Luísa Alexandra O Impacto das Práticas Sustentáveis na ... · Universidade de Aveiro Ano 2014...
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Universidade de Aveiro
Ano 2014
Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial
Luísa Alexandra Miranda de Jesus Pinto
O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
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Universidade de Aveiro
Ano 2014
Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial
Luísa Alexandra Miranda de Jesus Pinto
O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
Tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento
dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em
Gestão Industrial, realizada sob a orientação científica do
Professor Doutor Joaquim Borges Gouveia, Professor Catedrático
do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da
Universidade de Aveiro e coorientação do Professor Doutor Luís
Miguel Ferreira, Professor Auxiliar do Departamento de Economia,
Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.
Apoio financeiro da FCT no âmbito Programa PROFAD
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Dedico este trabalho a todos aqueles que nunca me deixaram
desistir de concluir este percurso. Aos meus pais e a ti, meu
anjo.
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O júri
Presidente Professora Doutora Ana Isabel Couto Neto da Silva Miranda
Professora Catedrática da Universidade de Aveiro
Prof. Doutor Joaquim Borges Gouveia
Professor Catedrático da Universidade de Aveiro (orientador)
Prof. Doutor Américo Lopes de Azevedo
Professor Associado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Prof. Doutora Susana Maria Palavra Garrido Azevedo
Professora Auxiliar com Agregação da Universidade da Beira Interior
Prof. Doutor Cristóvão Silva
Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Prof. Doutora Helena Maria Lourenço Carvalho Remígio
Professora Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
Prof. Doutor Luís Miguel Domingues Ferreira
Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro (coorientador)
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Agradecimentos
Apesar do carácter individual deste trabalho, a sua elaboração só foi
possível com a colaboração, o estímulo e a ajuda de várias pessoas que,
de alguma forma, contribuíram para a concretização deste estudo. A
realização de um estudo desta natureza oscila entre momentos de
motivação e desânimo, entre a convicção da sua importância e a
relativização do seu valor, entre a discrepância dos outros e a do meu
próprio tempo.
Aos meus orientadores, Prof. Doutor Borges Gouveia e Prof. Doutor Luís
Ferreira, pelo profissionalismo na orientação deste trabalho de
investigação.
Aos meus pais, irmãos, cunhados e à minha princesa Rita, que
continuamente me perguntava “Ainda falta muito tempo para acabares?” e
ao Luisinho: desculpem-me por não ter estado presente.
Ao meu companheiro de uma vida, pelo constante apoio, amor e carinho
sempre presentes, não me deixando nunca desistir e por todos os dias em
que me fizeste sorrir.
À minha incansável amiga Sandra, pela amizade sempre presente,
carinho, paciência e pelo rigor da sua revisão, não tenho palavras para te
agradecer, por tudo.
Aos meus amigos e amigas com quem não pude estar mas que
compreenderam a minha ausência. À Engenheira Lígia pela amizade,
pelos contactos preciosos, pela persistência.
A todas as empresas e a todas as pessoas que entrevistei e com que tive
o prazer de conversar, pela simpatia e amabilidade com que fui recebida,
pois sem elas este trabalho não seria possível. Muito obrigada.
E a todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse
possível.
A todos vocês, os meus sinceros agradecimentos!
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Palavras-chave
Resumo
Sustentabilidade, gestão sustentável, práticas sociais e ambientais,
desempenho, estudo de caso
Ao longo da última década, a crescente preocupação com as ameaças
suscitadas pelas mudanças climáticas e o esgotamento dos recursos
naturais tem-se tornado evidente em diversas indústrias e na população
global. Além da salvaguarda do ambiente natural, espera-se, das empresas,
que respeitem princípios de equidade social nas suas práticas e processos
produtivos. Existe uma perceção generalizada de que as empresas e os
diversos governos nacionais devem ser mais eficientes na utilização dos
recursos naturais e humanos, de modo a promover um desenvolvimento
ambiental, social e económico equilibrado e sustentável.
Consequentemente, todas as indústrias serão desafiadas a reorganizar as
suas cadeias de abastecimento, preservando o ambiente natural e
respeitando as comunidades locais. É neste contexto que se insere a
presente investigação, que visa contribuir para a consolidação da teoria da
gestão sustentável da cadeia de abastecimento. O objetivo geral deste
trabalho é o de identificar e analisar os fatores que induzem e instigam as
empresas à implementação de práticas ambientais e sociais, identificar e
caracterizar as práticas sustentáveis utilizadas e perceber a relação destas
práticas com o desempenho económico, ambiental e social. Para responder
aos propósitos fixados para o estudo fez-se uso de uma abordagem
qualitativa que integrou estudos de caso múltiplos, constituídos a partir de
oito empresas de diferentes setores de atividade, que operam em Portugal,
destinados a analisar as estratégias de sustentabilidade desenvolvidas e
implementadas por essas das organizações. Ao longo da investigação
empírica, identificam-se as práticas ambientais e sociais implementadas nas
empresas e nas suas cadeias de abastecimento e os diferentes indicadores
que as mesmas utilizam para medição do seu desempenho. Nos casos
analisados, são apresentadas evidências de que a gestão sustentável da
cadeia de abastecimento requer das empresas a criação de mecanismos
formais de cooperação entre os vários membros da cadeia de
abastecimento e de que existe uma relação entre a aplicação de práticas
sustentáveis e o desempenho económico, ambiental e social.
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Keywords
Abstract
Sustainability, sustainable supply chain management, envirnomental
and social practices , performance, case study
Over the last decade, the growing concern over the threats posed by climate
change and the depletion of natural resources has become evident in
various industries and in the overall population. Besides the contribution to
the protection of the natural environment, it is hoped that companies can
respect the principles of social equity in their practices and processes. There
is a widespread perception that the companies and the several national
governments should be more efficient in the use of natural and human
resources in order to promote a sustainable development at all levels,
integrating economic, social and environmental aspects. Consequently, all
industries will be challenged to reorganize their supply chains, preserving the
natural environment and respecting local communities. In this context this
research aims to contribute to the consolidation of the theory of sustainable
supply chain management, which main objective is to identify and analyse
the factors that induce and instigate companies to implement environmental
and social practices, identify and characterize the sustainable practices usedand realize the relationship with economic, environmental and social
performance. To address the purposes set for the study it was taken a
qualitative approach which integrated multiple case studies, consisting of
eight companies from different sectors of activity, operating in Portugal, in
order to analyse the sustainability strategies developed and implemented by
these organizations. Throughout the empirical research, the environmental
and social practices implemented in companies and their supply chains as
well as the different indicators that they use to measure their performance
have been identified. The studied cases show that the sustainable
management of the supply chain requires by the companies the creation of
formal mechanisms of cooperation between the members of the supply
chain and that there is a relationship between the application of sustainable
practices and the economic, environmental and social performance.
