Luz Do Oriente 1

download Luz Do Oriente 1

of 168

Transcript of Luz Do Oriente 1

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    1/168

    Biografia de Mokiti Okada

    LUZ DO ORIENTE

    VOLUME1

    Ttulo do Original: Toho no Hikari - Jokan

    Editora: Sekai Kyusei Kyo - Atami, Japo.

    Copyright by Sekai Kyusei Kyo - Atami

    Edio em portugus:

    FUNDAO MOKITI OKADA - M.O.A.Rua Morgado de Matheus, 77 - Vila Mariana.Fone: 5087-5093 - Fax (011) 571-7305So Paulo - SP - Brasil3 Edio: abril/99 - 5.000Impresso: Grficos Chesterman Editora Ltda.

    Capa: Luciana Fernandes da Silva

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    2/168

    Direitos autorais reservados. Proibida a reproduototal ou parcial desta obra.

    LUZ

    DO

    ORIENTE

    2

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    3/168

    Fundao Mokiti Okada M.O.A.

    3

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    4/168

    MOKITI OKADAFundador da Igreja Messinica Mundial

    4

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    5/168

    5

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    6/168

    6

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    7/168

    7

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    8/168

    8

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    9/168

    9

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    10/168

    10

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    11/168

    PREFCIO

    A publicao de Luz do Oriente, biografia do fundador de nossa Igreja, pela qual ansiei durantemuitos anos, para mim uma alegria insupervel. Ao relembrar, com todo respeito, o esforo de longadata empreendido por todas as pessoas relacionadas a esse trabalho at que ele chegasse publicao,sinto-me profundamente agradecida.

    O ttulo Luz do Oriente foi tirado de uma das caligrafias feitas por Meishu-Sama (nome religiosode Mokiti Okada), e eu acho que no existe nome mais adequado para enaltecer os feitos e aespiritualidade de nosso Mestre. Com a publicao deste livro, grande nmero de pessoas poderconhecer tudo sobre Mokiti Okada um grande praticante do amor e da justia, o qual, tendonascido como cidado comum, depois de inmeras provaes, tornou-se o manifestante da Glria deDeus.

    Em breve ser iniciada a pesquisa sobre Mokiti Okada, disse Meishu-Sama. Creio, pois, quetambm ele esteja se sentindo muitssimo satisfeito ao ver concretizadas essas palavras, com apublicao da presente biografia, por ensejo do seu Centenrio.

    Como filha de Meishu-Sama, vivi durante muitos anos perto dele. Diversas imagens suas vm-menaturalmente ao pensamento: s vezes, a figura do pai carinhoso; outras vezes, a figura do dirigenteque vivia unicamente para a Obra Divina e, ainda, a figura cheia de nobreza que se divertia com ascaminhadas ao lado de Nidai-Sama (Segunda Lder Espiritual), que fazia ikebana (vivificaofloral) e se interessava pelas obras de arte. Lendo este livro, fiquei admirada de ver reproduzidas,fielmente, sem nenhum exagero ou adaptao, essas imagens de Meishu-Sama com as quais tivecontato como pessoa de sua famlia. Quanto mais lia, mais me sentia atrada, podendo novamenteexperimentar na pele a grandiosidade daquele que viveu para cumprir sua misso, e o muito que lhedevemos. Pude, ainda, conhecer diversos aspectos seus que at ento eu desconhecia. Cheguei mesmo ater a impresso de que ele havia retornado a este mundo e de que eu ouvia bem perto a sua voz, o queme deixou ainda mais saudosa.

    Aprender com Meishu-Sama e dele nos aproximar , para ns, que seguimos o caminho traadopor ele em seus Ensinamentos, um grande desejo e tambm a meta de todo o nosso esforo. O livroLuz do Oriente um bom orientador para isso. Desejo que, daqui para frente, o tenham sempre emmos e o utilizem como guia, para corresponderem ainda mais Vontade de Meishu-Sama.

    ITSUKI OKADATerceira Lder Espiritual

    da Igreja Messinica Mundial

    11

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    12/168

    APRESENTAO EDIO BRASILEIRA

    imensa a minha alegria pela edio, em lngua portuguesa, do livro "Luz do Oriente".Em sua edio original, em japons, o livro foi publicado em dezembro do ano passado,

    antecedendo o ano comemorativo do centenrio de nosso Mestre; desde ento, tem sido muito apreciadoplos fiis japoneses, que nele tm encontrado informaes que lhes permitem conhecer, ainda maisprofundamente, o sentimento altrusta caracterstico de Meishu-Sama. Atravs de sua leitura constante,nele podemos, ainda, encontrar diretrizes que nos permitem um melhor posicionamento, nesta pocaconturbada em que vivemos.

    O fato de ele ter sido traduzido e editado em lngua portuguesa e estar, agora, ao alcance detodos os brasileiros , para mim, motivo da maior satisfao.

    Meishu-Sama fundou a nossa Igreja com o objetivo de concretizar o Mundo Ideal de Verdade-Bem-Belo, um mundo de eterna paz. Paralelamente s atividades religiosas, entretanto, apresentou, divulgouamplamente e, sobretudo, esforou-se ele mesmo, desde a poca inicial, na prtica de teorias inovadorasnos campos da poltica, economia, educao, arte, medicina, agronomia e em todos os demais campos dascincias sociais e naturais. Hoje, por intermdio de seus seguidores em todo o mundo, o pensamento deMei-shu-Sama frutificou de diversas formas, atravs de atividades como as do Museu de Arte M.O.A.,

    voltadas para a salvao atravs do Belo; a Academia Sanguetsu de Vivificao pela Ror, queimpulsiona a formao do Paraso atravs das flores; a Agricultura Natural, que visa a promover averdadeira sade do homem; os trabalhos do Instituto de Pesquisas Ecolgicas, voltados para aproteo e preservao do meio ambiente etc.. Temos ainda a M.O.A. que, ultrapassando fronteiras ediferenas tnicas e religiosas, vem desenvolvendo, com esprito de compreenso e ajuda mtua,inmeras atividades educacionais, assistenciais e culturais.

    O pensamento e a filosofia de Meishu-Sama, que fundamentam essas atividades, so de umaamplitude e profundidade imensas. Nem preciso dizer que, para ns, fiis da Igreja MessinicaMundial, Meishu-Sama o modelo do qual procuramos nos aproximar mais e mais, estudando-O cons-tantemente. Nesse sentido, tenho a certeza de que a publicao deste livro, que registra fielmente suavida e suas realizaes ao lado da publicao de obras como os Ensinamentos ("Alicerce doParaso") e as "Reminiscncias de Meishu-Sama" representa mais uma Luz para seguirmos seuspassos e assimilar-lhe o comportamento, manifestao concreta de seu esprito.

    Hoje, com o desenvolvimento das diversas atividades messinicas, pessoas de todo o mundo eno apenas os membros de nossa Igreja vm despertando para o desejo de assimilar o pensamento ea filosofia de Meishu-Sama. Assim, grande a minha expectativa de que este livro sirva paraapresentar ao mundo a divina espiritualidade de nosso Mestre, servindo de ponte para guiar at eletoda a humanidade.

    Finalizando, expresso meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que, direta ouindiretamente, colaboraram para que esta obra viesse a ser editado em lngua portuguesa.

    TSUTOMU NAKAMURA

    Presidente da Igreja Messinica Mundial

    12

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    13/168

    APRESENTAO DA REEDIO

    A publicao do livro Luz do Oriente partiu do desejo da nossa Segunda Lder Espiritual em1961. Foi formada a Comisso de Compilao da Histria do Fundador Mokiti Okada e teve incio acoleta de dados para a sua execuo.

    Por ocasio da comemorao dos 30 anos da fundao da Igreja, em 1965, foi possvel lanar,como preparao, o livro Reminiscncias sobre Meishu-Sama.

    Posteriormente, objetivando a publicao de uma biografia completa do Fundador, como partedas atividades comemorativas do seu Centenrio, e graas ao desejo e apoio de inmeras pessoasligadas Igreja Messinica Mundial, em 23 de dezembro de 1981, lanamos o livro Luz do Oriente.

    Os 72 anos de vida de Mokiti Okada, que desejou ardentemente concretizar a Verdade econstruir a verdadeira civilizao, foram repletos de experincias que abrangiam os campos religioso,empresarial, educacional, artstico e filosfico.

    Atravs de uma investigao o mais fiel possvel realidade, a presente publicao retrata aampla trajetria de Mokiti Okada. Embora ainda insuficiente esta biografia engloba o cotidiano, oideal e a filosofia de Mokiti Okada e acreditamos que seja capaz de apresentar uma viso geral da vidado Fundador.

    Estamos convictos de que este livro oferecer alimento espiritual e ser um seguro norteador paratodos ns que, espelhados nos ideais do Mestre, almejamos incessantemente nossa elevao como sereshumanos e como participantes na construo do Mundo Ideal.

    Atendendo ao desejo de um grande nmero de admiradores e adeptos de Mokiti Okada,reeditamos o livro Luz do Oriente. Nesta segunda edio, corrigimos algumas datas e inserimos algunstrechos para maior clareza textual. Modificamos, igualmente, expresses que, sob o prisma do respeitoaos direitos humanos, eram consideradas indevidas. Desejamos, sinceramente, que o presente livro

    faa parte da leitura diria daqueles que, de uma maneira ou de outra, possuem afinidade com a Obrade nosso Fundador.

    Igreja Messinica Mundial - Maio de 1994

    13

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    14/168

    NOTAS DO TRADUTOR

    1- Nos nomes em japons, utilizamos as seguintes grafias:

    a) n - para os sons nasais, mesmos antes de p e b.

    b) ss - para representar o som de c, mesmo no caso das palavras que tm sido comumente usadascom um s s, como por exemplo Osaka, que, neste caso, ser escrita Ossaka, pois, do primeiro modo,em portugus, seria normal pronunciar Ozaka.

    c) z - para se representar esse som, mesmo quando no seja estritamente necessrio. Por exemplo:

    Kizaemon, que, por estar entre vogais, poderia ser escrito com S.d) r - no incio de palavra deve ser pronunciado com o mesmo som do r de Maria, e no deHenrique ou rua.

    e) sh - pronuncia-se como em ingls ( = ch em portugus.).

    f) h - essa consoante, no incio das slabas, deve ser pronunciada com o som aspirado, como o r derico, e no como o h de hbrido, por exemplo, que mudo.

    g) j - deve ser pronunciado com o som dj.

    h) g - pronuncia-se sempre com o som que ele tem na palavra guerra.i) e pronunciam-se essas vogais de forma mais prolongada.

