Maio 2008

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios

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Maio, 2008 Número 25

www.revistacidade.com.br

Capa: Colagem sobre ilustração de Sérgio Júnior

CAPA

PANORAMA ..............................................9

CAOS NA ECONOMIASegunda matéria da série mostra a situação econômica do município de Arraial do Cabo ........................................ 10

NutriçãoSlow Food ................................................... 15

Nos tempos do Dengue ...................... 16

BREEZES:Desenvolvimento ou agressão inconseqüente? ....................................... 18

HOLOFOTE .............................................. 26

Ângela Barroso..................................... 39

A casa caiu ............................................ 45

Livros ...................................................... 47

Resumo .................................................. 49

ELEIÇÕES 2008

Pré-candidatos se preparam para a corrida eleitoral dos próximos meses 28 Cidade de Macaé

História PreservadaComeça a restauração do Solar Mandiqüera

CAMPOS DOS GOYTACAZESUm município marcado para sofrer

Uma década depois Alerj volta a cassar mandatos

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ENTREVISTA C a r l o s M i n c

ARLOS MINC nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 12 de julho de 1951. Fez sua trajetória política sendo um defensor do socialismo libertário, dos direitos de cidadania, da mulher, das minoriais homossexuais e do meio ambiente.É membro-fundador do Partido Verde, partido pelo qual foi eleito deputado estadual em 1986, e reeleito, agora no PT, em 1990, 1994, 1998 e 2002, quando obteve a votação mais expressiva de sua carreira.

Convidado pelo Governador Sérgio Cabral Filho, em 2006, aceitou o cargo de secretário do meio ambiente.Além de sua atuação política, Carlos Minc é professor da UFRJ do Departamento de Geografi a, e autor de várias obras.

CNiete Martinez / Juliana Vieira

O que não pode, é pensar que vai haver uma república independente de Búzios onde podem coisas que estão vedadas pelas leis estaduais e federais

CARLOS MINCSecretário estadual do Ambiente

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Papi

Pres

s

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C a r l o s M i n cENTREVISTA

Empresários da construção civil de Búzios alegam que o uso do solo é uma questão municipal, que está sendo invadida pela lei estadual. Assim, a prefeitura libera uma obra e a Feema embarga, e vice-versa. Existe mesmo divergências entre as leis estaduais e municipais? A legislação municipal não está submetida à estadual?

São coisas diferentes e complemen-tares. Uma resolução municipal não pode contrariar leis estaduais. Digamos que em Búzios os vereadores deixaram uma brecha para a construção em topo de morro ou em costão rochoso, isso é proibido por leis estaduais e federais. O secretário de obras pode até dizer: tal pro-jeto não colide com as normas do muni-cípio mas como tem impacto ambiental, favor buscar licença com a FEEMA, por exemplo. O que não pode é pensar que vai haver uma república independente de Búzios onde podem coisas que estão vedadas pelas leis estaduais e federais. O que estamos fazendo e vamos continuar fazendo é preservar a ecologia de Búzios que está sendo ameaçada com a especula-ção imobiliária e em licenciamentos sem bases legais. Retiramos 12 quiosques da Tartaruga, já havia ordem judicial para a retirada deles e ninguém tirava porque tinha medo, ou por questão de populismo, ou por pressão de algum vereador. Eu, quando era guri, mergulhava com meus amigos lá e era um paraíso.

Até onde o Estado pode intervir para resolver impasses como o da construção do Club Breezes em Búzios, cuja obra estava embargada mas foi liberada após assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), e agora volta a ser embargada, por conta de mais uma Ação Popular?

Nós temos licenciado muita coisa, uma das questões que a Secretaria li-cenciou foi o complexo do Peró onde vai ter o Club Med e o Sheraton. Neste empreendimento queriam ocupar 30% da área da praia com construções de até cinco andares. Nós licenciamos para eles ocuparem 10% da área da praia com dois andares e os convencemos que seria uma coisa de alta distinção e que poderiam pegar até seis estrelas por ser dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Mas o que eles terão que construir? Terão

que fazer toda rede de saneamento da área deles e fazer um Jardim Botânico maior que o existente no Rio de Janei-ro. Toparam, estão investindo R$ 800 milhões e vão fazer uma coisa de alto nível. Isso mostra que ser rigoroso não signifi ca fechar as portas para os bons investimentos do bom turismo. Fizemos

um licenciamento de alto rigor e a região e o turismo irão ganhar. (Com a edição número 23 da Revista Cidade nas mãos e apontando para a página 32 Minc mostra e lê em voz alta) Está aqui, “Club Med já é realidade”. No caso do Breezes foi um licenciamento da gestão anterior à nossa, licenciavam coisas que chegavam muito perto da praia e isso deu um problema. A própria FEEMA era ré no processo e a nossa intervenção neste caso foi tentar

um acordo com o Ministério Público que reduzisse a dimensão do projeto e que o adequasse à dimensão da praia. Foi feito um TAC com o Ministério Público Esta-dual e agora o Ministério Público Federal está colocando algumas questões, mas vai acabar resolvendo também.

Parte do empresariado local defende a tese que é melhor construir um grande empreendimento em áreas de proteção, ao invés de deixá-las livres para possíveis

invasões, dadas por eles como certas. O senhor concorda com essa tese?

Acho que aí varia de caso a caso, por exemplo, a APA do Peró é uma área de preservação ambiental, aliás sugerida por mim em 2002 quando meu amigo Liszt Vieira era secretário de Meio Ambiente e André Ilha, que é o atual presidente do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e também era em 2002. Nós criamos a APA Pau Brasil e nós agora fi zemos o licenciamento do Club Med até porque nós achávamos que era uma área passível de favelização. Por outro lado existem áreas que devem ser preservadas. No caso da Azeda e Azedinha, por ser uma das últimas praias preservadas de Búzios, nestas entendo que devem ser totalmente preservadas. Por exemplo, as praias de João Fernandes e João Fernandinho aca-baram, lá você vê hotel na areia. Você vai na Ferradura e lá já chegou a três níveis de casas sobre as encostas. Você vai pra Tartaruga e agora consegue andar porque nós colocamos a baixo aqueles quiosques todos. Há insinuações de questão política e não é isso, nós temos feito ações seme-lhantes também em outras cidades como no Rio de Janeiro, Mangaratiba e Angra dos Reis. Cada um tem um prefeito de um partido e eu não estou nem aí e nem quero saber. Construiu errado, vai pra baixo. Não há perseguição política e o diálogo está aberto, mas seremos implacáveis. As pessoas que só olham a construção, a especulação e não a mata atlântica, o meio ambiente e o turismo de qualidade a médio prazo, fogem da discussão e tentam se pegar, de uma forma meio covarde e sorrateira a outros assuntos do tipo: Ah, por que vem tanto pra Búzios? É porque era estrangeiro. Ah, por que é que está interferindo em questões municipais? Eu defendo que tem que haver um empreen-dimento de qualidade em áreas ambien-tais. Nós queremos que o Rio tenha um turismo de qualidade.

Recentemente, sua secretaria voltou a surpreender não concedendo a licença para construção de um grande empreendimento hoteleiro na Apa da Azeda / Azedinha, em Búzios. Essa postura será estendida às demais áreas problemáticas da região?

Estava embargado pela Justiça e confi rmado em segunda instância. Eu

Ser rigoroso não signifi ca fechar as portas para os bons investimentos do bom turismo

Construiu errado, vai pra baixo. Não há perseguição política e o diálogo está aberto, mas seremos implacáveis.

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expliquei ao Governador Sérgio Cabral que eu não podia licenciar aquilo porque eu, como ambientalista, fui um dos que pedi o embargo. Eu, junto do movimento Viva Búzios, fui um dos signatários desta ação. Seria uma contradição absoluta um Secretário não fazer o que ele defendia como parlamentar ambientalista. Eu falei que o projeto era lindo mas que estava no lugar errado. Eles queriam colocar 84 bangalôs, agora imagina duas famílias em cada bangalô desses. Só isso é três vezes mais do que suporta a praia. O município de Búzios aprovou uma lei re-centemente, que nós até aplaudimos, que é a que proíbe até a entrada de vendedor de picolé na Azeda e Azedinha. Agora ia entrar um empreendimento do Copaca-bana Palace que ia acabar com uma das praias mais preservadas de Búzios. Não licenciaremos isso em hipótese nenhuma. Algumas pessoas e até um jornal de lá de Búzios defende abertamente a reali-zação destes empreendimentos, mesmo que embargadas pela Justiça Federal

e confi rmada em segunda instância o embargo, eu acho que estão com uma visão a muito curto prazo, acho que eles não estão com a visão de que o futuro de Búzios é o turismo de qualidade. Se você permitir que as praias virem quiosques e que as encostas virem hotelões e que os topos de morro virem mansões, não estão vendo que isso vai acabar com o turismo de qualidade em Búzios.

Como o senhor analisa a crescente demanda para a construção de resorts e grandes empreendimentos imobiliários em áreas de proteção, como é caso da reserva Peró, e do Club Breezes, na APA do Pau-Brasil?

Primeiro porque o Rio de Janeiro es-tá recebendo uma quantidade brutal de in vestimentos estaduais e federais como por exemplo no aeroporto de Cabo Frio, na Lagoa de Araruama e no Canal do Itajurú, que são obras nossas. O aero-porto, a lagoa limpa e o fato de saberem da vinda de muitas empresas atrai muito.

São empresários que serão candidatos a participar de um turismo de mais alto nível. Realmente temos muitos empreen-dimentos querendo se instalar no litoral do nosso Estado e a nossa posição não é o “não pode nada” e nem o “pode tudo”. O que pode, pode com regras rígidas e o que não pode, não pode e vai se queixar ao Papa.

Depois das três demolições em Búzios (Casa na ponta do Pai Vitório, quiosques da praia da Tartaruga e mais uma casa na Ferradura), quais as próximas ações no município e região?

Haverá novas ações sim mas eu não vou dizer quais serão, continuaremos atentos mas não só em Búzios como também em Arraial do Cabo que tem tanto caso de favelização em Monte Alto e outras tantas áreas de invasão de praia. Estamos trabalhando para relocalizar parte das pessoas que ocuparam as du-nas, é inacreditável as dunas de Arraial do Cabo favelizadas. Isso é inaceitável e

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C a r l o s M i n cENTREVISTA

foi produto de omissão e conivência no passado de Prefeituras, cartórios e até da Ampla que no passado, agora ela não faz mais isso a nosso pedido, ligava a luz de quem ocupava uma duna, uma área de preservação. Para mim isso é conivência com o crime ambiental.

Como é atuação da Secretaria nesses casos. Ela faz o seu próprio levantamento das construções irregulares ou age a partir de denúncias? Atua sozinha?

A gente vai sempre com a PM (Polícia Militar), com a Procuradoria do Estado. No caso dos quiosques fomos com a Marinha Brasileira porque ali é uma área de Marinha. Vamos também com o SPU (Serviço de Proteção da União) porque as praias são do SPU e agimos, muitas vezes, com os municípios. Ali-ás espero que o Secretário de Meio Ambiente de Bú-zios se associe a nós nas próximas ações na cidade para defender o que restou de meio ambiente lá.

O secretário de Governo de Búzios, empresário corso Nani Mancini, declarou numa rádio local achar estranho que apenas casas de estrangeiros estivessem sendo derrubadas. Existe alguma orientação nesse sentido?

De forma alguma. Os quiosques, por exemplo, que foram demolidos não são estrangeiros. Dos dois projetos que nós derrubamos na praia Rasa, um era de um argentino e outro era de um brasileiro. É um comentário muito equivocado. A discussão é a seguinte: nós vamos preservar a mata atlântica de Búzios ou vamos deixar que a especulação imo-biliária acabe com ela? Então levantar esta questão, principalmente em relação a mim, me parece uma atitude muito covarde. Acho que essa é uma forma mesquinha de ver a situação. O nosso lema é o seguinte, nem o pobre e nem o rico podem destruir a mata atlântica. Não há discriminação, todo mundo tem que respeitar as leis.

Como fi ca a situação da prefeitura e

dos profi ssionais que assinaram as autorizações para essas construções irregulares? Haverá alguma representação do Estado contra essas pessoas? Quais as penalidades previstas?

A lei de crimes ambientais é muito clara, ela prevê que o funcionário que assina uma licença em desacordo com a legislação estadual ou federal pode ser incriminado e pegar uma pena de um a três anos de prisão. Eu acho que estas pessoas estão realmente correndo risco porque assinaram licenças absolutamente ilegais, absolutamente em contradição com as leis. Acho também que, neste caso, temos que agir exemplarmente para que outros não tomem atitudes totalmente

irresponsáveis como esta.

Como um cidadão comum pode denunciar um crime ambiental para o Estado?

Pode e deve. Nós criamos uma Coor-denadoria Integra-da de Combate aos Crimes Ambientais,

a CICCA, e estamos trabalhando com helicópitero e com o IBAMA. Estivemos recentemente na Região dos Lagos com-batendo a pesca predatória em São Pedro, em Araruama, em Arraial do Cabo e junto com o IBAMA apreendemos barcos e distribuímos para os pobres os peixes apreendidos. Para denunciar pode ligar para (21) 2299-3083 / 2220-4151 ou en-viar um e-mail para [email protected].

Existe uma receita para conciliar preservação ambiental com crescimento econômico?

Cumprir as leis, ter uma visão de fu-turo e não uma visão mesquinha, egoísta e de curto prazo. Já os gestores, ver que estas pessoas podem ter seu empreen-dimento e lucrar com ele, mas tem que fazer alguma coisa pela sociedade. Por isso que o Club Med e o Sheraton vão in-vestir milhões em saneamento na região. Desta forma a gente deixa eles atuarem, mas de uma maneira que não estrague e não privatize o meio ambiente.

O funcionário que assina uma licença em desacordo com a legislação estadual ou federal pode ser incriminado e pegar uma pena de um a três anos de prisão

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P a n o r a m a

P O L Í T I C A

Emancipação de Tamoios volta à ALERJ

Mandato em Risco

T A M O I O S

C I N E M A

Filme aborda avanço do mar em Atafona

A proposta de criação do municí-pio de Tamoios foi apresentada pela segunda vez pelo deputado Paulo Ramos. O parlamentar não perdeu tempo e reapresentou o mesmíssimo projeto quase um ano depois de ver sua idéia naufragar na CCJ, Comissão de Constituição e Justiça, da Assembléia Legislativa.

Persistente, Paulo Ramos, que é pré-candidato a prefeito do Rio, pre-feriu dar entrada no novo projeto sem fazer uma mudança sequer no texto. Ainda não há previsão do projeto nº 14022008 ser votado em plenário já que antes disso ele deverá ser avaliado e aprovado por duas Comissões: a de Constituição e Justiça e também a de Assuntos Municipais e de Desenvolvi-mento Regional. Juliana Vieira

A erosão costeira na praia de Ata-fona, litoral Norte Fluminense, que vem invadindo a orla e destruindo sistematicamente prédios, casas e ruas do município, é um fenômeno que ganha diferentes indagações tanto da comunidade científi ca como as que envolvem explicações misteriosas.

Com produção executiva do pro-fessor da UFF Gilberto Pessanha, o fi lme “Atafona, por quê?” , lançado em 25 de abril, no Cine-Teatro São João, em São João da Barra (RJ), pretende mostrar essas respostas

Realizado pela Universidade Fede-ral Fluminense e pela Uerj, com apoio da Prefeitura Municipal de São João da Barra, a película tem direção de Miguel Freire, fotografi a de Emanuel de Jesus, direção de produção de Aline Carvalho, roteiro de Clarissa Nanchery, trilha sonora de Kina Mutembua e edição de Eduardo Sánchez. Niete Martinez

Depois do escândalo en-volvendo auxílio-educação e funcionários fantasmas, que resultou na cassação de duas parlamentares, a ALERJ (As-sembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro) volta a enfrentar turbulência. Agora é o deputado e pré-candidato a prefeito de Cabo Frio, Alair Corrêa (PMDB), que viu seu nome envolvido na lista dos que podem perder seus man-datos.

