LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS AUXILIANDO A PRODUÇÃO DE ...

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LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS AUXILIANDO A PRODUÇÃO DE MATERIAIS A PARTIR DE RESÍDUOS DE COCO Lucinara Fernandes Coelho (UESC ) [email protected] Juliano Zaffalon Gerber (UESC ) [email protected] Este estudo tem como objetivo desenvolver e aplicar um método voltado a logística de suprimentos para uma produção ecológica de vasos tubetes a partir de fibras de coco, com o intuito de substituir os tubetes plásticos e suprir a demanda de mudas de cacau de acordo com dados do Instituto Biofábrica de Cacau, Itabuna-BA. A principal razão para esta pesquisa é o fato de que os resíduos de casca de coco são substitutos em potencial para o uso de fibras sintéticas. A partir do levantamento de dados e estruturação do método, foram identificados fornecedores e suas potenciais capacidades para suprir uma demanda de insumos de uma produção de vasos tubetes. Palavras-chaves: Vasos tubetes, logística, fibra de coco XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10 Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

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LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS AUXILIANDO A

PRODUÇÃO DE MATERIAIS A PARTIR DE

RESÍDUOS DE COCO

Lucinara Fernandes Coelho (UESC )

[email protected]

Juliano Zaffalon Gerber (UESC )

[email protected]

Este estudo tem como objetivo desenvolver e aplicar um método voltado a

logística de suprimentos para uma produção ecológica de vasos tubetes a

partir de fibras de coco, com o intuito de substituir os tubetes plásticos e

suprir a demanda de mudas de cacau de acordo com dados do Instituto

Biofábrica de Cacau, Itabuna-BA. A principal razão para esta pesquisa é o

fato de que os resíduos de casca de coco são substitutos em potencial para o

uso de fibras sintéticas. A partir do levantamento de dados e estruturação do

método, foram identificados fornecedores e suas potenciais capacidades

para suprir uma demanda de insumos de uma produção de vasos tubetes.

Palavras-chaves: Vasos tubetes, logística, fibra de coco

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1. Considerações preliminares

Em todo e qualquer elo de produção o início do Processo Logístico ou Cadeia de Suprimentos

se dá com a atuação da Logística de Suprimentos que tem como função cuidar das relações

entre a empresa e seus fornecedores, exercendo funções que viabilizam o processo de

abastecimento de insumos da produção. Compõem a Logística de Suprimentos

responsabilidades referentes aos transportes, embalagens e armazenagem, além do fluxo de

informações que abrange as partes envolvidas nesse processo (GUARNIERI, 2010;

FRANKEL ET. AL., 2008; BOWERSOX, 2007).

No que tange aos transportes, Ballou (2006), considera um dos mais importantes aspectos dos

custos logísticos para as empresas, pois, a movimentação de cargas concentra de um a dois

terços dos custos logísticos, ou seja, a implantação de uma adequada estratégia de transporte

visando os aspectos econômicos das atividades envolvidas nas suas várias modalidades e na

adequada formação de preços torna-se altamente estratégico para as organizações

(BOWERSOX, 2007; IMAM, 2006).

Para coleta de insumos é necessário identificar a embalagem que melhor se adeque as

características do produto, tais como: tamanho do resíduo, quantidade a ser coletada,

frequência de coleta e local de exposição (SILVEIRA, 2008; GURGEL, 2000). De acordo

com Gomes et. al. (2007) e Pedelhes (2005), as embalagens são classificadas conforme suas

funções, sendo essas: Primárias ou embalagens que estão em contato direto com o produto;

Secundárias, utilizadas para agrupar produtos já embalados; Terciárias ou embalagens

enviadas aos atacadistas; Quaternárias que são utilizadas para facilitar o manuseio e

armazenagem dos materiais de forma acondicionada e finalmente embalagens de Quinto

Nível que são embalagens utilizadas para transporte de longas distâncias em forma

conteinerizadas.

