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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. Manuel Linda22 - Opinião Miguel Oliveira Panão24 - Semana de.. Carlos Borges26 - Dossier Liberdade Religiosa

28 - Entrevista: Alfredo Teixeira52 - Estante54 - Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto Positivo60 - Liturgia62 - Jubileu da Misericórdia64 - Fundação AIS66 - LusoFonias

Foto da capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Liberdade eReligiões emPortugal[ver+]

Presidente elogiaação social daIgreja[ver+]

Santa Teresa deCalcutá[ver+]

D. Manuel Linda | Paulo RochaMiguel Oliveira Panão

Manuel Barbosa | Paulo AidoTony Neves| Comunidade de

Sant'Egídio

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Luso-liberdade religiosa

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

A experiência de diálogo entre religiões cristãs enão cristãs é altamente relevante na sociedadeportuguesa e perigosamente frágil, sobretudo sepensada globalmente, como tem de ser. Osindicadores do quotidiano mostram, de formaimediata, uma sã convivência entre diferentesigrejas cristãs, religiões não cristãs ecomunidades crentes; por outro lado, osacontecimentos do continente e do mundo têmde estar presentes no debate sobre o diálogointer-religioso em diferentes ambientes e nosvários setores da sociedade, nomeadamente opolítico, social e sobretudo o espiritual, desdelogo impedindo que constituam uma ameaça aoque acontece neste retângulo da Europa.Em Portugal há experiências de diálogo entre oscrentes que fazem a diferença na comunidadeinternacional. Na tomada de posse da Comissãoda Liberdade Religiosa, essa circunstância foivalorizada pela generalidade dos representantesdas confissões e denominações religiosaspresentes e assumida como um valor aapresentar nos fóruns

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internacionais, indicando a relaçãopróxima entre as religiões e aspolíticas onde se insere como umfator que pode inspirar boas-práticas noutros ambientes daEuropa e do Mundo. E quantainspiração positiva eempreendedora é necessária paraque problemas relacionados com areligião possam ser resolvidos sem“matar” a religião, mesmo que essaseja a insistência de algumas vozes.O tema da liberdade religiosa emPortugal traz consigo, comfrequência, restos deanticatolicismoprimário e cego,fundamentado em questõesultrapassadas. A que se relacionacom a presença de crucifixos emespaços públicos, nomeadamentenas escolas, é um caso, agora“ressuscitado” por quem parecequerer impor, através do jornalismo,modelos de sociedade onde seapagam referências essenciais daspessoas que a compõem. Se opluralismo e o respeito marcam asdeclarações do presidente da

Comissão da Liberdade da Religiosasobre o assunto, admitindo mesmo apresença dos crucifixos numa escolaquando a “generalidade daspessoas” se possa rever nessacircunstância, o mesmo não se podedizer das perguntas que lhe foramdirigidas, com insistência em tornodeste tema, por quemdeontologicamente deveria guardarimparcialidade sobre este e todos osassuntos.Um tema que tem contado, nasúltimas duas décadas, com umvalioso contributo dos media emPortugal, nomeadamente no serviçopúblico de rádio e televisão. Defacto, o programa “A Fé dosHomens”, na RTP desde 1997 e naAntena 1 desde 2009, tem sido umaoportunidade para que cadaconfissão religiosa informe, semproselitismo, sobre a sua identidadee os projetos que promovem a sãconvivência e o bem de todos. Umainiciativa determinante apermanência de uma luso-liberdadereligiosa.

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Cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos 2016, Rio de Janeiro

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"Foi com profunda consternação que o PSDtomou conhecimento do falecimento, hojeocorrido, do Professor António Barbosa deMelo"Pedro Passos Coelho, líder do PSD, Lisboa,07.09.2016 "Lamento a morte do Professor Barbosa deMelo. Deu um importante contributo para avida democrática portuguesa. Os meussentimentos à sua família"António Costa, primeiro-ministro de Portugal,via Twitter, 07.09.2016 "O país acaba de perder uma personalidadesingular [Morreu Barbosa de Melo],excecional"Marcelo Rebelo de Sousa, presidente daRepública Portuguesa, Lisboa, 07.09.2016 "A classe média que não se iluda: quando aesquerda unida vier dizer que só quertributar os ricos, é ao bolso da classe médiaque vai buscar o dinheiro"Assunção Cristãs, líder do CDS-PP, Peniche,04.09.2016

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Presidente da República destacapapel das instituições sociais daIgreja Católica

O presidente da RepúblicaPortuguesa enalteceu em Setúbal opapel que a Cáritas Portuguesa, eoutras instituições sociais ligadas àIgreja Católica, têm desempenhadono auxílio às populações maisafetadas pela crise. Salientando quea saída da crise ainda “vai demoraranos”, Marcelo Rebelo de Sousasublinhou o trabalho da CáritasPortuguesa pela sua “dedicaçãoconstante e devotada contra amiséria e a pobreza”.Uma instituição que juntamente

com outras entidades da IgrejaCatólica, como “as Misericórdias, asIPSS e as dioceses”, têm um “papeltantas vezes insubstituível nacomunidade”.O presidente da Repúblicadeslocou-se esta segunda-feira aoBairro da Bela Vista, em Setúbal,para visitar as instalações do CentroSocial de Nossa Senhora da Paz,ligado à Cáritas diocesana, nassuas várias valências de apoiosocial às populações.Antes disso, Marcelo Rebelo de

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Sousa conheceu o novo Centro deAcolhimento de Nossa Senhora daMisericórdia, destinado a recebertemporariamente mulheres em risco,vítimas de violência, mãesadolescentes ou jovens grávidas.Uma solução para contrariar umquadro de “desrespeito contra adignidade humana” mas também“um passo de profunda naturezasocial”, salientou.Marcelo Rebelo de Sousa participouna sessão solene de assinatura deum protocolo entre a Secretaria deEstado para a Cidadania eIgualdade, e a Cáritas Portuguesa,tendo em vista o funcionamento, atéao final do ano, do referido Centrode Acolhimento de Nossa Senhorada Misericórdia. Durante a sessãosolene, o presidente da Repúblicafrisou que a luta pelo “equilíbrio dascontas” e pelo “cumprimento doscompromissos em Bruxelas” nãopode deixar para segundo plano “ocombate social de todos os dias porpessoas de carne e osso que têmnecessidades básicas porsatisfazer”.No evento interveio também oministro adjunto Eduardo Cabrita,

que defendeu a importância demobilizar “a sociedade civil” e todosquantos “têm responsabilidadespolíticas locais ou nacionais”, para oapoio às franjas da população quemais precisam.O Centro de Acolhimento de NossaSenhora da Misericórdia, projetoerguido a partir de uma casa cedidapela autarquia sadina, vai começarpor acolher quatro adolescentes oujovens e os respetivos filhos. “Sãoadolescentes e jovens um poucodiferentes das outras 45 queestamos a acompanhar nestemomento, porque são jovens queforam expulsas pelos pais logo quesouberam da gravidez, que ou oprogenitor não reconhece ou ospais do progenitor não apoiam”,explicou o presidente da CáritasPortuguesa.Segundo Eugénio Fonseca, estasmães ficarão na casa até que sejaencontrada uma solução maisdefinitiva, no âmbito do projeto de“Apoio à Vida”, que já ajudou maisde 400 jovens e adolescentes emsituação de risco.

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Praxe solidária na UCPCerca de 150 alunos do primeiroano da Faculdade de Economia eGestão, da Universidade CatólicaPortuguesa em Lisboa, participaramesta quarta-feira numa ação de‘restolho’ num campo de batatas naGolegã, contra o desperdícioalimentar. Em entrevista à AgênciaECCLESIA, o diretor da Faculdadedestacou a dupla função destainiciativa – ao mesmo tempo integraros caloiros e sensibilizá-los para oproblema do desperdício alimentar,para a prática do voluntariado e dasolidariedade, uma vez que oproduto da colheita vai reverter paraas populações mais carenciadas.“A dimensão solidária é um dosvalores que nós queremos fomentarna Universidade Católica e na nossaFaculdade, e por isso já há quase10 anos temos esta preocupação deencontrar um contexto em que, porum lado, os caloiros se conheçam,comecem a interagir entre si, mastambém que sintam que isto é umaoportunidade para fazer bem aoutros”, salientou Francisco Veloso.Todos os projetos de envolvimentodos caloiros têm partido do ‘DiaSolidário’ da Faculdade deEconomia e Gestão da UCP, que vaina sua oitava edição. Este anoenvolveu uma

atividade de ‘restolho’, de recolhade alimentos que ficaram noscampos depois das primeirascolheitas, neste caso de batatas,por terem um calibre inadequado.Os alunos arregaçaram as mangase conseguiram resgatar da terravárias toneladas de batata que,caso contrário, ficariam esquecidase seriam desaproveitadas. “Somosnós, os consumidores, que fazemoscom que a indústria os estabeleça,ela atua consoante as nossaspreferências. Quando dizemos quehá desperdício, nós próprios, nasnossas casas, acabamos por fazê-lo”, defendeu Fábio David, um jovemde 18 anos que está a iniciar ocurso de Gestão.O produto da colheita deste anoreverte a favor do Banco Alimentarde Abrantes, que depois oencaminhará para as famílias maisnecessitadas.