    2 - Devido diferena entre as divises polticas e territoriais do Japo e as do Brasil, no foipossvel traduzir os endereos nos moldes brasileiros, dando a idia exata dos termos. O endereo, porexemplo, da casa onde o Fundador nasceu :

    Tokyo-to, Daito-ku, Hashiba 2 tyo-me 2 ban

    Distrito Federal / distrito / localidade ou bairro / conjunto de quadras / nmero

    Traduziramos, ento, para:

    Hashiba, quadra 2, n. 2, Distrito de Daito, Tquio.

    D.F., o que apenas uma traduo aproximada.

    3 - No caso de trechos extrados de outras obras, foram citadas as fontes.

    4 - Os nomes aqui empregados nem sempre so os de registro. No caso da pessoa ser conhecidapor um nome que no o de registro, utilizou-se esse nome.

    5 Os nomes de pessoas foram escritos na forma como so usados no Japo: o sobrenomeprimeiro, o nome depois, e conforme as grafias aqui indicadas.

    14

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    15/168

    NDICE

    PREFCIO .........................................................................................................................................11

    APRESENTAO EDIO BRASILEIRA ................................................................................12APRESENTAO DA REEDIO .................................................................................................13

    NOTAS DO TRADUTOR ................................................................................................................. 14ENSINAMENTOS DO FUNDADOR ..............................................................................................18

    LUZ DO ORIENTE ................................................................................................................... 18MINHA HISTRIA ...................................................................................................................20Introduo ...................................................................................................................................20Meu mistrio ...............................................................................................................................20Sou Deus ou ser humano? ..........................................................................................................21ESTADO DE UNIO COM DEUS ...........................................................................................23O SCULO XXI .........................................................................................................................24

    NASCIMENTO DA IGREJA MESSINICA MUNDIAL ....................................................... 27ELIMINAO DA TRAGDIA ...............................................................................................30O PARASO O MUNDO DA ARTE ..................................................................................... 31PRINCPIO DA AGRICULTURA NATURAL ........................................................................32

    CAPTULO I .....................................................................................................................................34

    NASCIMENTO .............................................................................................................................. 34O ALVORECER DA NOVA ERA ............................................................................................36A NOVA ERA ............................................................................................................................36HASHIBA 18) ............................................................................................................................39

    A VIDA DA FAMLIA ..............................................................................................................41LINHAGEM FAMILIAR .......................................................................................................... 42O BISAV .................................................................................................................................42OS AVS ...................................................................................................................................44OS PAIS .....................................................................................................................................45

    CAPTULO II ....................................................................................................................................46

    INFNCIA .....................................................................................................................................46OS SETES ANOS DO PRIMRIO ...........................................................................................48SISTEMA ESCOLAR DA POCA ...........................................................................................48ESCOLA PARTICULAR DO TIPO TERAKOYA ...............................................................49

    TRANSFERNCIA PARA UMA ESCOLA RENOMADA .....................................................49LEMBRANAS DA INFNCIA ..............................................................................................50AS CRIANAS DA ZONA INDUSTRIAL E COMERCIAL ..................................................51AS PESSOAS POBRES .............................................................................................................51A HISTRIA DOS DOIS VELHINHOS ..................................................................................52

    CAPTULO III ...................................................................................................................................53

    JUVENTUDE .................................................................................................................................53A LUZ E AS TREVAS ..............................................................................................................55A ESCOLA DE BELAS-ARTES DE TQUIO ........................................................................55CONTNUA LUTA CONTRA A DOENA .............................................................................56

    O NOVO CAMINHAR ..............................................................................................................57NIHON-BASHI, KYO-BASHI, TSUKIJI.................................................................................57APRENDIZAGEM DE MAKI-E ...........................................................................................58ESFORO PARA O CRESCIMENTO .....................................................................................60

    15

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    16/168

    RUIKO KUROIWA E O JORNAL YOROZUTYOHO ........................................................60ESTUDOS DE FILOSOFIA ......................................................................................................61

    CAPTULO IV ...................................................................................................................................63

    CAMINHO NO MUNDO EMPRESARIAL .................................................................................63INDEPENDNCIA ....................................................................................................................65MORTE DO PAI ........................................................................................................................65

    A LOJA DE MIUDEZAS KORIN-DO ......................................................................................66CASAMENTO ...........................................................................................................................68COMRCIO POR ATACADO - A LOJA OKADA .................................................................69AMPLIAO DOS NEGCIOS ..............................................................................................69CRIAO DE BIJUTERIAS ....................................................................................................70TIPOS DE PENTEADOS ..........................................................................................................72VISITA A TENSHIN OKAKURA ............................................................................................73A MORTE DA ME ..................................................................................................................74AS DOENAS ...........................................................................................................................76

    CAPTULO V .................................................................................................................................... 78

    DE VENTO EM POPA ..................................................................................................................79SUCESSO ...................................................................................................................................81A TRANSAO COM A LOJA MITSUKOSHI .....................................................................81A INVENO DO DIAMANTE ASSAHI ...........................................................................81UMA ADMINISTRAO RACIONAL ...................................................................................83A POCA DO BAIRRO DE KITAMAKI .................................................................................86ADMINISTRAO DO CINEMA ...........................................................................................88SENTIMENTO FILANTRPICO .............................................................................................89AMOR QUE NO VISA RECOMPENSA ...........................................................................89SENTIMENTO DE JUSTIA ...................................................................................................90

    CAPTULO VI ...................................................................................................................................93

    CONVERSO ................................................................................................................................93OS SEGUIDOS SOFRIMENTOS ............................................................................................. 95FALNCIA DO BANCO SOKO ...............................................................................................95MORTE DA ESPOSA E DOS FILHOS ....................................................................................96SEGUNDO MATRIMNIO ......................................................................................................97O SEGUNDO NASCIMENTO ..................................................................................................99 PROCURA DA SALVAO ................................................................................................99INSTITUIO DA SOCIEDADE ANNIMA ...................................................................... 101COLAPSO DA EMPRESA ......................................................................................................102

    ESFORO PARA A RECUPERAO .................................................................................. 104RETORNO RELIGIO ....................................................................................................... 105CAPTULO VII ................................................................................................................................108

    APREENSO DA ESSNCIA DE DEUS .................................................................................. 108CONSCIENTIZAO DA VONTADE DIVINA .................................................................. 110PESQUISA DO MISTRIO .................................................................................................... 110A VOZ DE DEUS .................................................................................................................... 111KENSHINJITSU ...................................................................................................................112SUCESSIVOS MISTRIOS .................................................................................................... 114PESQUISAS SOBRE O ESPRITO DIVINO ......................................................................... 117

    FOMENTO PARA A FUNDAO DA IGREJA .................................................................. 119ATIVIDADES LITERRIAS ..................................................................................................119DIFUSO EM TQUIO ......................................................................................................... 121A EVIDNCIA DAS PROVAS ...............................................................................................123

    16

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    17/168

    DEDICAO EXCLUSIVA OBRA DIVINA ....................................................................128CAPITULO VIII .............................................................................................................................. 130

    A REVELAO DIVINA ...........................................................................................................130VISITA AO TEMPLO NIHON-JI ........................................................................................... 132O TEMPLO NIHON-JI DO MONTE KENKON .................................................................... 132( Ou Montanha Nokoguiri ) ...................................................................................................... 132

    ........................................................................................................................ 132VISITA AO TEMPLO ............................................................................................................. 133REVELAO DO ALVORECER DA NOVA ERA ..............................................................136SIGNIFICADO DA REVELAO .........................................................................................138TRANSIO DA NOITE PARA O DIA ................................................................................138O ALVORECER DA NOVA CIVILIZAO ........................................................................ 139ESTABELECIMENTO DO JOHREI (1 fase) ........................................................................ 140ESTABELECIMENTO DO JOHREI (2 fase) ........................................................................ 141SEGUINDO UNICAMENTE O CAMINHO DA SALVAO DOS HOMENS ..................143COMO MISSIONRIO ........................................................................................................... 143SALVAO ATRAVS DAS PINTURAS E ESCRITAS .................................................... 146

    CAPTULO IX ................................................................................................................................. 149

    CAMINHO DA SALVAO DO MUNDO ...............................................................................149CHEGADA DO MOMENTO OPORTUNO ........................................................................... 151CRISE INTERNA E EXTERNA ............................................................................................. 151PRESSO SOBRE AS NOVAS RELIGIES ........................................................................ 153ABERTURA DA CASA OJIN-DO ......................................................................................... 154PREPARAO PARA A FUNDAO DA IGREJA ........................................................... 156A IMAGEM DO KANNON DE MIL BRAOS .....................................................................156A ORAO ZENGUEN-SANJI ..........................................................................................158ELABORAO DO ESTATUTO .......................................................................................... 159INSTITUIO PROVISRIA ................................................................................................160PIONEIROS DA IGREJA ........................................................................................................162

    17

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    18/168

    ENSINAMENTOS DO FUNDADOR

    LUZ DO ORIENTE

    Creio que a expresso Luz do Oriente surgiu h uns dois mil anos, em determinada parte daEuropa, tendo-se propagado gradativamente a ponto de hoje no existir quem a desconhea. Atagora, no entanto, por ignorncia do seu verdadeiro significado, ela continua envolvida em mistrio.Assim, gostaria de mostrar o que realmente significa essa expresso.

    Indiscutivelmente, Luz do Oriente era uma predio relacionada minha pessoa. No haverquem no se espante ao tomar conhecimento dessa verdade, e poucas pessoas conseguiro aceit-la deimediato. Por isso, tentarei me explicar melhor, apresentando provas reais do que estou dizendo.

    A primeira prova o local onde nasci e o trajeto das mudanas que fiz.

    Nasci num bairro antigamente denominado Hashiba, situado em Assakussa, na cidade de Tquio.O pas chamado Japo, como todos sabem, localiza-se no extremo leste do globo terrestre; acrescente-se que Tquio uma cidade do leste do Japo. O leste de Tquio Assakussa, cujo leste, por sua vez, Hashiba, o bairro ao qual me referi h pouco. A leste desse bairro est o rio Sumida. Assim, Hashiba realmente o leste do leste; em termos mundiais, o extremo leste do mundo.

    Aos oito anos, fui morar no bairro de Senzoku, a oeste de Hashiba; mais ou menos na poca em

    que conclu o curso primrio, mudei-me para o bairro de Naniwa, em Nihon-bashi, e em seguida, paraTsukiji, em Kyo-bashi; depois fui para os bairros de Oi e Omori, ambos em Ebara; mais tarde,transferi-me para Koji e, a seguir, para Tamagawa, onde existe, atualmente, o Solar da Montanha doTesouro. Posteriormente, dando um salto bem grande, mudei-me para Hakone e Atami, e, agora, paraQuioto. Assim, troquei de residncia dez vezes, e dessas mudanas, excetuando-se o bairro de Koji,nove foram para o oeste. Naturalmente, daqui em diante a Luz do Oriente avanar cada vez maispara o oeste; um dia, bvio, chegar China e, finalmente, Europa.

