LOURENÇO_2008_Arte nova

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Este trabalho não seria possível sem a ajuda da minha orientadora, que analisou

pacientemente as múltiplas variantes da dissertação, e sem a colaboração da Câmara Municipal de Aveiro. Também não podem ficar em branco os amigos e família, por “aturarem” com bom humor os devaneios sobre o trabalho, e as minhas colegas da Divisão de Museus e

Património Histórico, da Câmara Municipal de Aveiro.

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Índice

2. Aveiro e o mundo Arte Nova......................................................................................7

2.1. Contexto Internacional ............................................................................................7

2.2. Arte Nova em Portugal..........................................................................................11

2.3. Aveiro e as influências Arte Nova .........................................................................13

3. Património cultural – salvaguarda, gestão e marketing ...........................................19

3.1. Introdução aos princípios legislativos de salvaguarda do património ...................19

3.2. Algumas achegas aos tópicos actuais de gestão patrimonial ...............................22

3.3. Marketing do património cultural – breve contributo .............................................26

4. Salvaguarda, gestão e dinamização do património Arte Nova aveirense ................29

4.1. Definição dos critérios e objectivos da estratégia de acção sobre o património edificado de pendor Arte Nova de Aveiro ............................................................29

4.2. O Museu Arte Nova – proposta de musealização da Casa Mário Belmonte Pessoa..................................................................................................................31

4.3. O circuito de Arte Nova.........................................................................................43

4.4. Os mecanismos associados de salvaguarda do património Arte Nova - Bolsa de Salvaguarda Arte Nova.........................................................................................52

5. Conclusão................................................................................................................60

6. Fontes e Bibliografia ................................................................................................62

6.2.2. Património Cultural e Museologia .....................................................................66

Anexo 1 - Inventário do património edificado de pendor Arte Nova .............................71

Anexo 2 - Estudo para a elaboração do Roteiro Arte Nova .......................................140

Levantamento Roteiro Arte Nova - Avaliação dos elementos recolhidos ............141

Levantamento Roteiro Arte Nova – Modelo de Ficha ..........................................147

Anexo 3 - Imagens.....................................................................................................148

Imagens da Casa Mário Pessoa, futuro Museu Arte Nova ..................................149

Imagens do interior da Casa Mário Pessoa, antes da aquisição pela Autarquia .151

Imagens da família Pessoa .................................................................................152

Algumas fotografias da Imagoteca Municipal de Aveiro ......................................154

com edifícios Arte Nova.......................................................................................154

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1. Introdução A presente dissertação de mestrado tem como objectivo propor uma estratégia de

salvaguarda, gestão e promoção para o património Arte Nova existente em Aveiro. A metodologia de trabalho assentou em quatro fases de desenvolvimento do projecto: estudo e definição do movimento Arte Nova à escala internacional, nacional e local; inventário do existente em Aveiro; análise dos conceitos actuais de salvaguarda, gestão e promoção patrimonial e, por fim, a aplicação destes pressupostos à realidade aveirense.

Visando o desenvolvimento do presente trabalho procedeu-se à:

- Elaboração das fichas de inventário reproduzidas no Anexo 1, procurando sistematizar a descrição, localização e bibliografia conhecida dos imóveis. Ao conjunto de 28 imóveis referenciados como ao gosto Arte Nova presentes em Aveiro, optou-se por acrescentar o Mercado do Peixe, uma estátua funerária e cinco jazigos do Cemitério Central, por considerar que possuem características Arte Nova.

- Consulta de fontes e bibliografia sobre o movimento Arte Nova;

- Consulta de livros e artigos sobre museologia e gestão de património cultural;

- Delineação da estratégia de salvaguarda, fruição e promoção do património Arte Nova aveirense, propondo o desenvolvimento do Museu Arte Nova, de dois circuitos de visita e da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova. Para fundamentar a proposta de precurso dos dois circuitos de visita ao património Arte Nova, efectuou-se um segundo levantamento dos imóveis, cujas fichas se encontram reproduzidas no anexo 2. Este levantamento visou, fundamentalmente, a caracterização da envolvente e de acessibilidade aos imóveis.

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2. Aveiro e o mundo Arte Nova 2.1. Contexto Internacional

O movimento Arte Nova surgiu cerca de 1880 e foi impulsionado por uma conjuntura

política, social e económica aparentemente estável e propícia. A industrialização, bem como as várias conquistas ao nível do progresso científico e técnico, encontram-se na génese deste estilo, pois conduziram à criação de riqueza e ao desenvolvimento de novos estratos sociais. Foram os burgueses enriquecidos e a recém-nascida classe média os verdadeiros impulsionadores do movimento, no sentido em que não se reviam e identificavam com o design dos objectos do dia-a-dia, bem como com os ideais arquitectónicos que até então vigoravam e que se baseavam na reinterpretação de velhos estilos, nomeadamente o estilo clássico, gótico, renascentista, barroco... Uma sociedade e um mundo em rápida mutação carecem de um estilo que dê forma à sua nova aparência e ideal e, neste sentido, a Arte Nova foi o primeiro estilo a, aparentemente, não radicar no passado, não se inserindo, portanto, no conceito do revivalismo.

A Arte Nova surge, simultaneamente, como uma resposta à necessidade de renovação sentida e como uma reacção à pseudo falta de originalidade dos estilos caracterizados pelo revivalismo e, também, à uniformidade e mecanização trazida pelo sistema de produção em massa, decorrente da industrialização. Neste contexto, vários grupos, frequentemente com diferentes denominações mas partilhando do mesmo espírito, formam-se e trabalham em diversos países na concretização de um programa amplo e novo, que pretendiam que estabelecesse a ligação entre o passado e o presente, intervindo em todos os domínios da vida.

A Arte Nova expandiu-se com uma rapidez considerável e assumiu diferentes cunhos individuais, abarcando várias escolas regionais ou nacionais e recebendo diferentes designações, conforme o local de implantação e desenvolvimento. Contudo, convém salvaguardar a existência de princípios unificadores que a identificam e que dão coerência ao movimento, salientando-se a inovação formal conjugada com a originalidade, mas também a rejeição dos estilos formais, o recurso a novas técnicas de produção e a novos materiais (como o ferro e o vidro), explorados tanto de forma estrutural, como decorativa e a adopção de uma nova linguagem estética que se expressava através da linha extensa, curva, sinuosa, em chicotada e através dos motivos florais, vegetalistas e femininos estilizados, bem como sensuais.

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As formas curvilíneas preconizadoras da Arte Nova fizeram a sua primeira aparição em Inglaterra, no âmbito do movimento Arts and Crafts, liderado por William Morris. Este movimento defendia que o trabalho artesanal só sobreviveria no mundo de consumo se possuísse uma forte componente artística. A adopção e adaptação deste conceito pelos artistas vai dotar a Arte Nova de potencial para o desenvolvimento de estratégias económicas, pois permitia e facilitava a recuperação de empresas falidas e a renovação de ramos de artesanato em declínio (Sembach; 2004: 36).

A fusão deste ideal com o culto da linha introduz uma harmonia entre as diversas artes presentes na concepção dos objectos e conduz à aplicação do conceito de arte total. O conceito de arte total não é novidade, o que destaca a Arte Nova é a sua finalidade assente na aplicação doméstica, participando os artistas na melhoria das condições da vida quotidiana, através do desenho de objectos belos e funcionais (Tuffelli; 2000: 114). Ou seja, o arquitecto não projecta apenas o edifício, mas também todo o equipamento, de forma bastante detalhada, desenvolvendo-se uma nova concepção do trabalho artístico e nascendo o design e o designer.

A Arte Nova inspirou-se directamente na natureza, muito especificamente na botânica, tendo vindo também a colher influências formais e estéticas no gótico, no rococó, nas pinturas japonesas e no folclore de inspiração celta. Geograficamente, os pólos centrais do movimento são dispersos, salientando-se uma série de cidades, cada uma com uma interpretação particular do estilo: Paris, Nancy, Munique, Berlim, Darmstadt, Bruxelas, Glasgow e Viena, bem como Nova Iorque e Chicago. Este fenómeno aliado às diferentes denominações em voga (Modern Style, Art Nouveau, Sezession...) levam a crer que, na época, não existiria um formulário uniformizado, nem um sentido de unidade, até o estilo se encontrar em declínio, por volta de 1905 (Champigneulle; s/d: 93).

Um fenómeno interessante, relacionado com a implantação do movimento Arte Nova, passa pelo seu desenvolvimento em cidades periféricas, e, de facto, uma análise dos principais pólos Arte Nova supra mencionados conduz à constatação de que esta novidade se produziu de modo menos esclarecido nas grandes metrópoles (Sembach; 2004: 34).

Existem várias características que tornaram a Arte Nova um estilo que aliava a arte ao comércio, salientando-se a não exclusão da utilização de máquinas no processo de produção do objecto (ao contrário do preconizado por William Morris), o cuidado com os detalhes, a beleza associada à funcionalidade e o, já referido, gosto pelos objectos do quotidiano. Esta aliança encontra-se bem patente nas grandes feiras e exposições internacionais da época, que foram igualmente fundamentais para a divulgação do estilo, nomeadamente as

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Exposições Universais de 1900, em Paris, e de 1901-02, em Turim. Por sua vez, a exposição organizada em 1905, em Liége, simbolizou o fim da importância do estilo (Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 790). As exposições universais eram, não só um motivo de incentivo para os artistas individuais, que expunham as suas obras numa espécie de concurso, mas também permitiam o contacto com as formas de vida e as expressões artísticas de países distantes, inspiradoras, pois apresentavam uma arte original sem influência europeia (Art Nouveau; 1980: 9).

Outro importante recurso para a divulgação do movimento Arte Nova foi a imprensa da época. O estilo não era explorado em artigos específicos, mas no design da própria publicação. Esta tendência também se constatou em Portugal, nomeadamente na revista mensal “Serões” e na “Ilustração Portugueza”. Em Aveiro, o jornal local “O Povo de Aveiro” também apresentou design Arte Nova, salvaguardando-se o facto das datas para Portugal e Aveiro serem tardias em relação ao resto da Europa, conhecendo o seu apogeu ao longo das décadas de dez e vinte.

No que concerne à arquitectura, em primeiro lugar, convém esclarecer que esta pode ser entendida como o pano de fundo sobre o qual se compreendem claramente as várias criações da Arte Nova. Em segundo lugar, muitos dos nomes mais influentes do estilo Arte Nova eram arquitectos: Victor Horta, Hector Guimard, Henry van de Velde, Peter Behrens, Rennie Mackintosh, Antoni Gaudi...

A nível técnico, a arquitectura Arte Nova representou uma nova forma de explorar as técnicas e os materiais, nomeadamente o ferro, o vidro, o aço, o betão e o betão armado, usando-os, simultaneamente, como materiais estruturais e de acabamento, e acima de tudo tirando partido da sua flexibilidade/maleabilidade. A utilização do ferro e do betão permite dotar os edifícios de estruturas fortes e leves, potenciando a utilização de formas curvilíneas e orgânicas na concepção espacial e decorativa do imóvel.

No que concerne aos aspectos decorativos, a sua importância patenteia-se tanto ao nível dos exteriores, como dos interiores, sendo o ornamento um dos elementos fundamentais desta arquitectura e mostrando-se, consoante os arquitectos ou as “escolas”, exuberante, estilizado, geometrizado, naturalista ou orgânico. A maioria dos arquitectos deste gosto foram simultaneamente artesãos e designers que conceberam móveis, peças de louça, papel de parede, equipamentos e objectos de decoração, sempre em harmonia com o projecto arquitectural. Ou seja, constata-se a presença do ideal da arte total e o princípio da “unidade das artes” (Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 794).

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Os arquitectos Arte Nova expressam-se em várias tipologias urbanas (prédios, moradias, lojas, bancos...), sobressaindo, consoante os países e os arquitectos, variantes específicas e originais dentro do estilo. Não se pode deixar de salientar que coexistem duas correntes arquitectónicas aparentemente dicotómicas, mas que, contudo, possuem a mesma raiz e cuja a única verdadeira diferença reside no ênfase colocado na decoração. Assim, constata-se a existência de uma variante em que a aplicação dos novos materiais e sistemas construtivos é acompanhada de uma forte estética ornamental, patenteando motivos florais, naturalistas e curvilíneos, de que os trabalhos de Victor Horta são um bom exemplo, e de uma corrente em que os edifícios apontam para uma forte concepção estruturalista, demonstrando uma tendência geométrica e funcionalista, desempenhando a decoração um papel menos marcante, quase secundário, estando muitas vezes presente de forma abstractizante e que os imóveis concebidos por Peter Behrens exemplificam (Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 794).

Além da arquitectura, um dos maiores contributos do Modernismo e da Arte Nova, em particular, passa pela importância conferida às artes aplicadas, tendo como principal objectivo a revalorização dos objectos, concedendo-lhes qualidade formal e estética numa época em que prevalecia a produção industrializada e o consumo capitalista. Neste contexto, em muitos países surgiram esforços no sentido de empenhar artistas, artesãos e industriais na criação de objectos úteis, funcionais e estéticos que pudessem ser produzidos industrialmente, contribuindo, desse modo para a qualidade de vida do quotidiano. Assim como acontece na arquitectura, também é possível distinguir tendências e particularidades noutros contextos. Destacando-se:

- Em Nancy, artistas como Jean Daum, René Lalique, Emille Gallé e Louis Majorelle trabalharam em vidros, cristais lapidados, marchetaria e mobiliário, respectivamente; - Em Paris, desenvolveram-se as artes gráficas ligadas ao cartaz publicitário e também à ilustração de jornais, livros e revistas; - Em Darmstadt, trabalharam Olbrich, Peter Behrens e outros, que se salientaram, sobretudo, na metaloplastia. O estrondoso sucesso artístico e comercial destas obras em todo o mundo ocidental,

identificam a época em estudo. Paradoxalmente, foi essa excessiva divulgação que motivou o seu declínio, pois, tornada moda, a Arte Nova e os seus artefactos vulgarizaram-se e perderam qualidade estilística.

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2.2. Arte Nova em Portugal

Da leitura do primeiro sub-capítulo conclui-se que o movimento Arte Nova radica em

dois aspectos fundamentais: o processo de industrialização e a estreita ligação entre função, forma e decoração. A aliança entre estes dois factores conduziu a uma nova concepção do objecto utilitário e à valorização estética das peças de uso quotidiano. Simultaneamente, constata-se que se originou uma nova conjuntura, onde o comércio se aliava à arte e em que se esbatia a tradicional dicotomia entre Belas-Artes e artes decorativas.

Contudo, Portugal não era, nos finais do século XIX, um país industrializado e o seu crescimento económico assentava no desenvolvimento das vias de comunicação. Assim, não se encontrando presente um dos principais critérios de desenvolvimento do movimento Arte Nova – a industrialização e as transformações sociais e económicas que lhe são inerentes – compreende-se que, no país, este não se tenha implantado como um estilo florescente e criativo, assumindo uma presença relativamente discreta (Veloso e Almasqué; 2000: 34).

Por outro lado, cerca de 1890 quando a Arte Nova se encontrava em apogeu na Europa e o design assumia protagonismo, em Portugal, as tendências artísticas apontavam para a salvaguarda das artes e tradições populares, corrente esta, directamente relacionada com a problemática do Ultimatum inglês (1890) e o exacerbamento nacionalista subsequente (História da Arte Portuguesa, vol. III; 1995: 437).

A sociedade portuguesa não se mostrou muito receptiva ao novo estilo e ao contrário da Europa em que o movimento foi impulsionado pela classe burguesa ávida de modernidade e diferenciação, em Portugal a preocupação passava pela conformidade e aceitação social através da criação de uma imagem pública credível, optando pela ostentação de gostos aristocráticos e pela inspiração em estilos do passado, nomeadamente ao nível da arquitectura.

O cenário agrava-se sob a influência do importante arquitecto Raul Lino que, tendo estudado em Inglaterra e na Alemanha, sofreu influência das correntes modernistas e do movimento Arts and Crafts. A sua maior preocupação centrou-se na procura das raízes da arquitectura nacional, de características específicas, que permitissem conduzir ao aparecimento da “casa portuguesa”. O seu traço assumiu características nacionalistas e românticas, que não deixando de ser inovadoras, significaram um afastamento progressivo das correntes decorativas modernas em voga no resto da Europa. Neste âmbito, salienta-se, contudo, uma característica interessante e que se irá verificar em Aveiro, nas “casas

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portuguesas” projectadas por Raul Lino e também por outros arquitectos: trata-se da utilização frequentemente de azulejos ornamentais ao gosto Arte Nova (Veloso e Almasqué; 2000: 38).

Este contexto condicionou o desenvolvimento do movimento Arte Nova, em Portugal, e afectou a sua época de implantação que se pauta por ser tardia em relação ao resto da Europa. O gosto Arte Nova desenvolve-se, em território nacional, entre 1904 e 1920, ou seja, concomitantemente ao seu declínio e desaparecimento nos restantes países europeus. Simultaneamente, a envolvente social da época conduziu à introdução de alguns aspectos típicos da cultura tradicional portuguesa nas manifestações Arte Nova, podendo levantar-se a questão de saber se, na realidade, o país possui manifestações Arte Nova.

De facto, constata-se que, na arquitectura, a Arte Nova cresceu subsidiária da arquitectura tradicional, não possuindo traçados estruturais e volumetrias próprias; isto é tornou-se inovadora, sobretudo, nos materiais e nas técnicas, acabando por intervir, fundamentalmente, ao nível da decoração. O gosto Arte Nova expressa-se nos trabalhos de serralharia artística, de cantaria ou de massa de cimento, ocupando portões, gradeamentos, varandas, escadarias, mansardas, molduras de portas e janelas, mísulas, florões, etc. Estes elementos decorativos podiam ser integrados pontualmente nas fachadas ou, menos frequentemente, em fachadas inteiras, como acontece com as dos “palacetes brasileiros”. Pontualmente, constata-se a sua integração em construções mais antigas, sendo exemplo deste fenómeno a fachada da antiga Sapataria Miguéis e da Casa Espanhola, em Aveiro (Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 818).

Os suportes privilegiados da Arte Nova passam pelas residências familiares de pequena e média dimensão, pelos prédios de arrendamento e pelos pequenos espaços comerciais – padarias, sapatarias, joalharias, lojas de modas, etc. Por aqui se conclui que os proprietários destes imóveis foram os principais impulsionadores do estilo Arte Nova nacional e que, em geral, se encontravam entre os pequenos e médios comerciantes e industriais, destacando-se o seu refrescante sentido do moderno e cosmopolita.

Os principais focos da Arte Nova nacional encontram-se em Aveiro, cujo caso particular será analisado no próximo sub-capítulo, em Lisboa e no Porto. No que concerne ao caso lisboeta, na abordagem da arquitectura de pendor Arte Nova torna-se imprescindível referir o trabalho de Ventura Terra, Norte Júnior e Miguel Nogueira, que com alguma frequência introduziram apontamentos de pendor Arte Nova nos seus projectos (Anacleto; 1997: 28). Contudo, de um modo geral, a Arte Nova que mais frequentemente se visualiza, em Lisboa, passa por ornatos aplicados em fachadas de prédios de qualidade arquitectónica variável e, por vezes, de construção bastante mais antiga, assistindo-se ao predomínio da

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utilização do azulejo como elemento decorativo presente em frisos, frontões e na linha divisória dos diferentes pisos (Veloso e Almasqué; 2000: 43).

Na cidade do Porto visualizamos um cenário particular, distinto de Lisboa. Os elementos Arte Nova encontram-se presentes na decoração parcial de fachadas, estando o estilo representado ao nível do primeiro andar, quando o imóvel se destinava ao comércio e, mais pontualmente, também se podia observar a decoração integral de fachadas. O surto de construção que se verificou na cidade no princípio do século XX, foi dominada pela figura do arquitecto José Marques da Silva, cujas tendências eclectizantes constituíram um entrave à aplicação da Arte Nova (Carvalho; 1997: 258).

Neste âmbito, verifica-se que a arquitectura portuguesa da época se caracterizou por uma grande variedade de estilos, limitando-se a Arte Nova a desempenhar quase só um papel decorativo, sem no entanto ser assumida como um “projecto coerente, tanto mais que, na grande maioria dos casos, a sua influência se limita às fachadas dos edifícios” (Veloso e Almasqué; 2000: 45). Pode-se concluir que o movimento Arte Nova não foi assimilado na sua totalidade pelos arquitectos portugueses e este fenómeno encontra-se claramente patente no traço dos edifícios que, ao nível de interiores, estrutura e volumetria não apresentam características inovadoras.

As artes decorativas, elemento preponderante do movimento Arte Nova europeu, assumem em Portugal um papel secundário, excepto no que concerne o azulejo. No campo das artes decorativas foi a azulejaria a área que contribuiu com uma representação original, vasta e variada, destacando-se o nome de Rafael Bordalo Pinheiro. Outras áreas, como os vitrais e as tapeçarias não chegaram a ter uma presença significativa. A influência sobre a marcenaria fez-se sentir de forma perene e instável, destacando-se somente os modelos criados pela Carpintaria Artística de Lisboa, assim como um quarto de dormir da autoria de Tertuliano Marques, as cadeiras desenhadas por Raul Lino e um salão ao gosto Arte Nova concebido para o palacete do banqueiro Sotto Mayor (França: 2004; 67). Ainda ao nível das artes decorativas, salientam-se as já mencionadas artes gráficas, com algumas publicações periódicas – “Ilustração Portugueza” e “Serões” – a aderir o novo grafismo através das ilustrações e das molduras utilizadas na paginação.

2.3. Aveiro e as influências Arte Nova

O século XIX, em Aveiro, iniciou-se com uma grave crise económica e social,

originada por problemas decorrentes do estrangulamento da barra, o que afectava, gravemente, a circulação de produtos e pessoas. A situação só se encontra resolvida em

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1808, mas a desejada retoma económica da região não surgiu tão rapidamente quanto o desejado. O panorama nacional, na altura, devido à independência do Brasil, à expansão das ideias liberais, às guerras civis e às sucessivas crises económicas centrava-se numa grande desconfiança. Para reparar a barra tornou-se necessário proceder a diversas obras capazes de disciplinar as marés e, finalmente, alcançarem-se boas condições de acessibilidade. Nestes trabalhos da barra foi aproveitada bastante pedra proveniente da demolição dos restos da muralha tardo-medieval (Rodrigues e Graça; 1996: 48).

Na sequência deste contexto não surpreende que num relatório do Governo Civil, realizado em 1847-1848, se salientem vários aspectos negativos – as obras da barra resolveram os problemas de circulação de bens, mas afectaram a fauna piscícola local, registando-se reduções significativas nos lucros da pesca; a falta de vias de comunicação para o interior; escassez de indústrias locais, salientando-se o caso da indústria cerâmica, pois só existia uma fábrica de “louça muito ordinária” e que sofria a competição da Fábrica da Vista Alegre e das unidades de produção do Porto – conduzindo este contexto, a um cenário descrito como de “progressivo abatimento e decadência” da cidade, visível no decréscimo populacional e na fuga para as cidades vizinhas e para as freguesias de pendor rural (Braga; 1995: 195 a 200).

