Mai/Jun 2017 Informativo CRQ-IV A data oficial em homenagem à ... O Conselho cumprimenta os...

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Jornal do Conselho Regional de Química IV Região (SP) Ano 26 - Nº 145 Mai/Jun 2017 ISSN 2176-4409 Iupac fará congresso mundial em São Paulo Pág. 16 Divulgados os ganhadores do Prêmio CRQ-IV Pág. 10

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Jornal do ConselhoRegional de Química

IV Região (SP)Ano 26 - Nº 145Mai/Jun 2017

ISSN 2176-4409

Iupac fará congressomundial em São Paulo

Pág. 16

Divulgados os ganhadoresdo Prêmio CRQ-IV

Pág. 10

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2 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

PRESIDENTE: HANS VIERTLER

VICE-PRESIDENTE: NELSON CÉSAR F. BONETTO

1º SECRETÁRIO: LAURO PEREIRA DIAS

2º SECRETÁRIO: DAVID CARLOS MINATELLI

1º TESOUREIRO: ERNESTO HIROMITI OKAMURA

2º TESOUREIRO: REYNALDO ARBUE PINI

CONSELHEIROS TITULARES: CLAUDIO DI VITTA,DAVID CARLOS MINATELLI, ERNESTO HIROMITI

OKAMURA, JOSÉ GLAUCO GRANDI, LAURO

PEREIRA DIAS, MANLIO DE AUGUSTINIS, NELSON

CÉSAR FERNANDO BONETTO, REYNALDO ARBUE

PINI E RUBENS BRAMBILLA.

CONSELHEIROS SUPLENTES: AELSON GUAITA,AIRTON MONTEIRO, ANA MARIA DA COSTA

FERREIRA, ANTONIO CARLOS MASSABNI,GEORGE CURY KACHAN, JOSÉ CARLOS OLIVIERI,MASAZI MAEDA E SÉRGIO RODRIGUES.

CONSELHO EDITORIAL: HANS VIERTLER E CLAUDIO

DI VITTA

IMAGEM DA CAPA: FREEPIK

JORNALISTA RESPONSÁVEL:CARLOS DE SOUZA (MTB 20.148)

ASSIST. COMUNICAÇÃO:JONAS GONÇALVES (MTB 48.872)

ASSIST. ADMINISTRATIVA: MARIELLA SERIZAWA

CONTATOS: 11 3061-6059 E

[email protected]

EDITORIAL

Informativo CRQ-IVUma publicação do Conselho

Regional de Química IV Região

Rua Oscar Freire, 2.039 – SP/SPTel. (11) 3061-6000 - www.crq4.org.br

EXPEDIENTE

Será em 30 de junho a tradicional cerimônia que o Conselho promove paracomemorar o Dia do Profissional da Química. A data oficial em homenagem àcategoria é 18 de junho, numa referência à publicação da Lei 2.800, que criou oSistema CFQ/CRQs. Na mesma oportunidade, serão celebrados os 60 anos deinstalação do CRQ-IV, ocorrido em 1 de agosto de 1957.

Para ampliar a divulgação dessas datas, o Conselho veiculará na edição destemês da revista Química e Derivados o anúncio reproduzido na página ao lado. Eno período de 15 de julho a 15 de agosto, para ressaltar a importância do Profis-sional da Química no contexto tecnológico nacional, o Conselho veiculará umbanner no site www.quimica.com.br, mantido pela mesma editora da revista.

A cerimônia será realizada na sede do Conselho e incluirá a entrega do Prê-mio CRQ-IV para estudantes, professores e representantes de instituições deensino. Também estão previstas entregas do Selo de Qualidade para cursos man-tidos por escolas da Capital e Interior. O Selo é um programa lançado há dez anospelo Conselho é que objetiva oferecer um instrumento de identificação e certifi-cação das escolas comprometidas com a qualidade de ensino. Por fim, a cerimô-nia também vai abrigar a entrega de prêmios aos estudantes ganhadores da Olim-píada Paulista de Química, disputa acadêmica voltada para alunos do NívelMédio e organizada pela seção paulista da Associação Brasileira de Química.

O Conselho cumprimenta os profissionais e estudantes e deseja que, apesardas crises política e econômica que o País atravessa, todos alcancem os objetivosque traçaram para suas carreiras.

O CRQ-IV e o Sinquisp promove-ram no dia 23 de maio o “Fórum deDiscussão sobre RDC nº 47/2013”,que trata das Boas Práticas de Fabri-cação no setor de saneantes. Voltadoa profissionais da área, o encontrobuscou esclarecer vários pontos daresolução editada pela Agência Naci-onal de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Apesar de a normativa estar em vi-gor desde outubro de 2013, ainda geravárias dúvidas e dificuldades para sertotalmente implementada pelas empre-sas, notadamente as de menor porte, se-gundo avaliou o Químico Miguel An-tônio Sinkunas, integrante da ComissãoTécnica de Saneantes do CRQ-IV.

Cerimônia celebrará oDia do Profissional da Química

Fórum discutiu Boas Práticasnas indústrias de saneantes

CRQ-IV

A primeira das várias palestras pro-gramadas para o evento foi proferidapelo Bacharel em Química Assesio Fa-chini Júnior (foto), gerente industrialda empresa Thech Desinfecção, deCotia. Falando sobre a evolução dasnormas relativas às Boas Práticas deFabricação, ele comentou que a RDC47 representa “uma harmonização como regulamento técnico do Mercosulpara a fabricação de produtos sanean-tes, eliminando o roteiro de inspeção etendo maior foco na avaliação de ris-cos e no gerenciamento da qualidade”.

A reportagem sobre o evento estápublicada na página http://bit.ly/2rgEhtO do site do Conselho.

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Informativo CRQ-IV – 3Mai/Jun 2017

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4 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

REPELENTES

Com o apoio do Sindicato dos Quí-micos, Químicos Industriais e Enge-nheiros Químicos do Estado de SãoPaulo (Sinquisp), a Comissão de Cos-méticos do CRQ-IV promoveu dia 06de abril, no auditório da entidade, a se-gunda edição do Seminário sobre Re-pelentes. Realizado pela primeira vezno ano passado, o evento, com cercade 80 profissionais e estudantes inscri-tos, teve ao longo do dia apresentaçõesde especialistas que abordaram tendên-cias em Pesquisa & Desenvolvimentode produtos repelentes, além de aspec-tos mercadológicos e regulatórios.

O primeiro palestrante foi o ento-mologista e pesquisador João PauloCorreia Gomes, que detalhou a epide-miologia de cinco doenças: malária,dengue, chikungunya, zika e febre ama-rela. Ao destacar esta última, fez umalerta sobre os casos recentes (em es-pecial, no estado do Rio de Janeiro) e aimportância da vacinação, especialmen-

te para aqueles que precisam ir até al-guma localidade dentro da chamada“área endêmica” (regiões Norte e Cen-tro-Oeste do Brasil).

Segurança e toxicidade dos repelen-tes foram os principais assuntos na pa-lestra da Química Maria Inês Harris, di-retora do Instituto Harris, empresa espe-cializada em avaliação de segurança deprodutos e ingredientes. Segundo ela, amaior parte dos produtos cosméticos dis-poníveis no mercado não são devidamen-te testados antes de chegarem ao consu-midor final. Maria Inês salientou que ostestes são decisivos para detectar possí-veis toxicidades que podem causar irrita-bilidade ocular ou cutânea, por exemplo.

