Luria

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  LOCALIZAÇÃ O DAS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA Luria descreve três as principais unidades ou sistemas funcionais necessários para qualquer tipo de atividade mental, a seguir serão apresentados em imagens à localização destas unidades funcionais no cérebro humano e uma breve explicação de cada uma. Os processos mentais do homem e a sua atividade consciente ocorrem com a participação destas três unidades, cada uma delas com seu papel específico. (RODRIGUES e CIASCA, 2010) Primeira unidade funcional: inclui o tronco cerebral, os gânglios da base e o sistema límbico. Proporciona um nível ótimo de ativação de outras estruturas cerebrais através de uma relação dupla recíproca com o córtex, ambas influenciando o tônus (condições de atividade), a vigília e manutenção do nível de energia cortical para a atividade organizada, dirigida a metas. São três as origens dessa ativação: os processos metabólicos do organismo; a chegada de estímulos do mundo exterior ao corpo que produz o reflexo de orientação, e; as intenções e planos, previsões e programas que se formaram durante a vida consciente do homem (RODRIGUES e CIASCA, 2010). Sua atividade está relacionada em regular o estado da atividade cortical e o nível de vigilância, essencial para função cortical superior. (RODRIGUES e CIASCA, 2010)

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  • LOCALIZAO DAS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA

    Luria descreve trs as principais unidades ou sistemas funcionais

    necessrios para qualquer tipo de atividade mental, a seguir sero

    apresentados em imagens localizao destas unidades funcionais no crebro

    humano e uma breve explicao de cada uma. Os processos mentais do

    homem e a sua atividade consciente ocorrem com a participao destas trs

    unidades, cada uma delas com seu papel especfico. (RODRIGUES e CIASCA,

    2010)

    Primeira unidade funcional: inclui o tronco cerebral, os gnglios da

    base e o sistema lmbico. Proporciona um nvel timo de ativao de outras

    estruturas cerebrais atravs de uma relao dupla recproca com o crtex,

    ambas influenciando o tnus (condies de atividade), a viglia e manuteno

    do nvel de energia cortical para a atividade organizada, dirigida a metas. So

    trs as origens dessa ativao: os processos metablicos do organismo; a

    chegada de estmulos do mundo exterior ao corpo que produz o reflexo de

    orientao, e; as intenes e planos, previses e programas que se formaram

    durante a vida consciente do homem (RODRIGUES e CIASCA, 2010). Sua

    atividade est relacionada em regular o estado da atividade cortical e o nvel de

    vigilncia, essencial para funo cortical superior. (RODRIGUES e CIASCA,

    2010)

  • Segunda unidade funcional: Localiza-se nas regies posteriores como

    as regies: visual (occipital), auditiva (temporal) e sensorial geral (parietal),

    todas estas regies tm uma estrutura e organizao hierrquica: reas

    primrias (receptoras), reas secundrias (associativas) e reas tercirias

    (zonas de superposio). Sua funo primaria a recepo, anlise, e

    armazenamento da informao. Para Luria (1981), existem trs leis bsicas

    que governam a estrutura e funcionamento destas regies: a lei da estrutura

    hierrquica das zonas corticais, a lei da especificidade decrescente das zonas

    corticais hierarquicamente organizadas e a lei da lateralizao progressiva de

    funes. (RODRIGUES e CIASCA, 2010)

    Est localizada nas regies laterais do neocrtex, onde ocupa as

    regies occipital, temporal e parietal. Importante ressaltar que esta unidade

    que ela possui especificidade modal, e est adaptada para receber

    informaes visuais, auditivas, vestibular ou sensorial gerais (RODRIGUES e

    CIASCA, 2010).

    Terceira unidade funcional: inclui o lobo frontal. Envolve a

    programao, regulao e controle das aes humanas. Responsvel pela

    programao, regulao e verificao da atividade consciente. As reas pr-

    motoras so as reas secundrias desta terceira unidade funcional.