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________________________________________________________________________________xv
LISTA DE SIGLAS
AFIA Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel
AIRV Associação Industrial da Região de Viseu
BCSD Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável
BSC Balanced ScoreCard
BTP Borgstena Textile Portugal
CELE Comércio Europeu de Licenças de Emissão
CO2 Dióxido de Carbono
COP Conference of the Parties
COVs Compostos Orgânicos Voláteis
DS Desenvolvimento Sustentável
EBITDA Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization
EEDS Estratégia Europeia de Desenvolvimento Sustentável
EMAS Eco Management and Audit Scheme
ENDS Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável
ETAR Estação de Tratamento de Águas
ETARIs Estações de Tratamento de Águas Residuais Industriais
UE União Europeia
FSC Forest Stewardship Council
FSSC Food Safety System Certification
GCA Gestão da Cadeia de Abastecimento
GEE Gases com Efeito de Estufa
GPTWI Great Place to Work Institute
GRACE Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial
GRI Global Report Initiative
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
________________________________________________________________________________xvi
GSCA Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento
GSCM Green Supply Chain Management
HACCP Hazard Analysis and Critical Control Point
INEGI Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial
INETI Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação
ISO International Standard Organization
ISQ Instituto de Soldadura e Qualidade
NRBV Natural Resource Based View
OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Services
ONG Organizações Não Governamentais
PEFC Programme for the Endorsement of Forest Certification schemes
POA Plano Operacional de Ações
PRERESI Prevenção de Resíduos Industriais
REACH Registration, Evaluation and Authorization of Chemicals
SA Social Accountability
SAM Sustainable Asset Management
SO2 Dióxido de Enxofre
SREEC Social Responsibility and Environment Ethics Committee
SYSTECODE System to International Code of Cork Stoppers Manufacturing Practices
TBL Triple Bottom Line
UE União Europeia
UN Unidade de Negócios
UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
WCED World Commission on Environment and Development
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________________________________________________________________________________xvii
ÍNDICE GERAL
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................................... XV
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................... XXIII
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................ XXV
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1
CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................... 9
Introdução .......................................................................................................................................... 9
I.1. Evolução histórica ........................................................................................................................ 9
I.2. Os três pilares do desenvolvimento sustentável ....................................................................... 16
I.2.1. Ambiental ........................................................................................................................ 17
I.2.2. Social ............................................................................................................................... 20
I.2.3. Económico ....................................................................................................................... 21
CAPÍTULO II – A GESTÃO SUSTENTÁVEL DA CADEIA DE ABASTECIMENTO ................................. 23
Introdução ........................................................................................................................................ 23
II.1. Cadeia de abastecimento .......................................................................................................... 23
II.2. Gestão da cadeia de abastecimento ......................................................................................... 26
II.3. A Gestão sustentável da cadeia de abastecimento .................................................................. 33
II.4. Modelos teóricos relevantes ..................................................................................................... 38
II.4.1. Modelo de Carter e Rogers ............................................................................................. 38
II.4.2. Modelo de Pagell e Wu ................................................................................................... 40
II.4.3. Modelo de Seuring e Müller ........................................................................................... 42
II.4.4. Análise comparativa dos modelos .................................................................................. 47
II.5. Práticas Sustentáveis ................................................................................................................. 48
II.5.1. Práticas ambientais ......................................................................................................... 51
II.5.2.Práticas sociais ................................................................................................................. 71
II.6. Motivos e barreiras para a gestão sustentável da cadeia de abastecimento ............................ 79
II.7. Desempenho da cadeia de abastecimento ................................................................................ 86
II.8. Desempenho da cadeia de abastecimento sustentável............................................................. 90
CAPÍTULO III – MODELO CONCETUAL ...................................................................................... 111
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
________________________________________________________________________________xviii
Introdução ...................................................................................................................................... 111
III.1. Teoria Natural Resource Based View ..................................................................................... 111
III.2. Modelo Concetual .................................................................................................................. 115
CAPÍTULO IV – METODOLOGIA ............................................................................................... 129
Introdução ...................................................................................................................................... 129
IV.1. Método de investigação ......................................................................................................... 129
IV.2. Estudo de caso ....................................................................................................................... 131
IV.3. Amostra .................................................................................................................................. 135
IV.4. Instrumento de recolha de dados .......................................................................................... 138
IV.4.1. Entrevistas ................................................................................................................... 138
IV.4.2. Dados secundários ...................................................................................................... 145
IV.5. Triangulação de dados ........................................................................................................... 146
IV.6. Análise e apresentação dos dados ......................................................................................... 147
IV.7. Codificação das entrevistas .................................................................................................... 150
IV.8. Critérios de avaliação da investigação ................................................................................... 152
CAPÍTULO V – ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................. 155
Introdução ...................................................................................................................................... 155
V.1. Caraterização geral do projeto em análise ............................................................................. 155
V.2. Análise de conteúdo ................................................................................................................ 156
V.2.1. O caso de estudo ‐ BA Vidro ...................................................................................... 156
V.2.1.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 157
V.2.1.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 159
V.2.1.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 160
V.2.1.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 160
V.2.1.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 166
V.2.1.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 168
V.2.1.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 168
V.2.1.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 171
V.2.1.5. Desempenho ............................................................................................................. 173
V.2.2. O caso de estudo ‐ Amorim & Irmãos ........................................................................ 178
V.2.2.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 179
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Índice Geral
________________________________________________________________________________xix
V.2.2.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 182
V.2.2.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 183
V.2.2.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 183
V.2.3.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 189
I.2.2.4. Práticas sociais ........................................................................................................... 191
V.2.2.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 191
V.2.2.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 194
V.2.2.5. Desempenho ............................................................................................................. 196
V.2.3. O caso de estudo ‐ Huf Portuguesa ............................................................................ 203
