Luiz Inácio Lula da Silva Tarso Genro Ministro de Estado ...

174
1

Transcript of Luiz Inácio Lula da Silva Tarso Genro Ministro de Estado ...

1

2

Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República Federativa do Brasil

Tarso GenroMinistro de Estado da Educação

Fernando HaddadSecretário-Executivo

3

Catálogo do ProgramaNacional do Livro do

Ensino Médio

PNLEM / 2006

Língua Portuguesa

Ministério da EducaçãoSecretaria de Educação Básica

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Brasília2004

4

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)

C357c Catálogo do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio:PNLEM/2005 : Língua Portuguesa / [coordenação Egon de Oliveira Rangel]. – Brasília : MEC,SEMTEC, FNDE, 2004.88 p. ISBN 85-296-0035-5.

1. Avaliação do livro didático. 2. Conteúdos do livro didático. 3. Língua Portuguesa. 4. ProgramaNacional do Livro para o Ensino Médio. I. Rangel, Egon de Oliveira. II. Brasil. Secretaria deEducação Média e Tecnológica. III. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

CDU: 371.671.1: 811.134.3

Francisco das Chagas FernandesSecretário de Educação Básica

José Henrique Paim FernandesPresidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE

Lucia Helena LodiDiretora de Políticas de Ensino Médio

Daniel Silva BalabanDiretor de Ações Educacionais

Alexandre SerwyCoordenador-Geral dos Programas do Livro

Francisco Potiguara Cavalcante JúniorCoordenador-Geral de Políticas de Ensino Médio

Magda Rejane Cordeiro de Araujo SoaresCoordenadora-Geral de Assistência aos Sistemas de Ensino

Equipe Técnica - SEB/DPEMLunalva da Conceição GomesMaria Marismene GonzagaMirna França da Silva de Araujo

Equipe Técnica - FNDENeuza Helena PortugalSilvério Morais da CruzSônia Schwartz Coelho

Projeto Gráfico e DiagramaçãoDaniel Tavares

Ministério da EducaçãoSecretaria de Educação Média e TecnológicaEsplanada dos Ministérios - Bloco L - 4º andar - sala 425Brasília-DF - 70047-900E-mail: [email protected]

5

Sum

ário

Carta ao Professor .......................................................................................... 7

Apresentação .................................................................................................. 8

Critérios Comuns ............................................................................................ 10

Orientações para Escolha ............................................................................. 13

Resenhas de Língua Portuguesa .................................................................... 15Equipe Responsável ................................................................................ 16

Língua Portuguesa .................................................................................... 17(Heloísa Harue Takazaki)Língua Portuguesa .................................................................................. 23(Zuleika de Felice Murrie / Simone Gonçalves da Silva / Josafá FernandesGonçalves / Harry Vieira Lopes)Novas Palavras - Português ...................................................................... 29(Mauro Ferreira do Patrocínio / Severino Antônio Moreira Barbosa / Ricardo SilvaLeite / Emília Amaral)Português - De Olho no Mundo do Trabalho ............................................... 34(José De Nicola Neto / Ernani Terra)Português - Língua, Literatura, Produção de Textos .................................... 41(Maria Luiza Marques Abaurre / Marcela Regina Nogueira Pontara / Tatiana Fadel)Português - Língua, Literatura, Gramática, Produção de Textos ................... 47(Leila Lauar Sarmento / Douglas Tufano)Português: Língua e Cultura ..................................................................... 53(Carlos Alberto Faraco)Português: Linguagens ........................................................................... 59(Thereza Anália Cochar Magahães / William Roberto Cereja)Textos: Leituras e Escritas ....................................................................... 64(Ulisses Infante)

Anexo ............................................................................................................ 69(Ficha de Língua Portuguesa) ............................................................................ 71

6

7

Car

ta a

o P

rofe

ssor

Prezados Professor e Professora,

Longe de ser a única possibilidade de trabalho, o livro didático é uminstrumento que, utilizado como complemento do projeto político-pedagógico da escola, certamente contribuirá para promover a reflexãoe a autonomia dos educandos, assegurando-lhes aprendizagem efetivae contribuindo para fazer deles cidadãos participativos. Para tanto, eledeve ser isento de erros conceituais ou preconceitos, deve incentivar odebate e estimular o trabalho do professor dentro e fora da sala de aula.É importante que sua proposta seja flexível, permitindo sua utilizaçãoem diversos contextos socioculturais e regionais.

É com essa concepção que o Ministério da Educação, por intermédioda Secretaria de Educação Básica – SEB, em parceria com o FundoNacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, está implantandoo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio / PNLEM.

O Catálogo dos Livros do Ensino Médio, que chega agora até sua escola,contém a síntese das obras de Língua Portuguesa e de Matemáticaavaliadas e aprovadas, que serão escolhidas por vocês, professores,como um material de apoio à prática pedagógica.

Assim, esperamos que façam uma boa escolha, coerente com aproposta pedagógica da escola e que represente o consenso entretodos os profissionais envolvidos neste processo.

8

Apr

esen

taçã

o A AVALIAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

O Ministério da Educação distribui, desde 1985, livros didáticos aos alunos matriculadosno ensino fundamental da rede pública. Em sua proposta inicial, o Programa Nacionaldo Livro Didático/PNLD previa, apenas, a escolha dos livros pelo professor, com aconseqüente distribuição pelo MEC.

A partir de 1993, evidenciou-se a necessidade de uma análise do material distribuído,com vistas a garantir a qualidade desses livros e, por conseguinte, a qualidade do ensinonas escolas públicas brasileiras.

Em 1995, pela primeira vez, os professores passaram a escolher seus livros com baseem análises elaboradas por especialistas nas diversas áreas do conhecimento –Matemática, Ciências, Estudos Sociais (que conforme a Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional foi desmembrado em Geografia e História, Língua Portuguesa e livrosde Alfabetização) - e publicadas sob a forma de resenhas, no Guia de Livros Didáticos.Posteriormente, a partir do PNLD/2001, o MEC passou a avaliar e a distribuir dicionáriosde Língua Portuguesa aos alunos do ensino fundamental, como forma de fornecer a essesalunos um instrumento de leitura e escrita voltado para a ampliação do repertório lingüísticoe para o desenvolvimento da autonomia no que se refere à busca de novos conhecimentos.

A avaliação das obras didáticas pelo PNLD teve reflexos importantes na escola e no mercadoeditorial. A análise dos dados referentes à escolha dos livros pelos professores mostra que aescolha inicialmente recaía sobre os livros menos qualificados e, posteriormente, passou aincidir sobre os mais bem qualificados, apontando o comprometimento dos professores e daescola com a qualidade do material didático oferecido ao aluno.

O mercado editorial também passou por alterações bastante positivas, e a mais significativadelas é a melhoria da qualidade do material enviado para a avaliação. Essa melhoria pôdeser verificada pelo aumento de coleções e de livros recomendados e a redução de obrasexcluídas. Evidenciou-se, também, uma renovação da produção didática brasileira, isto é,a inclusão de novas obras para avaliação.

O impacto positivo do PNLD levou o MEC à ampliação das ações de avaliação e dedistribuição de livros didáticos para o ensino médio. Essa iniciativa vem aumentar aindamais a discussão que se estabelece desde o início das avaliações acerca do papel dolivro didático na escola, suas implicações pedagógicas, os critérios de avaliação para odesenvolvimento de um trabalho de qualidade em sala de aula e a importância de umaescolha consciente e autônoma por parte dos professores.

A avaliação dos livros do ensino médio tem em comum com o ensino fundamental a visão deque, sendo o livro didático uma importante ferramenta para professores e alunos, ele deve tercaracterísticas que permitam sua utilização em diferentes contextos e realidades.

Para tanto, é necessário contar com um material de apoio diversificado, flexível e abrangente.Em momento algum o livro será um substituto do professor ou de suas experiênciaspedagógicas, mas poderá ser um bom referencial para ampliar os trabalhos em sala de aula.

9

A formação dos alunos no ensino médio deve levar em conta fatores diversos, como o respeitoao contexto social, à diversidade e à pluralidade; deve promover o desenvolvimento dascapacidades de inferir, argumentar, pesquisar, produzir e deve estar em consonância com asmúltiplas finalidades do ensino médio, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação1:I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensinofundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuaraprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade às novas condições deocupação ou aperfeiçoamento posteriores;III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e odesenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,relacionando a teoria e a prática, no ensino de cada disciplina.

Finalmente, o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio será implantado gradativamente,por isso, em 2005, serão distribuídas obras de Língua Portuguesa e de Matemática aosalunos matriculados na 1ª série da rede pública de ensino das regiões Norte e Nordeste.

Para Língua Portuguesa, deverá ser escolhido um livro único, que será utilizado durante ostrês anos (2005, 2006 e 2007); para Matemática, será escolhida uma coleção composta portrês volumes, cada um dedicado ao conteúdo de um ano. Em 2005, será distribuído oprimeiro volume da coleção, referente à 1ª série. Os volumes subseqüentes estarão nasescolas nos anos seguintes (2006 e 2007).

A seguir, vocês encontrarão, além dos critérios que nortearam o processo de avaliação,as orientações para escolha e envio do formulário. Sugerimos a leitura de todas asinformações como forma de garantir uma escolha eficiente.

Apr

esen

taçã

o

1. Lei nº 9. 394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação, art. 35

10

Cri

téri

os C

omun

s O PROCESSO DE AVALIAÇÃO

A avaliação dos livros que constam deste catálogo foi realizada por equipes de especialistasnas áreas de Língua Portuguesa e de Matemática, que analisaram, detalhadamente,cada uma das obras: suas qualidades, suas deficiências e as possibilidades de trabalhoque ofereceriam aos professores da rede pública.

Para proceder essa avaliação, foram definidos critérios comuns e específicos, detalhados aseguir:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO

Para cumprir adequadamente a função didático-pedagógica, o livro didáticoprecisa atender, inicialmente, a uma tripla exigência:

• correção das informações, conceitos e procedimentos que integram ocomponente curricular;

• adequação de sua proposta didático-pedagógica em relação à situaçãode ensino-aprendizagem e aos objetivos visados;

• sintonia com a legislação e os demais instrumentos oficiais queregulamentam e orientam a Educação Nacional.

CRITÉRIOS COMUNS ELIMINATÓRIOS

Alguns aspectos são fundamentais na análise e na avaliação, portanto,estabeleceram-se critérios que, ao serem violados, implicaram a eliminação daobra. São eles:

1) Correção dos conceitos e das informações básicas;2) Respeito aos princípios de construção da cidadania.

Em conseqüência, as obras de destinação escolar não poderão:

• Relativo ao primeiro critério

a) formular erroneamente os conceitos que veiculem;b) fornecer informações básicas erradas ou desatualizadas;c) mobilizar de forma inadequada esses conceitos e informações, levando o

aluno a construir de forma incorreta conceitos e procedimentos.

11

• Relativo ao segundo critério

a) privilegiar um determinado grupo, camada social ou região do País;b) veicular preconceitos de origem, cor, condição econômico-social, etnia,

gênero, orientação sexual, linguagem ou qualquer outra forma dediscriminação;

c) divulgar matéria contrária à legislação vigente para a criança e o adolescente,no que diz respeito a fumo, a bebidas alcoólicas, a medicamentos, a drogase a armamentos, entre outros;

d) fazer publicidade de artigos, de serviços ou de organizações comerciais,salvaguardada, entretanto, a exploração estritamente didático-pedagógicado discurso publicitário;

e) fazer doutrinação religiosa.

O desrespeito a qualquer um desses critérios ou compromete a construção e o exercícioda cidadania, ou afigura-se discriminatório, resultado socialmente nocivo, além decontrário aos objetivos do Ensino Médio e da Educação Nacional.

OUTROS CRITÉRIOS COMUNS

Coerência e adequação metodológicas

Na base de qualquer proposta didático-pedagógica, está um conjunto de escolhas teóricase metodológicas, conjunto esse responsável tanto pela coerência interna da obra, quantopela sua posição relativa no confronto com outras propostas ou outras possibilidades.Nesse sentido, algumas exigências se impõem no livro didático:

• que explicite suas escolhas teórico-metodológicas;

• que articule, quando for o caso, as diferentes opções a que recorra, evidenciando acompatibilidade entre elas;

• que apresente coerência entre as opções declaradas e a proposta efetivamenteformulada;

• que as opções efetuadas contribuam, no seu conjunto, para a consecução dos objetivos,quer da educação em geral, quer da disciplina e do nível de ensino em questão;

• que a proposta pedagógica propicie tanto a construção de conhecimentos relevantes,quanto o desenvolvimento de diferentes capacidades cognitivas, como compreensãoe memorização, análise e síntese, observação, generalização e formulação dehipóteses, previsão e planejamento, entre outras.

Cri

téri

os C

omun

s

12

QUALIDADE DO LIVRO DO PROFESSOR

Um livro didático não será capaz de explicitar adequadamente sua fundamentaçãose não apresentar, em seção ou livro dirigido ao professor, os objetivos epressupostos teórico-metodológicos que nortearam sua elaboração. O livro doprofessor não deve ser apenas uma cópia do livro do aluno com os exercíciosresolvidos. Para cumprir suas funções deve:

• descrever a estrutura geral da obra, explicitando a articulação pretendidaentre suas unidades e os objetivos específicos de cada uma delas;

• orientar, com formulações claras e precisas, os manejos pretendidos oudesejáveis do material em sala de aula;

• sugerir atividades complementares, como projetos, pesquisas, jogos, etc;

• fornecer respostas ou padrões de respostas para parte das atividadespropostas aos alunos;

• discutir o processo de avaliação da aprendizagem e mesmo sugeririnstrumentos, técnicas e atividades;

• informar e orientar o professor a respeito de conhecimentos atualizados ouespecializados, indispensáveis à adequada compreensão de aspectosespecíficos de uma determinada atividade ou mesmo da proposta pedagógicado livro.C

rité

rios

Com

uns

13

Ori

enta

ções

par

a E

scol

haA ESCOLHA DOS LIVROS

Como já dissemos, o livro no ensino médio tem múltiplos papéis: (i) favorecer a ampliaçãodos conhecimentos adquiridos ao longo do ensino fundamental; (ii) oferecer informaçõescapazes de contribuir para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, o que implica acapacidade de buscar novos conhecimentos de forma autônoma e reflexiva; e (iii) oferecerinformações atualizadas, de forma a atuar como apoio à formação continuada do professor,na maioria das vezes impossibilitado, pela demanda de trabalho, de atualizar-se em suaárea específica. Tendo em vista tantas funções, a escolha do livro que irá subsidiar o trabalhodos professores deve ser criteriosa e afinada com as características da escola e dos alunose com o contexto educacional em que estão inseridos.

As resenhas constantes deste catálogo procuram mostrar para os docentes, além dosaspectos gerais do livro voltados para a adequação do conteúdo, fatores como a ausênciade erros e de preconceitos, as possibilidades de trabalho e a necessidade de mediação, emmaior ou menor grau, do professor. Contudo, os textos das resenhas não esgotam aspossibilidades nem as deficiências das obras, mas buscam uma aproximação entre oleitor/professor e os livros analisados. Adequar os conteúdos à realidade dos alunos, ampliare aprofundar os conhecimentos e as informações veiculadas, propor alternativas pedagógicasdiversificadas, atendendo os interesses dos alunos, são funções que cabem apenas aoprofessor, pois ele é o detentor da informação primordial para um bom trabalho em sala deaula: o perfil, as expectativas, o contexto e as especificidades socioculturais dos educandos.

Tendo em vista todos esses aspectos que elencamos é que se faz necessária umaescolha criteriosa, pautada no dia-a-dia e que envolva o conjunto de professores. Éimportante lembrar que essa é uma decisão da escola e que os livros serão utilizadospor três anos consecutivos, portanto, irão acompanhar o desenvolvimento, dos alunosao longo do ensino médio.

Sugerimos que vocês, professores, promovam momentos de leitura em grupo e discussãodas resenhas, e que cada professor, procure relacionar o conteúdo dos textos à suaprática pedagógica, socializando essa reflexão com seus colegas. Procurem levantarquestões como: adequação dos conteúdos à proposta pedagógica da escola; abordagemmetodológica voltada para a autonomia dos educandos; valorização do indivíduo comocidadão crítico e atuante; uso de linguagem clara e objetiva, sem ser banal ou infantilizada;entre outras que vocês considerarem pertinentes.

O livro do professor merece um cuidado todo especial, afinal, é com ele que vocês irãocontar no momento de definir os caminhos a serem seguidos quando da utilização dolivro didático pelo aluno. A proposta metodológica do livro precisa ser coerente com adesenvolvida no livro do aluno, sem, no entanto, indicar um trabalho diretivo ou inflexível.Também é importante observar se as atividades ou os encaminhamentos proporcionama articulação dos conteúdos com outras áreas do conhecimento e com as experiências

14

Ori

enta

ções

par

a E

scol

hade vida dos alunos; se valoriza o trabalho em grupo e propõe a discussão e o debatecomo alternativas de ensino. Essas e muitas outras questões deverão ser consideradasantes de vocês efetuarem a escolha. Durante as conversas e a leitura das resenhas,as questões irão surgindo e deverão ser aproveitadas como material para discussãodo grupo.

Após a leitura em grupo e a discussão dos pontos relevantes, vocês terão diversoselementos importantes e poderão chegar a um consenso, munidos de informaçõessignificativas e concretas.

Por fim, esperamos que vocês realizem uma escolha consciente, capaz decontribuir, efetivamente, para a consecução de seus objetivos pedagógicos nospróximos três anos e, principalmente, para a formação de cidadãos autônomos,críticos e participativos.

Para que a escola receba os livros, o preenchimento correto dos formulários éimprescindível, por isso, as orientações que se seguem devem ser observadas.

Vocês receberam, juntamente com este catálogo, um conjunto de etiquetas auto-adesivas em que constam os códigos de barras referentes às coleções (no casode Matemática) ou livros (no caso de Língua Portuguesa). Após a escolha, essasetiquetas deverão ser coladas no formulário “Carta-resposta”, que será enviado aoFNDE, responsável pela distribuição dos livros.

15

Res

enha

s de

Lín

gua

Port

ugue

sa

16

Equ

ipe

Res

pons

ável

CoordenaçãoEgon de Oliveira Rangel

Coordenação adjuntaEnid Yatsuda FredericoHaquira OsakabeMarcos Araújo BagnoMaria Carlota Amaral Paixão Rosa

PareceristasAdelma das Neves Nunes Barros MendesAna Cláudia Barbosa de SantanaAna Cristina Aguiar BernardesAna Maria de Carvalho LuzAndré Luiz RauberAracy Alves MartinsArnaldo Franco Jr.Caio Márcio Poletti Lui GagliardiCélia Abicalil BelmiroCilaine Alves CunhaCláudia de Arruda CamposCristiane Carneiro CapristanoElizabeth MarcuschiEnid Yatsuda FredericoErotilde Goreti PezattiMaria Irandé Costa Morais AntunesIvone Daré RebeloJeferson Correia DantasLuís Fernando Prado TellesManoel Luiz Gonçalves CorrêaMarco Aurélio Pinotti CatalãoMaria Aparecida Caltabiano Magalhães Borges da SilvaMaria Luíza Monteiro Sales CoroaMaria Marta Pereira ScherreNeide Aparecida de AlmeidaOrlene Lúcia de Saboia CarvalhoRoberto Gomes CamachoShirley Goulart de Oliveira Garcia JuradoTeresa CandoloVanessa Chaves AlmeidaVânia Cristina Casseb GalvãoMaria Zélia Versiani MachadoZenir Campos Reis

17

LínguaPortuguesaHeloísa Harue Takazaki

IBEP - Instituto Brasileiro deEdições Pedagógicas LTDA.

919043

Síntese avaliativa

Organizado como um manual1, este livro se destina a um professor disposto a reverpráticas tradicionais e a construir, na interação com o aluno, reflexões sobre o fenômenoda linguagem em toda sua riqueza e complexidade.Seja na escolha de textos, seja na proposta de atividades, na sistematização dosconhecimentos ou, até mesmo, na maneira de articular as seções da obra, evidencia-se uma concepção de língua nitidamente orientada para o uso.

Apesar de cada unidade ter um foco específico (leitura e produção, conhecimentoslingüísticos, linguagem oral ou literatura), a abordagem didático-pedagógica nãoestabelece separações rígidas entre seções. Mescla-se a exploração de conhecimentoslingüísticos com leitura, produção de textos (escritos e orais) e literatura, preservando -se os objetivos específicos e os temas de cada capítulo.

Textos representativos de tipos e gêneros diversificados, assim como linguagens variadas,apóiam atividades que, especificidades à parte, concorrem para um mesmo objetivocomum: o desenvolvimento da proficiência em leitura e escrita. Nesse sentido, emboraa seqüência das unidades, e mesmo a ordenação interna de cada uma delas, obedeçaa uma lógica própria, o material possibilita ao professor reagrupar os temas de acordocom o seu planejamento escolar ou de acordo com a maturidade de seus alunos.

1. Estamos denominando compêndio o livro didático que visa primordialmente expor de forma sistemática todos osconteúdos curriculares mais relevantes da disciplina num determinado nível de ensino, deixando a cargo do professor aseleção e ordenação, a cada série e a cada aula. Pode ou não propor exercícios e atividades. Já o manual é o livro didáticoque se organiza basicamente como um roteiro de atividades de ensino/aprendizagem, concebidas e organizadas de acordocom uma determinada prática docente. Por isso mesmo, sempre traz exercícios e atividades e tende a organizar-se por série.

18

O livro está organizado em 24 capítulos, nomeados de acordo com os temas e objetivosabordados. A eles acrescentam-se duas seções complementares, focalizando,respectivamente, literatura e conhecimentos lingüísticos: Questão de Estilo eLingüística e Gramática (58 páginas). Há, também, quatro páginas finais de referênciasbibliográficas e sítios na Internet.

Os capítulos não apresentam sempre as mesmas seções, nem obedecem a umaseqüência fixa. Entretanto, têm em comum o fato de começar pela seção Ponto dePartida e de incluir uma ou mais seções de Estudos de Textos(s).

A grande maioria deles apresenta, também, a seção Para Confrontar (que propõeatividades questionadoras a respeito do tema da unidade) e a seção Produção deTextos. Alguns outros apresentam ainda a seção Para Pesquisar, que objetiva umaprofundamento do tema ou tópico trabalhado.

Todas as atividades didático-pedagógicas deste livro partem da leitura e dainterpretação de textos, verbais ou não, dos mais variados gêneros. A construção deconceitos lingüísticos ou literários, assim como as atividades de produção, surgemdo enfoque do texto como unidade de trabalho. Nesse sentido, a leitura perpassatodas as atividades, ainda que não venha abordada em seção específica.

A estreita articulação com os demais componentes não impede que as atividades propostasprogramem a abordagem dos processos discursivos, textuais e gramaticais que estãoem jogo na proficiência em leitura, e ainda propicia à leitura um contexto em que ascondições, mesmo quando não explicitadas, estão implicadas na proposta de produção.Assim, os objetivos da leitura, em especial, acabam confundindo-se, de maneira saudável,com os da unidade, definidos tanto no livro do aluno quanto no livro do professor.

A seleção de textos contempla esferas de uso socialmente relevantes (jornalística,científica, literária) e é representativa do que a cultura da escrita oferece ao jovem e aoadulto de escolaridade média, em termos de experiência de leitura, e deles exige. Adiversidade é muito grande, abrangendo diferentes tipos, gêneros e épocas: poemas,contos, fragmentos de romance e de texto teatral, crônica, canções, notícia, artigosde revista, artigo de opinião, entrevista, resenhas, anúncio publicitário, artigos dedivulgação científica, discurso político, sermão, verbete de dicionário, texto bíblico. Aolado destes, textos não verbais variados compõem o conjunto: charges, obras depintores famosos, cartazes de filme, capas de fitas de vídeo, etc.

Predominam os textos integrais e autênticos, muitas vezes reproduzindo-se adiagramação original. Os fragmentos de obras literárias, especialmente de romancese textos dramáticos, são bem selecionados e preservam a unidade. Em todos oscapítulos em que aparecem fragmentos, há sugestões de sítios na Internet e indicações

A o

bra

A a

nális

e

19

da obra integral, incluindo-se a imagem da capa do livro, incentivando-se, assim, o(re)conhecimento da obra original. Considerando-se, ainda, os capítulos em que ofoco é a literatura, é grande e bastante representativa a diversidade de autores.

O objetivo de desenvolver a proficiência em leitura e formar leitores críticos é evidenciadoespecialmente nas seções Estudo do Texto, Troque idéias e Reflexão. Formuladascom clareza, as atividades resgatam o contexto de produção e exploram aspropriedades lingüísticas, discursivas e textuais em jogo, colaborando para a(re)construção dos sentidos do texto e o desenvolvimento de competências leitoras.Além disso, exploram a intertextualidade entre diferentes textos e linguagens,consagrando-lhe, inclusive, todo o oitavo capítulo. A escolha dos temas leva o aluno ase posicionar e a emitir juízos de valor, especialmente nos capítulos Explicando omundo (7), Imprensa (9), Discurso político-religioso (10), Mito e Ciência (17), Lingüística(18), Burocracia e Trabalho.

O ensino de produção de textos tampouco está setorizado. As propostas contemplamas modalidades escrita e oral e estão sempre intimamente ligadas ao tema de cadacapítulo. Nem todas as atividades vêm nomeadas como produção de textos, mas odesempenho do aluno é sempre solicitado em forma de textos orais e escritos queatendam às atividades de literatura ou de reflexão sobre os conhecimentos lingüísticos.

Em muitos dos capítulos, o tema acaba dando ensejo à produção de gênerosespecíficos. Quando se trata de teatro, como no cap. 5, o aluno lê e analisa fragmentosde peças teatrais antigas (Gil Vicente) ou modernas (Ariano Suassuna); posteriormente,escreve e apresenta uma peça. As orientações, sempre pertinentes e oportunas,aparecem na seção Produção de Texto.

As atividades de produção textual trabalham a escrita como processo. As propostasconsideram as diferentes etapas envolvidas na escrita, como no caso do ensino de elaboraçãode uma notícia (Imprensa, cap. 9) e definem ou levam o aluno a definir condições adequadasde produção, além de selecionar gêneros e níveis de linguagem compatíveis com a proposta.

As especificidades de gêneros como entrevista, currículo, carta argumentativa, notíciade jornal, resenha sobre espetáculo, conto, crônica, peça teatral, canção, poema,são efetivamente trabalhadas e, em geral, exemplos adequados são apresentados.

De modo variado, as atividades discutem, orientando para o uso, as estratégias emecanismos próprios de gêneros argumentativos e de texto de opinião. No capítulo 9,que tem como tema a Imprensa, são apresentadas, além de leitura de textosespecíficos, informações sobre a estrutura de notícias e de outros gêneros jornalísticos.As propostas de produção textual fornecem subsídios para a elaboração temática dostextos — como fazer uma resenha sobre um filme — e, ao mesmo tempo, discutemmecanismos de coesão e coerência, orientando o aluno quanto a aspectos relativos à

A a

nális

e

20

norma culta. Formuladas com clareza, as atividades colaboram para o desenvolvimentoda proficiência em escrita e contribuem para a construção da cidadania do educando.

Em relação ao ensino da linguagem oral, encontram-se informações e conceitos emvárias unidades. O capítulo 12, cujo foco é a relação fala/escrita, traz informações sobrea organização e os turnos conversacionais; como atividade, solicita que o aluno grave eanalise uma entrevista de televisão, com base em determinados critérios. A unidade exploraas diferenças e semelhanças entre as modalidades oral e escrita da língua, assim comodiferenças entre as variedades da linguagem oral. Essas características são tambémretomadas em unidades como Variedades da Língua Portuguesa (cap. 13).

O ensino sistematizado da linguagem oral é ainda focalizado no estudo da entrevistae da exposição oral (cap. 17 – Mito e Ciência). Em ambos os casos, a articulação sefaz com a leitura e a produção escrita.

No que diz respeito aos conhecimentos lingüísticos, o livro aborda conceitosfundamentais para a educação escolar — como língua, linguagem, gramática, texto —e proporciona instrumental teórico adequado para que o professor oriente o aluno aanalisar, a sistematizar e a tirar suas próprias conclusões a respeito do funcionamentoe do poder da linguagem na sociedade contemporânea.Os vínculos da linguagem com a cultura e a sociedade ressaltam a natureza históricada língua portuguesa, em uma proposta de trabalho que não divide em setores os seususos, acolhendo a variação lingüística e a variedade de gêneros textuais e discursivos.

Conceituação e sistematização surgem, sempre, de reflexões e questionamentos queenvolvem experiências de leitura de mundo dos alunos, como, por exemplo, a propostade gravar uma entrevista na televisão e, depois de assistir a ela, analisar em que pontosuma conversa cotidiana é parecida com uma entrevista, e em que aspectos é diferente.

O fio condutor da construção dos conhecimentos lingüísticos é a compreensão, isentade preconceito, do fenômeno da linguagem. Há, nesse sentido, uma unidade dedicadaespecificamente à relação entre fala e escrita, com o objetivo de “desarticular certospreconceitos sobre o maior ou menor prestígio da língua oral e da língua escrita etambém das culturas sem escrita”.

O conceito de gramática é problematizado e explicitamente proposto parasistematização, em especial na seção complementar Lingüística e gramática. A noçãode gramática como conjunto de regras internalizadas é implicitamente associada àvariação lingüística, à oposição fala-escrita e às variedades de língua portuguesa,questionando-se, assim, a noção de erro.

As definições surgem sempre após propostas de reflexão sobre o assunto, e ametalinguagem é empregada apenas como forma de organizar conhecimentos e

A a

nális

e

21

reconhecimentos, de modo a facilitar a compreensão do fenômeno lingüístico e associá-lo a conhecimentos gramaticais já adquiridos.

Quando necessário, o livro não omite a nomenclatura e, caso se sinta necessidade derecuperar conceitos já expostos, pode-se consultar a sinopse de tópicos gramaticais,que é sucinta e objetiva.

A abordagem da gramática é sempre associada ao uso da língua, tanto na modalidadeescrita quanto na oral. As sistematizações são apresentadas como resultado de umaatividade reflexiva e a gramática é considerada, no livro, em três níveis distintos, masarticulados: como um conjunto de regras naturalmente dominadas pelo falante, comodescrição lingüística e como sistematização de aspectos da norma culta.

Há uma grande diversidade de propostas de trabalho com a linguagem, com grauvariado de dificuldade e complexidade, mas é visível a predominância do padrão “Troqueidéias”, compatível com a perspectiva didático-pedagógica do livro, de construir,juntamente com o aluno, os conceitos fundamentais.

A opção por uma abordagem discursivo-pragmática de língua direciona as atividadespara as características textuais e os processos de construção de sentidos, deixandoapenas implícitos os aspectos gramaticais.

As instruções freqüentemente se prolongam para situar, especificamente, o alunonaquilo que se espera dele, fornecendo-lhe, muitas vezes, informações de cunho teóricopara a realização da atividade.

O ensino de literatura, sempre intimamente articulado com leitura, escrita econhecimentos lingüísticos, mostra-se inovador, bem formulado e coeso. Sem deixarde abordar os estilos de época da literatura portuguesa e brasileira, assim como seusautores e obras principais, o livro dá prioridade à experiência da leitura literária, queantecede toda e qualquer exploração de conceitos.Sempre que possível, lança-se mão da estratégia de usar textos mais próximos aouniverso cultural do aluno, a fim de que possa entender melhor o lugar e a função dotexto literário. Antes de apresentar a poesia trovadoresca, por exemplo, propõe-se aleitura e a análise da canção “Intuição”, de Oswaldo Montenegro e Ulysses Machado. Apropósito, o aluno é levado a verificar a importância da oralidade e da musicalidade naconstituição da literatura medieval; e só com base nessa primeira experiência, abordam-se as cantigas medievais, apresentadas em português arcaico e em traduções.

A linguagem literária é considerada na sua especificidade, mas não como um mododiscursivo melhor que outros, e sim na singularidade que caracteriza o texto literário.A integração do gênero textual com suas motivações históricas, culturais e sociaisdá, à literatura, um lugar de construção lingüística que pressupõe um sujeito capazde usufruir as diferentes possibilidades que um texto literário oferece, permitindo-lhever o mundo sob outro prisma.

A a

nális

e

22

Há várias crônicas e contos apresentados na íntegra: “Famigerado”, de GuimarãesRosa; “A Cartomante”, de Machado de Assis; “Felicidade Clandestina”, de ClariceLispector; “Tílburi de Praça”, de Raul Pompéia; e outros muitos.

Há, também, uma grande variedade de poemas das mais distintas épocas e vertentes,todos eles apresentados de modo muito bem articulado com o contexto em que seinserem. Dos textos que não podem ser apresentados na íntegra, há trechos bemrepresentativos. É o caso, por exemplo, dos fragmentos do Auto da Barca do Inferno,de Gil Vicente; de Os Lusíadas, de Camões; de Dom Casmurro, de Machado deAssis e de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Nesse sentido, oensino de literatura não toma o texto literário como simples instrumento para o ensinode noções relativas à história literária, aos estilos de época, ao gênero e ao autor.

Em forma resumida, o livro do professor fornece o apoio teórico adequado aos princípiosteóricos da obra, orientados para a concepção interacional e discursiva de linguagemque rege o livro. Está organizado em duas partes: Proposta Educacional e LínguaPortuguesa. Na primeira, apresenta sua concepção de Educação, Escola e Sociedade;mostra O Papel da Escola na Sociedade; acrescenta os FundamentosEpistemológicos; e finaliza com Considerações Epistemológicas. Na segunda parte,encontramos informações sobre Língua Portuguesa no Ensino Médio; Como EsteLivro Foi Organizado?; Orientações ao Professor (incluindo as respostas das atividades)e Bibliografia Geral.

Não só os conceitos são bem construídos no livro do aluno, como as orientações dolivro do professor esclarecem como devem ser entendidos os termos técnicos, ligadosa uma concepção discursiva de linguagem, ainda de pouca circulação na escola.Texto e gênero, por exemplo, são objeto de discussão e conceituação; outros termos,como “suporte” e “interlocutor”, ficam apenas subentendidos nas respostas aosexercícios. Além da bibliografia básica para cada um dos temas tratados como capítulodo livro do aluno, há, ao final, uma bibliografia geral.

A a

nális

e

23

LínguaPortuguesaZuleika de Felice MurrieSimone Gonçalves da SilvaJosafá Fernandes GonçalvesHarry Vieira Lopes

Editorado Brasil S/A

919041

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

Síntese avaliativa

Concebido, basicamente, como um compêndio1, este livro se revela bastanteatualizado com a pesquisa acadêmica, dialogando estreitamente com o novoparadigma para o ensino de língua materna - aquele que reconhece e assimila oimpacto das teorias da aprendizagem e das ciências da linguagem, numa propostaem que o aprendiz é participante ativo da construção do próprio conhecimento e emque a concepção de língua não é mais a de um sistema abstrato, mas sim a de umaatividade social.

Em conseqüência, o desenvolvimento da proficiência em leitura e produção de textosocupa o centro do trabalho didático-pedagógico, e os conhecimentos lingüísticos,inclusive os de natureza gramatical, tomam, sempre, a linguagem em uso como pontode partida para a reflexão e a sistematização. A linguagem oral é objeto de ensinoespecífico, mas é, também, estratégica no ensino de outros componentes.

No que diz respeito a sua utilização, a principal característica da obra é a flexibilidade. Oprofessor pode escolher a seqüência dos módulos — como são denominadas as unidades—, a ordem de leitura dos textos e de realização das atividades, de acordo com as habilidades,as competências e os conteúdos que julgar prioritários para os seus alunos, no nível deescolaridade em que se encontram.

24

A o

bra

A a

nális

e

O livro conta com trinta módulos, subdivididos em grandes áreas temáticas: reflexõessobre a gramática (oito módulos); sobre a literatura (sete módulos); sobre narrativaliterária (seis módulos); sobre textos pragmáticos (nove módulos). Aberto por umparágrafo que sintetiza o conteúdo a ser abordado, cada módulo mantém umaconfiguração particular, não obedecendo a uma mesma estrutura comum.

Logo no início, há um texto que detalha a inserção da obra no contexto do ensinomédio e as atuais diretrizes educacionais que lhe dão sustentação, bem como ascompetências que devem ser desenvolvidas pelo aluno.

Apresenta, também, sua visão de ensino-aprendizagem — “centrada no desenvolvimentolingüístico do aluno, nos usos da linguagem verbal e no ato comunicativo” — e defineo papel do professor, como aquele que “deve interagir com os alunos em busca de umprojeto coletivo”.

Por fim, aborda, brevemente, a avaliação — deve ser processual e identificar “a mudançacognitiva e comportamental do aluno”, explicita como estão organizadas as páginasdo livro do professor e apresenta a bibliografia que dá sustentação teórica à obra.

A proposta de ensino de leitura é bastante clara: o texto é o elemento central de quepartem as reflexões sobre a língua ou o uso da linguagem, sejam elas relativas aosconhecimentos gramatical, textual ou literário.

A escolha textual e as atividades a ela relacionadas visam, claramente, adesenvolver um leitor crítico, que saiba interagir com o texto como forma demanifestação simbólica e, portanto, como lugar de singularidade, de discursividadee de atualização efetiva do funcionamento lingüístico. Esta é a tônica e, em grandeparte da obra, a tarefa é bem sucedida.A prática de leitura é inserida num contextosignificativo e, por isso, promove instâncias efetivas de interlocução leitor-autor.Eventualmente, aparecem atividades de caráter exploratório, com vistas àidentificação de conteúdos específicos. Estão representadas na obra amostrasdos vários tipos de texto (narrativo, argumentativo, expositivo, descritivo) e dediversos gêneros (carta, poema, artigo e reportagem de jornal, ensaio, conto, letrade música, rap, crônica, novela, roteiro de teatro, etc.).

De forma geral, a leitura é explorada como um caleidoscópio, contemplando-se,na medida do possível, múltiplas facetas do texto. A atividade de ler é funcional ese situa, coerentemente, no interior da temática do módulo. Em suma, o texto nãoé somente pretexto e serve como ponto de partida para uma reflexão que se desdobrasobre questões relativas à linguagem (registro, variedade) e aos aspectos textuais(coesão, coerência) e discursivos (interlocução, argumentação, condições deprodução) envolvidos.

25

A a

nális

e Os textos de cada módulo dialogam entre si e, mesmo quando a intertextualidade nãoé explícita, permanece latente, criando condições para o aluno compreender a naturezadialógica e processual da leitura.

As atividades de produção de textos são muitas, contemplam os mais variadosgêneros e tipos (dissertação, narrativa, descrição, textos argumentativos, carta, poema,letra de música, crônica, reportagem de jornal, rap, etc.) e estão, na maioria dasvezes, conectadas a leituras prévias, que funcionam como suporte para a elaboraçãotemática e para o trabalho com as características textuais e discursivas em jogo.

Vale notar que a característica mais relevante das atividades envolvendo escrita é aexplicitação das condições de produção, o que contribui para que a tarefa não setorne artificial nem inócua. Mesmo quando a produção se restringe à formulação deum parágrafo, o contexto em que isso se deve realizar e os objetivos da tarefa sãodefinidos de forma consistente. De maneira geral, o aluno é solicitado a produzir emsituações de interlocução contextualizadas: para quem escrevo? Como escrevo? Porque escrevo? E, quando possível, busca-se, também, projetar um encaminhamentodessa produção, sugerindo-se alguma publicação, murais, painéis, etc.

A linguagem oral é abordada ao longo do livro, com algumas oscilações. O módulo deabertura, Liberdade é poder se expressar, contém referências explícitas às diferenças entrefala e escrita, variação e estilo e alerta o aluno para os preconceitos associados às variantesnão-padrão. Entretanto, não há muitas atividades voltadas para o uso da linguagem oral emsituações formais de interlocução, ainda que se faça referência a elas no módulo em questão.

No módulo Fala e Escrita: a maravilha da linguagem, o trabalho com linguagem oralse destaca, diferenciando-se das atividades em que oralidade significa conversar oudebater (muito freqüentes no livro). A atividade, com dados de um projeto científico depesquisa da língua oral culta no Brasil, abre interessantes perspectivas de reflexãosobre as diferenças entre fala e escrita, registros, formalidade/informalidade do discurso.

Quanto aos conhecimentos lingüísticos, antes mesmo de abordar os fenômenos, olivro apresenta uma discussão sobre o que vem a ser a “gramática”, seu papel naorganização de uma língua e três modos como pode ser concebida: a gramáticainternalizada, a descritiva e a normativa.

Critica-se a gramática normativa, mas sua importância como “expectativa deconhecimento de norma” é reconhecida e trabalhada, por meio dos “documentos” quea “legalizam”, em seções como Um pouco da história da gramática, Formulárioortográfico e Nomenclatura gramatical brasileira. Não há, essencialmente, uma listade categorias morfológicas ou sintáticas, por exemplo, com conceito e exemplificação.

