se, desta forma, uma das
realizações máximas do gótico hispânico, caracterizada por uma nova profusão ornamental que se vai
desenvolver ao longo dos séculos. Foi ampliada com o claustro e numerosas capelas, entre as quais se
destaca a do Condestável (séc. XV) e a da Santa Tecla (séc. XVIII). As agulhas da fachada principal
datam do séc. XV e o zimbório é do séc. XVI.
O desenho da fachada principal está relacionado com o mais puro estilo gótico francês das grandes
catedrais de Paris e Reims, ao passo que o alçado interior toma como referência a Catedral de
Bourges. Consta de três corpos rematados por duas torres laterais de planta quadrada.
As agulhas perfuradas de influência germânica foram acrescentadas no século XV e são da autoria de
Juan de Colonia. São numerosos os tesouros arquitectónicos, escultóricos e pictóricos do seu interior.
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A catedral de Burgos foi declarada Monumento Nacional em 8 de Abril de 1885 e Património da
Humanidade pela UNESCO em 31 de Outubro de 1984. É a única catedral espanhola que tem esta
distinção da UNESCO de forma independente, ou seja, sem estar unida ao centro histórico de uma
cidade (como acontece nos casos de Salamanca, Santiago de Compostela, Ávila, Córdoba ou Toledo) ou
ligada a outros edifícios, como em Sevilha. Além disso, é o templo católico mais importante em Castela
e Leão por tratar-se do único templo que sendo catedral metropolitana é ao mesmo tempo uma
basílica.
A parte mais visitada por todos os turistas é o seu famoso Papamoscas, uma estátua articulada que
abre a boca quando os sinos tocam a cada quarto de hora. No interior da catedral existem numerosas
capelas, mas a mais visitada é a Capela Maior, onde se encontra a imagem de “Santa Maria La Mayor”.
Outra muito importante é a Capela do Santíssimo Cristo de Burgos.
Este templo substituiu a igreja românica de três naves que a precedeu e que foi impulsionada por
Afonso VI nos finais do século XI.
Até 1233-1240 o edifício evoluiu com grande rapidez, chegou-se ao transepto e avançou-se para a
construção das naves. Por volta de 1240 fica encarregado das obras um segundo arquitecto - Mestre
Enrique, que trabalhará também na catedral de Leão. Sabe-se que em finais da sexta década do
século XIII (1255-1260) já se trabalha no frontão ocidental e nas suas portadas. A partir do século
XIV fizeram-se grandes transformações nas capelas do deambulatório.
A catedral dos séculos XIII e XIV vai receber um novo impulso no século XV, com o contributo de
Juan de Colonia, que traz o gótico flamejante germânico até Burgos. Com este impulso embeleza-se a
fachada ocidental construindo-se as famosas agulhas que rematam as torres.
Nessa época também se construiu a Capela dos Condestáveis de Castela, ao ampliar a capela radial
central do deambulatório, para construir a sua câmara funerária. O edifício construído na primeira
parte do século XIIII tem três naves de seis partes, um cruzeiro, um presbitério com mais três
partes e uma abside poligonal, rodeada por um deambulatório que se abre para capelas semi-
decagonais.
É um edifício abobadado na sua totalidade, característico da escola de Burgos, que aparecerá noutras
construções góticas posteriores da região de Castela.
Além da estrutura geral já descrita, há três elementos a destacar: o interior da Capela dos
Condestáveis, a espectacular beleza da cúpula, de estilo plateresco e a Escada Dourada, obra de Diego
de Siloé.
O interior do templo acumulou durante séculos todo o tipo de obras de arte: retábulos, pinturas,
ourivesaria, etc. Os principais grupos escultóricos concentram-se, como é habitual no gótico, nas
portadas mas também na Galeria dos Reis.
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Picos da Europa e País Basco O claustro gótico começou a construir-se em finais do século XIII e ficou concluído nos primeiros
anos do século seguinte. Tem dois pisos sobrepostos.