Face a este panorama, a política fontista apresentou-se fundamental para a recuperação da região, visto visar o desenvolvimento das vias de comunicação, na medida em que melhoradas condições de acesso significaram um novo fluxo de população para o litoral aveirense. A partir de 1864 a cidade conta com o caminho-de-ferro que lhe permite estabelecer uma rápida ligação com Coimbra, Lisboa e Porto. Alguns autores da época referem, inclusivamente, que “... só depois da passagem da linha férrea em Aveiro é que os seus melhoramentos se foram desenvolvendo sucessivamente” (Sousa; 1940: 89), verificando-se que, de um modo geral, a cidade saiu beneficiada de todos os projectos que visavam uma ligação mais eficaz a Lisboa e ao Porto.

Simultaneamente, constata-se algum desenvolvimento industrial, principalmente no sector das cerâmicas, tendo a Fábrica da Fonte Nova, com forte produção azulejar ao gosto Arte Nova, sido criada em 1882.

A ascensão de Aveiro a capital de Distrito, também irá originar novas preocupações com a gestão do espaço urbano, surgindo a necessidade de erguer modernas estruturas militares (dois quartéis), assistenciais (hospital da Misericórdia) e administrativas. Este surto construtivo acabou por beneficiar a área do ensino, edificando-se o liceu (1851) (actual Escola Secundária Homem Cristo) e a Escola de Desenho Industrial (1893), da qual Francisco

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Augusto da Silva Rocha, um dos expoentes da Arte Nova aveirense, assumirá a direcção durante quarenta anos (Neves; 1997: 33). Ou seja, a partir de 1898 e até á década de 1930, a cidade sofreria muitas modificações. A construção da Avenida Dr. Lourenço Peixinho e do Mercado Manuel Firmino, bem como a remodelação do edifício do Governo Civil são alguns exemplos das transformações ocorridas.

O surgimento de imóveis com características Arte Nova encontra-se associado ao cenário de crescimento e prosperidade da cidade. A primeira manifestação Arte Nova no município foi a construção do Fontanário das Cinco Bicas ( ficha n.º 28 do Anexo 1) e que data de 1880. Contudo, se esta construção é contemporânea de algumas das melhores construções Arte Nova europeias, o estilo só se expressou claramente, na cidade, a partir de cerca de 1904.

A adopção do gosto Arte Nova pode ser seguida nas notícias publicadas no jornal local “Campeão das Províncias”. Em 1903 pode ler-se – “cresce a febre das construções em todo o concelho. Não há reunião da Câmara Municipal em que não apareçam uma ou mais dúzias de requerimentos pedindo licença e alinhamentos para obras, grandes e pequenas, e assim é que não tem mãos a medir os fabricantes de adobes de Esgueira, nem as fábricas de telha marselhesa...”1 – o que bem comprova o surto construtivo urbano. Passados dois anos, as notícias já são mais específicas relatando a construção da Residência Francisco Augusto da Silva Rocha e, em 1908, a de Mário Belmonte Pessoa, destacando-se, respectivamente, as seguintes passagens – “[Aveiro] vai tomando uma feição mais civilizadora, pois, ultimamente, tem sido construídas casas de bela aparência, como são as dos Srs. Francisco Augusto da Silva Rocha, distinto director da Escola Industrial...”2 e “...a nova edificação que o capitalista, Sr. Mário Belmonte Pessoa, anda realizando no Rossio é o que de mais moderno e característico se tem feito...”3.

Atentando na expressão – “capitalista” - utilizada para descrever Mário Belmonte Pessoa, verifica-se que o estilo foi importado para a cidade por burgueses enriquecidos – comerciantes e industriais – mas também por emigrantes recém chegados do Brasil – os “torna-viagem”. Esta realidade, semelhante ao que se verificava no resto do país, veio a desempenhar um papel marcante no desenvolvimento do movimento Arte Nova à escala local. Em primeiro lugar, compreende-se que os edifícios ao gosto Arte Nova se pautem por

1 Campeão das Províncias, n.º 5284, Aveiro, de 10 de Outubro de 1903. 2 Campeão das Províncias, n.º 5497, Aveiro, de 8 de Novembro de 1905. 3 Campeão das Províncias, n.º 5719, Aveiro, de 11 de Janeiro de 1908.

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constituírem residências unifamiliares, muito pontualmente associadas a uma actividade comercial (na actual Pensão Ferro funcionava uma marcenaria e na Residência Francisco Rebelo dos Santos uma padaria). Em segundo lugar, excepcionalmente, os elementos Arte Nova eram aplicados em imóveis de construção mais antiga por estes possuírem espaços comerciais no rés-do-chão (Antiga Sapataria Miguéis e Casa Espanhola).

Neste contexto, a análise dos edifícios leva a concluir que a palavra chave para a compreensão do fenómeno Arte Nova aveirense é “ostentação”. Na realidade, sistematicamente, verifica-se que os aspectos ao gosto Arte Nova se concentram nas fachadas principais dos imóveis, só muito excepcionalmente estando patentes nos interiores. Existem, em Aveiro, três exemplos de concepção de interiores recorrendo a decoração de pendor Arte Nova – a Fundação João Jacinto Magalhães, antiga residência do Dr. Peixinho, um conceituado jurista local, e as Casas Francisco Silva Rocha e Mário Belmonte Pessoa – verificando-se, contudo, que nestes casos se resumiam às áreas públicas, onde se procedia à recepção das visitas.

Por outro lado, este aspecto original da região revela que não havia um entendimento verdadeiro do que era o ideal Arte Nova europeu, tendo o estilo sido aplicado, quase com ingenuidade, somente nos aspectos decorativos das fachadas e não afectando a volumetria e concepção espacial das edificações. Na realidade, corroborando esta análise, pode referir-se que o estilo era frequentemente descrito na imprensa local como “estilo de Aveiro”.

Esta interpretação permite constatar que o grupo de responsáveis pela introdução e difusão do estilo na cidade era bastante restrito, destacando-se o nome de Francisco Augusto da Silva Rocha. A Francisco Silva Rocha é atribuída a autoria de uma grande parte dos imóveis Arte Nova de Aveiro e, tendo desempenhado a função de docente, influenciou directamente o trabalho de vários jovens desenhadores e mestres-de-obras. Simultaneamente, o surto Arte Nova é, também, associado ao nome de Ernesto Korrodi (referência nacional e amigo pessoal de Francisco Silva Rocha), Jaime Inácio dos Santos e José de Pinho. Contudo, verifica-se que somente Jaime Inácio dos Santos possuía, indubitavelmete, o diploma de arquitecto. Embora, na altura, os arquitectos não assumissem o protagonismo de hoje em dia, pode perguntar-se se a falta de conhecimentos académicos, ao nível da arquitectura, não terá sido um dos factores que se encontra por trás da ingénua interpretação aveirense do movimento Arte Nova.

Ao analisar-se consistentemente os imóveis ao gosto Arte Nova de Aveiro verifica-se o recurso sistemático às cantarias e serralharias decorativas, mas, acima de tudo, ao azulejo, que na região virá a assumir características originais, pois a local Fábrica da Fonte Nova

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produziu vários painéis azulejares dentro deste gosto, assim como, em menor escala, a Fábrica dos Santos Mártires. A utilização do azulejo nas fachadas podia ser pontual, em frisos por exemplo, ou podia assumir protagonismo, como se verifica na Antiga Cooperativa Agrícola e no Edifício Francisco Rebelo dos Santos. O azulejo surge, ainda, como um elemento decorativo de carácter Arte Nova em edificações convencionais. O melhor exemplo da utilização de azulejo ao gosto Arte Nova numa construção sem mais elementos decorativos e de concepção tradicional é a Casa dos Lírios. Neste caso, contudo, deve salvaguardar-se o facto de o seu proprietário, aparentemente, ser mais humilde que os restantes.

De um modo geral, as principais características da Arte Nova no distrito resumem-se a:

- Enorme diversidade da qualidade formal (associada á fraca compreensão da linguagem artística eventualmente associada à pouca qualificação dos seus autores); - Condicionamento da expressão formal à especificidade regional dos materiais de construção. A falta de pedra na região, e, consequentemente, o seu elevado valor comercial tornou-a num elemento de ostentação e distinção social; - Colagem de fachadas de pendor Arte Nova em edifícios tipologicamente convencionais, estando patente uma diferenciação entre o espaço e a fachada principal; - Incapacidade real de trabalhar o espaço arquitectónico. Normalmente, o espaço interior reveste-se de características tradicionais, principalmente, no concernente à concepção volumétrica; - Hibridez estilística resultante da imposição dos promotores e da persistência da estética revivalista do historicismo oitocentista; - Insistência nas potencialidades decorativas do azulejo, essencialmente como forma de enriquecer as fachadas mais pobres e feitas de materiais pouco nobres (adobe...); - Gramática decorativa expressa maioritariamente nos seguintes materiais: azulejo, ferro forjado e, esporadicamente, madeira e pedra (granito e calcário menos frequentes) ou argamassa; - Raridade da assimetria, com excepção para alguns trabalhos de ferro forjado; - Persistência de padrões decorativos tradicionais, nomeadamente nos estuques dos tectos (folhas de acanto); - Fraco domínio dos novos materiais e das técnicas construtivas; - Reduzida valorização social e cultural do arquitecto;

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- As casas apresentam em média 10 a 12 metros de largura na fachada, o que implica um desenvolvimento vertical dos motivos decorativos, e, geralmente, tratam-se de edificações de altura média, compreendendo rés-do-chão, primeiro ou segundo andar, podendo existir um aproveitamento do sótão (sob a forma de águas furtadas) ou um alteamento da cave; - Falta de unidade do estilo, convivendo várias interpretações do movimento, conforme a formação e origem do desenhador e, privilegiando o gosto e as necessidades do encomendante.

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3. Património cultural – salvaguarda, gestão e marketing 3.1. Introdução aos princípios legislativos de salvaguarda do património

O património histórico-cultural de um país, região ou cidade é constituído por todos os

elementos e manifestações tangíveis e intangíveis produzidas pela sociedade, resultado de um processo histórico que identifica e diferencia esse país ou região. Um conceito actual de património cultural inclui não só os monumentos e as manifestações do passado – sítios e objectos arqueológicos, arquitectura histórica, documentos e obras de arte – mas, também, o que se chama de património vivo, ou seja, as diferentes manifestações da cultura popular – indígena, regional ou urbana – as populações ou comunidades tradicionais, as línguas e os dialectos regionais, o artesanato e a arte popular, a forma de vestir, os costumes e tradições e, em geral, as características de um povo ou cultura. É este conceito global de património que a UNESCO defende. A organização define o património cultural como um monumento, grupo de edifícios ou lugares históricos de valor estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico. Dentro do conceito de património cultural faz a distinção entre património tangível e intangível (tradições, mitos...). por outro lado, o património cultural define-se como paisagens de importância física, biológica ou geológica, habitats com espécies de plantas ou animais em perigo e áreas de valor em termos científicos ou estéticos ou a partir do ponto de vista da conservação (Camarero Izquierdo e Garrido Samaniego; 2004: 22).

Neste âmbito, a sociedade moderna desenvolveu o conceito de património colectivo, que inclui bens culturais e naturais e que pressupõe a existência de património de toda a Humanidade. Assim, reconhece-se de forma universal que existem bens especialmente apreciados, que resultam de uma herança colectiva e que, justamente, assumem valor para todos os seres humanos. A noção de património está, portanto, associada à ideia de passagem do tempo. O desfiar dos anos faz com que os indivíduos contraponham o presente ao passado, fundamentando as noções de continuidade ou mudança histórica e cultural. Face a esta realidade, a durabilidade e materialidade própria dos objectos torna-os bons agentes transmissores de mensagens através do tempo, posto que testemunham os feitos de uma civilização, contendo informações de carácter cultural. Neste contexto, os objectos são materializações da história ou, por outras palavras, história materializada (Ballart Hernández e Tresseras; 2005: 14).

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Define-se como gestão patrimonial o conjunto de acções programadas com o objectivo de alcançar uma óptima conservação dos bens patrimoniais e o usufruto desses bens, de forma adequada às exigências sociais contemporâneas. Superando as concepções tradicionais que limitavam o cuidado ou tutela do património ao estudo e à conservação, actualmente aponta-se a possibilidade de gerir de forma integrada estes bens como solução para incentivar a sua fruição, sem prejudicar a sua preservação ou valorização social (Ballart Hernández e Tresseras; 2005: 15). Este conceito relaciona-se intrinsecamente com os objectivos desta dissertação que, de uma forma prática e aplicada ao património Arte Nova aveirense, pretende concretizar este ideal. Contudo, antes de se desenvolverem estratégias de gestão e, eventualmente, de promoção torna-se imprescindível efectuar um breve enquadramento legislativo. A legislação deve servir o objectivo da gestão patrimonial e traduzir-se em políticas públicas coerentes, programas de actuação detalhados e adequados recursos humanos e económicos.

Em Portugal, actualmente, o quadro jurídico respeitante ao património cultural encontra-se definido na Lei n.º 107 de 2001. Partindo da definição do que é o património cultural, salienta-se a sua concordância com a definição da UNESCO, bem como a inclusão do património imaterial, podendo-se ler no artigo 2.º, alínea 4: “integram, igualmente, o património cultural aqueles bens imateriais que constituam parcelas estruturantes da identidade e da memória colectiva portuguesa”. O mesmo artigo, na alínea 6, salvaguarda a importância dos respectivos contextos patrimoniais, definindo que “integram o património cultural não só o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse cultural relevante, mas também, quando for caso disso, os respectivos contextos que, pelo seu valor de testemunho, possuam com aqueles uma relação interpretativa e informativa”.

Neste contexto, salienta-se, ainda, que a referida lei define as tarefas fundamentais do estado no artigo 3.º, enfatizando a importância da protecção e valorização. A constante associação no discurso de ambos os conceitos expressa uma concordância com os princípios teóricos expressos no início deste subcapítulo, não existindo uma valorização da protecção em detrimento da valorização e, consequentemente, da fruição. Estes ideais são concretizados no artigo 6.º que define que a política do património cultural passa pela inventariação, planeamento, coordenação e informação, enquanto que no artigo 13.º, do título III, é reiterada a importância de “incentivar e assegurar o acesso de todos à fruição cultural”, bem como reforça que a política do património cultural deve integrar, especificamente, as seguintes componentes:

- Definição de orientações estratégicas para todas as áreas do património cultural;

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- Definição, através de planos, programas e directrizes, das prioridades de intervenção ao nível da conservação, recuperação, acrescentamento, investigação e divulgação do património cultural; - Definição e mobilização de recursos humanos, técnicos e financeiros necessários à consecução dos objectivos e das prioridades estabelecidas; - Definição de modelos de aproveitamento das tecnologias da informação e comunicação. No que concerne o ideal de protecção consagrado na lei, este assume o seu expoente

máximo no artigo 18.º, do título III, onde se regulamentam as questões relativas à classificação de bens patrimoniais e se lê que “entende-se por classificação o acto final do procedimento administrativo mediante o qual se determina que certo bem possui um inestimável valor cultural”.

Historicamente, o processo de emissão de legislação sobre questões patrimoniais iniciou-se com o Decreto de 9 de Dezembro de 1898 que aprovou o “Plano Orgânico dos Serviços dos Monumentos Nacionais”, tendo atribuído ao Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria a competência para a “classificação dos monumentos nacionais sob os aspectos arqueológico, histórico e arquitectónico e a fiscalização superior da respectiva conservação”. A partir deste momento as questões patrimoniais começaram a ser paulatinamente regulamentadas, culminando, em anos recentes com a articulação da legislação nacional com a legislação internacional europeia (Nabais; 1997-1998: 221).

Posto isto, o quadro jurídico do património cultural português abarca também, de algum modo, o chamado quadro jurídico internacional relativo ao património cultural, constituído nomeadamente pelas normas internacionais respeitantes ao “património cultural comum da humanidade”. O reconhecimento deste património remonta à criação da UNESCO (convenção 04-11-1946), altura em que se estabeleceu entre os fins da Organização a ajuda à manutenção, ao desenvolvimento e à difusão do saber. Também no espaço europeu, sobretudo sob a égide do Conselho da Europa, se tem vindo a afirmar a ideia de um património cultural comum europeu, um património comum a diversos países enquanto testemunha da sua origem, história e cultura.

Se, a nível interno, é primordial que se conheçam os meios e as formas de protecção do património cultural, não se deve descurar a interligação entre as políticas do património internacionais, bem como se devem privilegiar as parcerias para a gestão do património cultural, nomeadamente entre Estado, Câmaras Municipais, Igreja e Comunidade. Neste contexto, deve-se atentar ao papel da Comunidade visto que, na realidade, o património não

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pode ser definido de um modo inequívoco e estável. A pluralidade social implica uma grande diversidade nos conceitos de património concebidos pela comunidade inteira, ao mesmo tempo que os instrumentos e métodos desenvolvidos para a preservação devem ser adequados à situação actual, sujeita a um processo de evolução contínua.

Neste âmbito, a política do património cultural deverá orientar a acção dos diversos agentes no sentido de:

- Despertar ou incrementar o interesse público, desde a idade escolar, na protecção da herança patrimonial e do ambiente; - Demonstrar a unidade da herança cultural como factor de qualidade de vida; - Agilizar a gestão integrada de informação e cooperação entre o Estado, as Autarquias Locais e outros agentes; - Encorajar e apoiar iniciativas privadas para a manutenção, restauro e valorização do património cultural imóvel, designadamente, através do mecenato e de associações sem fins lucrativos; - Desenvolver aproveitamentos alternativos dos bens culturais, que contribuam não só para a sua valorização, mas igualmente para a rentabilização dos mesmos. - Consequentemente, os modelos integrados para a protecção do património a implementar deverão contemplar as seguintes componentes: - Metodologias e critérios de usufruto do património construído; - Estratégias de divulgação e de promoção do património construído (estabelecimento de procedimentos convergentes designadamente ao nível de horários, visitas guiadas, preço de bilhetes, sinalética...); - Definição de percursos temáticos, de acordo com os estilos arquitectónicos, as ordens religiosas, o acervo, o património musical, arqueológico ou outros, procurando aproveitar sinergias e complementaridades culturais e optimizando os recursos através de um programa mínimo de infra-estruturas necessárias à satisfação das necessidades dos visitantes (acessibilidades, casas de banho, lojas, cafetarias...); - Potenciação da utilização de espaços cénicos do património construído para actividades lúdicas e culturais (exposições, concertos, teatro...). 3.2. Algumas achegas aos tópicos actuais de gestão patrimonial

O património cultural tem sido gerido com base na conservação e na investigação,

sem prestar demasiada atenção à possibilidade de o explorar economicamente. Esta filosofia

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foi ultrapassada por uma nova corrente de gestão que considera a atracção de visitantes como um objectivo prioritário, necessário não só para extrair benefícios económicos do património, mas também para contribuir para a sua preservação e manutenção. Neste âmbito salienta-se a importância de dois conceitos: a integridade (os produtos culturais necessitam de ser geridos sob um critério de integridade para que o mercado os perceba como uma unidade capaz de gerar atracção) e a sustentabilidade (os recursos explorados devem ser protegidos e conservados de forma a que a capacidade de os transmitir às gerações futuras se conserve intacta, mantendo-se íntegro o capital patrimonial e natural).

Hoje em dia, a gestão do património compreende a missão de custódia e salvaguarda, sem descuidar a atracção de visitantes. Ou seja, os gestores de museus e de bens patrimoniais que, até agora, desenvolviam unicamente estratégias de gestão de cariz social (baseada na oferta) ou de cariz de marketing (baseada na procura), buscam aplicar novas formas de gestão, mantendo o seu objectivo de preservar o património e de cumprir uma função educativa em aliança com a rentabilidade económica, pois visam obter a sustentabilidade a longo prazo.

Uma orientação baseada unicamente no benefício social poderá não satisfazer todos os requisitos necessários para criar desenvolvimento turístico-cultural sustentável, sendo preferível, salvo melhor opinião, a adopção de estratégias concertadas. A gestão não deve limitar-se a controlar a oferta, mas deve também estimular a procura através de promoção, informação e controlo de acesso. Neste âmbito, é possível harmonizar o conceito de serviço ao consumidor e o método da direcção por projectos, aos meios de gestão patrimonial. O objectivo do serviço ao consumidor prende-se com a orientação do património cultural para o seu público efectivo e potencial através da interactividade, da descentralização da comunicação e da individualização do conteúdo informativo às expectativas, interesses e necessidades da audiência. Por outro lado, a direcção por projectos persegue um duplo fim, almejando obter uma maior eficiência (poupança nos custos) e conseguir uma maior efectividade (melhorar a qualidade do produto, a comunicação e os procedimentos de trabalho).

O modelo de gestão descrito procura promover o desenvolvimento económico e social do território, a fim de melhorar a qualidade de vida da população e propõe contribuir para o ordenamento do território através da planificação do uso turístico e das actividades económicas, bem como promover os valores e o uso social do património, como instrumento para alcançar uma gestão viável do mesmo e fomentar a cultura de qualidade como via para

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melhorar a experiência dos visitantes e a imagem de destino (Camarero Isquierdo e Garrido Samaniego; 2004: 57).

No desenvolvimento desta linha de raciocínio importa, ainda, perguntar qual o potencial do património cultural em termos económicos? Ou seja, concretamente, o desenvolvimento de uma estratégia concertada de gestão e promoção aplicada à Arte Nova aveirense que frutos poderá dar à cidade e aos seus habitantes? Actualmente, assiste-se ao crescimento exponencial da oferta e da procura de actividades de cariz cultural, o que se traduziu na recuperação e na valorização de um certo número de legados patrimoniais, impulsionados pelo interesse do público em ver e consumir cultura. Sob esta perspectiva, a cultura combina a sua função simbólica tradicional com outra, mais tangível, convertendo-se numa fonte geradora de riqueza e actividade. Esta realidade produz, actualmente, um enorme interesse político e institucional, procurando-se formas de equacionar o relacionamento entre a economia e a cultura e por calcular o potencial deste novo ramo produtivo, assim como as respectivas formas de articulação estratégica com outros sectores de desenvolvimento económico.

Posto isto, a economia da arte e da cultura constitui-se como uma disciplina florescente dentro dos estudos económicos actuais, ocupando posições cada vez mais relevantes e sólidas, devido a vários factores, entre os quais se destaca o incremento dos recursos financeiros destinados ao sector artístico e cultural (Sanz Lara; 2004: 17). Neste contexto, do mesmo modo que o discurso e o funcionamento de sistemas de carácter económico actuam num determinado tecido cultural, o contrário também se aplica, e se as relações e processos culturais existem no âmbito de ambientes económicos torna-se viável a sua interpretação em termos economicistas (Throsby; 2001: 10).

A economia, enquanto disciplina científica, pode contribuir para explicar o comportamento do homem a respeito da cultura, principalmente, considerando que nas sociedades desenvolvidas esta se converteu num dos sectores económicos mais prometedores. O consumo deste tipo de bens e actividades, como forma de emprego do tempo de ócio disponível, é cada vez mais frequente e obedece a regras determinadas por referências individuais, logo, pode ser objecto de optimização económica e os seus usos comerciais participam no sistema de fluxos da economia (Sanz Lara; 2004: 18).

Para entender esta dinâmica convém compreender o conceito de “valor” enquanto origem e motivação de todos os comportamentos económicos. Simultaneamente, embora sob uma perspectiva um pouco diferente, a ideia de “importante/valioso” encontra-se intrínseca a

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toda a esfera cultural, salvaguardando-se que, no caso da cultura, o valor pode não ser directamente mensurável, embora não deixe de estar presente.

