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LUGAR DE MULHER É NA HISTÓRIA Fotos: acervo do Museu Municipal de Rolândia TEMA: Trabalho Feminino na Colonização de Rolândia Autora: Solange Aparecida Pretti

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LUGAR DE MULHERÉ NA HISTÓRIA

Fotos: acervo do Museu Municipal de Rolândia

TEMA: Trabalho Feminino na Colonização de Rolândia

Autora: Solange Aparecida Pretti

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Apresentação

O Caderno Pedagógico “Lugar de mulher é na História” foi elaborado com o

objetivo de propiciar aos alunos uma sensibilização acerca da memória e história local. E

favorecer ao aluno, no processo de ensino de História, um enfoque sobre o trabalho das

mulheres que vivenciaram na década de 1930 o processo de colonização de Rolândia.

O presente material, que se constituiu em grande parte com o acervo do Museu

Municipal de Rolândia, presta uma singela homenagem a todas as mulheres, que com seu

trabalho colaboraram na construção do município e que ocasionalmente foram

referenciadas na história.

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SUMÁRIO:

Fundamentação Teórica e metodológica

Unidade 1A mulher trabalhadora

Unidade 2A colonização de Rolândia

Unidade 3Trabalho feminino no processo de colonização de Rolândia

Unidade 4O cotidiano da mulher colonizadora

Bibliografia

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Fundamentação Teórica

A proposta deste caderno pedagógico é permitir ao aluno uma reflexão sobre o

trabalho feminino, que pouco tem sido referenciado na história e por vezes citado apenas

em textos complementares. Também foi pensado com o objetivo de proporcionar ao aluno

uma aproximação com a história local, com pessoas da comunidade, dando lhe a

oportunidade de interagir com fatos relacionados ao seu cotidiano e de participar na

produção do conhecimento histórico.

O tema deve ser ponto de partida para a construção de uma história que ainda se

escreve todos os dias, que deve ser retratada para não se perder ao longo do tempo. Ele

busca resgatar o cotidiano da mulher colonizadora e foi enriquecido com imagens de

fotografias, pinturas e depoimentos de mulheres que viveram em Rolândia na década de

1930.

O presente trabalho deverá propiciar ao aluno a vivência de novas práticas em aulas

de história, voltadas à formação da consciência histórica que, segundo Rüsen (1992),

relaciona “ser” (identidade) e “dever” (ação) em uma narrativa significativa que toma os

acontecimentos do passado com o objetivo de dar identidade aos sujeitos a partir de suas

experiências individuais e coletivas e de tornar inteligível o seu presente, conferindo uma

expectativa futura a essa atividade atual.

O tema a princípio é abordado a partir das reflexões que surgem nos textos de

Michelle Perrot (1988, 1991) e Mary Del Priore (2001) que buscam resgatar a mulher como

sujeito da história, discutindo a sua trajetória e buscando um reconhecimento que na

maioria das vezes não era outro senão o de mãe ou dona de casa. Perrot toma a liberdade

de dar uma visão pessoal a respeito de um tema que estuda há muitos anos; ao mesmo

tempo mostra como essa história é de todas as mulheres, de todos nós, na verdade, já que

fala também da relação com os homens, da sexualidade, da família, das crianças, das

representações de masculino e feminino, das classes sociais, do poder, da sociedade. Para

essa historiadora séria e competente, destacar as mulheres significa verificar que elas têm

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uma história, da qual são também sujeito ativo. Significa engajar-se como militante no

projeto de emancipação das mulheres.

O eixo central dessa história “à la Perrot” é o processo da crescente visibilidade das

mulheres em seus combates e suas conquistas nos espaços público e privado. Algo que

ainda não terminou, luta em curso, narrativa histórica em construção. Segundo Mary Del

Priore a história sempre foi contada por homens sobre outros homens, relegando a mulher a

um papel coadjuvante com pouco destaque à participação feminina na construção da

história do Brasil. Com essas discussões pretendo abrir espaço para uma compreensão mais

ampla do mundo que rodeava a mulher, das normas, do seu modo de viver e de se

relacionar, sem perder de vista que o seu trabalho contribuiu para a manutenção da família e

da sociedade que a subjugava, valorizando assim aquela que possuía um espaço tão

limitado, mas que agia como verdadeira heroína.

