Lorena-Nogueira PRH3 UFRJ G

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ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DE MEMBROS ESTRUTURAIS DE PLATAFORMAS OFFSHORE DURANTE INCÊNDIOS LORENA NOGUEIRA PROJETO DE FIM DE CURSO APRESENTADO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL. Aprovada por: __________________________________________ Prof. Julio César Ramalho Cyrino, D.sc. __________________________________________ Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc. __________________________________________ Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D. __________________________________________ Prof. Peter Kaleff, Dr. Ing. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL JANEIRO DE 2007

Transcript of Lorena-Nogueira PRH3 UFRJ G

  • ANLISE DA RESISTNCIA DE MEMBROS ESTRUTURAIS DE PLATAFORMAS OFFSHORE DURANTE INCNDIOS

    LORENA NOGUEIRA

    PROJETO DE FIM DE CURSO APRESENTADO AO CORPO DOCENTE DO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL

    DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS

    PARA A OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL.

    Aprovada por:

    __________________________________________

    Prof. Julio Csar Ramalho Cyrino, D.sc.

    __________________________________________

    Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc.

    __________________________________________

    Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D.

    __________________________________________

    Prof. Peter Kaleff, Dr. Ing.

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    JANEIRO DE 2007

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a ANP (Agncia Nacional do Petrleo) por ter proporcionado a

    oportunidade de realizar o presente estudo.

    Aos professores Julio Csar Ramalho Cyrino e Alexandre T. P. Alho pela

    paciente orientao ao longo do desenvolvimento trabalho.

    minha famlia, em especial aos meus avs, que sempre estiveram ao

    meu lado nas horas difceis dando apoio, incentivo e sempre me ensinando que

    o bem mais valioso na vida a educao.

    Ao meu namorado Alex Pereira da Silva, um maravilhoso companheiro

    fora e dentro da faculdade, que sempre esteve ao meu lado ajudando-me a

    tomar decises corretas e inteligentes durante a minha vida acadmica e

    pessoal.

    II

  • Resumo do projeto apresentado ao corpo docente do departamento de

    Engenharia Naval da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos

    requisitos necessrios obteno do grau de Engenheiro Naval.

    ANLISE DA RESISTNCIA DE MEMBROS ESTRUTURAIS DE PLATAFORMAS OFFSHORE DURANTE INCNDIOS

    Lorena Nogueira

    Janeiro, 2007

    Orientadores: Jlio Csar Ramalho Cyrino e Alexandre T. P. Alho

    Programa: Engenharia Naval

    O presente trabalho visa determinao da degradao da resistncia de

    membros estruturais tpicos de plataformas offshore devido ao aumento da

    temperatura provocada por cenrios de incndio. Almeja-se aplicar

    procedimentos racionais para o estudo do problema, utilizando-se ferramentas

    mais modernas e avanadas, nas quais os principais parmetros do fenmeno

    sejam modelados descrevendo os processos fsicos envolvidos.

    A perspectiva de tratar o problema de forma mais realstica, exigiu que o

    processo de combusto fosse simulado com base na real quantidade de material

    combustvel, suprimento de ar, ventilao e etc. Atravs da utilizao da planilha

    para estimativa de fluxo de calor da Comisso Reguladora Nuclear Norte

    Americana [1] e de formulaes empricas das caractersticas das chamas,

    foram obtidos os parmetros necessrios simulao computacional de fluidos

    simplificada atravs do programa Ansys CFX para a determinao do campo

    de temperaturas provenientes do incndio. Posteriormente esses dados foram

    utilizados como parmetros de entrada para a anlise do comportamento da

    estrutura sob carregamentos mecnicos e trmicos.

    III

  • NDICE

    CAPTULO 1 - INTRODUO 1.1 MOTIVAO E HISTRICO ----------------------------------------------------------- 01

    1.2 TIPOS DE PROTEO ------------------------------------------------------------------ 03

    1.3 CRITRIOS DE UTILIZAO -----------------------------------------------.---------- 04

    1.4 ORGANIZAO DO POJETO --------------------------------------------------------- 05

    CAPTULO 2 MODELOS DE CHAMA

    2.1 PROCESSO DE COMBUSTO ------------------------------------------------------- 06

    2.1.1 - CURVA TEMPO-TEMPERATURA CONFORME ISO 834 ----------- 08

    2.1.2 - CURVAS TEMPERATURA-TEMPO CONFORME

    O EUROCDIGO --------------------------------------------------------------------------------- 08

    2.2 TIPOS DE CHAMA ------------------------------------------------------------------------ 09

    2.2.1 POOL FIRE ---------------------------------------------------------------------- 11

    2.2.1.1 DIMETRO DA CHAMA ------------------------------------------ 11

    2.2.1.2 - QUANTIDADE DE CALOR EMITIDA ---------------------------12

    2.2.1.3 ALTURA DA CHAMA ---------------------------------------------- 13

    CAPTULO 3 CARACTERIZAO DO MATERIAL A TEMPERATURAS ELEVADAS

    3.1 INTRODUO ----------------------------------------------------------------------------- 15

    3.2 CALOR ESPECFICO -------------------------------------------------------------------- 16

    3.3 CONDUTIVIDADE TRMICA ---------------------------------------------------------- 17

    3.4 - VARIAO DAS PROPRIEDADES MECNICAS COM

    A TEMPERATURA -------------------------------------------------------------------------------- 18

    3.4.1 COEFICIENTE DE DILATAO TRMICA ----------------------------- 23

    3.4.2 TENSO DE ESCOAMENTO ----------------------------------------------- 24

    3.4.3 MDULO DE ELASTICIDADE --------------------------------------------- 26

  • CAPTULO 4 DESCRIO DO MODELO ESTRUTURAL

    4.1 MDULO DE SEPARAO E TRATAMENTO ----------------------------------- 28

    4.2 LOCALIZAO DO MDULO --------------------------------------------------------- 29

    4.3 MDULO DE SEPARAO E TRATAMENTO ----------------------------------- 30

    4.4 CARREGAMENTOS MECNICOS --------------------------------------------------- 31

    4.5 MATERIAIS ESTRUTURAIS ----------------------------------------------------------- 34

    4.5.1 CHAPAS E PERFIS ----------------------------------------------------------- 34

    4.5.2 PROPRIEDADES GLOBAIS ------------------------------------------------ 34

    CAPTULO 5 - DETERMINAO DA TEMPERATURA RESULTANTE DO INCNDIO

    5.1 MECANISMOS DE TRANSFERNCIA DE CALOR ------------------------------ 35

    5.1.1 CONDUO --------------------------------------------------------------------- 35

    5.1.2 CONVECO ------------------------------------------------------------------- 36

    5.1.3 RADIAO ----------------------------------------------------------------------- 37

    5.2 DETERMINAO DO CALOR INCIDENTE ---------------------------------------- 38

    5.3 - DETERMINAO DO CAMPO TRMICO APLICADO ESTRUTURA ---- 40

    5.4 RESULTADOS OBTIDOS --------------------------------------------------------------- 41

    CAPTULO 6 ANLISE ESTRUTURAL

    6.1 INTRODUO ----------------------------------------------------------------------------- 45

    6.2 CRITRIOS DE COLAPSO ------------------------------------------------------------- 45

    6.3 MODELAO EM ELEMENTOS FINITOS ----------------------------------------- 46

    6.3.1 PROPRIEDADES DO MATERIAL ----------------------------------------- 46

    6.3.2 GEOMETRIA DA ESTRUTURA -------------------------------------------- 48

    6.3.3 CONDIES DE CONTORNO --------------------------------------------- 50

    6.4 TENSES MECNICAS ATUANTES NA ESTRUTURA ----------------------- 51

    6.5 RESULTADOS OBTIDOS --------------------------------------------------------------- 53

  • CAPTULO 7 CONCLUSO ----------------------------------------------------------------- 58

    CAPTULO 8 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS ------------------------------------ 59

  • 1

    CAPTULO 1 - INTRODUO

    1.1 MOTIVAO E HISTRICO

    A explorao e a produo de petrleo representam um papel de destaque

    no cenrio mundial. O preo do petrleo em alta no mercado, atrai investimentos

    para essa rea, merecendo destaque produo e explorao de petrleo em

    guas profundas. Tal cenrio vem propiciando um aumento significativo na

    demanda de estruturas que sejam capazes de suprir essa necessidade que reflete

    a conjuntura atual. Dentre essas, pode-se citar semi-submersveis, FSOs (Floating

    Storage and Offloading), FPSOs (Floating Production Storage and Offloading) e

    SPARs.

    A grande parte das pesquisas e estudos desenvolvidos na rea de

    estruturas offshore concentra-se nas atividades relativas a aspectos estruturais e

    segurana das instalaes. As principais linhas de pesquisa relacionam-se a

    tpicos como carregamentos, anlise de fadiga, interao fluido-estrutura,

    melhoria das tcnicas de fabricao, inspeo e outros, de forma a garantir

    confiabilidade e otimizao da estrutura.