No início do mês de abril dois assessores de Alair foram detidos pela polícia em Cabo Frio enquanto faziam saques em um caixa eletrônico do banco Itaú, no Centro da cidade. Quando abordados os dois homens, estavam com 15 cartões bancários acompanhados das respectivas senhas e ainda R$ 9.000,00 em dinheiro.

De acordo com a polícia de Cabo Frio, eles teriam feito saques de contas de outros assessores nomeados no gabinete do deputado. Muito se especulou, porém o que se sabe é que Alair Corrêa passa a integrar a lista de parlamentares que serão investigados pela Corregedoria da ALERJ e terão que depor no Conselho de Ética da Assembléia Legislativa.

Os dois assessores são Luiz Carlos Teixeira, o Luizinho, e Alcy Ferreira de Andrade. O primeiro era chefe de gabinete do deputado na Prefeitura mas atualmente ambos ocupavam cargos de assessores parlamentar. Dias depois do fato, uma mu-lher chegou a afi rmar publicamente que sua fi lha Thalita Motta Gago, dona de um dos 15 cartões, nunca havia tido acesso ao cartão bancário. A mãe de Thalita disse também que a fi lha recebia mensalmente R$ 500,00 de um salário mensal de R$ 3.657,00 e que a fi lha nunca reclamou de fi car só com uma parte do salário.

Já o deputado informou que Thalita ficava sim com o salário integral (R$ 3.657,00) e que pedia a Luiz Carlos para entregar os R$ 500,00 a sua mãe para ajudar nas despesas de casa.

Procurado por CIDADE, o ex-prefeito de Cabo Frio informou que, sobre este assunto, deveríamos procurar sua asses-soria de imprensa, que encaminhou nota de esclarecimento .

A nota diz que “o deputado estadual Alair Corrêa esclarece que, segundo in-formações prestadas pelo Sr. Luiz Carlos Teixeira, o mesmo não cometia nenhuma irregularidade no momento em que foi conduzido, juntamente com Alcy Ferreira de Andrade, para prestar esclarecimentos na delegacia de Cabo Frio. De acordo com Luiz Carlos, ele apenas atendia, esporadi-camente, pedidos dos colegas do gabinete para realizar pequenos expedientes ban-cários, visto ser de extrema confi ança, fruto de relação com longa data com o grupo. Luiz Carlos também garantiu ter autorização de todos os 15 titulares dos cartões com ele encontrados. Já Alcy, que é funcionário da Assembléia Legislativa, apenas acompanhava Luiz Carlos na tarde desta quarta-feira. O deputado Alair Cor-rêa se coloca à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários”.

Além de Alair Corrêa, a Correge-doria da ALERJ investiga também os deputados Fernando Gusmão (PCdoB) e André do PV (PV), ambos tiveram seus nomes envolvidos na fraude do auxílio-educação. Se as denúncias contra os três parlamentares forem comprovadas, eles serão processados no Conselho de Ética e poderão ser cassados.

O deputado Paulo Melo (PMDB), pre-sidente do Conselho de Ética da ALERJ, procurado por CIDADE, informou que só falará sobre o assunto depois que o caso passar pela Corregedoria e chegar ao Conselho de Ética. Juliana Vieira

DEPUTADO ALAIR CORRÊA no dia de sua diplomação

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s boatos já rondavam o parque fabril, mas ninguém acreditava. Foi no dia 20 de abril de 2006 que a Compa-

nhia Nacional de Álcalis, maior empresa e símbolo de desenvolvimento da região, fechou as portas sem previsão de retorno das atividades. O processo culminou com a rescisão dos contratos de 800 funcionários no começo do ano passado. Os salários

Caos na economiaTomás BaggioFotos Mariana Ricci

atrasados e direitos trabalhistas não foram pagos até hoje.

“Perdi o meu chão, não sabia o que fazer. Foi a pior sensação da minha vida”, resume o ex-funcionário Ângelo Teixeira Macedo, de 43 anos, 21 deles dedicados à Álcalis.

O fechamento da única fábrica de bar-rilha (matéria-prima para vidro e sabão em pó) do Brasil causou colapso na economia de Arraial do Cabo.

Com comércio fraco e nenhuma outra indústria de grande porte, o desemprego

cresceu rapidamente. O Porto do Forno, atualmente o maior gerador de empregos, também não suportou o baque: 11 funcio-nários foram demitidos menos de 20 dias depois da Álcalis paralisar os trabalhos.

“Eu tinha uma reserva fi nanceira e ain-da vivo dela. Minha mulher é professora e a gente vai levando. Hoje é ela quem bota dinheiro dentro de casa. Tenho esperanças na volta da empresa, mas procuro outras al-ternativas”, completa Ângelo, que exercia o cargo de Operador de Produção.

Mas na maioria dos casos, no entanto, a

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realidade é diferente. Sem vagas de traba-lho, ex-operários passaram a fazer “bicos” como trabalhar em obras ou vender bebidas em eventos de rua. Os que se voltaram para a atividade mais tradicional entre os cabis-tas, a pesca, tiveram outra surpresa.

“Fiquei na pior, sem ter como botar comida dentro de casa. Aí decidi pescar e ví que não tinha peixe. Tá muito difícil pescar hoje em dia, os peixes sumiram”, conta Vergílio Antônio Carvalho, de 54 anos, que era pintor na Álcalis.

“Ainda não consegui emprego e agora

Vergílio Antônio Carvalho Ainda não consegui emprego e agora dependo da ajuda de parentes

Dulcinéia Ribeiro Seguro-desemprego só serviu para pagar dívidas

Ex-funcionário Ângelo Teixeira Macedo Perdi o meu chão

Professor Ricardo Coutinho Além da quantidade de pescado apreendida, o número de espécies também diminuiu

Alexandre Alves dos Santos - Presidente do Sindicato Vamos fazer o primeiro leilão de um pedaço de terra no dia 20 de maio

dependo da ajuda de parentes para pagar as contas”, diz ele.

A dona-de-casa Dulcinéia Ribeiro aponta outro problema causado pelas demissões em massa. Segundo ela, o dinheiro do seguro-desemprego acabou sendo utilizado no pagamento de dívidas bancárias.

“Ficou todo mundo devendo o banco e o seguro-desemprego só serviu para pagar dívidas. Depois que meu marido foi demitido, ele só conseguiu trabalhar como pedreiro em algumas obras. Ainda bem que a gente tem família pra ajudar, mas quem não tem está na pior”.

Disputa pela Álcalis continuaMesmo sem produção na fábrica, o

controle da Companhia de Álcalis ainda sofre disputa. Acostumado a defender os interesses dos trabalhadores, muitas vezes se opondo à empresa, o presidente do Sin-dicato, Alexandre Alves dos Santos, entrou na disputa e tornou-se presidente interino. Ele assumiu por 90 dias com o compromis-so de convocar novas eleições.

“A disputa judicial pelo comando da empresa poderia prejudicar o processo de recuperação. O Sindicato pediu para assumir a fi m de dar tranqüilidade aos trabalhadores e aos credores da empresa”, afi rma Alexandre.

O ex-presidente Antônio Carlos Ferez, que administrava a Álcalis na época da fa-lência, foi afastado do cargo em outubro de 2006. No mesmo mês, uma eleição levou ao posto o então funcionário de carreira Aloísio Ramos Caiado. Há três meses, Ferez conseguiu liminar alegando irregu-laridades na eleição e voltou ao cargo.

“A disputa era se o processo eleitoral foi legal ou não. Então entramos para acabar com o problema e convocar novas eleições. O desembargador também nos obrigou a prestar contas desse período, mas estou me esforçando para fazer o le-vantamento de todas as contas atrasadas. Não há prestação de contas desde 2002”, diz o presidente interino.

A disputa pelo comando pode ser enten-dida pelo patrimônio da empresa.

A Álcalis possui uma área de 21 mi-lhões de metros quadrados nas terras da Massambaba, em Arraial do Cabo. Desta área, 11 milhões de metros quadrados estão aptos a serem comercializados. A intenção de Alexandre é utilizar parte das terras para pagar dívidas trabalhistas.

“Vamos fazer o primeiro leilão de um pedaço de terra no dia 20 de maio. O di-nheiro será utilizado para o pagamento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de

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Serviço) que está atrasado. Se der tudo cer-to, vamos vender outro pedaço para pagar o restante das dívidas trabalhistas”.

A Álcalis deve mais de R$ 11 milhões somente com o FGTS. As dívidas traba-lhistas ultrapassam R$ 50 milhões. O total de dívidas é estimado em mais de R$ 500 milhões. O presidente interino acredita no Plano de Viabilização da Álcalis, que foi apresentado no “Fórum S.O.S. Indústria do Sal e da Barrilha”, em Cabo Frio, no ano passado. Segundo ele, a empresa precisa diversifi car a produção, fabricando outros produtos ao lado da barrilha.

“Antes era só a barrilha, não tinha um subproduto. O ideal seria fabricar, também, o cloreto de amônia, um fertilizante usado em plantações que é derivado da barrilha. Também precisamos aproveitar o Porto de Arraial do Cabo, o Aeroporto de Cabo Frio e as terras que pertencem à empresa. Se toda a sociedade ajudar, a Álcalis pode se recuperar, sim”, acredita Alexandre.

Pesca caiu pela metadeA pesca também era sinônimo de far-

tura para Arraial. A quantidade de peixes que ronda a ponta do Cabo faz com que a pesca artesanal esteja viva até hoje, sendo

praticada do mesmo jeito que os índios faziam há 500 anos atrás. Ela foi, portanto, o caminho natural para os ex-operários sem opção de emprego, muito deles des-cendentes de pescadores. Mas o mar não está mesmo para peixe. Estudo do projeto Ressurgência comprova que a pesca caiu em 50% nos últimos 15 anos.

“Além da quantidade de pescado apreendida, o número de espécies também diminuiu. Na primeira metade da década de 90, o mar de Arraial tinha entre 70 e 80 espécies. Agora o número está entre 20 e 30”, explica o professor Ricardo Coutinho, pesquisador do Conselho Nacional de Pes-quisas (CNPQ), e o Instituto de Pesquisas do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), duas entidade parceiras do projeto.

Em seis meses, o projeto Ressurgência fez 2,4 mil entrevistas em Arraial do Cabo para constatar os principais problemas dos pescadores.

As medidas foram discutidas no fi m do mês passado, em workshop realizado no colégio Frederico Villar. Segundo o Ressurgência, a maior necessidade é o fortalecimento da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (Resex). Ela foi criada para conter a pesca industrial no

território marítimo cabista, protegendo a comunidade pesqueira artesanal.

“Já vamos para 11 anos de criação da Resex e ela ainda não tem um Conselho Gestor e um Plano de Manejo. São pontos fundamentais para melhorar a gestão e a vida dos pescadores”, garante o coorde-nador do projeto Ressurgência, Antônio Carneiro, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Comércio sentiu o impactoArraial do Cabo tem cerca de 27 mil

habitantes, segundo senso do Instituto Bra-sileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em 2004. O Produto Interno Bruto (PIB), segundo a mesma fonte, é calculado em R$ 214,8 milhões por ano. De acordo com a secretaria municipal de Fazenda, a arre-cadação anual é de R$ 38 milhões, o que corresponde a pouco mais de um mês da arrecadação da vizinha Cabo Frio. Dados do instituto de pesquisas IPC Target, cole-tados em 2006, mostram que a cidade tinha, até então, 742 empresas, sendo a maioria, 347, do setor de serviços. No ranking de consumo no Estado do Rio de Janeiro, Arraial fi cava na 46ª posição. No ranking nacional, tinha a posição 685.

CENTRO DE ARRAIAL DO CABOCidade sempre viveu da Álcalis

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Para os comerciantes, o fechamento da Álcalis teve impacto gigantesco.

Sem dinheiro, a população parou de comprar. Na loja de doces de Deuzeli Zer-boni Soares, o movimento caiu em 70%.

“Sem dúvidas, é o momento mais di-fícil que tenho em 19 anos com esta casa. O pessoal que trabalhava na Álcalis era a maioria da freguesia, mas todo mundo parou de comprar. O morador de Arraial gosta de comprar, mas tá todo mundo de-sempregado”, alarmou a comerciante.

O proprietário da maior padaria do cen-tro da cidade diz que está se acostumando com a nova realidade.

“Quando a Álcalis fechou, as famílias ficaram sem dinheiro pra comprar e o movimento caiu uns 20% em seis meses. Agora estamos nos acostumando, pois a realidade é essa mesmo. Tem época que dá pra se segurar um pouco mais no turismo. O movimento no Porto também voltou a crescer e isso está ajudando”, conta Dirceu Arthur da Silva, que tem o mesmo ponto comercial há 43 anos, nos últimos 14, fun-cionando como padaria e mini-mercado.

Tornar-se independente dos fregueses que moram em Arraial do Cabo foi a tá-tica do empresário Marcelo dos Santos,

que tem restaurante e hotel há 15 anos na cidade. Ele disse que voltou os olhos para os turistas e para empresários de outras cidades da Região dos Lagos, e o fechamento da Álcalis, segundo ele, não causou prejuízos.

“Quando eu estava começando, a Ál-calis me ajudou muito, porque diversos funcionários que vinham de outros lugares fi cavam hospedados no meu hotel. Mas aos poucos fui mudando o público. Hoje a mi-nha clientela é mais de turistas e de empre-sários da região. Alguns vêm à Arraial só para almoçar aqui. Por isso, o fechamento da Álcalis não me afetou tanto”.

A falta de organização é mais um de-safi o para os comerciantes de Arraial, que desconhecem as atividades da Associação Comercial. Na prefeitura, não há um de-partamento responsável pelas políticas de geração de empregos. O prefeito Henrique Sérgio Melman (PDT) não foi localizado para comentar a reportagem.

“Vejo muita gente reclamar, mas nin-guém se organiza. Fica todo mundo parado, como se não tivesse mais nada o que fazer. A saída é o investimento no próprio negócio e a união, para a gente poder cobrar providências do poder público”, completou Marcelo.

