Lucio Costa

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Lucio Costa

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Lucio é no Brasil, sempre e por todo o século XX, o soberano do território dos ontens, hojes e amanhãs da arquitetura nacional. Totem e mito, o arquiteto Lucio Costa é um brasileiro incomum, dizem todos.União e reunião de romantismo estético e cientificismo iluminista, ou seja, coração e inteligência, integram a história de sua vida, intimamente ligada à de sua obra.Uma espécie muito particular de humanismo primordial preencheu o pensamento de Lucio Costa e contribuiu para a construção de sua imagem pública de forma básica, diferenciando seu trabalho do primeiro e restrito modernismo.

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Na condição de mais importante representante brasileiro da segunda geração do movimento da arquitetura modernista, logo distinta e proclamada contemporânea por ser, também e sempre, moderna – junto com Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Milton e Marcelo Roberto e Affonso Eduardo Reidy, Lucio Costa exercitou, ao longo de décadas, todas as etapas desse fenômeno que, pretensamente, alterou, em escala mundial, a substância dos modos e meios de produção do ambiente urbano.Entretanto, em função da liberdade e da exigência de originalidade para a criação artística, próprias do tempo em que vive, Lucio procurou a independência ideológica e estilística desde quando, no começo, explorou a tendência ecleticista e vernacular do estilo neocolonial.

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Lucio Costa nasceu em 27 de fevereiro de 1902, em Toulon,

França, sendo brasileiro nato porque seu pai estava em missão oficial do

governo brasileiro. No mesmo ano vem para o Rio, onde permaneceu

até 1910, morando no Leme.

ANOS

00

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Em 1910, já com os 6 filhos, a família retorna à Europa, onde

permanece até 1916. Lucio recebe ensino básico na Inglaterra e na

Suíça, e desde menino revelou grande aptidão para o desenho. De

volta ao Rio, foi matriculado pelo pai na Escola Nacional de Belas

Artes em 1917.

ANOS

10

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Começa a trabalhar ainda estudante, e só termina o curso em

1924, ano em que conhece Diamantina: primeiro encontro ao vivo com o colonial autêntico. Em

1926-27 passa um ano na Europa, sem se preocupar com os

movimentos de vanguarda que já ocorriam. Em 1929, casa-se com

Leleta – Julieta Modesto Guimarães – e se instalam em parte da casa de veraneio dos pais dela, em Correias,

projetada por ele em 1928.

ANOS

20

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30-34Assume a direção da Escola Nacional

de Belas Artes (1930-31) e organiza o Salão de 31. Sua  saída levou os alunos

a um ano de greve. Em 1934, nasce a primeira filha, Maria Elisa.

35-39Convidado pessoalmente em 1936 pelo Ministro Capanema a projetar a sede do Ministério da Educação e Saúde, recém

criado. Em 1937 início da colaboração com Rodrigo M.F. de Andrade no

Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, com

viagem às Missões jesuítas no  Rio Grande do Sul. Em 1938, vence o

concurso para o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York de 1939, mas convida o 2° colocado, o então

ainda desconhecido Oscar Niemeyer, para fazerem juntos, em Nova York, um

terceiro projeto.

ANOS

30

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Em 1940 nasce a segunda filha, Helena. Muda-se para o

apartamento da Av. Delfim Moreira 1212, no Leblon, onde viveu pelo

resto da vida. A construção do prédio do Ministério é concluída em

1944-45, e o SPHAN se instala no 8° andar do edifício. No ano de 1948,

viaja à Europa com a família, percorrendo pela primeira vez o

interior de Portugal.Projetos que confirmam a

integração das duas raízes – a tradição autêntica e a renovação

arquitetônica: Conjunto de edifícios residenciais no Parque Guinle, Rio de Janeiro, e Park Hotel, em Nova

Friburgo, para César Guinle.

ANOS

40

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Razões familiares o levam a passar todo o ano de 1952 na Europa,

ficando a família na Suíça. Viagem de estudos pelo interior de Portugal. Membro do “Grupo dos Cinco”, que orientou o projeto da nova sede da UNESCO em Paris. Conferência da

UNESCO em Veneza.Em 1954, um trágico acidente de

carro na Rio-Petrópolis tira a vida de sua mulher, Leleta.