V.2.3.1. Caraterização da empresa ........................................................................................ 203
V.2.3.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 207
V.2.3.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 208
V.2.3.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 208
V.2.3.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 213
V.2.3.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 215
V.2.3.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 215
V.2.3.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 220
V.2.3.5. Desempenho ............................................................................................................. 222
V.2.4. O caso de estudo – Sonae Indústria Mangualde ........................................................ 228
V.2.4.1. Caraterização da empresa ........................................................................................ 229
V.2.4.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 232
V.2.4.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 232
V.2.4.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 233
V.2.4.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 236
V.2.4.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 238
V.2.4.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 238
V.2.4.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 241
V.2.4.5. Desempenho ............................................................................................................. 243
V.2.5. O caso de estudo ‐ Movecho ..................................................................................... 246
V.2.5.1. Caraterização da empresa ........................................................................................ 246
V.2.5.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 248
V.2.5.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 248
V.2.5.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 249
V.2.5.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 252
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
________________________________________________________________________________xx
V.2.5.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 253
V.2.5.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 253
V.2.5.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 255
V.2.5.5. Desempenho ............................................................................................................. 255
V.2.6. O caso de estudo ‐ Unicer ......................................................................................... 258
V.2.6.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 258
V.2.6.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 263
V.2.6.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 264
V.2.6.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 265
V.2.6.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 270
V.2.6.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 273
V.2.6.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 273
V.2.6.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 277
V.2.6.5. Desempenho ............................................................................................................. 280
V.2.7. O caso de estudo – Borsgstena ................................................................................. 283
V.2.7.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 283
V.2.7.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 287
V.2.7.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 287
V.2.7.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 288
V.2.7.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 291
V.2.7.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 292
V.2.7.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 292
V.2.7.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 294
V.2.7.5. Desempenho ............................................................................................................. 295
V.2.8. O caso de estudo – Toyota Caetano Portugal ............................................................ 298
V.2.8.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 298
V.2.8.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 301
V.2.8.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 302
V.2.8.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 302
V.2.8.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 307
V.2.8.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 308
V.2.8.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 309
V.2.8.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 311
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Índice Geral
________________________________________________________________________________xxi
V.2.8.5. Desempenho ............................................................................................................. 312
CAPÍTULO VI – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS .......................................................... 317
Introdução ...................................................................................................................................... 317
VI.1. Caraterização geral dos motivos e barreiras para a implementação de práticas sustentáveis
........................................................................................................................................................ 317
VI.2. Caraterização geral das práticas sustentáveis ....................................................................... 325
VI.2.1. Caraterização geral das práticas ambientais .............................................................. 325
VI.2.1.1. Práticas ambientais internas .................................................................................... 326
VI.2.1.2. Práticas ambientais externas ................................................................................... 332
VI.2.2. Caraterização geral das práticas sociais ...................................................................... 334
VI.2.2.1.Práticas sociais internas ............................................................................................ 334
VI.2.2.2. Práticas sociais externas .......................................................................................... 338
VI.3. Caraterização geral dos indicadores de desempenho ........................................................... 341
VI.3.1. Indicadores de desempenho económico .................................................................... 342
VI.3.2. Indicadores de desempenho ambiental ..................................................................... 343
VI.3.3. Indicadores de desempenho social ............................................................................. 346
VI.4. Relação entre práticas sustentáveis e indicadores de desempenho ..................................... 349
CAPÍTULO VII – CONCLUSÕES ................................................................................................. 359
Introdução ...................................................................................................................................... 359
VII.1. Síntese das conclusões .......................................................................................................... 359
VII.2. Contribuições teóricas .......................................................................................................... 364
VII.3. Limitações da investigação e recomendações para investigações futuras .......................... 365
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 369
APÊNDICES ............................................................................................................................. 395
Apêndice A – Carta de objetivos do trabalho de doutoramento ............................................... 395
Apêndice B – Guião de entrevista à Direção Geral .................................................................... 397
Apêndice C – Guião de entrevista ao Responsável de Ambiente/ HST/Sustentabilidade ......... 401
Apêndice D – Guião de entrevista ao Responsável de Compras ............................................... 403
Apêndice E – Ficha de resumo de contacto ............................................................................... 405
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura da investigação .................................................................................................. 8
Figura 2 – Triple bottom line ............................................................................................................ 16
Figura 3 – Configurações da cadeia de abastecimento .................................................................... 25
Figura 4 – Modelo da Gestão da Cadeia de Abastecimento ............................................................ 31
Figura 5 – Modelo de gestão de cadeia de abastecimento ............................................................. 32
Figura 6 – Gestão sustentável da cadeia de abastecimento ............................................................ 38
Figura 7 – Modelo de Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento ........................................ 41
Figura 8 – Modelo de Seuring e Müller – estratégias SMRP e SCMSP ............................................. 43
Figura 9 – Estratégia de gestão de fornecedores para análise de risco e desempenho (SMRP) ..... 44
Figura 10 – Estratégia de gestão da cadeia de abastecimento para produtos sustentáveis (SCMSP)
.......................................................................................................................................................... 46
Figura 11 – Modelo concetual ........................................................................................................ 116
Figura 12 – Estrutura de suporte para a sustentabilidade Amorim e Irmãos, SGPS, S.A. .............. 180
Figura 13 – Localização geográfica das empresas do Grupo Huf .................................................. 204
Figura 14 – Esquema do processo produtivo com indicação da entrada de recursos e os resíduos
gerados ........................................................................................................................................... 251
Figura 15 – Organigrama da BTP ................................................................................................... 285
