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LUCIELLEN EICH
VALIDAÇÃO DO DOSEAMENTO DO EXTRATO SECO DE PASSIFLORA INCARNATA 3,5% CALCULADO COMO
FLAVONÓIDES TOTAIS EXPRESSO EM VITEXINA POR ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO UV-VISÍVEL
CANOAS, 2011
LUCIELLEN EICH
VALIDAÇÃO DO DOSEAMENTO DO EXTRATO SECO DE PASSIFLORA INCARNATA 3,5% CALCULADO COMO
FLAVONÓIDES TOTAIS EXPRESSO EM VITEXINA POR ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO UV-VISÍVEL
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Química, do Centro Universitário La Salle - UNILASALLE, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Química.
Orientação: Profª. Me. Adriana Lopes Barros
CANOAS, 2011
LUCIELLEN EICH
VALIDAÇÃO DO DOSEAMENTO DO EXTRATO SECO DE PASSIFLORA INCARNATA 3,5% CALCULADO COMO
FLAVONÓIDES TOTAIS EXPRESSO EM VITEXINA POR ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO UV-VISÍVEL
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Química pelo Centro Universitário La Salle - Unilasalle.
Aprovado pelo avaliador em 11 de julho 2011.
Profª. Me. Adriana Lopes Barros
Unilasalle
Dedico este trabalho ao meu marido Anderson pela dedicação, amor e paciência e ao meu filho Nicolas pela compreensão da ausência. Amo muito vocês!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me concedido o dom da vida.
Aos meus pais, José Mauro e Neli, pelo amor incondicional e por acreditarem
na minha escolha.
Ao meu marido Anderson, pelo apoio, paciência, carinho, amor e incentivo.
Ao meu filho Nicolas, por compreender as minhas ausências.
Aos amigos, por estarem sempre ao meu lado.
A empresa, que permitiu este estudo.
A professora Beth Horn pelas leituras de meu trabalho.
A professora Adriana Barros pela dedicação e orientação para que eu
pudesse concluir esta monografia.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste sonho.
Muito obrigada!
RESUMO
O Extrato Seco de Passiflora Incarnata tem como seu principio ativo a vitexina, uma
substância do grupo dos flavonóides heterosídeos. Essa substância é extraida das
folhas da planta trepadeira do maracujá, possuindo propriedades farmacêuticas
sedativas, conhecidas popularmente há muitos anos.
O trabalho realizado consiste na validação da metodologia analítica para a matéria-
prima utilizada em um determinado medicamento fitoterápico, onde foram realizadas
análises de especificidade/seletividade, linearidade, exatidão, precisão e robustez,
cada uma com sua determinada especificação conforme a Resolução (RE) 899 de
2003, utilizando padrão de referência com o extrato da planta.
Palavras chaves: passiflora incarnata, vitexina, validação, metodologia analítica.
ABSTRACT
The Passion Flower Dry Extract has as its active ingredient vitexin, a substance from
the group of flavonoids heterosides. This substance is extracted from the leaves of
passion fruit vine, having sedative drug properties, popularly known for many years.
The work is the validation of analytical methodology for the raw material used in a
particular herbal medicine, which was analyzed for specificity/selectivity, linearity,
accuracy, precision and robustness, each with its particular specification in
accordance with Resolution (RE) 899 2003, using a benchmark with the plant extract.
Keywords: Passion Flower, vitexin, validation, analytical methodology.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 11
2.1 Validação ....................................................................................................... 11
2.2 Flavonóides .................................................................................................. 13
2.2.1 Vitexina ........................................................................................................ 15
2.2.2 Maracujá ...................................................................................................... 16
2.2.3 Extrato Seco de Passiflora Incarnata .......................................................... 17
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 18
3.1 Métodos normalizados ................................................................................. 18
3.2 Métodos não normalizados ......................................................................... 18
3.3 Parâmetros de validação ............................................................................. 19
3.3.1 Especificidade/Seletividade ......................................................................... 20
3.3.2 Linearidade e Intervalo ................................................................................ 20
3.3.3 Exatidão ...................................................................................................... 21
3.3.4 Precisão ...................................................................................................... 22
3.3.4.1 Repetibilidade ........................................................................................... 22
3.3.4.2 Precisão Intermediária (Intercorridas) ...................................................... 23
3.3.5 Robustez ..................................................................................................... 23
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 24
4.1 Reagentes e equipamentos utilizados ........................................................ 24
4.2 Preparo da amostra ...................................................................................... 25
5 RESULTADOS .................................................................................................. 27
5.1 Discussão dos resultados da validação do método analítico .................. 29
5.1.1 Especificidade/Seletividade ......................................................................... 29
5.1.2 Linearidade e Intervalo ................................................................................ 31
5.1.3 Exatidão ...................................................................................................... 33
5.1.4 Precisão ...................................................................................................... 34
5.1.4.1 Repetibilidade ........................................................................................... 34
5.1.4.2 Precisão Intermediária (Intercorridas) ...................................................... 35
5.1.5 Robustez ..................................................................................................... 36
6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 40
9
1 INTRODUÇÃO
O Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5% é uma matéria-prima, composta
pela passiflora incarnata L. e determinados excipientes, adquirida por empresas
farmacêuticas para a fabricação de medicamentos fitoterápicos. A metodologia
farmacopéica existente para a realização do doseamento do principio ativo, é
adequada apenas para o extrato vegetal (planta) e não para extratos secos. Devido
a não existir metodologia para a quantificação da matéria-prima em questão, houve
a necessidade de uma validação de metodologia.
