LONA 503- 09/06/2009

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Curitiba, terça-feira, 9 de junho de 2009 - Ano XI - Número 503 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L STF julga amanhã obrigatoriedade de diploma para jornalista Geral Os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) vão decidir amanhã, em Brasília, se vão manter ou não a exigência do diploma de jornalista para o exercício da profissão. A proposta de desregula- mentação da atividade, feita pelo sindicato patronal em 2001, possibilitará que profissionais sem diploma sejam contratados por empresas jornalísticas. Contrários à proposta, estudantes, entidades de classes dos jornalistas e instituições do ensino superior farão manifestações em diversas capitais do país. O principal foco dos protestos é Brasília. Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Fernando Emmendoerfer de Castro/LONA Há 22 anos, Riad Bark deixou para trás sua formação acadêmica para fazer o que gosta. Formado em di- reito pela UFPR, largou a advoca- cia para abrir o bar Ponto Final. Com sua simpatia, Riad canta à noi- te e faz de seu próprio bar refe- rência em MPB em Curitiba. Página 7 Página 7 Página 7 Página 7 Página 7 Perfil Do direito ao bar bar Oficinas ajudam na reabilitação de usuários de drogas O Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM) pro- move a reabilitação social para adolescentes. Rosimeire Mar- tins de Oliveira é uma das edu- cadoras do local e tem uma his- tória de força e determinação. Ensaio Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Ponto turístico da cidade de Füssen, no sul da Alemanha, o castelo é um dos poucos da Eu- ropa, a não ser em Portugal, que oferece guias de idioma em português. Fotos mostram castelo que inspirou contos de Walt Disney Colunista “Em comemoração ao Dia dos Namorados, juntei cinco dos me- lhores episódios que se passam na televisão nesta data”. Por Ca- mila Picheth Página 6 Página 6 Página 6 Página 6 Página 6

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, terça-feira, 9 de junho de 2009 - Ano XI - Número 503Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

STF julga amanhãobrigatoriedade dediploma para jornalista

Geral

Os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) vão decidir amanhã, em Brasília, se vão manter ounão a exigência do diploma de jornalista para o exercício da profissão. A proposta de desregula-mentação da atividade, feita pelo sindicato patronal em 2001, possibilitará que profissionaissem diploma sejam contratados por empresas jornalísticas. Contrários à proposta, estudantes,entidades de classes dos jornalistas e instituições do ensino superior farão manifestações emdiversas capitais do país. O principal foco dos protestos é Brasília.

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Fernando Emmendoerfer de Castro/LONA

Há 22 anos, Riad Bark deixou paratrás sua formação acadêmica parafazer o que gosta. Formado em di-reito pela UFPR, largou a advoca-cia para abrir o bar Ponto Final.Com sua simpatia, Riad canta à noi-te e faz de seu próprio bar refe-rência em MPB em Curitiba.

Página 7Página 7Página 7Página 7Página 7

Perfil

Do direito ao

barbar

Oficinas ajudamna reabilitação deusuários de drogas

O Centro de ConvivênciaMenina Mulher (CCMM) pro-move a reabilitação social paraadolescentes. Rosimeire Mar-tins de Oliveira é uma das edu-cadoras do local e tem uma his-tória de força e determinação.

Ensaio

Página 8Página 8Página 8Página 8Página 8

Ponto turístico da cidade deFüssen, no sul da Alemanha, ocastelo é um dos poucos da Eu-ropa, a não ser em Portugal,que oferece guias de idioma emportuguês.

Fotos mostramcastelo queinspirou contosde Walt Disney

Colunista

“Em comemoração ao Dia dosNamorados, juntei cinco dos me-lhores episódios que se passamna televisão nesta data”. Por Ca-mila Picheth

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Curitiba, terça-feira, 9 de junho de 20092

Expediente

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalis-mo da Universidade Positivo – UP,

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins.Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Planejamento e Avalia-ção Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Cur-so de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Mar-celo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Cami-la Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimentosgerais e humanísticos, capa-citação técnica, espírito cria-tivo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsa-bilidade social que contribu-am com seu trabalho para oenriquecimento cultural, so-cial, político e econômico dasociedade”.

Missão do cursode Jornalismo

OpiniãoPolítica Tecnologia

Katherine Dalçoquio

Nas últimas semanas, pra-ticamente todos os telejornaisdas tevês abertas, todos osgrandes jornais, todos os gran-des portais de internet, todas asemissoras de rádio entraramem pânico, quando Lula, ques-tionado por um repórter sobrese cogita tentar voltar ao poderem... 2014 (?!), disse que “sóDeus sabe a resposta a essapergunta, porque nem sabe-mos o que acontecerá em 2010,que ainda está longe”. Pareceestar bastante confiável nossoPresidente, que em meio a mo-mentos de “tensão” entre seusaliados, por causa da doençada Ministra da Casa Civil Dil-ma Rousseff, comemora o au-mento de popularidade. Seusaliados devem estar pensandoque vão conseguir o terceiromandato. Mas não, não se de-pender de algumas pessoasque conseguem enxergar todasas besteiras que o Excelentíssi-mo Senhor Presidente já vezcom nosso país. Essas pesqui-sas devem ser encomendadaspelo próprio Partido dos Traba-lhadores. Onde já se viu a ex-guerrilheira – candidata deLula – ser “quem sabe” nossapróxima presidente da Repú-blica? Falando em candidata