    Analisando os diferentes aspectos da cultura japonesa at o presente momento, constatamos quetodos eles nasceram no oeste e foram se expandindo em direo do leste. Entre as religies, o budismo,incluindo todas as suas ramificaes, o cristianismo e o xintosmo - este ltimo, originrio do Japo -nasceram no oeste e foram se propagando para o leste. A religio budista Nitiren foi a nica quenasceu no leste. E isso tem uma profunda razo de ser. Vejamos.

    O budismo, como tenho dito, foi criado para promover a salvao das criaturas na Era da Noite,isto , o perodo em que o mundo era protegido pela deusa da Lua. Entretanto, como tudo ocorreprimeiramente no Mundo Espiritual, chegando a poca apropriada mudana para a Era do Dia,iniciou-se naquele mundo, h setecentos anos, o primeiro estgio do Alvorecer.

    Foi por isso que nasceu Nitiren Shonin. Crendo em Buda, assim que terminou seus primeirosaprimoramentos, ele tomou a deciso inabalvel de se dedicar divulgao do sutra Hoke, pregadopelo Mestre. Primeiramente foi a Awa, sua terra natal, e, escalando o Monte Kiyossumi, prximo aomar, entoou em voz alta, no momento em que o Sol estava para nascer, as palavras Nan-myo-ho-ren-gue-kyo ( 1 ). A partir de ento, divulgou para o mundo o sutra Hoke com todas as suas foras,enaltecendo-lhe os benefcios. Mais tarde, lutou contra inmeras perseguies, at que, finalmente,

    estabeleceu uma seita inabalvel como hoje a Hoke-kyo

    ( 2 )

    , que merece todo o nosso respeito.

    ( 1 ) Palavras pronunciadas pelos fiis da Religio Nitiren para pedirem proteo e atingirem a iluminao.( 2 ) Tambm conhecida pelo nome de Religio Nitiren.

    18

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    19/168

    Esse grande feito de Nitiren representava o primeiro raio da Luz do Oriente. Em termosespirituais, podemos dizer que, no extremo leste do Mundo Espiritual, at ento imerso nas trevas, eraum brilho bem fraco e pequeno, o primeiro indcio de que o Sol estava para nascer. Naturalmente, issono se evidenciava aos olhos humanos, mas em verdade constitua uma importante realizao Divinano avano da Grande Providncia.

    Seiscentos e tantos anos depois, chegada a hora do Alvorecer, no dia 15 de junho de 1931, levandotrinta e poucos acompanhantes, escalei o Monte Nokoguiri ( 3 ), situado em Awa, onde se localiza o

    Templo Nihon-ji, e no topo desse monte, em direo ao cu do leste, entoei uma orao. Na mesmahora, ocorreu algo misterioso. Ainda no me permitido revel-lo, mas significava a demarcao damudana da Noite para o Dia, promovida pela Providncia de Deus. O interessante que o MonteKiyossumi fica a leste do Monte Nokoguiri. E, devido grande proximidade de ambos, so realmentemontes irmos. E Nihon, o nome do templo, que significa Nascente do Sol, tambm est insinuandoaquela mudana.

    Acima escrevi sobre a afinidade do Japo com o budismo. Quanto ao confucionismo, moral, sinologia, medicina chinesa e todas as primeiras expresses da cultura japonesa, foram importadasda China e da Coria. Nos ltimos tempos, foi introduzida no pas a cultura ocidental, de modo que amaior parte da sua cultura provm do oeste. Alm da Religio Nitiren, no existia nenhuma outraexpresso cultural japonesa que tivesse nascido no leste.

    Mas agora precisamos refletir: se, atravs dessa cultura nascida no oeste, se tivesse conseguidoformar um mundo ideal de paz e felicidade, que teria eu para falar? O que vemos, entretanto, justamente o contrrio. Materialmente, o mundo se tornou uma civilizao magnfica, porm o maisimportante, que a felicidade humana, no foi alcanado; e o pior que, segundo tudo indica, tambmno o ser, no futuro. Certamente, todos pensam assim. No entanto, embora o homem contemporneono possua nenhuma esperana e viva uma vida cotidiana sem objetivos, sentindo uma intranqilidadeinexplicvel, a maioria das pessoas, no ntimo, no cessa de ansiar pela luz da esperana. O centrodesse desejo, na realidade, a Luz do Oriente.

    Como podemos ver, os fundamentos da civilizao seguiram uma trajetria contrria ordemnatural, o que pode ser muito bem compreendido ao observarmos a Natureza: o Sol e a Luadespontam no leste e descrevem rbita em direo do oeste. Sendo esta uma verdade eterna, o que

    nasce no leste representa a prpria Verdade. Assim, posso afirmar com toda segurana que as pessoasque acreditarem em minhas palavras, procedendo em conformidade com elas, conseguir obter averdadeira felicidade. Em resumo: eu purificarei toda a gua turva impelida do oeste para o leste,devolv-la-ei pura e construirei um mundo lmpido como o cristal.

    (Jornal Eiko, n 182,12 de novembro de 1952).

    ( 3 ) Nome oficial da Montanha Nokoguiri, no Estado de Tiba.

    19

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    20/168

    MINHA HISTRIA

    Introduo

    Atualmente, mais da metade das pessoas do mundo inteiro professam alguma f religiosa. Agrande maioria segue uma das trs grandes religies: o cristianismo, o islamismo ou o budismofundado respectivamente, como todos sabem, por Jesus Cristo, Maom e Sakyamuni.

    O principal meio de divulgao empregado por esses religiosos foi a palavra escrita e oral,fundamentada em seus ensinamentos; parece mesmo que no se utilizaram de nenhum outro mtodo.O meu caso, porm, totalmente diferente. Tal como essas religies, tambm temos ensinamentos, maseles constituem apenas um dos nossos meios de divulgao e, no seu conjunto, abrangem todos osaspectos da cultura necessrios vida humana. Pretendemos, especialmente, corrigir os erros dacivilizao j formada, e o fazemos atravs dos mais diversos mtodos e de fatos reais.

    O nosso maior objetivo eliminar deste mundo a doena, a misria e o conflito. Entretanto, comosempre tenho falado sobre esse tema, no me aterei a ele aqui. Aqueles que me conhecem, cientes dagrande obra de salvao por mim realizada, naturalmente gostariam de saber tudo o que for possvel ameu respeito; no futuro, ser incalculvel o nmero de pessoas, no mundo inteiro, que tero o mesmodesejo. Assim, como criador do princpio do Mundo Paradisaco, pretendo deixar para as geraesvindouras a imagem mais fiel da minha pessoa, e por isso escreverei a meu respeito.

    Parece-me estranho que aqueles trs grandes religiosos - Cristo, Maom e Sakyamuni - tenhamexpressado suas idias de forma to bem elaborada, atravs de magnficos ensinamentos, comopodemos ver, por exemplo, nos oitenta e quatro mil livros relacionados ao budismo - esforo esselouvvel - mas nada tenham falado a respeito de si mesmos. como se estivessem trajados com

    magnficas vestes e no quisessem tir-las; desse modo, no podemos conhecer suas impresses econfisses. Talvez eles no nos tenham revelado o seu ntimo por no terem vontade de faz-lo, masacho isso realmente lamentvel.

    Quanto a mim, acontece justamente o contrrio. Desejo escrever tudo a meu respeito, com todosos detalhes. Provavelmente encontraro pontos incompreensveis em minhas explanaes, fatos quelhes parecero verossmeis ou inverossmeis, grandes ou pequenos, claros ou obscuros, finitos ouinfinitos etc.. Por isso, creio que; saboreando minhas palavras, conseguiro obter a sabedoria da vida etornar-se-o possuidores de esprito inabalvel.

    Meu mistrio

    Acredito que, desde a criao do mundo, nunca existiu pessoa to misteriosa quanto eu.Realmente, sou misterioso em tudo, Ora, se eu prprio penso dessa forma, quanto mais as outraspessoas... Certamente ficaro como cegos, tentando captar minha imagem real. curioso, entretanto,que nada atrai mais o interesse do homem que o mistrio. E existe mistrio em todas as coisas.Antroplogos pesquisam runas antigas e a vida dos povos primitivos para descobrir o mistrio queenvolve aquela poca; cientistas chegam a dedicar toda a sua vida pesquisa dos fenmenos fsicos,dissecando-os e fazendo estudos especiais sobre eles, criando a partir do nada, descobrindo o tomo etentando conhecer a teoria da transformao da matria, para revelar esses mistrios; mdicos passama vida inteira olhando por um microscpio, dedicando-se anlise de cadveres e a experincias comanimais, no objetivo de descobrir o mistrio da vida; astrnomos vivem a observar o cu atravs de

    telescpios, pesquisando compenetradamente os astros, o vento, a chuva, os relmpagos, as mudanasdo tempo etc. Idntico esforo desenvolvido por historiadores, gegrafos e outros estudiosos.Literatos e artistas plsticos tambm fazem o mesmo, a fim de receberem inspirao e descobrirem o

    20

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    21/168

    mistrio da Arte. A forma difere de acordo com a especialidade, mas todos so guiados por um sdesejo: desvendar o mistrio.

    O assunto um pouco diferente, mas at mesmo o amor-paixo entre um homem e uma mulher sefundamenta na atrao do mistrio. Tambm um grande mistrio algum se envolversentimentalmente a ponto de dar fim prpria vida por no querer se separar da pessoa amada. Dessaforma, podemos dizer que a vida uma luta incessante contra o mistrio. Realmente, este

    inexplicvel, quer por meio de teorias, quer por meio da lgica. Alm disso, seu poder infinito.Conseqentemente, podemos afirmar que a condio fundamental para a cultura ter chegado ao pontoem que chegou, foi a pesquisa do mistrio.