Validação de uma metodologia analítica é a atividade de identificar se um
método é adequado ao uso pretendido. O objetivo deste trabalho é reproduzir os
conceitos mínimos necessários para validar a metodologia do Extrato Seco de
Passiflora Incarnata 3,5%, apresentando a sistemática de validação de método
analítico não normalizado segundo a Resolução (RE) 899 de 2003.
De acordo com a RE 899 de 2003, o procedimento de validação para
métodos analíticos e bioanalíticos por espectrofotometria por absorção no
ultravioleta e visível deve apresentar os seguintes parâmetros:
especificidade/seletividade, linearidade, exatidão, precisão (repetibilidade e precisão
intermediária) e robustez.
As atividades realizadas contemplaram desde o desenvolvimento teórico,
envolvendo a revisão bibliográfica e planejamento de experimentos, até a execução
dos testes em laboratório.
Segundo Santos (2007), medição em análises químicas quer sejam para o
controle da qualidade de processos e produtos, quer sejam destinadas ao
acompanhamento de trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, quando
consideradas "erradas" ou não suficientemente confiáveis, podem representar
grande desperdício de tempo e dinheiro.
Conforme Barros (2002), validação de métodos analíticos não normalizados
deve ser efetuada após seleção, desenvolvimento e otimização dos métodos. Leite
(2002) define que validar é estar com o objetivo voltado para a confiabilidade
analítica do laboratório e do método desenvolvido para se obter o resultado
desejado. É importante lembrar que não existe modelo pronto para sistemas de
10
validação, portanto devem-se fazer adaptações, adequando as recomendações às
suas necessidades (SANTOS, 2007).
11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste segmento serão abordados temas referentes à validação e sua
importância de aplicabilidade, os flavonóides, a vitexina, o grupo flavônico e a planta
da qual essa substância é extraída.
2.1 Validação
Para garantir que um novo método analítico gere informações confiáveis e
interpretáveis sobre a amostra, ele deve sofrer uma avaliação denominado
validação. A validação de um método é um processo contínuo que começa no
planejamento da estratégia analítica e continua ao longo de todo o seu
desenvolvimento e transferência (RIBANI, 2004).
Validar em análise química é estar com o objetivo voltado para a
confiabilidade do laboratório e do método escolhido ou desenvolvido para obter o
resultado. Antes da validação deve-se aprimorar o método, diminuindo o tempo de
análise e consumo de reagentes, ou seja, obter um menor esforço e uma maior
satisfação (LEITE, 2002).
É fundamental que os laboratórios disponham de meios e critérios objetivos
para demonstrar, através da validação, que os métodos de ensaio que executam
conduzem a resultados confiáveis e adequados à qualidade pretendida. Se um
método existente for modificado para atender aos requisitos específicos, ou um
método totalmente novo for desenvolvido, o laboratório deve se assegurar de que as
características de desempenho do método atendem aos requisitos das operações
analíticas pretendidas (DOQ-CGCRE-008, 2003).
Validar significa ser uma equipe honesta com vontade de aprender, o
profissional deverá ter formação para cumprir com as Boas Práticas de Laboratório
(BPL), deverá ter conhecimentos sobre a análise em questão, para que possa
reduzir o custo analítico, reduzir limites de sensibilidade, discutir e justificar os
resultados obtidos com bases químicas, físicas e estatísticas (LEITE, 2002).
12
Validar é a comprovação, através do fornecimento de evidência objetiva, de
que os requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram
atendidos (ANVISA, 2005; BERNARDES, 2011; FREITAS, 2006; REBLAS, 2002).
Validação de metodologia analítica é o processo pelo qual se estabelece,
através de estudos laboratoriais, que as características de desempenho do método,
também denominadas parâmetros de validação, apresentam os requisitos para a
aplicação analítica pretendida (USP 33).
Validação é o processo de definir uma exigência analítica e confirmar que o
método sob investigação tem capacidade de desempenho consistente com o que a
aplicação requer (RIBANI, 2004).
O objetivo de uma validação é demonstrar que o método é apropriado para a
finalidade, ou seja, a determinação qualitativa, semiquantitava e/ou quantitativa de
fármacos e outras substâncias (RE 899, 2003).
A determinação das características de desempenho do método é somente
uma parte do processo e os critérios de aceitação são baseados no uso intencional
do método (BARROS, 2002).
Para se ter certeza que um método é confiável do ponto de vista analítico,
deve-se observar alguns critérios mínimos, tais como:
a) Conhecer a substância a ser analisada;
b) Conhecer a amostra que contém a substância a ser analisada;
c) Conhecer o melhor sinal analítico da substância a ser analisada;
d) Definir amostragem e preservação;
e) Definir as condições analíticas;
f) Seletividade ou especificidade da substância a ser analisada na amostra
em questão;
g) Coeficiente de recuperação;
h) Linearidade;
i) Precisão e exatidão;
j) Limites;
k) Cálculos e expressões de resultados;
l) Robustez.
13
2.2 Flavonóides
Os flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e
diversificados dentre os produtos de origem natural. Essa classe de compostos é
amplamente distribuída no reino vegetal (SIMÕES, 2004).
Podem-se encontrar flavonóides em diversas formas estruturais. Entretanto, a
maioria dos representantes dessa classe possui 15 átomos de carbono em seu
núcleo fundamental, constituído de duas fenilas ligadas por uma cadeia de três
carbonos entre elas. Nos compostos tricíclicos, as unidades são chamadas núcleos
A, B e C e os átomos de carbono recebem numeração com números ordinários para
os núcleos A e C e os mesmos números seguidos de uma linha (‘) para o núcleo B
(SIMÕES, 2004).
Figura 1 - Núcleo fundamental dos flavonóides e sua numeração Fonte: SIMÕES, 2004, p. 580.
