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José Eduardo Carvalho As Mulheres dominam a Economia ...e a Economia gosta! Estamos mais atrevidas! E D I Ç Õ E S S Í L A B O As Mulheres Dominam a Economia Prefácio: Ana Sousa Dias

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J o s é E d u a r d o C a r v a l h o

As Mulheres

dominam a

Economia

...e a Economia

gosta!

Estamos

mais atrevidas!

E D I Ç Õ E S S Í L A B O

As

Mu

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mia

978

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28-5

514

P r e f á c i o :

A n a S o u s a D i a s

As Mulheres dominam a Economia… e a Economia gosta! é um livro sobre

as mulheres. Fala do seu papel de borboletas na metamorfose da economia

do século XXI. A entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho está

entre os fenómenos unanimemente apontados como os que mais têm deter-

minado as recomposições sociais verificadas ao longo das últimas décadas

em Portugal.

Estamos numa nova era: a era da independência e do sucesso feminino.

Após as últimas crises financeiras, os homens perderam referenciais e rumos

tendo tal situação criado janelas de oportunidade para as mulheres se afir-

marem em todas as áreas, estendendo as suas conquistas ao poder também

na esfera económica.

No espaço de duas gerações a economia portuguesa mudou o rumo. Dos

casulos saltaram as borboletas: é a metamorfose da economia. As mulheres

chegam hoje onde querem chegar. As mulheres querem ser elas próprias,

sem receio de estarem constantemente sob o escrutínio da sociedade. Seja o

que for, sentiram que podem ser o que bem quiserem. Elas são independen-

tes. Elas estão mais atrevidas! O consumo é a força que move a economia e

são as mulheres que dominam as decisões de compra em praticamente

todos os sectores. E a Economia gosta!

JOSÉ EDUARDO CARVALHO é doutorado pelo ISCTE/IUL na área das ciências

sociais da economia e gestão das organizações. A par da graduação universitária e

da vasta experiência profissional, interessou-se pelas áreas do conhecimento

ligadas à antropologia, genética e neurociência. Foi membro permanente da

Comissão Técnica Portuguesa de Normalização em Biotecnologia, no quadro da

integração de Portugal na União Europeia.

É professor catedrático na Universidade Lusíada de Lisboa, investigador no CEPESE

(Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade) e director da revista de

ciências sociais , indexada internacionalmente.

No campo bibliográfico relevam-se as últimas publicações: ,

, (romance),

; (em co-autoria),

(romance), e

.

Lusíada – Economia & Empresa

Metodologia do Trabalho Científico Neuro-

economia – Ensaio sobre a sociobiologia do comportamento Einstein nunca amou Gestão de

Empresas – Princípios fundamentais Inovação, Decisão e Ética O Julgamento de Hipócrates

A Economia sem Economistas – O lado claro de todas as coisas Campo de Ourique, a aldeia de

Lisboa

As Mulheres dominam

a Economia

...e a Economia gosta!

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«Nunca fui capaz de responder à grande pergunta:

O que uma mulher quer?»

Sigmund Freud (1856-1939)

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As Mulheres dominam a Economia

...e a Economia gosta!

JOSÉ EDUARDO CARVALHO

EDIÇÕES SÍLABO

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É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma

ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões

serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.

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Editor: Manuel Robalo

FICHA TÉCNICA: Título: As Mulheres dominam a Economia... e a Economia gosta! Autor: José Eduardo Carvalho © Edições Sílabo, Lda. Revisor: José H. Dias de Brito Capa: Pedro Mota Imagem da capa: © Natalia Frei | Dreamstime.com Imagem dos separadores: © Sattva78 | Dreamstime.com

1.ª Edição – Lisboa, Novembro de 2015. Impressão e acabamentos: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. Depósito Legal: 400112/15 ISBN: 978-972-618-828-5

EDIÇÕES SÍLABO, LDA. R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 Fax: 218166719 e-mail: [email protected] www.silabo.pt

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Í n d i c e

Prefácio – Casas de Lego 9

Tome nota... 13

A Revolução Silenciosa 15

As damas da economia 18 Golden skirts («Saias douradas») 24 Economia do entretenimento 30 O culto do «eu» 33 O pós-familismo: women childfree 37 A herança geracional 43

Insert 1 – Era uma vez... 51

O Eterno Feminino 53

À flor da pele... 56 «Bem-me-quer, mal-me-quer» 60 Amores efémeros 68 Império dos Sentidos 72 Espelho meu... 79 Belas sem senão 87