Nos anos que se seguiram, fez várias viagens ao exterior com suas

filhas.Em 1957 ganha o concurso para o

Plano Piloto da nova capital do país, Brasília – projeto que fez

absolutamente sozinho, em seu apartamento no Leblon.

ANOS

50

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Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard (1960).

Apresentação da tese “O Novo Humanismo Científico e Tecnológico” ao M.I.T. –

Massachussets Institute of Technology (1961).

Ao longo da década, várias viagens ao exterior – Egito, Líbano, Estados Unidos, União Soviética, Finlândia,

França, Itália, sempre em função de congressos ou conferências, entre

as quais a promovida em busca de proposições para a expansão

urbana de Florença, Itália No Brasil, viagem  à Bahia e Sergipe.

Projeto e construção do apartamento de cobertura para a

filha Maria Elisa (1963). Projeto para o Pavilhão do Brasil na XIII Trienal de Milão, cujo tema era o lazer (1964).

Rampas de acesso ao Outeiro da Glória (1965).

ANOS

60

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Legião de Honra do Governo Francês, no grau de Commandeur

(1970). Aposenta-se do SPHAN em 1972. Protesto contra edifício no

sopé do Pão de Açúcar. Retomada de contato com Brasília no

Seminário promovido no Senado Federal, pelo senador Cattete

Pinheiro (1974) Viagens a Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, 1977 e São Luis e Alcântara, Maranhão,

1979.

ANOS

70

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Viagem ao Marrocos a convite do rei Hussein II (1980), volta no

Concorde. Viagem informal a Brasília (1984). Filmagens para

documentários de José Reznik e Mário Carneiro (1986). Brasília é

considerada Bem Cultural da Humanidade pela UNESCO.

ANOS

80

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Ao completar 90 anos, em 1992, por sugestão de Oscar Niemeyer, foi

homenageado com a construção do “Espaço Lucio Costa” na Praça dos Três Poderes. Exposição “Presença

de Lucio Costa”, curadoria Maria Elisa Costa (1994, Paço Imperial,

primeira exposição exclusivamente sobre Lucio Costa e única vista por

ele). Lançamento do livro “Lucio Costa – Registro de uma Vivencia”

(1995, 2a. edição 1997).

Em 13 de junho de 1998, Lucio Costa morre em sua casa.ANOS

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Lucio estudou desenho em Newcastle, na Inglaterra, entre 1911

e 1913. Em 1917, entra na Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro. Decidiu ser arquiteto porque na

biblioteca da Escola – o lugar que tinha mais prazer em frequentar,

encontrava livros grandes que apreciava muito e os colegas do curso de arquitetura, com quem

preferia conversar, porque com eles mantinha diálogo e troca de ideias

de maneira fácil e desembaraçada. Na Escola, à época em que Lucio

estudava, a técnica tinha prioridade sobre a criação e os que detinham o

espírito renovador eram postos de lado pelo sistema vigente, que

mantinha a orientação didática de tendência neoclássica. Atrasou o

curso por dois anos porque trabalhava e estudava ao mesmo

tempo.

O estudo da ARQUITETUR

A

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Lucio Costa eLe Corbusier

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Le Corbusier (1887-1965), arquiteto suíço naturalizado

francês, sintetizou os movimentos que basearam o

novo estilo do século XX, apresentando e divulgando os

conceitos renovadores da arquitetura e do urbanismo em projetos e textos. Em !

929, 36 e 62 esteve no Brasil, onde suas ideias foram absorvidas de maneira

singular, resultando em produtos peculiares da

arquitetura contemporânea no cenário internacional O

documento mais importante da nova arquitetura, a Carta de Atenas, foi escrito por ele durante o CIAM IV. Esta carta

prescrevia os cinco pontos principais do urbanismo

contemporâneo: moradia, trabalho, recrear nas horas

livres, circulação e tradição.