de Lula, deve ser por isso queestão falando dessas pesquisassobre o aumento de sua popu-laridade. Para que o povo nãoesqueça do presidente quenunca está no Brasil e paraque os que ainda não conhe-cem Dilma, escutem falar seunome. Afinal quem escuta umpouco sobre política sabe mui-to bem que Lula já afirmou queDilma é sua candidata e querque ela seja sua sucessora.

Candidata que no últimomês descobriu estar com um cân-cer. Não fez o que a maioria dospacientes com essa doença faz,mas... Foi até um palanque juntocom o Lula e através das palavrasde “ajuda” do presidente e con-tou com o apoio do povo para anova caminhada que está por en-frentar. Desculpe-me, Dilma, maso que parece é que o seu partidoestá aproveitando da sua doençapara a próxima eleição. Todas es-sas notícias estão diretamente li-gadas ou pelo menos, indireta-mente, à campanha do próximoano. E acredite, não temos medodo que pode ficar na história so-bre Lula, quando ele deixar oplanalto no dia primeiro de2011, sobre ter sido o presiden-te mais popular da história,mas sim se ele conseguir conti-nuar seu mandato através desua candidata.

Sem prosseguir

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Leonardo Schenato Barroso

O Brasil, assim como o res-to do mundo, sempre foi um lu-gar de divisão social. Bares,clubes e outros lugares destina-dos a agrupar a burguesia dasociedade cobram caro pelaentrada para ter apenas umafreguesia seleta participandode seus eventos.

Mas, neste mês, os membrosda elite puderam celebrar - comuma festa bastante “seletiva” -algo ainda novo no Brasil: a eli-tização digital.

Esta é a proposta do site derelacionamentos Elisyants,uma espécie de Orkut grã-finoque estreou em São Paulo nodia 12 do mês passado.

Lançado em Hong-Kong efuncionando, além de São Pau-lo, nas cidades de Dubai e Cu-raçao, o Elisyants só aceita aentrada de pessoas convidadaspelos seus organizadores.

Entre eles, estão principal-mente celebridades e indivídu-os que costumam estar presen-tes em eventos luxuosos. Con-firmando isso, notamos que, nalista dos brasileiros convida-dos, estão nomes como do atorBruno Gagliasso e do estilista

Carlos Miele, figuras tambémconhecidas pelo seu alto poderde compra.

E o mais interessante sobreo site é o argumento dos quedefendem a sua criação.

Eles dizem que será feito nainternet o mesmo que acontecefora dela, no mundo real. Ouseja, ao invés de utilizarem ainternet para promover o aces-so das classes mais pobres dasociedade, os idealizadores doElisyants querem manter naweb a discriminação socialque existe nas ruas.

Pois é assim mesmo que asruas são: diferentes classesprecisam delas para sobrevivere, por isso, acabam se en-contrando. Mas há espa-ços muito bem deter-minados para cadaclasse social: pesso-as que moram na fa-vela não são as mes-mas que frequentamum iate-clube.

Essa divisão es-pacial que reforça asdiferenças sociais difi-culta a interação entreos grupos, fazendo comque a exclusão seja cadavez maior.

Com a criação do Elisyants,a internet ficou igual. Diferen-tes classes sociais vão utilizá-la para fazer pesquisas, ler blo-gs, utilizar e-mails e tudo o quea internet possibilita. Mas só oschamados “novos ricos” pode-rão fazer parte de determina-das comunidades virtuais.

A internet, com todo o po-tencial que tinha para revolu-cionar e democratizar a socie-dade, acabou servindo de fer-ramenta para uma minoria eco-nomicamente favorecida man-ter seu status de superioridade.É a exclusão social na era di-gital.

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Curitiba, terça-feira , 9 de junho de 2009 3

GeralImprensa

STF julga a obrigatoriedadedo diploma de jornalista

Eli Antonelli

Está previsto para amanhã ojulgamento pelo Supremo Tribu-nal Federal (STF) da obrigatori-edade do diploma de jornalistapara o exercício da profissão. Adiscussão se originou em 2001,a partir de uma liminar suspen-dendo a exigência do diplomacom parecer favorável ao Sindi-cato das Empresas de Rádio eTelevisão de São Paulo. A deci-são foi revogada em 2005, maso Ministério Público Federal re-correu, e o processo está em an-damento no Supremo TribunalFederal.

