Machado de assis - Biografia

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Machado de Assis Paulo Gabriel

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Machado de Assis

Paulo Gabriel

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Biografia

Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839 no Morro do Livramento, Rio de Janeiro do Período Regencial, então capital do Império do Brasil. Seus pais foram Francisco José de Assis, um mulato que pintava paredes, filho de escravos alforriados, e de Maria Leopoldina da Câmara Machado, lavadeira portuguesa dos Açores. Ambos eram agregados da Dona Maria José de Mendonça Barrozo Pereira, esposa do falecido senador Bento Barroso Pereira, que abrigou seus pais e os permitiu morar junto com ela. As terras do Livramento eram ocupadas pela chácara da família de Maria José e já em 1818 o terreno começou a ser loteado de tão imenso que era, dando origem à rua Nova do Livramento. Maria José tornou-se madrinha do bebê e Joaquim Alberto de Sousa da Silveira, seu cunhado, tornou-se o padrinho, de modo que os pais de Machado resolveram homenagear os dois nomeando-o com seus nomes. Nascera junto a ele uma irmã, que morreu jovem, aos 4 anos, em 1845. Iniciou seus estudos numa escola pública da região, mas não se mostrou interessado por ela. Ocupava-se também em celebrar missas, o que lhe fez conhecer o Padre Silveira Sarmento, que, segundo certos biógrafos, se tornou seu mentor de latim e amigo.

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Academia Brasileira de Letras

Inspirados na Academia Francesa, Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça, e o grupo de intelectuais da Revista Brasileira idearam e fundaram, em 1897, junto ao entusiasmado e apoiador Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras, com o objetivo de cultuar a cultura brasileira e, principalmente, a literatura nacional. Unanimente, Machado de Assis foi eleito primeiro presidente da Academia logo que ela havia sido instalada, no dia 28 de janeiro do mesmo ano. Como escreve Gustavo Bernardo, "Quando se fala Machado fundou a Academia, no fundo o que se quer dizer é que Machado pensava na Academia. Os escritores a fundaram e precisaram de um presidente em torno do qual não houvesse discussão." No discurso inaugural, Machado aconselhou aos presentes: "Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira."

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Últimos anos

Com a morte da esposa, entrou em profunda depressão, notada pelos amigos que lhe visitavam, e, cada vez mais recluso, encaminhou-se também para sua morte. Numa carta endereçada ao amigo Joaquim Nabuco, Machado lamenta que "foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo [...]" Antes de sua morte, em 1908, e depois da morte da esposa, em 1904, Machado viu publicar suas últimas obras: Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), e Relíquias da Casa Velha(1906). No mesmo ano desta última obra, escreveu sua última peça teatral, Lição de Botânica. Em 1905, participou de uma sessão solene da Academia para a entrega de um ramo de carvalho de Tasso, remetido por Joaquim Nabuco. Com Relíquias, reuniu em livro mais algumas de suas produções, como também o soneto "A Carolina", "preito de saudade à esposa morta." Em 1907, dá início ao seu último romance, Memorial de Aires, que é um livro norteado por uma poesia leve e tranquila e tendente à saudade.

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Machado aos 57 anos, 1896

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Morte

Às 3h20m de 29 de setembro de 1908 na casa de Cosme Velho, Machado de Assis morre aos sessenta e nove anos de idade com uma úlcera canceriosa na boca; sua certidão de óbito relata que morrera de arteriosclerose generalizada, incluindo esclerose cerebral, o que, para alguns, figura questionável pelo motivo de mostrar-se lúcido nas últimas cartas já relatadas. Ao geral, teve uma morte tranquila, cercado pelos companheiros mais íntimos que havia feito no Rio de Janeiro: Mário de Alencar, José Veríssimo, Coelho Neto, Raimundo Correia, Rodrigo Otávio, Euclides da Cunha, etc. Este último relatou, no Jornal do Comércio, no mesmo ano do falecimento: "Na noite em que faleceu Machado de Assis, quem penetrasse na vivenda do poeta, em Laranjeiras, não acreditaria que estivesse tão próximo o desenlace de sua enfermidade." Euclides ainda escreveu: "Na sala de jantar, para onde dizia o quarto do querido mestre, um grupo de senhoras – ontem meninas que ele carregara no colo, hoje nobilíssimas mães de família – comentavam lhe os lances encantadores da vida e reflitam-lhe antigos versos, ainda inéditos, avaramente guardados em álbuns caprichosos."

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Dom Casmurro

Dom Casmurro é um romance escrito por Machado de Assis em 1899 e publicado pela Livraria Garnier. Foi escrito para sair diretamente em livro, o que ocorreu em 1900, embora com data do ano anterior. Completa a "trilogia realista" de Machado de Assis, ao lado de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, tendo sido esses dois escritos primeiramente em folhetins. Seu personagem principal é Bento Santiago, o narrador da história que, contada em primeira pessoa, pretende "atar as duas pontas da vida", ou seja, unir relatos desde sua mocidade até os dias em que está escrevendo o livro. Entre esses dois momentos Bento escreve sobre suas reminiscências da juventude, sua vida no seminário, seu caso com Capitu e o ciúme que advém desse relacionamento, que se torna o enredo central da trama.

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Ressurreição (livro)

Ressurreição é o primeiro romance de Machado de Assis, publicado em 1872. Embora considerada uma obra da primeira fase, romântica, do autor, seu romantismo é contido, moderado, sem os excessos sentimentais, reviravoltas na trama e final feliz do folhetim tipicamente romântico. Trata-se mais de um romance psicológico, "o que, se não é inédito, é raro em romances românticos" , onde, mais importante que a intriga é "estudar o caráter e o comportamento" dos personagens. O próprio Machado, na "Advertência da Primeira Edição", deixa claro: "Não quis fazer romance de costumes; tentei o esboço de uma situação e o contraste de dois caracteres; com esses simples elementos busquei o interesse do livro." Sua ideia foi pôr em ação o pensamento de Shakespeare: "Our doubts are traitors, / And make us lose the good we oft might win, / By fearing to attempt" (Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que frequentemente poderíamos ganhar, ao termos medo de tentar.)

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Missa do Galo (conto)

O conto Missa do Galo, é narrado em primeira pessoa pelo jovem Nogueira, um rapaz de dezessete anos que veio ao Rio de Janeiro para estudar. Hospeda-se na casa do escrivão Meneses, às vezes chamado de Chiquinho, viúvo de uma prima minha , que agora é casado com Conceição, uma mulher de temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. Meneses mantém um relacionamento extraconjugal e, uma vez por semana, sob o pretexto de ir ao teatro, vai se encontrar com sua amante. Conceição tem conhecimento deste relacionamento e mostra-se submissa. O conto se desenvolve na véspera do Natal, numa dessas noites em que o escrivão sai de casa e Nogueira fica na sala de estar aguardando um vizinho para ir à Missa do Galo. Enquanto espera e os outros dormem, Conceição vai ao seu encontro na sala da casa, onde conversam assuntos variados e não vêem o tempo passar. Até que o companheiro bate à porta chamando-o para a Missa do Galo. O que torna o conto bem característico do estilo machadiano é o diálogo entre Nogueira e Conceição de forte teor sensual, ainda que escrito com a sutileza própria do autor.

No dia seguinte, Conceição age como se nada tivesse acontecido, sem que sequer se lembrasse da conversa que teve com Nogueira na noite anterior.

No Ano Novo, Nogueira volta à sua cidade e não mais encontra Conceição. Quando volta ao Rio de Janeiro, Nogueira descobre que Meneses falecera e fica sabendo que Conceição se casou com o juramentado do marido.