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________________________________________________________________________________xxv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Definições de gestão da cadeia de abastecimento ........................................................ 28
Tabela 2 – Definições de gestão sustentável da cadeia de abastecimento ..................................... 36
Tabela 3 – Facilitadores da GSCA ..................................................................................................... 39
Tabela 4 – Barreiras e fatores de suporte da cadeia de abastecimento sustentável ...................... 45
Tabela 5 – Práticas ambientais ......................................................................................................... 54
Tabela 6 – Indicadores de desempenho .......................................................................................... 59
Tabela 7 – Práticas ambientais internas e externas ......................................................................... 69
Tabela 8 – Categorias de desempenho social e indicadores ............................................................ 74
Tabela 9 – Práticas e indicadores sociais ......................................................................................... 75
Tabela 10 – Aspetos sociais e Indicadores da Global Report Initiative ............................................ 76
Tabela 11 – Práticas sociais internas e externas e indicadores de desempenho social .................. 78
Tabela 12 – Motivos para a implementação de práticas sustentáveis ............................................ 84
Tabela 13 – Barreiras para a implementação de práticas sustentáveis ........................................... 86
Tabela 14 – Medidas de desempenho na cadeia de abastecimento ............................................... 89
Tabela 15 – Estudos sobre práticas sustentáveis ............................................................................. 98
Tabela 16 – Indicadores de desempenho sustentável ................................................................... 105
Tabela 17 – Principais caraterísticas da amostra ........................................................................... 137
Tabela 18 – Sumário das entrevistas realizadas, duração e função dos entrevistados ................. 141
Tabela 19 – Grelha de análise de conteúdo das entrevistas .......................................................... 150
Tabela 20 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 157
Tabela 21 – Variação do consumo de caso e taxa de incorporação do casco ............................... 174
Tabela 22 – Variação do Consumo energético e de água .............................................................. 174
Tabela 23 – Variação da emissão de partículas, dióxido de enxofre e óxido de azoto (kg/tvf) ..... 175
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
________________________________________________________________________________xxvi
Tabela 24 – Variação dos indicadores ............................................................................................ 176
Tabela 25 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 178
Tabela 26 – Variação no consumo de energia por fonte primária (Gj/mês) da UN Rolhas ........... 198
Tabela 27 – Variação no consumo de água por fonte (m3) da UN Rolhas ..................................... 199
Tabela 28 – Variação na geração de resíduos, valorização e eliminação (t/ano) da UN Rolhas .... 200
Tabela 29 – Variação dos indicadores de desempenho de saúde e segurança da Corticeira Amorim
........................................................................................................................................................ 201
Tabela 30 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 203
Tabela 31 – Variação das vendas (milhões de euros) .................................................................... 222
Tabela 32 – Evolução da variação dos indicadores do BSC ambiental por área ............................ 223
Tabela 33 – Variação dos indicadores ambientais por unidade de medida ................................... 224
Tabela 34 – Evolução da variação dos indicadores do BSC Saúde e Segurança ............................. 225
Tabela 35 – Evolução da variação dos indicadores de Saúde e Segurança .................................... 226
Tabela 36 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 228
Tabela 37 – Volume de negócios e EBITDA do grupo Sonae Indústria (Milhões de euros) ........... 243
Tabela 38 – Evolução da variação dos indicadores ambientais da Sonae Indústria Mangualde ... 244
Tabela 39 – Indicadores de segurança da Sonae Indústria Mangualde ......................................... 245
Tabela 40 – Variação dos indicadores ambientais ......................................................................... 256
Tabela 41 – Indicadores de Segurança ........................................................................................... 257
Tabela 42 – Exemplos de projetos de redução de materiais de embalagens realizados em 2012 273
Tabela 43 – Variação no consumo de energia por fonte primária (Gj) .......................................... 281
Tabela 44– Variação na emissão de gases com efeito de estufa (Kg/hl) ....................................... 281
Tabela 45 – Variação no consumo de água por fonte (m3) da UN Rolhas ..................................... 282
Tabela 46 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 283
Tabela 47 – Variação dos indicadores ambientais por unidade de medida ................................... 295
Tabela 48 – Indicadores de segurança ........................................................................................... 296
-
Índice de Tabelas
________________________________________________________________________________xxvii
Tabela 49 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 298
Tabela 50 – Evolução da variação dos indicadores ambientais ..................................................... 313
Tabela 51 – Evolução da variação dos indicadores de recursos humanos .................................... 314
Tabela 52 ‐ Evolução da variação dos indicadores de segurança .................................................. 314
Tabela 53 – Motivos da implementação de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento .. 318
Tabela 54 – Barreiras para a implementação de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento
........................................................................................................................................................ 322
Tabela 55 – Grau de implementação das práticas ambientais internas ........................................ 326
Tabela 56 – Grau de implementação das práticas ambientais externas ....................................... 332
Tabela 57 – Grau de implementação das práticas sociais internas ............................................... 335
Tabela 58 – Grau de implementação com as práticas sociais externas ......................................... 338
Tabela 59 – Indicadores de desempenho económico .................................................................... 342
Tabela 60 – Indicadores de desempenho ambiental ..................................................................... 343
Tabela 61 – Indicadores de recursos humanos .............................................................................. 346
Tabela 62 – Indicadores de desempenho de saúde e segurança................................................... 347
Tabela 63 – Relação entre práticas ambientais e sociais e o desempenho económico ................ 349
Tabela 64 – Relação entre práticas ambientais e sociais e o desempenho ambiental .................. 353
Tabela 65 – Relação entre práticas ambientais e sociais e o desempenho social ......................... 354
Tabela 66 – Relação entre práticas sustentáveis e o desempenho global .................................... 355
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________________________________________________________________________________1
INTRODUÇÃO
O Desenvolvimento Sustentável foi colocado na agenda política mundial pela Conferência das
Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, também
designada por Cimeira da Terra. Nesta Cimeira, foi reafirmado este conceito, lançado em 1987
pelo Relatório de Brundtland, que veio chamar a atenção para a necessidade de um novo tipo de
desenvolvimento capaz de promover o progresso em todo o planeta, que, a longo prazo, pudesse
ser alcançado por todos os países. Neste relatório, a pobreza aparece caraterizada como um dos
principais efeitos que decorrem dos problemas ambientais do mundo e o modelo económico
adotado pelos países desenvolvidos como uma das suas principais causas.
A insustentabilidade do referido modelo económico e a impossibilidade da sua replicação nos
países em desenvolvimento são enfatizadas como elementos justificativos da necessidade de
alterar esse padrão de desenvolvimento, sob pena de rapidamente se esgotarem os recursos
naturais existentes. Em alternativa ao modelo de desenvolvimento existente, o relatório sugere a
adoção do conceito de desenvolvimento sustentável: um padrão de desenvolvimento capaz de
assegurar a satisfação das necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras verem satisfeitas as suas próprias necessidades (World Commission on
Environment and Development, 1987).
A procura por um modelo de sociedade mais sustentável transformou‐se, ao longo das últimas
duas décadas, numa verdadeira vaga transformadora; com efeito, tanto nos países desenvolvidos,
como nas nações em vias de desenvolvimento, a modernização foi percebida como um processo
que é fértil em promessas e oportunidades às quais se associam inevitáveis e imprevisíveis riscos
e ameaças, suscetíveis de afetar o conjunto do tecido social, a estrutura das atividades
económicas e o equilíbrio ambiental (Burgess, Singh, & Korogolu, 2006).
Segundo Henriques e Peneda (2003), a tendência europeia para manter a competitividade das
empresas assenta na formação de circuitos comerciais e industriais fortes que obedecem a
diretrizes rigorosas e objetivas. O desenvolvimento sustentável (DS) assume‐se como fator crítico
a ser alcançado por via de um equilíbrio entre objetivos de prosperidade económica, princípios de
salvaguarda ambiental e o garante da equidade social.