Atualmente, a necessidadedo diploma está suspensa e osdesdobramentos dependerão dadecisão do Supremo. Há umapossibilidade de que o julga-mento seja adiado mais umavez. O ministro Marco Auréliode Mello poderá solicitar a subs-tituição do julgamento pelo casoda guarda do menino que estásendo disputado pelo pai nor-te-americano.

A Federação Nacional dosJornalistas - FENAJ e o GT Co-ordenação Nacional da Campa-nha em Defesa do Diploma es-tão organizando diversas mani-festações em prol do diploma.Em todo o país ocorrerá carava-nas a Brasília para a manifesta-ção pública em frente ao STF. OSindicato dos Jornalistas do Pa-raná está organizando uma ma-nifestação na Boca Maldita às13h. Outra ação que está sendodivulgada é o envio de e-mailsao STF. A lista de e-mails dosministros, bem como a sugestãode texto, pode ser obtida na pá-gina: http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2615.

DiscussãoO Lona entrevistou duas

profissionais da área de comu-nicação com opiniões diferen-tes, para exporem sua posiçãonesta discussão. Uma das pro-fissionais, a jornalista PaulineMachado, está entrando nomercado de trabalho, e a segun-da, a pesquisadora de comuni-cação Ivana Bentes, possui am-pla experiência na área de co-municação.

EntrevistadasA jornalista Pauline Macha-

do é recém formada em Comu-nicação Social – Jornalismopela Universidade Positivo eatualmente, está em busca desua colocação no mercado detrabalho. Escreve voluntaria-mente para a Agência de Notí-cias do Direito dos AnimaisANDA – e mantém um blog,“um olhar estrangeiro sobre to-das as coisas”: http://www.paulinemachado.com.br .A dire-tora da Escola de Comunicaçãoda Universidade Federal do Riode Janeiro, Ivana Bentes, temmestrado e doutorado pelaUFRJ. Atua principalmente emestética, teoria da comunicaçãoe pensamento contemporâneo.Dedica-se a dois campos depesquisa: estéticas da comuni-cação, Novos Modelos Teóricosno Capitalismo Cognitivo(CNPq) e Periferias Globais:produção de imagens no capi-talismo periférico. Apresenta oprograma de debate Curta-Bra-sil, sobre cinema e cultura, natelevisão Educativa (TVE) doRio. É autora dos livros “Joa-quim Pedro de Andrade: a revo-lução intimista” (Ed. Relume-

Dumará.1996), “Cartas ao Mun-do: Glauber Rocha” (organiza-ção e apresentação), Compa-nhia das Letras, 1997. É co-edi-tora de Cinemais: Revista de Ci-nema e Outras Questões Audi-ovisuais e de Lugar Comum:Comunicação e Política, revistade ensaios no campo da comu-nicação. E escreve sobre cultu-ra para o jornal Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. Man-tém o blog com o tema “O devirestético do capitalismo cogniti-vo" http://www.midiarte.blogspot.com

A favor do diploma – Pau-line Machado

“Parto do princípio de que,assim como qualquer outra pro-fissão regulamentada, o jorna-lista deve sim ter a obrigatorie-dade do diploma para exercerlegalmente a profissão. Se anosatrás o pessoal não precisavado diploma para vivenciar a ro-tina das redações dos jornais eestá até hoje no mercado, tudobem, faz parte da história do jor-nalismo e do nosso país; agora,a partir do momento em que aprofissão foi regulamentada,deve ser obrigatório o diploma,caso contrário, estaríamos an-dando para trás.

Se for assim, penso que pos-so exercer qualquer outra profis-são – advogada, engenheira,psicóloga, dentista, socióloga,filósofa e até ser veterinária, queé o meu sonho, pois não preci-saria de diploma para exercertal função; mas não posso, ain-da que tenha total aptidão paraisso.

Ser jornalista não é tão sim-ples assim, embora para algunspareça. É preciso técnica (obti-

da na faculdade ou na prática,não importa), mas é preciso trei-no, é preciso orientação, é pre-ciso muitos outros detalhes, eextinguir o diploma é desmere-cer os profissionais da impren-sa.

Sem falar na moral, ou faltadesta, do ministro relator docaso. Será que essa importantedecisão está em boas mãos? Oumelhor, em mãos justas? Enfim,essa já é uma outra história.”

Contra o diploma – IvanaBentes

“Por que a FENAJ e outrasentidades corporativas não es-clarecem que o fim da exigênciade diploma para trabalhar emjornalismo não significa o fimdo ensino superior em jornalis-mo?

Ao invés de esclarecer quesão duas coisas distintas, con-fundem a todos! É a pedagogiada desinformação e do ‘medo’,a pedagogia da ‘reserva de mer-cado’ para um único grupo deprofissionais, os ‘jornalistas’, ti-rando a oportunidade e a em-pregabilidade de tantos outrosjovens formados em comunica-ção e não reconhecendo a po-tência da mídia livre. (...)

