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    Orelha da capa:

    Deve ser por isso que é tão difi" de tir#$"o da a%e&a' Afi(a") e"eest# sempre por a) ro(da(do as o(versas mais sérias) as piadasmais pia(tes' *a"ve+ (e(,um tema a"ime(te ta(tas fa(tasias) ta(tos

    ta%us) ta(to dese-o' Se.o / vo0 -# pe(sou (e"e ,o-e1

    2ua(do o assu(to é se.o) (ão fa"tam ,ist3rias e o(fiss4esapai.o(adas' Afi(a") quem (ão se "em%ra da primeira ve+1 2uemtam%ém -# (ão foi prota5o(ista de a"5uma e(a que preferia apa5ar da mem3ria da ,uma(idade1 6ist3rias (ão fa"tam / 7erssimo sa%edisso'

    Se.o (a a%e&a re8(e 9: das me",ores ,ist3rias esritas por 7erssimo so%re o assu(to' Do "ivro om o mesmo (ome "a(&ado a

    mais de ;< a(os) (esta edi&ão s3 foi ma(tida uma r=(ia / todas asoutras foram se"eio(adas (a sua produ&ão mais ree(te) emrevistas e -or(ais de todo o pas' >orque a"ém de esrever ma5istra"me(te so%re po"tia) eo(omia) fute%o") 7erssimo tam%ém

     / assim omo eu e vo0 / s3 pe(sa (aqui"o? se.o (a a%e&a'

    Contracapa:

    Se.o' 7o0 sa%e que a sua ,ist3ria ome&ou assim' *a"ve+ se-a por isso que o assu(to sempre sur-a / (a mesa de um %ar) (a %oate) (a

    praia) (o esrit3rio e) até mesmo) (a ama' Luis Fer(a(do7erssimo) este ro(ista sa5a+ da i(timidade %rasi"eira) mostra que)para se pe(sar @(aqui"o) (ão ,# ,ora (em "u5ar / a"i#s) para sefa+er) tam%ém (ão' Boo um voCeur da (ossa vida privada) e"e (osreve"a os feti,es que a"ime(tam as 5ra(des pai.4es) o de"iioso

     -o5o da sedu&ão) os sussurros a&uarados / e ridu"os / dos reém$apai.o(ados' 7erssimo (ão se i(timida (em mesmo dia(te dos5ra(des ta%us que sedu+em a ,uma(idade desde que o ,omem é,omem'''e que se.o é se.o'

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    Sum#rio

    N#de5as redo"e(tes

    Dou fé A a(58stia das sava(asSe.o dist(ia GHB3di5osOutros ta%usIa",ardoSeios e Rem%ra(dtsDefi(i&4esNamoroEva A "#usu"a do e"evador 

    Se.o e fute%o">rimatas A ,ist3ria pro(ta>"aC%oCUma ,ist3ria suti">0"os pu%ia(os GH A terra #ridaMu",eresJoa a%erta*risse.ua"Ba%e"os fe"i+es

    Outro assu(toIru(,ido e"etr=(io*esouroEmo&ãoFarsa>0"os pu%ia(os ;H As outo(aisO poeta Aqui"oJri(desMu",eres %o(itas A eso",aSe.o dist(ia ;HBuidado om o que vo0 pede'''Fase 9Bo(to er3tioE.p"ito>"u"asLauritaO travesseiro de Le((C JrueBo(se",o de mãeRevo"u&ãoE (essas ,orasSu%stituto de mu",er 

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    Lembro-me como se fosse  ,# oito %i",4es de a(os' Eu era uma é"u"areém$,e5ada do fu(do do miasma e ai(da des"um%rado om a vida a5itada dasuperfie) e vo0 era de "#) um ser superfiia") vivida) viiada em am=(ia) "i(da)"i(da' N3s dois queramos e (ão sa%amos o qu0' Namoramos um mi",ão dea(os sem sa%er o que fa+er) aque"a (sia' Deve ,aver mais do que isto) amar (ão deve ser s3 ro&ar as mem%ra(as' 7o0 di+ia KEu dei.o) eu dei.oK) e eu di+iaKO qu01 O qu01K) até que um dia' Um dia mi(,as e(+imas toaram as suas evo0 5emeu) meu amor) KAssim) assim!K' E vo0 su5ou meu ami(o#ido) meuamor' Assim) assim' E de repe(te éramos uma s3 é"u"a' Dois (8"eos (uma s3mem%ra(a até que a morte (os separasse' *(,amos i(ve(tado o se.o e vimosque era %om' E de repe(te todos (ossa vo"ta estavam (os imita(do) (u(auma oisa pe5ou ta(to' Bresemos) mu"tip"iamo$(os e o mar %or%u",ava' Odese-o era fo5o e "ava e o (osso amor tra(s%ordava' Aque"a (sia' Mais) mais)assim) assim' 7o0 (ão se o(te(tava em ser é"u"a' Uma +o(a er35e(a erapouo' 2ueria fa+er tudo) tudo' 7irouame%a' Depois pei.e e depois répti") meu amor) e eu atr#s' Broodi"o) e"efa(te)%or%o"eta) e(topéia) sapo e de repe(te) dia(te dos meus o",os) mu",er' Assim)assim! Deus é "u.8ria) Deus é a (sia' Depois de %i",4es de a(os E"e aertara af3rmu"a' K isso!K) 5ritei' KNão me.e em mais (ada!K

    2uem sa%e mais um seio1 Não! Dois est# perfeito' 2uem sa%e o se.o (a a%e&a1 Não! Lo(5e da a%e&a' 2ua(to mais "o(5e me",or! Li(da) "i(da' Mas

    a"5o estava errado' Não foi omo a(tes' Foi %om1 Foi' 2ua" é o pro%"ema1 Não tem pro%"ema (e(,um' Eu si(to que vo0 est# difere(te' Jo%a5em sua' S3 um pouo de dor de a%e&a' No a"do primordia" vo0 (ão era assim' A 5e(te muda) (é1 N3s (ão somos mais ame%as'E vimos que era omp"iado' Nu(a repar#ramos (a (ossa (ude+ e de

    repe(te (ão se fa"ava em outra oisa' 7o0 o%riu seu orpo om fo",as e euo(stru v#rias ivi"i+a&4es para eso(der o meu' KEu dei.o) eu dei.o mas (ãoaqui'K Não a5ora' Não (a fre(te das ria(&as' Não (uma se5u(da$feira! S3depois de asar' E o meu prese(te1 Depois vo0 (ão me respeita mais' 7o0 vaio(tar para os outros' Eu (ão sou dessas' S3 se vo0 usar um quepe daIestapo' 7o0 (ão me quer) vo0 quer é reafirmar sua (eessidade (eur3tia dedomi(a&ão ma,ista) e ai(da por ima usa(do as mi(,as "i5as pretas' O qu01Não fa+ (em tr0s a(os que mamãe morreu! Est# %em) mas sem o ,iote' Eudisse que (ão queria o se.o (a a%e&a) Se(,or!

    N3s somos omo frutas) mi(,a f"or' 7em om essa''' A fruta) e(te(de1 Não é o o%-etivo da #rvore' Uma "ara(-eira (ão é

    uma #rvore que d# "ara(-as' Uma "ara(-eira é uma #rvore que s3 e.iste paraprodu+ir outras #rvores i5uais a e"a' E"a é ape(as um veu"o da sua pr3priaseme(te) omo (3s somos a em%a"a5em da vida' E(te(de1 A fruta é umestrata5ema da #rvore para prote5er a seme(te' A fruta é uma etapa) (ão é ofim' Eu te amo) eu te amo' A pr3pria fruta) se sou%esse a import(ia que (3s",e damos) e(ru%eseria omo uma ma&ã (a sua modéstia' Dei.a eu s3dese(5atar o sutiã' A fruta (ão é (ada' O importa(te é a seme(te' E a (sia) é o#ido) é o que (os tra+ de pé (este sof#' Di5o) (esta vida' Dei.a) dei.a' A f"or)mi(,a fruta) é um truque da p"a(ta para atrair a a%e",a' A pr3pria p"a(ta é umartifio da seme(te para se reriar' A pr3pria seme(te é ape(as a represe(ta&ão

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    e.ter(a daqui"o que me trou.e to(a) "em%ra1 A seme(te da seme(te) ,e5apra # um pouqui(,o' Li(da) "i(da' >e(se em mim omo uma "ara(-a' Eu s3e.isto para umprir o desti(o da seme(te da seme(te da mi(,a seme(te' Euestou ape(as umpri(do orde(s' 7o0 (ão est# me (e5a(do' 7o0 est#(e5a(do os des5(ios do U(iverso' Dei.a'

    Est# %em' Mas s3 tem uma oisa' O qu01 Eu (ão estou toma(do p"u"a' E(tão (ada feito'Mais) mais' Um dia ,e5aramos a uma +o(a er35e(a a"ém do So"' Bomo

    o p3"e() meu amor) (o espa&o' Ro&aramos (ossas mem%ra(as de fi%ra devidro) apaete a apaete) e (ossos tu%os de o.i50(io se e(rosariam everamos que era difi"' Eu ma(ipu"aria a sua %ateria sea e vo0 5emeria omoum %esouro e"etr=(io' Asssssiiiim' Asssssiiiiim'Um dia estaramos ve",os' Se.o) s3 (a a%e&a' As a%e",as a(dariam a pé) (adase reriaria) as frutas seariam' Eu afu(daria (a mem3ria) de vo"ta s ori5e(s domu(do' O mar tem um deserto (o fu(do'H Uma asa morta de seme(te) por (ada) por (ada' Mas foi %om) (ão foi1

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    Nádegas redolentes

    Ela era irresistível !ando acordava"  *i(,a até um ,eiro difere(te) que

    desapareia (o resto do dia' Um ,eiro mor(o' B,eiro de "eite mor(o) era isso'Bom um i(e.p"i#ve" toque de %au(i",a' Mas e"a aordava de mau ,umor'2ue(te) ,eirosa) apetitosa e em%urrada' Nem dei.ava e"e %ei-#$"a (a %oa' KEuai(da (ão esovei os de(tes!K E se e"e te(tasse %ei-ar o seu um%i5o (o+$mosada) possive"me(te a(e"aH) e"a ",e dava um ,ute'

    Não eram s3 os ,eiros' E"a aordava fisiame(te difere(te' A aramaravi",osame(te i(,ada) a %oa i(tumesida) omo a de ertas me(i(as doRe(oir' No resto do dia ia a"o(5a(do$se) modi5"ia(i+a(do$se) mas de ma(,ã erauma ampo(esa ompata) om fa(t#stias o",eiras ro.as' E"e (ão sa%iae.p"iar' E"a era uma mu",er de"5ada) de per(as ompridas) mas de ma(,ã ti(,aas per(as 5rossas' E ou e"e muito se e(5a(ava ou até a %u(da e"a perdia) dedia' A %u(da' As (#de5as redo"e(tes' KMmmmm''' Ervas arom#tias' Um qu0 de

    s(da"o'''K >#$ra'De (oite) e"a i(sistia e o em%urrado era e"e' E"a tomava %a(,o) %otava

    uma amiso"a tra(spare(te e deitava ao "ado de"e) toda erti(,a) pe(teadoperfeito' E"e (ão podia di+er que 5ostava mesmo era qua(do e"a aordava om aamiso"a toda torta) om uma a"&a e(rosada (as per(as) (as does per(oasmati(ais' E"e fiava "e(do) e"a fiava espera(do' B,eira(do a sa%o(ete eespera(do' *e(tava ome&ar uma %ri(adeira) utua(do$o om o pé'Ba(taro"ava (o seu ouvido KE"e -# (ão 5osta mais de mim) que pe(a) que pe$e$(a'''K E"e o(ti(uava "e(do até que e"a desistisse e dormisse' E"e (ão queria(ada om aque"a pessoa que virava as pesta(as a(tes de ir para a ama' 2ueriaera a ampo(esa da ma(,a' So(,ava om a sua ampo(esa irritada'

     A tese de"a era que) a(tes de esovar os de(tes e tomar afé) umapessoa (ão é uma pessoa) é uma oisa' >ode evo"uir para uma pessoa se fi+er um esfor&o) mas é um proesso "e(to e difi" que requer o(e(tra&ão) e e."uiqua"quer forma de di5ressão) ai(da mais se.ua"' Bomparava o so(o a umaide(te ao qua" a 5e(te so%revive) mas "eva meio dia para se reuperar' E odese-o de"e de possu$"a a(tes de esovar os de(tes a uma tara i(defe(s#ve")quase a uma forma de (erofi"ia' KSai) sai!K E "eva(tava$se) te(ta(do e(o(trar as po(tas da amiso"a) pu.a(do uma a"&a do meio das per(as om f8ria'2ua(do ,e5ava porta do %a(,eiro) -# era uma mu",er omprida' E e"e fiava,eira(do o travesseiro ai(da que(te' Mmmm' Jau(i",a) deididame(te %au(i",a'

    Uma (oite) e"a disse? Eu a,o que vo0 tem outra' A,o que vo0 est# pe(sa(do (e"a (este

    mome(to' Fi(5i(do que "0 e pe(sa(do (e"a' Di+ que (ão!E"e (ão disse que (ão' Estava pe(sa(do (e"a) de ma(,ã' A sua outra) asua i(ati(5ve" outra) a das per(oas) a da %au(i",a' Mas e"a (ão preisava sepreoupar) pe(sou' Nu(a seria e(5a(ada' A outra (ão queria (ada om e"e'

    Apa5a a "u+) apa5a'E"e suspirou) fe,ou o "ivro) apa5ou a "u+' E(qua(to fa+iam amor)

    e"e te(tava ima5i(ar que e"a era a outra' Mas o ,eiro de sa%o(eteatrapa",ava'

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    #o! f$

    %inte e seis horas" Era o que durava a via5em de =(i%us para o Rio' Semdip"oma de (ada) sem muita idéia do que prete(dia da vida) eu reso"vera dei.ar >orto A"e5re e ir ser i(deiso (um "u5ar maior? o mu(do' Bome&a(do pe"o Leme)o(de uma tia querida me deu ama e omida' O%-etivo imediato? 5a(,ar di(,eiro'O%-etivo seu(d#rio? ir para Lo(dres) omo todo mu(do' 7a5o o%-etivo fi(a"?fa+er a"5uma oisa em i(ema) se diri5ir fi"mes ou ve(der pipoas) o desti(o éque diria'

    Um ompa(,eiro de va5a%u(da5em e am%i&4es difusas em >orto A"e5re)o Ma,ado) ti(,a feito a muda(&a a(tes) e e(o(trei$o ,eio de p"a(os parave(er (o Rio) ome&a(do por uma i(d8stria de m#saras para dormir) f#eis defa+er porque dispe(savam os furos' Nem esta idéia (em as v#rias outras quetivemos %e%e(do K5i( fi++K (a vara(da do 6ote" Miramar) o(de se reu(iam5a8,os (a mesma situa&ão que (3s) e o(de a frase mais repetida) para (oso(ve(ermos de que a dispo(i%i"idade se.ua" do Rio ompe(sava tudo) eraK6a-a pauK) deram erto' *am%ém (os fa"tava apita"' 2uem (ão ti(,a tia omia(a KEspa5ueti"(diaKou (o Jeo da Fome da >rado 8(ior' O K5i( fi++K (o fim da tarde era a (ossa8(ia e.trava5(ia) (osso 8(io desfrute da m#5ia de estar em Bopaa%a(a'

    O Ma,ado era um virador' Bom %oa apar0(ia e %oa o(versa) metia$seo(de quisesse e s ve+es me "evava -u(to) e um dia (os vimos o(vive(do omum 5rupo i(ter(aio(a" que fa+ia um fi"me ,amado) se (ão me fa",a a mem3ria)o que eu duvido) opacabana !alace. E o Ma,ado (amorou a MC"e(eDemo(5eot' E fe+ 5ra(de suesso (a vara(da do 6ote" Miramar o(ta(do queti(,am ,e5ado s vias' Bomo eu (ão ti(,a visto) (ão podia o(firmar o feito) es3 dei fé por ami+ade' Bomeu) omeu' A(os mais tarde) ree(o(trei o Ma,adoe e"e me o(tou que era esu"tor) om uma 5ra(de reputa&ão mu(dia"' Berto)erto) disse eu) "em%ra(do$me afetuosame(te do seu passado de o(tador deva(ta5e(s improv#veis' >ouo depois e(trei (uma e.posi&ão de foto5rafias deKArtistas do séu"oK) e "# estava) e(tre fotos 5i5a(tesas do Matisse e do>iasso) uma foto 5i5a(tesa do Ma,ado!