A armazenagem por sua vez, desempenha vários papéis na estrutura da empresa, dando

assistência ao recebimento e confirmação dos produtos de diversos fornecedores, se

compromete com a distribuição de insumos dentro da empresa de forma a facilitar o manuseio

dentro das instalações, além de permitir a conferência e distribuição dos produtos aos diversos

clientes. Para definição do depósito para armazenagem de matérias-primas é necessário

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avaliar a localização, as dimensões, o layout apropriado ao acondicionamento, à

movimentação dos insumos e como serão arrumados (ARBACHE, 2011; BOWERSOX,

2007; SANTOS E LANA, 2006; FLEURY, 2000).

Associado ao processo logístico, sistemas produtivos que fazem uso de políticas sustentáveis,

como é o caso de produtos que utilizam como matéria-prima resíduos, dependem de uma

Logística de Suprimentos diferenciada, fazendo uso de técnicas como a Logística Reversa

e/ou da Reciclagem (OLIVEIRA, 2012; MAKISHI E SILVA, 2009). A Logística Reversa se

caracteriza por aplicar um fluxo reverso do material após o seu consumo através do

reaproveitamento dos mesmos (LANIER, 2012). Já a Reciclagem, se caracteriza como uma

forma de reutilizar os materiais como matéria-prima para novos produtos (MEDEIROS E

MACEDO, 2006).

Por ser um produto com lenta degradação e ao mesmo tempo possuir boas características

físicas, químicas e mecânicas os resíduos de coco verde (casca) vêm sendo o foco de diversas

pesquisas. No Brasil, são exemplos de centros de pesquisas a EMBRAPA – Empresa

Brasileira de Pesquisas Agropecuárias e a UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz que,

por intermédio dos laboratórios LAPOS (Laboratório de Polímeros), LEMER (Laboratório de

Ensaios Mecânicos e Resistência dos Materiais) e o LAMMA (Laboratório de Matérias), se

destinam a estudar as propriedades mecânicas, físicas e químicas da fibra de coco com o

intuito de promover melhorias (resistência a impacto, flexão, etc) na estrutura de materiais

para fins de confecção de novos produtos e/ou materiais alternativos (EMBRAPA, 2013;

UESC, 2013).

Um ambiente singular no que diz respeito a produtividade, consumo e pesquisas sobre o coco

e seus resíduos, é a região de Ilhéus no sul da Bahia/Brasil. Com clima tropical e banhada

pelo oceano Atlântico, a privilegiada região, possui uma extensa área coberta por coqueirais,

localizadas principalmente nas proximidades das praias. A ampla produção, associada ao

clima quente, fazem com que muitos cocos sejam consumidos diariamente na região o que

gera o desafio de dar apropriado destino aos resíduos do coco que lamentavelmente ainda se

acumulam nas praias, terrenos baldios, lixos a céu aberto, muitos deles em locais e vias

públicas. O adequado aproveitamento desses resíduos pode trazer inúmeros benefícios sócio-

econômicos e sócio-ambientais para a região, tais como: a geração de emprego e renda,

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limpeza urbana, saúde pública, etc.

Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo desenvolver um método para projetar a

logística de suprimentos de uma cadeia produtiva de materiais gerados a partir de resíduos de

coco, visando a definição dos fornecedores e locais de coleta, tipos de contenedores para

armazenagem, localização e instalações de armazenagem da matéria-prima, além da estratégia

de transporte que avalia e projeta modais, tipo de transportes e roteirização.

Este estudo segue uma linha de pesquisa que, segundo Gil (2002), equivale a um estudo de

caso, pois, desenvolve um estudo intenso de um método a ser aplicado de forma mais

detalhada e ampla; é de natureza aplicada, pois, se dedica a criar conhecimentos para

aplicações práticas; sendo também um estudo exploratório, caracterizado através de um

levantamento bibliográfico para melhor embasamento teórico; é de caráter qualitativo, ao ter

que identificar os locais de coleta, tipos de transporte e de contenedores, além da forma de

armazenagem; e quantitativo, pois, trata de dados como: distância percorrida, quantidade de

insumos a serem armazenados e coletados.