    Como resultados dessas pesquisas, as instalaes offshore atualmente

    podem suportar grandes ondas, abalos ssmicos, choques de embarcao e

    intensos ventos, dentre outros, mantendo sua integridade. No entanto, desastres

    recentes tm evidenciado a severidade das conseqncias de grandes incndios,

    em locais onde tais eventos no foram devidamente preparados.

    Os numerosos casos de incidentes tm influenciado direta e indiretamente

    em mudanas significativas na legislao de segurana contra incndio, alm de

    proporcionar a criao de novas premissas. Dentre os acidentes de grandes

    repercusses, pode-se citar o ocorrido na plataforma Piper Alpha no mar do norte,

    em 1988. Tal incidente ocasionou a morte de 167 pessoas e resultou na

    transferncia de responsabilidade da rea de segurana offshore, anteriormente

  • 2

    do departamento de energia, para o departamento executivo de sade e

    segurana, alm de introduzir novos requerimentos de segurana em todas as

    instalaes offshore.

    Segundo Mendes [2], a Figura 1.1 evidencia que as pesquisas realizadas

    nas reas relativas a aspectos intrinsecamente ligados ao comportamento

    estrutural dos projetos de plataformas offshore, tais como fadiga, cargas atuantes,

    choques, trincas e outras, permitiram reduzir sensivelmente a participao destes

    fatores nas causas de acidentes.

    Acidentes com Plataformas Offshore Fixas

    33%

    28%

    14% 3%

    2%4%

    10%

    2%

    4%

    Incndio

    Blowout

    Rebocamento

    Fadiga

    Coliso

    Atracao

    Projeto

    Outros

    Guerras

    Figura 1.1 Acidentes com Plataformas Offshore Fixas

    Em contra partida, a Figura 1.1 permite constatar que a maior parte dos

    acidentes, respondendo por mais de 35% do total, deve-se a incndios. Portanto,

    reduzir 50% dos danos causados por incndios proporcionaria uma reduo de

    quase 20% de todos os acidentes com plataformas. Deve-se ressaltar que

    nenhuma outra causa permite obter um percentual to elevado em retorno de

    benefcios.

  • 3

    Apesar destes fatos, poucos trabalhos so desenvolvidos tanto na rea de

    incndios de plataformas martimas ou mesmo em estruturas civis. Na maioria das

    vezes estes estudos caracterizam-se por sua simplicidade, no conduzindo a

    resultados prticos e confiveis.

    De acordo com Holmas e Amdahl [3], os procedimentos convencionais de

    projeto consistem em projetar a estrutura apenas para os carregamentos

    referentes estrutura fria, ou seja, so levados em considerao apenas os

    diferentes carregamentos mecnicos. Posteriormente, o desempenho da estrutura

    avaliado pelo departamento de segurana, que em sua maioria possui a filosofia

    de que o nico meio de proteger a estrutura contra incndios utilizando proteo

    passiva.

    1.2 TIPOS DE PROTEO

    A segurana contra incndio obtida pela integrao dos sistemas de

    proteo ativa e passiva. A proteo ativa constituda por meios (equipamentos

    e sistemas) que precisam ser acionados, quer manual ou automaticamente, para

    funcionar em situao de incndio. Ela visa rpida deteco do incndio, o alerta

    dos tripulantes para a desocupao e s aes de combate com segurana. So

    exemplos de meios de proteo ativa (PA): sistema de alarme manual de incndio

    (botoeiras); meios de deteco e alarme automticos de incndio (detectores de

    fumaa, temperatura, raios infravermelhos, etc., ligados a alarmes automticos);

    sistemas de gua de dilvio, de gs carbnico, de Halon, de espuma, (sprinklers),

    sistema de iluminao de emergncia, sistemas de controle e exausto da

    fumaa, etc.

    Por sua vez, a proteo passiva (PP) contra incndio constituda por

    meios de proteo incorporados construo da estrutura, os quais no requerem

    nenhum tipo de acionamento para o seu funcionamento em situao de incndio.

    Ao contrrio da proteo ativa que visa extinguir o incndio, os objetivos bsicos

  • 4

    da proteo passiva so a compartimentao e o confinamento do sinistro,

    evitando sua propagao e mantendo a estabilidade estrutural por um tempo

    determinado.

    1.3 CRITRIOS DE UTILIZAO

    No caso especfico de plataformas offshore, as exigncias relativas

    proteo contra incndios so significativamente mais severas. O grande volume

    de fluidos inflamveis (leo e gs) passando atravs das instalaes possui um

    grande potencial para incndios. As plantas e equipamentos de processos so

    suportados por estruturas metlicas, que caso sofram colapso, podem resultar em

    conseqncias irreversveis.

    Os cenrios de incndios utilizados como parmetros de projeto so

    limitados a incndios padronizados (200 kW/m), que assumem que todos os

    membros estruturais so expostos do incio at o final do incndio. Os requisitos

    de proteo so expressos em termos da temperatura mxima permitida aps um

    determinado tempo decorrido, por exemplo, 400C aps uma hora. As espessuras

    necessrias de proteo passiva so retiradas de tabelas que levam em

    considerao a superfcie, exposio ao fogo, temperatura mxima suportada

    pela estrutura e a durao do incndio.

    Uma das conseqncias de se utilizar critrios de temperatura para a

    determinao de proteo passiva contra incndio que os menores

    componentes estruturais tero as maiores espessuras de proteo. Dessa forma,

    pode-se afirmar que esses critrios so, em sua maioria, extremamente

    conservadoras, fazendo com que os gastos com proteo contra incndios sejam

    muito elevados. A melhor forma de se reduzir custos referentes ao excesso de

    proteo passiva contra incndio a incluso de anlises de incndios durante os

    estgios de projeto, resultando em estruturas mais resistentes.

  • 5

    1.4 ORGANIZAO DO PROJETO No captulo 2 encontra-se uma caracterizao dos modelos de chamas

    comuns em cenrios de incndios e do processo de combusto. So discutidas as

    curvas padro de incndios utilizadas como parmetros de projeto, os tipos de

    chama, a determinao das dimenses da chama e a quantidade de calor emitida.

    No captulo 3 descrita a caracterizao dos materiais a temperaturas

    elevadas atravs do Eurocdigo. Sero apresentadas as formulaes que regem o

    comportamento do material e de que forma eles contribuem de forma decisiva

    para a degradao da estrutura.

    A estrutura onde foi simulado o incndio apresentada no captulo 4. A

    motivao para a escolha efetuada tambm ser discutida, assim como suas

    principais caractersticas, sua localizao na plataforma, o tipo de ao constituinte

    da estrutura e suas propriedades.

    A determinao da temperatura resultante do incndio so apresentados e

    discutidos no captulo 5. Os principais mecanismos de transferncia de calor

    presentes como a conduo, radiao e conveco so descritos nesse captulo.

    Os procedimentos para a determinao do calor incidente na nos membros

    estruturais para que se obtenha a resposta esttica da estrutura sob

    carregamentos trmicos e mecnicos e os resultados obtidos tambm esto

    presentes neste captulo.

    No captulo 6 so apresentados os critrios de colapso da estrutura, os

    procedimentos utilizados para a modelao em elementos finitos e a anlise das

    tenses atuantes na estrutura, submetida tanto s cargas mecnicas quanto

    trmicas.

  • 6

    CAPTULO 2 MODELOS DE CHAMA 2.1 PROCESSO DE COMBUSTO

    Para que um incndio ocorra so necessrios trs elementos bsicos: uma

    fonte de combustvel, uma fonte de oxignio (normalmente o ar) e uma fonte de

    ignio. Todos os elementos citados so necessrios para manter uma chama.

    Dessa forma, o combate a um incndio baseia-se na remoo de um dos trs

    elementos como, por exemplo, os incndios provenientes de queima de

    hidrocarbonetos que so extintos pelo isolamento da fonte de combustvel e

    permitindo que ele se consuma at o fim.

    O processo de combusto uma srie de reaes qumicas entre o

    combustvel e o oxignio, liberando calor e energia. A superfcie do combustvel

    aquecida pela radiao trmica e esfriada pela conduo em seu interior. As

    maiores temperaturas so alcanadas na superfcie da chama, e medida que se

    aproxima do interior da chama, esta apresenta temperaturas mais baixas, Koseki,

    Natsume e Iwata [4].

    Posteriormente, ocorre a formao de fumaa que emerge da superfcie da

    chama. A chama a parte visvel das reaes dos gases e ambos so irradiados

    de volta para o combustvel que ainda no sofreu combusto, no entanto, essa

    irradiao dos prprios produtos da combusto, faz com que o combustvel se

    aquea e a chama se espalhe. Esse processo de troca de energia pode ser

    ilustrado atravs da Figura 2.1.