    Ni(5uém e(te(deu o ome(t#rio que fi+ dia(te da foto) depois de mereuperar da surpresa'

    E"e omeu mesmo!

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    & ang'stia das savanas

    (ma das tantas teorias  so%re o ome&o da ivi"i+a&ão é a da a(58stia do

    p0(is e.posto' 2ua(do os primeiros ,omi(deos deseram das #rvores e foramviver (a sava(a) uma das o(seq0(ias de a(darem eretos e terem que seespi,ar para pe5ar as frutas foi que seus 3r5ãos se.uais fiaram e.postos aoesrut(io p8%"io' A(tes de darem s f0meas) ou aos mu",erdios) a ,a(e deor5a(i+arem uma soiedade de aordo om a sua o%serva&ão da (ovidade edetermi(arem que os mais pote(tes teriam o poder o que i(via%i"i+ariaqua"quer tipo de ,ierarquia %aseada (a i(te"i50(ia e) pri(ipa"me(te) (aa(ti5idade) a"ém de deretar o fim da "i(,a5em dos pi(tos peque(os) que (u(ase reprodu+iriam ) os ma,os tomaram provid0(ias) ome&a(do por tapar suas ver5o(,as' A ivi"i+a&ão ome&ou pe"as a"&as) ou o que quer que fosse amoda de tapa$se.os (as sava(as' E tudo que veio depois a "i(5ua5em) ofo5o) a roda) a esrita) a a5riu"tura) a i(d8stria) a i0(ia) as (a&4es) as 5uerras)todas as afirma&4es masu"i(as que i(depe(dem do pi(to foi) de um -eito oude outro) uma e.te(são das primeiras a"&as' Um disfare) um estrata5ema doma,o para rou%ar da f0mea o seu pape" (atura" de 5uiar a espéie eso",e(doo reprodutor que ",e serve pe"as suas rede(iais mais evide(tes) e (ão pe"assuas poses ou poemas' *oda a (ossa u"tura mis35i(a vem do pavor da mu",er que quer retomar seu poder pré$,ist3rio e) (ão se(do (em prostituta (em (ossasa(ta mãe) (os tirar as a"&as' *odo o (osso drama mi"e(ar foi resumido (umpeque(o auto admo(it3rio? PoQo O(o sedu+i(do o,( Le((o( e desfa+e(do umaid"ia ordem frater(a") quase destrui(do um mu(do' E o que é asuperva"ori+a&ão da vir5i(dade e a esti5mati+a&ão ivi" do adu"tério) omoo(stam (a "ei %rasi"eira) se(ão uma te(tativa de 5ara(tir que a mu",er s3desu%ra o tama(,o do p0(is do marido qua(do (ão pode fa+er mais (ada arespeito1 Bo(ti(uaramos vive(do a a(58stia das sava(as'

    (depe(de(teme(te das teorias) a vir5i(dade é um tema para muitasdiva5a&4es' Ni(5uém) que eu sai%a) ai(da e.ami(ou a fu(do) sem troadi",o)todas as imp"ia&4es do ,me() i("usive fi"os3fias' # vi o ,me( que) sa"vo5rossa desi(forma&ão a(at=mia) (ão tem qua"quer outra fu(&ão %io"35ia a (ãoser a de "are desrito omo a prova de que o U(iverso é mora"ista' E)"eva(do$se em o(ta a dor do def"orame(to e mais as a5ruras da ovu"a&ão e doparto em ompara&ão om a vida se.ua" f#i" e impu(e do ,omem) tam%ém émis35i(o' Mas em ompara&ão om o que a mu",er) ,istoriame(te) sofreu (ummu(do domi(ado por ,ome(s e seus terrores) o que e"a sofre om a Nature+a épi(to' Bom troadi",o'

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    Sexo ) dist*ncia +,

    O sexo seg!ro torno!-se m!ito importante e (ada é mais se5uro do queo se.o feito dist(ia) sem a (eessidade de o(tato pessoa"' Se.o dist(iapode ser pratiado de v#rias formas e a "iteratura -# a(teipa uma de"as qua(dofa"a de ,ome(s que despem as mu",eres om os o",os' sto (ão é tão f#i"qua(to paree) pri(ipa"me(te se a mu",er estiver usa(do um daque"es sutiãspresos atr#s) o que o%ri5a o ,omem a se5urar o vestido da mu",er om os o",ose(qua(to reorre aos dedos para dese(5atar o fe,o' Outro peri5o é o ,omem)depois de despir a mu",er om os o",os) ome&ar a "arime-ar deso(tro"adame(te) o que eqiva"e e-au"a&ão preoe (o se.o o(ve(io(a"' A pe(etra&ão visua" tam%ém tor(a$se difi" sem o uso de aess3rios) que vão dasimp"es "u(eta a sofistiados Bateteres de Afrodite om o(tro"e remoto) quepodem ser ma(ipu"ados i("usive de outro o(ti(e(te'

    O se.o por te"epatia 5a(,a adeptos e tem a va(ta5em de poder ser pratiado em qua"quer am%ie(te) em qua"quer ,ora) sem que as pessoas saiamde o(de estão' Esta%e"eido o o(tato te"ep#tio) di5amos)(um restaura(te) (ada impede que se passe de uma o(versa pre"imi(ar paraesta%e"eer o "ima K7e(s sempre aqui1K KIostas do >au"o Boe",o1KH para oato) sem outro preparativo' KEstou i(trodu+i(do a mi(,a mão so% a sua saia)si(to a sua o.a ro"i&a e que(te'''K

    KDeve ,aver a"5um e(5a(o' Eu (ão estou usa(do saia' A"i#s) sou um5e(era" reformado'K

    KEpa! Eu estava fa"a(do om a mu",er de verme",o atr#s do se(,or' D#para tra(sferir1K

    O se.o por te"epatia tam%ém pode ser i(tero(ti(e(ta"' 6ome(s dotadosde 5ra(de pot0(ia psiosse.ua") por e.emp"o) podem pro-etar sua "i%ido emo(das prospetivas ao redor do mu(do omo radioamadores e por que (ão1 aertar) por assim di+er) (a mosa'

    K es, t#is is $#aron $tone. %#o s catting&KS,aro( Sto''' A,(''' Sim''' O",a! 'ere is (razilian bo) ver) omo é que

    se di+1 Ver), a,() ai meu Deus''' S,aro() (ão des"i5a!K

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    C.digos

    #ona /a!lina ensino! ) s!a filha Ros#rio que ada po(to do rosto o(dese o"oasse uma pi(ta ti(,a seu si5(ifiado' Na fae) so%re o "#%io) (uma(to da %oa) (o quei.o) (a testa''' A pi(ta) %em i(terpretada) mostravaquem era a mo&a) e o que e"a queria) e o que esperava de umprete(de(te' O ,omem que se apro.imasse de uma mo&a om uma pi(ta (uma reep&ão (a orte ou (uma asa de ,# -# sa%ia muito so%ree"a) a(tes mesmo de a%ord#$"a) s3 pe"a "oa"i+a&ão da pi(ta' A tr0s metrosde dist(ia) o ,omem -# sa%ia o que o esperava' A pi(ta era um 3di5o)um aviso ou um desafio'

     A(os depois) do(a Ros#rio e(si(ou sua (eta Mar5arida que a

    ma(eira de usar um "eque di+ia tudo so%re uma mu",er' Bomo se5ur#$"o)omo a%ri$"o) sua posi&ão em re"a&ão ao rosto ou ao o"o) omo a%a(#$"o)om que ve"oidade) om que o",ar''' S3 pe"os movime(tos do "eque umamu",er desfra"dava sua %io5rafia) sua perso(a"idade e até seus se5redos(um sa"ão) e quem a tirasse para da(&ar -# sa%ia quais eram as suasperspetivas) e os seus risos) e o seu futuro'

    Muitos a(os depois) a Je" e.p"iou para a sua %isav3 Mar5aridaque a fatia de pizza impressa (a sua amiseta om KMe omeK esrito emima (ão queria di+er (ada) mas que a"5umas das suas ami5as usavam aamiseta sem a fatia de pizza.

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    O!tros tab!s

    0á escrevi !e a pedofilia  era o 8"timo ta%u se.ua") mas é "aro que mee(5a(ei' A"5u(s outros ai(da resistem' Se.o om frutas e p"a(tas) por e.emp"o'7o0 (ão sa%e) mas é mais omum do que se ima5i(a) apesar do ta%u' Sei dea"5uém que ,e5ou a pe(sar em asar om uma %a(a(eira) s3 para ter a"5umtipo de posse "e5a" e evitar que outros a possussem' A quem estra(,asse suao%sessão) e"e respo(dia?

    porque vo0 ai(da (ão viu a %a(a(eira'Devia ser sedutora) mesmo) porque) e("ouqueido pe"os i8mes) e"e

    aa%ou derru%a(do a %a(a(eira e "eva(do$a para asa' E"a morreu e seou (asua ama) mas pe"o me(os era s3 de"e' O que fa+ o amor'''

    Ouvi de outro que um dia ti(,a se atraado (uma me"a(ia' Não ,ouveamor) foi se.o me(io) e depois (u(a mais se viram' E ,# os que preferem os

    "e5umes' Sei de 5e(te que (amora a%3%oras e até de uma empres#ria que"ar5ou o marido por um pepi(o) e i("usive o aprese(tou pros pais' >reisoo(fessar que uma ve+ ,e5uei a f"ertar om u(s %r3o"is) mas desisti'

    Se.o om a(imais) todos sa%em que e.iste' mesmo a forma maiso(ve(io(a" de amor (ão o(ve(io(a") e o que mais freqe(teme(te aa%a (ade"e5aia) om quei.as de assédio se.ua" a a(imais de estima&ão por parte devi+i(,os) mesmo que muitas ve+es (ão passe de um 5a"a(teio' Mas vo0 sa%iaque e.iste se.o om m3veis e ute(s"ios doméstios1

    Deso%ri um site (a (ter(et s3 para pratia(tes de se.o om estofados earti5os para asa e o+i(,a' Não aderi) mas passei a o",ar os m3veis da mi(,aasa om outros o",os) pe(sa(do em omo seria ter se.o om e"es'>ri(ipa"me(te uma po"tro(a -eito+i(,a) om umas per(i(,as %em tor(eadas)

    que) mesmo sem sa%er %em por que) eu (amorava desde 5aroto'No site, ,avia i(stru&4es até para se.o om aspirador de p3' Di+em que éi(i5ua"#ve"' Mas ta%u) ta%u' E muito peri5oso'

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    1alhardo

    &contece! de o gr!po ficar hospedado n!m hotel de /aris em que asparedes eram fi(as e podia$se ouvir um suspiro do quarto ao "ado) qua(to mais

    5emidos e outros rudos assoiados ao se.o' Bomo os daque"e asa") quesempre termi(avam om a mu",er 5rita(do presumive"me(te dura(te oor5asmo KAi) Ia",ardo! Ai) Ia",ardo!K'

    O 5rupo (ão se o(,eia' *i(,a sido or5a(i+ado por uma a50(ia deturismo para assistir s fi(ais da Bopa' Dura(te a via5em) (ão ,ouve qua"quer tipo de apro.ima&ão e(tre os ompo(e(tes do 5rupo e s3 (o tereiro ou quartodia de >aris é que ome&ou a o(frater(i+a&ão' >or i(iiativa de Mar&a" e Mar"ia)que oupavam o quarto ao "ado do asa" %aru",e(to' Dura(te um afé da ma(,ã)(o ,ote") Mar&a" o(tou o que fa+ia) Mar"ia deu deta",es da vida fami"iar dos dois asa) fi",os et' e em pouo tempo estavam todos aprese(ta(do r#pidosresumos de suas vidas) a"5u(s até deso%ri(do afi(idades) ami5os) pare(tes oufor(eedores em omum) essas oisas' S3 (ão ti(,am se ma(ifestado ai(da osvi+i(,os de quarto de Mar&a" e Mar"ia) um ,omem retao e sorride(te e umamu",er "oira) mais a"ta do que e"e) que usava a amisa do Ro(a"do amarrada(a fre(te) om o um%i5o mostra' Mar&a" virou$se para o ,omem e per5u(tou?