A Engenheira Química Enilce Mau-rano Oetterer, integrante da Comissãode Cosméticos do CRQ-IV, apresentouo panorama atual do uso de repelentesno Brasil, que é o 4º maior mercadoconsumidor do produto no mundo, atrássomente dos EUA, do Canadá e da Ar-

gentina. De acordo com a profissional,que é diretora da consultoria Encosmé-tica, entre os fatores que afetam o mer-cado global estão o crescimento da in-cidência de doenças transmitidas pormosquitos, o aumento da temperaturaglobal e as ações de marketing e posi-cionamento estratégico das empresasfabricantes.

Seminário no Conselho discutiu P&D,regulação e tendências de mercado

Ocorrido em abril, evento foi organizado pela Comissão de Cosméticos

Gomes falou sobre epidemias

Brasil é o 4º maior consumidor, destacou Enilce

Fotos: CRQ-IV

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Informativo CRQ-IV – 5Mai/Jun 2017

REPELENTES

Encerrando o primeiro ciclo, o mé-dico pediatra Anthony Wong, especi-alizado em toxicologia, apresentou as-pectos clínicos no uso de repelentes eos principais tipos disponíveis no mer-cado, tais como o óleo de eucalipto-li-mão e a citronela. Wong é diretor médi-co do Centro de Assistência Toxicoló-gica (Ceatox) do Instituto da Criança,vinculado ao Hospital das Clínicas (HC)da Faculdade de Medicina da USP.

O bloco foi concluído com uma ro-dada de perguntas aos palestrantes, fei-tas pelo público.

SEGUNDO BLOCO – A programação datarde foi aberta com a palestra “Pers-pectiva global: novas tecnologias de

Os arquivos contendo asapresentações feitas durante

o seminário podem serbaixados a partir da seção

“Downloads” do sitewww.crq4.org.br.

formulações e aplica-ções”, ministrada pelaEngenheira QuímicaSilvana Kitadai Naka-yama, gerente de Tec-nologia de Aplicaçãopara a América Latinada multinacional Mer-ck. Ela apresentou asmais recentes tendênci-as do mercado de repe-lentes, que teve umcrescimento acentuadoem decorrência do au-mento de casos de zikavírus, ocorrido no ano passado. Deacordo com a Engenheira, alguns dosprodutos que tiveram um crescimentosignificativo na demanda foram os pro-tetores solares que incluem proteçãocontra insetos e os repelentes para usoprofissional, utilizados como equipa-mentos de proteção individual.

A última palestra do encontro ficoua cargo da pesquisadora Marcia Regi-na Ranzani, do Laboratório ASR, queapresentou estudos de eficácia de pro-dutos cosméticos repelentes de insetos.Os principais eixos da palestra foram:legislação brasileira, metodologias paraavaliar a eficácia e fatores que influen-ciam no tempo de repelência.

O seminário foi encerrado com umarodada de perguntas direcionadas pe-los participantes às palestrantes do se-gundo bloco.

EXPECTATIVAS – A Bacharel em Quími-ca Izabel Cristina Borem da Silva, deSanto André, trabalha como pesquisa-dora no desenvolvimento de formula-ções na Kimberly-Clark, sediada emSuzano. Para ela, o seminário foi alémdas expectativas em termos de aquisi-ção de conhecimentos. “O evento foimuito esclarecedor por ter dado umpanorama completo, desde o desenvol-vimento das formulações, passandopela escolha dos ingredientes, até osaspectos mercadológicos, relacionadosao consumidor final”, salientou.

Silvana, gerente de tecnologia da Merck

Wong, diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica do HC

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6 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

LITERATURA

Para participar do sorteio das obras doadas pela Cengage Learning, marcado para 26/06/2017, envie ume-mail para [email protected], informando seu nome, CPF e endereço residencial com CEP. No

campo “Assunto” da mensagem escreva a palavra “Sorteio” e o título de interesse. Remeta e-mailsseparados se quiser concorrer a mais de um livro. Podem participar profissionais e estudantes.

Importante: o código promocional só poderá ser usado uma vez.Assim, se quiser adquirir os dois livros será preciso que o faça numa única compra.

Promoção sorteará livros sobremetodologia científica e inorgânica

Um dos objetivos do livro escrito por Glen Rodgers é des-crever as várias aplicações da química inorgânica e levantardiscussões sobre assuntos como envenenamento por metaispesados e seus antídotos, agentes quelantes antitumor, a eco-nomia do hidrogênio, fusão nuclear, radioquímica, o efeitoestufa, água dura, fogos de artifício, entre outros.

O livro custa R$ 234,90, mas os leitores do Informativoque o adquirirem até 30/07/2017 terão desconto de 30%.Para tanto, acesse http://bit.ly/2pcPk6t e use o código pro-mocional D24A344C-C.

Escrito por João Almeida Santos e Domingos Parra Fi-lho, o livro Metodologia Científica destina-se a estudantesde graduação e pós-graduação das mais variadas áreas. Aobra explica como organizar a estrutura de uma monografia,incluindo dicas sobre apresentação de tabelas e gráficos, no-tas de rodapé e elaboração de referências bibliográficas.

O livro custa R$ 58,00, mas os leitores do Informativoque o adquirirem até 30/07/2017 terão desconto de 30%.Para tanto, acesse http://bit.ly/2pTihDw e use o código pro-mocional D24A344C-C.

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Informativo CRQ-IV – 7Mai/Jun 2017

TECNOLOGIA

Um workshop realizado no Institu-to de Química de Araraquara (SP), nosdias 9 e 10 de março, deu início aostrabalhos de dois Institutos Nacionaisde Ciência e Tecnologia (INCTs) se-diados na Universidade Estadual Pau-lista (Unesp).

Os novos centros, que deverão atuarpelos próximos seis anos, são o Institu-to Nacional de Tecnologias Alternativaspara Detecção, Avaliação Toxicológicae Remoção de Contaminantes Emergen-tes e Radioativos (INCT-Datrem) e o Ins-tituto Nacional de Ciência e Tecnologiaem Biodiversidade e Produtos Naturais(INCT-Bionat).

O INCT-Datrem congrega inicial-mente 20 pesquisadores de instituiçõespaulistas e 12 cientistas de outros esta-dos, incluindo grupos das universida-des federais de Sergipe, Rio de Janeiroe Grande Dourados (MS).

“Nossa proposta inicial era trabalharcom contaminantes que afetam a água,que ainda são um problema muito gran-de no país, mas acabamos percebendoque também há questões sérias ligadasà importação e exportação de produtosenvolvendo os chamados micropoluen-tes”, disse a coordenadora do INCT-Datrem, Maria Boldrin Zanoni, profes-sora no Instituto de Química da Unesp.

Essa categoria inclui itens tão diver-sos como resíduos de hormônios e fár-macos, pesticidas, retardantes de cha-ma e corantes, que podem ser prejudi-ciais à saúde humana e animal mesmoquando estão presentes em concentra-ções muito pequenas.

“São moléculas que podem estar naágua, no esgoto doméstico e em efluen-tes industriais, por exemplo, e existe umaatenção cada vez maior das agências

reguladoras em relação à presença de-las. Se alguém tentar exportar um teci-do que contenha certas aminas aromáti-cas [derivadas de corantes, são substân-cias com efeito potencialmente cancerí-geno], por exemplo, ninguém compra”,disse Zanoni.