No que concerne ao património cultural, a sua definição abrangente dificulta a delimitação do campo de análise e a sua avaliação económica, pois estamos perante um bem que não se comercializa em mercados organizados, onde a compra e venda de artigos expressa as preferências dos consumidores e onde o grau de custo determina o preço competitivo. Outro problema que emerge na hora de avaliar correctamente o potencial económico de património histórico consiste na presença de várias componentes de valor. A componente mais clara assenta na fruição do bem em si mesmo ou no seu uso directo, o que se traduz em “valor de uso”. Contudo, outra componente, conhecida como “valor de não uso” ou o “valor de uso passivo” também se encontra presente e agrupa os valores relacionados com a própria existência do património, o prestígio ou o signo de identificação para a sociedade, bem como a possibilidade de manter um legado para as gerações vindouras e a possibilidade de exploração futura. Estas ramificações do “valor de uso passivo” denominam-se, respectivamente de “valor de existência”, “valor de legado” e “valor de opção”. O problema fundamental que estas componentes apresentam traduz-se na dificuldade de se identificarem no mercado sob a forma de preços, já que possuem um carácter qualitativo, referindo-se ao património histórico como um activo intangível e como um elemento de identificação (Sanz Lara; 2004: 27).

Neste âmbito, e analisando o caso mais específico de um museu de arte, particularmente relevante no contexto desta dissertação, importa salientar que as instituições museológicas produzem um certo número de bens e serviços destinados ao consumo dos indivíduos. Consequentemente, de grande valor para o interface entre museu e público, é o valor directo das experiências que o museu oferece à sua audiência. Sistematicamente, pode avaliar-se o total de receitas provenientes das bilheteiras bem como os extras consumidos pelos visitantes. Se a entrada no espaço museológico é gratuita, o valor directo de uso mede-se somente pelos excedentes adquiridos pelo consumidor.

Além deste facto, um museu, tipicamente, produz serviços que são valorizados pelos indivíduos e que, simultaneamente, valorizam a instituição. Por exemplo, as actividades de carácter educativo desenvolvidas por esta instituição apresentam benefícios de carácter privado e público. Entre os benefícios colectivos colhidos da existência do espaço museológico, o mais óbvio passa pela valorização da comunidade onde este se insere, independentemente da sua escala. Entre as vantagens da existência de um museu de arte no seio de uma comunidade podem referir-se:

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- O contributo prestado pelo museu para o debate público de tópicos como arte, cultura e sociedade; - O papel que o museu desempenha na definição de identidade cultural; - O estímulo ao trabalho criativo de profissionais e amadores; - O valor que os indivíduos atribuem à possibilidade de visitar o museu e beneficiar dos seus serviços e das experiências proporcionadas pelas suas actividades; - O sentimento da comunidade em relação ao valor do museu, dos seus conteúdos e acervos para si e para as gerações futuras; - Os benefícios que a comunidade colhe através dos serviços educativos do museu; - O relacionamento estabelecido com outras culturas, tanto no sentido de levar a comunidade onde o museu se insere a conhecer novas realidades através das suas exposições e actividades, como a possibilidade de levar os visitantes externos a percepcionarem mais claramente a realidade cultural local; - A valorização comunitária sentida pelos indivíduos devido à existência do museu no seu panorama cultural (Throsby; 2001: 37). 3.3. Marketing do património cultural – breve contributo

Outro aspecto importante desta temática diz respeito à promoção do património

cultural. Mais concretamente, este aspecto centra-se na difusão as estratégias que se utilizam para tornar o património compreensível pelo grande público e que contribuem para que ele seja conhecido por um maior número de pessoas. Ou seja, a promoção/difusão é um ramo da gestão cultural que possibilita a projecção do património, facilitando a interacção entre este e a sociedade. A difusão pode realizar-se através de vários meios de comunicação: imprensa escrita, televisão, publicação de guias, monografias...

Actualmente, a civilização de ócio supõe a abertura da cultura, dando lugar à realização de múltiplas actividades desportivas, artísticas e culturais. Consequentemente, o museu é, ou poderá ser, um elemento fundamental da sociedade, fornecendo várias possibilidades de enriquecimento social e cultural ao seu público. O conceito de qualidade de vida, expresso em termos de satisfação, entretenimento, estímulo e sentimento de bem-estar físico e psíquico encontra-se patente na sociedade de hoje, e, consequentemente, os museus e instituições culturais terão de apostar na oferta de experiências que contribuam para potencializar a qualidade de vida dos seus visitantes (Hernández; 1998: 285).

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Deste modo, o marketing pode ajudar a gerar uma determinada procura dos espaços museológicos, embora também se possa afirmar que esta promoção não é bem sucedida quando pretende alterar atitudes socais inerentes ou quando visa persuadir as pessoas a realizar actividades que, à partida, se crê serem pouco gratificantes. Correntemente, testemunhamos uma série de mudanças nas atitudes sociais que pretendem sensibilizar a população para os problemas do meio ambiente, para a importância da educação (ex. Novas Oportunidades) e para as consequências socioculturais da emigração.

A maior sensibilização face ao valor da cultura está a originar uma progressiva qualificação educativa em todas as pessoas que visitam as instituições museológicas. O facto de as escolas constituírem uma grande percentagem do público que frequenta o museu, confirma a ideia de que é imprescindível potencializar, dentro de uma sociedade de ócio, o desejo de receber formação adequada desde a escola e que esta pode servir-se dos recursos culturais e museológicos, sendo-lhe possível, até, integrá-los nos currículos escolares.

A diversificação e a multiplicação dos museus também se deve ao facto de as pessoas os visitarem por motivações intrínsecas, onde se inclui a vontade de conservar os vestígios de uma sociedade em mudança e o gosto pela autenticidade. Este fenómeno não resulta unicamente de uma estratégia de marketing, mas sim, de uma transformação profunda ocorrida no seio da nossa sociedade. Portanto, o museu é algo mais que um mercado de tempos livres, visto que o seu objectivo primordial consiste em preservar a memória da humanidade para que as gerações presentes e futuras possam deleitar-se na sua contemplação. O museu também se apresenta como um lugar de convivência que abre as portas todos os dias, todas as semanas, para que todos possam usofruir de um espaço lúdico e festivo; além disso, deve estar apto a prestar um serviço público diversificado, tendo em conta as características dos seus visitantes.

Para cumprir este objectivo os museus e as restantes instituições de carácter cultural e responsáveis pela gestão de património cultural poderão relacionar-se com operadores de turismo que ofereçam serviços de transporte, alojamento, alimentação e animação, analisando a possibilidade de integrar a visita num pacote de actividades. É, pois, fundamental redefinir as políticas dos Museus, sem renunciar à ética e ao projecto cultural que lhes é próprio, mas abrindo-se às novas regras de funcionamento, em relação ao mundo do mercado, visando melhorar a qualidade da sua prestação cultural.

Para comunicar com o seu público, os museus podem socorrer-se de quatro ferramentas importantes: publicidade, relações públicas, marketing directo e promoção de vendas. No entanto, antes de um museu, ou qualquer outro tipo de instituição, determinar

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quais as técnicas de promoção e comunicação utilizará, deve ter já defenida uma imagem ou mensagem para o produto, serviço, experiência ou organização. Esta imagem deve ser algo a que os consumidores respondam, que os seduza, algo que queiram comprar ou em que queiram participar. A imagem de um produto, serviço ou organização, também denominada de imagem de marca, representa um atalho para captar a atenção e gerar familiaridade e confiança (Kotler e Kotler; 2001: 260). Uma imagem eficaz funciona como um engodo, dirige o fluxo de atenção do público e faz com que os consumidores optem por determinado produto ou organização sempre que têm necessidade desse tipo de bem ou serviço.

Algumas instituições têm vindo a desenvolver a sua identidade e imagens de marca eficazes de modo a atrair mais público, não só durante as grandes exposições, mas em qualquer outro momento. Pretendem transmitir a ideia de um espaço agradável, onde se usufrui de actividades lúdico-pedagógicas aptas à ocupação de tempos livres, possibilitando momentos de diversão. Em muitos casos, o museu pode ter uma imagem monótona, o que constitui um obstáculo à generalização do público e, muito especialmente, dificulta o contacto com membros da comunidade não familiarizados com a sua realidade; logo, uma imagem e uma identidade de marca eficaz pode induzir as pessoas a visitar o museu e, em último caso convertê-las em visitantes habituais.

Para concluir, deve salientar-se que os objectivos de comunicação e promoção são muito variáveis, pelo que os museus devem utilizar uma série de ferramentas de comunicação, adaptando-as aos objectivos da audiência e à mensagem que pretendem transmitir.

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4. Salvaguarda, gestão e dinamização do património Arte Nova aveirense 4.1. Definição dos critérios e objectivos da estratégia de acção sobre o património

edificado de pendor Arte Nova de Aveiro

Como foi referido, no capítulo anterior, o museu apresenta-se como a instituição mais

adequada e acessível ao grande público para a promoção e salvaguarda do património cultural e constitui o único meio que permite o contacto directo entre o visitante e o património móvel. Contudo, o património Arte Nova, em Aveiro, assenta sobretudo na existência de edifícios, isto é, de imóveis, obrigando à necessidade de programar um museu aberto para a cidade e que integre no seu circuito expositivo edifícios com características arquitectónicas relevantes no âmbito do movimento Arte Nova. Consequentemente, a criação de um Museu Arte Nova tem de cumprir determinados critérios, que a seguir vamos expor e que conduzem ao desenvolvimento de um programa museológico adequado:

- Introduzir o visitante/público na temática Arte Nova; - Incentivar visitas à cidade, dando a conhecer ao individuo os imóveis de pendor Arte Nova. Ou seja, desenvolver o conceito de “museu nas ruas da cidade”. As visitas à urbe iniciar-se-iam a partir de um centro de acolhimento – sito na Casa Major Pessoa – que permitisse efectuar a sua gestão e, simultaneamente, oferecer ao visitante os restantes serviços, normalmente, associados a um museu, isto é, exposições temporárias, serviços educativos, centro documental, loja, cafetaria...; - Prever a sustentabilidade financeira do espaço; - Desenvolver estratégias concertadas de marketing (atracção de públicos), bem como de salvaguarda do património Arte Nova existente na região. No seguimento da definição dos critérios, cumpre apontar os objectivos que se

pretendem alcançar com o desenvolvimento de uma estratégia de salvaguarda, gestão e promoção das manifestações de carácter Arte Nova aveirenses, estratégia esta concretizada através da criação do Museu Arte Nova e da inerente musealização da cidade.

Neste contexto, estabelecem-se como objectivos do Museu Arte Nova de Aveiro: - Analisar os contextos em que o movimento Arte Nova se instalou em Aveiro e as características de que se revestiu; - Discutir o impacto social, económico e cultural do desenvolvimento do movimento Arte Nova;

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- Incrementar o interesse pelas temáticas abordadas; - Facilitar o acesso, físico e intelectual, ao acervo e à informação a ele associado; - Proporcionar serviços a uma camada de púbico tão alargada quanto possível; - Promover a investigação sobre o movimento Arte Nova e a publicação de artigos e livros sobre a temática; - Desempenhar um papel activo na vida cultural, científica, educacional e económica da cidade de Aveiro, atraindo visitantes e investigadores, visitas escolares, turistas, etc... Neste âmbito, os próximos sub-capítulos visam a análise descritiva do edifício-museu

e o estabelecimento do seu programa funcional, bem como a criação do circuito de visita Arte Nova e o desenvolvimento dos mecanismos associados de salvaguarda do património Arte Nova. Contudo, em primeiro lugar, urge analisar as acções e os momentos de trabalho presentes na programação de um projecto deste tipo. O esboço de princípios, que se pretendem realistas ao nível do plano económico, social, conservativo, educativo e científico, nasce do trabalho de investigação sobre:

- Conhecimento do pensamento/mentalidade da população do território sobre o qual se quer actuar, determinando quais são os seus principais traços de identidade e cultura (arquitectura, gastronomia, costumes...); - Inventário e a análise dos recursos patrimoniais de forma a avaliar o seu potencial de atracção de visitantes, tanto do ponto de vista turístico como do ponto de vista didáctico e científico; - Cálculo da audiência (real e potencial) e a avaliação das dificuldades e das oportunidades relacionadas com a motivação dos visitantes e a acessibilidade dos locais; - Avaliação dos recursos humanos e financeiros disponíveis ou potencialmente disponíveis; - Determinação dos temas e argumentos para a interpretação – definindo a especificidade e os conteúdos da oferta patrimonial, tendo sempre em consideração que a interpretação deve fornecer as chaves para a leitura do património. Assim, a interpretação deve centrar-se sobre a dimensão simbólica do património e a emoção individual que se experimenta através da sua descoberta e contemplação; - Definição dos sistemas de apresentação com base, entre outros, em dois critérios: o tipo de “objectos patrimoniais” e as características da audiência;

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- Definição do tipo de serviços complementares – sinalização, estacionamento, lavabos...; - Cálculo dos gastos correntes decorrentes da implantação do projecto, o que nos permitirá determina o índice mínimo de frequência de público necessário para garantir a viabilidade do projecto e decidir sobre possíveis vias de financiamento: ingressos, serviços complementares, mecenato...; - Definição do sistema de gestão e da estratégia de marketing e promoção. 4.2. O Museu Arte Nova – proposta de musealização da Casa Mário Belmonte

Pessoa

Os museus são instrumentos de diálogo cultural, dirigidos à conservação e divulgação

do conhecimento a partir de um acervo documental. O edifício “Casa Mário Pessoa”, construído, como outros, em Aveiro entre os anos de 1905 e 1914, representa um claro exemplo da aplicação local de elementos assimilados no movimento Arte Nova, embora o estilo se reconheça mais presente nas partes do que no todo, estando patente sobretudo nas fachadas e lambris forrados a azulejos pintados (com elementos naturais e geométricos) nas zonas mais públicas do edifício (entrada e salas de visita no rés do chão).

A “Casa Mário Belmonte Pessoa” localiza-se no largo do Rossio, actual Rua Barbosa de Magalhães, n.º 10, e está inscrita na matriz sob o artigo urbano n.º 00056, com uma área de implantação de 130. 37 m2, uma área descoberta de 107. 35 m2 e uma área total de 237. 92 m2. A casa confronta a norte com a Praça do Peixe, a sul com o Rossio, a poente com a sede concelhia do Partido Socialista e a nascente com uma residência particular. Da descrição matricial constam os seguintes elementos: “Uma casa de 4 pavimentos, sendo 1 sótão. Tem 6 vãos, 3 divisões, 1 dispensa e retrete, no 1.º 4 vãos e 3 divisões, no 2.º 2 vãos, 5 divisões e retrete, no 3.º e 2 vãos e 2 divisões no sótão”.

Trata-se de um imóvel de planta longitudinal, com cobertura em telhado de duas águas. A fachada é marcada pela sua verticalidade, acentuada pela mansarda com arco japonês. É precisamente a decoração inscrita, no geral, nos elementos estruturais da fachada, que confere a relevância ao edifício e o transforma num exemplar de qualidade da arquitectura e decoração de cariz Arte Nova da cidade. O tratamento dado às cantarias, em calcário e mármore, apresenta uma grande variedade de elementos ornamentais Arte Nova, gosto reflectido nos motivos vegetalistas e zoomórficos, bem como em todo o movimento imposto

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pelas formas curvilíneas dos arcos, das varandas e varandins, das molduras das portas e janelas, em madeira, e da serralharia artística em ferro forjado.

O piso térreo é marcado por três vãos, sendo o central de maior dimensão e assentando, cada um deles, em colunas independentes com capitéis decorados com motivos florais. A entrada situa-se num plano recuado formando um pequeno átrio encerrado pelas colunas e pelo gradeamento em ferro. Nela é notório o discurso Arte Nova patente na forma de arco abatido, demonstrando a presença da famosa linha em chicotada. Painéis de azulejo com motivos zoomórficos e vegetalistas, revestem as paredes laterais.

O piso intermédio apresenta três vãos, correspondentes a três portadas duplas e respectivas varandas. Em termos decorativos recorre-se ao aparelho rusticado para definir as molduras, rematadas com lintel em arco abatido, onde se inscrevem motivos de carácter vegetalista (molduras laterais) e um grande pássaro (moldura central). A serralharia artística das varandas volta a evidenciar os elementos florais.

No que concerne ao piso superior todo ele se encontra preenchido por vãos de janelas, em número de cinco, mas de dimensões desiguais, alternam arcos abatidos com arcos de volta perfeita. As suas molduras destacam-se da fachada concedendo-lhe maior exuberância, acentuada pelas guardas em cantaria e serralharia artística, formando uma espécie de varandim corrido. O remate deste piso volta a revelar decoração de cariz vegetalista sobre os vãos laterais, erguendo-se uma imponente mansarda sobre a janela central. Ostentando um arco japonês protegido com guarda em serralharia artística e com caixilho em madeira de formas curvas, a moldura da mansarda apresenta uma profusão decorativa que volta a repetir motivos florais e vegetalistas. A casa Mário Belmonte Pessoa é coroada por uma águia dominando uma serpente assentes sobre um globo.

O alçado posterior, voltado à Praça do Peixe, embora mais sóbrio, mantém a mesma linguagem ganhando maior ênfase nos pormenores azulejares de remate e nos painéis que decoram o pequeno mirante e a torre.

Tal como a fachada, o alçado posterior revela a decoração distinta em cada um dos seus pisos. Ao nível da cobertura surge uma portada central com varandim semicircular em ferro (corresponderá ao piso da mansarda da fachada). Sobre esta portada inscreve-se um relevo representando um leão. O piso superior apresenta uma abertura de forma semicircular compreendendo uma portada central e duas frestas de vidraça em quarto de círculo. A parte cega do semicírculo ostenta decoração de motivos vegetalistas que emolduram a portada e a varanda, uma vez mais, em cantaria artística.

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O piso intermédio acha-se todo preenchido por vãos com portadas que abrem sobre uma varanda corrida com acesso exterior através de uma escadaria em ferro. Nos intervalos dos vãos, de lintéis em arco com pequenos apontamentos decorativos, surgem vários óculos circulares. Um outro óculo de moldura lavrada abre-se na pequena torre que se desenha no lado direito do alçado.

No piso inferior destaca-se a entrada envidraçada em arco abatido. O gosto Arte Nova encontra-se bem patente nas serpenteantes linhas dos caixilhos dos vidros.

Ao fundo do jardim murado surge um pequeno mirante coberto a telha de canudo de cor verde esmalte. Revestem-no vários painéis de azulejos da fábrica da Fonte Nova, bem como azulejos relevados de cor verde água. Um dos painéis apresenta figuras femininas de longas cabeleiras onduladas, um elemento característico da Arte Nova. A entrada para este jardim é feita por portão em serralharia decorado com motivos florais que se repetem no gradeamento.

No que concerne a decoração e ao mobiliário interior, foram analisadas algumas fotografias do interior feitas antes do mobiliário ser removido4, e verificando-se que o ambiente da casa se pautava pela elegância sóbria e conservadora. A decoração ousada e moderna patente no exterior não corresponde ao estilo dos artigos decorativos e dos móveis escolhidos para o interior. Segundo algumas informações fornecidas pelo Dr. José António Rebocho Christo, técnico superior no Museu de Aveiro, especializado em artes decorativas, o mobiliário escolhido por Mário Belmonte Pessoa para a residência familiar revela um gosto conservador. De um modo geral, podemos caracterizar a decoração como romântica, com traços de eclectismo e revivalismo, tendência em voga em finais do século XIX e inícios do século XX.

A partir das imagens que mostram o espólio da casa e os interiores, torna-se possível efectuar a parcial reconstituição de interiores:

- No rés-do-chão, na primeira saleta, salienta-se uma credencia de gosto romântico, de madeira escura, eventualmente de mogno, com tampo de mármore branco sobre a qual assenta uma jarra cerâmica cinzenta escura de estilo Art Déco; uma mesa de buffet, de madeira escura, que aparenta ser uma antiguidade do século XVII / XVIII e um sortido de poltronas e cadeiras forradas a tecido, de matriz romântica. A segunda saleta encontra-se decorada com um louceiros e um aparador. O louceiro revela o gosto romântico, construído em madeira escura e apresentando,

4 As fotografias mencionadas foram cedidas pela Câmara Municipal de Aveiro e encontram-se

disponíveis para consulta na Divisão de Museus e Património Histórico – Imagoteca Municipal.

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na parte superior, duas portadas envidraçadas coroadas por uma cimalha lavrada e, na parte inferior, duas portadas com duas gavetas e um tampo de mármore rosado. O aparador também apresenta traços representativos do gosto romântico ligados a um revivalismo renascentista. Esta peça é executada em madeira escura, com tampo em mármore, exibe duas prateleiras na parte superior e duas portadas e gavetas na inferior. Sobre o louceiro destacam-se várias peças em cerâmica, porcelana e vidro, de cores, de estilos e motivos distintos. A fotografia mostra ainda várias cadeiras dispersas, de madeira escura, espaldar alto trabalhado e com assento de palhinha. As paredes estão decoradas com dois painéis de azulejos emoldurados e que retratam paisagens, bem como com vários pratos de porcelana com o mesmo tipo. Existe ainda uma representação da Ceia de Cristo, executada em prata ou estanho. - No primeiro andar as fotografias mostram a existência de mobiliário de quarto. As peças continuam a ser de madeira escura e patenteiam o mesmo gosto conservador do rés-do-chão, a área de carácter mais público da residência. No que concerne a família Pessoa, os poucos dados que aqui se encontram referidos

foram obtidos através de uma entrevista feita ao Dr. Lacerda Pais (14 de Setembro de 2006), da consulta do Livro das Descripções Prediaes, do Livro de Inscripções de Transmissão, bem como das escrituras registadas no Primeiro Cartório Notarial de Aveiro. Adicionalmente, no anexo 3 reproduzem-se algumas fotografias familiares que foram encontradas perdidas no sótão da casa e que, actualmente, integram a Imagoteca Municipal de Aveiro.

No Livro de Inscripções de Transmissão pode-se ler: “A requerimento de Elisiaria Sequeira Pinto, solteira, maior, domestica e moradora n’esta cidade, no Largo do Rocio, na qualidade de tutora e administradora de suas filhas menores, impúberes, Branca, de dois annos de idade, e Julieta, de oito meses de edade, esta ainda não baptisada, mas conhecida por aquelle nome, que é o que lhe ha-de ser dado no acto do baptismo, ambas com ella moradoras, fica inscripta a favor das mesmas maiores a transmissão do prédio descripto sob o art. 16302, f. 199 do Livro B - 45, por lhes haver sido doado, em partes eguaes, pela requerente, sua mãe, no valor de nove centos mil réis e com a condição d’ella doadora ficar uzofructuaria vitalícia do referido prédio doado”. Esta entrada, datada de 27 de Maio de 1905, aponta para o facto de, apesar do imóvel ser correntemente designado como “Casa Mário Pessoa” ou “Casa Major Pessoa”, a propriedade pertencer efectivamente a Elisária Sequeira Pinto, solteira e mãe de duas filhas menores. O facto permite concluir que o casamento com Mário Belmonte Pessoa com a referida Elisária se teria realizado posteriormente.

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Neste âmbito, o Dr. Lacerda Pais, amigo da família, informa que o casal irá ter mais dois filhos – Romeu e Luís Mário. A filha Branca morre de tuberculose, em 1929 e Elisária Sequeira Pinto, por sua vez, vem a falecer em 1961.

