LONA 508- 19/06/2009

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Curitiba, sexta-feira, 19 de junho de 2009 - Ano XI - Número 508 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Vacina contra paralisia infantil deve imunizar 700 mil crianças no Paraná Divulgação Crianças de todo Brasil, com até 5 anos, serão levadas aos postos de vacinação ama- nhã para receber a famo- sa gotinha. A se- gunda dose da vacina será apli- cada no dia 20 de agosto, e é neces- sário que as crian- ças tomem a vacina tanto amanhã quan- to no próximo dia da campanha. Os pais de- vem levar a carteira de va- cinação dos filhos menores de 5 anos, já que outras vacinas, que porventura não tiverem sido feitas an- tes, estarão disponíveis à população amanhã. Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Organização é ponto de partida à integração da América Latina A partir de amanhã acon- tece, na Casa do Trabalhador, um seminário que tem como tema a integração latino-ame- ricana. De acordo com os or- ganizadores, a organização entre as nações é o caminho para que haja maior interação entre os países. Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Comunidade Entrevista As dificuldades para chegar ao sonho do trabalho no circo Henrique Santana traba- lha no Circo Du Soleil. Para poder conquistar seu objeti- vo, largou família, emprego e faculdade. Entre as dificulda- des na sua trajetória, acredi- tar no sonho parece ter sido a chave para ele ter consegui- do chegar onde queria. Página 7 Página 7 Página 7 Página 7 Página 7 Página 5 Página 5 Página 5 Página 5 Página 5 Renata Andrade/LONA Sindijor-PR repudia decisão do Supremo O Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR), junto com a Federação Nacio- nal dos Jornalistas, manifestou repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento, que aconteceu ontem, prevê que os jornalistas não precisam mais de diploma para exercer a profissão. A opinião dos representantes da classe dos jornalistas foi divulgada em entrevista coletiva concedida ontem, na sede do Sindijor-PR. Apesar da derrota no STF, os órgãos representativos afirmam que continuarão na luta pela qualidade de informação.

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, sexta-feira, 19 de junho de 2009 - Ano XI - Número 508Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Vacina contra paralisia infantil deveimunizar 700 mil crianças no Paraná

Divulgação

Crianças de todo Brasil, comaté 5 anos, serão levadas aospostos de vacinação ama-nhã para receber a famo-sa gotinha. A se-gunda dose davacina será apli-cada no dia 20 deagosto, e é neces-sário que as crian-ças tomem a vacinatanto amanhã quan-to no próximo dia dacampanha. Os pais de-vem levar a carteira de va-cinação dos filhos menoresde 5 anos, já que outrasvacinas, que porventuranão tiverem sido feitas an-tes, estarão disponíveis àpopulação amanhã. Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

Organização éponto de partidaà integração daAmérica Latina

A partir de amanhã acon-tece, na Casa do Trabalhador,um seminário que tem comotema a integração latino-ame-ricana. De acordo com os or-ganizadores, a organizaçãoentre as nações é o caminhopara que haja maior interaçãoentre os países.

Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

Comunidade Entrevista

As dificuldadespara chegarao sonho dotrabalho no circo

Henrique Santana traba-lha no Circo Du Soleil. Parapoder conquistar seu objeti-vo, largou família, emprego efaculdade. Entre as dificulda-des na sua trajetória, acredi-tar no sonho parece ter sidoa chave para ele ter consegui-do chegar onde queria.

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Renata Andrade/LONA

Sindijor-PRrepudia decisãodo Supremo

O Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR), junto com a Federação Nacio-nal dos Jornalistas, manifestou repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal(STF). O julgamento, que aconteceu ontem, prevê que os jornalistas não precisammais de diploma para exercer a profissão. A opinião dos representantes da classedos jornalistas foi divulgada em entrevista coletiva concedida ontem, na sede doSindijor-PR. Apesar da derrota no STF, os órgãos representativos afirmam quecontinuarão na luta pela qualidade de informação.

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Copa

Expediente

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalis-mo da Universidade Positivo – UP,

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins.Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Planejamento e Avalia-ção Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Cur-so de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Mar-celo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Cami-la Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimentosgerais e humanísticos, capa-citação técnica, espírito cria-tivo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsa-bilidade social que contribu-am com seu trabalho para oenriquecimento cultural, so-cial, político e econômico dasociedade”.

Missão do cursode Jornalismo

OpiniãoDiploma de jornalista

Danilo Georgete Alves

Era 21 de junho de 1970, eunão tinha nascido, aliás, nemmeu pai, o dia da final da Copado Mundo do México, em cam-po as duas seleções mais bri-lhantes do torneio, Brasil e Itá-lia, e as duas eram bi-campeãsdo mundial, ou seja, a vitóriadaria ao campeão a Taça JulesRimet.

Garante a mitologia que aTaça, representação esculturalde uma deusa, a Vitória Alada,sempre odiou permanecer emmãos inadequadas, coitada so-frera muito de 66 a 70, quandoficou injustamente nas mãosdos ingleses.

Na nona edição do mundi-al da FIFA, todas as seleçõesque já haviam erguido a taçamais cobiçada do mundo do fu-tebol estavam presentes, e amesma havia descoberto umamaneira de não perambularmais através do planeta. NoMéxico ela encontraria um donoeterno, um lar propício para seurepouso permanente. Quem er-guesse pela terceira vez a JulesRimet se tornaria o dono daTaça, coube a ironia em colocar

três escretes bi-campeões nassemi-finais... Brasil, Itália e Uru-guai.