Além dessa análise do ciclo de vidados poluentes e de seus efeitos sobreorganismos vivos, a equipe estudaráainda processos mais rápidos e baratospara detectar sua presença no ambien-te, incluindo o desenvolvimento de sen-sores mais seletivos e específicos e no-vos reatores para o tratamento de água.

BIODIVERSIDADE – O INCT-Bionat, porsua vez, tem como objetivo entendermelhor os organismos da biodiversida-de brasileira. A professora VanderlanBolzani, coordenadora da unidade, dis-se que, apesar da enorme diversidadede espécies no Brasil, “percebemos queos pesquisadores que trabalham comquímica de produtos naturais acabammuitas vezes estudando sempre as mes-

mas plantas”. Por isso, segundo ela, aideia é criar uma grande base de dadosreunindo as dezenas de milhares de es-tudos já publicados sobre o tema e, depreferência, disponibilizá-la aos interes-sados por meio da internet.

Um dos destaques do INCT-Bionatserá o estudo de moléculas obtidas deplantas medicinais do Nordeste, condu-zido pelo vice-coordenador do institu-to, Edilberto Rocha Silveira, da Univ.Fed. do Ceará. “Não podemos revelarainda quais são as plantas por causa dopotencial comercial”, explicou Bolzani.

A análise de substâncias com promis-sor efeito antitumoral ficará a cargo deLeticia Lotufo, da USP. Já a área de bi-ossíntese será coordenada por MaysaFurlan, da Unesp de Araraquara.

“Esse é um dos grandes gargalos daquímica de produtos naturais porque,sem isso, fica difícil obter as substân-cias em grande escala”, disse Bolzani.Fazer novas coletas de espécies vege-tais potencialmente úteis também estános planos da equipe.

INCTs pesquisarão poluentes emoléculas da biodiversidade

Unesp de Araraquara abriga evento de inauguração de novos institutos

Marcos Jorge/Unesp

As coordenadoras dos novos INCTs, Vanderlan Bolzani (Bionat) e Maria Zanoni (Datrem)

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8 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

ARTIGO

A utilização de revestimentos de zincocomo forma de proteção catódica em aços éuma prática já consolidada na atualidade. Suaatuação como ânodo de sacrifício permite queo mesmo seja corroído preferencialmente emrelação ao metal base (aço), precipitando hi-dróxidos e óxidos de zinco, formando umabarreira protetora bastante efetiva em termosde resistência à corrosão. Os aços revestidoscom zinco possuem uma ampla faixa de apli-cações, como em construção civil e na pro-dução de peças na indústria automobilística.

Para melhorar as características proteto-ras dessas superfícies, a passivação tem sidoum método bastante utilizado. Este procedi-mento retarda o aparecimento de corrosãobranca, que normalmente ocorre em aços eletrogalvaniza-dos, conferindo estabilidade superficial ao material. Esta pas-sivação é feita, em sua grande maioria, por meio de um tra-tamento de conversão, utilizando para isso eletrólitos con-tendo sais de cromo hexavalente.

Um dos principais problemas que se atribui à utilização debanhos contendo sais de cromo hexavalente é a toxicidade domesmo. A exposição ao íon Cr6+ pode ocorrer por meio deinalação, contato com a pele ou por ingestão. Ela pode ocor-rer nas atividades das empresas metalúrgicas por meio da res-piração no ambiente de trabalho contaminado, gerando gra-ves problemas à saúde humana, que vão desde a danificaçãodo septo nasal até o desenvolvimento do câncer de pulmão.Os efeitos do íon cromo hexavalente variam principalmentecom as espécies e as quantidades absorvidas pela correntesanguínea, a duração e a rota da exposição. Por estas razões,deve ser banido de uso industrial.

Na mídia, diariamente nos defrontamos com notícias so-bre diferentes faces desta questão. Esta situação não é nova;a novidade é a intensidade com que os problemas ambien-tais vêm ocorrendo. Bens naturais como água, solo e ar con-taminam-se de forma extremamente rápida e, dependendodo meio a que são expostos, a contaminação pode ser irre-versível e catastrófica. Os recursos naturais estão cada vezmais escassos e, atualmente, são afetados pelos processosde utilização, exaustão e degradação, decorrentes de ativi-dades públicas ou privadas.

A busca por um substitutopara o cromo hexavalente

por Celia Tomachuk

Ilustração: Claudio di Vitta

A legislação exige cada vez mais respeito e cuidado como meio ambiente, exigência essa que conduz a uma maiorpreocupação por parte das empresas. Organizações não-governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo ocumprimento da legislação ambiental, a minimização deimpactos, a reparação de danos ambientais ou a implanta-ção de novos empreendimentos ou atividades. Além disso,compradores de produtos intermediários exigem cada vezmais produtos que sejam produzidos em condições ambi-entais favoráveis. A imagem da empresa que não se preo-cupa com a questão ambiental é altamente comprometidana visão de consumidores, acionistas, fornecedores e auto-ridades públicas. A demanda por produtos fabricados deforma ambientalmente compatível cresce mundialmente, emespecial nos países industrializados. Os consumidores e em-presários tendem a rejeitar serviços e produtos que agri-dam ao ambiente.

As camadas de conversão obtidas a partir de banhos con-tendo Cr6+ possuem um grande percentual de Cr3+ em suacomposição. Por isso, são investigadas camadas obtidas apartir de banhos contendo sais de Cr3+ para a proteção con-tra a corrosão de aços como substituto das camadas de Cr6+.Os mercados nacional e internacional já oferecem esses pro-dutos, que são menos tóxicos, porém podem ser oxidados acromo hexavalente com o passar do tempo.

A revisão de literatura mostra que, embora muito esforçoesteja sendo despendido para encontrar um substituto ambien-

íon cromato

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Informativo CRQ-IV – 9Mai/Jun 2017

ARTIGO

talmente amigável para o tratamento de conversão à base decromatos, as formulações alternativas disponíveis ainda nãoapresentam desempenho anticorrosivo semelhante, e isto nãosó para a proteção de aço galvanizado como também paraoutros metais. Isto ocorre porque as camadas de cromatiza-ção, além da proteção por efeito barreira, oferecem proteçãoativa ao substrato (self-healing).

Os “metais oxiânions” análogos ao cromato tais comomolibdatos, vanadatos, tungstatos, silicatos, silanos e me-tais terras-raras têm sido pesquisados como potencial subs-tituto ao Cr6+, provavelmente por se esperar que, pelas simi-laridades químicas, estes ânions apresentem o mesmo tipode proteção ativa oferecido pelos cromatos.

Tratamento de conversão à base de metais terras-raras éum processo que vem sendo muito estudado. Dentre elespodem-se citar o cério, o neodímio e o praseodímio; porém,o mais estudado até então é o cério. O filme passivante obti-do é bem mais resistente que o de molibdato, sua natureza éatóxica, seu processo de produção é ecologicamente corretoe o filme pode ser depositado em todo tipo de superfície.Pesquisas recentes mostram inovações como aplicação defilme de cério nanoparticulado, adição de materiais compó-sitos (silanos ou silicatos) ao filme de cério com objetivo deaumentar ainda mais sua propriedade de resistência à corro-são, tornando-o comparável ao filme de cromato.

Assim, a busca por alternativas é urgente para as indús-trias de tratamento de superfícies metálicas, o que traz bene-fícios para a região em que estas se encontram instaladas. Amaior aceitação no mercado mundial de produtos fabrica-dos por tecnologia limpa, por sua vez, favorece o desenvol-vimento das empresas que lidam com este tipo de tecnolo-gia e o aquecimento da economia local.