Não existem dados que nos permitam reconstruir a vivência da Casa Major Pessoa, enquanto residência da família. Apesar de se conhecerem como sendo uma família importante e, claramente, de algumas posses, nunca eram mencionados nas colunas sociais dos jornais locais. Sabemos, por informação do Dr. Lacerda Pais, durante vários anos residente na “Casa Major Pessoa”, que Julieta foi recepcionista no consultório do Dr. Peixinho (personalidade carismática da cidade de Aveiro) (Anexo 3).

Por outro lado, através da escritura patente no registo notarial é possível reconstruir, parcialmente, o percurso de transmissão hereditária da residência: “Declaram os outorgantes Emília Maria e Luís Mário que em vinte e quatro de Fevereiro e mil novecentos e sessenta e um faleceu a sua avó Elisiária Augusta Sequeira Pinto de Belmonte Pessoa sem qualquer disposição de última vontade, deixando, como herdeiros legitimários os seus dois filhos, Mário Sequeira de Belmonte, casado em regime de comunhão geral com Otília Limas Belmonte, e Julieta Sequeira de Belmonte Pessoa, solteira, (...). Posteriormente, em dez de Novembro de mil novecentos e sessenta e seis, e em três de Abril de mil novecentos e setenta e nove faleceram respectivamente os indicados Otília Limas Belmonte e marido Mário Sequeira de Belmonte, sem qualquer disposição de última vontade, tendo deixado como únicos herdeiros e outorgantes Emília Maria e Luís Mário, seus filhos; mais tarde, em três de Maio de mil novecentos e noventa e cinco, faleceu a atrás identificada Julieta Sequeira de Belmonte Pessoa, no estado de solteira, sem qualquer disposição de última vontade, sucedendo-lhe, como herdeiros legítimos os seus dois sobrinhos, os mencionados Emília Maria e Luís Mário...”5. Neste momento a Câmara Municipal de Aveiro intervém, adquirindo a residência aos herdeiros, num processo que se analisará seguidamente.

Na Reunião de Câmara de 27 de Julho de 2000 foi decidida a aquisição da Casa Major Pessoa, resolução posteriormente aprovada em Reunião da Assembleia Municipal, realizada a 12 de Outubro de 2000. A compra destinava-se a preservar o imóvel, dado o interesse municipal do mesmo, sendo o seu valor total de cento e vinte milhões de escudos. Na acta da Reunião de Câmara é referido que “O Sr. Presidente sugeriu que se faça o mesmo que se fez com a Capitania, ou seja, que se contactem arquitectos para a elaboração de um

5 Livro de notas para Escrituras Diversas, número 167-F, do Primeiro Cartório Notarial de Aveiro, fol. 83

e 84 v.

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projecto de recuperação do imóvel, sendo de opinião que se crie um centro de difusão para os turistas, um centro de acolhimento e de referência do Distrito de Aveiro. Sugeriu, ainda, a abertura de uma casa de chá, e eventualmente, um restaurante, mas que obedecesse ao critério distinto de ser tudo em Arte Nova, «um ambiente Arte Nova», nomeadamente os artefactos, os móveis, as chávenas, etc. As pessoas iriam tomar o chá num ambiente Arte Nova. Reconstituir os quartos como sendo um Museu Arte Nova, mas vivo, que as pessoas possam visitar (...)”6.

O modelo de musealização que se propõe, contudo, para o futuro Museu Arte Nova, mais próximo de um centro de interpretação que sirva de referente à visita pedonal a outros exemplares, poderia orientar-se por três modelos de reactivação: restauro, recuperação e reconversão:

- O restauro, repondo originalmente a casa e oferecendo ao visitante a experiência visual do interior doméstico de uma casa de pendor Arte Nova do início do século XX; - A recuperação do edifício para novos fins museológicos e expositivos; - A reconversão de espaço, valorizando conceptualmente os argumentos que lhe estão na origem, mas construindo um discurso estético contemporâneo. A este respeito levantam-se questões sobre a validade do processo de restauro, já

que este implica, até certo ponto, a substituição do documento original que se pretende preservar, em detrimento dos processos de recuperação ou reconversão, em que se actualiza técnica e funcionalmente o imóvel, privilegiando-se, somente, a manutenção dos elementos basilares de identidade. Segundo este conceito, os signos possuidores de identidade e, consequentemente, de memória não são colocados em causa, mas também se anula o perigo de se criar uma falsa identidade, e, inerentemente, uma falsa memória ao tentar-se a reconstrução total de um edifício sem fundamentos (Providência e Providência – Workshop “O Cavalheiro Arquitecto e a Arte Nova”).

Uma das funções básicas das instituições patrimoniais passa por dar a conhecer ao público os bens patrimoniais que custodiam, ou seja, torná-los acessíveis a todos. Contudo, difundir não se resume unicamente a comunicar a informação inerente a um objecto ou lugar, é também estimular, conduzir à reflexão, provocar e comprometer. Para cumprir estes objectivos dispomos de uma única ferramenta - a interpretação. Contudo, verifica-se que a

6 Acta da Reunião de Câmara Ordinária de 27-07-2000. Acta n.º 60, da Reunião da Assembleia

Municipal de 12-10-2000, página 3, Sessão Ordinária de Setembro, Livro de Minutas de Actas, 56 a 62, de 2000.

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interpretação só ocorre no âmbito do desenvolvimento de um projecto global de comunicação, em que o edifício e os conteúdos são tratados como um todo (Hernández e Tresseras; 2005: 171).

Neste âmbito, o Museu Arte Nova, partindo de um trabalho de investigação e levantamento sobre o movimento Arte Nova, efectua uma síntese e desenvolve os mecanismos que permitem ao visitante entrar em contacto com este conhecimento. Os mecanismos de comunicação do museu devem possibilitar a assimilação do conhecimento e devem estimular a acção sobre o conhecimento, no sentido do estímulo da avaliação e da crítica.

Este raciocínio conduz-nos à musealização da cidade ou ao desenvolvimento do

conceito de “museu nas ruas da cidade”, já que os elementos referentes ao movimento Arte Nova existentes em Aveiro são imóveis com elementos decorativos ao gosto Arte Nova. Posto isto, o Museu Arte Nova corresponderá mais à delineação de percursos na cidade, do que à instalação de uma colecção permanente de objectos. No entanto, a residência Major Pessoa funcionará como sede, ponto de partida, fonte de informação e interpretação, lugar de exposições temporárias, abrigo de biblioteca especializada, sala de acções de formação e espaço de recepção dos seus públicos.

Museologia da ideia (cidade)

Relacionar/Interacção

Visitante Saber

Apresentação dos saberes

Interactiva

Comunicação

Produtor/Museu Visitante

Elabora um meio de comunicação

Entra em comunicação com o saber

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A criação e fruição do Museu Arte Nova pretende fornecer ao público as ferramentas para:

- Compreender o processo de construção da imagem urbana a partir da síntese de uma série de aspectos, factores e factos – históricos, políticos e ideológicos, socioculturais, económicos, geográficos e tecnológicos – pois tais condicionantes localizam no tempo e no espaço as distintas manifestações Arte Nova que, por sua vez, estão directamente relacionadas com determinadas práticas e manifestações socioculturais; - Analisar e interpretar as imagens do passado da cidade através da consulta em diversas fontes históricas, literárias, jornalísticas e iconográficas, mas também através do conhecimento da história oral/memória social dos seus habitantes e utentes; - Conhecer e analisar os significados, sentidos e valores simbólicos, sociais e culturais inerentes à percepção que os indivíduos fazem da cidade ou núcleos históricos da actualidade; - Promover uma reflexão acerca das representações culturais, na medida em que a auto-reflexão e, consequente, interpretação sobre as representações culturais é um elemento básico do desenho de um projecto, especialmente quando se trata de preservar os recursos locais – simbólicos e sociais. Esta reflexão poderá contribuir para a consolidação de um imaginário colectivo cuja referência de orgulho para os seus moradores, indo ao encontro de suas representações sociais e culturais, fortalecendo assim a identidade da cidade; - Conhecer e analisar as distintas formas de manifestação cultural associadas à Arte Nova – música, literatura, fotografia, vidro, cerâmica, arquitectura... – como os modos de vida predominam em determinados contextos – formas e modos de trabalho, habitar, lazer e diversão, etc. Por outro lado, no campo da gestão e do marketing, pretende-se aplicar técnicas de

gestão mais sofisticadas, mas também, fundamentalmente, procura-se introduzir mudanças no âmbito do produto oferecido, no sentido de que o Museu Arte Nova, mais do que uma instituição dedicada à preservação de objectos, se converta num centro cultural que trabalhe para o público. Consequentemente, o conceito de público também sofrerá mutações, já não significando o simples visitante, mas, pelo contrário, representando a comunidade à qual o museu pertence. Ou seja, ainda que as funções de preservação, investigação e exibição se mantenham, muda a sua importância, pois o museu, sob esta perspectiva, converte-se no produtor de cultura e não numa montra dos vestígios do passado.

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No que concerne a reabilitação do imóvel, o projecto de recuperação do edifício deve-se ao Arquitecto Sarabando, técnico da Câmara Municipal de Aveiro. A 3 de Maio de 2004 foi presente à Reunião de Câmara o estudo prévio para reabilitação e recuperação da Casa Major Pessoa (acta n.º 16 de 3 de Maio de 2004, páginas 14 e 15) tendo, o arquitecto, realizado uma apresentação de onde se ressalvam as seguintes ideias:

- “... foi a casa originariamente construída com dois pisos e sótão. Tal ponto é assente, se bem que pouco divulgado. Só após a sua conclusão, por volta de 1907, foi decidida a ampliação em mais um piso, o que terá sido finalizado em 1909. Uma vez que em 1907 a casa já estava pronta, presume-se que a parte superior da fachada tenha sido desmontada para que se pusesse acrescentar um piso intermédio, sendo posteriormente reconstruída. O desenho curvilíneo, quase orgânico dos vãos do rés-do-chão e do segundo andar, alinham entre si, correspondem no número e sugerem a possível pré existência, por cima do átrio de entrada, de uma varanda, apenas com arcada e gradeamentos”; - “A edificação padece de patologias típicas para uma construção desta idade neste local, o qual apresenta elevado índice de higrometria e salinidade, havendo a salientar a falta de estanquicidade, que é relativamente recente ao nível da cobertura e do saguão, mas que provocou já uma degradação acentuada da estrutura, alvenaria e rebocos, nos locais afectados com maior gravidade”; - “As propostas contidas no presente anteprojecto foram desenvolvidas com vista à implementação de soluções construtivas associadas à resolução das patologias detectadas, assim como à efectivação de funcionalidades e polivalências adaptadas à especificidade do espaço da intervenção”; - “Propõe-se o fecho e cobertura do saguão existente a eliminar, com uma estrutura rectilínea metálica de revestimento transparente, mantendo e reforçando a estrutura original de telhado solta, e reconvertendo o espaço do saguão em zona de galeria, com transmissão de luz zenital aos pisos de baixo. Também se propõe a remoção do soalho do sótão, do tecto e das paredes divisórias do segundo andar, no espaço central, em prole de um espaço amplo e polivalente, com um pé direito a condizer. Em resumo, elimina-se o sótão e em sua substituição criam-se duas varandas tipo sobreloja interior-exterior, com acesso próprio, nos espaços compreendidos entre as fachadas interiores. Propõe-se ainda a instalação de um elevador, sob o torreão a tardoz”.

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Ao nível da programação funcional do espaço sugere-se uma análise e uma organização tripartida, em que cada piso corresponde a um objectivo e a uma função. No que diz respeito ao primeiro nível propõe-se a criação da Sala de Chá Arte Nova. Este espaço desempenhará uma dupla função. Por um lado, convida o visitante a experienciar o ambiente Arte Nova, oferecendo de forma lúdica e informal uma primeira contextualização e introdução a este movimento; por outro lado, também desempenhará um importante papel na sustentabilidade financeira do Museu, não só através da sua frequência, mas também através da comercialização de uma linha de produtos ligados ao Museu Arte Nova (desde louças, a produtos gourmet). Para tirar melhor partido da sua localização priveligiada sugere-se a existência de dois acessos – um pela fachada principal e outro pela fachada posterior - e que esta área seja de acesso livre, facilitando a frequência do espaço pelo público local, e incentivando a visita às restantes áreas do Museu.

O primeiro andar acolherá o Laboratório de Ideias, pólo educativo intergeracional, onde se desenvolvem actividades para várias faixas etárias que favorecem a interdisciplinariedade, aprendizagem, criatividade e imaginação. Simultaneamente, este sector funciona como centro de recursos e informação, podendo o visitante recolher o guia PDA que o irá apoiar na realização do passeio pelo circuito Arte Nova, ou efectuar a consulta a publicações e aceder, em postos informáticos de trabalho, a várias informações sobre temas relacionados directa ou indirectamente com o mundo Arte Nova e a sua época (por exemplo, botânica, matemática, técnicas construtivas, música, dança...).

O segundo andar ficará unicamente dedicado à realização de exposições temporárias. Este poderá ser o espaço para actividades mais criativas em que se poderiam sugerir ligações entre a Arte Nova e o design e a ciência contemporânea.O programa de exposições temporárias deverá ser estudado de forma a articular-se com todo o projecto museológico, servindo os objectivos do museu. As exposições temporárias são fundamentais para o desenvolvimento da “nova museologia”, contribuindo para a atracção de novos públicos e para a fidelização de visitantes. Com o desenvolvimento de exposições temporárias pretende-se:

- Criar a oportunidade de nos concentrarmos num único aspecto; - Estabelecer protocolos com outras instituições que se relacionem de alguma forma

com as colecções e temáticas do museu; - Apresentar trabalhos relacionados com a temática; - Explorar temas do sector permanente; - Avaliar a possibilidade de, ainda que em desenvolvimento posterior, ser considerada

a possibilidade de organização de exposições temporárias itinerantes que percorram a região;

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- Aplicar o conceito de “museu-mercado” que oferece produtos culturais que são consumidos pelo grande público e que, como todo o produto de mercado, deve renovar-se constantemente.

A questão do conteúdo funcional do imóvel relaciona-se intrinsecamente com o design do equipamento museológico para o Museu Arte Nova, não deixando de se levantar várias questões, entre as quais as mais pertinentes são: dever-se-á reproduzir mobiliário de traça Arte Nova, ou, pelo contrário, apostar na reinterpretação do estilo? A fim de responder a esta questão verificamos a existência de três possibilidades, sobretudo relacionadas com a concepção da Sala de Chá:

1) Reprodução do ambiente de um salão de chá português, datado das décadas de 1900/1910. Contudo, verificámos que a Arte Nova, em Portugal, salvo raras excepções, não se manifestou ao nível do mobiliário e da decoração de interiores. Logo, a execução de um salão de chá deste tipo não compreende manifestações Arte Nova significativas, o que poderá representar uma desvantagem e, talvez, um contra-senso, dado que o salão de chá se insere no programa museológico e funcional do Museu Arte Nova. Neste caso, o visitante contactará com o ambiente da época, o que é pedagogicamente correcto, mas não contactará com o mundo/realidade Arte Nova, o que, por sua vez, não cumpre os objectivos do museu e, simultaneamente, poderá criar alguma confusão relativamente às expectativas do público, no que concerne à temática inerente ao salão de chá.

2) Concepção do salão de chá ao estilo Arte Nova, recorrendo à manufactura de réplicas de peças de mobiliário, cutelaria e porcelanas de cariz Arte Nova. Neste contexto, para o efeito, seria necessário buscar réplicas de peças de mobiliário internacional (não na totalidade, mas em grande parte), salvaguardando-se o facto de que este tipo de mobiliário não terá abundado em Portugal, mesmo em residências e lojas com fachadas ao gosto Arte Nova, como se constatou pela observação da Casa Mário Pessoa. Assim, esta possibilidade implicaria a criação de um ambiente um pouco fictício, que, apesar de permitir ao visitante o contacto com elementos Arte Nova e a apreensão de conceitos e ideias inerentes a este movimento, não retrata uma realidade correcta, existindo o risco, bem real, do visitante deduzir que este ambiente era comum na época. Todas as peças teriam que estar bem identificadas enquanto réplicas, assinalando o autor, cronologia e proveniência da peça original.

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PÁTIO

ELEVADOR

ÁTRIO

A

COZINHA/COPA

ARRUMOS

W.C.

SALA

ÁTRIO

C

ÁTRIO

PLANTA DO PISO 1- projecto

SALASALA

D

B

3) Reinterpretação do movimento Arte Nova. Neste contexto, um designer ou arquitecto de renome iria projectar o espaço inspirando-se nos conceitos e características patentes no estilo Arte Nova, mas utilizando uma linguagem contemporânea. Esta possibilidade, salvo melhor opinião, apresenta-se como a mais aceitável, permitindo ao visitante contactar com princípios Arte Nova (motivos, fluidez das linhas, etc...), sem se estar a recriar um ambiente fictício, mas, pelo contrário, criando-se um ambiente original.

A título de curiosidade reproduz-se, seguidamente, as plantas do projecto de arquitectura elaboradas pelo Arq. Mário Sarabando. No que concerne os gabinetes de trabalho e a importante área de reserva constata-se que as dimensões do imóvel não permitem a sua implementação. Contudo, esta questão, deverá ser salvaguardada noutro pólo museológico da Autarquia, preferencialmente o Museu da Cidade pela sua proximidade, criando-se uma rede de museus com recursos partilhados ou um museu polinucleado. Neste último caso, o Museu Arte Nova assume o carcácter de pólo museológico temático.

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A ELEVADOR

C

PLANTA DO PISO 3 - projecto

SALÃO POLIVALENTE

D

SALETA

B

MARQUISE

ELEVADORA

SALA SALA

DC

SALETA

PLANTA DO PISO 2 - projecto

B

4.3. O circuito de Arte Nova

Os visitantes constituem-se como um elemento importante na economia dos centros

urbanos. A gestão eficaz de um grande número de pessoas poderá ter como resultado o prolongamento da duração média de visita, bem como o aumento da viabilidade económica de determinadas áreas da cidade. A experiência do visitante fica reduzida se, por exemplo, todos os estabelecimentos existentes na rua de comércio tradicional pertencerem a cadeias e mostrarem fachadas idênticas; logo, torna-se necessário algum cuidado para assegurar um conjunto diversificado de estabelecimentos. O melhoramento da qualidade das ruas onde se situa o pequeno comércio dará origem a um conjunto urbano mais interessante para usufruto dos visitantes e habitantes.

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Coordenar a gestão de outras áreas do centro urbano para formar uma gestão do visitante de sucesso, inclui sinalização, roteiros e mapas, instalações sanitárias, locais de diversão nocturna, estacionamento automóvel e transportes públicos de boa qualidade. Uma forma de promover a singularidade de uma cidade passa por desenvolver uma área do centro urbano como um bairro especializado em antiguidades, artesanato, gastronomia ou outros produtos exclusivos.

Contudo, antes de mais nada, é necessário salvaguardar que a história da arquitectura da cidade não pode ser focalizada para a história dos monumentos, mas dirigida, também, para o estudo do tecido urbano, ou seja, dos edifícios e dos espaços ordinários, anónimos, edifícios que não são tanto o resultado da arte mas de novas formas de promoção e de tecnologias construtivas, de alterações do mercado imobiliário e de padrões estéticos emergentes (Alves; 2003: 18).

Consequentemente, um roteiro deve ser entendido como um itinerário temático para a descoberta do património, capaz de provocar a realização de uma viagem através do território que o sustenta, utilizando recursos e serviços, sendo, por tanto, um produto elaborado e susceptível de ser consumido e, consequentemente, comercializado. Para avaliar a criação de um roteiro torna-se necessário considerar os seguintes elementos:

- A imagem e o valor do produto;

- O turista ou visitante, levando em linha de conta a sua motivação e as suas expectativas;

- O território em que a actividade se desenrola;

- A qualidade dos componentes da oferta;

- A autenticidade da vivência/experiência cultural;

- Os serviços de acolhimento e informação;

- As infra-estruturas. O roteiro define-se por um espaço físico e temporal, em que é necessário fixar

mínimos e máximos de distância e duração, assim como opções de percurso de acordo com diferentes critérios e motivações. É fundamental o que eixo temático (Arte Nova) seja percebido em todos os elementos que constituem o roteiro, tanto nos pormenores/componentes como na globalidade.

Características do roteiro:

- Responder a uma imagem predeterminada: a imagem deve constituir, em si mesma, um convite à realização da visita. Para que um itinerário resulte credível e

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tenha força de mercado, o seu desenho deve ser coerente, completo e responder a um critério de unidade.

- Circunscrever-se a um espaço geográfico determinado: qualquer tipo de roteiro deve estabelecer-se sobre possíveis itinerários, no âmbito de um marco geográfico determinado.

- Ter uma duração espaço-temporal limitada, com valores mínimos e máximos: deve ser possível dividir o roteiro em unidades, ou adicionar outras provenientes de diferentes âmbitos territoriais (ex. Aveiro Arte Nova versus Rede Nacional de Municípios Arte Nova).

- Integrar serviços de carácter turístico-cultural (visitas guiadas, transporte, restauração...).

- Considerar diferentes interesses turísticos, culturais, económicos e comerciais, tanto públicos como privados.

- Contar com uma gestão unitária. Esquematicamente:

Roteiro – Aveiro Arte Nova

Estrutura organizativa

Plano de acção Gestão sustentável

Ligação das componentes

Figura de gestão

Plano operativo Definição do produto/estrutura e diferenciação Sinalização Plano de promoção (criação da imagem e logótipo, material de promoção, distribuição, fidelização) Monitorização Conservação e potencialização do património Manutenção e gestão da informação

Plano de financiamento

LegislaçãoNormas de qualidade Gestão urbanística

Recursos humanos

Definição dos elementos de

conexão

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Para cumprir os objectivos propostos torna-se necessário:

- Instalações adequadas para o acolhimento de visitantes e para o desenvolvimento de actividades relacionadas com a Arte Nova (neste caso o Museu Arte Nova, sito na Casa Mário Belmonte Pessoa);

- Eixo temático, centrado na Arte Nova, podendo incluir informação sobre temas de interesse associados;

- Cumprimento dos requisitos estabelecidos na legislação de carácter turístico e museológico;

- Acesso sinalizado de acordo com uma imagem de marca que identifique o recurso cultural e turístico, bem como desenvolvimento de infra-estruturas de apoio apropriadas;

- Recursos humanos suficientes para a prestações de serviços, sendo recomendável a fluência em mais que um idioma (com predominância do inglês e espanhol);

- Parque de estacionamento próprio nas proximidades e adequado às necessidades da procura (individuais ou grupos), cumprindo, preferencialmente as normas de acessibilidade vigentes;

- Desenvolvimento de desdobráveis e material didáctico com objectivos pedagógicos e divulgativos.

Tomando em consideração estas directrizes optou-se por, em primeiro lugar, efectuar um diagnóstico dos edifícios e do seu potencial enquadramento num circuito de visita organizado. Sendo a exposição permanente do Museu configurada pelos edifícios e espaços classificados que o constituem, a musealização passará por definir um conjunto de acções sobre o espaço público urbano onde aqueles se inserem, de forma a reconfigurar lugares, sítios ou contextos que contribuam para a sua interpretação.