O livro, em alguns momentos, trabalha com um processo indutivo, que conduz o alunoa certas definições, como no caso do conceito de gramática e do que vem a ser a

26

linguagem verbal. A abordagem das categorias lingüísticas é dividida entre as normasda NGB e as contribuições da lingüística. Mesmo apresentando os conceitos demodo tradicional, o livro recorre à lingüística para comentá-los e exemplificá-los, comopode ser visto no estudo sobre fonética, fonologia, morfologia e sintaxe.

Os estudos lingüísticos não estão contidos somente nos limites de um ou algunsmódulos, mas se encontram dispersos em todo o livro, e são acionados, muitasvezes, como suporte para análise e elaboração textual. Na página 456, por exemplo,no mesmo momento em que se estuda o gênero crônica, chama-se a atenção para osrecursos lingüísticos expressivos utilizados na construção desse gênero. No casoespecífico, há um comentário sobre o papel da relação entre as orações (coordenaçãoe subordinação) como recurso para elaboração textual.

Esse mesmo processo ocorre no estudo do gênero carta, em que se aproveita paraapresentar, por exemplo, a função do vocativo. Os conceitos lingüísticos são estudadospartindo-se do uso e de sua funcionalidade em contextos determinados. Em váriosmomentos, chama-se a atenção para a “gramática do texto”. Ao apontar os critériosde textualidade, como coerência e coesão, mostra-se ao aluno que a gramática estáa serviço do texto e que dele depende para se manifestar.

São apresentadas situações de uso “real” da língua, demonstrando a funcionalidadede seus mecanismos fonético, morfológico, sintático e semântico, como pode servisto nas seguintes atividades: Localizando Pronomes; Retomada Lexical; ParalelismoSintático; Operadores Discursivos (enfoque discursivo ao papel das conjunções);Tempos Pretéritos do Modo Indicativo.

Quando se trabalha a literatura, também ocorre a interseção com os conhecimentoslingüísticos. No módulo Classificar é Conhecer, ao mesmo tempo em que os períodosliterários são brevemente traçados, há a preocupação de mostrar que os gênerosliterários e mesmo os estilos de época determinaram algumas formas de uso dalíngua e foram determinados por elas. Essa relação pode ser confirmada na unidadeModernismo: chega de realismo, viva o desvairismo! E cada um que use o cabelo quequiser, em que aparece uma atividade que sugere uma reflexão sobre a mudançalingüística a partir da comparação entre o poema “Canção do Tamoio”, de GonçalvesDias e “À Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac: “qual dos dois você acha mais fácil decompreender. Por quê?”, “Qual dos dois está mais próximo da sua linguagem?”.

Manifesta-se, entretanto, uma certa contraposição metodológica, quando a abordagemmais reflexiva tem de ceder espaço aos conhecimentos da língua já sistematizados enormatizados como padrão para uso em contextos formais de escrita e de fala. É nessemomento que a reflexão dá lugar à metalinguagem. Isso pode ser verificado, por exemplo,nos conteúdos denominados “Regência nominal e regência verbal”, “As regras deconcordância” e “Colocação”, assim como no módulo “Nomenclatura gramatical brasileira”.

A a

nális

e

27

Embora isso ocorra, o que se percebe é que a forma de abordar esses assuntos fogeum pouco dos moldes tradicionais, essencialmente normativo e dogmático. Os autoresmostram uma preocupação em dar, além de conceitos, informações que possibilitem,ao aluno, compreender a funcionalidade dos mecanismos lingüísticos. Um exemplodisso é a abordagem da sintaxe, apresentada não apenas como uma mera ordenaçãode palavras, mas como um conjunto que envolve “solidariedade, seleção e combinação”.

Algumas vezes podemos perceber um movimento oscilatório entre uma abordagemreflexiva e uma prática conservadora, como acontece em algumas atividades sobrevariação lingüística. Na primeira, há um exercício sobre variação sintática, quedemonstra, claramente, a mudança no paradigma flexional do português brasileiro(“eu pesco, você pesca, nós pesca”), e que é, no livro do professor, classificadosimplesmente como “incorreto”. No segundo caso, a questão da diferença entre fala eescrita é deixada de lado, favorecendo, com isso, o velho conceito de “erro” na grafia,sem explicação das razões que o motivaram, explicações estas também relacionadasàs convenções da escrita.

Quanto ao ensino da literatura, ainda uma vez deve ser ressaltada a seleção detextos, diversificada e funcional. O livro apresenta vários gêneros, tais como novela,cantiga, poema, crônica, romance, conto, texto de teatro, letra de música, carta literária,manifesto, sermão, texto bíblico, cordel, haicai, letra de rap dentre outros; e há também,nessa seleção, um equilíbrio entre textos na íntegra e textos fragmentados.

Quando não é possível ou necessária a reprodução integral do texto, ele vemdevidamente contextualizado e bem articulado no conjunto do módulo, sem perda deunidade de sentido. No tratamento dado aos textos literários nos módulos, comraríssimas exceções, explora-se a pluralidade significativa própria desse tipo de leitura,visto que as atividades orientam-se para a capacidade de identificação de efeitos desentidos dados pelos recursos lingüísticos, de percepção da dimensão dialógica dostextos, de distinção entre os gêneros da literatura em relação com sua organizaçãotextual, de interpretação, de exploração temática em relação ao modo como seapresenta o tema etc.

Numa perspectiva inclusiva, a seleção textual dá uma boa amostra do universooferecido, permitindo aos alunos se reconhecerem em muitos dos textos, que servirãode referência de qualidade e diversidade em sua formação. Assim, há no livro ummódulo dedicado a outras literaturas, no qual o aluno estabelece um contato comobras representativas da literatura ocidental, como Dom Quixote, Fausto e Hamlet.

A história da literatura, a biografia de autores e outros elementos externos apresentam-se como fatores de contextualização, sem substituir a experiência da leitura literária.A questão dos estilos de época e das classificações é colocada com bastantepropriedade, convidando o aluno (e o professor) à reflexão sobre a sua necessidade doponto de vista da organização do conhecimento.

A a

nális

e

28

Ao contrário da tradicional organização didática, cujos blocos de conteúdo por estilosde época aparecem cristalizados e imutáveis, há, na proposta, um projeto de construçãoparticipativa do movimento de constituição do cânone e do que isso significa. Mesmoquando há uma abertura para outras produções, ou quando se discute a ampliação doconceito de literatura, a perspectiva predominante, reforçada pela seleção de textos,leva em consideração, sobretudo, a qualidade estética.

No trabalho voltado para a história da literatura, para a literatura portuguesa, para as relaçõesliteratura/história, para a literatura mundial, para as apropriações textuais e para os módulosque têm por eixo os gêneros da literatura — poesia, crônica, romance, conto, novela, textopara teatro —, a aproximação com o leitor se dá pelo texto e não pela mera classificação.

Em alguns módulos, um grande volume de conteúdos e, algumas vezes, oaprofundamento do nível de complexidade podem ser dosados pelo professor, nacondução do trabalho com o livro.

Por outro lado, percebe-se que o livro adota uma proposta de interlocução efetiva como jovem, que se apóia, em alguns trechos, no uso de uma linguagem mais informal ede estratégias narrativas que possibilitam o contato com os textos literárioscontemporâneos ou com aqueles mais afastados no tempo e no espaço.

É preciso assinalar, porém, que se o interlocutor primordial do livro é o aluno, pode-se, emalguns momentos, identificar uma certa oscilação discursiva: ora o tom tende ao acadêmico,sobretudo na parte dedicada aos conhecimentos lingüísticos, quando se tenta ampliar aconcepção de gramática; ora o livro tenta se aproximar demais do aluno, usando umalinguagem muito coloquial ou simplificando algumas situações de interlocução. Nessesmomentos, o livro, às vezes, generaliza contextos e posições discursivas (pai-filho, médico-paciente, intelectual-leigo, o que não contribui para a formação do jovem.

O professor deverá estar atento quanto a alguns problemas de revisão, que nãocomprometem a estrutura geral da obra ou a sua integridade conceitual, mas que devemser identificados no decorrer do trabalho com o material didático. Um exemplo: nãoaparece no livro o módulo Índice dos escritores brasileiros, referido em algumaspassagens; ou, caso mais grave, na página 49, no conteúdo sobre “A dupla articulaçãoda linguagem”, a expressão: “segunda articulação...” (primeira linha, da primeira coluna),por um equívoco, foi empregada incorretamente: no lugar dela deveria aparecer: “primeiraarticulação”, já que os conceitos dizem respeito a esta.

O livro do professor é muito bem preparado, com quadros sinóticos de orientaçãogeral que facilitam a visualização do conteúdo de cada módulo, somado às orientaçõese explicações que situam as atividades, subsidiam o trabalho do professor em sala deaula e contribuem para a sua própria atualização, já que há várias referências a obrasrepresentativas das novas concepções de educação em língua materna. As elaboraçõesteóricas aqui apresentadas encontram eco no trabalho proposto para o aluno; ou seja,teoria e prática caminham juntas.

A a

nális

e

29

Novas PalavrasPortuguês

Mauro Ferreira do PatrocínioSeverino Antônio Moreira BarbosaRicardo Silva LeiteEmília Amaral

Editora FTD S/A

919028

Síntese avaliativa

Organizado na forma de um compêndio1 de molde tradicional, o livro apresenta, entresuas qualidades, o tratamento dado ao ensino da literatura. Embora pouco inovador,este é assumido com solidez e coesão. Também oferece textos menos conhecidos,evitando a repetição que tem caracterizado muitos manuais de literatura. Trata-se, nagrande maioria, de materiais textuais relevantes para a formação do aluno como leitordo texto literário.

No tocante aos conhecimentos lingüísticos, no entanto, a obra se revela como umapequena gramática apegada à tradição normativa, eximindo-se de analisar os fatoslingüísticos do português com instrumentais teóricos mais atualizados. Com isso,cria-se um descompasso entre a exposição teórica e as atividades e exercícios que,provenientes de bons vestibulares e do ENEM, exigem do aluno uma capacidade dereflexão sobre a língua, o que não encontra apoio adequado no livro.

A seção destinada à leitura e à produção de textos é rica de material textual variado ede propostas de atividades bem concebidas. Privilegia-se a produção em detrimentoda leitura. No entanto, todo o bloco destinado à literatura explora as capacidadesleitoras do aluno por meio de bons exercícios de compreensão e interpretação dotexto literário. O livro não traz nenhum tipo de trabalho específico com linguagem oral.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

30

A o

bra O livro se divide em três grandes blocos: Literatura (315 pp.), Gramática (186 pp.) e

Redação e Leitura (97 pp.). O primeiro ocupa metade do volume, o que se explica pelaopção em tratar a literatura extensivamente, traçando um arco cronológico o maiscompleto possível, analisando ou comentando um grande número de obrasrepresentativas de cada período, sem deixar de deter-se na leitura e compreensão detextos. O panorama só não é completo porque deixa de abordar as tendênciascontemporâneas em Portugal (nem mesmo autores já consagrados, como JoséSaramago e Lobo Antunes, são referidos) e de mencionar a existência de outrasliteraturas em língua portuguesa, em amplo florescimento após o processo dedescolonização no século XX.

O bloco reservado a conhecimentos lingüísticos limita-se a um resumo da doutrinagramatical tradicional, em que a análise não ultrapassa o limite da frase, deixando deenfrentar, portanto, os desafios da análise do texto. As sistematizações propostasdesprezam os avanços obtidos até mesmo pela gramática da frase quando, por exemplo,não observam as incontornáveis relações entre morfologia e sintaxe (morfossintaxe) ese atêm a uma abordagem separada de cada um desses níveis de análise. O capítuloinicial deste bloco faz uma discussão bem formulada sobre as possíveis concepçõesde “gramática” e aborda os fenômenos da variação lingüística, tratada de maneiracorreta e destinada a despertar a consciência crítica do leitor acerca das atitudespreconceituosas no tocante às diferenças dialetais. Nada, porém, é dito a propósitodos fenômenos de mudança lingüística. Não se menciona a história da língua nem asituação atual da língua portuguesa no mundo.

O terceiro bloco, o menor dos três, oferece uma abordagem satisfatória da leitura eda produção de textos. Vale ressaltar, porém, que as atividades de leitura e de produçãonão se limitam a essa parte do livro, uma vez que elas aparecem em boa quantidadetambém na ampla seção dedicada à literatura.

Diante das expectativas atuais para o ensino de literatura, o livro apresenta umaproposta bem convencional: dá grande peso a uma visão panorâmica dos estilos deépoca, estudados em sua seqüência cronológica, do Trovadorismo às “Tendênciascontemporâneas”. Não se limita, porém, à exposição e à exemplificação. Há, na maioriados capítulos, boa exploração dos textos, o que permite, ao aluno, compreendê-los,apreender sua singularidade e seus sentidos estéticos e culturais.

O professor precisará, no entanto, expandir e aprofundar a leitura efetiva do texto emalguns capítulos, nos quais a abordagem é excessivamente dirigida. A profusão, avariedade e a qualidade dos textos selecionados, junto com as mediações feitas pelolivro, permitem superar o senão acima apontado. Estas qualidades também são maisum elemento que pode apoiar a aproximação do estudante ao texto literário, mesmose considerando alguma possível resistência inicial, devida, principalmente, ao fatode se entrar no domínio da literatura pela porta da poesia trovadoresca. Como sesabe, a linguagem do trovadorismo e seu sentido cultural parecem muito distantes da

A a

nális

e

31

linguagem, da sensibilidade e da cultura atuais, para não mencionar os obstáculospropriamente lingüísticos.

O aluno terá, ainda, acesso a conceitos e instrumentos necessários ao trato com ostextos literários. Os conceitos são expostos com clareza, bem dosados e,freqüentemente, são mobilizados na realização das atividades sobre textos.

Os capítulos de literatura iniciam-se, sempre, por um texto, seguido de atividades, que sãoalgumas questões voltadas para a compreensão imediata do texto, associada à observaçãode aspectos estilísticos ou a estímulos à interpretação. Segue-se um comentário, destacandosentidos não-perceptíveis aos alunos em uma leitura inicial, estabelecendo-se ganchospara a introdução do tópico central da unidade, que dá título ao capítulo.

Feita a exposição sobre o tópico principal, apresenta-se uma série de exercícios,invariavelmente questões de vestibular, provavelmente escolhidas como forma de fixaçãode conteúdos, já que se restringem a testes de múltipla escolha. Como fecho, umtexto complementar (às vezes mais de um) e novas atividades, agora mais orientadaspara comparações/associações entre textos; entre estes e o estilo literário; entretextos de períodos literários diferentes, o que favorece a fixação de conteúdos estudados.

Como se pode depreender, as propostas de atividades apresentadas aos estudantessão pouco variadas, já que se resumem a questões. Entretanto, como são balizadaspelos textos, seu teor varia com eles. No livro do professor há outras sugestões,também pouco variadas.

Um aspecto a ressaltar na composição dos capítulos é a boa utilização que se faz depequenas chamadas (boxes), com as informações necessárias ao entendimento dostextos (vocabulário, conceitos, menções, etc.) ou com síntese de características dotexto ou da escola literária abordada na unidade. Ainda, sob cada texto, um box trazbreves informações biográficas sobre o autor.

Os capítulos contêm boas ilustrações, que estabelecem diálogo com o texto ou como período literário em questão: podem ser mapas (como o da viagem de Vasco daGama, no capítulo destinado a Os Lusíadas), reproduções de gravuras de época, depinturas, fotografias, etc. Servem à ampliação de conhecimentos para além do que seoferece no texto literário ou na exposição didática.

O livro - ainda em vista do que se julgaria ideal para um ensino produtivo e atualizadoda literatura - deixa a desejar em alguns aspectos, que podem ser supridos peloprofessor: são escassas as referências a manifestações literárias pouco prestigiadas(criações populares a partir da oralidade, canções, etc.) e entre a literatura e outrasartes. Para o encaminhamento de algumas atividades faltam subsídios ao professor,principalmente indicação de leituras. As propostas de pesquisa são poucas e não háindicação suficiente de materiais de consulta.

A a

nális

e

32

A a

nális

e Os conhecimentos lingüísticos são abordados na parte intitulada Gramática. Oprimeiro capítulo, Introdução à gramática e Noções de variação lingüística, distingue,principalmente, dois tipos de gramática: a “natural”, que independe do ensino, e a“normativa”, conjunto sistematizado de regras e orientações para escrever e falar deacordo com o padrão culto da língua.

Além disso, dá uma visão correta, ainda que rápida, das variedades lingüísticas eseus fatores, o que contribui para relativizar a tradicional oposição entre o certo e oerrado. A esse capítulo segue o de acentuação gráfica e, depois, os outros vinte e umque tratam dos aspectos morfológicos e sintáticos, sem nenhum tratamento teóricode fonética e fonologia. Há, neles, um forte apego à tradição normativa, não serecuperando o conceito de gramática natural apresentado no primeiro capítulo, nemse explorando os aspectos discursivos e textuais da língua.

Em contraste, os exercícios de aplicação, geralmente extraídos de provas devestibulares e do ENEM, estão apoiados em modelos teóricos que levam emconsideração as dimensões discursiva, semântica e sintática da atividade lingüística.

Eles permitem, igualmente, a reflexão sobre a língua e seu funcionamento, construindo,assim, os conhecimentos lingüísticos necessários ao desenvolvimento da proficiênciaem leitura e escrita.

Há, portanto, um grande hiato entre a teoria apresentada e as atividades propostasnos exercícios: o livro não fornece ao aluno os subsídios que lhe permitiriam responder,adequadamente, o exercício de aplicação. Desse modo, a reflexão sobre a língua ficadependente da atuação do professor. Esse tipo de atitude torna a metalinguagem umfim em si mesma, o que não contribui para a compreensão do fenômeno estudado.

Falta, ainda, no livro, uma discussão mais ampla sobre o conceito de linguagem e,principalmente, de língua. Na verdade, a concepção de língua que se explicita restringe-se à de gramática, ainda que os dois tipos de gramática (“natural” e “normativa”)sejam distinguidos.

As atividades são variadas e incluem tanto exercícios de mera identificação, dereconhecimento e classificação, quanto testes de múltipla escolha. Há ocasiões emque a atividade é dirigida à reescrita de pequenas narrativas. A maioria das atividadespermite a reflexão e a compreensão dos fatos lingüísticos.

Apesar das boas questões de compreensão e interpretação na parte de literatura, quecolaboram para a formação do leitor literário, o livro dedica um reduzido número depáginas ao ensino de leitura. Além disso, as atividades orientam-se diretamente paraas propostas de redação, deixando, em segundo plano, a (re) construção sistemáticados sentidos do texto. Entretanto, a coletânea em que se apóia consegue variar ostextos quanto ao gênero, ao tipo e quanto a seu significado social ou cultural. Os

33

textos literários, na íntegra ou como fragmentos (a maioria) com unidade de sentido,são privilegiados, incluindo-se, também, textos jornalísticos, científicos, discursos,cartas, quadrinhos, redações de alunos, etc.

A proposta específica para o ensino de produção de texto concebe a escrita como umprocesso. Inicialmente, o aluno é motivado para uma produção mais descontraída e livre;no avançar dos capítulos, introduzem-se temas mais específicos: enumeração, linearidade,produção de textos narrativos, descritivos e dissertativos, entre outros. Diferentes etapasdo processo são consideradas, assim como parte significativa das condições de produção.

No conjunto, os capítulos destinados ao bloco de leitura e produção de textosprivilegiam a segunda. Embora o capítulo 3 seja dedicado a uma exposição teóricasobre o que está envolvido na leitura, as atividades que a exploram não a tomamcomo um fim em si mesmo, na medida em que fazem parte dos procedimentosadotados para levar o aluno a uma produção escrita. Essas propostas de produçãosão bastante diversificadas, e muitas delas são retiradas de vestibulares e do ENEM.

Cada capítulo deste bloco é consagrado a um dos aspectos ou a procedimentosda produção: etapas envolvidas, tipos de texto, aspectos pertinentes daconstrução da narrativa (enredo, personagem, etc.), procedimentos deargumentação, etc. Apesar da preocupação com as condições de produção aolongo de todo o capítulo, as propostas nem sempre estabelecem um planejamentoadequado para o aluno.

Por outro lado, a estreita dependência da produção para com a leitura acabarestringindo, excessivamente, o ensino desta, sempre orientada para aspectos deinteresse para o tipo de produção que se quer propor e não para a compreensão e ainterpretação do texto em sua singularidade.

Por fim, cabe observar que os autores negligenciam o fato de os alunos do ensinomédio visarem não só ao vestibular, mas também ao mercado de trabalho. Assim,não há, no livro, qualquer tipo de atividade para a elaboração de formulários, de cartascomerciais, de requerimentos, de relatórios, de procurações, de gráficos, de tabelas,de currículos, etc.

Os objetivos e os princípios teóricos que orientam a proposta pedagógica da obraencontram-se em apêndice no livro do professor, na parte denominada Conversa como professor: Orientações, procedimentos e estratégias, que ocupa um anexo de oitentapáginas. Nela constam o Sumário resumido e a Apresentação do livro. O livro do professordá amplo destaque à análise dos capítulos destinados ao ensino da literatura (58 pp.) ededica apenas quatro páginas e meia às questões teórico-metodológicas de Gramática;as restantes são destinadas à seção de leitura e redação.

A a

nális

e

34

919034

PortuguêsDe Olho no Mundodo Trabalho

José De Nicola NetoErnani Terra

EditoraScipione LTDA.

Síntese avaliativa

Os três grandes blocos em que se divide este livro — Produção de textos; Gramática;Literatura — tratam de forma desigual seus conteúdos. Equilibrando-se entre ocompêndio e o manual1, a primeira parte procura incorporar aspectos pertinentes daspesquisas acadêmicas sobre leitura e produção de textos, além de explicitar esistematizar noções básicas relativas ao funcionamento do discurso e do texto. Asegunda parte restringe os conhecimentos lingüísticos à gramática e mantém-se fiel àtradição. Mas, com freqüência, mostra-se atenta à ocorrência dos fatos gramaticaisem textos de vários tipos.

Quanto à seção de literatura, predominantemente organizada como compêndio, nãochega a transpor os limites de uma abordagem calcada na sucessão dos estilos deépoca e na apresentação de dados biográficos e bibliográficos dos principais autoresde cada período. Não há, no livro, qualquer proposta específica para o ensino dalinguagem oral.

A preocupação com os vestibulares e com o ENEM é uma constante na obra.Entretanto, a formação para o mundo do trabalho não foi descartada e se revela,principalmente, nos capítulos que envolvem atividades com gêneros textuais comoanúncios publicitários, carta comercial e requerimento, além da leitura de gráficos.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

35

Apesar de nomeado como Produção de textos, o primeiro bloco inclui atividades deleitura. É formado por vinte e quatro capítulos, incluindo-se uma seção final denominadaLeitura e produção de textos nos exames. Em cada capítulo, figuram seções com asseguintes denominações e características:

• O texto: leitura e reflexão inicia-se com um ou mais textos, seguidos de atividadesde compreensão e interpretação, e prossegue com uma subseção teórica, consagradaa conhecimentos lingüísticos envolvidos na leitura e na produção, como funções dalinguagem, gênero e tipologia textual;

• A teoria na prática compõe-se, também, de um ou mais textos seguidos de atividadesde leitura. Nos exercícios que se seguem, aborda-se a teoria estudada ao longo docapítulo;

• Produzindo texto é a última seção de cada capítulo e, às vezes, de cada subseção.Nela, os autores indicam uma ou mais produções de texto com temas propostos poreles ou retirados dos diversos vestibulares e do ENEM.

Ao final de cada capítulo (excetuando-se o último), os autores indicam a páginareferente à seção de testes e questões de exames em que o tema estudado é explorado.

Os capítulos da parte de Gramática apresentam, sempre, duas seções: a introdutória,A gramática no texto, contém um texto utilizado para apresentar o tópico a ser tratado;em seguida, é apresentada a descrição gramatical. A outra seção, intitulada A teoriana prática, é composta de exercícios que visam à aplicação dos conceitos estudados.

Os conhecimentos lingüísticos sistematizados no livro estão distribuídos em trêsunidades e um apêndice. A unidade 1, denominada Fonologia, inclui os seguintescapítulos: Fonologia; Ortografia; Acentuação gráfica. A unidade 2, Morfologia, tratade: Estrutura e formação de palavras; O substantivo e o artigo; O adjetivo e o numeral;O pronome; O verbo e As categorias gramaticais invariáveis. A terceira e última parteé reservada à Sintaxe e trata dos seguintes tópicos: Termos essenciais da oração;Termos integrantes da oração; Termos acessórios da oração – Vocativo; O períodocomposto e as orações coordenadas; As orações subordinadas; Sintaxe deconcordância e Sintaxe de regência. Em Apêndice, foram incluídos dois capítulos: Acrase e A gramática nos exames, com exercícios extraídos de vestibulares e do ENEM.

A seção de literatura é composta por dezenove capítulos, além de A literatura nosexames. O capítulo 1, A arte literária, trata a arte no sentido mais restrito da operaçãocom seus materiais físicos (palavra, tintas, cor, etc). O capítulo 2 focaliza A linguagemliterária, e o capítulo 3 trata da periodização das literaturas portuguesa e brasileira. Osdezessete capítulos seguintes dedicam-se ao estudo dos estilos de época, do Trovadorismoa tendências contemporâneas, chamadas, no caso brasileiro, de “Pós-Modernismo”.

A o

bra

36

Orientadas para a produção textual, as atividades de leitura apóiam-se numa seleçãotextual adequada às demandas do mundo da escrita para o jovem e o adulto deescolaridade média. Há autores consagrados, como Machado de Assis, Castro Alves,José Saramago, Franz Kafka, Vargas Llosa e Ítalo Calvino; os gêneros sãodiversificados: poemas, contos, crônicas, textos teóricos e de divulgação científica,matérias jornalísticas, cartas comerciais, requerimentos, etc.

Alguns gêneros mais diretamente relacionados ao público jovem — letras de músicas,entrevistas para a revista da MTV, charges e quadrinhos (Calvin e Hagar, por exemplo)também se fazem presentes.

Do ponto de vista da tipologia, há textos narrativos, explicativos, descritivos, injuntivos,argumentativos e conversacionais. Os textos autênticos constituem maioria absoluta evêm devidamente acompanhados dos títulos e referências bibliográficas. Boa parte delesé transcrita integralmente, e os fragmentos, quando presentes, têm sua unidade preservada.

Apesar dessa seleção, e apesar, ainda, das atividades de compreensão e interpretaçãoassociadas aos textos, o livro não chega a apresentar uma proposta específica para oensino de leitura. Tal como o livro do professor explicita, a leitura é tratada como umaatividade que “prepara o ato de escrita”, sendo, portanto, entendida essencialmentecomo atividade-meio.

Os capítulos organizam-se em temas relacionados às propriedades do discurso e dotexto: Gêneros e tipos textuais; Persuasão e argumentação; O parágrafo, etc. Cadaum desses tópicos é explorado, inicialmente, como conteúdo conceitual, seguindo-se exercícios de aplicação e propostas de produção.

Assim, as atividades de compreensão e interpretação não têm como principal objetivo areconstrução dos sentidos e dos processos discursivos e textuais que dão a um textoa sua singularidade. Visam, antes de qualquer coisa, a ensinar, ao aluno, conhecimentoslingüísticos — como a coesão, a coerência — capazes de subsidiar a produção.

Semelhante escolha acaba por articular, em cada atividade, leitura, produção econhecimentos lingüísticos. É o que se pode observar, por exemplo, no capítulo 13,consagrado à narrativa, em que a exploração do texto de referência subsidia, ao ladodas informações sobre marcadores temporais como os verbos e os advérbios, aelaboração de uma narrativa.

Entretanto, esse tratamento didático dificulta, em todos os capítulos, seja oestabelecimento de outros objetivos legítimos e oportunos de leitura, seja o ensino daleitura como um fim em si mesmo. Isso demandará, do professor, maior atenção aoensino de procedimentos e estratégias mais específicos, como identificar o gêneroem questão, depreender as intenções do autor e perceber as relações que então seestabelecem entre aspectos formais e de conteúdo do texto.

A a

nális

e

37

Além disso, convém observar que, em função de seu objetivo primeiro (ensinarconhecimentos lingüísticos), as questões de leitura muitas vezes só podem seradequadamente respondidas depois de bem explorado o conceito que organiza ocapítulo. Um exemplo: ainda na resenha utilizada para o trabalho inicial com coesão,a segunda questão — “Explique qual é a função do uso recorrente do pronome pessoalele e dos pronomes possessivos seu e sua ao longo do texto”— pressupõe umconhecimento, no mínimo, intuitivo do papel coesivo dos pronomes pessoais epossessivos, exigindo, portanto, alguma mediação por parte do professor.

Beneficiada pelas atividades de leitura, a proposta para o ensino de produção detextos orienta-se, parcialmente, pelas demandas do vestibular e do ENEM. Otratamento didático escolhido centra-se em propriedades discursivas e, em especial,textuais, implicadas na proficiência em escrita e opta por abordá-las conceitualmente,a título de subsídio teórico para as propostas.

De modo geral, as atividades, formuladas em linguagem clara e correta, colaboram,em aspectos e graus diversos, para o desenvolvimento da proficiência em escrita. Ostipos básicos de texto, assim como uma gama bastante variada de gêneros sãoexercitados, muito embora esses últimos nem sempre sejam tratados como tais,especialmente nos capítulos cujo tema é um dos tipos de texto.

Apesar da perspectiva predominantemente textual, as propostas, próprias oureproduzidas de vestibulares e do ENEM, consideram diferentes aspectos dascondições de produção. Com freqüência, solicita-se, ao aluno, que imagine umadeterminada situação e nela se insira, definindo, explícita ou implicitamente, uminterlocutor, um objetivo, um gênero ou um nível de linguagem.

Em algumas, mais de um desses fatores vêm implicados; em outras, entretanto,predominam as condições formais que o aluno deve observar, como a produção deuma descrição, ou o uso de um determinado recurso de argumentação. Os dois últimoscapítulos são dedicados à produção de textos nos exames, considerados como umconjunto particular de condições de produção.

Os objetivos, os pressupostos teóricos e o funcionamento próprio dos vestibulares edo ENEM são apresentados, com excertos de manuais do vestibulando. Um conjuntode recomendações, assim como uma oportuna retomada global dos diferentesaspectos lingüísticos envolvidos na produção textual fecham o bloco.

Em termos de conhecimentos lingüísticos, o livro pretende “ensinar gramáticade um modo reflexivo”, como informa o livro do professor, e como um suporte dacomunicação escrita, numa abordagem essencialmente funcional. No entanto, oque se observa é que o funcional, o novo, só aparece em produção de texto,sendo toda a seção de conhecimento lingüísticos reservada à gramáticatradicional.

A a

nális

e

38

Ao assumir essa posição, os autores perdem a oportunidade de discutir conceitosque contrapõem regras normativas e regras de uso. É o que ocorre, por exemplo, aotratarem dos pronomes pessoais oblíquos: não se menciona, em momento algum,que o pronome pessoal oblíquo “o” já não existe em muitas variedades do portuguêsbrasileiro, principalmente na modalidade oral. Não se discute, ainda, o uso dasconjunções integrantes “que” e “se”, mostrando que o português dispõe dessas duasformas para introduzir orações com valores distintos: a primeira introduz oraçõesdeclarativas e a outra, interrogativa.

Apesar das limitações decorrentes do modelo escolhido, que dificultam uma percepçãocientificamente mais rigorosa e atualizada dos fatos de linguagem, o tratamento dagramática contribui tanto para a reflexão sobre a língua e a linguagem quanto para aconstrução de conhecimentos lingüísticos pertinentes:

• Apesar da separação entre os três grandes blocos, há articulação entre a parte deGramática e a de Produção de texto, por meio de questões que indagam, por exemplo,o tipo de relação expressa pelas conjunções “mas” e “embora”, num texto lido;

• A seção A gramática no texto, que introduz cada capítulo da parte de Gramática,contém um texto contemporâneo, dos mais variados tipos (notícias de jornais e revistas,poemas, anúncios publicitários, crônicas, textos instrucionais, quadrinhos, etc.) eum conjunto de questões que induzem o aluno a pensar sobre o tópico a serdesenvolvido no capítulo e, algumas vezes, a inferir a regra. Nessa atividade, o alunoé induzido a construir uma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da línguaportuguesa, sistematizando seu conhecimento lingüístico, o que também contribuipara o desenvolvimento da proficiência em leitura e escrita;

• Outro aspecto importante a se salientar é a variedade das atividades que incluem (i)procedimentos de reescrita, com o objetivo de fazer o aluno reconhecer ou a formaadequada, diante da inadequada, ou uma outra propriedade alternativa, com diferentesefeitos de sentido; (ii) procedimentos de identificação de categorias; (iii) exercícios decomparação entre estruturas, visando à reflexão e ao estabelecimento de regra geral.

Ao contrário do bloco consagrado à leitura e à produção, a abordagem da literatura,tal como acontece com a Gramática, é bastante tradicional, apesar de ensaiar umaexploração sistemática da intertextualidade. Em lugar da experiência de leitura e dasingularidade dos textos literários, privilegia-se a informação sobre a literatura, emcapítulos organizados com base na sucessão dos estilos de época e calcados emautores e obras principais de cada período. A organização geral de cada unidade é aseguinte:

• Texto seguido de questões (muitas delas de vestibulares), direcionadas paraobservação de intertextualidades ou de peculiaridades estilísticas, e, em menor grau,para tentativas de interpretação parcial;

A a

nális

e

39

• Panorama histórico e artístico da época, ou simplesmente momento histórico, ou,ainda, dois tópicos separados: o estilo “X” em Portugal; o estilo “X” no Brasil, indicando-se as circunstâncias de início e fim de cada escola e se estabelecendo algumasrelações entre a literatura e fatos históricos;

• Características do estilo estudado no capítulo;

• A produção literária em Portugal (autores/obras e suas características);

• A produção literária no Brasil (autores/obras/características).

Entremeando a exposição, ou ao seu final, aparecem novos textos, com a indicação dapágina em que se encontram as questões de exame, relacionadas aos assuntos tratados.

Apesar da perspectiva historicista escolhida, o modo como cada item aparece nocapítulo, em blocos separados, dificulta o estabelecimento da pretendida relação entreliteratura e história. Do mesmo modo, a intertextualidade fica circunscrita à abordagemdos textos de abertura de cada capítulo, não se refletindo no tratamento dado à matéria.

Entretanto, o livro do professor preconiza, como metodologia mais adequada para oensino de Literatura, a construção de “projetos interdisciplinares”, com sugestõesque podem colaborar para a superação do problema. Por outro lado, nas respostasàs questões formuladas nos diferentes capítulos, há várias orientações e sugestõespontuais, especialmente quanto a comentários a fazer ou discussões a propor apartir de certas questões.

No material dirigido aos alunos, as informações são, quase sempre, corretas. Entretanto,há algumas imprecisões e impropriedades, como a de se afirmar que a repetição deuma “letra” provoca determinado efeito sonoro em um poema quando, na verdade, arepetição, neste caso, é a de um “som”; ou, ainda, se afirmar que a poesia românticacaracteriza-se pelo “verso livre, sem métrica e sem estrofação”, assim como pelo “versobranco, sem rima”, o que só é verdadeiro para uma parte da produção romântica.

Em outros momentos, faltam referências prévias, sem as quais certas informações setornam de difícil compreensão. É o caso, por exemplo, da referência ao Arcadismo emPortugal: diz-se que “Surgiram então as primeiras arcádias...”, mas não se explica oque são arcádias.

De qualquer modo, o professor poderá tirar bom proveito dos textos reproduzidos.Deixando de lado aqueles que aparecem na exemplificação de características dosautores, temos 120 textos, dos quais 74 transcritos na íntegra, ainda que, em suamaioria, sejam poemas curtos.

Em prosa, aparecem dois contos: “Gaetaninho”, de Alcântara Machado e “A terceiramargem do rio”, de Guimarães Rosa. Os fragmentos selecionados prestam-se

A a

nális

e

40

adequadamente à leitura, pois constituem unidades de sentido e podem ser melhordimensionados se o professor os relacionar com o contexto da obra de que foram extraídos.

Os objetivos e os princípios teóricos que orientam a proposta pedagógica da obraencontram-se no livro do professor. Nele, constam a Apresentação, o Sumário, asorientações e sugestões de endereços eletrônicos. Na Apresentação, os autoresesclarecem que o livro sofreu mudanças para atender às reformulações do ensino.

O livro do professor compõe-se de três partes. A primeira é dedicada à Gramática, àLeitura e à Produçao de textos e apresenta os seguintes tópicos: Um novo enfoquepara o ensino de gramática e produção de textos, os textos e o nosso cotidiano;Contexto e níveis de linguagem; A avaliação dos textos produzidos e Sugestões detrabalho com texto.

A segunda parte é dedicada à Literatura e aborda os seguintes aspectos: O texto:elemento irradiador das aulas; A função poética na linguagem; Por que estudar históriada literatura?

A terceira e última parte apresenta as respostas aos exercícios propostos: de Produçãode Textos; de Gramática e de Literatura.

A a

nális

e

41

PortuguêsLíngua, Literatura,Produção de Textos

Maria Luiza Marques AbaurreMarcela Regina Nogueira PontaraTatiana Fadel

EditoraModerna LTDA.

909030

Síntese avaliativa

Organizado, predominantemente, como um compêndio1, o livro apresenta uma propostapedagógica bem fundamentada e coesa. Tratando, didaticamente, seus conteúdos— ainda que, às vezes, com excessiva simplificação — apresenta grande quantidadede textos, variados e bem selecionados, embora às vezes utilizados apenas parailustrar os conteúdos abordados.

No que diz respeito à literatura, a disposição e o tratamento dos conteúdos são poucoinovadores, com ênfase na história cronológica. No entanto, a experiência da leituratambém está contemplada.

O livro prima pela sistematização dos conhecimentos lingüísticos e gramaticais.Todavia, se, por um lado, traz conceitos úteis para um trabalho crítico com a linguageme é consistente com essa perspectiva nas atividades, por outro, dedica a maior partedos capítulos à gramática tradicional.

A variação lingüística, no entanto, é abordada corretamente, o que, sem dúvida,contribui para a formação de um leitor vigilante quanto aos vários tipos de preconceitoe de exclusão social pela linguagem.

No trabalho com leitura e produção de textos, o livro é bastante atualizado, além demanter uma boa relação entre textos verbais e não-verbais e de trazer atividades bemformuladas. Em ambos os casos, a seleção de conteúdos é interessante, mas osresultados referentes à produção são melhores. A linguagem oral não é abordada.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

42

O livro é dividido em três grandes unidades, destinadas, respectivamente, à literatura, Aarte como representação do mundo (140 pp.); aos conhecimentos lingüísticos, Da análiseda forma à construção do sentido (152 pp.) e à leitura e produção de textos, Prática deleitura e produção de textos (111 pp.), dispostas nessa ordem. As unidades são, portanto,organizadas por conteúdos curriculares; os capítulos são, equilibradamente, distribuídospelas unidades e a abordagem dos conteúdos parte, em geral, de textos de referência.

Na Unidade I, a perspectiva cronológica evidencia-se na organização seqüencial dosconteúdos. Na Unidade II, uma abordagem sociolingüística e da teoria da comunicaçãose faz presente, especialmente na primeira parte do primeiro capítulo, sendo seguida,no restante da unidade, por conteúdos de gramática tradicional, mas isentos de umtom normativo preconceituoso. Por fim, na Unidade III, evidencia-se uma abordagemtextual-discursiva dos conteúdos.

As três unidades apresentam atividades, em geral, bem elaboradas, sendo essa acaracterística mais marcante do livro. Daí, talvez, a possibilidade de se estabeleceruma articulação entre elas, apoiada, também, na atitude comum que as norteia,voltada para o uso e em conformidade com os princípios éticos decorrentes de umavisão sociolingüística. No entanto, a articulação entre as unidades, em geral, nãoestá explicitada e nem sempre é clara.

O livro inclui, ainda, um anexo com Orientações para o professor, que apresenta oconteúdo da obra, explicita a abordagem teórico-metodológica, fornece uma bibliografiae traz as respostas para os exercícios propostos.

Na Unidade I, o ensino da literatura é muito pouco inovador. Embora a fruição dotexto tenha sido colocada em primeiro lugar nos objetivos a serem alcançados, aabordagem do texto se faz de forma a deixar patente a opção pelo ensino da históriada literatura por meio de textos.

Essa escolha tem como base a concepção de literatura como uma forma especialde arte que “nos permite (...) tomar contato com um vasto conjunto de experiênciasacumuladas pelo ser humano ao longo de sua trajetória”, conforme afirmação dolivro do professor.

Assim, priorizou-se o caráter informativo dos textos vistos como plataformas, a partirdas quais se pode chegar a outros conhecimentos, e deixou-se, em segundo plano, aexperiência sensível que um texto literário pode proporcionar.Entretanto, esse caminho é trilhado de modo coerente, apoiando-se em conhecimentossolidamente embasados. Exceção feita a algumas imprecisões, como a superposiçãodos conceitos de regionalismo e sertanismo, os conteúdos subsidiam, adequadamente,a preparação das aulas e o estudo das literaturas brasileira e portuguesa.