Partindo das atividades de pesquisa o aluno deverá buscar objetos, fotografias do

arquivo familiar para identificá-los, analisa-los e interpreta-los, fazer a leitura de imagens

associadas a depoimentos que tornam real os fatos históricos. E que ao realizar entrevistas

com pessoas que participaram do processo de colonização de Rolândia e ao estabelecer

relações entre a história por eles vivenciada e outras narrativas históricas, possa deixar de

ver o ensino de história como um conhecimento impessoal e desvinculado da prática social.

Ao final do trabalho espera-se que o aluno possa ter construído o conceito de

trabalho feminino, compreender melhor o processo de colonização de Rolândia e refletir

sobre o tema proposto concluindo sobre o porquê do título: “Lugar de mulher é na história”.

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UNIDADE 1

Título: LUGAR DE MULHER É NA HISTÓRIA

Muitos de nós crescemos ouvindo falar aquela velha frase “lugar de mulher é nacozinha”. Mas será mesmo esse o seu verdadeiro lugar? Qual o seu papel na construção danossa sociedade? Há muitos motivos na História que justificam o porquê delas não serreconhecidas, até hoje, vamos conhecê-los?

Neste caderno vamos estudar o trabalho feminino em diferentes tempos e lugares.

Vamos discutir e analisar quais as contribuições das mulheres que viviam em Rolândiadurante o período de colonização.

Em que momentos podemos percebê-las como sujeitos históricos?

De que maneira o papel da mulher é lembrado durante a década de 1930 em Rolândia?

A MULHER TRABALHADORA

Texto 1: Muitas vezes o sexo feminino foi referenciado na história como “mulheres de vidafácil”. Ao contrário disso, desde os primórdios a luta pela sua sobrevivência ou dos seus foia marca de suas ancestrais.

A dupla jornada de trabalho existiu para a maior parte delas. O trabalho no campo ou nacidade, em casa ou nas ruas, era acrescido de muitas outras tarefas, fundamentais para aestabilidade da família. (Mary Del Priore)

Texto 2: Na Inglaterra, segundo Jane Lewis, o censo de 1881 foi o primeiro a excluir as tarefasdomésticas da categoria de trabalho.

Uma vez que as mulheres que se dedicavam ao trabalho doméstico foram classificadascomo “desocupadas”. Mulheres em casa não eram trabalhadoras, ou supunha-se que não oeram, na verdade, por vezes, mesmo se ganhavam dinheiro cosendo ou fazendo outrastarefas em casa, isso não era considerado pelos agentes de recenseamento como verdadeirotrabalho, pois nem era uma atividade “a tempo inteiro”, nem exercido fora de casa.(Michelle Perrot)

Texto 3: Na cidade, as operárias são duplamente negadas como mulheres, por serem a antítese dafeminilidade; como trabalhadoras, dado que seu salário, estatutariamente inferior ao dohomem, é considerado como um “suplemento” ao orçamento da família, que define a suafunção e o seu destino, (...) não há para ela outro reconhecimento senão o de mãe ou donade casa. (Michelle Perrot)

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Atividades:

1) No texto 1 como a autora contraria a idéia de “mulheres de vida fácil”?

2) Em sua opinião as mulheres sempre tiveram seu trabalho reconhecido ao longo dotempo? Justifique.

3) Quais argumentos eram utilizados na Inglaterra do século XIX (texto2) para otrabalho doméstico não ser classificado como trabalho?

4) Você concorda com o fato de que mulheres que realizam trabalhos domésticospodem ser consideradas “desocupadas”?

5) Justifique de acordo com o texto por que as operárias não eram vistas comomulheres “femininas”. Discuta o significado desse conceito.

6) Você conhece mulheres que trabalham em casa e conseguem ganhos para o sustentode sua família? Dê um exemplo.

7) As mulheres atualmente continuam a receber salários inferiores aos dos homens?Converse com algumas pessoas e dê sua opinião.

