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http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_genebra_sergio.htmAcesso em: 03/03/2008

 João Calvino: Sua Influência na Vida Urbana deGenebra

 por 

Rev. Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

 

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.

2. GENEBRA ANTES DE CALVINO2.1 - O Contexto Político Genebrense2.2 - A Situação Estrutural da Cidade2.3 - A Influência Protestante Externa em Genebra

3. TRAÇOS DA LIDERANÇA DE JOÃO CALVINO

3.1 – Um Líder Preparado para Servir 3.2 – Calvino: Um Líder Contemporâneo3.3 – A Liderança Estruturada de Calvino3.4 - Perigos e Erros de um Jovem Líder 

4. A INFLUÊNCIA DE CALVINO EM GENEBRA4.1 – Impactos na Política de Genebra4.2 – Transformações Econômicas e Sociais4.3 – A Revolução na Vida Religiosa em Genebra

5. CONCLUSÃO

6. BIBLIOGRAFIA

1. INTRODUÇÃO

Inquestionavelmente João Calvino foi um homem incomum. Ele não apenas foi uma personalidade marcante e influenciadora, mas também demonstrou uma admirávelcapacidade de organizar e legislar. Os impactos de sua liderança na cidade de Genebradeixaram profundas marcas em uma civilização inteira, marcas essas que se espalharam

tanto por onde a fé reformada achava abrigo quanto nos locais onde era rejeitada. Na busca de lançar um pouco mais de luz sobre os princípios da liderança adotados por Calvino durante o seu ministério em Genebra, empreendemos esta pesquisa.

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Constatamos que a quantidade de material produzido tanto por Calvino como por companheiros seus, além de abundantes obras atuais, nos permitiram produzir umtrabalho que focaliza o reformador no desenvolvimento de suas relações como um líder cristão de grande influência, bem como identificar aspectos e impactos produzidos nocontexto urbano de Genebra do século XVI.

Buscando ser fiel ao escopo aqui estabelecido, se faz necessário, logo de início, deixar claro que mesmo com o grande volume de informações disponíveis, o que fazemosainda é uma dedução a partir de escritos sem vida, com os quais não podemos dialogar.

 Nas palavras de Richard Gable: "Tratar de descrever a influência de Calvino emqualquer país específico é uma tarefa complexa e mais difícil ainda quando sintetizar sefaz necessário". Isto significa que jamais podemos declarar como amplamenteconclusivas e totalmente corretas em suas ênfases, todas as conclusões a que chegarmos.Para tanto basta se constar as centenas de livros que ora defendem, ora rejeitam oreformador de Genebra.

Partindo da necessidade de se conhecer a realidade situacional de Genebra de 1500,faremos, de início, uma breve exposição do contexto que envolvia aquela cidade, bemcomo os aspectos geo-politicos e sócio-econômicos. Em seguida, lançando mão dedescrições biográficas acerca de Calvino, buscaremos identificar o perfil de suaformação familiar, acadêmica e espiritual para então focalizar o seu ministério emGenebra, inicialmente como pastor e posteriormente como pastor-legislador. Por fim, noúltimo capítulo, abordaremos os macro impactos causados por sua liderança no povo enas estruturas urbanas de Genebra.

2. GENEBRA ANTES DE CALVINO

A Genebra do século XVI era um cidade suíça, de fala francesa, estando situada ao suldo lago Leman, conhecido hoje como lago de Genebra. Ela é dividida em duas pelo rioRhône, tendo uma ponte ao norte, conhecida como St Gervais, que proporcionava ocontato entre as duas partes. Até 1536 a situação da cidade era delicada. Genebra foiuma república que estava inserida entre os limites dos cantões suíços, os domínios doduque de Savóia e o reino da França, e uma luta pelo poder gerava disputas na cidade.