Burgos é também famosa por aqui ter nascido Cid (Rodrigo Dias de Vivar) em 1043, que faleceu em
1099, com 56 anos de idade. Chamavam-lhe El Cid (do mourisco sidi, "senhor"), o Campeador
(Campeão). Foi um nobre guerreiro castelhano que viveu no século XI, época em que a Hispânia estava
dividida entre reinos rivais de cristãos e mouros. A sua vida e feitos tornaram-se uma lenda,
sobretudo devido a uma canção de gesta (a Canción de Mio Cid), datada de 1207, transcrita no século
XIV pelo copista Pedro Abád e cujo manuscrito se encontra na Biblioteca Nacional da Espanha.
A imagem com que ficamos depois de ler a obra é a do cavaleiro medieval idealizado: forte, valente,
leal, justo e piedoso.
Cid serviu Afonso VI de Castela. Este tinha um irmão que morreu em circunstâncias estranhas e Cid
desconfiou. Em consequência disso, foi expulso de Castela, casou com D. Ximena, filha do conde de
Oviedo, mas depois de algumas peripécias, volta a lutar ao lado de Afonso VI. Os corpos do Cid e de D.
Ximena estão sepultados na catedral de Burgos. Cid era um homem temido e respeitado tanto pelos
cristãos como pelos mouros e ganhou a cidade de Plasência para o Reino de Castela.
Terminada a visita, passamos depois pelo Museu da Evolução Humana, muito moderno. Vemos uma
estátua de um cavaleiro. A pata direita do cavalo está levantada, o que significa que o cavaleiro
morreu na guerra. Passamos também pela Igreja de la Merced – hospital construído pelos Reis
Católicos, para os peregrinos, que está em transformação para aí ser instalada a Universidade.
E com mais uma hora de caminho chegamos ao Hotel de Valladolid – na verdade muito bonito, mas com
algumas deficiências, como não haver no quarto nenhum lugar para colocar a mala de viagem – só no
chão. Era o Hotel La Vega, cujo nome me fez recordar o famoso Zorro, que na realidade se chamava
Diogo de La Vega. Aí jantámos e dormimos.
Oitavo e último dia – 30 de Abril:
Sempre acompanhados pelo sol e com uma temperatura mais amena, continuámos a nossa viagem para
Valladolid. Tínhamos chegado ao último dia da nossa viagem e este último dia das viagens sempre me
fez sentir um aperto no peito. Todas as pessoas com quem tínhamos convivido tão proximamente
nestes 8 dias iam-se separar, voltar a suas casas e… quando é que nos voltaríamos a encontrar?
Hoje éramos acompanhados pela guia Maria José e logo que saímos do Hotel fizemos a visita
panorâmica de Valladolid.
Embora existam indícios de assentamentos paleolíticos, Valladolid não começou por ser um núcleo
populacional até à entrada na Idade Média. Diz-se que o nome de Valladolid vem do árabe.
O rei Afonso VI, em 1074, doou a Plaza Mayor ao Conde Pedro Ansúrez, que impulsionou o seu
desenvolvimento com base nos privilégios concedidos pelos reis de Leão e Castela. O Conde Ansúrez
mandou construir a Igreja da Antigua, um dos símbolos de Valladolid.
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Em 1208 Valladolid foi incorporada na corte de Afonso VIII e converteu-se no centro cultural de
Castela, experimentando um rápido crescimento, favorecido, neste caso, pelos privilégios comerciais
concedidos pelos reis Fernando III e Afonso X, tendo recebido deste último o foral real, e pelo
grande impulso que lhe deu a rainha e regente Maria de Molina.
Em 1346 foi criada a Universidade de Valladolid, uma das primeiras de Espanha, graças à bula
concedida pelo Papa Clemente VI. E em 19 de Outubro de 1469 os Reis Católicos celebraram o seu
casamento secreto no Palácio de los Vivero. Em 1506 Cristóvão Colombo morreu em Valladolid.
Em 1604 foi publicada em Valladolid a primeira edição do D.Quijote. Em 1606 foi transferida a capital
para Madrid. O afastamento da Corte acarretou uma grande mudança para a cidade, tendo-se iniciado
uma época de decadência, da qual não se recomporia até meados do século XIX e que apenas foi
atenuada a partir de 1760, com a implantação de fábricas têxteis, prenúncio da posterior
industrialização.
A chegada do caminho de ferro em 1860, constituiu um grande passo para a sua industrialização.
Nesse ano contava com cerca de 40.000 habitantes e, desde então, o seu crescimento tem sido lento
mas contínuo.