Na sequência destes pressupostos, procedeu-se ao levantamento dos imóveis e das condições de implantação através do preenchimento das fichas que se encontram no anexo 2.

Estas fichas tinham como objectivo avaliar e qualificar os seguintes parâmetros: 1) Caracterização do edifício, em particular o seu estado de conservação e o interesse

da visita ao interior (presença ou não de elementos decorativos de pendor Arte Nova); 2) Implantação do imóvel, avaliando aspectos como:

- Trânsito;

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- Contexto (existência de comércio, local para actuação de grupos e animação de rua, percursos pedonais, outros imóveis de interesse arquitectónico, passeios largos ou estreitos, estacionamento, etc.);

- Tipo de local (centro histórico, bairro residencial ou zona comercial);

- Meio envolvente (conservado ou degradado? caracterizado ou descaracterizado?);

- Sinalética. 3) Correlações:

- Proximidade do Museu Arte Nova, ponto de partida do circuito;

- Ligação a outros edifícios de traça Arte Nova;

- Acessibilidades. Depois de elaboradas as fichas e após análise pormenorizada dos diversos

parâmetros, chegou-se às seguintes conclusões:

Aspectos positivos/potenciais: - Cerca de 73% dos imóveis encontram-se num estado de conservação bom ou muito bom, não estando nenhum em ruína e somente 6 em mau estado de conservação; - Vinte e cinco edifícios estão em locais associados a actividades comerciais e quinze localizam-se na proximidade de outros pontos de interesse; - Cerca de metade das residências concentram-se na área protegida do Centro Histórico de Aveiro; - Em 100% dos casos, o meio envolvente encontra-se conservado e em 48% está caracterizado. Os restantes imóveis situam-se em locais parcialmente descaracterizados, contudo ainda de potencial interesse de visita. Apenas em quatro residências é que o meio envolvente está completamente alterado; - Dezanove dos edifícios encontram-se a uma distância máxima de vinte minutos, a pé, do Museu Arte Nova, ponto de partida do circuito; a distância máxima registada limita-se a cinquenta minutos; - Treze dos edifícios acham-se integrados em áreas pedonais ou bastante perto dessas ligações a outros pontos da visita.

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Neste contexto verifica-se que se terá de apostar numa estratégia de sinalização dos

imóveis e melhoria das condições de acessibilidade, visando alcançar uma visão de conjunto sobre a musealização da própria cidade, promovendo a fruição do espaço urbano e dando visibilidade à programação do Museu no contexto urbano.

Posto isto e adicionalmente sugere-se que a realização das visitas seja apoiada pela utilização de guias multimédia, desenvolvendo-se um sistema de navegação e exploração de conteúdos em espaços exteriores, em particular através da utilização de PDA’s (personal

digital assistant) capazes de captar o sinal de GPS (Global Positioning System), permitindo, assim, a exploração dos edifícios em questão com uma grande facilidade, comodidade e autonomia. Este sistema deve permitir aos visitantes aceder a vários tipos de informação sobre os imóveis (cronologia, autores, plantas, informações sobre a envolvente e características especiais desse edifício), bem como aliar o som à imagem, fornecer conteúdos em vários idiomas e permitir a adaptação do teor à faixa etária do visitante. Sugere-se, ainda, que para os visitantes mais interessados seja desenvolvida a rubrica de “mais informação”, fornecendo níveis acrescidos de conhecimento e remetendo para bibliografia especializada.

No que concerne ao desenvolvimento de um circuito de visita, convém esclarecer que o projecto passava por definir um contexto integrado de visita para os edifícios Arte Nova listados pela Divisão de Museus da Câmara Municipal de Aveiro e que, no âmbito da presente dissertação, foram analisados através das fichas constantes do Anexo 1 e 2. Inicialmente, não constituía um objectivo prioritário desta dissertação efectuar uma análise estilística e crítica aos imóveis, mas sim avançar com uma proposta de integração dos mesmos num circuito de

Aspectos negativos / ameaças: -Cerca de 84% dos edifícios situam-se em áreas de trânsito intenso ou muito intenso; - Apenas 11 edifícios se encontram implantados em locais que facilitam a realização de actividades de animação de rua ou actuação de grupos; - No que concerne a envolvente e facilidade de acesso aos imóveis verifica-se que 48% se encontram em áreas com passeios estreitos, em 42% dos casos as estradas também são estreitas e em 63% o estacionamento é reduzido; - Não existe sinalética apropriada em 100% dos casos; - Em 48% dos edifícios a caminhada de um ponto de visita para o próximo não é encorajada, pois não existem percursos pedonais, fechos de rua ou centros comerciais; - Só em cinco casos é que a acessibilidade se encontra favorecida pela proximidade de parques de estacionamento, em quatro por paragens de transporte e em três por praças de táxis.

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visita simultaneamente turístico e museológico. Contudo, após o estudo das construções e das várias leituras efectuadas sobre o movimento Arte Nova, constata-se que algumas das casas inicialmente consideradas não apresentam referências Arte Nova relevantes, pelo que se sugere a sua exclusão do roteiro. Neste grupo incluem-se os seguintes imóveis: Edifício do Cais, Edifício das Quatro Estações, Antiga Capitania do Porto de Aveiro – Assembleia Municipal e Antiga Sapataria Leitão. Neste âmbito, a Casa do Rossio e a Farmácia Ala devem ser compreendidas como exemplos da diluição das características Arte Nova, e como exemplos finais do estilo. Por outro lado, no mesmo contexto, parece oportuno incluir a possibilidade de visita ao Cemitério Central e aos jazigos n.º 19, 22, 23, 24 e 25 (fichas n.º 30, 31 e 32 do Anexo 1), bem como à estátua funerária do túmulo de Artur Prat (ficha n.º 29 do Anexo 1), onde se salienta uma interessante conjugação de elementos ao gosto Arte Nova, fundidos com características de pendor Gótico.

Ainda neste âmbito, seria interessante confrontar os visitantes com a análise do Mercado do Peixe (ficha n.º 33 do Anexo 1), datado de 1904, e que constitui um exemplar da Arquitectura do Ferro. Se bem que a decoração do Mercado do Peixe possa ser descrita como sóbria e estilizada, dentro do movimento Arte Nova europeu a exploração dos novos materiais construtivos, destacando-se entre eles o ferro pela leveza e fluidez que imprimia às edificações, marcou tendência. À luz desta perspectiva, o Mercado do Peixe também pode ser introduzido no circuito.

Neste contexto, propõe-se o desenvolvimento de dois circuitos – um de menor duração e outro mais vasto que visa servir as pessoas mais interessadas. No que concerne ao primeiro circuito sugere-se o seguinte percurso:

1. Museu Arte Nova – Residência Major Pessoa (ponto de partida); 2. Casa do Rossio; 3. [Mercado do Peixe]; 4. Pensão Ferro; 5. Farmácia Ala; 6. Monumento à Liberdade; 7. Cooperativa Agrícola (vista do outro lado do canal); 8. Museu da Cidade (visto do outro lado do canal); 9. Casa dos Ovos Moles (vista do outro lado do canal); 10. Edifício Florentino Vicente Ferreira; 11. Fundação João Jacinto Magalhães.

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Em alternativa, á visita ao Edifício Florentino Vicente Ferreira e á Fundação João Jacinto Magalhães, o visitante pode optar por visualizar os monumentos funerários ao gosto Arte Nova patentes no cemitério Central.

Visando o desenvolvimento de um roteiro alargado, com uma duração de cerca de duas horas e meia, propõe-se o trajecto seguinte:

1. Museu Arte Nova – Residência Major Pessoa (ponto de partida); 2. Casa do Rossio; 3. [Mercado do Peixe]; 4. Pensão Ferro; 5. Farmácia Ala; 6. Monumento à Liberdade; 7. Cooperativa Agrícola; 8. Museu da Cidade; 9. Casa dos Ovos Moles; 10. Edifício Florentino Vicente Ferreira; 11. Fundação João Jacinto Magalhães; 12. Edifício da Antiga Garagem; 13. Antigo Hospital de Aveiro; 14. Coreto do Parque D.Pedro; 15. Edifício da Casa Amarela; 16. Fontanário das Cinco Bicas; 17. Tribunal de Menores; 18. [Antiga Sapataria Leitão]; 19. Testa e Amadores; 20. Sapataria Miguéis; 21. [Antiga Capitania do Porto de Aveiro – Assembleia Municipal]; 22. Edifício Francisco Rebelo dos Santos; 23. Centro Comunitário Vera Cruz; 24. Bar “Arte Nova” – Hotel As Américas; 25. Edifício Pompeu de Figueiredo; 26. Residência Francisco Silva Rocha; 27. [Edifício das Quatro Estações]; 28. Edifício dos Lírios; 29. [Edifício do Cais].

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Seguidamente apresentamos o mapa da cidade com os dois percursos enunciados:

Primeiro circuito Percurso de menor duração

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4.4. Os mecanismos associados de salvaguarda do património Arte Nova - Bolsa de

Salvaguarda Arte Nova

O planeamento estratégico do território e do urbanismo tornam-se indispensáveis para

garantir um desenvolvimento sustentável, hoje entendido como a gestão prudente do espaço comum, que funciona como um recurso crítico de oferta limitada e de procura crescente nos locais onde se concentra a civilização. As cidades de hoje debatem-se com o problema da falta de coerência na continuidade de evolução no tempo, que afecta tanto as estruturas sociais, como as diferenças culturais. Isto não significa somente a continuidade das

Segundo circuito Percurso de maior duração

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características dos espaços construídos, mas também a continuidade da identidade, que é um valor fundamental a salvaguardar e promover num mundo sempre tão dinâmico (adaptação da Nova Carta de Atenas 2003, pág. 6 e 9).

Estes conceitos polarizam-se em dois eixos: 1) Coerência económica (globalização versus regionalização/especialização): as

actividades económicas são hoje influenciadas pela combinação de 2 forças principais – a globalização e a especialização (local e regional). Os especialistas apontam para o desenvolvimento de duas tendências: haverá uma procura crescente de produtos raros e requintados e de serviços associados a processos específicos de produção tradicional (Nova Carta de Atenas; 2003: pág. 14);

2) Vantagens competitivas: para uma cidade que procure a coerência, capitalizar os seus atributos culturais e naturais, gerindo valores herdados da História, promovendo a sua singularidade e diversidade, tornar-se-á cada vez mais uma vantagem significativa (Nova Carta de Atenas; 2003; pág. 15).

Neste contexto e de acordo com as directivas emanadas pelo Conselho da Europa, a reabilitação urbana considera-se um processo de Revitalização e/ou regeneração urbana de longo prazo. É acima de tudo um acto político com o objectivo de melhorar componentes do espaço urbano e o bem-estar e qualidade de vida da população em geral. Os seus desafios espaciais e humanos requerem a implementação de políticas locais (por exemplo, política de conservação integrada do património, política de coesão e ordenamento territorial, política de coesão e ordenamento territorial, política ambiental e de desenvolvimento sustentável. A reabilitação é, assim, parte de um projecto/plano de desenvolvimento urbano, exigindo uma abordagem integrada que envolva todas as políticas urbanas.

Objectivos essenciais:

- Garantir a conservação integrada do património cultural;

- Promover a coesão territorial;

- Contribuir para o desenvolvimento sustentável da cidade através de uma gestão cautelosa do ambiente e do tecido urbano;

- Incentivar o desenvolvimento local através do crescimento económico baseado na iniciativa local e estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento local e de desenvolvimento turístico sustentável nos tecidos antigos;

- Incentivar a coesão social visando ajudar a melhorar o tecido social através da valorização do tecido urbano;

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- Incentivar o respeito pela diversidade cultural almejando construir uma identidade local fundada no conhecimento da diversidade local e encorajar a apropriação por parte dos residentes da área onde habitam através da autenticidade e da interpretação.

Daqui se pode concluir que um lugar urbano integra o indivíduo numa comunidade e esta, através das formas de cidade que vai construindo no tempo – sobretudo nos espaços colectivos e públicos – projecta uma imagem de si mesma para o exterior. Tanto mais forte e clara será a comunicação dessa identidade, quanto mais consistente for a interacção entre cidadãos e o seu lugar de enraizamento.

Na sequência das actividades de sensibilização que se têm vindo a desenvolver junto da população, das parcerias nacionais e internacionais em crescimento, bem como no âmbito da programação museológica do Museu Arte Nova, que preconiza a realização de circuitos pela cidade, sugerimos a criação da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, enquanto actividade fundamental para o bom cumprimento dos objectivos acima enunciados.

Este projecto visa incentivar a recuperação de imóveis de pendor Arte Nova presentes na cidade e no concelho. Representa uma etapa na organização e qualificação da colecção permanente do Museu Arte Nova, desenvolvendo-se em dois eixos de actuação.

Eixo 1 - Incentivo à recuperação de imóveis com características Arte Nova:

- Isenção de taxas por parte da Câmara Municipal de Aveiro;

- Apoio qualificado e especializado na área da conservação, restauro e reabilitação urbana prestado pelos técnicos da Câmara Municipal de Aveiro definidos para integrarem a equipa da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova;

- Apoio na elaboração do caderno de encargos prestado pelos técnicos da Câmara Municipal de Aveiro;

- Apoio na candidatura a programas de financiamento apropriados (Caixa Geral de Depósitos, etc...).

Eixo 2 - Apoio financeiro à recuperação de imóveis com características Arte Nova –

somente para imóveis em regime de propriedade privada individual:

- Criação de uma rede de mecenas disponíveis para apoiar financeiramente a recuperação de edifícios com elementos Arte Nova – empresas, instituições bancárias, individuais...

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A reabilitação urbana sustentável implica menos investimento público e privado e rentabiliza investimentos anteriormente realizados – recupera a cidade. Este tipo de intervenção possui, ainda, a capacidade de dinamizar a economia local, contribuindo para a qualificação da cidade enquanto potencial destino turístico, ou seja, mobiliza a estima pela cidade.

Neste contexto, entre os princípios orientadores da intervenção em espaço urbano podem apontar-se os seguintes:

- Privilegiar uma escala de intervenção diferente da geralmente considerada em reabilitação;

- Aplicar uma visão sistémica do objecto de reabilitação;

- Reduzir acentuadamente tramitações administrativas;

- Envolvimento das populações residentes ou com actividade profissional na área. A reabilitação de edifícios e conservação do património pode-se esquematizar do

seguinte modo: Invólucro exterior ou Envelope (fachadas e cobertura):

- visando a manutenção ou beneficiação da apresentação ou de outros aspectos do seu desempenho.

Interiores (abrangendo ou não as instalações e sistemas do edifício):

- visando a melhoria das condições de habitabilidade e conforto. Estrutura e Fundações:

- visando a melhoria do comportamento estrutural.

Invólucro exterior (fachadas e cobertura) Condições de habitabilidade e conforto

- Métodos especializados de estudo, avaliação e intervenção, capazes de se adaptarem a cada caso concreto;

- Necessidade de conhecimentos técnicos de materiais e sistemas construtivos tradicionais, contemporâneos e avançados;

- Necessidade de trabalho em equipas pluridisciplinares, envolvendo arquitectos, engenheiros de várias especialidades, arqueólogos, historiadores, conservadores-restauradores...

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Os retalhistas beneficiam de um aumento de clientes e do volume de

negócios.

Ao nível dos objectivos, a Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, integrada no contexto da estratégia de salvaguarda e promoção do património de cariz Arte Nova aveirense, onde o Museu Arte Nova se insere, pretende:

No que concerne a execução da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, e num âmbito de

trabalho prático, propõe-se o seguinte Regulamento: 1. Descrição A Bolsa da Salvaguarda Arte Nova tem como objectivo a melhoria das condições de

recuperação e acesso ao conjunto de imóveis com características Arte Nova presentes no concelho, incluindo as obras de intervenção nos edifícios e os arranjos exteriores.

Serão apoiadas acções de valorização e recuperação de imóveis com elementos Arte Nova de relevância. Trata-se de obras com características muito próprias – que não se limitam a meras intervenções de construção civil – porque envolvem conhecimentos e técnicas de recuperação especializados, de modo a garantir a concordância com os valores a preservar.

Estas obras constituem passos fundamentais para a reabilitação e valorização dos elementos de memória e formação da identidade cultural, especialmente relevantes para a cidade de Aveiro e constituição do Museu Arte Nova.

2. Âmbito Podem solicitar apoio da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova todos os proprietários de

imóveis com características Arte Nova sitos no concelho de Aveiro.

Aveiro Cidade Arte Nova

As autoridades locais vêem um centro urbano vibrante, viável e que satisfaz as necessidades da sua comunidade.

Os visitantes são atraídos por locais interessantes e eventos

lúdicos.

Os clientes desfrutam de uma ambiente agradável, seguro, acessível e com uma grande variedade de lojas e recursos.

Os proprietários usufruem o aumento das rendas e a valorização

das suas propriedades.

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Os imóveis são sujeitos a uma avaliação prévia, realizada até 5 dias após a recepção da manifestação de interesse, pelos técnicos da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, a fim de se verificar a existência de elementos relevantes de pendor Arte Nova e de se avaliar o seu enquadramento no âmbito da referida Bolsa.

3. Equipa de trabalho no âmbito da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova Será definida uma equipa técnica permanente, responsável pela gestão, execução e

acompanhamento das intervenções a realizar no âmbito da Bolsa. Esta equipa é composta por:

- um Técnico de História/História da Arte;

- um Engenheiro de Conservação e Restauro;

- um Engenheiro Civil;

- um Arquitecto;

- um Técnico do Departamento Económico-Financeiro;

- um Jurista. 4. Estrutura de funcionamento da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova A Bolsa compreende dois eixos de Acção. Eixo 1 – Incentivo à recuperação de imóveis com características Arte Nova:

- Isenção de taxas urbanísticas por parte da CMAveiro, nomeadamente, processamento técnico-administrativo do pedido, taxa pela emissão de licença ou autorização para obra de alteração, prorrogações, emissão de licença ou autorização de utilização e autos de vistorias, taxa por licença de ruído, resguardos, ocupação de espaço (artigo 28.º) e inscrição de técnicos;

- Apoio qualificado e especializado na área da conservação, restauro e reabilitação urbana prestado pela equipa de trabalho da Bolsa;

- Apoio na elaboração do caderno de encargos prestado pelos técnicos da Câmara Municipal de Aveiro;

- Apoio técnico da elaboração de candidaturas a programas de financiamento externo apropriados.

Eixo 2 – Apoio financeiro à recuperação de imóveis com características Arte Nova

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O Eixo 2 da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova funciona como um complemento ao Eixo 1 em caso de:

- Residências privadas, cujos proprietários comprovem sofrer de dificuldades financeiras (beneficiários do rendimento social de inserção ou cujo agregado familiar viva exclusivamente de pensões de reforma e o rendimento seja igual ou inferior ao valor máximo atribuível no âmbito do rendimento social de inserção; os interessados deverão fazer prova da situação através das correspondentes declarações emitidas pela segurança social da área respectiva);

- Imóveis de qualidade excepcional (a equipa de trabalho da Bolsa avalia a possibilidade de um determinado imóvel se integrar nesta categoria. A sua decisão é validada pelo parecer da Comissão Consultiva do Património Edificado).

- O apoio financeiro prestado no quadro do Eixo 2 da Bolsa é providenciado pela Rede de Mecenas da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova. A Rede de Mecenas é composta por empresas, instituições ou privados que aceitem o convite endereçado pela Câmara Municipal de Aveiro ou que enviem uma carta escrita a manifestar o interesse em aderirem à iniciativa.

5. Rede de Mecenas da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova

- A adesão à Rede de Mecenas da Bolsa é livre e voluntária;

- Os membros da Rede de Mecenas são contactados sempre que um pedido se insira no âmbito do Eixo 2 da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova;

- Os processos em questão são enviados aos membros da Rede de Mecenas, tendo estes trinta dias úteis para decidir o apoio financeiro, sob a forma de mecenato, ao imóvel em questão;

- Cada mecenas é livre de aceitar ou recusar apoio a um determinado imóvel;

- O valor do apoio financeiro doado pelo mecenas resulta apenas da sua decisão, não existindo um valor mínimo de apoio obrigatório ou predefinido;

- Nunca se aceitam, por parte de um mecenas individual ou de um conjunto de mecenas, apoios com um valor superior ao custo estimado da intervenção,;

- Caso vários mecenas demonstrem interesse em patrocinar uma intervenção e o valor conjunto das suas doações ultrapasse o custo estimado da intervenção, cabe à equipa de trabalho reunir com os mecenas e ajustar o valor das suas doações de forma a resolver esta situação.

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6. Identificação dos imóveis no âmbito da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova

- Todos os imóveis intervencionados com o apoio da Bolsa ficarão assinalados com uma placa identificativa, independentemente de terem recebido apoio financeiro no âmbito do Eixo 2.

- Na placa identificativa e, caso o imóvel tenha sido apoiado financeiramente no âmbito do Eixo 2, deverão figurar os logótipos ou nomes dos mecenas.

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5. Conclusão O conceito museológico apresentado aproxima-se da tipologia de ecomuseu, que se

caracteriza por ser aberto, da povoação, do território, da identidade e da testemunha, “sem paredes”, e com maior atenção aos valores e necessidades do presente das comunidades, ou de museu de território, entendido como um museu cuja colecção é representativa de um território específico, mais ou menos vasto e cuja ligação a esse mesmo território se concretiza através de um conjunto de acções, em articulação com a comunidade e outras instituições locais. De acordo com este paradigma de museu, o visitante converte-se em activo, habitante e participante.

Também, o ecomuseu é pensado como um instrumento para a participação popular e ordenamento do território, sempre através da tomada de consciência da população. Neste sentido o ecomuseu é o espelho no qual a população local descobre e cria a sua imagem. Contudo, não podemos pensar que os ecomuseus se implementaram e implementam só em zonas rurais. Pelo contrário, a experiência museológica tem sido aplicada em contextos urbanos e industriais. Um bom exemplo de ecomuseu urbano é o de Fresnes (França), criado em 1978, num subúrbio de Paris e que desenvolve programas comunitários de exposições temporárias sobre as culturas dos imigrantes, a história das mulheres, bem como a história urbana e o urbanismo da cidade.

É verdade que o Museu Arte Nova de Aveiro não se pode considerar um verdadeiro ecomuseu, mas com o presente trabalho pretende-se aproveitar as potencialidades da existência de imóveis que se podem integrar na tipologia Arte Nova na cidade e explorar esta valência. Se não se trata de um ecomuseu, a verdade é que as premissas que lhe servem de base se mostraram orientativas do trabalho. Posto isto, através da aplicação e desenvolvimento deste conceito, o Museu Arte Nova segue os seguintes princípios orientadores:

- Compreender o tempo nas suas diferentes dimensões: passado, presente e futuro;

- Interpretar os diferentes espaços que compõem uma paisagem;

- Territorializar o museu e musealizar o território, contextualizando os bens culturais no seu contexto de significado social;

- Dedicar áreas ao estudo histórico e social, mas também à formação de especialistas e outros;

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- Aplicar uma escala, na qual as populações participam nas acções de pesquisa e de protecção, sensibilizando-as para os seus problemas e participando activamente na sua resolução;

- Mostrar ideias e não só objectos;

- Gerar emprego directo e indirecto, podendo atrair por si só turismo cultural;

- Contribuir para o desenvolvimento turístico e cultural;

- Permitir que a sociedade civil participe na definição do que é património cultural;

- Abrir o museu a toda a comunidade. Podemos, no final, concluir que o Museu Arte Nova é, com algumas limitações, um

museu territorial, quase polinuclear, no sentido de um modelo de antenas e sítios visitáveis, nele a participação cidadã, a identidade, a memória e o meio ambiente são conceitos fundamentais. Neste âmbito, procura-se que esta estrutura se oriente, em muitos dos seus princípios, pelas linhas da “nova museologia”, tentando explicar o sociocultural no território e organizar visitas com destaque para a experiência, nas quais os locais se auto-interpretam.