    (RODRIGUES e CIASCA, 2010). So nos lobos frontais, exatamente na regio

    pr-frontal, que se realiza as tarefas mais importantes da terceira unidade

    funcional. Elas exercem funo principal na formao de intenes e de

    programas de regulao e verificao das formas mais complexas do

    comportamento humano (RODRIGUES e CIASCA, 2010).

    Na regio pr-frontal ocorrem conexes com demais reas do crtex.

    Esta regio est apta para receber e sintetizar as informaes recebidas,

  • tambm organizar e regular toda a estrutura cerebral. (RODRIGUES e

    CIASCA, 2010).

    Pode-se dizer que, Luria em sua teoria, descreve que a primeira

    unidade funcional regula tono, viglia e os estados mentais. (RODRIGUES e

    CIASCA, 2010). Na segunda Unidade Funcional, obtm, processa e armazena

    as informaes eferentes. Na terceira Unidade Funcional, ele programa, regula

    e verifica as atividades mentais. (RODRIGUES e CIASCA, 2010). Assim ela

    possui uma estrutura hierrquica, reas primrias (motoras de projeo), reas

    secundrias (motoras superiores) e tercirias (reas de associao)

    (RODRIGUES e CIASCA, 2010). Essas trs unidades trabalham juntas e

    permitem a realizao de funes corticais complexas. (RODRIGUES e

    CIASCA, 2010).

  • INTEGRANDO CONCEITOS

    Funo Executiva

    Funo Executiva passou a ser um termo muito utilizado para

    referenciar diversos processos cognitivos. Na dcada de 1950, psiclogos e

    neurocientistas se tornaram mais interessados em compreender o papel do

    crtex pr-frontal e do comportamento inteligente (Santos, 2004). O conceito de

    funes executivas foi introduzido por Luria (1981), tendo sido estudada nos

    dias atuais pela Neuropsicologia que o considera conceito chave no que diz

    respeito anlise dos processos de resoluo de problemas (Santos, 2004). O

    lobo pr-frontal responsvel pelas funes executivas que envolvem vrios

    aspectos do raciocnio, incluindo capacidade de planejamento, soluo de

    problemas, iniciativa e inibio de atitudes (controle da ao), flexibilidade

    mental e juzo crtico (Santos, 2004).

    Segundo Santos (2004), funo executiva so habilidades cognitivas que

    permitem a antecipao e o estabelecimento de metas, a auto-regulao das

    tarefas organizando todas no tempo e no espao (Santos, 2004). As reas

    cerebrais relacionadas s funes executivas so encontradas no lobo frontal,

    a parte anterior ao sulco central e acima do sulco lateral (Santos, 2004).

    No Lobo frontal encontramos trs regies: O crtex motor primrio

    responsvel pela motricidade voluntria, o crtex pr-motor onde ocorre a

    integrao dos atos motores e sequncias de aes aprendidas (Santos,

  • 2004). No Lobo frontal tambm encontramos a rea de Broca, onde leses

    nesta regio podem ocasionar afasias (Santos, 2004). No crtex pr-frontal, a

    principal funo de planejamento e analisar as conseqncias de aes

    futuras, estando relacionado com comportamento (Santos, 2004). O crtex pr-

    frontal recebe informao dos lobos parietal, temporal e occipital e reas

    multimodais e tambm do crtex pr-frontal (atravs do corpo caloso) (Santos,

    2004). A conexo com o sistema lmbico, crtex pr-motor, formao reticular,

    hipotlamo, amgdala (Santos, 2004).

    Linguagem

    Luria (1981) considera a palavra como elemento fundamental da

    linguagem humana, pois ela que nomeia e individualiza as caractersticas

    humanas, indicando as aes e relaes que estabelecem durante a vida. Luria

    (apud Tuleski, 2007) destaca que a palavra no somente substitui uma coisa,

    tambm a analisa, a introduz em um sistema de complexos enlaces e relaes

    (TULESKI, 2007). A palavra no somente duplica o mundo, assegurando a

    possibilidade das representaes, como um instrumento poderoso de anlise

    do mundo, da realidade vivida.