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Reclusos peregrinaram a FátimaA Pastoral Penitenciária de Portugalpromoveu uma peregrinação aoSantuário de Fátima para afirmar adignidade das “pessoas anónimas”e ajudar a sociedade a tomarconsciência da realidade prisional."A possibilidade de reunir algunsreclusos, suas famílias e agentespastorais é muito importante paraajudar a despertar a sociedade paraa realidade das prisões. Sãopessoas anónimas que estãoprivadas da liberdade, mas não dasua dignidade”, disse D. JoaquimMendes, membro da ComissãoEpiscopal da Pastoral Social e daMobilidade Humana, onde se integraa Pastoral Penitenciária.Para o bispo auxiliar de Lisboa, osestabelecimentos prisionais "sãoperiferias” e é importante realizaresta peregrinação no contexto doAno da Misericórdia.A Pastoral Penitenciária de Portugalconvidou reclusos, famílias,capelães, assistentes, voluntáriospara a primeira PeregrinaçãoNacional ao Santuário de Fátimapara agradecer “a visita da imagemperegrina a algunsestabelecimentos prisionais”, refereo padre João Gonçalves,coordenador nacional da PastoralPenitenciária. Cerca de 100

pessoas inscreveram-se noprograma proposto, mas aperegrinação é mais “abrangente esimbólica”.“Não nos referimos ao número depresos que estão presentes mas aosimbolismo do ano da Misericórdiaque vivemos. Estamos com todos osreclusos”, dá conta o responsáveltendo presente os cerca de 14 milreclusos que cumprem pena emPortugal.José Bernardo, participante naperegrinação de segunda-feira,enquanto ex-recluso, traduz oagradecimento a quem o ajudou a“ultrapassar um acidente”. “Nuncaestive desintegrado da sociedade.Tive um acidente que podeacontecer a qualquer pessoa; porvezes não temos a maturidade paranos livrarmos de alguns acidentes,alguns provocados por terceiros”,lamenta.

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Lisboa: Patriarcado lança projeto para acompanhamento e orientação defamílias

Semana Bíblica Nacional

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Santa Teresa de Calcutá,missionária das periferias humanas

O Papa canonizou este domingo aMadre Teresa de Calcutá (1910-1997), que apresentou no Vaticanocomo missionária das “periferias” e“modelo de santidade” para omundo atual.“A sua missão nas periferias dascidades e nas periferias existenciaispermanece nos nossos dias comoum testemunho eloquente daproximidade de Deus junto dos maispobres entre os pobres”, declarou,na homilia da Missa a que presidiuna Praça de São Pedro,completamente lotada.

Francisco falou da nova santa comoum sinal da “misericórdia divina” quese fez sentir a todos, “através doacolhimento e da defesa da vidahumana”, desde os bebés pornascer aos “abandonados edescartados”. “[Madre Teresa]comprometeu-se na defesa da vida,proclamando incessantemente que«quem ainda não nasceu é o maisfraco, o menor, o mais miserável»”,sublinhou, numa referencias àsposições da religiosa contra oaborto.O Papa elogiou depois o trabalho de

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Teresa de Calcutá em favor das“pessoas indefesas, deixadasmoribundas à beira da estrada”,uma das imagens maisemblemáticas da primeira santacatólica que foi distinguida com oNobel da Paz (1979). “Não existealternativa à caridade”, advertiu.Francisco recordou que a religiosalevou a defesa da “dignidade” detodas as pessoas, “sem distinção delíngua, cultura, raça ou religião”, atéaos “poderosos da terra”, para queestes “reconhecessem a sua culpadiante dos crimes da pobreza criadapor eles mesmos”.Milhares de pessoas marcarampresença na Praça de São Pedro eruas adjacentes para o maiorevento do Jubileu da Misericórdia, oano santo extraordinário convocadopelo Papa. Francisco sublinhou quea misericórdia

foi o “sal” da vida de Santa Teresade Calcutá e a luz que iluminava a“escuridão de todos aqueles quenem sequer tinham mais lágrimaspara chorar, para chorar pela suapobreza e sofrimento”.A cerimónia contou com a presençade milhares de voluntários etrabalhadores de organizaçõessolidárias e Misericórdias de todo omundo, entre eles pelo menos 400portugueses.O pontífice argentino admitiu quepara muitos será difícil deixar dechamar “Madre Teresa” à novasanta, falando numa santidade“muito próxima”, muito “terna efecunda”.Francisco defendeu que a novasanta, “incansável agente demisericórdia”, deve ajudar todos aentender cada vez melhor que oúnico “critério de ação” é o “amorgratuito, livre de qualquer ideologia”.

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Assis volta a receber religiões domundoO Vaticano divulgou o programa dadeslocação do Papa a Assis, no dia20 de setembro, uma visitaintegrada no 30.º aniversário doencontro internacional e inter-religioso pela paz, criado por SãoJoão Paulo II. Segundo o serviçoinformativo da Santa Sé, Franciscovai seguir de helicóptero para Assis,a partir das 10h30 (menos uma emLisboa), com a primeira paragem aaconteceu por volta das 11h00 norecinto desportivo “Migaghelli”, emSanta Maria dos Anjos.Nesse local Francisco vai serrecebido pelo arcebispo de Assis, D.Domenico Sorrentino, e pelasdiversas autoridades civis ereligiosas locais.O próximo passo na agenda será oSacro Convento de Assis, onde oPapa vai encontrar-se com PatriarcaEcuménico de Constantinopla(Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I; como arcebispo de Cantuária, JustinWelby; com o Patriarca Siro-Ortodoxo de Antioquia, Efrém II; ecom representantes das religiõesjudaica, muçulmana e budista. Estegrupo seguirá depois rumo aoClaustro de Sisto IV, onde se reunirácom representantes das váriasIgrejas e Religiões Mundiais, e osbispos da região da Úmbria, deItália.

Seguir-se-á uma saudação do Papaa todos os presentes e um almoçono refeitório do Sacro Convento deAssis, que contará com aparticipação de diversas vítimas daguerra. Durante a refeição, MarcoImpagliazzo, presidente daComunidade de Santo Egídio, emRoma, recordará os 25 anos degoverno de Bartolomeu I noPatriarcado de Constantinopla.A tarde começará com uma série deencontros pessoas entre o Papa eos diversos líderes religiosos epelas 16h00 os participantes terãouma oração ecuménica pela paz, naBasílica Inferior de São Francisco.Depois seguirão para a Praça SãoFrancisco para a cerimóniaconclusiva, com testemunhos devítimas da guerra, de responsáveisreligiosos, do fundador daComunidade de Santo Egídio, e como discurso do Papa.

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Contra o pecado moderno daindiferençaO Papa Francisco elogiou oexemplo de “misericórdia” de MadreTeresa de Calcutá e condenou o“grave pecado” de ignorar osofrimento alheio. “Não é possíveldesviar o olhar e seguir outradireção para não ver as muitasformas de pobreza que pedemmisericórdia. Olhar para o lado paranão ver a fome, as doenças, asexplorações, isto é um gravepecado. É um pecado moderno, umpecado de hoje”, denunciouFrancisco, no último sábado,durante um encontro commisericórdias e instituições devoluntariado de todo o mundo,incluindo Portugal, na Praça de SãoPedro.O Jubileu dos Voluntários eOperadores da Misericórdia,inserido no ano santo extraordinárioque a Igreja Católica está a viver,tem como ponto culminante acanonização de Madre Teresa deCalcutá.Francisco sublinhou que a novasanta se une a todos os que naIgreja, ao longo dos séculos,“tornaram visíveis com a suasantidade o amor de Cristo”.“Imitemos nós também o seuexemplo, e peçamos para serhumildes instrumentos nas mãos deDeus para aliviar o sofrimento domundo e dar a alegria e aesperança da ressurreição”, apelou.

O pontífice argentino considera quenão seria digno de um cristão“passar ao largo” do sofrimentohumano, ficando de “consciênciatranquila” só por ter rezado ou porter ido à Missa ao domingo.A catequese partiu da “certezainabalável” do amor de Deus na vidade cada pessoa, que deve levartodos a dar “novos sinais demisericórdia”. “A misericórdia não éfazer o bem, de passagem, éenvolver-se”, precisou.Francisco deixou o seuagradecimento aos “artesãos demisericórdia” que dão “credibilidade”à Igreja pelo seu trabalho, “com ascrianças abandonadas, os doentes,os pobres sem comida e trabalho,os idosos, os sem-abrigo, osprisioneiros, refugiados e migrantes,as pessoas afetadas por desastresnaturais”.

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Canonização de Madre Teresa de Calcutá

Intenção de oração do Papa para o mês de setembro

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A mãe da Pátria, a amável Isabel

D. Manuel Linda Bispos das Forças Armadas e Forças de Segurança

Nos meus tempos de criança, era usual um hinoque invocava “a mãe da Pátria, a amável Isabel ”.Naquela altura, cantava-o por um certonacionalismo; hoje, ainda o vou trauteando, maspor motivos culturalmente bem mais válidos.Isabel de Portugal, a rainha canonizada háquinhentos anos (1516), é a expressão visível dealgum «DNA» que nos caracteriza como povo.Destacaria: o apreço pelo valor da paz, umareligiosidade de peregrinações, o culto daEucaristia e a devoção a Nossa Senhora. Mas ogrande traço da nossa genética espiritual residena sensibilidade para com o pobre, de que o«milagre das rosas» é apenas a alegoria poética.A família real de Aragão, muito ligada à Itália -amãe de Santa Isabel era a princesa da Sicília-absorveu o espírito franciscano, por vezeslevado ao extremo nos «Fraticelli». E não é deexcluir que concedesse crédito ao que de melhorse encontrava nas teses de Ioaquim de Fiore, otal que falava num tempo novo, a “Idade doEspírito Santo”, em que os homens viveriamcomo frades, já que tudo seria de todos, e osmais importantes não seriam os ricos e osnobres, mas sim as crianças, os pobres e ostolinhos. Como se sabe, as festas dos tabuleiros,de Tomar, e os “Impérios” do Espírito Santo, nosAçores, são sobrevivências belas destepensamento. Estou convencido que a posteriorfundação das Misericórdias é o corolário destacultura de sensibilidade social. E não o serão osbombeiros voluntários e os centros sociaisparoquiais?