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Lucio diz: “Le Corbusier era o único que encarava o

problema de três ângulos: o sociológico – ele dava muita

importância ao social, a adequação à tecnologia nova

e a abordagem plástica.

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Lucio Costa eOscar Niemeyer

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Oscar Niemeyer é o mais conhecido arquiteto brasileiro.

Carioca, nasceu em 1906 e concluiu os estudos na Escola

Nacional de Belas Artes em 1934. A sua influência na arquitetura

brasileira é notável, até mesmo quando as maneiras de conceber são contrárias e propositalmente

opostas.Niemeyer substitui Lucio Costa na

liderança da equipe que desenvolveu o prédio do Ministério

da Educação. Portanto, a partir desse momento, reafirmado em

1939, com o projeto para o Pavilhão da Feira de Nova Iorque, Oscar e Lucio riscaram o traço da

arquitetura contemporânea brasileira.

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A origem da arquitetura de Niemeyer, da mesma forma que a

de Lucio, está nas ideias e nas arquiteturas de Le Corbusier.

Entretanto, a originalidade formal que Niemeyer teve oportunidade

de concretizar em inúmeras obras no Brasil e no exterior, o faz

desenvolver um “estilo” imitável e impossível de ser rotulado.

Lucio diz: “Não se trata, contudo, de nenhum pacto com o diabo. O

segredo de sua juventude decorre simplesmente desse exercício cotidiano a que se entrega, de

proceder à síntese e depuração de complexos problemas

arquitetônicos. As horas e os dias não contam mais; não há o

desgaste: pelo contrário, recebe carga, acumula vida”.

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Lucio Costa eGregori Warchavchik

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Gregori Warchavchik é um capítulo imprescindível na vida do arquiteto

Lucio e na história da arquitetura modernista. Arquiteto, nascido na

Rússia em 1896, Gregori iniciou seus estudos superiores na Universidade de Odessa e

concluiu-os em 1920 na Roma das escolas ecléticas; veio para São

Paulo em 1923, para trabalhar na Companhia Construtora de Santos,

que detinha encomendas de grandes obras em todo o território

nacional.Foi numa revista chamada “Para

Todos” que Lucio tomou ciência da existência de Gregori. A nota trazia

uma fotografia da casa “modernista” exposta em São

Paulo. Lucio diz: “Apesar da minha congênita ojeriza pela expressão,

gostei da casa.”

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Quando assume a direção da ENBA, em 1930, resolve convidá-lo

para professor.Fracassada a experiência em fins

de 1931, depois do Salão de Belas Artes, formaram uma firma

construtora.Com a obra para o casal Sylvia e

Paulo Bittencourt veio o fim da parceria. Resultou em briga porque

os proprietários se queixavam da falta de eficiência, e os arquitetos

da falta de numerário.Mas a firma também acabou

porque, apesar de certa balda propagandista a que não estavam

afeitos, o trabalho escasseava e ainda porque o tal “modernismo

estilizado” que às vezes aflorava já não parecia para Lucio, ajustar-se

aos verdadeiros princípios corbuseanos a que se apegava.

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Mas a estima continuou entre eles continuou inalterada, como

inalterada também permaneceu a admiração de Lucio pela obra de

Gregori, precursora, tão bem marcada pela presença ruiva da

sua nobre e sólida figura, serena e acolhedora, e por sua

indumentária sempre sóbria embora avivada por inovações de pormenor de extremo bom gosto.

Gregori Warchavchik, grande coração, personalidade

inconfundível – marcou uma época.

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Lucio Costa eRoberto Burle Marx

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Roberto Burle Marx nasceu em 1909, em São Paulo. O pai alemão e a mãe Pernambucana, teve cinco irmãos.

Em 1919, passa a residir numa fazenda no Leme. Ele tem, então, seu primeiro canteiro. Conhece Lucio

Costa, que vivia a poucos metros de sua casa aos 17 anos.

Em 1932, a convite de Lucio, realiza seu primeiro jardim para a família Alfredo Schwartz.