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6. Fontes e Bibliografia Nota: Apresentam-se as obras de consulta organizadas por temática, existindo um

sector para as obras sobre a cidade de Aveiro e o movimento Arte Nova e outro para os trabalhos sobre museologia e património cultural. Na presente listagem de fontes e bibliografia encontram-se referenciados todos os livros, artigos e fontes que influenciaram a dissertação, mesmo que não tenham sido explicitamente referenciados no corpo de texto, pois considero que sem a sua leitura o trabalho final seria diferente.

6.1. Fontes

6.1.1. Manuscritas e dactilografadas

Arquivo de Aveiro – Biblioteca Municipal de Aveiro:

- Actas da Câmara – 1903 a 1910;

- Livro Copiador de Officios – 1903 a 1908;

- Três cadernos com correspondência entrada na Câmara – 1903 a 1910;

- Pasta Contendo 4 cadernos de registo de licenças de construção – 1902 a 1910; Primeiro Cartório Notarial de Aveiro:

- Livro de Notas para Escrituras Diversas, n.º 167-F. Arquivo Distrital de Aveiro:

- Livro das Descripções Prediaes;

- Livro das Inscripções de Transmissão. Câmara Municipal de Aveiro – Secção de Actas:

- Actas da Reunião de Câmara do ano 2000 e 2004. Câmara Municipal de Aveiro – Divisão de Obras Particulares:

- Regulamento de Taxas e Licenças Urbanísticas;

- Plano Director Municipal.

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63

Assembleia Municipal de Aveiro:

- Actas da Assembleia Municipal do ano 2000. 6.1.2. Orais

Dr. José António Rebocho Christo Dr. Lacerda Pais Conferência de J. Aguiar – Reabilitação Urbana: ou a arte de gerir contradições!, 1.ª Conferência do Jornal Arquitecturas, Reabilitação Urbana: desafios e oportunidades, FIL, 1 de Fevereiro 2004

6.1.3. Icononímicas

Imagoteca Municipal de Aveiro:

- Álbum G1A2 a G9A44. 6.2. Obras de Consulta

6.2.1. Arte Nova e Aveiro

- 1900 [2000] – s/l, Réunion des Musées Nationaux.

- ANACLETO, Regina [1997] – Arquitectura neo-medieval portuguesa: 1780-1924, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica.

- Art Nouveau & Design : Les arts décoratifs de 1830 à l’Expo 58 [2005] – Bruxelas, Éditions Racine.

- Art Nouveau European Route [2007] – Barcelona, Institut del Paisatge Urbá I la Qualitat de Vida.

- Art Nouveau, Jugendstil, Modern Style, Arte Nova. Uma exposição do Goethe-Institut zur Pflege der deutschen Sprache im Ausland und zur Förderung der internationalen kulturellen Zusammenarbeit [1980] – Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Instituto Alemão.

- Aveiro – Cidade Arte Nova [1999] – Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.

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64

- Aveiro – Cidade Arte Nova [2005] – Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.

- BRAGA, Amílcar Manuel de Oliveira [1995] – Aveiro em 1847-1848 segundo um relatório do Governo Civil, Aveiro, Estudos Aveirenses, n.º 5, pp. 191-206.

- CARVALHO, António Cardoso Pinheiro de [ 1997] – O arquitecto José Marques

da Silva e a arquitectura no Norte do País na primeira metade do século XX, Porto, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2.ª edição.

- CHAMPIGNEULLE, B. [sem data] – A Arte Nova, s/l, Editorial Verbo.

- Charlotte Benton; Tim Benton; Ghislaine Wood, eds. [2003] – Art Deco 1910-1939, s/l, Bulfinch Press; AOL Time Warner Book Group.

- CRANFIELD, Ingrid [2001] – Art Deco House Style - an architectural and interior design source book, s/l, David & Charles Brunel House.

- DIAS, Mário Sarabando [2006] – O mistério da Casa Major Pessoa, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.

- FAHR-BECKER, Gabriele [2000] – A Arte Nova, s/l, Konemann.

- FERNANDES, Maria João [1999] – Arquitectura Arte Nova em Portugal. Um Século de Património em Perigo, Aveiro, Actas do Encontro de Aveiro – Cidade

Arte Nova [6, 7 e 8 de Maio], Boletim Municipal de Cultura, n.º 33, Câmara Municipal de Aveiro, pp. 67-74.

- FIELL, Charlotte; FIELL, Peter [2000] – 1900’s/1910’s. Decorative Art, a source

book, s/l, Taschen.

- Fleurs et ornements: Ma racine est au fond des bois [1999] – Nancy, Réunion des Musées Nationaux e Ville de Nancy.

- FRANÇA, José-Augusto [2004] – História da Arte em Portugal. O Pombalismo e o

Romantismo, Lisboa, Editorial Presença.

- GOMES, Ana e LOURENÇO, Andreia [2007] – Museu Arte Nova: estratégia integrada de desenvolvimento museológico. Arte Nova – porta para o futuro. Livro

de comunicações, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro, pp. 91-97.

- GOMES, Marques [1877] – O Districto de Aveiro, Noticia Geographica, Estatistica, Chorographica, Heraldica, Archeologica, Historica e Biographica da Cidade de Aveiro e de Todas as Villas e Freguezias do seu Districto, Coimbra, Imprensa da Universidade.

- HARDY, William [1996] – Guia de Arte Nova, Lisboa, Editorial Estampa.

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- LAMBOURNE, Lionel [2005] – Japonism. Cultural crossings between Japan and

the West, s/l, Phaidon Press Limited.

- Lisboa de Frederico Ressano Garcia 1874-1909 [1989] – Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Câmara Municipal de Lisboa.

- Los Orígenes de L’Art Nouveau : El Imperio de Bing [2004] – Amesterdão e Paris, Van Gogh Museum, Musée des Arts décoratifs e Mercatorfonds.

- MADSEN, Stephan Tshudi [2002] – The Art Nouveau Style, a comprehensive

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- NEVES, Amaro [1997] – A “Arte Nova” em Aveiro e seu Distrito, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.

- NEVES, Amaro [1999]– Da Arte Nova em Aveiro. O porquê da diversidade de estilo, Aveiro, Actas do Encontro de Aveiro – Cidade Arte Nova [6, 7 e 8 de Maio],

Boletim Municipal de Cultura, n.º 33, Câmara Municipal de Aveiro, pp. 19-40.

- NEVES, Amaro; SEMEDO, Énio; ARROTEIA, Jorge [1989] – Aveiro do Vouga ao

Buçaco, Lisboa, Editorial Presença.

- PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas [2001] – História da Arte – ocidental e portuguesa, das origens ao final do século XX, Porto, Porto Editora.

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- Jornal O Povo de Aveiro – 1900 a 1918;

- Jornal O Democrata – 1908 a 1918;

- Jornal O Campeão das Províncias – 1900 a 1918.

6.2. 4. Websites

- http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-263.htm - 17 de Setembro de 2007, 16.35 horas.

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71

Anexo 1 - Inventário do património edificado de pendor Arte Nova

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72

Ficha

Designação Casa do Rossio

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Largo do Rossio, n.º 3 e 4

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico, nomeadamente casas nas ruas João Barbosa de Magalhães e João Mendonça.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, com cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos e uma grande água furtada no enfiamento da fachada. Na fachada principal salientam-se duas entradas laterais ao nível do rés-do-chão, embelezadas por molduras encimadas por um frontão enrolado com concha ao centro. Axialmente, destacam-se três janelas, das quais, a central, mais estreita, forma um arco abatido em pedra. No segundo piso, existe uma varanda em pedra com guarda em semicircunferência, sustentada por mísulas trabalhadas e ladeadas por duas janelas em arco de volta perfeita, com moldura em pedra lavrada. Na água furtada sobressai uma janela embelezada por uma moldura em arco abatido com avental.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Duarte, construtor

Cronologia 1929

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Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

Os frisos de remate com lágrimas estão igualmente presentes no edifício da “Barrica”.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (molduras e elementos decorativos da fachada), madeira (caixilharia e portas), vidro colorido (interior), telha marselha, estuque (tectos), azulejos (interior).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999 Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações Representa um exemplo final da corrente Arte Nova, mais ecléctico ao nível das formas. No seu interior são dignos de referência os tectos estucados e as portadas com vidros coloridos.

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74

Ficha 2

Designação Edifício dos Lírios

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Antónia Rodrigues, n.º 87

Protecção -

Enquadramento Urbano, voltado para um dos canais da Ria de Aveiro, no Canal de São Roque..

Descrição

Edifício de planta rectangular, com cobertura em telhado de duas águas e dois pisos. A fachada principal é alta e estreita, revestida a azulejo azul e branco e rematado por uma empena com painel de azulejo ao centro. No primeiro piso salienta-se uma porta com bandeira gradeada e uma janela, do lado esquerdo, emoldurada a cantaria. Separa-as um painel de azulejos vertical com lírios. A encimar a moldura, inserido num arco abatido, e no avental, dois outros painéis, com o mesmo motivo. No segundo piso ressaltam duas janelas de peito com moldura e varandim em ferro, também separadas por um painel de azulejos, igual ao primeiro piso. A encimar as molduras, existe um painel triangular com os mesmos motivos. Salienta-se a existência de mais dois azulejos integrados nas lágrimas decorativas, nos dois extremos da fachada. O edifício é rematado por uma empena, incorporando mais um painel em azulejos, dentro da mesma linha dos anteriores. O interior não possui valor artístico arquitectónico.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

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Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia 1912 – data da elaboração dos azulejos pela Fábrica Fonte Nova, da autoria de Licínio Pinto

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Granito (molduras), azulejo (polícromo nos painéis, azul e branco a revestir a fachada), madeira (caixilharias e porta), ferro (gradeamentos).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu distrito, CMA, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações

A verticalidade do imóvel, neste caso particular, justifica-se não tanto como uma tendência da corrente Arte Nova, mas como resultado da exígua métrica tão típica das construções do Bairro da Beira Mar. Neste edifício destacam-se os painéis de azulejos, ao gosto Arte Nova e da Fábrica da Fonte Nova.

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76

Ficha 3

Designação Edifício das Quatro Estações

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Manuel Firmino, n.º 47 e 49

Protecção Fachada de azulejos classificada como Valor Concelhio, em 16 de Dezembro de 1999. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, integrado em frente urbana contínua.

Descrição

Do imóvel original só resta a fachada que pelo seu valor intrínseco foi preservada e inserida num novo projecto de arquitectura contemporânea. Os quatro painéis que ostenta são evocativos das estações do ano e são provenientes da Fábrica da Fonte Nova. Os painéis são em cor azul e surgem envoltos em cercaduras polícromas. No piso térreo encontra-se o painel evocativo do Inverno, no lado direito, e do Outono, no lado esquerdo. No segundo piso, à direita localiza-se o painel evocativo do Verão e à esquerda a “Primavera”.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial e serviços (escritórios)

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia 1922 (cerca de)

Tipologia Arquitectura civil residencial e serviços

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Características particulares

Qualidade estilística e cromática dos azulejos que revestem a fachada, executados pela Fábrica da Fonte Nova cujo trabalho é visível em outras fachadas de edifícios Arte Nova da cidade.

Dados técnicos -

Materiais Azulejo polícromo (fachada)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu distrito, CMA, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações

O actual projecto de reconstrução é da autoria do arquitecto Ricardo Melo. Ao nível azulejar, é notório um desenho mais clássico no piso térreo, com folhas de acanto, pássaros e jarrões de flores, na boa tradição azulejar portuguesa, entre os quais sobressaem as figuras do Outono e Inverno. Por contraste surgem as linhas mais modernas e estilizadas do piso superior, onde borboletas e rosas envolvem uma Primavera e um Verão de expressão infantil.

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78

Ficha 4

Designação Edifício do Cais

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Travessa de São Gonçalinho, n.º 3

Protecção -

Enquadramento Urbano, voltado para um dos canais da Ria de Aveiro e fazendo ângulo com duas artérias.

Descrição

Edifício de planta longitudinal com cobertura em telhado de duas águas com água furtada destacada. A fachada principal ostenta uma empena escalonada coberta a azulejo azul e branco. No rés-do-chão, duas portas com almofadas gradeadas e molduras rectas em cantaria e janela ao centro, também com moldura em pedra. No segundo piso, salienta-se uma janela de sacada ao centro com guarda arredondada em ferro, ladeada por janelas de peito estreitas, todas com molduras encimadas por arquitrave. A água furtada, ao centro, tem uma janela com gradeamento condizente aos restantes. Superiormente, existe um remate com friso em azulejo, com motivos florais e cornija saliente. A fachada lateral esquerda é composta por vãos no segundo piso, enquadrados numa parede lisa pintada.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

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Cronologia Século XX

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

Escalonamento volumétrico no remate da fachada principal. A água furtada destacada, ao centro, é encontrada em vários edifícios do mesmo estilo da cidade.

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada principal e remate da fachada), ferro forjado fundido (gradeamentos), madeira (caixilharias e porta).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais,1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações

Este edifício destaca-se pelo ritmo criado pelo desnível dos seus beirados e pela mansarda central. Contribuem ainda para a sua beleza os frisos de remate que acompanham os mesmos beirados nos quais um desenho floral reflecte bem os cânones estilizados do movimento Arte Nova.

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80

Ficha 5

Designação Pensão Ferro

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Tenente Resende, n.º 30

Protecção Edifício classificado como Valor Concelhio, 25 de Maio de 1998. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, integrado em frente urbana contínua.

Descrição

Edifício de planta longitudinal com cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos, o primeiro revestido a pedra com diferentes tratamentos e o segundo piso a azulejo verde. No rés-do-chão sobressai um arco abatido decorado com caules entrelaçados que envolvem as duas janelas com gradeamentos e porta central, em ferro fundido com motivos vegetalistas. Em cada extremo situam-se esculturas alusivas, uma intitulada “Honor”, com símbolos florais e outra “Labor”, com instrumentos de serralharia. No primeiro andar salienta-se uma janela dupla, ao centro, com varanda de pedra e guarda em ferro, apoiada sobre três mísulas. De cada lado, existe uma janela com moldura em pedra. No topo, ressalta uma água furta cega emoldurada por pedra lavrada. A fachada posterior está integralmente revestida a azulejo verde, não possuindo qualquer elemento, nem qualquer correspondência com a fachada principal.

Utilização Inicial Comercial - serralharia

Utilização actual Comercial e turística – pensão e restaurante

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha, projectista

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Cronologia

1909 – referência ao cliente da obra e data de construção do edifício: Manuel Ferreira pretende construir uma “casa de habitação e oficina de serralharia”, cujo projecto coube ao “distinto professor da Escola de Desenho Industrial, Silva Rocha”. Posteriormente, o edifício ainda vem a funcionar como instalação para a Imprensa Aveirense. (Campeão das Províncias, n.º 5859, de 22 de Maio de 1909)

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (primeiro piso, elementos decorativos exteriores), azulejo (segundo piso na fachada principal e fachada posterior), ferro forjado fundido (gradeamentos dos vãos do piso térreo e guarda da varanda do segundo piso)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 81: LOURENÇO_2008_Arte nova

82

Ficha 6

Designação Casa dos Ovos Moles

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 24 e 25

Protecção -

Enquadramento Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se destacam outros edifícios de qualidade arquitectónica.

Descrição

Edifício de planta longitudinal com cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos. Na fachada principal, salienta-se uma porta ao centro ladeada por dois vãos de janela, todos encimados por molduras de cantaria com friso lavrado. No segundo piso, demarcado por vãos lavrados, existe uma janela axial de forma arredondada, apoiada em mísulas robustas em forma, de cada lado possui janelas de peito com varandim arredondado em ferro forjado com motivos vegetalistas e encimadas por frontões curvos interrompidos, ao centro, por motivo decorativo. Entre as mísulas encontra-se um painel de azulejo em tons rosa. A rematar o edifício sobressai uma água furtada com janela gradeada com motivos ondulantes em “arco japonês” emoldurado por cantaria lavrada. Frisos de azulejos, rematados por pedra e de tom rosa, distribuem-se pela fachada, a ¾ de altura e no topo (estes finalizados com lágrimas em cantaria), imprimindo uma certa horizontalidade.

Utilização Inicial Comercial – barbearia (rés-do-chão), consultório médico (primeiro piso)

Utilização actual Comercial – pastelaria (rés-do-chão), cabeleireiro (primeiro piso)

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

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Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto da Silva Rocha, projectista

Cronologia 1923

Tipologia Arquitectura civil comercial

Características particulares

Água furtada com vão em “arco japonês”, característica regional aveirense, também presente na Casa Mário Pessoa, e frisos de remate com lágrima também presentes na Casa do Rossio.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário pintado (fachada), calcário branco (molduras dos vãos, varandins e elementos decorativos exteriores), azulejo (elementos decorativos da fachada), ferro fundido (guardas), madeira (caixilharia e portas), vidro.

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 83: LOURENÇO_2008_Arte nova

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Ficha 7

Designação Museu da Cidade

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 11 e 13

Protecção -

Enquadramento Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se destacam outros edifícios de Arte Nova: Casa Mário Pessoa, Casa dos Ovos Moles e o edifício da Cooperativa Agrícola.

Descrição

Edifício de planta longitudinal. Possui três pisos. A fachada principal ostenta uma acentuada verticalidade, apesar de dividida em três panos. Horizontalmente, apresenta uma organização espacial tripartida, que concentra toda a estrutura decorativa. O rés-do-chão possui grinaldas curvilíneas de flores a decorar a moldura das janelas laterais. O segundo piso também se encontra embelezado por grinaldas de flores nas molduras das janelas. O piso seguinte, com motivos florais nas mísulas e molduras das varandas e janelas. A varanda central, que percorre o segundo e terceiro piso (com guarda de ferro no segundo piso e balaustrada em pedra no terceiro), destaca-se volumetricamente da fachada e é apoiada sobre duas grandes e destacadas mísulas com rosto feminino adornado com grinaldas de flores, sobre a balaustrada, duas colunas coríntias que suportam uma cobertura em arco abatido. No último piso salienta-se uma água furtada com telhado saliente, rematado por varandim decorado de pedra e um par de cisnes de cada lado. O interior é simples, tal como o usual nos outros edifícios do mesmo período e estilo.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Museu da República

Propriedade Pública

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85

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil privada

Características particulares

Destaca-se a varanda central, ricamente decorada, e com guarda em ferro com palmas inseridas. Água furtada com cobertura em telhado e quatro águas. Rosto feminino enquadrado por motivos vegetalistas nas mísulas da varanda central, tal como sucede na casa de Silva Rocha e na Junta de Freguesia da Vera Cruz.

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra

Materiais Calcário (revestimento da fachada, molduras dos vãos, varandins e decoração exterior), azulejo (água furtada), madeira (caixilharias), ferro (varandim).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 85: LOURENÇO_2008_Arte nova

86

Ficha 8

Designação Edifício da Cooperativa Agrícola

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 5 e 7

Protecção Edifício classificado como Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2 / 96, Diário da República n.º 56 de 6 de Março de 1996.

Enquadramento Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se destacam outros edifícios de qualidade arquitectónica.

Descrição

Edifício de planta longitudinal com cobertura de telhado em duas águas. Possui três pisos. Ao nível da fachada salienta-se a evidente verticalidade e a sua divisão em três panos, apresentando uma organização espacial tripartida horizontalmente, onde se concentra toda a estrutura decorativa. Está presente o gosto pelo curvilíneo e aparato decorativo, quer nas molduras lavradas dos vãos, quer nos motivos vegetalistas dos painéis azulejados (de tons quentes, em tons rosa, roxo e vermelho, delineando lírios com caules verdes) que preenchem integralmente o edifício. As representações vegetalistas surgem das bases arquitectónicas e acompanham os remates curvos tanto dos pisos como da cimalha. O rés-do-chão possui três vãos de entrada individual, formando arco abatido único. Os dois pisos seguintes têm cada um três janelas de sacada rematadas por um arco rectilíneo. O primeiro piso possui uma varanda corrida e o segundo três varandas individuais. O remate superior do edifício é feito com um coroamento axial em meandro.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Comercial (rés-do-chão), serviços (segundo piso) e residencial (terceiro piso)

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

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Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha ou Jaime Inácio dos Santos

Cronologia 1913 – data dos azulejos oriundos da Fábrica da Fonte Nova e que servem de referência ao próprio edifício

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

Destaca-se a azulejaria pintada à mão e oriunda da Fábrica da Fonte Nova

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário de Ançã (cantarias); azulejos (fachada), ferro (varandas)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986, p. 96-97. NEVES, Amaro; SEMEDO, Énio e ARROTEIA, Jorge – Aveiro, do Vouga ao Buçaco, Col. Novos Guias de Portugal, Editorial Presença, Lisboa, 1989. FERNANDES, José Manuel – Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1992. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

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Ficha 9

Designação Centro Comunitário da Vera Cruz

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 3 e 4

Protecção Edifício classificado como Imóvel de Interesse Municipal, 15 de Julho de 2004.

Enquadramento Urbano, próximo da linha de caminho de ferro e do edifício de Francisco Rebelo dos Santos e da Taverna de Sá.

Descrição

Edifício de planta longitudinal com cobertura de telhado em duas águas. Possui três pisos. Possui três pisos, com água furtada ao centro e revestimento do piso térreo com azulejo de cor verde escuro. No piso térreo sobressaem duas janelas, ladeadas por duas portas, ao centro destaca-se uma janela redonda com moldura em cantaria. O segundo piso possui uma sacada ao centro, embelezada por um par de mísulas decorada com flores. A sacada é ladeada por duas janelas com molduras decoradas, na parte superior, com flores, volutas e métopas. O edifício é rematado com um friso de azulejos com flores em tons de rosa, intervalado por elementos de pedra imitando triglifos. A janela da água furtada está coberta por um pequeno telhado e no topo, decorada por um rosto feminino destacado. A fachada lateral esquerda e a fachada posterior foram recentemente alteradas. No interior não há vestígios de decoração da época.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Administrativa – Junta de Freguesia da Vera Cruz

Propriedade Pública - municipal

Época de construção Século XX

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Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha – geralmente este imóvel é atribuído a este projectista pelo tratamento dado à fachada (organização e decoração)

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (monocromático (revestimento do piso térreo) e policromático (friso do topo)), ferro forjado (guarda e varandins), telha de aba, alumínio lacado (caixilharias e portas).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986, p. 96-97. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

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90

Ficha 10

Designação Edifício de Francisco Rebelo dos Santos

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Cândido dos Reis, n.º 146

Protecção -

Enquadramento Urbano, adossado, faz parte da frente urbana da Rua Cândido dos Reis. Bastante próximo da Estação de Caminho de Ferro, o conjunto formado pelas construções deste quarteirão apresenta características homogéneas de grande valor arquitectónico e artístico.