Diversas funções são atribuídas aos flavonóides nas plantas. Dentre elas
podem-se citar:
a) Proteção dos vegetais contra a incidência de raios ultravioleta e visível,
além de proteção contra insetos, fungos, vírus e bactérias;
b) Atração de animais com finalidade de polinização;
c) Antioxidantes;
d) Controle da ação de hormônios vegetais;
e) Agentes alelopáticos;
14
f) Inibidores de enzimas.
A grande abundância e diversidade dos flavonóides sugerem que eles sejam
importantes para as plantas, contudo não está claro que também o sejam para o
homem. De fato, pode-se inferir que os seres humanos ingerem diariamente muitas
gramas de flavonóides, encontrados nas frutas e em muitas outras espécies
vegetais, no vinho, em cereais e ocasionalmente em corantes alimentares.
Entretanto, não há comprovação evidente de que esses metabólitos sejam
imprescindíveis à alimentação humana (SIMÕES, 2004).
O emprego terapêutico de plantas contendo flavonóides é vasto e, em muitos
casos, ainda empírico. Embora alguns resultados tenham mostrado que os
flavonóides possam apresentar efeito mutagênico, em geral, são considerados como
benéficos. Alguns medicamentos, em particular para o tratamento de doenças
circulatórias, hipertensão e agindo como cofator da vitamina C, são elaborados a
partir de flavonóides. Outras pesquisas sugerem que alguns flavonóides são
responsáveis por ação antitumoral considerável, podendo ainda agir como antivirais,
anti-hemorrágicos, hormonais, anti-inflamatórios, antimicrobianos e antioxidantes
(SIMÕES, 2004).
Os flavonóides, normalmente, não são considerados substâncias tóxicas e
várias especialidades farmacêuticas os descrevem como isentos de toxidade
(SIMÕES, 2004).
Os flavonóides podem ser divididos nas seguintes classes, como mostra a
Tabela 1.
15
Tabela 1 - Classes de flavonóides e algumas características conhecidas
Classes Número aproximado
de estruturas conhecidas
Características
Flavonas, flavonóis e seus O-
heterosídeos 1660
co-pigmentação em flores, protetores contra raios UV nas
folhas C-heterosídeos 303
Antocianos 256 pigmentação do vermelho até o
azul Chalconas 197 pigmentação amarela Auronas 29 pigmentação amarela
Di-hidro-flavonóis 110 estão presentes
frequentemente em tecidos de madeira
Flavanonas 319 podem apresentar sabor amargo
Di-hidro-chalconas 71 podem apresentar sabor amargo
Flavanas, leucoantocianidinas e proantocianidinas
309 substâncias adstringentes com
propriedades tanantes
Isoflavonóides 630 propriedades estrôgenicas e/ou antifúgicas
Neoflavonóides 70 Biflavonóides 134 propriedades antifúgicas
Outras estruturas 100 Fonte: SIMÕES, 2004, p. 580
2.2.1 Vitexina
A vitexina pode ser classificada como um flavonóide C-heterosídeo, sendo
que a principal característica química desse grupo é a resistência à hidrólise ácida. É
geralmente solúvel em água e em alcoóis diluídos, mas insolúvel nos solventes
orgânicos habituais (SIMÕES, 2004).
A vitexina atua no sistema nervoso central, possuindo propriedades sedativas.
A molécula da vitexina está expressa na Figura 2.
16
Figura 2 - Molécula de Vitexina Fonte: Certificado de padrão primário USP, 2009.
A vitexina é extraída das folhas do maracujá, e para sua extração utilizam-se
geralmente solventes com polaridade crescente. A primeira extração, com solvente
apolar, retira óleos, gorduras, esteróis e pigmentos, facilita a extração posterior dos
flavonóides. O uso da água quente visa a extrair os heterosídeos mais polares
(SIMÕES, 2004).
2.2.2 Maracujá
O maracujá tem a seguinte caracterização botânica:
a) Nome cientifico: Passiflora alata Curtis e Passiflora edulis Sims
b) Família botânica: Passifloraceae
As partes utilizadas do maracujá são as folhas, as folhas secas são
empregadas como sedativo, embora as substâncias químicas responsáveis por essa
atividade não sejam conhecidos com clareza. Dessa forma, emprega-se o total dos
constituintes das folhas do vegetal. Diversas espécies são conhecidas em todo o
Brasil, sendo Passiflora edulis sims e Passiflora alata curtis as mais cultivadas. Nas
farmacopeias da Europa encontra-se a nomenclatura de Passiflora Incarnata, já que
não existem monografias desse extrato na farmacopéia Brasileira (SIMÕES, 2004).
17
2.2.3 Extrato Seco de Passiflora Incarnata
A passiflora (Passiflora Incarnata) é uma planta cultivada em regiões tropicais
e subtropicais. Usa-se a parte aérea seca ou fresca (RIBEIRO, 2000).
. Nomenclatura botânica Passiflora incarnata L. Nome popular Maracujá, Passiflora Parte usada Partes aéreas Padronização/Marcador Flavonóides totais expressos em vitexina Derivado de droga vegetal Extratos/tintura Indicações/Ações terapêuticas Ansiolítico leve
Dose Diária 20 a 64 mg de flavonóides totais expressos em vitexina
Via de Administração Oral Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Quadro 1- Classificação do Extrato Seco de Passiflora Incarnata Fonte: ANVISA, 2008, L. 22
18
3 METODOLOGIA
Neste segmento serão abordados os temas referentes aos métodos
normalizados e não normalizados, quando deve ocorrer uma validação de
metodologia analítica e quais os principais parâmetros realizados na validação de
fitoterápicos conforme a RE 899 de 2003.
3.1 Métodos normalizados
São aqueles desenvolvidos por um organismo de normalização ou outras
organizações, aceitos pelo setor técnico em questão (DOQ-CGCRE-008, 2003).