E é nesta busca que o projeto Development and charac-terization of chromium-free layers applied on galvanisedsteel, em parceria com a University of Surrey, UK, contem-plado pelo programa - SPRINT - São Paulo Researchers inInternational Collaboration - da FAPESP irá se concentrar.

As alternativas que estão sendo investigadas são eletróli-tos contendo sais de cério e/ou sais de zircônio com adiçãode siloxanos utilizando o processo de deposição química. Arealização de ensaios de corrosão aliados à caracterizaçãodos materiais para entender a composição e a morfologiados novos revestimentos obtidos com diferentes condiçõesde processo permitirá compreender a relação entre as pro-priedades e a estrutura dos novos sistemas obtidos. Espera-se, também, aperfeiçoar o processo de obtenção de revesti-mentos isentos de íons cromo conciliando os seguintes fato-res: efeitos toxicológicos e ambientais; viabilidade técnica eeconômica e desempenho frente à corrosão compatível aodo cromo hexavalente.

Vale ressaltar que o programa SPRINT da FAPESP visaestabelecer o intercâmbio entre pesquisadores de InstituiçõesEstaduais Paulistas e pesquisadores do exterior com o objeti-vo de promover avanços em resultados de pesquisas de gran-de relevância para o mundo científico. O projeto prevê a mo-bilidade de alunos e docentes entre as instituições.

A autora tem doutoradona área de Materiais e

Processos deFabricação pelaUNICAMP, compós-doutorado

realizado na UNICAMP,Università degli Studidi Napoli “Federico II”

e no IPEN.É professora-doutora do Departamento de

Ciências Básicas e Ambientais da Escola deEngenharia de Lorena da USP. Contatos podem

ser feitos pelo e-mail [email protected] referências bibliográficas estão relacionadas

na versão on-line deste artigo.

Simone Colombo/EEL

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10 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

ESTUDANTES

Os trabalhos vencedores da edição 2017 do Prêmio CRQ-IV foram definidosdurante sessão do Plenário do Conselho ocorrida em 23 de maio. A premiaçãoocorrerá durante cerimônia marcada para o dia 30 de junho, na sede da entidade.Na oportunidade, também serão comemorados o Dia do Profissional da Quími-ca – que oficialmente é 18 de junho, numa referência à data de publicação daLei 2.800, que criou o Sistema CFQ/CRQs – e também os 60 anos de instalaçãodo CRQ-IV, ocorrida em 1 de agosto de 1957.

O Prêmio CRQ-IV é um concurso público voltado a estudantes de cursostécnicos e superiores da área Química, ministrados no estado de São Paulo.Os autores dos melhores trabalhos recebem R$ 7 mil; seus orientadores, R$4,5 mil. Ambos e os representantes das instituições de ensino de origem tam-bém ganharão certificados. Dos valores em dinheiro serão descontados osimpostos pertinentes.

A partir deste ano, o prêmio passou a ser dividido em três modalidades:Química de Nível Médio (cursos técnicos), Química de Nível Superior (queaglutina os cursos de Licenciatura, Bacharelado e de Tecnologia) e Engenha-ria da Área da Química.

A modalidade Química de Nível Médio também passou por uma mudançaneste ano. Os temas dos trabalhos – que até então eram livres – ficaram restritosa três áreas: Nanotecnologia, Biotecnologia e Agroquímica. Para as demais mo-dalidades, os temas continuaram sendo livres. Apesar da restrição, a modalidadeenvolvendo alunos de cursos técnicos continuou sendo a mais disputada, tendorecebido 25 do total de 41 trabalhos inscritos.

Confira na página ao lado os nomes dos vencedores. Seus trabalhos ficarãodisponíveis para consultas na Biblioteca do CRQ-IV.

A professora doutora Joana D’ArcFélix de Sousa, da ETEC Prof. Car-melino Corrêa Júnior, da cidade deFranca, alcançou neste ano sua ter-ceira conquista do Prêmio CRQ-IVcomo orientadora. Trabalhos produ-zidos por seus alunos foram os vence-dores na modalidade Química de Ní-vel Médio nos anos de 2014 (“Pelehumana para transplantes e testes far-macológicos”) e 2015 (“Fertilizantesorganominerais sustentáveis a partirde resíduos sólidos do setor coureiro-calçadista de Franca”).

A nova premiação soma-se às maisde 50 que a professora já conquistouao longo de sua vitoriosa carreira, quefoi, aliás, tema de reportagens feitas pe-los portais G1 (https://glo.bo/2q6DVpC)e UOL (http://bit.ly/2r0hD89).

Anunciados osvencedores da

edição 2017Entrega dos prêmios ocorrerá

em 30 de junho

Professoraconquista o tri

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Informativo CRQ-IV – 11Mai/Jun 2017

ESTUDANTES

Química de Nível MédioCimento ósseo a partir da reciclagem de

resíduos das indústrias coureira e pesqueira

Autoras: Sabrina Aparecida Miranda e Verônica MarquesOrientadora: Joana D’Arc Félix de SousaInstituição: Etec Prof. Carmelino Corrêa Júnior - FrancaSíntese: O cimento ósseo produzido a partir da extração decolágeno gelificado e hidroxiapatita de resíduos dos citadossetores apresentou similaridade química e morfológica comas partes mineral e orgânica dos tecidos ósseos humanos.Isso permitirá sua aplicação, a baixo custo, em reconstitui-ções, transplantes, cirurgia plástica, ortodontia, tratamentode tumores etc.

Lindomar Cailton

Alex Silva

Alex Silva

Engenharia QuímicaEspumas de carbono nano-microporosas

de origem sustentável

Autora: Natália Alberti GuedesOrientadores: Guilherme Lenz e Silva e Gisele LabatInstituição: Escola Politécnica da Univ. de São PauloSíntese: O processo de polpação Kraft gera 130 milhões detoneladas de licor negro anualmente, volume que tem ten-dência de alta. O projeto propõe a utilização desse resíduode forma integral na produção de materiais porosos de car-bono e a recuperação dos sais do processo. Esses materiaispossuem amplo uso industrial, que vão de filtros para purifi-cação da água a aplicações aeroespaciais.

Química de Nível SuperiorBisfenol-A em recibos eletrônicos - Um perigo ocultoinvestigado por meio da nanotecnologia magnética

Autores: João Victor Mattioni e Leonardo Hideki HasimotoOrientadores: Henrique Eisi Toma e Ulisses CondomittiInstituição: Instituto de Química da Univ. de São PauloSíntese: Nocivo à saúde humana, o BPA ainda está presenteem diversos produtos de uso diário, como o papel onde sãoimpressos os recibos de caixas eletrônicos. Descartado, opapel entra no ciclo de contaminantes do meio ambiente. Apesquisa propôs o uso de nanopartículas para fazer o trata-mento de efluentes contaminados com BPA, conjugando acaptura com seu confinamento magnético.

Verônica Marques, a professora Jona D’Arc e Sabrina Aparecida de Miranda

Henrique Toma, Leandro Hasimoto, João Mattioni e Ulisses Condomitti

Guilherme Lenz e Silva, Natália Alberti Guedes e Gisele Labat

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12 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

SBQ

A Sociedade Brasileira de Química(SBQ), uma das sociedades científicasmais importantes do País, comemora 40anos de atividades em 2017. A entida-de foi fundada em 8 de julho de 1977,durante a reunião anual da SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência(SBPC) ocorrida na Pontifícia Univer-sidade Católica de São Paulo, por cer-ca de 70 professores e estudantes.