2.1 - O Contexto Político

Durante a idade média, Genebra foi uma vila episcopal que deveria ser governada pelo

seu bispo. Mas, na realidade, ela estava sob o controle do duque de Savóia, Charles III,desde 1504. Havia uma acirrada luta pelo poder entre o bispo católico Jean e o Duque.Porém, com a morte do bispo o duque Charles tomou para si praticamente toda aautoridade e incorporou ao seu controle as "adjudicações de causas cíveis que rendiammuito dinheiro" e que estavam sob a tutela do bispado. Tal atitude provocou uma revoltanos habitantes de Genebra contra o duque, produzindo uma guerra entre os moradoresda cidade e as forças do duque. Nesse tempo, entrou na disputa a poderosa cidade deBerna, cujo governo considerava Carlos V, rei do

Sacrossanto Império Germânico, Espanha e países Baixos, pessoa perigosa por tambémdesejar governar a Suíça. Em 8 de fevereiro de 1520, o concílio de Berna recebeu a

cidade de Genebra como sua confederada e concílios desta votaram aprovando aconfederação. O então atual bispo de Genebra, que era um representante do duque, ao

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saber da federação de Genebra a já protestante cidade de Berna, fugiu da cidade comoutras 50 pessoas ligadas ao duque. Seguiu-se uma real guerra entre as forças deGenebra e as do duque de Savóia, o qual armou guerrilhas que assaltavam aqueles quese dirigiam à cidade, bloqueando as estradas. Apenas quando o forte exército de 6.000homens de Berna se movimentou em direção a Genebra, forçando as tropas do duque a

recuarem para a França, é que as estradas foram liberadas e Genebra ficou livre.

2.2 - A Situação Estrutural da Cidade

 Não há um pleno consenso sobre a população de Genebra antes da chegada de Calvinoem 1536. McNeill fala de 12.000 habitantes, Nichols 13.000 e Hermisten Costa, citandoStanford Reid, defende apenas 9.000 habitantes. Contudo, segundo Phillip Schalf,

 parece ser mais aceito 12.000 habitantes a população no início do século XVI. A cidadeera conhecida pelas suas ruas limpas com banheiros públicos, e pelo forte comércio quenela acontecia, fruto de freqüentes feiras setorizadas. Em Genebra se produzia grãos,

 peixes secos e artesanato. Sua característica econômica diferia da maioria das cidadesda região, embora houvesse algumas indústrias. Segundo Bieler, "Em Genebra nãohavia um proletariado urbano ou mineiros como na Alemanha e França, ou uma classecamponesa numerosa".

Genebra era também conhecida como a "cidade dos concílios". Os membros dessesconcílios eram eleitos pelo povo e tinham a finalidade de exercer tanto o poder executivo quanto o legislativo e judiciário. Os concílios eram em número de quatro: oconcílio de 4 síndicos sendo este o que exercia a função executiva; o concílio menor queincorporava os 4 síndicos e mais 21 outros membros; o Concílio dos 200, composto por 200 cidadão eleitos; e o concilio geral, também conhecido como " Bourgeoisie ",composto por todos homens nascidos de Genebra e chamados de " Citoyen ". Afora isso,a cidade era uma típica cidade do seu tempo, com muita fumaça produzida pelos fogõesà lenha e aquecedores, muita lama nas épocas de chuvas, muitos animais domésticos emuros protetores ao seu redor.

Contudo, foi apenas em um aspecto que Genebra se tornou realmente única em todaEuropa, a cidade foi o ponto central para treinamento e expansão da reforma calvinista.Segundo a nossa percepção, talvez, o título de centro da infiltração protestante seriauma terminologia mais descritiva do que a cidade representou para a reforma.

2.3 - A Influência Protestante Externa em Genebra

A cidade de Berna havia abraçado o protestantismo em 1528 pela ação de pregadoresinfluenciados por Lutero e Zwinglio, contudo no que diz respeito a "conversão" deGenebra ao protestantismo, ocorreu algo semelhante ao que se deu na cidade deAntioquia da Síria. Comerciantes protestantes de Nürenberg e soldados de Berna comseus capelães, gradualmente trouxeram o protestantismo para Genebra. Pregadorescomo Antoine Froment e Guilherme Farel foram tão influentes que já em 1533 a

 primeira ceia do Senhor foi celebra na cidade. Em 1534 o concílio menor votou que oepiscopado deveria ficar vago e em 21 de maio de 1536 o concílio geral votou unânime:

"viver de acordo com o evangelho". É nesse contexto que dois meses depois JoãoCalvino, quando ia de viagem em direção à cidade de Estrasburgo, ao decidir apenas

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 pernoitar em Genebra, propiciou o seu já bem conhecido encontro com Farel e comGenebra.