O ‘capital’ e as corporaçõessão os primeiros a contrataremos jornalistas com formação su-perior. Na UFRJ os estudantesde Comunicação e Jornalismosão ‘caçados’ pelas empresasque dão preferência aos forma-

dos, com nível superior!Os jornais já burlam a exi-

gência de diploma pagando osmaiores salários da Redaçãoaos não-jornalistas, cronistas,articulistas, colunistas, todossem diploma (os sindicatos fize-ram o quê?) (...) Estou defenden-do a empregabilidade das cen-tenas de jovens formados emComunicação.

Ao invés de se preocuparemcom as condições de trabalhode um contigente de jovens quejá estão exercendo jornalismode forma nova e profissional, ascorporações impedem o exercí-cio da profissão destes e decentenas de jovens no exercícioprofissional de jornalismo, res-trito pelo poder cartorial e cor-porativo de um diploma, que jánão tem valor de mercado, oque tem valor de mercado e va-lor simbólico é a formação dequalidade.

O raciocínio de parte da FE-NAJ e FNPJ está na vanguardada retaguarda, no século fabril,corporativo, estanque. Na defe-sa de ‘postos de trabalho estan-ques’, quando no capitalismocognitivo, no capitalismo dosfluxos e da informação, o queinteressa é qualificar não para‘postos’ ou especialidades (ooperário substituível, o saláriomais baixo da redação!), maspara campos de conhecimento,para a produção de conheci-mento, como o campo da Comu-nicação”.

Ser jornalista não é tão simples assim.É preciso técnica,treino, orientação emoral”PAULINE MACHADO, JORNALISTA

Entidades de classe promovem manifestações a favor do diploma em várias capitais e em Brasília

Curitiba, terça-feira, 9 de junho de 20094

EspecialCentro de Convivência Menina Mulher

Um modelo de meninaUma história de sofrimento que se tornou exemplo de salvação

Renata de Andrade

Numa sala de mais ou me-nos seis metros de comprimen-to e quatro de largura, dez me-ninas entre 12 e 16 anos conver-savam. A pouca luz que entra-va pela janela iluminava as seiscadeiras no fundo da sala e aúnica lâmpada não queimada,entre quatro, se encarregava deiluminar um sofá de quatro lu-gares e o resto da sala. Essasadolescentes não estavam lápara simplesmente bater papo,mas sim para conversar sobreassuntos sérios e realizar ativi-dades no horário em que não

deveriam estar na escola.Era o fim de uma das ofici-

nas, e as meninas já estavam in-quietas. Um pedaço de papel foidistribuído e, para terminar,elas tinham que escrever algu-ma coisa sobre suas vidas, algoque a Ong ajudara a mudar.Como que mecanicamente, elascomeçaram a escrever. De fren-te para elas, estavam sentadasa coordenadora e assistente so-cial Simone Taborda SantosHaertel e a educadora Rosimei-re Martins de Oliveira. Uma auma, elas leram seus papéis.Sinceros agradecimentos dequem foi instruído a resistir às

tentações da droga e da violên-cia, que aparentemente eram osúnicos e mais fáceis caminhospara se seguir.

A última a ler foi Rosimeire.A força e determinação estam-padas no rosto franzido de mu-lher, que junto às meninas des-mancha-se em um sorriso ingê-nuo e num olhar compreensivo,marcaram a leitura. Rosimeiresurpreendeu a todos. Mesmodepois de quase nove anos detrabalho na Ong, ninguém sa-bia de sua história.

O Centro de ConvivênciaMenina Mulher (CCMM) existehá quase quatorze anos. Com

o apoio do Ministério do Desen-volvimento Social e Combate aFome e do Fundo Municipal deAssistência Social, a instituiçãoatende meninas de 6 a 18 anos,a maioria da Vila Parolin, emestado de vulnerabilidade. Sãofamílias que, em sua maioria,trabalha na coleta de materialreciclado e são beneficiárias doprograma de Erradicação doTrabalho Infantil ou Bolsa Famí-lia. Lá, as meninas e mulheresse dedicam a aulas de capoei-ra, corte e costura, teatro, eti-queta, ballet, oficinas de infor-mática e outras atividades quepropiciem a reinserção social ea melhoria da autoestima.

Quando a Ong foi fundada,em 1995, uma das que partici-pava das oficinas era Rosimei-re. Na época, com 14 anos, elaachou no CCMM uma oportu-nidade de mudar o rumo quesua vida tinha tomado desdeque saíra de casa.

Rosimeire nasceu em Borra-sópolis, no norte do Paraná. Foicriada por um casal de agricul-tores, desde que era bebê.“Meus pais não tinham condi-ções de me criar. A solução queencontraram foi me entregar aosmeus ‘padrinhos’”. Na cidadeinteriorana, ela nunca precisoutrabalhar. Sua vida se restringiaem estudar e brincar, enquantoseus novos pais dedicavam-se àroça.