O método para o planejamento da logística de suprimentos para materiais a partir dos resíduos

do coco é apresentado na figura 1.

Figura 1- Passos do método para o planejamento da logística de suprimentos de produtos

gerados a partir dos resíduos do coco

Fonte: Autores

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2. Aplicação do método na região de Ilhéus-Bahia-Brasil

A aplicação do método proposto foi realizada nos arredores da cidade de Ilhéus, localizada no

sul do estado da Bahia, Brasil. A descrição das ações de etapa são apresentadas a seguir.

A definição dos Parâmetros do Produto foi realizada a partir de um levantamento de pesquisas

realizadas com fibra de coco na UESC. Os Vasos Tubetes ecológicos se destacaram por ser

um produto sustentável e se caracterizam como compósitos biopoliméricos reforçados com

fibras de coco verde, modelados de forma que podem substituir os tubetes plásticos usados

para plantação e desenvolvimento de mudas (GERBER, J. Z. ET AL. 2013). O protótipo foi

desenvolvido a partir de amido, água e fibra de coco no Laboratório de Polímeros (LAPOS)-

UESC. O produto apresenta boas características físicas e químicas proporcionadas pela fibra,

tornando-a capaz de competir com modelos feitos de plásticos. É biodegradável, de baixo

custo e sua degradação ocorre por microorganismos em tempos consideravelmente menores

que os polímeros convencionais. Sua capacidade é de 290 cm³ de terra com dimensões de

0,63x0,53x0,44xh191 (medidas em mm) atendendo especificações do Instituto Biofábrica de

Cacau. A quantidade de fibra de coco requerida por uma unidade de vaso tubete ecológico é

de 8 gramas (CUNHA, C. C. ET AL. 2012).

Na região de Ilhéus, o produto apresenta qualificações que o mercado próximo aceita e

necessita, tendo sua finalidade voltada para plantação de mudas. O Instituto Biofábrica de

Cacau, Itabuna – Ba, tem capacidade de produção de até 12 milhões de mudas/anos, entre elas

a muda de cacau, que abastece toda a demanda da Bahia, fato esse que levou o trabalho a

considerar o foco dos vasos tubetes ecológicos de acordo com a necessidade de mudas de

cacau da região baiana (IBC 2013).

Os Parâmetros da Demanda dizem respeito e tem por objetivo atender o maior produtor de

mudas de cacau da região de Ilhéus, o Instituto Biofábrica de Cacau, que abastece agricultores

familiares e grandes centros de pesquisas como a CEPLAC - Comissão Executiva de Plano da

Lavoura Cacaueira, que apresenta uma demanda de 1,5 milhão de mudas de cacau anual,

girando em torno de 125.000 mudas mensal (IBC 2013). Através de relações matemática

apresentadas por meio das equações (1) e (2) foi possível chegar a uma quantidade de cocos

mínima para atender a demanda de fibras requeridas para produção.

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(1)

Sendo:

P = Quantidade de fibra (em peso) requerida por uma unidade de produto igual á 8g;

D = Demanda dos produtos do período em analise igual á 125.000/mês;

Qt = Quantidade total de fibra para satisfazer a demanda;

Logo, Qt = 1.000.000g ou 1.000kg.

A partir do resultado da equação (1) é possível identificar a quantidade de cocos para

satisfazer a demanda de fibra com o auxilio da equação 2

(2)

Sendo,

Pf = Peso em fibra fornecido por uma unidade de coco igual á 200g;

Qt = Quantidade total de fibra para satisfazer a demanda igual á 1.000.000g;

NC = Número em unidades de cocos necessários para atender a demanda de fibras;

Logo, NC = 5.000 cocos.