Deuzeli Zerboni Soares Sem dúvidas, é o momento mais difícil que tenho em 19 anos com esta casa

Marcelo dos Santos A saída é o investimento no próprio negócio e a união

ÁLCALISMotor da cidade, agora parada

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C a r t a s

www.revistacidade.com.brMaio, 2008

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensGustavo AraújoGuilherme de SouzaJuliana VieiraMartinho SantaféPedro Duarte BarrosRenato SilveiraTomás Baggio

Fotografi aCésar ValenteCezar FernandesMariana RicciPapiPressTatiana Grynberg

ColunistasÂngela BarrosoDanuza LimaOctávio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Carapebus, Campos, Macaé, Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

QUERO DAR OS PARABÉNS A ESSA revista e também para a reporter Loisa Ma-vignier pela ótima reportagem sobre a Lagoa de Araruama. Só quem mora ao lado dela como eu sabe o quanto a lagoa está sofrendo e pedindo socorro. Espero que as autoridades prestem mais atenção para essa riqueza que estamos perdendo. Faço votos que essa revis-ta continue assim e que faça mais matérias sobre a cidade de Araruama.Marisa Sandrolini (Araruama/RJ)

NEM TÃO NOBRE ASSIM...Gostaria de parabenizar a Revista Cidade pela qualidade de suas reportagens, mas também pela coragem e a independência em tratar de assuntos de real interesse da sociedade. No caso da reportagem nas folhas 34 e 35, sob o título Nem tão nobre assim... A revista foi muito feliz ao abordar o assunto porque é desta forma mesmo que os moradores do Loteamento Orla 500 e dos demais loteamen-tos estão vivendo. Isso, por absoluta ausência do poder público que insiste em tratar estes loteamentos como condomínios. Apenas um reparo a fazer na notícia e que nada tem a ver com a seriedade dos profi ssionais que a exe-cutaram. Trata-se apenas da declaração infeliz do Secretário de Serviços Públicos de Cabo Frio, Eduardo Leal, “que a manutenção dos condomínios, que possuem síndicos eleitos, como o Orla 500, é de inteira responsabili-dade dos condôminos”. A bem da verdade, com esta declaração, ele demonstra total desconhecimento do município de Cabo Frio ou agiu com outras intenções, uma vez que de acordo com Ofício nº 260/2004, do Primeiro Serviço Notarial e Registral de Cabo Frio, em resposta a Procuradoria da República no Município de São Pedro da Aldeia, “não se trata de condomínio” (documento anexo), bem como ofício SECPLAN nº 181/2003, da Prefeitura de Cabo Frio, em que o então Secretário de Planejamento, Paulo Brunner, afi rmou que o Orla 500 “é um loteamento” (documento anexo).Assim, gostaria de contar com a vossa colabo-ração para o restabelecimento da verdade, re-afi rmando a independência e manutenção da credibilidade conquistada por esta revista.Carlos de Mello Bettencourt Filho (Presi-dente do Bengala Praia Clube – Loteamento Orla 500)

TENHO RECEBIDO REGULARMENTE a revista, que por sinal, está cada vêz mais interessante e bem produzida.Marcus Sequeira de Moraes (Barro Vermelho - Vitória/Es)

MEU NOME É GISELLE SOU A GUIA DAS integrantes da estrada Real aqui em Búzios, cuja foto aparece na materia da pag 17 da edição de março, a trilha não é a da Tartaruga e sim a do Saco da Ferradura. Acho importan-te a divulgação correta da Trilha pois todas elas possuem grau de difi culdade diferentes bem também como suas distâncias. Algumas das trilhas já podem ser vistas no site www.ecobiketour.com embora o site ainda esteja em fase fi nal de conclusão podem ter uma ideia do trabalho que estamos realizamos em Búzios e região.Giselle Banjar Leal (Armação dos Bú-zios/RJ)

SOU AUTORA INDEPENDENTE DE UM livro sobre Educação Ambiental. É bom, bonito e efi caz. Busco despertar na criança a função de multiplicador. Já participei de vários eventos (Bienal do Rio, Minas, Bra-silia, etc..) Tenho visitado as escolas, mas na maioria das vezes o meu livro perde para um passeio, dia das mães, enfi m... Tem horas que quero desistir, mas creio que ainda não lutei o sufi ciente.Eliana de Paula (Cabo Frio/RJ)

PARABÉNS PELA MATÉRIA E PELO E-xemplar da revista que me foi enviado. Fico grato de ver, enfi m, uma reportagem isenta sobre o chamado “processo dos supersalá-rios” como a feita pela Revista Cidade.Norval Valerio (Advogado - Rio de Ja-neiro/RJ)

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Danuza Lima é [email protected]

N U T R I Ç Ã O

Slow Food

DANUZA LIMA é [email protected]

Slow Food é uma associação internacional fundada em 1989, como resposta aos hábitos do Fast

Food. Seu símbolo é um caracol e, embora, seja muito conhecido interna-cionalmente, no Brasil, o caracol esta chegando no ritmo que lhe é próprio.

O movimento acredita que alimen-to deve ser bom, limpo e justo, ou seja, com bom sabor, cultivado de maneira limpa e que os produtores possam receber o justo pelo seu trabalho.

Em épocas em que o meio ambien-te é a preocupação mais importante, o Slow Food se mostra bastante afi nado com o tema, quando defende o ideal de preservação ambiental, produção sustentável e respeito ao homem e suas tradições culturais, ou seja, valoriza-ção dos produtos, dos produtores e da terra que os mantêm.

Alimentar-se é um ato nutricional, mas comer é um ato social, que preza atitudes ligadas aos usos, costumes, protocolos, condutas e situações. Neste sentido, o que se come é tão importante quanto onde se come, quando se come, como se come e com quem se come. É um movimento pela educação do gosto e pela biodiver-sidade alimentar. Defende o “comer sem pressa”, dedicando mais tempo às refeições fazendo do ato de comer um momento de convivência.

O movimento reúne consumidores, produtores, jornalistas, representantes dos poderes públicos, diversas uni-versidades e institutos de pesquisa e historiadores, que produzem trabalhos científicos que possam embasar a defesa da boa comida, dos produtos originais e de qualidade.

Para saber mais visite a página http://www.slowfoodbrasil.com

“O nosso século, que se iniciou e tem se desenvolvido sob a insígnia da ci-vilização industrial, primeiro inventou a máquina e depois fez dela o seu modelo de vida. Somos escravizados pela rapidez e sucumbimos todos ao mesmo vírus insidioso: a fast life, que destrói os nossos hábitos, penetra na privacidade dos nossos lares e nos obriga a comer fast food...”

(Folco Portinar, Manifesto do Slow Food)

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maior epidemia de dengue já vivida no Rio de Janeiro, com recorde de mortes já contabilizadas antes do

fechamento desta edição (no dia 23 de abril, feriado de São Jorge, chegou-se a 92 mortes) vem deixando em polvorosa os moradores da Região dos Lagos. Embora quase 90% dos casos estejam concentra-dos nas cidades da Região Metropolitana, Angra dos Reis e Campos, não é pequeno o número de atendimentos nos Postos de Saúde locais, e o temor é que a doença se alastre e vire epidêmica também por aqui.

Para alcançar o tamanho do problema, que está longe de ser pequeno, a Defesa Civil Estadual, juntamente com o médico Beto Nogueira e o chefe da Vigilância Sa-nitária da prefeitura de Cabo Frio, Geraldo Lima, sobrevoaram toda a área do Primeiro

Nos tempos do DengueRenato Silveira Distrito verificando possíveis focos do

Aedes aegypti em locais geralmente pouco visíveis para os agentes de saúde, como lajes, terraços e telhados.

Embora não tenha sido exatamente uma surpresa, o resultado do vôo assustou seus participantes, que encontraram mais possíveis focos do que esperavam, princi-palmente no bairro Manoel Corrêa, um dos mais pobres da cidade.

“Parece que a população ainda não acordou para a gravidade da situação. A conscientização tem de ser permanente, mas as pessoas costumam tomar cuidado apenas nas épocas de epidemia. Depois, todo mundo esquece, e volta a deixar fo-cos. Nesse sobrevôo, descobrimos piscinas abandonadas, lajes empoçadas, enfim, vários focos de procriação para o mosqui-to”, afi rmou Beto Nogueira, coordenador do trabalho médico de combate a dengue em Cabo Frio.

As casas de veraneio, fechadas a maior parte do ano, continuam sendo um problema sério na cidade. Embora haja um decreto do governador Sérgio Cabral autorizando a entrada nestes locais, ela só é possível num trabalho em parceria que envolve a polícia, os agentes de Saúde e um chaveiro.

“Só dessa forma é possível entrar nessas casas. Mas esse sobrevôo foi im-portante para detectarmos onde estão os problemas para podermos atacar de forma mais efi caz”, explicou o médico.

O maior temor dos especialistas é que, normalmente, depois de uma epidemia no Rio de Janeiro, aumentam as possibilidades de sua chegada, logo após, nas cidades mais próximas. E justamente no pós- feria-do da Semana Santa, aumentaram os casos nas cidades da Região dos Lagos.

São Pedro da Aldeia é um exemplo disso. Durante a própria Semana Santa,

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o Pronto Socorro, na época, funcionando ainda ao lado do Hospital da Missão, atendeu a dois pacientes vindos do Rio de Janeiro, que não conseguiam socorro em seu lugar de origem devido ao alto número de casos. Após o feriado, aumen-tou o número de ocorrências, e já no novo endereço do PS, as fi las começaram a bater recordes.

“Preparamos o novo Pronto Socorro, e a mudança veio em boa hora. Tivemos um aumento na movimentação na ordem de 60%, a maioria de pessoas assusta-das achando que estão com sintomas da doença”, explicou a Secretária de Saúde Márcia Fontes.

Formas clássica e hemorrágicaDe acordo com Beto Nogueira, na

maioria das vezes o tipo de dengue clássico não acarreta maiores problemas na vida dos pacientes, além do forte desconforto

durante a doença. Mas a atual epidemia vem mostrando algumas seqüelas, princi-palmente na área do fígado, isso sem falar na evolução para a forma hemorrágica.

“Mas não há um vírus da dengue he morrágica, ele é uma piora no quadro clínico do paciente que até então tinha a clássica. Não há regras para essa evolução do quadro, mas normalmente, a mudança acontece com quem já foi infectado outra vez, com outro tipo do vírus” afi rmou.

Existem quatro formas do vírus da den-gue, numerados em tipos 1, 2, 3 e 4. A do-ença, vinda para o Brasil junto com navios oriundos da África continuou existindo isoladamente desde a época da escravidão, mas voltou com força ao Rio de Janeiro em 1986, na primeira epidemia.

“De lá para cá, passaram por aqui três tipos do vírus, mas o 4 parece estar voltando, e já há notícias de pessoas con-taminadas na Amazônia. Não é verdade

que ele seja mais agressivo, mas a suspeita maior dos médicos hoje é que a doença se fortalece com o cruzamento de seus tipos”, explicou.

A Vigilância Sanitária de Cabo Frio, para evitar o pior, está contratando mais 30 agentes de Saúde em caráter emergencial, e vai intensifi car suas ações no Segundo Distrito, de onde vem o maior número de casos da doença.

“Além disso, estamos contatando o serviço dos moto fogs (espécie de mo-tocicleta agregada do aparelho fumacê), que vão atuar na cidade até junho, quando imaginamos que o maior perigo já tenha passado. Mas não vamos trabalhar sozi-nhos, e contatamos a parceria de secretarias municipais como Educação e outras, além da Polícia Militar, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal”, com-plementou o coordenador de Vigilância Sanitária Geraldo Lima.

BETO NOGUEIRACoordenador do combate a dengue em Cabo Frio Parece que a população ainda não acordou para a gravidade da situação

GERALDO LIMACoordenador de Vigilância Sanitária de Cabo Frio Estamos contatando o serviço dos moto fogs, que vão atuar na cidade até junho

MARIA MÁRCIA Secretária de Saúde de São Pedro Tivemos um aumento na movimentação ( no Pronto Socorro) na ordem de 60%

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PRONTO SOCORRO do Hospital Municipal de São Pedro da AldeiaMovimento aumentou 60%

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ntre opiniões contrárias e muita briga judicial, o Club Breezes Mega Resort, na Praia de Tucuns, em Búzios, con-

tinua a erguer suas enormes edifi cações no piso arenoso de uma das enseadas mais bonitas do requintado balneário de pescadores. Ignorando um recente em-bargo, movido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - através da Primeira Câmara Cível (localizada na capital Fluminense), que reconheceu um apelo popular, a empresa 15 de Maio In-corporação Imobiliária LTDA mantém seus mais de 300 operários trabalhando na obra semi-concluída.

A explicação aparente para o não cum-primento do embargo é que, como a parali-sação foi determinada no Rio de Janeiro, no dia 1º de abril, a ordem Judicial ainda não teve tempo de chegar à Búzios. Por isso, o Empreendedor corre contra o tempo para

DESENVOLVIMENTO ou agressão inconseqüente?

Constituída por dunas milenares, a área em foco foi fatiada em lotes e teve seu cenário totalmente modifi cado com a chegada de um investimento de grande porte. Além de crescimento econômico e esperança, que surgiu com a geração de centenas de empregos diretos e tantos outros indiretos e a promessa de uma verdadeira maravilha turística, a novidade despertou dúvidas em membros de entidades representativas buzianas, desencadeando uma série de reações que podem conseguir mudar os planos dos investidores e até mesmo do Poder Público Municipal.

levantar as paredes do Hotel, aproveitando que ainda não foi obrigado formalmente a cessar suas atividades.

Em sua última decisão, defi nida como um Agravo de Instrumento, o Desembarga-dor Maldonado de Carvalho, responsável pela análise da Ação Popular, movida através de parceria entre integrantes da comunidade buziana, optou por decretar um Efeito Suspensivo Ativo, que deter-mina a paralisação da obra até que o caso seja julgado defi nitivamente, adotando os princípios da prevenção e precaução.

Em seu relatório, Maldonado resposa-biliza as fi rmas Marsol Empreendimentos e Participações S/A (Loteamento Nova Geribá) e 15 de maio (Breezes) por efetu-arem agressões ambientais a uma Área de Preservação Permanente (APP).

Complexidade e confl ito de idéias A polêmica sobre a nebulosa realiza-

ção imobiliária não é de hoje. Conforme

já abordou a Revista Cidade, a batalha travada entre os que querem preservar a natureza e os que juraram promover um uso sustentável de seus recursos já rendeu muito debate. O caso já tomou diversos ru-mos e tem despertado a atenção de olhares infl uentes e determinados.

O movimento ativo contra o empre-endimento ganhou força quando, ainda no ano passado, a primeira liminar contra a obra foi indeferida pelo Juiz das duas Varas de Búzios, João Carlos Corrêa. Em função disso, o grupo organizado de mo-radores entrou com uma Ação Popular e o Ministério Público com uma Ação Civil Pública. A segunda resultou na assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que conta com a participação dos empreendedores, da Prefeitura Municipal e da FEEMA (Fundação Estadual de En-genharia do Meio Ambiente), que fi cou incumbida de fi scalizar o cumprimento do acordo. Este exigia uma série de medidas

Pedro Duarte Barros

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compensatórias por parte dos empresários, prevendo deste a construção de uma rede de esgoto em bairro carente à criação de projetos sociais e de refl orestamento da vegetação nativa. Os autores da Ação Popular, em contrapartida, recorreram à decisão e, neste recurso, conseguiram que o Desembargador carioca, Maldonado, decretasse o Efeito Suspensivo.

Preservação ambiental, o nó da questão

Para os que defendem o meio ambiente, toda a confusão ligada à construção do hotel poderia ter sido evitada se o terreno nunca tivesse sido loteado, agora, sua existência é motivo de desaprovação e muito protesto.

A advogada Carolina Diego, responsá-vel pelo encaminhamento da Ação Popular, explica que o processo movido pelos mo-radores se apóia em leis específi cas quanto a ocupação de APP’s e teve como base es-tudos científi cos, que apontam desastrosas conseqüências ao ecossistema complexo dos montes de areia: “Embora há quem pense o contrário, alí ainda é duna, que, segundo estudiosos, está presente há mais de 3 000 anos. A Constituição Federal, Estadual e o Código Florestal alerta que nessas áreas não se pode construir nada. É uma questão da própria confi guração ambiental”.

A advogada enfatizou que o principal problema foi o equívoco na fi scalização da FEEMA, que não impediu, desde o início, o licenciamento das obras. E acusa: “agora que o estrago foi feito, alguém tem que compensar os prejuízos à natureza.”

Refl etindo sobre a possibilidade de o resort gerar desenvolvimento econômico, Carolina admite que “a economia pode parecer melhorar no início com os empre-gos temporários, criados principalmente na construção civil, mas, com o passar dos anos e o término das obras, os empregos serão privilégio de poucos profi ssionais qualificados, e o desemprego daqueles trabalhadores remanescentes das obras, causará a intensifi cação da favelização e uma queda na qualidade de vida nos bairros dos arredores”.

TACAssinado no dia 03 de dezembro de

2007, o TAC, apesar de estabelecer datas e multas para o não cumprimento dos compromissos, ainda não saiu do papel. O agente regional da FEEMA Carlos Alberto

Muniz, afi rma que sua equipe “pegou todos os itens do TAC e fez uma planilha”. E rebateu a acusação de que não teria fi sca-lizado o seu cumprimento. Muniz informa estar “em contato direto com o empreende-dor, que vinha cumprindo os compromissos dele enquanto a gente cuidava para que nada fi casse fora do prazo”.