A o

bra

A a

nális

e

43

Um aspecto muito positivo a ser destacado é a seleção textual. Na Unidade I, sãomais de cem pequenos textos completos e quase outros tantos fragmentos. Não setrata só de quantidade, mas também de qualidade. Ao lado dos que comparecemcorriqueiramente nos livros didáticos, surgem outros, menos comuns, escolhidosadequadamente dentro do cânon.

Se, durante a exposição dos conteúdos, o texto é usado apenas como exemplo ouilustração de aspectos da história da literatura, nas atividades, sua exploração permiteuma razoável aproximação do aluno, visto que elas se voltam, também, para o própriotexto, procurando compreender-lhe o significado e a estrutura. Isso, porém, valesobretudo para a poesia, mas não tanto para os demais textos.

Se, por um lado, opta-se, acertadamente, por não fazer resumos (há poucasocorrências), por outro, os fragmentos escolhidos, embora se prestem à verificaçãodo conteúdo apresentado e à realização de exercícios de fixação, deixam a desejarquanto à remissão à totalidade da obra.

A exploração dos textos, muitas vezes, se faz de modo extremamente dirigido,antecipando-se uma das possibilidades de interpretação. Mais freqüentemente ainda,apresenta-se um texto, seguido de um box explicitando o que deve ser observado. Emmuitos casos se apresentam, passo a passo, as explicações, que parecem “se impor”.Apesar do acerto das interpretações apresentadas, do ponto de vista da críticaconsagrada, tais procedimentos limitam tanto a interferência do professor quanto umacompreensão própria dos textos por parte do aluno.

A adoção desse método aponta para uma preocupação centrada, não no ensino daliteratura, como uma forma de conduzir o aluno à fruição e à apreensão do texto literárioem suas possibilidades, mas na aprendizagem e na fixação rápida de conteúdos oriundosde uma concepção de história da literatura como um conjunto de monumentos culturais.

Na Unidade II, no que se refere à abordagem dos fatos lingüísticos, emboranão se possa dizer que ela se apegue, excessivamente, à tradição normativa,pode-se afirmar, com segurança, que a abordagem é pouco inovadora, uma vezque reproduz a gramática tradicional. Na abertura desta Unidade, há um capítulocom definições de linguagem e de língua, baseadas em conhecimentosproduzidos pela Lingüística moderna. Tal conteúdo aparece desenvolvido, nessaparte, pela utilização de textos teóricos e de exercícios, e, em outras partes dol ivro, pela proposição de exercícios esparsos de leitura e de textoscomplementares.

A não ser pelo critério da adequação lingüística, bem fundamentado no tratamentodado à sociolingüística, o livro não oferece, ao aluno, a experiência de observarque as categorias lingüísticas são construções históricas, nem há qualquerabordagem da história da língua.

A a

nális

e

44

Na descrição das categorias gramaticais, a separação entre morfologia e sintaxe étotal, faltando explorar, por exemplo, a noção de sintagma, apenas anunciada no livrodo professor. A omissão de uma análise morfossintática, mesmo apoiada nos padrõesmais tradicionais, prejudica a reflexão e a precisão conceitual.

Ao lado de atividades adequadas e coerentes do ponto de vista ético e do respeito àsdiferenças, inclusive lingüísticas, e de formação de um leitor vigilante quanto aos váriostipos de preconceito e de exclusão social, há um desequilíbrio entre tradição e novidade,uma vez que, na maior parte do tempo, o conteúdo gramatical é o dos “tópicosgramaticais usuais”. Ainda assim, as atividades são bem formuladas e, em geral,favorecem a observação, a reflexão e a generalização.

Na Unidade III, no que diz respeito ao ensino da leitura, a obra apresenta uma propostaespecífica, que pode ser percebida no livro do aluno e, de forma mais reduzida, nasexposições teórico-metodológicas do Livro do Professor.

A propósito, as reflexões conceituais do livro do aluno revelam um elevado grau deexplicitação teórica, podendo-se dizer que estão mais direcionadas para o professordo que, propriamente, para o estudante.

Na linha de Bakhtin, a leitura é entendida como uma atividade efetiva de interlocução,fundada na dimensão discursiva da linguagem. Apesar de reconhecerem a relevânciados gêneros discursivos, tanto em leitura quanto em produção, as autoras optam pororganizar o trabalho a partir das características formais dos tipos textuais, maisprecisamente o narrativo, o expositivo e o argumentativo.

Assim, sistematicamente, após a apresentação e a análise de um determinado tipo,seguem-se atividades que ora exploram o aspecto estudado na leitura, ora solicitam,do aluno, uma produção escrita em que o fenômeno em pauta seja considerado, o quefavorece uma estreita articulação entre esses componentes.

A seleção textual oferece ao aluno uma expressiva variedade de textos, se consideradaa cultura da escrita na sociedade contemporânea e a escolaridade média prevista,contemplando esferas de uso socialmente relevantes, como a jornalística, a publicitária,a humorística, a científica, a literária e a artística.

Destaque-se, no entanto, a ausência de textos vinculados ao mundo do trabalho e àcultura juvenil, como grafites, pichações, manifestos hip hop, mangue beat, letras de rap.

No conjunto destinado à leitura, a obra apresenta, aproximadamente, oitenta textos, oque deixa a desejar, considerando-se que: (a) o livro destina-se às três séries doensino médio; (b) cerca de trinta desses textos são utilizados, apenas, para exemplificara exposição teórica em andamento; (c) todos os exemplares são pouco extensos,exigindo pouco fôlego.

A a

nális

e

45

Embora os pouco mais de cinqüenta textos acompanhados de atividades decompreensão sejam autênticos, ressente-se a obra da ausência de estímulos paraque professor e estudantes busquem textos e informações além do próprio livro didático.

As atividades de compreensão e interpretação exploram propriedades discursivas etextuais e favorecem o uso de estratégias de localização de informações, de análise,síntese e comparação, bem como o desenvolvimento da capacidade de inferir.

Ressalve-se, no entanto, que o potencial de desenvolvimento dessas estratégias ecapacidades fica prejudicado pelo percurso metodológico adotado, o qual,rotineiramente, antecipa pistas indicativas da compreensão esperada. Assim, raramenteo estudante é convidado a emitir e a justificar sua própria opinião.

As atividades, embora pouco variadas, são claramente formuladas e contribuem para aconstrução da cidadania: nos casos em que os textos veiculam algum tipo de preconceitoou estereótipo, leva-se o aluno a refletir sobre o problema, no sentido de sua superação.

Estreitamente vinculada à de leitura, a proposta de produção textual também operacom uma noção de progressão na aprendizagem da escrita pautada pelos tipos textuais.Assim, no primeiro ano são trabalhados, sobretudo, textos narrativos; no segundo,expositivos e dissertativos; e, no terceiro, dissertativos e argumentativos. Ainda noensino de produção de textos, a explicitação conceitual no livro do aluno é, também,extensa, estando mais direcionada para o professor. Destaque-se a positiva preocupaçãoda obra com a avaliação, na medida em que são indicados, no livro do professor, oscritérios a serem considerados na análise da produção do aluno, tais como aconsistência temática, a adequação ao tipo solicitado, os aspectos gramaticais querealmente comprometam a compreensão do texto produzido, a coesão e a coerência.

O livro sugere a realização de aproximadamente trinta produções. Na expressiva maioriadelas, o objetivo pretendido centra-se no tema e no tipo. Em grande parte das propostas,as condições de elaboração são apenas parcialmente estabelecidas: indica-se o temaa ser trabalhado e, esporadicamente, o gênero. Em geral, o interlocutor presumido, oregistro, o suporte e o contexto social de circulação não são tomados, explicitamente,como objeto de reflexão.

Assim, embora a produção textual não seja trabalhada do modo tradicional, em que atônica é a descontextualização, não se chega a caracterizar a escrita como umprocesso. O planejamento efetuado e as condições de produção consideradas selocalizam quase que exclusivamente no nível temático e do tipo textual.

As propostas de produção exploram os diversos tipos textuais, mas privilegiam oargumentativo. Em vários momentos, os mecanismos próprios da argumentação sãodebatidos. Assim, alerta-se para estratégias de elaboração da estrutura argumentativa— como citações e comprovações — e para a natureza do raciocínio lógico.

A a

nális

e

46

São, ainda, discutidos os conceitos de juízo de fato, juízo de valor e de argumentaçãofalaciosa, bem como considerada a estrutura do texto persuasivo. Os subsídiospara a elaboração temática são fartos em todas as propostas. Pode-se mesmoafirmar que esse aspecto, junto com o estudo dos tipos textuais, é o mais bemcuidado no trabalho com a escrita.

No encaminhamento das propostas, geralmente são oferecidos dois ou mais textospara leitura, em que o aluno poderá buscar argumentos que auxiliem na construçãode seu texto. Por sua vez, os mecanismos de coesão e coerência são trabalhadoscomo fenômenos que garantem a clareza e a articulação textual, seja no nível daforma (coesão), quanto da significação (coerência). Os tipos de texto são sempreintroduzidos, observados e analisados com base em exemplos.

O livro do professor apresenta um quadro de distribuição dos conteúdos abordadospelas três séries do ensino médio, e explicita, de forma consistente e coerente, ospressupostos teórico-metodológicos que orientam a obra, dividindo a explanação dalinha pedagógica e dos procedimentos metodológicos adotados de acordo com osmesmo módulos em que se organiza o livro do aluno. No entanto, um professor quedesconheça por completo as teorias discursivas e textuais adotadas nas propostasde leitura e produção de textos terá, possivelmente, dificuldades em desenvolveradequadamente seu trabalho.

As sugestões de leituras complementares, com referências completas, sãointroduzidas na Bibliografia. Não são, contudo, mencionadas obras de (ou sobre)Bakhtin, muito embora as concepções desse autor constituam o suporte dafundamentação teórica da obra, ainda que, nem sempre, a perspectiva dialógicapleiteada por Bakhtin seja considerada nas propostas do livro do aluno.

A a

nális

e

47

PortuguêsLiteratura, Gramática,Produção de Textos

Leila Lauar SarmentoDouglas Tufano

EditoraModerna LTDA.

919029

Síntese avaliativa

Organizado, predominantemente, como manual1, este livro tem, nas suas duasprimeiras partes — Literatura e Gramática — uma sustentação bastante conservadora.Esta se evidencia na prioridade da informação (literária ou gramatical) sobre aexperiência efetiva que uma concepção interativa de ensino e uma visão mais dinâmicade língua e da literatura supõem.

A literatura é abordada numa perspectiva puramente cronológica, sem análises que,antes da sistematização e com base na experiência efetiva de leitura, visem à formaçãodo aluno como leitor. Os conhecimentos lingüísticos, no que diz respeito à gramática,priorizam uma visão normativista do ensino da língua, deixando a percepção crítica ea reflexão em segundo plano.

Providencialmente, a proposta da terceira parte — Produção de Texto — possibilita asuperação desses limites. De igual modo, o tratamento dado à leitura, muito emboranão se organize como uma proposta de ensino específica, permite uma articulaçãoproveitosa com os demais componentes.

Além disso, no conjunto da obra, o aluno é exposto a uma variedade e a uma quantidaderelevantes de textos, em sua maioria abordados de forma satisfatória. Não há umaproposta específica para o ensino da linguagem oral, mas o livro aborda alguns deseus aspectos em Produção de Texto e favorece o seu uso.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

48

O livro é composto por cinqüenta e oito capítulos, divididos em três seções: Literatura,Gramática e Produção de Texto.

A seção Literatura apresenta os seguintes capítulos: A Arte da Palavra;Trovadorismo e Humanismo; Classicismo; Literatura Informativa e Jesuítica noBrasil; Barroco; Arcadismo; Romantismo em Portugal; Romantismo no Brasil:Poesia; Romantismo no Brasil: Prosa; Realismo em Portugal; Realismo no Brasil;Parnasianismo; Simbolismo; Modernismo em Portugal; Pré-Modernismo no Brasil;Semana de 22: O Marco do Modernismo; Primeira Fase do Modernismo; SegundaFase do Modernismo: Prosa; Segunda Fase do Modernismo: Poesia; Pós-Modernismo: Prosa; Pós-Modernismo: Poesia.

Na seção de Gramática, os capítulos são: A Linguagem; Ortografia; Dificuldadesda Língua; Estrutura e Formação das Palavras; Substantivo e Artigo; Adjetivo eNumeral; Pronome; Verbo; Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição; Frase,Oração e Período. Período Simples (I): Termos da Oração; Frase, Oração e Período.Período Simples (II): Termos da Oração Relacionados ao Verbo e ao Nome; PeríodoComposto (I): Orações Coordenadas; Período Composto (II): OraçõesSubordinadas; Pontuação; As Palavras Que e Se; Sintaxe de Colocação; Sintaxede Concordância; Sintaxe de Regência e Emprego de Crase. A estrutura dessescapítulos também se apóia em exposições iniciais, seguidas, agora, diretamentepelos exercícios de Aplicando e Praticando.

Por fim, a seção de Produção de Texto divide-se em: Linguagem e Oralidade;Níveis de Formalidade e Variantes Lingüísticas; Comunicação Oral: Exposição eArgumentação; Textos do Cotidiano; Relação entre Sentido e Contexto; Elementosda Textualidade; Modos de Organização do Texto e do Discurso; Narração;Descrição; Texto Dramático; Texto Informativo; Dissertação; ArgumentaçãoEscrita; Gêneros Textuais em Jornal e Revista; Textos para Uma AçãoParticipativa; Redação Técnica; Texto Persuasivo; Roteiro e Sinopse de Filmes;Poesia e Prosa.

O livro se apresenta, sobretudo, como apoio para concursos vestibulares,reproduzindo exercícios e atividades de diversos exames anteriores, bem como deprovas do ENEM. O livro do professor também sugere uma série de atividadessugeridas ao docente.

A o

bra

49

A abordagem da literatura segue a ordem cronológica e a divisão tradicional das obras emépocas literárias, rigidamente delimitadas por datas. Apresenta-se, a cada capítulo, umabreve introdução ao contexto social (europeu, português e brasileiro) do período tratado,apontando características formais e temáticas que, posteriormente, são exemplificadas portextos e fragmentos escolhidos entre os autores consagrados pela tradição.

Seguem-se exercícios de leitura, que contemplam alguns aspectos singulares dessesexcertos, e chamam a atenção para as características de época anteriormentecomentadas. Os textos são apresentados de forma a auxiliar a compreensão do aluno,fornecendo, além das informações contextuais necessárias, um pequeno glossárioem que se dirimem dúvidas mais prováveis.

Entre as características positivas do livro está o fato de chamar a atenção do alunopara a relação da literatura com outros modos de manifestações artísticas: no capítuloque trata do classicismo, por exemplo, há uma seção dedicada às “artes noRenascimento”; ao se analisarem os grupos e tendências em que se dividiu oModernismo brasileiro, reproduz-se o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, mais umfragmento de uma carta em que a pintora alude à sua criação.

Há, ainda, em quase todos os capítulos que tratam de literatura (e também no livro doprofessor), sugestões de filmes que poderiam ampliar a compreensão do aluno sobreo contexto ou o livro estudado.

Embora haja reproduções integrais, como a do conto “Amor”, de Clarice Lispector, e sejaquase inevitável o uso de fragmentos, quando se trata de textos de maior extensão, aestratégia de outorgar-lhes títulos apócrifos (“Amor à Primeira Vista”, para um excerto deIracema; “Sedução”, para um trecho de O Primo Basílio; “Amor e Morte”, para um fragmentode Grande Sertão: Veredas) pode prejudicar a compreensão de seu significado no contextoda obra. Pode também induzir o aluno a tomá-los como unidades independentes. Entretanto,um aspecto positivo do livro é a seção denominada Leitura recomendada, em que se aludea uma obra do período estudado e se sugere a sua leitura integral.

Na medida em que não está, efetivamente, programada, a formação do aluno comoleitor literário dependerá da atuação complementar do professor para enfatizar atividadesmais interpretativas e críticas, como a que pede ao aluno que identifique, numapassagem de Senhora, de José Alencar, um momento em que o texto “revela omecanismo ‘comercial’ que há por trás da instituição do casamento”.

Além disso, o professor deve estar atento para evitar que os alunos desenvolvam umaconcepção estereotipada da literatura, ressaltando, sempre, que as afirmaçõespresentes no livro acerca das obras e dos períodos devem ser relativizadas.

O mesmo cuidado deve receber a divisão da obra dos autores em categorias estanquese, às vezes, superficiais, para que isso não condicione a leitura, seja dos fragmentos

A a

nális

e

50

apresentados no próprio livro didático, seja de outros textos com que o aluno,posteriormente, poderá ter contato.

Na exploração de conhecimentos lingüísticos, o livro recorre a noções e aprocedimentos vinculados à dimensão da textualidade, da discursividade da língua ede sua produção artística. Isso se dá em Literatura e, sobretudo, em Produção deTexto. No entanto, na parte que lhe é específica (Gramática), o livro mantém-se dentrode uma visão bastante prescritiva, considerando-a na perspectiva das gramáticasescolares tradicionais: um conjunto de regras que não contemplam determinadoscontextos de usos e fatores que condicionam a flexibilidade dessas mesmas regras.

O recurso ao texto, que poderia contrariar essa tradição, não cumpre o que dele seespera, uma vez que o texto não é tomado como objeto de estudo, mas apenas comolugar de onde se retiram os exemplos, como a propósito de uma charge à qual serecorre apenas para a retirada de palavras acentuadas.

O livro apresenta a nomenclatura gramatical como se ela constituísse um fim em simesma, não objetivando, portanto, a compreensão do fato lingüístico estudado. Assim,não se questiona a consistência dos termos apresentados, nem se economizamconceitos, definições e o detalhamento das categorias e de suas múltiplas subdivisões.

Os conteúdos exploram, principalmente, a morfologia e a sintaxe. Aspectosrelacionados à dimensão discursiva e interacional da língua ficam reservados para aProdução textual, o que pode favorecer uma concepção distorcida do que seja agramática de uma língua.

O livro tampouco aborda o fenômeno da mudança lingüística, sobretudo na perspectivamais ampla das circunstâncias históricas por que a língua passou, como resultadonatural de seu fluxo através do tempo.

Os exercícios e as atividades propostos na seção de gramática nem sempre permitema compreensão clara do fenômeno estudado ou a apropriação adequada dasregularidades em jogo. Isso, pelo fato de o tratamento didático se restringir, na grandemaioria das vezes, a práticas tradicionais de simples reconhecimento, identificação eclassificação, muito mais do que a análises de seus usos e dos efeitos semânticos,textuais ou discursivos que provocam. Entretanto, em geral, nessas atividades –elaboradas com uma certa variação e clareza – os conceitos (embora às vezesformulados de maneira equivocada) não apresentam erros graves.

Não existe uma parte específica da obra voltada para o ensino de leitura. Porém, emtodas as partes do livro, há leitura de textos variados, seguidos de atividades de compreensãoe interpretação. Em Literatura, o objetivo da leitura de textos literários estimula, particularmente,o contato mais direto com o texto, encaminhando-se, também, para a exploração temáticae para o levantamento das características da obra, identificação dos estilos e do período.

A a

nális

e

51

No caso de Gramática, a leitura dos textos visa à identificação da estrutura da frase ouda categoria gramatical. Na parte consagrada à Produção de texto, a leitura é utilizadapara mobilizar os tipos de texto que são o foco de cada unidade. São apresentadosgêneros e tipos variados; no entanto, os textos são pouco explorados para leitura,servindo, basicamente, como subsídio e referência para as atividades de produção.

Os textos são dos mais variados tipos e gêneros. Representam o que a cultura daescrita oferece e exige do jovem e do adulto de escolaridade média e estão associadosa esferas de uso socialmente relevantes. Estão presentes em jornais, revistas(reportagens, anúncios, sinopse de filme, resenha de filme, quadrinhos, carta de leitor,charges, crônica, entrevista), em livros de literatura; são de circulação no cotidiano(bilhete, carta pessoal, convite, e-mail, receita, manual) e voltados ao mundo do trabalho(comunicações oficiais, requerimento, ofício, ata, currículo, carta comercial). Textosmais curtos aparecem na íntegra, como propaganda, poesia, quadrinhos, receita,manual, anúncios, cartão-postal.

O livro está repleto de tiras, quadrinhos, charges, não constando, no entanto, letrasde música, ou textos retirados de revistas voltadas para o público jovem. Encontram-se atividades de aproximação entre diferentes textos e linguagens (pintura, fotografia,quadrinhos), mas quase nada em relação a outras mídias; os gêneros trabalhadossão mensagens eletrônicas (e-mail) e roteiro de cinema. Formuladas com clareza, asatividades explicitam os conceitos corretamente e exploram, embora nem sempre, aspropriedades lingüísticas, discursivas e textuais em jogo.

A parte mais inovadora e atual de toda a obra é a consagrada à produção de texto. Oscapítulos são temáticos e têm como referência diferentes gêneros e tipos de texto:“Textos do cotidiano”, “Narração”, “Descrição”, “Dissertação”, “Texto dramático”, “Textoinformativo”, “Argumentação escrita”, “Gêneros textuais em jornal e revista”, “Textospara uma ação participativa”, “Texto persuasivo”, “Roteiro e sinopse de filmes”.

Observa-se uma articulação estreita entre leitura e produção. O ponto de partida decada unidade, que conduz o aluno às atividades de produção, é a explanação sobre aorganização e a estrutura de um determinado tipo de texto, foco da unidade, seguidade uma leitura de texto-referência com questões de compreensão e interpretação.

Na seção Produzindo, encontra-se um grande número de atividades para a prática deescrita. No final, apresentam-se sugestões de procedimento para avaliação e revisãoda atividade realizada, o que oferece ao aluno a possibilidade de uma reflexão sobreas diferentes etapas envolvidas no processo de escrita.

As propostas de produção textual, as mais variadas, colaboram para o desenvolvimentoda proficiência em linguagem escrita, explorando a produção dos mais diversos gênerose tipos de texto: mensagem eletrônica (e-mail), receita, bilhete, cartão-postal, cartapessoal, monólogo, debate, ata, currículo, conto, crônica, anúncio publicitário, anúncio

A a

nális

e

52

classificado, notícia, reportagem, entrevista, resenha crítica, carta de leitor, manifesto,abaixo-assinado.

Sempre apresentando exemplos como referência, as atividades fornecem subsídiospara a elaboração temática dos textos, orientam sobre os mecanismos de coesão,coerência, assim como para o uso de estratégias de gêneros argumentativos e detextos de opinião. Há capítulos especialmente voltados para tais gêneros. Pode sermuito útil ao docente a Sugestão de procedimentos para a correção de redações, nolivro do professor.

Não há uma proposta específica para o ensino da linguagem oral. Entretanto, algunsde seus aspectos são contemplados no capítulo 42, cujo tema é: Comunicaçãooral: exposição e argumentação; e também em outras unidades esparsas, quando otipo de texto tem alguma relação com oralidade. É o caso de entrevista, história emquadrinhos e texto dramático. Algumas das atividades, formuladas com clareza, podemcolaborar para o desenvolvimento da linguagem oral pelo aluno, especialmente suautilização em situações públicas, como no caso do debate, exposição oral, em quese pode exigir uma certa formalidade.

Além de alguns momentos de sistematização teórica sobre o oral, freqüentemente,nas diferentes seções, comandos como “pesquise/reflita com o colega” e “troque como grupo” favorecem a interação em sala de aula.

Os pressupostos teórico-metodológicos da obra não são explicitados no livro doprofessor. Além das respostas às questões e atividades do livro do aluno, o Livro doProfessor descreve a organização geral da obra, sugere articulações possíveis entreas três partes, define os objetivos das unidades e traz orientações relativas a comoutilizá-las, além de propostas de novas dinâmicas. Há, ainda, sugestões bibliográficasgerais, ou seja, não-específicas para cada unidade.

A a

nális

e

53

Português:Língua e Cultura

Carlos Alberto Faraco

Base Editora eGerenciamento Pedagógico

919040

Síntese avaliativa

Para todos os componentes da educação em língua materna, este livro apresentauma proposta teórico-metodológica inovadora, perceptível até na original divisão deseu conteúdo: o desenvolvimento das proficiências em leitura e produção de textos éo objetivo perseguido, ainda que, coerentemente com a opção pelo formato decompêndio1, os capítulos se organizem em exposições teóricas. Em consonânciacom esse objetivo, os textos, literários ou não, ocupam uma posição central emtodos os capítulos.

Os conhecimentos lingüísticos recebem uma abordagem muito bem informada pelasciências da linguagem, inclusive no que diz respeito à gramática, jamais confundidacom o ensino exclusivo de aspectos pertinentes da norma culta. Garante-se, assim,um tratamento adequado e politicamente correto da variação lingüística.

No que diz respeito à literatura, a formação do leitor literário é o objetivo final. Assim, aexperiência de leitura e a singularidade dos textos figuram em primeiro plano, ainda quecom algum prejuízo da sistematização de noções teóricas e de história literária. Mesmoa linguagem oral, em geral negligenciada pelo ensino tradicional, é abordada de formacorreta e pertinente, privilegiando-se as situações de uso público e formal da oralidade.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

54

O livro compõe-se de 35 capítulos, seguidos de dois apêndices: um sobre pontuaçãoe outro sobre acentuação. Os capítulos se dividem em cinco partes: o Bloco de Textos(dezessete capítulos: 1 a 7, 13 a 17 e 24 a 28); a Enciclopédia da linguagem (cincocapítulos: 8 a 12); o Almanaque Gramatical (quatro capítulos: 18 a 21); o Guia Normativo(dois capítulos: 22 e 23); e a História da Literatura (sete capítulos: 29 a 35).

Os objetivos declarados na obra e, efetivamente norteadores do trabalho proposto,sustentam-se numa concepção de linguagem como interação verbal entre sujeitoshistóricos, postos diante de práticas efetivas. Para isso, o livro se apóia em grandevariedade e diversidade de gêneros discursivos, explorando tanto suas característicasformais como seus temas predominantes.

Nas seções que tratam dos conhecimentos lingüísticos, um reiterado procedimentoconsiste em tomar, sempre, o texto como objeto e ponto de partida para refletir sobreo funcionamento da linguagem em suas mais diversas dimensões, seja reconstituindoseus múltiplos significados, seja explorando, sistematicamente, suas propriedadeslingüísticas, discursivas e textuais.

Propõe, ainda, atividades voltadas para levar o aluno a reconhecer e a adequar odiscurso a situações formais e informais, valorizando, efetivamente, o trabalho com avariação e a heterogeneidade lingüísticas.

Outro procedimento recorrente nessas seções provém da suposição de que o aluno éum dos principais agentes na conquista de seu próprio conhecimento. As atividades oconduzem a observar, atentamente, os aspectos particulares da língua portuguesa, adescrever e a sintetizar, intuitivamente, seus traços e suas regularidades para, enfim,formular, por escrito, seus princípios gerais. Desse modo, ele é levado a apreender,por si mesmo, o funcionamento interno e contextualizado das categorias discursivase sintáticas e, assim, de evitar uma exploração meramente prescritiva de regras.

Além disso, procura desenvolver uma atitude crítica diante dos preconceitos lingüísticos,não abusa da nomenclatura e investe numa distinção entre a reflexão gramatical e aprescrição normativa. Preocupa-se, também, em evitar práticas tradicionais de puroreconhecimento das classes e funções de palavras, e explora, recorrentemente e demodo contextualizado, as dimensões discursivas, sintáticas e semânticas de umagrande variedade de textos. Assim, no trabalho de construção dos conhecimentoslingüísticos, o livro propõe um equilíbrio entre a tradição e a novidade.

Mais do que um livro didático, trata-se de uma obra que traz uma propostacientificamente embasada de estudos da linguagem. Há uma seleção de temas,teóricos e normativos, relevantes — e, portanto, úteis — para o uso efetivo da língua,preenchendo-se uma antiga lacuna entre o conhecimento lingüístico produzido nauniversidade e o aplicado pela escola no ensino de língua portuguesa.

A o

bra

A a

nális

e

55

O trabalho consciente no tratamento da linguagem explicita-se, também, por meio docontinuum de práticas de leitura e produção de textos. A separação entre essescomponentes é quase imperceptível, em função da metodologia empregada: a propostaé que o aluno tenha uma visão sistêmica da dinâmica da língua, o que significareconhecer que conhecimento lingüístico, leitura e escrita pressupõem-se uns aosoutros e constituem o fazer lingüístico como atividade social. Isso se evidencia numaarticulação eficiente entre o trabalho com conhecimentos lingüísticos, leitura, produçãoe literatura. A proposta de ensino da leitura tem um caráter progressivo e prevê otrabalho com textos de várias esferas de uso, o que favorece a formação de um leitorcrítico e proficiente em diversas situações sociais de uso da leitura. As práticas sociaisprivilegiadas são as da literatura, do jornalismo e da divulgação científica.

Dada a concepção sistêmica da dinâmica da língua nas leituras literárias, por exemplo,as atividades são encaminhadas para a observação e a compreensão do trabalhorealizado com a linguagem, especialmente quanto aos recursos estéticos e literáriose quanto aos tipos de textos e aos gêneros.

Fortemente marcado pelo objetivo de formar leitores literários, evidenciado tanto peloposicionamento adotado na apresentação do livro quanto pelo grande número de textosliterários que compõem a coletânea, o trabalho se organiza em dois momentos: um em queos textos contam histórias — e então aparecem gêneros com estrutura narrativa, como ascrônicas, os contos e os romances —, e o outro, em que eles se agrupam como poéticos.

Sem preocupação classificatória, a intenção é construir, progressivamente, umquadro de referências para o aluno, baseado, essencialmente, nos conhecimentosda estrutura narrativa e das formas poéticas, apresentando noções como as demotivo, de estrutura narrativa, de foco narrativo, no primeiro caso; e noções comoeu-poético, ritmo, metáfora e metonímia, no segundo caso. O que é priorizado,nesse momento, é a experiência do aluno com os textos, no que eles oferecemde representativo das experiências humanas e de trabalho realizado com alinguagem.

A leitura de textos jornalísticos é encaminhada, desde o início, no sentido da construçãodo olhar crítico do aluno. O livro dedica um capítulo para uma discussão sobre aimportância de não ser um “leitor ingênuo” dos textos jornalísticos e sobre as questõeséticas que envolvem a imprensa.

Nesse bloco, os recursos lingüísticos, textuais e discursivos utilizados naorganização do texto são detalhadamente trabalhados para a compreensão dosefeitos do discurso e para a análise crítica da informação. Por exemplo, em umcapítulo é apresentada uma notícia a partir da qual se trabalha o “formato padrãoda notícia”, encaminhando-se o aluno à observação de título, subtítulo, diferençaentre as fontes para destacar o título e a indicação da origem da notícia, entreoutros itens.

A a

nális

e

56

Em seguida, propõe-se uma análise da notícia a partir de quatro aspectos do capítuloanterior, quais sejam: informações fidedignas, unidade do assunto, clareza e isençãopossível. A próxima questão solicita que o aluno localize algumas informaçõesespecialmente relevantes. A última trata de explorar a organização textual, apresentandoao aluno o lead e o corpo da notícia, com destaque para o planejamento realizado peloredator, que implica seleção de informações e decisão sobre a sua seqüência. Mais àfrente, apresenta verbete de enciclopédia relativo a uma das expressões usadas nanotícia e pede ao aluno para confrontá-lo com as informações imprecisamenteveiculadas pela notícia.

Em relação à produção de textos, o trabalho é progressivo e articulado com a leitura,envolvendo uma grande diversidade de gêneros e tipos. Depois de explorar a leitura eo estudo de textos literários, propõe-se, por exemplo, a produção de crônicas, poemas-crônicas e contos. Nesse momento, visa-se a uma escrita mais intuitiva e prazerosa.

Se a leitura é de divulgação científica, aparecem, em geral, propostas de produção depequenos textos de divulgação, momento propício à discussão coletiva para oplanejamento de um roteiro para a escrita. Com a leitura de textos jornalísticos, pedem-se produções de textos de opinião, cartas do leitor, notícias e reportagens.

Além desses gêneros e tipos de textos, aparecem, em todo o livro, propostas deprodução de resumos e de esquemas dos textos lidos, que favorecem o desenvolvimentodas capacidades de generalização e síntese e de apreensão global de informações.As atividades de produção estão sempre relacionadas às discussões propostas peloscapítulos, o que garante, ao aluno, bons subsídios, tanto temáticos quanto decondições de produção: objetivos pré-definidos, definição do tipo de texto, do contextosocial de circulação e, quando é o caso, do suporte.

No que se refere ao trabalho com a linguagem oral, as propostas estão semprevinculadas à apresentação dos resultados de algumas pesquisas, a leituras dramáticasde poemas (com atenção especial ao ritmo) ou peças teatrais, e à discussão (composicionamento ético) dos trabalhos produzidos.

Já o trabalho com outras linguagens aparece como sugestões de filmes que, dealgum modo, se relacionem com uma obra literária e de músicas que tenham relaçãocom trabalhos desenvolvidos em sala de aula. Além disso, o livro apresenta fotostrabalhadas graficamente e reproduções de pinturas, que também podem seraproveitadas em sala de aula.

Também em relação ao ensino da literatura a proposta é inovadora, não só porapresentar a literatura africana em língua portuguesa mas, principalmente, por priorizaro contato direto do aluno com o texto literário. Ao invés de servir-se de textos literáriospara veicular informações externas a eles, o livro prioriza a experiência sensível e aapreensão intuitiva da singularidade da obra.

A a

nális

e

57

Excelentes e adequados aos alunos, os textos disseminam-se por quase todos oscapítulos, constituindo-se na base de todo o trabalho; os mais simples e acessíveisaparecem sempre em primeiro lugar, atingindo-se gradativamente os mais complexos.

Todo o trabalho conduz o aluno a captar a singularidade e a assimilar a estrutura e osconteúdos dos textos literários, num processo de formação do leitor. Logo nos capítulosiniciais, os alunos entram em contato com crônicas, contos, poemas e romances.Após muitos e variados excertos de leitura, apontam-se características dos diferentesgêneros, o que propicia, aos alunos, em linguagem acessível, o desenvolvimento deconceitos necessários para uma verdadeira análise literária, como narrativa, ficção,verossimilhança, enredo, personagens, narrador, verso, ritmo, etc.

Embora haja, no final do livro, um apanhado da História Literária, desde a Idade Médiaportuguesa até a contemporaneidade, contemplando autores portugueses, brasileirose africanos de língua portuguesa, esse estudo, sucinto, é apresentado depois de todoo trabalho de leitura dos inúmeros e diversos textos literários presentes nos capítulosdestinados aos diferentes conteúdos. Sublinhe-se que a proposta efetiva do livro parao ensino da literatura não se encontra nesses capítulos finais, mas ao longo do livro,priorizando-se a criação de uma atitude de disponibilidade do aluno para tal.

Entretanto, mesmo resguardando o fato de que se trabalha com literatura o tempo todo,deve-se assinalar que os capítulos de história literária tratam das escolas de modoexcessivamente resumido. O Simbolismo português, por exemplo, é abordado em apenasdois parágrafos, seguidos da apresentação de dois poemas de Camilo Pessanha.

Como decorrência, encontram-se generalizações que podem prejudicar o rendimentodo livro. Na abordagem das obras, há uma tendência a selecionar um único texto dedeterminado autor, o que nem sempre é suficiente para dar conta das característicasessenciais do conjunto de sua obra.

Assim, por exemplo, quando trata de Álvares de Azevedo, o livro reproduz um únicopoema que se torna representativo de certo tipo de romantismo dito “extremado esubjetivista”, apegado “a uma temática de devaneio e sonho, melancolia e tédio, amore morte”. Entretanto, esse é, como se sabe, apenas um dos aspectos da obra deÁlvares de Azevedo. Essa definição silencia o traço satírico, irônico e cínico de toda asua prosa e de vários de seus poemas.

Da mesma forma, o livro considera Manuel Bandeira da perspectiva do movimentomodernista, deixando de lado seu diálogo com o Simbolismo. Quanto aos autoresselecionados, observa-se também que, em muitos casos, o livro deixa ou de nomear,ou de dar destaque a autores singificativos dos períodos históricos da literatura, comonos casos de Junqueira Freire, Fagundes Varela, Raul Pompéia, Jorge de Lima, MuriloMendes, etc. Entretanto, um dos muitos pontos positivos dessa seção, analogamenteàs demais, consiste no cuidado em reproduzir, integralmente, quando possível, otexto do autor em questão.

A a

nális

e

58

Um problema de natureza diversa se coloca: por se tratar de um livro com propostasrealmente inovadoras, a falta de respostas aos exercícios, assim como a ausência deorientações mais detalhadas sobre a condução das atividades, dificultam a solução deeventuais dúvidas do professor. Apesar disso, o livro do professor expõe, com clarezae adequação, os objetivos e a organização da obra, sugerindo algumas formas dearticular as atividades de cada bloco. Além disso, explicita a concepção de linguagemque adota, seus fundamentos teórico-metodológicos e o significado pedagógico daavaliação.

A a

nális

e

59

Português:Linguagens

Thereza Anália Cochar MagalhãesWilliam Roberto Cereja

Atual Editora / SaraivaLivreiros Editores S/A

919025

Síntese avaliativa

Organizado como um manual1 voltado diretamente para o aluno, o livro aborda aleitura, a produção de textos e a linguagem oral numa perspectiva renovada pelasteorias do texto e do discurso. As atividades de leitura apresentam-se a serviço dosdemais componentes, em especial da produção de textos, organizada com base nosgêneros e nos tipos de texto.

Os conhecimentos lingüísticos são sistematizados em capítulos específicos, nosquais a referência teórica ora é a gramática tradicional, ora a lingüística do texto e dodiscurso. Tais conhecimentos também são abordados nas seções destinadas àprodução de textos, numa tentativa de articulação entre esses componentes.

O ensino da literatura se pauta pela tradicional exposição sobre os estilos de época,expostos em ordem cronológica e associados aos seus contextos históricos. A leiturado texto literário, ainda que em segundo plano, é também explorada.

O livro é rico em textos e informações bem sustentadas, bem como em sugestões –incluindo bibliografias especializadas – para o professor. O intenso uso de imagenscolabora para a promoção do trabalho de leitura interpretativa a partir de obras artísticasdiversas, como escultura, pintura, charge e cartazes de filmes.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

60

O livro divide-se em nove unidades, cada uma, em geral, com seis capítulos,classificados em três grupos: Literatura; Língua: uso e reflexão; e Produção de texto.Finaliza cada unidade uma seção denominada Intervalo. Para cada série são destinadastrês unidades e, ao final de cada três, há uma seção composta por questões devestibulares e do ENEM. A quantidade de capítulos que compõe as unidades podevariar; todas, no entanto, apresentam um capítulo destinado a conhecimentoslingüísticos (Língua: uso e reflexão), um ou dois à leitura e à produção de texto (Produçãode Texto) e, de um a três, à literatura.

Os capítulos sobre literatura apresentam, em geral, três seções: Introdução, que sintetizao estilo de época; Leitura, que apresenta o texto literário correspondente à estéticaliterária do capítulo, para interpretação; Do contexto ao texto, que conclui o capítulo.

Cada capítulo sobre produção de texto aborda um gênero ou um tipo textual e, emgeral, divide-se em três seções: Trabalhando o gênero, em que o aluno tem contatocom um gênero ou um tipo de texto, faz a leitura e a interpretação; Produzindo, emque o aluno é convidado a escrever de acordo com o gênero ou o tipo em questão;Para escrever, com subsídios gramaticais para a escrita.

Os capítulos Língua: uso e reflexão dividem-se em seis seções: Construindo o conceito,em que se apresenta um texto que evidencia o conteúdo gramatical a ser focalizado;Conceituando, em que o conceito é trabalhado; Exercícios de aplicação; Na construçãodo texto, em que a categoria gramatical em questão é examinada num outro texto;Semântica e Interação, em que se estabelece a relação do conteúdo com o discurso;e Para compreender o funcionamento da língua, em que se trabalha a relação doconteúdo dentro da morfologia ou da sintaxe.

Todas as unidades são entremeadas de muitas ilustrações e quadros, com resumosou comparações que sintetizam o conteúdo estudado, ou com informações adicionais.

Sem contar com uma seção própria e exclusiva, a leitura é trabalhada sempre comoparte do processo de construção de conhecimentos lingüísticos, da exploração dotexto literário e, principalmente, da produção escrita.

A seleção de textos, inclusive os destinados ao ensino da literatura, é variada,representativa e propicia uma boa experiência de leitura com diferentes gêneros etipos textuais. São apresentados poesia, peça teatral, relato, entrevista, notícia,reportagem, crônica, crítica, editorial, publicitário, conto, carta argumentativa edissertação argumentativa.