3.2 Métodos não normalizados
São aqueles desenvolvidos pelo próprio laboratório ou outras partes, ou
adaptados a partir de métodos normalizados e validados (DOQ-CGCRE-008, 2003).
O processo de validação de um método não normalizado deve estar descrito
em um procedimento, e os estudos para determinar os parâmetros de desempenho
devem ser realizados com equipamentos e instrumentos dentro das especificações,
funcionando corretamente, adequadamente calibrados e validados. Da mesma
forma, o operador que realiza os estudos deve ser competente na área de estudo e
precisa ter conhecimento suficiente sobre o trabalho e ser capaz de tomar as
decisões apropriadas durante a realização do estudo (DOQ-CGCRE-008, 2003).
O Laboratório deve validar os métodos não normalizados, métodos
desenvolvidos pelo próprio laboratório, métodos normalizados usados fora dos
escopos para os quais foram concebidos, ampliações e modificações de métodos
normalizados, com o objetivo de confirmar que eles são apropriados para o uso
pretendido. O laboratório deve registrar os resultados obtidos em um procedimento
utilizado para a validação (REBLAS, 2002).
19
A validação deve ser considerada quando se desenvolvem ou efetuam
adaptações em metodologias já validadas, inclusão de novas técnicas ou uso de
diferentes equipamentos (BRITO, 2003).
Toda metodologia analítica não descrita em farmacopeias ou formulários
oficiais, devidamente reconhecidos pela ANVISA, deverá ser validada.
3.3 Parâmetros de validação
Os parâmetros que devem ser avaliados durante a validação de metodologia
analítica para testes quantitativos do princípio ativo em produtos farmacêuticos ou
matérias-primas são (RE 899, 2003):
a) especificidade/seletividade;
b) linearidade e intervalo;
c) exatidão;
d) precisão (repetibilidade e precisão intermediária);
e) robustez.
Para a garantia da qualidade analítica dos resultados, todos os equipamentos
utilizados na validação, assim como as vidrarias, deverão estar devidamente
calibrados e os analistas devem ser qualificados e adequadamente treinados (RDC
17, 2010).
A calibração e verificação de equipamentos, instrumentos e outros aparelhos
utilizados devem ser realizados em intervalos regulares, sendo etiquetados,
codificados ou de alguma forma identificados para indicar o status de calibração e a
data da próxima recalibração (RDC 17, 2010).
A validação e a qualificação são essencialmente componentes do mesmo
conceito. O termo qualificação é normalmente utilizado para equipamentos,
utilidades e sistemas, enquanto validação é aplicada a processos. A qualificação
constitui-se uma parte do processo (RDC 17, 2010).
20
3.3.1 Especificidade/Seletividade
É a capacidade que o método possui de medir exatamente um composto em
presença de outros componentes tais como impurezas, produtos de degradação e
componentes da matriz (BRITO, 2003; RE 899, 2003; BARROS, 2002).
A seletividade garante que o pico de resposta seja exclusivamente do
composto de interesse. Se a seletividade não for assegurada, a linearidade, a
exatidão e a precisão estarão seriamente comprometidas (RIBANI, 2004).
A especificidade/seletividade é avaliada a partir da análise do branco e do teor
total encontrado no extrato, totalizando 100% do ativo. O branco preparado deve ser
comparado ao padrão de referência utilizado e não deve apresentar nenhuma
absorvância no comprimento de onda do ativo em estudo (RE 899, 2003).
Segundo “Orientações sobre Controle de qualidade de extratos vegetais e
fototerápicos”, como a metodologia empregada consiste em espectrofotometria para
quantificação de flavonóides totais expressos em vitexina, um extrato devidamente
qualificado deverá ser utilizado como padrão de referência e, este extrato, deverá
ser padronizado por uma farmacopeia oficialmente reconhecida.
Padrão primário ou padrão de referência é a substância analítica conhecida e
confiável, proveniente de uma síntese ou de purificação de compostos técnicos. Seu
grau de pureza, sua estabilidade e sua procedência são conhecidos resultando num
certificado de qualidade (LEITE, 2002).
3.3.2 Linearidade e Intervalo
Linearidade é a capacidade de uma metodologia analítica demonstrar que os
resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração do analito da
amostra, dentro de um intervalo especificado (BORGES, 2006; BRITO, 2003;
FREITAS, 2006; NUNES, 2005; RE 899, 2003).
Linearidade é a habilidade do método analítico de produzir resultados que são
diretamente, ou por uma transformação matemática bem definida, proporcionais à
21
concentração do analito, dentro de uma determinada faixa de aplicação (BARROS,
2002; RIBANI, 2004).
Recomenda-se que a linearidade seja determinada pela análise de, no mínimo
cinco concentrações diferentes, conforme aplicação desejada. De acordo com as
“Orientações sobre Controle de Qualidade de Extratos Vegetais Fitoterápicos”
dispostas no site da ANVISA, os resultados da validação da metodologia analítica
para fitoterápicos podem seguir os níveis de aceitação estipulados pela RE 899 de
2003, para métodos bioanalíticos. Sendo assim, se aceita um coeficiente de
correlação linear (r) superior a 0,98.
O coeficiente de correlação (R) reflete a dispersão média dos valores
individuais do sinal analítico das amostras de calibração em torno da curva de
calibração e em torno da curva de regressão teórica (Orientações sobre Controle de
Qualidade de Extratos Vegetais Fitoterápicos).
3.3.3 Exatidão
Exatidão é o parâmetro analítico que avalia a proximidade dos resultados
obtidos pelo método em estudo em relação ao valor verdadeiro, através da análise
de uma amostra na qual se tem uma quantidade conhecida do ativo (NUNES, 2005;
RE 899, 2003).