O agente explicou que as empresas tiveram difi culdades para cumprir algumas das metas do TAC. Dentre elas, a constru-ção de uma orla na praia de Tucuns que, di-ferentemente do calçadão de Copacabana, seria destinada à recuperação ambiental da beira da praia, numa faixa de 30 metros de largura, ao longo de 900 metros de compri-mento, em frente aos loteamentos.

“Eles (empreendedores) apresentaram um projeto que a gente entendeu que era um projeto de paisagismo e não de reve-getação. Então, estivemos lá, levei dois biólogos, e explicamos nossos parâmetros, levando-os ao lado direito da praia, que tem uma vegetação original. Mostramos à eles que queríamos uma reprodução daquele

tipo de vegetação. O que é um projeto difícil, mas é o que a gente precisava e o que o Dr. Bustamante especifi cou no TAC, que acredito que fi que parado até a defi ni-ção desse novo embargo estar concluída”, declarou Muniz.

O agente adiantou, ainda, que “se os ambientalistas ganharem em última ins-tância, os empreendedores do Breezes e do Loteamento vão ter que remover tudo e promover uma reabilitação ambiental da área degradada”. Além disso, adiantou que, neste caso, a FEEMA “teria que apresentar um Plano de Recuperação”, devido à difi -culdade em se trabalhar o manejo de uma vegetação única no Mundo”.

Muniz acrescenta ainda que, “diante de um possível cancelamento defi nitivo da construção do Breezes, outros projetos de hotéis de luxo, como os da praia do Peró, em Cabo Frio, poderão ter seus dias contados. Isso porque, se a decisão chegar à última instância, servirá de modelo para situações do mesmo gênero. O caso de Búzios vai ativar uma jurisprudência, que

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PRAIA DE TUCUNSVegetação de restinga protege as dunas

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A economia pode parecer melhorar no início com os empregos temporários, criados principalmente na construção civil, mas, com o passar dos anos e o término das obras, os empregos serão privilégio de poucos profi ssionais qualifi cados, e o desemprego daqueles trabalhadores remanescentes das obras, causará a intensifi cação da favelização e uma queda na qualidade de vida nos bairros dos arredores

vai ser tomada como referência para as ocupações dessa natureza, como em Cabo Frio e Maricá”, sublinha.

“A prefeitura só tem que lastimar”A decisão Judicial não agradou o Se-

cretário de Meio Ambiente de Búzios, João Eustáquio. De acordo com ele, a Prefeitura Municipal contava com as obras pertinen-tes ao TAC para acabar difi culdades estru-turais que Búzios vem enfrentando e que terão que ser adiadas devido à conseqüente suspensão do acordo.

“A prefeitura hoje só tem a lastimar a paralização dessas obras. Porque, na medida compensatória da lei de esgoto, a gente ia conseguir fazer o saneamento e a rede coletora no bairro de Cem Braças, que atenderia cerca de 8 000 pessoas. Com isso, a gente gera também o problema de poluição das águas pluviais; que vão dar na praia de Manguinhos, por exemplo. Isso ia resolver um monte de coisas... Mas é uma decisão que está na mão da Justiça e cabe à ela o opinar”, ponderou o secretário.

Eustáquio assegurou que o Poder Mu nicipal seguiu as exigências do TAC, afirmando que considera o empreendi-mento “um modelo de desenvolvimento sustentável”.

MPE ainda desconhece a nova regra

A noticia do último embargo soou es-tranha na 2a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo de Cabo Frio, sede regional do Ministerio Publico Estadual. O que se passa é que o promotor encarregado pela homologação do TAC, Murilo Nunes de Bustamante, recebeu férias e está afas-tado temporariamente.

Quando questionada sobre o fi m do acordo, Denise da Silva Vidal, promotora que substitui Bustamante, demonstrou surpresa com o novo embargo. “Eu ainda não tive conhecimento dessa decisão. A última ciência que tivemos foi a defi nição do TAC. Terei uma vista pessoal sobre isso e poderei dizer se o acordo continuará valendo”, explicou.

JOÃO EUTÁQUIOSecretário de Meio Ambiente Um modelo de desenvolvimento sustentável (Breezes)

Não somos contra o empreendimento, somos contra a maneira como ele está sendo feito

CARLOS ALBERTO MUNIZAgente Regional da Feema Acredito que fi que parado (TAC) até a defi nição desse novo embargo estar concluída

ADVOGADA CAROLINA DIEGO

JOEL FIGUEIREDO, ROBERTO MEDINA E ANTÔNIO GUEDES (Amatucuns)

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Moradores de Tucuns querem o direito de receber benefícios do TAC e o poder de interferir no destino do bairro

“Tudo bem que eles querem ganhar dinheiro e melhorar a vida deles. Mas isso tem que contribuir em alguma coisa na co-munidade local, que vem sendo retaliada. Nós não participamos de nada. Foi feito o TAC, mas a Associação dos Moradores não teve direito de acompanhar. Nós ajudamos o Breezes anteriormente, e já fomos até à favor, mas eles não nos cha-maram nem para avaliar esse Termo. Não somos contra o empreendimento, somos contra a maneira como ele está sendo fei-to. Porque o TAC diz que o Breezes deve realizar uma série de obras, que eram de responsabilidade da Prefeitura, mas, essas obras são feitas em bairros distantes, e

nós, que sofremos diretamente a agres-são, fi camos prejudicados e sem qual-quer compensação”, reclamam Roberto Medina e Antônio Guedes, Presidente e Vice-Presidente (respectivamente) da AMATUCUNS (Associação de Morado-res e Amigos de Tucuns).

Para Joel Figueiredo, Secretário da en-tidade e ex-militante de projeto de preser-vação na Amazônia, “há uma necessidade de se considerar os fatores econômicos, que, através de um modelo de desenvol-vimento sustentável, pode gerar renda e ser revertido na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Na visão dele, “os ambientalistas nem sempre pensam no aspecto econômico, eles têm uma visão radical em função da preservação ambien-tal, às vezes até esquecendo dos aspectos socioeconômicos, que são os benefícios desses projetos”.

Não há quem passeie pelas areias amareladas, contemple a ondulação das dunas ou simplesmente se maravilhe com a beleza da Serra das Emerências, que não se apaixone pela praia de Tu-cuns. Localizada antes do pórtico de entrada da cidade, próxima ao bairro de São José, Capão e Cem Braças, a região possui características tanto de Restinga quanto de Mata Atlântica, fazendo uma “conexão-verde” com o litoral de José Gonçalves.

Excelente para pesca, prática de surfe e até vôo livre, a praia de Tucuns é freqüentada tanto por pescadores, que ganham a vida pela generosidade de suas águas azuis e profundas, quanto por turistas e visitantes, que desfrutam

da bela paisagem e sentem a brisa fresca vinda do mar aberto.

Outra grande atração é a formação geológica das Emerências, que, com suas montanhas imponentes, contorna a costa, escondendo grande numero de espécies - entre elas algumas edêmicas (que só existem naquela localidade) como o cactos de cabeça branca. Seu cume possui uma rampa de salto de asas-delta e paragliders, e uma vista deslumbrante de quase toda a península de Armação dos Búzios. Suas trilhas, muito antigas, são exploradas por aven-tureiros de todas as idades, que fazem caminhadas ecológicas ou se arriscam a andar de bicicleta pelas passagens estreitas.

Riquíssima em biodiversidade e detentora de muitos segredos, Tucuns é um patrimônio natural singular

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a rodovia BR-101, entre Campos e Macaé, a 10 Km da localidade de Serrinha, uma placa quase apagada

anuncia o acesso para Cachoeiras do Mo-cotó, lugar bucólico encravado na região do Imbé, fronteiriça ao Parque Estadual do Desengano. A péssima pista de barro, com cerca de 26 Km, possui curiosamente um pequeno trecho asfaltado, algo em torno de 800 metros. Uma espécie de oásis no meio do mato para motoristas e caronas que sofrem com os solavancos dos buracos e “costelas”. O povo da área comenta, com certa malícia, que a pavimentação foi feita para justifi car o pagamento à empreiteira pela obra “concluída”.

A região mencionada localiza-se no distrito de Morangaba, interior de Campos dos Goytacazes, um dos municípios mais ricos e historicamente importantes do país, mas que nos últimos anos tem aparecido mais no noticiário policial graças aos gru-pos que têm dominado o cenário político. O pequeno trecho asfaltado seria a ponta de um gigantesco iceberg que agora está sendo revelado pelo poder judiciário.

A fama da cidade já atravessa fronteiras internacionais. Vítor Peixoto, ex-aluno de graduação da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e morando atu-almente em Illinois (EUA), diz por e-mail estar estarrecido com os fatos, que acom-panha pela internet: “Sempre soube dos desmandos da política local e desconfi ar era uma tarefa simples, bastando analisar a situação dos serviços públicos na cida-de para perceber desvirtuamentos. Com algumas técnicas estatísticas, era possível identifi car Campos como um município com orçamento per capita estrondoso e calamitosos índices sociais. Alguma coisa havia de errado”.

Segundo Vitor, não adianta culpar a fal-ta de educação ou miserabilidade do povo,

Marcado para sofrer

NOS ÚLTIMOS ANOS, Campos dos Goytacazes, um dos municípios historicamente mais importantes do Brasil, tem entrado no noticiário jornalístico pela porta dos fundos.

por que quem elegeu esses políticos não foram somente os pobres e deseducados. “As classes abastadas se alimentam desse processo, não somente compactuando, mas retro-alimentando. Será que em Campos existe classe política não comprometida com um dos dois grupos. Aliás, qual é mesmo a divergência ideológica entre Ga-rotinho e Arnaldo Vianna? Quem hoje não seria, na política municipal campista, fruto ou cria do grupo político do Garotinho?”.

Eleição sem fi mEm pouco mais de três anos, Campos

teve três prefeitos, todos frutos da mesma árvore. Em 2004, foi eleito o advogado trabalhista Carlos Alberto Campista (PDT), apoiado pelo ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) que, por sua vez, foi conduzido ao cargo com o apoio irrestrito do antecessor Anthony Garotinho. Arnaldo rompeu com o seu mentor político, enquanto Campista, em apenas quatro meses de governo, deu mostras de independência, embora não tenha oficializado o rompimento com Arnaldo. Quando tudo parecia ter voltado à normalidade, a justiça eleitoral afastou o prefeito eleito e convocou nova eleição.

Surge, então, o médico e vice-prefeito Alexandre Mocaiber (PSB), com um dis-curso apaziguador e, aparentemente, sem o ranço de político carreirista. Para variar, manteve o grupo de Garotinho afastado, rompeu com Arnaldo Vianna e anunciou que seria candidato à reeleição. Tudo ia bem, até que a justiça federal começou a investigar o que se comentava em todas as esquinas.

Assumiu a vaga do prefeito afastado o vice-prefeito Roberto Henriques (PMDB), ex-aliado de Garotinho, ex-aliado de Arnaldo, ex-aliado de Mocaiber, tendo nos últimos meses se reaproximado do ex-governador. Quem teve ainda alguma dúvida, bastou observar o secretariado do novo chefe do Executivo campista.

A alegria, porém, durou pouco, o Su-perior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu nova liminar no dia 24 de abril, retornando ao cargo o prefeito Alexandre Mocaiber . Roberto Henriques (PMDB) deixa o cargo dizendo que “não era, mas que estava pre-feito”. Ainda assim, sua assessoria jurídica tinha entrado ontem, antes da decisão, como assistente, pedindo que fosse im-pugnado o primeiro deferimento de pedido para retorno de Mocaiber.

Briga milionáriaO diretor do Observatório Econômico

do Norte Fluminense, professor Roberto Moraes Pessanha, explica que tem sido bastante comum a ocorrência de rachas nos grupos políticos municipais mais infl uen-tes, principalmente depois que a legislação eleitoral permitiu a reeleição de prefeitos,

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mas o fato de Campos ter um dos maiores orçamentos do país acirrou os confl itos e as consequências têm sido desastrosas para o município.

Tal volume de recursos desperta alguns dos mais notórios pecados capitais, como a inveja e a cobiça. “Sempre se falou da reputação dos governantes, mas perto de tudo isso que está acontecendo em Campos, os prefeitos das décadas de 70 e 80 pareceriam noviças enclausuradas”, desabafa o bancário aposentado Sebastião Vanderlei.

O professor Moraes analisa, por exem-plo, a evolução do funcionalismo público de Campos para apontar irregularidades: “É verdade que a prefeitura teria difi culda-des hoje de funcionar, apenas com os doze mil funcionários estatutários do seu quadro de pessoal. Também não seria desejável

um processo de demissão em massa. A questão, porém, é de outra ordem. Seria correto, em cinco anos, multiplicar por seis os recursos destinados à despesas de pessoal ? Será que o cidadão percebeu em algum setor, melhorias na mesma propor-ção? Será que houve alguma melhoria? É bom lembrar que neste período, a economia esteve, senão estabilizada, mas com um baixo índice de infl ação. A eleição de 2004 fora anulada e o prefeito eleito, retirado do cargo devido à acusação de benefi ciamento deste processo de contratação de pessoal sem concurso”.

Números absurdosTentando entender melhor a proporção

deste aumento de recursos para o paga-mento de pessoal direto e terceirizado, o diretor do Observatório Econômico do

Norte Fluminense encontrou os números de recursos previstos nas LOAs (Lei Orça-mentária Anual) do município de Campos, como projeções de despesas, na rubrica de pessoal.

Diante dos números, Moraes observa que, pelos gastos dos dois primeiros meses de 2008, na quantia de R$ 63 milhões por mês é possível estimar, um gasto anual de R$ 820 milhões (incluindo o 13° salário) o que apontaria para um rombo anual de aproximadamente R$ 190 milhões que, provavelmente seriam cobertos com rema-nejamento de recursos retirados de outras áreas, investimentos ou custeio.

Percebe-se um crescimento anual nas despesas de pessoal em torno de 40% ao ano. “Trata-se de um valor absurdo numa economia estabilizada e com serviços pú-blicos para os quais não eram e continuam

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não sendo percebidos pela população. As informações extra-ofi cias dão conta que agora, no início de 2008, o município de Campos teria cerca de R$ 12 mil estatutá-rios do quadro (estável, incluindo os con-cursados) e mais de R$ 25 mil servidores terceirizados, inclusive aqueles contratados da Fundação José Pelúcio, empresa Facilit e a Cruz Vermelha de Nova Iguaçu”, diz Moraes.

Estes 37 mil servidores no total, nos seus cálculos, estariam consumindo a

quantia mensal de R$ 63 milhões, sendo R$ 35 milhões com os 25 mil servidores ter-ceirizados e R$ 28 milhões com os 12 mil estatutários do quadro estável da prefeitura. “O absurdo é a identifi cação de que os ter-ceirizados, que são em números absolutos, o dobro dos concursados e estáveis (25 mil x 12 mil) representam um gasto de R$ 7 milhões a mais do que estes absolutos, o dobro dos concursados e estáveis (25 mil x 12 mil) representam um gasto de R$ 7 milhões a mais do que estes”.

“Para se ter uma idéia do disparate de tais números, para efeito de comparação, veja a situação da prefeitura de Belo Horizonte, uma capital, que tem uma po-pulação de 2,4 milhões de habitantes, só a cidade e não toda a região metropolitana de BH. A capital mineira tem um quadro de 25 mil servidores que corresponde a um gasto mensal de R$ 52 milhões com os funcionários da ativa. Campos, com 37 mil servidores, tem um gasto mensal, mesmo que aí estejam incluídos os aposentados e pensionistas, de R$ 63 milhões. A análise comparativa destes números mostram o absurdo da situação de Campos”, fi naliza o professor.

2003 – R$ 138 milhões2004 – R$ 178 milhões2005 – R$ 247 milhões2006 – R$ 315 milhões2007 – R$ 395 milhões2008 – R$ 63,1 milhões

Evolução orçamentária 2003 – 2008 para pagamento de pessoal

C a m p o s d o s G o y t a c a z e s

ROBERTO HENRIQUES Esteve prefeito

(janeiro e fevereiro)

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ROBERTO MORAES PESSANHA Seria correto, em cinco anos, multiplicar por seis os recursos destinados à despesas de pessoal?