    E vo0) Ia",ardo1 O ,omem (ão parou de sorrir' Ia",ardo1Mar&a" ,esitou) sa%e(do que ti(,a feito uma %o%a5em mas que (ão

    podia reuar' Seu (ome (ão é Ia",ardo1 eremias >orti(,o' >orti(,o) desu"pe' Não sei de o(de eu tirei o Ia",ardo''' E eu sou a Sa(dra disse a mu",er'Naque"a (oite) depois da vit3ria o(tra o B,i"e) Sa(dra estava ai(da mais

    e(tusiasmada (a ,ora do or5asmo' Ia",ardo! Ai) Ia",ardo!No quarto ao "ado) Mar&a" e Mar"ia disutiam as a"ter(ativas' ad-etivo prop=s Mar&a"'Mar"ia suste(tava que era outro ,omem' Devia ,aver outro ,omem)

    ,amado Ia",ardo) om e"es (o quarto' Bomo1! rea5iu Mar&a"' 7eio om e"es (a ma"a1 Um a(ão %om

    de ama1 Um ama(te port#ti"1 Deve ser ad-etivo'Na ma(,ã do -o5o fi(a" (a (oite a(terior) os 5ritos de KAi) Ia",ardo!K

    ti(,am eoado pe"o ,ote" ) Mar"ia (ão se o(teve e disse a Sa(dra? # sei por que o Mar&a" ,amou seu marido de Ia",ardo' E que e"e se

    paree muito om um ami5o (osso ,amado Ia",ardo' *a"ve+ vo0so(,e&am'''Sa(dra estava o",a(do a po(ta de um croissant, om ara de so(o) omo sedeidi(do se o croissant mereia uma mordida sua ou (ão'

    Eu o(,ei um Ia",ardo uma ve+' Fa+ a(os'''E"a mordeu a po(ta do croissant e o(ti(uou? Mas e"e (ão era (ada pareido om o >orti(,o' Dura(te o -o5o) Mar"ia

    disse a Mar&a"? Desve(dei o mistério do Ia",ardo' O qu01 E evoa&ão'Mas o Tida(e ti(,a feito o se5u(do) e Mar&a" (ão queria (em ouvir'

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    Seios e 2embrandts

    N3o $ o ass!nto mais4 di5amos) pa"pita(te do mome(to) mas os seios fa"sost0m si5(ifiados u"turais e até fi"os3fios que tra(se(dem o merame(te

    ref"e.ivo e(qua(to diva5a&ão psiossoio"35ia  per se. E eu) pe"o me(os) (ãote(,o (ada me",or para fa+er (os pr3.imos tr0s mi(utos) porta(to vamos "#'

    Ree(teme(te uma e"e%ridade rea5iu idéia de que seus seios (ãoeram seus di+e(do que ti(,a pa5ado por e"es) e) porta(to) e"es eram mais seusdo que os ori5i(ais' Bertssimo' Bom a disposi&ão de (ão ape(as fa+er seios(ovos mas oste(t#$"os) e a sua artifiia"idade) as mu",eres de todos os se.osHreso"veram a ve",a questão) que vi(,a desde Sa(to A5osti(,o) e(tre Ser umorpo e *er um orpo' O orpo passou a ser defi(itivame(te uma posse? vo0(ão ape(as o tem omo pode mostrar a fatura'

    Seios irur5iame(te aume(tados sim%o"i+am a r#pida e"imi(a&ão dadist(ia e(tre o 6omem aqui represe(tado pe"a Mu",erH e a *é(ia) pois oimp"a(te de si"io(e (ada mais é do que a i(teriori+a&ão do e(,ime(to que

    a(tes e"as usavam (o sutiã a *é(ia) (o aso) se(do a a(ti5a de (ose(5a(ar' Este proesso de i(teriori+a&ão u"mi(ar# om a imp"a(ta&ão demicroc#ips (o ére%ro ,uma(o e a eve(tua" su%stitui&ão do ére%ro por umproessador e"etr=(io que tra(sformar# ada ser ,uma(o (o seu pr3prioomputador) om o mouse "oa"i+ado) presumive"me(te) (o um%i5o' Os seiosartifiia"me(te a"e(tados estão) por assim di+er) (a fre(te da revo"u&ãote(o"35ia' E omo) ao o(tr#rio do e(,ime(to (os sutiãs) e"es sãofra(ame(te assumidos) tam%ém o(tri%uem para dimi(uir um pouo da,iporisia (as re"a&4es ,uma(as' 6o-e ao ver desfi"ar um par de seios perfeitos)as mu",eres (ão mais o,i,am) espeu"a(do se são verdadeiros ou (ão' Ap"audem a%ertame(te e 5ritam KO autor) o autor!K) para prour#$"o tam%ém'

    E medida que podem eso",er os seios ou o (ari+) a %oa) a %u(da

    et'H que usarão) as pessoas tomam as rédeas da pr3pria vida e determi(am seupr3prio futuro pri(ipa"me(te (uma soiedade em que ada ve+ mais)fi5urativame(te ou (ão) peito é desti(o'

    Fi"osofia) (a "i(,a de KSe uma pa"meira ai (uma i",a deserta) "o(5e dequa"quer ouvido) e"a fa+ %aru",o1K' Ou KSe (i(5uém) sa"vo o fa"sifiador) sa%eque um Rem%ra(dt é fa"so) e"e é fa"so1K' Se todos sa%em que os seiosadmirados são fa"sos) e e"es são admirados omo fa"sifia&4es) o o(eito deaute(tiidade (ão est# %a(ido do mu(do) i("usive para a ava"ia&ão deRem%ra(dts1

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    #efiniç5es

    (ma pessoa $ !ma coisa m!ito complicada' Mais omp"iado do que umapessoa) s3 duas' *r0s) e(tão) é um aos) qua(do (ão é um drama passio(a"' Mas as

    pessoas s3 se defi(em (o seu re"aio(ame(to om as outras' Ni(5uém é o quepe(sa que é) muito me(os o que di+ que é' >reisamos da omp"ia&ão para (osdefi(ir' Ou se-a? (i(5uém é (ada so+i(,o) somos o (osso omportame(to om ooutro' >ri(ipa"me(te om aque"a versão e.trema do outro que é o outro de outrose.o'

    Se5u(do uma pesquisa ree(te) as pessoas se dividem em seis tipos%#sios) de aordo om seu omportame(to om o e omoH se.o oposto' Se vo0(ão se e(quadrar em (e(,uma destas ate5orias) proure orie(ta&ão' 7o0 podeestar (o p"a(eta errado'

    O primeiro tipo é o Sim%i3tio' o que) (uma re"a&ão) e.i5e e ede mais oume(os (a mesma propor&ão' Ava(&a e reua) morde e sopra) questio(a e e(te(de eaeita qua"quer oisa para evitar o rompime(to) om a possve" e.e&ão da fri5ideira

    (a a%e&a' 70 o amor um pouo omo um ar5o p8%"io em que o pri(ipa" é aesta%i"idade' A"5oi(se5uro) preisa ouvir o(sta(teme(te que a re"a&ão est# firme) muitas ve+esaorda(do oaH pareiroaH (o meio da (oite para per5u(tar isso e preipita(do odese(te(dime(to' Frase araterstia? KEu pe&o desu"pa se vo0 pedir'K

    Depois tem o tipo Bivi"i+ado' o que se preoupa em ter um omportame(toes"areido em re"a&ão ao outro) respeita(do a sua i(iiativa pr3pria e o seu espa&o)e s3 rea5i(do em asos omo o do apareime(to de uma tereira esova de de(tes(o %a(,eiro sem uma e.p"ia&ão o(vi(e(te' O par ivi"i+ado aredita que o amor deve ref"etir as o(quistas da moder(idade) omo a to"er(ia) o respeito m8tuo e)aima de tudo) o(tas separadas para o aso de a"5um "it5io termi(ar em fri5ideira(a a%e&a e proesso'

    O tipo E5osta' Bomo aque"e marido que te"efo(ou para a mu",er para

    e.p"iar seu s8%ito desapareime(to) di+e(do que ti(,a dado um desfa"que (a firmae fu5ido para a F"3rida om a do(a Neide da Bo(ta%i"idade e que os dois estavam(aque"e mome(to (o Dis(eCor"d e prestes a e(trar (a Mo(ta(,a M#5ia) e qua(doa mu",er ome&ou a ,orar) disse? KO que é isso) sua %o%a1 Não tem peri5o(e(,um'K Mas este (ão é um e.emp"o tpio' Iera"me(te o e5osmo) (o amor) sema(ifesta em peque(as oisas omo di+er) dura(te o ato se.ua"? K7o0 se importade aa%ar sem mim1 Ama(,ã te(,o de(tista s oito'K

    Uma versão ate(uada do tipo E5osta é o tipo (dividua"ista' Este sempredei.a "aro) ao ome&ar uma re"a&ão) que (ão sarifiar# sua i(dividua"idade pe"oamor) e esta%e"ee os "imites de ada pareiro' A mu",er sempre é mais va5a (assuas reivi(dia&4es de i(depe(d0(ia) prote5e(do seus i(teresses separados) seusmome(tos de reo",ime(to e ref"e.ão ou uma vida soia" pr3pria) e(qua(to o

    ,omem é mais espefio) di+e(do oisas omo Kse toar (o meu time de %otão)apa(,aK'O tipo Bo(tro"ado d# sempre ra+ão ao outro) uida do que di+) suprime sua

    a5ressividade e e(fre(ta qua"quer pro%"ema de ostas) reusa(do$se a v0$"o' Emsuma) se o(tro"a' Frase araterstia? K*udo %em'K >refere a mesmie a 5ra(desrompa(tes rom(tios e e(ara om (atura"idade qua"quer ma(ifesta&ão do outro'("usive a fri5ideira (a a%e&a' Mas tem uma oisa? (o dia em que e.p"odir) derru%aa asa -u(to'

    O tipo Doador s3 tem uma preoupa&ão? fa+er tudo pe"o outro) i("usivesarifios e.trava5a(tes omo tirar a omida da pr3pria %oa) o que sempre ausaem%ara&os em restaura(tes' Sua maior fe"iidade é ser sufiie(teme(te despre(didoe aumu"ar réditos emoio(ais o %asta(te para um dia poder di+er  para o outro a5ra(de frase) para a qua" e"e vive? KDepois de tudo que eu fi+ por vo0!K' O tipoDoador é) (a verdade) o tipo B,a(ta5ista disfar&ado'

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    Namoro

    O melhor do namoro4 claro4 $ o ridíc!lo" 7o0s dois (o te"efo(e? Des"i5a vo0' Não) des"i5a vo0' 7o0' 7o0' E(tão vamos des"i5ar -u(tos' *#' Bo(ta até tr0s' Um''' Dois''' Dois e meio'''Ridu"o a5ora) porque (a ,ora (ão era (ão' Na ,ora (em os ape"idos

    seretos que vo0s ti(,am um para o outro) "em%ra1) eram ridu"os' Ro(ro('Su+ua' A"i+a(+ão' Surusu+ua' Io(5o(,a' Io(5o(,a!H Mamosa'>urupupua'''

    Não ,avia oisa me",or do que passar tardes i(teiras (um sof#) o",o (oo",o) di+e(do?

    As do(do+eira ama os do(do+eiro1 Ama' Mas os do(do+eiro ama as do(do+eira mais do que as do(do+eira

    ama os do(do+eiro' Na$(a$(ão' As do(do+eira ama os do(do+eiro mais do que et'E) e(tremea(do o di#"o5o) "o(5os %ei-os) profu(dos %ei-os) %ei-os mais do

    que de "(5ua) %ei-os de am5da"as) %ei-os atetérios' *ardes i(teiras' Bo(fesse?ridu"o s3 porque (u(a mais'

    Depois do ridu"o) o me",or do (amoro são as %ri5as' 2uem di+ que(u(a) omo quem (ão quer (ada) arquitetou um e(o(tro asua" om a e. ou oe. s3 para ver se e"a ou e"e est# om a"5uém) ou para fi(5ir que (ão v0) ou paraver e i5(orar) ou para dar um a%a(o amistoso quere(do di+er que e"a ou e"ea5ora si5(ifia tão pouo que podem até ser ami5os) est# me(ti(do' A,) est#me(ti(do'

    E me",or do que as %ri5as são as reo(i"ia&4es' Jei-os ai(da maisprofu(dos) ape"idos ai(da mais "ame(t#veis) vistos de "o(5e' A 5e(te %ri5avamesmo era para se reo(i"iar depois) "em%ra1 Oito e(tre de+ (amoradostra(sam pe"a primeira ve+ fa+e(do as pa+es' Não estou i(ve(ta(do' O JIE temas estatstias'

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    Eva

    Na velha !est3o sobre a origem  da ,uma(idade) eu defe(do o meio$termo' Um empate e(tre Dari( e Deus' Aeito a tese dari(ia(a de que o6omem dese(de do maao) mas a,o que Deus riou a mu",er' E (3s somosa o(seq0(ia daque"e mome(to m#5io em que o proto$,omem) des"oa(do$se de 5a",o em 5a",o pe"a f"oresta primeva) ,e5ou p"a(ie do de( e viu amu",er pe"a primeira ve+'

    ma5i(e a e(a' O ,omem$maao de %oa a%erta) eso(dido pe"afo",a5em) o",a(do aque"a maravi",a? uma mu",er reém$feita' Bomo 70(usreém$pi(tada por Jottie""i) om a ti(ta fresa' Eva es$pre5ui&a(do$se %eira do*i5re' Ou era o Eufrates1 E(fim) Eva (o seu -ardim) ai(da 8mida da ria&ão' Evaesfre5a(do os o",os' Eva e.ami(a(do o pr3prio orpo' Eva retore(do$se parao",ar$se atr#s e a"isa(do as pr3prias a(as) satisfeita' Eva o",a(do$se (o rio)a-eita(do os "o(5os a%e"os) depois sorri(do para a pr3pria ima5em' Seusde(tes perfeitos faisa(do ao so" do >araso' E o quase$,omem %a%a(do (o seu5a",o' E)om muito esfor&o) formu"a(do um pe(same(to (o seu ére%ro primitivo'KF0mea é isso) (ão aque"a maaa que eu te(,o em asa'K

    6# o(trovérsias a respeito) mas os te3"o5os areditam que qua(do Evafoi riada por Deus ti(,a e(tre G e ;V a(os' E e"a rei(ou so+i(,a (o >araso por duas "uas' E) i(struda por Deus) deu (ome s oisas e aos %i,os' E ,amou orio de rio e a 5rama de 5rama) e a #rvore de #rvore) e aque"e estra(,o ser quedeseu da #rvore e fiou o",a(do para e"a omo um a,orro) de 6omem' Equa(do o 6omem su5eriu que oa%itassem (o >araso e ome&assem outraespéie) Eva riu) o(ordou s3 para ter o que fa+er) mas disse que e"e ai(dapreisaria evo"uir muito para ,e5ar aos pés de"a' E desde e(tão temos te(tado'Ni(5uém pode di+er que (ão temos te(tado'

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    & clá!s!la do elevador 

    /or!e eram precavidos4  porque queriam que sua u(ião desse erto) epri(ipa"me(te porque eram advo5ados) deidiram fa+er um o(trato (upia"' Umi(strume(to partiu"ar) s3 e(tre os dois) separado das forma"idades usuais de umasame(to ivi"' Ne"e estariam e.p"iitados os deveres e os ompromissos deada um até que a morte ou o desumprime(to de qua"quer uma das"#usu"as os separasse'

    2ua(do ,e5aram parte do o(trato que trataria da fide"idade) e"epo(derou que a "#usu"a deveria ter uma erta f"e.i%i"idade' Deveria prever iru(st(ias a"eat3rias) ,eterodo.as e ate(ua(tes' Em outras pa"avras)oportu(idades imperdveis' E e.emp"ifiou'

    Di5amos que eu fique preso (um e"evador om a Lua(a >iova(i'Depois de de+) qui(+e mi(utos) e"a di+ KBa"or) (é1K) e desa%o$toa a %"usa' Maisde+ mi(utos e e"a tira toda a roupa' Mais i(o mi(utos e e"a di+ KNão adia(touK)e ome&a a desa%otoar a mi(,a %"usa''' O o(trato deveria prever que) emasos assim) eu estaria automatiame(te "i%erado dos seus termos restritivos'

    E"a o(ordou) em tese) mas ar5ume(tou que a "ie(&a p"eiteada deveriaser espefia) re,a&a(do a su5estão de"e de que se referisse 5e(eriame(te aKLua(a >iova(i ou simi"arK' Fiou deidido que e"e estaria automatiame(te"i%erado da o%ri5a&ão o(tratua" de ser fie" a e"a (o aso de fiar preso (ume"evador om a >atria >i""ar) a Luma de O"iveira ou uma das duas ou as duasHmo&as do K*,a(K) a"ém da Lua(a >iova(i) se o soorro demorasse mais devi(te mi(utos' sto esta%e"eido) e"a disse?