3. TRAÇOS DA LIDERANÇA DE JOÃO CALVINO

Calvino como Líder Contemporâneo em Genebra

Há uma claro consenso entre os historiadores em apresentar Calvino como um líder claramente relacionado com os problemas do seu tempo e contexto. William Bouwsmano prefácio do seu livro sobre Calvino chega a afirmar que "não pode aceitar a versãoensinada de Calvino como um pensador sistemático" e enfatiza: "eu não acredito queCalvino sequer aspirava construir um sistema, como o termo ‘sistema' é comumenteentendido... Ele (Calvino) procurou, como outros humanistas, desenvolver uma efetiva

 pedagogia... a urgência do seu tempo requeria isto". Este mesmo autor reiterando a sua posição de apresentar Calvino como um líder pertinente ao seu tempo, cita o próprioCalvino afirmando: "verdadeiramente nós devemos trabalhar mais para o nosso tempo etomá-lo com mais afinco. O futuro não deve ser desprezado, mas o que é presente eurgente requer mais de nossa atenção". Vejamos, pois, como isto se processou nasdiversas fases da vida de Calvino.

A. O propósito primevo das Institutas

De particular interesse para nós, é registrar o real propósito pelo qual Calvino decidiuescrever a primeira versão de suas Institutas. Sua liderança como proeminente teólogo e

 jurista já se destacava pelos constantes questionamentos que lhe eram feitos aondechegasse. Porém, o ponto de partida foi a atitude do rei francês Francis que para afastar a simpatia dos estrangeiros pelas vítimas de sua perseguição contra os protestantes,declarou em um de seus manifestos que os punidos com torturas e fogueira eram apenasanabatistas e homens perversos. Calvino, vivendo esse momento resolveu escrever suasInstitutas com dois propósitos: "Primeiro para vindicar o indesejável insulto ao meuirmão (Etiene de la Furge) cuja morte foi preciosa aos olhos do Senhor, e segundo, umavez que alguns sofrimentos afligiram muitos homens piedosos, alguma tristeza ecuidados por eles deve mover povos estrangeiros". John Dillengerber nas suas seleçõesde escritos de Calvino inclui o prefácio que foi elaborado para o comentário do livro de

Salmos onde Calvino explicita o seu propósito em escrever as Institutas:Vendo eu que esses arengueiros da corte usavam e dissimulações de diligências por fazer não somente que a dignidade desse derramamento de sangue inocente

 permanecesse amortalhada pelas falsas imputações e calúnias, com as quaisenxovalhavam os santos mártires após a sua morte, mas também que a seguir, contavamcomo meio de produzir a todo extremo para afligir os pobres fiéis, sem que alguém

 pudesse ter compaixão deles, pareceu-me que, a não ser que a isso me opusessevalorosamente, quanto a mim estava, não podendo eu desculpar-me de, em calando-me,ser eu considerado covarde e desleal. E esta foi a razão que me levou a publicar as

 Institutas.

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Aos dois desejos expressos por Calvino deve ser acrescido o desejo de ver o rei FrancisI mudar a sua atitude de perseguição violenta, desejo este que Calvino claramente expõena carta de dedicação das Institutas enviadas ao rei. Contudo, o que poucos divulgamhoje é que o autor das Institutas as escreveu por causa das perseguições da sua época.Fica assim mais uma vez evidente que o grande Reformador foi um líder do seu tempo,

 pertinente ao contexto histórico e relevante às necessidades do seu momento. Mereceainda destaque o fato de Calvino não ser um líder isolacionista. Com ele estava umgrupo de homens dedicados a Cristo e a sua obra. Eles estavam inconformados com aselvagem perseguição aos protestantes, e igualmente preocupados em esclarecer amuitos as verdades do evangelho.

B. Líder contextualizado com a realidade de Genebra

Focalizando o nosso escopo geográfico urbano, lançaremos luz sobre a determinação deCalvino ser um líder cristão relevante e contextualizado em Genebra. Mesmoreconhecendo que a cidade já havia experimentado resultados transformadores fruto da

sua adesão à fé reformada, através das pregações de Farel e do trabalho de Viret, algoainda faltava à Genebra. Foi por essa razão que Farel insistentemente instou comCalvino para que ele decidisse ficar na cidade e ajudar na implementação de estruturasque refletissem os princípios da reforma protestante. A liderança organizadora,

 participativa e contextualizada de João Calvino produziu uma verdadeira reformaurbana em todos os níveis. Hörcsik afirma que "o trabalho de Farel produziu um ‘santotriunvirato' – Farel, Viret e Calvino. Eles eram complementares uns aos outros, bemcomo à congregação de Genebra e grandemente fortaleceram a Igreja".