E coube às duas seleçõesmais brilhantes, como citei, bri-garem por ela no Estádio Azte-ca diante de 107.000 mil privi-legiados espectadores.

Impossível nenhum brasilei-ro, mesmo que não goste de fu-tebol, não se recordar daquelamagnífica final, o prélio maismágico da Copa do México,mesmo que esse recordar fiquenas imagens mostradas na TV.

Domingo após 39 anos dotri mundial conquistado emcima da azurra, Brasil e Itália seencontram de novo, no mesmo21 de Junho, só que na Áfricado Sul pela Copa das Confede-rações. Não veremos Pelé, Ger-son, Rivellino, Clodoaldo e Tos-tão, muito menos os craques ita-lianos Mazzolla, Luigi Riva eBertini.

Em campo vai estar Robi-nho, Kaká, Pirlo, Buffon e todaas recordações daquele 21 dejunho de 1970. E a Taça JulesRimet naquele dia encontrouseu lar eterno, pela modernida-de, pela elegância, pela alegriaem jogar futebol, por Pelé, ela

decidiu descansar no Brasil.Mesmo que tenha sido rou-

bada e derretida, o espírito dadeusa Vitória Alada ainda pai-ra sobre nossa seleção, e com aajuda dela nosso escrete, quenão chega aos pés daquele de70, vai superar os atuais deten-tores do título mundial daFIFA, e quem sabe em 2010 elesnão se encontram novamenteem campos africanos para dis-putar a quarta final entre a se-leção canarinho e a azurra,quarta porque aquele jogo noEstádio de Sarriá, na Copa de82, foi uma final antecipada.Que raiva temos de Paolo Ros-si, mas a raiva deles é maiorpor terem tirado o mais belofutebol da Copa de 82. Seriainstigante ver novamente umafinal entre as duas grandes po-tências do futebol, enquantoisso ficamos com esse jogo daCopa das Confederações, quenão faltará emoção, pois emcampo teremos nove títulosmundiais...

Quem vai triunfar é impos-sível dizer, mas para os supers-ticiosos como o tetra campeãomundial Zagallo, Brasil e Itá-lia tem treze letras!

Mémorias de uma

Crônica

Marisa Rodrigues

Já deitada na cadeira recli-nada, espero o efeito da aneste-sia olhando para as rachadu-ras do teto do consultório. Qua-se invisível pela inexistência decontraste, entre o branco da pa-rede e o branco do papel, obser-vo o diploma de letras doura-das. Viro a cabeça para confe-rir o nome bordado no jaleco do“doutor” a fim de não cometernenhum equívoco e disparo apergunta:

- Você também é formado emEngenharia Elétrica?

- Também não, apenas. Sabecomo é, engenheiro por forma-ção, dentista por coração. Mar-li, por favor, traz a broca núme-ro seis e outra ampola de anes-tesia, acho que essa não pegou...

Saio correndo.Dentista bom é aquele que

possui curso superior e a situa-ção acima foi inventada e nãoserá usada como argumentoprincipal em defesa da necessi-dade do diploma para exercer otrabalho jornalístico. Mesmoporque, o diploma não passa deum pedaço de papel. Devemosdiscutir sim a necessidade docurso de graduação de nível su-perior para o desempenho pro-fissional do jornalismo.

A importância da partici-pação de diferentes profissio-nais nos meios de comunica-ção é inegável. São professo-res, designers, advogados, pu-blicitários, artistas, médicos etantos outros. Além de papelprecioso como fonte de infor-mação, eles ajudam no enten-dimento de questões pontuaise mais complexas, emitem opi-nião, articulam e colaboramcom uma melhor produção doconhecimento e da informa-ção. Mas a árdua e gratifican-te tarefa de traduzir, decodifi-

Por (in)formação

car essas mensagens de modomais simplificado ao grandepúblico é de total responsabi-lidade do jornalista.

Devemos concordar quemuitas das tarefas atribuídas àprofissão são de caráter empíri-co. O que se discute aqui nãoabrange somente técnicas, fun-damentos e princípios aprendi-dos ao longo dos quatro anosde curso, mas sim a tentativa deperpetuação e dominação dasgrandes empresas de comuni-cação sobre os profissionais.

Amparados por anseios li-bertários e democráticos, masque na verdade escondem inte-resses ideológicos e financei-ros, os proprietários dos gran-des veículos são os principaisresponsáveis pelo enfraqueci-mento dos direitos de todauma classe de trabalhadores,dividida entre os “sem” e“com” diploma.

A não regulamentação daprofissão e da requisição docurso superior para os jornalis-tas mina não só a qualidade dainformação, mas também a ca-pacidade de organização, deluta e reivindicação por ques-tões que são intrínsecas aosprofissionais. A falta de espa-ço para praticar a amplificaçãode vozes, a promoção social, acidadania, com qualidade eprofundidade, decorre justa-mente da sujeição desmedidaimposta pelos veículos aosprofissionais que se encontrampouco articulados.