  • 7

    Figura 2.1 Caractersticas da Chama

    O processo de combusto pode se mostrar mais ou menos severo de

    acordo com os parmetros envolvidos. O confinamento da chama, as condies

    ambientais, a quantidade de combustvel envolvida, dentre outros, pode ou no

    agravar ainda mais a situao. No entanto, se forem mantidas as mesmas

    condies citadas anteriormente para vrios tipos de combustvel e as

    temperaturas provenientes dos incndios forem avaliadas, pode-se observar que

    as temperaturas alcanadas e a rapidez com a qual esse processo de combusto

    ocorre para incndios com hidrocarbonetos muito superior s outras. Pode-se

    observar tal fato atravs das curvas de incndio padro.

    Denomina-se incndio padro, o modelo de incndio para o qual se admite

    que a temperatura dos gases do ambiente em chamas respeite as curvas

    padronizadas para ensaio. A caracterstica principal desta famlia de curvas a de

    possuir apenas um ramo ascendente, admitindo, portanto, que a temperatura dos

  • 8

    gases sempre crescente com o tempo e, alm disso, independente das

    caractersticas do ambiente e da quantidade de material combustvel.

    importante estar claro que essa curva no representa um incndio real.

    Quaisquer concluses que tenham por base essa curva devem ser analisadas

    com cuidado, pois no correspondem ao comportamento real do incndio ou das

    estruturas expostas ao fogo. Por simplicidade comum associar-se a curva-

    padro h tempos fictcios com a finalidade de fornecer parmetros de projeto. As

    curvas padronizadas mais utilizadas sero apresentadas a seguir, Figura 2.2.

    2.1.1 - CURVA TEMPO-TEMPERATURA CONFORME ISO 834

    A International Organization for Standardization por meio da norma ISO 834

    (1975) "Fire-resistance tests - Elements of building construction" recomenda a

    seguinte relao temperatura-tempo:

    sendo:

    g - temperatura dos gases no ambiente em chamas ( C); g,o - temperatura dos gases no instante t = 0, geralmente admitida 20 C t - tempo (min).

    2.1.2 - CURVAS TEMPERATURA-TEMPO CONFORME O EUROCDIGO

    O EUROCODE 1 (1995) apresenta as seguintes curvas temperatura-tempo

    dos gases quentes:

    a) curva padronizada para incndio em ambientes com material combustvel

    formado predominantemente por materiais celulsicos: a mesma curva ISO 834.

    C

  • 9

    b) curva padronizada para incndio em ambientes com material combustvel

    formado por hidrocarbonetos.

    g = 1080 (1 - 0,33 e-0,17 t - 0,68 e-2,50 t ) + 20

    sendo:

    t - tempo (min).

    Figura 2.2 Curva Padro para Material Combustvel Formado por Hidrocarbonetos

    2.2 TIPOS DE CHAMA

    Segundo Pula, Khan, Veitch e Amyotte [5], uma plataforma de leo e gs

    normalmente dividida em vrios mdulos de operao como o de separao, o de

    injeo de gua, de compresso a altas presses alm de salas de controle

    eltrico e acomodaes. A maioria desses mdulos so muito congestionados

    pela presena de dutos ou outros equipamentos necessrios aos processos de

    operaes. O risco sob tais condies extremamente alto.

    C

  • 10

    Dessa forma, quando se deseja analisar quantitativamente um dado

    incndio, deve-se ter modelos de chama que permitam estudar com preciso este

    evento. Sero apresentadas a seguir, as principais caractersticas que podem ser

    observadas em incndios em plataformas offshore, os fatores que influenciam em

    sua intensidade e modelos e equaes matemticas que podem ser utilizados.

    H basicamente quatro tipos distintos de chama:

    i) Pool Fire ocorre quando a chama desenvolve-se a partir de

    combustveis depositados na forma de poas sobre uma dada superfcie;

    ii) Jet Fires ocorre quando a chama desenvolve-se a partir de um jato de

    combustvel, liberado com velocidade maior que zero, a partir de um recipiente

    pressurizado;

    iii) Fireball ocorre quando a chama desenvolve-se rapidamente em uma

    nuvem de combustvel, propagando-se na forma de esferas crescentes. Estes

    possuem curta durao, da ordem de poucos segundos, durante os quais uma

    frao da energia de combusto irradiada como energia trmica para a

    vizinhana;

    iv) Nuvem de Vapor ocorre quando uma nuvem de combustvel

    espalhada, geralmente pelo vento, e ao ocorrer a ignio, a chama propaga-se

    atravs de um caminho definido. Difere da fireball por ser uma chama com frente

    de propagao definida, normalmente de maior durao e menos intensa.

    Levando-se em considerao que a maioria dos acidentes decorrentes de

    vazamento de combustveis lquidos originam incndios na forma de pool fire,

    modelo de chama de interesse deste trabalho, sero apresentadas a seguir

    apenas as caractersticas deste tipo de chama.

  • 11

    2.2.1 POOL FIRE

    O Pool Fire normalmente apresenta-se sob forma de poa elevando-se

    acima de uma determinada superfcie, onde previamente depositou-se (ou

    encontra-se em processo de deposio) o combustvel. A tendncia a

    verticalizao e a altura atingida neste tipo de chama devem-se a vrios fatores,

    dentre os quais a forma de entrada do ar, a gaseificao do combustvel, o

    aquecimento dos gases gerados na combusto e a energia cintica da fuligem. As

    dimenses laterais (dimetro ou profundidade e largura) dependero do tamanho

    da poa (rea de espalhamento) formada e das caractersticas do combustvel.

    As chamas podem ser descritas atravs de vrias formas geomtricas

    simples, como pontos (chama pontual), cilindros, cones, dentre outros. Embora a

    chama no mantenha forma estvel ao longo do processo de queima,

    apresentado muitas vezes pulsos, a adoo destas formas geomtricas simplifica

    o processo de clculo dos fatores geomtricos que governam o processo de troca

    de calor.

    Em funo da complexidade das variveis envolvidas, no h modelos

    puramente tericos para prever as dimenses da chama. O que existe so

    equaes e correlaes baseadas em resultados experimentais que permitem

    prever estas caractersticas.

    2.2.1.1 DIMETRO DA CHAMA A poa circular ou perto de circular e contm um valor fixo de massa ou volume de combustvel inflamvel. Uma massa ou volume proveniente de

    qualquer derramamento com uma circunferncia no circular deve ser aproximada

    para uma forma circular. O dimetro equivalente do pool fire ser dado pela

    equao 1.

  • 12

    fAD

    4=

    Onde;

    fA a rea da poa no circular.

    2.2.1.2 - QUANTIDADE DE CALOR EMITIDA Uma vez definido o dimetro da chama, torna-se necessrio determinar a quantidade de calor irradiada por esta, que ser responsvel pelo aquecimento da

    estrutura. Esta determinao feita atravs de equaes, normalmente obtidas

    atravs de correlaes experimentais, que dependem do combustvel, dimenses

    da chama, condies ambientais, tipo de ambiente, dentre outros.

    H vrios modelos para determinar esta quantidade, sendo que o adotado

    nesse trabalho utiliza a formulao obtida atravs de testes experimentais de

    queima de vrios matriais. Dessa forma, se a rea do combustvel e o calor

    efetivo da combusto so conhecidos, a equao 2 pode ser escrita da seguinte

    forma;

    )1(m ,..

    Dkfeffc eAHQ

    =

    onde;

    .Q o calor liberado (kW);

    .

    m a taxa de queima ( skg

    2m );

    fA a rea horizontal de combustvel (2m );

    k uma constante emprica ( 1m ); D o dimetro da rea de queima;

    (1)

    (2)

  • 13

    effcH , o calor efetivo de combusto ( kgkJ ). 2.2.1.3 ALTURA DA CHAMA Estudos definem altura de chama como a altura que esta possui por mais

    de 50% do tempo [6] durante a queima. Esta um indicador da severidade de um

    acidente que pode ser causado por uma chama. O valor de altura est

    diretamente relacionado transferncia de calor e a propenso dessa chama

    avariar objetos ao seu redor, alm de possuir grande importncia para a estimativa

    da ignio de combustveis.

    Acima da fonte de combustvel, a regio de queima caracterizada por

    altas temperaturas e pela fonte luminosa. Uma camada de gases a altas

    temperaturas encobre a chama, possibilitando que a temperatura, a velocidade e a

    largura dessa camada comecem a variar medida que esta se espalha. Dessa

    forma, a altura da chama utilizada como critrio para definir e correlacionar

    outros parmetros da chama.

    Para se quantificar essa importante caracterstica da chama, pode-se

    utilizar duas correlaes conhecidas na literatura para a determinao da altura da

    chama de pool fire. Essas correlaes esto descritas pelas equaes 3a e 3b

    respectivamente.

    DQH f 02.1235.05/2. =

    Onde;

    fH a altura da chama;

    .Q o calor liberado (kW);

    D o dimetro da rea de queima;

    (3a)

  • 14

    61.0.

    m42

    =

    gDDH

    af

    Onde;

    fH a altura da chama;

    .

    m a taxa de queima ( skg

    2m );

    D o dimetro da rea de queima;

    a a densidade do ar ( mkg );

    g a acelerao gravitacional ( skg ).