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UNIDADE 2

A COLONIZAÇÃO DE ROLÂNDIA

O povoamento de Rolândia teve início em 1932 com a chegada dos primeiroscolonos. A fundação da cidade aconteceu em 29 de junho de 1934, com o início daprimeira construção urbana – o Hotel Rolândia.

A fundação de Rolândia fez parte de uma grande campanha para a colonização doNorte do Paraná, determinando a demarcação das áreas adquiridas pela Companhia deTerras do Norte do Paraná e que comercializava os lotes de terras que mais tarde seriamas cidades da região.

Portellinha (2003) cita que diversas famílias que vieram no período de 1932 a 1939trouxeram consigo, além da forte vontade de vencer, uma coragem gigante, sem as quaisnão teria sido possível superar todas as dificuldades dos primeiros tempos. Vindos dosmais longínquos lugares, Europa, Ásia e de várias regiões do Brasil, juntos lançaram asbases do progresso de Rolândia.

Villanueva (1974) sobre essa época narra:

“Foi uma vida de sacrifício, porém cheia de confiança no futuro, época que pareceter marcado no espírito do homem e da mulher do Norte do Paraná esse espírito depioneiro, de agüentar, de lutar, de trabalhar e de confiar no futuro. Pioneiro em si é umtipo de gente diferente do padrão comum porque são talhados para enfrentar situaçõespouco comuns, razão pela qual o respeitamos, muito embora pertençam a váriascamadas sociais, onde encontramos os mais cultos, possuidores de títulos universitários,de doutoramento, até os mais humildes em suas origens e nas suas posses, mas que temigual valor entre todos aqueles que chegaram na mesma época, com o mesmo fim e omesmo interesse de progredirem e fazerem a região progredir com o seu trabalhopioneiro”.

Atividades:

1) Para conhecer mais sobre Rolândia, vamos fazer uma pesquisa utilizando o roteiroabaixo:

_ origem do seu nome_ principais grupos colonizadores_ mudança de nome e por quê_ principal função econômica no passado

2) Escolha um tema acima e organize seu grupo para apresentar um seminário com oresultado da pesquisa.

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3)Elabore um painel bem criativo com imagens que retratam a cidade no decorrer dadécada de 1930.

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UNIDADE 3

TRABALHO FEMININO NO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DE ROLÂNDIA

Texto 1:

Tanto quanto ao colonizador, cabe á mulher uma referência especial.Ocasionalmente é lembrado o seu papel ao lado do homem e de sua família nacondução da atividade agrícola.

Delas se exigia a mesma garra do homem, mas seu valor, reconhecido só em parte.

Raramente opinavam sobre negócios.

As mulheres, além do trabalho rotineiro de cuidar das crianças, da limpeza, prepararcomida, fazer pão, cuidar da horta e dos animais de criação, costurar e remendar roupa,lavar, acordar mais cedo para fazer café, cuidar dos doentes, etc., eram convocadas paraauxiliar os trabalhos de campo, particularmente na colheita.

Distração quase nenhuma. As moças solteiras trabalhavam na “roça” durante asemana, mas aos sábados e domingos ficavam em casa para atender às tarefasdomésticas.

As mulheres, contudo, tinham seu modo de ser, viver e relacionar-se: assumiam umespaço limitado, mas o preenchiam com sua tenacidade, dedicação, solidariedade eheroísmo. Consideradas a Rainha do lar, o anjo da casa e o seio moral da família,poupavam, transformavam, conservavam, trocavam com as vizinhas, entre ajudavam,visitavam, filosofavam sobre a vontade de Deus e rezavam. (Irineu Pozzobon)

Texto 2:

No início da colonização cada um tinha de construir sua casa de mão própria, plantarroça e formar quintal e pasto. As mulheres tiveram parte nesses serviços igual aoshomens, tiveram de empenhar o mesmo grau de coragem e perseverança como esses e,às vezes ainda mais, pois o zelo da família crescente e as prendas domésticas apenasconstituíram fração de suas obrigações. Também elas tiveram que ajudar com machadoe enxada. (Friedrich Prüser)

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1933 – Família Taniguchi na Gleba Cafezal, região que predominou os colonos japoneses.

Atividades:

1) Selecione as palavras desconhecidas dos textos e pesquise seus significados.