Sendo assim, assumindo uma demanda média de 125.000 mudas mensal, constatou-se que são

necessários 5.000 cocos por mês para suprir a demanda de vasos tubetes ecológicos para

atender a demanda do Instituto Biofábrica de Cacau.

Os Parâmetros dos Fornecedores foram definidos a partir dos locais com maior consumo de

água de coco na região de Ilhéus, que são: costa litorânea (zona sul) na rodovia Ilhéus-

Olivença e bairro Banco da Vitória. Os fornecedores identificados foram: Cabana do

Inocêncio, bairro Banco da Vitória; Cabana Guarany, Cabana Céu e Mar, Cabana Soro

Caseiro, Cabana Narigas, Cabana Ribeiro, Cabana Ivonete, Cabana Farol, Cabana Nacibe e

Cabana Gabriela, todas essas localizadas na rodovia Ilhéus-Olivença. O mapa apresentado na

figura 2 identifica os fornecedores e sua localização.

Figura 2- Mapas dos fornecedores dos resíduos do coco

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Fonte: Autores

Por meio de um questionário, foi realizado o levantamento de dados referente ao consumo de

água de coco. Os itens abordados no questionário foram: nome do fornecedor; venda mensal

do coco na baixa estação (março á outubro) e alta estação (novembro á fevereiro); qual o

destino dos resíduos, como é feita a coleta e qual a percepção em relação a ação proposta. A

tabela 1 apresenta a compilação dos resultados obtidos, em seguida é realizada a análise

detalhada.

Tabela 1- Levantamento de dados referente ao consumo de água de coco

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Fonte: Autores

Para elaborar o sistema logístico de abastecimento o trabalho considera á media entre a alta e

baixa estação. Considerando-se a media do consumo em baixa estação de 17.190 cocos, e em

alta estação de 42.000, á media do consumo entre os dois períodos é de 29.595 cocos/mês

com desvio padrão de 12.405. Ao considerar a média de consumo de cocos, a capacidade de

fibra que pode ser extraída é de 6.239 kg por mês. A média também será considerada para

compor os cálculos das embalagens necessárias tendo em vista que alguns meses essas

embalagens poderão estar um pouco ociosos e outros um pouco a cima da quantidade máxima

suportada.

Os responsáveis pelas barracas alegaram que a prefeitura não realiza a coleta, logo, os

resíduos são descartados atualmente em lixões por serviços privados da própria cabana, em

intervalos semanais e em relação a percepção da ação os mesmos aprovaram a ideia da coleta

programada de cocos.

A definição das Embalagens para coleta e armazenagem de matéria-prima segue a norma da

ABNT NBR 12.980/93, que se refere ao acondicionamento de resíduos sólidos urbanos. Para

a coleta de materiais é comum utilizar contêineres de plásticos ou metálicos, com diferentes

capacidades. Esses são utilizados tanto para o acondicionamento dos resíduos, como para o

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recebimento e transporte. A escolha das embalagens considerou resistência, capacidade em

volume cúbico e proteção. A resistência justifica-se pela alta quantidade gerada de resíduos

do coco, locais vulneráveis a chuva, vento e maresia e ainda exposição ao público em geral.

Segundo Silveira (2008) o coco pesa em média 1,5 kg, e para um contêiner de 1 m³ são

armazenadas aproximadamente 300 cascas de coco, com aproximadamente 450 kg. A tabela 2

apresenta as necessidades de contenedores para cada fornecedor conforme volume de resíduos

gerados semanalmente a partir da média mensal do consumo.

Tabela 2- Definição de contenedores para os fornecedores

Fonte: Autores

A definição da Localização e instalações de armazenagem parte do pressuposto que o

ambiente fabril e o depósito de armazenagem estão localizados na Universidade Estadual de

Santa Cruz, Rod. Ilhéus/Itabuna, Km 16, Salobrinho. O planejamento do layout do deposito

considerou: requisitos de espaço, disponibilidade de acesso para o veículo que irá descarregar

os insumos, as áreas de recebimento, expedição e manuseio dos materiais.