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Mas, aquilo que era a genéticanacional diluiu-se nesta culturamercantilista e materialista. Enasceram as obscenidades… Nãoserá obsceno que administradoresde empresas públicas ganhem,individualmente, tanto como largasdezenas ou centenas dos seustrabalhadores a quem se paga osalário mínimo? Não será obscenoque, no sector bancário, nascomunicações, no gás, naeletricidade e nas águas, seremunere, a cada um da catervados administradores, o equivalenteà reforma de centenas de velhinhosque não recebem o suficiente paramedicamentos e fraldas? Não seráobsceno que sejam esses gestores,desresponsabilizados, quem maistem contribuído para o colapsodessas empresas e para oafundamento da economia? Nãoserá obsceno o compadrio político-partidário que coloca nestes lugaresos seus apaniguados e ainda lhespermite que sejam eles a atribuírem-se «prémios de produtividade» eoutras alcavalas? Não seráobsceno… centenas ou milhares desituações equivalentes?Mas é obsceno, fundamentalmente,que o legislador, devendo tomar

esta difícil situação muito a preito,se divirta, apenas, com os temasburgueses das barrigas de aluguer,da co-adopção, dos «direitos» dosanimais e quejandos.É obsceno. Mas quem nos livrarádestas obscenidades? Por mim,chamo-me à «Rainha Santa». Ouentão, a Santa Teresa de Calcutá,portadora do mesmo ADN.

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Pokémon Go E Realidades Espirituais

Miguel Oliveira Panão Professor Universitário

Há semanas ficou disponível um jogo virtual paraSmartphone que faz lembrar os filmes sobre afebre do ouro: Pokémon Go. O jogo envolveinvestigar nas redondezas e lugares públicos aexistência de criaturas virtuais imaginárias, osPokémon. Os aspetos positivos incluem fazerexercício, conhecer outras pessoas, lugaresbelos perto de nós que não se conheciam antes.Porém, houve também casos de pessoas que sedistraíram e caíram em falésias, jovens queentram em casas de predadores sexuais,acidentes de viação, enfim, como em muita coisana vida, também este jogo exige moderação ebom senso. Porém, ao partilhar um documentodo Centro Neozelandês dedicado à família"Focus on the Family" com recomendações aospais em relação a este jogo, uma dessas diziaO Pokémon Go imagina um mundo cheio decriaturas invisíveis que combatem entre si. Ospais podem usar o jogo como impulso para umadiscussão sobre realidades espirituais reais quenão podemos ver. (Ver Ef 6, 10-18).O que diz, então, em Efésios?As armas do cristão - 10. Finalmente, tornai-vos fortes no Senhor e na sua força poderosa.11. Revesti-vos da armadura de Deus, paraterdes a capacidade de vos manterdes de pécontra as maquinações do diabo. 12. Porque nãoé contra os seres humanos que temos de lutar,mas contra os Principados, as Autoridades, osDominadores deste mundo de trevas, e contra osespíritos do mal que estão nos céus. 13. Porisso, tomai a armadura de Deus, para quetenhais a capacidade de resistir

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no dia mau e, depois de tudoterdes feito, de vos manterdesfirmes. 14. Mantende-vos, portanto,firmes, tendo cingido os vossos rinscom a verdade, vestido a couraçada justiça 15. e calçado os pés coma prontidão para anunciar oEvangelho da paz; 16. acima detudo, tomai o escudo da fé, com oqual tereis a capacidade de apagartodas as setas incendiadas domaligno. 17. Recebei ainda ocapacete da salvação e a espadado Espírito, isto é, a palavra deDeus. 18. Servindo-vos de toda aespécie de orações e preces, oraiem todo o tempo no Espírito; e, paraisso, vigiai com toda a perseverançae com preces por todos os santos,...Pois é, os meus amigos ateus nãoperderam tempo e um dos primeiroscomentários que fizeram quandopartilhei esta ligação no Facebookfoi "É bem verdade. As religiões têmuma longa tradição de pôr gente àprocura de seres fictícios queninguém vê :)" Ou seja, os seresque não são fictícios são aquelesque vemos porque o único nível deinterpretação da realidade onde osseres reais habitam é aquele emque os vemos. Bom, assim ficamosa saber que se no mundo nãohouvesse luz, tudo seria fictício.Mais, as pessoas cegas

vivem num mundo fictício. Isto faz-me lembrar o pequeno romance deEdwin Abbott "Flatland: o mundoplano" em que os personagensvivem num mundo bi-dimensional equando uma esfera os visita, elesapenas "vêem" uma projeçãocircular, por isso, permanecemconvencidos de que não existemmais dimensões da realidade do queaquelas que percepcionam.As realidades espirituais são umaporta para manter a mente aberta àpossibilidade de que a Realidade émais do que aquilo que vemos. Porisso, os anjos, os santos, as visões,os momentos dos apóstolos comJesus após a ressurreição são tudoexperiências que nos mostram comohá mais verdade para além darealidade física, contendo umadimensão de Mistério que nosimpulsiona a ir para além daquiloque sabemos, estimulando o desejode conhecer. Se o Pokémon Go forum pretexto para aprofundar esteaspeto, além de nos divertirmos coma devida cautela, pode ser uma boaoportunidade de promover o diálogoentre ciência e fé.

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Dia de folga!!

Carlos Borges Agência ECCLESIA

O título podia ser a música da fadista Ana Mouramas não, porque nem todos os dias são “umacarga de trabalhos”, nem um “bico d’obra”. Esta“folga”, substantivo feminino, significa noDicionário Priberam da Língua Portuguesa, entreoutros: 1. Descanso; 2. Interrupção de trabalho;3. Recreio; 4. Feriado.Esta semana estive de folga, o fim-de-semanacresceu e a semana encolheu.Na última segunda-feira consegui descansar.Acordar mais tarde a ponto de saltar a casapartida das refeições, o pequeno-almoço,diretamente para o almoço, que cá em casa tempor hábito ser, quase religiosamente, às 13h00.Ainda existe alguma disciplina militar e hábitosdifíceis de perder do velho Cabo da GNR quecomanda esta Igreja doméstica.Na última segunda-feira, graças à folga,guardada de um feriado, de uma semana deférias em agosto que também foi uma segunda-feira, tive direito a uma interrupção de trabalho,q.b. Ainda deitei um olhito no país e no mundopor causa da Agência ECCLESIA, que estásempre consigo todos os dias e sem folgas.Atualizei a agenda, essa ferramenta que lhe dátodas, ou quase todas, as informações deatividades, eventos e iniciativas da Igreja Católicaem Portugal, no Vaticano e no mundo, e porcausa do Departamento Nacional da PastoralJuvenil.Na última segunda-feira, ainda não houve recreiocom o João, o meu afilhado. Já vos falei delenoutra ‘semana de’. Ainda não houve mas estáquase afinal as previsões são que nasça antesdo

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próximo semanário. A mãe dacriança já tem tudo preparado parair para o hospital mas deixou de forauma roupinha, que certamente temum nome técnico, do GLORIOSOSLB. Sim, o tricampeão nacional defutebol. A isto chama-se, na minhamodesta opinião que não tenhofilhos, nem sobrinhos, nemafilhados, educação e influênciapositiva. Não deve ser difícil ele vir aser do Sport Lisboa e Benfica, afinalo pai, a mãe e o padrinho partilhamessa saudável afinidade. Não, não édoença!! Esperem… e a madrinha?? Também é do GLORIOSO, sópodia. Ah, a maravilha da tecnologiada informação à distância de um oudois clikcs, o Facebook, claro!!

Na última segunda-feira, foi um ‘Diade Folga’ que deu para “renovar”algumas baterias. Não foi celebradocom “um fado” mas ainda deu paratrautear - de cantarolar - a músicada fadista Ana Moura que nosábado anterior encheu o palco 25de abril, e fez vibrar e saltar amultidão na festa do Avante! edepois da festa sabe sempre bemuma folga:“[…] Folga de ser-se quem se é/ Ede fazer tudo porque tem que serFolga para ao menos uma vez/ Avida ser como nos apetecer […]Este é o fado que se empolga/ Nodia de folga!No dia de folga!/ faz-nos faltarenovarbaterias” “Dia De Folga”, Ana Moura

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O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição um conjunto dereflexões sobre a Liberdade Religiosa, na sequência da tomada deposse da comissão consultiva da Assembleia da República para estatemática.Na mesma ocasião, foi assinada por 19 igrejas e comunidadesreligiosas (outras duas associaram-se ao gesto), da 'Declaração pelaPaz e pelo Diálogo', apresentada como "uma iniciativa inédita queganha especial relevância num contexto em que as questõesrelacionadas com a tolerância religiosa têm marcado a atualidade".

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A tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa foiacompanhada por um colóquio sobre os princípios da separação e dacooperação entre Estado e comunidades religiosas. Entre ossignatários contavam-se Ana Rita Raimundo Gomes, pelaComunidade de Sant’Egídio em Portugal, e o padre Manuel Barbosa,secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, em nome dosbispos católicos.A Conferência Episcopal designou como representantes naComissão da Liberdade Religiosa o padre Manuel Saturino Gomes,auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano, e o teólogo AlfredoTeixeira, da Universidade Católica Portuguesa.