    No meu aso''' Bomo) (o seu aso1 No aso de eu fiar presa (um e"evador om a"5uém' 2uem) por e.emp"o1 Sei "#' O Maurio Mattar' O A(t=(io Fa5u(des' O Odva(''' O Odva( (ão!Foi uma (e5oia&ão "o(5a e difi") dura(te a qua" e"e vetou v#rios (omes)

    até ser o%ri5ado a o(ordar om um) por a%so"uta fa"ta de ar5ume(tos' E"aestaria "i%erada de ser fie" a e"e se um dia fiasse presa (um e"evador om oB,io Juarque' Mas s3 om o B,io Juarque' E s3 se o soorro demorassemais de uma ,ora!

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    Sexo e f!tebol

    & dissertaç3o nada-a-ver de ho6e $: (o que o se.o e o fute%o" se pareem1No fute%o") omo (o se.o) as pessoas suam ao mesmo tempo) ava(&am

    e reuam) quase sempre vão pe"o meio mas tam%ém aem para um "ado ou parao outro e s ve+es ,# um des"oame(to' Nos dois é importa(tssimo ter -o5o dei(tura'

    No se.o) omo (o fute%o") muitas ve+es ao(tee um otove"a&o (o o",osem querer) ou um dese(te(dime(to que aa%a em e.pu"são' A um vai para o,uveiro mais edo'

    Di+em que a 8(ia difere(&a e(tre uma festa de amasso e a o%ra(&a deum esa(teio é que (a 5ra(de #rea (ão tem m8sia) porque o a5arrame(to é omesmo) e (o esa(teio tam%ém tem 5e(te que fia quase sem roupa'

    *am%ém di+em que uma das difere(&as e(tre o fute%o" e o se.o é adifere(&a e(tre amiseta e amisi(,a' Mas a amisi(,a) omo a amiseta)tam%ém (ão disti(5ue) e"a ta(to pode vestir um raque omo um medore'

    No se.o) omo (o fute%o") vo0 amaia (o peito) %ota (o ,ão) ad0(ia)e tem que ter uma e.p"ia&ão pro(ta (a sada para o aso de (ão dar erto'No fute%o") omo (o se.o) tem 5e(te que se %e(+e a(tes de e(trar e sempre saiofe5a(te'

    No se.o) omo (o fute%o") tem o fei-ão om arro+) mas tam%ém tem orequi(tado) a firu"a e o "a(e de efeito' E) "aro) o "e(&o"'

    No se.o tam%ém tem 5e(te que vai direto (o a"a(,ar'E ta(to (o se.o qua(to (o fute%o" o som que mais se ouve é aque"e

    KuuuK'No fim) se.o e fute%o" s3 são difere(tes) mesmo) em duas oisas' No

    fute%o") (ão pode usar as mãos' E o se.o) 5ra&as a Deus) (ão é or5a(i+ado pe"aBJF'

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    /rimatas

    & minha tese de !e o homem dese(de do maao) mas a mu",er (ão) é

    apoiada em evid0(ias ie(tfias) (ão s3 (o fato de que somos mais feios ea%e"udos' >or e.emp"o? é sa%ido que mu",eres dão me",ores primat3"o5as)omo a i(terpretada pe"a Si5our(eC o (ome) se me permitem ume(trepar0(teses o(fessio(a") que eu adotaria se fosse travestiH Weaver (aque"efi"me' E.istem v#rias teses so%re a ra+ão desta predomi((ia femi(i(a (oestudo dos maaos' Seria porque e(te(dem) muito mais do que o ,omem) deomu(ia&ão (ão$ver%a" omo atesta a e"oq0(ia de uma troa de o",arese(tre mu",eres) pri(ipa"me(te qua(do o o%-eto da me(sa5em si"e(iosa é outramu",er) e o poder e.pressivo de um %eii(,o porque t0m mais pai0(ia e)pri(ipa"me(te) porque (ão partem) omo os ,ome(s) de preo(eitos fi.os)omo o de que qua"quer tri%o de maaos é um patriarado s3 porque osma,os são mais e.i%idos' Os ,ome(s tam%ém seriam me(os apa+es deestudar maaos om ise(&ão ie(tfia porque se se(tiriam i(o(sie(teme(terevo"tados om a promisuidade se.ua" das maaas'

    2uer di+er) seriam mais mora"istas' E ,averia ra+4es mais rarefeitas' Nãofa+ muito) apareeu uma teoria de que o fim dos matriarados e o ome&o dafa"oraia que até ,o-e domi(a o mu(do teriam oi(idido om a ria&ão doa"fa%eto' Assim) as mu",eres se se(tiriam atradas para a primato"o5ia porque)e(tre os maaos) reuperariam um pouo da sua o(di&ão perdida) (ão ape(asa(terior pa"avra esrita) mas a(terior pr3pria "i(5ua5em' E(tre os 5ori"as) assi5our(eCs seriam) de (ovo) deusas'

    surpree(de(te que (i(5uém te(,a pe(sado (a ra+ão mais "35ia paraas mu",eres domi(arem este ramo da i0(ia' E que) dura(te toda a sua ,ist3ria)e"as (ão fi+eram outra oisa se(ão uidar de maaos' Sua pai0(ia sedese(vo"veu om a (eessidade de esperar que o ,omem passasse por suasv#rias fases) de %i,o a ,omi(deo até poder fiar %em (um smo*ing. Aompa(,aram a (ossa evo"u&ão) (os estudaram desde que t(,amos ra%o) (ose(si(aram a usar o dedão opositor) a (ão %a%ar (o peito''' E qua(do fi(a"me(teriamos a "i(5ua5em) e depois o a"fa%eto) e o("umos que éramos me",ores doque e"as) foram to"era(tes (a sua resi5(a&ão) e aeitaram a (ossa i(5ratidão)pois sa%iam que estavam "ida(do) afi(a") om a(imais i(teressa(tes) masa(imais'E(fim) foi um "o(5o apre(di+ado'

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    & hist.ria pronta

    7 preciso ter (ma hist.ria pronta4 e(si(a o Mari(,os' O mu(do se dividee(tre os r#pidos e os "e(tos) e o que os disti(5ue é a sua rea&ão ao serem

    f"a5rados' Os r#pidos i(ve(tam uma e.p"ia&ão (a ,ora' Os "e(tos) que sãomaioria) preisam ter uma ,ist3ria pro(ta' Muitas ve+es sua i(te5ridade fsia) se(ão sua so%reviv0(ia) depe(de de ter uma ,ist3ria pro(ta' Não preisa ser o(vi(e(te) se5u(do o Mati(,os' Jasta que este-a pro(ta'

    O Mati(,os sa%e da import(ia da ,ist3ria pro(ta por e.peri0(iapr3pria' Um dia estava (a ama om a vi+i(,a qua(do sua mu",er ,e5ou emasa do sa"ão mais edo do que o esperado' A mu",er é do(a de um sa"ão de%e"e+a) o Mati(,os vive) omo e"e mesmo di+) em dispo(i%i"idade' Não é umva5a%u(do) é um dispo(ve"' Fa+ parte da 5ra(de reserva de mão$de$o%raoiosa da (a&ão) espera(do para ser o(voada' S3 (ão vai atr#s do empre5o)que -# é pedir demais' A (a&ão que ve(,a %us#$"o' E(qua(to a (a&ão (ãovi(,a) o Mati(,os e(,ia parte das suas ,oras va5as) que eram todas)

    (amora(do a do(a Te(eida que tam%ém (ão ti(,a muito o que fa+er depois dea"ime(tar seu marido) o 7a"demar) um i(ativo) que dormia sestas "o(5as eprofu(das e s3 aordava para ir -o5ar domi(3 (o %ar' E um dia a mu",er doMari(,os ,e5ou em asa mais edo e por pouo (ão e(o(trou a do(a Te(eida(a ama om o Mari(,os' Do(a Te(eida o(se5uiu sair pe"a -a(e"a) sair pe"oportão e e(trar (a sua asa s3 de a"i(,a) a5arra(do o resto das suas roupas(a fre(te do orpo) sem ser vista e qua(do a mu",er do Mati(,os e(trou (oquarto) e(o(trou o marido arque-a(te (a ama) a a%e&a atirada para tr#s)%ra&os e per(as a%ertos) o pi-ama desfeito'

    O que é isso) Mati(,os1O Mari(,os ma" o(se5uia fa"ar' Não sei''' A,o que'''

    O que) ,omem de Deus1! >ri(pio de e(farte'E o Mati(,os (ão estava fi(5i(do' O susto quase o matara' Fi+eram

    e.ames) tudo %em) a mu",er pediu para o Mati(,os (u(a mais assust#$"adaque"a ma(eira) e o Mati(,os ome&ou a pe(sar (a import(ia dope(same(to o(ti(5e(ia"' Sua mu",er o teria f"a5rado (ão s3 om a vi+i(,a (aama mas sem uma ,ist3ria pro(ta' O que e"e teria dito) se fosse pe5o1 KNão é oque vo0 est# pe(sa(doK1 Ridu"o' B"aro que era o que e"a estava pe(sa(do'E"e preisava ter uma ,ist3ria pro(ta' Uma ,ist3ria ria em deta",es) riativa) tãoe"a%orada que dese(ora-asse qua"quer te(tativa de i(vesti5#$"a e tão i(omumque "evasse o("usão de que (i(5uém a i(ve(taria' *ão improv#ve" que s3poderia ser verdade'

    E o Mati(,os p=s$se a o(struir) metiu"osame(te) a e.p"ia&ão que daria(o aso de ser f"a5rado om a do(a Te(eida (a ama' A"5o so%re o marido dedo(a Te(eida) o 7a"demar) e o seu e(vo"vime(to om uma rede de trafia(tes dedro5a' Jo"ivia(os) era isso' Ja(didos %o"ivia(os' A >o"ia Federa" estava usa(doa asa do Mati(,os parao(tro"ar o movime(to (a asa do 7a"demar' Mari(,os (ão ti(,a o(tado (ada mu",er para (ão assust#$"a' Sim) estava o"a%ora(do om a po"ia' *i(,am%o"ado um p"a(o para tirar a do(a Te(eida de de(tro da asa para poder revist#$"a) aproveita(do$se do fato de o 7a"demar (orma"me(te air (um so(o profu(dodepois de tomar a ,ero(a do meio$dia' Mari(,os o(ordara em sedu+ir a do(aTe(eida em (ome da "ei) para a-udar a "ivrar o pas do f"a5e"o das dro5as) ai(damais tra+ida por %o"ivia(os' Se a mu",er do Mari(,os fi+esse um es(da"o)

    atrapa",aria a di"i50(ia da po"ia que (aque"e mome(to estava revista(do aasa do 7a"demar e'''

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    uma ,ist3ria "o(5a que o Mari(,os deorou e tem até e(saiado (afre(te do espe",o) para o aso de ser pe5o om a do(a Te(eida (a ama' Umapossi%i"idade que fiou remota) porque depois do quase f"a5ra(te) a do(aTe(eida) que teve uma rise de (ervos) se reusa a sequer o",ar para oMari(,os) qua(to mais a respo(der seus KpsstsK por ima da era' E o Mati(,osest# assim) om uma ,ist3ria pro(ta que s3 serve para o aso de f"a5ra(te oma do(a Te(eida) -# que (a asa do outro "ado s3 mora um 5e(era" reformadovi8vo e om tr0s a,orros) mas sem a do(a Te(eida' O Mati(,os est#ome&a(do a pe(sar (uma ,ist3ria pro(ta que sirva em qua"quer o(ti(50(ia'

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    Playboy 

    Lembro da primeira ve8 em !e a vi" Eu ti(,a G a(os) e"a era reém$(asida' Se5urei$a (as mãos om a"5uma emo&ão' Não) (ão era a mi(,aprimeira ve+' Eu -# ti(,a tido revistas de mu",er (ua' Mas em e(o(tros furtivossem muito pra+er' Eram 5era"me(te va5a%u(das e ma"feitas) e a impressão eraa pior possve"' A"5umas) é verdade) ti(,am um erto ver(i+ de respeita%i"idade' As de K(aturismoK) por e.emp"o) em que fam"ias de (udistas %ri(avam ao so"em p#"idas praias (3rdias' Mas vo0 preisava prourar muito para e(o(trar uma (#de5a firme ou um seio aproveit#ve" e ai(da uidar para que) em ve+ deuma suea) (ão fossem de um sueo mais redo(do' A !la)bo) era outra oisa'Bom toda a sua preariedade de primeiro (8mero feito) se5u(do a "e(da) por 6u5, 6eff(er om uma tesoura) uspe e peito) o de"e e o da Mari"C( Mo(roe )foi a primeira revista de mu",er (ua om "asse que possu' Lem%ro que omeeia fo",e#$"a a"i mesmo a,o que a apa p"#stia ai(da (ão ti(,a sido i(ve(tada)s ve+es duvido que -# e.istissepetr3"eoH) mas fui  i(terrompido pe"o do(o da %a(a) que disse? "'e) bud, )ougonna ta*e t#at& K Levei$a para asa'