O termo Triple Bottom Line (TBL) foi referido pela primeira vez por John Elkington, em 1994,
tendo‐se tornado popular a partir de 1997, com a publicação do seu livro intitulado “Cannibals
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
________________________________________________________________________________2
with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business”, cujo título surge da questão
suscitada pelo poeta polaco Stanislaw Lec: “Is it progress… if a cannibal uses a fork?”.
Aplicado às organizações, o TBL enquadra a vertente económica do conceito de valor
acrescentado e, em simultâneo, o valor acrescentado nas suas dimensões ambiental e social. O
termo é utilizado para considerar todo o tipo de valores, assuntos e processos que as
organizações deverão seguir com o objetivo de minimizar qualquer dano resultante das suas
atividades, gerando, em paralelo, valor económico, social e ambiental. Deste modo, o conceito
contempla a clareza na definição de objetivos, considerando as necessidades de todos os
stakeholders: clientes, funcionários, parceiros de negócios, acionistas, governos, comunidades
locais, e o público em geral (Elkington, 2004).
Em todos os setores de atividade, os tradicionais fatores competitivos, qualidade e custos, têm‐se
tornado muito similares. Uma das formas de as empresas se poderem diferenciar, reduzindo
custos e melhorando os produtos e serviços é relacionando os fatores ambientais e sociais, assim
como, os económicos na sua cadeia de abastecimento. O conceito de Cadeia de Abastecimento
considera as interações entre uma empresa entre um negócio, os seus clientes e os fornecedores,
considerando‐se possível alcançar grandes benefícios sempre que a atenção é alargada, tanto
quanto possível, abrangendo a reciclagem dos produtos e a gestão dos desperdícios (Brammer &
Walker, 2011).
Não obstante a crescente preocupação com as questões relacionadas com a sustentabilidade,
demonstrada pelos consumidores e organizações quando compram ou fornecem bens e serviços,
o progresso evidenciado ao nível das práticas e procedimentos ligados ao processo produtivo tem
sido lento (Turcotte, 2010).
Um dos possíveis entendimentos e forma de alcançar um futuro sustentável para os indivíduos e
organizações consiste no trabalho em rede, gerando mudanças que envolvam os atores presentes
na rede – clientes, distribuidores, fornecedores, associações de empresas e governo (Nairn,
Walker, Xin Xu, & Johnsen, 2007). Deste modo, as mudanças numa relação geram efeitos
sequenciais nas demais relações, correspondendo a um certo “efeito dominó”, nomeadamente
em situações onde existem relações de grande integração e complexidade que implicam
alterações importantes em toda a rede, com vista ao desenvolvimento sustentável, verificando‐se
que as organizações procuram, continuamente, desenvolver novas e inovadoras formas de
aumentar a sua competitividade (Hertz, 1998).
De acordo com Anderson e Sweet (2002), estudos realizados sobre as alterações dos sistemas
ambientais na indústria indicam‐nos que a mudança para a sustentabilidade pode ser
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Introdução
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problemática, uma vez que existam dificuldades na adaptação a novas normas e a alterações nos
sistemas organizacionais e tecnológicos já estabelecidos.
Segundo Porter e Van Der Linde (1995a), uma maior preocupação com a questão ambiental pode
gerar dois tipos de inovação na empresa: nos processos e dos produtos. As inovações introduzidas
nos processos caraterizam‐se no desenvolvimento de novas formas, mais eficientes, de as
empresas aproveitarem as matérias‐primas e/ou de utilizarem materiais que possam ser
reutilizados, enquanto as inovações ao nível do produto se relacionam com a introdução de
mudanças que tornam o produto mais seguro e com menores custos, através da substituição de
materiais e da redução de custos com a embalagem. Os autores sugerem que a introdução deste
tipo de inovações potencia uma redução de custos de tal ordem que é possível, em muitos casos,
que os retornos obtidos se tornem suficientes para cobrir os custos associados à introdução das
próprias inovações.
De uma forma geral, as empresas parecem perceber que uma gestão sustentada (contemplando
critérios ambientais) da cadeia de abastecimento promove a eficiência e a ocorrência de certas
sinergias entre os parceiros de negócios, tendo como consequência a minimização de resíduos e a
diminuição de custos. Não obstante, é de esperar que a adoção de práticas ambientais na gestão
da cadeia de abastecimento esteja dependente das organizações verificarem que os resultados
que obtêm resultam numa melhoria do seu desempenho económico e numa real vantagem
competitiva (Sarkis, Helms, & Hervani, 2005).
Segundo Rao e Holt (2005), num estudo realizado em empresas certificadas pela ISO 14001, no
Sudeste Asiático, a gestão ambiental da cadeia de abastecimento de uma forma sustentada,
traduz‐se em benefícios económicos e vantagem competitiva. A implementação de práticas
ambientais na indústria automóvel chinesa implicou melhorias ao nível do seu desempenho
ambiental e operacional, ainda que não tenha resultado em impactos significativos no
desempenho económico (Zhu & Sarkis, 2004, 2006), no entanto a procura e a introdução de
inovações e de materiais alternativos, para atender a padrões ambientais, podem, a longo prazo,
determinar uma redução de custos (Wilkinson, Hill, & Gollan, 2001).
Um número crescente de estudos conduzidos sobre a sustentabilidade das empresas enfatiza a
sua complementaridade com a utilização de práticas sustentáveis, argumentando que a utilização
de práticas sustentáveis nos negócios conduz a melhorias no desempenho económico das
empresas (Gimenez, Sierra, & Rodon, 2010; Hart & Milstein, 2003; Lovins, Lovins, & Hawken,
1999; Porter, 1985; Pullman, Maloni, & Dillard, 2009, 2010). Os argumentos favoráveis
encontram, ainda assim, opositores e críticos que questionam a capacidade das empresas
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
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aplicarem princípios de sustentabilidade, uma vez que são, de uma forma geral, perspetivadas
como a causa dos problemas ambientais devido às suas prioridades de crescimento e viabilidade
financeira, ao invés de participantes na solução do problema. Perspetivar as empresas como
participantes na solução dos problemas ambientais requer, necessariamente, uma reorganização
radical da produção e do consumo de forma a orientá‐los para assegurar a sustentabilidade dos
recursos naturais (Collins, Lawrence, Pavlovich, & Ryan, 2006).