Aos estudantes de jornalis-mo que são contra a exigênciada educação superior para odesempenho da função e já con-seguem exercer com qualidadesuas habilidades jornalísticas,só resta perguntar: por que ain-da estão aqui? Corram, as reda-ções os esperam sem diploma esem direitos garantidos.

formação Copa não vista“Os proprietários dos grandes veículossão os principais responsáveis peloenfraquecimento dos direitos de todauma classe de trabalhadores”

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GeralComunidade

Seminário discuteintegração

latino-americana

Lucimeire Martins

Será promovido no sábadoe no domingo o seminário“América Latina, por uma inte-gração desde abajo”. O evento,que acontece na Casa do Traba-lhador, no bairro Sito Cercado,e é organizado pelo Centro deFormação Urbano Rural IrmãAraújo (Cefúria). Para participa-ção no seminário será solicitadauma quantia de R$ 20 reais comdireito a alimentação e hospe-dagem.

De acordo com Ana InêsSouza – coordenadora pedagó-gica do Cefúria – o semináriodiscutirá a integração latino-americana a partir da organiza-ção dos povos.

O evento, que tem início nosábado às 8h30 da manhã evai até domingo por volta das13h, contará com a participa-ção do jornalista, pesquisadore professor argentino Wa-shington Uranga, além do pro-fessor e pesquisador do Depar-tamento de Geografia da Uni-versidade Federal do Paraná(UFPR) Jorge Montenegro.

Washington Uranga é pro-fessor de graduação e pós-gra-duação em várias cidades daArgentina, Bolívia e Uruguai.Ele é responsável por abrir asdiscussões do seminário, falan-do sobre os grandes desafiosda América Latina hoje, em re-lação a sua situação política eeconômica, migrações e a inte-gração dos países. Urangatambém coordenará um traba-lho em grupo com os partici-pantes do evento utilizando aRevista IHU On-line “AméricaLatina, hoje”. O objetivo daatividade é sistematizar osconteúdos abordados e pro-

mover uma discussão detalha-da a respeito dos temas já tra-tados.

O professor da UFPR JorgeMontenegro participará de umamesa no domingo pela manhãjuntamente com o argentino Wa-shington Uranga. Na mesa o as-sunto em pauta será “Alternati-vas para a América Latina: a vi-são dos Movimentos Sociais”.

Até ontem 60 pessoas já ha-viam confirmado a participaçãono seminário, mas a expectativaé que esse número aumente ain-da mais. A Casa do Trabalha-dor, local de realização do semi-nário, disponibiliza hospeda-gem e Ana Inês sugere que osinteressados participem de to-das as discussões. “Não é inte-ressante participar só no domin-go, por exemplo. O ideal é quehaja uma interação com o gru-po e que todos participem dasdiscussões desde o início, paraque haja um melhor aproveita-mento”.

A programação do seminá-rio também prevê uma “NoiteCultural”, a partir das 19h, nosábado. A ideia é promover ummomento de descontração commúsica e danças, valorizandoa cultura latino-americana.“Inclusive quem tiver algumobjeto, ou alguma coisa daAmérica Latina, pode levar”,sugere Maria Inês.

Mais um motivo para osparticipantes se hospedarem nacasa, assim não correrão o ris-co de perder as atividades dodomingo, que se iniciam logode manhã.

Além de dormitórios, a Casado Trabalhador disponibilizaroupas de cama e banho, os hos-pedes precisam levar apenas ob-jetos de uso pessoal.

As inscrições ainda podem ser feitas pelo telefone 3222-84 87 (Ce-fúria), mas a organização sugere que os interessados confirmem pre-sença o mais rápido possível.

Serviço

Saúde

Aline de OliveiraDayane Machado

Sábado será a primeira eta-pa de 2009 de vacinação contraa poliomielite ou paralisia in-fantil em todo país. Em Curiti-ba 360 postos fixos e volantesestão disponíveis para os paislevarem seus filhos menores decinco anos para tomar a vacina,das 8h às 17h. A Central de Va-cinas da Prefeitura tem 170 mildoses para serem distribuídasaos postos de vacinação. A metaé vacinar todas as 123 mil cri-anças menores de cinco anosque moram na capital. A Secre-taria Estadual de Saúde do Pa-raná espera vacinar 775.650 cri-anças, o que equivale a 100%da população paranaense deaté 4 anos de idade.

A poliomielite é uma doen-ça grave, mas que já foi erradi-cada do Brasil. O último caso re-gistrado da doença foi no mu-nicípio de Souza, naParaíba, em1989. E paragarantir quea doença

Campanhacontra paralisiainfantil começaamanhã

não ressurja, o Brasil realizacampanhas anuais de vacina-ção. A doença está presente em19 países asiáticos e africanos,por isso ainda é tão importantea vacinação. Com apenas duasgotinhas da vacina Sabin, apli-cadas na língua da criança, for-ma-se uma barreira contra o ví-rus causador da doença.

Em São José dos Pinhais,será realizado o lançamentoestadual da campanha, às 8h.E em Curitiba o vice-prefeito esecretário municipal da Saúde,Luciano Ducci, fará a abertu-ra simbólica da campanha às11h de sábado, em tenda mon-tada na Boca Maldita. A se-gunda etapa da vacinaçãoserá no dia 22 de agosto. É in-dispensável que todas as cri-anças que se vacinaram naprimeira etapa recebam nova-mente a dose. O Ministério daSaúde espera que 95% das cri-anças do país sejam vacina-

das.Segundo a responsável

pela vacinação no muni-cípio de Campo Largo,

Lucia Barszcz, a efi-cácia desta vacina

é de 90%. “Faze-mos campa-nhas porcausas de

outros países,

principalmente os africanos”,explica. De acordo com Lúcia, ascampanhas são realizadas paracriar um impacto no meio ambi-ente, pois o vírus é transmitidopelo ar e a vacina pode imuni-zar outras pessoas contra a do-ença.