Insert 2 – Beleza traiçoeira 94

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Compro: logo existo 95

O prazer narcísico 98 Cartão vermelho 104 O hedonismo do consumo 108 O «pronto-a-comprar» 115 Vícios à la carte 124 O bem-estar-ligação 131

Insert 3 – Preciso comprar! 139

A Metamorfose na Economia 141

Pós-modernidade 143 Welfare state 148 A hora das meninas 153 Cabeças cheias 159 As «mulheres-álibi» 164 O impasse 172

Insert 4 – Mrs. Economist 182

Post Scriptum 183

Referências bibliográficas 191

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P r e f á c i o

C a s a s d e L e g o

Confesso desde já: tenho a maior dificuldade em acolher com sim-patia uma frase que comece por «as mulheres são assim», os homens

são assado. Tenho visto muita coisa, homens assim, mulheres assado e

muitos e muitas que não são nem isto nem aquilo, e nem sequer estou aqui a falar de homossexualidade, tema que nas estatísticas não existe.

Tenho muita dificuldade, em geral, em ver as coisas a preto e branco, e

certamente essa foi uma característica que ganhei com a idade – já passei a idade das certezas. Não encontro nas coisas apenas os dife-

rentes tons de cinzento (não, não estou a falar do livro de E. E. James,

até porque não o li e não cito coisas que desconheço). Fiz em tempos para o jornal Público uma série de crónicas escritas a partir de depoi-

mentos que colhia, entrevistas depois adaptadas a um discurso cor-

rido. Numa semana era O que eu sei sobre os homens, na outra O que eu sei sobre as mulheres. Dessa experiência tirei algumas conclusões,

e uma delas é que esta questão homens/mulheres é realmente dife-

rente nas gerações mais novas. Onde mesmo os mais avançados entre os mais velhos colocam veemência na defesa da igualdade de direitos e

responsabilidades, os mais novos respondem com alguma perplexi-

dade, como se a questão fosse despropositada. Perguntar a um rapaz se uma mulher deve ter vida profissional é quase o mesmo que ques-

tioná-lo sobre a cor da relva. E o mesmo para a questão do papel den-

tro de casa – as actividades domésticas, os filhos, e por aí fora. Hoje um pai faz tantas cenas de babosice, sem qualquer preconceito, como

uma mãe: conta no emprego as peripécias dos filhos, sabe como deve

ser a alimentação, mostra fotografias no telemóvel, e isto depois de ter acompanhado a gravidez e o parto e de ter feito a sua licença de pater-

nidade.

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Não li – neste caso, não por não me interessar como acontece com

o best seller citado, mas porque a vida não dá para tudo o que gostaria de ler e de saber – toda a bibliografia que José Eduardo Carvalho aqui

traz e que naturalmente estudou. Não tenho sobre este tema uma opi-nião firmada em dados científicos: apenas estou a dar a minha opi-

nião, formada ao longo da vida.

Cresci num século em que a situação da mulher no ocidente mudou radicalmente. Quando nasci, ainda a legislação portuguesa

previa uma disparidade de direitos e obrigações entre homens e mulhe-

res que hoje nos parece ridícula. A sociedade tinha regras implícitas – e quantas vezes explícitas – que se baseavam no parecer. «O que é que

as pessoas vão dizer» era uma questão constantemente invocada, e

assim parecia mal, indecoroso mesmo, que uma mulher usasse calças, fumasse, e até conduzir um automóvel era excepcional. Reparem que

não estou a falar de bikinis nem de mini-saias, apenas de atitudes e

práticas que para os homens eram banais. Para a mudança contribuí-ram muitos factores, e entre eles foi decisiva a vontade das mulheres

de não terem um papel secundário. De tanta coisa que se alterou no

mundo nos últimos 50 anos, uma das mais importantes e decisivas foi precisamente essa, pela multiplicidade de efeitos que vem tendo ainda

hoje. Sublinho que apenas me refiro à sociedade chamada ocidental

mas não esqueço que nas nossas bandas ibéricas é prática corrente a violência conjugal e com vítimas mortais. E para lá da nossa realidade

mais próxima, há todo um mundo de situações diferenciadas, e há

mesmo comunidades onde se vive um retrocesso brutal a esse nível, com um retomar ou reinventar das normas do fundamentalismo reli-

gioso.