Dentre os textos selecionados, há aqueles próprios de culturas juvenis, entrevistas derevista jovem ou temas relacionados diretamente à juventude, como uso de piercing,o ficar, vestibular, redução da idade penal, etc. Predominam os textos integrais, e osfragmentos mantêm unidade de sentido.

A a

nális

eA

obr

a

61

A maioria das atividades, formulada com clareza, considera a interlocução autor/leitor,procurando explorar as propriedades lingüísticas, discursivas e textuais em questão.Integradas ao processo de ensino dos demais componentes, as atividades têm sempreum objetivo, mas nem sempre estão orientadas para a singularidade do texto explorado.Entretanto, na medida em que mobilizam diferentes estratégias, propiciam odesenvolvimento da proficiência em leitura, colaborando para a reconstrução dossentidos do texto.

O foco da proposta de produção de textos está no gênero e na tipologia textual.Consagradas a um gênero ou a um tipo de texto (em especial o argumentativo), asatividades propõem situações efetivas de uso da escrita, como a do anúncio classificado(p. 358), em que o aluno deve oferecer serviços pessoais.

As produções devem ser lidas e comentadas por colegas e, a seguir, reescritas, paraexposição em mural (p. 399) ou para algum tipo de publicação, como o jornal daescola. (p. 303). A leitura de textos, temática ou formalmente relacionados, subsidiatematicamente os trabalhos e, ao mesmo tempo, fornece modelos de redação.Entretanto, o planejamento não é diretamente ensinado, e as diferentes etapas daescrita estão mais sugeridas do que efetivamente previstas.

Embora o livro não apresente uma proposta específica para o ensino de linguagemoral, esta aparece em alguns momentos das seções Intervalo, com sugestões paraum júri simulado (p. 160-1), um jornal televisivo (p. 292-3), uma revista falada (p. 404),uma encenação, um show lítero-musical ou um programa de rádio (p. 500-1).

Há, também, um capítulo destinado à argumentação oral (cap.11), em que se ensinaa fazer um debate regrado. Exceção feita a este último caso, as atividades, sempreintegradas ao ensino de algum outro componente, configuram-se, essencialmente,como atividades-meio2.

Quanto aos conhecimentos lingüísticos, o livro transita entre o ensino tradicional eo renovado: ao lado da gramática tradicional, recorre-se à “Lingüística Textual,”, à“Análise do Discurso” e à “Semântica enunciativa”, principalmente para atualizar ateoria dos gêneros discursivos que, de acordo com o livro do professor, fundamenta aproposta didático-pedagógica do livro. A sistematização se faz em capítulos específicos,Língua: uso e reflexão; mas também aparece em Produção de texto. No entanto, aprópria segmentação dos respectivos capítulos em seções como Para compreender ofuncionamento da linguagem e Para escrever e falar com adequação, por exemplo, revela-se pouco adequada à perspectiva teórica perseguida, à na medida em que tende a dissociar

A a

nális

e

2. Atividade-meio é aquela que se presta como etapa preparatória para uma outra atividade (atividade-fim). Por exemplo, a leitura de um texto que vai servir de subsídio para uma produção escrita é umaatividade-meio, ao passo que a leitura desse mesmo texto com vistas à reconstrução dos sentidos dotexto e à sua interpretação é uma atividade-fim.

62

a reflexão do uso. A seção Construindo o conceito também se distancia, parcialmente, desuas intenções declaradas: apesar do nome, ela não se caracteriza por conduzir o alunoa uma reflexão, mas a dirigir mais didática e metodicamente a exposição da matéria.

Por outro lado, com exceção do tratamento atribuído a alguns fenômenos denatureza discursiva, as categorias descritas seguem as postulações da gramáticatradicional, nem sempre articulando uma e outra abordagens. Assim, a“indeterminação do sujeito” como uma estratégia argumentativa, por exemplo, nãoé mencionada no estudo de Tipos de sujeito.

O livro não discute, explicitamente, o conceito de norma, mas reconhece a variação lingüísticae trabalha com ela. As noções de “certo” e “errado” são relativizadas, e o livro mobiliza anoção de adequação, assim como a oposição “norma padrão versus não-padrão” para tratarda relação entre língua e sociedade. Essa temática perpassa toda a obra, especialmente apartir de situações e atividades envolvendo a relação oralidade-escrita.

Os exercícios recorrem a práticas tradicionais de reconhecimento de classes e funções,preenchimento de lacunas, substituição de palavras por seus “sinônimos”, etc.Entretanto, colaboram para a compreensão do conteúdo apresentado e agregaminformações importantes para a apreensão do conhecimento lingüístico trabalhado,permitindo a apropriação adequada das regularidades em jogo.

A maior parte do volume é consagrada ao estudo da literatura. A matéria é tratadanuma perspectiva tradicional, pautada pela evolução cronológica dos estilos de épocadas literaturas portuguesa e brasileira, figurando, em segundo plano, a experiência deleitura do texto literário.

Quanto aos capítulos, há os que introduzem o estudo de um movimento literário e osque focalizam os autores. Ambos os tipos se iniciam com a reprodução de uma obradas artes plásticas, produzida no período estudado, seguida de um texto sobre omovimento literário em questão, no Brasil ou em Portugal, ou de um texto sobre ageração à qual pertencem alguns dos autores.

A seguir, a seção Leitura apresenta fragmentos de originais, muitas vezes introduzidospor um resumo do enredo; outras vezes, são reproduzidos textos completos, comopoemas e contos. Após o texto, há questões de interpretação e outras que focalizamas características do movimento estudado, detectáveis no texto. Permeando essasseções, encontram-se quadros com informações suplementares, curiosidades doperíodo, indicações de filmes, livros, CDs; na maior parte das vezes, apontam relaçõesentre o movimento estudado e a cultura brasileira atual.Muitos dos textos apresentados são de grande qualidade. Em alguns momentos, olivro inova na escolha, com pertinência e acerto. É o caso, por exemplo, do trechodo Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, e do conto, na íntegra, de Rachel deQueiroz, “Tragédia carioca”, este último em capítulo voltado para a Produção de Texto.

A a

nális

e

63

Em boxes, há também indicações interessantes, como O Chalaça, de JoséRoberto Torero, ou O Matador, de Patrícia Melo. Sempre que possível, o textofigura na íntegra. Quando é o caso de fragmento, este é introduzido por meio deum resumo da obra.

Outro elemento aspecto que favorece a formação do aluno como leitor literário sãoos exercícios, nem sempre na seção específica de literatura, que exploram o papeldos recursos estilísticos ou a relevância da organização do texto para a apreensãode suas possibilidades significativas. Um bom exemplo são as questões propostaspara a letra da canção “Fora de si”, de Arnaldo Antunes, para ilustrar o papel daconcordância na construção do texto.

O livro valoriza outros modos de manifestação literária, como a música popular, assimcomo outras artes, coerente com seu projeto de relacionar a história literária com a culturaatual. Assim, iniciando todos os capítulos de literatura, bem como cada unidade, há umaobra visual; na seção Intervalo, há uma obra visual e a sua análise.

Além disso, letras de música popular são analisadas nos capítulos os maisdiversos (não apenas nos de literatura) e, às vezes, comparadas com a produçãolírica de algum autor.

No interior dos capítulos, os quadros informativos e as reproduções, coloridos, fazemreferências a filmes, peças de teatro, CDs de música que recriam, adaptam ou dialogamcom as obras literárias do período estudado. Assim, no capítulo sobre o Classicismo,uma foto reproduz cena do filme A Conquista do Paraíso, de Ridley Scott; no capítulosobre o Romantismo, um quadro comenta o grotesco e o sublime e remete ao musicalA Bela e a Fera; no capítulo sobre Modernismo em Portugal, um quadro comenta oCD Mensagem, com poemas da obra homônima de Fernando Pessoa musicados porexpoentes da MPB.

O livro do professor funciona como apoio efetivo ao uso do livro do aluno e nãoapenas como um livro de respostas. Apresenta, em linguagem acessível, a teoria dosgêneros discursivos que o fundamenta; traz uma proposta de avaliação dos textosproduzidos pelos alunos; outra, de trabalho com o jornal em sala de aula; sugestõespara abertura dos capítulos; e referências bibliográficas para o professor.

A a

nális

e

64

Textos:Leituras e Escritas

Ulisses Infante

EditoraScipione LTDA.

919036

Síntese avaliativa

Organizada como um manual1, a obra se equilibra entre a fidelidade à tradição e aadesão a propostas mais recentes de ensino de língua. Assim, a gramática tradicionaltoma boa parte do espaço reservado aos conhecimentos lingüísticos, e a sucessãodos estilos de época organiza o ensino da literatura. Em contrapartida, a leitura não étratada isoladamente, está sempre articulada à produção de textos e aos demaiscomponentes. A formulação das atividades desses dois componentes recorre a teoriasdo texto e, em menor escala, do discurso.Além disso, o tratamento dado à literatura abre espaço para a experiência direta doaluno com a singularidade do texto e se preocupa com a formação do leitor literário.

Textos dos mais diversos gêneros e tipos, com predominância dos literários, dãosuporte ao ensino em todos os componentes; em geral, vêm acompanhados deatividades de compreensão e análise. O trabalho com a produção de textos focalizagêneros diversos ____ artigos jornalísticos, cartas, entre outros ____ e enfatiza oconhecimento e a produção de algumas estruturas tipológicas textuais ____ narração,descrição e, mais enfaticamente, dissertação/argumentação. O ensino dacompreensão e da produção da linguagem oral explora diversos gêneros orais formaise públicos, com destaque para a exposição oral.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

65

A obra compõe-se de 32 Unidades, estruturadas nas seguintes seções regulares:

• Para Ler a Literatura tende a organizar-se de acordo com um padrão que consisteem dividir a matéria a ser tratada em diferentes tópicos, como história e conceituaçãodo estilo de época, autores, obras. Na seqüência das exposições consagradas acada um desses tópicos, alternam-se três subseções: Leitura e análise, que exploraa compreensão e a análise de um texto relacionado ao tema/autor estudado; Leituracomplementar, com sugestões de leitura que ampliam o assunto tratado; e Atividadede Pesquisa, em que o aluno é encaminhado a consultar outros materiais que tratemdo tema/estilo em questão. Essas duas últimas restringem-se a algumas unidades;

• Do Texto ao texto, dedicada à leitura e à produção escrita, assim como à linguagemoral, estrutura-se com base em conteúdos relacionados à tipologia e ao funcionamentodo texto. Seu primeiro passo é a abordagem do tópico em questão tal comomanifestado num texto (autoral ou não), seguindo-se a explicitação de conceitos(características de determinado tipo de texto; teorização sobre leitura e produção;especificidades do texto literário etc.) e atividades de escrita ou produção oral quemobilizam esses conceitos na perspectiva do uso. Esse movimento se evidencia nassubseções Leitura e análise, Propostas de produção de texto e Prática de línguafalada, que se alternam na estrutura da seção;

• Gramática aplicada aos textos, em geral, explora noções e categorias de gramáticanormativa; e, em alguns momentos, estabelece relações com os outros componentes,explicitadas em uma caixa de texto específica. Apresenta subseções denominadasde Atividades (sobre tópicos da gramática) e textos para Leitura e análise (onde sãoexploradas, além da estrutura e alguns sentidos do texto, questões de metalinguagem).

Parte do processo de ensino de todos os demais componentes, a leitura também éencarada como atividade-fim2. As atividades de compreensão e interpretação, nasdiferentes subseções Leitura e análise, em especial quando inseridas na seção Dotexto ao texto, em geral estão atentas à singularidade do texto e colaboram para areconstrução de seus sentidos, assim como para o desenvolvimento da proficiênciaem leitura do aluno.

Com freqüência, as questões focalizam, além da compreensão global e das estratégiasinferenciais, aspectos estruturais relacionados à tipologia, mecanismos de coesãoe coerência, recursos de estilo, etc. O contexto de produção é resgatado,principalmente, nas atividades de leitura de textos literários, e as apreciaçõesvalorativas se evidenciam nas questões que orientam o aluno para se posicionar oupara explicar/justificar uma opinião.

A o

bra

A a

nális

e

2. Sobre a distinção entre “atividade-meio” e “atividade-fim”, ver a nota 2 da página 61

66

Em função do papel reservado à leitura na proposta pedagógica do livro, todas asseções de cada unidade utilizam textos cuja exploração faz parte das estratégias deensino do componente em questão. Assim, constitui-se uma antologia ao mesmotempo bastante representativa do que o mundo da escrita pode oferecer ao aluno doensino médio e capaz de propiciar-lhe uma boa experiência de leitura, especialmentese as indicações complementares forem exploradas pelo professor.

Fazem-se presentes os mais variados gêneros e tipos de textos, tanto os mais canônicosdas literaturas brasileira e portuguesa, como os de mais ampla circulação social,destacando-se, entre eles, os gêneros escritos de interesse próprio das culturas juvenis.

O trabalho com a produção de textos focaliza gêneros diversos ____ artigos jornalísticos,cartas, crônicas, anúncios, editais ____ e enfatiza o conhecimento e a produção dealgumas estruturas tipológicas ____ narração, descrição e, mais enfaticamente,dissertação/argumentação.

Com isso, destacam-se os mecanismos e estratégias argumentativas, com base emgêneros de textos que priorizam a argumentação. Os mecanismos de coesão ecoerência, além de tratados a partir dos textos, são explicados em um capítuloespecífico, com sucessivas retomadas ao longo do livro.

As propostas de escrita criam situações de produção em que se explicitam ou,mais freqüentemente, vêm implicados, os destinatários e os objetivos visados.As atividades de leitura que desencadeiam o processo de produção fornecemsubsídios para a elaboração do tema a ser explorado e oferecem referênciastipológicas. As diferentes etapas da escrita, entretanto, não estão explicitamentecontempladas e pouco aparecem as recomendações para planejamento, revisãoe reelaboração do texto.

A compreensão e a produção de textos orais aparecem, em primeiro lugar, comoatividades-meio, na forma de comentários, discussões e de outras propostas,integradas às estratégias de ensino dos diferentes tipos de conteúdo. Mas o ensinoda linguagem oral se faz, também, por meio de uma proposta específica, a cargodas seções denominadas Prática de língua falada, que exploram diversos gênerosorais formais e públicos, como declamação de poemas, encenação de peça de teatro,discurso de formatura, discurso político, debate, exposição oral e programa de televisãodirigido ao público jovem.

Nesse trabalho são feitas recomendações acerca do grau de formalidade a serconsiderado, levando o aluno a verificar que, nos gêneros formais e públicos, alinguagem a ser privilegiada é a variedade culta. Além disso, o trabalho de estabelecerrelação entre linguagem oral e escrita e de identificar relações de diferenças esemelhanças entre as variedades da linguagem oral, embora se apresente aindarestrito, é tratado em algumas propostas.

A a

nális

e

67

Quando explorados na seção Do texto ao texto, os conhecimentos lingüísticosconsideram aspectos estruturais do texto e, em menor grau, do discurso. Entretanto,em Gramática aplicada aos textos, a seção específica para esse componente é agramática tradicional que está em foco.

O livro distingue descrição e prescrição, situando, adequadamente, as duasperspectivas para o estudo da gramática. O estudo da norma-padrão se faz nocontexto de uma discussão sobre variação lingüística. O livro reconhece o traçode discriminação presente na expressão “língua culta” que, segundo ele, pressupõeque as outras variedades seriam “incultas”; assim, as noções de “certo” e “errado”são relativizadas.

Entretanto, o padrão culto é ensinado, tomando-se como referência um padrão delíngua sócio-historicamente constituído. Como o nome da seção indica, há umapreocupação em abordar noções e categorias gramaticais na perspectiva textual,mas o tratamento dado à matéria é, predominantemente, teórico-expositivo.

Em Gramática aplicada aos textos, boa parte das atividades é de exercícios baseadosem frases isoladas, mas, com freqüência, a subseção Leitura e análise traz atividadesque consideram o conteúdo estudado na perspectiva de um texto.

Também na seção Do Texto ao Texto há um ensaio de gramática aplicada, com ofenômeno abordado sendo considerado num co-texto determinado. Em apenas doismomentos propõem-se, formalmente, atividades de pesquisa envolvendoconhecimento lingüístico, embora algumas investigações mais simples sejamsugeridas em certos momentos.

No que diz respeito à literatura, o livro organiza a matéria tal como reza a tradição,ou seja, com base na sucessão cronológica dos estilos de época, seus autores eobras. Entretanto, trabalha adequadamente as ferramentas teóricas e efetua análisesbem conduzidas.

É o que se pode verificar no capítulo Para ler a poesia, da Unidade 4, em que osconceitos de ritmo e melodia vêm definidos de forma sucinta e exata, apoiando-se,corretamente, nas noções de cadência, estrofe e rima, e desembocando namultiplicidade de sentidos que o poema pode sugerir.

As informações sobre os gêneros da história literária e dos estilos são sistemáticas ebem articuladas entre si, numa progressão ordenada dos conhecimentos. O recurso àetimologia colabora para o esclarecimento dos conceitos, e a análise de textos, quedesenvolvem potencialidades expressivas, colabora no sentido de propiciar, aoestudante, uma consciência mais nítida do funcionamento da linguagem. O livro articulao estudo sistemático das literaturas brasileira e portuguesa, assim como a teoria e aprática da linguagem.

A a

nális

e

68

A seção Leitura: interação propõe questões que exigem, do aluno, a leitura e, muitasvezes, a releitura atenta dos textos. O modo como são formuladas, aberto e preciso,estimula a participação criativa do aluno. Tanto nos textos mais afastados no tempoquanto nos contemporâneos, o autor preocupa-se em ampliar a compreensão do aluno,fornecendo o sentido de vocábulos menos familiares, bem como decifrando suas alusões.

Os alunos são instigados, com freqüência, a ampliar suas leituras, como indica otexto, na página 627: “A obra poética de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles,Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius de Moraes não é difícil de ser encontrada. Oque ocorre é que alguns desses poetas não são de fácil leitura. Por isso, sempre quepossível, recorra a edições especialmente preparadas para estudantes, como as dasérie Literatura Comentada. Drummond e Cecília devem ser lidos sempre. Leia tudo oque cair em suas mãos. Murilo e Jorge devem ser lidos com mais vagar – talvez sejainteressante deixá-los para um momento posterior de sua vida. Já Vinícius é umaleitura fácil – além de ser acessível também sob a forma de compositor popular”.

Muitos dos textos selecionados coincidem com as escolhas tradicionais, muitas vezesindispensáveis. Mas, tanto pela quantidade quanto pela variedade, apresentam-se, aoestudante, exemplares representativos, mas poucos conhecidos, de autores mais emenos consagrados. Além disso, há muitas e motivadoras indicações na subseçãoLeitura complementar, inclusive com referências a edições mais facilmente encontráveise de preços mais acessíveis: “as edições de Portugal, infelizmente, (...) não costumamchegar ao Brasil com preços atraentes”. Apresentam-se alternativas de compra emsebo e de consulta a sítios na Internet e bibliotecas.

Destaca-se, no livro, a articulação que se procura estabelecer entre o estudo da literaturae as artes plásticas: ilustrações bem escolhidas, acompanhadas de notas elucidativas,aprofundam a informação histórico-literária, como se pode ver no caso em que umpoema de Alberto Caeiro é apresentado sobre o fundo de um quadro de Aldemir Martins.Referências à música e ao cinema vêm, também, auxiliar o estudante na conquista dacompetência comunicativa e da fruição estética.

O livro do professor, denominado Assessoria Pedagógica, fornece informaçõesrelevantes para o trabalho em sala de aula e explica, ao docente, qual a base dotrabalho a ser desenvolvido no livro didático, não se constituindo apenas num conjuntode respostas a exercícios. Entretanto, não se explicitam os pressupostos teórico-metodológicos da obra.

A a

nális

e

69

Ane

xo

70

71

FICHAS DE AVALIAÇÃO (*)

Ficha 1

1. CONHECIMENTOS LINGÜÍSTICOS

Critérios Relativos à Reflexão sobre a Linguageme à construção de Conhecimentos Lingüísticos

Proposta geral do Livro

1. De modo geral, o que este livro propõe para a construção dos conhecimentoslingüísticos do aluno?

• nada de novo• um apego excessivo à tradição normativa• um equilíbrio entre tradição e novidade• uma proposta muito inovadora• outras possibilidades

2. A sistematização dos conhecimentos lingüísticos proposta no livro permite construiruma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, em especial, sobrea língua portuguesa?

3. Os conhecimentos lingüísticos construídos colaboram para o desenvolvimento daproficiência em leitura e escrita, isto é, a reflexão construída possibilita um uso maisconsciente dos recursos da língua?

4. Existe alguma tentativa de articulação entre o trabalho com conhecimentoslingüísticos, as propostas de leitura e produção de texto e o ensino de literaturapresentes no livro? Em caso afirmativo, como ela está organizada?

Gramática e metalinguagem

1. Como a gramática é considerada?

• como o próprio sistema de regras de funcionamento da língua• como um conjunto de regras normatizadas a serem seguidas em determinadasinstâncias socialmente privilegiadas de uso da língua• outras possibilidades

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

(*). Os critérios específicos da área de Língua Portuguesa, que nortearam a avaliação das obras,estão contemplados nas fichas aqui apresantadas.

72

2. A gramática normativa e a gramática descritiva são apresentadas segundo afuncionalidade e a relevância específicas de cada um desses instrumentais de estudoda língua?

3. Há relevância no emprego de metalinguagem, isto é, a nomenclatura gramaticalcontribui para a apreensão do fenômeno estudado? Há uma economia de conceitos/definições ou, ao contrário, um excesso de detalhamento das categorias esubcategorias?

4. A metalinguagem empregada constitui um fim em si mesma ou é apresentada comoum recurso que facilita a compreensão do fato lingüístico estudado?

5. Há alguma preocupação no livro em discutir os conceitos/definições consagradosna tradição gramatical ou estes são tomados como pontos pacíficos?

6. O livro recorre a algum aparato teórico diferente do da tradição normativa? Propõeterminologia alternativa? Neste caso, tais opções estão explicitadas no manual doprofessor?

7. Qual concepção de língua adotada no livro?

• reduz-se à de “gramática”• compreende as dimensões discursivo-pragmática, semântica e textual da atividade delinguagem• outras possibilidades

8. A concepção de língua se explicita coerentemente ao longo da obra?

Norma, variação e mudança

1. O livro discute o conceito de norma lingüística? Sob que perspectiva?

2. Como são tratadas as noções de “certo” e “errado”?

• são relativizadas, tomando-se como referência um padrão de língua sócio-historicamente constituído• são tidas como absolutas e definitivas• outras possibilidades

3. Quanto ao uso da língua:

• As formas lingüísticas estudadas correspondem à realidade atual do portuguêsbrasileiro contemporâneo, falado e escrito?Fi

chas

de

Líng

ua P

ortu

gues

a

73

• Insiste-se em fazer o aluno apreender usos pouco freqüentes ou francamenteobsoletos?

• As exceções listadas são dignas de atenção ou constituem formas já desaparecidasdo uso contemporâneo?

4. Quanto ao fenômeno da variação lingüística:

• A variação é vista como constitutiva da natureza das línguas humanas ou, ao contrário,como um “problema”?• Evita-se a sinonímia equivocada variação = erro ou incorre-se na prática tradicionalde mostrar as variantes apenas para reforçar a idéia de que só uma delas é a “certa”?• O livro se limita às variantes prosódicas (“sotaque”) e lexicais (“aipim”, “mandioca”,“macaxeira”)?• Como é tratada no livro a variação sintática?

5. Quanto ao fenômeno da mudança lingüística:

• Há no livro alguma tentativa de abordá-lo? Caso afirmativo, sob que perspectiva?• Mostra-se de algum modo que o estado atual da língua é resultante de um longoprocesso de transformações e que este processo não se interrompeu, mas prosseguevivo na língua atual?• Procura-se mostrar que a mudança não é para “pior” nem para “melhor”, mas que ésimplesmente mudança?

Relação fala/escrita

1. Há algum reconhecimento das interpenetrações de fala e escrita?

2. Recorre-se à dicotomia tradicional, que considera fala e escrita isoladamente,com uma supervalorização da escrita mais monitorada e uma desvalorização dalíngua falada?

3. Há alguma contribuição para o desenvolvimento da linguagem oral pelo usuário do livro?

Exercícios e atividades

1. Permitem uma compreensão clara do fenômeno lingüístico estudado?

2. Permitem a apropriação adequada das regularidades em jogo?Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

74

3. Recorrem às práticas tradicionais de puro reconhecimento e classificação de classese/ou funções de palavras, preenchimento de lacunas, substituição de palavras porseus “sinônimos” etc.?

4. Propõem algum tipo de prática investigativa, de pesquisa, capaz de levar o aprendiza verificar a situação real, na língua contemporânea, do fenômeno estudado?

5. Visam a apreensão da regularidade gramatical analisada (reflexão lingüística) oua apropriação dos termos técnicos usados para descrevê-la (transmissão deconteúdos gramaticais)?

6. Como se faz a abordagem das regularidades da língua?

• com recurso a textos autênticos em que os fenômenos ocorrem• por meio de uma apresentação categórica, exemplificada em frases descontextualizadas• outras possibilidades

7. As atividades:

• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?• apresentam variedade e diversidade de propostas?• são formuladas com clareza?• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos eformas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos ao Ensino da Leitura

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de leitura?

• nada de específico• uma simples coletânea de textos, a ser livremente explorada pelo professor• uma coletânea de textos seguidos de atividades de compreensão e interpretação• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a leitura é tratada,nas principais seções em que a obra se divide (Produção de textos, Literatura,Conhecimentos lingüísticos)?

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

75

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida para as demandas escolares e,portanto, apenas mobilizada pelas demais atividades do livro?• apoio/subsídio para atividades de produção e/ou de conhecimentos lingüísticos?• outras possibilidades

3. Há algum tipo de articulação entre a proposta para o ensino de leitura e a dosdemais componentes, em especial a de produção de textos?

Critérios Relativos ao Ensino da Produção de Textos

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de produção de textos?

• nada de específico?• um conjunto de temas, com pouca ou nenhuma orientação para o aluno?• uma seleção de propostas de diferentes concursos vestibulares (com ou sem algumtipo de comentário e/ou orientação para o aluno)?• uma proposta específica, fundamentada numa concepção de escrita explicitada noManual do Professor, com orientação apropriada para professor e para o aluno?• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a escrita é tratadanas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades deoutra natureza eventualmente recorrem?• apoio/subsídio para atividades de conhecimentos lingüísticos?• outras possibilidades

3. A proposta para o ensino de produção de textos promove algum tipo de articulaçãocom os demais componentes, em especial a leitura?

CRITÉRIOS RELATIVOS AO MANUAL DO PROFESSOR

1. Explicita os pressupostos teórico-metodológicos?

2. Apresenta os pressupostos teórico-metodológicos sem erros conceituais ou induçãoa erros?

3. Há coerência entre os pressupostos explicitados e o conteúdo do livro?Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

76

Imagens1. Apresentação, quando necessário, de títulos, legendas e créditos2. Auxílio das imagens na compreensão dos textos escritos3. Ampliação e enriquecimento, através das imagens,dos potenciais de leitura4. Ausência de preconceitos nas ilustrações5. Apresentação a diferentes linguagens visuais

Funcionalidade e correção1 Funcionalidade do sumário na localização das informações2 Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos, etc.),evidenciada por meio de recursos gráficos3 Impressão e revisão isentas de erros graves

4. Existe explicitação dos objetivos das atividades?5. Oferece sugestões de leituras complementares para o professor, com referênciasbibliográficas completas?

6. Apresenta clareza e correção na formulação das orientações para o professor?

CRITÉRIOS RELATIVOS AOS ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

SIM NÃO

SIM NÃO

2. Critérios Relativos ao Ensino da Leitura

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de leitura?

• nada de específico• uma simples coletânea de textos, a ser livremente explorada pelo professor• uma coletânea de textos seguidos de atividades de compreensão e interpretação• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a leitura é tratada,nas principais seções em que a obra se divide (Produção de textos, Literatura,Conhecimentos lingüísticos)?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida para as demandas escolares e,portanto, apenas mobilizada pelas demais atividades do livro?

Ficha 2

77

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa • apoio/subsídio para atividades de produção e/ou de conhecimentos lingüísticos?

• outras possibilidades

3. Há algum tipo de articulação entre a proposta para o ensino de leitura e a dosdemais componentes, em especial a de produção de textos?

Questões relativas à seleção de textos

4. A coletânea apresentada pelo livro justifica-se pela qualidade da experiência deleitura que os textos possam propiciar, assim como por seu significado social oucultural?

OBS. 1: Para responder, faça um levantamento exaustivo do material efetivamentedestinado ao ensino de leitura apresentado pelo livro, identificando as característicasprincipais de cada texto (gênero, tipologia, autenticidade...).OBS. 2: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliaçãoda questão.

• a seleção é representativa do que a cultura da escrita oferece e/ou exige do jovem edo adulto de escolaridade média, em termos de experiência de leitura?• os gêneros e tipos selecionados estão associados a esferas de uso socialmenterelevantes (jornalística, científica, literária etc.), do ponto de vista do jovem e do adultode escolaridade média?• há diversidade significativa de gêneros discursivos e de tipos de textos?• a produção escrita própria das culturas juvenis está, de alguma forma, contemplada?• os textos integrais predominam?• os fragmentos eventualmente presentes têm unidade de sentido?• os textos originais e autênticos (autorais ou não) constituem maioria absoluta?• a apresentação dos textos incentiva professores e alunos a buscarem textos einformações fora dos limites do próprio livro?

Questões relativas às atividades

5. As atividades de compreensão e interpretação têm como objetivo o desenvolvimentoda proficiência em leitura e a formação do leitor em diversos tipos de letramento?

OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliaçãoda questão.

• encaram a leitura como uma situação efetiva de interlocução leitor/autor?• situam a prática de leitura em seu universo de uso social?

78

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa • resgatam o contexto de produção do texto explorado?

• definem objetivos para a leitura proposta?• colaboram para a (re)construção dos sentidos do texto pelo leitor, mobilizando edesenvolvendo capacidades leitoras envolvidas na formação do leitor crítico?• exploram as propriedades lingüísticas, discursivas e textuais em jogo, subsidiandoesse trabalho com os instrumentos metodológicos apropriados?• desenvolvem estratégias e capacidades inerentes ao nível de proficiência que sepretende levar o aluno a atingir e ao gênero ou tipo de texto trabalhado?• exigem apreciações e valorações afetivas, estéticas, éticas, políticas e ideológicasenvolvidas na formação do leitor crítico?• exploram a intertextualidade e a interdiscursividade entre diferentes textos elinguagens, em diversas mídias?• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?• apresentam variedade e diversidade de propostas?• são formuladas com clareza ?• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipose formas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos ao Ensino da Produção de Textos

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de produção de textos?

• nada de específico?• um conjunto de temas, com pouca ou nenhuma orientação para o aluno?• uma seleção de propostas de diferentes concursos vestibulares (com ou semalgum tipo de comentário e/ou orientação para o aluno)?• uma proposta específica, fundamentada numa concepção de escrita explicitadano Manual do Professor, com orientação apropriada para professor e para o aluno?• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a escrita étratada nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades deoutra natureza eventualmente recorrem?• apoio/subsídio para atividades de conhecimentos lingüísticos?• outras possibilidades

3. A proposta para o ensino de produção de textos promove algum tipo de articulaçãocom os demais componentes, em especial a leitura?

79

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa Questões relativas às atividades

4. As atividades trabalham a escrita como processo?OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliaçãoda questão.

• estabelecem ou discutem objetivos plausíveis para as propostas?• definem — ou levam os alunos a definir — condições adequadas de produção?• exploram a adequação entre essas condições de produção e os gêneros e/ou tiposde discurso compatíveis?• exploram a adequação entre essas condições de produção e os níveis de linguagemcompatíveis?• contemplam as diferentes etapas envolvidas na escrita (planejamento, escrita,avaliação/revisão, reescrita)?

5. As propostas colaboram para o desenvolvimento da proficiência em escrita?OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliaçãoda questão.

• exploram a produção dos mais diversos gêneros e tipos de texto, contemplandosuas especificidades?• fornecem subsídios para a elaboração temática dos textos?• apresentam, discutem e orientam para o uso os mecanismos de coesão e coerênciaimplicados nos gêneros e tipos de textos propostos?• apresentam, discutem e orientam para o uso os aspectos relativos à norma cultapertinentes para a proposta?• apresentam, discutem e orientam para o uso as estratégias e os mecanismos própriosde gêneros argumentativos e de textos de opinião?• propõem referências, exemplos e/ou “modelos” dos gêneros e tipos de texto quepretendem ensinar o aluno a produzir?• desenvolvem as capacidades de produção inerentes ao nível de proficiência que sepretende levar o aluno a atingir?• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?• apresentam variedade e diversidade de propostas?• são formuladas com clareza ?• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos eformas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

80

Critérios Relativos ao Ensino da Linguagem Oral

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de linguagem oral?

• nada de específico• informações e conceitos sobre a linguagem oral, veiculados em diferentes seções,em especial as de conhecimentos lingüísticos• uma proposta específica, voltada para o uso e fundamentada numa concepçãode linguagem oral explicitada no Livro do Professor, com orientação apropriadapara professor e para o aluno• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a linguagemoral é tratada nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades deoutra natureza eventualmente recorrem (debates, discussões em grupo, seminários)• apoio/subsídio para outras atividades, em especial leitura e produção de textos• outras possibilidades

3. A proposta para o ensino de linguagem oral promove algum tipo de articulaçãocom os demais componentes, em especial a leitura e a produção de textos?

Questões relativas às atividades

1. As atividades colaboram para o desenvolvimento da linguagem oral pelo aluno?

OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliaçãoda questão.

• favorecem o uso da língua falada na interação em sala de aula?• exploram as diferenças e semelhanças entre as modalidades oral e escrita da língua?• exploram as diferenças e semelhanças entre as variedades da linguagem oral?• exploram gêneros orais diversos?• exploram os traços da língua padrão relacionados aos gêneros formais/públicosda linguagem oral?• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?• apresentam variedade e diversidade de propostas?• são formuladas com clareza ?Fi

chas

de

Líng

ua P

ortu

gues

a

81

• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos eformas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos à Reflexão sobre a Linguageme à construção de Conhecimentos Lingüísticos

Proposta geral do Livro

1. De modo geral, o que este livro propõe para a construção dos conhecimentoslingüísticos do aluno?

• nada de novo• um apego excessivo à tradição normativa• um equilíbrio entre tradição e novidade• uma proposta muito inovadora• outras possibilidades

2. A sistematização dos conhecimentos lingüísticos proposta no livro permite construiruma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, em especial, sobrea língua portuguesa?

3. Os conhecimentos lingüísticos construídos colaboram para o desenvolvimento daproficiência em leitura e escrita, isto é, a reflexão construída possibilita um uso maisconsciente dos recursos da língua?

4. Existe alguma tentativa de articulação entre o trabalho com conhecimentoslingüísticos, as propostas de leitura e produção de texto e o ensino de literaturapresentes no livro? Em caso afirmativo, como ela está organizada?

Critérios Relativos ao Ensino da Literatura

Proposta geral do Livro

1. Considerando os Princípios e Critérios, o que este livro propõe para o ensino daliteratura constitui uma proposta:

• inovadora, bem formulada e coesa;• inovadora, mas com problemas de formulação e consistência;• pouco inovadora, mas bem sustentada e coesa;• pouco inovadora e com problemas de formulação e falta de consistência;• outras possibilidades

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

82

2. A concepção de ensino da literatura, sobre a qual se baseia o livro,

• dá prioridade à experiência de leitura do texto literário?• toma-o como instrumento para a veiculação de informações externas a ele (histórialiterária, estilos de época, gênero, autor etc.)?3. Supondo que o livro tenda à segunda possibilidade, ainda assim, a experiência daleitura (modo de exploração do texto, análise) está minimamente contemplada ecoerentemente sustentada de modo a favorecer a constituição gradual do aluno emleitor literário?

CRITÉRIOS RELATIVOS AO MANUAL DO PROFESSOR

1. Explicita os pressupostos teórico-metodológicos?

2. Apresenta os pressupostos teórico-metodológicos sem erros conceituais ou induçãoa erros?

3. Há coerência entre os pressupostos explicitados e o conteúdo do livro?

4. Existe explicitação dos objetivos das atividades?

5. Oferece sugestões de leituras complementares para o professor, com referênciasbibliográficas completas?

6. Apresenta clareza e correção na formulação das orientações para o professor?

CRITÉRIOS RELATIVOS AOS ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS

Imagens7. Apresentação, quando necessário, de títulos, legendas e créditos8. Auxílio das imagens na compreensão dos textos escritos9. Ampliação e enriquecimento, através das imagens,dos potenciais de leitura10. Ausência de preconceitos nas ilustrações11. Apresentação a diferentes linguagens visuais

Funcionalidade e correção4. Funcionalidade do sumário na localização das informações5. Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos, etc.),evidenciada por meio de recursos gráficos6. Impressão e revisão isentas de erros graves

SIM NÃO

SIM NÃO

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

83

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa 3. Critérios Relativos ao Ensino da Literatura

Proposta geral do livro

1. Considerando os Princípios e Critérios, o que este livro propõe para o ensino daliteratura constitui uma proposta:

• inovadora, bem formulada e coesa;• inovadora, mas com problemas de formulação e consistência;• pouco inovadora, mas bem sustentada e coesa;• pouco inovadora e com problemas de formulação e falta de consistência;• outras possibilidades.

2. A concepção de ensino da literatura, sobre a qual se baseia o livro,

• dá prioridade à experiência de leitura do texto literário?• toma-o como instrumento para a veiculação de informações externas a ele (histórialiterária, estilos de época, gênero, autor etc.)?

3. Supondo que o livro tenda à segunda possibilidade acima listada, ainda assim, aexperiência da leitura (modo de exploração do texto, análise) está minimamentecontemplada e coerentemente sustentada de modo a favorecer a constituição gradualdo aluno em leitor literário?

4. A aproximação ao texto proposta pelo livro é suficientemente adequada de modo alevar o aluno a captar sua singularidade e a entender sua relevância na assimilação efixação de conteúdos considerados úteis à formação do aluno enquanto leitor literário?

5. A abordagem textual proposta pelo livro leva em conta o modo de organização dotexto e também a relevância desta para a apreensão das várias possibilidadessignificativas? Leva ela também em conta o papel expressivo dos recursos estilísticosdo texto?

6. Levando em conta que o aluno nem sempre tem familiaridade com o padrão lingüísticodo texto nem com informações contextuais necessárias à sua boa compreensão, háadequação dos procedimentos adotados pelo autor para facilitar essa tarefa?

7. Os conteúdos ligados à história literária, estilos de época, gêneros, formuladospelo livro, estão suficientemente claros, coerentes e adequadamente embasados emocorrências textuais?

8. Ao lado do trabalho sobre a literatura escrita, o livro valoriza também outros modosde manifestações literárias (tradição oral, música popular etc)?

Ficha 3

84

9. Ao término da leitura do livro, o aluno terá tido oportunidade de um eficienteexercício de leitura de textos literários, de compreensão de noções fundamentaisde história e teoria literária, de modo a sentir-se capacitado à leitura de textosmais exigentes e complexos?

10. O livro suscita no aluno a curiosidade de conhecer obras de outras literaturasque não as de língua portuguesa, de modo a começar a integrá-lo num contextocultural mais diferenciado?

11. Como está articulada a seção de literatura com as demais seções do livro(ensino de língua, leitura e produção textual)?

Quanto à seleção dos textos

1. A escolha dos textos contempla sua singularidade, isto é, aquilo que lhes conferesua individualidade e qualidade literária?

2. Os textos escolhidos são relevantes para a formação do aluno enquanto leitorliterário, isto é, leitor capacitado a perceber particularidades do texto e saberrelacioná-los com outros diferentes textos?

3. No caso de o texto apresentado ser um fragmento, ele é suficiente em suasignificação? Sua exploração remete ao contexto da obra de que foi extraído?

Quanto às atividades propostas

1. As atividades propostas reforçam no aluno a necessidade da experiência daleitura direta do texto literário, e insuficiência de substituí-la por procedimentostais como paráfrases, resumos etc.?

2. As atividades propostas exigem do aluno a leitura de textos integrais consideradosfundamentais para uma compreensão organizada da literatura enquanto campo deconhecimento?

3. Os instrumentos para 1 e 2 acima estão claramente formulados na progressãodo livro?

4. As atividades:

• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?

• apresentam variedade e diversidade de propostas?Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa

85

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa • são formuladas com clareza?

• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos eformas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos ao Ensino da Leitura

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de leitura?

• nada de específico• uma simples coletânea de textos, a ser livremente explorada pelo professor• uma coletânea de textos seguidos de atividades de compreensão e interpretação• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a leitura é tratada,nas principais seções em que a obra se divide (Produção de textos, Literatura,Conhecimentos lingüísticos)?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida para as demandas escolares e,portanto, apenas mobilizada pelas demais atividades do livro?• apoio/subsídio para atividades de produção e/ou de conhecimentos lingüísticos?• outras possibilidades

3. Há algum tipo de articulação entre a proposta para o ensino de leitura e a dosdemais componentes, em especial a de produção de textos?