Porém, não foi o apelo intimador de Farel o principal motivo que fez Calvino ficar emGenebra. De acordo com Alexander Ganoczy "Calvino não anuiu ao pedido de Farel atéele reconhecer a real situação de Genebra". O próprio Calvino, 28 anos após sua decisãode assumir o desafio Genebrense, escreveu: "Quando na primeira vez vi a esta igreja,ela era praticamente nada. Eles pregavam e isto era tudo. Eles procuravam por ídolos eos destruíam mas, não havia a menor reforma. Tudo estava em desordem". Calvino nãoera apenas um líder sensível e escrutinador das necessidades do seu contexto, ele eratambém um líder cujo preparo o habilitava a servir com probidade e capacidade. Foi por assim pensar que André Biéler no começo do seu livro O Pensamento Econômico

Social de Calvino atesta que "não seria possível vislumbrar o pensamento econômicosocial do reformador sem vinculá-lo estreitamente aos principais acontecimentos sociaise religiosos do século XVI".

*** 1ª estada em genebra 

4. A INFLUÊNCIA DE CALVINO EM GENEBRA

Charles van Engen no seu livro Povo de Deus, Povo Missionário falando sobre aliderança cristã, afirma que não é uma tarefa simples definir o que seja um bom líder,

 porém sugere como aceitável a definição de W. Engstron o qual declara: "O líder faz ascoisas acontecerem, jamais são marionetes, e agem". Neste aspecto Calvino se mostrou

um líder marcante. A cidade de Genebra chegou a ser conhecida como a cidade deCalvino. Isso começou a acontecer no período intermediário de sua segunda estada em

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Genebra, época em que os movimentos de oposição à sua liderança praticamente serenderam aos benefícios de sua administração. Segundo Georgia Harkness o reformador francês, como ele o menciona, tinha em mente remodelar as estruturas globais da cidadetornando-a " Civit Dei – cidade de Deus, ", cidade na qual a Palavra de Deus deveria ser a última autoridade em matéria de moral, bem como de fé". O desejo de implementar o

ideal cristão na vida da cidade produziu mudanças urbanas profundas, não apenas nasestruturas de governo, mas também nos governantes e nos cidadãos. Sem deixar dereconhecer que os impactos resultantes de seu dedicado esforço em Genebra espraiou-se

 por quase todo ocidente, aqui decidimos focalizar apenas os macro impactos daliderança de Calvino na política, na área econômica e social e na vida religiosa dacidade de Genebra. (intro)

4.1 - Impactos na Política de Genebra

Como já dissemos, Genebra era uma cidade governada por concílios. Antes de Calvinonão havia uma normatização legislativa organizada e explicitada para todos. Movido

 pelo seu zelo de sempre ser fiel ao ensino moral da Bíblia, e ajudado por seuconhecimento jurídico, ele foi o agente e mentor de várias mudanças políticas. (intro)É

 bem verdade que Calvino só foi chamado para se envolver ajudando na confecção docorpo de leis para a cidade, posteriormente à sua intensa atividade na reformulação davida religiosa. Aqui destacamos dois pontos, por considerá-los de maior grandeza, arelação entre a igreja e estado, e o governo com a participação popular.

A. Relações entre o estado e a igreja

Como reflexo da política praticada em sua época, o atrelamento funcional igreja-estado,que fora exercido por séculos pelo catolicismo romano, também foi claramente

 percebido em Genebra. Reformadores como Martin Bucer se posicionavam favorável ànão independência da igreja em relação ao estado, posição que Calvino não apoiava.

