Lúcifer é Satanás

19
Lúcifer é Satanás? INTRODUÇÃO "A maior façanha do diabo foi convencer a todos de que ele não existe." Charles Baudelaire – O Jogador Generoso – 1864 Vivemos numa época de ceticismo, imersos num mundo materialista... Parte do processo que tem levado a humanidade a uma crescente decadência em termos morais e espirituais deriva da negação da antiga personificação do Mal, a antiga "serpente", também conhecida como Satanás. Avançando na descrença, as tradições são vistas como obstáculos contrários ao direito de ser e pensar livremente, anunciado pelo advento de uma "Nova Era". O imediatismo consumista e o mau exemplo dos que ocupam as lideranças sociais conduzem a uma perigosa perda de referências no discernimento entre o certo e o errado. Diante da idéia de que o Mal não existe, florescem os apelos para o usufruto dos prazeres de uma vida sem culpas; sem o peso do pecado que nada mais seria do que uma forma de controle instituída pelas religiões. Principalmente, a cristã. Um dos grandes chamarizes desse convite à liberdade que facilmente converge para a libertinagem, abrindo portas para todos os vícios, é o objetivo indefinido de uma expansão da consciência. Deus é transformado numa inteligência universal amorfa com a qual podemos nos sintonizar através de métodos de meditação e a comunhão com uma fraternidade de mestres responsáveis pela evolução humana, no mesmo nível de Cristo. Fazer com que o homem simplesmente negasse a existência de Deus seria impraticável, pois crer em Deus e clamar por sua misericórdia sempre resulta positivo. Ninguém estaria disposto a abrir mão daquilo lhe faz bem sem receber algo em troca. A solução para negar a Deus surge, indiretamente, pela negação de Satanás. Negar a existência do Mal, recebendo um simulacro de liberdade onde tudo é permitido, conduz à uma efêmera sensação de

description

ddd

Transcript of Lúcifer é Satanás

Lcifer Satans?

INTRODUO

"A maior faanha do diabo foi convencer a todos de que ele no existe." Charles Baudelaire O Jogador Generoso 1864

Vivemos numa poca de ceticismo, imersos num mundo materialista... Parte do processo que tem levado a humanidade a uma crescente decadncia em termos morais e espirituais deriva da negao da antiga personificao do Mal, a antiga"serpente", tambm conhecida como Satans. Avanando na descrena, as tradies so vistas como obstculos contrrios ao direito de ser e pensar livremente, anunciado pelo advento de uma"Nova Era". O imediatismo consumista e o mau exemplo dos que ocupam as lideranas sociais conduzem a uma perigosa perda de referncias no discernimento entre o certo e o errado. Diante da idia de que o Mal no existe, florescem os apelos para o usufruto dos prazeres de uma vida sem culpas; sem o peso do pecado que nada mais seria do que uma forma de controle instituda pelas religies. Principalmente, a crist. Um dos grandes chamarizes desse convite liberdade que facilmente converge para a libertinagem, abrindo portas para todos os vcios, o objetivo indefinido de uma expanso da conscincia. Deus transformado numa inteligncia universal amorfa com a qual podemos nos sintonizar atravs de mtodos de meditao e a comunho com uma fraternidade de mestres responsveis pela evoluo humana, no mesmo nvel de Cristo.Fazer com que o homem simplesmente negasse a existncia de Deus seria impraticvel, pois crer em Deus e clamar por sua misericrdia sempre resulta positivo. Ningum estaria disposto a abrir mo daquilo lhe faz bem sem receber algo em troca. A soluo para negar a Deus surge, indiretamente, pela negao de Satans. Negar a existncia do Mal, recebendo um simulacro de liberdade onde tudo permitido, conduz uma efmera sensao de conforto e bem estar derivada da gratificao dos sentidos. Essa uma troca to comum quanto sutil... Como combater algo cuja existncia ns repudiamos e, portanto, passamos a no enxergar? Iludido pelo propsito de conhecer a si mesmo, atravs de um individualismo experimental que nada condena e ainda ensina que a vontade pessoal a nica lei, o homem corre o risco de se envolver em prticas que corrompem a moral e os bons costumes, comprometendo a sua sade fsica, mental e espiritual. E por ignorar a natureza do Mal, torna-se, ele prprio, o mais perfeito canal para a sua expresso. necessrio que a noite exista para que possamos enxergar as estrelas e reconhecer a luz de cada amanhecer. Satans virou motivo de piada e deboche, identificado com supersties da crendice popular e aberraes das crenas religiosas. Mas a conseqncia de ignorar a existncia do Mal ignorar igualmente a existncia do Bem, perdendo-se de seus princpios num mundo cujo verdadeiro prncipe o prprio Diabo que apenas sorri e agradece.