Critérios Relativos ao Ensino da Produção de Textos

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de produção de textos?

• nada de específico?• um conjunto de temas, com pouca ou nenhuma orientação para o aluno?• uma seleção de propostas de diferentes concursos vestibulares (com ou sem algumtipo de comentário e/ou orientação para o aluno)?• uma proposta específica, fundamentada numa concepção de escrita explicitada noManual do Professor, com orientação apropriada para professor e para o aluno?• outras possibilidades

86

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa 2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a escrita é

tratada nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades deoutra natureza eventualmente recorrem?• apoio/subsídio para atividades de conhecimentos lingüísticos?• outras possibilidades

3. A proposta para o ensino de produção de textos promove algum tipo de articulaçãocom os demais componentes, em especial a leitura?

Critérios Relativos à Reflexão sobre a Linguageme à construção de Conhecimentos Lingüísticos

Proposta geral do Livro

1. De modo geral, o que este livro propõe para a construção dos conhecimentoslingüísticos do aluno?

• nada de novo• um apego excessivo à tradição normativa• um equilíbrio entre tradição e novidade• uma proposta muito inovadora• outras possibilidades

2. A sistematização dos conhecimentos lingüísticos proposta no livro permiteconstruir uma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, emespecial, sobre a língua portuguesa?

3. Os conhecimentos lingüísticos construídos colaboram para o desenvolvimentoda proficiência em leitura e escrita, isto é, a reflexão construída possibilita um usomais consciente dos recursos da língua?

4. Existe alguma tentativa de articulação entre o trabalho com conhecimentoslingüísticos, as propostas de leitura e produção de texto e o ensino de literaturapresentes no livro? Em caso afirmativo, como ela está organizada?

CRITÉRIOS RELATIVOS AO MANUAL DO PROFESSOR

1. Explicita os pressupostos teórico-metodológicos?

2. Apresenta os pressupostos teórico-metodológicos sem erros conceituais ouindução a erros?

87

Fich

as d

e Lí

ngua

Por

tugu

esa 3. Há coerência entre os pressupostos explicitados e o conteúdo do livro?

4. Existe explicitação dos objetivos das atividades?

5. Oferece sugestões de leituras complementares para o professor, com referênciasbibliográficas completas?

6. Apresenta clareza e correção na formulação das orientações para o professor?

CRITÉRIOS RELATIVOS AOS ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS

Imagens1. Apresentação, quando necessário, de títulos, legendas e créditos2. Auxílio das imagens na compreensão dos textos escritos3. Ampliação e enriquecimento, através das imagens,dos potenciais de leitura4. Ausência de preconceitos nas ilustrações5. Apresentação a diferentes linguagens visuais

Funcionalidade e correção1. Funcionalidade do sumário na localização das informações2. Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos, etc.),evidenciada por meio de recursos gráficos3. Impressão e revisão isentas de erros graves

SIM NÃO

SIM NÃO

88

89

90

ISBN Nº : 85-296-0035-5

izaias
Retângulo

1

2

Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República Federativa do Brasil

Tarso GenroMinistro de Estado da Educação

Fernando HaddadSecretário-Executivo

3

Catálogo do ProgramaNacional do Livro para

o Ensino Médio

PNLEM / 2006

Matemática

Ministério da EducaçãoSecretaria de Educação Básica

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Brasília2004

4

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)

C357c Catálogo do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio : PNLEM/2005 :Matemática / [coordenação Paulo Figueiredo Lima]. – Brasília : MEC,SEMTEC, FNDE, 2004.80 p. ISBN 85-296-0034-7.

1. Avaliação do livro didático. 2. Conteúdos do livro didático. 3. Matemática. 4. ProgramaNacional do Livro para o Ensino Médio. I. Lima, Paulo Figueiredo. II. Brasil. Secretaria deEducação Média e Tecnológica. III. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

CDU: 371.671.1: 51

Francisco das Chagas FernandesSecretário de Educação Básica

José Henrique Paim FernandesPresidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE

Lucia Helena LodiDiretora de Políticas de Ensino Médio

Daniel Silva BalabanDiretor de Ações Educacionais

Alexandre SerwyCoordenador-Geral dos Programas do Livro

Francisco Potiguara Cavalcante JúniorCoordenador-Geral de Políticas de Ensino Médio

Magda Rejane Cordeiro de Araujo SoaresCoordenadora-Geral de Assistência aos Sistemas de Ensino

Equipe Técnica - SEB/DPEMLunalva da Conceição GomesMaria Marismene GonzagaMirna França da Silva de Araujo

Equipe Técnica - FNDENeuza Helena PortugalSilvério Morais da CruzSônia Schwartz Coelho

Projeto Gráfico e DiagramaçãoDaniel Tavares

Ministério da EducaçãoSecretaria de Educação Média e TecnológicaEsplanada dos Ministérios - Bloco L - 4º andar - sala 425Brasília-DF - 70047-900E-mail: [email protected]

5

Sum

ário

Carta ao Professor .......................................................................................... 7

Apresentação .................................................................................................. 8

Critérios Comuns ............................................................................................ 10

Orientações para Escolha ............................................................................. 13

Resenhas de Matemática .............................................................................. 15Equipe Responsável ................................................................................ 16

Matemática ........................................................................................... 17(Adilson Longen)Matemática ........................................................................................... 22(Edwaldo Roque Bianchini / Herval Paccola)Matemática ........................................................................................... 26(Luiz Roberto Dante)Matemática ........................................................................................... 31(Manoel Rodrigues Paiva)Matemática ........................................................................................... 36(Maria José Couto de Vasconcelos Zampirolo / Maria Terezinha Scordamaglio /Suzana Laino Cândido)Matemática ............................................................................................. 41(Oscar Augusto / Guelli Neto)Matemática Ensino Médio ...................................................................... 46(Kátia Cristina Stocco Smole / Maria Ignez de Sousa Vieira /Rokusaburo Kiyukawa)Matemática Aula por Aula ........................................................................ 50(Cláudio Xavier da Silva / Benigno Barreto Filho)Matemática Ciência e Aplicações ............................................................ 55(Gelson Iezzi / Osvaldo Dolce / Hygino Hugueros Domingues / Roberto Périgo /David Mauro Degenszajin / Nilze Silveira de Almeida)Matemática no Ensino Médio ................................................................... 60(Márcio Cintra Goulart)Matemática: Uma Atividade Humana ......................................................... 64(Adilson Longen)

Anexos ............................................................................................................. 69(Critérios Específicos de Matemática) ............................................................. 71(Ficha de Matemática) ...................................................................................... 79

Referências ................................................................................................... 83

6

7

Car

ta a

o P

rofe

ssor

Prezados Professor e Professora,

Longe de ser a única possibilidade de trabalho, o livro didático é uminstrumento que, utilizado como complemento do projeto político-pedagógico da escola, certamente contribuirá para promover a reflexãoe a autonomia dos educandos, assegurando-lhes aprendizagem efetivae contribuindo para fazer deles cidadãos participativos. Para tanto, eledeve ser isento de erros conceituais ou preconceitos, deve incentivar odebate e estimular o trabalho do professor dentro e fora da sala de aula.É importante que sua proposta seja flexível, permitindo sua utilizaçãoem diversos contextos socioculturais e regionais.

É com essa concepção que o Ministério da Educação, por intermédioda Secretaria de Educação Básica – SEB, em parceria com o FundoNacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, está implantandoo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio / PNLEM.

O Catálogo dos Livros do Ensino Médio, que chega agora até sua escola,contém a síntese das obras de Língua Portuguesa e de Matemáticaavaliadas e aprovadas, que serão escolhidas por vocês, professores,como um material de apoio à prática pedagógica.

Assim, esperamos que façam uma boa escolha, coerente com aproposta pedagógica da escola e que represente o consenso entretodos os profissionais envolvidos neste processo.

8

Apr

esen

taçã

o A AVALIAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

O Ministério da Educação distribui, desde 1985, livros didáticos aos alunos matriculadosno ensino fundamental da rede pública. Em sua proposta inicial, o Programa Nacionaldo Livro Didático/PNLD previa, apenas, a escolha dos livros pelo professor, com aconseqüente distribuição pelo MEC.

A partir de 1993, evidenciou-se a necessidade de uma análise do material distribuído,com vistas a garantir a qualidade desses livros e, por conseguinte, a qualidade doensino nas escolas públicas brasileiras.

Em 1995, pela primeira vez, os professores passaram a escolher seus livros com baseem análises elaboradas por especialistas nas diversas áreas do conhecimento –Matemática, Ciências, Estudos Sociais (que conforme a Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional foi desmembrado em Geografia e História, Língua Portuguesa elivros de Alfabetização) - e publicadas sob a forma de resenhas, no Guia de LivrosDidáticos. Posteriormente, a partir do PNLD/2001, o MEC passou a avaliar e a distribuirdicionários de Língua Portuguesa aos alunos do ensino fundamental, como forma defornecer a esses alunos um instrumento de leitura e escrita voltado para a ampliaçãodo repertório lingüístico e para o desenvolvimento da autonomia no que se refere àbusca de novos conhecimentos.

A avaliação das obras didáticas pelo PNLD teve reflexos importantes na escola e no mercadoeditorial. A análise dos dados referentes à escolha dos livros pelos professores mostra quea escolha inicialmente recaía sobre os livros menos qualificados e, posteriormente, passoua incidir sobre os mais bem qualificados, apontando o comprometimento dos professorese da escola com a qualidade do material didático oferecido ao aluno.

O mercado editorial também passou por alterações bastante positivas, e a maissignificativa delas é a melhoria da qualidade do material enviado para a avaliação.Essa melhoria pôde ser verificada pelo aumento de coleções e de livros recomendadose a redução de obras excluídas. Evidenciou-se, também, uma renovação da produçãodidática brasileira, isto é, a inclusão de novas obras para avaliação.

O impacto positivo do PNLD levou o MEC à ampliação das ações de avaliação e dedistribuição de livros didáticos para o ensino médio. Essa iniciativa vem aumentarainda mais a discussão que se estabelece desde o início das avaliações acerca dopapel do livro didático na escola, suas implicações pedagógicas, os critérios de avaliaçãopara o desenvolvimento de um trabalho de qualidade em sala de aula e a importânciade uma escolha consciente e autônoma por parte dos professores.

A avaliação dos livros do ensino médio tem em comum com o ensino fundamental a visãode que, sendo o livro didático uma importante ferramenta para professores e alunos, eledeve ter características que permitam sua utilização em diferentes contextos e realidades.

9

Para tanto, é necessário contar com um material de apoio diversificado, flexível eabrangente. Em momento algum o livro será um substituto do professor ou de suasexperiências pedagógicas, mas poderá ser um bom referencial para ampliar os trabalhosem sala de aula.

A formação dos alunos no ensino médio deve levar em conta fatores diversos, comoo respeito ao contexto social, à diversidade e à pluralidade; deve promover odesenvolvimento das capacidades de inferir, argumentar, pesquisar, produzir e deveestar em consonância com as múltiplas finalidades do ensino médio, estabelecidaspela Lei de Diretrizes e Bases da Educação1:I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensinofundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuaraprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade às novas condiçõesde ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação éticae o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,relacionando a teoria e a prática, no ensino de cada disciplina.

Finalmente, o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio será implantadogradativamente, por isso, em 2005, serão distribuídas obras de Língua Portuguesa ede Matemática aos alunos matriculados na 1ª série da rede pública de ensino dasregiões Norte e Nordeste.

Para Língua Portuguesa, deverá ser escolhido um livro único, que será utilizado duranteos três anos (2005, 2006 e 2007); para Matemática, será escolhida uma coleçãocomposta por três volumes, cada um dedicado ao conteúdo de um ano. Em 2005, serádistribuído o primeiro volume da coleção, referente à 1ª série. Os volumes subseqüentesestarão nas escolas nos anos seguintes (2006 e 2007).

A seguir, vocês encontrarão, além dos critérios que nortearam o processo de avaliação,as orientações para escolha e envio do formulário. Sugerimos a leitura de todas asinformações como forma de garantir uma escolha eficiente.

Apr

esen

taçã

o

1. Lei nº 9. 394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação, art. 35

10

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO

A avaliação dos livros que constam deste catálogo foi realizada por equipes deespecialistas nas áreas de Língua Portuguesa e de Matemática, que analisaram,detalhadamente, cada uma das obras: suas qualidades, suas deficiências e aspossibilidades de trabalho que ofereceriam aos professores da rede pública.Para proceder essa avaliação, foram definidos critérios comuns e específicos,detalhados a seguir:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO

Para cumprir adequadamente a função didático-pedagógica, o livro didáticoprecisa atender, inicialmente, a uma tripla exigência:

• correção das informações, conceitos e procedimentos que integram ocomponente curricular;

• adequação de sua proposta didático-pedagógica em relação à situaçãode ensino-aprendizagem e aos objetivos visados;

• sintonia com a legislação e os demais instrumentos oficiais queregulamentam e orientam a Educação Nacional.

Cri

téri

os C

omun

s

11

CRITÉRIOS COMUNS ELIMINATÓRIOS

Alguns aspectos são fundamentais na análise e na avaliação, portanto, estabeleceram-se critérios que, ao serem violados, implicaram a eliminação da obra. São eles:

1) Correção dos conceitos e das informações básicas;2) Respeito aos princípios de construção da cidadania.

Em conseqüência, as obras de destinação escolar não poderão:

• Relativo ao primeiro critério

a) formular erroneamente os conceitos que veiculem;b) fornecer informações básicas erradas ou desatualizadas;c) mobilizar de forma inadequada esses conceitos e informações, levando o aluno

a construir de forma incorreta conceitos e procedimentos.

• Relativo ao segundo critério

a) privilegiar um determinado grupo, camada social ou região do País;b) veicular preconceitos de origem, cor, condição econômico-social, etnia,

gênero, orientação sexual, linguagem ou qualquer outra forma dediscriminação;

c) divulgar matéria contrária à legislação vigente para a criança e o adolescente,no que diz respeito a fumo, a bebidas alcoólicas, a medicamentos, a drogase a armamentos, entre outros;

d) fazer publicidade de artigos, de serviços ou de organizações comerciais,salvaguardada, entretanto, a exploração estritamente didático-pedagógicado discurso publicitário;

e) fazer doutrinação religiosa.

O desrespeito a qualquer um desses critérios ou compromete a construção e o exercícioda cidadania, ou afigura-se discriminatório, além de contrário aos objetivos do EnsinoMédio e da Educação Nacional.

OUTROS CRITÉRIOS COMUNS

Coerência e adequação metodológicas

Na base de qualquer proposta didático-pedagógica, está um conjunto de escolhas teóricase metodológicas, conjunto esse responsável tanto pela coerência interna da obra, quantopela sua posição relativa no confronto com outras propostas ou outras possibilidades.

Cri

téri

os C

omun

s

12

Nesse sentido, algumas exigências se impõem no livro didático:

• que explicite suas escolhas teórico-metodológicas;

• que articule, quando for o caso, as diferentes opções a que recorra,evidenciando a compatibilidade entre elas;

• que apresente coerência entre as opções declaradas e a proposta efetivamenteformulada;

• que as opções efetuadas contribuam, no seu conjunto, para a consecução dosobjetivos, quer da educação em geral, quer da disciplina e do nível de ensinoem questão;

• que a proposta pedagógica propicie tanto a construção de conhecimentosrelevantes, quanto o desenvolvimento de diferentes capacidades cognitivas, comocompreensão e memorização, análise e síntese, observação, generalização eformulação de hipóteses, previsão e planejamento, entre outras.

QUALIDADE DO LIVRO DO PROFESSOR

Um livro didático não será capaz de explicitar adequadamente sua fundamentação senão apresentar, em seção ou livro dirigido ao professor, os objetivos e pressupostosteórico-metodológicos que nortearam sua elaboração. O livro do professor não deveser apenas uma cópia do livro do aluno com os exercícios resolvidos. Para cumprirsuas funções deve:

• descrever a estrutura geral da obra, explicitando a articulação pretendida entresuas unidades e os objetivos específicos de cada uma delas;

• orientar, com formulações claras e precisas, os manejos pretendidos oudesejáveis do material em sala de aula;

• sugerir atividades complementares, como projetos, pesquisas, jogos, etc;• fornecer respostas ou padrões de respostas para parte das atividades

propostas aos alunos;• discutir o processo de avaliação da aprendizagem e mesmo sugerir

instrumentos, técnicas e atividades;• informar e orientar o professor a respeito de conhecimentos atualizados ou

especializados, indispensáveis à adequada compreensão de aspectos específicosde uma determinada atividade ou mesmo da proposta pedagógica do livro.

Cri

téri

os C

omun

s

13

A ESCOLHA DOS LIVROS

Como já dissemos, o livro no ensino médio tem múltiplos papéis: (i) favorecer a ampliaçãodos conhecimentos adquiridos ao longo do ensino fundamental; (ii) oferecer informaçõescapazes de contribuir para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, o que implica acapacidade de buscar novos conhecimentos de forma autônoma e reflexiva; e (iii) oferecerinformações atualizadas, de forma a atuar como apoio à formação continuada do professor,na maioria das vezes impossibilitado, pela demanda de trabalho, de atualizar-se em suaárea específica. Tendo em vista tantas funções, a escolha do livro que irá subsidiar o trabalhodos professores deve ser criteriosa e afinada com as características da escola e dos alunose com o contexto educacional em que estão inseridos.

As resenhas constantes deste catálogo procuram mostrar para os docentes, além dosaspectos gerais do livro voltados para a adequação do conteúdo, fatores como a ausênciade erros e de preconceitos, as possibilidades de trabalho e a necessidade de mediação, emmaior ou menor grau, do professor. Contudo, os textos das resenhas não esgotam aspossibilidades nem as deficiências das obras, mas buscam uma aproximação entre oleitor/professor e os livros analisados. Adequar os conteúdos à realidade dos alunos, ampliare aprofundar os conhecimentos e as informações veiculadas, propor alternativas pedagógicasdiversificadas, atendendo os interesses dos alunos, são funções que cabem apenas aoprofessor, pois ele é o detentor da informação primordial para um bom trabalho em sala deaula: o perfil, as expectativas, o contexto e as especificidades socioculturais dos educandos.

Tendo em vista todos esses aspectos que elencamos é que se faz necessária umaescolha criteriosa, pautada no dia-a-dia e que envolva o conjunto de professores. Éimportante lembrar que essa é uma decisão da escola e que os livros serão utilizadospor três anos consecutivos, portanto, irão acompanhar o desenvolvimento dos alunosao longo do ensino médio.

Sugerimos que vocês, professores, promovam momentos de leitura em grupo e discussãodas resenhas, e que cada professor procure relacionar o conteúdo dos textos à suaprática pedagógica, socializando essa reflexão com seus colegas. Procurem levantarquestões como: adequação dos conteúdos à proposta pedagógica da escola; abordagemmetodológica voltada para a autonomia dos educandos; valorização do indivíduo comocidadão crítico e atuante; uso de linguagem clara e objetiva, sem ser banal ou infantilizada;entre outras que vocês considerarem pertinentes.

O livro do professor merece um cuidado todo especial, afinal, é com ele que vocês irãocontar no momento de definir os caminhos a serem seguidos quando da utilização dolivro didático pelo aluno. A proposta metodológica do livro precisa ser coerente com adesenvolvida no livro do aluno, sem, no entanto, indicar um trabalho diretivo ou inflexível.Também é importante observar se as atividades ou os encaminhamentos proporcionama articulação dos conteúdos com outras áreas do conhecimento e com as experiências

Ori

enta

ções

par

a E

scol

ha

14

de vida dos alunos; se valoriza o trabalho em grupo e propõe a discussão e o debate comoalternativas de ensino. Essas e muitas outras questões deverão ser consideradas antesde vocês efetuarem a escolha. Durante as conversas e a leitura das resenhas, as questõesirão surgindo e deverão ser aproveitadas como material para discussão do grupo.

Após a leitura em grupo e a discussão dos pontos relevantes, vocês terão diversoselementos importantes e poderão chegar a um consenso, munidos de informaçõessignificativas e concretas.

Por fim, esperamos que vocês realizem uma escolha consciente, capaz de contribuir,efetivamente, para a consecução de seus objetivos pedagógicos nos próximos trêsanos e, principalmente, para a formação de cidadãos autônomos, críticos eparticipativos.

Para que a escola receba os livros, o preenchimento correto dos formulários éimprescindível, por isso, as orientações que se seguem devem ser observadas.

Vocês receberam, juntamente com este catálogo, um conjunto de etiquetas auto-adesivas em que constam os códigos de barras referentes às coleções (no caso deMatemática) ou livros (no caso de Língua Portuguesa). Após a escolha, essas etiquetasdeverão ser coladas no formulário “Carta-resposta”, que será enviado ao FNDE,responsável pela distribuição dos livros.

Ori

enta

ções

par

a E

scol

ha

15

Res

enha

s de

Mat

emát

ica

16

Equ

ipe

Res

pons

ável

CoordenaçãoPaulo Figueiredo Lima

Coordenação adjuntaAlciléa AugustoGeraldo Severo de Souza ÁvilaVerônica Gitirana Gomes Ferreira

PareceristasAbigail Fregni LinsAbraão Juvêncio de AraújoAdriano Pedrosa de AlmeidaAirton Carrião MachadoAlmir Olímpio AlvesÂngela Tavares PaesAparecida Augusta da SilvaArlete de Jesus BritoCeli Aparecida Espasandin LopesCélia Rodrigues dos SantosCileda de Queiroz e Silva CoutinhoCleiton Batista VasconcelosElizabeth Belfort da Silva MorenElvia Mureb SallumFernando Raul de Assis NetoFrancisco Egger MoellwaldGilda de La Rocque PalisGlauco Reinaldo Ferreira de OliveiraHaydée Werneck PoubelIole de Freitas DruckJosé Carlos Pinto LeivasLuiz Carlos GuimarãesMarcelo Câmara dos SantosMaria Ângela MiorimMaria Auxiliadora Vilela PaivaMaria Laura Magalhães GomesMarilena BittarMéricles Thadeu MorettiNora Olinda Cabrera ZúñigaPedro Luiz Aparecido MalaguttiRenate Gompertz WatanabeRogério da Silva IgnácioRômulo Marinho do RêgoRony Cláudio de Oliveira FreitasRosa Lúcia Sverzut BaroniRoseane Sobrinho BragaTânia SchmittVera Lúcia Xavier FigueiredoYuriko Yamamoto Baldin

17

Matemática

Adilson Longen

Editora NovaDidática LTDA.

029015

Síntese avaliativa

A coleção apresenta, de modo claro e objetivo, os conteúdos usualmente estudadosno ensino médio. No entanto, temas relevantes para a formação atual, como matemáticafinanceira, não são abordados. Além disso, a distribuição adotada leva à concentraçãodos temas em grandes blocos: toda a geometria analítica, por exemplo, é estudadano terceiro volume.

Os tópicos são, em geral, introduzidos com base em situações-problema e odesenvolvimento dos conteúdos é conduzido gradualmente e de maneira a envolver oaluno no processo. No entanto, faltam as devidas justificativas em grande parte dasexplanações contidas no texto.

Em geral, na introdução dos temas, há uma boa articulação com o campo da geometria.Entretanto, outras conexões importantes deixam de ser feitas, como entre geometriaanalítica e sistemas lineares, e entre probabilidade e estatística.O livro do professor fornece informações úteis a um bom uso da obra, principalmentecom discussões de questões didáticas relativas a cada unidade.

18

Os livros começam com um Sumário e são organizados em unidades divididas emitens, que tratam de tópicos do tema central. Os itens iniciam-se com situações-problemae questões que articulam essas situações com os conteúdos. Nos itens, encontram-sealgumas seções especiais, apresentadas em caixas de texto: Troca de idéias, queobjetiva lançar questões para discussão com a turma; Em equipe, com atividades parao trabalho em grupo. Há, também, outras seções: Atenção, que retoma e destacaconhecimentos necessários ao entendimento de tópicos que virão a seguir; Organizandoas idéias, com as conclusões de estudos anteriores; Atividades, localizadas após odesenvolvimento de um assunto; Questões sobre a unidade, ao final de cada unidade,com o predomínio de testes de múltipla escolha. Ao final do livro do aluno encontram-seIndicações de Leitura e Respostas das Questões, com o gabarito dos testes propostosna seção Questões sobre a unidade.

O livro do professor reproduz, integralmente, o livro do aluno, acrescido de respostas,resoluções e comentários sobre as atividades propostas e um suplemento pedagógico.Este é estruturado em itens comuns à coleção e a outros, específicos do volume. Apósuma Introdução, há os itens: Características da Matemática; O conhecimento matemáticono ensino médio. Seguem-se orientações pedagógicas apresentadas nos itens: Ensino eAprendizagem de Matemática – Objetivos; A aula de Matemática; e A avaliação naMatemática. Por fim, Referências bibliográficas e Estrutura da Coleção. Na parte específica,são apresentados os conteúdos e encaminhamentos, com discussão sobre o tema decada unidade, comentários e resoluções das atividades propostas no livro do aluno.

1a sérieConjuntos numéricos: naturais; inteiros; racionais; reais • Potenciação e radiciação noconjunto dos números reais • Introdução à teoria dos conjuntos: idéias iniciais; subconjuntos;operações; conjuntos e lógica; implicação e lógica • Sistema de coordenadas cartesianas• Trigonometria no triângulo retângulo • Relações trigonométricas em um triângulo qualquer:Lei dos senos e dos co-senos • Introdução a funções: definição; gráfico • Função afim: sinal;função linear e proporcionalidade • Função quadrática: gráfico; parábola e os eixoscoordenados; sinal; vértice; máximo e mínimo · Progressão aritmética • Progressãogeométrica • Função exponencial: conceituação; equações • Função logarítmica: logaritmos;propriedades; conceituação • Composição e inversão de funções • Função modular: Módulo;conceituação • Trigonometria na circunferência • Razões trigonométricas na circunferênciade raio unitário • Funções trigonométricas • Operações com arcos.

2a sérieIntrodução à estatística: freqüência; representação gráfica; medidas de tendência central ede dispersão • Geometria: Conceitos primitivos e postulados; Posições relativas entre retase planos • Análise combinatória: princípio fundamental da contagem; princípio aditivo; fatorial;permutação; arranjos e combinações • Geometria: poliedros; prismas · Probabilidades:espaço amostral; propriedade; operações • Áreas e volumes de prismas e cilindros:paralelepípedo; Princípio de Cavalieri; secção meridiana de um cilindro · Sistemas lineares:escalonamento; discussão; sistemas lineares e determinantes · Geometria: área de superfície

A c

oleç

ão

19

e volume de pirâmides e cones • Binômio de Newton · Geometria: área de superfície evolume de esfera; sólidos inscritos e circunscritos.

3a sérieMatrizes: igualdade; operações; matriz inversa • Determinantes: sistemas lineares; Teoremade Laplace; propriedades • Geometria analítica: distância entre dois pontos; equações dareta; ângulo entre duas retas; condições de paralelismo e de perpendicularidade • Geometriaanalítica: distância do ponto à reta; equações da circunferência • Polinômios: valor numérico;igualdade; operações; teorema do resto; divisibilidade • Números complexos: igualdade;operações; o plano complexo; forma trigonométrica; potenciação; radiciação • Equaçõesalgébricas: teorema das raízes racionais e das raízes imaginárias; relações de Girard; teoremade Bolzano • Geometria analítica das cônicas: elipse; hipérbole; parábola.

A seleção dos conteúdos apresenta os temas usualmente tratados no ensino médionos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometriaanalítica, da estatística e probabilidade, e da combinatória. A obra ressente-se dafalta da matemática financeira, tema essencial para a formação do cidadão.

Na distribuição dos conteúdos, o tratamento de determinados temas restringe-se auma só série. Por exemplo, a geometria euclidiana está concentrada no volume da 2ªsérie e, a analítica, no da 3a série, enquanto a estatística e a probabilidade são tratadasapenas no volume da 2a série. Uma extensa parte do volume da 1a série é destinada àtrigonometria, a qual não é vista nas outras séries.Verifica-se, na abordagem dos conteúdos, que o desenvolvimento da geometriaeuclidiana começa pelo estudo dos conceitos primitivos e postulados, das posiçõesrelativas entre plano, reta e ponto, passando para o estudo dos poliedros e do cilindro e,daí, para os estudos da pirâmide, cone e esfera. Todos esses estudos são permeadospela álgebra, com ênfase no cálculo de áreas e volumes, com exceção da introdução,que enfatiza a teoria dos conjuntos.

O estudo das matrizes não é suficientemente aproveitado, pois elas não são utilizadasno processo de escalonamento para resolver sistemas lineares, o que torna esseprocesso mais extenso e demorado, com a repetição inútil das incógnitas a cadapasso. O método de Cramer é apresentado como uma regra que estabelece a fórmulapara a solução dos sistemas em termos de determinantes e a restrição de que odeterminante do denominador seja diferente de zero só é feita no manual do professor.

Observa-se que a diversidade de representações e linguagens é valorizada na obra.Encontram-se tabelas em todas as séries. A linguagem simbólica é bem distribuídae a língua portuguesa é bem explorada, apesar de coloquial. Desenhos são distribuídosao longo da coleção, por exemplo: articulados com a trigonometria, usados comorepresentação de função polinomial do 2o grau; na visualização das propriedades de

A c

oleç

ãoA

aná

lise

20

figuras geométricas; para destacar aspectos de cortes de sólidos ou, ainda, nasdemonstrações das equações das cônicas.

A diversidade de enfoques se expressa por meio da articulação entre os campos damatemática, como função quadrática, que é estudada com base em uma situaçãoque envolve aspectos algébricos, geométricos e aritméticos.

Há articulação entre os campos da aritmética, da álgebra e da geometria. Uma dascaracterísticas que se sobressai é a forte utilização da geometria como tema e suportedidático para o desenvolvimento de outros campos. Exemplos disso ocorrem naintrodução das progressões geométricas e das equações algébricas.Cabe mencionar, no entanto, que a interpretação geométrica não é abordada no estudodos sistemas lineares. A estatística é tratada no início do volume da 2a série, e aprobabilidade é trabalhada cinco unidades à frente, sem que seja feita articulaçãoentre as duas. Tratamento análogo se dá com o binômio de Newton e a análisecombinatória, que são apresentados, nesse mesmo volume, com pouca articulação.Além disso, em alguns pontos, há excessiva fragmentação dos conteúdos, como asmuitas subdivisões da geometria euclidiana no volume da 2a série, o que dificulta umavisão mais geral desse campo. Essa fragmentação também é observada na abordagemdas funções reais.

Sobre contextualização, são propostos textos que destacam aspectos referentesaos processos históricos de produção do conhecimento matemático. São, também,apresentados temas sobre saúde pública para introduzir estatística; questõesambientais, nas representações gráficas, e Direitos do Trabalhador para abordar funçãocomposta.

A Matemática e a Física são articuladas por meio das leis fundamentais do movimentoplanetário para discutir a elipse; a articulação com a Geografia verifica-se na obtençãode coordenadas geográficas, e, com a Biologia, nas aplicações da probabilidade aestudos de genética.

A sistematização dos conteúdos vai sendo construída aos poucos. Os conceitossão apresentados a partir de uma situação-problema normalmente acompanhadade uma ilustração, que serve de referência ao aluno para discutir o tema proposto.Essas discussões são encaminhadas por meio das seções Troca de idéias,Atividades e Em equipe. A seção Organizando as idéias se encarrega de resumir,organizar e formalizar os conteúdos ao final de cada unidade. Porém, são poucasas vezes em que esse trabalho é feito com as devidas justificativas. Além disso,observam-se algumas abordagens inadequadas sobre função composta, númerosirracionais e quadriláteros.

A a

nális

e

21

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, o aluno é incentivado a pensar, arefletir e a interagir com os colegas a partir de sugestões encontradas nas caixas detexto Troca de idéias.

As seções Em equipe, Desafio e Pesquise propiciam o desenvolvimento dashabilidades de explorar, estabelecer relações, generalizar, criticar e se expressar. Noentanto, demonstrações, importantes nessa fase de ensino, são evitadas, mesmoalgumas bem simples.

Com exceção feita aos desafios e às questões de vestibulares, a maioria dasatividades é de aplicação imediata de resultados e não exige muita reflexão. Novolume da 1ª série, são propostos exercícios envolvendo o uso da calculadora. O usodo transferidor e do compasso é estimulado nas 2a e 3a séries. Os Desafios sãocolocados em destaque, exigindo dedicação e aprofundamento teórico, podendo serresolvidos com a teoria abordada e são analisados no livro do professor.

A linguagem utilizada é clara e acessível, destacando-se, nesse detalhe, ostextos históricos.

Ilustrações e exemplos evidenciam as contribuições da Matemática para aconstrução da cidadania. Na estatística têm-se questões de saúde pública eambiental que auxiliam a tomada de consciência do cidadão.

No livro do professor, além da apresentação de fundamentos pedagógicos sobre aMatemática no ensino médio, da avaliação e das referências bibliográficas, discutem-se questões didáticas pertinentes ao uso da coleção, que incluem observações,resoluções e sugestões relativas aos problemas propostos, unidade por unidade.

A a

nális

e

22

Matemática

Edwaldo Roque BianchiniHerval Paccola

EditoraModerna LTDA.

029005

Síntese avaliativa

A coleção desenvolve os conteúdos usualmente presentes no ensino médio, incluindo-senoções de limite e derivada. Os capítulos são, em geral, iniciados por um texto cominformações históricas, relacionadas ao tema a ser tratado. A linguagem é adequada aoaluno a que se destina e os vários tipos de textos e ilustrações encorajam sua leitura.

A contextualização é um ponto característico da obra e se reflete na escolha dostítulos de seus capítulos. Há textos variados e interessantes, que podem favorecer aarticulação da Matemática com outras áreas do conhecimento.

Os conteúdos matemáticos são introduzidos por meio de textos que motivam e auxiliamo seu entendimento. Porém, a sistematização é um dos pontos fracos dessa coleção.Todo o conteúdo é, geralmente, sistematizado por meio de exemplos numéricos e,muitas vezes, com base em um único exemplo. Assim, muitas proposiçõesmatemáticas são apresentadas sem justificativas nem discussão sobre a possibilidadede se demonstrar o que está enunciado.

A maioria dos exercícios limita-se à aplicação de regras e fórmulas vistas na parte teóricado livro. Situações-problema são pouco presentes na coleção.

23

Cada volume da coleção contém uma breve Apresentação que explicita a estruturada obra. Os livros são divididos em capítulos e estes em itens, cujos temas sãoindicados em seus respectivos títulos. Os capítulos começam com informações,em geral de caráter histórico, alusivas ao tema a ser desenvolvido. Os assuntos sãoapresentados por meio de textos curtos, ilustrados por gráficos e figuras,acompanhados de Exercícios propostos.

Há diversas caixas de texto que permeiam a obra, com lembretes dirigidos ao aluno:Atenção, Curiosidade, Você sabia?, Recorde. Ao final de cada capítulo, aparecem asseções Exercícios complementares, Revisão de conceitos, Testes de vestibular eQuestões para pensar +, precedidas, quase sempre, pela seção Matemática no Mundo,que apresenta alguma aplicação da Matemática fora de seu domínio. Cada volumetermina com um Caderno de questões do ENEM, uma seção com respostas de todosos exercícios, uma Lista de siglas de instituições educacionais e uma Bibliografia.

O manual pedagógico do livro do professor contém uma parte comum aos três volumes,com Apresentação da obra, Estrutura da coleção, Sugestões para a avaliação,Sugestão de leitura complementar para o aluno e para o professor e inclui uma relaçãode endereços eletrônicos. Apresenta, também, uma lista de Associações e centrosde educação matemática.

Na segunda parte, o manual expõe os Objetivos específicos do volume, Sugestõespara o desenvolvimento teórico, Sugestões de mais exercícios e Resoluções dosexercícios do livro do aluno.

1a sérieConhecimentos básicos de aritmética e álgebra • Geometria plana • Conjuntos e conjuntosnuméricos: naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais • Funções: gráfico; funções definidaspor polinômios; resolução gráfica de equações; função composta; função inversa • Funçãopolinomial do 1o grau: gráfico; inequações • Função polinomial do 2o grau: gráfico; inequações• Função modular: equações e inequações • Função exponencial: equações e inequações• Função logarítmica: equações e inequações • Noções de matemática financeira:porcentagem; lucros e prejuízos; juro simples e composto • Seqüências numéricas:progressão aritmética; progressão geométrica • Trigonometria no triângulo retângulo.

2a sérieCiclo trigonométrico: seno, co-seno, tangente, cotangente, secante e co-secante •Funções trigonométricas • Equações e inequações trigonométricas, leis dos senos edos co-senos • Matrizes e determinantes • Sistemas de equações lineares: equaçãolinear; sistemas lineares; regra de Cramer • Análise combinatória: contagem; triângulode Pascal; binômio de Newton • Probabilidade: espaço amostral e eventos; eventoscomplementares e independentes; probabilidade condicional • Poliedros: prismas;pirâmides • Corpos redondos: cilindro; cone; esfera.

A c

oleç

ão

24

3a sérieEstatística: distribuição de freqüência; representação gráfica e interpretação de dados;medidas de tendência central e de dispersão • Geometria de posição: posições relativasde retas e planos • Pontos e retas no plano cartesiano • Estudo da circunferência · Estudodas cônicas • Números complexos: operações com números complexos; representaçãogeométrica, módulo, argumento e forma trigonométrica • Polinômios e equações polinomiais• Noções de limites e derivada: taxas de variação média e instantânea; derivada;interpretação geométrica; derivada de ordem superior; máximos e mínimos; aplicações.

A seleção dos conteúdos abrange os temas habitualmente tratados no ensino médio- nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometriaanalítica, da estatística, da probabilidade e da combinatória - estendendo-se aotratamento dos limites e derivadas. No entanto, não apresenta a técnica deescalonamento de matrizes para a resolução de sistemas de equações lineares,restringindo-se somente à regra de Cramer.

Além disso, há uma abordagem excessiva da trigonometria, com muitas fórmulas eprocedimentos, especialmente no que diz respeito a equações e a inequações trigonométricas.

A distribuição dos conteúdos é feita em grandes blocos. Estatística e geometriaanalítica, por exemplo, estão concentradas no volume da 3a série e grande parte daabordagem de função é feita no volume da 1a série.Em geral, a abordagem de conteúdos dá ênfase desnecessária a fórmulas, emdetrimento da discussão do significado dos conceitos. A abordagem de limites e derivadas,no livro da 3a série, assemelha-se mais ao que se faz no ensino superior, quando o apropriadoseria um tratamento mais simples. Outro exemplo é a forma apresentada para encontrar ocentro e o raio de uma circunferência, no volume da 3a série: é dada uma fórmula que deveráser aplicada repetidas vezes, tanto nos exemplos quanto nos exercícios, e não se fala datécnica de completar quadrados, tão eficaz e que dispensa fórmulas.

A diversidade de representações é explorada apenas em alguns tópicos, em particularno estudo da estatística, com a apresentação de diversos tipos de gráficos. Nota-se,também, alguma diversidade de enfoques, quando sistemas lineares são resolvidosalgébrica e graficamente.

A articulação entre os vários tópicos abordados na coleção é insuficiente. Por exemplo, oestudo da geometria analítica deveria ser menos fragmentado internamente e mais relacionadocom o estudo de funções. A articulação entre o conteúdo novo e o já abordado acontece emcapítulos de revisão e, também, nas pequenas seções intituladas Recorde.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

25

A obra apresenta leituras variadas e interessantes, que podem favorecer a contextualizaçãoe a articulação da Matemática com outras áreas do conhecimento. Porém, quase sempre ficaa cargo do professor promover a exploração adequada desses textos. Destacam-se, na obra,as leituras que aparecem no início dos capítulos para ilustrar e motivar o tema a ser estudado.

A sistematização dos conteúdos é feita, geralmente, por meio de exemplos numéricose, na maioria das vezes, com apenas um exemplo. Assim, conceitos e procedimentossão, freqüentemente, detalhados sem justificativas ou indicações da existência de umademonstração para o caso geral. No primeiro volume, por exemplo, é indicado o resultadoque possibilita determinar o número de elementos da união de dois conjuntos finitos apósa apresentação de um único exemplo. Observam-se, ainda, inadequações no tratamentode determinantes e na caracterização de sólidos geométricos.

Na metodologia de ensino-aprendizagem adotada, espera-se que o aluno leia e interprete otexto de apresentação dos conteúdos e, em seguida, resolva problemas na classe ou em casa.

O aluno tem poucas oportunidades de inferir conceitos ou procedimentos, poisestes, em geral, já são apresentados em forma sistematizada, mas é chamado auma participação ativa na construção do seu conhecimento em quadros comoAtenção, Agora resolva e Revisão de conceitos.

A interação entre alunos pode ser realizada pela exploração dos vários textos presentesna coleção sobre temas diversos, os quais são seguidos de questões para seremdiscutidas em grupo.