 Nesse assunto parece haver um ponto de discordância entre os estudiosos. Há autoresque apresentam o nosso reformador como um ardoroso advogado da plenaindependência, e outros que lançam dúvida como pode ser notado na avaliação deWilson Ferreira: "essa separação da igreja e estado existiu para Calvino mais em teoriado que em prática". Embora não fosse desejado a interferência do estado nas decisões eestruturas de ação da Igreja, Bouwsma alerta que Calvino admitia como ação legítimado estado "defender a igreja e executar vingança sobre os profanos ou sobre aqueles quequerem reduzir a nada o evangelho", e André Biéler também compartilha dessa idéia ao

enfatizar que para Calvino "O Estado não é, pois, um mal necessário, mas uminstrumento da providência divina".

Por outro lado, é inegável que a chagada de Calvino em Genebra foi a fonte de váriosconfrontos com os concílios da cidade em busca de uma autonomia para a liderançaeclesiástica e uma maior clareza entre os limites das atribuições e poderes entre a igrejae o estado. Logo no primeiro período, Calvino rejeitou a autoridade da igreja sobrecausas civis e restituiu aos magistrados civis, o poder que havia sido exercido pelos

 bispos católicos. Não pairam dúvidas que ele não permitia a interferência do estado nasdecisões da igreja. Na verdade nos parece sensato reconhecer que na estrutura degoverno idealizada, a igreja seria autônoma em seus assuntos de crença, fé e disciplina,

devendo o estado ouvir e proteger a igreja, e a igreja não deveria exercer o poder civil.

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B. Governo político e participação popular

Para o reformador de Genebra não havia uma desassociação entre a vida cristã e a sua participação nos assuntos da comunidade. Exatamente por entender que a participação

 política é responsabilidade de todo cristão, sua posição quanto a forma de governorefletia uma franca rejeição a qualquer tipo de governo que fosse déspota e tirânico. O poder civil deveria ser uma representação da vontade popular, ao mesmo tempo que o povo, a partir de sua juventude, deveria ser preparado para se tornar politicamenteresponsável e participativo. O intuito de politizar os cidadão é visto por Bouwsma como"uma busca para produzir (nos cidadãos) uma consciência política e um senso deresponsabilidade pública". O que necessita ficar bem entendido é que Calvino procurouestabelecer que a "Igreja e o estado deveriam estar livres para legislar na extensão da leie controle, os dois governos deveriam assistir um ao outro", pois na sua concepção"política e a verdade espiritual são inseparáveis". politica

Um fato ocorrido em 1543 tornou decisiva a influência de Calvino na vida pública. Oconcílio dos 25 o convocou para cooperar na elaboração de uma nova ordem social paraGenebra. André Biéler argumenta que dois aspectos principais se destacaram. Primeiroa liberdade civil passou a ter a sua restrição nos princípios do próprio evangelho, poisagora a lei estabelecia que cada cidadão faria "juramento de viver e de morrer paramanter o evangelho e a liberdade da cidade". O segundo destaque é para a liderança, omagistrado, o príncipe ou conselheiro de uma democracia não pode ser indiferente a suafidelidade à igreja. Tais posições apresentam um certo atrelamento do poder civil aoreligioso. Esta posição é também a de William Bouwsma que ressalta o fato de Calvino

 partir do pressuposto de que "o homem não habita junto sem lei" e, admitindo que é possível e permitido resistir à autoridade publica que "exalta a si mesmo e diminui odireito de Deus", não poderia deixar de produzir uma ordem pública aonde "o governocivil deve implantar a vontade de Deus" .

Essa estrutura governamental idealizada e implementada em Genebra levou algunsestudiosos a caracterizar a proposta calvinista de governo como uma teocracia, onde aigreja estaria acima do estado. Contudo, a melhor avaliação, ao nosso ver, é a deHarkness ao dizer que "o que se diz da ‘teocracia' de Calvino é melhor propriamentedito ser chamado governo ‘bibliográfico'.".

4.2 - Transformações Econômicas e SociaisÉ fato já conhecido, antes de Calvino chegar a Genebra, que os impactos provenientesdas doutrinas e princípios abraçados pela reforma iniciada por Lutero e Zwinglio, jáhaviam chegado à cidade. Mudanças significativas modificaram a vida dos genebrensestornando a administração da coisa pública mais povo-orientada. Isso pode ser visto naárea da educação quando em 1536 o governo pediu que os cidadãos de Genebraassinassem um pacto comprometendo-se a enviar seus filhos às recém-formadas escolas

 púbicas, e também na área da saúde, pois a cidade mantinha um hospital comunitário.