    Mor#vamos em Was,i(5to() e(tão a paata apita" dos Estados U(idosdo preside(te Eise(,oer) (o fi(+i(,o da idade da i(o0(ia' 2ua(do os deotes -# mostravam quase tudo) mas persistia a d8vida so%re o que as mu",eresti(,am) e.atame(te) (a po(ta dos seios' Mesmo em espet#u"os de strip tease,(os a(os X

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    (ma hist.ria s!til

    - 9ele8a4 a s!a co8inha" O%ri5ado) eu''' E vo0 quem o+i(,a sempre ou''' Não) (ão' *em uma se(,ora que vem arrumar o apartame(to sempre

    e dei.a um prato feito (a 5e"adeira' Sou o+i(,eiro de fim de sema(a' Mari(,eirode''' Bomo é mesmo que se di+1

    O qu01 Doe' Eu1 Y5ua doe' Mari(,eiro de #5ua doe' 7o0 quer esperar (a sa"a)

    e(qua(to eu''' Fio aqui om vo0' A me(os que''' Não) pode fiar' 2uem sa%e a 5e(te -# a%re o vi(,o e fia

    %e%eria(do) e(qua(to eu''' Adoro %e%eriar' Uma %e"e+a) o seu a%ridor' O%ri5ado' Este vi(,o preisa respirar um pouo a(tes de ser servido'

    >ode pareer %o%a5em mas''' Não) (ão' Respirar é uma das oisas mais importa(tes que e.istem' E"e preisa estar (a temperatura am%ie(te' Adoro a temperatura am%ie(te' 7o0 est# disposta a e.perime(tar o meu %o%31 O seu''' Jo%3 de amarão' Mi(,a espeia"idade'A,) "aro' Não foi para isso que vo0 me o(vidou1 Adoro %o%3''' 7o0 -# omeu a"5uma ve+1 Nu(a' Mas adoro' O",a o vi(,o' Mmmmm' 6ei(1 Eu disse KMmmmmK''' Epa! Desu"pe' Estou um pouo (ervoso' Sa%e omo é) a respo(sa%i"idade'

    7o0 pode (ão 5ostar do meu''' Jo%o' Jo%3' Jo%o é vo0' 7ou adorar o seu %o%3' Ser# que o vi(,o vai ma(,ar o seu vestido1 Não' Em todo o aso''' 2uem sa%e um pa(o om #5ua que(te1 E s3 esque(tar a #5ua e''' Adoro tudo o que é que(te' Uma %e"e+a a sua ,a"eira' E(qua(to isto) vou prepara(do os i(5redie(tes' Dei.a ver' >ime(

    ti(,a''' Sim1 Não) eu disse Kpime(ti(,aK' Não me di+ que "eva pime(ta! Leva' 7o0 (ão 5osta1 Adoro! E da %ra%a' Ui! 7o0) ,ei(1 Bom esse -eito tmido''' S3 de ouvir fa"ar em pime(ta)

    fiquei toda arrepiada' >assa a mão aqui''' Z mesmo' 2ue estra(,o' S3 de ouvir fa"ar em pime(ta'''

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    Ma" posso esperar o seu %o%3' Ba"ma) a"ma' Demora muito1 Se vo0 me der uma mão''' Na 5e"adeira (a parte de %ai.o) estão os

    amar4es''' 7o0 vai ter que se a%ai.ar um pouo e''' Je"e+a a sua 5e"adeira' Foi vo0 que asso%iou1 Não) foi a mi(,a ,a"eira' Mas'' Sim1 Eu o(ordo om e"a' Mmmmm'''

    >0"os pu%ia(os GH

    Diva5a&4es so%re os p0"os pu%ia(os da 7era Fis,er (a!la)bo). >rimeira parte'H

    #iderot +#enis4 francs4 s$c!lo ;%

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     A terra #rida

    E! envelheço4 e! envelheço"  Usarei mi(,as a"&as do%radas (o ome&o'

    Bom vi(te e pouos a(os ,# vi(te e ta(tos a(osH esrevi um estudo so%re *' S'E"iot e as a5o(ias da poesia tradu+ida' Bom iro(ia e erudi&ão' Foi um suessoi(sta(t(eo' >e"o me(os e(tre as G: pessoas que "iam o sup"eme(to "iter#rio queo pu%"iou' Um o(to imita(do 6emi(5aC e uma adapta&ão de Aude( maistarde) -# estavam me ,ama(do de -ovem promessa e (ova vo+ da "iteratura(aio(a"' E(qua(to todos mi(,a vo"ta ai(da "iam os fra(eses) eu e.p"iava osi(5"eses e p"a5iava os ameria(os' Mi(,a e.e5ese defi(itiva de ames oCeestava pro(ta qua(do o sup"eme(to "iter#rio aa%ou' >rourei uma editora epropus a pu%"ia&ão do meu e(saio (uma mo(o5rafia' Dei outras idéias' Fariatradu&4es' Uma o"e&ão da poesia a(5"o$sa.=(ia' Novos esritores ameria(os'E) se quisessem) um ori5i(a" meu) o,( dos >assos (um e(#rio arioa) a(ove"a ur%a(a que (os fa"tava' O editor se e(tusiasmou?

    [timo) 3timo' Mas) (o mome(to) fim de 5uerra) a rise do pape") oisae ta") (ão d#' E(qua(to isso) vo0 (ão toparia tradu+ir este ori5i(a" queaa%amos de omprar1 Um ma(ua" de i(stru&ão se.ua" para ado"ese(tes)suesso (os Estados U(idos'

    Jem) eu''' Não é saa(a5em (ão' Boisa séria' O autor é um médio

    respeitadssimo "#' A,amos que est# (a ,ora de "a(&ar esse tipo de "ivro (oJrasi"' 7amos aa%ar om os ta%us) a 5era&ão de p3s$5uerra preisa apre(der ae(arar o se.o om seriedade'

    E verdade) eu (ão posso e(arar o meu sem ome&ar a rir $%ri(quei'Mas aeitei' >reisava do di(,eiro e da %oa vo(tade do editor' S3 impus umao(di&ão? assi(ar a tradu&ão om um pseud=(imo'

    [timo) 3timo''' disse o editor' 2uero a tradu&ão em um m0s' Est# %em suspirei' assim que aa%a uma -ovem promessa' Não om um estro(do) mas

    om um suspiro'

    ===

    O "ivro do Dr' MurraC Jro( se ,amava $ex and ou. >e(sei em tradu+ir o ttu"o para $exo para principiantes, mas isto destoaria do resto' O te.to do Dr'Jro( (ão admitia suti"e+as' E"e partia do pressuposto de que mo&os e mo&asde GV a G a(os viviam se per5u(ta(do para o que servia aqui"o a"ém de fa+er 

    .i.i) e e.p"iava tudo em "i(5ua5em para reti(os' Não foram pouas as ve+esem que tive de resistir te(ta&ão de arese(tar ome(t#rios i(rédu"os e(trepar0(teses) reti0(ias am%5uas (o fim de frases e Notas Safadas do *radutor (o pé da p#5i(a' O "ivro seria ridiu"ari+ado) pe(sei' O ado"ese(te %rasi"eirosa%ia mais so%re se.o ao (aser do que o ,ipotétio "eitor ameria(o (o fim do"ivro' O aptu"o so%re mastur%a&ão era tão uidadoso (os seus termos que o"eitor podia deidir (u(a mais apa"par a pr3pria %arri5a (a ama) so% pe(a defiar e5o''' Mas eu estava errado' O "ivro foi um suesso (o Jrasi" tam%ém' Apesar da resist0(ia de ertos 5rupos que protestaram o(tra o uso de termosrus omo K%ai.o ve(treK e Kteido eréti"K'

    (terrompi mi(,a tradu&ão dos antos de E+ra >ou(d para tradu+ir) spressas) o se5u(do "ivro do Dr' Jro() $ex and t#e -arried ou. Este ome&ava

    om um asa" fitio) DiQ e MarC que eu por pouo (ão ,amei de oão+i(,o eMariaH) (a (oite de (8pias' Am%os ti(,am "ido o primeiro "ivro do Dr' Jro( e)

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    apesar de vir5e(s) sa%iam e.atame(te o que fa+er) om preisão ro(ométria'Nesta mesma époa) me asei' E"a se ,amava Dora' Uma das primeiras

    mu",eres a fumar em p8%"io (o Jrasi"' Era more(a) formada em Letras) ee(arara o meu se.o mais de uma ve+ a(tes do asame(to' Fi+emos oisas queDiQ a(d MarC s3 ousariam fa+er (o déimo primeiro "ivro do Dr' Jro() vi(tea(os mais tarde $ex and t#e iberated ou, proi%ido (o Jrasi"H' Nossa primeirafi",a) Ma(oe"a) (aseu -u(to om o tereiro "ivro tradu+ido do Dr' Jro(' Este eraso%re a edua&ão se.ua" dos fi",os'

    Meu pseud=(imo A"e(ar A"pio ome&ava a fiar o(,eido' Umartia do quarto "ivro do Dr' Jro( $ex and t#e /ivorced ou0 se referia a mimomo Ko re(omado se.3"o5o patrioK) (a primeira ve+ que a pa"avra Kse.3"o5oKapareeu em (ossa impre(sa' E (i(5uém desme(tiu' A ruzeiro me e(trevistouso%re fri5ide+ femi(i(a' KSou o(traK) de"arei'H E(qua(to isso) a mo(o5rafiaso%re ames oCe) que pu%"iquei om meu (ome verdadeiro e pa5uei om meudi(,eiro verdadeiro) ve(deu vi(te e.emp"ares) se(do que de+ para uma tia muitoquerida' Meu estudo so%re o sim%o"ismo do desa"e(to aristor#tio em 1 terra2rida, de E"iot) apareeu (um sup"eme(to "iter#rio pau"ista) que aa%ou "o5o emse5uida) sim%o"iame(te' Eu e(ve",e&o) eu e(ve",e&o'

    ===Não sei por que estou "em%ra(do tudo isto) a5ora' A mi(,a vida se

    desa"i(,avou) é isso' >reiso e(o(trar um fio' Mi(,a fi",a Ma(oe"a aa%a devo"tar para asa depois de um a(o de asame(to om o seu psia(a"ista' Nãodeu erto) di+) ,ora(do' Não deu erto se.ua"me(te'

    Bama di+ Dora) o",a(do para mim omo se a u"pa fosse mi(,a' E sempre a ama'

    Dora e eu tivemos uma vida se.ua" i(te(sa) variada e urta' De+ a(os edois fi",os' Foi uma espéie de ompeti&ão' E"a %ro,ou primeiro' Nos de+ a(osse5ui(tes) e.perime(tei om tudo' S3 (ão tive se.o om ,idra(tes) mas ,e5ueiperto' 6o-e''' 6o-e) vo0 (ão areditaria'

    Bom o suesso dos "ivros) a"5u(s -or(ais %rasi"eiros ompraram a o"u(ade o(se",os se.uais que o Dr' Jro( pu%"iava sema(a"me(te (os EstadosU(idos' Meu (ome apareia quase om o mesmo destaque do (ome do Dr'Jro( (a o"u(a' A esta époa eu -# fa+ia pa"estras para "u%es de mães ede"ara&4es impre(sa so%re desvios da se.ua"idade e a (ova "i%erdade'Dura(te sete a(os) tradu+i a o"u(a do Dr' Jro(' Aompa(,ei) fasi(ado) a suaadapta&ão aos (ovos ostumes de sua terra'

     A o"u(a termi(ou (o Jrasi" (o dia em que o Dr' Jro( respo(deu) omri5or ie(tfio) o(su"ta de uma do(a de asa ameria(a preoupada om suadieta e que queria sa%er qua(tas a"orias ti(,a o s0me( de seu marido' Meo(vidaram para assi(ar uma o"u(a i5ua" do Dr' Jro() porém mais) sa%eomo é) %rasi"eira' Foi um suesso' As artas ,oviam de todo o Jrasi"' Nemtodas podiam ser respo(didaspe"o -or(a"' Mas se viessem aompa(,adas de um e(ve"ope se"ado) A"e(ar  A"pio teria o m#.imo pra+er em respo(der o(su"tas o(fide(iais pe"o orreio'Bomeei a 5a(,ar di(,eiro' Os "ivros do Dr' Jro( passaram a ter pro%"emasom a Be(sura' $ex and t#e iberated ou foi proi%ido) em%ora eu tivessesu%stitudo mi(,a primeira idéia para o ttu"o) $exo doidão, por $exo moderno. O"ivro se5ui(te do Dr' Jro() $odom) and ou (em ,e5ou a ser tradu+ido' Nãopassaria pe"a Be(sura' O editor deidiu que estava (a ,ora de A"e(ar A"pio"a(&ar o seu primeiro "ivro omo o maior dispu"o do Dr' Jro( (o Jrasi"' Euti(,a uma 5ra(de idéia' Um estudo que p"a(e-ava ,# a(os' De omo oie(tifiismo om re"a&ão ao se.o em $odom) and ou, o Dr' Jro( dediavaaptu"os espeiais KLu%rifia&ãoK e KDe+ passos para e"imi(ar a o(tra&ão

    i(vo"u(t#riaKH era a ma(eira que o purita(ismo ameria(o e(o(trara de e(fre(tar a se(sua"idade "i%erada pe"as (ovas imposi&4es do "a+er (uma soiedade

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    ,istoriame(te domi(ada pe"a étia do pra5matismo e de omo) a partir doRe"at3rio \i(seC'''

    [timo) 3timo i(terrompeu o editor' Mas (ão a5ora' *emos queo(ti(uar (a mesma "i(,a do Dr Jro(' Sem as "ouuras dos ameria(os' OJrasi" ai(da (ão est# preparado para 3 bestialismo e você.