    (3b)

  • 15

    CAPTULO 3 CARACTERIZAO DO MATERIAL A TEMPERATURAS ELEVADAS

    3.1 INTRODUO

    O comportamento estrutural ao fogo depende de vrias variveis. Estas

    incluem a degradao das propriedades mecnicas a temperaturas elevadas e a

    rigidez da estrutura na regio onde ocorre o incndio. Dependendo da magnitude

    das temperaturas, as propriedades mecnicas podem ser degradadas de tal forma

    que as tenses provenientes da dilatao trmica podem colapsar a estrutura.

    O clculo da temperatura de um elemento estrutural sem proteo passiva,

    sujeita a uma situao de incndio, envolve os diversos mecanismos de

    transferncia de calor que sero descritos no prximo captulo. Em alternativa ao

    mtodo de clculo simplificado apresentado, como as curvas padro de incndio,

    podem ser utilizados mtodos de clculo avanados.

    Um dos mtodos a modelao numrica (por elementos finitos) do

    elemento estrutural em estudo, utilizando leis constitutivas do comportamento

    material, em que necessrio o conhecimento das propriedades trmicas e

    mecnicas do mesmo em funo da temperatura.

    O mtodo de dimensionamento preconizado pelo Eurocdigo 3 Parte 1.2 [7],

    em situao de incndio semelhante ao utilizado temperatura ambiente.

    Contudo, a capacidade de carga modificada, sendo utilizados fatores de reduo

    do mdulo de elasticidade e da tenso de escoamento do ao, para contabilizar a

    perda de resistncia a temperaturas elevadas.

    As propriedades trmicas e mecnicas do ao so apresentadas no

    Eurocdigo 3 parte 1.2 e no Eurocdigo 3 parte 1.1, sendo consideradas como

    valores caractersticos. Os valores de clculo das propriedades trmicas em

  • 16

    situao de incndio so expressos a partir de expresses que levam em

    considerao a variao das propriedades em funo da temperatura.

    3.2 CALOR ESPECFICO

    O calor especfico, ca [J/kgK], de um material representa sua capacidade

    para armazenar calor ou energia. Quantitativamente, a energia necessria para

    elevar em um grau um kilograma de material.

    O calor especfico uma das propriedades trmicas do ao cuja variao

    com a temperatura mais acentuada. Segundo o Eurocdigo 3 Parte 1.2, a

    variao com a temperatura dada pela equao 4.

    3623 1022.21069.1773.0425 aaaa xxc ++= J/kgK CC a 60020

  • 17

    A figura 3.1 fornece uma visualizao grfica das equaes descritas

    acima.

    Figura 3.1 - Calor especfico em funo da temperatura.

    A descontinuidade que se verifica para temperaturas prximas de 735C

    corresponde mudana de fase do ao, de ferrite para austenite. O aumento do

    calor especfico est associado ao calor latente existente durante esta

    transformao.

    3.3 CONDUTIVIDADE TRMICA A condutividade trmica varia ligeiramente com o tipo de ao e diminui com o

    aumento da temperatura. Segundo o Eurocdigo 3 Parte 1.2 deve ser

    contabilizada a variao da condutividade trmica, a [W/mK], em funo da temperatura do ao, a , conforme apresentado na equao 6. aa 0333.054 = W/mK CC a 80020

  • 18

    Esta propriedade assume grande importncia no estudo dos gradientes

    trmicos de uma estrutura sujeita a uma situao de incndio. Para clculos

    aproximados, a condutividade trmica pode ser tomada como constante e de valor

    igual a a = 45 [W/mK ] segundo recomendao do Eurocdigo 3 Parte 1.2, verso de 1995. A Figura 3.2 representa a variao da condutividade trmica em

    funo da temperatura segundo a equao 6.

    Figura 3.2 - Condutividade trmica em funo da temperatura

    3.4 - VARIAO DAS PROPRIEDADES MECNICAS COM A TEMPERATURA

    As propriedades mecnicas so parmetros fundamentais para se analisar o

    comportamento da estrutura sob diferentes carregamentos utilizando-se

    ferramentas de modelao numrica em elementos finitos. Como as propriedades

    mecnicas so substancialmente afetadas pela temperatura, existe uma grande

    preocupao e necessidade de obter dados que representem valores mais

    prximos realidade. Deve-se ressaltar, que deve ser dada uma especial ateno

    aos valores de temperaturas superiores a 95 [C].

    O comportamento estrutural ao fogo depende de inmeras variveis. Estas

    incluem a degradao das propriedades do material a temperaturas elevadas e a

  • 19

    rigidez da estrutura do compartimento de incndio. Elementos estruturais sujeitos

    a temperaturas e gradientes elevados originam grandes deslocamentos e esforos

    axiais resultantes de restries axiais.

    Sob a ao de cargas constantes, os elementos podem sofrer deformaes

    contnuas no tempo, ou seja, este sofre um processo conhecido por fluncia.

    temperatura ambiente e para estados de tenso no elevados, a fluncia pode ser

    desprezada, pois normalmente este valor passa a ser significativo quando se

    trabalha a temperaturas superiores a 50 % da temperatura de fuso do material,

    Graglia [8].

    A composio qumica e o processo de fabricao influenciam o

    comportamento fluncia, o que torna difcil uma distino para todos os tipos de

    aos. A fluncia s pode ser medida sob condies estacionrias em que a

    deformao de fluncia pode ser separada das deformaes trmicas e das

    originadas pelo estado de tenso.

    Os primeiros modelos estabelecidos para descrever o comportamento do ao

    em situao de incndio utilizavam modelos de clculo simplificados. Estes

    modelos consistiam em extrapolar o comportamento do material temperatura

    ambiente para a situao de temperaturas elevadas.

    Testes transientes, produzidos por Rubert e Schaumann, em perfis IPE80 e

    IPE120 com taxas de aquecimento entre 160 e 1920 [C/h], permitiram

    estabelecer expresses analticas que descrevem o comportamento do material

    at o escoamento. Este modelo, adotado no Eurocdigo 3 Parte 1.2, inclui de uma

    forma implcita a fluncia do material nas relaes tenso deformao.

    Segundo Mesquita [9], Outinen e Mkelinen realizaram ensaios de trao

    transientes e estacionrios em amostras de material S355, S420M e S460M para

    um intervalo de temperaturas entre 20 e 700 [C]. Segundo estes autores, os

  • 20

    ensaios transientes fornecem resultados mais realsticos, especialmente para aos

    carbono.

    Os ensaios transientes so executados com a aplicao de uma carga

    constante nos amostras, onde estes se encontram sujeitos a uma taxa de

    aquecimento constante. Durante o ensaio, so medidos os valores da temperatura

    e da deformao, estabelecendo-se curvas temperatura deformao, Figura

    3.3a. Os resultados so convertidos em curvas tenso deformao, s quais so

    subtradas as deformaes trmicas, Figura 3.3 b.

    Figura 3.3 - Converso das curvas tenso deformao dos ensaios transientes.

    As curvas tensodeformao encontradas permitem a obteno dos valores

    do mdulo de elasticidade e da tenso de escoamento. Como para temperaturas

    elevadas essas curvas so altamente no lineares, no existindo um patamar de

    escoamento bem definido, o valor da tenso de escoamento a temperaturas

    elevadas obtida com base numa deformao de referncia de 0.2%.

    O Eurocdigo 3 Parte 1.2, especifica coeficientes de reduo da tenso de

    escoamento, Kx, , obtida para uma deformao total de 1%. Esta tenso de

    escoamento deve ser utilizada para situaes em que o clculo efetuado com

    base em critrios de deformao. Para os restantes casos o clculo deve ser

  • 21

    efetuado com base no valor da tenso de escoamento obtido para uma

    deformao total de 2%.

    A curva tenso deformao preconizada pelo Eurocdigo 3 para elevadas

    temperaturas a apresentada na Figura 3.4, podendo ser dividida em quatro

    fases.

    Figura 3.4 - Relaes tenso deformao a temperaturas elevadas.

    A primeira fase representada estabelece o limite elstico, existindo

    proporcionalidade entre a tenso e a deformao respectivamente, e .

    caracterizada pelo valor fp,, tenso limite de proporcionalidade temperatura , e

    pelo valor Ea, que representa o mdulo de elasticidade. A relao tenso

    deformao expressa atravs da lei de Hooke, pela equao 7.

    a, = Ea, x

    A segunda fase caracterizada pelo incio do escoamento do material,

    formalmente parametrizada por fy,, tenso de escoamento. A relao tenso

    deformao nesta zona da curva dada pela equao 8.

    (7)

  • 22

    ( )2,,, += ypa aabcf

    Os valores dos parmetros a, b, c so representados pelas funes das

    expresses em 9.

    ( )

    +=

    ,,,,,

    apypy E

    ca

    ( ) ,,, ccEb pya += ( )( ) ( ) ,,,,, ,, 2 pypya py ffE

    ffc

    =

    Para y, = 2%, o mdulo tangente ser ser obtido pela equao 10.