No final de cada capítulo, são oferecidas algumas atividades mais desafiadoras para osalunos. Além disso, foram observados alguns exercícios interessantes, com respostaspessoais ou com várias soluções. Contudo, a grande maioria desses exercícios constitui-se em aplicações imediatas de propriedades e fórmulas fornecidas, explicitamente, no livro.O aluno raramente é chamado a explorar situações, a generalizar ou a argumentar. Não sãoobservadas atividades que estimulem o desenvolvimento do cálculo mental ou por estimativa.Tampouco é estimulado o uso de novos recursos, particularmente a calculadora.

A linguagem empregada é clara e adequada ao nível de escolaridade a que se destina.Além disso, a obra é enriquecida pela presença de diversos tipos de textos.

Se adequadamente explorados, o estudo de matemática financeira apresentado na coleção eos textos das seções Matemática no mundo podem contribuir para a construção da cidadania.Ao lado disso, convém mencionar que, em vários pontos da obra, é incentivado o trabalho emgrupo, que é outro instrumento pedagógico de formação para a convivência na sociedade.

O livro do professor não explicita os pressupostos teóricos que nortearam a elaboraçãoda coleção e oferece poucas orientações metodológicas ao docente. Apresenta brevescomentários sobre avaliação, sugestões de leitura complementar, tanto para o aluno quantopara o professor, e os objetivos de cada tópico a ser estudado. Além disso, contém algunsexercícios complementares resolvidos, todas as resoluções dos exercícios propostos nolivro do aluno e inclui as resoluções das questões de vestibular e do ENEM.

A a

nális

e

26

Matemática

Luiz Roberto Dante

EditoraÁtica LTDA.

029017

Síntese avaliativa

A obra destaca-se pela boa seleção de conteúdos, os quais contemplamconhecimentos comumente abordados nesse nível de ensino. Observa-se, no entanto,excessos no tratamento da trigonometria.

Em cada uma das unidades, estão presentes conteúdos de diferentes blocoscurriculares, permitindo alternância de temas, o que recomendam os recentes estudose pesquisas em ensino-aprendizagem da Matemática.

Os conteúdos são introduzidos, muitas vezes, por meio de situações-problema, edepois sistematizados. Estimula-se, portanto, o aluno a desempenhar papel ativo naconstrução do conhecimento.

As atividades são organizadas de modo a proporcionar a construção de conceitos,procedimentos e algoritmos, com equilíbrio e de modo significativo, contemplandomomentos de ação, reflexão e de validação de resultados e processos, particularmenteno volume da 1a série.

As articulações entre os campos, bem como entre o conhecimento novo e o jáabordado, são outro aspecto explorado ao longo da obra. Verifica-se, também, oestímulo freqüente à interdisciplinaridade, em atividades que relacionam Matemáticacom Física, Química, Geografia, Biologia e outras áreas do conhecimento.

27

Os três volumes que compõem a obra têm a mesma estrutura: breve Apresentação;Sumário; seqüência de capítulos; seção com Questões do Exame Nacional do EnsinoMédio-ENEM; Respostas dos exercícios e das questões do ENEM; lista com oSignificado das siglas empregadas na obra e Bibliografia.

Cada capítulo se divide em itens e se inicia, geralmente, com uma introdução queproblematiza o tema em foco. Os demais itens apresentam os conteúdos, abordadosem textos explanatórios, seguidos sempre de Exercícios propostos e muitas vezesde Exercícios resolvidos.

Ao longo da coleção, há seções e caixas de texto de Leitura optativa; Para Refletir,com complementos ao tópico em estudo; Leitura, que comenta aspectos do temadiscutido e fatos históricos; Curiosidade; Desafio em equipe; Desafio em dupla;Atividade em equipe e Atividade em dupla.

O livro do professor é dividido em duas partes: uma reprodução do livro do aluno e umsuplemento pedagógico. O suplemento contém uma parte geral, com os seguintesitens: Conversa com o (a) professor (a); Apresentação; Características da coleção;Algumas idéias para a utilização da coleção; Pressupostos teórico-metodológicospara o ensino de Matemática segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para oEnsino Médio; Recursos didáticos auxiliares; Resolução de problemas; Etnomatemáticae modelagem; Temas transversais; Avaliação em Matemática; Informações úteis aoprofessor para a sua formação; Referências bibliográficas para o professor.

Na outra parte, específica para cada volume, são apresentadas uma breve descriçãodo livro, observações sobre os conteúdos abordados e soluções dos exercícios.

1ª sérieConjuntos: noções básicas; operações • Conjuntos numéricos: naturais, inteiros,racionais, irracionais e reais; intervalos; aplicações • Funções: noções intuitivas e viaconjuntos; gráfico; injetiva, sobrejetiva, bijetiva, composta e inversa; seqüências •Função afim: taxa de variação; articulações com progressão aritmética,proporcionalidade, geometria analítica; gráficos definidos por uma ou mais sentenças;inequações • Função quadrática: forma canônica; parábola; inequações; taxa devariação • Função modular: módulo; distância entre pontos; equações; inequações •Geometria plana: congruência e semelhança; paralelas; relações métricas no triânguloretângulo; polígonos inscritos; comprimento da circunferência • Progressões:seqüências; progressões aritmética e geométrica • Matemática financeira: juros simplese compostos · Trigonometria no triângulo retângulo.

2ª sérieTrigonometria: seno e co-seno de ângulos obtusos; leis dos senos e dos co-senos •Conceitos trigonométricos básicos • Seno, co-seno e tangente na circunferênciatrigonométrica • Funções trigonométricas • Relações, equações e inequações

A c

oleç

ão

28

trigonométricas · Transformações trigonométricas • Função exponencial: potência;equações; inequações; exponencial de base e • Logaritmo e função logarítmica •Geometria espacial – uma introdução intuitiva: posições relativas de pontos, retas eplanos; projeção ortogonal; distâncias; o método dedutivo • Áreas: polígonos, círculoe setor circular; área e semelhança • Matrizes · Determinantes: propriedades, regrade Chió, teorema de Laplace, matriz inversa; vetores • Sistemas lineares:escalonamento; equivalência; programação linear.

3ª sérieGeometria analítica – ponto e reta: distância entre pontos; condições de alinhamento;equações da reta; posições relativas de retas, distância de ponto a reta; ângulos;área de uma região triangular; aplicações à geometria plana • Geometria analítica –circunferência: equação; posições relativas • Geometria analítica – secções cônicas· Análise combinatória: permutação, arranjo e combinação; Binômio de Newton;Triângulo de Pascal • Probabilidade: eventos; método binomial; aplicações •Poliedros: convexos e não-convexos, regulares; relação de Euler; prismas; volume;princípio de Cavalieri; pirâmides • Cilindro; cone; esfera · Estatística: gráficos; medidasde tendência central e de dispersão; estatística e probabilidade · Números complexos:formas algébrica e trigonométrica; representação geométrica; operações • Polinômiose equações algébricas.

A seleção de conteúdos contempla os conhecimentos comumente abordados nessenível de ensino, nos campos da aritmética, álgebra, geometria, estatística, probabilidadee combinatória. Destaca-se, em geometria, o trabalho com áreas de figuras planas eo desenvolvimento das noções de estatística, probabilidade e combinatória. Contudo,a atenção dada à trigonometria é excessiva.

Quanto à distribuição dos conteúdos, observa-se que a obra buscou, em cadavolume, assegurar o estudo dos diversos campos da Matemática. Além disso, percebe-se a retomada de conceitos para ampliá-los gradualmente. Isso ocorre, por exemplo,com progressão aritmética, tratada no capítulo de função afim, retomada e aprofundadaem um capítulo sobre progressões.

A abordagem dos conteúdos contribui para a construção progressiva doconhecimento. A teoria dos conjuntos é abordada de forma sucinta no livro da 1ª série.Contudo, há excesso no uso de simbologia dessa teoria na apresentação depropriedades da geometria espacial, no livro da 2ª série.

No desenvolvimento do conceito de função, tem-se o cuidado de valorizar diferentesenfoques e articulações com diversos campos da Matemática e de outras ciências.Porém, a noção de taxa de variação de uma função pode ter sua compreensãoprejudicada pela forma como é apresentada no livro da 1ª série. O mesmo acontececom a noção de taxa de variação referente à função exponencial.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

29

Outra limitação da obra é o uso de noções que só serão discutidas posteriormente. Porexemplo, as noções e propriedades de logaritmos, estudadas na 2ª série, aparecem nasolução de problemas de matemática financeira, do livro da 1ª série. Há, ainda, o uso defórmulas referentes a juros compostos e a juros continuamente compostos, no livro da 1ªsérie, sem que seja devidamente esclarecida a diferença entre elas.

As noções de análise combinatória são construídas de forma cuidadosa e progressiva,sem apelo à memorização de fórmulas. A estatística está presente em quase todosos capítulos do livro da 1ª série, com atividades envolvendo organização, leitura einterpretação de dados, além de ser objeto de estudo específico em um capítulointeiro, no livro da 3ª série.

A geometria analítica é introduzida, ao longo da coleção, no tratamento das funções.No volume da 3a série, é retomada e aprofundada, porém, de forma fragmentada.Além disso, há um detalhamento excessivo, particularmente, nas várias formas daequação da reta.

A diversidade de enfoques está presente ao longo da obra. Por exemplo, as matrizessão exploradas não só como um objeto matemático, na álgebra das matrizes, mastambém, como código de imagens, tabela de dupla entrada, representante de sistemaslineares, transformações do plano, dentre outros significados.

A diversidade de representações matemáticas também é um aspecto bemcontemplado na coleção. Os conteúdos matemáticos são, geralmente, apresentadosem formas variadas: linguagem natural, símbolos, algoritmos, desenhos, tabelas,diagramas, ícones e gráficos.

A articulação entre os campos de conteúdos aparece em diversos momentos. Emtoda a coleção observam-se conexões bem feitas entre funções e progressões, funçõese geometria analítica, sistemas lineares e geometria analítica. É freqüente a associaçãoentre os conhecimentos novos e os já estudados, mediante retomadas sucessivas deconceitos e procedimentos.

Percebe-se um cuidado na contextualização das atividades. Muitas delas sãoapresentadas a partir de situações significativas, que valorizam as práticas sociais eculturais. As conexões com outras áreas do conhecimento são exploradas ao longoda coleção. Entretanto, as referências à História da Matemática, muitas vezes,consistem de textos apenas informativos.

A organização das atividades leva o aluno a fazer uma primeira sistematização dosconhecimentos, especialmente no livro da 1a série. Observa-se uma preocupaçãocom o equilíbrio entre conceitos, algoritmos e procedimentos. A introdução dos conceitosé, muitas vezes, realizada por meio de situações-problema. Dessa maneira, estimula-se o aluno a desempenhar papel ativo na construção do conhecimento.

A a

nális

e

30

O desenvolvimento do método dedutivo é visto em toda obra, principalmente natrigonometria, nas noções de áreas e volumes, na análise combinatória e naprobabilidade. Contudo, propriedades geométricas importantes são apresentadas, nolivro da 1ª série, como regras sem qualquer justificativa. Em outros casos, as justificativasse baseiam em medições, sem que se mencione o seu caráter aproximado.

Na metodologia de ensino-aprendizagem adotada, é atribuído papel central aoaluno, que é posto em interação permanente com o texto e solicitado a responderperguntas, a confrontar soluções, a verificar regularidades e a tirar conclusões. Asatividades favorecem o desenvolvimento dos raciocínios indutivo e dedutivo, com poucaênfase na memorização de fórmulas prontas.No entanto, são raras as atividades que exploram cálculo mental, estimativa,formulação de problemas pelo aluno e problemas com nenhuma ou várias soluções. Ouso da calculadora é incentivado no processo de resolução de atividades,principalmente aquelas envolvendo trigonometria, exponenciais e logaritmos.

A linguagem é adequada e se recorre, de maneira apropriada, a textos diversos.

As discussões que colaboram para a construção da cidadania podem ser exploradospelo professor, com base em atividades que envolvem temas históricos e de interessesocial.

O livro do professor explicita os pressupostos teóricos que nortearam a elaboraçãoda obra. As várias informações atualizadas e as indicações de leitura podemcontribuir para a formação do docente.

A a

nális

e

31

Matemática

Manoel Rodrigues Paiva

EditoraModerna LTDA.

029007

Síntese avaliativa

A coleção abrange uma extensa lista de tópicos normalmente estudados no ensinomédio e inclui uma revisão do ensino fundamental. O desenvolvimento dos conteúdosestende-se, ainda, a limites e derivadas e há uma excessiva atenção a temas comotrigonometria e números complexos.

Ao longo da coleção, cada tema abordado é concentrado em blocos e, em geral, nãoretomado posteriormente. A articulação entre os diferentes tópicos matemáticos éfeita de forma restrita, no interior dos blocos temáticos. Além disso, há uma divisãoexcessiva dos conteúdos em capítulos e itens, estes últimos nem sempre de mesmaimportância, o que favorece a fragmentação do conhecimento matemático.

No modelo adotado na obra, os conteúdos aparecem na forma sistematizada –definições, propriedades, exemplos – e os exercícios são de fixação e de verificaçãoda aprendizagem.

A linguagem empregada é, em geral, clara e objetiva e se busca o rigor matemáticona exposição dos conceitos e procedimentos, objetivo quase sempre atingido.

A ligação dos temas apresentados com as questões de outras áreas doconhecimento e de outras práticas sociais recebe razoável atenção na obra e érealizada, ora nos exercícios envolvendo aplicação da Matemática, ora nas seçõesespeciais de leitura de textos.

32

Cada volume da coleção está dividido em capítulos temáticos, que se subdividem emitens, segundo tópicos relativos ao tema central. Os itens têm uma estrutura uniforme,compondo-se de uma explanação da teoria e de seções Exercícios resolvidos e Atividades.Esta última contém exercícios de fixação e de verificação da aprendizagem, muitos delesextraídos de exames vestibulares e do ENEM.

No final de cada capítulo, a coleção apresenta uma seção, intitulada Leitura, com umtexto sobre fatos históricos, ou conexões da Matemática com outras áreas deconhecimento, ou, ainda, informações adicionais sobre o assunto do capítulo.

A última seção, Exercícios Complementares, traz problemas visando à fixação e à revisãodo capítulo. Cada volume inclui, ao final, as respostas de todos os exercícios propostos,seguidas de uma lista de siglas que identificam as fontes das questões de vestibular e deuma bibliografia.

O livro do professor começa com um sumário e é dividido em duas partes: a primeira,denominada A Coleção, é comum a todos os volumes e contém os itens: A organizaçãoda obra, Objetivos gerais da coleção, O trabalho com o livro, Avaliação, Sugestões deleitura para o professor e Material de apoio; a segunda parte, específica para cada volume,tem quatro itens: Considerações sobre a organização do volume, Conteúdos e objetivosespecíficos dos capítulos, Sugestões para o desenvolvimento dos capítulos e Resoluçãode exercícios.

1ª sérieIntrodução à linguagem dos conjuntos: representações; subconjuntos; operações eintervalos • Temas básicos de álgebra e de matemática financeira: equações; inequações;sistemas de equações; porcentagem; juros simples e compostos • Geometria plana –triângulos e proporcionalidade • Geometria plana – circunferência, círculo e cálculo deáreas • A linguagem das funções: sistema cartesiano de coordenadas; relação; estudo dosinal e análise gráfica • Função real de variável real – composição e inversão de funções •Função polinomial do 1o grau: gráfico; variação de sinal; inequações • Função polinomialdo 2o grau: gráfico; pontos notáveis da parábola; máximo e mínimo; variação de sinal einequação do 2o grau • Função modular: distância entre dois pontos; gráficos • Funçãoexponencial: potenciação e radiciação nos números reais; equação e inequaçãoexponenciais • Função logarítmica: propriedades; equações e inequações •Seqüências: progressões aritmética e geométrica • Noções de estatística: tabelas;gráficos; medidas de posição • Trigonometria no triângulo retângulo: seno; co-seno etangente.

2ª sérieCircunferência trigonométrica e extensões dos conceitos de seno e de co-seno: relaçãofundamental da trigonometria; equações e inequações trigonométricas • Tangente de umarco trigonométrico e as razões recíprocas do seno, do co-seno e da tangente • Equaçõese inequações trigonométricas nos reais – adição de arcos e arco duplo • Funções

A c

oleç

ão

33

trigonométricas e resolução de triângulos • Matrizes • Sistemas lineares • Determinante eaplicações • Os princípios da análise combinatória: princípio de contagem e fatorial •Agrupamentos e métodos de contagem: arranjo; permutação e combinação • Binômio deNewton • Estatística: gráficos e medidas de dispersão • Geometria de posição e poliedros• Prisma e pirâmide • Corpos redondos: cilindro; cone e esfera.

3ª sérieProbabilidade: definição; adição e multiplicação de probabilidades; probabilidadecondicional • Geometria analítica – ponto e reta: distâncias; equação da reta •Formas da equação da reta, paralelismo e perpendicularidade • Complementossobre o estudo da reta: distância entre ponto e reta; representação gráfica •Equações da circunferência: equação reduzida e normal; posições relativas entreretas e circunferências • Cônicas: elipse; hipérbole e parábola • Lugar geométrico:equação e inequação de um lugar geométrico • Conjunto dos números complexos• Forma trigonométrica de um número complexo • Polinômios • Equaçõespolinomiais • A noção de derivada • Estudo da variação de uma função por meiode sua derivada.

A seleção dos conteúdos da coleção abrange os tópicos normalmente trabalhadosno ensino médio, nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria,da geometria analítica, da estatística, da probabilidade e da combinatória. Tambémoferece uma oportuna revisão dos temas do ensino fundamental, no início do primeirovolume, e inclui o estudo dos números complexos, de limites e de derivadas, noúltimo volume. No entanto, muitos dos temas escolhidos – trigonometria, geometriaanalítica, binômio de Newton, para citar alguns – recebem excessiva atenção e, casosejam levados, integralmente, à sala de aula, sobrecarregarão o aluno.

Em relação à distribuição dos diferentes conteúdos, verifica-se concentração emblocos temáticos: funções são estudadas em sete capítulos consecutivos, no 1ºvolume; trigonometria é vista no último capítulo do volume da 1ª série e nos quatroprimeiros no da 2ª série; geometria analítica é tratada em seis capítulos seguidos,no livro da 3ª série, para citar alguns exemplos.

Quanto à abordagem dos conteúdos matemáticos, observam-se algumas escolhaspositivas, como a do processo de escalonamento para a resolução de sistemas deequações lineares exposto de forma bem fundamentada.

Em contrapartida, o conceito de função introduzido, acertadamente, por meio de umadependência entre grandezas variáveis, é, logo em seguida, formalizado com o empregoda noção de produto cartesiano e com o uso da representação por diagramas de setasentre elementos de conjuntos. Tal abordagem constitui emprego desaconselhável dalinguagem da teoria dos conjuntos no ensino de Matemática.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

34

A articulação entre os tópicos abordados nos diversos capítulos é pouco exploradana obra e é, praticamente, restrita a alguns exemplos de exercícios ou de seçõesLeitura. Ao lado disso, as ligações entre os assuntos dos itens de cada capítulo sãoraras. Caso típico é a apresentação das matrizes, divididas numa lista de definiçõesde matrizes especiais, sem um eixo condutor. Dessa maneira, ocorre umasegmentação excessiva que pode dificultar, para o aluno, uma visão mais integradado conhecimento matemático. Além disso, as ligações entre o conhecimento novo eo já abordado não são explicitadas ao longo da coleção.

Por outro lado, a articulação com outras áreas do conhecimento – Economia, Ecologia,Biologia, Química, Física, Geografia, Engenharia, Astronomia, entre outras – estápresente nos exercícios propostos e nas seções de leitura de textos.

Na obra, um mesmo conceito é apresentado, algumas vezes, com diversidade deenfoques. Por exemplo, um número irracional aparece como medida do comprimento deum segmento incomensurável e, também, como uma dízima infinita e não-periódica. Noentanto, essa multiplicidade de pontos de vista não é adotada em situações importantes.Por exemplo, não se destaca que a função logarítmica é inversa da função exponencial.

Há uma razoável diversidade nas formas empregadas para representar os conceitos eprocedimentos matemáticos, ainda que predomine a linguagem simbólica daMatemática, em detrimento de outras, em particular da língua portuguesa.

As conexões da Matemática, com outros campos científicos ou com outras atividadeshumanas, aparecem em exercícios de aplicação ou nas seções Leitura. Desse modo, orequisito de contextualização dos conteúdos vistos na obra é parcialmente atendido. Asreferências à História da Matemática, que ocorrem com maior freqüência nos volumes da 1ªe da 3ª séries, restringem-se a comentários sobre a contribuição de matemáticos notáveis.

Os conteúdos matemáticos são apresentados já sistematizados, geralmente combase na exposição de definições, propriedades, exemplos e exercícios estruturadosnos capítulos e itens.

O nível de rigor matemático atingido é, no geral, satisfatório. Apesar disso, podem serapontadas algumas inadequações, como as que aparecem nas conceituações defunção inversa e de função composta, no livro da 1ª série, e de probabilidade, no da 3ªsérie. Além disso, predomina o caráter informativo na exposição dos conteúdos, e asafirmações feitas, poucas vezes, são justificadas com base em argumentos intuitivosou dedutivos. Particularmente no livro da 1ª série, as demonstrações são raras.

Outro aspecto que limita a aquisição mais significativa do conhecimento matemáticoé a ênfase dada aos procedimentos, em prejuízo dos conceitos. Um exemplo claro éo destaque atribuído às equações exponenciais e logarítmicas, em detrimento doestudo mais aprofundado das funções correspondentes.

A a

nális

e

35

A metodologia de ensino-aprendizagem privilegia o modelo em que o aluno recebeas informações sobre os vários conteúdos de forma já organizada, esperando-se delea aquisição desses conteúdos. Para tanto, deve valer-se da resolução de problemas defixação e de verificação da aprendizagem e, presumivelmente, do auxílio do professor ou decolegas da classe. Essa forma limita uma participação mais ativa do aluno no processo deconstrução do conhecimento.

Entre as atividades propostas são pouco freqüentes as que propiciam o desenvolvimentode competências mais elaboradas, tais como conjecturar, argumentar, validar, enfrentardesafios, realizar cálculo mental e estimativas, resolver e elaborar problemas e desenvolverestratégias diferenciadas. Além disso, na coleção, não se demanda o uso de recursostecnológicos ou de materiais concretos.

A linguagem utilizada na obra é adequada quanto ao vocabulário e, com poucas exceções,clara na apresentação dos conteúdos. A revisão textual é bem cuidada, as ilustrações sãopertinentes e o livro exibe um excelente projeto gráfico.

O livro do professor orienta-o a estimular o trabalho em grupo e, também, a incentivar, noaluno, o hábito de leitura, escrita e comunicação dos conteúdos matemáticos. Tais sugestões,se aceitas, poderão contribuir para a construção da cidadania. Nesse sentido, algunsdos exercícios propostos, que envolvem temas do contexto social, podem ser úteis.

Contudo, a matemática financeira, que é um tema importante para a formação do cidadãocrítico, não recebe a devida atenção e é restrita ao volume da 1ª série.

O livro do professor, embora resumidamente, explicita as idéias didático-pedagógicasque norteiam a obra. Nos Objetivos gerais da coleção diz-se que se procura desenvolver aautonomia do aluno em relação à aprendizagem, com base na reflexão e no raciocínio. Talintenção é prejudicada pelo modelo adotado no livro do aluno, em que há uma exposiçãomuito direta dos conteúdos e quase sem diálogo com o leitor. Outro indício desse caráterdiretivo da obra aparece nos exercícios, todos classificados pelo assunto principal a que serelacionam, o que dá pouca oportunidade para a reflexão autônoma do aluno. Configura-se,dessa forma, uma incoerência entre os pressupostos assumidos pelo livro e a sua execuçãono livro do aluno.Em outras seções do livro do professor, encontram-se orientações úteis para odesenvolvimento dos conteúdos em sala de aula e resoluções detalhadas dos problemaspropostos.

A a

nális

e

36

MatemáticaMaria José C. de Vasconcelos ZampiroloMaria Terezinha ScordamaglioSuzana Laino Cândido

Editora doBrasil LTDA.

029013

Síntese avaliativa da obra

Na obra, predominam os tópicos matemáticos relacionados ao cotidiano e às práticassociais, porém são omitidos conteúdos importantes como matrizes e sistemas deequações lineares.

A ênfase na Matemática como ferramenta de resolução de problemas em outrasáreas leva a se privilegiar a abordagem de casos particulares das noções epropriedades. Isso aproxima a Matemática do contexto mais amplo, mas, poroutro lado, pode prejudicar a formação do conhecimento matemático em suaforma mais geral.

A valorização da intuição, da visualização e da experimentação é um ponto positivoda obra. Porém isso é feito em prejuízo do desenvolvimento de raciocínios dedutivos.

A coleção se organiza em módulos autônomos, cuja seqüência pode ser modificadapelo professor. Mas a falta de articulação entre eles leva a um tratamento fragmentadodo conhecimento matemático.

Com uma linguagem clara, o livro do professor oferece breves textos com pressupostoseducacionais e valiosas sugestões sobre o tratamento dos conteúdos matemáticosem cada módulo.

37

Cada volume da coleção, iniciado com uma citação das Diretrizes CurricularesNacionais para o Ensino Médio, seguida de um Sumário, divide-se em módulos. Estesapresentam uma página de abertura com ilustrações e um breve texto, no qual éexposto, sucintamente, o tema central a ser desenvolvido.

O tema é dividido, ao longo do módulo, em tópicos e subtópicos, que são apresentadosem explanações, exemplos e exercícios propostos, entremeados com muitas ilustraçõese caixas de texto com destaque. Tais caixas de texto contêm sínteses e comentáriossobre o assunto em discussão, revisões de fórmulas e informações históricas ou relativasa temas de outras áreas do conhecimento. Praticamente, todos os módulos sãoconcluídos com uma seção intitulada Para terminar, que propõe uma atividade prática aser realizada, coletivamente, pelos alunos. A última página de cada módulo traz umaBibliografia, além de sugestões de leitura e, algumas vezes, sugestões de endereçoseletrônicos. Os volumes da 1a e da 3a séries terminam com uma Bibliografia Geral euma Bibliografia sobre o ensino de Matemática, comuns aos dois volumes.

O livro do professor se inicia com um manual pedagógico, seguido de uma cópia do livro doaluno. No manual, há uma parte comum aos três volumes, com uma Apresentação, seguidada seção O que é a obra, com os seguintes itens: O ponto de partida da obra; Bases legais;A obra e a organização do currículo; A reforma do ensino médio e a obra; A reforma doensino médio segundo os parâmetros curriculares nacionais; Nível curricular; Nível didático;Nível pedagógico; O projeto pedagógico da escola e a obra; e Bibliografia. Contém, ainda,as seções Conhecimentos de Matemática no Ensino Médio; Metodologia; O papel doprofessor; Avaliação; Como estão organizadas as páginas do professor e Bibliografia.

A parte específica é iniciada com um Quadro Sinóptico Geral, no qual são apresentados,de forma esquemática, para cada um dos módulos que compõem o volume, os itens:Título, Ementa, Habilidades, Conteúdo e Integração.

Em seguida, vem a seção Páginas do professor – módulo a módulo, com orientaçõespara o docente a respeito de conteúdos, competências, habilidades, integração comoutras disciplinas, avaliação, bibliografia, além das respostas dos problemas.

1a sériePotenciação, notação científica, precisão de medidas • Funções: linear, afim econstante • Função do 2o grau • Gráficos de Funções do 1o e do 2o graus: leitura einterpretação; máximos e mínimos • Função exponencial: potência; aplicações •Logaritmos: cálculo; propriedades; aplicações • Porcentagens • Gráficos de segmentos,barras e setores: construção e interpretação • Área de polígonos • Capacidade, volumee densidade • Organização da contagem e princípio fundamental da contagem.

2a sériePrincípio fundamental da contagem, arranjos e permutações • Contagem e combinações• Probabilidade: experimento aleatório; espaço amostral; evento; regularidade estatística

A c

oleç

ão

38

e freqüência relativa; eventos mutuamente excludentes; espaço equiprovável •Estatística: população e amostra; tabelas de freqüência e histograma; medidas detendência central • Seqüências, progressões aritméticas e geométricas • Ciclotrigonométrico, funções seno, co-seno e tangente • Semelhança de triângulos, homotetia• Triângulos; triângulos retângulos; relação pitagórica; relações métricas nos triângulosretângulos • Trigonometria nos triângulos retângulos • Circunferência; círculo; posiçõesrelativas entre retas e circunferências; comprimento da circunferência; área do círculo,do setor e da coroa circulares • Figuras planas e espaciais: poliedros; corpos redondos;planificações.

3a sérieGeometria analítica: coordenadas na reta e no plano; estudo da reta; paralelismo eperpendicularismo de retas • Área da superfície e volume de prismas e pirâmides •Corpos redondos: área da superfície e volume dos cilindros, cones e esferas • Seçõesdos sólidos geométricos: elipse e hipérbole • Probabilidade: experimento aleatório;espaço amostral e eventos; freqüência relativa; probabilidade de um evento • Métodosprimitivos de contagem e sua evolução; bases de contagem; base decimal • História,funções e formas do dinheiro; noções de economia • Juros: simples e compostos •Informações gerais sobre procedimentos bancários • Etapas do processo estatístico;medidas de dispersão • Escalas e suas representações.

Muitos dos temas normalmente estudados no ensino médio – nos campos da aritmética,da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometria analítica, da estatística, daprobabilidade e da combinatória – fazem parte dos conteúdos selecionados na obra.Predominam, no entanto, temas comumente relacionados ao contexto social ou aoutras áreas do conhecimento, tais como funções, gráficos, elementos de matemáticafinanceira, estatística, probabilidade e combinatória.

Além disso, alguns módulos da obra dedicam-se a tópicos desenvolvidos no ensinofundamental. Porém, as matrizes e os sistemas de equações lineares não são abordados,o que pode prejudicar a formação matemática nessa etapa da aprendizagem escolar.

Quanto à distribuição dos conteúdos, observa-se que temas de estatística, probabilidadese combinatória, além daqueles que tratam da geometria métrica são discutidos nos trêsvolumes da coleção, o que é positivo. No entanto, é criticável a concentração do tratamentodas funções no volume da 1ª série e da geometria analítica no da 3ª série.

Na abordagem dos conteúdos, verifica-se um claro predomínio do aspecto instrumentalda Matemática e a ênfase na abordagem de casos particulares dos conceitos em jogo. Otratamento do logaritmo, feito em um único capítulo do livro da 1ª série, é típico dessaescolha. Valendo-se de exemplos numéricos, define-se o conceito de logaritmo de umnúmero positivo e generalizam-se as propriedades operatórias desse conceito; sãoapresentados, a seguir, vários empregos do logaritmo nos campos da Física, Química,

A c

oleç

ãoA

aná

lise

39

Biologia, estatística, entre outros. Embora as aplicações do logaritmo sejam bemescolhidas e haja sugestões apropriadas de uso da calculadora, não é feita umadiscussão geral sobre a função logaritmo e suas propriedades, por exemplo, sualigação com a função exponencial. Não há sequer um gráfico dessa função no referidocapítulo e a questão matemática importante da aproximação racional do logaritmode números é omitida.

Com respeito à diversidade de representações, observa-se o emprego de váriaslinguagens na abordagem dos conceitos e procedimentos, com predominância da línguamaterna e das imagens visuais. No entanto, são pouco exploradas as resoluções deexemplos ou exercícios, que utilizem formas diferenciadas de resolução – algébrica,aritmética, geométrica – ou métodos diferenciados.

A articulação entre os campos matemáticos ocorre em alguns pontos da obra, aexemplo do estudo das funções, em que são propostos exercícios relacionados comgeometria plana.

A conexão natural entre geometria e álgebra, propiciada pela geometria analítica é,também, explorada no livro da 3ª série. Contudo, outras articulações recomendadasnão estão presentes como entre as funções afim e exponencial e as progressões. Hápreocupação com o conhecimento prévio do aluno, especialmente quando são revistosos assuntos estudados no ensino fundamental.

Na obra, opta-se por uma organização em módulos autônomos, que possibilita umaalteração da seqüência desses módulos pelo professor. No entanto, a articulaçãoentre os conteúdos dos diversos módulos é limitada. Muitas vezes, um tópico éapresentado sem que nenhuma relação seja estabelecida com seu tratamento emoutros pontos da obra. Ocorrem, também, alguns casos de mera repetição deconteúdos, sem comentários esclarecedores. Dessa forma, os módulos que compõema coleção constituem unidades isoladas umas das outras, o que leva à fragmentaçãodo conhecimento matemático.

O traço característico da coleção é a contextualização, traduzida na apresentaçãodos conteúdos matemáticos em situações diversificadas, bem ilustradas e pertinentes,seja em várias áreas do conhecimento, seja em outras práticas sociais. Além disso,são freqüentes as referências a fatos históricos, relacionados, de forma apropriada,com o tema em foco. No entanto, predomina, em geral, o caráter informativo dessasreferências históricas.

Claramente, evita-se a sistematização dos conceitos e procedimentos. A limitação acasos particulares de noções matemáticas predomina sobre a construção dessas noçõesna forma mais geral.

A a

nális

e

40

A coleção prioriza, ainda, a intuição, a visualização e a experimentação, o que éelogiável. No entanto, o uso quase exclusivo desses recursos faz com que os raciocíniosdedutivos sejam pouco utilizados. O excesso de validações empíricas, sem provasmatemáticas, pode induzir o aluno a tirar conclusões falsas.

Além disso, em várias situações, ocorrem algumas inadequações no tratamento deconceitos e procedimentos matemáticos, particularmente no que concerne à estatísticae à probabilidade.

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, busca-se, de diferentes formas,favorecer a participação ativa do aluno, vinculando a introdução dos conteúdos asituações que lhe sejam significativas. Esse esforço é complementado pelo empregode experimentos que visam a validar propriedades matemáticas pela proposta derealização de pesquisas; pela utilização de materiais concretos e de figuras; e pelasatividades em que se solicita, ao aluno, a formulação de exemplos práticos.

As atividades propostas privilegiam o desenvolvimento das competências relacionadasà exploração, ao estabelecimento de relações, à tomada de decisões, à imaginaçãoe à criatividade, à expressão e ao registro de idéias e procedimentos. No entanto, sãomenos exploradas as competências relacionadas ao desenvolvimento degeneralizações e conjecturas, particularmente aquelas que utilizam raciocínios lógico-dedutivos. Não se valorizam situações envolvendo desafios e problemas sem solução.

De um modo geral, a linguagem utilizada no livro é simples, de fácil compreensãopara os alunos e há preocupação em esclarecer o significado e, em alguns casos, aetimologia das palavras.

Contudo, a leitura da obra é dificultada pelo excesso de caixas de texto e ilustrações,algumas delas dispostas de forma inadequada na página. Além disso, o sumário nãoespecifica os conteúdos dos módulos e de suas subdivisões, que, além disso, não sãonumerados. Dessa forma, a localização dos assuntos no livro é prejudicada.

O recurso freqüente a temas socialmente relevantes favorece a construção da cidadania,de forma direta, pelas informações veiculadas, ou indiretamente, pelas oportunidades dediscussões a serem conduzidas pelo professor. Também contribui para tal o estímulo aotrabalho em grupo e à preocupação com a coletividade, presentes ao longo da obra.

O livro do professor apresenta uma linguagem clara e objetiva, sem fazer uso determos técnicos relacionados à Matemática, à Educação ou a outras áreas. Apresentaas respostas das atividades, mas não detalha suas soluções. O manual pedagógicocontém breves textos que podem favorecer a formação didático-pedagógica do professore valiosas sugestões sobre o tratamento dos conteúdos matemáticos em cada módulo.

A a

nális

e

41

Matemática

Oscar AugustoGuelli Neto

EditoraÁtica LTDA.

029018

Síntese avaliativa

Em sintonia com as novas tendências no ensino da Matemática, os conteúdos dasvárias áreas e subáreas da Matemática distribuem-se em cada um dos três livros dacoleção. Persiste, no entanto, a opção por extensos blocos temáticos, em cada volume,além de haver pouca articulação entre os temas tratados em cada um deles.

É característico da obra expor os conceitos e procedimentos, com alguns exemplos eproblemas resolvidos, e propor exercícios de aplicação sem estimular a participaçãoativa do aluno na aquisição do conhecimento.

O enfoque dado aos conteúdos é, essencialmente, algébrico, com ênfase na simbologiamatemática, em particular, nos blocos temáticos relativos às funções e à trigonometria.Essa opção pode dificultar a aprendizagem do aluno.

Um dos pontos positivos da coleção é o adequado recurso à História da Matemáticapara a atribuição de significados aos conceitos abordados.

Na coleção, há vinculação da Matemática com questões da prática social. No entanto,algumas das escolhas feitas são muito artificiais e podem levar a uma idéia equivocadade contextualização no ensino de Matemática.

42

Os livros são organizados em unidades temáticas, geralmente extensas. No iníciodas unidades, há uma seção Leia e discuta em grupo, com uma situação-problemaem que se procura vincular o tema central ao contexto social, além de uma seçãoConstruir Matemática, em que são mencionados episódios da evolução do pensamentomatemático ligados ao assunto em foco.

O tema de cada unidade é repartido em tópicos, que são apresentados numa seqüênciade subunidades, denominadas Aulas. Nestas, são apresentados os conteúdos, comexemplos e questões resolvidas, seguidos da seção Exercícios, com problemas deaplicação do assunto tratado. Muitas das Aulas, especialmente a primeira de cadaunidade, são precedidas por uma seção Ponto de Partida, com um resumo de teoriae Atividades para revisão de temas do ensino fundamental.

São freqüentes, também, as seções Pense e Descubra, com desafios, e Laboratório deMatemática, com atividades mais elaboradas, em geral de natureza teórica. Podem sercitadas, ainda, as seções Contando a História da Matemática, embora em menor número.No fim das unidades, vêm as seções: Apoio Teórico, que visa a resumir e a aprofundar ateoria apresentada; Exercícios de Revisão, identificados de acordo com a Aula a que sereferem; Vestibulares do Século XXI, com questões extraídas de provas das várias regiõesdo País; e ENEM, com alguns problemas do Exame Nacional do Ensino Médio.

Cada um dos três volumes termina com as seções: Avaliando o que aprendi, uma revisãosumária do conteúdo, seguida de exercícios suplementares; Respostas dos exercícioscontidos no livro; Bibliografia para leituras complementares; Referências bibliográficasutilizadas na elaboração da obra; e uma relação com o Significado das siglas utilizadas.

O livro do professor contém a íntegra do livro do aluno e um suplemento pedagógico.Este começa com um Sumário e uma Apresentação, seguidos por uma seqüência deitens em que são feitos comentários sobre a organização da obra e sobre suas seções.

O suplemento inclui, ainda, outros itens comuns aos três volumes: Os objetivos dacoleção; A filosofia da obra; Calculadora, computador: devem ser usados nas aulas?;Uma nova avaliação; Sites indicados; e Bibliografia comentada. Os dois itens finais,específicos para cada volume são: Objetivos e planejamento do ensino, com sugestõese comentários para cada unidade do livro, e Resolução dos exercícios.

1a sérieO plano de coordenadas: distância entre dois pontos; declividade de um segmento;estudo da reta • Funções: relação e função; funções polinomiais de 1o e 2o graus;funções exponencial e logarítmica; equações e inequações; matemática financeira •O espaço: retas e planos; projeções • Seqüências, progressões aritmética e geométrica• Estatística e probabilidade: gráficos e tabelas; média, mediana, moda, desvio padrão;probabilidade matemática • Resolução de triângulos: razões trigonométricas; teoremasdos co-senos e dos senos.

A c

oleç

ão

43

2a sérieFunções trigonométricas: circunferência trigonométrica; seno; co-seno; tangente;equações e inequações; identidades trigonométricas; funções periódicas; funçõesinversas • Matrizes, determinantes e sistemas lineares: operações com matrizes;transposta e inversa; cálculo de determinantes; resolução e discussão de sistemaslineares • Áreas e volumes de prismas e pirâmides • Métodos de contagem, organizaçãoe coleta de dados: princípio fundamental da contagem; permutações; combinações;desenvolvimento de um binômio; cálculo de probabilidades; noções de estatística.

3a sérieGeometria analítica: distância entre dois pontos; declividade de um segmento; estudoda reta; inequações; ângulos • Geometria analítica e corpos redondos: circunferência;áreas e volumes de cilindros e cones; esfera e superfície esférica; parábolas; elipsese hipérboles • Números complexos, funções polinomiais e cálculo informal: operaçõescom complexos; forma trigonométrica; resolução de equações polinomiais; teoremafundamental da álgebra; limites; derivadas; regras de derivação • Estatística,probabilidade e análise de informação: histogramas e polígonos de freqüência; medidasde centralização e dispersão, ajuste de retas.