    Aeito' Mas om uma o(di&ão' 7o0s pu%"iam tam%ém meuroma(e'

    Est# %em' Bad0 o roma(e1Não ti(,a (e(,um roma(e' Bad0 o tempo1 Um se.3"o5o (ão p#ra'

    ===

    Dora me ausava' Eu estava desperdi&a(do meu ta"e(to' Dia(te de"a)dos ami5os e de mim mesmo) eu me defe(dia' No fu(do) era tudo se.o' A arteera s3 uma te(tativa para mudar de assu(to' *oda "iteratura épia era ae.a"ta&ão ve"ada do p0(is ereto' Depois do ,er3i f#"io) vi(,a a impot0(ia e a"iteratura da impot0(ia' *oda a arte disursiva era so%re as ave(turas do (ossoperso(a5em preferido) o Riardão' De pé e i(ve(ve") e(urvado pe"a d8vida eo autoo(,eime(to toda a "iteratura depois do séu"o ]]H ou prostrado pe"omu(do moder(o) om a a%ei(,a ,eia de idéias o(fusas em ve+ de sa(5ue empeto' O suesso da "iteratura esapista de super$,er3is e %a(didos "8%riosera que e"a resta%e"eia o idea" da ere&ão eter(a' Eu tratava) pois) do 8(io5ra(de assu(to do ,omem) sem as met#foras e a dissimu"a&ão' O drama dae-au"a&ão preoe' A tra5édia da o(stri&ão va5i(a"' A omédia do or$5asmosimu"ado' E até as 5ra(des quest4es fi"os3fias' Não se ,aver# vida depois damorte mas? ser# que se o(se5ue mu",er1 Dora sa%ia) desde o pri(pio) que euera um re"es aproveitador (a pe"e de A"e(ar A"pio' Bo(se",os privados para a(satisfeita do Ira-a8 s ve+es eram aompa(,ados de visitas partiu"aresqua(do o marido saa' O método Jro( a domi"io) satisfa&ão 5ara(tida' Meuesrit3rio vivia ,eio de o(su"e(tes'

    S3 o(si5o ter re"a&4es se.uais satisfat3rias (o %a(o de tr#s doarro) doutor) e meu (amorado tem um \,arma( I,ia'

    6# uma ma(eira' De%rue$se so%re as ostas daque"a po"tro(a que euvou demo(strar'

    Mas doutor''' Est# %em) est# %em' A"u5uem um Ia"a.ie' *em 5e(te espera(do'Mas isso fa+ tempo' 6o-e prouro um fio' Não para sair do "a%iri(to) mas

    para ompree(d0$"o'

    ===

    Eu e("ouque&o) eu e("ouque&o' Ma(oe"a aa%a de e(trar aqui para usar o te"efo(e' Li5ou para o seu e.$marido e psia(a"ista' Nãoquer a reo(i"ia&ão) quer marar uma ,ora' >ara disutir o trauma de suasepara&ão' *em me",or sorte (o seu diva do que (a sua ama' Nosso outro fi",o) Art,ur) e(trou para uma ordem re"i5iosa orie(ta" que su%stitui o se.o pe"ao(temp"a&ão da a"a,ofra' Na primeira ve+ que apareeu aqui vesti(do um"e(&o" e om a a%e&a rapada) Dora ",e deu uma esmo"a e ia quase fe,a(do aporta a(tes de reo(,e0$"o e air (o ,oro' Dora esreve o(tos o%suros sem(e(,uma po(tua&ão' Uma ve+ passou duas ,oras disuti(do omi5o so%re sedevia ou (ão usar o po(to fi(a"' Eu disse que sim) o(ta(do que fosse o 8"timodaque"es o(tos que e"a esrevesse' Nu(a mais disutimos "iteratura a8"tima oisa que (os u(ia'

    ===

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    6# dias ,e5ou uma arta de um "eitor que se assi(a K>edro >ai.ãoK' E"eo(ta que 5osta de %esu(tar sua mu",er om 5emas de ovos a(tes de possu$"a)(um 'ino 4 5ertilidade. >u%"iquei sua arta (a o"u(a e) (um impu"so) ome(teique e"e devia passar a mu",er tam%ém em fari(,a de rosa a(tes de possu$"a)(um 'ino 4 -ilanesa. E"e esreveu outra arta di+e(do que vai me matar'

    ===

    Num o(5resso de psio"o5ia o o(vite veio e(dere&ado ao KDr' A"e(ar A"pioK) eu (ão podia reusar ) omeei meu disurso "em%ra(do a,ist3ria do papa5aio metido que vivia da(do pa"pite dura(te as atividades se.uaisdo seu do(o' KJoa) %oaK) ou KA5ora) pe"o f"a(o!K) oisas assim' Até que um diauma (amorada mais reatada e.i5iu do do(o do papa5aio que tapasse sua5aio"a dura(te o ato' O do(o pediu desu"pas ao %i,o e tapou a sua 5aio"a omum pa(o' 6ouve um pro%"ema om um fe,o da roupa da mo&a e dura(te a"5umtempo o papa5aio) sem e(.er5ar (ada) ouviu uma o(versa mais ou me(osassim? K>u.a''' Não) assim (ão) assim arre%e(ta''' *e(ta om os de(tes''' Est#quase''' >=) esapou'''K' E qua(do ouviu a vo+ femi(i(a di+er? K*e(ta por tr#s)mas é me",or usar um a"iateK) o papa5aio deu um pu"o e saudiu o pa(o)e."ama(do? Ksto eu (ão posso perder!K'

    Depois deste ome&o) que dei.ou muita 5e(te (a p"atéia mais i(tri5adado que o papa5aio) passei a dissertar so%re o peri5o de mitifiar o se.oe.atame(te pe"a te(tativa de desmitifi#$"o' Est#vamos tapa(do o papa5aio) estesm%o"o tropia" do se.o omo safade+a) e ai(do (o outro e.tremo) a seriedadee.a5erada que omp"ia o que devia es"areer' Me de"arei u"pado por %oaparte daque"a te(d0(ia) eu que tradu+i(do o Dr' Jro( fora dos primeirosa i(trodu+ir o se.o) por assim di+er) (os "ares %rasi"eiros) e pedi desu"pas aopapa5aio'

    Fa"ei o(tra a Be(sura e a repressão e e"o5iei as soiedades "i%erais quedei.avam a se.ua"idade ati(5ir o seu (ve" (atura") mesmo om o riso detra(s%ordame(tos para a %ai.a por(o5rafia) pois s3 assim e"a seria saud#ve" eo(strutiva e dispe(saria as re5ras dos se.3"o5os) omo o ,ar"atão que vosfa"a' Ni(5uém se importou muito omi5o) mas pe5uei uma psi3"o5a mi(eira queome&ou a 5a(ir de pra+er qua(do) (o ,ote") orde(ei? KDe quatro) mu",er!K'Eu devia ser um par de 5arras serri",adas) perorre(do o ,ão de maressi"e(iosos) em ve+ de um p0(is om um ,omem (a po(ta' E o meu roma(e)provave"me(te) seria uma %osta'

    ===

    6# dias esrevi uma "o(5a arta ao Dr' Jro(' i(rve") mas (u(a (ose(o(tramos' Uma ve+ era para e"e ter vi(do ao Jrasi" para uma série deo(fer0(ias) mas (ão me "em%ro o que ,ouve' Uma revo"u&ao) paree' Nami(,a arta) eu per5u(tava se e"e tam%ém ti(,a tido outros p"a(os (a -uve(tude)e aa%ara omo eu aprisio(ado pe"o suesso errado) o pior tipo de fraasso'Bome(tei a revo"u&ão se.ua" que (os e(5o"fara omo "deres o(trafeitos e"e(a matri+) eu (a imita&ão e per5u(tei se a sua vida partiu"ar tam%ém era uma(e5a&ão de tudo que e"e era pa5o para pre5ar' Lem%rei mi(,a rea&ão divertida i(5e(uidade do seu primeiro "ivro e omo e"e aa%ara proi%ido aqui' >or si(a")omo ia o seu 8"timo "a(&ame(to) 5aça amor com suas plantas caseiras&0 E"eque respo(desse se quisesse' Aqui"o era ape(as um desa%afo' Bom o Riardãoem reesso) eu me e(tre5ava aos pra+eres da autoompai.ão' Mas apri,ei (oi(5"0s e (as ita&4es "iter#rias) pri(ipa"me(te de E"iot) em%ora deso(fiasse queo %om doutor) pe"o seu esti"o) (ão tivesse (e(,um 5osto pe"a "eitura' Ai(da maisde E"iot) um at3"io da ve",a 5re-a) u-a ret3ria de peado e o(tri&ão

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    ofe(deria a sua o(vi&ão protesta(te de que a pa"avra era um ami(,o para asa"va&ão (o aso) o or5asmo simu"t(eo e (ão para a imo"a&ão' *ermi(eiom um para"e"o e(tre o meu estado de esprito e o tre,o so%re >,"e%as) oFe(io) em 6erra 2rida7 KUma orre(te su%mari(a "impou os seus ossos aossuspiros' Su%i(do e dese(do e"e passou pe"os est#5ios da sua idade e -uve(tude e desapareeu (o redemoi(,o'K E assi(ei Kdo seu que dia%oHdispu"o) A"e(ar A"pioK'

    6o-e -u(to om artas de Mãe Assustada) 70(us de >aquet#) Iatão(se5uro) Ama(te Briativo) Esposa Fie" KMeu marido me veste de tiro"esa) semas a"&as) e me ataa (o qui(ta" todos os s#%ados) a vi+i(,a(&a -# re"amoue'''KH veio uma arta da editora do Dr' Jro(?

    KO Dr' Jro( morreu ,# a(os' *odos os seus "ivros desde $ex and t#e/ivorced ou foram esritos por uma equipe) que tam%ém fa+ as o"u(assema(ais para mais de du+e(tos -or(ais em todo o mu(do' *emos erte+a que odoutor apreiaria a sua 5e(ti" arta) et'K Muito %em' *odo aque"e tempo) em ve+dos ri5ores da métria a(5"o$sa.=(ia) eu estivera tradu+i(do a fi&ão de umafi&ão' O Dr' Jro() omo A"e(ar A"pio) (ão e.istia' S3 que A"e(ar A"pioai(da respira' E respo(de artas de Buriosa de São >au"o) Bapita" KAfi(a") qua"a rea" import(ia do tama(,o do mem%ro masu"i(o (um re"aio(ame(to se.ua"satisfat3rio1KH^ (deisa) Lo(dri(a KSi(to uma espéie de fis5ada (o um%i5o)aompa(,ada de suor frio) isto é o or5asmo) ou devo prourar um médio1KH^>reoupado) Nova 5ua&u K*e(,o uma ere&ão por sema(a) mas esta sema(ae"a (ão veio'''KH'

    ===

    Não tra%a",o mais (o esrit3rio) o(de dura(te a(os vivi o so(,o %rasi"eiroda safade+a i"imitada) e (o ,or#rio omeria"' Fio em asa' Não vou mais aver(issa5es e (oites de aut35rafo om Dora para dar o(su"tas e.tempor(eas asuas ami5as'

    >e(sa que eu (ão vi1 7o0 mara(do um e(o(tro om a Eu(ie''' Ora) Dori(,a' E"a est# te(do pro%"emas om o seu or5asmo e eu disse

    que preis#vamos estudar isso a fu(do' 7o0 sempre pe(sa o pior!6o-e vo0 (ão vai areditar ) s3 uma oisa se(si%i"i+a o meu teido

    eréti"' Me tra(o (o %a(,eiro om um e.emp"ar do primeiro "ivro do Dr' Jro()tradu+ido por mim' E"e usa GG: eu os o(tei (o %a(,eiro eufemismos paraos 3r5ãos 5e(itais femi(i(os' *odos me e.itam' *e(,o a vo"8pia do eufemismo'O seu aptu"o so%re o %ei-o (u(a) (u(a om a %oa a%erta) a ,i5ie(e e amora" 5uardam o temp"o do orpo me fa+ %a%ar' Demora) mas va"e a pe(a'Não me importo em fiar e5o'

    ===

    7ou ter que i(terromper estas remi(is0(ias' Dora aa%a de me avisar que um ,ome(+i(,o estra(,o) om ara de %ra%o) est# (a porta proura de A"e(ar A"pio'

    E"e di+ que se ,ama >edro >ai.ão e que vo0 o est# espera(do' Di5a que A"e(ar A"pio (ão e.iste e'''Mas Dora -# se retirou para ,amar >edro >ai.ão' Berto) vou ate(d0$"o'

    >equei o(tra a seriedade e devo pa5ar' Dora aa%a de i(trodu+ir o ,ome(+i(,oestra(,o (o 5a%i(ete e retirar$se' E"e tem uma mão (o %o"so' Sim) sim) umaarma' O redemoi(,o' Se sair desta) preiso fa"ar om Art,ur so%re a a"a,ofra' A idéia ome&a a me atrair'

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    >!lheres

    1enerali8ar $ h!mano4 mas quem parte de uma amostra "imitada para ,e5ar a uma o("usão ate53ria pode aa%ar imita(do aque"e e.traterre(o quedeseu (o meio de uma o"=(ia de pi(5i(s e depois i(formou ao seu p"a(etaque os ,a%ita(tes da *erra (ão tiram o fraque (em para (adar' Bami(,a(do por determi(ado tre,o da 2ui(ta Ave(ida de Nova orque) o(de ,# muitas a50(iasde mode"os) vo0 pode ,e5ar o("usão de que a maioria das mu",eresameria(as é a"ta) ma5ra e arre5a uma 5ra(de pasta' Deso(fie da soio"o5iaapressada) porta(to) e"a é sempre fruto de dados i(sufiie(tes' Não o(fie (estami(,a "ista) por e.emp"o'

     As mu",eres om as me",ores pe"es são as i(5"esas' E"as devem se%e(efiiar da mesma dosa5em de ,uva) so" e %o(s uidados que fa+em dos5ramados i(5"eses os mais %o(itos do mu(do' As mu",eres mais i(teressa(tes)soma(do os quesitos apar0(ia) perso(a"idade) i(te"i50(ia e ,eiro) são asfra(esas' E verdade que os e.tremos usados para se tirar a amostra fra(esa

    a ,er#"dia madame da ai.a u-o bon8our a(tado em o(tra"to disfar&a umaa"ma de sar5e(to e a gamine se(tada ao seu "ado (a pra&a sãoirreo(i"i#veis) mas a média é favor#ve"' As espa(,o"as são "i(das e asportu5uesas tam%ém) e preiso o",ar mais de perto o que as a"emãs t0m' Maspe"a simp"es qua(tidade de amostra5em) (um urto espa&o de tempo) arrisoque (e(,um outro "u5ar sa"vo o Jrasi") sou "ouo1 tem mais mu",eres%o(itas por qui"=metro quadrado do que a Norue5a' As amareiras de ,ote" sãoma(equi(s' S3 ima5i(a as ma(equi(s'

     As mais e"e5a(tes são as ita"ia(as) mas as -apo(esas (ão fiam muitoatr#s' As mu",eres ita"ia(as 5a(,am porque) para se destaar pe"o orte de suasroupas e pe"a "asse om que as usam) preisam ompetir om o ,omemita"ia(o' E uma 5uerra de vaidades que d# toda ra+ão ao redo "i%era" de que a

    ompeti&ão "eva e.e"0(ia' As -apo(esas (ão ompetem om os ,ome(s) quet0m todos o mesmo a"faiate) e sua e"e5(ia é mais s3%ria' Mas (ão o(,e&ooutro "u5ar em que se ve-a 5e(te tão %em vestida qua(to em *3quio' # a t#"ia éo 8(io pas do mu(do em que a mu",er tem que se esfor&ar para ser mais%o(ita do que a po"ia'