Em cadeias de abastecimento com múltiplos atores, regional ou globalmente dispersos, medir o
desempenho constitui um desafio na medida em que é difícil atribuir resultados de desempenho a
uma organização em particular. As razões identificadas para a falha nos sistemas de medição do
desempenho organizacional são multidimensionais, incluindo: a existência de dados não
estandardizados; a falta de integração tecnológica; a existência de diferenças culturais e
geográficas; a existência de diferenças nas políticas organizacionais; discrepância entre as
métricas utilizadas; ou o débil entendimento sobre a necessidade de medir o desempenho
interorganizacional (Sarkis et al., 2005).
Em qualquer sociedade industrial, a atividade predominante é a produção de bens e o objetivo
fundamental será o de produzir mais consumindo menos recursos. Desta forma, as organizações
percebem que não é suficiente gerir apenas a sua própria organização e que precisam de estar
envolvidas na gestão de redes de cooperação empresarial, a montante, providenciando as
entradas do processo (direta ou indiretamente), bem como a jusante, na responsabilização pelo
serviço pós‐venda do produto (Handfield & Nichols, 1999).
No mundo atual os desafios que se colocam às empresas são cada vez mais ambiciosos e difíceis
de transpor, devendo considerar‐se a existência de certos fatores como fundamentais para a
viabilidade de qualquer organização. De entre esses vários fatores, destacamos: o aumento da
produtividade e competitividade; a redução de custos; a utilização eficiente de energia; a
otimização de recursos e processos; por último, a integração da inovação tecnológica e
organizacional.
Apesar da história recente da disseminação do discurso da sustentabilidade, grande parte dos
executivos ainda considera o desenvolvimento sustentável como uma espécie de “mal
necessário” que envolve o cumprimento da legislação e de normas, de custos e responsabilidades
onerosas. A sustentabilidade não é, todavia, incompatível com o crescimento económico e pode
ser uma importante fonte de vantagem competitiva e de geração de valor para os acionistas de
uma qualquer empresa e para a comunidade em geral (Hart & Milstein, 2003; Seuring, 2011;
Gimenez et al., 2010).
-
Introdução
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Os países em desenvolvimento concedem, muitas vezes, prioridade ao crescimento económico
em detrimento das questões sociais e ambientais, devido à escassez de recursos financeiros e à
ânsia de progresso económico como meio para melhorar as condições de vida da população.
Ainda assim, um pouco por todo o mundo, as organizações começam a ser pressionadas para que
o seu desempenho esteja de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade e em
consonância com o conceito de desenvolvimento sustentável (Coelho, 2005).
Alguns autores acreditam que as empresas reduzem o seu valor para o acionista ao utilizarem os
seus recursos financeiros para melhorar o desempenho ambiental e social, utilizando o
argumento de que, ao aderirem a certos padrões éticos, as empresas aumentam os seus custos, o
preço do produto final, reduzem a sua vantagem competitiva e os seus lucros, outros acreditam
que investir no desempenho ambiental e social pode melhorar a eficiência operacional da
empresa e gerar novas oportunidades de mercado (Carter & Easton, 2011; Porter & Kramer,
2006).
No mercado financeiro internacional, os investidores têm privilegiado empresas socialmente
responsáveis, sustentáveis e rentáveis. Estes investimentos, designados de investimentos
socialmente responsáveis, consideram que empresas sustentáveis geram valor para os acionistas
a longo prazo, pois apresentam‐se mais bem preparadas para enfrentar riscos económicos, sociais
e ambientais.
De acordo com dados do Social Investment Forum Foundation (2010), nos últimos vinte anos, nos
Estados Unidos da América, o total de investimento sustentável e socialmente responsável tem
crescido exponencialmente, assim como o número de investidores institucionais, profissionais e
de indivíduos envolvidos.
Diferentes metodologias ao nível da gestão dos sistemas de qualidade, ambiente, segurança e
responsabilidade social (ex., ISO 9001, ISO 14001, OSHAS 18001) foram desenvolvidas com o
objetivo de melhorar o desempenho das organizações, traduzindo‐se, estas, num pequeno passo
para a sustentabilidade das organizações. Não obstante, se o objetivo é a melhoria do
desempenho das empresas, tornam‐se necessárias novas metodologias para o desenvolvimento
e a implementação de processos de avaliação do desempenho, metodologias que entrem em
consideração com os princípios de sustentabilidade e com as necessidades de todas as partes
interessadas. Sabe‐se que a melhoria do desempenho na cadeia de abastecimento é entendida
como um meio para acrescentar valor e criar vantagens competitivas, o que leva à necessidade
de desenvolver modelos para avaliar o impacto dos critérios de sustentabilidade nas
organizações e em toda a cadeia de abastecimento (Porter & Kramer, 2006).
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
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As várias revisões da literatura realizadas sobre a Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento
(GSCA) denotam o crescente interesse que tem vindo a ser suscitado em torno do tema (Carter &
Easton, 2011; Carter & Rogers, 2008; Seuring & Müller, 2008b; Srivastava, 2007; Teuteberg &
Wittstruck, 2010), que se tem vindo a configurar numa área de investigação de inegável
importância, tendo como objetivo principal a melhoria da imagem da empresa no mercado por
via da redução de riscos sociais e ambientais ao longo de toda a cadeia de abastecimento.
A presente investigação é fundamentalmente motivada pela existência de poucos estudos
realizados sobre a sustentabilidade ao nível das práticas sociais na cadeia de abastecimento das
empresas e, em particular, quando se consideram em simultâneo as três dimensões da
sustentabilidade: económica, ambiental e social (Pullman, Maloni & Carter, 2009), o que se
constitui num cenário catalisador de inúmeras oportunidades para empreender investigações
teóricas e metodológicas relevantes (Carter & Easton, 2011).
Para além da sua atualidade e pertinência, o tema da sustentabilidade constitui‐se num assunto
vital para a continuidade das empresas, assumindo‐se como um enorme desafio que pode
revelar‐se proveitoso em termos de resultados e muito enriquecedor para as partes envolvidas
neste trabalho de investigação. Deste modo, a base de desenvolvimento desta dissertação é a
gestão da cadeia de abastecimento, tendo em vista os princípios envolvidos no conceito de
desenvolvimento sustentável.