Em geral, a seleção dos conteúdos da coleção contempla, de modo apropriado, osassuntos normalmente abordados no ensino médio, nos domínios da aritmética, álgebra,geometria, geometria analítica, trigonometria, estatística, probabilidade e combinatória.Observa-se, porém, que alguns temas recebem atenção excessiva, a exemplo dasfunções trigonométricas e dos números complexos.

Na distribuição dos conteúdos, procurou-se incluir temas de diferentes camposmatemáticos em cada um dos volumes. No entanto, nesses livros, os blocos temáticossão, quase sempre, muito extensos.

Com relação à abordagem dos conteúdos, verifica-se que o estudo dos conjuntos numéricosé bem conduzido, pois não aparece em capítulo isolado, mas de forma integrada a diversosconteúdos ao longo da coleção. Porém, pode-se observar, no livro de 1a série que, no estudodas funções, as definições e as propriedades não recebem o devido tratamento, que ésubstituído pela ênfase nas equações e nas inequações correspondentes a essas funções.

A articulação entre temas é restrita na obra, pois está presente apenas no tratamentode conteúdos naturalmente integradores, a exemplo da geometria analítica. Outrasconexões importantes não são devidamente exploradas, tais como as ligações entresistemas lineares e as posições relativas de duas retas no plano ou entre função afime progressão aritmética. Muitas vezes, nas seções Ponto de partida, antes da introduçãode um novo tema, são apresentadas revisões dos conceitos, presumivelmente, jáadquiridos no ensino fundamental. No entanto, não são feitas as articulações desejáveisentre os conhecimentos novos e os já expostos na obra.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

44

Quanto à diversidade de enfoques, constata-se que o ponto de vista algébrico éprivilegiado em toda a coleção. Como exemplo, pode ser citado o estudo datrigonometria no livro de 2a série, em que mais da metade das páginas é dedicada amanipulações algébricas envolvendo as funções trigonométricas. Além disso,predomina o emprego da linguagem simbólica na representação dos conceitos eprocedimentos, o que pode gerar dificuldades para a aprendizagem do aluno.

Há preocupação em articular os conhecimentos abordados com as situações sociais,buscando-se atender ao requisito de contextualização da Matemática ensinada. Noentanto, tal objetivo é apenas parcialmente atingido, pois, ao lado de boas escolhasde aplicação da Matemática, verificam-se situações totalmente artificiais. Por exemplo:os modelos baseados em funções quadráticas para o cálculo da receita de feirantes.

Um dos pontos bastante positivos da coleção é, sem dúvida, a utilização da Históriada Matemática na atribuição de significados aos conceitos. Em praticamente todasas unidades, podemos encontrar um bom espaço dedicado a essa questão, de formabastante articulada com os conteúdos estudados.

Na maioria das vezes, os conteúdos são apresentados já sistematizados, por meiode definições, propriedades e fórmulas. As seções Apoio teórico, em cada unidade, eAvaliando o que aprendi, no fim dos volumes, procuram, também, retomar os conceitose procedimentos. Embora haja cuidado com a sistematização matemática, observam-se algumas inadequações na apresentação de conceitos importantes, tais como o denúmero irracional, função crescente e inversa de uma função. Outra limitação a esserespeito é o emprego de nomenclatura diferente da consagrada.

A metodologia de ensino-aprendizagem consiste na exposição dos conceitos eprocedimentos já sistematizados, com alguns exemplos e problemas resolvidos,seguida de exercícios de aplicação da teoria apresentada. São raras as situações emque o aluno é estimulado a refletir de maneira autônoma. Fica a cargo do professorincentivá-lo a desempenhar um papel mais ativo na aquisição do conhecimento. Acoleção é caracterizada pela ênfase na apresentação de regras, propriedades ealgoritmos, em muitos casos, sem justificativas.

Na obra, não há extensas listas de atividades repetitivas, embora a maioria dosexercícios seja de aplicação direta de modelos apresentados na exposição da teoria.

A linguagem utilizada na obra é clara e acessível ao leitor a que se destina.Observa-se, também, um projeto gráfico de boa qualidade visual.Registre-se uma tentativa de evidenciar o papel da Matemática na sociedade, pormeio de textos históricos e da apresentação de situações do cotidiano. Porém,não são freqüentes as reflexões que levem a uma tomada de consciência dosproblemas sociais contemporâneos. Dessa forma, não se estimula, devidamente,a construção da cidadania.

A a

nális

e

45

No livro do professor, critica-se, enfaticamente, a metodologia, que consiste emapresentar as definições e as propriedades, seguidas de alguns exemplos e de umgrande número de exercícios, para fixar os conteúdos. Porém, a proposta desenvolvidano livro do aluno adota, em grande medida, esse modelo, o que representa umaincoerência.

As orientações específicas, apresentadas para cada unidade, inclusive as resoluçõesdos problemas, apesar de ainda não suficientes, auxiliam a condução do trabalho emsala de aula.A

aná

lise

46

MatemáticaEnsino Médio

Kátia Cristina Stocco SmoleMaria Ignez de Sousa VieiraRokusaburo Kiyukawa

Saraiva LivreirosEditores S/A

029012

Síntese avaliativa

A coleção apresenta uma boa seleção de conteúdos, adequadamente distribuídos,com destaque para a presença da estatística em seus três volumes, apesar de haveruma sobrecarga em conteúdos de trigonometria.

A exposição dos conteúdos tem origem em situações-problema e percorre estratégiasvariadas para chegar à sistematização.

A metodologia adotada caracteriza-se por uma diversidade de enfoques erepresentações matemáticas, articulando conhecimentos de modo a favorecer umprocesso de retomada e aprofundamento.

Estimula o pensar lógico, a criatividade, a comunicação, a pesquisa e a produção detextos. Incentiva e orienta o emprego da calculadora científica nas atividades queenvolvem o cálculo mental e por estimativa. Oferece, ainda, diversas atividades quevalorizam o convívio social e estimulam a autonomia do aluno.

Inúmeras situações do cotidiano, vinculadas à Matemática, favorecem a compreensãodos conteúdos. Particularmente, as atividades envolvendo álgebra e estatísticacontribuem para a construção da cidadania.As orientações do livro do professor oferecem subsídios para uma utilização adequadada coleção em sala de aula.

47

Os livros da coleção iniciam-se com uma apresentação ao aluno e um sumário. Cadavolume é organizado em unidades temáticas que se dividem em itens. Esses itensintroduzem o conteúdo por meio de situações do cotidiano, textos sobre a História daMatemática ou questões internas à Matemática. A apresentação dos conteúdos épermeada por diversas seções relacionadas entre si: Exercícios Resolvidos; Problemase Exercícios; Para Recordar; Invente Você, que propõe a formulação de problemas peloaluno; Saia Dessa, com problemas não-convencionais; Palavras-Chave, apresentadano final de cada unidade com atividades para os alunos resumirem as principais idéiasdo capítulo; Projeto; Calculadora; O Elo e Flash Matemático, que tratam das conexõesentre a Matemática, a vida cotidiana e outras áreas do conhecimento.

Como complemento às unidades, cada volume contém Testes de Vestibulares; Jogos;Respostas às questões e atividades propostas; Indicações de leitura para os alunos;Referências Bibliográficas e uma lista com o Significado das siglas utilizadas na obra.

No início desse complemento, o volume da 1a série apresenta Tábuas de logaritmos decimaise uma Tabela trigonométrica; o volume da 2a série, um apêndice com Moldes de sólidosgeométricos e; o volume da 3a série uma Tabela trigonométrica e o Alfabeto grego.

O livro do professor é constituído por uma cópia do livro do aluno e por um suplementodestinado a orientar a prática pedagógica. Nele, a parte comum às três séries contémuma Apresentação e as seções: Sobre as orientações didáticas; Estrutura da obra,sugestões de utilização e competências envolvidas; Ampliando os recursos e asReferências bibliográficas.

A cada volume são dedicadas Orientações específicas, com considerações sobre algumasde suas unidades, e a seção Resolução dos exercícios, inclusive das seções de desafios.

1a sérieConjuntos numéricos e intervalos na reta real • Estatística · Relações entre grandezas:funções • Funções do 1o grau • Funções do 2o grau • Seqüências, progressão aritméticae progressão geométrica • Função exponencial, equação exponencial e inequaçãoexponencial • Logaritmo e função logarítmica • Módulo de um número real e funçãomodular • Função composta e função inversa • Trigonometria do triângulo retângulo •Arcos de circunferência, ângulos e círculo trigonométrico • Funções trigonométricas:definição, periodicidade e gráfico • Relações trigonométricas num triângulo qualquer.

2a sérieEstatística • Contagem • Probabilidade · Sistemas lineares • Matrizes • Determinantes• Geometria de posição • Sólidos geométricos: poliedros • Sólidos geométricos: corposredondos • Geometria métrica espacial • Funções trigonométricas: redução ao 1o

quadrante • Equações trigonométricas e inequações trigonométricas • Funçõestrigonométricas da soma • Funções trigonométricas inversas.

A c

oleç

ão

48

3a sérieNoções de matemática financeira • Estudo analítico do ponto • Estudo analítico dareta • Estudo analítico da circunferência • Estudo analítico das cônicas • Probabilidadee estatística • Funções trigonométricas: cotangente, secante e co-secante • Polinômios• Números complexos • Equações polinomiais • Taxa de variação de funções.

A seleção dos conteúdos contempla uma gama de unidades interessantes noscampos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometria analítica,da estatística, da probabilidade, e da combinatória, escolhidos de maneira equilibrada.Observa-se, no entanto, um excesso de tópicos no tratamento da trigonometria.

A coleção apresenta uma adequada distribuição dos conteúdos, que garante apresença de quase todos os campos temáticos nas três séries. A exceção fica porconta da geometria – a espacial, restrita à 2ª série, e a analítica, restrita à 3ª série.Destaca-se a estatística, pela sua boa distribuição ao longo dos três volumes.

A abordagem dos conteúdos é realizada apropriadamente. Por exemplo, o tratamentodado aos sistemas lineares inicia-se por uma retomada dos sistemas 2 x 2 e 3 x 3,abordados no ensino fundamental e aprofunda o tema por meio de exemplos. Esseestudo, aliado ao das matrizes, permite desenvolver o método de escalonamento pararesolução de sistemas gerais.

Os conceitos, propriedades e procedimentos são tratados com diversidade deenfoques, como no estudo das soluções dos sistemas lineares, no qual estão integradasas interpretações algébrica e geométrica. Um bom exemplo de tratamento de umconceito de diferentes pontos de vista encontra-se no estudo das matrizes, que surgemcomo tabelas de dupla entrada, como objeto algébrico – com suas propriedadesoperatórias –, como uma representação de grafos e, ainda, como representante desistemas de equações lineares. Os conteúdos são desenvolvidos de modo a favorecera interação entre representações, como: língua portuguesa, linguagem simbólica,gráficos, tabelas, desenhos e ícones.

A articulação entre os conteúdos da coleção realiza-se em espiral: conhecimentosabordados em certas unidades são retomados e aprofundados em unidadessubseqüentes. Os conteúdos do ensino fundamental articulam-se com os da coleçãosempre que necessário para a compreensão dos conceitos em estudo.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

49

Na contextualização dos conteúdos, a obra vale-se de situações do cotidiano, textossobre a História da Matemática e questões internas à Matemática. As referênciashistóricas sobre a produção do conhecimento matemático sugerem perspectivas quepodem contribuir para a sua aprendizagem. Destacam-se as seções O Elo e FlashMatemático, que promovem boas conexões entre a Matemática e outros campos doconhecimento.

A sistematização de conteúdos é bem conduzida. Em geral, estes são introduzidoscom base em uma situação-problema e desenvolvidos por meio das atividades presentesnas seções, até serem sistematizados.

A metodologia de ensino-aprendizagem adotada contribui para a compreensãodos conceitos e procedimentos matemáticos e para o desenvolvimento de competênciasvariadas. Os conteúdos são desenvolvidos respeitando uma evolução gradual decomplexidade. Valoriza-se a autonomia do aluno ao favorecer o estudo individual, e ainteração entre alunos, por meio de discussões em grupo.

O pensamento lógico, a criatividade, a comunicação, a pesquisa e a produção detextos são ações sugeridas e incentivadas em diversas atividades. Apoiadas por leiturascomplementares, essas atividades favorecem a concretização dessa concepçãometodológica. Conhecimentos prévios e extra-escolares são valorizados na contínuarevisão de conceitos próprios do ensino fundamental, geralmente feita de forma implícita.

O aluno encontra diversas atividades que o desafiam a pensar. Por serem de boa qualidade,elas contribuem para a formulação de questões e problemas; para a criação e o empregode estratégias de resolução; para a verificação de processos e demonstrações e devalidações empíricas e matemáticas. As atividades que favorecem a utilização do cálculomental e por estimativa são enriquecidas pelo emprego da calculadora.

A coleção apresenta os conteúdos e a formulação de instruções por meio de umalinguagem clara e agradável, adequada aos alunos a que se destina, e caracteriza-se por um equilíbrio entre a linguagem matemática e o idioma.

O convívio social é estimulado ao longo da coleção por atividades que envolvemcomunicação, produção de textos e jogos. Destacam-se os campos da álgebra e daestatística nas contribuições da Matemática para a construção da cidadania.

O manual pedagógico, do livro do professor, apresenta, com clareza, os objetivos efundamentos teóricos utilizados para a elaboração da obra. Oferece ao professoresclarecimentos que auxiliam o entendimento das competências visadas pelas atividadesde cada tipo de seção da obra. No entanto, não são oferecidos subsídios suficientes quantoa fundamentos e propostas de avaliação. As orientações do manual favorecem uma utilizaçãoadequada da coleção no processo de ensino-aprendizagem e suas considerações teórico-metodológicas podem contribuir para a formação e a atualização docentes.

A a

nális

e

50

MatemáticaAula por aula

Cláudio Xavier da SilvaBenigno Barreto Filho

Editora FTD S/A

029008

Síntese avaliativa

A obra contempla os conteúdos trabalhados normalmente no ensino médio e sedetém, bastante, no estudo de limites e derivadas. Por outro lado, dedica uma atençãoinsuficiente à estatística, à probabilidade e à matemática financeira.

Os conteúdos são tratados de forma linear e fragmentada, com pequena apresentaçãode seus aspectos teóricos, seguida de exercícios resolvidos e propostos. Enquantoos exercícios resolvidos são aplicações diretas da teoria desenvolvida, os poucosdesafios aos alunos são apresentados em alguns exercícios propostos ou no finaldos capítulos, principalmente com questões retiradas de vestibulares.

A opção metodológica da obra é centrada na transmissão de definições, propriedades,procedimentos e regras. Dessa forma, afasta-se de uma abordagem, com base emproblemas, que estimule maior participação dos alunos.

A obra caracteriza-se por uma linguagem carregada de simbologia matemática, comum enfoque essencialmente algébrico.

O livro do professor, muito resumido, não oferece subsídios ao docente para trabalhar,de forma significativa, os diferentes conteúdos e a avaliação.

51

Os livros da coleção são organizados em capítulos, cujos títulos são os temas aserem desenvolvidos. Esses, por sua vez, subdividem-se em itens, nos quais é feitauma apresentação da teoria, seguida de Exercícios, resolvidos e propostos.

Os capítulos contêm, ainda, seções: A história conta, seção inicial de cada capítulo,que tem o objetivo de fornecer dados históricos aos alunos, com um apêndice intituladoPesquise mais sobre o assunto, o qual sugere bibliografia complementar; Ficha-resumodos conteúdos estudados; Exercícios complementares, que aborda, em sua maioria,questões de vestibulares; Saiba um pouco mais, com textos que tratam de váriosaspectos da produção científica e Desenvolva a Criatividade, com uma lista deproblemas mais elaborados.

Em cada página introdutória de capítulo, há o título e um pensamento, ou poema deescritores, ou filósofos conceituados. Ao final do volume da 3ª série, há uma unidade,Revendo o conteúdo, que traz uma seqüência de testes de vestibulares.

O livro do professor contém uma cópia do livro do aluno, acrescida das respostas dosexercícios e de comentários, com orientações metodológicas além de um suplementopedagógico com os pressupostos teóricos e os objetivos que nortearam a elaboraçãoda obra.

Tal suplemento está dividido nos seguintes tópicos: Apresentação; Objetivos geraisda Matemática; Objetivos específicos da Matemática; Características gerais dacoleção; Considerações sobre os objetivos relacionados ao conteúdo temático;Proposta de avaliação; Referências bibliográficas; Outras referências, contendoendereços de centros de pesquisa em educação matemática; e Respostas de todosos exercícios do livro.

1a sérieConjuntos: revisão; conjuntos numéricos • Funções • Função polinomial do 1o grau:gráficos; estudo dos sinais; inequações • Função polinomial do 2º grau: funçãoquadrática; gráficos; raízes; estudo dos sinais; inequação; sistema de inequações •Função exponencial: propriedades; equações e inequações • Função logarítmica:propriedades; mudança de base; equações; inequações; logaritmo decimal • Funçãomodular: equações e inequações • Trigonometria: trigonometria no triângulo retânguloe no círculo; funções e relações trigonométricas; redução ao 1o quadrante •Progressões: seqüências; progressões aritmética e geométrica.

2a sérieRetomando progressões • Retomando e aprofundando trigonometria: revisão; fórmulasde adição; subtração e duplicação de arcos; equações e inequações; funções circularesinversas • Matrizes: igualdade; operações e inversa • Determinantes: definição; teoremade Laplace; regra de Sarrus; matriz de Vandermonde; regra de Chió • Sistemas lineares:

A c

oleç

ão

52

equações e sistemas lineares; regra de Cramer; classificação; escalonamento desistemas • Análise combinatória/Binômio de Newton: princípio fundamental dacontagem; permutação; arranjo e combinação simples; permutação com elementosrepetidos; números binomiais; triângulo de Pascal • Probabilidade: experimentoaleatório; espaço amostral; evento; união de dois eventos; probabilidade condicional;distribuição binomial • Geometria espacial: tópicos de geometria plana; postulados;posições relativas de retas e planos; sólidos geométricos.

3a sérieGeometria analítica: ponto; reta; circunferência; cônicas • Números complexos: formaalgébrica; operações; representações geométrica e trigonométrica; potenciação;radiciação • Polinômios: identidade; operações; equações algébricas • Limites: noçãointuitiva; definição; continuidade; limites trigonométrico e exponencial fundamentais;limites envolvendo infinito • Derivadas: significado geométrico; propriedades operatórias;funções logarítmicas; composta; potência de expoente real; inversa e exponencial;variação das funções • Estatística e matemática financeira: conceitos introdutórios;medidas de tendência central e de dispersão; porcentagem; lucro; desconto.

A seleção de conteúdos da coleção contempla os tópicos normalmente trabalhadosno ensino médio, nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria,da geometria analítica, da estatística, da probabilidade e da combinatória.

No estudo de limites e de derivadas, estende-se até regras de derivação e regra dacadeia. Além disso, os conteúdos de probabilidade, de estatística e de matemáticafinanceira não recebem a devida atenção, o que prejudica a compreensão dos conceitos.Os números complexos recebem um tratamento muito extenso, que inclui atépotenciação e radiciação dos complexos.

Em todos os volumes observa-se uma distribuição de conteúdos que privilegia umaorganização linear e estanque dos assuntos trabalhados. Alguns temas são retomadosde forma repetitiva, sem que haja aprofundamento e ligação entre tópicos. Isso ocorre,por exemplo, nos capítulos sobre trigonometria e progressões, presentes tanto no 1o

como no 2o volumes.

Quanto à abordagem dos conteúdos, muitos dos temas são tratados com enfoqueessencialmente algébrico. Os conteúdos de geometria analítica, polinômios, limites ederivadas dão ênfase aos cálculos. Algumas técnicas avançadas são trabalhadas emdetrimento do desenvolvimento conceitual intuitivo e adequado à faixa etária dos alunosdo ensino médio.

O capítulo dedicado à estatística e à matemática financeira, por exemplo, possui umaabordagem essencialmente técnica e desvinculada dos demais conteúdos.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

53

Em análise combinatória, o aluno não é conduzido a adquirir, progressivamente,estratégias de contagem de conjuntos discretos nas diversas situações-problema. Aocontrário, é exposto a definições e a fórmulas de permutações, combinações e arranjos.

A diversidade de enfoques e de representações não é satisfatória. Na maioria dassituações, não se discutem diferentes abordagens (algébricas, geométricas e empíricas),e como raramente há referências a problemas contextualizados, as atividades apresentadastêm ligação somente com o conteúdo matemático que está sendo desenvolvido.

A articulação entre os campos matemáticos praticamente não é feita na coleção, namedida em que os conteúdos dos capítulos são muito pouco interligados. Os exercíciosresolvidos, por sua vez, são aplicações imediatas da teoria e, em geral, constituemproblemas-padrão que se referem somente ao conteúdo do item em questão. Apesarde propor um capítulo inicial sobre conjuntos numéricos, há poucas conexões com oconteúdo que o aluno traz do ensino fundamental.

No que se refere à contextualização, o conteúdo dos capítulos volta-se à própriaMatemática e o aluno não é tratado como agente social e cultural. As atividadespropostas são, em sua maioria, impessoais. As relações entre Matemática e outrasnecessidades sociais também são pouco exploradas, mas aparecem nas seçõesDesenvolva a criatividade, ao final de cada capítulo.

Quanto à contextualização histórica, os capítulos iniciam-se por uma seção comextratos da História da Matemática sobre o tema a ser tratado.

Na coleção, opta-se por uma transmissão formal das definições, das propriedades,dos procedimentos e regras. Estes, ao final, são sumariados, por meio de uma Ficha–resumo, apresentada como uma lista pronta a ser memorizada pelo aluno, sem queele participe dessa construção. Não há, portanto, o processo de sistematização e,sim, uma transmissão da Matemática já sistematizada. Além do mais, diversasinadequações são encontradas no tratamento de algumas noções matemáticas, taiscomo no estudo do sistema cartesiano.

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, observa-se que o aluno é poucoestimulado a explorar, a analisar situações diversas, a conjecturar, a generalizar, ausar a imaginação ou a criatividade. Estratégias para promover o desenvolvimento detais competências também não são muito utilizadas.

As atividades, em sua maioria, são exercícios de aplicação direta de fórmulas eprocedimentos. Além disso, são poucos os desafios propostos na seção Desenvolvaa Criatividade. Também, não é incentivada a discussão de diferentes estratégias deresolução de um mesmo problema. Ao lado disso, não há muitas questões quedemandem estimativas ou cálculos mentais, e não é explorado o uso da calculadorano processo de ensino-aprendizagem.

A a

nális

e

54

De uma forma geral, a linguagem utilizada na obra é correta e clara. No entanto,emprega-se, inadequadamente, um excesso de simbologia.

Em relação à construção da cidadania, nota-se a ausência de atividades e deestímulos às discussões sobre temas socioculturais. A metodologia adotada, alémdo mais, não favorece o desenvolvimento da autonomia do aluno, elemento fundamentalno seu processo de formação.

O manual pedagógico, presente no livro do professor, explicita os objetivos do ensinoda Matemática e da coleção e comenta cada unidade dos livros. Entretanto, asorientações oferecidas não contribuem de modo significativo para o trabalho com olivro didático, por se constituírem considerações gerais. Por exemplo, sugerem-seatividades de caráter interdisciplinar, mas não são dados exemplos que auxiliem oprofessor no planejamento dessas atividades.

A a

nális

e

55

MatemáticaCiência e Aplicações

Gelson IezziOsvaldo DolceHygino Hugueros DominguesRoberto PérigoDavid Mauro DegenszajinNilze Silveira de Almeida

Saraiva LivreirosEditores S/A

029001

Síntese avaliativa

Os conteúdos selecionados na obra abrangem os que são usualmente tratados noensino médio, além de uma revisão de assuntos das séries anteriores. Destaca-se,ainda, um capítulo com um bom tratamento da matemática financeira.

No entanto, há excessiva atenção a vários tópicos, como trigonometria, determinantes,álgebra dos polinômios, números complexos e derivadas. Além disso, os temasconcentram-se em grandes blocos.

Diversos temas são abordados adequadamente, como geometria, álgebra e estatística,ainda que, na trigonometria, se dê demasiada ênfase às técnicas algébricas.

A apresentação dos conteúdos já formalizados, seguidos de exemplos e exercícios épredominante na obra, o que pode levar o aluno a uma atitude passiva e pouco autônomaem relação à Matemática. No entanto, a qualidade e a diversidade das atividadespropostas atenuam essa limitação.

A contextualização está presente nos problemas que envolvem a aplicação daMatemática. Nesse aspecto, o capítulo dedicado à estatística privilegia temas sociais.Merecem destaque as bem elaboradas referências à História da Matemática, quepermeiam toda a obra.

56

Os volumes da coleção começam com uma Apresentação e um Sumário e seorganizam em capítulos temáticos, divididos em itens, em que são abordados tópicosdesses temas. Cada item contém, além da explanação dos conceitos e procedimentos,vários exemplos ilustrativos e uma lista de exercícios.

Em alguns itens, encontra-se, também, uma seção com o resumo da parte teórica e,em outros, uma introdução. No final de cada capítulo, há duas seções com problemas,intituladas Testes de vestibulares e Desafios, seguidas, quase sempre, da seçãoMatemática no tempo, que aborda temas da História da Matemática.

No 1º volume, há um apêndice sobre logaritmos decimais e, no 3º, dois apêndicessobre limites fundamentais. Na parte final de cada volume, são fornecidas as respostasdos exercícios e testes.

O livro do professor contém, na íntegra, o livro do aluno e é complementado por ummanual pedagógico. Neste, há uma primeira parte, comum às três séries, com asseções: Apresentação, Sumário, Conheça esta coleção, Objetivos gerais da obra,As bases legais do ensino médio brasileiro, Diretrizes curriculares nacionais para oensino médio, Diretrizes curriculares para o ensino médio na área de Matemática,Leituras recomendadas ao professor.

A segunda parte do manual é específica de cada volume e traz as seções: Apresentaçãodo volume; Objetivos específicos dos campos da Matemática; Sugestões dos autores;Sugestões para atividades em grupo; Relação dos pontos de contextualização, conexãocom outras áreas do conhecimento e conexão com outros tópicos de matemática;resoluções de exercícios, testes e desafios; e uma lista com Significados das siglasindicadas nos exercícios.

1a sérieConjuntos numéricos: naturais; inteiros; racionais; irracionais; reais; intervalos • Funções:noções básicas; gráficos • Função afim: definição; gráfico; equações; propriedades;inequações • Função quadrática: definição; gráfico; equações; propriedades; inequações •Função modular: função definida por mais de uma sentença; módulo; gráfico; funçãocomposta; inequações • Função exponencial: potência de expoente racional; funçãoexponencial; equações; inequações • Logaritmos: sistemas de logaritmos; propriedadesoperatórias; mudança de base • Função logarítmica: funções injetoras, sobrejetores ebijetoras; função inversa; função logarítmica; equações; inequações • Progressões:seqüências numéricas; progressões aritméticas e geométricas; série geométrica convergente• Noções de matemática financeira: porcentagem; juros simples e compostos; descontos •Semelhança de triângulos • Trigonometria no triângulo retângulo · Resolução de triângulos.

2a sérieFunções circulares • Relações entre funções: identidades trigonométricas• Transformações trigonométricas • Equações e inequações trigonométricas

A c

oleç

ão

57

• Retomando as funções trigonométricas • Matrizes: noções básicas; operações commatrizes • Determinantes: cálculo de determinantes; teorema de Laplace; propriedades• Sistemas lineares: escalonamento; regra de Cramer; discussão de sistemas • Áreasde figuras planas: polígonos; círculo • Geometria espacial de posição: noções primitivase postulados; posições relativas de retas e planos; projeções; distâncias; ângulos •Análise combinatória: princípio fundamental da contagem; arranjos; permutações;combinações • Probabilidade: experimento aleatório; espaço amostral; probabilidadede um evento; probabilidade da união de eventos; probabilidade condicional;experimentos binomiais • Binômio de Newton • Poliedros: convexos; relações deEuler; poliedros de Platão e regulares • Prisma: áreas e volume • Pirâmide: áreas evolume, tetraedro regular • Cilindro: áreas e volumes, seção meridiana e cilindroeqüilátero • Cone: áreas e volume, seção meridiana e cone eqüilátero • Esfera: seçãoda esfera, área e volume, partes da esfera • Troncos: de pirâmide; de cone.

3a sérieEstatística: gráficos; tabelas; medidas de tendência central e de dispersão • Oponto: plano cartesiano; distância entre pontos; alinhamento de três pontos • Areta: equações da reta; posições relativas de duas retas; inequações; ângulos;distância de ponto a reta; área de um triângulo; bissetrizes • A circunferência:equações; posições relativas de pontos, retas e circunferências; inequações •As cônicas: equações; interseções; tangentes • Números complexos: definição;operações; plano de Argand-Gauss; forma trigonométrica; potenciação eradiciação • Polinômios: função polinomial; operações • Equações polinomiaisou algébricas: Teorema Fundamental da Álgebra; multiplicidade de uma raiz;raízes complexas; relações de Girard; raízes racionais • Derivadas: funçõescontínuas; reta tangente; função derivada; aplicações • Regras de derivação •Estudo de máximos e mínimos das funções.

A seleção dos conteúdos contempla os tópicos usuais do ensino médio, referentesà aritmética, à álgebra, à geometria, à trigonometria, à geometria analítica, à estatística,à probabilidade e à combinatória. Inclui, também, uma introdução aos limites e derivadas,além de uma adequada revisão do conteúdo do ensino fundamental. A matemáticafinanceira, assunto importante para a formação do cidadão, é contemplada com umcapítulo inteiro, no livro da 1ª série.

Observa-se, porém, que há sobrecarga de alguns conteúdos como, por exemplo,trigonometria, que compõe um conjunto de quase 180 páginas, ocupando o fim dovolume da 1ª série e o início do volume da 2ª série.

Quanto à distribuição dos conteúdos, os temas concentram-se em grandes blocos,alguns deles localizados em um único volume. Por exemplo, o estudo de funçõesacumula-se no volume da 1ª série e o de geometria analítica no da 3ª série.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

58

A abordagem dos conteúdos é, em geral, adequada. Exemplo disso é o tratamentodado à geometria, em que se valoriza a visualização do espaço físico, em particular,com o emprego de figuras e fotografias de objetos concretos. Há um estudo adequadoda álgebra, que contempla desde o processo dedutivo até os procedimentos ealgoritmos puramente algébricos. Na abordagem da estatística, a ênfase é dada agráficos e tabelas que retratam situações atuais, sem, porém, se descuidar da parteconceitual. Nos capítulos destinados à trigonometria, prevalece uma atenção excessivaa técnicas algébricas. No estudo dos logaritmos, adota-se um tratamento que separasistemas de logaritmos de função logarítmica, o que não é recomendável.

Há grande diversidade de representações na apresentação de noções e fatos matemáticos.As linguagens materna e simbólica, acompanhadas de desenhos, ilustrações, gráficos etabelas são instrumentos de ensino-aprendizagem presentes nos três volumes da coleção.

Em vários momentos do texto, especialmente na introdução de conceitos com base emsituações-problema, busca-se uma articulação do conhecimento em foco com ospreviamente abordados, assim como com outros campos da Matemática. Além disso, osproblemas propostos contribuem, também, para a conexão entre os tópicos matemáticos.Entretanto, as articulações entre os campos são dificultadas pela separação dos temasem grandes blocos, distribuídos por série. Importantes conexões, tais como escalonamentode matrizes e resolução de sistemas por escalonamento, não são feitas.

A contextualização está presente nos exercícios que envolvem aplicações daMatemática, com ricos exemplos de articulação com outras áreas do conhecimento,com as necessidades culturais e sociais e com o mundo físico. Observa-se que, emapenas alguns capítulos e itens, a contextualização motiva a construção de novosconceitos e seus significados. Em contrapartida, destaca-se a presença de temasligados à História da Matemática, que permeiam os três volumes.

Quanto à sistematização, em muitos dos capítulos e itens, segue-se uma metodologiabaseada na exposição do conteúdo formalizado, seguida de exercícios. Além disso, aobra faz uso de validações empíricas, ainda que nem sempre seja feita uma distinçãonítida entre esta e a validação matemática. Busca-se, na obra, atingir um bom nível derigor matemático, o que é conseguido, salvo algumas exceções.

A metodologia de ensino-aprendizagem pauta-se pela apresentação dos conteúdos jásistematizados, entremeados de questões resolvidas, sem uma participação mais ativa doaluno nessa fase. O texto é impessoal e, praticamente, não há diálogo com o leitor. Contudo,a apresentação de pequenas cadeias lógicas auxilia o desenvolvimento do raciocínio dedutivo.

Essas limitações metodológicas são atenuadas pelas atividades propostas, que secompõem de uma boa seleção de exercícios, problemas e desafios, em vários níveisde dificuldades, com respostas no livro do aluno e resoluções detalhadas no doprofessor. Não há, porém, um convite sistemático à pesquisa e algumas poucassugestões para atividades em grupo são detalhadas no livro do professor.

A a

nális

e

59

Em geral, a obra não explora as facilidades propiciadas por calculadoras ecomputadores. As idéias de aproximação não são enfatizadas e o cálculo mental nãoé mencionado explicitamente.

A linguagem utilizada no livro é adequada ao aluno a que se destina e a linguagemsimbólica é utilizada sem exageros.

Temas relevantes para a construção da cidadania são apresentados no decorrer dotexto, em seções como as dedicadas à História da Matemática, à matemáticafinanceira, à probabilidade e à estatística.

O manual pedagógico contido no livro do professor apresenta, em linguagem clara,a estrutura da coleção e seus objetivos, bem como uma releitura das diretrizescurriculares para o ensino médio de Matemática.

O manual traz, também, alguns subsídios para a atuação do professor, em sala deaula, de uma maneira esquemática. A resolução dos problemas mais difíceis estábem apresentada e fornece, ao docente, uma boa fonte de informação e inspiração.Indica, ainda, uma extensa lista de livros paradidáticos ou revistas, que tratam deassuntos diretamente ligados ao dia-a-dia do professor, tais como: aprofundamentoem Matemática, ensino-aprendizagem de Matemática, História da Matemática,questões curiosas de Matemática, entre outras.

A a

nális

e

60

Matemáticano Ensino Médio

Márcio Cintra Goulart

EditoraScipione LTDA.

029020

Síntese avaliativa

Nessa obra, a escolha dos temas é a usual para o ensino médio. No entanto, oespaço dedicado à matemática financeira é pequeno. Além disso, o desenvolvimentode cada tema é concentrado em um dos volumes da coleção, à exceção datrigonometria.

Os conteúdos são, em geral, apresentados de forma direta e pronta, seguidos deexercícios resolvidos, e sempre de grande quantidade de exercícios propostos. Asatividades, na sua grande maioria, são de leitura e resolução de exercícios. Tal escolhametodológica não favorece uma autonomia maior do aluno na construção doconhecimento matemático.

Há alguns bons exemplos de articulação entre conhecimento novo e aquele adquiridoanteriormente. Outro ponto positivo observado é a utilização de diferentes tipos derepresentações, como desenhos de figuras geométricas, língua portuguesa, linguagemsimbólica, gráficos e esquemas. O livro do professor faz referência a atividadescontextualizadas, sem, contudo, oferecer subsídios para encaminhá-las.

61

A coleção distribui os conteúdos em capítulos temáticos. Cada livro traz umaApresentação, seguida de um Sumário e dos capítulos com o desenvolvimento dosconteúdos. Termina com Respostas dos exercícios e problemas propostos, Bibliografiautilizada na elaboração do livro e Sugestões de leituras complementares para o aluno.

Cada capítulo é organizado em itens que contêm a explanação teórica e, em quasetodos eles, há seções com Exercícios resolvidos que complementam a teoria exposta.Ao final, há uma seção Testes de exames e concursos. Alguns capítulos apresentam,também, textos de Leitura. O livro do aluno traz, ainda, as respostas dos exercícios etestes propostos em todas as seções.

O livro do professor contém, na íntegra, o livro do aluno. Sua parte específica é organizadaem seis seções: Por que e como ensinar (e aprender) Matemática no ensino médio; Por quee como avaliar o aprendizado de Matemática no ensino médio; Como se organiza a coleção;Nossas sugestões, com indicações de leituras, endereços eletrônicos e instituições para aformação continuada; Desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula, iniciada com breveorientação metodológica por capítulo, seguida das resoluções de algumas questõesselecionadas do livro do aluno; e Problemas e exercícios suplementares. O terceiro volumeapresenta, também, a seção Resolução das questões do ENEM (1998-2003).

1a sérieNúmeros: naturais, inteiros, racionais e reais; intervalos; módulo; porcentagem · Funções:representação; plano cartesiano; constante e identidade; função polinomial do 1° grau;inequações do 1° grau; função quadrática; inequações do 2° grau; função definida por maisde uma sentença; funções composta e inversa • Função exponencial: potências e raízes;função exponencial; equações e inequações exponenciais • Logaritmos • Função logarítmica:propriedades; mudança de base; função logarítmica; aplicações; co-logaritmo • Seqüências:progressões aritmética e geométrica • Matemática financeira: porcentagem; juros simplese compostos • Razões trigonométricas: tangente; seno e co-seno; valores notáveis; relaçãofundamental; ângulos suplementares; área do triângulo; leis dos senos e dos co-senos.

2a sérieTrigonometria: circunferência trigonométrica; seno e co-seno; tangente; cotangente,secante e co-secante; fórmulas de adição; transformação em produto; inequaçõestrigonométricas; funções trigonométricas inversas • Matrizes: operações; propriedades;matriz invertível • Sistemas lineares e determinantes: escalonamento; discussão desistemas; regra de Cramer; sistema homogêneo; matriz transposta; propriedades dosdeterminantes • Contagem: princípio multiplicativo; permutações; combinações;arranjos; binômio de Newton • Probabilidades: experimentos aleatórios; espaçoamostral equiprovável; probabilidade da reunião e do complementar; multiplicação deprobabilidades; probabilidade condicional e independência de eventos; distribuiçãobinomial • Geometria espacial: posições relativas; projeção ortogonal; prismas – árease volumes; pirâmide; cilindro; cone; tronco de pirâmide; tronco de cone; esfera; ângulospoliédricos; poliedros.

A c

oleç

ão

62

3a sérieGeometria analítica: distância entre dois pontos; divisão de um segmento; coeficienteangular, condição de alinhamento; equações da reta; posições relativas; ângulos;distância entre ponto e reta; inequações do 1° grau em duas variáveis; circunferência;tangência; lugares geométricos; cônicas • Números complexos: representação noplano, complexos conjugados; forma trigonométrica; produto e quociente; potências;raízes • Polinômios: operações; dispositivo de Briot-Ruffini • Equações polinomiais:multiplicidade de uma raiz; relações de Girard; raízes racionais; raízes complexas •Noções de estatística: pesquisa estatística; média, mediana, moda; variância e desviopadrão; distribuição de freqüências; histograma.

A seleção dos conteúdos é a normalmente adotada para o ensino médio. A escolhade temas é feita de forma apropriada, nos campos da aritmética, álgebra, geometria,trigonometria, geometria analítica, estatística, probabilidade e combinatória. Faz-seexceção à matemática financeira, à qual é dedicado um pequeno espaço.

Na coleção, opta-se pela distribuição dos conteúdos em extensos blocos temáticos,concentrados num único volume, com exceção da trigonometria, que é abordada no1º e no 2º volumes. A geometria analítica, por exemplo, é tratada, apenas, no volumeda 3a série; toda a geometria espacial está no da 2a série.

Quanto à abordagem dos conteúdos, a resolução dos sistemas lineares éapresentada pelos processos de escalonamento e pela regra de Cramer, mas acomparação entre os dois é discutida somente no livro do professor.

O conceito de função é introduzido como associação entre variações de grandezas,mas, depois, se formaliza esse conceito como um caso especial do conceito derelação e não se comparam as duas definições.

Em relação à trigonometria, refaz-se, no volume da 1a série, o estudo das razõestrigonométricas no triângulo, presumivelmente visto no ensino fundamental, e estendem-se as definições para a circunferência trigonométrica no volume da 2a série.

Um ponto positivo observado na coleção é a diversidade de representações, noque diz respeito à utilização de desenhos de figuras geométricas, da línguaportuguesa, de linguagem simbólica, de gráficos, de esquemas, entre outras.Particularmente no estudo das funções, são privilegiadas as representações algébricae gráfica, tanto na unidade específica de funções, quanto na de funçõestrigonométricas e na de geometria analítica. Não existe, contudo, um cuidado especialem destacar ou em discutir, com o aluno, a vantagem de cada uma dasrepresentações, bem como a conexão entre elas.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

63

Há alguns bons exemplos de articulação entre conhecimento novo e aquele adquiridoanteriormente. Pode-se citar a retomada dos sistemas a duas incógnitas, quando seestuda a posição relativa de duas retas na geometria analítica. É interessante, também, oexercício resolvido que apresenta uma demonstração clara e acessível da regra dedivisibilidade por três. A prova, além de ser um exemplo simples de desenvolvimento doraciocínio, liga o estudo dos números inteiros ao estudo de exponenciais. No entanto, nãosão estabelecidas algumas articulações, notadamente entre probabilidade e estatística.