    Mas devemos dizer que o mistrio dos mistrios a f. O mistrio da crena nos deuses supera odo amor-paixo, muito embora, hoje em dia, salvo raras excees, no existam religies com mistrios.Na poca de sua fundao, certamente elas os possuam em grande quantidade, mas todos eles foramdesvendados com o decorrer do tempo. Em comparao, algumas religies novas encenam muitosmistrios e por isso, embora criticadas, passaram frente das religies tradicionais e esto seexpandindo amplamente. A diferena semelhante que existe entre uma moa que acabou de secasar e uma senhora casada h muito tempo. Entretanto, claro que mesmo nas religies novas aquantidade de mistrios varia bastante de uma para outra. Modstia parte, no existe religio to

    cheia de mistrios quanto a nossa Igreja Messinica Mundial. Podero comprov-lo pela rapidez comque ela est se expandindo. Como sou eu a origem desse milagre, no se pode calcular quo rico opoder misterioso que est no meu interior. Por isso, desejo fazer com que compreendamprofundamente as minhas palavras, embora seja realmente difcil explicar, porque, depois de certolimite, o entendimento proporcional ao grau de inteligncia de cada um. Para que me compreendam,no h outro meio, portanto, a no ser polirem a alma e tornarem-se sbios.

    Farei agora uma autodissecao dos mais diversos ngulos da minha personalidade, para merevelar inteiramente.

    Sou Deus ou ser humano?

    No existe pessoa to singular quanto eu. Nos limites do que se conhece desde os tempos antigos,atravs das biografias de religiosos, sbios, grandes personagens etc., no h ningum que se encaixenos mesmos moldes. Com certeza, trata-se de um fato indito desde o incio do mundo. Eu prprio,quanto mais penso nisso, creio que tudo se resume numa palavra: mistrio. Conseqentemente, nofuturo, quando se fizerem pesquisas sobre minha pessoa, inevitavelmente surgiro inmeras crticas.Com esse pensamento, quero deixar retratada a minha imagem mais real.

    O que julgo mais interessante, ao escrever sobre mim mesmo, a minha prpria personalidade.Os mistrios que me envolvem so tantos, que eu vou me analisar no s de acordo com o meu prprioponto de vista, mas tambm de terceiros. At as pessoas que tm contato comigo h mais de dez anosainda no compreenderam realmente esses mistrios; nem mesmo minha esposa parece entender-memuito bem.

    Naturalmente, sou religioso, mas no sou um fundador de religio como o foram Sakyamuni ouJesus Cristo; tampouco sou um personagem sobrenatural. Em verdade, abranjo aspectos muitoamplos.

    Quando jovem, nunca atentei para esse fato; tinha apenas uma leve conscincia de ser um poucodiferente das pessoas comuns. A principal diferena que eu encontrava em mim que no sentianenhuma inclinao para adorar qualquer pessoa, fosse ele um grande personagem histrico ouqualquer outra eminncia. A verdade que eu no julgava ningum to relevante a ponto de sersuperior a mim. No era pretenso nem presuno; era um sentimento que surgia naturalmente, e porisso muitas vezes cheguei at sentir solido.

    Outra de minhas caractersticas particulares um forte sentimento de justia e o dobro de dioao mal sentido pelas pessoas comuns. Eu sofria bastante para dominar o furor que sentia ao ler osjornais dirios. Acreditava, ento, que, para diminuir as injustias que se me deparavam o melhormeio era fundar um jornal. Naquela poca, uma pessoa s conseguiria abrir uma empresa jornalstica

    21

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    22/168

    se tivesse mais de um milho de ienes, e eu tive de trabalhar bastante para obter essa quantia.Lamentavelmente, ao contrrio do que esperava, acabei fracassando. No entanto, como esse fato setornou um dos motivos que me levaram a seguir a vida religiosa, considero-o at positivo.

    Foi assim que ocorreu o meu ingresso na Religio Omoto. Graas a essa religio, eu, que at entoera completamente agnstico, pude conscientizar-me profundamente da existncia de Deus. Como meaconteciam surpreendentes milagres, uns aps outros, claro que meu sentimento mudoucompletamente, dando uma volta de cento e oitenta graus. A cada dia aumentava o nmero de

    milagres, at que finalmente recebi a revelao espiritual sobre a minha vida no passado, no presente eno futuro, alm de ser investido de um poder sobre-humano e da grande misso de salvar ahumanidade.

    Um fenmeno que achei muito curioso, nessa poca, que uma fora grandiosa me manejavalivremente, fazendo com que, por meio de milagres, eu me encontrasse, pouco a pouco, com o Mundode Deus. A minha alegria, nessas horas, era irrefrevel. Era uma sensao indescritivelmenteprofunda, ntida e elevada. Alm do mais, os milagres continuavam, acontecendo fatosinteressantssimos. No sei quantas vezes cheguei a provar essas sensaes num s dia. O maior detodos os milagres foi o que ocorreu em dezembro de 1925, ltimo ano do reinado do imperador Taisho.

    (Artigo no publicado, escrito em 1952).

    22

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    23/168

    ESTADO DE UNIO COM DEUS

    Desde os tempos antigos, muito se tem falado sobre pessoas que vivem em estado de perfeitaunio com Deus, mas eu creio que jamais existiu algum que realmente tivesse vivido nesse estado. Defato, os trs grandes religiosos Sakyamuni, Jesus Cristo e Maom - pareciam unos com Deus, mas, emverdade, eram apenas mensageiros da Vontade Divina; em termos mais claros, eram mensageiros deDeus. Dessa forma, no se sabia fazer diferena entre uma pessoa em estado de unio com Deus e ummensageiro de Deus.

    Os mensageiros de Deus atuam atravs de encostos ou seguindo as determinaes Divinas. Por

    isso, sempre rezam a Deus e pedem Sua proteo. Eu, porm, no fao nada disso. Como os fiissabem, no oro a Deus nem Lhe peo orientao. Basta que eu aja de acordo com a minha prpriavontade, o que muito fcil. Visto que podero estranhar o que estou dizendo, por ser algo indito,explanarei apenas os pontos que no acarretam nenhum problema.

    23

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    24/168

    Como sempre digo, h uma Bola de Luz em meu ventre. Essa Bola o Esprito de Deus, de modoque Ele mesmo maneja livremente meus atos, minhas palavras, tudo. Ou seja: em mim no hdistino entre Deus e o homem. Este o verdadeiro Estado de Unio com Deus. Como o EspritoDivino que habita o meu ser o mais elevado, no existindo nenhum deus superior a este, no fazsentido reverenciar outros deuses. A melhor prova so os milagres manifestados diariamente pelosfiis. Ora, se at os meus discpulos evidenciam milagres que no so inferiores aos manifestados porCristo, poder-se-, atravs desse nico fato, imaginar a minha hierarquia divina.

    Acrescente-se, ainda, que todos os religiosos existentes at agora previram a concretizao de ummundo paradisaco, mas no disseram que seriam eles os construtores desse mundo. Isto porque seunvel divino era inferior, e seu poder, insuficiente. Mas eu afirmo que o Paraso Terrestre, mundo semdoena, misria e conflito, ser construdo por mim. Daqui para frente evidenciarei inmerasrealizaes surpreendentes, nunca vistas at agora, e por isso gostaria que as observassem com muitaateno. Surgiro inmeras ocorrncias inconcebveis em termos de realizao humana.

    (Jornal Eiko, n 155, 7 de maio de 1952).

    O SCULO XXIAcordei s seis horas da manh, ao som de uma msica bem baixinha, que parecia sair do

    travesseiro. Ela foi ficando cada vez mais alta, e, como eu no conseguia dormir, levantei-me. Queinteressante! Um despertador acionado dentro do travesseiro! - pensei eu. Lavei o rosto e tomei arefeio matinal, uma mescla dos hbitos japoneses e ocidentais: sopa de misso ( 4 ), po de arroz, umpouco de peixe e carne, verdura, caf, ch verde etc..

    Em primeiro lugar, li o jornal. Numa manchete da primeira pgina, anunciava-se a eleio doPresidente Mundial. O dia da eleio estava prximo. Publicavam-se os nomes e as fotos doscandidatos de diversos pases: Estados Unidos, Inglaterra, Frana, Alemanha, Vietn, Japo, UnioSovitica (cujo nome era outro) e pases da Amrica do Sul. Parece que o candidato dos Estados

    Unidos era o preferido.

    ( 4 ) Massa de soja para fazer sopa.

    24

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    25/168

    Na pgina trs, deparei com algo inesperado: quase no existiam artigos sobre crimes. Dava-segrande destaque parte relativa s diverses; os artigos principais versavam sobre esporte, turismo,msica, belas-artes, teatro, cinema e outras artes cnicas etc.. A composio estava realmente muitobem feita. Os artigos no eram complexos e mal elaborados como acontecia nos jornais do passado,mas redigidos numa linguagem simples e precisa, restringindo-se unicamente ao necessrio. Assim,gastava-se pouco tempo na leitura; percebia-se que havia cuidado para no cansar o leitor.

    Outra nota diferente em relao aos tempos antigos, era a grande quantidade de fotos: cinqentapor cento de textos e cinqenta por cento de fotos. A pgina de anncios e classificados tambm eramuito diferente. Quase no havia propaganda de remdios, e a de cosmticos era mnima. O que haviaem abundncia era propaganda de livros e artigos relacionados s vestimentas, alimentao, moradia,maquinaria, novos lanamentos etc.. A parte escrita era bem reduzida, por isso eu li o jornal todo emaproximadamente quinze minutos. Terminei a leitura com muito boa disposio. E no era paramenos, pois a janela era ampla e a sala estava bem clara. No havia nenhuma instalao de segurana:explicaram-me que assaltantes e ladres eram histrias do passado. Por isso, achei que, de fato, aqueleera um mundo maravilhoso.

    Terminada a leitura do jornal, peguei o carro e sa. Estava muito bem vestido, mas fiqueisurpreso com a beleza da cidade. Parecia um jardim. Engraado que, alm dos automveis, no sevia nenhum outro tipo de conduo, o que no era de se admirar, pois os trens e os bondes trafegavampelo subsolo; as ruas eram s para os automveis. Alm disso, estes no faziam nenhum barulho.Achando estranho, olhei bem e notei que a rua parecia estar forrada com cortia. Observando melhor,percebi tratar-se de um material elstico e bastante macio, que parecia ter sido preparado com amistura de borracha e p de serra. Os carros trafegavam com pneus de borracha, e existiamdispositivos para isolar o som em volta das janelas e em toda parte, no havendo, pois, motivos parapoluio sonora. Alm do mais, se chovia, a gua se infiltrava e por isso no se formavam poas. Afora motora que movimentava os carros era um minrio do tamanho da ponta de um dedo. Algorealmente extraordinrio, porque conseguia fazer com que um carro percorresse vrias dezenas demilhas. Esse minrio assemelhava-se ao urnio e ao plutnio, sendo uma aplicao do princpio dadesintegrao do tomo.