ALEXANDRE MOCIBERRetorno à prefeitura com liminar

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CAMPOSVítima de eterna turbulência política

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s vésperas das eleições municipais, este é o cenário que se desenha em Macaé e Rio das Ostras, cidades

recheadas de problemas, mas com um estí-mulo à parte: juntas, elas têm um orçamen-to anual de R$ 1,34 bilhão. Só para se ter uma idéia da bolada, se este dinheiro fosse distribuído à população, cada morador seria contemplado com pouco mais de um salário mínimo por mês, durante um ano in-teiro. Proporcionalmente, é três vezes mais do que dispõe Curitiba (PR), por exemplo,

De vez em quando, aliados históricos se posicionam em lados opostos do campo de batalha. Na política brasileira, em tempos de reeleição, isso tem acontecido com muita freqüência.

cidade mundialmente conhecida pelas boas soluções para problemas urbanos.

Muitos macaenses sonham com o exemplo curitibano, mas vivem uma reali-dade de Baixada Fluminense. Desde o Cen-so de 2000, a população da cidade aumen-tou 30%, um índice que provoca calafrios em qualquer secretário de Planejamento. Em boa parte, este novo contingente de cidadãos é formado por trabalhadores sem qualifi cação profi ssional, que migraram para a Capital Brasileira do Petróleo em busca de emprego fácil. Sem conseguir trabalho, vendo o sonho se transformar em pesadelo, acabaram invadindo manguezais, dividindo espaço com os caranguejos em

favelas como Malvinas, Nova Holanda e Nova Esperança. Ficaram bem longe dos engenheiros e técnicos do setor offshore, que alavancaram o crescimento imobiliá-rio na orla de Cavaleiros e atraíram para Macaé grandes redes hoteleiras, como Sheraton e Othon.

Diminuir este enorme abismo social entre os mais ricos e os mais pobres é o maior desafio do futuro governante de Macaé. O primeiro a se canditar à vaga é o atual prefeito Riverton Mussi (PMDB), que na eleição de 2004 teve o apoio do ex prefeito Silvio LOpes (PSDB), e obteve uma vitória apertada. Seu governo tem se baseado principalmente na construção

Criador e Criatura

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SILVIO LOPES Ex-prefeitoPedido de desculpas por ter apoiado Riverton

MACAÉ

Guilherme de Souza

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de casas e apartamentos para combater o défi cit habitacional. Na segunda metade de sua administração, o prefeito também vem apostando na qualificação profis-sional, através de cursos coordenados pela Secretaria de Trabalho e Renda e da construção da Cidade Universitária, onde vários cursos superiores começam a se ins-talar. Completa este tripé a urbanização do Lagomar, um dos bairros mais populosos e carentes da cidade.

O calcanhar de aquiles do alcaide, que em 2008 conta com um orçamento de R$ 794 milhões, responde pelo nome de Sistema Integrado de Tranporte. Há dois anos, os itinerários dos ônibus urbanos

foram alterados em função da construção de sete terminais de integração; um mo-delo, diga-se de passagem, inspirado em Curitiba. Era para ser uma solução, mas se transformou na maior dor-de-cabeça da atual administração. Faltam ônibus nas linhas e os passageiros chacoalham nos horários de rush como sardinhas em lata. Há alguns meses, três dos sete terminais foram fechados.

Criador do Sistema Integrado de Transporte, curiosamente Silvio Lopes se transformou na principal voz de oposição a Riverton. O padrinho político do atual prefeito lançou sua pré-candidatura à su-cessão municipal pelo PSDB, partido do

qual Riverton se desligou para se fi liar ao PMDB, do governador Sérgio Cabral. Em entrevistas recentes, Silvio pediu desculpas à população por ter apoiado o atual prefei-to, que é sobrinho de sua esposa. Prefeito e ex-prefeito devem polarizar a disputa, que tem outros dois pré-candidatos declarados. O médico Aluísio dos Santos Junior, ex-diretor da Fundação Hospitalar de Macaé, pretende concorrer pelo PV. Aluísio foi o braço direito de Riverton à frente do Hospital Público Municipal (HPM), uma vitrine de modernidade em saúde pública no estado do Rio. Mas anda às voltas com denúncias de superfaturamento de R$ 6 milhões em licitações do Hospital da Serra. Quem também pretende entrar na disputa, mais uma vez, é o petroleiro Franco Corredor, uma espécie de Enéias, que se diz contra tudo e contra todos e aposta na rejeição à hegemonia dos Mussi na alternância do poder.

Nos bastidores, comenta-se a viabilida-de de uma quinta candidatura: a do ex-ve-reador e ex-deputado federal Fred Kohler, o mesmo que foi derrotado por Riverton Mussi em 2004, por uma diferença de 5%. Fred chegou a se aliar ao prefeito, sendo nomeado secretário de Governo. A aliança, contudo, não foi à frente. Filiado ao PPS, Fred contaria com o apoio do presidente da Câmara de Vereadores, Eduardo Cardoso, para uma candidatura própria. As lideran-ças do PPS juram que não passa de boato e que cerram fi leiras com o atual prefeito. Mas, como os ventos da política costumam mudar de direção conforme as pesquisas de opinião, fi ca difícil fazer qualquer aposta.

Enquanto a eleição não chega, prefeito e ex-prefeito direcionam sua artilharia para outros problemas históricos de Macaé. Com o apoio do governo do estado, Ri-verton está melhorando o abastecimento de água, prometendo acabar ainda este ano com um problema que incomoda a população há várias eleições. Também está tirando do papel o projeto de macro-drenagem, que deve solucionar o problema crônico dos alagamentos em vários bairros em períodos de chuva. Silvio mirou na vio-lência crescente. Em março, levou a Macaé o sociólogo Hugo Acero, ex-secretário de Segurança Pública da Colômbia, um dos responsáveis pela queda da criminalidade em Bogotá e Medellín. Para não fi car atrás, Riverton trocou fi gurinhas com Elio Roc-ca, segundo presidente da Associazione Nazionale Carabinieri, entidade italiana envolvida no desmantelamento da Máfi a. Com o perdão do trocadilho, Macaé virou caso de polícia.

RIVERTOM MUSSI Atual prefeitoProblemas com transporte e violência

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RIO DAS OSTRAS

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Emancipada há 16 anos, a vizinha Rio das Ostras assistiu de camarote ao inchaço de Macaé. Pelo menos até agora.

outrora pacato balneário turístico se transformou na Meca dos endinhei-rados do setor de petróleo e gás que

trabalham em Macaé. Localizada a apenas 25 quilômetros da Princesinha do Atlânti-co, a cidade de cartões-postais como a orla de Costazul e a Praça da Baleia já está para Macaé mais ou menos como a Barra da Tijuca está para o Centro do Rio de Janeiro. Inclusive no caos do trânsito. Se há poucos anos era possível se deslocar entre os dois centros urbanos em 15 minutos, agora os motoristas precisam de uma dose extra de paciência para 45 minutos a mais de calor na estrada.

Rio das Ostras cresce em ritmo estra-tosférico — cerca de 10% ao ano. Se no Censo de 2000 do IBGE a cidade tinha 42 mil habitantes, em 2007 já tinha saltado para 75 mil. Até agora, os governantes comemoraram este crescimento. Quem ocupar a cadeira principal da prefeitura a partir de 1º de janeiro de 2009 terá de se preocupar. Ou administra com mão fi rme o orçamento de R$ 574 milhões, ou assistirá ao surgimento de uma nova Macaé, com todos os problemas decorrentes da falta

de uma política séria de desenvolvimento urbano.

Prefeito entre 1997 e 2004, o jornalista Alcebíades Sabino (PSC) tenta o terceiro mandato. Concorrerá contra o atual pre-feito, Carlos Augusto Balthazar (PMDB), candidato que Sabino apoiou na eleição passada. Ao contrário de Silvio Lopes e Riverton Mussi, que trocaram afagos até há pouquíssimo tempo, Sabino e Carlos Augusto começaram a se estranhar depois da eleição de 2006, quando o primeiro se elegeu deputado estadual pelo PSC, ob-tendo em Rio das Ostras a maior votação proporcional de um candidato no estado. Convidado pelo governador Sérgio Cabral para assumir a Secretaria Estadual de Trabalho e Renda, Sabino não chegou a exercer seu mandato parlamentar — man-dato este que foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por compra de votos.

O ex-prefeito goza de grande prestígio na cidade. Como reconhecem os próprios adversários, seu governo mudou a cara de Rio das Ostras, que passou a atrair mais turistas e se tornou um exemplo nacional

em preservação ambiental. O sucessor, Carlos Augusto, ex-dono de padaria e ex-presidente da Câmara de Vereadores, soube aproveitar o legado deixado por Sabino, dando seqüência a projetos importantes, como o abastecimento de água, o trata-mento de esgoto e o desenvolvimento da Zona Especial de Negócios (ZEN), onde dezenas de empresas estão se instalando e devem gerar 5 mil empregos nos próximos anos. No setor turístico, Carlos Augusto apostou nos eventos temáticos - como o Ostras Cycle, o Festival de Frutos do Mar e o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, para atrair visitantes o ano todo, garan-tindo movimento nos hotéis, pousadas e restaurantes.

Turismo à parte, os riostrenses se vêem às voltas com outras discussões. Em vários bairros, como Palmital, Serra Mar, Cidade Praiana e Nova Cidade, o crescimento desordenado começa a vencer o planeja-mento. E como gerar oportunidade para tantos cidadãos, levando-se em conta que, pelo atual ritmo de crescimento, Rio das Ostras ultrapassará Macaé em população dentro de poucos anos?

ALCEBIADES SABINOLegado de preservação e mudanças estruturais

CARLOS AUGUSTO Enfrentando os desafi os do crecimento acelerado

Cesar ValenteCezar Fernandes

Disputa de ex-aliados

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SÃO PEDRO DA ALDEIA

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urante três eleições consecutivas, a população de São Pedro da Aldeia acompanhou a disputa política entre o

atual prefeito Paulo Lobo e o ex, Carlindo Filho. Com a impossibilidade de uma nova candidatura de Paulo, que está concluindo seu segundo mandato, Carlindo, hoje de volta ao PMDB (mesmo partido do chefe do Executivo aldeense), deve enfrentar nas urnas o também ex-prefeito Iédio Rosa (PDT), o presidente do Legislativo Cláu-dio Vasque Chumbinho (PT) e o vereador Francisco Marcos Moreira, o Marquinho da Trecu’s (PSB).

Assim como o seu maior aliado na região, o deputado estadual Alair Corrêa, Carlindo deve enfrentar problemas para re-gistrar sua candidatura, devido a inúmeros processos que responde, ainda da época de sua administração, que aconteceu entre os anos de 1996 e 2000.

Com essa possibilidade, os outros pré-candidatos vão se ajeitando torcendo para que ela se concretize, pois, mais uma vez, a cidade vislumbra o princípio de um debate já ocorrido há décadas atrás, quando vários grupos políticos se uniam para enfrentar o bicho-papão das urnas, à época o ex-prefeito Arruda Câmara. A bola da vez é o próprio Carlindo.

Iédio Rosa é um dos que acreditam que somente com a união dos três outros candi-datos é que será possível evitar a vitória de Carlindo, e apresenta como trunfo, obvia-mente, o seu nome, por ser mais conhecido nos meios políticos da cidade.

“ Temos de prestar atenção em quem realmente tem chance de faturar a eleição. Não gostaria que ela fosse disputada entre

quatro candidatos, pois isso só benefi cia a candidatura de Carlindo. Acho que deveria haver uma união, e meu nome é o mais forte nas pesquisas para isso”, acredita Iédio.

Se depender da disposição do pré-can-didato Cláudio Chumbinho, isso não vai acontecer. Segundo ele, sua candidatura é irreversível, pois o seu partido está unido, trabalhando seu nome, que será o único “puro sangue” petista concorrendo a pre-feito nas cidades da Região dos Lagos.

“Temos, além do PT, três outros parti-dos na nossa aliança, eu são o PR, o PTB e o PT do B, sem falar em algumas lideranças pedetistas como o vereador Otávio Rascão, que não irá apoiar a candidatura de Iédio. Acho que a população de São Pedro da Aldeia vai ter a oportunidade de apostar na renovação. Carlindo e Iédio já tiveram sua oportunidade. A hora é de mudança” aposta

O vereador Marquinho da Trecu’s, embora não descarte a conversa com seus atuais adversários, também reafi rma que será candidato, já tendo inclusive o nome de sua vice, Maria Campos, também do PSB.

“Serei candidato, e se algum dos outros prefeitáveis quiser vir me apoiar, estamos abertos a conversas. O PSB quer uma can-didatura própria na cidade, e já temos esse nome, o meu., que signifi ca uma renovação na política de São Pedro. Aliás, posso até fazer uma frase sobre isso. Somos a reno-vação com experiêcia” afi rmou.

Apesar dos inúmeros contatos com Carlindo Filho e sua assessoria, CIDADE não conseguiu ouvi-lo . Seu grupo político teme problemas com a Justiça Eleitoral, e embora o próprio pré-candidato afi rmasse que gostaria de responder às perguntas,

que foram enviadas por e-mail (todos os outros prefeitáveis aldeenses responderam a entrevista ao vivo), seus advogados o aconselharam ao contrário. Um de seus assessores chegou a dizer que “não era in-teressante a participação do peemedebista na matéria, pois ele tinha muita vantagem nas pesquisas sobre o demais e era melhor não se expor”.

Entre o Passado e o Futuro

IÉDIO ROSA Deveria haver uma união

CHUMBINHO Oportunidade de apostar na renovação

MARQUINHO DA TRECU’S Serei candidato

1. Em ano políti-co, torna-se cor-riqueira a criação de redes de boa-to. Uma delas dá conta de que sua futura candida-tura poderia ser impugnada pelo TRE devido a processos já tran-sitados em julga-do, ou seja, sem recursos. Existe mesmo essa possibilidade? Se verdadei-ro, quais as providências já tomadas pelo senhor?2. Como está o leque de alianças? Quantos partidos farão parte? Há possibilidade de novos aliados, principalmente entre os pré-candidatos (Marquinho da Trecu’s, Chumbinho e Iédio)? 3. Apesar de serem notórios adversários políticos, Paulo Lobo e o senhor pertencem ao mesmo partido. Como está essa relação? Há possibilidade de acordo?

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Renato Silveira

Perguntas encaminhadas ao pré-candidato Carlindo Filho

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BÚZIOS

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s articulações para as eleições de outubro em Armação dos Búzios andam, até agora, em compasso de

espera. Embora ambos garantam publica-mente suas candidaturas, se anunciando como pré-candidatos de seus partidos, o ex-prefeito Mirinho Braga (PDT) e o atual, Toninho Branco (PMDB), ainda depende-rão de decisões judiciais para garantir suas inscrições no Tribunal Regional Eleitoral. Correndo por fora, Ramison Lopes (PTB), também garante que será candidato, en-quanto Clemente Silveira (PSDB) afi rma que, caso Mirinho não seja candidato, disputará a convenção em seu partido.

Clima de expectativaAlheio a todas essa conversas, Mirinho

Braga garante que será candidato, pois o único impedimento que poderia haver já foi, segundo ele, contornado. Suas contas do exercício de 2004 foram reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado e a deci-são, endossada pelos vereadores de Búzios, à época, em lua de mel com o atual prefeito. Mas já há choro e ranger de dentes com a decisão tomada. No TCE, por exemplo, um de seus auditores afi rmou publicamente que houve erro na análise. Os parlamen-tares, por sua vez, arrependidos, tentaram anular a sessão que rejeitou as contas do ex-prefeito. Apesar da votação favorável, cinco votos a quatro, os vereadores foram surpreendidos com a interpretação dada

pelo presidente da Câmara, Genilson Drumond, que alegou necessidade de aprovação de dois terços da Casa para a anulação da sessão.