A fortíssima ligação de Calvino com a prática do evangelho não permitiu que houvesse

uma desassociação entre a reforma social e a reforma religiosa. O traço holístico dareforma calvinista produziu o que hoje tem sido chamado de missão integral. intro

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Segundo Biéler, é tarefa difícil, se não impossível, dizer que Calvino, ao promover o bem estar público e social, desligava-se das formulações teológicas pois "elas seguem juntas". Genebra havia sido sacudida pelo evangelho, mas lhe faltava organizaçãonormativa, a reforma fora, em parte, o reflexo de um desejo popular, contudo a presençade Calvino e sua liderança foram a peça chave de uma estrutura estável e organizada,

fator que David Bosh chama de "instituição do movimento". Historiadores modernosalegam que a reforma popular na cidade "não levaria a nenhum estado duradouroenquanto não recebesse a instrução de intelectuais (Calvino e seus companheiros)".

Ao contrario da idéia abraçada pela Igreja Católica Romana que havia praticamentedicotomizado o material e o espiritual, sendo o segundo o sagrado, os ofícios nãosacerdotais eram ditos inferiores e seculares, não sagrados. A doutrina do sacerdóciouniversal de todos os santos estabelecida pela reforma, jamais poderia deixar deencontrar amparo no pensamento social de Calvino. Ele não concebia um evangelho quenão levasse o cristão a participar relevantemente na vida ativa da cidade.

A sua contribuição na área social levou Graham a considerar "Calvino como o teólogode maior influência para o contexto urbano de sua época, ao defender que "todoempreendimento humano está marcado com o mal, contudo isto nos impulsiona com o

 propósito de fazer o evangelho relevante na cidade de comércio na qual vivemos etrabalhamos.". Dentre o muito que foi conseguido pela participação marcante doreformador em Genebra na área sócio-econômica selecionamos aqui 12 itens:

• Assistência social aos necessitados sem discriminação denacionalidade.

• Ajuda e cuidado com a saúde popular através de um programa devisita médica domiciliar.

• Esforços do governo na capacitação profissional.• Combate ao desemprego com oferta de trabalho pelo governo.• Ênfase no amparo aos pobres, idosos e desamparados.• Luta contra a insolência do luxo em relação aos pobres.• Exemplo de simplicidade por parte dos reformadores-líderes

 públicos.• Limitação dos juros nos empréstimos.• Forte combate à especulação.• Ataque frontal à escravidão.• Combate a bebedice e proliferação das tavernas.• Grande esforço na educação de todos.

Merece um pouco mais de pesquisa a liderança de Calvino na área da educação. EmGenebra a sua grande marca educacional ficou indelével através da criação daAcademia. Essa escola possuía dois níveis, o fundamental que era conhecido comoescola superior ou pública , e o segundo era o inferior ou escola privata equivalente aonosso terceiro grau. A Academia de Genebra foi fundada em 1559 e Calvino convidouTeodoro Beza para ser o seu primeiro reitor. Essa escola veio a tornar-se o seminário docalvinismo e o modelo para várias outras universidades que foram lideradas por grandesnomes, ex-alunos da Academia de Genebra. No ano da morte de Calvino a escola tinha1.500 alunos matriculados, onde a maioria era de estrangeiros. A escola de primeiro

grau possuía 1.200 alunos, e a universidade 300 estudantes de teologia, direito emedicina .

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4.3 - A Revolução na Vida Religiosa em Genebra

Visando a tarefa de reestruturar o governo eclesiástico segundo as Escrituras, emnovembro de 1536, Calvino e Farel compilaram um documento que continha regras

 para uma nova ordem litúrgica dos cultos, uso dos sacramentos e costumes que os fiéisdeveriam respeitar. No documento havia pontos pacíficos como a valorização dafamília, a eleição dos pastores de cada paróquia e a representatividade dos presbíterosnos distritos. Contudo, logo no primeiro artigo do documento, havia uma matéria queBiéler chamou de "equívoco calvinista que irá suscitar tanto controvérsias comointerpretações fantasiosas.". Por ele dava-se ao magistrado civil o poder de intervir paraavaliar a fé dos cidadãos, o que não deixava de ser uma espécie de continuidade da

 política Católico-Romana. Por outro lado, a estrutura hierárquica clerical adotada por séculos pela Igreja Católica, não refletia o ideal bíblico, e o papa era claramenteidentificado por Calvino como um agente de Satanás. Rejeitando peremptoriamente essa"tirania papista", ele implementou na igreja um governo com raízes no ensino das

Escrituras que estava estabelecido sob quatro ofícios onde leigos e ordenados tomavam parte.