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Lucio diz: “É um caso singular. Em plena era espacial e atômica, a pessoa dele e o seu mundo, conquanto falem linguagem contemporânea, confinam com a

Renascença.A sua vida é um permanente processo de pesquisa e

criação. A obra do botânico, do jardineiro, do paisagista, se alimenta da obra do artista plástico, do

desenhista, e vice-versa, num contínuo vai-vem.Começou – enquanto estudava pintura – cultivando e agenciando plantas em função da forma, da textura,

do volume, da cor, na encosta do morro no quintal da casa dos seus pais, à Araújo Gondim, no Leme, onde,

numa atmosfera de extrema comunhão familiar a música já imperava, e, por sua mão, outra arte se

instalou.

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E pouco a pouco esse pequeno quintal foi se alastrando, crescendo, até que abarcou o país,

ultrapassando-lhe as fronteiras.A casa sumiu, os pais morreram, a idade avançou;

possui belo sítio com magníficos viveiros; recebe e é festejado; cria jóias e estruturas decorativas vegetais;

é desenhista e pintor, botânico e faz jardins; é arquiteto paisagista; defende as matas e conserva a

paixão e o entusiasmo de quando começou.Mas em qualquer tempo, embora comblé d’honneurs,

vá onde for, haja o que houver, - aquele recanto do Leme continuará intacto e vivo no seu coração.”

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Como ideologia silencia os verdadeiros conteúdos dos sistemas políticos, econômicos e religiosos, o importante em arquitetura é tentar. Articular a correspondência entre os

objetos propostos pelo poder e as imagens arquitetônicas que os

representam, já que não se verificam na prática concreta do desenho. Mesmo se Lucio Costa

nunca se declarou “marxista”, sempre apoiou as atitudes progressistas dos colegas

“comunistas” e se identificou com a procura de uma sociedade brasileira

mais justa, com menos contrastes sociais: o fato de privilegiar em

Brasília a moradia coletiva com uma imagem homogênea, sem

identificar os níveis econômicos contrastantes da população, é uma

clara expressão do seu pensamento.

Ideologia e estética no

pensamento de Lucio Costa

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Arquitetura de Lucio Costa

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A produção arquitetônica de Lucio Costa se inscreveu de

início no movimento neocolonial muito em voga no Brasil no decênio de 1920-30.

Ele abandonou rapidamente este caminho e condenou,

desde 1929, uma orientação considerada sem saída, passando a louvar uma

arquitetura voltada para a modernidade e o emprego de

novos materiais como o concreto armado. Esta

passagem por uma imitação do passado esteve, no entanto,

longe de ser negativa. As casas que ele projetou então, ainda

que utilizando um vocabulário decorativo emprestado ao

passado, eram, sob muitos aspectos, inovadoras quanto à articulação da planta baixa e o

tratamento das massas. Podemos ver aí o prenúncio do

traçado de suas realizações futuras.

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Na obra de Lucio, as casas com janelas horizontais com

venezianas, os tetos planos, o terraço-jardim com pergolado,

os pilotis, as varandas incrustadas, os pátios internos

e o uso de detalhes simples porém muito importantes, do

tipo azulejos e mobiliário antigo, incorporam as

“constantes de sensibilidade”, a Ville Savoye de Le Corbusier

e as propostas de Gregori Warchavchik, antecipando, à

maneira como o fizeram também os companheiros de geração, o espírito brasileiro

da arquitetura contemporânea.

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casa RODOLFO CHAMBELLAND. 1921-22

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casa de CORREIAS. (1928)*

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casas de campo FÁBIO CARNEIRO. (1930)

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casas ERNESTO GOMES FONTES. (1930)

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casas ERNESTO GOMES FONTES. (1930)

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VILA OPERÁRIA DA GAMBOA. (1931-32)

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casa SCHWARTZ. (1932)

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casas sem dono1932-36A clientela continuava a querer casas de “estilo” – francês, inglês, ‘colonial’ – coisas que Lucio já não conseguia mais fazer. Na falta de trabalho, inventava casas para terrenos convencionais 12x36. Nesse período também, estudou a fundo as propostas e obras dos criadores, Gropius, Mies van der Rohe, Le Corbusier, - sobretudo este.