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Diálogo inter-religiosoprocura mais do que prevenção deconflitos Alfredo Teixeira, antropólogo, docente da Faculdade de Teologia naUniversidade Católica Portuguesa, é um dos membros escolhidos pelaConferência Episcopal para representar a Igreja Católica na Comissão daLiberdade Religiosa, oficialmente empossada esta semana. Em entrevista àAgência ECCLESIA, o especialista no estudo das identidades religiosasaponta prioridades num campo marcado de forma excessiva pelapreocupação com o conflito.

Entrevista conduzida por Henrique Matos Agência ECCLESIA (AE) - Comoassume esta nova missão naComissão da Liberdade Religiosa?Alfredo Teixeira (AT) - Para mimserá uma situação nova, umaexperiência nova. Eu trabalho naárea da investigação sobre asidentidades religiosas em Portugalhá já muitos anos, mas de facto esteé um órgão que tem uma dimensãopolítica, porque procuraacompanhar aquilo que é aexecução da própria Lei da Liberdade Religiosa em Portugal. Além disso, há a particularidade de, nomeu caso, estar nãopropriamente, emprimeiro lugar, como perito, mas como um dos representantes

escolhidos pela ConferênciaEpiscopal Portuguesa. Há aqui umadimensão diferente da minhapresença neste órgão.Daquilo que são as diferentesmissões que esta comissão podeassumir, diria que tudo o que dealguma forma possa promover oconhecimento das tradições e dascomunidades religiosas no espaçopúblico é, a meu ver, um desafiomuito importante.Infelizmente, nos últimos anos, odebate público sobre as religiões emtermos internacionais está muitomarcado pela prevenção do conflito.Boa parte das iniciativas que há emtorno do religioso, da aproximaçãodas comunidades, estão demasiadoenredadas e isoladas nesse tópicoque é o da aproximação do religiosopara termos mais paz social.

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AT - Sendo um aspeto importante,[a prevenção de conflitos] não deixade ser, quando nos concentramosapenas nisso, um certoenviesamento. As religiões, ascomunidades religiosas têm maiscoisas para oferecer às sociedades:têm uma experiência de vivência domundo, de interpretação do mundo,de sabedoria, de construção devalores que podem ser partilhados,que podem habitar de alguma formauma dimensão de

universalidade na sociedade. Esseaspeto não se faz sem que asociedade em geral conheça.É preciso situar o religioso na suadiversidade nos grandes fóruns dedebate, de pensamento, e é umamissão que a Comissão daLiberdade Religiosa terá de assumir,evidentemente não sozinha, porquehá outros interlocutores nesteterreno.

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AE - Há necessidade dereconhecimento das comunidadesreligiosas?AT - O que nós temos de ter emconta é que a religião é umfenómeno mais complexo do que asimples divisão em gruposreligiosos. Há aliás uma dimensãodo religioso que está para além dosgrupos religiosos e das diferentesfamílias. O religioso habita a culturahumana: historicamente, as culturasforam sendo construídas com assuas contingências, e delas fezparte também uma históriareligiosa.

Nesse sentido, qualquer posturasobre o religioso na sociedadeportuguesa não pode ignorar a suahistória religiosa, seriaevidentemente uma visão delaboratório ou marcadasimplesmente por enviesamentosideológicos.Essa história religiosa não deveservir, obviamente, para impor umqualquer privilégio em relação auma Igreja maioritária, não deve serpara impor no debate público apreponderância de um ponto devista sobre o outro. Deve, em todo ocaso, ser um reconhecimentonecessário para se perceber o quesomos nós como identidade pluralneste lugar da Europa. Nessesentido, penso que oreconhecimento não é apenas oreconhecimento de facto dos gruposminoritários, daqueles queeventualmente não viram ainda reconhecidos todos os seus direitos de organização e desenvolvimento da sua atividade. É também o reconhecimento daquilo que é uma história religiosae daquilo que somos como resultado dessa história. O reconhecimento não é,por isso, uma categoria que se possa aplicar apenas ao religioso na sua dimensão minoritária, mas ao religioso como dimensão integrante daquilo que somos.

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diferentes famílias. O religioso habita a cultura humana: historicamente, asculturas foram sendo construídas com as suas contingências, e delas fezparte

AE - O recomeço das atividadesnormais da CLR pode ser vistocomo um bom prenúncio, evitandoabordar o religioso como apenasalgo da esfera íntima de cada um?AT - Sim. Há uma mutação que estáa acontecer nas sociedadeseuropeias, em particular desde ofinal dos anos 90, essaultrapassagem do modelo que nofundo via a religião apenas comoquase um direito de consciência,sem que, no entanto, essadimensão religiosa do indivíduotivesse lugar naquilo que é adiscussão pública, de construção donosso destino enquantocomunidade. Neste contexto, é opróprio indivíduo, a pessoa, quenestas sociedades encontra maismeios para tornar público o seuponto de vista; é o próprio indivíduoque faz regressar ao espaço públicoa religião.Recordo-me que há alguns anos,quando foi remodelada a lei dalaicidade na França, onde o uso deuma indumentária por parte dasmulheres muçulmanas foiparticularmente visado, recordo-mede ver algumas jovens muçulmanos

no espaço público francês acontestar essa lei. O argumento queusavam não era o da autoridade dasua tradição religiosa - dizendoalguma coisa como “nós temos deusar isto porque os preceitos danossa religião o impõem” -, masdiziam algo diferente. Diziam: “eutenho o direito de escolher”.Ora, dizer isto é, de alguma forma,trazer o religioso para a esferapública a partir não da autoridadede uma tradição religiosa, mas apartir daquilo que é um valoressencial nas nossas democracias,a liberdade individual. O plano emque hoje se coloca a questãoreligiosa nas nossas sociedades temmatizes diferentes e é impossível,sobretudo para a regulação política,pensar que pode construir ainda umdiscurso de laicidade baseado nadicotomia de um espaço públiconeutro, sob o ponto de vistareligioso, reconduzindo o religiosoapenas à esfera doméstica, daconsciência privada

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O Observatório para a LiberdadeReligiosa (OLR) felicita a novaComissão da Liberdade Religiosa(CLR) presidida pelo Dr. VeraJardim, membro fundador doConselho de Consultores do OLR.Sublinhamos as palavras do novopresidente da CLR quanto ànecessidade de reforçar a atençãocom a Liberdade Religiosa,promovendo um papel mais ativodos agentes públicos na promoçãoda “tolerância” e da “não-discriminação”.Recorde-se que o OLR foi criadoem 2014, após reflexão e empenhode um grupo de investigadores queconstataram a necessidade de umeficaz trabalho por parte dasestruturas públicas e académicas,no estudo e debate sobre ofenómeno religioso, bem como noincentivo ao diálogo inter-religioso,no que este pode e deverepresentar como mecanismo devalorização de uma cidadania ativae participativa, convocando para talas comunidades de base, oscidadãos, religiosos

ou não, conforme se depreende daCarta de Princípios do OLR.O OLR regista também comparticular satisfação a iniciativa deassinatura, por parte de 19confissões religiosas, de uma“Declaração pela Paz e peloDiálogo”, numa “cultura de nãoviolência, de paz e de justiça”. Umaproposta de semelhantecompromisso fora já feita pelo OLR,e tornada pública, em janeiro de2015, no culminar da Semana daHarmonia Religiosa realizada emLisboa em parceria com a autarquialocal.O OLR espera que, nos termos eintenções da referida proposta dejaneiro de 2015, o compromissohoje assinado não representeapenas um ato simbólico queconfirma as relações exemplaresentre as diferentes liderançasreligiosas, mas seja o ponto departida para o debate aprofundadoe estruturado nas comunidadesreligiosas de base, agorasolenemente comprometidas pelasrespetivas lideranças, sobre osvalores comuns para a promoção dacidadania.

Observatório para a LiberdadeReligiosa

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Acompanharei com proximidade ostrabalhos da comissão, porque nãose trata apenas de garantir no planolegal aquilo que em Portugal estágarantido com a Lei da LiberdadeReligiosa - a afirmação da liberdadede religião como primeira afirmaçãoda liberdade de consciência. EmPortugal, onde já começamos a teruma presença significativa de tantospovos, de tantas culturas, tambémde várias pertenças religiosas, seriabom ter a capacidade de fazermelhor do que foi feito noutrossítios, porventura, concretamentesubstituindo o multiculturalismo desucessivos

guetos, em que cada um vive por si,apenas nos seus meios e com assuas gentes. Criemos aoportunidade de uma verdadeirainterculturalidade, em que asdiversas tradições se encontrem, seconheçam e reconheçam, aprendamumas com as outras, partilhemaquilo que transportam. Portanto, háaqui um desafio pela positiva quepassa muito além da garantiajurídica

D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente daConferência Episcopal Portuguesa,

em declarações à AgênciaECCLESIA

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Nova Comissão da LiberdadeReligiosa «é ocasião de esperança»

O padre Manuel Saturino Gomes,auditor do Tribunal da Rota Romanano Vaticano, refere que a tomada deposse da Comissão da LiberdadeReligiosa (CLR) é, neste momento,ocasião de “esperança” para otrabalho que a equipa que “temmuito a fazer” no panorama nacionalportuguês e no, contexto, do“fenómeno religioso que noscircunda”.