É importante levar a cartei-ra de vacinação da criança, por-que outras vacinas do calendá-rio nacional estarão disponí-veis, como a tetravalente - difte-ria, tétano, coqueluche e infec-ções por hemófilo -, tríplice vi-ral - sarampo, rubéola e caxum-ba -, rotavírus e hepatite B. "Seestiver faltando alguma, os paisou responsáveis poderão colo-car o calendário vacinal dassuas crianças em dia em qual-quer uma das nossas unidadesde saúde", explica Ducci.

O que é a poliomielite?A poliomielite é transmitida

por via respiratória ou pelas fe-zes. A doença ataca, principal-mente, as pernas e provoca aperda de sensibilidade. Os re-flexos dos membros atingidostambém são comprometidos. Assequelas são irreversíveis, e aimunização é a única forma deprevenção, uma vez que criauma barreira imunológica con-tra o vírus e protege a criançapor toda a vida. No Brasil fo-ram registrados 11.545 casos depoliomielite, e desde 1980 a va-cinação é disponível para todaa população.

Divu

lgaç

ão

Segunda etapa da vacinação de crianças deve acontecer no dia 22 de agosto

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OpiniãoDiploma de jornalista

Cássio Bida de Araújo

Você que sempre quis umavaga para trabalhar no jorna-lismo, a hora é agora! Temuma vaga no jornal, na rádioou na televisão mais próximade você. E o mais legal: a par-tir de hoje você não precisamais de diploma. É só entre-gar o currículo e aguardar ochamado.

O impensável aconteceu.O Supremo Tribunal Federalaprovou, por 8 votos 1, o fimda exigência do diploma paraexercer a profissão de jorna-lista. Isto na prática quer di-zer que qualquer pessoa, alfa-betizada ou não, pode exercero jornalismo, uma vez que oSTF não estabeleceu os crité-rios para a concessão do re-gistro de trabalho nesta pro-fissão.

Assim como a decisão, asargumentações para os votos afavor foram as mais absurdas.Desde que a obrigatoriedade re-metia ao resquício de um regi-me que visava cercear a liberda-de de informação até o discur-so falso da democracia, vistoque o diploma, para os juízesdo STF, restringe a comunicaçãolivre de ideias. Contudo a piore mais infeliz argumentação foia do relator do processo, o juizGilmar Mendes.

Mendes já esteve envolvi-do em uma discussão polêmi-ca com outro membro do Su-premo, o também juiz Joa-quim Barbosa. Na ocasião adiscussão foi com relação acredibilidade da justiça nopaís. Mendes pediu respeito.Mas desrespeitou flagrante-mente a categoria dos jorna-listas ao comparar a profis-são com a culinária. Segundoo relator: “Um excelente che-fe de cozinha poderá ser for-

mado numa faculdade de cu-linária, o que não legitima es-tarmos a exigir que toda equalquer refeição seja feita porprofissional registrado medi-ante diploma de curso superi-or nessa área. O Poder Públi-co não pode restringir, dessaforma, a liberdade profissionalno âmbito da culinária. Dissoninguém tem dúvida, o quenão afasta a possibilidade doexercício abusivo e antiéticodessa profissão, com riscoseventualmente até à saúde e àvida dos consumidores”.

Contudo, convenhamos, orisco de sermos envenenadospor uma refeição mal feita, ousermos mortos operados porum médico sem licença, é bemmenor que o fim do direito dese ter uma informação de qua-lidade. Os grandes meios decomunicação podem contratar,a partir de agora, qualquer umpara escrever conforme elesqueiram, sem nenhuma análi-se crítica. Isso sem falar no in-chaço do mercado de trabalhoque tende a se agravar.

Outra questão preocupantediz respeito ao futuro dos cur-sos de jornalismo. Com a que-da da obrigatoriedade, será queas faculdades não vão começardeixar de oferecer essas cadei-ras em nome do corte de cus-tos? Ora, se não precisamosmais dos diplomas, para queformar novos profissionais?

A decisão do Supremo Tribu-nal Federal abre um precedentemuito perigoso. Perde o jornalis-mo, perde o profissional quepassa a ter o seu trabalho des-valorizado. Mas, acima de tudo,perde a sociedade que, aos pou-cos, vai acabar infestada de pro-fissionais mal preparados e quevão ter a penosa obrigação deinformar o que os donos dosmeios quiserem.

Viroubagunça!Viroubagunça!