Partindo do pano de fundo no qual a Igreja Católica vivia a longa tradição milenar queensinava existir vários ofícios no ministério sacramental, a teologia reformada causougrande impacto quando Lutero propagou o sacerdócio de todos os santos. Porém, foiJoão Calvino, com a sua doutrina da pluralidade dos ministérios eclesiásticos, que abriudefinitivamente as portas para o ministério leigo participativo, diretivo e atédisciplinador. A modificação se deu pela revisão na concepção do sagrado, quebrando-se a dicotomia profano-sagrado, e consequentemente clero-povo. A designação"ministérios eclesiásticos" passou também a ser utilizada para "funções temporais taiscomo a administração do dinheiro e a caridade". Ora, na teologia romana todas asfunções administrativas, interpretativas da Palavra, sacramentais e disciplinares, eramexercida pelo clero e somente pelo clero ordenado, posição que Calvino discordava. Oteólogo reformado McKee comentando esse posicionamento afirmou: "ele (Calvino),negando quaisquer diferenças essenciais entre os cristãos, admitiu que os leigos tambémsão ministros não somente na vida particular, mas também na liderança da comunidadecristã". Estes ministérios plurais estavam mais relacionados com as funções necessáriasda liderança eclesiástica. O reformador, na verdade, não excluiu totalmente a idéia de"clero" pois os "pastores ordenados" eram os responsáveis pelos sacramentos e pela

 pregação, e o laicato se ocuparia de todas as outras tarefas religiosas.

O ensino do Calvinismo quanto aos ministérios plurais, apresentava quatro ofícioseclesiásticos: Pastor, Mestre, Presbítero e Diácono. Porém, Calvino é o único a defender que dos quatro, os ofício leigos de presbítero e diácono, são também permanentes.Interessante é a dupla tarefa dos mestres, os quais deveriam ser responsáveis pelo"ensino da doutrina sólida aos fiéis e preparar os jovens para o ministério e para ogoverno civil". Assim, para os reformadores calvinistas, os ministérios cristãos leigos dedisciplina e caridade, foram entendidos como ofícios da igreja e baseados na Bíblia eativos na cidade. O leigo, com Calvino, voltou a ter participação ativa na ação, decisão emissão da igreja. Digno de registro é ainda a aceitação, por parte de Calvino, demulheres no ofício de diácono. Embora ele não tenha enfatizado muito esta questão, os

seus escritos claramente o admitem.

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 particular e depois quando sua enteada ficou grávida sem estar casada. Em nenhuma dasduas situações foi permitido o uso de dois pesos e duas medidas, ambos os casos foramtratados e julgados pelo consistório como todos os demais que já haviam ocorridos,inclusive a decretação da prisão de sua cunhada adúltera, esposa de seu irmão Antônio.

 Nos últimos anos que João Calvino passou em Genebra, a amplitude do seu trabalho,ensino e liderança já haviam gerado uma nova mentalidade urbana. A academia deGenebra tornou-se uma verdadeira "escola de missões" da Europa, a ordem do governoe a probidade dos governantes da cidade associada a participação civil dos cidadãosganharam fama. A igreja ensinava e vivia as verdades das Escrituras, a ação social era

 parte da vida cristã, além disso, promoveu-se uma ampla e reconhecida acolhida aosimigrantes, fugitivos de diversos lugares por perseguições aos protestantes. Genebra nãoera mais a mesma cidade do início de século XVI, o ideal calvinista não era um céu naterra, mas a busca dos valores do evangelho na vida individual e coletiva,indelevelmente haviam marcado as estruturas religiosas e sociais da cidade.

BIBLIOGRAFIA

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Sobre o autor: O autor é pastor presbiteriano, mestre em missiologia pelo CentroPresbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper da Universidade PresbiterianaMackenzie-SP e coordenador da Pós-Gaduação do Seminário Presbiteriano do Norte .

Fonte: Missiodei.com.br 

 

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