Representa o grau de concordância entre os resultados individuais
encontrados em um determinado ensaio e um valor de referência aceito como
verdadeiro (FREITAS, 2006; RIBANI, 2004).
A exatidão do método deverá ser determinada após o estabelecimento da
linearidade, do intervalo linear e da seletividade/especificidade do mesmo, sendo
verificada a partir de, no mínimo, nove determinações contemplando o intervalo
linear do procedimento, em triplicata (RE 899, 2003).
A exatidão deverá ser expressa através da relação entre a concentração
média determinada experimentalmente e a concentração teórica da amostra, como
mostra a equação (1):
22
Exatidão = Concentração média experimental x 100 (1)
Concentração teórica
Os resultados de recuperação deverão estar dentro de um intervalo de 90% a
110% e o desvio padrão relativo entre as amostras deverá ser menor que 5%. (RE
899, 2003)
3.3.4 Precisão
É a avaliação da proximidade dos resultados obtidos em uma série de
medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. Pode ser
considerada por: repetibilidade (intracorrida) e precisão intermediária (intercorridas)
(NUNES, 2005; RE 899, 2003).
A precisão é expressa como desvio padrão relativo ou coeficiente de variação.
O valor máximo aceitável deve ser definido de acordo com a metodologia
empregada, a concentração do analito na amostra, o tipo de matriz e a finalidade do
método, não se admitindo valores superiores a 5% (RE 899, 2003).
3.3.4.1 Repetibilidade
A repetibilidade é a concordância entre os resultados obtidos dentro de um
curto período de tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação (BRITO,
2003; NUNES, 2005; RIBANI, 2004; RE 899, 2003).
Este parâmetro será verificado por, no mínimo, nove determinações,
contemplando o intervalo linear do método, ou seja, três concentrações (baixa,
média e alta), com três réplicas cada, ou um mínimo de seis determinações a 100%
da concentração alvo.
23
3.3.4.2 Precisão Intermediária (intercorridas)
A precisão intermediária é a concordância entre os resultados do mesmo
laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou
equipamentos diferentes (BRITO, 2003; NUNES, 2005; RIBANI, 2004; RE 899,
2003).
A precisão intermediária é reconhecida como a mais representativa da
variabilidade dos resultados em um único laboratório e, como tal, mais aconselhável
a ser adotada. O objetivo da validação da precisão intermediária é verificar que no
mesmo laboratório o método fornecerá os mesmos resultados (RIBANI, 2004).
Para isto, a amostra deverá ser analisada, no mínimo, em dois dias diferentes
com analistas diferentes.
3.3.5 Robustez
A robustez de um método analítico é a medida de sua capacidade em resistir
a pequenas e deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica confiança
durante o uso normal. Constatando-se a susceptibilidade do método a variações nas
condições analíticas, estas deverão ser controladas e precauções devem ser
incluídas no procedimento (BORGES, 2006; RE 899, 2003; LASMAR, 2007;
NUNES, 2005).
Os testes de robustez, em geral, servem para indicar os fatores que podem
influenciar, significantemente, a resposta do método estudado. Tal fato fornece a
dimensão do problema que ocorre quando o método é repetido em diferentes
condições ou é transferido, por exemplo, para outro laboratório (BRITO, 2003).
Para a avaliação da robustez, deverão ser estudadas as variações dos
parâmetros analíticos críticos para a técnica de análise na rotina do Controle de
Qualidade, considerando-se como aceitável a manutenção dos valores de
recuperação na faixa de 90 a 110% com Desvio Padrão Relativo (DPR) entre as
triplicatas abaixo de 5% (RE 899, 2003).
24
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste segmento serão citados os reagentes e os equipamentos utilizados na
validação, assim como a metodologia analítica empregada na determinação do teor
do Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%.
4.1 Reagentes e equipamentos utilizados
a) Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%
b) Padrão de referência USP de vitexina Lote LOT G01046
c) Ácido Oxálico P.A. Nuclear
d) Ácido Bórico P.A. Dinâmica
e) Ácido Fórmico 98-100% P.A. Merck
f) Álcool Metílico P.A. Nuclear
g) Ácido Acético Glacial P.A. Nuclear
h) Álcool Etílico Absoluto P.A. Merck
i) Balança analítica Shimadzu modelo AY220
j) Agitador magnético Quimis modelo Q-261-22
k) Banho termostático modelo 550
l) Rota à vapor Fisaton modelo 802
m) Bomba à vácuo Tecnal modelo TE-058
n) Espectrofotômetro Ultra violeta e Visível Shimadzu modelo UV-1700
o) Ultrassom Unique modelo USC-2800 A
p) Purificador de água Milli-QPlus
q) Reagente de cor: para o reagente de cor foi preparada uma solução
contendo 25 g de Ácido Bórico (H3BO3) e 20 g de Ácido Oxálico
dihidratado (C2H2O4.2H2O) em 1 L de Ácido Fórmico (CH2O2).
r) Solução de Ácido Acético (C2H4O2) em Metanol (CH3OH) 100:10
s) Solução de Etanol 60% (C2H5OH).