O IMITADOR DE DEUS

O demnio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glria, e disse-lhe:- Dar-te-ei tudo isto, se prostrando-te diante de mim, me adorares.Respondeu-lhe Jesus:- Para trs, Satans, pois est escrito: Adorars o Senhor teu Deus, e s a ele servirs. Mateus 4, 8-10

Satans um usurpador! importante ter em mente a noo de que, desde o princpio dos tempos, ele quisocupar o lugar de Deus no corao dos homens. Uma vez que isto esteja bem claro, ficar bem mais fcil reconhecer muitas das suas artimanhas, utilizadas para confundir os homens. Boa parte delas se d atravs de jogos de palavras e da perverso ou limitao de seus reais significados. Sem dvida, uma delas a distoro da relao existente entre Vnus (a estrela da manh, estrela dalva ou estrela matutina) e Sat. Sabemos que Lcifer uma das denominaes utilizadas para identificar o Anjo Cado. Mas ela deriva de uma metfora que granjeia os predicados de glria e beleza atribudos ao planeta Vnus. Pelo que nos ensina a Bblia, antes de se tornar ha-Satan (hebraico, o Acusador) ou al-Shaitan (rabe, O Adversrio), o Diabo era um anjo de esplendida majestade, da ser honrado com uma analogia estrela da manh. Jesus diz que ele no se firmou na verdade (Joo 8, 44), o que conduz deduo de que ele j esteve nela algum dia e, at se rebelar, desfrutou de prestgio junto ao Criador. Ainda, biblicamente falando, o termoEstrela dAlvaparece no estar mesmo destinado a ser uma referncia exclusiva, servindo como analogia para representar mais do que um nico ser:

Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam? J 38,7

TEOSOFIA A Matriz do Movimento Nova Era

Para aqueles que no estejam familiarizados com as escolas de ocultismo, farei uma breve apresentao da Sociedade Teosfica. Alguns podem confundir a teosofia com a teologia que o estudo sobre Deus. O vocbulo teologia deriva do grego theologia; onde theos significa Deus e logos se refere ao estudo ou razo. No cristianismo, tal estudo se debrua sobre a revelao de Deus na Bblia, buscando obter uma compreenso racional da natureza divina. J a palavra Teosofia deriva de theosofia, ligando theos com outra palavra grega que sophos e significa sabedoria. Portanto, teosofia comumente traduzida comosabedoria divina. A Sociedade Teosfica foi fundada pela aristocrata russa, mdium e satanista, Helena Petrovna Blavatsky e o coronel Henry Steel Olcott, seu primeiro presidente; ambos iniciados na Maonaria. Basicamente, a Teosofia se ocupa de um conjunto doutrinrio que pretende revelar a sabedoria divina que estaria na raiz de todas as religies e filosofias; sob o pressuposto de uma verdade nica capaz de integrar todas as correntes de pensamento. Na prtica, trata-se de um movimento disseminador de mtodos e princpios ocultistas que propem a comunho com uma hierarquia de mestres invisveis, supostamente encarregados de instruir a humanidade para a evoluo de sua conscincia. De acordo com os ensinamentos teosficos, Jesus seria apenas um dos mestres dessaFraternidade Branca, tambm denominados avatares, que eventualmente se manifestam na terra para guiar a humanidade. Ela se ope a Teologia Crist e como veremos no Glossrio Teosfico, identifica Lcifer ou Satans como o verdadeiro benfeitor da humanidade cuja imagem teria sido corrompida pela Igreja. A Sociedade Teosfica pretendeu apresentar o novoInstrutor do MundoouMestre Espiritualque seria o avatar para uma Nova Era. Seu nome era Jiddu Krishnamurti. O grande mentor de Krishnamurti e articulador da campanha para promov-lo como messias foi Charles Leadbeater, maom de grau 33 e lder teosfico, envolvido em escandalosas acusaes de assdio homossexual e pedofilia. Para esse fim, derivaram a Ordem Internacional da Estrela do Oriente, tempos depois dissolvida pelo prprio Krishnamurti que, aparentemente, recusou-se a servir de canal para aquele propsito. Digo aparentemente porque, ao desligar-se, Krishnamurti se tornou um cone da anti-religio, pregando contra o sistema, condicionamentos e toda forma de autoridade restritiva; em favor da descoberta pessoal e da liberdade experimental, onde cada um pode e deve ser o seu prprio mestre, no existindo verdadeiramente nenhum Salvador. Curiosamente, Krishnamurti se tornou o guru que pregava pela rejeio de mestres e gurus, nas sendas do individualismo preconizado pela Nova Era que nega a divindade de Jesus. Propositalmente ou no, diria que ele realizou com perfeio a obra para a qual foi destinado, tanto quanto a Sociedade Teosfica cumpriu muito bem o papel para o qual foi criada. Vejamos o que diz o Glossrio Teosfico sobre Lcifer:

Lcifer (Lat.) O planeta Vnus, considerado como a brilhante Estrela Matutina. Antes de Milton, Lcifer nunca havia sido um nome do Diabo. Pelo contrrio, visto que no Apocalipse (XXII, 16) o Salvador cristo faz dizer de si mesmo: Eu sou a resplandecente estrela da manh* ou Lcifer. Um dos primeiros Papas de Roma possua tal nome e havia at, no sc. IV, uma seita crist denominada os Luciferianos. [Lcifer vem de Luciferus, portador de luz, aquele que ilumina, e corresponde exatamente palavra grega Phosphoros]. A Igreja d hoje ao Diabo o nome de trevas, enquanto que no Livro de J chama-se de Filho de Deus, a brilhante Estrela Matutina, Lcifer. H toda uma filosofia de artifcio dogmtico devido ao fato de que o primeiro Arcanjo, que surgiu das profundezas do Caos, foi chamado de Lux (Lcifer), o luminoso Filho da Manh ou Aurora Manvantrica. A Igreja transformou-o em Lcifer ou Sat, porque anterior e superior a Jehovah e tinha de ser sacrificado ao novo dogma. (Doutrina Secreta, I, 99-100) Lcifer o portador de luz da nossa Terra, tanto no sentido fsico quanto mstico. (Doutrina Secreta, II, 36). Na Antiguidade e na realidade, Lcifer, ou Luciferus, o nome da Entidade Anglica que preside a Luz da Verdade, o mesmo que a luz do dia. Lcifer a Luz divina e terrestre, o Esprito Santo e Sat ao mesmo tempo (Idem, II, 539). Est em ns; nossa Mente, nosso Tentador e Redentor, o que nos livra e salva do animalismo puro. Sem este princpio emanao da mesma essncia do puro e divino princpio Mahat (Inteligncia), que irradia de um modo direto da Mente divina com toda a certeza, no seramos superiores aos animais. (Ibidem, II, 540). Lcifer e o Verbo so um s em seu aspecto dual. Equivale ao Ezanas-Sukra da ndia. (Ver Chandra-vanza, Luz Astral, Sat, etc.) Glossrio Teosfico pgina 328Mediante o glossrio teosfico, Lcifer, alm de Sat, seria o prprio Esprito Santo. Esta uma afirmao bastante esperada, uma vez que da ndole de Satans tentar se passar por Deus. Neste caso, com o objetivo de roubar a glria da verdadeira Estrela Radiosa da Manh que Jesus. Vejamos a ntegra do trecho Bblico citado pelo Glossrio:

Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a gerao de Davi, a resplandecente estrela da manh. Apocalipse 22,16

Jesus declara que enviou o seu anjo e no que um Anjo, muito menosLcifer-Anjo. A concluso do glossrio capciosa, pois toma a expressoestrela da manhpor Lcifer, no sentido de ser o Anjo Cado, ao invs de ser a denominao romana para a Estrela DAlva, usando de astcia para confundir Sat com o Salvador da Humanidade... O Filho de Deus se identifica claramente como Jesus, adotando para si os atributos daEstrela da Manhporque Ele a verdadeira luz que anuncia a chegada do Pai; simbolicamente, o Sol de um novo dia que ir raiar sobre um mundo mergulhado nas trevas. Alm disso, antes de qualquer analogia, Jesus estabelece a sua linhagem com Davi que nada tem a ver com Lcifer e cuja meno omitida no texto do Glossrio.