    (...) Assim, a aquisio da linguagem revolucionou tanto o

    desenvolvimento do homem enquanto espcie,

    proporcionando a superao da ditadura do biolgico

    comum s outras espcies, quanto continua revolucionando,

    de forma rpida, o desenvolvimento de cada novo

    integrante. (TULESKI, 2007).

    Portanto, a criana ao se apropriar da linguagem no meio que est

    inserida, realiza transformaes significativas em suas funes psicolgicas,

    que passam de primitivas a superiores. Funes como: percepo, memria,

    pensamento, sensao, transformam-se rapidamente em aquisio da

    linguagem (TULESKI, 2007).

    Ateno

    Podemos classificar ateno como um processo cognitivo que foca os

    estmulos e estabelece uma unio entre eles. Recebemos estmulos todo

    momento de vrios lugares, mas no conseguimos capitar todas as

  • informaes que nos so ofertadas, nosso processo cognitivo s capaz de

    selecionar algumas aes, como se estabelecesse uma ordem, focamos em

    um nico estmulo e deixamos os outros em segundo plano. A forma como

    selecionamos esses estmulos ir depender do indivduo, algo bem subjetivo,

    sua histria, memrias e qual a emoo que est impregnada. (GONALVES e

    MELO, 2009). A ateno integra uma das mais importantes funes do ser

    humano, sendo que inmeros estudiosos j a investigaram.

    Para Luria (1981), a ateno tem carater direcional e seletivo, o que nos

    permite manter vigilancia em relao ao que acontece ao nosso redor,

    responder aos estimulos relevantes e inibir aqueles que no correspondem aos

    nossos interesses, intenoes ou tarefas imediatas (GONALVES e MELO,

    2009). Conseguimos observar um exemplo clssico de ateno quando

    focamos em apenas uma conversa no meio de outras ou numa tentativa de

    solucionar um clculo matemtico.

    Biologicamente as partes que integram o processo da ateno so

    formao reticular, a parte superior do tronco enceflico, o crtex lmbico e a

    regio frontal. (GONALVES e MELO, 2009). Luria (1981) descreve "as

    estruturas da parte superior do tronco encefalico e a formao reticular seriam

    as responsaveis pela manuteno do tono cortical de vigilia e manifestao da

    reao de alerta geral, enquanto o crtex limbico e a regio frontal estariam

    relacionados ao reconhecimento seletivo de um determinado estimulo, inibindo

    respostas a estimulos irrelevantes." Na poca em que Luria descreveu esse

    processo o crtex lmbico era considerado como giro do cngulo,

    parahipocampal e do hipocampo (GONALVES e MELO, 2009). Luria ir

    defini-la em voluntria que a capacidade de control-la e involuntria que

    por meio biolgico

    Motricidade

    Para Luria (1981), o funcionamento de um tecido particular e a funo de

    um sistema funcional no nada simples, este sistemas eram movimentos

    manipulativos, que se condensaram, assim por ajudas externas, ligam-se a

    imagens do mundo exterior, por isso no poder pensar em reas restritas do

  • crebro, mas que trabalham de modo integrado na organizao deste sistema

    (FREITAS, 2006).

    Filogeneticamente, a associao sensorial est na evoluo da

    motricidade e do crebro dos vertebrados. A motricidade no processo de

    comunicao expressa na linguagem como se fosse sua sombra, ela

    controlada por algumas partes do crebro (FREITAS, 2006).

    Pelo fato de sair dos objetivos da subjetividade, a motricidade projeta

    formas intencionais desencadeadoras, reflete e se duplica sobre objetos

    sociais, interioriza em forma de sistema funcional de auto-regulao e modifica

    a estrutura do crebro. Imitaes, gestos, vo permitir ao crebro, a

    multiplicidade de suas expresses verbais. Estas integram o desenvolvimento

    humano e aprendizagem no processo da construo do conhecimento

    (FREITAS, 2006).