Eli Antonelli

Há duas semanas participeide um encontro de associaçõesprofissionais na cidade de Fozdo Iguaçu, que discutia medi-das para melhorar a comunica-ção das entidades. Meu traba-lho era simplesmente secretari-ar a reunião e digitar as açõespropostas. Após as discussões,o líder do grupo começou a di-tar o plano estratégico de co-municação: “Que os profissio-nais façam as matérias e enca-minhem para os jornais publi-carem”. Esqueci de minha fun-ção que era apenas de secreta-riar e declarei em alto e bomsom que a elaboração de umamatéria cabia única e exclusi-vamente aos profissionais dejornalismo. Aos demais profis-sionais cabia apenas a elabora-ção de artigos de opinião devi-damente assinados. Os partici-pantes, aparentemente surpre-sos com minha atitude audaci-osa, discutiram o assunto e porfim concordaram e substituí-ram o texto com: “Encaminha-mento de sugestões de matéri-as à mídia”. Após a apresenta-ção dos trabalhos, pude maisuma vez testemunhar comonosso papel ainda era questio-nável. Na apresentação dos de-mais grupos de trabalho mesurpreendi com a sugestão decriação de um setor de Asses-soria de Comunicação, sem emnenhum instante prever a con-tratação de um jornalista.

Hoje, 19 de junho, muitosainda estão atônitos diante doresultado do julgamento contraa exigência do diploma no Su-premo Tribunal Federal. Por 8votos a 1, os ministros decidi-ram que não há mais exigênciade diploma para exercer a pro-fissão de jornalista. O discursoutilizado como argumento foi o

mesmo que há alguns anos foirepetido com relação ao fim doprojeto de criação do ConselhoFederal de Jornalismo: a livreexpressão do pensamento. Umconselho de classe existe paragarantir a ética no exercícioprofissional e garantir o exer-cício da profissão de profissi-onais habilitados, formados eavaliados por meio de associ-ações e entidades que os repre-sentem. Um órgão com o poderde fiscalizar o exercício da pro-fissão, que regulamente a pro-fissão e que garanta a transpa-rência da relevância do profis-sional para a sociedade. Umconselho profissional tem au-toridade legal para apoio dostrabalhos do jornalista combase na ética. Pode ainda atu-ar diretamente com os estu-dantes, apoiando as ativida-des dos acadêmicos e desen-volvendo suas profissões. Con-forme afirma o Sindicato dosJornalistas de São Paulo, docontrário continuaremos tendoa maior parte dos jornalistasreféns dos empregadores, sem

O jornalista e suarepresentação

autonomia e sem condições debem informar a população.

Perdemos no STF. Quais asconsequências disso? Que re-flexos nós, futuros jornalistas,teremos em nossas profissões?E os profissionais que estãoexercendo seu trabalho? Quereflexos imediatos ou a médioprazo haverá? E a sociedadediante de inúmeros profissio-nais de outras áreas que pas-sarão arbitrariamente a exerceruma atividade à qual não fo-ram preparados? Se há questi-onamento sobre a qualidadedo jornalismo, o que esperarpara o futuro? Isso sem tocarno foco pessoal, piso salário,garantias de emprego.

São muitas coisas para pen-sarmos. Mas o que parece cla-ro a ser avaliado de imediato éa necessidade de mobilizaçãojunto às instituições que nosrepresentam: sindicatos, Fenaj,universidades, partidos políti-cos, seja o que for. Unir forçaspara dar continuidade ao for-talecimento de nossa profissão:esse é o nosso desafio agora.

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GeralDiploma de jornalista

Renata Andrade/LONA

O presidente do Sindijor, Marcio Rodrigues

Luiz Fellipe Deon

O Sindicato dos Jornalistasdo Paraná (Sindijor-PR) e a Fe-deração Nacional dos Jorna-listas (Fenaj) realizaram natarde de ontem, em Curitiba,uma coletiva de imprensa ma-nifestando sua indignação erepudiando a decisão do Su-premo Tribunal Federal (STF)sobre o fim da exigência do di-ploma de jornalista para oexercício da profissão.

A coletiva aconteceu naCasa do Jornalista, sede doSindijor-PR, no Centro da ca-pital paranaense, e teve a pre-sença do presidente da entida-de, Marcio Rodrigues, da Di-retora de Educação e Aperfei-

çoamento Profissional da Fe-naj, Valci Zuculoto, e da Vice-Presidenta da Regional Sul daFenaj, Aniela de Almeida. Elesfalaram aos jornalistas porcerca de uma hora e classifica-ram a decisão do STF como“um absurdo”.

Em plenária realizada naúltima quarta-feira em Brasíliao STF derrubou, por oito votosa um, a obrigatoriedade dagraduação em jornalismopara os profissionais da área.

Na ocasião, o relator dasessão, ministro Gilmar Men-des, disse que a exigência dodiploma é inconstitucionalpor restringir o amplo direitoà liberdade de expressão echegou a fazer analogias entre

a profissão de jornalismo, cu-linária e corte e costura. Eletambém disse que a partir deagora quem vai definir os cri-térios para a contratação dojornalista são as próprias em-presas de mídia.

Para o presidente do Sindi-jor-PR, que tomou posse on-tem, Marcio Rodrigues, “isso émuito temerário, porque ao in-vés de ser uma instituição se-cular como a universidade,quem vai decidir o que vaipara o ar e o que não vai parao ar, ou a maneira como a no-tícia vai para o ar, são os do-nos dos veículos de comuni-cação”. Ele disse também quea falta de regulação das con-tratações são prejudiciais, não

só à categoria dos jornalistas,mas também à sociedade, ecita um exemplo: “Nós temosum caso em Minas Gerais deuma pessoa analfabeta quequeria o registro de jornalista.Então é um risco muito gran-de para toda a sociedade”.