2) Como você retrataria a vida da mulher pioneira analisando os documentosapresentados?

3) Utilizando os dois textos estabeleça algumas semelhanças e diferenças entre amulher do período de colonização e a mulher atual.

4) O que a imagem da família Taniguchi permite afirmar a respeito da época em quefoi feita?

Em nossa cidade alguns artistas plásticos retrataram aspectos da colonização deRolândia em suas obras, que tem fundamentação na história local.

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Observe, com muita atenção as imagens abaixo:

Título: As lavadeiras ( década de 90 )Autor: NANUK - Mathilde Hoster

Durante muitos anos se lavava a roupa no riacho. Havia um dia específico na semana em que as mulheres sereuniam para lavar a roupa de sua família

Título: Diálogo ( 2008 )Autor: MASSUCI - Edson Massuci

Preparar a carne e fazer lingüiça erauma atividade destinada à mulher colonizadora.

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5) Agora procure informações sobre os autores dessas obras, NANUK e MASSUCI.Faça anotações e traga-as para a sala de aula.

6) Em sua opinião quais as características do período de colonização podem serobservadas nessas obras?

7) Você conhece alguma mulher que realiza ou já realizou essas tarefas? O que vocêpensa a respeito dessas atividades?

8) Agora, procure imaginar objetos que podem ser relacionados ao cotidiano dasmulheres desse período.

9) Use sua criatividade e dê um novo título a essas obras. Depois, construa umanarrativa histórica levando em conta as informações a as imagens que abordam otrabalho feminino no período de colonização de Rolândia a partir dessas obras.

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UNIDADE 4

O COTIDIANO DA MULHER COLONIZADORA

Você já percebeu que o trabalho feminino estava presente no período da colonização.

Os depoimentos que se seguem vão nos permitir refletir sobre a importância do trabalhofeminino e contribuir para a formação de uma memória histórica. Eles são conservados peloMuseu Histórico de Rolândia.

Vamos conhecer alguns exemplos de mulheres que tiveram um papel significativo naconstrução da história de Rolândia.

A LAVRADORA

“Fiquei trabaiano na fazenda onde me dero 1000 pé de café pra cuidá. Depois fui pra otrossítio enquanto as menina crescia até se casá. Carpia, desbrotava, prantava, panhava café ebanava. Eu era mio que os home. Às veiz, eu iscondi um saco de café atrais do pé pra nãomostra que eu coia mais”. (depoimento de Armelinda Solomon)

1936 – Criação de cabras na propriedade do Sr. Herbert Irmscher. Na foto sua esposa.

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“Ali começamos um árduo trabalho, além de serviços domésticos, ajudávamos na lida daroça. Enquanto os homens derrubavam a mata, a nós mulheres cabia a tarefa de juntar osgalhos para depois queimar. Ajudávamos no plantio, na colheita, na criação de animais,além de tirar leite, fazer manteiga, matar porco, rachar lenha e cuidar da alimentação e doasseio familiar. Apesar de tanto trabalho e sacrifícios, raramente ficávamos doentes”.(depoimento de Stefanie Bernardy)

A PARTEIRA

1936- Primeira parteira de Rolândia, Cristina Schurmann.

“A grande dificuldade era com relação aos partos, pois a assistência era feita com parteiras.Caso o parto fosse problemático a assistência médica era difícil, pois a fazenda eradistante”. (Hildegard Nixdorf )

“Quando as mulheres iam dar a luz a um filho, eram atendidas, por parteiras que viviam naroça, a assistência médica era difícil e longe, por isso a maioria das mulheres recorria àsparteiras”. (Depoimento da família Polvani)

“Para atender meus partos, meu esposo ia de carroça até Rolândia buscar D. CristinaSchurmann que naquela época era conhecida como a mais competente parteira da região”.(Depoimento de Stefanie Bernardy)

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“A parteira alemã “Frau Schurmann” veio cada vez em casa, fazendo os partos. Às vezesela chegou no último momento, por causa do tempo perdido em buscar o cavalo e arrumar acharrete”. (Depoimento de Herta Levy)

“A mulher pioneira foi uma heroína, passou por muitas dificuldades, talvez uma dasmaiores fora a de saber que quando estava chegando a hora de dar a luz a um novo ser, elanão contava com assistência médica, principalmente aquela que morava a 10, 15 ou 20quilômetros da cidade. As parteiras é que ajudavam muito nessa hora”. (Depoimento deMaria Koshack)

A LAVADEIRA

1936- Hildegard Kemph e sua mãe lavando roupa.