    Assim que entrei no carro, vi que no havia motorista. Nem era preciso, pois bastava o passageirosegurar uma barra com uma das mos para o carro movimentar-se. claro, porm, que algumas

    pessoas se davam o luxo de ter motorista.Comecei a visita da cidade. Como era bela! Fiquei surpreendido ao ver rvores frutferas

    enfileiradas entre a rua e a calada, como acontecia antigamente com a avenca-cabelo-de-vnus e ospltanos. Havia figueiras, caquizeiros, ameixeiras e rvores mais baixas, como laranjeiras,pessegueiros e pereiras. No meio da rua existiam canteiros semelhantes aos de outrora, separando asduas mos do trnsito; neles se enfileiravam rvores frondosas, cobertas de belas flores, e as bordaseram coloridas por todos os tipos de flores e plantas. Enquanto eu passava por elas, chegava a mim operfume de uma flor que no consegui identificar.

    O que me pareceu mais bonito no passeio foi um caminho cheio de hortnsias, em determinadobairro, na extenso de uma milha. A segunda coisa mais bela foi o caminho que vinha em seguida, todoflorido de dlias. Existia, tambm, um local onde se viam cachos de uvas pendurados nas duas

    caladas das ruas, e latadas de glicnias cujas flores j haviam cado e que s tinham folhas. Emdiversos pontos da cidade, havia pequenas casas de ch com mesas e cadeiras enfileiradas na beira dascaladas, a fim de que os transeuntes pudessem tomar bebidas simples apreciando as flores. Cadabairro possua um ou dois pequenos parques pblicos, onde as crianas brincavam alegremente, e porisso a cidade tambm era o Paraso das Crianas. Alguns jardins de flores tinham um lago artificialbem no centro, e o interessante que, em sua superfcie, boiavam nenfares. Todas as plantas eramregadas vrias vezes por dia, numa hora determinada. Havia um encanamento instalado em volta dos

    jardins: era um cinturo quadrado, de cimento, com um nmero infinito de orifcios. Bastava abrir atorneira para que, desses orifcios, sassem jatos dgua, como os de um chafariz, molhando todo o

    jardim.

    Outro aspecto que me surpreendeu foi o tempo, que tambm era controlvel, podendo-se fazer sol

    ou chuva. Assim, se na manh ou na tarde de certo dia da semana chovia, depois fazia bom tempo atdeterminado dia. O vento tambm estava controlado para soprar na proporo adequada, em diasespaados, sendo que, de vez em quando, soprava um vento forte. Isso era inevitvel, para que as

    25

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    26/168

    rvores fortificassem suas razes. A antiga expresso de cinco em cinco dias ventar, de dez em dezchover deve referir-se a essa poca. Naturalmente, tudo decorria do progresso da Cincia.

    Nesse meu passeio pela cidade, vi algo interessante. Em diversos locais havia umas casinhas devidro, semelhantes a caixas, onde se podiam ver desde rvores com folhas aciculiformes at rvoresque apresentam sempre o mesmo aspecto, como pinheiros, cedros, ciprestes, larios e outras. Nessascasas conservava-se a temperatura de mais ou menos dez graus centgrados; naturalmente, havia umaparelho de ar condicionado em cada uma. Era osis artificiais para aqueles que transitavam pelosarredores, sob o sol quente do vero. Em todos esses locais vi jovens realizando diversas atividades soba orientao de um responsvel, que tinha vasto conhecimento de botnica e fora selecionado entre oscomponentes da comisso de cada bairro.

    Do carro, eu via as lojas da cidade, enfileiradas. Eram construes bem planejadas, cheias debeleza e altivez, proporcionando uma impresso muito agradvel. As lojas um pouco maiorespareciam museus de artes. Alis, no se via construes de mau gosto, de cores berrantes, pequenascomo caixinhas de fsforo. Todas tinham janelas bem amplas e iluminao suave. A beleza da pinturae da escultura estava aplicada ao mximo.

    Enquanto eu fazia isso e aquilo, parece que ia anoitecendo, mas no se sentia que j era noite.Alis, no era para menos, pois nas ruas, em determinados espaos, existiam postes de iluminao amercrio. Os raios de luz eram diferentes dos que so emitidos pelas lmpadas: muito mais claros, umbrilho surpreendente. Parecia estar-se recebendo a luz do Sol em plena tarde, e nenhuma das cores

    sofria modificao.Caros leitores gostaria que imaginassem o aspecto da cidade que acabei de descrever. As mais

    diversas flores, todas abertas, exalavam um perfume agradvel por toda parte, e as rvores estavamcarregadas de todos os tipos de frutas. O silncio era to grande que no parecia estar-se numametrpole. Que passeio agradvel! Olhando as vitrines das lojas, eu tinha a impresso de estar vendouma exposio de belas-artes. Naquela cidade, at as lojas bem grandes conseguiam suprir as suasnecessidades com apenas um ou dois funcionrios, visto que as mercadorias tinham os preosmarcados e qualquer pessoa podia peg-las e examin-las. Se os fregueses ficavam satisfeitos com opreo e o folheto de explicao, depositavam o dinheiro na caixa coletora, colocada entrada da loja; oembrulho era feito automaticamente por uma mquina e, de acordo com o tamanho do objeto, eraamarrado com um barbante, tornando-se fcil de carregar. Dessa forma, era realmente muito fcil

    fazer compras.Como sentisse fome, entrei num restaurante. No se avistava nenhum garom. De um lado da

    entrada estavam enfileirados pratos apetitosos, todos com uma identificao: A, B, C... Sentei-me numlugar desocupado e, olhando para a mesa, vi que era numerada. Depois, apertei um dos botesinstalados no canto. Naturalmente, apertando o boto correspondente ao nmero da mesa e identificao do prato, este aparecia imediatamente. Olhando com mais ateno, notei que no meio damesa havia uma abertura mais ou menos do tamanho do prato, que por ali saa automaticamente.Assim, tudo que eu pedia subia logo em seguida. No havia necessidade de nenhuma explicao; oservio era muito rpido, muito agradvel. Eu tinha ouvido falar que esse mtodo j existia no sculoXX, mas me parecia inconcebvel que estivesse to aperfeioado. Obviamente, todas as bebidas saampela mesma abertura, mas as alcolicas s apareciam at certo limite. Observando melhor, vi que

    havia mais um boto. Nele estava escrito: Conta. Ah, ento aperta-se esse boto... Apertei.Imediatamente surgiu a notinha. Coloquei a quantia estipulada, e logo apareceu o recibo. Quefacilidade! Fiquei satisfeito e no gastei muito tempo. Por isso, resolvi ir a um teatro.

    A quantidade de teatros era surpreendente. Qualquer cidade os possua em tudo quanto lugar,e, para meu espanto, o ingresso era muito barato. Imaginando que no haveria nenhum lucro,interpelei o gerente. Ele respondeu que todos os teatros eram administrados por milionrios comoobras sociais, e assim nem seria preciso cobrar ingresso. No obstante, a construo e as instalaeseram luxuosas, ostentando a maior beleza e boa qualidade. No se permitia a entrada de espectadoresalm da quantidade de cadeiras, de modo que se podia assistir muito bem s representaes.

    Quando entrei, estava havendo uma exibio cinematogrfica curiosssima. Exibiram-se doisfilmes produzidos por uma companhia nipo-americana - um sobre os Estados Unidos e outro sobre o

    Japo. O primeiro era um filme histrico que retratava o perodo transcorrido desde a poca em queos puritanos da Inglaterra foram para os Estados Unidos e comearam a desbravar a terra, at aGuerra da Independncia. O segundo mostrava um personagem que poderamos chamar de cientistareligioso, o qual revolucionou a medicina e teve uma vida de lutas incessantes buscando soluo para o

    26

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    27/168

    problema da doena. Ambos os filmes eram muito interessantes. Ainda houve outro espetculo,transmitido pela televiso, mas parecia uma pea representada em algum teatro.

    Como estava exausto, voltei para casa e fui dormir. Refletindo sobre o que vira nesse dia, concluque realmente o sonho da humanidade havia sido concretizado. Fiquei bastante comovido, achandoque era a Utopia h tanto tempo idealizada por ela, e meu esprito de pesquisa aumentou de formairrefrevel, pois eu sentia necessidade de conhecer todos os aspectos da cultura da Nova Era.Primeiramente, resolvi pesquisar em silncio. Acreditando, entretanto, que os leitores tambmdesejam conhecer tudo sobre esse novo mundo, relatarei, pela ordem dos fatos, aquilo que fiqueisabendo.

    O caso que se segue aconteceu no dia seguinte ao daquele passeio.

    Um vizinho meu convidou-me para ir a um lugar muito agradvel, e eu o acompanhei semhesitar. Mais ou menos no centro de certa cidade, existia um edifcio surpreendentemente suntuoso.Dirigimo-nos para l. Nele, havia teatro, restaurante, locais de diverso etc.. Eu quis saber que edifcioera aquele, e meu amigo me disse que era o centro comunitrio, acrescentando que todas as cidadestinham um ou dois desses centros. Em seguida ele falou que uma vez por semana os membros sereuniam para trocar idias. Naturalmente avaliavam propostas sobre o plano de expanso da cidade,higiene, diverses e outros setores, objetivando aumentar o bem-estar dos cidados.

    Primeiramente nos encaminhamos ao restaurante, onde saboreamos pratos deliciosos; a refeio

    era excelente, muito melhor que as do sculo anterior, em termos de beleza, sabor da comida e aromadas bebidas alcolicas. Pelo que meu amigo contou, uma vez por semana havia o Dia da Felicidade, emque os membros se reuniam e passavam momentos aprazveis, saboreando pratos apetitosos, ouvindomsica e assistindo a representaes teatrais e exibies de dana. Nessa ocasio, as danas e asmsicas eram apresentadas, com grande altivez, por moas de todas as famlias da cidade, as quaistreinavam estas artes habitualmente. Artistas profissionais e amadores faziam apresentaesconjuntas. Todas as despesas com essa e outras atividades eram feitas pelos milionrios da cidade,atravs das instituies sociais.

    Nesse novo mundo, era surpreendente a intensidade do turismo. Nos parques nacionais, nasregies montanhosas, nas praias e em ilhas pitorescas de vrias regies havia um grande nmero devisitantes, provenientes de todos os pases. Conseqentemente, por mais afastado que fosse um lugar, oprogresso cobria todas as distncias com trens eltricos, bondinhos areos e outros meios detransporte. As ferrovias e os meios de navegao eram magnficos e luxuosos; os preos, no entanto,eram bem baratos. Chegava a ser quase de graa. E no era de se admirar, pois tudo isso tambm setornava possvel graas contribuio social dos milionrios.