Já a diretora de Educação eAperfeiçoamento Profissionalda Fenaj, Valci Zuculoto, cri-ticou a comparação feita peloministro: “Ele disse que o jor-nalista é igual ao cozinheiro,ao costureiro... Não dimensio-nou a função que tem um jor-nalista”.

Ela também considerou aqueda da exigência do diplo-ma “um retrocesso” para a so-ciedade: “Se voltarmos 40anos no tempo, as pessoas jáestavam se formando. Nósconquistamos a obrigatorieda-de do diploma e agora vamosreconquistar, vamos avançarna nossa profissão. Precisa-mos que os jornalistas conti-

Sindicalistas doParaná definemdecisão do STFcomo absurda

nuem se formando, continuemestudando numa boa institui-ção, porque a universidade é aúnica que tem condições dedizer quem está capacitado”.Além disso, Valci disse que “ojornalista sofreu um ataque,um golpe, que foi este de nostirarem a obrigatoriedade dodiploma”, mas também lem-brou que “o jornalismo tem400 anos, então não é com umgolpe desse que vão acabarcom nossa profissão, entãonós temos que estar prepara-dos e cada vez mais organiza-dos”. Porém, segundo Rodri-gues, as entidades ainda nãosabem como vão agir em defe-sa do diploma: “A gente nãotem nada definido a respeitode uma estratégia de como va-mos atuar, mas agora é horade todos os profissionais seagregarem para que a gentepossa defender da melhor ma-neira possível a classe dos jor-nalistas”.

“Se voltarmos 40 anos no tempo, as pessoas já estavamse formando. Nós conquistamos a obrigatoriedade dodiploma e agora vamos reconquistar, vamos avançar nanossa profissão. Precisamos que os jornalistas continuemse formando, continuem estudando numa boa instituição,porque a universidade é a única que tem condições dedizer quem está capacitado”VALCI ZUCULOTO, DIRETORA DE EDUCAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL DA FENAJ

O fato de o Supremo ter acabado com a obrigatoriedade do diploma parajornalistas foi repudiada ontem em entrevista coletiva concedida pelo Sindijor-PR

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ColunasCinema “Chama o Garçom!”

Fotos: divulgação

Fernando de Castro

Não existiria mês mais propí-cio que o de junho para a colunadedicar-se ao bar Quermesse. Emmeio à temporada de festas juni-nas, o bar inaugurado há apenastrês meses dá mostras de que po-derá suprir aquela sensação de“quero mais” que as festividadesdesse mês costumam deixar aolongo do ano. Inspirado nas ho-mônimas quermesses – festas tra-dicionais do interior – o bar ino-va ao montar seu arraial na cida-de grande.

O local é amplamente decora-do. Desde objetos elementarescomo bandeirinhas, chapéus depalha, garrafas e louças, até ori-ginalidades que de imediato cha-mam a atenção, como as placasindicadoras dos doces, do quen-tão e do caixa (que lá é bilhete-ria). Igualmente original e inte-ressante é o local para fotos quefica logo na entrada do bar. Umquadro grande, de uma famíliacaipira com um vão no local dascabeças, permite ao frequentadora possibilidade de registrar seumomento como um tradicionalinteriorano.

A simplicidade vai além dadecoração. A vela que acompa-nha a mesa dos casais vem colo-cada no topo de uma garrafa jávazia de vinho, situação que re-mete à ideia de reaproveitar o quefor possível – costume peculiarao interiorano no imaginário po-pular. Outros fatores que realçama simpática atmosfera do localsão os guardanapos que acom-panham as refeições: coloridos,tais como os de festas infantis ea música ao vivo – composta porapenas um cantor e violeiro quefaz da MPB, o som ambiente.

E já que chegamos às refei-ções, essas são um dos pontos al-tos do bar, iniciando pelo cardá-pio. O cliente escolhe seu pratoem folhas impressas e anexadasa encartes de discos de composi-tores nacionais, como Viníicius

de Moraes e Tom Jobim. Quantoàs opções, são obviamente brasi-lidades. É possível comer o tradi-cional “bife sujo” em variadascombinações, além de porçõescomo o frango à passarinho e bo-linho de carne seca. Mas o quechama a atenção realmente é o“cachorro-quente de quermesse”.Em pão francês ou baguete, a re-ceita referência das festas juninasé um tiro certeiro da casa. NoQuermesse é possível comer o tra-dicional sanduíche com vinas,molho de tomate e vinagrete oano todo.

Se montar um bar nesses mol-des originais traz uma impressãode coragem, esta passa ser umacerteza depois de observadas al-gumas atitudes dos proprietários.O bar não exige a cobrança dos10%, mas deixa uma caixa próxi-ma à bilheteria para que o clien-te, se achar justo, dar sua contri-buição. Também é opcional o pa-gamento do couvert artístico e,não obstante, no cardápio constao telefone do Procon para eventu-ais reclamações. Outro destaqueé o mural de recados, que não pa-rece sofrer nenhum tipo de censu-ra da casa. Atitudes simples e co-rajosas que sem dúvidas conquis-tam o cliente – que se sente valo-rizado.

O resumo endereçado ao umdos discos de Vinícius de Mora-es, que compõe o cardápio do lo-cal, chega a suscitar dúvidas senão teria escrito por encomendapara o bar. “Numa receita bembrasileira, temperada pelo con-traste, Vinícius mesclou casa-grande e senzala...”.