“O importante é que a comissãopossa dinamizar e estar atentatambém à violação dos direitos daliberdade religiosa no nosso país ea acolher também as iniciativas ousugestões que possam surgir dasociedade civil e das diversasigrejas e confissões religiosas”,disse o sacerdote especialista emDireito Canónico, em declarações àAgência ECCLESIA.

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O padre Manuel Saturino Gomes eo teólogo Alfredo Teixeira, daUniversidade Católica Portuguesa,foram designados representantesda Igreja Católica na CLR pelaConferência Episcopal Portuguesa.O auditor do Tribunal da RotaRomana no Vaticano considera quea revitalizar da comissão “é ummomento importante” pela “suaespecificidade” que está definida naLeia da Liberdade Religiosa”, afinal,o organismo consultivo do Governoe da Assembleia da República teveos

últimos cinco anos sem umpresidente nomeado pela tutela.O sacerdote da Congregação dosSacerdotes do Coração de Jesus(Dehonianos) pertence à CLRdesde o seu início e recorda que noprimeiro mandato procuraramcolocar em prática “todos” os finsque estão na lei, através dediversas iniciativas “dentro daspossibilidades e dosconstrangimentos que havia”.

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A tomada de posse do novopresidente da Comissão daLiberdade Religiosa, José EduardoVera Jardim, e da restante equipa,realizou-se num evento estasegunda-feira, naFundaçãoCalouste Gulbenkian.De recordar que o agoraresponsável da CLR foi um doscriadores da Lei da LiberdadeReligiosa em Portugal, em vigordesde 2001.O padre Manuel Saturino Gomesconsidera que “não é problema” aexistência de uma Concordata,entre a Igreja Católica e o Estadoportuguês, e a Lei da LiberdadeReligiosa porque a própria lei noartigo 58 refere a existência dessetratado internacional.“O estatuto multissecular [da IgrejaCatólica] em Portugal desde o inícioda nacionalidade e a identificaçãocom a história e a culturaportuguesa, ao longo dos séculos,justifica que exista uma concordata”,contextualizou o especialista emDireito Canónico, relembrando quehá “um regime concordatário dotempo da monarquia”, dos primeirosséculos do país, e que se “foisempre desenvolvendo eaprofundando”.Segundo o auditor do Tribunal daRota Romana no Vaticano esseestatuto

“não é de privilégio”, mas“reconhece” o que é específico daIgreja Católica que “não seconfunde com um grupo religioso”que tenha nascido maisrecentemente.“Com todo o respeito pelos gruposreligiosos, temos de reconhecer opapel e a missão da Igreja Católicaem Portugal não só ao serviço da fémas da cultura, da dimensão sociale outros serviços”, acrescentou oreligioso dehoniano.

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IMIO padre Manuel Saturino Gomes, que integra a Comissão Paritária daConcordata pela Santa Sé, revelou que ficou “admirado” com a polémicada Autoridade Tributária ter enviado notificações a dioceses e paróquiaspara a cobrança de impostos sobre imóveis, quando a comissão “nuncafoi auscultada sobre o assunto”.“As coisas são claras. O que é destinado a fins religiosos não pagaimposto, seja a partir da Concordata, seja a partir das interpretações dascirculares, que foram divulgadas pelo Ministério das Finanças antes daexistência da Comissão Paritária, de outras interpretações e também dajurisprudência e da doutrina”, referiu o sacerdote especialista em DireitoCanónico.À Agência ECCLESIA, o auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticanodisse que o seu parecer é que a cobrança de impostos sobre imóveis daIgreja Católica “não é um problema” uma vez que o artigo 26 daConcordata, sobre assuntos fiscal, “é clara” quanto à “área da isenção edos fins religiosos”.O padre Manuel Saturino Gomes recorda, contudo, que, como aConcordata também refere, “é diferente” quando “há uma atividade quenão é propriamente religiosa”, como uma livraria católica, uma casa dehospedaria ou edifício que já foi seminário e está “desocupado”, que“com certeza terão de pagar IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) ououtros impostos”.A Comissão Paritária da Concordata reúne-se com alguma periodicidadepara “averiguar a aplicação da própria Concordata”, como está previstono seu artigo 29, e o auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticanoconsidera que “é evidente” que a questão do Imposto Municipal sobreImóveis seja analisada na próxima reunião que em princípio é emoutubro.

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Membros da Comissão da Liberdade ReligiosaJosé EVera Jardim - PresidenteAlfredo Teixeira - Conferência Episcopal PortuguesaPadre Manuel Saturino da Costa Gomes - Conferência EpiscopalPortuguesaAbdool Karim Vakil - Comunidade Islâmica de LisboaEsther Mucznik - Comunidade Israelita de LisboaFernando Loja - Aliança Evangélica PortuguesaEduardo da Costa Ferreira - Especialista em Ciências Jurídico-PolíticasRahim Firozali - Presidente do Conselho Nacional da Comunidademuçulmana IsmailiAlpesh Kumar Ranchordas - Especialista em religião hindu e experiência emdiálogo interconfessionalLuciano dos Santos Cruz - Especialista em religião budista e experiência emdiálogo interconfessionalMiguel Assis Raimundo - Especialista em Ciências Jurídico-Políticas

Declaração de Compromissopela Paz e pelo DiálogoRepresentantes de 19 igrejas ecomunidades religiosas (outrasduas associaram-se à iniciativa)assinaram esta segunda-feira emLisboa da Declaração pelo Diálogo,pela Tolerância Religiosa e pelaPaz.Tendo como mote a defesa daliberdade de expressão e deconsciência, de religião e culto, comrespeito mútuo entre todas asigrejas, este compromisso juntoutodos os signatários em torno daideia de que “o diálogo religioso sóse alcança construindo pontes emvez de muros”.Segundo o texto da Declaração, osrepresentantes das várias igrejas ecomunidades religiosas, tendo plenoconhecimento da Lei da LiberdadeReligiosa, assumem “o empenho e adisponibilidade para ouvir todas, nasua alteridade e diversidade, numdiálogo sincero que aceite o outronão como adversário mas comoconcidadão partilhando dos mesmossentimentos de fraternidade”.Os subscritores aceitam ainda ocompromisso “claro e indefetível deuma cultura de não-violência, depaz e justiça, aprendendo com opassado sem se deixarem cativarpor memórias de ódio, procurandofalar e agir com verdade”.

De acordo com o texto assinado, ascomunidades religiosas expressamainda “motivação para cooperar coma República Portuguesa, as suascidadãs e os seus cidadãos, napreservação e proteção daliberdade de todas e todos demanter e manifestar uma religião oucrença de sua escolha, sejaindividualmente ou em comunidade,em público ou privado”.Na base da iniciativa, promovidapelo Ministério da Justiça, está agarantia expressa na ConstituiçãoPortuguesa que concede uma amplaliberdade religiosa às cidadãs e aoscidadãos, consagrando a separaçãoentre o Estado e as igrejas ecomunidades religiosas, numaexpressão de laicidade inclusiva quepermite garantir condições para queo diálogo entre religiões sedesenvolva na vivência cidadã,política e religiosa.Entre os signatários contavam-seAna Rita Raimundo Gomes, pelaComunidade de Sant’Egídio emPortugal, e o padre ManuelBarbosa, secretário da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, em nome dosbispos católicos. Ler mais

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Membros da Comissão da Liberdade ReligiosaJosé EVera Jardim - PresidenteAlfredo Teixeira - Conferência Episcopal PortuguesaPadre Manuel Saturino da Costa Gomes - Conferência EpiscopalPortuguesaAbdool Karim Vakil - Comunidade Islâmica de LisboaEsther Mucznik - Comunidade Israelita de LisboaFernando Loja - Aliança Evangélica PortuguesaEduardo da Costa Ferreira - Especialista em Ciências Jurídico-PolíticasRahim Firozali - Presidente do Conselho Nacional da Comunidademuçulmana IsmailiAlpesh Kumar Ranchordas - Especialista em religião hindu e experiência emdiálogo interconfessionalLuciano dos Santos Cruz - Especialista em religião budista e experiência emdiálogo interconfessionalMiguel Assis Raimundo - Especialista em Ciências Jurídico-Políticas

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Igreja e comunidades religiosasafirmam «valores da liberdade»

O secretário da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) referiuna tomada de posse da Comissãoda Liberdade Religiosa (CLR) queas expetativas são que esseorganismo “funcione naturalmentebem”.O padre Manuel Barbosarepresentou a Igreja Católica emPortugal no "ato solene de leitura" eassinatura, por 19 igrejas ecomunidades religiosas, da'Declaração pela Paz e pelo Diálogo'onde foi assumido o “compromissoclaro e indefetível de uma cultura danão-violência, da paz e da justiça”.

À Agência ECCLESIA, o sacerdoteassinalou que a declaração vai nosentido que continuem “emconjunto, com o apoio da CLR, aafirmar os valores da liberdade” nasvárias dimensões que são inerentestanto à Igreja Católica como àscomunidades religiosas presentesem Portugal.