Neste livro, o professor José Eduardo Carvalho fala de um lado da questão: as mulheres enquanto consumidoras. É evidente que, ao dei-

xarem de ter apenas o papel de donas de casa e mães, ao acederem

massivamente a níveis de educação que antes eram raros, as mulheres passaram a dispor do seu próprio dinheiro. Virginia Woolf explica isso

em Um Quarto que Seja Seu. Para ter autonomia, uma mulher deve

ter um espaço onde possa trabalhar e obter independência económica. A economia agradece, diz o autor. Para usar a expressão tecnocrática,

é um win win. Todos agradecem, suponho eu.

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Mas não confundo isso com frivolidade. Não possuo dados estatís-

ticos, volto a dizer, e também não conheço, não frequento, meios onde os gastos em bens supérfluos sejam esmagadores, excessivos. Sei que

isso existe mas para mim pertence a uma realidade restrita e longín-qua. Ponho as mãos no fogo: na hora de gastar dinheiro, primeiro,

compra-se o que é necessário, só depois o que dá prazer individual. Vi

nascer o fenómeno Zara, hoje multiplicado por muitas outras marcas e centros comerciais que fazem parte do nosso dia-a-dia. A roupa pas-

sou a ser um bem acessível, sem complicações, com design a moderni-

zar-se ao ritmo da moda. E o mesmo com cabeleireiros, esteticistas, cosméticas. Sim, generalizou-se a possibilidade de as mulheres se

arranjarem com prazer – palavra que hoje foi substituída por produzi-

rem-se. Isso é frivolidade ou é simplesmente o gosto de se sentir bem na sua pele? E não gostamos todos de estar entre pessoas que fizeram

por ficar mais bonitas?

As mulheres casam-se mais tarde? Os homens também. Têm filhos mais tarde? Os homens também. Mas isso não resulta de uma atitude

egoísta, hedonista. Resulta em larga medida de condições práticas,

dificuldades, obstáculos como os que levaram já 400 mil jovens a emi-grar nos últimos anos. Pessoas que pensam que ter filhos é tão impor-

tante que preferem primeiro criar boas condições para eles viverem.

Dito isto, não penso que os homens e as mulheres são iguais. São diferentes uns dos outros e são diferentes entre si. E apaixonam-se, e

descobrem sempre coisas novas, e encontram conforto nas antigas. E

isso é bom. Gosto muito de ser mulher, e de ser mãe, e de ter a profis-são que tenho. E de abrir a mala dos legos que passaram de geração

em geração. Irmãos, filhos, sobrinhos construíram casas, carros, brin-

cadeiras infindáveis com aquelas peças. Agora faço isso com os netos e em volta da mesa junta-se sempre mais gente com saudades desses

momentos de calma.

Ana Sousa Dias

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T o m e n o t a . . .

Este livro é sobre as mulheres. Fala do seu papel de borboletas na

metamorfose da economia do século XXI. É o terceiro da trilogia de ensaios sobre o entendimento da economia, que iniciei com a publica-

ção de Neuroeconomia – ensaio sobre a sociobiologia do comporta-

mento (Edições Sílabo, 2009).

No primeiro livro da trilogia, com incidência nas últimas investiga-

ções no campo da neurociência, procurei dar a perceber como o fun-

cionamento das bases neurológicas condicionam as decisões e as moti-vações que se ocultam por detrás de opções económicas que fazemos.

Os economistas têm a crença de que as pessoas existem para aumentar

a sua utilidade, a atitude de que os mercados são racionais e se auto- -regulam. Pelo estudo da neurociência, comprova-se que a forma como

o nosso cérebro funciona não permite uma racionalidade pura na

tomada de decisões, mesmo nas mais simples e fáceis.

Com o segundo livro da trilogia, A Economia sem Economistas – o

lado claro de todas as coisa (Edições Sílabo, 2013), procurei demons-

trar que a economia, mesmo disfarçada com bases matemáticas, não reúne condições para poder ser tratada da mesma maneira aberta e

experimental que a física, a química ou a biologia. A ênfase dada à

quantificação confere à economia a aparência de uma ciência exacta, que não é. Os economistas bem se esforçam fazendo emergir modelos

analíticos e predições de política económica, mas, no final, as contas

não batem certas; as previsões são baseadas na esperança. Uma situa-ção alimentada pelo cidadão comum, com a ideia de que o Estado deve

fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo. O problema da economia não

é político, é social. Não tem a ver com o Estado, tem a ver connosco.