VNUS ASTRONMICO

Vnus, juntamente com Mercrio, possui uma rbita interior rbita terrestre;trata-se do segundo planeta do sistema solar e o seu brilho s excedido pelo Sol e pela Lua. Para entender melhor o significado simblico, fundamental estudar um pouco sobre Vnus, do ponto de vista astronmico. As rbitas planetrias no so perfeitamente circulares, mas alongadas ou elpticas (crculos achatados). Alm disso, os planetas no se movimentam nivelados dentro de um mesmo plano. Cada qual realiza o seu percurso em torno do sol com uma inclinao orbital que lhe prpria. Geometricamente, o crculo considerado a figura mais perfeita e harmoniosa; aquela que comea e termina em si mesma, remetendo, portanto, idia de Deus; o alfa e o mega; o princpio e o fim. Curiosamente, alm do brilho, uma das peculiaridades de Vnus possuir a rbita mais circular entre todos os demais planetas.

A simetria uma caracterstica diretamente relacionada com a beleza e at em seus movimentos, Vnus demonstra graciosidade ou elegncia. Por sua natureza dupla, Vnus um planeta digno das escolas de mistrios. Na mitologia grega Esforo quando surge como estrela matutina e Hspero quando aparece ao entardecer. Para os romanos Lcifer, no nascer da aurora; e Vsper, no cair da tarde. Essaduplicidade explicvel pela Mecnica Celeste, ramo da astronomia queestuda o movimento dos corpos celestes e sua posio relativa. Estamos situados no planeta Terra e nossas observaes do movimento dos demais planetas esto baseadas neste nosso ponto do sistema solar. Em outras palavras, a nossa perspectiva celeste est relacionada e influenciada pelo nosso referencial terrestre. Visualizando que os planetas do nosso sistema se movimentam em diferentes velocidades, com diferentes rbitas e inclinaes, estando localizados interna ou externamente em relao rbita terrestre podemos compreender que aquilo que vemos da Terra representa o movimento aparente dos astros. Prestemos ateno nisto: em termos astronmicos, existe o movimento real e o movimento aparente que nada mais do que a impresso que temos ao observarmos o trajeto dos corpos celestes do ponto de vista geocntrico. Embora no acontea de modo real, do ponto de vista geocntrico, em certos perodos, os planetas parecem reduzir a marcha, estacionar, voltar para trs em seu percurso (movimento retrgrado), reduzir a marcha novamente, estacionar outra vez e ento retomar o passo para frente (movimento direto). Observemos um movimento hipottico na ilustrao abaixo:

Na realidade o planeta no inverteu verdadeiramente o sentido do seu movimento. Essa inverso apenas parece ocorrer porque a Terra tambm faz parte do sistema solar e participa dessadana planetria. A prxima animao foi criada para ajudar a esclarecer este comportamento visual. Informo que meramente ilustrativa, no obedecendo ao formato das rbitas dos planetas, efemrides (tbuas astronmicas que indicam as posies planetrias) ou escalas de correspondncia proporcional com suas dimenses reais. Alm disto, para fins didticos, sero exibidos apenas o Sol, Vnus e a Terra. Dentro do quadrado, no lado esquerdo, tentei reproduzir o movimento de Vnus na perspectiva do observador terrestre. No lado direito, na viso sideral, usei uma linha reta para ligar os dois planetas, projetando no espao o movimento de Vnus visto da Terra, de acordo com os ngulos formados na translao dos dois corpos:

Por estar dentro de uma rbita interior rbita terrestre, Vnus nunca se distncia mais do que aproximadamente 48 do Sol (sua maior distncia ou elongao mxima) naperspectiva geocntrica. A intensidade de seu brilho e a mudana aparente de sua localizao no cu, que pode ser anterior ou posterior ao Sol tambm deriva do nosso ponto de vista como observadores posicionados na Terra. Dependendo da poca, o planeta Vnus pode ser visto subindo do leste e antecipando o nascimento do Sol comoEstrela da Manh, Esforo ou Lcifer; tanto quanto pode descer ao oeste, coroando o pr do Sol comoEstrela Vespertina, Hspero ou Vsper. Mas se trata de um fenmeno aparente, uma iluso de tica derivada do nosso local csmico de observao. De igual modo, quando esse fenmeno transposto para a linguagem simblica, a expresso Estrela da Manh no representa uma condio real, mas uma comparao imaginria da qual possvel extrair os atributos que desejamos associar a um anjo, a um rei ou ao prprio Filho de Deus. Atravs de uma coisa possvel representar ou sintetizar outra ou mais de uma... Disso derivam figuras de linguagem como metforas, alegorias e parbolas.