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A Conferência EpiscopalPortuguesa designou comorepresentantes da Igreja Católica naCLR o padre Manuel SaturinoGomes, auditor do Tribunal da RotaRomana no Vaticano, e o teólogoAlfredo Teixeira, da UniversidadeCatólica Portuguesa que“certamente serão voz ativa”,assinalou o secretário da CEP.O historiador e professoruniversitário Paulo Fontes, quetambém acompanhou a tomada deposse do novo presidente da CLR,na Fundação Calouste Gulbenkian,destacou que “é importante areativação” para que “se aprofundee prossiga com utilidade” o modeloportuguês de “laicidade inclusiva”,do ponto de vista das relaçõesIgreja-Estado, Estado-Igrejas ecomunidades religiosas.Para o diretor do Centro de Estudosde História Religiosa, daUniversidade Católica Portuguesa, éimportante a “valorização” da“diversidade religiosa, cultural” e, aomesmo tempo, que possa “servir dereferência” para outros países quetambém têm diversidade até maior,por “fenómenos migratórios outradições de diversidade religiosamais longínquas”, mas “hoje têmdificuldades, muitas vezes, deenquadrar e de integrar” nassociedades as dinâmicas religiosas

seja das pessoas, seja dasinstituições.“Portugal tem tradição positiva talvezpor ser mais recente e ao mesmotempo grande numericamente écircunscrita a certas faixas doterritório mais litoral e mais urbano”,acrescentou o investigador àAgência ECCLESIA.O historiador da UniversidadeCatólica Portuguesa comentouainda que tem acompanhado atendência proibicionista em Françae revelou “alguma preocupação”uma vez que o debate atual mostra“um certo enquistamento” deposições e a dificuldade na atualcircunstância quando “o maisimportante seria esse modelo delaicidade inclusiva”.“A França têm dificuldade deintegrar certo tipo de dimensões efenómenos, nomeadamente, domundo muçulmano que são maisdinâmicas culturais dediferenciação, de afirmação, e delhes dar o devido espaço e deencontrar por via do diálogo elaicidade aberta formas deintegração”, analisou Paulo Fontes.O docente universitário observouque o “fenómeno da secularizaçãosó existe com a dinâmica religiosa”referiu que é preciso encontrar“maneiras de viver na base daliberdade individual, dascomunidades”.

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Portugal é um bom exemplo para omundo

O novo presidente da Comissão daLiberdade Religiosa (CLR)assinalou que Portugal é um bomexemplo de trabalho, que pode serapresentado a outros países, emanifestou-se satisfeito por essasituação ser reconhecida por muitaspessoas que representamdiferentes confissões religiosas. “Éum contributo que damos. Não épara nosso engrandecimento mas,hoje, estes problemas são difíceisna Europa e no

mundo e se tivermos nas reuniõesinternacionais, nos fóruns,possibilidade de darmos conta danossa experiência ela é muitopositiva, legal e de convívio”, disseJosé Eduardo Vera Jardim à AgênciaECCLESIA.Contudo, o presidente da Comissãoda Liberdade Religiosa, empossadoesta segunda-feira, sublinha que aatitude de Portugal “não é ensinaraos outros”, não é de fazer dessebom exemplo

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de trabalho “propaganda”.Para Vera Jardim a revitalização daCLR e a existência de um regimeconcordatário entre o Estado e aIgreja Católica não cria “dificuldadenenhuma”.“É uma situação que existe noutrospaíses, têm concordata com a IgrejaCatólica e depois têm leis ouacordos com outras religiões”,observa o advogado e político apósa cerimónia de tomada de posse daCLR que decorreu na FundaçãoCalouste Gulbenkian.

O responsável frisou que são duassituações “diferentes” e como“prova” exemplificou com os doiselementos que foram designadospela Igreja Católica para a CLR,bem como a “mensagem muitosimpática” que recebeu na manhãdo dia 5 de setembro do cardeal-patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente (ver página35).O presidente do organismoconsultivo do Governo e daAssembleia da República, queretomou o normal funcionalmenteapós um período

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de cinco anos sem presidentenomeado, referiu ainda que, do queconhece, “tem sido interessante” apresença das identidades religiosasno serviço público de televisão erádio em Portugal.“É preciso também que estasquestões cheguem ao grandepúblico. Os tempos de emissão, asemissões de canais especiais tudo épositivo”, assinalou. AgendaJosé Vera Jardim, disse estasegunda-feira, após a sua tomadade posse,

que assume o cargo sem “agendalaicista” e concentrado em combaterqualquer forma de “discriminação”neste campo.“Nunca fui laicista nem tenhoagenda laicista. A minha agenda é aagenda da não-discriminação, que émuito diferente”, disse aosjornalistas, na Fundação CalousteGulbenkian.O presidente da CLR referiu aindaque, em nome do “princípioconstitucional” da “separação entreIgreja e Estado”, “os crucifixos nãodevem estar nas escolas públicas”por serem símbolo de uma religiãoque “pode ofender” quem professaoutras convicções.

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“Agora, há um princípio detolerância: se chegar a uma terraonde toda a gente queira lá ocrucifixo, ninguém vai ter o mausenso de mandar lá a GNR tirar ocrucifixo”, acrescentou.Durante o discurso que proferiuapós ter tomado posse, napresença da ministra da Justiça,Vera Jardim assumiu a necessidadede lutar contra “todas as formas dediscriminação religiosa”.A CLR retoma o seu normalfuncionalmente após um período decinco anos sem presidentenomeado pelo Governo. Oorganismo consultivo do Governo eda Assembleia da República contapela primeira vez na suacomposição com um elemento dacomunidade budista, com o objetivo

de aumentar a sua pluralidade.Acompanhado pelos membrosdesignados pelo Governo, a IgrejaCatólica e as confissões religiosasradicadas em Portugal, Vera Jardimapresentou a “tolerância” comocaminho para a “redução” deconflitos “Tolerância é,designadamente em matériareligiosa, aceitar e valorizar” apluralidade, precisou.Para o presidente da CLR, Portugaltem um “quadro jurídico exemplar” eum “clima de diálogo e respeitomútuo” ente religiões. Todos,sublinhou, são chamados acombater as “forças que defendemo ódio e o desprezo do outro”,“sobretudo no plano cultural eespiritual”.

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Liberdade religiosa no Estado deDireitoA ministra da Justiça afirmou Lisboaque a liberdade religiosa é uma das“traves-mestras” do Estado deDireito, defendendo uma “laicidadeinclusiva” em Portugal. FranciscaVan Dunem falava na abertura docolóquio 'Pluralismo Religioso eCidadania', na Fundação CalousteGulbenkian, após a tomada deposse da nova Comissão daLiberdade Religiosa (CLR).“A lei protege e convoca não sótodos aqueles indivíduos quepraticam uma religião minoritária -como também aqueles que são fiéisaos mandamentos de credosreligiosos majoritários, e, inclusive,aqueles que não professando umareligião, sejam ateus ou agnósticos -a uma existência tolerante e pacíficano espaço público e privado”,referiu.A governante realçou que aliberdade religiosa é um direito, numcontexto de “laicidade inclusiva”.“A religião é, e sempre foi, umdomínio simbólico e social queperpassa a vida de todos nós. Ehoje, a vinculação doindividuo/cidadão a uma identidadecoletiva específica que é comum nareligião e na cidadania estámarcada por uma curiosaconvergência, senão atéconcorrência”, referiu.

A ministra da Justiça falou ainda da“tolerância” enquantoreconhecimento da diversidade erespeito pelo outro.”“O diálogo religioso genuíno exige orespeito das identidades e é aprópria autenticidade e sinceridadedesse encontro que convoca osparceiros a embarcarem nessatravessia, mantendo viva aintegralidade de sua própria fé.Nesse processo não se almejanenhum sincretismo religioso nem aabsorção do sistema de crenças dooutro; antes, o diálogo religiosopratica-se preservando a liberdadede expressão de cada um dosintervenientes”, acrescentou VanDunem.A responsável aludiu aos “desafioscivilizacionais” que a religião e acidadania vão apresentar no futuro,num tempo em que as fronteirasentre o religioso e o secular se “vãodiluindo”.“O nosso espaço público emediático é crescentementeocupado pelo trabalho relevante demuitas organizações religiosas emprol no combate a muitos problemascomuns da humanidade; mastambém é, infelizmente, invadido poracontecimentos e fenómenos

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extremistas e radicais, que invocammotivação religiosa, o que noscompele à interrogação sobre comoestamos a viver a liberdade religiosae os princípios da separação e dacooperação entre Estado ecomunidades religiosas”, assumiu.

A ministra da Justiça sublinhou aimportância da CLR para apromoção da “paz social” nummomento de “renascimento doreligioso” que representa um“desafio” para as sociedadescontemporâneas.