“Serei candidato, e tudo isso está sendo questionado na Justiça. Na verdade, o que há é um desespero por parte dos meus adversários que sabem que tenho apoio po-pular e lidero com folga todas as pesquisas feitas até então”, afi rmou o pedetista.

No leque de alianças de Mirinho, sete partidos já fazem parte de seu grupo, mas há conversas em andamento com outras lideranças locais.

O petebista Ramison Lopes está montando seu grupo e diz que sua can-didatura é irreversível. Para ele, a popu-

MIRINHO BRAGA Serei candidato. Tudo isso está sendo questionado na Justiça

RAMISON LOPES Terceira Via

Divulgação

Renato Silveira

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lação buziana necessita de uma terceira opção para combater o que, na sua visão, foram duas administrações desastrosas para Armação dos Búzios. Para garantir seu intento, vem montando um leque de alianças envolvendo, além do PTB, outras agremiações, como PSL, PT, PHS, PSC e PSB.

“Estamos montando um grupo para que a população não seja obrigada a escolher entre duas candidaturas que representam governos que destruíram a cidade. Vamos disputar para vencer”, garante.

O pré-candidato rechaçou de todas as maneiras qualquer possibilidade de vir a ser o candidato apoiado pelo atual governo. Segundo ele, a conversa, que tomou conta dos meios políticos buzianos nas últimas semanas, não passa de factóide.

Já o empresário Clemente Silveira afi r-ma que poderá por o seu nome à disposição do partido, se o TRE não aceitar a inscrição de Mirinho Braga. Caso isso aconteça,

disputará a convenção com Alexandre Martins, um dos prováveis candidatos a vice do pré-candidato pedetista.

“Caso Mirinho seja candidato, ire-mos apoiá-lo, mas se por acaso isso não acontecer, ponho meu nome na disputa”, afi rmou.

Alexandre Martins não acredita que haja qualquer chance de Mirinho não re-gistrar a candidatura. Para ele, muitas das conversas que circulam na cidade hoje “são frutos do desespero do grupo governista, que tem um prefeito com altos índices de rejeição e não decola sua candidatura”, diz.

“Acredito que, no fi nal, a disputa se dará mesmo entre Mirinho e Toninho. Não creio que o PTB vá lançar o nome de Ramison. Quanto à questão de vice, meu nome está à disposição. Vamos aguardar os acontecimentos”.

CIDADE tentou, através de contato com assessores, falar com o prefeito To-

ALEXANDRE MARTINS Acredito que a disputa se dará mesmo entre Mirinho e Toninho

CLEMENTE SILVEIRA Ponho meu nome na disputa

Disputa no PSDB

TONINHO BRANCO, PREFEITOPopularidade em baixa

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ninho Branco, mas não obteve retorno. O chefe do Executivo buziano teve suas contas de 2006 reprovadas pelo TCE, e vem impedindo, através de medidas judiciais, a apreciação das mesmas pelos vereadores.

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ARRAIAL DO CABO

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obiçam o cargo o ex-prefeito de Cabo Frio, José Bonifácio (PDT), que tem o apoio do atual prefeito; o também ex-

prefeito de Arraial, Renato Vianna (PSB) ; o ex vice-prefeito da cidade, Wanderson de Britto, o Andinho (PMDB) e o empresário Fuad Zacharias (PSL).

O maior desafi o a ser vencido é sem dúvida a enorme crise econômica iniciada com o fechamento da Cia Nacional de Álcalis, ocorrida há dois anos. Por isso, todos os pré-candidatos têm planos para a sua reativação.

Questão de EconomiaArraial do Cabo, cidade governada por Henrique Melman (PDT) há oito anos, vive o pior momento de sua história econômica. Quem conquistar a cadeira de prefeito, em 2009, terá que encontrar soluções, e rápido, para minimizar os problemas vivenciados hoje.

Para o neo-socialista Renato Vianna, a crise da Álcalis teria sua solução faci-litada se as três correntes que disputam a massa falida da empresa se unissem em um projeto comum. Além disso, a mobi-lização das autoridades, ao seu ver, não é satisfatória.

“A primeira iniciativa seria a união das forças, ou seja, das três correntes que disputam o comando e direção da empresa desativada, o que vem difi cultando por parte do empresariado os investimentos necessários. A outra questão fundamen-tal, seria a mobilização das autoridades em reconhecer que, apesar da Álcalis ser uma empresa privada, acima de tudo, está

dentro do nosso município, e diga-se de passagem, foi o grande trunfo para que Arraial do Cabo se emancipasse, e portanto é de fundamental importância na questão sócio-econômica de nossa cidade”, afi rmou Renato.

O ex-vice de Melman, Andinho, que rompeu com o prefeito ainda no meio da sua primeira gestão, acredita que o município, sozinho, não tem condições de reerguer a empresa. Para ele, é necessária a participação de órgãos investidores, como o BNDES, que poderia ser acionado através de mobilização das autoridades municipais.

“Foi um grande erro ter deixado a

WANDERSON DE BRITTO Andinho“O município sozinho não tem condições de resolver a situação da Álcalis”

JOSÉ BONIFÁCIO“A Petrobras pode ser a grande saída para a crise”

Tatiana Grynberg Tatiana Grynberg

Renato Silveira

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RENATO VIANNA“Fundamental importância na questão sócio-econômica de nossa cidade (Álcalis)”

situação chegar ao ponto em que chegou. Estive, ano passado, por diversas vezes em frente à empresa no momento em que os trabalhadores, preocupados com o futuro, se mobilizaram. Procurei ajudar no que podia, mas, naquela altura, a situação já era caótica. Não proponho uma fórmula mágica para a empresa. Além de elevadas dívidas, ela está sucateada e tem ainda os problemas de gestão. Na verdade, seria leviandade de minha parte dizer que o município sozinho tem condições de resol-ver a situação da Álcalis, penso que não. É preciso envolver o BNDES um pouco mais nesse assunto e o município, tendo interesse e boa vontade, pode ajudar nisso. Particularmente, sou muito simpático à idéia da organização dos ex-funcionários onde estes possam, por exemplo, formar cooperativas”, afi rmou Andinho.

Já José Bonifácio acredita numa saída via Petrobras, que poderia ser a grande investidora da nova empresa que surgiria com o renascimento da Álcalis.

“A grande difi culdade é que nem o próprio Poder Judiciário sabe quem res-ponde pela Álcalis e quanto mais tempo passa mais distante fi ca a possibilidade da

volta da produção de barrilha em Arraial. As dívidas se avolumam e os prováveis interessados em investir na retomada do processo produtivo buscam oportunidades em outros setores. Apesar de todo empenho do Ministro Carlos Lupi, do Trabalho, não se vislumbrou uma solução para a crise da Álcalis. Com as grandes descobertas de gás e petróleo em nosso litoral, a Petro-bras pode ser a grande saída para a crise”, acredita.

O empresário Fuad Zacharias acredita que somente o patrimônio da empresa daria para por em funcionamento quatro outras iguais. Por isso, aposta num acordo entre as partes envolvidas

“Primeiro, tem de haver um acordo entre as várias facções da Álcalis para saber quem vai administrar a companhia. Depois, reativar de todas as formas possíveis a Álcalis. A empresa tem um patrimônio de terras que bem comercializadas, dão pra fazer quatro Álcalis, inclusive com trechos que dão para construir um novo porto. A Petrobrás, por exemplo, já tem interesse em montar indústrias dentro da Álcalis e patrocinar a obra do novo porto”, explicou o candidato do PSL.

FUAD ZACARIAS“Terras que bem comercializadas, dão pra fazer quatro Álcalis”

Marconi CastroDivulgação

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CABO FRIO

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política andava morna em Cabo Frio. A rigidez anunciada pelo Tribunal Re-gional Eleitoral (TRE), colocada em

prática com a retirada de dois programas de rádio do ar por fazerem campanha fora do prazo, deixou os quatro pré-candidatos à prefeitura cautelosos nas declarações. Mas tudo mudou no dia 16 de abril, quando dois assessores do deputado estadual Alair Francisco Corrêa (PMDB) foram detidos com 15 cartões bancários e R$ 9 mil que haviam acabado de sacar de uma agência bancária no centro de Cabo Frio.

O deputado, que outrora buscava motivos para aparecer na mídia, acusou o golpe: negou explicações à imprensa e foi o único a não receber a reportagem da re-vista CIDADE. Através da assessoria, fi cou combinado que a entrevista seria feita pelo correio eletrônico. Mas as oito perguntas enviadas pela internet (veja ao lado) sim-plesmente não foram respondidas.

Esquentou de novoAntes de estourar o caso dos cartões da

Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Alair Corrêa já se via às voltas com boatos de que não poderia registrar sua candidatura. A rejei-ção pelo TRE é cogitada por conta de um processo em que o Tribunal de Contas da União (TCU) condenou Alair, em última instância, a devolver mais de R$ 500 mil aos cofres da prefeitura de Cabo Frio. A condenação aconteceu por causa de um convênio fi rmado entre a prefeitura e o Mi-nistério da Saúde, em 1998, quando Alair era prefeito, em que R$ 253.043,10 foram destinados para o Plano de Erradicação do Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue) durante dois anos. O corpo téc-nico do Fundo Nacional de Saúde (FNS) rejeitou a prestação de contas e, após nove anos e todos os recursos judiciais disponíveis, ele foi condenado. A possibi-lidade de Alair Corrêa estar inelegível foi reforçada no mês passado, quando o pre-sidente do TRE, desembargador Roberto

Wider, reafi rmou à revista CIDADE que políticos condenados em última instância pelo TCU terão os registros de candidatura impugnados.

Boatos aproximam Paulo César de Alair

A série de boatos provocou a aproxi-mação entre Alair Corrêa e o médico Paulo César da Guia (PR), outro pré-candidato à prefeitura. Paulo César, que já tinha sido vereador ao lado de Alair, foi o candidato da oposição nas últimas eleições munici-pais. Nos discursos, o principal alvo era Alair, que apoiou a candidatura do atual prefeito Marcos Mendes (PSDB). Em 2006, Paulo César concorreu à Câmara Federal e fi cou como suplente. Mudou de partido para assumir mandato por 121 dias entre 2007 e 2008. Nos últimos meses, ele passou a elogiar Alair Corrêa e chegou a convidar a esposa dele, Juzete Corrêa, para ser vice.

“Foi só estratégia de marketing. A

MARCOS MENDES, prefeito“não tenho nenhum processo e não pretendo ter”

PAULO CÉSAR“Foi só estratégia de marketing. A imprensa não me dá muita atenção e eu precisava aparecer na mídia, então fi z esse convite

Cesar Valente Ta

Tomás Baggio

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imprensa não me dá muita atenção e eu precisava aparecer na mídia, então fi z esse convite. Mas isso não impede uma real aproximação caso o deputado Alair Corrêa não possa ser candidato. Realmente temos muito em comum”, declarou Paulo César.

Ele anunciou um projeto que vai ro-dar os bairros de Cabo Frio para colher sugestões para o Plano de Governo que pretende elaborar. Como um dos pontos principais, enumera saúde e educação. Para o primeiro, promete investimentos nos hospitais e uma UTI pública para atender a região. Outra promessa é fazer um governo transparente.

“No meu período como deputado federal, consegui R$ 15 milhões com o Ministério do Trabalho para capacitação profi ssional e R$ 400 mil para a construção da Delegacia do Trabalho em Cabo Frio. Pedi R$ 40 milhões para a revitalização da Lagoa de Araruama, mas aprovaram R$ 23 milhões; na saúde, destinei R$ 500 mil para São Pedro e o mesmo valor para Búzios; consegui ainda R$ 3,5 milhões para a recuperação da estrada Rasa-Búzios e quatro unidades do Telecentro, que dá cursos gratuitos de computação, em Iguaba Grande, Silva Jardim, São Pedro e Búzios. Mas o projeto mais importante, em minha

opinião, foi o que obriga a destinação de 10% dos recursos dos royalties do petró-leo para investimento no meio-ambiente. Ele está tramitando na última comissão e será aprovado”, garantiu Paulo César, acrescentando que a verba para os projetos anunciados ainda não foi liberada.

JânioO faz e desfaz de acordos faz o ve-

reador Jânio dos Santos Mendes (PDT), líder da oposição na Câmara Municipal, dizer que é “a única opção diferente”. Ele tenta se diferenciar pelas propostas, e é o primeiro pré-candidato a traçar as bases do Plano de Governo que pretende apresentar quando as candidaturas forem homologadas. Ele ataca “o modelo Alair de governar”, e garante que a candidatura vai deslanchar quando puder mostrar suas propostas ao eleitorado.

“Nosso Plano de Governo vai focar três pontos principais. O primeiro é a reforma administrativa, pois a prefeitura está gastando uma fortuna com a folha de pagamento, principalmente por conta dos funcionários fantasmas. Depois vem a reforma estrutural: Cabo Frio precisa vencer o tempo da maquiagem e ganhar investimentos em infra-estrutura. A minha

proposta é fazer um ‘Porto Seco’ numa parceria entre o Porto de Arraial do Cabo e o Aeroporto de Cabo Frio. Em outra par-ceria com Arraial, podemos tirar do papel o projeto do novo Porto na Praia do Pontal (canto direito da Praia do Forte), que seria a redenção para a nossa população. Esse porto possibilitaria à Petrobras realizar aqui as atividades que hoje são feitas em Macaé. Para sustentar isso tudo, o Segundo Distrito receberia o ‘Pólo de Distribuição da Indústria do Petróleo’. O último ponto é o Plano Social, totalmente focado no ‘educacionismo’. Seriam escolas em tempo integral, com os alunos recebendo aulas de música, teatro e línguas, entre outras disciplinas extra-classe”, revelou Jânio Mendes.

Segundo ele, a prisão dos assessores de Alair Corrêa “é o retrato de um modelo que insistimos que precisa ser vencido, caso contrário lavará a cidade para o bu-raco”. Se for eleito prefeito, ele promete a revisão de todos os contratos efetuados pela prefeitura de Cabo Frio, que acusa de estarem superfaturados.

CautelaDe todos, o mais cauteloso nas decla-

rações é o prefeito Marcos Mendes, que

JÃNIO MENDES“A única opção diferente”

ALAIR CORRÊAEscândalo com assesores e silêncio para a imprensa

DivulgaçãoTatiana GrynbergTatiana Grynberg

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pretende se candidatar à reeleição: “não tenho nenhum processo e não pretendo ter. Estou tomando muito cuidado com o que falo”, explica ele. Para Mendes, as prioridades de um segundo mandato se-riam, saúde, segurança pública e geração de empregos.

“Temos um grupo captando sugestões para o Plano de Governo. Na área de segurança, nosso objetivo é possibilitar o

trabalho conjunto entre a Polícia Militar e a Guarda Municipal”, alegou.

Sobre o caso da prisão do assessores de Alair Corrêa, o prefeito evita polemi-zar, passando a bola para as investigações da polícia e da sindicância instalada na Alerj. Mas não deixa barato as declara-ções que Alair fez no próprio canal de TV afi rmando que “a prefeitura de Cabo Frio emprega matadores, e se ainda não me

CABO FRIO

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mataram é porque daria muita bandeira”.“Nosso questionamento sempre será

jurídico, porque fui eleito para trabalhar e não para fi car respondendo a ofensas pessoais. Mas quero dizer, em respeito aos funcionários públicos, que aqui na prefeitura não existem bandidos, como o deputado diz. O departamento jurídico já foi orientado a tomar providências sobre essas declarações”, confi rmou ele.

- Quais temas, em sua opinião, irão tomar conta dos debates durante a campanha?

- Já começou a fazer um Plano de Governo? Com quem, de que forma?

- Quais são as principais propostas?- O que motivou sua saída do atual governo? Porque as

críticas começaram após dois anos e meio de mandato do prefeito Marquinho Mendes?