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    9oca aberta

    ?!ando e! era pe!eno4  (ão areditava em %ei-o de i(ema' A,ava quee"es (ão podiam estar se %ei-a(do de verdade) (os fi"mes de e(sura "ivre' Aqui"o era truque' Me o(taram que usavam um p"#stio) que a 5e(te (ão via)e(tre uma %oa e a outra' sso (o tempo em que as pessoas s3 se %ei-avam de%oa fe,ada) pe"o me(os (o i(ema ameria(o' Não sei quem me deu estai(forma&ão' A"5uém ai(da mais o(fuso do que eu'

    Nos fi"mes proi%idos até G9 a(os) perma(eia a idéia de que (os EstadosU(idos o se.o era difere(te' As pessoas se %ei-avam de %oa fe,ada depois desapareiam da te"a) tudo esureia e a mu",er fiava 5r#vida' 2ua(dose via o %ei-o do ome&o ao fim) (ão ,avia peri5o de a mu",er e(5ravidar' Masqua(do as a%e&as saam do quadro ai(da se %ei-a(do) e a te"a esureia) erafata"? vi(,a fi",o' As ve+es (a e(a se5ui(te'

    Dura(te a"5um tempo) s3 fi"mes europeus eram proi%idos até G a(os'7o0 e(trava (o i(ema para assistir a um fi"me Katé GK sa%e(do que ia ver (o

    m(imo um seio (u) provave"me(te da Marti(e Baro"' Não sei qua(do apareeu oprimeiro seio ameria(o (o i(ema' Mas me "em%ro do primeiro fi"me ameria(oom %ei-o de %oa a%erta' Bom "(5ua e tudo' Jom) a "(5ua (ão se via) a "(5uaera presumida' *am%ém (ão era %ei-o tipo roto9rooter, %ei-o de am5da"a) omo(o i(ema fra(0s' Mas estavam "#) as %oas a%ertas) (um %ei-o ,ist3rio'Depois do primeiro %ei-o de %oa a%erta) foi omo se a%rissem uma porteira eome&asse a passar de tudo' >assa "(5ua) passa peito) passa %u(da''' E empouo tempo os ameria(os estariam tra(sa(do sem parar' Era i(aredit#ve"' Ameria(os (a ama) sem roupa) tra(sa(do omo todo o mu(do!

    Mas 5uardei o primeiro %ei-o de %oa a%erta (o i(ema ameria(o porqueme "em%ro de ter tido um pe(same(to qua(do o vi' Bom aque"e misto de ari(,odivertido e i(redu"idade om que reordamos (ossa i(f(ia) que aume(ta

    qua(to mais (os dista(iamos de"a' Me "em%ro de ter pe(sado? sto destr3i) defi(itivame(te) a teoria do p"#stio'

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    @rissex!al

    &s amigas se contavam t!do4  tudo) do mais %a(a" ao mais (timo' Eramami5as desde peque(as e (ão passavam um dia sem se fa"ar' 2ua(do (ão see(o(travam) se te"efo(avam' Bada uma fa+ia um re"at3rio do seu dia e do seuestado) e (ão esapava uma ida ao super) um orrime(to) uma i(da5a&ãofi"os3fia ou uma fofoa (ova' Deus e todo o mu(do) "itera"me(te' a(ie) Mar"iae Jra(a'

    Jra(a era a mais (ova) mas -# asara e -# e(viuvara) o que despertaraum erto p(io protetor (as outras duas' *udo ao(teia r#pido demais para aJra(qui(,a) que preisava ser prote5ida da sua vida preipitada) da sua vidaverti5i(osa' >or isso a(ie te"efo(ou para Mar"ia qua(do sou%e que aJra(qui(,a estava (amora(do um ,omem ,amado Futre) Amado Futre)Rosimar Amado Futre) e que) omo se (ão %astasse isto) e"e de"arara Jra(qui(,a que era trisse.ua"'

    Mar"ia de Deus disse a a(ie ) o que é trisse.ua"1! Jom''' Ji é qua(do tra(sa om os dois se.os' sso eu sei' *ri deve ser qua(do tra(sa om dois se.os e om %i,o' a(ie teve

    uma visão da Jra(qui(,a (a ama om Rosimar  Amado Futre) o porteiro do prédio e uma a%ra' Ou um a%rito1

    Ji,os dos dois se.os1 E eu vou sa%er1! 5ritou a Mar"ia'Era preiso prote5er a Jra(qui(,a' Mas do qu0) e.atame(te1 O que é trisse.ua"1 per5u(tou a a(ie ao seu marido Ru%ião' A,(1 disse Ru%ião) aorda(do'Ru%ião domi(ara o truque de se5urar um -or(a" (a fre(te do rosto e

    dormir sem que a mu",er (otasse' a(ie (ão e(te(dia omo um ,omem que "iata(to -or(a" podia ser tão ma" i(formado'

    O que é trisse.ua"1 $'''é''' 7o"ta pro seu -or(a") Ru%ião' Apesar de ser a mais mo&a das tr0s) Jra(qui(,a fora a primeira a perder 

    a vir5i(dade' # fi+era tudo o que pode ser feito so%re uma ama' Ou) (o asode"a) so%re uma ama) so%re uma mesa de o+i(,a) -a(tar ou pi(5ue$po(5ue)so%re um estrado) (a praia) (o meio do ampo) uma ve+ até (o 8"timo %a(o deum =(i%us i(termu(iipa" e sempre o(ta(do tudo) tudo) s outras duas' 2uetam%ém o(tavam tudo que ",es ao(teia) s3 (ão ti(,am ta(to para o(tar' Aa(ie o(tava sua vida om o Ru%ião) que s3 tra(sava (os s#%ados e vésperasde feriado' A Mar"ia) que ai(da (ão se asara e (amorava um de(tista ,amadooão) i(ve(tava) para (ão pe(sarem que e"a tam%ém (ão ti(,a uma vida se.ua"'Mas (em as i(ve(&4es mais riativas da Mar"ia se i5ua"avam s e.peri0(ias daJra(qui(,a' E a5ora um trisse.ua" ,amado Amado Futre! Jra(qui(,a ta"ve+estivesse i(do "o(5e demais' Era preiso prote5er a Jra(qui(,a'

    Mas apesar de v#rios avisos KO",e "#) ,ei() Jra(qui(,aKH) a Jra(qui(,ao(ordou em passar um fim de sema(a (a serra om oRosimar Amado Futre' E (a vo"ta) (ão te"efo(ou para o(tar tudo) omo fiaraom%i(ado' *eria ",e ao(teido a"5uma oisa1 E"a estaria (um ,ospita") omum des"oame(to) depois do que o Futre ",e fi+era1 Mordida por a"5um a(ima")(os arrou%os da pai.ão1 a(ie e Mar"ia (ão se o(tiveram) i(vadiram oapartame(to de Jra(qui(,a e e.i5iram um re"ato omp"eto' Mas ada per5u(taso%re o fim de sema(a) Jra(qui(,a respo(dia KNem te o(toK' E (ão o(toumesmo' Depois da e.peri0(ia om Rosimar Amado Futre) estava tão (a fre(te

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    das outras que (ão ti(,am mais o que o(versar' Não ti(,am mais po(tos derefer0(ia) era isso'

    Mar"ia per5u(tou ao (amorado oão) o de(tista) o que era trisse.ua"' *ri1! ' *ri em ve+ de %i' Ji1! Esquee) oão'

    Cabelos feli8es

    No se! livro Literatura e os deuses, o f"ore(ti(o Ro%erto Ba"asso fa"a (opra+er provoado pe"o que e"e ,ama de "iteratura a%so"uta) (o se(tido estrito de

    absolutum7 sem amarras ou refer0(ias) K"ivre de qua"quer tarefa ou ausaomum e de qua"quer uti"idade soia"K) e (a difiu"dade em defi(ir o que)e.atame(te) a fa+ a%so"uta e (os e("eva' K*emos de (os resi5(ar a isto? que a"iteratura (ão oferee qua"quer si(a") (u(a ofereeu qua"quer si(a") pe"o qua"pode ser imediatame(te ide(tifiadaK) esreve Ba"asso) um daque"es ita"ia(os)omo o Ba"vi(o e o Eo) que "eram tudo e sa%em tudo' KO me",or) se (ão o8(io) teste que podemos fa+er é o su5erido por 6ousma( A' E' 6ousma()poeta e "ati(ista i(5"0sH? o%servar se uma seq0(ia de pa"avras)si"e(iosame(te pro(u(iada e(qua(to a (ava",a mati(a" des"i+a pe"a pe"e) eri&aos a%e"os da %ar%a e(qua(to um arrepio dese pe"a espi(,a' E isto (ão éreduio(ismo fisio"35io' 2uem "em%ra uma "i(,a de um verso ao se %ar%ear e.perime(ta esse arrepio) essa _roma,arsa_) ou _,orripi"a&ão_ omo a que

    aometeu Ar-u(a (o (#agavad :ita qua(do deparou$se om a epifa(ia de\ris,(a' E ta"ve+ _roma,arsa_ seria me",or tradu+ido omo _fe"iidade dosa%e"os_) porque _,arsa si5(ifia _fe"iidade_ e tam%ém _ere&ao_) i("usive (ose(tido se.ua"' sto é tpio de uma "(5ua omo o s(srito que (ão 5osta doe.p"ito) mas su5ere que tudo é se.ua"'K

    7iu s31 O pra+er estétio) (o fu(do ou) (o aso) (a superfie ) éi5ua" ao pra+er se.ua") tam%ém se ma(ifesta (o ,omem e (a mu",er) om ousem %ar%a) por uma e.ita&ão da pe"e) por um movime(to mi"imétrio de a%e"osfe"i+es' O arrepio que vo0 se(te ao ver uma frase ou uma pessoapartiu"arme(te %em tor(eadas é o mesmo) e é o que Ar-u(a se(tiu dia(te daepifa(ia de \ris,(a) s3 que em s(srito' KRoma,arsaK) 5uarde essa pa"avra'2uem sa%e qua(do apareer# a oportu(idade de e.p"orar o pote(ia" er3tio de

    uma ita&ão do (#agavad :ita dita assim (o ouvido1

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    O!tro ass!nto

    Cost!ma-se citar a controv$rsia so%re o se.o dos a(-os que tomou o(tada 5re-a dura(te um erto perodo omo e.emp"o e.tremo do que (ão tem (adaa ver om (ada) do deta",ismo i(8ti") da perda de tempo om o desimporta(te eom o supérf"uo) da futi"idade tratada om mais i0(ia do que meree) ou dasimp"es deso(versa' Mas para os doutores da 5re-a medieva" reu(idos emo(i"io o assu(to era de 5ra(de import(ia' Ne(,um de"es estavadeso(versa(do ou e(tre5a(do$se a um preiosismo va+io) estavam defi(i(doum arti5o da sua fé' Não sei %em omo termi(ou a o(trovérsia' >aree queo("uram que os a(-os ti(,am dois se.os) omo os ,uma(os) mas que isto (ãodevia preoupar porque os se.os (ão eram opostos'

    O assu(to é re"eva(te) porta(to) e aproveitei uma e.peri0(ia mstia quetive (a sema(a passada) qua(do meu a(-o da 5uarda se materia"i+ou (a mi(,afre(te) (a mesa do afé da ma(,ã) para tirar qua"quer d8vida' E"e ou e"a ai(da(em ti(,a se se(tado e eu -# estava per5u(ta(do?

    2ua" é o seu se.o1 Sou seu a(-o da 5uarda e estou aqui para ",e di+er que''' O qu01 7o0 tem se.o1 E"e ou e"a (ão 5ostou' *e(,o mas dei.ei em asa respo(deu) om rispide+' s3 para reso"ver uma d8vida a(ti5a' *e(,o se.o) mas isso (ão i(teressa' Estou aqui para''' Masu"i(o ou femi(i(o1 E"e ou e"a suspirou' 7o0 (ão quer sa%er por que eu estou me materia"i+a(do (a sua

    fre(te1 2uero) quero' Mas a(tes me respo(da''' Não respo(do (ada! 7im para ",e avisar que esse (e53io de

    terrorismo est# dei.a(do as pessoas meio irraio(ais) que estamos (osapro.ima(do de um a(o e"eitora" e o pessoa" est# -o5a(do pesado) que os(imos estão e.a"tados) e que vo0) om esse seu esquerdismo que eu)o(fesso) (u(a e(te(di muito %em) preisa uidar do que esreve'

    Eu sei) eu sei' O me",or mesmo é (ão fa"ar em po"tia' Eso",er outro assu(to' Mas eu -# eso",i outro assu(to' 2ua" é1 O se.o dos a(-os' Mas é uma o%sessão!