A presente investigação visa contribuir para a construção de uma teoria da gestão sustentável das
cadeias de abastecimento e assume como principal objetivo o estudo do impacto dos princípios
de sustentabilidade no desempenho das empresas, através da análise do seguinte problema:
Compreender o impacto da adoção de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento
no desempenho económico, social e ambiental da empresa focal
Para responder ao problema exposto, formularam‐se perguntas de investigação que servem de
base a este estudo, norteando as etapas consideradas para o desenrolar, e que serão objeto de
resposta no âmbito deste trabalho de doutoramento:
1. Que motivos instigam as empresas à implementação de práticas sustentáveis?
2. Quais as barreiras que as empresas enfrentam na implementação de práticas
sustentáveis?
3. Quais as práticas ambientais e sociais mais utilizadas pelas empresas focais na
cadeia de abastecimento? Como é que essas práticas são desenvolvidas?
4. Quais são os principais indicadores de desempenho utilizados para avaliar o
desempenho económico, ambiental e social?
-
Introdução
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Fixados os seus objetivos, o presente trabalho permitir‐nos‐á revisitar os principais conceitos que
enquadram o tema, as práticas desenvolvidas, os indicadores e procedimentos ligados à medição
do desempenho e os principais modelos existentes na área da Gestão Sustentável da Cadeia de
Abastecimento, com o objetivo de edificar o quadro teórico suscetível de nos orientar para a
compreensão e resposta às perguntas de investigação.
De um ponto de vista metodológico, o presente estudo dispôs de métodos e técnicas de recolha e
análise de dados de cariz qualitativo, tendo utilizado o método dos estudos de caso,
primordialmente assente na realização de entrevistas semiestruturadas aos responsáveis de oito
empresas da indústria portuguesa, como principal instrumento de recolha de dados.
A estrutura da dissertação seguiu, dentro do possível, a mesma sequência do trabalho de
investigação, tendo como referência as etapas do procedimento de investigação em ciências
sociais, tal como definidas por Quivy e Campenhoudt (1998). Algumas das etapas escapam a uma
sequência linear, evidenciando a necessidade de processos de revisão e de realimentação de
procedimentos. Como exemplo, considera‐se antecipadamente a eventual necessidade de
recorrer à leitura de obras relacionadas com a problemática, aquando do momento da análise dos
resultados e, sobretudo, da discussão das respetivas implicações teóricas, metodológicas e
práticas. À luz do que vimos de referir, o presente trabalho encontra‐se estruturado em sete
capítulos (Cf. Figura 1).
Os capítulos I e II são dedicados à revisão bibliográfica das temáticas em análise, isto é, dos eixos
teóricos do desenvolvimento sustentável, da cadeia de abastecimento e da gestão da cadeia de
abastecimento sustentável, cumprindo o propósito de conhecer, refletir e deslindar uma
abordagem adequada para as temáticas das práticas da sustentabilidade, ambientais e sociais,
dos impactos no desempenho da empresa, assim como dos modelos teóricos associados à gestão
sustentável da cadeia de abastecimento.
No capítulo III apresenta‐se o modelo concetual em estudo relativo às práticas de
sustentabilidade e ao desempenho das empresas, modelo que se considerou oportuno edificar
para perspetivar e compreender teoricamente as questões sob investigação.
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
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Figura 1 – Estrutura da investigação
No capítulo IV descreve‐se a metodologia utilizada neste estudo, apresentando‐se,
nomeadamente, os objetivos da investigação, o método utilizado, os procedimentos técnicos
ligados ao desenvolvimento das entrevistas e à constituição da amostra observada, e
descrevendo‐se o processo de recolha de informação e de tratamento dos dados.
A apresentação dos resultados obtidos são apresentadas no capítulo V, através da análise
descritiva dos dados, da análise de conteúdo das entrevistas, da análise documentos de domínio
público e de documentação interna fornecida pelas diferentes empresas em estudo.
No capítulo VI, realizou‐se uma análise comparativa e a discussão dos resultados através do
cruzamento dos casos de estudo, constituindo‐se numa súmula dos resultados apurados para os
oito casos empresariais que foram estudados.
A última parte, apresentada no capítulo VII, trata das conclusões desta investigação em função do
quadro concetual definido, das metodologias de pesquisa empregues e das eventuais ilações que
se possam retirar. Por fim, são apresentadas as limitações do presente estudo, a sistematização
do que de mais significativo e inovador poderá resultar deste estudo, tratando‐se adicionalmente
da apresentação de novas linhas orientadoras para futuras investigações.
Capítulo I ‐ O desenvolvimento
sustentável
Capítulo II – A gestão sustentável da cadeia de
abastecimentoCapítulo III – Modelo
concetual
Capítulo IV‐Metodologia
Capítulo V –Apresentação dos
resultados
Capítulo VI ‐ Análise e discussão dos resultados
Capítulo VII‐ Conclusões
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CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Introdução
Este capítulo tem como finalidade apresentar os resultados da revisão de literatura realizada
em torno do conceito de desenvolvimento sustentável, refletindo sobre a sua evolução
histórica e analisando as dimensões em que o conceito se decompõe, encontrando‐se
estruturado em duas secções. Numa primeira secção procede‐se à caracterização e análise do
conceito de sustentabilidade e à evolução a que a sua significação esteve historicamente sujeita,
refletindo sobre os princípios e objetivos que se lhe associam. Na segunda secção do capítulo
apresentam‐se as três dimensões em que é usual decompor analiticamente o conceito e tema da
sustentabilidade: ambiental, social e económica, visando a sua análise e compreensão.
I.1. Evolução histórica
A realidade ameaçadora das alterações climáticas, da escassez de recursos, do colapso dos
ecossistemas, da vulnerabilidade da economia e de outras crises convergentes caraterísticas do
século XXI, preconiza a emergência de um consenso mais alargado entre os cientistas, os
governos nacionais e a sociedade civil no referente à necessidade de um sistema económico em
que o progresso seja medido de acordo com melhorias introduzidas no bem‐estar das
populações, em detrimento da consideração da escala e expansão da atividade do mercado
económico.
Um dos dilemas da humanidade é o de que o homem, sendo capaz de perceber a problemática
em causa, não parece ser capaz de compreender as suas origens, alcançar em plenitude o seu
significado e antecipar as correlações entre os vários fatores que se encontram em jogo,
fracassando no momento de planear soluções eficazes, não obstante o seu considerável
conhecimento e capacidades. Fracasso que se deve, em grande parte, à teimosia de tomar para
análise e submeter a exame elementos isolados da problemática, sem compreender que o todo é
maior do que as suas partes, individualmente consideradas, e que a mudança em um dos
elementos acarreta sempre mudança nos demais elementos que integram o sistema (Meadows,
Randers, & Behren, 1972).