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Santuário lança primeira ediçãocríticadas Memórias da Irmã LúciaO Santuário de Fátima apresentou aprimeira edição crítica das“Memórias” da Irmã Lúcia, uma obrapara a qual contou com acolaboração de Cristina Sobral,docente e investigadora daFaculdade de Letras daUniversidade de Lisboa. “Faltavauma edição crítica das Memórias,documento fundamental para oestudo de Fátima e da suamensagem”, reconhece o reitor dosantuário, padre CarlosCabecinhas, ao apresentar estetrabalho.O livro, com os seis escritos davidente da Fátima, foi lançado noâmbito do 24º CongressoMariológico Mariano Internacional,que reúne até domingo na Cova daIria várias centenas deinvestigadores de diversos países.O reitor do santuário recordou aospresentes que os dois mais jovensvidentes, o Francisco e a Jacinta,morreram ainda crianças, “ficando aLúcia como única testemunha doque tinham experimentado” em1917.“O seu testemunho torna-se, porisso, fundamental e justifica aenorme atenção que suscitaram osseus escritos, sobretudo asMemórias, que conheceram um êxitonotável e

estão publicadas em 19 línguas”,sublinhou o padre CarlosCabecinhas, numa intervençãoenviada à Agência ECCLESIA.O sacerdote afirmou que um dosprincipais objetivos da nova obra éservir como “referência” para osinvestigadores que se ocupem deFátima e para as futuras ediçõesdas “Memórias”.Esta edição segue-se à publicaçãoda Documentação Crítica de Fátima,como forma de “preservar as ‘fontes’da Mensagem de Fátima”.A edição crítica das “Memórias”conta com uma apresentação deMarco Daniel Duarte, diretor doServiço de Estudos e Difusão doSantuário de Fátima, e a introduçãoda curadora, Cristina Sobral, a quese segue a edição crítica das seisMemórias e um apêndice.O padre Carlos Cabecinhas elogiouo “meticuloso trabalho, marcadopelo rigor e pela competência” dadocente e investigadora daFaculdade de Letras daUniversidade de Lisboa.Cristina Sobral interveio no 24.ºCongresso Mariológico MarianoInternacional, tendo comentado

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alguns aspetos dos escritos da IrmãLúcia, como a “marca da oralidade”.A investigadora assinalou depoisque o facto de a vidente ter escritorespondendo a solicitações externas“não invalida absolutamente nada”do que é apresentado nas“Memórias”.Marco Daniel Duarte apresentouesta quarta-feira uma comunicaçãointitulada 'Epistemologia de Fátima:

ouvir, narrar, ler e interpretar Fátimaao longo de um século'.O historiador afirmou que foi atravésdo jornal 'O Século' que o fenómenoFátima "teve a difusão rápida e otransforma de acontecimento localpara acontecimento nacional edepois internacional", pelo que "apalavra notícia tem no universoFátima sentido profundo".

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setembro 2016Dia 9* Coimbra - A Cáritas Diocesana deCoimbra promove uma campanhade recolha de bens a favor defamílias e indivíduos em situação devulnerabilidade económica e social,em várias superfícies comerciais daregião. * Porto – O bispo do Porto, D.António Francisco dos Santos,convida a diocese a reunir-se “àvolta do mesmo altar” na Eucaristiada celebração da Dedicação daCatedral do Porto, às 19h00 na Sé. Dia 10* Porto e Santo Tirso - OSecretariado Diocesano de Liturgiado Porto vai reunir com osresponsáveis da Música Litúrgica.- Porto (Casa Diocesana de Vilar)para os responsáveis da músicalitúrgica das paróquias, reitorias ecapelanias da Região Pastoral doGrande Porto– Santo Tirso (Centro Paroquial)para os responsáveis da músicalitúrgica das paróquias, reitorias ecapelanias da Região Pastoral Norte

* Braga - A Arquidiocese de Bragacelebra o seu Dia do Catequistacom o tema ‘Com Mariacontemplamos a misericórdia doPai’, a partir das 09h00.O programa inclui uma peregrinaçãoentre as basílicas do Bom Jesus e ado Sameiro. * Santarém - A Catedral e MuseuDiocesano vão receber a cerimónialocal de descerramento da placacomemorativa do Prémio ‘EuropaNostra 2016’, atribuído pela UniãoEuropeia (UE) ao patrimóniocultural, a partir das 15h30. * Tarouca – O Mosteiro de São Joãode Tarouca, na Diocese de Lamego,vai recuar aos tempos em que aoração “ditava” a vida monástica,com um “evento inovador” de cantocisterciense, que vai recriar oambiente sonoro e visual da oraçãodos monges de Cister, a partir das22h00. Dia 11* Lisboa – Os ‘Leigos para oDesenvolvimento’ vão enviardurante este mês 13 voluntáriospara missões em África. Hoje,celebram uma Missa do Envioàs 13h00, na igreja do Colégio SãoJoão de Brito, em Lisboa.

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Dia 11 e 12Itália – Mesquitas convidam cristãospara participarem em orações inter-religiosa. De 12 a 14Vaticano - Reunião do Conselho deCardeais, organismo consultivocriado pelo Papa, chamado ‘C9’. Dia 13Fátima - Conselho Permanente daConferência Episcopal Portuguesareúne a partir das 10:30, na Casade Nossa Senhora das Dores.No triénio 2014-2017, são vogais doConselho Permanente D. JorgeOrtiga, arcebispo de Braga; D.António Francisco dos Santos, bispodo Porto; D. José Alves, arcebispode Évora; D. Anacleto Oliveira, bispode Viana do Castelo; D. VirgílioAntunes, bispo de Coimbra. De 13 a 15Fátima – XXX Encontro Nacional daPastoral Social no Steyler HotelO presidente da República, MarceloRebelo de Sousa, vai fazer aprimeira conferência, após a sessãode abertura onde estará tambémpresente o presidente daConferência Episcopal

Portuguesa, D. Manuel Clemente, D.António Marto, vice-presidente daCEP, e o presidente da ComissãoEpiscopal da Pastoral Social eMobilidade Humana, D. Jorge Ortiga. Dias 14 e 15Lisboa - Congresso Internacional doEspírito Santo sobre «Génese,evolução e atualidade da utopia dafraternidade universal» De 14 a 16Porto – Instituto São Tomás deAquino dos Dominicanos, Ordemdos Pregadores, propõe reflexãosobre as paróquias às 18h30, noConvento de Cristo Rei. As reflexões são conduzidas pelofrei José Manuel Fernandes, freiJosé Nunes e pelo teólogo AlfredoTeixeira.

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A Arquidiocese de Braga vai celebrar este sábado oseu Dia do Catequista com o tema ‘Com Mariacontemplamos a misericórdia do Pai’ e o programainclui uma peregrinação entre as basílicas do BomJesus e a do Sameiro. Os ‘Leigos para o Desenvolvimento’ vão enviardurante este mês 13 voluntários para missões emÁfrica onde vão trabalhar em áreas “fundamentais”como “educação” e “formação”, em regime devoluntariado durante um ano. A associação católicacelebra uma Missa do Envio este domingo, às 13h00,na igreja do Colégio São João de Brito, em Lisboa. A peregrinação aniversária internacional do 13 desetembro, em Fátima, vai ser presidida pelo bispo deSetúbal, D. José Ornelas. Lisboa e Alenquer vão acolher entre os dias 14 e 18deste mês uma nova etapa do CongressoInternacional do Espírito Santo, tendo como base acomemoração dos 800 anos da Fundação dosFranciscanos, dos 500 anos da beatificação daRainha Santa Isabel, da ‘Utopia’ de Thomas More e doprimeiro compromisso impresso das Misericórdias, edos 300 anos da Fundação do Patriarcado de Lisboa.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 11 de setembro,13h25 - LiberdadeReligiosa emPortugal: Desafios de umanova Comissão. Segunda-feira, dia 12, 15h00 - Entrevista a NatáliaCabecinha e Rogério Frazãosobre o início do ano escolar. Terça-feira, dia 13, 15h00 - Informação e entrevista aJoão Relvão Caetano sobre oCongresso Internacional doEspírito Santo. Quarta-feira, dia 14, 15h00 - Informação e entrevistaao padre João Lourenço sobre o novo ano académicona Faculdade de Teologia da UCP. Quinta-feira, dia 15, 15h00 -Informação e entrevistaao padre Jorge Benfica sobre os 50 anos doMovimento Shalom. Sexta-feira, dia 16, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo pelo padre João Lourenço e frei José Nunes Antena 1Domingo, dia 11 de setembro - 06h00 - Comissãode Liberdade Religiosa em Portugal. Segunda a sexta-feira, 12 a 16 de setembro - 22h45 - Experiências de Liberdade Religiosa emPortugal.

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Ano C – 24.º Domingo do TempoComum Entrar naalegria deDeus, voltar àvida

A liturgia deste vigésimo quarto domingo do tempocomum centra a nossa reflexão no amor de Deus:Deus ama-nos infinitamente; nem o pecado nos afastadesse amor.Na primeira leitura vemos a atitude misericordiosa deDeus face à infidelidade do Povo, no Sinai; deixa queo amor se sobreponha sempre à vontade de punir opecador.Na segunda leitura, Paulo recorda o amor de Deusmanifestado em Jesus Cristo e derramadoincondicionalmente sobre os pecadores,transformando-os em pessoas novas.Em Ano Santo da Misericórdia, o Evangelho oferece-nos três parábolas da misericórdia e apresenta-nosDeus que ama todos os homens e que Se preocupade forma especial com os pecadores, os excluídos, osmarginalizados. A parábola do filho pródigo, ou dosdois filhos, apresenta Deus como um pai que esperaansiosamente o regresso do filho rebelde, que oabraça quando o avista, que o faz reentrar em suacasa com uma grande festa para celebrar oreencontro.Esta parábola é a mais conhecida das três parábolasda misericórdia. Mas as outras duas, a ovelha perdidae a dracma perdida iluminam-nos também sobre oamor e a ternura de Deus.Sabemos da grande importância que as ovelhastinham para o pastor. Não podia perder nenhuma.Quanto à dracma, era uma soma importante. Bastapensar que uma família inteira podia viver um dia comduas dessas moedas. Compreende-se que a mulherque a perdeu faça tudo para a encontrar.Jesus acentua que o pastor procura a sua ovelha