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O presente ensaio – As Mulheres dominam a Economia... e a Eco-

nomia gosta! – completa a trilogia. Com ele dou a conhecer que a eco-nomia tem nas mulheres o seu principal agente. A entrada massiva das

mulheres no mercado de trabalho está entre os fenómenos unanime-mente apontados como os que mais têm determinado as recomposi-

ções económicas verificadas ao longo das últimas décadas. As mulhe-

res chegam hoje onde querem chegar. As mulheres querem ser elas próprias, sem receio de estarem constantemente sob o escrutínio da

sociedade. Seja o que for, sentirem que podem ser o que bem quise-

rem. Elas são independentes. Elas estão mais atrevidas! Adoram con-sumir. O consumo é a força que move a economia e são as mulheres

que lideram as decisões de compra em praticamente todos os sectores.

A economia adora-as!

A leitura dos três livros ajuda o leitor a perceber que a economia é,

tão só, a medida da nossa vida em sociedade. Recomendo a leitura na

ordem inversa em que foram escritos e editados. Comece por ler o livro que tem agora em mãos para perceber quem, quando e como

garante o consumo que anima a economia: as mulheres. Passe depois

ao segundo livro e tome conhecimento do lado claro de todas as coisas da economia. Remate com o primeiro ensaio para compreender como

a caixa negra do nosso cérebro comanda as escolhas e decisões com

que traçamos a economia.

No final das leituras faça o balanço e aperceba-se que a economia

entrou em uma nova era: a era da independência e do sucesso femi-

nino. Parece que a sociedade está a regressar à era matriarcal de outras eras. Após as últimas crises financeiras, os homens perderam

referenciais e rumo e tal constituiu a janela de oportunidade para as

mulheres tomarem as rédeas do poder, também na esfera económica.

Boa leitura!

J. E. C.

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A Revolução Silenciosa

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A R E V O L U Ç Ã O S I L E N C I O S A

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O século XIX ficou conhecido como sendo europeu. O século XX

foi marcado pela cultura americana. O século XXI será lembrado como o tempo das mulheres. O século XXI é delas! A sociedade são as

mulheres. O feminino é antes de mais um fenómeno sociológico.

Falar de mulheres é tomar dois rumos na forma como as observa-

mos, ou seja, é observá-las pelo lado romântico e, simultaneamente,

pelo lado da sua integração na sociedade. Pelo lado romântico, a mulher é – dizem os poetas – a criação mais sublime que a natureza

colocou na terra, elevada aos mais altos pedestais da pureza, pela

maneira de ser, de falar e até mesmo de se mostrar frente aos admira-dores da singular beleza. Francesco Petrarca, poeta e humanista, foi o

mestre na descriptio puellae: a descrição do ideal de beleza feminina.

Por alguma razão, Leonardo da Vince imaginou a bela adormecida – Mona Lisa – uma mulher feminina, meiga, que exala amor. E nin-

guém inspirou mais canções, nos grandes textos literários, nas telas de

grandes pintores, nas poesias de todas as épocas, nos corações dos boémios, do que a mulher, como a inspiração de Julieta, as criações de

Vinícius de Morais, de Pablo Neruda e de muitos outros que a canta-

ram em prosas e versos.

Na história da humanidade, nunca, como hoje, foi dada à mulher

enfrentar tantos desafios e tantas oportunidades. Pelo lado da sua

integração na sociedade, é vê-la conquistando espaço na busca do seu bem-estar no mundo moderno; estão a alcançá-lo, como noutras épo-

cas e noutras circunstâncias.

A história relata muitos e muitos casos, onde a mulher conseguiu com a sua astúcia angelical arrasar homens com força e poder. Foi

Cleópatra quem dominou César da sua brutalidade insustentável, che-

gando até a destruí-lo, tal como Dalila com a sua meiguice destruiu Sansão que, com força descomunal, matou milhares de filisteus,

mesmo nos últimos momentos da sua vida.1

O tempo hoje é algo extremamente valioso e as mulheres, enfim, deram-se conta disso. Possuem uma proporção de evolução maior que

a do homem. Há mais mulheres que homens nas universidades, mais

mulheres que homens em busca de um futuro. Elas vão dominando o

(1) SOUSA (2004).