Segundo Mebratu (1998), o conceito de desenvolvimento sustentável teve origem nas tradições e
crenças indígenas ancestrais que advogavam a importância de viver em harmonia com a natureza
e a sociedade. Numa perspetiva mais académica, uma das primeiras contribuições para o
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
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desenvolvimento do conceito de desenvolvimento sustentável veio de Thomas Malthus (1793):
um dos primeiros autores a identificar a importância dos recursos naturais para o
desenvolvimento económico. No contexto em que formulou a sua teoria, a atenção estava
focalizada sobre o problema da escassez de comida e da capacidade dos recursos naturais,
através da exploração da terra, serem capazes de satisfazer as necessidades da população
(Steurer, Langer, Konrad & Matinuzzi, 2005), um tema novamente atual no início do século XXI.
Foi, todavia, no século XX, que a teoria económica começou gradualmente a incluir temas
associados com o ambiente, com o conceito de externalidades e de capital natural (Crabbé, 1997).
A década de 70 foi, assim, marcada por um aumento do número de académicos e empresários
que, em várias áreas, desenvolveram investigação sobre a exploração dos recursos naturais pelo
ser Humano, existindo ainda muitos economistas que defendiam a Teoria Neoclássica, na
perspetiva da qual os recursos naturais não eram considerados como relevantes na medida em
que se acreditava e afirmava que a capacidade de regeneração dos recursos naturais era mais
rápida do que o seu consumo pelo Homem (Costanza, 2003).
O atual conceito de desenvolvimento sustentável resulta de um vasto processo histórico, cujas
origens remontam à emergência da consciência ecológica mundial e à realização da 1ª
Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Ambiente, que ocorreu em Estocolmo, em
1972, motivada, entre outros fatores, pela degradação da qualidade ambiental nos países
desenvolvidos devida ao efeito cumulativo da poluição industrial, pela ausência de marcos
regulatórios internacionais e suscitada pela crítica aos padrões de desenvolvimento estabelecidos.
Nesta conferência, foi objeto de amplo debate o 1º Relatório do Clube de Roma, “The Limits of
Growth”, que se constitui num dos primeiros e mais influentes relatórios que tomou para análise
o ambiente em termos globais e a sua interação com o homem e com os sistemas económicos,
focalizando o desenvolvimento sustentável na relação intergeracional entre o crescimento da
produção, os impactes ambientais e as necessidades das gerações futuras (Gray, 2006). O
relatório concluía que, se as tendências atuais de crescimento da população, industrialização,
poluição, produção alimentar e utilização de recursos se mantivessem, atingir‐se‐iam os limites de
crescimento dentro dos próximos cem anos, sendo premente uma alteração das tendências que
então se verificavam de modo a ampliar as probabilidades de criar condições de estabilidade
ecológica e económica, numa perspetiva de muito longo prazo (Meadows et al., 1972).
A Declaração de Estocolmo, documento resultante da Conferência de 1972, assinada pelos países
industrializados, continha um conjunto de princípios para a proteção ambiental e o
desenvolvimento e a salvaguarda dos recursos naturais em benefício das gerações atuais e
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Capítulo I – O Desenvolvimento Sustentável
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futuras, destacando o papel do planeamento racional como instrumento para a prossecução
desses objetivos, bem como um leque de recomendações para a sua implementação. De
Estocolmo resultou, em simultâneo, em 1972, a criação de um mecanismo institucional para
tratar das questões ambientais no âmbito das Nações Unidas, o programa ambiental das nações
unidas – United Nations Environmental Programme, que se tornou na primeira instituição mundial
a ter como missão a melhoria da qualidade de vida da população mundial sem comprometer a
satisfação das necessidades das sociedades vindouras, encorajando o desenvolvimento de
parcerias em prol do ambiente1.
Foi em 1997, com a publicação do Relatório de Bruntland, não obstante a diversidade de
definições existentes, que é apresentada a definição mais consensualmente utilizada de
desenvolvimento sustentável, definido como: “aquele que garante a satisfação das necessidades
do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazer as suas próprias
necessidades”2.
O Relatório de Bruntland é um marco temporal crítico uma vez que a partir da sua publicação se
assistiu à multiplicação de estudos e trabalhos sobre a questão ambiental e a sustentabilidade e
foi traçado o percurso que moldou o pensamento e as práticas de sustentabilidade. Em paralelo,
foram surgindo vários campos interdisciplinares aos quais se associaram novos pensamentos,
princípios e práticas éticas e um comprometimento político para com as questões da
sustentabilidade (Sneddon, Howarth, & Norgaard, 2006).
Em 1992, teve lugar, no Rio de Janeiro, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, a Cimeira da Terra, na qual se reafirmou o compromisso
internacional com os princípios do desenvolvimento sustentável e se reconheceu a necessidade
de as empresas assumirem um papel de liderança na identificação de soluções para as questões
ambientais. Desta Cimeira resultaram documentos de grande importância, reconhecidos
internacionalmente, nomeadamente, a Declaração do Rio 92 e a Agenda 21, resultantes da
contribuição de governos e instituições da sociedade civil3.
A Agenda 21 é um programa de ação delineado para todas as áreas do desenvolvimento
sustentável, incluindo as questões sociais e económicas (o combate à pobreza e a alteração dos
padrões de produção e consumo de acordo com as constantes alterações demográficas) e as
questões ambientais (proteger a atmosfera, os oceanos e a biodiversidade, prevenir a
desflorestação e promover a agricultura sustentável). A adoção de muitos programas da Agenda
1 Conferência de Estocolmo, site: www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=97 2 Relatório de Brundtland, site: http://www.un‐documents.net/our‐common‐future.pdf 3 Cimeira da Terra, disponível em www.un.org/geninfo/bp/enviro.htm
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O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa
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21, a nível nacional e regional, traduz uma importante conquista resultante da Cimeira da Terra
que enfatizou a importância dos governos adotarem estratégias nacionais de desenvolvimento
sustentável (ENDS), enquanto processo de promoção da sustentabilidade a esta escala, em que as
autoridades locais se comprometem a colaborar com todos os parceiros locais: cidadãos,
empresas, indústrias e grupos interessados4.
As outras duas convenções, juridicamente vinculativas, que posteriormente foram aprovadas
foram: a) a Convenção sobre Mudanças Climáticas, um tratado internacional para enfrentar o
aquecimento global, que levou à cr