O coco é um produto “in natura” reaproveitado e sujeito a degradação, logo, o consumo pelo

setor de beneficiamento deve considerar a estratégia FIFO (First In, First Out), primeiro a

entrar, primeiro a sair. E como se trata de resíduos, não há a necessidade de proteção contra

furtos, cuidados com manuseio, alocação em embalagens protetoras e refrigeração para

garantia de durabilidade, o que resulta em um galpão simples e sem maiores preocupações.

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Dessa forma o depósito conta com um espaço reservado para comunicação e registro de carga

e descarga entre os funcionários. E para descarga dos materiais coletados, estará a disposição

uma moega (recipiente para descarga de materiais) com capacidade de 25m³, atendendo a

coleta semanal que gira em torno de 7.399 cocos equivalente a 24,66 m³. Os cocos devem ser

destinados para etapa de beneficiamento o quanto antes para liberar a moega para a próxima

descarga.

No que tange a Roteirização e Estratégia de transporte, deve-se pensar em tempo e

capacidade, pois, são duas dimensões voltadas para o atendimento do produto certo, na hora

certa, na quantidade certa e no local certo.

Para definir a estratégia de transporte segue esclarecimentos sobre os locais de coleta, modais

de transporte e tipos de transporte.

Os locais de coleta são os próprios estabelecimentos comerciais dos fornecedores, pois, cada

um deles possuem espaço suficiente tornando a coleta mais eficiente e satisfatória, pois,

alguns não aprovam a ideia de se deslocar para armazenar os resíduos.

Quanto aos Modais de transporte, considera-se que as variáveis de que a coleta dos insumos

acontecerá em um intervalo de oito dias passando no mesmo dia por todos os fornecedores. A

distância percorrida entre o fornecedor mais distante e o depósito situado nas instalações da

Universidade Estadual de Santa Cruz, totaliza 33,4 Km. A rota é simples, predominando

praticamente uma reta, como ilustrado na figura 2.

Ao considerar o tamanho da carga e a distância a ser percorrida, o modal mais adequado é o

rodoviário, pois, a distância percorrida será “local” e o tamanho da carga esta entre 10 e 20

toneladas, aproximadamente 7.399 cascas de cocos ou 11,1 toneladas a serem coletadas por

semana. Os principais critérios de escolha das modalidades de transporte utilizado seguiu

adaptação de Imam (2006).

Quanto a definição dos Tipos de transporte segue-se Imam (2006), que propõe a identificação

do veículo com 2 eixos e 6 rodas adequado para a coleta semanal de 7.399 cocos, que

equivale a 11.098 Kg, com coleta em 10 fornecedores e uma entrega.

Algumas Estratégias de Transporte podem ser favoráveis ao desempenho do abastecimento da

produção, no entanto a que se destaca é a Milk Run, que possibilita agilizar a roteirização dos

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transportes, atuando estrategicamente na integração de toda a cadeia, caracterizando-se como

coleta programada, no qual um veículo se compromete pela coleta junto aos fornecedores em

horários programados, entregando na empresa também em horários planejados, evitando

atrasos e falhas indesejáveis (CARDOSO, 2008; MOTTA ET AL. 2009).

A partir da estratégia Milk Run, a programação para a coleta dos insumos foi idealizada

conforme indicação dos fornecedores, ocorrendo semanalmente sempre na segunda-feira por

ser o dia que apresenta maior quantidade de resíduos devido o alto consumo do final de

semana. Considerando o trajeto que o veículo irá percorrer desde o primeiro fornecedor ao

último, apresentado na figura 2, a coleta foi programada para o período matutino, dando início

ás 7:00 h na Cabana Gabriela Km 4,2 rodovia Ilhéus-Olivença. Estando os demais

estabelecimentos seguidos uns dos outros em sequencia, o veículo passará um por um, na

mesma ordem de localização, permanecendo em média 20 minutos em cada totalizando três

horas de coleta.