Porém, aos 11 anos, Rose –como é chamada na Ong – quisconhecer sua família verdadei-ra, que morava em Curitiba.Num gesto de compreensão,seus padrinhos a levaram paraa capital e a ajudaram a encon-trar a casa onde seu pai bioló-gico estava morando. Ficou sa-bendo que sua mãe tinha se

mudado há vários anos paraSão Paulo e lá tinha falecido. Sónão soube o motivo da morte.Ela despediu-se de seus padri-nhos e afirmou, com um largosorriso no rosto, que ela ficariamuito bem ali, com sua nova equase verdadeira família. Issoporque seu viúvo pai já tinha secasado novamente.

Porém, não foi fácil convivercom a madrasta. Com toda aautoridade e respaldo do mari-do, ela mandava e desmandavaem Rose, que não gostava nadada ideia de conviver com umamulher que não a queria bem.

Então, com alguns poucosmeses de muitas brigas, a meni-na decidiu sair de casa. Masnão quis voltar para o interior.A capital a encantara. Toda abeleza da Cidade Sorriso a se-duziu para o que havia de maiscruel e degradante das cidadesgrandes – o vício.

Rose passou anos pulandode casa em casa. Dormia umdia na casa de colegas da esco-la, de companheiros da noitadae de pessoas que mal conhece-ra. Ou que conhecera quandonão estava em condições de selembrar no dia seguinte. Passoupor abrigos, pensões, repúbli-cas. Para ela, essa foi a épocamais difícil de sua vida.

Lembra-se angustiada dodia em que quase foi levadapara o reformatório. Estava aperambular pelas ruas, à procu-ra de outra casa que a aceitassepor pelo menos uma noite,quando foi surpreendida pelapolícia. O policial, um robustohomem que a aparentou ter me-nos de 35 anos, a pegou pelobraço e perguntou se ela era Ro-simeire Martins de Oliveira. As-sentindo com a cabeça que sim,

Por meio da produção de jornais, as meninas aprendem a valorizaro espaço social em que vivem

Curitiba, terça-feira , 9 de junho de 2009 5

Fotos: Renata Andrade

ela já estava se preparandopara o que se acostumara a vernas ruas. “Autoridades abu-sando do poder, aproveitando-se de nós, meninas que não tí-nhamos com quem reclamar”.Por um ato de sorte ou consci-ência, o policial nem chegou atocar na menina. Ele apenas in-formou que seu pai e seu irmãoforam os mandantes da apreen-são. Eles exigiam o seu retornoà casa.

Rosimeire desconfiava quepor trás dessa preocupaçãocom ela estivesse a vergonha deserem reconhecidos como a fa-mília da menina que viva semcasa, perambulando por aí comos “noiados”. Essa é a expres-são que se usa para designaraos usuários de drogas.

No último abrigo pelo qualpassou, o Abrigo Madre Antô-nia, arranjou um emprego. Pas-sou a auxiliar a coordenadoraa ministrar atividades para osadolescentes. Como uma dissi-dência do Madre Antônia, sur-giu o CCMM. Enquanto o abri-go serviria de casa para as ado-lescentes, o CCMM seria o lugaronde elas ocupariam o tempoocioso, para que não se deixas-sem levar pelas dificuldades davida.

Simone e todo o resto da salaficaram quietas, atentas às pa-lavras de Rosimeire. Era umahistória que serviria de modelopara as meninas dali em dian-te. Foi difícil imaginar que aeducadora que elas incluíamnas brincadeiras de menina se-ria personagem de uma vida tãocheia de aventura, que para afelicidade geral, teve um finalfeliz.

Terminada a oficina, as me-ninas se dirigiram para o pátio

da Ong. Atravessaram o corre-dor, que abria espaço para osoutros quatro cômodos – cozi-nha, sala de costura, sala decomputadores e banheiro – e fi-caram sentadas no chão de con-creto. Naquela tarde, até a som-bra castigava-as com o calorque fazia com que a sensaçãotérmica não estivesse abaixodos 30 graus. São poucos osdias quentes de céu limpo emCuritiba. Isso era motivo paraquererem aproveitar muito bemo verão.

Vendo a animação das me-ninas, Rosimeire saiu da Ong,andou cinco quarteirões atéchegar a um minimercado ecomprou um saquinho de bexi-gas. Encheu-as de água e jogoupara as meninas brincarem.Olhando de longe, não se dis-tinguia quem era a educadora equem eram as alunas. Emboraa aparência de mulher vivida,Rosimeire tem apenas 24 anos.Junto com as meninas, teria aomenos 12.

Quando percebeu que o ris-co de se molhar ficava cada vezmaior, ela se distanciou da brin-cadeira. “Eu tinha que pegarônibus para ir pra casa”. Essefoi o único motivo pelo qualnão continuou brincando comelas.

Debruçada na janela da salade computadores que dava parao quintal, Rosimeire analisavaa cena das bexigas espatifando-se no chão, causando euforianas meninas que não fugiamda água refrescante. Lembrou-se de quando tinha a mesmaidade. Não se sentiu triste, ape-nas agradeceu por poder pro-porcionar aos outros o que elanão pôde ter quando era ape-nas uma menina.