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casas sem dono1932-36

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casas sem dono1932-36

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE. (1935-45)“O marco oficial da renovação da arquitetura brasileira no século XX”

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE. (1935-45)“O marco oficial da renovação da arquitetura brasileira no século XX”

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PAVILHÃO DO BRASIL – Nova Iorque. (1939)

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PARK HOTEL – Friburgo. (1945)

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PARQUE GUINLE. (1948-54)O parque Guinle está na origem das superquadras de Brasília.

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IGREJA DO FORTE DE COPACABANA. (1955)

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BRASÍLIA. (1956)No estado de Goiás, o urbanista Lucio Costa realiza Brasília, a cidade-

capital, também considerada a “causa do planejamento e desenvolvimento regional” da região Centro-Oeste do país. Desde

1945, Lucio e Oscar – após concluídos a obra do Ministério da Educação, a montagem da exposição Brasil Builds no Moma, em

Nova Iorque, e o conjunto da Pampulha em Belo Horizonte, configuram sua condição de personagens da arquitetura nacional e internacional. Em Brasília, além de projetar o Plano-Piloto dos Eixos Monumental e Residencial e da Praça dos Três Poderes, com o qual

venceu o concurso em 1956, Lucio desenha a Torre de Televisão e a Rodoviária. Em 1985, retorna a Brasília e projeta as Quadras

Econômicas, quando propõe uma retomada do programa das casas que idealizou para o bairro favelado de Alagoados; esses conjuntos se

localizariam à margem das vias de acesso às cidades-satélites e conteriam, ordenadamente, as expansões que poderiam alterar os

cinturões propostos no Plano-Piloto.Brasília, o misto ideal das perspectivas criadas pelas escalas

monumental e doméstica, originárias de vários urbanismos, se mantém, portanto, uma cidade original. O cotidiano brasiliense é

distribuído em áreas destinadas às atividades básicas, ou seja, a vida é projetada em zoning, segundo a Carta de Atenas.

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BRASÍLIA. (1956)Entretanto, a articulação e as possibilidades de comunicação entre

essas áreas formam um ambiente e um habitante exclusivos. Daí resulta a afirmação de que a cidade-capital cumpre um dos objetivos da utopia vanguardista: transforma o homem e a sociedade. Desde o

sonho dos Inconfidentes da fase colonial, oncluindo o sonho do Patriarca no Império, ao sonho do presidente Kubitscheck, longe do

mar, longe do Rio de Janeiro, o Brasil se interioriza para tornar-se diferente aos olhos do resto do mundo. Triunfo da forma e pirotecnia da técnica aliam-se harmonicamente à simplicidade. Dessa maneira, a tradição de apropriar-se da natureza é, mais uma vez, a glória e a

razão inventadas do urbanista Lucio Costa.

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“Brasília: cidade que inventei!”

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“Brasília: cidade que inventei!”

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A partir do início da década de 1970 até 1981, Lucio elaborou algumas propostas urbanísticas em diferentes escalas e para diferentes locais. Assim, reproduzem as teses do urbanista e as proposições do arquiteto que permaneceu acreditando que a organização dos espaços para a sociedade industrial deve manter, sobretudo, a fusão daqueles componentes indispensáveis, ao desenvolvimento humano: vida tranquila em ambiente planejado. Em decorrência, em áreas ortogonais e simétricas, as funções necessárias à vida cotidiana são racionalmente distribuídas, e as construções, de maneira contemporânea, mantêm a técnica e a estética integradas à ecologia e às expressões das culturas locais.

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O Novo Mundo já não é este lado doAtlântico, nem tampouco o outro lado do Pacífico.

O Novo Mundo já não está àesquerda nem à direita, mas acima de

nós; precisamos elevar o espírito para alcancá-lo,pois já não é uma questão

de espaço, porém de tempo, de evoluçãoe de maturidade. O Novo Mundo é agora a Nova

Era, e cabe à inteligênciaretomar o comando.

Lucio Costa