    Ouvi todas essas explicaes durante o perodo de descanso, e nem preciso dizer que fiqueisurpreso, no obstante tudo aquilo que j tinha visto.

    (Artigo no publicado, escrito em 1948).

    NASCIMENTO DA IGREJA MESSINICA MUNDIAL

    Por que foi criada a nossa Igreja?

    Quando analisamos a cultura moderna, que h milhares de anos a humanidade vem edificandocom incansvel esforo e dedicao, ficamos deslumbrados ante o seu aspecto esplendoroso e o incrvelprogresso que ela apresenta externamente. desnecessrio dizer que os homens da atualidadedispensam os maiores elogios a tudo isso. Entretanto, ao observarmos o outro lado dessa cultura, isto, o seu contedo, deparamos com algo inesperado: ele exatamente o contrrio da parte externa. O

    que se ope a esta , naturalmente, a parte espiritual, onde no se v nenhum progresso, a ponto depensarmos que os homens do passado eram at superiores. No presente, se pesssemos numa balana obem e o mal que existe no corao dos seres humanos, veramos que, infelizmente, o mal tem muitomais peso.

    27

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    28/168

    A influncia malfica que esse fato exerce sobre a sociedade humana muito maior do quepoderamos imaginar. Isso se torna bem claro ao constatarmos que a guerra o maior dos sofrimentoshumanos a doena, a pobreza, o crime, as calamidades naturais, enfim, todas as ocorrnciasdesagradveis, ao invs de diminurem, tendem at a aumentar. Assim, estranho que a culturaespiritual no acompanhe o progresso da cultura material e as pessoas no manifestem nenhumadesconfiana a respeito; pelo contrrio, vo se deixando viciar pela cultura material, incrementando-acada vez mais. Mas por que ser que os religiosos, os escolsticos, os polticos e o grande nmero deintelectuais existentes em todos os pases no despertam para essa realidade? Dentre eles talvez hajaalgumas excees, mas tais pessoas nada fazem, pois, no conhecendo os fundamentos da questo,consideram que o fato inevitvel. Parece que elas esto resignadas, achando que se trate de umacondio inata da humanidade.

    O principal desejo do homem ser feliz, e ele veio empregando toda a sua inteligncia eutilizando-se dos mais diversos meios para concretiz-lo. Mas a aspirao de um mundo ideal acabouse tornando um sonho utpico. Nesse sentido, inicialmente, a humanidade procurou apoio na Religio.Entretanto, como a possibilidade de atingir seu objetivo unicamente atravs da Religio tornava-sepequena, procurou alcan-lo atravs do Ensino, da Moral, da Filosofia e de outros meios surgidos noOriente e no Ocidente a partir do sculo O. No Oriente, apareceram sbios como Confcio, Meng-tzu eChu-tzu; no Ocidente, educadores como Scrates e filsofos como Kant, Hegel e outros. Logicamente ahumanidade depositou neles suas esperanas.

    A partir do sculo XVII, porm, comeou a surgir, no Ocidente, a cincia materialista, e foram sepromovendo revolues gradativas em todos os setores. O progresso da tecnologia mecnica deuorigem revoluo industrial, e o mundo inteiro ficou encantado pela Cincia. Assim, ao invs decontinuar seguindo caminhos tortuosos e longos como o da Religio e da Moral, considerou-se que,para aumentar a felicidade do ser humano e construir o mundo ideal, no havia meio mais eficienteque a cultura cientfica - visvel palpvel e comprovvel. Alm do mais, constatando que, quanto maisadiantada a cultura de um pas, mais rico e prspero ele , mais armamentos possui, mais abenoada a vida de sua populao, mais ele respeitado pelo mundo, chegando o seu poder a influenciar asnaes vizinhas, os pases, disputando entre si, procuraram imit-lo. Por esse motivo, a culturacientfica foi evidenciando um rpido progresso, at chegar ao estgio atual. Entretanto, como ahumanidade se deslumbrou demais com ela, depositando-lhe excessiva confiana, sua parte espiritual

    acabou ficando debilitada, e seus preceitos morais decaram. Assim, buscando apenas as coisasvisveis, os homens, inconscientemente; acabaram por se tornar escravos da Cincia. O ser humano,que na verdade deveria domin-la, passou a ser dominado por ela. o que se percebe atualmente. Poresse motivo, podemos dizer que estamos a um passo da catstrofe mundial e que o futuro dahumanidade corre um srio perigo.

    A felicidade e at o mundo ideal, que eram a aspirao inicial de todos os homens, foramesquecidos, no se sabe quando, tendo-se chegado a um momento em que no se vai nem para frentenem para trs. Assim, quanto mais a cultura progride, mais o homem se distncia da felicidade. umresultado extremamente irnico. Parece uma gangorra: quando um dos lados sobe, o outro desce.

    Em termos mais concretos, inicialmente se tentou construir o Paraso Terrestre com a culturaespiritual, mas, como a sua concretizao parecia impossvel, apelou-se para a cultura cientfica. Os

    homens avanaram com fora total. Entretanto, como foi exposto anteriormente, ao invs de sealcanar o Paraso, chegou-se a um estado pior que o do prprio inferno: a iminncia da destruio dahumanidade, com a descoberta da bomba atmica. O fato, porm, que, embora se tenha chegado auma poca to perigosa como a atual, os homens ainda no despertaram, continuando a venerar acincia materialista. Em poucas palavras, eles fracassaram recorrendo cultura espiritual e tambm cultura material, mas infelizmente ainda no se cansaram das coisas ruins. Como solucionar esseproblema? A tarefa mais importante de toda a humanidade reconhecer os erros cometidos at agorae recomear da estaca zero. Ou seja, a soluo formar uma cultura cruzada, que no pende nem parao esprito nem para a matria, mas funde e iguala ambas as partes. Somente assim estar concretizadoo Paraso Terrestre.

    Por tudo que vimos at agora, podemos dizer que a poca atual a poca da mudana da velha

    para a nova cultura, a era da grande transio mundial a que sempre nos referimos. Ser que, nahistria da humanidade, j foi registrada uma mudana to grande? Em verdade, um fato indito. Ecomo ser essa nova cultura que ocupar o lugar da velha? Incontestavelmente, trata-se de algo que

    28

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    29/168

    no pode ser compreendido, ainda que em pequena parcela, pela inteligncia do homemcontemporneo. E quem se encarregar de cri-la?

    Neste momento que estamos vivendo, independentemente de crermos ou no, imprescindvelcomearmos a admitir a existncia do ser conhecido como Deus. Por conseguinte, darei explicaes arespeito.

    Embora falemos simplesmente Deus, na verdade existem nveis - superior mdio e inferior - cominmeras funes. O xintosmo admite a existncia de uma infinidade de deuses. At hoje, quando se

    fala em Deus, pensa-se no monotesmo cristo ou no politesmo xintosta. Entretanto, ambas so visesarbitrrias. Na verdade, existe um nico e verdadeiro DEUS, que se subdivide, transformando-se emvrios deuses. Por isso, Ele um e muitos ao mesmo tempo. Cheguei a essa concluso atravs de longosanos de pesquisas sobre o Mundo Divino. Trata-se de um pensamento que j existia, mas parece queno se conseguiu dar maiores explicaes a respeito. At aquele Deus que veio sendo adorado comoSupremo est abaixo da segunda classe. DEUS est muito alm e s veio sendo venerado de longe pelahumanidade. Mas quem Ele, ento? No outro seno o Senhor e Criador do Universo, ou seja, oPrincpio de tudo. Aquele a quem os povos tm se referindo como Jeov, Logos, Deus, Tentei,Mukyoku, Segunda Vinda de Cristo, Messias etc..

    O objetivo de DEUS a construo do Mundo Ideal de perfeita Verdade, Bem e Belo, e, paratanto, era necessrio que todas as condies fossem preenchidas. Ele estava aguardando o tempo certo.

    Essa hora chegou: a poca atual. Sendo assim, preciso, antes de mais nada, que a humanidade seconscientize disso e que se processe a revoluo espiritual de cada indivduo.

    Darei uma prova do que escrevi acima.

    Nos Estados Unidos, comeou a usar-se, ultimamente, a expresso Nao Universal. Obviamente,representa o Mundo Ideal, que eles julgam possvel graas ao progresso alcanado pela civilizaomaterial. Entretanto, por mais que se fale em construir o Paraso Terrestre, se a cultura for inferior, seos pases estiverem isolados uns dos outros e as condies de transporte forem deficientes, o mundocontinuar conturbado, e, o que fundamental, ser impossvel unificar o pensamento dahumanidade.

    Visto que finalmente chegamos poca da criao da nova cultura, preciso conhecermos deantemo como esse grandioso plano. Naturalmente, para que ele se concretize, Deus se utiliza de um

    ser humano. Considerando que a pessoa escolhida sou eu, no nada difcil entender a razo pela qualfoi criada a Igreja Messinica Mundial. DEUS revela-me, a cada hora, o Plano do Paraso e eu oponho em prtica conforme Suas ordens. Ao mesmo tempo, o que houver de til na velha cultura sermantido, e o que no tiver utilidade ser reformulado. Esse o grande amor de DEUS. Aquilo que nopuder se tornar til, infelizmente ter de ser destrudo para sempre. E o que isso seno o JuzoFinal? Realmente, constitui um motivo de gratido e tambm de temor.

    Lamentavelmente, porm, embora eu apresente os fatos tal como eles me foram revelados porDEUS, os materialistas os interpretam de forma hertica, fazendo severas crticas. Mas isso natural,pois durante longo tempo os homens s tiveram a experincia de viver uma das formas da cultura - aespiritual ou a material - de modo que eles no podem compreender facilmente uma cultura cruzada,que no pende para nenhum dos lados. As pessoas que esto do lado da cultura espiritual, dizem que

    as graas materiais manifestadas por ns so realizaes de uma f de nvel inferior, que busca apenasas coisas materiais. Elas acham que a f superior busca unicamente a satisfao espiritual, e sentemsatisfao sozinhas, enfileirando, escolasticamente, palavras difceis. Entretanto, os resultados obtidospelas religies tericas para salvar um grande nmero de pessoas, so insignificantes, e eu creio queessa a causa da estagnao das religies tradicionais. J os que esto do lado da cultura material,devido valorizao exagerada do materialismo; afirmam que, alm das coisas visveis, tudo no passade superstio. Naturalmente, no vem motivos para crer na existncia de Deus. E o pior que,sobretudo entre a classe dirigente e a classe intelectual do Japo, grande o nmero de pessoas dessetipo. Assim, elas olham supersticiosamente para a nossa Igreja, contestando-a com palavras orais eescritas. Os mais extremistas chegam at a pedir que o povo se acautele, evitando aproximar-se dela.Influenciadas por essa atitude, as pessoas hesitam em conhec-la e, assim, no conseguem apreender a

    sua verdadeira imagem. Conseqentemente, a maioria dos intelectuais, sem o saber, constitui umempecilho para a nova cultura.