Descrição

Edifício de planta longitudinal com cobertura diferenciada em telhado de duas águas com mansarda. A fachada principal é estreita, com cerca de 6 metros de largura, parecendo ter só um andar alteado. Possui, no entanto, uma mansarda recuada e uma cave elevada da linha do chão. Ao nível da cave, revestida a pedra almofadada, sobressaem duas janelas em meio arco, embelezadas com decoração vegetalista ao centro. À direita salienta-se uma porta emoldurada com cantaria lavrada. No piso superior, à esquerda, existe uma janela de sacada dupla, com guarda em ferro e moldura com grinalda ao centro. À sua direita existe uma janela com caixilharia em ferro. Toda a fachada é preenchida por azulejaria e dominam os elementos ornamentais com flores. Na mansarda existem duas janelas, uma simples, com um pequeno varandim e a outra emoldurada por azulejos e também com um pequeno varandim. Sobre a mansarda principal sobressai o monograma do proprietário. O interior é simples e com acesso por uma escada interior bastante íngreme. Possui alguns tectos estucados, mas de decoração simples.

Utilização Inicial Comercial (padaria) e residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

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Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha

Cronologia 1911 – construção provável segundo os azulejos da fachada, assinados por Alfredo Pinto da Fábrica da Fonte Nova

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

Possui pequenas dimensões, mas um forte conteúdo iconográfico e ornamental. Os painéis de azulejo, bem ao gosto Arte Nova, são provenientes da Fábrica da Fonte Nova.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada), ferro forjado (guardas e caixilhos), madeira, lousa (mansarda).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986. Campeão das Províncias, n.º6059, de 6 de Maio de 1911. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

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92

Ficha 11

Designação Edifício Pompeu Figueiredo

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua do Carmo, n.º 35

Protecção Edifício classificado como Valor Concelhio, por despacho de 18 de Março de 1998. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano. Localiza-se na mesma rua de outro importante edifício Arte Nova – a residência de Francisco Augusto Silva Rocha.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, massa simples e cobertura em telhado de duas águas, com uma pequena trapeira ao centro. Possui dois pisos com pilastras nos ângulos e encontra-se revestido a azulejo azul petróleo. No piso térreo salienta-se a porta principal à esquerda, com uma moldura em pedra lavrada, bandeira e postigo com gradeamentos de temas florais e a janela central em arco abatido, com blocos de pedra colocados em volta e três grupos de azulejos de motivos geométricos. Em baixo, à direita existe outra janela, com moldura similar à porta. No primeiro piso sobressai a varanda em pedra, ao centro, embelezada com dois painéis de azulejos de motivos geométricos a decorar a parte inferior. A varanda é suportada por três mísulas em pedra lavrada. As molduras da varanda e das janelas são em pedra lavrada, tal como no andar inferior. O remate do edifício possui mísulas que suportam a cornija, alternando grandes e pequenas, intercaladas com frisos de azulejos com concha e voluta desenhados. No topo do edifício existe uma platibanda interrompida ao centro por um pequeno frontão ondulado.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Devoluto

Propriedade Privada

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Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra, pavimento entre pisos em soalho de madeira.

Materiais Azulejo de cor (revestimento da fachada), calcário, ferro fundido (gradeamentos), madeira (caixilharia e portas), telha marselhesa.

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 93: LOURENÇO_2008_Arte nova

94

Ficha 12

Designação Residência Francisco Augusto Silva Rocha

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua do Carmo, n.º 12 e 14

Protecção Edifício classificado como Valor Concelhio, por despacho de 19 de Março de 1998. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, na mesma rua que outro edifício Arte Nova – o edifício Pompeu de Figueiredo.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, massa simples e cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos e uma água furtada. A fachada principal é escalonada; no piso térreo salienta-se um soco de calcário até meia altura, uma porta e uma janela ao centro, formando um arco abatido e decorada com um rosto feminino esculpido e duas grandes palmas. De cada lado, existem duas pequenas janelas com varandim em ferro sobre mísulas e frisos em baixo relevo. No segundo piso, sobressaem duas janelas que formam, igualmente, um arco abatido simétrico ao inferior. O arco está adornado com duas palmas e as letras “S.R.” gravadas em sobreposição e por uma varanda com guarda em ferro forjado, embelezada por motivos florais e suportada por mísulas trabalhadas. Na separação entre pisos existem pequenos azulejos, de cor azul, branca e rosa, com pavões e motivos florais. Os mesmos azulejos aparecem de cada lado da varanda e no friso de remate do edifício. A água furtada possui uma janela com varandim, e na moldura a inscrição de uma data. No interior destacam-se os azulejos e a tijoleira da época, nomeadamente na pavimentação do hall de entrada. Na sala destaca-se o fogão em ferro forjado, colocado sobre pedra de Ançã trabalhada e o tecto em estuque onde sobressaem folhas de acanto e motivos vegetalistas.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

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Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha (projectista), Teixeira Lopes (estuques), Ernesto Korrodi (fogão).

Cronologia 1904 (inscrito no topo do edifício)

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

As molduras que decoram os vãos têm esculpidas folhas de palma, característica única deste edifício. Nas mísulas da varanda destaca-se também a folha de jarro.

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra, pavimento entre pisos em soalho de madeira.

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo, ferro forjado (guardas da varanda e varandins), madeira (caixilharia, porta).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998. História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações

A data, 1904, inscrita na janela da mansarda, coloca-a entre as primeiras edificações da corrente Arte Nova em Aveiro. O edifício reflecte, ainda, as relações privilegiadas com outro nome da arquitectura da época, Ernesto Korrodi, a quem se atribui a autoria de algum mobiliário e do fogão de sala. Recentemente, este imóvel foi reabilitado e venceu o Prémio Incentivo integrado na primeira edição do Prémio de Arquitectura e Urbanismo do Município de Aveiro (PAUMA).

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96

Ficha 13

Designação Edifício da Antiga Garagem

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua Capitão Sousa Pizarro, n.º 60

Protecção -

Enquadramento Urbano, apenas resta a fachada, por trás está um edifício moderno, em vidro.

Descrição

A fachada principal revela uma grande plasticidade e encontra-se integralmente revestida a cantaria. O rés-do-chão é constituído por uma porta axial em arco abatido tendo como fecho um modilhão decorado com folhas de acanto, ladeado por duas janelas em arco de volta perfeita com fecho. No piso superior “loggia” com três arcos de volta inteira, o do centro de maiores dimensões, suportado por modilhões e decorado com nervuras e folhas de acanto. Os vãos estão decorados com pequenos quadros com lírios esculpidos. Existe uma guarda de ferro forjado, com motivos vegetalistas estilizados. Os arcos estão apoiados em colunatas de fuste liso e cilíndrico. Em volta estão esculpidas volutas invertidas e motivos semelhantes a conchas, bem como nos seus capitéis. O edifício é rematado por modilhões na cornija e encontra-se rematado por pináculos decorados com flores nos extremos.

Utilização Inicial Equipamento – garagem

Utilização actual Associação de Municípios – SIMRIA

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Ernesto Korrodi

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97

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil

Características particulares

-

Dados técnicos Estrutura autónoma

Materiais Calcário (revestimento), ferro forjado (guarda)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 97: LOURENÇO_2008_Arte nova

98

Ficha 14

Designação Fundação João Jacinto Magalhães

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua José Rabumba, n.º 56

Protecção Edifício classificado como Valor Concelhio a 16 de Dezembro de 1999. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e dos edifícios de relevo arquitectónico junto ao canal, nomeadamente imóveis nas Ruas João Barbosa de Magalhães e João Mendonça.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, massa simples e com cobertura de telhado em quatro águas, com mansarda e água furtada. Possui três pisos (incluindo a mansarda), demarcado por dois corpos distintos, o da esquerda com mansarda e revestido a azulejo de cor verde e o da direita rematado por água furtada e revestido a granito. A cave, pronunciada em relação ao nível do passeio é formada por dois arcos torsos e revestida com soco de pedra. No rés-do-chão, as janelas de peito com varandim em ferro com motivos estilizados, formam um arco abatido com uma moldura de granito decorada com flores em cantaria e uma coluna adossada entre elas. No corpo da direita revestido a cantaria, destaca-se uma porta com bandeira e moldura em consonância com as janelas. O primeiro andar, com dupla sacada, possui guarda em ferro estilizado. O apoio da varanda é conseguido por três mísulas com flores esculpidas e a moldura da varanda é igual ao do rés-do-chão, bem como a da janela ao lado. Do lado esquerdo do edifício, sobressai um pequeno portão em ferro, com rosáceas e encimado por um arco abatido em granito. No interior, salienta-se a serralharia e cantaria de grande qualidade e as escadas com um elegante corrimão. No primeiro andar, as salas evidenciam um ambiente de certa simplicidade, salvaguardando-se a riqueza da sala de jantar, guarnecida de alto rodapé ou espaldar em madeira, onde se embutiram azulejos arte nova avulsos, de diferentes tamanhos e tonalidades, que sugerem cachos de uvas e outras estilizações relevadas com um belo efeito cromático. O tecto, em estuque, é de notar pelos vazados que se repetem e que surtem um efeito assaz agradável. Ainda subsistem algumas peças de mobiliário da sala. Ao nível do primeiro andar, realce para o salão nobre, com

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99

excelente friso e tecto, em estuque e ostentando motivos florais e vegetalistas, bem como a sala de reuniões onde a temática decorativa é semelhante. Outras salas apresentam diferentes temáticas. De entre a variedade azulejar, para além da flor-de-lis estampilhada muito comum na produção aveirense, há ainda a salientar, da época e do estilo, uma boa composição do Farol da Barra e ainda uma outra com o tema das cegonhas. Existem vários vitrais e biombos e, consequentemente, diversos jogos de cor. As instalações sanitárias foram remodeladas, mas subsistem, ainda, quatro peças de louça sanitária da época, timbrada com a publicidade original do Porto, nomeadamente da Illuminadora – Porto.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Cultural - fundação

Propriedade Pública – Universidade de Aveiro

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha (projectista), Francisco Duarte (construtor)

Cronologia 1906-1911

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

O interior revela alguma decoração ao gosto Arte Nova, tornando-se este edifício, assim como a Casa Mário Pessoa, um dos únicos exemplares completos deste estilo.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), granito (revestimento do corpo direito), azulejo(revestimento da fachada), xisto (mansarda), ferro fundido (varandim, gradeamentos e guarda).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,1998, p. 63-64. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999.

Page 99: LOURENÇO_2008_Arte nova

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Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações Edifício caracterizado por uma acentuada verticalidade. Inicialmente construído para residência do Dr. Peixinho, conhecido jurista local.

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101

Ficha 15

Designação Edifício Florentino Vicente Ferreira

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua José Rabumba, n.º 26 e 28

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e dos edifícios de relevo arquitectónico junto ao canal, nomeadamente imóveis nas Ruas João Barbosa de Magalhães e João Mendonça.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, massa simples e com cobertura de telhado em duas águas e água furtada ao centro. Possui dois pisos e a fachada principal encontra-se revestida a azulejo cor de petróleo, salientando-se as pilastras almofadas nos ângulos e o soco de pedra. O primeiro piso tem ao centro uma janela de peito com bandeira e varandim em ferro de motivos florais, ladeada por duas portas com molduras estilizadas. No segundo piso existe uma sacada no enfiamento da janela, assente sobre duas mísulas em forma de voluta e, entre elas a inscrição da data (1907), gravada na pedra. O gradeamento da mesma encontra-se embelezado com motivos florais geometrizados e uma moldura em pedra lavrada com um malmequer como fecho. O remate do edifício é feito com um friso de azulejos com motivos florais intercalados com triglifos. A água furtada ostenta uma janela de moldura simples e gradeamento igual ao das outras janelas. Este corpo é adornado por duas aletas, e a inscrição das inicias do proprietário no topo (F.V.F.). O interior do edifício é bastante simples.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privado

Época de construção Século XX

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102

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto Silva Rocha e Ernesto Korrodi

Cronologia

1907 – ano da construção 1908 – o periódico “Campeão das Províncias” refere os autores como Silva Rocha e Ernesto Korrodi, a quem coube o desenho das cantarias. Este jornal local refere “nos seus detalhes – arte nova – afasta-se dos moldes ordinarios d’ Aveiro, sendo seu administrador o Sr. Máximo Henriques de Oliveira, nosso patrício e muito considerado empreiteiro d’ obras”

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada), ferro fundido (varandins, guardas, bandeiras), madeira (caixilharia).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998, p. 70. Campeão das Províncias, n.º 5775, 25 de Julho de 1908. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 102: LOURENÇO_2008_Arte nova

103

Ficha 16

Designação Edifício da Sapataria Miguéis

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua de Coimbra, n.º 1 e 3

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Descrição

Situado junto à que fora a Porta da Ribeira da muralha tardo-medieval de Aveiro, no extremo da Rua de Coimbra, o edifício, remodelado em 1918, marca pela elegância do trabalho das cantarias em torno dos vãos da porta e das vitrines. O seu desenho é da autoria de José de Pinho que, de modo harmonioso, aplicou os elementos e formas típicas da Arte Nova (grinaldas e rosto feminino) ao serviço da decoração da fachada, para além de explorar as suas potencialidades como grafismo publicitário. O preciosismo vê-se, ainda, na placa toponímica perfeitamente integrada no conjunto. O edifício possui uma planta longitudinal, simples. Na fachada principal, o piso térreo encontra-se decorado com molduras com grinaldas de flores, a do centro de maior proporção. Um fecho redondo a meio das grinaldas e no seu extremo marca a linha os locais onde aparece esculpido num letreiro “Sapataria” e “Miguéis”. Dos fechos laterais pendem grinaldas de flores. A meio da vitrine central, no fecho da moldura, um rosto feminino esculpido na pedra, entre duas palmas. A separar este piso do seguinte surge um friso em pedra a rematar. No piso térreo da fachada lateral esquerda, quatro vitrines encimadas por molduras em arco de volta perfeita. A moldura das vitrines é decorada por flores sobrepostas, círculos concêntricos e vasos com arranjos florais. O piso também é separado por um friso em pedra a rematar, com duas volutas em cima de cada vitrine. Por baixo das vitrines do meio, existem motivos decorativos com a mesma temática.

Utilização Inicial Comercial

Utilização actual Comercial

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Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

José de Pinho, desenhador (decoração)

Cronologia 1918, 11 de Abril – a planta deste edifício, cujo proprietário era José Miguéis Picado, foi apreciada em reunião de Câmara para poder ser transformada em sapataria

Tipologia Arquitectura civil

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), alumínio lacado (caixilharia)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998, p. 73. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações Curiosamente, a fachada voltada à Ponte-Praça assume uma linha muito mais geométrica e estilizada que denuncia já tendência Art Déco.

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105

Ficha 17

Designação Edifício Mário Belmonte Pessoa

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Barbosa de Magalhães, n.º 9-11

Protecção Imóvel Interesse Público, Decreto n.º 67 / 97, Diário da República n.º 301 de 31 de Setembro de 1997

Enquadramento Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se destacam outros edifícios de qualidade arquitectónica, alguns dos quais Arte Nova.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, massa simples e cobertura em telhado de duas águas com água furtada destacada. Possui três pisos revestidos a cantaria. Na fachada principal destaca-se a grande decoração plástica, com conchas, malmequeres, lírios, girassóis, folhas de acanto, volutas, todos lavrados em pedra. O rés-do-chão é formado por colunas de bronze “patiné”, com lambril multicolor de motivos animais e vegetais. O andar nobre, entre arcarias, é revestido de esmaltes e painéis em cristal de Veneza, e o superior é constituído por uma arcada com varandim corrido, ornamental, de ferro forjado e cantaria. Na água furtada sobressai um arco de ¾ (arco japonês), como fecho das contracurvas da cimalha, sobrepujado por uma águia de grande porte que domina uma serpente. Ao centro destacam-se as iniciais do proprietário e a data de construção em bronze dourado. A entrada para as traseiras do imóvel é feita por um portal encimado pelo monograma M.P (Mário Pessoa) em ferro forjado, e enquadrado por pilares rematados por capiteis com elementos condizentes, sobressaindo no varandim, como no exterior, painéis em tons verdes e amarelos vivos, e um outro de figuras femininas, ou ainda jarros vermelhos de intenso colorido.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Futuro Museu Arte Nova

Propriedade Pública – Câmara Municipal de Aveiro

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Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto da Silva Rocha e Ernesto Korrodi, João Augusto Machado (canteiro), Licínio Pinto e Carlos Branco (azulejos), Lourenço de Almeida (serralharia).

Cronologia

1907, 30 de Novembro – pedido de licença de construção 1907 – data de painel de azulejos assinado por Licínio Pinto e Carlos Branco da Fábrica da Fonte Nova 1908 – execução de cantarias pelo conimbricense João Augusto Machado 1909 – conclusão da obra

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário e mármore (cantarias), azulejos, ferro forjado (varandas), madeira (caixilharias), vidro.

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998, p. 60-62 e 165. Campeão das Províncias, n.º 5719, de 11 de Janeiro de 1908, pag. 2 O Democrata, n.º 28, de 29 de Agosto de 1908, pag. 2 Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações No pátio, para além do miradouro sobranceiro à Praça do Peixe destacam-se, desenhados na pedra da calçada à portuguesa, os nomes dos quatro filhos do proprietário.

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Ficha 18

Designação Antigo Hospital de Aveiro

Localização Aveiro, Glória

Acesso Avenida Artur Ravara

Protecção Imóvel classificado como Valor Concelhio, classificado por homologação a 21 de Abril de 1999. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, localizado junto ao jardim municipal.

Descrição

Projectado por Francisco Silva Rocha, o antigo hospital foi construído ao longo das duas primeiras décadas do século XX, reflectindo as dificuldades sentidas na angariação dos recursos necessários à sua conclusão. A sua notoriedade ao nível da Arte Nova inscreve-se em pequenos pormenores decorativos e na aplicação de vitrais. Da sua estrutura salienta-se, no primeiro piso a porta em arco de volta perfeita e emoldurada por cantaria. No segundo piso realça-se o varandim e os dois janelões axialmente colocados. O edifício é rematado por uma falsa água furtada, bem ao estilo de Francisco Silva Rocha.

Utilização Inicial Hospital

Utilização Actual Anexo ao actual Hospital de Aveiro

Propriedade Público

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Francisco Augusto da Silva Rocha

Cronologia 1901 – proposta de construção 1924 – conclusão da obra

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Tipologia Arquitectura civil hospitalar

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (cantaria), ferro forjado (serralharia), madeira (caixilharias)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações É uma das obras mais imponentes de Silva Rocha, caracterizada por linhas geométricas. Ostenta equilíbrio entre a sobriedade de um edifício destinado a hospital e os elementos decorativos ao gosto Arte Nova.

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Ficha 19

Designação Antiga Capitania do Porto de Aveiro – Assembleia Municipal

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Viana do Castelo, n.º 37

Protecção Imóvel Interesse Público, decreto de lei n.º 67 / 97, Diário da República n.º 301 de 31 de Dezembro de 1997.

Enquadramento Urbano, ergue-se no centro histórico, com a fachada principal voltada para a Ria de Aveiro.

Descrição

Planta rectangular, massa simples e cobertura em telhado de quatro águas. Assenta sobre arcos, que entram dentro das águas da Ria. Possui 5 janelões em arco abatido inseridas num varandim corrido, em serralharia artística com motivos florais. O segundo piso possui 8 janelas e somente um janelão em arco abatido. O remate do edifício é feito por modilhões, e ao centro um triângulo com dois arranques de voluta. A fachada lateral esquerda está voltada para a rua principal, cujo lado direito tem uma janela no primeiro piso com um frontão a rematar a parte superior. A porta da entrada está ornamentada, nos postigos e na bandeira, com gradeamento de temática floral. A mesma porta está encimada por um pequeno painel em azulejo azul e amarelo com data da última intervenção realizada – 1918. O piso seguinte possui à direita uma janela em arco abatido e remate com modilhões, arranque de voluta e grinalda de flores em azulejo. O lado esquerdo é mais alto destaca-se do outro por formar um torreão rematado em volta por modilhões. A janela do torreão, em arco abatido, está ornamentada por um painel de azulejos onde predomina a temática marítima. Um portão, mais à esquerda, decorado com gradeamento de temática Arte Nova, dá acesso à fachada posterior. A fachada lateral direita, apenas possui uma porta e um simples varandim em metal de acesso à Ria, onde está implantada. Na fachada posterior, as janelas estão voltadas para a entrada. Actualmente, apenas existem as paredes exteriores, tendo sido integralmente demolido o interior.

Utilização Inicial Industrial – fábrica de moagens

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Utilização Actual Sede da Assembleia Municipal e espaço de exposições

Propriedade Pública

Época de construção Século XIX

Arquitecto / construtor / autor

Joaquim José de Oliveira (primeiro piso), Francisco Augusto Silva Rocha (segundo piso)

Cronologia

1830 – construção do 1.º piso “Casa dos Moinhos” por Joaquim José de Oliveira, de Aveiro, fundador da Vista Alegre. Aí funcionou uma fábrica de moagens, inicialmente accionada por moinhos de maré e depois por máquina a vapor; final do século XIX – ampliação com a construção do segundo piso, instalação da Escola de Desenho Industrial; 1903, 3 de Novembro – inauguração; 1913 a 1918 – época de funcionamento da Escola de Desenho Industrial 1918 – venda a um comerciante que habitou o imóvel; 1918 – inscrição em painel de azulejos, na porta lateral esquerda, da data da Escola Industrial;1925 – vendida por Alfredo Esteves ao Ministério da Marinha, que ali instalou os serviços da Capitania

Tipologia Arquitectura civil industrial

Características particulares

Sistema estrutural de arcos sobre estacas

Dados técnicos Paredes autoportantes e sistema estrutural sobre estacas

Materiais Calcário (cantaria), ferro forjado (serralharia)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos

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111

Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações Era um moinho de maré já conhecido no século XV. É nos pormenores decorativos inseridos por Francisco Silva Rocha que este imóvel ganha cariz Arte Nova.

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112

Ficha 20

Designação Edifício Testa & Amadores

Localização Aveiro, Glória

Acesso Gaveto Rua Eça de Queirós, n.º 1-3 e Avenida Santa Joana

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Descrição

Edifício em gaveto, massa simples e cobertura em domo. O primeiro piso é uma sucessão de vãos em arco abatido, uns que funcionam como porta e outros como vitrines com gradeamento. Azulejos azuis e brancos, que representam grandes flores arredondadas, rematam o piso em toda a sua altura. O segundo piso é uma sucessão de vãos rectos, simétricos em relação aos de baixo. Destacam-se duas varandas, uma no gaveto e outra a meio do alçado lateral direito. O gradeamento das varandas usa motivos curvilíneos. O edifício é marcado pelo ritmo das pilastras, que se acentuam na platibanda ao gosto classicizante, faz destacar dois eixos verticais. Um que acentua o gaveto com a varanda e a platibanda elevada, e o outro com uma mansarda de varandim. A platibanda tem o nome da empresa gravado “Testa & Amadores” e ornato fitomórfico.