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mundo. Elas dominam o mercado de trabalho, conquistam carreiras,

são mais estudiosas, formam-se mais rapidamente

As mulheres chegam hoje onde querem e deixam os acomodados

para trás. A ostentação, o vestuário, a estética, a conquista por saldo de contas bancárias já não são mais um diferencial. Elas já não que-

rem carros pequenos; adoram os SUV (Sport Utility Vehicle) que

ostentam para as amigas. Estão independentes! São uma nova geração para a qual começa a não haver homens à altura. E como elas evoluem

não vão aceitar qualquer um. Já não se vive mais em tempos de casa-

mentos arranjados e mulheres submissas como há décadas atrás.

Vive-se sim numa época de muito dinamismo, informação, tecno-

logia e liberdade. E com o amor não tem sido muito diferente. As

mulheres escolhem os seus parceiros, daí a pouco trocam, outros são escolhidos, dali a pouco são trocados, ficam, namoram, casam, sepa-

ram, ficam, ficam de novo, e os amores e desafectos vão acontecendo

neste acelerado campo relacional.

O mundo entrou numa nova era, a era da independência e do

sucesso feminino. A economia adora-as!

As damas da economia

Nos últimos cinquenta anos, a condição da mulher na sociedade

mudou mais do que a soma dos últimos milénios. Em apenas duas gerações houve uma revolução incrivelmente acelerada e muito silen-

ciosa que foi a revolução da mulher. Elas têm hoje papel preponde-

rante na economia, ingressando maciçamente no mercado de trabalho. A queda da fecundidade, que liberta a mulher para trabalhar fora de

casa e o aumento do seu nível de instrução – que cresce mais que os

homens – são factores que ajudam muito nessa revolução silenciosa.

Mulheres são 3,6 mil milhões em todo o mundo. Representam

metade da população mundial, que ascende a 7,2 mil milhões de pes-

soas. Em Portugal, a importância das mulheres é idêntica: dos 10,4 milhões de residentes no país, 5,4 milhões são mulheres. Economica-

mente, as mulheres representam o grupo mais importante do planeta,

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com uma força de trabalho de 1,2 mil milhões pessoas, responsável

pela maior parte da despesa mundial anual em bens e serviços. O con-sumo é a força que move a economia e são as mulheres que lideram as

decisões de compra em praticamente todos os sectores.

É através do consumo que a mulher busca saciar três aspirações:

«ter mais», «saber mais» e «experimentar mais». São estas as três

principais tendências que orientam as aquisições de bens e de serviços pelas mulheres, e que fazem mover a economia. A primeira — ter mais

— abrange o simples acto de comprar, seja o que for, mesmo a renova-

ção de algo que já se tem; a segunda — saber mais — engloba o acesso à educação, tendência que está ligada à expectativa de conquistar um

emprego melhor que permita novos saltos no consumo; a terceira –

experimentar mais – trata do desejo de viver algo novo, sobretudo ligado ao universo do lazer e da sexualidade.

Durante tanto tempo sem remuneração do seu trabalho, era difícil

à mulher ter mais do que quer que fosse; o acesso à educação, o «saber mais», era extremamente restrito; e o acto de experimentar mais era,

então, algo impensável». Numa escala evolutiva, o «ter mais» é, para a

mulher, considerado o passo inicial. Quando há mais dinheiro disponível, chega a hora de tirar os sonhos da gaveta. Talvez o

dinheiro não possa comprar amor, mas, para a grande maioria das

mulheres, compra a felicidade.1

Kate Sayre e Michael Silverstein, sócios de Boston Consulting

Group (BCG), autores do livro Women want more, entrevistaram doze

mil mulheres de diversos extractos sociais em 22 países, questio-nando-as – entre outros comportamentos – sobre a carreira, rendi-

mento, compras, relacionamentos. Os resultados desse estudo mos-

tram que, hoje, o género feminino é responsável por cerca de dois ter-ços dos aproximadamente vinte triliões de dólares gastos anualmente

em bens de consumo em todo o mundo. Três mulheres em cada dez

geram todo (ou quase todo) o rendimento familiar, e seis em dez con-tribuem com metade. As mulheres têm nas suas carteiras muito

dinheiro para gastar, do qual dez triliões disponíveis para compras não

essenciais.

(1) TOVIANSKY (2010).

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As mulheres são, assim, o maior grupo de consumidores do pla-

neta e o maior mercado emergente da história da economia. Represen-tam, como mercado, uma oportunidade superior ao Produto Interno

Bruto (PIB) dos Bric’s (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). É previsível que dentro de uma década as mulheres do mundo desenvol-

vido ganhem mais do que os homens. De igual modo, a organização

inglesa Centre for Economic Business Research prevê que, no pró-ximo quinquénio, mais de metade dos milionários do planeta serão

«milionárias». Logo, quer o rendimento, quer o consumo das mulhe-

res terão papel fundamental na economia mundial.