    CONSIDERAOES FINAIS

    Nos ltimos anos, ocorreram avanos relevantes em nossa

    compreenso do modo como o crebro funciona. Se tratando da

    Neuropsicologia, que estuda a relao entre o crebro e comportamento, ou de

    Anatomofisiologia do sistema nervoso, que o objetivo da disciplina, as idias

    de Luria vm sendo a base para o entendimento das funes cerebrais. Assim,

    compreende-se que seus estudos clnicos, observaes, entre outros,

    influenciaram muito no conhecimento que adquirimos sobre Neuropsicologia

    hoje.

    Portanto, o conhecimento e acima de tudo domnio desta teoria e de

    tantas outras, se faz necessria. fundamental ao profissional psiclogo (a)

    que se aprofunde nas cincias que investigam o crebro e o comportamento,

    pois o vasto nmero de conexes do crtex pr-frontal (e outras reas

    cerebrais) justifica a complexidade das funes que exerce. Assim, no de

    se surpreender que os seres humanos possuam um sistema complexo de

    funoes executivas e tantos outros comportamentos que envolvam esse ser

    complexo.

  • REFERNCIAS

    BASTOS, Lijamar de Souza; ALVES, Marcelo Paraso. As influncias de Vygotsky e Luria neurocincia contempornea e compreenso do processo de aprendizagem. Disponvel em:. Acesso em: 19 jun. 2015. FREITAS, N. K. Desenvolvimento humano, organizao funcional do crebro e

    aprendizagem no pensamento de Luria e de Vygotsky. Revista Interdisciplinar de

    Cognio. Cincias & Cognio; Vol. 09: 91-96. 2006. Disponvel em:

    Acesso em:

    20.jun. 2015.

    GONCALVES, L. A.; MELO, S. R. A base biologica da atencao. Arq. Cienc. Saude

    Unipar, Umuarama, v. 13, n. 1, p. 67-71, jan./abr. 2009. Disponvel em:

    Acesso em: 18 jun. 2015. LURIA, A. R. Fundamentos de neuropsicologia. So Paulo, SP: Editora da Universidade de So Paulo. 1981.

    RODRIGUES, Snia das Dores; CIASCA, Sylvia Maria. Aspectos da relao crebro-cooportamento: histrico e consideraes neuropsicolgicas. Rev. psicopedag., So Paulo , v. 27, n. 82, 2010 . Disponvel em . acesso em 18. jun. 2015.

    SANTOS, Flavia Heloisa. Funes Executivas. University of Minho. Guimares,

    Braga, Portugal. 2004. Disponvel em:

    http://www.researchgate.net/publication/273753178 Acesso em: 19.Jun.2015

    TULESKI, Silvana Calvo. A Unidade Dialtica entre Corpo e Mente na Obra de A. R. Luria: Implicaes para a Educao Escolar e para a Compreenso dos Problemas de Escolarizao. Programa de Ps-Graduao da Faculdade de Cincias e Letras de Araraquara. 2007. Disponvel em: http://www.propp.ufms.br/ppgedu/geppe/Teses_dissertacao_outros/TESE_SILVANA.pdf Acesso em: 19.jun.2015.

    UNESP. Introduo ao estudo estrutural do Snwilson. Disponvel em:. Acesso em: 19 jun. 2015.

  • BARBARA ALMEIDA

    CAROLINE LEGAY

    DEBORA CRISTINI LOPES

    MARILEI CORRA

    MNICA TOCCHETTO

    ROSELI KINDLMANN

    LOCALIZAO DAS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA

    Trabalho apresentado a disciplina

    de Anatomofisiologia SNC, do 3

    perodo do Curso de Psicologia da

    Faculdade Dom Bosco.

    Prof Marcelo Grott Lobo.

    JUNHO

    2015