Presidida atualmente por Aldo JoséGorgatti Zarbin, professor da Univer-sidade Federal do Paraná, a SBQ irácomemorar seu aniversário durante o46º Congresso Mundial de Química daIUPAC (também destacado nesta edi-

ção), a ser realizado de 9 a 14 de julhoem São Paulo. Em paralelo, serão rea-lizadas a 40ª reunião anual da SBQ e a49ª Assembleia Geral da IUPAC.

HISTÓRIA – As origens da SBQ remon-tam à segunda década do século XX.Em 1922, no Rio de Janeiro, foi funda-da a “Sociedade Brasileira de Chimi-ca” que, em 1931, teve seu nome alte-rado para “Sociedade Brasileira de Quí-mica”. Vinte anos mais tarde, a antigaSBQ se fundiu à Associação Químicado Brasil (AQB, criada em 1940), dan-do origem à Associação Brasileira deQuímica (ABQ), existente até hoje.

A ideia da fusão foi sugerida em1944 por associados da SBQ, cuja sedehavia sido destruída por um incêndiono ano anterior. Consultada, a AQBacreditava que haveria obstáculos paraas devidas adequações estatutárias e osentendimentos não prosperaram.

No entanto, em 1950, associadosdas duas entidades se organizaram parareivindicar novamente a fusão, vistoque ambas tinham, segundo eles, asmesmas finalidades. O resultado dasdiscussões promovidas por uma comis-são mista das duas agremiações cientí-ficas foi a criação da ABQ, em 10 deagosto de 1951.

No decorrer dos anos, porém, algunsintegrantes da entidade sentiram-se des-prestigiados pelas ações da associaçãoque, segundo avaliavam, eram em suamaioria voltadas para o setor industrial,relegando ao segundo plano as áreas deensino e pesquisa.

Tal insatisfação culminou na cisãoocorrida em 1977 e que teve entre seuslíderes os professores Simão Mathias(1908-1991), Jacques Danon (1924-1989) e Ricardo Ferreira (1928-2013).

Mathias, aliás, foi o primeiro presi-dente da nova SBQ. Ao lado dele esta-vam Eduardo Peixoto, Secretário; eEtelvino Bechara, Tesoureiro. Em2003, Bechara venceu o Prêmio FritzFeigl, conferido pelo CRQ-IV (http://bit.ly/2r7Cseq).

No primeiro ano de atividades, a en-tidade teve a adesão de 239 professorese 78 estudantes. As primeiras ações naelaboração do estatuto, concentraram-seno lançamento da revista Química Novae na organização da primeira reuniãoanual da associação, ocorrida em julhode 1978, na Capital paulista.

Entidade comemora 40 anos decriação com congresso da Iupac

Sociedade foi criada em 1977 para fomentar a pesquisa e o ensino

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Informativo CRQ-IV – 13Mai/Jun 2017

SBQ

A Sociedade Brasileira de Químicatem como objetivos principais “o de-senvolvimento e a consolidação da co-munidade química brasileira, a divul-gação da Química e de suas importan-tes relações, aplicações e consequênci-as para o desenvolvimento do País epara a melhoria da qualidade de vidados cidadãos”.

A associação é uma das entidadesque integram o Comitê Brasileiro paraAssuntos de Química (CBAQ), criadoem 24 de junho de 1988 para represen-tar o País junto à União Internacionalde Química Pura e Aplicada (IUPAC,na sigla em inglês). Também integramo CBAQ representantes da ABQ, daAssociação Brasileira de EngenhariaQuímica, da Associação Brasileira daIndústria Química e da Associação Bra-sileira de Polímeros.

ORGANIZAÇÃO – Com sede em São Pau-lo, na Cidade Universitária da USP, aSBQ mantém 22 secretarias regionais.Elas cadastram novos sócios, atendemaos já associados em suas áreas de atua-ção e promovem ações de divulgação.As diretorias são compostas por umsecretário, um vice-secretário e um te-soureiro, que são eleitos pelos sóciosefetivos cadastrados nas respectivassecretarias para mandatos de dois anos.

A SBQ possui representações regio-nais nos estados de Alagoas, Amazonas,Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará,

Paraná, Pernambuco, Rio de Ja-neiro, Rio Grande do Norte, RioGrande do Sul, Roraima e SantaCatarina, além do Distrito Fede-ral. No estado de São Paulo, pos-sui duas regionais: a de Campi-nas e a do Interior Paulista. Estaúltima leva o nome do professorWaldemar Saffioti (1922-1999)que, em 1960, criou o curso deQuímica da antiga Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras deAraraquara, que deu origem, em1977, ao atual Instituto de Quími-ca da Unesp. O estado de MinasGerais conta com uma secretariaregional na cidade de Viçosa.

A sociedade mantém, ainda, 13 divi-sões científicas que congregam os filia-dos em suas diferentes áreas de atuação:Alimentos e Bebidas, Catálise, Eletro-química e Eletroanalítica, Ensino deQuímica, Físico-Química, Fotoquímica,Produtos Naturais, Química Ambiental,Química Analítica, Química de Materi-ais, Química Inorgânica, Química Me-dicinal e Química Orgânica. Essas divi-sões promovem workshops e congres-sos específicos bianuais. As diretoriassão eleitas a cada dois anos e são consti-tuídas por diretor, vice-diretor e tesou-reiro.

A divisão de publicações da SBQ éresponsável pela já citada Química Novae pelos seguintes periódicos: o BoletimInformativo (atual Boletim Eletrônico daSBQ), criado em 1982; Journal of the

Brazilian Chemical Society (publicadodesde 1990); Química Nova na Escola(1995); Revista Virtual de Química(2009 - http://rvq.sbq.org.br/); e o siteQuímica Nova Interativa (2009 - http://qnint.sbq.org.br/novo/). Além disso,mantém a Editora SBQ, voltada à publi-cação de livros, e o portal de jogos QuiD+(http://quid.sbq.org.br/).

A entidade organiza diversos even-tos destinados a debater o ensino e apesquisa na área, além de abrir espaçopara apresentações de trabalhos cientí-ficos. O primeiro encontro de âmbitonacional para discutir o ensino da Quí-mica no Nível Médio foi realizado em1982. Desde então, outros encontroseducacionais foram promovidos, comdestaque para os atuais workshops degraduação e pós-graduação, vários de-les realizados na sede do CRQ-IV.

Professor Simão Mathias, primeiro presidente da SBQ

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14 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

SBQ

Professor do Departamento de Química da UniversidadeFederal do Paraná (UFPR) desde 1998, Aldo José GorgattiZarbin graduou-se em Química pela Unicamp em 1990. Namesma universidade, obteve o mestrado (1993) e o doutora-do (1997). Na UFPR, é também líder do Grupo de Químicade Materiais da instituição. Além da SBQ, Zarbin é membrode várias outras associações científicas, como SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência, Sociedade Brasilei-ra de Pesquisa em Materiais, American Chemical Society eMaterials Research Society.

Na SBQ, antes de assumir o cargo de presidente, foi dire-tor da Divisão de Química de Materiais (2008-2010), secretá-rio geral (2012-2014) e presidente sucessor (2014-2016). Tam-bém ocupou os cargos de editor associado da revista Quími-ca Nova (2008 a 2016) e editor do Boletim Eletrônico (2012-2014). Atualmente, é vice-coordenador do Instituto Nacionalde Ciência e Tecnologia de Nanomateriais de Carbono.

Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao Infor-mativo CRQ-IV.

Informativo - Quais foram as principais contribuições daSBQ para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa naárea da Química nesses 40 anos?Aldo José Gorgatti Zarbin - A SBQ teve um papel centralna consolidação do sistema de pós-graduação em Químicano País e nas discussões de toda a base curricular dos cursosde graduação. As preocupações com todos os aspectos rela-cionados à formação de recursos humanos na área da Quí-mica, seja em nível técnico, de graduação ou pós-gradua-ção, fazem parte do DNA da SBQ.

Nesse período de 40 anos, a SBQ criou fóruns de discus-são envolvendo coordenadores de curso em todos os níveis,por meio dos quais foram elaboradas propostas. Somos aentidade de referência no ensino de Química, reconhecidapelo Ministério da Educação, e temos cadeira cativa em to-das as discussões relacionadas. A SBQ catalisa debates ediscussões sobre o tema, tanto nas suas reuniões anuais quan-to nas reuniões de diretoria e conselho, além dos eventosorganizados com esse fim específico.

Com relação à pesquisa em Química, além do incentivo àpós-graduação citado, a SBQ foi extremamente atuante e pro-positiva, contribuindo na discussão de grandes projetos defomento, como o Programa de Apoio ao DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (PADCT), o Programa de Apoio aNúcleos de Excelência (Pronex) e os Institutos Nacionais de

Ciência e Tecnologia (INCTs); encontrando gargalos e suge-rindo ações, como nos Eixos Mobilizadores em Química;mantendo a regularidade e qualidade das suas publicaçõescientíficas, como as revistas Química Nova e Journal of theBrazilian Chemical Society, entre inúmeras outras ações.

Informativo - Como o senhor vê atualmente a qualidadedo ensino de Química no Brasil e a formação dos profes-sores na área?Zarbin - Os ensinos de graduação e pós-graduação são dealto nível, compatível com o que há de melhor no mundo,embora algumas amarras e um certo tradicionalismo aindaemperrem uma formação mais abrangente e diversificada.Com relação ao Ensino Médio, o problema é generalizadono País e não só na área da Química; estamos muito distan-tes do suficiente. Os professores não têm, infelizmente, adevida valorização, o tempo necessário para trabalhar, a in-fraestrutura adequada para o ensino de uma ciência funda-mentalmente experimental, o que reflete diretamente na qua-lidade do ensino.

Zarbin fala sobre as contribuições daentidade para o avanço da ciência

Aldo Zarbin ocupou vários cargos na SBQ antes de assumir a presidência

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Informativo CRQ-IV – 15Mai/Jun 2017

SBQ

A SBQ tem trabalhado fortemente em várias frentes como,por exemplo, pela atuante participação da sua Divisão de En-sino de Química na discussão de problemas e proposição desoluções; através das suas publicações científicas voltadas paraprofessores e alunos do Ensino Médio, como a Química Novana Escola e o portal Química Nova Interativa; por meio daelaboração do projeto de Mestrado Profissional em Químicapara Professores do Ensino Médio (PROFQUI), que será ofe-recido em conjunto por 13 universidades brasileiras, com iní-cio no segundo semestre de 2017, entre outras iniciativas.

Informativo - Para a SBQ e também para a Ciência brasi-leira, o que representa ser responsável pela organizaçãodo Congresso Mundial de Química, evento que será pro-movido pela primeira vez na América Latina?Zarbin - Trata-se do maior evento mundial na área da Quí-mica e um dos maiores eventos científicos do planeta, o qualtemos a honra de organizar em 2017. A vinda do congressoda IUPAC ao Brasil foi fruto de um planejamento de longoprazo, que começou na gestão do professor Cesar Zucco,que enviou o projeto e fez os primeiros contatos, passandopelas gestões do professor Vitor Ferreira, período em que aSBQ disputou com a Sociedade Australiana a primazia deorganização do evento, saindo vitoriosa, e do professor Adri-ano Andricopulo, chairman do congresso, quando foi feito o

trabalho pesado da concepção e consolidação do evento, eterminando agora na minha gestão, quando o evento seráfinalmente realizado.

Seu planejamento foi pensado desde o início como umpresente da SBQ aos seus sócios, pelo aniversário de 40 anos.Esse histórico muito resumido ilustra o tamanho da respon-sabilidade e da honra que a SBQ tem na condução desseevento no Brasil. Em 2017, os olhos da Química mundialestarão voltados para o Brasil, grandes pesquisadores esta-rão por aqui, como os ganhadores do Prêmio Nobel FraserStoddart, Ada Yonath, Kurt Wüthrich e Robert Huber. Issoserá positivo não só para a SBQ, mas para todas as entida-des diretamente ligadas à Química e à Ciência brasileiras.

Informativo - Institucionalmente, como é a relação da SBQcom outras entidades ligadas à Ciência, como a SBPC, eem especial aquelas da área da Química, tais como o pró-prio CRQ-IV, a Abiquim e a ABQ?Zarbin - Melhor impossível. Temos várias ações em conjuntocom essas entidades, somos a sociedade afiliada da SBPC comrelação à Química, temos várias discussões com a Abiquim e oCRQ-IV. Com relação especificamente ao Conselho, a exce-lente relação com a SBQ pode ser comprovada por um dadobastante simples: o professor Hans Viertler, atual presidente doCRQ-IV, é ex-presidente e ex-conselheiro da SBQ.

A SBQ confere vários prêmios a pro-fessores e pesquisadores. O mais tradi-cional deles é a Medalha Simão Ma-thias. Instituída em 1997, ela se destinaa homenagear personalidades que sedestacaram em suas contribuições parao desenvolvimento da Química no Bra-sil e por contribuições para o fortaleci-mento da SBQ.

A Medalha JBCS foi criada em1999 para homenagear personalidades

e instituições que tenham contribuídopara a difusão do Journal of the Bra-zilian Chemical Society.

Já o Prêmio QNInt Jailson Bitten-court de Andrade é conferido a estu-dantes e professores que tenham con-tribuições originais e criativas para aformação de Químicos. Andrade foi pre-sidente da SBQ de 1996 a 1998 e, hoje,é o titular da Secretaria de Políticas eProgramas de Pesquisa e Desenvolvi-mento do Ministério da Ciência, Tecno-logia, Inovações e Comunicações.

O Prêmio SBQ de Inovação - Fer-nando Galembeck foi criado em 2006para homenagear trajetórias profissionaisde relevância. A honraria leva o nome doprimeiro contemplado: Galembeck foiprofessor da Unicamp de 1988 a 2011,tendo se destacado na área de polímeros.Foi reconhecido com diversos prêmios por

sua atuação, entre eles o Fritz Feigl, con-cedido pelo CRQ-IV em 1997.

A SBQ concede duas distinções a jo-vens pesquisadores de até 35 anos deidade: o Prêmio Hans Viertler (home-nagem ao atual presidente do CRQ-IV,que presidiu a SBQ de 1994 a 1996) e oPrêmio Química Nova para Jovens Au-tores, que reconhece a qualidade cien-tífica de trabalhos publicados na revis-ta Química Nova. Já os pesquisadoresmais experientes podem concorrer aoPrêmio Revista Virtual de Química,concedido a doutores.