Curiosamente, para as mulheres, o dinheiro não passa de um

meio. As mulheres não valorizam a riqueza e o dinheiro em si; apenas

os valorizam como forma de chegar à felicidade, à liberdade de ir atrás de satisfação, do equilíbrio entre vida e trabalho. Só lhes interessam os

bens e o bem-estar que lhes proporciona aquilo que procuram no

momento: beleza e cuidados com o corpo, vestuário, dietas e produtos para emagrecer.

Sofisticadas e exigentes, são as mulheres que decidem a maior

parte das compras. De acordo com a pesquisa do BCG, nos países desenvolvidos, 94 por cento das decisões de compra de artigos para a

casa são tomadas por mulheres, em 91 por cento dos casos são tam-

bém elas que escolhem a casa e 92 por cento o destino das férias. Os homens nem decidem a compra dos carros: 60 por cento são escolhas

delas.

Sobre os gostos das mulheres, os consultores de BCG constataram que as consumidoras mais sofisticadas, com rendimentos mais eleva-

dos, são mulheres que lutam pelo sucesso profissional; mulheres

independentes, sem filhos, que trabalham intensamente e realizam poucas tarefas domésticas.

Vivem sob pressão, em contra relógio com agenda apertada, sen-

tindo o stresse da falta de tempo e as responsabilidades. Muitas são mulheres divorciadas ou viúvas, que administram a própria vida, para

as quais um bom plano de saúde importa mais do que um novo amor.

Valorizam a autonomia e a sua prioridade é o trabalho. Sejam impul-sionadas pela necessidade ou por vislumbrarem uma oportunidade de

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crescimento profissional, as mulheres estão a escrever um novo capí-

tulo na história da economia.

Com as profundas e rápidas transformações na economia e no

desenvolvimento tecnológico, com os seus reflexos significativos na reestruturação dos processos produtivos, a mulher foi arrancada do lar

e atirada para o mercado de trabalho. Movidas pelas mudanças estru-

turais da sociedade e impulsionadas por um nível de escolaridade cada vez mais alto, as mulheres avançam dia a dia, ganhando a participação

feminina gradualmente maior peso no mercado de trabalho. O fenó-

meno já mereceu capa na revista The Economist, chamando-lhe a «revolução silenciosa» do mundo rico das mulheres.

Ao longo da história da humanidade, o papel da mulher na socie-

dade foi sempre bem definido: dona de casa, responsável pelo zelo e bem-estar dos filhos; invariavelmente submissa aos pais ou ao marido,

não tendo direito de expressar suas vontades ou de realizar seus

sonhos. A mulher era considerada menos capaz para o trabalho fora de casa que o homem: o «lugar da mulher é em casa» como mandava a

tradição familiar.

A série de transformações com a Revolução Industrial afecta posi-tivamente a condição social da mulher, e o seu trabalho passa a ser

mais valorizado. Um primeiro factor impulsionador da entrada da

mulher no mercado de trabalho verificou-se no século XX com as I e II Guerras. Consequência da ausência dos homens enviados para o com-

bate e da quantidade de militares mortos durante o conflito, levou a

mulher para o trabalho fabril e o seu emprego aumentou significativa-mente.

A mulher ganhou mais espaço no mercado profissional e a preocu-

pação com a sua situação na sociedade começou a acentuar-se gradati-vamente até explodir no movimento feminista das décadas de 60 e 70.

Um dos objectivos das feministas era tornar a mulher visível para a

sociedade onde, até então, era vista apenas como mãe amorosa e esposa dedicada.

As condições de independência adquiridas pela mulher vão além

da revolução feminista quando, em 1968, cerca de 400 activistas do WLM (Women’s Liberation Mobement) queimaram sutiãs na praça

pública em protesto contra o concurso Miss América em Atlantic City,

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A S M U L H E R E S D O M I N A M A E C O N O M I A . . . E A E C O N O M I A G O S T A !