25
4.2 Preparo da amostra
Para o preparo da amostra foram pesados 100 mg do extrato seco de
Passiflora Incarnata 3,5% em um erlenmeyer de 250 mL esmirilhado, adicionando 16
mL de água purificada para solubilização da amostra e 24 mL de álcool etílico. Após,
o erlenmeyer contendo a amostra foi colocado em banho de ultrassom por 5
minutos. Em seguida o erlenmeyer foi acoplado em condensador de refluxo e
aquecido a 60°C com agitação magnética por 30 minut os. Depois de transcorrido o
tempo, a amostra foi filtrada por algodão para balão volumétrico calibrado de 100
mL, apertando-se o algodão com bastão de vidro contra o funil para retirar todo o
líquido. O algodão da filtragem foi colocado no erlenmeyer da primeira extração, e
foram adicionados 40 mL de solução de etanol 60%, acoplado novamente ao
condensador de refluxo com aquecimento de 60°C e ag itação magnética por 10
minutos. Transcorrido o tempo, filtrou-se por filtro quantitativo para o mesmo balão
volumétrico calibrado, retirando-se o algodão do erlenmeyer e apertando-se com
bastão de vidro contra o funil para retirar o liquido. O erlenmeyer foi lavado com
solução de etanol 60%, o líquido foi transferido para o funil, filtrando a solução para
o balão volumétrico calibrado e completado o volume a 100 mL com a solução de
álcool etílico 60%, a solução resultando foi denominada de solução mãe.
Com o auxilio de uma pipeta volumétrica calibrada, foi transferida uma
alíquota de 5 mL da solução mãe para um balão de fundo redondo de 250 mL
esmirilhado e a amostra evaporada em rota à vapor em uma temperatura de 60°C. O
resíduo foi ressuspendido, utilizando pipetas volumétricas calibradas, com 10 mL de
solução de ácido acético em metanol, 10 mL de ácido fórmico e 5 mL de ácido
acético glacial, transferidos para balão volumétrico calibrado de 25 mL. O volume foi
completado com ácido acético glacial, a solução resultante foi chamada de solução
de compensação ou branco.
Com o auxilio de uma pipeta volumétrica calibrada, foi transferida uma
alíquota de 5 mL da solução mãe para um balão de fundo redondo de 250 mL
esmirilhado e a amostra evaporada em rota à vapor em uma temperatura de 60°C. O
resíduo foi ressuspendido, utilizando pipetas volumétricas calibradas, com 10 mL de
solução de ácido acético em metanol com a solução sendo transferida para balão
volumétrico calibrado de 25 mL. O balão de fundo redondo foi lavado com 5 mL de
26
ácido acético glacial e o líquido transferido para o mesmo balão volumétrico
calibrado. Após, foram adicionados 10 mL do reagente de cor no balão volumétrico
de 25 mL. O volume foi completado com ácido acético glacial, obtendo-se assim a
solução teste ou solução amostra.
Após 30 minutos as amostras foram lidas em espectrofotômetro em uma
absorvância de 401 nm, utilizando a solução de compensação como branco.
Ambas as soluções, amostra e branco, foram preparadas com o máximo
cuidado, devido ao branco interferir no espectro obtido com a solução amostra.
27
5 RESULTADOS
A comprovação, através do fornecimento de evidência objetiva, de que os
requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram atendidos é
uma forma de demonstrar que o método é adequado ao uso (NBR ISO 9000). Leite
(2002) afirma que comparar resultados faz parte do dia-a-dia do químico analítico,
garantir que resultados diferentes são comparáveis e que a precisão de ambos é
coerente é sempre uma decisão a ser tomada pelo grupo da confiabilidade.
Geralmente o objetivo final de cada pesquisa ou a análise científica é
identificar relações entre variáveis. Assim, o avanço da ciência deve sempre
empenhar-se encontrar relações consistente entre técnicas disponíveis para facilitar
as atividades diárias. Alguns testes são considerados adequados no apoio a esta
tomada de decisão e utilizam-se da análise de variância para isso. De forma geral, a
finalidade da análise de variância é testar diferenças significativas entre os métodos
comparados, cujo objetivo principal é testar e analisar as variações entre esses
(SANTOS, 2007).
Para os cálculos dos resultados, apresentados nas Tabelas 02 a 07, para o
Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%, foi utilizado o raciocínio exposto abaixo:
a) Como a amostra foi diluída para 100 mL com solvente e 5 mL dessa
diluição foram utilizados na reação com o reagente de cor em um balão
volumétrico de 25 mL, o resultado final expresso em mg de flavonóides
totais calculados como vitexina por 100 mg de extrato seco (% p/p), é
exposto na equação (2):
Absorvância específica do padrão (628) → 0,01 g.mL-1 (Concentração do Padrão)
Absorvância da amostra → X (g.mL-1) = 628
01,0)( xamAbs (2)
A absorvância específica de vitexina na concentração de 0,01 g.mL-1 é de 628
(Farmacopéia Européia).
b) Como a amostra foi diluída para 100 mL de solvente, temos a equação (3):
28
1 mL → 628
01,0)( xamAbs
100 mL → 628
10001,0)( xxamAbs
(3)
c) Como foram utilizados 5 mL da amostra na reação com o reagente de cor,
equação (4):
1 mL (tomada de amostra) → Concentração da amostra 628
10001,0)( xxamAbs
5 mL (tomada de amostra) → Y (g na T.A.) = 5628
10001,0)(
x
xxamAbs (4)
d) Diluindo para balão volumétrico de 25 mL, tem-se a equação (5):
1 mL (tomada de amostra) → Concentração da amostra 5628
10001,0)(
x
xxamAbs
25 mL de solução de leitura → Y (g na T.A.) = 5628
2510001,0)(
x
xxxamAbs (5)
e) Considerando a tomada de amostra inicial temos a equação (6):
Massa da amostra (g).......................... 5628
2510001,0)(
x
xxxamAbs
100 g .................................................. Z (g/100g) = 5628
1002510001,0)(
x
xxxxamAbs (6)
f) Sendo assim, a equação final (7) será:
29
% de flavonóides totais calculados como vitexina = )(628
500)(
gxm
xamAbs (7)
Onde:
Abs(am) = absorvância da amostra
500 = resultado das diluições do processo
628 = absorvância específica de vitexina em 401 nm a 0,01 g.mL-1
m = massa da amostra (g)
No doseamento do lote utilizado no processo de validação, o teor de vitexina
encontrado foi de 3,81%. A faixa de doseamento especifica para este extrato é de
3,5 a 3,9%.