Centro de Convivência conscientiza crianças e adolescentes pormeio de atividades extra-escolares

A força e determinação estampadas norosto franzido de mulher, que junto àsmeninas desmancha-se em um sorrisoingênuo e num olhar compreensivo,marcaram a leitura. Rosimeiresurpreendeu a todos. Mesmo depois dequase nove anos de trabalho na Ong,ninguém sabia de sua história

O Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM) existe háquase 14 anos. Com o apoio do Ministério doDesenvolvimento Social e Combate a Fome e do FundoMunicipal de Assistência Social, a instituição atendemeninas de seis a 18 anos, a maioria da Vila Parolin, emestado de vulnerabilidade. São famílias que, em suamaioria, trabalha na coleta de material reciclado e sãobeneficiárias do programa de Erradicação do TrabalhoInfantil ou Bolsa Família

Curitiba, terça-feira, 9 de junho de 20096

GeralComunicação

Feliz Episódio dosNamoradosCamila Picheth

Para comemorar a ocasião, juntei cinco dos melhores episódi-os que se passam durante o Dia dos Namorados. Tem episódiospara todos os gostos: bonitinho, engraçado ou dramático.

Bewitched, Bothered andBewildered – Buffy (2x16)

Na época em que Buffy ain-da tinha uma trama decente,tiradas inteligentes e episódi-os comemorativos legais, o Diados Namorados é lembradocom mais um feitiço que saipela culatra. Depois que Cor-delia termina com Xander noDia dos Namorados, ele tentarecuperá-la por meio de magia.

Coluna - Televisão

St. Valentine’s Day30 Rock (3x11)

Acidentalmente, Liz marcaseu primeiro encontro comDrew no Dia dos Namorados.A partir de então tudo começaa dar errado, como um inciden-te com a porta do banheiro euma revelação familiar. En-quanto isso, Jack planeja umjantar romântico com Eliza,mas as coisas não ocorremcomo planejado quando ele éobrigado a ir à igreja.

Vineyard Valentine – Gil-more Girls (6x15)

Lorelai, Luke, Rory e Lo-gan viajam até Martha’s Vi-neyard para passar o fim desemana do Dia dos Namora-dos. Além do episódio acon-tecer fora de Stars Hollow,outra peculiaridade da tramaé a ida dos quatro até umaacademia de ginástica.

The One With UnagiFriends (6x17)

E é claro que Friends nãopoderia ficar de fora. Chandlere Monica comemoram o diados namorados duas semanasmais tarde, e combinam de fa-zer seus próprios presentes (osquais não são feitos por ne-nhum dos dois). Enquanto isso,Ross quer ensinar a Rachel ePhoebe uma técnica japonesachamada “Unagi”.

All In The FamilyER (6x14)

Em um dos episódios maismarcantes da série, esse diados namorados não foi nadabom para os que trabalhavamno hospital. Carter e Lucy sãoatacados por um paciente es-quizofrênico e toda a equipese mobiliza para tentar salvara vida dos dois.

Curso discute jornalismoaplicado ao esporteJuliane Moura

A pró-reitoria de Extensãoda Universidade Positivo or-ganizou o curso JornalismoEsportivo Aplicado, que teveseu início no dia 8 de maio,com aulas nas sextas e sába-dos, durante um mês.

Esta foi a segunda ediçãodo curso, que teve um acrés-cimo de 20% em relação ao doano passado. Contando comótimos palestrantes, ajudou aentender e a desenvolver osconhecimentos relacionadosàs mídias impressa, televisivae na internet. Falou tambémsobre a história e as tendên-cias do mercado de trabalho.O curso foi direcionado paraestudantes de comunicação,profissionais da área e inte-ressados no assunto.

Para ministrar o curso, fo-ram convidados jornalistascomo Cristian Toledo, sube-ditor de esportes da Tribunae apresentador do Tribuna noFutebol, da Rede Indepen-dência (RIC) e plantonista darádio Transamérica; IrapitanCosta, setorista do ParanáClube; Joyce Carvalho, repór-ter da Tribuna, produtora eapresentadora do Transamé-rica Esportes; o editor de es-portes da Tribuna do Paranáe editor da Tribuna Radical,Carlos Henrique Bório; Leo-nardo Mendes Junior, da Ga-zeta do Povo; Marcelo DiasLopes, editor no núcleo es-portivo da Rede Paranaensede Comunicação (RPC).

Ao longo do curso foramapresentados diversos temas,desde ética na profissão, as-sessoria de imprensa e ma-rketing, novos e velhos con-ceitos nas áreas, os diferentesmodos de trabalho em rádio,TV, jornal e internet, até ahistória de todas as mídias.Cada assunto foi exposto demodo simples e direto, sendodiscutido entre os jornalistasconvidados e a turma com-posta por mais de 30 partici-pantes.