AS FIGURAS DE LINGUAGEM: EZEQUIEL 28 e ISAIAS 14

Nem tudo na Bblia deveria ser tomado em seu sentido literal. O uso de metforas, parbolas e alegorias enriquecem a linguagem dentro de um modelo de informaesmulticamadas que pode abordar mais de um assunto simultaneamente. Primeiro, interessante definir cada um desses recursos lingsticos e vamos faz-lo de acordo com aquilo que consta no Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa:

Metfora.[Do gr. metaphor, pelo lat. metphora] S. f. Ret. Emprego em que a significao natural de uma palavra substituda por outra, em virtude de relao de semelhana subentendida: a primavera da vida; a luz da inteligncia.b

Alegoria.[Do gr. allegora, pelo latim allegoria.] S. f. 1. Exposio de um pensamento sob forma figurada. 2. Fico que representa uma coisa para dar idia de outra. 3. Seqncia de metforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido. 4. Obra de pintura ou de escultura que representa uma idia abstrata por meio de formas que a tornam reconhecvel. 5. Simbolismo concreto que abrange o conjunto de toda uma narrativa ou quadro, de maneira que a cada elemento do smbolo corresponda um elemento significado ou simbolizado.

Parbola.Narrao alegrica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparao, outras realidades de sentido superior.

Sobre a parbola, podemos assumir porsentido superioralgum preceito moral ou religioso que se queira comunicar. Vamos agora examinar a polmica existente quanto a interpretao de Ezequiel 28, cujo sentido querem atribuir exclusivamente a uma profecia contra o rei de Tiro ou estender a Ado, isentando Satans:1.E veio a mim a palavra do Senhor dizendo:2.Filho do homem, dize ao prncipe de Tiro: Assim diz o Senhor DEUS: Porquanto o teu corao se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e no passas de homem, e no s Deus, ainda que estimas o teu corao como se fora o corao de Deus;3.Eis que tu s mais sbio que Daniel; e no h segredo algum que se possa esconder de ti.4.Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcanaste para ti riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.5.Pela extenso da tua sabedoria no teu comrcio aumentaste as tuas riquezas; e eleva-se o teu corao por causa das tuas riquezas;6.Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu corao, como se fora o corao de Deus,7.Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terrveis dentre as naes, os quais desembainharo as suas espadas contra a formosura da tua sabedoria, e mancharo o teu resplendor.8.Eles te faro descer cova e morrers da morte dos traspassados no meio dos mares.9.Acaso dirs ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus? Mas tu s homem, e no Deus, na mo do que te traspassa.10.Da morte dos incircuncisos morrers, por mo de estrangeiros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.

Nessa primeira parte fica claro que se trata de um vaticnio contra um homem. Deus o coloca em seu devido lugar como ser mortal que apesar de toda sua inteligncia e sabedoria no se pode equiparar a Ele. Diferentemente do anterior, o trecho seguinte intitulado como uma lamentao (tambm traduzido em outras verses como um cntico fnebre). Neste ponto, ingressamos numa alegoria porque fica claro que Deus compara o destino do prncipe de Tiro com um destino semelhante dado a outro ser igualmente orgulhoso que a Ele pretendeu se igualar:

11.Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:12.Filho do homem, levanta uma lamentao sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.13.Estiveste no den, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardnica, topzio, diamante, turquesa, nix, jaspe, safira, carbnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pfaros; no dia em que foste criado foram preparados.14.Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.15.Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, at que se achou iniqidade em ti.16.Na multiplicao do teu comrcio encheram o teu interior de violncia, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, querubim cobridor*, do meio das pedras afogueadas.17.Elevou-se o teu corao por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.18.Pela multido das tuas iniqidades, pela injustia do teu comrcio profanaste os teus santurios; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vem.19.Todos os que te conhecem entre os povos esto espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistir.