O bar Quermesse fica na RuaCarlos Pioli, 1513 e atende de se-gunda a sexta das 11e30 às 14horas. Nos sábado abre para o al-moço do meio dia às 16, e a noitedas 18 até as 23 horas. O telefoneé o 3026-6676.

Você encontra essa, e outras colunaspublicadas nesse espaço, no endereço

www.chamaogarcom.blogspot.com

Quermesse oano todo,sôQuermesse

Tiago Caroleski

De uns tempos para cá, obrasileiro está descobrindo ocinema nacional. Não era fre-quente encontrar películas na-cionais em exibição nas salasespalhadas pelo país. Produ-ções nacionais eram tidascomo sem qualidade, algunsainda enxergam o cinema na-cional desta forma. No entan-to, esta visão está mudandopouco a pouco.

Nestes últimos anos, os fil-mes vêm com formatos basea-dos no estilo do nosso povo.Não estou me referindo aosfilmes de violência que man-cham a imagem da nossa pá-tria lá fora, e passam umaideia distorcida de nossopovo, mas sim das comédiasromânticas. O último sucessonacional, “Se eu Fosse Você2”, estrelado por Glória Pirese Tony Ramos, no começo doano, bateu o recorde de bilhe-teria de um filme nacional(desde a retomada do cinemaem 1995): mais de 5 milhões depessoas foram até o cinemaprestigiar o longa-metragemde Daniel Filho, batendo in-clusive o recorde de “Dois Fi-lhos de Francisco”. A produ-ção arrecadou ao todo R$ 45milhões. Isso fez com que setornasse o quinto filme de mai-or renda de bilheteria da his-tória brasileira (considerandotambém as produções interna-cionais). O filme perde apenaspara: Titanic, Homem aranhaI, II e III.

Nenhum Oscar veio paracá ainda, mas as produçõesestão melhorando cada vezmais; estão deixando de retra-tar aquilo que o país tem depior, para apresentar outrolado. O lado mais cômico e cri-ativo do brasileiro. Filmescomo “Deus é brasileiro”, “Ohomem que copiava”, “Erauma vez”, também foram fil-

mes que chamaram muito aatenção. O cinema nacionalpode ver ainda a regravaçãodo filme “O menino da portei-ra”, estrelado pelo cantor ser-tanejo Daniel. A presença depessoas famosas em longa-metragens é um dos atrativospara o público acompanhar asproduções nacionais. Leis deincentivo ajudam a produzirpelículas, mas não é muitosimples conseguir recursos.Desta forma, quando uma pro-dução se destaca, começam aaparecer mais interessados emfazer outras produções. Masdinheiro não basta para pro-duzir: texto e elenco contammuito. Haja vista Mazzaropi,que não tinha recursos que te-mos hoje, mas conseguiu fazergrandes filmes que são refe-rência para o nosso cinema.

Filmes nacionaisFilmes nacionais

“Se eu fosse você 2” e“ Dois filhos de

Francisco”, sucessos debilheteria para ocinema nacional

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Curitiba, sexta-feira , 19 de junho de 2009 7

EntrevistaCirque Du Soleil

Roberto Hammerschmidt

O Circo Du Soleil está emuma das maiores turnês inter-nacionais da história do gru-po. Desde o último dia 11,pela terceira vez no Brasil, osartistas do circo fazem apre-sentações em Fortaleza, do es-petáculo Quindam. As apre-sentações serão feitas até ju-nho do ano que vem em novecidades brasileiras.

E é nessa apresentação queum brasileiro sonhador entrouem cena para conseguir o quequeria. O estudante HenriqueSantana demonstra que acredi-ta em seus sonhos e que estádisposto a largar tudo em bus-ca deles. Na sua trajetória, lar-gou um emprego de confiançana câmera dos deputados emBrasília, a faculdade de jorna-lismo, os amigos e a família. Eo que mais motivou Henrique adeixar tudo para trás? Um cir-co. Hoje ele trabalha como su-pervisor da recepção não de umcirco qualquer, mas do CirqueDu Soleil. Muitas dúvidas e di-ficuldades apareceram em seucaminho, mas acreditar no so-nho foi mesmo a premissa paraconcretizá-lo. “A gente era tãofeliz com o nosso trabalho queaté passar fome era engraçado”.

O Cirque Du Soleil motivouvocê a deixar tudo para trás?

Meu sonho era fugir com ocirco, mas não qualquer um.Queria fugir com o Cirque duSoleil e, quando soube que issoera possível, fui atrás e conse-gui uma vaga de recepcionistatemporário em Brasília.

Desde quando você alimen-ta esse sonho?

Desde que fui ver “Saltim-banco”, em São Paulo, quandoera mais novo.

Como você conseguiu en-trar lá?

Um ano antes de o “Alegria”chegar ao Brasil, comecei a pro-

curar no Orkut pessoas que játinham trabalhado no “Saltim-banco”. Por sorte conheci umagarota que me passou todos osdetalhes do trabalho e me indi-cou as formas de divulgaçãodas vagas. Enquanto a seleçãonão chegava, fui atrás de cur-sos de gestão de eventos paramelhorar o currículo. Nem pre-cisei disso, mas o que aprendime ajudou bastante. Em outu-bro de 2008, teve a seleção emBrasília que foi dividida emduas fases, e quase não aguen-tei de tanta ansiedade. Quandosoube que tinha passado, eugritava por dentro de tanta feli-cidade.