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    1r!nhido eletrAnico

    B?!erida &rroba >isteriosa" Sim) aeito asar om vo0' Ser# que o (ossoser# o primeiro asame(to a (aser (este c#at site& >ode dar matéria emrevista'

    E(5ra&ado omo são as oisas' Meus %isav3s (amoravam por orrespo(d0(ia' Foi um asame(to arra(-ado pe"a fam"ia) a parte que emi5roue a parte que fiou (a Europa' S3 se o(,eeram qua(do e"a ,e5ou ao Jrasi")de (avio) e e"e estava (o ais) a%a(a(do as artas de"a em pape" a+u"' B,e5ueia "er uma destas artas' Eram ompridas) formais) o equiva"e(te "iter#rio de umvestido a%otoado até o peso&o' Um asto vestido a+u"' Não sei omo eram asartas do meu av=) mas te(,o erte+a de que e"e te(tou desa%otoar)metaforiame(te) a"5u(s %ot4es e até i(trodu+ir uma su5estão) um smi"e) umaa"usão que fosse so% o vestido da %isa) sem suesso' Borrespo(deram$sedura(te dois a(os sem que e"a sequer sou%esse o que era se.o) qua(to maisfa+0$"o'

    # os meus av3s se o(,eeram (uma quermesse de i5re-a' Sema(davam reados pe"o a"to$fa"a(te da quermesse' _A"= 5arota do vestido 5re(#)seu admirador de %oi(a a+u" ",e dedia a m8sia'''_ Sa%e1 Dura(te quatro) i(oa(os) e"es s3 se fa"aram (a quermesse a(ua" da i5re-a) e sempre pe"o a"to$fa"a(te' 2ua(do fi(a"me(te se apro.imaram) foram mais dois a(os de (amoro eum de (oivado e s3 (a (oite de (8pias) ima5i(o) fiaram (timos) e mesmoassim a,o que o vov= disse _om "ie(&a a(tes de era'

    Meu pai pediu mi(,a mãe em (amoro) depois em (oivado) depois pediuem asame(to' 2ua(do fi(a"me(te foi om0$"a foi omo ,e5ar ao 5ui,0 ertodepois de pree(,er todas as forma"idades) reo(,eer todas as firmas eesperar que ,amassem a sua se(,a' E(te(de1 Dura(te o (amoro e"e ",ema(dava poemas' Mi(,a mãe sempre di+ia que os poemas é que a ti(,amo(quistado) e que se fosse ser -usta deveria ter asado om o 7i(ius deMoraes' E vo0 "em%ra qua" foi a primeira oisa que vo0 me disse qua(do (oso(,eemos (este site;. _Eu (ão fa&o se.o (o primeiro e(o(tro) mas quem est#o(ta(do1_ S3 muito depois per5u(tou meu (ome verdadeiro meu nic*nameera _Jra+i"ia( Sta""io(_) "em%ra1 e deu outros deta",es da sua perso(a"idade'

     As pessoas di+em que ,ouve uma revo"u&ão se.ua"' O que ,ouve foi ofe,ame(to de um i"o) uma i(vo"u&ão' No tempo das aver(as) o ma,oa%ordava a f0mea) 5ru(,ia a"5uma oisa e a "evava para a ama) ou para omato' Bom o tempo dese(vo"veu$se a orte) a etiqueta da o(quista) todo o ritua"de apro.ima&ão que ,e5ou a e.a5eros de re5ras e restri&4es e depois foi sea%revia(do aos pouos até vo"tarmos) ,o-e) ao 5ru(,ido %#sio) s3 quee"etr=(io' Fe,ou$se o i"o'

     A orte) "aro) ti(,a sua -ustifiativa' Dava mu",er a oportu(idade deumprir seu pape" (a evo"u&ão) se"eio(a(do para proria&ão aque"es ma,osque) dura(te a apro.ima&ão) mostravam ter aptid4es que favoreiam a espéie)omo pot0(ia fsia ou eo(=mia ou até um 5osto por 7i(ius de Moraes' stoqua(do podiam se"eio(ar e a eso",a era feita por e"as) (ão pe"os pais ou por asame(teiros' No futuro) qua(do todo (amoro for pe"a (ter(et) todo se.o for virtua" e as mu",eres ou os ,ome(s) (u(a se sa%e s3 derem "u+ b)tes, o8(io ritério para se"e&ão ser# ter um omputador om modem e um %omprovedor de "i(,a'

    2uem ou o que ser# que (os -u(tou (este site,  Arro%i(,a1 *er# sidoape(as o aaso) ou (ossas a"mas -# se %usavam (o i%erespa&o mesmo a(tesda (ter(et1 Não i(teressa' O que i(teressa é que vamos (os asar e ser fe"i+es'>or si(a") vo0 ai(da (ão disse o seu (ome'Sei que seremos fe"i+es) Arro%a Misteriosa' No futuro) muitos asame(tos

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    ome&arão assim omo o (osso) (um c#at site.Na (ossa primeira o(versa (a (ter(et) vo0 pediu espeifia&4es do

    meu apare",o e eu (ão sa%ia se vo0 estava fa"a(do do meu omputador ou domeu p0(is' Ma(dei deta",es dos dois' Bomeei (a (ter(et proura(do se.o)omo todo mu(do' E(o(trei om fai"idade' S3 o que vo0 preisa ter) a"ém dosofte"o me(osima5i(o que a sua mão se-a "o(5a e %ra(a' A primeira oisa que vo0 me dissefoi? _Eu (ão fa&o se.o (o primeiro e(o(tro) mas quem est# o(ta(do1_ Eu disseque o meu (ome verdadeiro (ão era _Jra+i"ia( Sta""io(_ e dei o meu verdadeiro(ome fa"so) "aro e s3 (aque"e (osso primeiro papo fiamos mais de uma,ora) "em%ra1 Dura(te a qua" vo0 me disse que ti(,a uma o"e&ão de ursos depe"8ia que dormiam om vo0 e era "oira e a"ta e eu me apai.o(ei' Eu me

    apai.o(ei por pa"avras (a te"a de um omputador' Amor ao primeiro c#at.Naque"a (oite) te(,o que o(fessar) eu tive um pe(same(to terrve"' E se

    fosse tudo me(tira1 Se vo0 (ão fosse o que di+ia ser) (em "oira) (em a"ta) (em"oua para me o(,eer e) meu Deus) (em mu",er1 A5ora sei que vo0 ési(era) e vo0 sa%e o meu (ome de verdade mesmo' 7amos (os asar' Masa(tes preisamos (os o(,eer' # fi+emos o amor virtua") a5ora preisamos ter o supremo o(tato se.ua") a u(ião e.ter(a) a oisa mais (tima que dois serespodem fa+er) que é (os o",ar (os o",os' E(qua(to (ão (os e(o(trarmos) Arro%i(,a) tudo perma(eer# uma me(tira em pote(ia"' A ome&ar pe"os(ossos or5asmos simu"t(eos' Di5a a verdade' 7o0 estava fi(5i(do) (ãoestava1K

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    @eso!ro

    #ois velhos sátiros conversando" So%re as me(i(i(,as' 2ue safra' Ira(de safra' Bada (e(ém''' Nem me fa"a' Li(das' E desi(i%idas' Desi(i%idas' Sem preo(eitos' (formais' Ne(,uma ,ama a 5e(te de se(,or' A5ora) tem uma oisa''' O qu01 Não sei se ao(tee isto om vo0) mas s ve+es''' O qu01 Fa"ta papo' ou (ão é1 Bomo assim1 Sei "#' Est# erto que o que a 5e(te proura (e"as (ão é estmu"o

    i(te"etua"' Mas de ve+ em qua(do a 5e(te 5osta de''' (ão é mesmo1 Bo(versar'*roar idéias'

    Nem que se-a s3 para reuperar o f="e5o' E.ato' E (ão d#' Esta 5era&ão (ão "eu (ada' Nada' A(ti5ame(te ai(da "iam 3 pe+ueno príncipe. Liam 3 pe+ueno príncipe demais) para o meu 5osto' Mas "iam' 2uer di+er) re(dia i(o mi(utos de o(versa' 6o-e) (em

    isto' Mas isso tem o seu "ado %om' Jom1 Jom) (ão' Formid#ve"' Bomo) formid#ve"1 7o0 (ão v01 O qu01 7o0 ai(da (ão se deu o(ta1 Do qu01 Meu querido' E"as (ão o(,eem 7i(iius de Moraes! E o que que''' Esta é a primeira 5era&ão %rasi"eira em muitos a(os a passar pe"a

    pu%erdade sem "er 7i(iius de Moraes' (toada por 7i(ius de Moraes' 7ir5emde 7i(iius de Moraes'

    Sim) mas''' Lem%ra a(ti5ame(te) qua(do a 5e(te ome&ava um verso do 7i(iius

    para uma me(i(i(,a1 O que ao(teia1 E"a termi(ava' sso' Sa%ia de or' B"aro que aqui"o a-udava' Apro.imava vo0s' 7o0

    mostrava que era um ara se(sve" e e"a se o(ve(ia de que)5osta(do dos mesmos versos) vo0s eram feitos um para o outro' Nasia umamor eter(o e(qua(to durasse) mesmo que fosse s3 uma (oite'

    E ,o-e1 6o-e vo0 di+ uma frase de 7i(iius (o ouvido de uma rae$(i(i(,a e

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    e"a pe(sa que a frase é sua' E a mesma oisa) sem o 7i(iius' E"imi(a$se oi(termedi#rio'

    Ser#1 6# a"5u(s a(os eu estou passa(do frases do 7i(iius de Moraes omo

    se fossem mi(,as) improvisadas (a ,ora' >oemas i(teiros' Mas fa+em efeito1 O qu01 E"as estão aostumadas om a o(versa dos 5arotos da idade

    de"as' Uma espéie de portu5u0s redu+ido s i(ter-ei&4es' 2ua"quer voa%u"#rioom mais de G: pa"avras dei.a e"as e.tasiadas' As que (ão admiram a poesia)admiram a pro"i.idade'

    Eu (ão ti(,a pe(sado (isso' E.perime(te' E se apareer uma que o(,ee o 7i(iius1 Serei desmasarado' Se apareer uma que o(,ee o 7i(iius ser# ve",a demais para

    vo0' E pe(se (o se5ui(te? tudo o que o 7i(iius esreveu so%re o amor' Semo(tar as "etras de m8sias' um tesouro i(es5ot#ve"' E tudo i(édito) para e"as'Ler o 7i(iius) para refresar a mem3ria) ê uma das 8"timas oisas que eu fa&otodas as (oites) a(tes de dormir'

    E a 8"tima) qua" é1 *omar a mi(,a 5emada'

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    Emo&ão

    #$bora" O nome 6á $ !m atestado de sa8de) om suas vo5ais e.p"osivas'

    E"a tem G a(os e fa+ se(sa&ão (a praia om seu orpão que o %iqu(i s3 tapaaqui e a"i+i(,o' Os seios tra(s%ordam' Bom ada uma das suas per(as dariapara fa+er outra mu",er) e que mu",er! E"a orre (a praia diariame(te) fa+ surfe,musu"a&ão e o(tam que todos os dias) (o a"mo&o) ome um ,omem) dospeque(os' E deu %o"a para o >io'

    O >io) que ree%eu este (ome da mãe re"i5iosa) mas o desme(te desdeos GV) ma" p=de areditar' Os ami5os o i(e(tivaram? K7ai (essa'K Mas om umao(di&ão' *i(,a que o(tar tudo' Mu",er omo aque"a ti(,a que ser omparti",ada) mesmo que fosse s3 o(ta(do' >or uma e"eme(tar questão de -usti&a soia"' Dé%ora e >io ome&aram a (amorar' Na primeira (oite forampassear de autom3ve" atr#s dos =moros' A praia ti(,a 5ra(des =moros) que osa(ti5os ,amavam Kmotéis que a(damK' No dia se5ui(te) e(qua(to a Dé%ora

    fa+ia seu 8ogging, os ami5os eraram o >io' Bo(ta'O >io ,esitou' 2ueriam ouvir mesmo1 Bo(ta' Fomos para tr#s dos =moros' A"5u(s ome&aram a sa"ivar (este po(to' Outros a5uardavam o

    dese(ro"ar dos ao(teime(tos' Outros) ai(da) pediram deta",es' Bomo é que e"a estava vestida1 $#orts. Ai! B,e5amos atr#s dos =moros e ome&amos a o(versar''' Borta os réditos e o di#"o5o' B,e5a ao pri(ipa"'

    Não ,ouve' O qu01 Na ,ora eu''' eu''' Bo(ta! Bomeei a ,orar' A%riu$se uma "areira de espa(to' A ,orar1 O >io fiara emoio(ado) era

    isso' B,orava o(vu"sivame(te' E Dé%ora até teve que diri5ir o arro) (a vo"ta'Os ami5os se e(treo",aram' Depois o",aram para a Dé%ora) que aa%ara depassar (a orrida' Era ompree(sve"' O >io era assim) sei "#' Emotivo' Mas(i(5uém a"i podia di+er omo rea5iria om a Dé%ora) um dia atr#s dos =moros'Ni(5uém'

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    Farsa

    ?!ando o!vi! o r!ído da porta do apartame(to se(do a%erta a mu",er 

    soer5ueu$se "i5eiro (a ama e disse) e"a rea"me(te disse? Béus) meu marido!O ama(te er5ueu$se tam%ém) espa(tado) me(os om o marido do que

    om a frase' O que foi que vo0 disse1 Eu disse KBéus) meu marido!K' Foi o que eu pe(sei) mas (ão quis areditar' E"e me disse que ia para São >au"o! *a"ve+ (ão se-a e"e' *a"ve+ se-a um "adrão' Seria sorte demais' e"e' E vem vi(do para o quarto' R#pido)

    eso(da$se de(tro do arm#rio! O qu01 Não' *udo me(os o arm#rio!

    E(tão em%ai.o da ama' O arm#rio é me",or'O ama(te pu"ou da ama) pe5ou sua roupa de ima da adeira e e(trou

    (o arm#rio) pe(sa(do Kisto (ão pode estar ao(tee(doK' Bome&ou a rir)deso(tro"adame(te' Até se "em%rar que ti(,a dei.ado seus sapatos ao "ado daama' Ouviu a porta do quarto se a%rir' E a vo+ do marido'

    Bom quem é que vo0 estava o(versa(do1 Eu1 Bom (i(5uém' Era a te"evisão' E vo0 (ão disse que ia para São

    >au"o1 Espere' Aqui (o quarto (ão tem te"evisão' Não mude de assu(to' O que é que vo0 est# fa+e(do em asa1O ama(te ome&ou a rir' Não podia se o(ter) mesmo se(ti(do que

    assim fa+ia o arm#rio saudir' *apou a %oa om a mão' Ouviu o maridoper5u(tar? 2ue %aru",o é esse1 Não i(teressa' >or que vo0 (ão est# em São >au"o1 Não preisei ir) pro(to' Estes sapatos'''O ama(te 5e"ou' Mas o marido se referia aos pr3prios sapatos) que

    estavam apertados' A5ora devia estar tira(do os sapatos' Si"0(io' O rudo daporta do %a(,eiro se(do a%erta e depois fe,ada' Marido (o %a(,eiro' O ama(teia ome&ar a rir outra ve+ qua(do a porta do arm#rio se a%riu su%itame(te e e"equase deu um %erro' Era a mu",er para ",e e(tre5ar seus sapatos' E"a fe,ou aporta do arm#rio e se atirou de (ovo (a ama a(tes que e"e pudesse avisar queaque"es sapatos (ão eram os de"e) eram os do marido' Louura!

    >orta do %a(,eiro se a%ri(do' Marido de vo"ta ao quarto' Lo(5o si"0(io' 7o+ domarido? Estes sapatos''' O que é que tem1 De quem são1 Bomo) de quem são1 São os seus' 7o0 aa%ou de tirar' Estes sapatos (u(a foram meus'Si"0(io' Mu",er o%viame(te e.ami(a(do os sapatos e da(do$se o(ta do

    seu erro' O ama(te) ai(da por ima) om fa"ta de ar' 7o+ da mu",er) a5ressiva? O(de foi que vo0 arra(-ou estes sapatos1 Estes sapatos (ão são meus) eu -# disse! E.atame(te' E de quem são1 Bomo é que vo0 sai de asa om um

    par de sapatos e ,e5a om outro1 Espera a'''

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    O(de foi que vo0 a(dou1 7amos) respo(da! Eu ,e5uei em asa om os mesmos sapatos que sa' Estes é