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perdida «até a encontrar», amulher procura a dracma perdida«até a encontrar». Através destasduas personagens, Jesus mostra-nos o amor do Pai: diante daquelesque se afastam d’Ele, que vão porcaminhos de perdição, Ele parte àsua procura e nunca para estaprocura.Quando há um naufrágio, porexemplo, efetuam-se buscas parase encontrar as vítimas. Mas, ao fimde um certo tempo, as buscamterminam: já não há maisesperança! Em Deus não é assim.Ele vai até ao fim, Ele encontrará dequalquer modo a sua criaturaperdida. Quando encontra a ovelhaperdida, Jesus transporta-a aosombros, leva-a no coração, plenode misericórdia.Isso acontece de modo pleno nacruz,

onde Jesus encontra a humanidadeperdida. Como dizer maisexplicitamente a gratuidade dasalvação que Ele nos vem trazer? Éa mesma luz do Pai que acolhe oseu filho sem nada lhe pedir, que lhedá gratuitamente a sua dignidade dehomem livre, o seu lugar de filho,como se nada se tivesse passado.Como não transbordar de alegriadiante de um Deus assim?Deixemo-nos levar pela Palavra,entremos na alegria de Deus evoltemos à vida, sempre com umcoração puro e um espírito firme,como rezámos no belíssimo Salmo50, expressão da fecundamisericórdia de Deus.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Isso acontece de modo pleno na cruz, onde Jesus encontra a humanidade perdida.Como dizer mais explicitamente a gratuidade da salvação que Ele nos vem trazer? É amesma luz do Pai que acolhe o seu filho sem nada lhe pedir, que lhe dá gratuitamente asua dignidade de homem livre, o seu lugar de filho, como se nada se tivesse passado.Como não transbordar de alegria diante de um Deus assim?Deixemo-nos levar pela Palavra, entremos na alegria de Deus e voltemos à vida, semprecom um coração puro e um espírito firme, como rezámos no belíssimo Salmo 50,expressão da fecunda misericórdia de Deus. Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

Misericórdia, a identidade de Deus

O Papa rejeitou no Vaticano asvisões religiosas que usam o “nome”de Deus para justificar a violência econvidou os católicos a “transformaro mundo”, inspirados pela sua fé.Perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro,para a audiência pública semanal,Francisco alertou para os que“reduzem Deus a um falso ídolo” e“usam o seu santo nome parajustificar os próprios interesses, atémesmo o ódio e a violência”.

A intervenção sublinhou aimportância de distinguir as“imagens de Deus” construídas poralguns da sua “real presença” nahumanidade. O Papa observou quealgumas pessoas desenvolvem umafé que “reduz Deus ao espaçolimitado dos próprios desejos e daspróprias convicções”.“Mas esta fé não é conversão aoSenhor que se revela; pelocontrário, impede o Senhor deprovocar a nossa vida e a nossaconsciência”, advertiu.

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Para outros, prosseguiu, Deus é“um refúgio psicológico” no qualencontram segurança nosmomentos difíceis. “Trata-se de umafé dobrada sobre si mesma,impermeável à força do amormisericordioso de Jesus que conduzem direção aos irmãos”, precisou.“Outros ainda consideram Cristosomente como um bom mestre deensinamentos éticos, um entretantos outros na história.Finalmente, há quem sufoque a fénuma relação puramente intimistacom Jesus, anulando assim o seuimpulso missionário, capaz detransformar o mundo e a história”,acrescentou.A catequese de Francisco tinhapartido de uma afirmação, “É amisericórdia que salva”, colocando aação de Jesus Cristo, centrada na“misericórdia” como concretizaçãodo discurso de João Batista, queanunciava a “justiça” de Deus.“Comprometamo-nos a não colocarnenhum obstáculo ao agirmisericordioso do Pai e peçamos odom de uma fé grande, para quetambém nós sejamos sinais e

instrumentos de misericórdia”,apelou o Papa aos presentes.“Deus não enviou o seu Filho aomundo para punir os pecadoresnem para destruir os maus”, mas aeles é dirigido “o convite àconversão, para que, vendo ossinais da bondade divina, possamreencontrar o caminho do regresso”.Após saudar os peregrinos evisitantes reunidos na Praça de SãoPedro, Francisco evocou a figura deMadre Teresa de Calcutá, a novasanta da Igreja Católica. “Carosjovens, tornai-vos como ela artesãoda misericórdia”, desejou, pedindoainda que “não faltem nunca nasfamílias o cuidado e a atenção aosmais fracos”.

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Síria. AIS lança campanha de emergênciapara as vítimas da guerra

“Por favor, ajudem-nos!”

Alepo transformou-se no campode batalha mais sangrento daguerra na Síria. A vitória ou aderrota deste conflito parecejogar-se ali. Combate-se rua arua, bairro a bairro. De Alepochegam-nos gritos de ajuda. Hápessoas encurraladas, cercadaspor destruição e morte. Hámilhares de cristãos, de pessoasdesesperadas que precisam danossa ajuda agora A imagem do menino OmranDaqneesh, de apenas 5 anos,sozinho, sentado no banco de umaambulância depois de ter sidoretirado dos escombros da suacasa, destruída por uma bomba, emAlepo, tornou-se numa das maispoderosas imagens da guerra naSíria. Cheio de pó eensanguentado, esta criança estácompletamente alheada, como seainda não tivesse tomadoconsciência de todo o horror querepresenta.

Omran é apenas uma criança, umadas muitas crianças sírias quenunca conheceram outra realidadepara além desta guerra que dura háprecisamente cinco anos. Em Alepohá milhares de outras crianças queimploram pela nossa ajuda. É raro odia em que não chegam da Sírianotícias sangrentas. De todas ascidades em guerra, Alepo é a maisfustigada. Parece que a vitória oua derrota deste conflito se discuteali, nos seus bairros, nas suas ruas,casa a casa. Em Alepo vivem aindamilhares de pessoas. São os maispobres dos pobres, os que nãoconseguiram fugir. A cidade estádividida em bairros. Cada bairro éum bastião armado.

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As pessoas estão encurraladasnestes lugares e não têm comofugir. Num desses bairros estásituado o convento das CarmelitasDescalças. A Irmã Anne Françoisecontactou a Fundação AIS parapedir ajuda. “As pessoas estão asofrer e a morrer”, disse. “Por favor,ajudem-nos! As bombas caem ànossa volta, mas não vamosabandonar o povo que está a sofrer.” Ruído das balasEsta é uma guerra que se escuta,com toda a crueza, dentro dosmuros do convento. “Os disparosestão muito próximos. Graças aDeus, ainda não nos atingiram, masouvimos as balas por cima dasnossas cabeças”, diz a Irmã Anne.No convento das Carmelitas omurmúrio das orações

mistura-se com o metralhar das balas,o silvo das bombas, o estrondo dadestruição e o choro das pessoas.Estas irmãs pedem-nos ajuda. “Porfavor, tenham piedade destes milharesde vidas desfeitas pela guerra. Porfavor, não se esqueçam de nós.Precisamos das vossas orações e davossa ajuda prática!” A situação édramática em Alepo. Tão dramáticaque a Fundação AIS decidiu lançaruma campanha internacional de ajudade emergência para as populaçõesdessa cidade, assim como para asfamílias dos refugiados internos deDamasco, Tartus e Al Hassakeh, porexemplo. Estas famílias perderamtudo. São milhares de pessoas semnada. São homens, mulheres ecrianças de mão estendida quepedem a nossa ajuda. Será queficaremos de consciência tranquila senão fizermos nada por todas asoutras vítimas desta guerra?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Cuidar da casa de todos

Tony Neves Espiritano

Uma das imagens que guardo do Brasil é o ‘marverde’ da floresta amazónica, atravessada ealimentada pelo grande Rio e seus inúmerosbraços. Talvez seja ali o lugar do mundo onde sejoga mais a sério o futuro da terra, constituindoum grito por mais respeito, mais sentidoecológico.A 1 de Setembro, o mundo cristão rezou pelocuidado do dom da Criação. É uma iniciativaortodoxa a que o Papa Francisco se associoueste ano. A este pretexto, foi publicada naEuropa uma declaração conjunta do ConselhoEuropeu da Conferência de Bispos (Católicos) eda Conferência das Igrejas Europeias(Protestantes e Ortodoxos). Escreveram:‘Respeito, apreço e contemplação da Criaçãosão preocupações comuns das Igrejas que porocasião do Dia da Criação apelam a oraçõescomuns e ao fortalecimento do trabalhoecuménico de cuidado da Criação’.Dizem mais: ‘De acordo com o Evangelho, aresponsabilidade pelo meio ambiente nuncapoderá ser separada da responsabilidade poroutros seres humanos: pelo nosso vizinho, pelopobre, pelos esquecidos, todos num verdadeiroespírito de solidariedade e amor. Respeitar aCriação significa não apenas protecção esalvaguarda da terra, água e outras partes domundo natural. É também ao mesmo tempoexpressar respeito pelos seres humanos quepartilham esses dons e assumirresponsabilidades com eles’.A terminar há um apelo para que todos oscristãos enfrentem os desafios urgentes dadegradação

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ambiental e das mudançasclimáticas. É referida a cartaencíclica do Papa Francisco‘Laudato Si’ sobre o cuidado pelacasa comum. O Papa propõe umareflexão sobre a ecologia vista deuma forma integral: há que respeitara natureza, mas também amar ospobres.É louvável o caminho já feito quantoao respeito que a mãe natureza nosmerece. Mas o caminho a percorreré ainda muito longo. E nunca nospodemos esquecer desta propostada Papa Francisco de associar á

clássica ecologia (que apenas olhapara a natureza) o amor às pessoasque foram atiradas para asperiferias e margens da história,tornando-se figuras descartáveis donosso mundo. Há que tomar a sérioo que disse o lendário Arcebispo deOlinda e Recife, no nordeste doBrasil: ‘as pessoas são pesadasdemais para serem levadas aosombros. Eu levo-as no coração’.Fiquemos com estas palavrassábias e santas de D. HélderCâmara.

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