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EUA. Esses movimentos tiveram como objectivo principal a luta por

igualdade de direitos constitucionais e, num segundo plano, a igual-dade no terreno profissional. As mulheres operárias e das classes

médias, reivindicaram igualdade diante da lei e a possibilidade de poderem votar. Para alcançarem a independência, foi importante a

iniciativa das mulheres em reivindicar os seus direitos, mas, através

dessa atitude, vieram também as responsabilidades.1

Em Portugal, nos anos 60, o fenómeno da emigração também con-

tribuiu para o acesso das mulheres ao mercado de trabalho. Nesse

período o país perdeu cerca de um milhão de habitantes, quase todos homens, com a saída para a emigração, a maioria de forma clandes-

tina. A vida das mulheres nas zonas rurais alterou-se significativa-

mente: a expectativa normal das raparigas era casarem, terem filhos, ajudarem os maridos, cultivarem as suas leiras ao pé de casa, tratar

das galinhas, etc.

Com a ausência dos homens, as mulheres começaram a ter de fazer pela vida de modo próprio e começa aí o grande salto do

emprego fabril feminino. As raparigas que não se ficaram pela instru-

ção primária e seguiram para as escolas comerciais, começaram a ir para as cidades, empregando-se nos escritórios de empresas ou nos

serviços da Administração Pública.

Naturalmente, a entrada da mulher no mercado de trabalho trouxe consigo a necessidade de uma reformulação dos papéis de género na

sociedade, nas empresas e dentro das famílias. Na concepção con-

servadora de família, um casal dividia as tarefas de forma que o homem era o responsável por trabalhar no mercado e, com seus rendi-

mentos, sustentar a mulher e filhos. A esposa, por sua vez, teria a res-

ponsabilidade de cuidar das tarefas domésticas (cozinhar, limpar a casa, lavar e passar roupas, entre outros) e das tarefas de educação dos

filhos. A pílula anticoncepcional e as mudanças nos contractos matri-

moniais também foram organizando a saída da mulher do universo doméstico e do exclusivo cuidado dos filhos, conduzindo-a para o

espaço público, antes reservado quase exclusivamente aos homens.2

(1) RAPOSO & ASTONI (2007). (2) SOUSA (1995).

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A R E V O L U Ç Ã O S I L E N C I O S A

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Desde aí, as transformações no modo de vida das mulheres vêm-se

processando de maneira cada vez mais acelerada. O aumento da parti-cipação feminina na vida económica do país está intimamente ligado

às mudanças na estrutura familiar mas também ao avanço que fizeram na educação e formação profissional. O acesso à formação universitá-

ria e às novas formas de erotismo organizaram a luta feminina em

defesa dos seus direitos. Hoje, as famílias têm menor número de filhos e novos valores relativos à inserção da mulher na sociedade. O

aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho fez

com que as relações sociais dentro e fora das empresas se alterassem.

Fora das empresas, as famílias tiveram que reestruturar seu fun-

cionamento para que as mulheres conseguissem actuar no mercado.

Essas alterações foram desde a influência na educação das crianças, que passam a frequentar creches e o ensino pré-escolar mais cedo do

que as gerações anteriores. Até mesmo na distribuição do trabalho

doméstico que, embora até hoje penalize mais a mulher do que o homem, a cada geração aumenta a participação dos homens.

Desta forma «silenciosa» – step by step – a participação feminina

no mercado de trabalho cresceu significativamente nas últimas déca-das e os dados estatísticos mostram que as mulheres estão hoje pre-

sentes em praticamente todos os segmentos e classes empresariais. O

trabalho profissional surge para as mulheres como arma de autono-mia; a possibilidade de afirmação pessoal, a sua realização em diferen-

tes dimensões e maior afirmação por terem mais poder de decisão no

casal.

O inquérito «European Social Survey», mostrou que em Portugal,

como em Espanha, Itália e Grécia, há uma ambição forte das mulheres

jovens para trabalharem fora de casa, porque sendo países de tradição católica, confrontam-se com a forte dominação masculina. O trabalho

surge, assim, como uma grande arma de autonomia.

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A S M U L H E R E S D O M I N A M A E C O N O M I A . . . E A E C O N O M I A G O S T A !

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Golden sk i r ts ( «Sa ias douradas»)

Uma das conquistas do projecto feminino foi a possibilidade de mudança nas relações de género, na medida em que as mulheres (e os

homens) se puderam libertar dos velhos estereótipos e construir novas

formas de se relacionar, agir e de se comportar. Não obstante, subsiste o argumento igualitarista, essencialmente metafísico, de que homens e

mulheres têm a mesma essência humana e valor moral e, como tal,

merecem um tratamento igual na vida profissional e política.