Mais recentemente a entidade lan-çou o Prêmio PubliSBQ Ângelo daCunha Pinto. Instituído em homenagemao ex-presidente da entidade (biênio1986-1988) e falecido em 2015, ele sedestina a reconhecer os trabalhos emedição e difusão científica.

Prêmios reconhecem esforçosem diferentes áreas da Química

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16 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

Eleito em 2013 para sediar o 46ºCongresso Mundial de Química, o Bra-sil está pronto para receber, em SãoPaulo, a extensa programação do even-to: entre simpósios, palestras e apresen-tações de aproximadamente 1.600 tra-balhos científicos, serão destaques asrealizações da 49ª Assembleia Geral daUnião Internacional de Química Purae Aplicada (Iupac, na sigla em inglês)e da 40ª Reunião Anual da SociedadeBrasileira de Química (SBQ), que com-pleta 40 anos de fundação em 2017(confira matéria especial nesta edição).

A Iupac e a SBQ são as entidadesorganizadoras do Congresso, que acon-tece de 9 a 14 de julho com o tema prin-cipal “Sustentabilidade e Diversidadeatravés da Química”. No mesmo perío-do, acontece o encontro da sociedadecientífica brasileira. Já a assembleia daentidade internacional está programa-da para o período de 7 a 13 de julho. Aexpectativa do comitê organizador éque toda a programação envolva cercade 2.500 pessoas no período.

O congresso terá palestras com qua-tro ganhadores do Prêmio Nobel deQuímica: Fraser Stoddart (Northwes-tern University), laureado em 2016;Ada Yonath (Weizmann Institute ofScience), 2009; Kurt Wüthrich (Scri-pps Research Institute), 2002; e RobertHuber (Max Planck Institute of Bioche-mistry), 1988.

Outras sessões plenárias contarãocom pesquisadores como: Clare Grey(University of Cambridge), David Mac-Millan (Princeton University), Kathari-na Landfester (Max Planck Institute forPolymer Research) e Mei-Hung Chiu(National Taiwan Normal University).

Na sessão “Distinguished Women inScience and Chemical Engineering”, se-rão premiadas doze mulheres, incluindoa brasileira Yvonne Mascarenhas, do Ins-tituto de Física da USP de São Carlos.

Os debates previstos para os mais de100 simpósios serão divididos em dozetópicos: Química Analítica e dos Ali-

mentos; Ensino de Química; Químicapara a Inovação na Indústria; SínteseQuímica; Energia, Água e CiênciasAmbientais; Química Verde e Biotecno-logia; Química Inorgânica e Estrutural;Macromoléculas e Materiais; QuímicaMedicinal e Química Biológica; Nano-ciência e Tecnologia; Produtos Naturaise Biodiversidade; e Química Física, Bi-ofísica e Computacional.

ORGANIZAÇÃO – Professor do Institutode Física da USP de São Carlos, o Quí-mico Adriano Andricopulo é o presi-dente do comitê organizador do even-to. Para ele, o Brasil sediar o Congres-so e a Assembleia Geral da Iupac “re-presenta uma oportunidade para forta-lecer o processo de internacionalizaçãoda Ciência brasileira, permitindo a in-serção do País e também da Américado Sul no mapa mundial da Química”.Trata-se, salienta, de algo inédito paraesta parte do continente: das 45 ediçõespromovidas até hoje, 31 foram realiza-das na Europa, sete na América do Nor-te, cinco na Ásia e duas na Oceania.

A celebração da conquista é refor-çada, segundo Andricopulo, por coin-cidir com as comemorações dos 40 anosde fundação da SBQ, entidade da qualfoi presidente no biênio 2014-2016. Elerelata que as negociações junto à Iupacforam iniciadas pela sociedade cientí-fica brasileira ainda em 2010 e culmi-

IUPAC

Brasil sediaráCongressoMundial de

QuímicaProgramação inclui a

49ª Assembleia Geral da Iupace a 40ª Reunião Anual da SBQ

Nobel de 2016, Stoddart estará entre os palestrantes

Nobel Media AB 2016/ Pi Frisk

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Informativo CRQ-IV – 17Mai/Jun 2017

naram no registro oficial da candidatu-ra no ano seguinte. “A proposta tevepilares e objetivos sólidos, como o de-senvolvimento e o fortalecimento daQuímica no País. Trazer o maior even-to de Química do mundo pela primeiravez para a América do Sul seria umgrande diferencial”, salientou.

A SBQ, responsável pela composi-ção do comitê organizador, representouo Brasil em todo o processo, concluídoem 2013, durante a 47º Assembleia daIupac, em Istambul, na Turquia. A can-didatura brasileira recebeu 131 votos,contra apenas 39 dados à Austrália. Deacordo com Andricopulo, a força dacandidatura se sustentou em alguns pi-lares principais, fundamentados em as-pectos científicos, sociais e históricos,que se somaram a outros elementos,como o fato de o País ter organizadodois eventos esportivos de grande por-te nos últimos anos: a Copa do Mundode 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.“Somente assim, com planejamento, or-ganização e execução eficazes, con-quistamos o respeito internacional quelevou o Brasil a ser escolhido comopaís-sede”, avaliou o presidente do co-mitê organizador.

Um dos impactos mais positivos ge-rados pelo Congresso Mundial da Iupac

é destacado por An-dricopulo: a oportuni-dade de reunir profis-sionais da área, daacademia e da indús-tria, entre professores,pesquisadores, autori-dades do setor de Ci-ência e Tecnologia,pós-doutorandos, téc-nicos e estudantes dosmais diversos níveis.

“O número previs-to de participantes(em torno de 2.500) émuito expressivo le-vando-se em conta aprofunda crise que atravessamos. O Bra-sil é ainda considerado muito isolado emvários aspectos da vida econômica e cul-tural. Praticamos, no passado, políticasque nos afastaram de grandes correntesda evolução científica e tecnológica, oque nos causa grandes prejuízos atéhoje”, aponta Andricopulo.

O presidente do comitê cita aindacomo obstáculos a falta de domínio deidiomas estrangeiros relevantes (notada-mente o inglês) por parte da maioria dosestudantes universitários do País, fatoevidenciado, segundo ele, pela reduçãonas exigências de proficiência em lín-

46º CONGRESSO MUNDIAL DE QUÍMICA49ª ASSEMBLEIA GERAL DA IUPAC

40ª REUNIÃO ANUAL DA SBQDATAS E HORÁRIOS

7 a 13 de julho (Assembleia) e9 a 14 de julho (Congresso e Reunião da SBQ)

LOCALWTC Convention Center

ENDEREÇOAv. das Nações Unidas, 12.551 - Brooklin Novo – São Paulo/SP

MAIS INFORMAÇÕESwww.iupac2017.org / [email protected]

IUPAC

gua estrangeira do programa Ciênciasem Fronteiras do CNPq durante a ges-tão anterior do governo federal.

“Para muitas pessoas em todo omundo, o Brasil ainda é o país da “ca-fusa” (uma união das palavras carna-val, futebol e samba). Certamente, po-deríamos associar a estes três símbolosda cultura brasileira nossas muitas ou-tras e relevantes realizações culturais,científicas, tecnológicas e econômicasque, infelizmente, ainda são pouco co-nhecidas”, lamentou Andricopulo.