    ( )( )2,,

    ,

    =y

    ya

    aa

    bE

    A terceira fase caracterizada por um patamar de tenso constante em que

    desprezado o endurecimento por deformao. Para temperaturas inferiores a

    400 [C] o Eurocdigo 3 Parte 1.2 estabelece expresses alternativas para esta

    fase, incorporado o endurecimento por deformao. Neste caso o patamar

    definido por uma tenso mxima dada por fu, , dependente da temperatura do

    ao.

    Para no se obter uma ductilidade numericamente infinita, foi adicionada

    uma zona linear decrescente, entre t, = 15% e u, = 20 % de deformao. Neste

    caso a tenso dada pela equao 11.

    ( )( )

    =

    ,,

    ,,, 1

    tu

    tya f

    (8)

    (9)

    (10)

    (11)

  • 23

    onde;

    fy, a tenso de escoamento;

    fp, o limite de proporcionalidade;

    Ea, a tangente da poro linear;

    p, a deformao do limite de proporcionalidade;

    y, a deformao de escoamento;

    t, a deformao do limite de escoamento;

    u, a deformao ltima;

    3.4.1 COEFICIENTE DE DILATAO TRMICA

    A razo entre a deformao trmica e a temperatura denomina-se de

    coeficiente de dilatao trmica. Para temperaturas inferiores a 100 [C] o ao

    possui um coeficiente de dilatao trmica aproximadamente constante e igual a

    = 1x10-5 [C-1].

    As relaes entre a deformao trmica, proveniente da dilatao trmica, e

    a temperatura, prescritas pelo Eurocdigo 3 Parte 1.2 so as apresentadas na

    equao 12.

    4285 10416.2104.0102.1 += xxx

    ll

    aa CC a 75020

  • 24

    Figura 3.5 Variao do coeficiente de variao trmica com a temperatura

    A Figura 3.5 apresenta a variao do coeficiente de dilatao trmica com a

    temperatura. A dilatao trmica aumenta linearmente at aproximadamente 700

    [C], instante correspondente ao incio da transformao de fase. Esta

    transformao de fase origina uma contrao do material, de cerca 15% da

    expanso ocorrida entre 20 e 700 [C], representada simplificadamente pelo

    patamar da figura. Aps a transformao de fase, a curva assume novamente uma

    variao linear.

    3.4.2 TENSO DE ESCOAMENTO

    A tenso de escoamento do ao diminui drasticamente com o aumento da

    temperatura. A 700 C possui apenas 23% da capacidade resistente

    temperatura ambiente, a 800 C j s possui 11% e a 900 C restam somente 6%.

    A Tabela 1 fornece a variao da tenso de escoamento do ao em funo da

    temperatura, definida atravs do fator de reduo Ky,, proposta pelo Eurocdigo.

  • 25

    Tabela 1 - Valores do coeficiente de reduo da tenso de escoamento.

    Para valores intemedirios aos apresentados na Tabela 1 deve ser realizada

    uma interpolao linear. A sua representao grfica apresentada na Figura 3.6,

    deve-se ressaltar que a tenso de escoamento se mantm constante at 400 [C].

    Figura 3.6 - Fator de reduo da tenso de escoamento para aos.

  • 26

    Os valores de Ky, na tabela 3.5 podem ser substitudos por valores

    provenientes da equao 13, desde que obedeam a condio apresentada.

    119674.0 833.31

    19.39482

    ,

    +=

    aek y

    3.4.3 MDULO DE ELASTICIDADE

    O valor do mdulo de elasticidade diminui com o aumento da temperatura.

    Esta variao menos significativa para valores elevados de temperatura. Tal fato

    pode ser constatado pela Figura 3.7, que representa a variao desta propriedade

    atravs de um fator de reduo. Este fator representa o quociente entre o valor

    desta propriedade a uma determinada temperatura e o valor de referncia a 20

    [C]. Por exemplo, temperatura de 500 [C] o valor do mdulo de elasticidade

    60 % do seu valor temperatura ambiente.

    Figura 3.7 - Fator de reduo do mdulo de elasticidade.

    (13)

  • 27

    A variao proposta pelo Eurocdigo resulta de valores tabelados de 20 a

    1200 [C], admitindo-se uma variao linear entre os valores apresentados na

    Tabela 2.

    Tabela 2 - Valores do coeficiente de reduo do Mdulo de elasticidade.

    Alternativamente, os valores de KE,, apresentados na Tabela 2, podem ser

    substitudos pelos que se obtm pela equao 14, desde que obedeam

    condio apresentada.

    ( )( )

    ( ) 11220

    1001.01.1

    500

    3006.0

    500, +++=

    a

    a

    a ee

    ek aE

    (14)

  • 28

    CAPTULO 4 DESCRIO DO MODELO ESTRUTURAL

    4.1 MDULO DE SEPARAO E TRATAMENTO Um grande nmero de atividades esto associados ocorrncia de acidentes de grande severidade do tipo pool fire, proveniente de derramamento de

    combustvel. Uma anlise histrica comprova que dentre os acidentes mais

    freqentes na indstria, em particular, na rea offshore, os de maior freqncia

    ocorrem na forma de pool fire.

    A preocupao com as estatsticas relacionadas a este tipo de acidente em

    particular acarretou em novos regulamentos e implementaes na rea de

    segurana e planejamento de emergncia. A partir deste, os novos critrios de

    segurana exigem que as conseqncias de derramamentos sejam calculadas da

    forma mais realstica possvel.

    Dessa forma, o modelo selecionado para a anlise da resistncia durante

    incndios foi um mdulo de separao e tratamento de uma unidade FPSO,

    devido ao seu grande potencial de vazamento de combustvel lquido

    (hidrocarbonetos) e posterior formao de poas, foco deste trabalho.

    O modelo em questo j se encontra pr-dimensionado para as condies

    de operao e iamento, procedimento realizado por Maia [10]. Os dados

    utilizados para o dimensionamento foram obtidos a partir de informaes extradas

    de publicaes nacionais fornecidas pela Petrobrs e de uma proposta de licitao

    de projeto e construo para mdulos de separao e tratamento P03 A/B P50.

    O mdulo estrutural de separao e tratamento de leo de uma FPSO que

    opera na Bacia de Campos prevendo uma vida til de 25 anos. Para este FPSO,

    estimasse uma planta de processo de capacidade de produo e tratamento de

  • 29

    leo de no mximo 180.000 bpd, capacidade de compresso e gs de 6.000.000

    m/d, e capacidade de injeo de gua de 35.000 m/d.

    4.2 LOCALIZAO DO MDULO

    A localizao do mdulo de separao e tratamento pode ser visualizada na

    Figura 4.1.

    Figura 4.1 Localizao do mdulo de separao e tratamento

  • 30

    4.3 MDULO DE SEPARAO E TRATAMENTO

    O mdulo de separao e tratamento possui dois conveses onde so

    suportados os equipamentos necessrios operao de separao e tratamento.

    No primeiro convs, Figura 4.2, encontran-se os equipamentos, incluindo os

    tanques, mais robustos, que representam a maior parcela do carregamento

    mecnico do mdulo. Os equipamentos mais relevantes e suas funcionalidades

    sero descritos a seguir:

    Aquecedor de Produo P-303 Este trocador de calor instalado a jusante de

    um pr-aquecedor de leo P-302, aquecendo o leo temperatura de operao

    superior ou igual a 75C e utilizando gua quente como fonte de calor;

    Separador de Produo SG-301 Este separador de produo responsvel pela

    separao de leo, gs e produo de gua;

    Desidratador de leo TO-301 Este separador eletrosttico responsvel por

    manter a especificao do leo no seu fluxo com contedo de gua de no mximo

    0,5 1,0%. 300ppm de leo do fluxo de gua produzida e salinidade de 100 ptb

    no leo, alm de outras caractersticas.

  • 31

    Figura 4.2 Primeiro Convs

  • 32

    O segundo convs, Figura 4.3, sustentado por pilares e trelias do

    primeiro convs. Este possui equipamentos menos robustos e representa uma

    parcela menor dos carregamentos mecnicos que incidem sob a estrutura. Dentre

    os equipamentos presentes, os de maior relevncia so:

    Separador Atmosfrico SG-302 Separador atmosfrico instalado a jusante do

    desidratador de leo TO-301, responsvel pela estabilizao do leo removendo

    o gs residual tratado.

    Aquecedor de leo P-304 Trocador instalado a montante do desidratador de

    leo TO-301, aquecendo o leo temperatura de 105 120C e utilizando gua

    quente como fonte de calor;

    Separador de Teste SG-201 Responsvel por testar periodicamente a produo

    para cada poo e assegurar suas especificaes.

  • 33

    Figura 4.3 Segundo Convs

  • 34

    4.4 CARREGAMENTOS MECNICOS Os carregamentos mecnicos atuantes na estrutura provenientes dos equipamentos relevantes para a anlise estrutural esto listados na Tabela 4.1.