É, a partir desta premissa de igualdade tout court que as institui-

ções políticas e sociais funcionam, considerando que quaisquer desi-

gualdades são, como tal, aberrantes e necessitam de uma emenda coerciva. O lema da igualdade do género já não foge à extravagância de

um grupo de americanas feministas: lutar por pôr a face de uma

mulher nas notas de 20 dólares dos EUA. Tradicionalmente os dólares têm rostos de presidentes americanos, não são homens nem mulheres;

são chefes de Estado. Trinta nomes femininos foram já escolhidos

para a Women on $20’s, entre as quais serão seleccionadas as três mulheres que disputarão a finalíssima.

O sistema de quotas para as mulheres nos lugares de decisão – as

«saias douradas» (golden skirts) – cai na mesma fórmula de pseudo- -igualdade. O processo de contratações, despedimentos, admissões,

tudo é ditado pelos princípios do mito da igualdade do género. A ques-

tão de justiça de igualdade neste caso assenta na tese de que a maioria das licenciaturas, mestrados e doutoramentos são concluídas por

mulheres, e apenas uma pequena percentagem chega aos lugares de

decisão nos conselhos de administração das empresas. Há qualquer coisa de falacioso nas contas desta argumentação!

A posse do «canudo» é garantia, por si só, de posse das capacida-

des requeridas para o processo de decisão nas organizações empresa-riais? É, por demais, evidente que o mundo dos negócios tem evoluído

com o sucesso de muitos empresários (homens e mulheres) sem que

para tal possuíssem habilitações universitárias.

A Noruega, país com a maior percentagem de mulheres nos conse-

lhos de administração das empresas, foi o primeiro país a criar, em

2006, as quotas para mulheres nesses conselhos, determinando que as

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J o s é E d u a r d o C a r v a l h o

As Mulheres

dominam a

Economia

...e a Economia

gosta!

Estamos

mais atrevidas!

E D I Ç Õ E S S Í L A B O

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P r e f á c i o :

A n a S o u s a D i a s

As Mulheres dominam a Economia… e a Economia gosta! é um livro sobre

as mulheres. Fala do seu papel de borboletas na metamorfose da economia

do século XXI. A entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho está

entre os fenómenos unanimemente apontados como os que mais têm deter-

minado as recomposições sociais verificadas ao longo das últimas décadas

em Portugal.

Estamos numa nova era: a era da independência e do sucesso feminino.

Após as últimas crises financeiras, os homens perderam referenciais e rumos

tendo tal situação criado janelas de oportunidade para as mulheres se afir-

marem em todas as áreas, estendendo as suas conquistas ao poder também

na esfera económica.

No espaço de duas gerações a economia portuguesa mudou o rumo. Dos

casulos saltaram as borboletas: é a metamorfose da economia. As mulheres

chegam hoje onde querem chegar. As mulheres querem ser elas próprias,

sem receio de estarem constantemente sob o escrutínio da sociedade. Seja o

que for, sentiram que podem ser o que bem quiserem. Elas são independen-

tes. Elas estão mais atrevidas! O consumo é a força que move a economia e

são as mulheres que dominam as decisões de compra em praticamente

todos os sectores. E a Economia gosta!

JOSÉ EDUARDO CARVALHO é doutorado pelo ISCTE/IUL na área das ciências

sociais da economia e gestão das organizações. A par da graduação universitária e

da vasta experiência profissional, interessou-se pelas áreas do conhecimento

ligadas à antropologia, genética e neurociência. Foi membro permanente da

Comissão Técnica Portuguesa de Normalização em Biotecnologia, no quadro da

integração de Portugal na União Europeia.

É professor catedrático na Universidade Lusíada de Lisboa, investigador no CEPESE

(Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade) e director da revista de

ciências sociais , indexada internacionalmente.

No campo bibliográfico relevam-se as últimas publicações: ,

, (romance),

; (em co-autoria),

(romance), e

.

Lusíada – Economia & Empresa

Metodologia do Trabalho Científico Neuro-

economia – Ensaio sobre a sociobiologia do comportamento Einstein nunca amou Gestão de

Empresas – Princípios fundamentais Inovação, Decisão e Ética O Julgamento de Hipócrates

A Economia sem Economistas – O lado claro de todas as coisas Campo de Ourique, a aldeia de

Lisboa

As Mulheres dominam

a Economia

...e a Economia gosta!