8/17/2019 Lugares de Fala - Giovanna

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“Lugares de fala” e a urgência da escuta por Renan Quinalha

Ensaio por Giovanna

Nos últimos anos, foi possível observar um aumento na militância e no ativismo

no campo dos direitos humanos. Diversos fatores podem justificar esse

crescimento, como o desgaste do sistema político e a crise da forma de partido.

Deve-se destacar também o advento das redes sociais, que intensificou lutas

que já foram restritas às ruas.

 Além do aumento visível de tal militância, ocorreram mudanças na prática da

mesma: há mais reivindicações justiça redistributiva com demandas marcantesde reconstrução de identidades e subjetividade, deixando de lado ações mais

centralizadas. 

Junto às mudanças, houve reivindicação dos "lugares de fala". Assim, minorias

que antes não tinham voz nas suas próprias lutas se tornam protagonistas das

mesmas, já que são os verdadeiros sujeitos oprimidos por preconceitos e

discriminações. Desta forma, o privilégio restrito ao homem branco, rico,

heterossexual e cis é quebrado e o "lugar de fala" é estendido à outros grupos. 

Porém, os movimentos de direitos humanos podem sabotar a si mesmos ao

tornar pautas e discussões únicas e exclusivas, acabando por afastar pessoas

que devem se comprometer com a luta. Com exceção de discursos opressores,

todos os outros devem ser ouvidos e, assim, todas as experiências revertidas

em combustível para o movimento. Os "lugares de fala" podem, muitas vezes,

reproduzir hierarquias que deveriam ser extintas. Isso resulta em contradição

quando, por exemplo, mulheres reproduzem o machismo (ou até a homofobia,

racismo, etc). 

Dado o exposto acima, torna-se claro que os novos modelos de militância que

estão surgindo requerem uma reinvenção das práticas e métodos à altura.

Deve-se ouvir e falar muito e, deste modo, teremos movimentos mais

construtivos e eficazes.

8/17/2019 Lugares de Fala - Giovanna

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