*Cobridor tambm traduzido porprotetorem outras verses. Querer atribuir essa passagem a Ado forar todo e qualquer entendimento razovel, seja em funo de debilidades interpretativas ou at de interesses inconfessveis com m f deliberada. Desde quando Ado era um querubim? Ado se cobria de ornamentos e de pedras preciosas ou andava nu, at ficar ciente de sua condio? E Ado era protetor do qu? Proteger no uma funo anglica? Desde quando Ado resplandecia por causa de sua sabedoria, se era inocente at consumir o fruto proibido? Ado tinha violncia no corao? Ele foi punido por cometer iniqidades ou por uma desobedincia induzida pelo prprio anjo tentador de que fala o texto? Que tipo de comrcio era praticado por Ado? A palavra comrcio tambm se refere a trato social, convivncia, alm de relaes sexuais ilcitas... No dito que osFilhos de Deusdesposaram as filhas dos homens? (Gnesis 6, 1-2) Diz o versculo 17:corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor. Que resplendor esse seno o conhecimento? Atributo que difere da sabedoria e pode levar a arrogncia. Aqueles que dizem deter o conhecimento dos mistrios no se intitulam iluminados? Existe uma ligao metafrica relacionando luz com conhecimento. Assim que a luz que se diz trazida por Lcifer humanidade a luz do conhecimento. Vimos atrs que o Glossrio Teosfico declara que Lcifer seria portador da luz daVerdade. Outra metfora. Ser oselo da medida uma qualidade que pode ser relacionada ao planeta Vnus; pois medida se refere a equilbrio, equidade, simetria e j foi dito que, astronomicamente, Vnus o planeta que possui a rbita mais perfeita ou circular. No por acaso que, na Astrologia, Vnus rege o signo de Libra ou Balana. Signo ligado beleza, a esttica, as artes, justia e preciso matemtica. Isto tudo est de acordo com a descrio de serperfeito em formosura. Aquele que vivia em resplendor foi lanado por terra e isto o que aconteceu com Lcifer-Satans. Uma nica palavra pode fazer grande diferena na interpretao de um texto. Vejamos Joo 8,44:

Vs tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princpio, e no se firmou na verdade, porque no h verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe prprio, porque mentiroso, e pai da mentira. Joo 8.44

preciso notar que o texto diz que o Diabono se firmou na verdadeao invs de nunca se firmou na verdade como j vi alguns comentarem de modo a distorcer completamente o sentido da frase. Como o texto de Isaias 14 tambm faz meno a Satans e tem sido colocado em dvida quanto aos reais protagonistas da narrativa, importante analis-lo sob igual prisma, eventualmente, acareando as distintas verses da Bblia Online, Bblia Catlica e Vulgata.

Vejamos: 4.Ento proferirs este provrbio1 contra2 o rei de babilnia, e dirs: Como3 j cessou o opressor, como j cessou a cidade dourada! 4.Cantars esta stira1 contra2 o rei de Babilnia, e dirs: Como3? No existe mais o tirano! Acabou-se a tormenta! 4.Sumes parabolam1 istam contra2 regem Babylonis et dices quomodo3 cessavit exactor quievit tributum

NOTA:1.Aquilo que a Bblia Online traduz por provrbio, que uma mxima popular ou um ditado; a Bblia Catlica (verso da Editora Ave Maria) traduz por stira, no sentido de ridicularizao ou escrnio; enquanto a Vulgata remete idia de uma parbola, reforando o sentido alegrico. Portanto, no se deve tomar os prximos versculos em seu sentido literal.2.Outra observao importante que no so os reis da Babilnia quem falam, conforme j ouvi mencionarem, mas contra o rei babilnico que falado de forma a ridiculariz-lo, escarnecendo de sua arrogncia. Esse primeiro versculo apresentado em um formato diferente nas trs verses, mas cada qual zomba, ao seu modo, da queda do rei da babilnia. A palavra dosreis da Babilnias se faz notar a partir do versculo de nmero dez.3.O advrbiocomoserve tanto para questionar a causa quanto para afirmar a maneira como o rei caiu, o que revelado atravs da continuidade da leitura.

Prossigamos:5.J quebrantou o SENHOR o basto dos mpios e o cetro dos dominadores.6.Aquele que feria aos povos com furor, com golpes incessantes, e que com ira dominava sobre as naes agora perseguido, sem que algum o possa impedir.7.J descansa, j est sossegada toda a terra; rompem cantando.8.At as faias se alegram sobre ti, e os cedros do Lbano, dizendo: Desde que tu caste ningum sobe contra ns para nos cortar.9.O inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos a todos os reis das naes10.Estes todos respondero, e te diro: Tu tambm adoeceste como ns, e foste semelhante a ns.11.J foi derrubada na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estendero, e os bichos te cobriro.