- O senhor e o pré-candidato Paulo César da Guia dão sinais mútuos de aproximação, que começou ainda na campanha para deputado. Até que ponto pode chegar essa parceria?

- Fala-se na possibilidade de impugnação do seu pedido de candidatura, quando este for feito. A negação do pedido seria baseada em um processo julgado em última instância pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que o obriga a devolver mais de R$ 500 mil à prefeitura de Cabo Frio. Como está a sua situação jurídica?

- Quais os principais projetos e ações de seu mandato como deputado estadual?

- Gostaria de comentar alguma coisa sobre o episódio da detenção de dois assessores com cartões de contas-salário da Alerj, além do que foi dito na nota ofi cial?

- Acha que isso pode prejudicá-lo perante a opinião pú-blica?

PERGUNTAS PARA ALAIR CORRÊA

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NGELABarrosoA

[email protected]

Carlos Braga, um dos amantes de Búzios, que aqui fi ncou o seu Restauran-te Shiitake, na Orla Bardot. Sucesso de público e de crítica.

Coquetel de Adriana Lo Bianco, no espaço da Luxafl ex, na Casa Nativa, reuniu, em torno dela, arquitetos, muitos amigos e famosos. Na foto, ladeando Adriana, a arquiteta Cristina Martins e a paisagista Solange Bruno.

Paulo Pinto e o ceramista Edmundo Colaço, homem forte que fabrica as ce-râmicas maravilhosas vendidas na Casa Nativa.

O arquiteto Peter Echevers, Alexandre e Carlos Roberto Levy. Todo mundo no coque-tel da Luxafl ex, no espaço da Casa Nativa.

Grupo de comerciantes que operam dentro do espaço onde funciona também a Casa Nativa: Bistrô Escondido, Casa Nativa, Sanclair e Luxafl ex. São eles, bem na foto do coquetel: Eloisa Ramos, Solan-ge Bruno, Celina Franco, Paulo Pinto, Adriana Lo Bianco, Sanclair e Fernando Lo Bianco.

Ricardo Valdívia prestigiando o pro-fessor de dança, Marcio Valente, na noite de autógrafo do seu livro “Passos Marcados”.

Adriana Lo Bianco pulou de alegria com a presença prá lá de famosos, no coquetel todo correto que ofereceu a ami-gos. Na foto Nelsinho “Quintal” Ramos, abraça o noitólogo reconhecido Ricardo Amaral, amante de Búzios. Em festa que o Amaral chega, o alto astral predomina. Ele é cem. Cem não. Mil.

Cauã Reymond surfando nas ondas da Praia de Geribá. O ator global, na cidade de Búzios, por conta da sua participação no fi lme “À Deriva”. No longa, Cauã faz o papel de um barman.

Fotos: Dutra-Filmers 9900

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História Preservada

É impossível se aproximar do Solar de Mandiqüera e fi car indiferente à sua beleza. Construído em 1875 por Bento Carneiro da Silva, o Conde de Araruama, o antigo casarão em estilo neo-clássico, inspirado no palácio parisiense Petit Trianon, é a mais perfeita tradução de um período em que as planícies do Norte Fluminense eram dominadas pelos senhores de engenho, ricos fazendeiros que fi zeram fortuna com a cana-de-açúcar.

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a época em que foi construído, o solar já era considerado uma obra imponente. Impressionou até o Im-perador Dom Pedro II, que se hos-pedou algumas vezes num dos seus

13 quartos quando inspecionava as obras do Canal Campos-Macaé. Em tempos bem mais recentes, o imóvel foi cenário do fi lme “O Coronel e O Lobisobem”, estre-lado por Ana Paula Arósio, Selton Melo e Diogo Vilela. Tanta beleza, no entanto, não poupou a antiga construção do abandono. Dominando os campos de Quissamã como uma miragem no deserto, rompendo os séculos, Mandiqüera ameaçava desabar pela ação implacável do tempo. O telhado estava caindo aos pedaços. Num episódio digno de fi gurar em páginas policiais, um velho chafariz que fi cava na sua entrada principal foi furtado. Em janeiro, por causa da chuva, uma parede veio abaixo. Foi, literalmente, a gota d’água para uma ação mais enérgica, que veio na forma de desapropriação do imóvel por parte da Prefeitura de Quissamã.

A intervenção no solar já é apontada como a mais importante obra da atual ad-ministração municipal, que há meses vinha fl ertando com o proprietário do imóvel, Élcio Carneiro, para sua desapropriação. Enquanto as duas partes discutiam, sem chegar a um consenso, um importante pas-so foi dado pelo Instituto Estadual do Patri-mônio Cultural (Inepac): em abril de 2007, o órgão decretou o tombamento do prédio. Foi uma forma de pressão ao proprietário, que teria obrigatoriamente de promover obras estruturais no casarão para que ele não desabasse. E, caso quisesse vendê-lo, teria de dar prioridade aos governos muni-cipal, estadual e federal. Uma curiosidade: este foi o primeiro prédio tombado pelo governador Sérgio Cabral.

A queda-de-braço terminou com o prefeito Armando Carneiro assinando o decreto de desapropriação de Mandi-qüera, pelo qual foram desembolsados R$ 400 mil. Como não se podia perder mais tempo, o Inepac autorizou obras emergenciais no local. Para a avaliação do serviço necessário, foram contratados dois consultores especialistas em estrutura de restauração — Geraldo Fillizzola e José Aguilleira, que trabalharam por muitos anos no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A dupla mapeou o local e emitiu relatórios com os

Gustavo Araújo / Fotos: Adilson dos Santos cálculos de escoramento para a imediata intervenção no casarão.

Neste primeiro estágio das obras, foram feitas obras de contenção e escoramento das paredes. O próximo passo será a co-locação de estruturas metálicas no teto. “O telhado será todo retirado, e no local, instalada uma estrutura metálica”, expli-ca Mariana Barcelos da Silva, assessora de Patrimônio da Fundação Cultural de Quissamã, destacando que este procedi-mento é provisório, visando a garantir que a es trutura física do prédio se mantenha de pé durante os trabalhos. O solar também passará por um processo de descupinização. Além de Mariana, trabalham no velho solar, o marceneiro e carpinteiro Alcenir Francis-co dos Santos, responsável pelo talhamento de outros prédios históricos em Quissamã; e os irmãos Alexandre e George Shiachti-cas, restauradores que assinam as obras de monumentos históricos como a do Palácio Laranjeiras, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a do Mosteiro de São Bento.

Como num navio naufragado que é localizado depois de mais de 100 anos, a intervenção da equipe de restauradores no casarão começa a trazer à tona diversas relíquias do Brasil Imperial. Entre eles, alguns vasos portugueses da platibanda (estrutura da parte superior da casa que esconde o telhado), uma pia batismal, pedaços de papel de parede importados, molduras em madeira com fi os de ouro, uma antiga caixa de descarga feita de ma-deira, carimbos, garrafas de vidro da época e um confessionário. O altar da capela, que tem madeiras trabalhadas com detalhes banhados em ouro, está com as peças soltas e a madeira comprometida, mas também ajudarão a contar um pouco mais da his-tória de Quissamã. “As peças e objetos encontrados, apesar de comprometidos pela umidade e outras ações de tempo, são originais e totalmente recuperáveis”, afi rma Mariana Barcelos da Silva.

Muita história para contarO processo de escoramento é a primeira

fase dos trabalhos no solar. Na segunda etapa, será realizado todo o processo de restauração e adaptações necessárias para a futura destinação do imóvel. Quando começarão essas obras — avaliadas no ano passado em R$ 5 milhões — e o que será feito de Mandiqüera, são perguntas ainda não respondidas pelo prefeito Armando Carneiro; o que não chega a causar preo-cupação, quando se analisa o cuidado que

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a atual administração tem com o passado de Quissamã. O município, cuja história se mistura com a própria colonização do Bra-sil, tem um dos mais ricos acervos arquite-tônicos do país. Além de desapropriação do Solar de Mandiqüera, a atual administração municipal adquiriu a casa construída em 1826 por José Carneiro da Silva, o Vis-conde de Araruama, onde várias vezes o Imperador Dom Pedro II se hospedou em suas viagens pela região. Restaurado, o solar se transformou no Museu Casa de Quissamã. Inaugurado em 12 de junho de 2006, ele já recebeu mais de 10 mil visi-tantes. Segundo o diretor do museu, Nilton Correa de Melo Filho, o prédio atrai um público diversifi cado – inclusive turistas de outros estados, que cada vez mais vêm

Em alguns casos, passado e presente de Quissamã convivem em perfeita harmonia, como se os anos não tivessem passado

Na Fazenda Machadinha, datada de 1867, ainda hoje vivem dezenas de descendentes de escravos que traba-lharam nas terras do segundo Visconde de Ururay. Ao invés de casas, eles continuam morando em senzalas, tal como faziam seus parentes há 141 anos. Diante da proposta de ganharem casas populares, maiores e mais con-fortáveis, os moradores disseram não. O governo municipal, então, optou por restaurar os conjuntos de senzalas, divididos em três blocos e tombados pelo Inepac. Tudo em Machadinha lembra o passado. Numa visita de fim-de-semana, é possível provar deliciosos pratos típicos do período da escravidão, que foram catalogados pelo projeto Raízes do Sabor. Depois de um farto almoço, o turista pode se maravilhar com danças típicas dos ne-gros, como o jongo e o fado. Antes de ir embora, uma boa pedida é conhecer o artesanato local, uma boa lembrança para levar de Quissamã.

Depois da restauração das senza-las, Machadinha ganhará a Casa de Arte, localizada em frente às ruínas da casa grande. Orçado em R$ 600 mil, o novo espaço vai reunir todas as manifestações e expressões histórico-culturais da localidade com vistas à visitação turística. “Será um novo tempo para os moradores de Machadi-nha, com possibilidade de elevação do padrão sócio-econômico e de manter viva a cultura de seus antepassados”, comenta o prefeito Armando Carneiro, que em 2007 recebeu o prêmio “Pre-feitura Cultura Nota 10”, do governo do estado. Autorizada pelo Inepac desde 2006, a obra deve ser entregue no mês de junho, coincidindo com os 19 anos de emancipação do município. Um município com poucos anos de vida, mas muita história para contar.

MUSEU CASA DE QUISSAMÃ Restauração trouxe mais de 10 mil visitantes em apenas um ano.

Trabalho de escoramento e restauração é coordenado por especialistas

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demonstrando seu interesse em conhecer as fazendas e os casarões de Quissamã. Todas as visitas são acompanhadas por um guia. No interior, pode-se encontrar peças e móveis antigos, quadros, fotografi as e documentos históricos.

Em 2005, a prefeitura também adqui-riu o antigo Sobradinho. Localizado na região central da cidade, o casarão passou por obras e, em 2007, passou a sediar o Centro Cultural Sobradinho, abrigando ofi cinas de leitura, artes plásticas, dança e música, biblioteca e sala multimídia. Com dois andares, o prédio dispõe agora de um elevador que visa a permitir o acesso de quem tem difi culdades de locomoção. Este ano, ao lado do Sobradinho, também será construído um cinema.

SOBRADINHO Obras para abrigar o Centro Cultural da cidade

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P o l í t i c a

os quatro pedidos de cassação votados na Alerj — Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro — dois

saíram ilesos, dentre eles o que atingia o deputado campista João Peixoto (PSDC). Há 10 anos a Alerj não cassava nenhum mandato.

Por maioria absoluta, a Alerj decidiu pela cassação dos mandatos das deputa-das Jane Cozzolino (PTC) e Renata do Posto (PTB), ambas por quebra de decoro parlamentar. Renata, com o placar de 50 a 11 e seis abstenções foi a segunda depu-tada cassada no dia 01 de abril. Na sessão extraordinária realizada pela manhã, os deputados decidiram, por 48 votos a 15 e cinco abstenções, cassar o mandato da deputada Jane Cozzolino.

O dia seguiu com as votações dos pedidos de cassação dos mandatos dos deputados Tucalo (PSC) e João Peixoto, ambos tiveram seus mandatos preservados já que os pedidos foram rejeitados pelos demais parlamentares. Tucalo, ex-prefeito e pré-candidato a prefeito de Maricá, foi absolvido pelo placar de 30 votos a 24 mais 12 abstenções e o segundo por 44 votos a 15 mais seis abstenções e um voto em branco.

“Esse acordo, se eu não tivesse feito, eu hoje não seria deputado. Essa pessoa, o Sr. Wanderley Galde-ano (apontado como um dos mentores da fraude), foi ele quem fez a nominata do meu Partido, o PSDC. Eu não tinha nenhuma condição, meus queridos pares, de ganhar as eleições por outro partido! Escolhi o PSDC e, graças a Deus, ganhei as eleições com 20.542 votos”, declarou Peixoto em sua defesa.

UMA DÉCADA DEPOIS Alerj volta a cassar mandatos

“Isso foi coisa que eu fi z para atender ao partido....”

João Peixoto é reincidenteEm 1997 o campista João Peixoto

experimentou o gosto amargo de ter seu mandato colocado em xeque. Na época, Peixoto foi acusado pela ex-secretária Valéria Beatriz de Ramos de obrigar os funcionários lotados em seu gabinete a devolver parte de seus salários para ele. O deputado também já foi acusado de desviar recursos ao auxílio-moradia, pago a depu-tados com domicílio eleitoral a mais de 100 quilômetros do Rio. Na época o valor era de R$ 2.250,00 por mês.

Outro CasoTambém acusado de decoro parla-

mentar o deputado Édino Fonseca (PR) foi outro que teve seu nome em teste no Plenário da Alerj, porém no caso do pastor a pena seria mais branda: uma suspensão por 90 dias. Por 34 votos a 25 e mais seis abstenções ele escapou da suspensão.

João Peixoto, Jane, Renata, Tucalo e Fonseca foram acusados de participar de esquema para fraudar o auxílio-educação da Alerj, que paga R$ 450 por fi lho de funcionário matriculado em escola parti-cular. Ao todo 13 deputados estão sendo investigados pelo Conselho de Ética da Assembléia Legislativa, presidido por Paulo Melo (PMDB).

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O presidente da Alerj, Jorge Picciani, durante a votação do dia 01 de abril

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P o n t o d e V i s t a

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

A Lula o que é de CésarErnesto Lindgren

prefeito César Maia declarou que com o final das chuvas,

em maio, os mosquitos desapareceriam. Insinuou que a natureza encerraria a matança de gente e inicia-ria outra, a de mosquitos. Ed Egito não gostou e foi atrás de Lula, que de ma-neira alguma iria ao Rio, seguindo para a Holanda e depois para a República Tcheca. Chegando lá não resistiu e falou de futebol, não sendo diplomático quando se dirigiu ao presidente Václav Klaus, lembrando-lhe da derrota para o Brasil na Copa de 1962. Tolice. Quem perdeu foi a Techoslováquia nascida da união forçada de tchecos e eslavos após o término da Primeira Guerra Mundial. Nada a ver, mesmo porque teria que repetir a bobagem se fosse à Eslováquia.

Ed Egito continuou com a busca sendo informado de que no dia 11/04, na Holanda, Lula deu vexame, que não foi o primeiro nem será o último, o que irritou mais ainda quem se sentia ame-açado de morte inglória. Ficou pasmo com o que soube. Pondere-se. Em 07/04 a ONU colocou na sua página na Internet as notícias sobre protestos contra os aumentos dos preços dos alimentos, destacando os ocorridos no Haiti, Costa do Marfi m, México, Egito, Mauritânia, Burkina Faso, Camarões, Senegal, Zimbábue, Marrocos, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Iêmen, Indonésia, Moçambique, Uzbesquitão, Filipinas, Paquistão, Tai lândia. Houve correria, tiros, gente morrendo. O comunicado destacou que os pobres gastam 60 a 80% da renda com alimentos e que os preços acompanham os aumentos do preço do petróleo. Ano passado 25 milhões morreram de fome e este ano 30 milhões morrerão, enfatiza. Pois não é que Lula, na presença de

um monte de gente que havia lido o relatório da ONU, como se estivesse repreendendo ignorantes assegurou: “Os pobres do mundo começaram a comer. Tem mais chineses comendo no mundo, mais indianos comendo no mundo, mais brasileiros comendo no Nordeste e na periferia do país, mais latino-americano comendo, mais gente de países pobres comendo, tem mais gente na África comendo. E tudo isso gera pressão nos alimentos (sic)”. Espigas de milho caíram esmagadas pela pressão do bafo do Lula e indianos temeram pela segurança de suas vacas quando complementou, “Na medida em que mais gente começa a comer mais carne...”.