Por volta de 1900 o sector têxtil, as fundições, as fábricas de papel e o tratamento do algodão deram
lugar a uma classe abastada, cujas casas ainda se podem encontrar em Valladolid e que são amostras
do seu passado esplendor. Na guerra civil foi bombardeada pelo exército republicano.
Quando acabou a guerra, a instalação de grandes fábricas e especialmente da Renault, em 1953,
deram lugar a um importante desenvolvimento demográfico e urbanístico.
O forte desenvolvimento dos anos 50 causou a Valladolid a maior perda de património urbano de
Espanha. No casco velho da cidade, edifícios antigos, conventos e inclusivamente palácios da época
renascentista foram demolidos para construir blocos de apartamentos que modificaram o casco
histórico da cidade. Actualmente é uma cidade moderna com 330.000 habitantes.
Passamos pela Plaza Mayor, que é o principal ponto de encontro das pessoas e que foi a primeira Plaza
Mayor rectangular de Espanha; o Campo Grande que é um jardim Romântico e o maior parque urbano
de Valladolid e que data de finais do século XVIII, sendo na altura chamado Campo da Verdade; a
Igreja de São Paulo que foi fundada por Maria de Molina em 1286 e que foi reformada nos séculos XV
e XVII; a Igreja de Santa Maria de La Antigua que é um dos símbolos de Valladolid e é uma igreja que
se destaca pela sua elegância e beleza; a Catedral de Valladolid, concebida no século XVI e desenhada
por Juan de Herrera, é famosa por estar inacabada; a Igreja de São Benito, anexa ao mosteiro do
mesmo nome e que é uma das igrejas mais antigas de Valladolid; a Igreja de São Miguel e São Julián,
habitualmente conhecida como Igreja de São Miguel e que é um dos exemplos mais claros de
arquitectura jesuítica; a Academia de Cavalaria que tem uma colecção de armas desde o século XVIII
até agora e que é um Museu; o Passeio de Isabel a Católica ao longo do rio Pisuerga; a praça de São
Paulo.
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No século XIX começaram a fazer aqui fábricas e perdeu-se muito património. Em 1561 Filipe II tinha
estabelecido a capital em Madrid (até aí era uma corte itinerante). Em frente da catedral temos o
Palácio Real que hoje pertence ao exército espanhol. Aqui nasceu Filipe IV em 1604. O Instituto
Zorrillo foi anteriormente um convento de Dominicanos. A Igreja de São Paulo é do século XIII, é
gótica e sua fachada foi substituída. Na parte superior da fachada está o frontão com o escudo dos
reis católicos. Não tem recheio no interior. A parte lateral é de estilo gótico flamejante (mais ou
menos de 1496).
Há uma referência a Frei Alonso de Burgos, cujo escudo era uma flor de lis. Vemos uma igreja
neogótica, que foi a antiga Colegiada e se encontra parcialmente em ruínas. Valladolid conta também
com um grande número de museus, alguns dos quais são os mais importantes de Espanha na sua área:
em Valladolid presta-se culto aos seus personagens históricos nas suas casas museu: Casa Museu Colón
dedicada a Cristóvão Colombo, navegador falecido em Valladolid em 1506 e que nos faz retroceder até
ao século XV para sentir como se viveu o Descobrimento da América.
Chegamos finalmente ao Museu Casa de Miguel de Cervantes, o autor do famoso “D. Quijote de la
Mancha”, o cavaleiro da triste figura. O Museu Casa de Cervantes está situado no prédio que ocupou o escritor durante a sua estadia em
Valladolid entre 1604 e 1606. A estadia de Cervantes em Valladolid coincidiu com a publicação da
primeira edição, em 1605, de “D. Quijote”, que é considerada a obra mais importante da literatura
universal. No interior tenta-se recrear o ambiente onde viveu o escritor numa casa discretamente
decorada, de acordo com as possibilidades de um fidalgo espanhol do século XVII.
Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares em 1547; no início do século XVII o rei
Filipe III mudou a corte para Valladolid, o que originou um aumento considerável da população nesta
cidade. Miguel de Cervantes era cobrador de impostos e chegou a Valladolid na Primavera de 1604,
tendo alugado para si e sua família uma casa na Rua del Rastro de los Carneros. Esta casa, hoje
convertida em Museu, foi a sua residência até aos primeiros anos do século XVII (1606), altura em
que a corte se muda para Madrid. A casa foi identificada com precisão absoluta em 1862 e abriu ao
público como Biblioteca Popular em 23 de Abril de 1916. Em 23 de Abril de 1948 foi oficialmente
inaugurada como Museu Monográfico dedicado ao escritor, que foi declarado cidadão de honra de
Valladolid em 1962.
A casa onde viveu Cervantes durante a sua segunda estadia em Valladolid pertencia a um conjunto de
cinco edifícios, todos semelhantes, construídos por Juan de las Navas em 1601 sobre uns terrenos
herdados do pai e outros adquiridos na Rua del Rastro de los Carneros.
A casa em que viveu o escritor é a que corresponde ao número 14, antigo número 9, da mesma rua del
Rastro de Valladolid. A casa não dispunha de grandes comodidades nem estava situada num local
agradável, porque à sua frente corria o rio Esgueva, que hoje está coberto. Tem dois andares.
Começámos por visitar a Biblioteca que de início tinha 4.000 volumes e hoje conta com cerca de
10.000. A cozinha e a casa de jantar correspondem às das pessoas mais endinheiradas.
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Picos da Europa e País Basco
A casa tem também a sala onde Cervantes escrevia, um quarto com cama de dossel e cortinas e um
outro quarto e uma sala para as mulheres. A primeira parte do D. Quijote foi publicada em 1605. A
segunda parte foi publicada em 1615, um ano antes de Cervantes falecer, o que aconteceu em 23 de
Abril de 1616. D. Quijote foi uma personagem inventada.
O tempo ia decorrendo e urgia seguirmos para Tordesilhas, o que se fez, logo depois de termos
terminado a visita ao Museu Casa de Cervantes.
Tordesilhas está situada sobre uma colina, a 700 metros de altitude, nas margens do rio Douro. Esta
situação deu origem ao seu povoamento na época romana. A construção de uma ponte sobre o rio na
época medieval contribuiu para o seu apogeu económico e social. O seu lugar máximo na história foi no
dia 7 de Julho de 1494, data em que foi assinado o Tratado de Tordesilhas entre os reinos de Castela
e Portugal, que definia os limites que correspondiam a cada Coroa, das terras já descobertas ou ainda
por descobrir no continente americano. O acordo dividia o Oceano Atlântico por meio de uma linha
traçada de polo a polo, a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, ficando o hemisfério Ocidental
para Castela e o Oriental para Portugal. Deste modo, com a mediação do Papa Alexandre VI, os Reis
Católicos e D. João II de Portugal estavam de acordo sobre as conquistas que poderiam realizar
ambos os estados no que se referia ao mundo recém descoberto.
O acto final das negociações levou-se a cabo sem a presença dos reis, os quais tinham delegado os
seus poderes em procuradores plenipotenciários. Estiveram presentes três por cada nação: por parte
de Portugal Ruy de Sousa, seu filho Joan de Sousa e Aires Dalmada e o notário Esteban Vaéz. Por
Castela: D. Enrique Enriquez, D. Gutierre de Cárdenas e D. Rodrigo Maldonado. O notário era
Fernando Álvarez Toledo. Como os acordos assinados no dia 7 de junho eram válidos porque os
procuradores tinham plenos poderes, as duas partes decidiram dar-se um prazo para que fossem
ratificados pelos respectivos monarcas: 50 dias para o Tratado Africano e 100 dias para o Tratado
Atlântico (o de Portugal), já que se tornava necessária uma espera para saber o que teriam
descoberto, até ao 20 de Junho, os navios castelhanos que navegavam pelo Atlântico. Os Reis
Católicos ratificam o tratado em Arévalo e D. João II en Setúbal.
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Em duas salas do museu do Tratado estão expostos objectos relacionados com o processo das
negociações: mapas, instrumentos de navegação, reproduções em miniatura das caravelas com que
Colombo descobriu a América (Santa Maria, Niña e Pinta), especiarias, etc.
O século XVI está marcado também pela estadia em Tordesilhas, durante 46 anos, de Joana a Louca,
filha dos Reis Católicos. Neste período de tempo, iam à Vila imperadores, príncipes e reis para a
visitarem, pois a mesma era Joana I, Rainha de Castela. A importância geográfica de Tordesilhas
converteu-a num importante nó de comunicações rodoviário e actualmente é o centro de uma intensa
actividade comercial, turística, mercantil e social.