NOTA: Deus pode partir os smbolos de majestade que representam os poderosos (basto e cetro) quando bem entender, perseguindo os opressores violentos e gananciosos para pacificar a terra. Eis o motivo da queda do rei da Babilnia. O escrnio continua atravs da zombaria dos que outrora foram vtimas, metaforicamente representados por faias e cedros que no temem mais seremcortados. Do versculo oito at o nmero nove, esse sarcasmo fica ainda mais evidente. O rei da babilnia cai do trono de sua altivez e causa espanto at no inferno, despertando os prprios mortos para receb-lo, assim como chefes e monarcas que se constrangem por que o rei se revelou to mortal quantos eles prprios. No dcimo e dcimo primeiro versculo, outros soberanos do imprio manifestam o seu espanto e declaram que a primeira coisa derrubada na sepultura do rei da Babilnia foi a sua prpria soberba, o falso orgulho ou arrogncia... Mesmo assim, no se deve considerar o contedo como sendo, literalmente, a palavra dos outros reis, mas uma conjectura zombeteira do que eles diriam por assombro da tragdia que se abateu sobre o rei da Babilnia. Veremos agora aquela que me parece a passagem mais interessante e reveladora:12.Como caste desde o cu, estrela da manh, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as naes!12.Ento! Caste dos cus, astro brilhante, filho da aurora! Ento! Foste abatido por terra, tu que prostravas as naes!12.Quomodo cecidisti de caelo lucifer qui mane oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes

NOTA: Neste versculo temos mais uma alegoria servindo para estabelecer um paralelo entre duas situaes diferentes. Desta vez, entre o Anjo Cado e o rei da Babilnia. O advrbiocomotem sentido comparativo. Percebam que no se trata de uma pergunta, mas sim de uma afirmao.Como, no uso empregado pelo versculo, sugeredo mesmo modo ou jeitoousemelhantemente a algo. Ou seja, do mesmo modo que Lcifer foi derrubado do cu, assim caiu o rei que debilitava as naes. A verso catlica um tanto menos precisa, mas o advrbioentotambm possui uma conotao indicativa de tempo, significandoem tal casoounesse casoe implicando em condies ou circunstncias. Pode ainda ter a conotao conclusiva de denotar uma causa no sentido depoisoua vista disso, principalmente por ser citado de forma afirmativa. Assim, podemos dizer que em tal caso (orgulho soberba, arrogncia), Lcifer foi derrubado do cu e a vista disso (dos mesmos fatores) tambm foi abatido o rei que prostrava as naes. Quomodo a derivao latina para o advrbiocomo. Ela usada tanto para perguntar (de que modo ou de que maneira) quanto para correlacionar, ratificando a idia de comparao entre aquilo que aconteceu com o Anjo Cado e o que sucedeu ao rei da Babilnia.

Em seguida:13.E tu dizias no teu corao: Eu subirei ao cu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregao me assentarei, aos lados do norte.14.Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altssimo.

NOTA: Prossegue a comparao entre o rei e Lcifer, o qual desejou estabelecer o seu trono acima de Deus, tornando-se semelhante ao Altssimo.

Finalizando:

15.E, contudo, levado sers ao inferno, ao mais profundo do abismo.16.Os que te virem te contemplaro, considerar-te-o, e diro: este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos?17.Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que no abria a casa de seus cativos?18.Todos os reis das naes, todos eles, jazem com honra, cada um na sua morada.19.Porm tu s lanado da tua sepultura, como um renovo abominvel, como as vestes dos que foram mortos atravessados espada, como os que descem ao covil de pedras, como um cadver pisado.20.Com eles no te reunirs na sepultura; porque destruste a tua terra e mataste o teu povo; a descendncia dos malignos no ser jamais nomeada.21.Preparai a matana para os seus filhos por causa da maldade de seus pais, para que no se levantem, e nem possuam a terra, e encham a face do mundo de cidades.22.Porque me levantarei contra eles, diz o SENHOR dos Exrcitos, e extirparei de babilnia o nome, e os sobreviventes, o filho e o neto, diz o SENHOR.23.E farei dela uma possesso de ourios e a lagoas de guas; e varr-la-ei com vassoura de perdio, diz o SENHOR dos Exrcitos.