Com aulas dialogadas,descontraídas e com muitainformação, o jornalista Cris-tian Toledo comandou os pri-meiros dias do curso, semprena companhia dos demaisjornalistas, que alternavam ocomando de acordo com aárea e o tema definido. Commuita interatividade, os diasde curso foram de grandeproveito para os participan-tes, abrangendo os conheci-mentos já existentes e acres-centando informações aindadesconhecidas.

O jornalista Cristian Tole-do falou como é importanteesse tipo de conhecimentopara quem deseja atuar nojornalismo esportivo. “A nos-sa ideia é tentar aproximarum pouco mais os estudantese os recém-formados no mer-cado de trabalho. Ter um co-nhecimento de assuntos queas faculdades às vezes nãoconseguem mostrar justa-mente porque são institui-ções de ensino. Procuramos

mostrar um pouco a realida-de do dia-a-dia do trabalhodos profissionais da área.”

Participar de um curso deextensão é sem dúvida mui-to importante. Toledo fala so-bre a diferenciação da pri-meira edição do curso nesteano. “Primeiro, o número depessoas aumentou, principal-mente o de estudantes. Naprimeira edição nós tivemosmuito mais participantes re-cém-formados ou até traba-lhando há mais tempo nomercado. Neste ano mais dametade era de estudantes, oque para nós é bem legal. Eacho que principalmente foia integração do pessoal aocurso, todos me parecerammuito interessados. No anopassado todos queriam ape-nas saber a nossa preferênciapor times, faziam perguntasrelacionadas as nossos cole-gas de trabalho. Neste cursofoi diferente. os participantesse preocuparam principal-mente nas questões relacio-nadas ao mercado esportivo,fizeram perguntas pertinen-tes sobre os temas. Acheibem legal, porque afinal sãoas preocupações que vocêsestudantes têm que ter.”

Para quem deseja seguirno ramo, Toledo deixa umadica. “A princípio a pessoatem que sempre se manteratualizada. Tem que ler jor-nais, buscar notícias, procu-rar novas informações, acom-panhar programas televisi-vos, ouvir rádio”. Cristiantambém ressalta a importân-cia do aperfeiçoamento.“Tem que se aprimorar emcursos de extensão, tem quefazer uma boa faculdade. Sepossível ter uma pós-gradu-ação e tem que acreditar nopróprio esforço. Não pode sedesesperar, tem que ter paci-ência, porque muitas as opor-tunidades não vêm no mo-mento em que se espera, vêmdepois. Por isso tem que con-tinuar confiando, continuaracreditando sempre.” (Cola-boração: Aline Reis)

“A princípio a pessoa tem que semprese manter atualizada. Tem que lerjornais, buscar notícias, procurar novasinformações, acompanhar programastelevisivos, ouvir rádio”CRISTIAN TOLEDO, JORNALISTA

Curitiba, terça-feira , 9 de junho de 2009 7

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Doutor em MPBAdvogado por formação e músico por natureza, Riad Bark canta e encanta

Fernando Emmendoerfer deCastro

No ano de 1979, a Univer-sidade Federal do Paraná(UFPR) formava mais uma tur-ma do curso de direito. Entreos formandos, Riad Bark, 54,realizava o sonho de muitos,obtinha o diploma da consa-grada universidade. Mas avida lhe reservava muito maisrealizações do que a advocaciapoderia lhe proporcionar. Se aempatia do “Turco” poderialhe credenciar sucesso emuma série de profissões, inclu-sive no direito, certamente ne-nhuma delas o permitiria alçarvoos tão longos como a carrei-ra de músico e proprietário debar lhe possibilitaram.

Exerceu a advocacia naárea trabalhista por cerca desete anos. Obteve certo êxitoprofissional trabalhando emprefeituras, mas, ainda assim,seu histórico de vida permitefacilmente a compreensão rela-tiva à mudança tão drástica deofício. Componente de uma fa-mília que respira música, Riadjá teve contato com o cantodesde cedo, com o coral da fa-mília Bark, composto por ele eseus irmãos. E foi para unir otalento, o prazer e o trabalhoque Riad abriu seu bar, o Pon-to Final. Então, 1987 seriamarcado como o ano em que aclasse trabalhadora perderiaum de seus defensores, para aMPB ganhar um de seus balu-artes. No comando do redutoboêmio - tão original quantoduradouro-, Riad conseguemanter a excelência e as raízesaté hoje, fato cada vez maisraro no ramo de casas notur-nas.

Se a interferência da famí-lia de Riad o auxiliou paraidentificar seu dom, com certe-

za não foi a última vez queexerceu sua influência na vidado cantor. Ao contrário do quea vida boêmia de Riad pode-ria sugerir, as referências fa-miliares podem ser notadasem seu ambiente de trabalho.O quibe, especialidade do bardo cantor, é preparado por suamãe. Riad inclusive é extrema-mente modesto – tal como umbom filho – ao creditar o dife-rencial do Ponto Final ao qui-tute materno: “Acho que o barnão tem nada de mais. Eu meesforço, tento fazer o que opessoal gosta. O quibe que mi-nha mãe faz que é o diferenci-al único”, confidencia.