Utilização Inicial Comercial: armazém e mercearia

Utilização Actual Comercial: tabaqueira

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

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Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil comercial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (cantaria), ferro forjado (serralharia), azulejo

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

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114

Ficha 21

Designação Edifício da Antiga Sapataria Leitão

Localização Aveiro, Glória

Acesso Gaveto Rua Eça de Queirós, n.º 1-3 e Avenida Santa Joana

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Descrição

Edifício de planta rectangular, massa simples e cobertura em telhado de três águas. Edifício de dois pisos, flanqueado por pilastras em cantaria de pedra lavrada. Fachada principal mais estreita que a lateral. Na fachada principal, três vãos de porta em arco redondo, separados por pilares revestidos a cantaria lavrada, unidos por outro, em arco abatido. No piso superior surge uma varanda corrida com bacia sustentada por mísulas. O gradeamento da varanda é em ferro forjado, com motivos florais e ondulantes. O remate do edifício é feito com um painel ondulante de azulejos com motivos florais e cornija em cantaria. Na fachada lateral esquerda, o piso térreo encontra-se revestido com painéis de azulejo, de tons branco, azul e laranja, representando, da esquerda para a direita, uma águia com um sapato, um leão com um sapato e a Indústria e o Comércio (na figura de Mercúrio). As quatro janelas do segundo piso (duas de peito e com varandim, ao centro) estão encimadas por um friso de azulejo ondulado a rematar o edifício. O acesso é feito através de três vãos de porta com moldura em cantaria e arco abatido. Um friso contínuo, também em cantaria, acompanha os arcos das portas. As fachadas lateral direita e posterior encontram-se adossadas a outros edifícios. Uma antecâmara dá acesso ao interior do edifício.

Utilização Inicial Comercial: sapataria

Utilização Actual Comercial: sapataria

Propriedade Privada

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Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Jaime Inácio dos Santos (arquitecto) e António Augusto (pintor da Empresa de Loiças de Aveiro – painéis de azulejos)

Cronologia 1921 – data do projecto do edifício; 1922 – construção do edifício; 1927 – data da feitura dos painéis de azulejo por António Augusto, Olarias de Aveiro.

Tipologia Arquitectura civil comercial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (molduras e cornija, pilastras, friso entre piso, soco), azulejo, ferro forjado.

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998, p.141. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações

Segundo Amaro Neves, o edifício “assume no seu eclectismo papel importante na arquitectura e na azulejaria aveirenses, dotada que foi, no ano terminal, com frisos de azulejos de belo efeito decorativo e também com três painéis publicitários dos melhores que as Olarias de Aveiro produziram”.

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Ficha 22

Designação Edifício do Tribunal de Menores

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua Eça de Queirós, n.º 13-15

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Descrição

Edifício de planta composta, volumes articulados com cobertura em telhado de duas águas. È composto por dois corpos distintos formando um L. A sua implantação, marcada por estes dois elementos: um que marca o eixo vertical e estabelece a relação entre a rua e o edifício, e o outro mais horizontal, que se mantém afastado através de um muro com gradeamento e portão que destaca a entrada. Destacam-se as molduras dos vãos, assim como do portão, em granito com motivos florais e vegetais. No primeiro piso, no corpo, sobressai um janelão, encimado por um arco abatido e adornado por uma flor esculpida em cada extremo e duas flores no fecho, assente em colunas de fuste liso e capitel com elementos florais. A porta principal, à esquerda é de arco abatido com flores no extremo, tal como janela do outro corpo que se segue. Esta última tem motivos ondulantes no gradeamento do seu varandim, e flores no fecho do arco onde está inserida. O alpendre em ferro fundido possui elementos ondulantes. O segundo piso possui dupla sacada à esquerda e janela de peito com varandim à direita. Os gradeamentos das janelas são decorados com motivos florais - uso de malmequeres agrupados em trio. A sacada está apoiada sobre mísulas adornadas com flores. No outro corpo do edifício salienta-se uma água furtada. O edifício é rematado por um friso de azulejo com elementos florais em tons de verde e rosa com modilhões de pedra por cima. As colunas de pedra dos dois portões são de aresta, com o cume em voluta e com um cisne estilizado que ocupa duas faces. O ferro forjado dos portões, e respectivo gradeamento, é utilizado na decoração ondulante. A fachada lateral direita apresenta janelas nos dois pisos de realização semelhante ao restante. A fachada posterior possui um pátio e uma marquise envidraçada que proporciona muita luz ao edifício. As divisões do interior do edifício são de pequenas proporções. A divisão principal apresenta o tecto decorado com elementos alusivos

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117

à música.

Utilização Inicial Residencial

Utilização Actual Administrativa e judicial: tribunal

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Jaime Inácio dos Santos (arquitecto)

Cronologia 1918 – data do projecto

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Granito (elementos decorativos), azulejo, ferro forjado.

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 117: LOURENÇO_2008_Arte nova

118

Ficha 23

Designação Edifício da Casa Amarela

Localização Aveiro, Glória

Acesso Avenida Araújo e Silva, n.º 30

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, de massa simples e com cobertura de telhado em duas águas, com água furtada. A fachada principal possui dois pisos e salientam-se as molduras lavradas onde se combinam elementos vegetais, animais e humano. O rés-do-chão é composto por duas portas, uma ao centro e outra à direita, com moldura em arco abatido com fecho uma de leão e outra com um rosto infantil. A janela deste piso à esquerda, também tem a forma de arco abatido com um leão a fechá-la. As portas e a janela são rematadas por painéis quadrados com flores esculpidas a meio das molduras e volutas na sua parte inferior. O primeiro andar possui uma varanda ao centro, ladeada por janelas de peito com varandim em pedra. O edifício é rematado por um friso de azulejo polícromo, em tons verde e rosa, com elementos florais. A água furtada com duplo vão é emoldurada com duas volutas laterais e encimada por uma figura humana. O interior é pouco elaborado.

Utilização Inicial Residencial

Utilização Actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Page 118: LOURENÇO_2008_Arte nova

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Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos), azulejo polícromo, madeira (caixilharias).

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998, p.70. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 119: LOURENÇO_2008_Arte nova

120

Ficha 24

Designação Coreto do Parque D. Pedro

Localização Aveiro, Glória

Acesso Parque Municipal D. Pedro

Protecção Edifício classificado como Imóvel de Interesse Municipal, edital n.º 4 / 2004, datado de 8 de Janeiro de 2004.

Enquadramento Urbano, integrado no Parque Municipal.

Descrição

De planta octogonal, com estrutura em ferro forjado sobre base de granito. As decorações em ferro forjado combinam elementos vegetais com pequenas harpas estilizadas, ambos de pendor Arte Nova. A cobertura nervurada é rematada por delicados fragmentos, também em ferro. A guarda do coreto é igualmente em ferro.

Utilização Inicial Cultural: coreto

Utilização Actual Cultural: coreto

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

António Augusto de Araújo e Silva (engenheiro)

Cronologia 1905 (cerca de)

Tipologia Arquitectura civil pública

Page 120: LOURENÇO_2008_Arte nova

121

Características particulares

-

Dados técnicos Estrutura autónoma

Materiais Ferro e granito

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. SILVA, Pedro – Inventário do Concelho de Aveiro, vol.14 e 15, Plano de Urbanização da Cidade, Aveiro, 1998, p.55. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 121: LOURENÇO_2008_Arte nova

122

Ficha 25

Designação Edifício da Casa Espanhola

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua Direita, n.º 13

Protecção Imóvel de Interesse Público (todo o conjunto da Misericórdia), decreto n.º 735 / 74 de 21 de Dezembro de 1974.

Enquadramento Urbano, próximo do Canal Central da Ria de Aveiro e de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Descrição

Edifício de planta rectangular, massa simples e cobertura em telhado de duas águas. O imóvel é do século XVII e funcionou, originalmente, como antiga casa do despacho, sendo a decoração do rés-do-chão distinta da do piso seguinte. A transição entre os dois pisos é conseguida através de pequenos vãos com planos diagonais das molduras. Uma cornija, abaixo dos vãos, é decorada por dois arranques de volutas em pedra simulando um frontão quebrado, que coincide com a porta da entrada na loja. Ao longo de toda a estrutura da cornija surgem diferentes mísulas rematadas com flores e em cada extremo duas carrancas semi-humanas. Por cima das vitrines e da porta da entrada da loja, em arco abatido, rematam grinaldas de flores. Entre cada vitrine e a porta está uma estrutura bojuda com volutas invertidas e motivos vegetais.

Utilização Inicial Comercial

Utilização Actual Comercial

Propriedade Privada

Época de construção Século XVII / XX

Arquitecto / construtor / autor

Gregório Lourenço (primeira fase construtiva, contrato datado de 1600); Jaime Inácio dos Santos (decoração de pendor Arte Nova)

Page 122: LOURENÇO_2008_Arte nova

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Cronologia 1609 – inauguração da “casa do despacho”; 1919 / 21 – decoração Arte Nova

Tipologia Arquitectura civil privada

Características particulares

-

Dados técnicos -

Materiais Calcário (revestimento da fachada e cantarias)

Bibliografia

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, 1998, pag. 141. NEVES, Amaro – A Misericórdia de Aveiro nos séculos XVI e XVII, Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Aveiro, 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999. Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1998.

Documentação fotográfica

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações Este edifício albergou também a Sapataria Ideal.

Page 123: LOURENÇO_2008_Arte nova

124

Ficha 26

Designação Edifício da Farmácia Ala

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Praça Melo Freitas

Protecção -

Enquadramento Urbano, na proximidade de vários imóveis de relevo arquitectónico, nomeadamente de cariz Arte Nova.

Descrição

Edifício de planta longitudinal, com dois pisos e de massa simples. A aliança entre as cantarias que formam arcos abatidos e os azulejos em cor azul, rematados pela mansarda revestida a xisto, dão-lhe movimento. A rematar o edifício salianta-se as águas furtadas. A sua posição central, naquele que durante muito tempo foi um dos locais de comércio mais importantes de Aveiro – a Praça Melo Freitas, antiga Praça do Comércio – confere-lhe relevo e explica o facto de ter albergado os conhecidos Armazéns do Chiado.

Utilização Inicial Comercial

Utilização actual Comercial - farmácia

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil comercial

Page 124: LOURENÇO_2008_Arte nova

125

Características particulares

-

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada), ferro forjado (guardas e caixilhos), madeira, xisto.

Bibliografia Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005. NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.

Documentação fotográfica

Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 125: LOURENÇO_2008_Arte nova

126

Ficha 27

Designação Monumento à Liberdade

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Praça Melo Freitas

Protecção -

Enquadramento Urbano, na proximidade de vários imóveis de relevo arquitectónico, nomeadamente de cariz Arte Nova.

Descrição

Inaugurado a 26 de Dezembro de 1909, por ocasião das comemorações do primeiro centenário do nascimento do tribuno aveirense José Estêvão, o monumento relembra, ainda, as personalidades locais que deram a vida pelo Liberalismo. Concebido por Ernesto Korrodi, sob a forma de obelisco, tem no grafismo das inscrições em relevo e na decoração vegetalista e floral o seu pendor Arte Nova.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Ernesto Korrodi

Cronologia 1909

Tipologia Monumento escultórico

Page 126: LOURENÇO_2008_Arte nova

127

Características particulares

-

Dados técnicos -

Materiais Calcário e mármore (base)

Bibliografia Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.

Documentação fotográfica

Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 127: LOURENÇO_2008_Arte nova

128

Ficha 28

Designação Fontanário das Cinco Bicas

Localização Aveiro, Glória

Acesso Largo das Cinco Bicas

Protecção -

Enquadramento Urbano, na proximidade de vários imóveis de relevo arquitectónico, nomeadamente de cariz Arte Nova.

Descrição O recorte das suas bacias, em forma de pétala, e as várias representações de animais, bem como a fluidez das linhas conferem-lhe o pendor Arte Nova. Trata-se fa primeira manifestação pública conhecida desta corrente artística, em Aveiro.

Utilização Inicial Fontanário

Utilização actual Fontanário

Propriedade Pública

Época de construção Século XIX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia 1880

Tipologia Fontanário

Características particulares

-

Page 128: LOURENÇO_2008_Arte nova

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Dados técnicos -

Materiais Calcário

Bibliografia Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999. Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.

Documentação fotográfica

Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).

Observações -

Page 129: LOURENÇO_2008_Arte nova

130

Ficha 29

Designação Estátua Funerária “O Último Alento”

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 16

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico, nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.

Descrição

Estátua funerária, colocada sobre um mausoléu do tipo cripta. Construída em bronze, com cerca de 2 metros e meio de altura, representa uma alegoria da morte. A obra compreende duas figuras: uma simbolizando a vida, outra simbolizando a morte. A vida é representada por uma mulher nova, formosa e robusta, em pé, segurando na mão esquerda uma tocha acesa voltada para baixo, a seus pés estão flores e, sobre elas, uma foice. A morte é representada por um esqueleto coberto uma capa/manto com capuz. A morte está por trás da jovem, e quase que a abraçá-la, ergue e braço direito para o céu.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

Artur Prat, artista

Cronologia 1914

Page 130: LOURENÇO_2008_Arte nova

131

Tipologia Estatuária

Características particulares

-

Dados técnicos -

Materiais Bronze

Bibliografia NEVES, Francisco Ferreira – “O Último Alento” Escultura de Artur Prat, Arquivo do Distrito de Aveiro, n.º 68, Aveiro, 1951, p. 284 a 287.

Documentação fotográfica

-

Observações

O artigo supramencionado refere que a figura da morte, na mão esquerda, segura uma ampulheta alada. Actualmente, a ampulheta já não se encontra na estátua, apesar de esta não aparentar estar partida. Na base do monumento encontra-se a assinatura A.C. Prat com a data 1914 e, por baixo, a inscrição “Venâncio & C.ª, fundidores, 1923”.

Page 131: LOURENÇO_2008_Arte nova

132

Ficha 30

Designação Jazigo da Família Simões Pereira

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 19

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico, nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.

Descrição Pequeno jazigo localizado no cemitério Central de Aveiro. De pendor Arte Nova destaca-se a decoração floral e o grafismo das letras das inscrições.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia -

Tipologia Arquitectura Funerária

Características particulares

-

Dados técnicos -

Page 132: LOURENÇO_2008_Arte nova

133

Materiais Calcário

Bibliografia -

Documentação fotográfica

-

Observações -

Page 133: LOURENÇO_2008_Arte nova

134

Ficha 31

Designação Conjunto de 3 jazigos

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 22, 23 e 24

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico, nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.

Descrição

Conjunto de 3 jazigos. Destaca-se a conjugação de elementos de inspiração gótica, salientando-se as entradas em arco ogival, com características ao gosto Arte Nova (nomeadamente os rostos femininos que encimam a entrada e as linhas ondulantes da porta, concebida em serralharia artística). Curiosamente, o arco ogival encontra-se decorado com motivos florais, bem característicos do movimento Arte Nova aveirense.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia 1912

Tipologia Arquitectura Funerária

Características particulares

-

Page 134: LOURENÇO_2008_Arte nova

135

Dados técnicos -

Materiais Calcário

Bibliografia -

Documentação fotográfica

-

Observações -

Page 135: LOURENÇO_2008_Arte nova

136

Ficha 32

Designação Jazigo da família Lemos

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 25

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico, nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.

Descrição

Jazigo funerário de dimensões médias e com telhado em duas águas. Se bem que evidencia o gosto ecléctico do autor, não de pode deixar de apontar como clara influência Arte Nova a decoração do frontispício (com motivo feminino, florais e vegetalistas), a decoração dos capitéis das colunas e a porta em serralharia.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia -

Tipologia Arquitectura Funerária

Características particulares

-

Page 136: LOURENÇO_2008_Arte nova

137

Dados técnicos -

Materiais Calcário

Bibliografia -

Documentação fotográfica

-

Observações -

Page 137: LOURENÇO_2008_Arte nova

138

Ficha 33

Designação Mercado do Peixe

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Praça do Mercado do Peixe

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico, nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e o futuro Museu Arte Nova.

Descrição

Exemplar da Arquitectura do Ferro. A utilização do ferro permitiu a construção de uma estrutura leve, com grandes vãos, não quebrando a leitura e a ligação entre a praça e o Cais dos Botirões. Destaca-se a fluidez das linhas, o que salvo melhor opinião, lhe confere um certo pendor Arte Nova, se bem que a decoração se encontre presente de forma muito discreta e estilizada.

Utilização Inicial Mercado do Peixe

Utilização actual Mercado do Peixe

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / autor

-

Cronologia 1904

Tipologia Arquitectura Pública

Características particulares

-

Page 138: LOURENÇO_2008_Arte nova

139

Dados técnicos -

Materiais Ferro

Bibliografia -

Documentação fotográfica

Imagoteca Municipal de Aveiro

Observações

A cobertura metálica é “confiada por empreitada à fábrica de Massarellos do Porto” [Arquivo Histórico Municipal, Acta CMA de 18 de Julho de 1903; L.º 27: fol. 69v]. Este empreendimento exigiu à Câmara Municipal a realização de um empréstimo no valor de cinco contos de réis [Idem].

Page 139: LOURENÇO_2008_Arte nova

140

Anexo 2 - Estudo para a elaboração do Roteiro Arte Nova

Page 140: LOURENÇO_2008_Arte nova

141

Elementos interiores presentes: - Azulejo - 2 - Estuques - 2 - Serralharia - 1 - Marcenaria - 1 - Outros – vitral (1), fogão de sala

Levantamento Roteiro Arte Nova - Avaliação dos elementos recolhidos

1.1) Caracterização – Estado de conservação:

Ruína 0

Mau 6

Médio 3

Bom 15

Muito Bom 9

1.2) Caracterização – Interesse da visita ao interior (presença de elementos Arte

Nova):

Não possui elementos Arte Nova 20

Possui elementos Arte Nova 2

Não foi possível avaliar interior / não se aplica 11

02468

10121416

RuínaMauMédioBomMuito Bom

0

5

10

15

20Não possuielementos ArteNovaPossui elementosArte Nova

Não foi possívelavaliar interior /não se aplica

Page 141: LOURENÇO_2008_Arte nova

142

2.1) Implantação – Trânsito

Muito intenso 4

Intenso 14

Médio 2

Baixo 3

Inexistente (pedonal) 11

2.2) Implantação – Existem na envolvente

Cafés com esplanada 1

Local para actividades 11

Comércio 25

Percursos pedonais 8

Outros 15

0

2

4

6

8

10

12

14 Muito intenso

Intenso

Médio

Baixo

Inexistente(pedonal)

0

5

10

15

20

25 Cafés comesplanadaLocal paraactividadesComércio

PercursospedonaisOutros

Page 142: LOURENÇO_2008_Arte nova

143

2.3) Implantação – Frente ao imóvel existem

Jardim 1

Pátio 2

Passeio estreito 16

Passeio largo 9

Largo / praça 8

Estrada estreita 14

Estrada larga 6

Estacionamento amplo 4

Estacionamento reduzido 21

Outro 0

05

10152025

JardimPátioPasseio estreitoPasseio largoLargo / praçaEstrada estreitaEstrada largaEstacionamento amploEstacionamento reduzidoOutro

Page 143: LOURENÇO_2008_Arte nova

144

2.4) Implantação – Tipo de local

Centro histórico 16

Bairro residencial 1

Zona comercial 5

Zona mista 11

2.5) Implantação – Meio envolvente

Degradado 0

Conservado 33

02468

10121416

CentrohistóricoBairroresidencialZonacomercialZona mista

0

5

10

15

20

25

30

35

DegradadoConservado

Page 144: LOURENÇO_2008_Arte nova

145

Descaracterizado 4

Parcialmente descaracterizado 13

Caracterizado 16

2.6) Implantação – Sinalética

Comentário de sinalética não existente 33

3.1) Correlações – Localização em relação ao Museu Arte Nova

Próxima do Museu Arte Nova 19 Até 20 minutos a pé

Periferia do Museu Arte Nova 14 A partir dos 20 minutos a pé (distância máxima registada de 50 minutos)

02468

10121416

Descaracterizado

ParcialmentedescaracterizadoCaracterizado

0

5

10

15

20

Próxima doMuseu ArteNovaPeriferia doMuseu ArteNova

Page 145: LOURENÇO_2008_Arte nova

146

3.2) Correlações – Ligação a outras casas de pendor Arte Nova através de percursos pedonais, centros comerciais, fechos de rua, etc., de modo a encorajar a caminhada?

Sim 15

Não 18

3.3) Correlações – As acessibilidades ao imóvel estão favorecidas por:

Percursos pedonais 13

Parques de estacionamento 5

Paragens de transporte 4

Praça de táxis 3

Nada 16

Outros 1

13

14

15

16

17

18

SimNão

0

10

20

Percursos pedonaisParques de estacionamentoParagens de transportePraça de táxisNadaOutros

Page 146: LOURENÇO_2008_Arte nova

147

Levantamento Roteiro Arte Nova – Modelo de Ficha

Page 147: LOURENÇO_2008_Arte nova

148

Anexo 3 - Imagens

Page 148: LOURENÇO_2008_Arte nova

149

Fachada principal

Imagens da Casa Mário Pessoa, futuro Museu Arte Nova

Fachada posterior

Page 149: LOURENÇO_2008_Arte nova

150

Pormenor da fachada principal

Pormenor da fachada principal Aspecto do interior

Aspecto do interior

Page 150: LOURENÇO_2008_Arte nova

151

Aspecto do interior da terceira saleta do piso de entrada | Imagoteca (fotos avulso)

Imagens do interior da Casa Mário Pessoa, antes da aquisição pela Autarquia

Aspecto do interior das duas primeiras saletas do piso de entrada | Imagoteca (fotos avulso)

Aspecto do interior da terceira saleta do piso de entrada | Imagoteca (fotos avulso)

Aspecto de um dos quartos do primeiro andar | Imagoteca (fotos avulso)

Page 151: LOURENÇO_2008_Arte nova

152

Imagens da família Pessoa7

7 Fotografias e negativos de vidro encontrados abandonados no chão do sótão da casa, aquando da tomada de

posse pela Autarquia.

Mário Belmonte Pessoa (?) | Imagoteca (fotos avulso)

Belmonte (legenda da foto) | Imagoteca (fotos avulso)

Julieta Pessoa (?) | Imagoteca (fotos avulso)

Page 152: LOURENÇO_2008_Arte nova

153

Família Belmonte Pessoa (?) | Imagoteca (fotos avulso)

Elisária Sequeira Pinto (?) | Imagoteca (fotos avulso)

Elisária Sequeira Pinto e um dos filhos (?) | Imagoteca (fotos avulso)

Page 153: LOURENÇO_2008_Arte nova

154

Fonte das Cinco Bicas (na foto designada como Fonte do Espírito Santo) | 14.9.1952 | Imagoteca G3A20

Armazéns do Chiado (actual Farmácia Ala) (Armazéns do Chiado mudam para a Avenida em 1934) | 1920 | Imagoteca G9A44

Praça Melo Freitas (antiga Praça do Comércio, onde se vê o Monumento à Liberdade e a Farmácia Ala | c. 1940 | Imagoteca G9A44

Pontes e Rossio (vê-se o edifício da Cooperativa Agrícola e do Museu da Cidade) | sem data | Imagoteca G1A3

Algumas fotografias da Imagoteca Municipal de Aveiro

com edifícios Arte Nova

Page 154: LOURENÇO_2008_Arte nova

155

Cheias (vê-se a Casa Pessoa) | c. 1920 | Imagoteca G9A43

Negativo de vidro e respectivo positivo das traseiras da Casa Pessoa (encontrado no sótão) | sem data | Imagoteca (foto avulso)