    Equipamento Peso de Operao (kN)

    P-303 20

    SG-301 270

    TO-301 550

    SG-302 110

    P-304 20

    SG-201 230 Tabela 4.1 Peso dos Equipamentos.

    4.5 - MATERIAIS ESTRUTURAIS

    Para que se possa analisar a resistncia de membros estruturais durante

    incndios, ou seja, para que se descubram quais sero as cargas adicionais

    provocadas pela distribuio de temperatura, deve-se conhecer quais so as

    caractersticas do material utilizado.

    4.4.1 CHAPAS E PERFIS O tipo de ao utilizado na estrutura o ao AH36. Este ao utilizado em larga escala na indstria naval devido a sua alta resistncia.

    4.4.2 PROPRIEDADES GLOBAIS Tenso de Escoamento - 355 N/mm Mdulo de Elasticidade - 206 kN/mm

    Coeficiente de Poisson 0.3

    Densidade do Ao 7.85 ton/m

  • 35

    CAPTULO 5 - DETERMINAO DA TEMPERATURA RESULTANTE DO INCNDIO

    5.1 MECANISMOS DE TRANSFERNCIA DE CALOR

    Uma vez determinadas as caractersticas da chama, como descrito no

    captulo 3, torna-se necessrio determinar o quanto desta energia proveniente da

    combusto ir atingir cada um dos elementos estruturais e de que forma isso ir

    influenciar na resposta estrutural. Para melhor entendimento desse fenmeno,

    de suma importncia o estudo dos mecanismos de transferncia de calor.

    A ao trmica a ao atuante na estrutura descrita por meio do fluxo de

    calor, provocado pela diferena de temperatura entre os gases quentes do

    compartimento em chamas e os componentes da estrutura. A exposio dos

    materiais ao trmica (altas temperaturas) faz degenerar as suas

    caractersticas fsicas e qumicas reduzindo a resistncia e a rigidez, alm de

    causar o aparecimento de esforos solicitantes adicionais (aes indiretas) nas

    estruturas.

    O mecanismo atravs do qual a transferncia de calor se realiza entre as

    partculas depende de diversos fatores que podem agravar ou atenuar as

    conseqncias do incndio. Dessa forma, pode-se distinguir trs modos de

    transferncia de calor: conduo, radiao e conveco.

    5.1.1 CONDUO

    A conduo ocorre dentro de uma substncia ou entre substncias que

    esto em contato fsico direto. Na conduo a energia cintica dos tomos e

    molculas (isto , o calor) transferida por colises entre tomos e molculas

    vizinhas. O calor flui das temperaturas mais altas (molculas com maior energia

    cintica) para as temperaturas mais baixas (molculas com menor energia

    cintica).

  • 36

    A capacidade das substncias para conduzir calor (condutividade) varia

    consideravelmente. Os slidos so melhores condutores que lquidos e lquidos

    so melhores condutores que gases. Num extremo, metais so excelentes

    condutores de calor e no outro extremo, o ar um pssimo condutor de calor. A

    determinao do fluxo de calor que conduzido atravs de um determinado

    material dado pela Lei de Fourier 15.

    xTAkq = .

    onde:

    q o fluxo de calor por conduo na direo x (W);

    k a condutividade trmica do material (W/m.C);

    A a rea da seo transversal do corpo (m);

    T/x a taxa de variao da temperatura ao longo do comprimento.

    O sinal de menos na equao indica que o sentido do fluxo de calor

    contrrio ao gradiente de temperatura, ou seja, o fluxo de calor vai da regio de

    mais alta temperatura para a regio de mais baixa temperatura.

    5.1.2 CONVECO

    A conveco somente ocorre em lquidos e gases. Consiste na

    transferncia de calor dentro de um fludo atravs de movimentos do prprio

    fludo. A conveco ocorre como conseqncia de diferenas na densidade do

    fluido. Para o estudo em questo, o fluido de interesse o ar.

    Quando o calor conduzido da superfcie relativamente quente para o ar

    sobrejacente, este ar torna-se mais quente que o ar vizinho. Ar quente menos

    denso que o ar frio de modo que o ar frio e denso desce e fora o ar mais quente e

    (15)

  • 37

    menos denso a subir. O ar mais frio ento aquecido pela superfcie e o processo

    repetido.

    Desta forma, a circulao convectiva do ar transporta calor verticalmente da

    superfcie da analisada para camadas superiores, sendo responsvel pela

    redistribuio de calor. No caso do estudo em questo, a conveco tem papel

    importante na dissipao de calor com o ar ao redor do processo de combusto. O

    fluxo de calor (q) dado pela equao 16.

    ( )sff TThq = Onde;

    q o fluxo de calor trocado entre os gases e a superfcie;

    fh o coeficiente de troca de calor por conveco;

    fT a temperatura dos gases de fuligem;

    sT a temperatura da superfcie.

    5.1.3 RADIAO

    A troca de calor por radiao consiste no transporte de energia por meio de ondas eletromagnticas e/ou partculas atmicas, emitidas pelos tomos do

    material. um processo de transferncia de energia entre superfcies, uma vez

    que a energia liberada pelos tomos no interior do volume absorvida, na maioria

    dos materiais, por outros tomos vizinhos; constituem uma exceo o vidro, certos

    materiais semi-transparentes e os gases.

    Uma srie de experimentos avaliou a intensidade da radiao a partir da

    superfcie de queima at os objetos ao seu redor, [11]. A radiao emitida em

    (16)

  • 38

    todas as direes, porm, a posio e orientao relativa entre as superfcies que

    trocam calor influem na quantidade de calor transferida.

    Uma descrio simplificada do processo de troca de calor por radiao

    pode ser verificada atravs da equao 17. Onde a taxa na qual a energia

    radioativa liberada por unidade de rea chama-se potncia emitiva E (W/m).

    Existe um limite superior para esta quantidade, que estabelecida pela lei de

    Stefan-Boltzmann, no caso em que a superfcie chamada de radiador ideal ou

    corpo negro.

    4Sb TE =

    Onde;

    ST a temperatura absoluta da superfcie (K);

    a constante de Stefan-Boltzmann (5.67 x 10-8 W/m.K4).

    O fluxo de calor emitido por uma superfcie real menor do que o emitido

    por um corpo negro. Este representado pela equao 18.

    4Sb TE =

    Onde;

    uma propriedade radiativa da superfcie chamada emissividade, e possui valor compreendido entre 0 e 1.

    5.2 DETERMINAO DO CALOR INCIDENTE Conforme apresentado anteriormente, o aquecimento por radiao governa o processo de troca de calor pelo fato da temperatura ser elevada a quarta ordem

    (17)

    (18)

  • 39

    [12]. A ausncia de proteo passiva contra incndio propicia a absoro de

    energia com muito mais intensidade.

    O hidrocarboneto selecionado como combustvel inflamvel para a anlise

    foi o leo diesel. Esta deciso foi baseada na severidade superior no caso de

    acidentes que este apresenta em relao ao leo cru.

    Aspectos j discutidos, como, a taxa de queima e o calor liberado do

    processo de combusto comprova que um incndio causando poas de leo

    diesel proporcionaro cargas trmicas mais intensas estrutura. Atravs da tabela

    3 pode-se verificar a diferena entre essas grandezas.

    Tabela 3 Taxa de queima e calor de combusto

    Material Taxa de Queima

    (kg/ms)

    Calor da Combusto

    Hc,eff (kJ/kg)

    Densidade

    (kg/m)

    Gasolina 0.055 43,700 740

    Querosene 0.039 43,200 820

    JP-4 0.051 43,500 760

    JP-5 0.054 43,000 810

    leo Combustvel

    Pesado 0.035 39,700 940

    leo Cru 0.022 42,500 830

    leo Diesel 0.044 44,400 918

    Outro aspecto de grande relevncia que torna a escolha do leo diesel mais

    conservativa em relao ao leo cru, a produo de fumaa proveniente da

    combusto. Segundo Muos, Casal e Planas [13], grandes poas de

    hidrocarbonetos produzem uma grande quantidade de fumaa que se espalha e

    reduz significativamente a radiao trmica. Ao se utilizar o leo disel, que produz

  • 40

    uma quantidade de particulados inferior ao leo cru, a ao da radiao trmica se

    torna mais intensa provocando carregamentos trmicos mais severos.

    Para a realizao do clculo do fluxo de radiao trmica, foi utilizada a

    planilha da Comisso Regulamentadora Nuclear dos Estados Unidos. Os dados

    de entrada necessrios para o clculo, como, a taxa de queima e o calor da

    combusto foram retirados da tabela 3.

    5.3 - DETERMINAO DO CAMPO TRMICO APLICADO ESTRUTURA O objetivo do trabalho refere-se determinao da resposta esttica de

    uma estrutura a solicitaes combinadas de origem mecnica e trmica. Em

    particular, a determinao do carregamento trmico envolve a predio do campo

    de temperaturas nos diversos elementos integrantes da estrutura. Conforme j

    discutido, a transferncia de energia trmica da chama para a estrutura

    realizada, primordialmente, atravs dos processos de radiao e conduo de

    calor.