    Sempre que nasce algo novo, fatalmente surgem opositores. Isso acontece tanto no Ocidente comono Oriente. Podemos dizer que a triste predestinao de todos os anunciadores de uma nova poca.

    29

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    30/168

    O mais engraado que, quando surge uma teoria de nvel no muito superior ao da cultura da poca,os intelectuais a elogiam em coro. Isso ocorre porque as pessoas que receberam uma educaorepresentativa da cultura tradicional tm maior facilidade para entender teorias desse nvel. Osdetentores do Prmio Nobel enquadram-se em tal categoria. Todavia, quando surge uma teoria muitoelevada, distante do nvel cultural da poca, os intelectuais consideram-na hertica, combatem-na etentam neutraliz-la. Isso tambm se evidencia entre os ocidentais, como podemos constatar pelossofrimentos infligidos a inovadores como Jesus Cristo, Scrates, Coprnico, Galileu, Lutero e outros.

    A teoria exposta por mim muito mais indita que a desses inovadores, adiantada um ou doissculos em relao poca atual, e por isso as pessoas que a ouvem pela primeira vez e aquelas queesto bitoladas pela cultura tradicional, ficam boquiabertas e no pensam em analis-la devidamente:anulam-na, afirmando de forma taxativa que se trata de mera superstio. Mas, reflitamos: se ela nopassa de uma teoria evasiva, por que ser que, sem sofrer o menor abalo, a nossa Igreja continuaaumentando a sua expanso, embora receba tantas censuras, tantos ataques, e sofra opresses porparte das autoridades? Deve existir alguma razo. No sei quantas vezes ela percorreu caminhosespinhosos e atravessou chuvas de flechas. Apesar de tudo, a obra de construo do Paraso Terrestreest avanando bem mais rpido do que se esperava. Inegavelmente, isso ininteligvel para oraciocnio humano.

    O fato que, uma vez se tornando membro da Igreja Messinica Mundial, qualquer pessoaconsegue manifestar um poder semelhante ao do fundador de uma religio. Um simples fiel manifestarmilagres coisa mais do que comum em nossa Igreja; , realmente, uma extraordinria graamaterial. Alm disso, atravs dos nossos ensinamentos, esse fiel consegue captar a essncia da vida,despertar para a Verdade, melhorar sua vida cotidiana e ficar mais alegre; sustentado por inabalvelf, pode at mesmo vislumbrar o futuro. Assim, ele passa a viver com verdadeira segurana etranqilidade. A prova mais evidente que, com o decorrer do tempo, suas feies e sua pelemelhoram. Isso acontece porque, uma vez que seu sangue se torna mais puro, sua sade aumenta,desaparecem suas incertezas quanto ao futuro, seu carter se eleva, e ele se torna uma pessoa virtuosa.Dessa forma, ganha maior confiana de terceiros e por eles respeitado.

    A condio fundamental para se construir o Paraso Terrestre, objetivo de nossa Igreja, que oindivduo se eleve e adquira a qualificao de ente celestial. Como o mundo um agrupamento deindivduos, se aumentar o nmero de pessoas com essa caracterstica, obviamente surgir o Paraso

    Terrestre.

    20 de novembro de 1950(Extrado de Noes sobre

    a Igreja Messinica Mundial)

    ELIMINAO DA TRAGDIA

    Entre todas as coisas do mundo, o que o homem mais detesta a tragdia. Elimin-la totalmente impossvel, mas, de certo modo, no ser to difcil diminu-la. Passemos a estudar sua natureza.

    A realidade evidencia que a maioria das tragdias causada pela doena. Entretanto, elastambm so geradas por problemas sentimentais e pela desonestidade proveniente de interessesmateriais. Atravs de uma pesquisa acurada, no entanto, descobri que todas as tragdias tm sua raiz

    na enfermidade espiritual. Dizem que um esprito so habita um corpo so, e isso uma grandeverdade. Verifiquei, aps longos anos de pesquisa, que a imoralidade, a injustia, a impacincia, oalcoolismo, a preguia e a corrupo de jovens existem quase sempre em fsicos doentes.

    30

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    31/168

    Infelizmente, ainda no se descobriram mtodos positivos para solucionar o problema da doenae restabelecer a sade fsica e espiritual, nem mesmo apelando para a medicina ou para outros meios.Ainda que se tivesse encontrado a causa das doenas, no existiria uma forma para resolver oproblema verdadeiramente. H quem se orgulhe de ter descoberto a origem delas e o processo de cura;a maioria dos processos, contudo, no passa de paliativos. realmente desolador. Todavia, dentre oscasos milagrosos relatados em nossas publicaes, encontramos muitos exemplos da cura de doenasgravssimas, e a alegria e gratido dos agraciados nos comovem at as lgrimas.

    A verdadeira soluo das doenas e de outras desgraas depende de uma fora invisvel, e s aosque a experimentaram dado reconhecer o incomensurvel Poder Divino. Os homens modernos nose convencem seno atravs da realidade ou de provas; portanto, sem a apresentao de resultadosconcretos, intil pregar princpios elevados e divulg-los. Para esses homens, a salvao dahumanidade e a obra em prol da sociedade no passam de um sonho.

    A essncia da verdadeira F consiste em mover o que visvel por ao de um poder invisvel.Esse poder maravilhoso est sendo manifestado pela nossa Igreja e, por essa razo, creio eu,poderamos dizer que ela a Religio do Poder.

    Como a maioria das religies hoje existentes se limita a pregar doutrinas, suas foras agem doexterior para a alma. Mas o ato purificador empregado pela Igreja Messinica Mundial o Johrei projeta a Luz Espiritual diretamente na alma, despertando-a instantaneamente. Isto , a Igreja

    converte a pessoa sem a interveno humana, deixando os sermes para segundo plano. Os que nelaingressam, alcanam rapidamente uma percepo superficial, e, em seguida, uma percepo maisprofunda. Alm de superarem as suas prprias tragdias, tornam-se aptos, tambm, a eliminar astragdias alheias.

    11 de junho de 1949(Extrado do livro Alicerce do Paraso)

    O PARASO O MUNDO DA ARTE

    Sempre tive muito interesse pela Arte. Como do conhecimento de todos os fiis, planejei eestudei a construo, em Hakone e Atami, de jardins, edifcios e outras instalaes de elevado teorartstico, nunca visto at agora. Antes, eu tambm me dedicava bastante ao desenho, mas atualmenteestou to atarefado que j no posso faz-lo. Mesmo assim, fao caligrafia, componho poemas, vivificoas flores, realizo a cerimnia do ch e tenho grande interesse pelas obras de belas-artes, chegando ata compr-las, de acordo com as possibilidades financeiras. s vezes, os fiis tambm ofertam objetosartsticos, de modo que eu tenho saciado um pouco a minha sede em relao a eles. Tambm gosto deteatro e de msica japonesa e ocidental, mas, como disponho de pouco tempo, tenho me contentado

    31

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    32/168

    com o cinema e o rdio. Todos dizem ser muito raro uma pessoa de minha idade apreciar msicasocidentais e cinema; entre os americanos, parece que isso muito comum, mas no entre os japoneses.

    Pelo que puderam ver, a maior parte do meu dia-a-dia dedicada Arte, de modo que se poderiadizer que eu levo uma vida artstica. Penso sempre que Deus me atribuiu essa caracterstica devido minha misso de construir o Paraso Terrestre, que o Mundo da Arte. Vejamos por qu.

    At agora, estvamos no Mundo da Noite. Tratando-se de um mundo escuro, sem luz, era fcil oser humano cometer pecados e crimes em segredo, o que o levava, naturalmente, a gostar das coisas

    ms: enganar as pessoas faz-las sofrer, ter vontade de roubar o que pertence aos outros, procurarrelaes impuras com o sexo oposto e provocar conflitos. Os prprios fatos mostram isso. Entretanto,uma vez que estamos entrando no Mundo do Dia, tudo se tornar claro e ntido, no sendo maispossvel esconder nada. O ser humano deixar, naturalmente, de ter inclinao para o mal; tender,inevitavelmente, para o que bom e correto. Assim, claro que sua ateno se voltar para a Arte.Tudo que se relaciona s belas-artes, poesia, ao canto, aos instrumentos musicais, enfim, todas asmanifestaes artsticas, assim como as construes, as ruas, as cidades, os teatros, as instalaesrecreativas, as decoraes de interior, as vestes individuais e tudo o mais se tornarextraordinariamente belo.

    Conforme o exposto, devemos entender que o Mundo de Miroku, ou seja, o Paraso Terrestre, oMundo da Arte.

    25 de fevereiro de 1950(Extrado do Jornal Kyussei, n 51).

    PRINCPIO DA AGRICULTURA NATURAL

    Para que todos entendam realmente o princpio da Agricultura Natural, proponho-me explic-loatravs da cincia do esprito da qual tomei conhecimento por meio da Revelao Divina pois impossvel faz-lo atravs do pensamento que norteia a cincia da matria. No incio, talvez seja muitodifcil compreender esse princpio; todavia, medida que o lerem vrias vezes e o saborearem bem,fatalmente a dificuldade ir diminuindo. Caso isso no acontea, porque a pessoa est muito presa ssupersties da Cincia.