Quase no mesmo momento em que Lula dizia essas sandices, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, conclamava o G8, o grupo das econo-mias mais industrializadas do mundo e a Rússia, a discutir o problema.

Ed Egito entendeu que a coisa ha-via ido longe demais. Arreganhou os dentes arregalando os olhos, cruzou os braços, perguntou “Cadê o Lula?” e ameaçou, “Vou parar esse sujeito antes que chegue ao Conselho de Segurança da ONU ou ao G8”.

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Papi

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PapiPress

A turma já sabe. Reunir-se na esqui-na do Casa Grande, no Portinho, onde hoje funciona o Bistrô Pé de Vento, é mais que uma mania. É um estilo de vida, para os moradores do bairro.Signifi ca encontrar amigos, sabo-rear um cerveja bem gelada, curtir a paisagem do canal Itajuru e, agora, com a nova administração da casa: comer panquecas!Werner Swododa era um desses antigos frequentadores e, quando o bistrô foi posto à venda, resol-veu assumir a casa com a fi lha Mônica. A freguesia retornou em peso, e hoje pode apreciar também as deliciosas panquecas da Mônica, que cuida pessoalmente da parte gastrônomica.“Nosso forte são as panquecas. Tem panqueca de camarão com catupiri, de presunto com queijo, de ricota com espinafre, estrogonofe de carne, e de frango com batata palha, de bacalhau. A receita é minha, é bem artesanal. Cada dia sai de um jeito”, conta, ressaltan-do que “nun dia saem gostosas e no dia seguinte fi cam melhores”, brinca.

m mais um ato de força da secretária estadual do Ambiente, foi demolida a casa construída na Rua E1, lote 30,

na praia da Ferradura. O proprietário, o dinamarquês Paul Herman Agertoff, já havia sido notifi cado em diversas oca-siões pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Cultural), pelo IEF (Instituto Estadual de Florestas) e também pela Feema (Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente).

O agente regional da Feema, Carlos Alberto Muniz, explicou que o imóvel já vinha sendo alvo de fi scalização. “Nós recebemos denúnia do Inepac e do IEF, com documentos comprovando que a construção estava em topo de morro. Em 2005 eles conseguiram a licença da prefeitura e começaram a obra, sem licença da Feema”.

Muniz diz que tanto a Feema quanto o IEF estiveram na obra solicitando a documentação, que não foi apresentada. “Inclusive a própria licença da prefeitura estava vencida já há um ano”, conta.

Medida de políciaO procurador do Estado, Rafael

Lima Daudt d’Oliveira explicou que a ação é uma medida de polícia tomada pela administração pública. “Todos os

procedimentos legais foram respeitados. Sérios danos já foram causados à área e outros estão na eminência de ocorrer. O infrator simplesmente ignorou as determinações do Poder Público e se a administração não agir de imediato, outros danos serão causados. É inequi-voco que se trata de área de preservação permanente”, afi rma.

“Praia livre, encosta livre”Segundo o secretário Estadual do

ambiente, que comandou os pessoal-mente os atos de demolição ocorridos em Búzios nos últimos dias, “acabou a moleza”. “Há duas semanas estivemos demolindo uma mansão na Praia Rasa. Hoje demolimos 12 quiosques na Tarta-ruga e agora estamos no alto da Ferra-dura 360° de vista, topo de morro, está indo abaixo. Nós precisamos proteger o patrimônio paisagístico de Búzios e resgatar a cidade para a sua vocação, que é a defesa ambiental, o eco-turismo e o emprego limpo”, declarou.

WERNER E MÔNICA com a famosa panqueca

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A casa caiu

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Niete Martinez

RAFAEL LIMA DAUDT D’OLIVEIRA O infrator simplesmente ignorou as determinações do Poder Público

Panquecas, cerveja e alto astral

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O Problema é o Modelo

A r t i g o

Luiz Antônio Nogueira da Guia. (*)

Os dois candidatos são fruto do mesmo sistema. Estiveram juntos por 12 anos e romperam porque nenhum dos dois grupos admite perder o controle sobre o município

Luiz Antônio Nogueira da Guia - (*) Professor.

esde o rompimento pessoal e políti-co entre Alair Corrêa e Marquinho Mendes, Cabo Frio vive o clima

de campanha eleitoral. A intervenção da Justiça Eleitoral esfriou o clima de tensão, mas nas duas últimas semanas a temperatura voltou a subir, deixando a cidade estarrecida com o baixo nível que tomou conta do debate político.

Os dois candidatos são fruto do mesmo sistema. Estiveram juntos por 12 anos e romperam porque nenhum dos dois grupos admite perder o controle sobre o município de maior orçamento e população da região. A caneta do prefeito de Cabo Frio tem mais tinta que a de qualquer outro líder da Região dos Lagos.

Não é uma disputa entre projetos de governo diferenciados, muito menos debate sobre progra-mas de gestão de cunho ideológico. Nada disso está em jogo. O depu-tado Alair Corrêa se queixa de estar sendo vítima da máquina po-lítica da prefeitura que ele durante oito anos usou rotineiramente contra seus adversá-rios. São métodos tí-picos do coronelismo urbano que o “aluno” Marquinho Mendes deu continuidade.

Os dois tentam aprisionar o debate em clima artifi cial e personalista, porque se dá dentro do mesmo modelo políti-co: controle sobre a mídia, inchaço da máquina administrativa, empreguismo generalizado, entrelaçamento dos inte-resses econômicos privados e públicos. Tudo isso engordado pelos generosos recursos dos royalties do petróleo.

A discussão, entretanto, deve ter outro vetor: a opção por outro modelo de gestão ética e política do município: enxugamento da máquina administra-tiva, transparência absoluta dos gastos

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públicos, prioridade para os concursos públicos, separação nítida entre o que é público e privado, respeito à liberdade de imprensa, investimentos em infra-estrutura e preparação da cidade para a era pós-royalties.

Em que modelo de cidade quere-mos viver? É uma cidade com o centro arrumadinho, com bolsões de pobreza

e uma periferia miserável? Com desem-prego generalizado? Índices cada vez maiores de violência? Trânsito caótico? Uma mini-cidade grande com todas as desvantagens da metrópole e sem uma vida cultural rica e diversifi cada. É isso que temos. É isso que queremos?

O modelo que aí está é o da crise anunciada.

Precisamos reinventar nossa cida-de.

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LivrosO mestre da prosa em dose dupla

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Octávio Perelló

Lições eternasTenho a modesta opinião de que a medicina é das profi ssões mais bacanas na face da terra. Conheço grandes médicos que a enobrecem e um punhado a mais que a desonram, mas isto se dá em todas as áreas do saber. O Juramento de Hipócrates, que resume sua ética, é ainda recitado nas cola-ções de grau de estudantes de medicina. Portanto, nada como recomendar este que foi fundador da escola médica de Cós, na Grécia antiga. Aforis-mos – Antologia (Martin Claret, 2003, 133 páginas), é a parte mais popular da obra de Hipócrates, uma monumental compilação de sua sabedoria fi losófi ca e médica. De fácil leitura, ao contrário dos garranchos médicos, pode ser lido por qualquer um interessado e, principalmente pelos profi ssionais de saúde que estejam necessi-tando de rememorar bons ensinamentos.

Censurado durante a ditadura militar brasileira pelo ex-ministro Armando Falcão, chocando negativamente meio dúzia de iletrados e positivamente milhares de amantes da boa literatura, Rubem Fonseca está sempre se superando. Recomendar a leitura de seus livros é quase que um dever cívico; em dose dupla, então! E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto (Companhia de Letras, 1997, 112 páginas) e Histórias de amor (Companhia de Letras, 1997, 135 páginas), respectivamente romance e contos, são mais duas obras-primas do autor, lançados juntos em caixa de luxo, com arte gráfi ca de alta qualidade. Vale registrar que ao relançar, somente em 1988, o seu censurado Os Prisioneiros, Rubem Fonseca e seu editor tiveram o fi no humor de incluir entre as resenhas críticas o próprio depoimento de Armando Falcão execrando a obra e o autor. Golpe de mestre.

Conexão Cabo Frio?Gilberto Dimenstein é jornalista premiadíssimo. Suas re-portagens sobre violência contra as crianças repercutiram internacionalmente. Esso, Líbero Badaró, Criança e Paz, do Unicef, são alguns dos prêmios que contabiliza esta fera que é membro do Conselho Editorial e articulista da Folha de São Paulo. E ainda escreve livros ótimos. Conexão Cabo Frio – Escândalo no Itamaraty (Brasiliense, 1989, 124 páginas), é uma seqüência de surpresas, um suspense dos bons do primeiro ao último capítulo, como um romance de espionagem, mas as informações são verdadeiras e devidamente documentadas. Dimenstein mostra o envolvimento da diplomacia brasileira numa rede de golpes praticados por uma quadrilha com ramifi cações em Nova York, Londres e Brasília – uma quadrilha de con-fi ança do próprio Itamaraty. Mas por que o sujeito foi dar um título deste ao seu livro? Não se assuste caro leitor, só lendo para saber.

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R a f a e l C a r v a l h o O P I N I Ã O

Rafael CarvalhoEstudante de Jornalismo na Universidade Veiga de Almeida

Se Educar é Construir, Faça-se Educaçãoa edição do mês de abril da “Revista Cidade”, o secretário de educação Paulo Massa disse

orgulhoso que “educação também é construção de salas de aula”. Segundo a declaração do mesmo, o atual governo, com sua gestão como secretário, chegou a incrível marca de quase cinco salas de aula construídas por semana. Há de se convir que a marca seja realmente boa. Coincidências à parte, neste mesmo mês, o Colégio Municipal Rui Barbosa, com seu prédio em con-dições precárias, completou 30 anos de existência.

Há anos, durante alguns governos, é dito que um novo prédio seria dado ao Rui Barbosa ou o atual seria ampliado. Após discussões internas, um plebiscito deu o veredicto da comunidade do co-légio: um novo prédio seria a solução ideal para quase quinhentas, das nove-centas pessoas envolvidas no dia-a-dia da escola.

Desde meados do ano de 2006, quan-do foram “reiniciadas” as conversações com o envio do resultado deste plebis-cito, o Colégio Municipal Rui Barbosa briga por um local que seja apropriado a uma escola de seu porte, escola que é considerada desde sua formação, uma escola de ensino padrão. Porém, as ten-tativas de negociação com o governo não têm tido sucesso.

O Rui sempre foi uma escola que “pegou no pé” dos governantes. Foi quem pôs a cara na rua pela briga do passe-livre na cidade e foi ele tam-bém que, ano passado, foi às ruas em passeata protestar contra a estampa do símbolo do governo em cada uma das camisas da Rede Municipal de Ensino. Foi este colégio também que participou, comparecendo a sessões da Câmara dos Vereadores, da aprovação do projeto de lei do cartão para o estudante (mesmo projeto de lei que instituiu o “Cartão Cidadão”), que, diga-se de passagem, ainda não foi executado.

O Colégio sempre fora referência e alvo do desejo de muitos, senão todos, alunos do Ensino Fundamental, não só da rede Municipal, mas o Rui é alvo também de alunos da rede Particular.

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Talvez, por sua fama de “brigão” e “rebelde” o Rui esteja sendo castigado, como insinuou Paulo Massa no ano que se passou. O secretário afi rmou, após protesto dos estudantes, em frente à prefeitura, contra a utilização de símbolo de governo, nos uniformes da rede, que estava sendo construído um prédio para o Rui Barbosa. Estava. Mas, por que não estaria mais? Por que os alunos têm consciência do que é certo e brigam por seus direitos? O senhor secretário de-veria se orgulhar por ter, na rede de sua responsabilidade, alunos que pensam e lutam por seus direitos.

Enquanto secretário e prefeitura constroem as tais cinco salas de aula por semana, alunos do Rui Barbosa são acometidos de crises alérgicas causadas por mofos nas salas que, por sua vez, são originários de infi ltrações nas paredes. Se não bastasse a falta de espaço físico, ventiladores quebrados e inutilizados só pioram a situação de ensino.

Após negociações e muitas reuniões, no fi m do ano passado, o prefeito Mar-quinho Mendes assumiu o compromisso de entregar a planta do novo colégio até fevereiro deste ano. Mas não foi o que aconteceu. Professores e alunos têm de conviver com o forte calor e com a falta de espaço e recursos físicos.

Esperamos que se cumpra tudo aqui-lo dito em inúmeras reuniões e o Colégio Municipal Rui Barbosa possa ver, ao menos, uma luz no fi m do túnel, para so-lucionar o problema que o assola durante os 30 anos de existência. Parabéns, Rui Barbosa, continue na luta!

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Unimed fecha em São Pedro da Aldeia Funcionando em São Pedro da Aldeia desde junho de 1995, a cooperativa de trabalho médico Unimed fechou as portas. A prefeitura informa que não tomou nenhuma atitude arbitrária e/ou ilegal que forçasse o encerramento da atividade da empresa no município. Segundo o secretário de Fazenda, Marco Antônio Rodrigues dos Santos, o que foi solicitado pelos fi scais públicos municipais foi o cumprimento do artigo 49 da Lei Complementar 032/2002 (Código Tributário Municipal), que trata sobre o pagamento do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN), inclusive pelas cooperativas.

Saiu o livro de GaliottoSerá no dia 07 de Junho, durante a Semana do Meio Ambiente, no Espaço Cultural e Ambiental Érico Veríssimo, em Tamoios, o lançamento do livro Natureza Intacta & Agredida, do ambientalista Ernesto Galiotto. A obra traz um levantamento ambiental de toda a Região dos Lagos e Norte Fluminense com fotos e crônicas de Galiotto.São 336 páginas com 375 fotos, a maioria delas aérea.

Budega lança livro sobre cavaquinhoFoi lançado na Casa de Cultura José de Dome – Charitas, em Cabo Frio, o livro História do Cavaquinho no Brasil, do maestro Ângelo Budega. Segundo o maestro, foram necessários 12 anos de pesquisa sobre o cavaquinho para que o livro fosse fi nalizado. “Durante a elaboração do “História do Cavaquinho no Brasil”, constatei que este instrumento foi um dos responsáveis pela formação musical que identifi ca o nosso país, assim o livro vem também como uma forma de defender o patrimônio musical brasileiro, pois juntamente com a sanfona e a viola de 10 cordas, o cavaquinho é considerado um dos pilares da nossa tradição musical”, explicou.

Esperar sentadoAs agências bancárias localizadas no estado do Rio podem ser obrigadas a oferecer cadeiras em número sufi ciente para que todos os clientes possam aguardar pelo atendimento sentados. O projeto de lei 278/07, que propõe a obrigação, foi aprovado no dia 27 de março pela Alerj - Assembléia Legislativa do Rio, e seguiu para a apreciação do governador Sérgio Cabral. Os bancos terão 90 dias, a partir da sanção da lei, para se adaptarem.

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PAULO PINTOArquiteto formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem atuado, desde então, na compo-siçao de diversos ambientes internos e externos. Atualmente dedica-se à sua loja (Casa Nativa) em Buzios,onde desenvolve projetos paisagisticos. Paralelamente, atua como designer, criando moveis e objetos de arte para as duas mais importantes fabricas de móveis de fi bras naturais do Brasil. A cadeira apresentada é criação do artista, e foi confeccionada em apui com amarrações em junco.

Galeria

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