A tarefa da mulher pioneira não era fácil devido à inexistência de conforto.

A roupa a gente lavava em pranchas encostadas nos riachos ou minas e as passava a ferro abrasa. (depoimento de Hildergard Nixdorf)

Tínhamos dificuldades em achar certos alimentos, não tinha vizinho ou a própria mãe paradar conselhos na cozinha. Foi muito duro para mim lavar a roupa na mina, no rio, que era

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muito cansativo. Trouxemos uma máquina para lavar à mão, mas vendemos logo, para terum pouco de dinheiro [...] (depoimento de Herta Levy)

As roupas eram lavadas em rios ou riachos e lavadas sobre uma taboa apoiada em um tocoou esteio, a roupa era quarada sobre ervas e depois penduradas em cordas, arames oucercas. (depoimento de Gisela Nixdorf)

1- Vamos analisar as fotografias que retratam o trabalho feminino na década de 1930seguindo o roteiro abaixo:

A) Que pessoas aparecem na fotografia?

B) Descrevam as pessoas quanto à aparência física e ao vestuário.

C) Se possível, descrevam o local onde foi tirada a fotografia.

D) O que as pessoas retratadas estão fazendo?

E) Em que época ou data ela foi tirada?

F) Quem a tirou? Descubram se possível.

2- Agora que você já conhece alguns exemplos de trabalho feminino, vamos nos reunirem grupos e selecionar outras formas de trabalho que faziam parte do cotidiano dasmulheres na década de 1930.

Converse com seus familiares e procure resgatar estes tipos de trabalho, procurandoo maior número possível de informações. Também vamos realizar uma visita aoMuseu Municipal e fazer uma pesquisa através das fotos, objetos e documentos quelá se encontram.

O resultado final da pesquisa será apresentado através da organização de umaexposição para divulgar as contribuições do “trabalho feminino” durante o períodode colonização de Rolândia.

A exposição será montada com diversas fontes históricas coletadas por vocêsdurante o trabalho de pesquisa.

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BIBLIOGRAFIA

CERRI, Luis Fernando. Didática da História: passado, presente e perspectiva a partir do casoalemão. In: Práxis Educativa. Ponta Grossa, PR. V.1 p. 07-16. 2006.

PERROT, Michelle, História das Mulheres no Ocidente. São Paulo, Afrontamento, 1991.

PERROT, Michelle. Os Excluídos. São Paulo: Paz e Terra, 1988.

POZZOBON, Irineu. A Epopéia do café no Paraná. Londrina: Grafmarke, 2006.

PRIORE, Mary Del (Org.); BASSANEZI, Carla (Coord. de textos). História das Mulheres noBrasil. São Paulo: Contexto, 2002.

PRIORE, Mary Del. História do Cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.

PRÜSER, Friedrich. Roland und Rolândia. Bremen, Internationale Verlagsgesellschaft 1957.

RÜSEN, Jörn. El desarrollo de La competencia narrativa en El aprendizaje histórico. Una hipótesisontogenética relativa a la conciencia moral. IN: Propuesta Educativa, n.7. Buenos Aires,FLACSO, 1992.

SCHWENGBER, Claúdia Portellinha. Aspectos históricos de Rolândia. Cambé: Waricieri, 2003.

VILLANUEVA, Orion. Rolândia, Terra de Pioneiros. Londrina: IPÊ, 1974.

As entrevistas, depoimentos e fotografias utilizadas nesse caderno pertencem ao acervo do MuseuMunicipal de Rolândia.

Capa:Telas de Mathilde Hoster – NANUKdécada de 90Colheita de café e Dia de lavar roupaAcervo do Museu Municipal de Rolândia

Fotografias de Autor desconhecidoMulheres peneirando café (1952)Família Polvani

Colona limpando a casa (década de 30)Sem identificaçãoAcervo do Museu Municipal de Rolândia