    32

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    33/168

    O que eu exponho a Verdade Absoluta. Os prprios fatos o comprovam. Como todos sabem omtodo agrcola utilizado atualmente consiste na fuso do mtodo primitivo com o mtodo cientfico.Julga-se que houve um grande progresso, porm os resultados mostram exatamente o contrrio,conforme podemos constatar pela grande diminuio da produo no ano passado. Os ps de arrozno tinham fora suficiente para vencer as diversas calamidades que ocorreram, e essa foi a causadireta daquela diminuio. Mas qual a causa do enfraquecimento dos ps de arroz? Se eu disser que ofenmeno foi causado pelo txico chamado adubo, todos se surpreendero, pois os agricultores, atagora, vieram acreditando cegamente que o adubo algo imprescindvel no cultivo agrcola. Devido aessa crena, ao pouco conhecimento dos agricultores e cegueira da Cincia, no foi possvel descobriros malefcios dos adubos.

    inegvel o valor da Cincia em relao a muitos aspectos; entretanto no que se refere agricultura, ela no tem nenhuma fora, ou melhor, est muito equivocada, pois considera bom omtodo criado pelo homem, negligenciando o Poder da Natureza. Isso acontece porque ainda sedesconhece a natureza do solo e dos adubos. H longos anos, o governo, os grandes agricultores e oscientistas vm desenvolvendo um grande esforo conjunto, mas no se v nenhum progresso oumelhoria. Diante de uma fraca produo como a do ano passado, podemos dizer que a Cincia noconsegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza sem oferecer nenhuma resistncia. No h maisnenhum mtodo a ser empregado. A agricultura japonesa est realmente num beco-sem-sada. Masdevemos alegrar-nos, pois Deus ensinou-me o meio de sair dele - a Agricultura Natural. Afirmo que,

    alm dessa, no existe outra maneira de salvar o Japo.A base do problema a falta de conhecimento em relao ao solo. A agricultura, at agora, tem

    negligenciado esse fator, que o principal, dando maior importncia ao adubo, algo acessrio. Pensembem. Sem a terra, o que podem fazer as plantas, sejam elas quais forem? Um bom exemplo o daquelesoldado americano que, aps a guerra, praticou o cultivo na gua, despertando grande interesse. Creioque ainda devem estar lembrados disso. No incio, os resultados foram excelentes, mas ultimamente,pelo que tenho ouvido falar, eles foram decaindo, e o mtodo acabou sendo abandonado.

    At hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar que os adubos eram osalimentos das plantaes. Com essa atitude, cometeram um espantoso engano. O resultado que o solose tornou cido, perdendo seu vigor original. Isso est muito bem comprovado pela grande diminuioda safra no ano passado. No percebendo seu erro, os agricultores gastam inutilmente elevadas somasem adubos, despendendo rduo esforo. uma grande tolice, pois se est produzindo a prpria causados danos. Empregarei agora o bisturi da cincia espiritual para explicar a natureza do solo. Antes,porm, preciso conhecer seu significado original.

    Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem criou o solo, a fim de que este produzisse osalimentos para nutri-lo. Basta semear a terra que a semente germinar, e o caule, as folhas, as flores eos frutos se desenvolvero, proporcionando-nos fartas colheitas no outono. Assim, o solo, que produzalimentos, um maravilhoso tcnico ao qual deveramos dar grande preferncia. Obviamente, como setrata do Poder da Natureza, a Cincia deveria pesquis-lo. Entretanto, ela cometeu um grande erro:confiou mais no poder humano.

    Mas o que o Poder da Natureza? a incgnita surgida da fuso do Sol, da Lua e da Terra, ouseja, dos elementos fogo, gua e solo. O centro da Terra, como todos sabem, uma massa de fogo, aqual a fonte geradora do calor do solo. A essncia desse calor, infiltrando-se pela crosta terrestre,preenche o espao at a estratosfera. Nessa essncia tambm existem duas partes: a espiritual e amaterial. A parte material conhecida pela Cincia com o nome de nitrognio, mas a parte espiritualainda no foi descoberta por ela. Paralelamente, a essncia emanada do Sol o elemento fogo, quetambm possui uma parte espiritual e uma parte material; esta ltima a luz e o calor, mas aquelatambm ainda no foi detectada pela Cincia. A essncia emanada da Lua o elemento gua, e a suaparte material constituda por todas as formas em que a gua se apresenta; quanto parte espiritual,tambm ainda no foi descoberta. O produto da unio desses trs elementos espirituais ainda nodetectados constitui a incgnita X atravs da quais todas as coisas existentes no Universo nascem ecrescem. Essa incgnita X semelhante ao nada, mas a origem da fora vital de todas as coisas.Conseqentemente, o desenvolvimento dos produtos agrcolas tambm se deve a esse poder. Por isso,

    podemos dizer que ele o fertilizante infinito. Reconhecendo-se essa verdade, amando-se erespeitando-se o solo, a capacidade deste se fortalece espantosamente. A Agricultura Natural , pois, overdadeiro mtodo agrcola. No existe outro. Atravs de sua prtica, o problema da agricultura sersolucionado pelas razes.

    33

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    34/168

    Sem dvida as pessoas ficaro boquiabertas, mas existe outro fator importante. O homem, atagora, pensava que a vontade-pensamento, assim como a razo e o sentimento, limitava-se aos seresanimados. Entretanto, eles existem tambm nos corpos inorgnicos. Obviamente, como o solo e asplantaes esto nesse caso, respeitando-se e amando-se o solo sua capacidade natural se manifestarao mximo. Para tanto, o mais importante no suj-lo, mas torn-lo ainda mais puro. Com isso, eleficar alegre e, logicamente, se tornar mais ativo. A nica diferena que a vontade-pensamento, nosseres animados, mais livre e mvel, ao passo que, o solo e as plantas no tm liberdade nemmovimento. Assim, se pedirmos uma farta colheita com sentimento de gratido, nosso sentimento setransmitir ao solo, que no deixar de corresponder-nos. Por desconhecimento desse princpio, aCincia comete uma grande falha, considerando que tudo aquilo que invisvel e impalpvel noexiste.

    (Extrado de A grande revoluo da agricultura japonesa,artigo publicado no Jornal Eiko, n 245, 27 de janeiro de 1954).

    34

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    35/168

    CAPTULO I

    NASCIMENTO

    35

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    36/168

    36

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    37/168

    O ALVORECER DA NOVA ERA

    A NOVA ERA

    O rio Ara nasce no Monte Kobushi, situado na remota Regio de Titibu ( 5 ), limite dos Estados deMussashi ( 6 ) e Kai( 7 ). No meio do percurso, muda sua direo para sudeste, banha a parte oeste daPlancie Kanto, encontra-se com um afluente do antigo Rio Tone e desgua na Baa de Tquio,delimitando uma complexa bacia fluvial.

    O trecho do Rio Ara que vai desde o Kanegafuti at poucos mais de 10 quilmetros abaixo, possuiuma relao muito profunda com a vida do povo, desde tempos longnquos. De acordo com o nome dolugar situado s suas margens, o rio era chamado de Rio Sumida, Rio Assakussa ou, vulgarmente, mascom carinho, de Rio O.

    Na antiga Era Edo ( 8 ), por determinao do governo feudal, o Rio Tone, que at ento desaguavana Baa de Tquio, teve mudado o seu percurso para a direo leste, correndo entre os limites dosEstados de Hitati, atual Estado de Ibaragui, e Shimofussa, que hoje ocupa principalmente a partenorte do Estado de Tiba. Antes de isso acontecer, havia uma estreita relao entre o Rio Sumida e o

    Rio Tone, no sendo exagero dizer que para eles afluam os principais rios da regio Kanto. O Distritode Assakussa, situado s margens do Rio Sumida, veio prosperando, desde tempos antigos, comoimportante centro de transporte fluvial.

    Com o passar do tempo, foram aumentando as reas aterradas, e a costa martima foi seestendendo cada vez mais para o sul. O Rio Sumida tornou-se, ento, a via de transporte quesustentava o progresso da cidade de Edo ( 9 ).

    Os produtos da Regio Kanto, como arroz e verduras, desciam o rio em navios do tipo hirata-bune (navio com casco reto) ou takasse-bune (navio com casco reto e raso) e eram descarregadosseguidamente pelas margens do canal que fora construdo at o interior daquela cidade. Os grandesnavios japoneses denominados higaki-kaissen (navio com amurada em forma de losango) e taru-kaissen (navio cargueiro transportador de saqu), vinham de Quioto e Ossaka pelo mar, trazendo

    artigos de primeira necessidade e diversos objetos artesanais. Eles subiam at a atual Baa de Tquiopelo Canal Uraga, atingiam o Porto de Edo, e depois, subindo o Rio Sumida, atracavam nas margensde Nihon-bashi, Kuramae e Assakussa.

    Graas s condies favorveis dessa regio, Assakussa foi progredindo gradativamente, durantea Era Edo. L se reunia um grande nmero de comerciantes e profissionais, produzindo-se muitosgneros de consumo, entre os quais roupas, couros industrializados e tamancos de primeira qualidade.Por determinao do governo feudal, instalou-se ali uma zona de meretrcio chamada Shin Yoshiwara;isso, aliado mudana do Teatro Cabqui de Edo para Assakussa, fez com que o local se tornasse ocentro recreativo e cultural de Edo. Alm do mais, o lugar por onde corria o Rio Sumida era tido portodos como abenoado por aprazvel paisagem. Os aspectos de cada estao - as cerejeiras daprimavera, os fogos de artifcio do vero, o cenrio da neve no inverno esto muito bem retratados na

    revista ilustrada Edo Meisho Zue

    (10)

    e nas pinturas Toto Meisho

    (11)

    e Meisho Edo Hyakei

    (12)

    ,obras de ukiyo-e (13) da autoria de Hiroshigue Ando (14). Por tudo isso, Assakussa passou a gozar demuita fama entre a sociedade.

    (5) Regio do atual Estado de Saitama.(6) Nome de antigo Estado que ocupava grande parte da regio metropolitana de Tquio e parte dos Estados de Saitama e

    Kanagawa.(7) Nome antigo do Estado de Yamanashi.(8) Perodo que vai de 1603, ano em que Tokugawa Ieyassu assumiu o poder, dando inicio ao governo feudal de Edo, at

    1867, quando Tokugawa Yoshinobu, da dcima quinta gerao de Ieyassu, foi destitudo e devolveu o governo aoImperador.

    (9) Antigo nome de Tquio.(10) Desenhos dos lugares famosos de Edo(11) Locais famosos das cidades do Leste(12) Cem paisagens dos lugares famosos de Edo(13) Modalidade de pintura que utiliza como temtica os costumes da poca.(14)- Famoso pintor de kiyo-edo perodo final da Era Edo, nascido em 1797 e falecido em 1858.

    37

  • 8/8/2019 Luz Do Oriente 1

    38/168

    Entretanto, sobreveio uma poca adversa para essa crescente prosperidade. Mas o fato no teveabsolutamente um sentido negativo; foi o resultado da queda do governo feudal de Edo, que duraraduzentos e setenta longos anos, e do estabelecimento do governo Meiji(15), em seu lugar. O novogoverno, com o objetivo de recuperar Edo do atraso causado pela longa subordinao ao sistemafeudal e adquirir poderes mais modernos, para equiparar-se s potncias europias e aos EstadosUnidos, apressou a ocidentalizao do pas, modernizando a poltica de industrializao em todas as

    regies. As duas margens do Rio Sumida no foram excees. Aproveitando as boas condies detransporte fluvial, foram construdas siderrgicas estatais, fbricas de tijolos, l, sabo, fsforo,borracha etc.. Os empregados dessas empresas mudaram-se para o local, e os comerciantes tambmcomea