Estando o método pronto para entrar em ação, esse deve ser acompanhado e controlado para

que o planejado seja cumprido.

O Acompanhamento e Controle tem o objetivo de dar suporte e fornecer ligação entre o que

foi planejado e o que está sendo executado na rotina de trabalho, com o intuito de diminuir as

irregularidades ou identificar os desvios para corrigi-los (TUBINO, 2009).

Um dos métodos de controle gerencial para dar suporte ao acompanhamento e controle da

produção/processos é o Ciclo PDCA (SILVA, 2011).

Para este estudo as fases do PDCA utilizam a sequência a seguir:

“P” (Planejar): Nessa etapa foi planejado os objetivos do projeto e o que se deseja

alcançar, ou seja, foi definido as quantidades necessárias de insumos para suprir a

produção de vasos tubetes ecológicos, quais os fornecedores, locais de coleta,

estratégias de transporte e períodos de coleta;

“D” (fazer): Se dedica a executar o que foi planejado, colocando em ação a coleta dos

insumos a partir da estratégia adotada como definido na etapa “Roteirização e

Estratégia de transporte”, pois, é a partir da definição da estratégia que o processo

logístico começa a funcionar;

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“C” (verificar): Compara o que foi planejado e o que está sendo executado,

verificando se os fornecedores estão suprindo a demanda prevista e se a estratégia

adotada está cumprindo com a programação de coleta e entrega junto aos fornecedores

e a empresa respectivamente. Esse controle é realizado através de registros da coleta

de matéria-prima, e permite fazer futuros balanceamentos nos horários e na quantidade

de conteneires utilizados;

“A” (ação): Atua com base em não conformidades caso venham ocorrer, visando a

busca da causa principal e seu suposto tratamento para que não volte a acontecer. Ou

seja, deve-se esclarecer o que gerou o problema/transtorno, pois, a partir da

identificação das causas, ações poderão ser tomadas para que as mesmas sejam

eliminadas.

3. Considerações finais

A aplicação do método de abastecimento de uma cadeia a partir de resíduos de coco indica

que é possível viabilizar a produção em larga escala de vasos tubetes ecológicos conforme a

demanda de tubetes plásticos para mudas de cacau que abastece os agricultores familiares e

centros de pesquisas da região sul da Bahia. Ao mesmo tempo contribui com meio ambiente

através de um descarte adequado.

Segundo o Instituto Biofábrica de Cacau, a demanda de mudas de cacau anual é de 1,5

milhão, e a capacidade de produção de mudas diversas é de 12 milhões/ano. Para suprir a

demanda de mudas de cacau mensal de 125.000, são necessários 5.000 cocos, e os

fornecedores são capazes de gerar uma média de 29.595 cocos/mês, resultando em 7.399

cocos/semana, ou seja, a partir da coleta semanal é possível satisfazer a demanda mensal, o

que leva a conclusão de que a produção de vasos tubetes ecológicos pode se estender para

atender maiores produções de mudas que fazem uso de vasos tubetes.

A partir da revisão bibliográfica que referenciou aspectos da logística de suprimentos, foi

possível entender o comportamento do suprimento físico de uma cadeia e por meio do método

proposto para aplicação no Sul da Bahia foi definido os parâmetros que compõe essa

Logística: o Vaso Tubete Ecológico, como o produto; nove estabelecimentos comerciais de

praia na rodovia Ilhéus-Olivença e uma na rodovia Ilhéus-Itabuna, como os fornecedores; os

contêineres plásticos e/ou metálicos como o tipo de armazenagem; a estratégia de

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transporte Milk Run, como a mais adequada para coleta dos insumos e ainda as divisões e

necessidades do armazém para recebimento dos insumos.

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