    A transferncia de calor por conveco tambm est presente no problema

    em estudo. Porm, a transferncia de calor da chama para o meio fluido (ar)

    resulta no desenvolvimento de um fluxo convectivo, o qual atua, simultaneamente,

    como um processo de aquecimento e de resfriamento da estrutura. Conclui-se,

    portanto, que a determinao do campo trmico aplicado aos elementos

    estruturais apresenta grande complexidade, pois envolve no apenas a

    quantificao do fluxo de calor transferido da chama para a estrutura, mas

    tambm, a representao da dinmica do escoamento do ar ao seu redor.

    A anlise transiente para a determinao do campo trmico deu-se atravs

    da utilizao do programa comercial Ansys ICEM v10 e Ansys CFX v10. Por

    motivos de simplificao, foi utilizada a geometria composta pelos chapeamentos

    e pelos pilares representada pela Figura 5.1.

  • 41

    Figura 5.1 Mdulo Simplificado

    Os dados de entrada utilizados foram baseados nas formulaes

    apresentadas em captulos anteriores. Dentre esses, pode-se citar as

    caractersticas geomtricas da chama como o dimetro de 2 metros. A valor de

    altura da chama encontrado foi muito prximo de 4 metros, sendo este adoto para

    fins de simplificao da gerao dos resultados. Adicionalmente, assumiu-se que

    o vazamento de combustvel constante, mantendo dessa forma, o tamanho da

    poa constante ao longo do tempo.

    5.4 RESULTADOS OBTIDOS A localizao da chama pode ser visualizada pela Figura 5.2 no primeiro convs. O circulo em vermelho representa a aproximao circular para clculos de

    derramamentos em poa. O centro da chama encontra-se a aproximadamente 5,5

    metros da extremidade na direo y e 9,4 metros da extremidade na direo x.

  • 42

    Figura 5.2 Localizao da Chama.

    A distribuio de temperaturas no domnio fluido modelado pode ser obtida

    para qualquer posio do espao, mesmo que o modelo utilizado no programa no

    represente todos os elementos da estrutura. Uma visualizao da distribuio de

    temperaturas pode ser efetuada atravs da figura 5.3.

  • 43

    Figura 5.3 Distribuio do Campo de Temperaturas.

    A anlise transiente realizada demonstra que a partir da quantidade de

    combustvel, velocidade do vento e taxa de queima do combustvel utilizado, o

    incndio leva aproximadamente 120 minutos at atingir uma condio

    permanente, ou seja, a partir deste momento a variao de temperatura torna-se

    irrelevante. Este fato pode ser comprovado atravs do Grfico 5.1.

  • 44

    Grfico 5.1 Temperatura x Tempo.

  • 45

    CAPTULO 6 ANLISE ESTRUTURAL

    6.1 INTRODUO Nos captulos anteriores, foram desenvolvidas e validadas ferramentas apropriadas para modelar, dimensionar e quantificar as caractersticas das

    chamas, prever a quantidade de calor incidente e finalmente, calcular a

    distribuio de temperaturas decorrente do incndio.

    Tendo posse dos dados de entrada, pode-se iniciar efetivamente a proposta

    do presente estudo, que consiste em analisar a resistncia de membros

    estruturais quando so impostas cargas trmicas provenientes de incndios.

    Para a realizao deste estudo, foi utilizado o programa de elementos

    finitos Ansys 9.0, que simula o comportamento no linear e geomtrico do

    material, devido aos deslocamentos e deformaes impostas pelas cargas

    mecnicas e trmicas.

    Antes que sejam avaliados os efeitos decorrentes do incndio, sero

    apresentadas algumas consideraes importantes em relao modelao

    efetuada em elementos finitos.

    6.2 CRITRIOS DE COLAPSO A avaliao da resistncia da estrutura deve ser embasada em um critrio

    para se definir quando a estrutura atingiu o colapso. Segundo Mendes, esses

    critrios decorrem de exigncias de projeto que se baseiam na observao das

    tenses e deslocamentos atuantes, impedindo que determinados valores sejam

    ultrapassados.

  • 46

    Para o presente estudo, o critrio mais importante consiste em no permitir

    que um dado incndio ocasione deformaes de carter permanente a membros

    estruturais principais, ou seja, haver colapso sempre que forem atingidas tenses

    superiores ao limite de escoamento de projeto do material ou a ocorrncia de

    deformaes permanentes devido a esforos de segunda ordem para os

    elementos da estrutura principal ou aqueles que suportam equipamentos ou

    tubulaes importantes.

    6.3 MODELAO EM ELEMENTOS FINITOS

    A evoluo dos programas comerciais de elementos finitos, estimulada

    principalmente pelo aumento significativo da capacidade de processamento dos

    computadores pessoais, tornou mais acessvel essa ferramenta utilizada para a

    previso do comportamento dinmico, bem como do esttico, de estruturas

    complexas como as estruturas ocenicas.

    Entretanto, gerar um modelo de elementos finitos de uma estrutura

    ocenica no tarefa simples, devidos a alguns fatores envolvidos. O primeiro

    decorre da prpria complexidade da estrutura composta por painis reforados,

    demandando de compatibilizao de elementos de diferentes espcies (chapas e

    vigas) em um conjunto que deve representar, satisfatoriamente, os

    comportamentos local e global ou de simplificaes que representem de forma

    satisfatria o conjunto real. O segundo envolve o tamanho do modelo e o grau de

    refinamento da malha necessria para que se obtenham bons resultados.

    6.3.1 PROPRIEDADES DO MATERIAL

    A variao das propriedades trmicas e mecnicas do material com a

    temperatura j discutida em captulos anteriores foram inseridas no programa de

    forma que a no linearidade do material fosse considerada na anlise. Um

    exemplo dessa no linearidade do material pode ser expressa atravs do grfico

  • 47

    de tenso deformao do material para vrias temperaturas, descritos com um

    comportamento bi-linear (Grfico 6.1).

    Grfico 6.1 Tenso - Deformao para vrias temperaturas.

    Outro fator de grande importncia na insero de dados no programa a

    necessidade de consistncia das unidades que o usurio deve utilizar para que os

    clculos apresentem valores coerentes. Dessa forma, sero apresentadas a

    seguir, as unidades das principais propriedades inseridas no programa.

    - Comprimento = milmetros (mm)

    - Fora = Newton (N)

    - Massa = quilograma (kg)

    - Tempo = segundos (s)

    - Densidade = kg/m3

  • 48

    - Mdulo de Young = N/mm2

    - Acelerao da gravidade m/s.

    6.3.2 GEOMETRIA DA ESTRUTURA

    No presente estudo, foi utilizado um mdulo de separao e tratamento j

    apresentado no captulo 4. O mdulo em questo composto basicamente por

    chapas, reforos primrios, secundrios e os pilares de sustentao do segundo

    convs.

    Levando-se em considerao a complexidade da modelao da estrutura

    completa e os critrios de colapso j apresentados, foram modelados apenas os

    elementos primrios da estrutura. No entanto, a representao somente desses

    elementos principais no compromete a validao da anlise estrutural, e garante

    que o critrio de colapso para elementos principais ou que suportam

    equipamentos importantes ser atendido.

    A modelao foi realizada atravs da insero das linhas neutras dos

    elementos primrios da estrutura, Figura 6.1. Nessa etapa, de extrema

    importncia que se garanta a conectividade entre os pontos e continuidade das

    linhas para que os esforos impostos posteriormente sejam transferidos para os

    elementos vizinhos.

  • 49

    Figura 6.1 Representao por Linhas Neutras

    Posteriormente, foi utilizado o elemento de viga existente no programa,

    BEAM189. Este elemento possui seis graus de liberdade em cada n, translao e

    rotao nas direes x, y e z, permite modelar grandes deflexes e no

    linearidades do material. A influencia estrutural do chapeamento, que no foi

    modelado, foi inserida na forma de largura colaborante no flange dos elementos

    primrios.

    A definio da malha merece grande ateno em uma anlise de elementos

    finitos. Esta composta por 2057 ns e 1067 elementos. Para o elemento de viga

    selecionado foram utilizados elementos com tamanho apropriado para que o

    gradiente de temperaturas fosse bem representado. A representao do modelo

    por elementos de vigas do mdulo de separao e tratamento pode ser pode ser

    visualizado atravs da Figura 6.2.

  • 50

    Figura 6.2 Representao por Elementos de Viga.

    As coordenadas de cada ponto do modelo esto referenciadas segundo a

    seguinte conveno:

    Eixo-X: longitudinal;

    Eixo-Y: transversal;

    Eixo-Z: transversal.

    6.3.3 CONDIES DE CONTORNO

    No caso do modelo em questo, os ns localizados na conexo dos pilares

    do primeiro convs do mdulo de separao e tratamento com o convs do navio

    foram engastados, ou seja, tiveram rotaes e translaes restringidas em todas

  • 51

    as direes, Figura 6.3.