Ao receber cientistas, estudantes eprofissionais da Química de todo o pla-neta, o presidente do comitê organiza-dor acredita que o País poderá compar-tilhar o entusiasmo dos brasileiros pelaQuímica e pelo futuro. A cidade de SãoPaulo foi escolhida para sediar o even-to por ser considerada uma metrópolemulticultural que não se limita a umapopulação diversificada. Segundo ele,a Capital paulista possui “infraestrutu-ra e hotéis de primeiro mundo, exce-lente gastronomia, museus de classemundial e muita cultura, música e sho-ws, além de grande variedade de atra-ções para todas as culturas, idades, gos-tos e orçamentos. Temos certeza de querealizaremos um evento inesquecível,energizado pela paixão, hospitalidadee criatividade do povo brasileiro”, ga-rante Andricopulo.

Serviço

Trazer evento para a América do Sul foi um dos diferenciais, diz Andricopulo

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18 – Informativo CRQ-IV Mai/Jun 2017

Um combustível alternativo para apropulsão de foguetes e motores de sa-télites, à base de etanol e etanolaminacombinados com peróxido de hidrogê-nio, foi desenvolvido nos últimos trêsanos pelo Laboratório Associado deCombustão e Propulsão (LCP) do Ins-tituto Nacional de Pesquisas Espaciais(Inpe), localizado em Cachoeira Pau-lista, cidade situada na região do Valedo Paraíba.

O trabalho foi o tema da tese dedoutorado do pesquisador Leandro JoséMaschio, da Escola de Engenharia deLorena, da USP, sob a orientação doQuímico Industrial Ricardo Vieira, che-fe do LCP/Inpe. Entrevistado pelo In-formativo, o orientador relata que o la-boratório já possuía experiência na uti-lização do peróxido de hidrogênio (co-nhecido popularmente como “água oxi-genada”) como um elemento monopro-pelente para sistemas propulsivos decontrole de altitude de satélites.

“Decidimos, então, nos embrenharno desenvolvimento de motores maio-res, tais como motores de apogeu (trans-ferência de órbitas de satélites) ou derolamento de foguetes. Iniciamos assimuma revisão bibliográfica sobre com-bustíveis alternativos. Tentamos repro-duzir alguns combustíveis citados naliteratura, mas eles não apresentavamum bom desempenho. A partir daí ini-ciamos estudos para aprimorar os com-bustíveis até então desenvolvidos”, ex-plica Vieira.

O projeto foi financiado pela Fun-dação de Amparo à Pesquisa do Esta-do de São Paulo (Fapesp) e teve o apoioda empresa Peróxidos do Brasil, queforneceu peróxido de hidrogênio 70%,o qual é concentrado no laboratório até

90% em peso (porcentual utilizado paraaplicações aeroespaciais). “O LCP/Inpeé o único laboratório no Brasil a con-centrar peróxido de hidrogênio para finsespaciais”, ressalta Ricardo Vieira.

COMPOSIÇÃO – O combustível possuiem sua base o etanol, a etanolamina e onitrato de cobre (como catalisador).Para desenvolvê-lo, foram selecionadossais orgânicos e inorgânicos de metaisde transição, principalmente cobre,manganês, ferro, cobalto, níquel e pra-ta. Em seguida, foi estudada a forma-ção de complexos com a etanolamina,que catalisam a decomposição do pe-róxido, aumentando abruptamente a

temperatura do sistema e causando,consequentemente, a combustão doscomponentes.

Após a escolha do nitrato de cobrecomo catalisador, foi estabelecido o teorideal para que fosse obtida uma reaçãohipergólica no menor tempo de igniçãopossível. O Químico Ricardo Vieiralembra que a chamada “hipergolicida-de” ocorre quando um combustível eum oxidante entram em combustão es-pontaneamente (quando em contato),sem a necessidade de uma fonte de ig-nição externa, como uma faísca ou umachama piloto.

A combustão espontânea ocorre de-pois da mistura do peróxido de hidro-

INOVAÇÃO

Químicos do Inpe criam combustívelmais seguro para motores espaciais

Pesquisa desenvolveu um composto que combina etanol e água oxigenada

Fotos: Núcleo de Comunicação do Inpe

Teste do motor funcionando com o novo combustível, que usa nitrato de cobre como catalisador da reação

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Informativo CRQ-IV – 19Mai/Jun 2017

gênio com a etanolamina – esta com-plexada com o nitrato de cobre –, sen-do que nessa etapa é adicionado umpropagador de reação, o etanol. Os tes-tes foram efetuados em bancada comauxílio de uma câmera de alta veloci-dade e obtiveram êxito. “Projetamos efabricamos um propulsor de 50 N, em-pregando o nosso combustível e o pe-róxido de hidrogênio 90% como oxi-dante”, complementa Vieira.

SUSTENTABILIDADE – Atualmente, ospropelentes mais empregados em mo-tores de inserção e troca de órbitas de

satélites são a monome-tilhidrazina, um derivadoda hidrazina, e o tetróxi-do de nitrogênio. Deacordo com o chefe doLCP/Inpe, ambos apre-sentam graves riscos àsaúde humana, sendo queo primeiro é cancerígenoe o segundo é fatal apóspoucos minutos de expo-sição, mesmo a baixasconcentrações no ar. Emcontrapartida, os elemen-tos utilizados no combus-tível alternativo (peróxi-do de hidrogênio, etanole etanolamina) não sãonocivos aos seres huma-nos e nem ao meio ambi-ente, apresentando resul-tados equivalentes em

termos de propulsão e sendo segurospara manuseio.

O combustível encontra-se ainda emfase de concepção. Segundo RicardoVieira, foi comprovado que o par hiper-gólico peróxido de hidrogênio 90% xetanol/etanolamina é viável. “A Agên-cia Espacial Brasileira (AEB) já de-monstrou interesse em financiar o de-senvolvimento e testes de um motor em-pregando esses propelentes. Aguarda-mos pela definição por parte da AEB dascaracterísticas do propulsor para elabo-rar um projeto em colaboração com aUniversidade Federal do ABC”, relata

INOVAÇÃO

o Químico Industrial. A previsão é deque esse processo ocorra ainda nesteano. Após esta fase, um protótipo quali-ficado ficaria pronto em um prazo dedois a três anos.

Para Vieira, a produção em maiorescala é viável devido à disponibilidadedo etanol e da etanolamina no mercado.Quanto ao peróxido de hidrogênio, ofornecimento seria garantido pela coo-peração com a empresa Peróxidos doBrasil. Atualmente, o LCP/Inpe impor-ta os propelentes tradicionais: enquantoa hidrazina possui um custo aproxima-do de R$ 700/kg, o tetróxido de nitrogê-nio chega a R$ 1.300/kg. Em escala la-boratorial, o combustível à base de eta-nol/etanolamina tem um custo aproxi-mado de R$ 35/kg, além dos R$ 15/kgreferentes ao peróxido de hidrogênio.

“Levando em consideração que umsatélite carregue mais de 100 kg de pro-pelente, pode-se estimar a economia.Contudo, acredito que esta economia éirrisória no preço final de um satélite.Sendo assim, o emprego dos novos pro-pelentes seria mais uma questão estraté-gica do que econômica, considerando-se o uso em satélites ou em motores derolamento de foguetes. Entretanto, se forlevada em conta a aplicação em últimosestágios de foguetes lançadores, estaeconomia passa a ser bastante significa-tiva”, conclui o chefe do LCP/Inpe.

Assista aos testes com o novo com-bustível acessando http://bit.ly/2r0u6JBe http://bit.ly/2q0UuiE.

O emprego do novo propelente é estratégico, avalia Ricardo Vieira

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