Alguém o incentivou nabusca por esse sonho?

Meus amigos que sabiam domeu sonho sempre me apoia-ram. Quando fui atrás do circoem outras cidades, minha mãeficava preocupada porque todasas despesas eram por minhaconta. Às vezes faltava dinhei-ro e eu não tinha coragem de li-gar para casa e pedir. Sabia queestar ali era uma escolha minhae eu tinha que aprender a me vi-rar.

O que você realmente dei-xou para trás para realizá-lo?

Quando o circo foi para apróxima cidade (Belo Horizon-te), eu não fui chamado. Era umtanto tímido e fiquei um poucoapagado. Fazia o meu trabalho,mas ficava na minha e não eramuito notado. Depois da estreiaem Belo Horizonte, fui visitar osamigos que estavam seguindoturnê com o circo. E lá rolouuma fofoca de que tinham vagade garçom da área Vip. Eu nãoaceitei a vaga porque eu gosta-va mesmo era da recepção e nãotinha o menor talento para afunção. Mas isso serviu para euarranjar forças e tentar voltarpara a recepção no Rio, que eraa próxima cidade da turnê. Eutinha um cargo de confiança naCâmara dos Deputados e ga-

nhava superbem. Aí no dia 25de dezembro eu pedi férias e fuibater na porta do circo lá noRio. Corri atrás de um monte degente, e os dias iam passando.No dia 1º de janeiro minhas co-legas disseram que havia umavaga de garçom. Como eu já es-tava lá, venci o orgulho e deci-di aparecer para a entrevista,afinal, seria uma forma de cus-tear minhas férias e passar maisum tempo com o circo. Chegan-do lá, tinha mais outro rapazconcorrendo à vaga. O RH ochamou e eu fiquei esperando.A moça do RH perguntou se eujá tinha sido garçom anterior-mente e eu, sem muito rodeio,disse que nunca tinha pegadonuma bandeja na vida. Aí elame olhou e disse que assim eradifícil, mas que eu não desani-masse porque havia uma vagano merchandising. Quando elame chamou pra conversar como responsável pela área admi-nistrativa, ela disse pra ele queeu não tinha experiência ne-nhuma como garçom. Aí ele meolhou e disse: “O Henrique? Elenão vai ser garçom não. Ele vaificar na recepção”. Eu quase deium berro de tanta felicidade, erao meu sonho se realizando denovo. Naquele mesmo dia eucomecei a trabalhar novamente,

no primeiro dia do ano... E omais engraçado é que na vira-da do ano eu estava na praia, equando começaram os fogos eufechei os olhos e pedi para ouniverso que me levasse de vol-ta para o circo. E deu certo! Nodia seguinte eu liguei pra Bra-sília e pedi demissão.

Quais foram as dificulda-des?

O salário era pouco e as des-pesas eram todas por nossa con-ta. Minhas amigas e eu já chega-mos a comer arroz com farinhaporque a grana tinha acabado eninguém teve coragem de ligarpra casa pra pedir dinheiro. Masa gente era tão feliz com o nossotrabalho que até passar fome eraengraçado. A gente morria de rir!

Em algum momento vocêpensou em desistir?

Quando eu soube que nãoia pra Belo Horizonte, eu fiqueitriste e desanimado. Mas aque-la viagem pra visitar a galerafoi o que me reanimou.

Qual a melhor lembrançaque você tem desse momentode sua vida?

Das pessoas que conhecinas cidades em que passei. Nocirco, conheci pessoas que mu-daram a minha vida. Passei avalorizar coisas simples davida. Ainda lembro de momen-

tos do show que me faziam fi-car arrepiado mesmo depois deter visto a mesma cena por maisde cem vezes...

E qual a pior lembrança?As despedidas. Eu nunca

fui uma pessoa que chorava fá-cil. Mas no circo isso virou roti-na...

Você faria tudo de novo?Já estou fazendo tudo de

novo. Dessa vez ganhando beme com tudo pago (risos).

Você acredita que realizouseu sonho?

Eu realizei sim. Pra comple-tar só falta um contrato defini-tivo com o circo... (risos)

Valeu a pena?Sim. Passei seis meses traba-

lhando no emprego dos meussonhos. Conheci pessoas fan-tásticas e mudei minha manei-ra de ver o mundo. Aprendi aviver ganhando pouco e hojesou mais decidido e indepen-dente. Aprendi que quando agente faz o que gosta, não hásalário que pague a nossa feli-cidade. E valeu a pena porquedepois de tanto esforço eu mos-trei que era capaz e hoje eu souum dos três supervisores da re-cepção do circo mais poderosodo mundo. O cargo que eu sem-pre quis dentro daquela compa-nhia.

O sonho do circoHenrique Santana largou o emprego, a faculdade, os amigos e a família para realizar o sonho de trabalhar no Cirque Du Soleil

Divulgação

A turnê do Circo Du Soleil começou no último dia 11

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Ensaio

Texto e fotos: Carolina Loch

É preciso somente um olhar para congelarmos um momento para sempre. Congelar esse olharpode ser mais encantador ainda.

Olhar fotográficoem Bauhaus

Olhar fotográficoem Bauhaus