NOTA: A ode de humilhao conjura a condenao final do rei da Babilnia, falando do espanto daqueles que testemunharam o seu poder e ento assistem a sua queda. O rei desonrado ante os nobres de outras naes que souberam agir com dignidade e com os quais no se reunir em sepultura, nem prolongar o seu nome atravs da descendncia, pois sua posteridade ser exterminada. Conclui-se, portanto, que no h um nico versculo que possa ser atribudo a Ado ou que tenha sido usado para denegrir o nome do Nosso Senhor Jesus Cristo. A Vulgata uma traduo da Bblia feita por So Jernimo para o latim a pedido do Papa Damaso I, no ano 382. A palavra Lcifer tem origem romana, sem derivao no hebraico. Nela, o termo Lcifer repetido trs vezes para significar aEstrela da manhcom conotaes distintas:

et quasi meridianus fulgor consurget tibi ad vesperam et cum te consumptum putaveris orieris ut lcifer

E a tua vida mais clara se levantar do que o meio dia; ainda que haja trevas, ser como a manh. J 11,17

quomodo cecidisti de caelo lucifer qui mane oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes

Como caste desde o cu, estrela da manh, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as naes! Isaas 14,12

et habemus firmiorem propheticum sermonem cui bene facitis adtendentes quasi lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies inlucescat et lucifer oriatur in cordibus vestris

E temos, mui firme, a palavra dos profetas, qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, at que o dia amanhea, e a estrela da alva aparea em vossos coraes. II Pedro 1,19

Mas uma vez entendido que Lcifer tem um significado muito mais amplo do que apenas uma referncia aos tempos gloriosos de Satans, antes de sua queda, quando ele ainda era um exemplo de formosura, essas citaes tornam-se plenamente compreensveis e livres de falsas contradies.

CONSIDERAES FINAIS

um fato pblico e notrio que os satanistas desprezam Jesus e louvam a rebeldia do Anjo Cado. A luz de Lcifer irradiada pelo conhecimento ocultista das escolas de mistrios que pretende conduzir a um estado de iluminao ou hiperconscincia. J a luz de Jesus a revelao do caminho que redime nossa alma de todos os pecados e conduz presena do Pai Celestial. Os seguidores de Lcifer desejam ser como deuses para realizar os seus prprios desejos. Os seguidores de Jesus querem seguir o seu exemplo de amor e desapego para realizar a vontade de Deus Pai Criador. Portanto, se nomes podem ser usados para causar confuso, basta conhecer os frutos da rvore para desfazer qualquer engano: Entrai pela porta estreita; porque larga a porta, e espaoso o caminho que conduz perdio, e muitos so os que entram por ela. E porque estreita a porta, e apertado o caminho que leva vida, e poucos h que a encontrem. Acautelai-vos, porm, dos falsos profetas, que vm at vs vestidos como ovelhas, mas, interiormente, so lobos devoradores. No pode a rvore boa dar maus frutos; nem a rvore m dar frutos bons. Toda a rvore que no d bom fruto corta-se e lana-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. O famigerado pentagrama invertido, com a ponta voltada para baixo sugere queda ou precipitao. Ele remete idia de uma estrela cadente e nos querem fazer crer que Lcifer desceu ao mundo dos homens para trazer conhecimento e nos libertar das trevas da ignorncia. Porm, algum ir acreditar que foi o prprio planeta Vnus que caiu? Claro que no! Quem caiu foi um Anjo cuja beleza resplandecente ainda est associada ao segundo planeta do sistema solar. Assim, importante aprender a distinguir os significantes (neste caso, Vnus) dos significados (no caso, Lcifer), pois um mesmo smbolo pode ter suficiente neutralidade e versatilidade para que lhe sejam atribudos variados tipos de associaes. Voltando ao Apocalipse 22,16:Estrela Matutinano um nome prprio e nem um ttulo concreto, mas uma metfora! Tambm convm entender que uma metfora indica semelhana e no a prpria identidade daquele a quem se aplica, pois, principalmente por falarmos de Jesus, no devemos incorrer no erro de confundir o Criador com a criatura. Jesus no aEstrela dAlvaou o planeta Vnus em si, fisicamente falando. O versculo tambm no d margens Astrolatria que o antigo culto aos corpos celestes. Diferentemente, Jesus est sugerindo uma associao alegrica que correlaciona o seu papel para a humanidade com a natureza astronmica do planeta Vnus. Assim, Satans pode ter sido comparvel Estrela DAlva, algum dia. Dissoresulta sua alcunha ou ttulo simblico de Lcifer, mas que, aps a sua queda, refere-se ao seu passado angelical e no ao seu presente diablico. A verdadeira Estrela Radiante da Manh Jesus, porm, jamais deveramos cham-lo de Lcifer, pois, em nossos tempos, isto faz parte do engano que vem sendo popularizado para confundir o Nosso Salvador com o nosso Adversrio! Que o Divino Esprito Santo ilumine o nosso entendimento, nos conduza pelos caminhos da verdade e nos mostre as armadilhas do caluniador.

Autor:Compilado - Diversos