A contextualização das questões, em geral, é feita nos exercícios e nos testes devestibulares ou do ENEM. Há casos em que é apenas mencionada, como no da utilizaçãoda multiplicação de matrizes na informática. As conexões com outras áreas doconhecimento aparecem especialmente nos problemas ou nos testes de vestibulares.

Quanto à sistematização, os conteúdos são apresentados no início de cada capítulo ouseção, ou, ainda, por meio de exercícios resolvidos antes da seção Exercícios e problemas.No entanto, os temas não são rediscutidos ao final dos capítulos, o que permitiriasistematizar os eventuais avanços conceituais e procedimentais alcançados pelos alunos.Além disso, no tratamento dado aos conteúdos, podem ser encontradas algumasinadequações, como na abordagem da noção de distância e na de função composta.

A metodologia de ensino-aprendizagem está baseada em leitura de texto que expõeo conteúdo, seguida de resolução de exercícios. A apresentação dos conteúdos é,quase sempre, feita de forma já estruturada, seguida de exemplos e exercícios propostos.

Em geral, não é solicitado papel ativo ao aluno no seu processo de aprendizagem.Algumas vezes, ele é convidado a ler textos das seções Leitura relacionados ao assunto.Por exemplo: as considerações sobre órbitas de planetas no item que discute as elipses.

As atividades propostas, quase sempre são pouco desafiadoras, restringindo-se aleitura de textos e resolução de exercícios e testes. O emprego de atividades maiscontextualizadas é sugerido no livro do professor, sem se detalhar o planejamento detais atividades. Por exemplo, a utilização das equações algébricas de grau superior adois, em modelos de otimização, é sugerida no livro do professor, sem mais pormenores.

Muitas vezes, a linguagem empregada na obra é inadequada, por dois motivos: primeiro,pelo uso de nomenclatura não usual na Matemática, e, em segundo lugar, pela ocorrênciade textos confusos na apresentação de conceitos e procedimentos.Há algumas atividades relacionadas à construção da cidadania, mas, como no casodas contextualizações, a maior parte restringe-se a exercícios e problemas devestibulares ou do ENEM.

O livro do professor apresenta sugestões úteis para o desenvolvimento do conteúdo decada item e para a resolução de algumas das questões propostas no livro do aluno, alémde Problemas e exercícios suplementares. Defende uma metodologia baseada no uso daHistória da Matemática, na resolução de problemas, no uso de tecnologia e no envolvimentodo aluno, mas há pouco material para ajudar o docente a seguir tal concepção.

A a

nális

e

64

Matemática:Uma Atividade Humana

Adilson Longen

Base Editora eGerenciamento Pedagógico

029019

Síntese avaliativa

A seleção dos conteúdos da obra abrange os temas usualmente abordados no ensinomédio, além de incluir uma revisão do conteúdo do ensino fundamental. Observa-seque a matemática financeira é pouco explorada. Em cada série, os temas são tratadosem grandes blocos, o que contribui para a fragmentação do conhecimento matemático.

Os conteúdos são introduzidos por meio de uma situação-problema interna ou externaà Matemática, ou a partir de conhecimentos prévios, o que pode facilitar a atribuiçãode significados aos conceitos matemáticos. As demonstrações apresentadas nacoleção são de fácil compreensão, embora seu número seja reduzido.

A linguagem é acessível e diversificada. Há vários tipos de textos, alguns de caráterhistórico ou informativo, e outros, trechos de artigos de jornais ou revistas.

O livro do professor contém vários subsídios que auxiliam o docente, sugereleituras complementares, atividades a serem desenvolvidas pelos alunos,propostas de avaliação e de articulações entre conteúdos matemáticos e, destes,com outras disciplinas.

65

Os livros se iniciam com uma apresentação da obra, seguida de um sumário, e sãoestruturados em unidades que se desdobram em capítulos. Estes se subdividem emtópicos e apresentam as seções Questões para discussão, as quais levam o aluno àreflexão sobre o conteúdo, e Resolva agora, com problemas de fixação.

Todo capítulo começa com a seção Idéias iniciais, com textos, referências históricasou situações-problema, e termina com uma lista de atividades, subdivididas nas seçõesResolva em seu caderno, Em grupo e Um desafio para você.

Ao final das unidades, há textos informativos, alguns deles sobre a História da Matemática,em que são propostas questões para debates. Em seguida, encontra-se uma lista dequestões e testes variados, quase todos de múltipla escolha, cujas respostas são fornecidasno livro do aluno. Cada volume é finalizado com as Referências bibliográficas.

O livro do professor contém um manual pedagógico seguido de uma cópia do livro doaluno, acrescida de algumas respostas de exercícios, sugestões e observaçõescomplementares, referentes aos temas abordados e às atividades propostas.

Uma parte do manual é comum a todas as séries e apresenta os Pressupostos teóricose metodológicos subdivididos nos itens: Introdução, O conhecimento matemático noEnsino Médio, Objetivos do ensino da Matemática, Avaliação, Instrumentos de avaliaçãoe Estrutura da coleção.

Uma segunda parte, específica para cada série, apresenta o Encaminhamento do volumecom os itens: Subdivisões do capítulo, Sugestão de avaliação, Discussão e resolução dealgumas atividades. Além disso, há, em alguns capítulos, Sugestão de leitura para o professor.

1a sérieTópicos de Matemática do ensino fundamental: números reais; potenciação; radiciação;expressões algébricas; equações e sistemas de equações; medidas; númerosproporcionais; triângulo retângulo; círculo e circunferência; equações do 2o grau • Conjuntos:noções importantes; subconjuntos; operações entre conjuntos • Funções: função; funçãoafim; função quadrática; conceito de módulo; função exponencial; logaritmos; composiçãoe inversão de funções; função logarítmica • Trigonometria: o sistema trigonométrico; senoe co-seno de um arco; outras razões trigonométricas; operações com arcos; funçõestrigonométricas; fatoração de razões trigonométricas; trigonometria num triângulo qualquer.

2a sérieSeqüências numéricas: médias; seqüências; progressão aritmética; progressãogeométrica; juros simples e compostos • Geometria no plano: ângulos; triângulos;polígonos; retas e ângulos na circunferência; polígonos regulares • Análise combinatóriae probabilidades: princípio fundamental da contagem; permutação; combinaçãosimples; binômio de Newton; probabilidades • Geometria espacial: pontos, retas eplanos; perpendicularismo; poliedros; prismas; cilindros; pirâmides; cones; esfera.

A c

oleç

ão

66

3a sérieIntrodução à estatística: noções de estatística; medidas estatísticas • Matrizes,sistemas lineares e determinantes: sistemas de equações lineares; discussão de umsistema linear; matrizes; determinantes; teoremas sobre determinantes • Geometriaanalítica: introdução; equações da reta; ângulos entre retas; equação da circunferência;distâncias; cônicas • Números complexos e equações polinomiais: polinômios; divisãode polinômios; números complexos; plano complexo; operações com númeroscomplexos; equações algébricas; relações de Girard.

A seleção dos conteúdos inclui os temas normalmente abordados nessa fase daescolaridade, nos campos da aritmética, álgebra, geometria, trigonometria, geometriaanalítica, estatística, probabilidade e combinatória. Também oferece uma revisão doensino fundamental no volume da 1a série e um aprofundamento da geometria planano volume da 2a série. No entanto, a coleção aborda certos tópicos dispensáveis,como identidades trigonométricas especiais, algumas propriedades dos determinantes,radiciação de números complexos, entre outros. Além disso, é limitado o estudo deprobabilidades, de estatística e de matemática financeira.

Na distribuição dos conteúdos, adota-se o modelo de concentrar grandes blocostemáticos em determinadas séries. Todo o estudo de funções e trigonometria éapresentado na 1ª série; a geometria, na 2ª série; e a geometria analítica, na 3ª série.

A abordagem dos conteúdos é feita de forma adequada, na medida em que serecorre a uma situação-problema, própria da Matemática ou de outras áreas, ou,ainda, a conhecimentos prévios. Além disso, as seções Questões para discussãopropõem temas e problemas que, devidamente trabalhados, enriquecem muito acompreensão dos conceitos.

No entanto, algumas limitações comprometem a abordagem dos conteúdos de certostemas. Os números irracionais, por exemplo, mereceriam mais atenção em seutratamento, especialmente na representação decimal desses números e, também, napassagem do discreto ao contínuo, no estudo das funções. É pouco freqüente autilização de demonstrações matemáticas, em particular no estudo da geometriaespacial. Os conceitos de análise combinatória são apresentados de formafragmentada, o que pode levar o aluno a não utilizar o princípio fundamental da contagemcomo elemento central na resolução de problemas.

A c

oleç

ãoA

aná

lise

67

O trabalho relacionado à matemática financeira é feito de forma superficial, semprivilegiar a contextualização. Também há limitações no estudo da estatística, poisnão se promove, na obra, discussão qualitativa ou leitura crítica sobre os conceitos. Otema das probabilidades não é bem explorado, alguns conceitos são mostrados deforma muito direta, sem favorecer a atribuição de significados pelo aluno.

Em geral, a obra apresenta diversidade de representações de conceitos eprocedimentos matemáticos articuladas de modo satisfatório, com as quais se procurafacilitar o entendimento do assunto. Ressaltam-se, de forma especial, os textos aofinal das unidades, enriquecidos com desenhos e esquemas.

Além disso, em alguns momentos a coleção privilegia a diversidade de enfoques,como no estudo dos produtos notáveis, em que se busca uma abordagem algébricaacompanhada do significado referente às grandezas geométricas.

A articulação entre campos está presente em todos os volumes, em diversassituações: chamadas ao professor; atividades propostas ao aluno; lembretes inseridosno texto ou colocados como sugestão de pesquisa. Por outro lado, pode-se verificarfalta de articulação em alguns conteúdos, como no estudo de funções e progressõesou na ligação entre probabilidade e estatística.

As ligações entre o conhecimento novo e o já abordado são freqüentes, mas, àsvezes, é feita de forma insuficiente, deixada como proposta nas questões discursivasou sugeridas no suplemento pedagógico do livro do professor.

Em relação à contextualização, observam-se textos que relacionam odesenvolvimento histórico da Matemática com os conteúdos abordados, embora aindaem pequena escala. Também são satisfatórias as tentativas de atribuir significadossocioculturais à Matemática.

As conexões com outras áreas do conhecimento aparecem na obra como sugestãoao professor e, em outros momentos, embora de forma discreta, em exemplos ou emsituações que incentivam a curiosidade do aluno.

A sistematização dos conteúdos, em geral, contribui para a compreensão dosconceitos e procedimentos, mas há várias situações em que o conteúdo vem carregadode simbologia e nomenclatura. O docente também precisa ficar atento às seçõesQuestões para discussão, que trazem problemas abertos, para os quais não sãoapresentadas orientações no livro do professor.

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, verifica-se que, em geral, osconteúdos são apresentados de forma adequada. As demonstrações, embora emnúmero reduzido, são de fácil compreensão. Em alguns momentos são sugeridostrabalhos de pesquisa.

A a

nális

e

68

A obra utiliza vários processos relacionados ao desenvolvimento do pensamentomatemático e de competências complexas. Todavia, em alguns casos, a informaçãode que certos resultados podem ser provados matematicamente é omitida, não sendoestabelecida distinção entre validação matemática e validação empírica. As seçõesQuestões para discussão, Desafio e Em grupo apresentam atividades, em geral,interessantes, que podem enriquecer e valorizar a participação do aluno no processode ensino-aprendizagem.

Um bom número de atividades também apresenta sugestões de pesquisa e incentivao trabalho em grupo. Além disso, há um número expressivo de testes e exercícios devestibulares, especialmente instigantes, que não se restringem a exercícios técnicos.

O estímulo ao uso de calculadora, de materiais concretos, de régua, de compasso ede transferidor é comum, tanto em atividades dirigidas diretamente aos alunos quantocomo sugestão ao professor.

A linguagem utilizada na obra é, em geral, adequada ao aluno, apresentando clarezana abordagem dos conteúdos. Há vários tipos de textos, históricos, informativos decaráter geral, trechos de artigos de jornais ou revistas e artigos científicos.

As propostas de discussão ou trabalhos em grupos proporcionam boa oportunidadepara a construção da cidadania, em que os alunos podem exercitar o convíviosocial e a tolerância. No entanto, a pouca atenção dada à estatística e à matemáticafinanceira priva o aluno de temas que contribuem muito para a consciência sobreproblemas socioeconômicos.

Em geral, há coerência entre os pressupostos teóricos explicitados no livro doprofessor e a proposta contida no livro do aluno. Isso é observado, sobretudo, nasquestões deixadas para discussão e nas sugestões feitas ao professor, paracomplementar os estudos.

No livro do professor, propõem-se, também, diversas atividades que levam o aluno apesquisar, a refletir e a fazer críticas sobre questões que envolvam o seu dia-a-dia. Aofinal da apresentação de alguns capítulos encontram-se sugestões de avaliação, aindaque pouco detalhadas.

A a

nális

e

69

Ane

xos

70

71

Cri

téri

os E

spec

ífic

os d

e M

atem

átic

a CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA

Para ser compatível com os objetivos do ensino de Matemática no Ensino Médio, umlivro didático deve abranger um amplo espectro de conteúdos nos campos da aritmética,da geometria, da álgebra, das grandezas e medidas, da estatística, das probabilidadese da combinatória.

Em contraste com muitas das abordagens atuais, o tratamento desses conteúdos devebuscar o equilíbrio na atenção aos diversos conteúdos. Deve, igualmente, afastar-se dacompartimentalização e procurar ampliar as ocasiões de articulação entre os diferentes temas,evitando o inconveniente de se limitar à apresentação de conteúdos de maneira concentradaem uma parte da coleção e desconectada de outros conteúdos. Por exemplo, é freqüente quesejam abordadas as funções apenas no primeiro volume da coleção e os de geometria analíticano último volume, com pouquíssimas conexões com os demais conteúdos.

É também importante que, no livro didático, atenda-se a requisitos de diversidade. Ummesmo conceito matemático pode ser abordado em mais de um dos campos temáticosacima referidos e, mesmo dentro de cada um deles, pode ser tratado de diferentespontos de vista.

A seguir, são apresentados alguns desses aspectos metodológicos — seleção,distribuição, articulação dos conteúdos — com objetivo de exemplificá-los ou de apontardesvios mais comuns, sem nenhuma pretensão de delinear uma proposta curricularpara o ensino médio, tema deixado para um outro âmbito de discussão.

O estudo das funções numéricas como modelos matemáticos para o estudo davalidação de uma grandeza associada à variação de outra grandeza assume um papelunificador importante. A abordagem das seqüências numéricas — não apenas asprogressões aritmética e geométrica — pode ser feita com base nas funções definidasno conjunto dos números naturais, por exemplo.

Além disso, a representação no plano cartesiano permite ligar as propriedades de umafunção com as de seu gráfico e a geometria analítica pode aparecer, então, como umcampo de confluência de vários conceitos — função, equação, figura geométrica, etc.— que deveriam ser desenvolvidos e integrados no decorrer de todo o ensino médio. Porfim, o tratamento de temas como crescimento, decrescimento, taxa de variação deuma função, inclinação do gráfico, entre outros, devem permear o estudo das diferentesfunções estudadas. Esse seria um caminho apropriado quando se deseja trabalhar oconceito de derivada nesse nível. Tal conceito, quando abordado, usualmente é precedidode um extenso capítulo de limites que se revela como inadequado e dispensável.

A função linear e sua estreita relação com o conceito de proporcionalidade entregrandezas é uma primeira dessas funções relevantes, que se amplia para o estudo da

72

função linear afim e correlatas, e suas inúmeras aplicações. A conexão com asprogressões aritméticas, tema bastante enfatizado no ensino médio, é possível edesejável.

A função quadrática é um tema propício para a ligação com o conhecimento adquiridosobre a equação do 2º grau, que deve ser retomada, com atenção à importante técnicade completar quadrados. A função quadrática articula-se bem com o estudo geométricoda parábola, além de ter papel relevante como modelo, por exemplo, para o movimentouniformemente acelerado.

A função exponencial, um dos temas centrais em todo o conhecimento científico, por serum modelo para inúmeros fenômenos naturais, tem, também, um papel central naMatemática, merecendo um lugar de destaque nos conteúdos a serem selecionadosnum livro didático para o ensino médio. Em particular, a função exponencial articula-semuito bem com as progressões geométricas e com os problemas de matemática financeira.O conceito de logaritmo de um número, abordado como um meio de facilitar cálculosnuméricos, perdeu completamente sua importância com o advento da calculadora.Contudo, a função logaritmo retém sua importância como inversa da exponencial e devecontinuar a ser estudada, com suas propriedades básicas, nessa etapa do ensino. Nãofaz sentido, todavia, despender atenção com o estudo pormenorizado de equaçõeslogarítmicas, muitas delas artificiais.

A abordagem da trigonometria deve afastar-se do extenso, detalhado e excessivorepertório de fórmulas e de equações trigonométricas que prevalece em muitaspropostas para o ensino médio.

Em contrapartida, devem se enfatizar as funções trigonométricas básicas como um modelomatemático para os fenômenos periódicos. Entre esses fenômenos, as projeções sobredois diâmetros ortogonais da posição de um móvel em movimento circular desempenhamo papel de modelo básico, que está diretamente associado às funções trigonométricasfundamentais. Esse é um momento adequado para valorizar a utilização da Matemáticano estudo do movimento harmônico simples, que se liga a praticamente todos osmovimentos ondulatórios da Natureza, particularmente na acústica e no eletromagnetismo.

Os conteúdos relativos a conjuntos devem ser reduzidos ao mínimo necessárionessa etapa do ensino, com uma apresentação intuitiva, não-formalizada, dosconceitos básicos, com economia no uso da simbologia específica do assunto ecom emprego em aplicações nas quais esses conteúdos ajudem, de fato, nacompreensão de outros conceitos e procedimentos matemáticos. Em contrapartida,o excesso desnecessário de tratamento desse assunto revela-se no esforço quese faz para utilizar a linguagem e a notação de conjuntos em situações em queaparecem de modo artificial e desnecessário. Um exemplo em que é bastantedesaconselhável, tanto do ponto de vista matemático como didático, o uso dalinguagem da teoria dos conjuntos é a definição de função com base em conceitoC

rité

rios

Esp

ecíf

icos

de

Mat

emát

ica

73

de produto cartesiano de dois conjuntos. Por fim, lembre-se que o tratamento deconjunto, nesse nível de ensino, tem conduzido, com freqüência, a equívocosconceituais, por exemplo, à confusão entre pertinência e inclusão, entre conjuntoe cardinalidade de conjunto e entre conjunto infinito e conjunto finito.

Com relação, ainda, ao excesso de linguagem formal, cabe lembrar o empregodesnecessário da noção de sentença matemática, aberta ou fechada.

A geometria, no ensino médio, pode representar outro campo privilegiado dearticulações entre conceitos e procedimentos matemáticos relevantes, como se podeobservar no próximo parágrafo.

Possivelmente por sua história, a geometria tem sido vista, em muitas das atuaispropostas de ensino, como o único campo em que são pertinentes as demonstraçõesdo método lógico-dedutivo. Esse não é um ponto de vista correto, pois o métododedutivo é fundamental nos demais campos da Matemática. A geometria tem aparticularidade de ser um campo em que é possível se exercitar, de forma plena, asinter-relações entre o método lógico-dedutivo e o raciocínio intuitivo, baseado nosdesenhos, ou nos exemplos materiais dos objetos abstratos da geometria.

A abordagem dos sistemas de equações lineares tem um papel importante não sópara a formação matemática como na modelização algébrica de muitas situaçõesdas ciências e da tecnologia. A resolução desses sistemas pelo método deescalonamento da matriz do sistema deve ter a primazia, em detrimento do empregodos determinantes e da Regra de Cramer. O estudo de tal regra no ensino médio nãose justifica nem do ponto de vista da Matemática, nem é o procedimento a que serecorre nas aplicações com o uso do computador. A técnica de escalonamento dematrizes pode ser abordada por meio das operações elementares com suas linhas,sem a necessidade de serem utilizadas as operações da álgebra de matrizes.

Os processos de aproximação na resolução de equações assumem maior importância nasaplicações do que as fórmulas, e podem ser tratados de forma acessível ao aluno do ensinomédio. Mais amplamente o tema da aproximação pode ser estudado em conexão com ocálculo numérico aproximado. Em especial, podem ser tratadas as soluções de equaçõesalgébricas de graus mais elevados ou mesmo de equações não-algébricas e, por fim, adeterminação da área ou do volume aproximado de figuras geométricas, entre outros casos.

Passa-se, agora, tratar outros aspectos relacionados a dois eixos norteadores daspráticas pedagógicas, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para o EnsinoMédio — a interdisciplinaridade e a contextualização — no que diz respeito àMatemática, os quais devem ser contemplados nos livros didáticos.

Quatro importantes modelos matemáticos, como a função linear, a função quadrática,as funções trigonométricas e a função exponencial foram anteriormente salientadosC

rité

rios

Esp

ecíf

icos

de

Mat

emát

ica

74

como fundamentais ao estudo de fenômenos da Natureza e, como tais, favorecedoresda interdisciplinaridade que se almeja no ensino médio.

Outro campo fértil para que se realize essa prática de interdisciplinaridade é o daabordagem de situações-problema que envolvam grandezas e medidas, não só asgeométricas, mas também as grandezas físicas, sempre presentes nas práticas sociais,tecnológicas e científicas.

Quanto ao eixo da contextualização, cabe comentar, primeiramente, que o termo commuitos significados tem provocado acirrado debate entre educadores. Nas DiretrizesCurriculares Nacionais para o Ensino Médio, a contextualização é vista como um dosinstrumentos para a concretização da idéia de interdisciplinaridade e para favorecer aatribuição de significados pelo aluno, no processo de ensino-aprendizagem. Lê-se, ainda,no documento: “A contextualização evoca por isto áreas, âmbitos ou dimensões presentesna vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas”.

É recomendável, portanto, que um livro didático procure atender esse requisito de articulaçãocom as práticas e necessidades sociais. Mas estas últimas não se devem restringir apenasàs situações do dia-a-dia do cidadão, o que tem sido um freqüente desvio da idéia decontextualização. A articulação da Matemática ensinada no ensino médio com temas atuaisda ciência e da tecnologia é possível e necessária para que se guarde o desejável equilíbrioante a tripla missão dessa fase do ensino, mencionada anteriormente.

É necessário, também, observar que as articulações com as práticas sociais não sãoas únicas maneiras de favorecer a atribuição de significados a conceitos e procedimentosmatemáticos, pois isso igualmente é possível, em muitos casos, com o estabelecimentode suas conexões com outros conceitos e procedimentos matemáticos importantes.

Cabe, ainda, lembrar que são totalmente ineficazes contextualizações artificiais, emque a situação evocada nada tem de essencialmente ligada ao conceito ou aoprocedimento visado, como também são deseducativas as contextualizaçõespretensamente baseadas na realidade, mas com aspectos totalmente fantasiosos.

A História oferece um outro âmbito de contextualização importante do conhecimentomatemático. Um livro didático deve fazer referências aos processos históricos deprodução do conhecimento matemático e utilizar esses processos como instrumentopara auxiliar a aprendizagem da Matemática. Há vários temas em que a articulaçãocom a história da Matemática pode ser feita com essa perspectiva, tais como acrise dos irracionais no desenvolvimento da ciência grega, que tem conexão comobstáculos até hoje presentes na aprendizagem desse conceito; os cálculosastronômicos realizados em diversas fases históricas e suas relações com ageometria; a discussão das Leis de Kepler e suas conexões com a geometria daelipse, com a noção de proporcional idade e com a tecnologia de satélites; a evoluçãodo emprego do logaritmo com o advento das novas tecnologias de computação; oPrincípio de Cavalieri e as questões de cálculo de volume.C

rité

rios

Esp

ecíf

icos

de

Mat

emát

ica

75

Se a interdisciplinaridade e a contextualização precisam, de fato, integrar-se às práticaspedagógicas no ensino médio e, particularmente, nas da Matemática, não se podedeixar de enfatizar alguns aspectos caracterizadores desse campo do conhecimento,que precisam, também, ser contemplados nesse nível de ensino, devendo, portanto,estar presentes no livro didático, respeitando-se alguns princípios.

Invocam-se, especialmente, a ampliação e o aprofundamento da explicitação da estruturaçãológica da Matemática, para o aluno, nesse período da escolarização, não com a apresentaçãosistemática e excessiva de demonstrações rigorosas, mas organização do assunto, demaneira a respeitar sua lógica interna, suas grandes linhas de desenvolvimento e ainterdependência entre suas diversas partes. O livro-texto deve valorizar os vários recursosdo pensamento matemático, como a imaginação, a intuição, o raciocínio indutivo e o raciocíniológico-dedutivo, a distinção entre validação matemática e validação empírica e favorecer aconstrução progressiva do método dedutivo em Matemática.

A respeito do método dedutivo, convém advertir para desvios freqüentes a serem afastados.O primeiro deles é o de formular uma generalização como fato provado, com base naverificação de exemplos — muitas vezes um ou dois apenas. Outros são apresentarprovas muito complicadas de alguns teoremas, que podem ser deixadas para estudosposteriores, ou expor demonstrações difíceis para fatos intuitivamente evidentes.

Muitas vezes, tais demonstrações podem ser dispensadas sem prejuízo da compreensão.Por fim, cabe evitar raciocínios circulares, às vezes presentes, em que proposiçõesequivalentes que se querem provar são utilizadas em uma demonstração.

É indispensável que os conteúdos ensinados sejam compatíveis com a Matemática, enquantoconhecimento acumulado e organizado, evitando-se, dessa forma, erros conceituais. Tambémsão prejudiciais as formulações que induzam o aluno a tirar conclusões erradas com baseno que é afirmado no livro-texto. É, igualmente, necessário empregar corretamente o raciocíniodedutivo, não sendo admissíveis afirmações contraditórias ou inconsistências lógicas.

Cabem, ainda, algumas considerações em relação ao uso da linguagem nos livrosdidáticos de Matemática.

Podem ser utilizadas diferentes linguagens para representar os conteúdos símbolos:matemáticos, língua natural, desenhos, gráficos, ícones, etc. Esse tratamentodiversificado é apontado, atualmente, como um fator muito importante para acompreensão dos conceitos e dos procedimentos matemáticos. Convém, também,evitar o equívoco, às vezes observado em textos didáticos, de exagerar na nomenclaturaou em notações e classificações, muitas delas supérfluas.

A linguagem utilizada no livro didático deve ser adequada ao aluno a que se destina quantoao vocabulário utilizado e à clareza da apresentação dos conteúdos e da formulação dasinstruções. Além disso, tem sido defendida a idéia de que haja, nesse livro, o emprego deC

rité

rios

Esp

ecíf

icos

de

Mat

emát

ica

76

várias modalidades de texto — como exposições de conteúdos, descrições dealgoritmos ou de procedimentos, citações de outros textos, diálogos, esquemas ediagramas, demonstrações, seqüências de cálculos numéricos ou de operações comsímbolos lógicos, entre outros.

Considera-se, também, relevante para a formação dos conceitos que o livro-textoestimule a discussão dos significados usuais e matemáticos de um mesmo termo.

Além dessas escolhas de conteúdos, metodologia e linguagem, outras opções,relativas à formação de conceitos pelo aluno impõem-se à consideração e serãoapresentadas a seguir.

Um aspecto a se destacar é que o livro didático deve contribuir para que o alunocompreenda os conceitos e os procedimentos matemáticos e não apenas tentememorizá-los sem os entender. Para isso, é indispensável que o texto auxilie o alunona atribuição de significados aos conteúdos estudados e estimule o seu envolvimentoativo na construção do conhecimento visado.

Conduzir uma adequada sistematização dos conteúdos no texto torna-se importantepara que o aluno vá, progressivamente, organizando os conteúdos estudados. A esserespeito, uma desarticulação indesejável de um livro didático manifesta-se muitasvezes quando um assunto novo é introduzido e não é feita nenhuma ligação dele comconhecimentos possivelmente já adquiridos pelo aluno, dentro ou fora da escola, oumesmo tratados anteriormente no próprio texto.

Um outro equilíbrio a ser visado num livro didático é relativo à atenção dedicadaaos conceitos e aos algoritmos. Não faz justiça à Matemática, nem favorece umaatividade educativa, uma proposta que contenha, apenas, regras, algoritmos,fórmulas e aplicações em exercícios.

Igualmente, a escolha ou a abordagem de temas que sejam incompatíveis, pela suacomplexidade técnica ou científica, com o nível de escolaridade a que se destinam,não contribui para que o aluno atribua significado ao que se ensina.

Para formar um aluno com as competências cognitivas complexas, como é hojedesejável, o livro didático deve propor situações que o levem a explorar, estabelecerrelações e generalizar, conjecturar, argumentar, provar, tomar decisões e criticar, utilizara imaginação e a criatividade, expressar e registrar idéias e procedimentos.

Uma das estratégias usuais de desenvolvimento da compreensão do aluno é a resoluçãode problemas. Esse procedimento é amparado na concepção de que, para o alunoatribuir significado aos conceitos e procedimentos matemáticos, é fundamental suaação diante de uma situação-problema, ação esta que lhe permita construir, reconstruir,organizar tais conceitos e procedimentos. Tal estratégia contrapõe-se e vai além doC

rité

rios

Esp

ecíf

icos

de

Mat

emát

ica

77

modelo usual definição — exemplo: exercício de aplicação, que se tem revelado ineficazpara a aprendizagem da Matemática.

Outra estratégia é a de propor atividades em que o aluno deva registrar, por escrito, ourelatar oralmente suas estratégias de resolução. No ensino da Matemática, há fortetradição de serem produzidos, nesses casos, textos que contêm quase exclusivamentelinguagem puramente numérica ou simbólica, com escassez absoluta da linguagemnatural. O livro didático deve procurar estimular o aluno a superar essa limitação efazer da produção de um texto matemático uma ocasião de aprofundamento de suacapacidade de expressão e de comunicação em sua língua materna.

Uma das competências matemáticas mais importantes, atualmente, é a de realizar cálculosmentais. O emprego de estimativas numéricas ou de medidas de grandezas é outracompetência visada para a formação matemática do educando. Um livro didático destinadoao ensino médio deve propor atividades que favoreçam a aquisição dessas competências.

Tem sido indicado, como um dos instrumentos para uma formação mais interativa doaluno, que o livro didático proponha questões instigantes, desafiadoras ou questõesabertas, estas últimas opondo-se às questões em que o enunciado dê margem apenasa uma interpretação ou só haja uma maneira de resolver o problema. O livro didáticodeve, igualmente, propor questões em que haja mais de uma solução correta, ou nãoexista nenhuma solução que atenda ao que se pede no enunciado.

Outro aspecto que precisa ser estimulado num livro didático é a interação entre alunos, emparticular, o trabalho em grupo. Tais atitudes se justificam em duas dimensões, pelo menos,uma dimensão cognitiva, pelo fato de que ao expor suas idéias para o colega, ao confrontardiferentes estratégias de resolução de um problema, ao formular um problema para o colega,o aluno pode, também, compreender melhor o conteúdo matemático em jogo, outra dimensãoé a da formação para a cidadania, pelo exercício da disciplina da atividade em grupo e dorespeito aos diferentes pontos de vista que emergem nesse trabalho.

Deve-se reconhecer que um livro didático é um dos instrumentos mobilizados noprocesso de ensino-aprendizagem, talvez o mais importante no momento, mas não oúnico. Dessa forma, ele deve estabelecer pontes para o emprego de outros recursosdidáticos que possam contribuir para a aprendizagem do aluno. Por exemplo, proporatividades que requeiram o uso de materiais concretos, de instrumentos de mediçãoou de construção de figuras, de jogos matemáticos, entre outros.

A esse respeito, um lugar inegavelmente especial deve ser ocupado pelo uso da calculadora,essa ferramenta tecnológica amplamente difundida em todas as camadas sociais e quenão pode ser ignorada na escola. Há inúmeros exemplos em que a calculadora pode serum instrumento útil na aprendizagem de conceitos matemáticos, dois desses apontadosa seguir. Um primeiro ocorre quando não se visa à aquisição de habilidade de efetuarcálculos numéricos, mas à busca de regularidades ou padrões numéricos, ou à descobertade propriedades de funções. Nesses casos, a calculadora pode libertar o aluno da realizaçãoC

rité

rios

Esp

ecíf

icos

de

Mat

emát

ica

78

de cálculos longos e tediosos que desviam sua energia e atenção do objetivo principal daatividade. Um segundo exemplo envolve atividades em que o aluno é chamado acompreender as propriedades do sistema numérico empregado na calculadora — que éfinito — e o cálculo numérico aproximado efetuado por esse instrumento.

Um outro elemento tecnológico de importância inegável é o computador. Num livrodidático podem ser propostas atividades que empreguem o computador como meioauxiliar na aprendizagem de conceitos e procedimentos matemáticos, bem comoatividades que auxiliem a formação do aluno para o mundo do trabalho. Algumasdessas atividades podem ser apontadas: explorar a articulação entre a representaçãográfica e algébrica de funções; utilizar a planilha eletrônica para auxiliar a compreensãode vários conteúdos matemáticos, como fórmulas, gráficos, entre outros; fazer usodos programas de geometria dinâmica nas construções geométricas e na formulaçãode conjecturas de propriedades pela observação de padrões geométricos. Há de seter o cuidado de não impedir que o aluno que não disponha desse instrumento tenhadificuldade em seguir a proposta pedagógica do livro didático.

Ainda a respeito do uso de recursos além do livro didático, é recomendável que hajasugestões de leituras complementares para o aluno.

Cri

téri

os E

spec

ífic

os d

e M

atem

átic

a

79

Ane

xo

Fich

a de

Mat

emát

ica

FICHA DE AVALIAÇÃO1

DESCRIÇÃO DA COLEÇÃO(Estrutura da obra, sumário dos conteúdos)

1. ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO LIVRO DIDÁTICO (LD)

A) CONTEÚDO MATEMÁTICO (Footnotes)

1- O LD apresenta adequadamente os conhecimentos relativos aoscampos de conteúdos - aritmética; álgebra; geometria; estatística,probabilidades e combinatória - quanto a:

1.1.1 - seleção1.1.2 - distribuição1.1.3 - diversidade de enfoques e articulação entre eles1.1.4 - articulação entre o conhecimento novo e o já abordado1.1.5 - diversidade de representações matemáticas (língua materna,linguagem simbólica, desenhos, gráficos, tabelas, diagramas, ícones,etc.) e articulação dessas representações1.1.6 - equilíbrio e articulação entre conceitos, algoritmos eprocedimentos1.1.7 - sistematização dos conteúdos

1.2 - Os conteúdos matemáticos são apresentados sem:1.2.1 - erros conceituais1.2.2 - induções ao erro

1.3 - Há referências aos processos históricos de produção doconhecimento matemático que contribuam para a aprendizagem daMatemática.

1.4 - O LD favorece a compreensão das relações da Matemática comoutras práticas e necessidades sociais.

1.5 - O LD apresenta articulações da Matemática com outras áreas doconhecimento.

1. Nos quadros à direita, o parecerista deve escrever os símbolos: S para “sim”; N, indicando “não”;e P, no caso de “parcialmente”. Nos itens relativos a critérios de exclusão, não cabe a opção P.

80

B) FORMAÇÃO DE CONCEITOS, HABILIDADES E ATITUDES

1.6 - O LD contribui para a compreensão dos conceitos e procedimentosmatemáticos, favorecendo a atribuição de significados aos conteúdos.

1.7 - O LD estimula a utilização dos vários processos envolvidos nopensamento matemático, tais como: intuição, visualização, indução,dedução e a distinção entre validação matemática e validaçãoempírica, entre outros.

1.8 - O LD valoriza o papel do aluno na construção do conhecimentomatemático levando em conta, inclusive, seus conhecimentos préviose extra-escolares.

1.9 - O LD apresenta situações que envolvem:1.9.1 - desafios1.9.2 - problemas com nenhuma solução ou com várias soluções1.9.3 - cálculo mental e por estimativa1.9.4 - utilização e comparação de diferentes estratégias na resoluçãode problemas1.9.5 - verificação de processos e resultados pelo aluno1.9.6 - formulação de problemas pelo aluno

1.10 - O LD favorece o desenvolvimento de competências complexas -explorar, estabelecer relações e generalizar, conjecturar, argumentar,provar, tomar decisões e criticar, utilizar a imaginação e a criatividade,expressar e registrar idéias e procedimentos.

1.11 - O LD incentiva a interação entre alunos.

1.12 - O LD estimula a utilização de outros recursos didáticos (recursostecnológicos ou materiais concretos).

1.13 - O LD apresenta sugestões de leituras complementares para o aluno.Fich

a de

Mat

emát

ica

81

C) LINGUAGEM

1.14 - A linguagem utilizada no LD é adequada ao aluno a que sedestina quanto:

1.14.1 - ao vocabulário1.14.2 - à clareza na apresentação dos conteúdos e na formulaçãodas instruções1.14.3 - ao emprego de vários tipos de texto

2. CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

2.1 - O LD, no texto e nas ilustrações, é livre de preconceitos ouestereótipos que levem a discriminações de qualquer tipo.

2.2 - O LD é isento de doutrinação política ou religiosa.

2.3 - O LD apresenta-se sem publicidades de artigos, serviços ouorganizações comerciais.

2.4 - O LD respeita a legislação vigente para a criança e o adolescenterelativa à proibição de publicidade de fumo, bebidas alcoólicas,medicamentos, drogas, armamentos, etc.

2.5 - O LD estimula o convívio social e a tolerância, abordando adiversidade das experiências humanas com respeito e interesse.

2.6 - O LD evidencia as contribuições da Matemática na construção dacidadania.

2.7 - O LD não privilegia os membros de uma camada social ou oshabitantes de uma região do país.

3. ESTRUTURA EDITORIAL

3.1 - A estrutura do LD é hierarquizada adequadamente (títulos,subtítulos etc.), sendo evidenciada por meio de recursos gráficos.

3.2 - No LD a revisão é isenta de erros graves.

3.3 - Os textos e ilustrações no LD são distribuídos nas páginas deforma adequada e equilibrada.

Fich

a de

Mat

emát

ica

82

3.4 - No LD os textos mais longos são apresentados de forma a nãodesencorajar a leitura.

3.5 - As ilustrações do LD:3.5.1 - estão isentas de erros3.5.2 - enriquecem a leitura dos textos, auxiliando a compreensão

4. LIVRO DO PROFESSOR (LP)

4.1 - O LP explicita os pressupostos teóricos ou os objetivos quenortearam a elaboração do LD.

4.2 - Há coerência entre os pressupostos teóricos explicitados no LP eo livro do aluno.

4.3 - O LP emprega uma linguagem clara.

4.4 - O LP traz subsídios para a atuação do professor em sala de aula:4.4.1 - apresentando orientações metodológicas para o trabalho com o LD4.4.2 - sugerindo atividades diversificadas (projetos, pesquisas, jogos,etc.) além das contidas no LD4.4.3 - apresentando resoluções das atividades propostas aos alunos4.4.4 - contribuindo para reflexões sobre o processo de avaliação dos alunos

4.5 - O LP favorece a formação e a atualização do professor:4.5.1 - sugerindo leituras complementares4.5.2 - apresentando a bibliografia utilizada pelo autor4.5.3 - indicando fontes de informação

5. OUTRAS OBSERVAÇÕES

Acrescente observações adicionais, se julgar necessário.

Fich

a de

Mat

emát

ica

83

Ref

erên

cias

Referência

BRASIL. MEC. SEMTEC (1998). Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.Brasília, Conselho Nacional de Educação Câmara Básica.

BRASIL. MEC. SEMTEC (1999). Parâmetros Curriculares Nacionais para o EnsinoMédio - Ciências da Natureza e Matemática. Brasília, MEC/SEMEC. Vol. 3.

BRASIL. MEC. SEF (2002a). Guia de livros didáticos - 5ª a 8ª séries. Brasília, MEC/SEF.

BRASIL. MEC. SEF (2003). Guia de livros didáticos – 1ª a 4ª séries. Brasília, MEC/SEF, Vol. 2.

BRASIL. MEC. SEF (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF,Matemática - Primeiro e segundo cicios do Ensino Fundamental.

BRASIL. MEC. SEF (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF,Matemática. Matemática: Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental.

GÉRARD, François Marie & ROEGIERS, Xavier (1998). Conceber e avaliar manuaisescolares. Porto, Porto Ed. (Ciências da Educação, 30)

NATIONAL COUNCIL OF TEACHERS OF MATHEMATICS. NCTM. Principles andStandards for School Mathematics, Reston, VA, USA, 2000.

84

ISBN Nº : 85-296-0034-7

izaias
Retângulo