5.1 Discussão dos resultados da validação do método analítico
5.1.1 Seletividade/Especificidade
Para avaliar a seletividade/especificidade, foi realizada análise espectral do
extrato seco e do padrão de referência de vitexina, o que contribui para assegurar
que os compostos presentes na amostra apresentam perfil espectral semelhante ao
padrão, ou seja, são da mesma classe química do padrão. Os perfis espectrais
foram obtidos a partir do padrão e de uma amostra preparada a 100%, conforme
mostra a Figura 3.
30
PADRÃO AMOSTRA
Figura 3 - Perfil espectral do Padrão de Vitexina x Amostra Fonte: Relatório de absorção do equipamento de espectrofotometria de UV-Vís, 2010.
Os espectros de absorção apresentados na Figura 3 confrontam o perfil de
absorção da amostra e do padrão USP de vitexina. Pode-se notar que o composto
de interesse está presente na amostra, e que o perfil espectral da amostra
corresponde com o perfil espectral do padrão USP de vitexina, ambos absorvendo
em 401 nm, apontando a seletividade do método em quantificar, de fato, a
substância de interesse.
31
BRANCO PADRÃO
Figura 4 - Perfil espectral do Branco x Padrão de Vitexina Fonte: Relatório de absorção do equipamento de espectrofotometria de UV-Vís, 2010.
Observou-se comparando os espectros do branco e do Padrão de vitexina,
conforme Figura 4, que o branco preparado não apresentou absorvância no
comprimento de onda de 401 nm.
5.1.2 Linearidade e Intervalo
A linearidade foi avaliada com cinco níveis de concentração, 50%, 75%,
100%, 125% e 150% da concentração alvo de vitexina. As soluções dos padrões
foram avaliadas em triplicata, sendo que todos os dados gerados foram utilizados
para a construção do gráfico da Figura 5 que registra a concentração real calculada
versus a resposta obtida do método.
Na Tabela 2 estão descritos os valores encontrados nas análises realizadas
de linearidade, com o padrão USP de vitexina.
32
Tabela 2 - Valores da linearidade do padrão USP de vitexina
Concentração
(%)
Concentração
(µg.mL -1) Absorvância
50 0,00352 0,213
75 0,00528 0,336
100 0,00720 0,426
125 0,00880 0,530
150 0,01040 0,588
% DPR 3,50%
Fonte: Autoria própria, 2010. Onde: %DPR – Desvio Padrão Relativo.
A Figura 5 apresenta a curva de linearidade do padr ão USP de vitexina.
Figura 5 - Gráfico curva de linearidade dos padrões de Vitexina Fonte: Autoria própria, 2010.
33
Como visualizado, a correlação dos dados gerou um coeficiente de correlação
superior a 0,98 (0,9913). Dessa forma, a linearidade apresentada pelo método em
questão está dentro do intervalo de 50 a 150%.
5.1.3 Exatidão
A avaliação do parâmetro exatidão foi realizada com três concentrações:
baixa, média e alta, correspondentes às concentrações teóricas de 50%, 100% e
150% de extrato, preparadas em triplicatas, totalizando nove determinações.
O resultado desse teste é apresentado em porcentagem de recuperação de
cada concentração analisada, calculado com base na equação (8):
Recuperação (%) = Concentração média experimental x 100
Concentração teórica (8)
Na Tabela 3 estão descritos os valores encontrados nas análises realizadas
de exatidão, com o Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%.
Tabela 3 - Exatidão do Extrato Seco Passiflora Incarnata 3,5%
Concentração
Concentração
teórica
(mg.mL -1)
Absorvância Vitexina
(%)
Concentração
experimental
(mg.mL -1)
Recuperação
(%)
150% 0,011460 0,677 3,60 0,010832 94,52
100% 0,007658 0,483 3,84 0,007728 100,91
50% 0,003825 0,234 3,73 0,003744 97,88
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA, 2010.
A média das recuperações da exatidão está dentro do intervalo de 90% a 110%, estando de acordo com a RE 899 de 2003.
Média de Recuperação (%) 97,83
DPR% 2,82
34
5.1.4 Precisão
Precisão é o grau de concordância mútua entre os dados que foram obtidos
do mesmo modo (SKOOG, 2002). Portanto quanto mais próximos entre si estiverem
os valores experimentais (menor amplitude), mais preciso será o método. Esta
medida reflete a tendência de maior ou menor afastamento (erro) entre os resultados
dos ensaios.
5.1.4.1 Repetibilidade
Para o teste de repetibilidade, foram preparadas seis amostras a 100% do
Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5% como mostra a Tabela 4.
Tabela 4 - Resultados obtidos no Parâmetro de repetibilidade para o Extrato Seco de
Passiflora Incarnata 3,5%
Amostra Massa (g) Absorvância Vitexina (%)
A 0,1002 0,461 3,68
B 0,1000 0,470 3,76
C 0,1010 0,463 3,67
D 0,1000 0,466 3,73
E 0,1038 0,472 3,64
F 0,1002 0,475 3,79
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA, 2010.
O desvio padrão relativo (DPR%) encontrado no teste de repetibilidade, foi
menor que 5%, estando de acordo com a RE 899 de 2003.
Média 3,72
DPR% 1,68
35
5.1.4.2 Precisão Intermediária ou Precisão Intercorridas
Para o teste de precisão intermediária, foram preparadas seis amostras a
100% do extrato em dois dias diferentes e por analistas diferentes. Para o Dia Um,
utilizaram-se os resultados do teste de repetibilidade.