Continuámos para Ciudad Rodrigo, onde almoçámos num Hotel ao lado da Catedral.
Ciudad Rodrigo está situada na província de Salamanca, a poucos quilómetros da fronteira portuguesa
de Vilar Formoso. Primitivo castro fortificado, que segundo alguns historiadores teve o nome de
Miróbriga, foi conquistada pelos romanos que, entre outros vestígios, deixaram as três monumentais
colunas que hoje formam o escudo heráldico da Cidade. As invasões bárbaras destruíram-na, mas
ressurgiu, embora com menos pujança, para ser novamente assolada pelos árabes.
Após uma tentativa de repovoamento no tempo de Afonso VI, a cargo do Conde D. Rodrigo, do qual
toma o seu actual nome, não seria repovoada definitivamente senão em 1161 por Fernando II de Leão,
como baluarte contra o inimigo muçulmano, assim como contra o reino português, que acabava de
nascer.
Este rei seria o grande benfeitor da cidade, rodeá-la-ia de muralhas, que embora reconstruídas,
principalmente no século XVIII, ainda circundam a cidade, tendo também iniciado a construção de
uma magnífica catedral.
Os séculos XV e XVI seriam os de maior esplendor da cidade, construindo-se numerosos monumentos
religiosos, bem como palácios e casas solarengas, muitos das quais ainda se conservam, dando à cidade
um especial ar senhorial.
Entre os monumentos religiosos temos que destacar, além da Catedral, a Capela de Cerralbo mandada
construir pelo Cardeal Pacheco, a igreja da Venerável Ordem Terceira, neoclássica ou a igreja de São
Pedro - Santo Isidoro, onde se misturam estilos tão diversos como o românico, o mourisco, o gótico, o
renascentista e o neoclásico.
Actualmente Ciudad Rodrigo é uma cidade moderna e dinâmica, mas com um grande respeito ao seu
esplendoroso passado que faz o possível por conservar, através do estudo da sua história e
conservação do seu património monumental. Esse património fez que em 1944 o seu recinto
amuralhado fosse declarado Monumento Histórico Artístico.
Agora a fronteira de Portugal ficava apenas a 30 quilómetros e rapidamente foi percorrida esta
distância. Ainda fizemos as habituais paragens em zonas de serviço, para descanso do nosso motorista
e não só!...
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Tinham sido 8 dias muito preenchidos, muito bem passados, muito agradáveis, que constituíram uma
grande lição de história e de história de arte, durante os quais vimos paisagens e monumentos de
grande beleza, sempre acompanhados pela simpatia, competência e disponibilidade do Bruno, pela boa
disposição da “Carocha” e pela condução segura do nosso motorista.
Para terminar, quero felicitar calorosamente o Clube Galp Energia – Núcleo Centro por mais esta
magnífica organização.
Maria Isabel Soares da Costa
Cirque du Soleil
Michael Jackson - The Immortal World Tour
Um ano volvido e o Cirque du Soleil regressou a Portugal (Lisboa) para presentear o público português
com mais um grandioso espetáculo, desta feita “Michael Jackson THE IMMORTAL World Tour”.
Esta produção usou a criatividade do Cirque du Soleil para dar aos fãs uma visão única do espírito,
paixão e coração do génio artístico que transformou, para sempre, a cultura pop global.
O uso da mistura de visuais, dança, música e fantasia, permitiu ao público o seu envolvimento no mundo
criativo de Michael Jackson, onde descobrimos a sua inspiração, o seu amor pela música e pela dança,
contos de fadas e magia, e a frágil beleza da natureza.
As bases da “THE IMMORTAL World Tour” são as poderosas e inspiracionais músicas e letras, que
funcionam também como força condutora do espetáculo, que ganham vida com extraordinário poder e
intensidade de cortar a respiração, através de performances inesquecíveis de todos os participantes
envolvidos em toda esta encenação.
Mais uma vez agradecer a possibilidade que o Clube Galp Energia – Núcleo Centro deu aos
colaboradores e Associados de participar neste evento.
Tiago Barreiro
A Direção