E o resto da família? Estãojuntos também. As duas filhassão frequentadoras assíduasdo bar, enquanto seu sobrinhoanota os pedidos dos clientese sua esposa, Marlene, é res-ponsável pelo caixa do estabe-lecimento. Essa proximidadeque Riad mantém entre suafamília e seu local de trabalhofala por si só sobre sua perso-nalidade afetiva, o legítimopaizão. Além disso, não preci-sa nem inventar desculpaspara ficar até tarde no bar comos amigos. Precisa de mais?

Com seu tradicional bigo-de, cabelos escovados paratrás e a barriga saliente – quedemonstra sua autoridade bo-tequeira – Riad sobe ao palcodo Ponto Final por volta das23 horas nas sextas-feiras esábados, únicos dias em que obar abre. Ao longo da noite,passeia pelo seu repertório,atende aos pedidos dos clien-tes e amigos, e como se fosseapenas mais um dos frequen-tadores assíduos do local, de-gusta doses e mais doses deGuaraná Diet com Bacardi:“Whisky jamais!”, exclamaRiad para depois explicar

como evoluiu das doses deconhaque, passou pelafase da gim tônica, dacuba, até culminar no es-tágio atual, que ele mesmodenonima como “meia-cuba”. “Se eu tomar 15 do-ses de cuba, é bem menosdo que 15 doses de conha-que”, justifica o cantor.

A personalidade simplesde Riad se reflete no ambi-ente do Ponto Final e, emcada momento da noite, bare cantor unem-se mais emais para, em uníssono, tra-zer de volta aos mais anti-gos “aqueles tempos quenão voltam mais”, e tam-bém para despertar nosjovens a paixão pelaMPB. É com irreverênciaque Riad conta sobreessa união de gerações:“O bar é frequentadopor todas as camadas eidades; eu estou na ter-ceira geração já. Temuma menina que vem aquique diz ‘meu avô adorava tuavoz’”.

Tal como é evidente o toquede cantor em cada detalhe deseu bar, não é exagero afirmarque, quando Riad evoca can-ções de artistas como ChicoBuarque, Vinícius de Moraes,Tom Jobim ou Toquinho, écomo se os quadros destesgrandes nomes da música ga-nhassem vida e sentassem nasmesas quadradas do localpara apreciar o show. Falandoem mesas, essas - ao lado dascadeiras - parecem dançar ti-midamente quando os mestresCartola, Noel Rosa e AdoniranBarbosa se fazem presentes navoz do bardo. Até mesmo asparedes verdes e antigas cum-prem sua função, que vai alémde reter toda a fumaça do lo-cal, fato que, apesar de não ser

exatamente um problema, àsvezes incomoda o cantor: “Nomeu bar muita gente reclamada fumaça, se vier aquela leique tem em São Paulo, eu nãoligaria tanto assim”, afirmaRiad, referindo-se à lei queproíbe o fumo em locais fecha-dos. O vozeirão de Riad, pro-jetado para fora do bar, é oanúncio da grande noite quese aproxima, sendo essa aprincipal e verdadeira função

Quando Riad evoca canções de artistascomo Chico Buarque, Vinícius de Moraes,Tom Jobim ou Toquinho, é como se osquadros destes grandes nomes da músicaganhassem vida e sentassem nas mesasquadradas do local para apreciar o show.

das paredes locais.Mesmo com todo o sucesso

profissional e pessoal, Riad éprecavido e se antecipa aqualquer infortúnio que a vidapossa lhe reservar - continuapagando anualmente a OAB.“Vai que um dia eu perco avoz”, justifica. Os amantes daMPB fazem votos sincerospara que isto jamais aconteça– ou ao menos que Riad sejaeterno enquanto dure.

MPB

Curitiba, terça-feira, 9 de junho de 20098

EnsaioCastelo do Rei Ludwig II

Um castelo decontos de fadascontos de fadas

Texto e fotos: Gustavo Krelling

Está nas geladas terras de Füssen, no sul da Alemanha, um castelo romântico, típico de contos defadas que inspirou até Walt Disney. O castelo é considerado um tanto antiquado para a época. Issoporque, na metade do século XIX, os castelos estavam fora de moda. Mas o rei da Baviera, Ludwig II,era fascinado pelas óperas de Richard Wagner e pela monarquia francesa da época de Luís XVI, porisso construiu o castelo. Muitos cômodos são inspirados em óperas de Wagner, como Tristão e Isoldae Parsifal. Não é possível fotografar no interior do palácio, mas é claro que os orientais se arriscam. Ocastelo é um dos únicos pontos turísticos da Europa, descartando Portugal, que oferece guias de áu-dio em português.