Os resultados encontrados para a precisão intermediária do método em
validação estão apresentados na Tabela 5, estando de acordo com o critério de
aceitação.
Tabela 5: Resultado do teste de Precisão intermediária do Extrato Seco de
Passiflora Incarnata 3,5%
Fonte: Autoria própria, 2010.
O desvio padrão relativo (DPR%) encontrado no teste de precisão
intermediária, foi menor que 5%, estando de acordo com a RE 899 de 2003.
Analista Amostra Massa
(g) Absorvância
Vitexina
(%) DPR%
Dia
1 A
A 0,1002 0,461 3,68
1,59
B 0,1000 0,470 3,76
C 0,1010 0,463 3,67
D 0,1000 0,466 3,73
E 0,1038 0,472 3,64
F 0,1002 0,475 3,79
Dia
2 B
A 0,1010 0,490 3,88
0,93
B 0,1005 0,485 3,86
C 0,1012 0,487 3,85
D 0,1018 0,488 3,83
E 0,1000 0,472 3,78
F 0,1005 0,483 3,84
Média entre os dia 3,78
DPR% entre os dias 1,26
36
5.1.5 Robustez
A robustez foi avaliada em quatro variáveis. Escolheu-se variar analista, data
do preparo do reativo de cor, comprimento de onda da leitura e tempo para a leitura
da amostra, conforme pode ser observado na Tabela 6.
Tabela 6 - Tabela de Robustez
Teste Parâmetro Condição
Normal
Alteração
Realizada
A Preparo da Amostra Analista A Analista B
B Preparo do Reativo de
Cor
No dia da
análise
3 dias antes do
uso
C Comprimento de Onda
de Leitura 401 nm 406 nm
D Tempo de Leitura da
Amostra
Após 30
minutos 1h após preparo
Fonte: RE 899/2003.
Para realização do teste, foram preparadas quatro amostras, procurando obter
a concentração de 3,5% a 3,9% de vitexina e um controle.
O resultado médio das réplicas foi comparado à média do controle (análise
realizada na condição normal, apresentando os resultados finais (%), mostrado na
equação (9)):
Teor do controle .................... 100%
Resultado da amostra ............. X (9)
Os resultados obtidos no teste de robustez estão descritos na Tabela 7.
37
Tabela 7 - Resultados de Robustez do Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%
Amostra Absorvância
(401 nm)
Média das
Absorvâncias
% de
Vitexina
Resultados
finais (%)
DPR da
triplicata
(%)
Controle
0,466
0,466 3,73 - 0,12 0,467
0,466
A
0,483
0,483 3,86 103,64 0,12 0,484
0,483
B
0,497
0,497 3,89 106,65 0,12 0,498
0,497
C
0,471
0,472 3,77 101,14 0,24 0,473
0,471
D
0,492
0,492 3,94 105,50 0 0,492
0,492
Fonte: Autoria própria, 2010.
A partir dos resultados obtidos, observou-se que as variações de resultados
obtidos com as variáveis da análise não causaram interferência significativa nos
resultados, representando, assim, a robustez do método. No entanto, mesmo
obtendo valores aceitáveis para os resultados finais das amostras, recomenda-se
que não seja alterado o comprimento de onda da leitura, que o reativo de cor seja
preparado no dia da análise e que a leitura seja efetuada 30 minutos após o preparo
da amostra, devido o teor de vitexina encontrado (3,94%) no Teste D estar fora da
especificação (3,5 – 3,9%) do Extrato seco de Passiflora Incarnata 3,5%.
38
6 CONCLUSÃO
Este trabalho foi realizado em uma empresa farmacêutica, que tem por
finalidade atender às normas de legislação vigente. Segundo a RDC 17 de 2010, é
por meio da validação que um fabricante pode estabelecer com confiança se os
produtos fabricados irão consistentemente atender as suas especificações.
Segundo a RE 899 de 2003, o objetivo da validação de metodologias
analíticas é demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida e,
por determinação e interesses da empresa, iniciou-se o estudo da validação do
doseamento do teor de vitexina do Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%.
Conforme a RE 899 de 2003, em caso de metodologias analíticas não
descritas em farmacopeias ou formulários oficiais, devidamente reconhecidos pela
ANVISA, a metodologia será considerada validada somente se atender aos
parâmetros de especificidade/seletividade, linearidade, precisão, exatidão e
robustez.
As análises da variação dos parâmetros estudados obtiveram os seguintes
resultados:
a) O espectro de absorção do Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%
corresponde ao espectro de absorção do padrão USP de vitexina. O
branco preparado não apresentou absorvância no comprimento de onda
estipulado, atendendo assim aos parâmetros de seletividade e
especificidade.
b) A linearidade do padrão USP de vitexina apresentou coeficiente de
correlação igual a 0,9913, superior ao especificado 0,98 para
medicamentos fitoterápicos.
c) As amostras de exatidão apresentaram uma média de recuperação igual a
97,83%, estando dentro do intervalo especificado de 90 a 110%.
d) O desvio padrão relativo encontrado nos testes de repetibilidade e
precisão intermediária, respectivamente, foram de 1,68% e 1,28%.
Resultados inferiores aos 5,00% estipulado.
e) No teste de robustez, as variações de resultados obtidos com as variáveis
das análises não causaram interferência significativa nos resultados.
39
Assim, podemos concluir que a metodologia apresentada atende aos
requisitos mínimos de validação. O método de doseamento da substância vitexina
expressa por flavonóides totais do Extrato Seco de Passiflora Incarnata 3,5%,
mostrou aplicabilidade ao uso pretendido.
40
REFERÊNCIAS
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