    Figura 6.3 Condies de Contorno

    6.4 TENSES MECNICAS ATUANTES NA ESTRUTURA O problema a ser solucionado consiste em determinar os nveis de tenses

    e deslocamentos resultantes da ao de cargas mecnicas e trmicas.

    Inicialmente foram aplicadas as cargas mecnicas operacionais j apresentadas

    no captulo 4, como os esforos provenientes dos vasos presentes na estrutura e

    o peso prprio. Atravs deste, determina-se o nvel de tenses e deslocamentos

    atuantes para este carregamento, caracterizando a condio operacional do

    mdulo. Esta condio pode ser visualizada atravs das Figuras 6.3 e 6.4.

  • 52

    Figura 6.3 Distribuio de Tenses do Carregamento Mecnico

    Figura 6.4 Distribuio de Tenses do Carregamento Mecnico ( Aproximao).

  • 53

    Pode-se observar os valores de tenso mxima alcanados,

    106.597N/mm, relativos aos carregamentos mecnicos para a condio

    operacional da plataforma apresentam valores relativamente baixos, apresentando

    uma boa reserva de resistncia para carregamentos adicionais levando-se em

    considerao que a tenso de escoamento ao utilizado de 355N/mm. A

    caracterizao dessa tenso localizada a deve-se ao carregamento imposto pelo

    Desidratador de leo TO-301.

    6.5 RESULTADOS OBTIDOS O projeto convencional de estruturas baseia-se na anlise individual de

    componentes. Tal procedimento muito conservativo, pois no leva em

    considerao a interao dos elementos e conseqentemente a redistribuio de

    carregamentos em elementos adjacentes que possuem reserva de resistncia. As

    estruturas expostas ao fogo so aquecidas e as propriedades mecnicas

    degradadas medida que a temperatura aumenta.

    No caso do presente estudo no foi levado em considerao o efeito da

    fluncia na estrutura, pois a o objetivo era avaliar a estrutura at o colapso, no

    importando os efeitos posteriores a esta condio de forma muito aproximada.

    Dessa forma, os resultados que sero apresentados a seguir visam ilustram a

    condio na qual a estrutura atinge uma condio estacionria, ou seja, a

    condio na qual no ocorre um aumento de temperatura, ela permanece estvel.

    A anlise da resistncia do mdulo de separao e tratamento sob

    condies de incndio do presente estudo levou em considerao todos

    elementos que influenciam na resposta da estrutura. A distribuio de tenses

    para um campo trmico em regime permanente pode ser visualizada na Figura

    6.5.

  • 54

    Figura 6.5 Tenses Resultantes

    Atravs da Figura 6.5 pode-se observar que as tenses alcanadas

    superam a tenso de escoamento do material, que possui um valor de 355 N/mm

    quando a estrutura est submetida a temperaturas das ordem de 683C (956 K)

    A Figura 6.6 fornece uma melhor visualizao das tenses verificadas na

    figura 6.5. O crculo vermelho na representa a localizao aproximada da chama.

    Pode-se observar que as tenses mximas foram alcanadas em sua vizinhana

    concentrando-se nos elementos menos rgidos, como o caso das vigas das

    extremidades que ultrapassam a tenso de escoamento enquanto outros

    componentes estruturais ainda apresentam reserva de carregamento.

  • 55

    Figura 6.6 Tenses Resultantes

    A distribuio das maiores tenses atuantes na estrutura observadas ao

    longo do tempo pode ser visualizada na Figura 6.7.

    Tenso x Tempo

    0,0050,00

    100,00150,00200,00

    250,00300,00350,00

    400,00

    0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000

    Tempo (s)

    Tens

    o (N

    /mm

    )

    Figura 6.7 Tenso x Tempo

  • 56

    O comportamento da curva da Figura 6.7 demonstra que a estrutura atingiu

    a tenso de escoamento aproximadamente 3350 segundos aps o incio do

    incndio. O crescimento das tenses ao longo do tempo ocorre devido ao

    aumento do carregamento trmico que provocam tenses axiais provenientes da

    expanso trmica sofrida pelos elementos estruturais.

    Pode-se observar tambm a estabilizao da curva no tempo 7200

    segundos indicando a ausncia de cargas adicionais provocadas pelo regime

    permanente alcanado pelo campo de temperaturas.

    Este fenmeno pode ser mais bem visualizado atravs das curvas de

    deslocamento mximo por tempo (Figura 6.8), para vrios ns da estrutura

    prximos regio do incndio.

    Figura 6.8 Deslocamento Mximo

  • 57

    A curva de deslocamento por tempo dos ns selecionados apresenta

    caracterstica quase linear do tempo t = 0 at t = 7200 segundos. Tal resultado

    mostra-se coerente, evidenciando o intervalo onde o gradiente de temperatura

    varia e onde, conseqentemente, ocorre a dilatao do material do sentido axial

    local do elemento.

    O segundo trecho entre t = 7200 e t = 8000 segundos apresenta a resposta

    da estrutura quando est j se encontra sob influencia do regime permanente do

    campo de temperaturas, no apresentado dessa forma nenhuma variao de

    temperatura adicional e conseqente dilatao trmica que imponha

    carregamentos adicionais estrutura.

  • 58

    CAPTULO 7 - CONCLUSO

    Os principais efeitos do aquecimento so a expanso trmica, a reduo do

    mdulo de elasticidade e da tenso de escoamento. A expanso trmica exerce

    grande influncia ainda no incio do processo de aquecimento, e pelo fato dos

    componentes da estrutura estarem expostos ao calor de diferentes maneiras, a

    expanso trmica atua com intensidades diferentes junto degradao das

    propriedades mecnicas do material.

    Utilizar ferramentas que levam em considerao a no linearidade do

    material proporciona a simulao das respostas mecnicas de estruturas

    submetidas a incndios de forma muito mais correta e confivel. A possibilidade

    de se simular tenses elevadas em um componente forando a redistribuio das

    cargas representa uma resposta muito mais prxima do fenmeno fsico real.

    A utilizao de anlise da resposta de estruturas sob condies de

    incndios em elementos finitos ainda na fase de projeto, alm de proporcionar

    uma avaliao global da estrutura ao invs de se utilizar dados empricos, permite

    que o projetista possa dimensionar a estrutura de forma mais segura e que

    demande menor quantidade de proteo passiva.

    A dilatao trmica dos elementos mais prximos chama impe

    carregamentos adicionais que so redistribudos ao resto da estrutura

    promovendo uma visualizao global dos efeitos do incndio. Ao se realizar tal

    procedimento, pode-se verificar quais membros da estrutura esto mais

    suscetveis ao colapso possibilitando uma anlise que traga solues menos

    dispendiosas para condies de incndios.

    Os estudos realizados e os procedimentos desenvolvidos para a

    determinao dos carregamentos trmicos apresentaram resultados bastante

    satisfatrios, validando a contribuio do presente trabalho possibilitando a

    observao do comportamento do incndio de forma mais realista.

  • 59

    CAPTULO 8 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS [1] United states Nuclear Regulatory Commission, Estimating Radiant Heat Flux

    From Fire to a Target Fuel at Ground Level Under Wind-Free Condition Point

    Source Radiation Model;

    [2] Mendes, F.M. (1996), Uma Metodologia para Anlise Computacional de

    Incndios em Instalaes Offshore, Tese de doutorado, Universidade Federal do

    Rio de Janeiro, COPPE;

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    Structures, Norwegian Institute of Science and Technology, Dept. of Marine

    Structures;

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    Faculty of Engineering and Applied Science, Memorial University of Newfoundland;

    [6] United states Nuclear Regulatory Commission, Estimating Burning

    Characteristics of Liquid Pool Fire, Heat Helease Rate, Burning Duration and

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    [7] Eurocode 3 Part 1.2, Design of Steel Structures, Structural Fire Design; [8] Graglia, M. A.V., Influncia do Tungstnio na Resistncia Fluncia da Liga

    25Cr-35Ni;

    [9] Mesquita, L. M. R. (2004), Instabilidade Termo-Mecnica de Vigas Submetidas

    a Temperaturas Elevadas, Instituto Politcnico de Bragana;

  • 60

    [10] Maia, D.A. (2003), Dimensionamento Estrtural do Mdulo de Separao e

    Tratamento de leo de uma Planta de Processo Tpica de um FPSO,

    Universidade Federal do Rio de Janeiro;

    [11] Fisher, A. H. S., Kashiwag, T (1993), Heat Feedback to Fuel Surface in Pool

    Fires, National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg, MD;

    [12] Hensinger, D. A., Gritzo, L.A. e Koski, J. A., Implementation and Verification

    of a Coupled Fire Model as a Thermal Boundary Condition Within P3/Thermal,

    Sandia National Laboratories, Albuquerque New Mexico;

    [13] Muoz, M., Arnaldos, J., Planas, E. e J. Casal (2004), Analysis of the

    Geometric and Radiative Characteristics of Hyfrocarbon Pool Fires, Centre for

    Studies of Technology Risk, Universitat Politcnica of Catalunya;