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LOGÍSTICA REVERSA DAS BATERIAS DE CELULARES: ESTUDO DE CASO SOBRE O COMPORTAMENTO DE CONSUMIDORES E EMPRESÁRIOS NO MUNICÍPIO DE CODÓ-MA. Denise Guimaraes de Sousa (FAI) [email protected] Agda Karina Reis Carvalho (FAI) [email protected] Michelle Marcia Maia Menezes (FAI) [email protected] Marta Surama Vieira Costa (FAI) [email protected] A gestão empresarial sustentável aplicada pelos fabricantes de celulares encontrou na logística reversa uma forma de destino correto do resíduo produzido por suas atividades através da reintegração, reciclagem ou reuso das baterias usadas. Entretanto, este tipo de gerenciamento de processo depara-se com barreiras financeiras em muitas empresas, assim como as dificuldades em implantação da recoleta em várias cidades. Não obstante, os benefícios ambientais que a recoleta das baterias de celulares usadas proporciona é de grande relevância. Diante desta temática, o presente artigo aplicou um estudo de caso no município de Codó-MA buscando abordar a adoção da logística reversa para as baterias usadas dos celulares comercializados nesse município, tendo como objetivos a avaliação do nível de conscientização dos consumidores da prática do pós-consumo das baterias de celulares e averiguar a política ambiental das principais lojas vendedoras de telefonia móvel do município de Codó. Palavras-chave: Logística reversa, baterias de celulares, gestão ambiental. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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LOGÍSTICA REVERSA DAS BATERIAS DE

CELULARES: ESTUDO DE CASO SOBRE O

COMPORTAMENTO DE CONSUMIDORES E

EMPRESÁRIOS NO MUNICÍPIO DE CODÓ-MA.

Denise Guimaraes de Sousa (FAI)

[email protected]

Agda Karina Reis Carvalho (FAI)

[email protected]

Michelle Marcia Maia Menezes (FAI)

[email protected]

Marta Surama Vieira Costa (FAI)

[email protected]

A gestão empresarial sustentável aplicada pelos fabricantes de celulares

encontrou na logística reversa uma forma de destino correto do resíduo

produzido por suas atividades através da reintegração, reciclagem ou reuso

das baterias usadas. Entretanto, este tipo de gerenciamento de processo

depara-se com barreiras financeiras em muitas empresas, assim como as

dificuldades em implantação da recoleta em várias cidades. Não obstante, os

benefícios ambientais que a recoleta das baterias de celulares usadas

proporciona é de grande relevância. Diante desta temática, o presente artigo

aplicou um estudo de caso no município de Codó-MA buscando abordar a

adoção da logística reversa para as baterias usadas dos celulares

comercializados nesse município, tendo como objetivos a avaliação do nível

de conscientização dos consumidores da prática do pós-consumo das

baterias de celulares e averiguar a política ambiental das principais lojas

vendedoras de telefonia móvel do município de Codó.

Palavras-chave: Logística reversa, baterias de celulares, gestão ambiental.

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1. Introdução

Nos últimos anos, com o tema sustentabilidade em pauta, as empresas no mundo inteiro,

dentre elas as instaladas no Brasil, passaram a ter a gestão ambiental dentro de suas políticas

empresariais. A logística reversa é uma forma de gerenciamento de processos, está inserida

nesta nova gestão empresarial.

O lixo eletrônico, formado dentre outros elementos por baterias de celulares, cresce a cada dia

no país, visto que, atualmente, o número de telefones celulares ultrapassou o total da

população brasileira.

Com uma população estimada em 200 milhões, segundo o IBGE, uma pesquisa feita pela

Teleco (2015) constatou que no Brasil há aproximadamente 282,6 milhões de celulares ativos.

As empresas fabricantes de telefonia móvel produzem cada vez mais estes aparelhos com vida

útil menor, o que potencializa a geração desse resíduo sólido. Segundo Roberto Ziccardi da

ONG Antena Verde (2007), são quase 180 milhões de baterias de celulares jogadas no lixo

todos os anos no Brasil, contribuindo consideravelmente para o aumento do acúmulo de lixo

de baterias de celulares, muitas vezes, em lugares impróprios e prejudiciais à saúde e ao meio

ambiente.

A conscientização das pessoas para as questões ambientais e a criação de leis brasileiras como

a lei nº 12.305/2010 que visa proteger a natureza têm feito com que as empresas fabricantes

de celulares adotem a responsabilidade de pós-consumo das baterias descartadas usadas em

seus aparelhos.

A logística reversa entra no mundo empresarial como um meio das fabricantes de celulares

dissiparem o lixo eletrônico das baterias, tendo como compromisso a coleta deste lixo e dar

uma destinação ambientalmente viável e correta para eles como o reuso, reciclagem ou

descarte correto.

Nesse contexto, Stock (1993, p.323) define logística reversa “em uma perspectiva de logística

de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte,

reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma,

reparação e manufatura...”.

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A logística reversa das baterias de celulares no Brasil proporciona benefícios não só

ambientais, mas também pode gerar vantagens competitivas no mercado para as empresas

fabricantes e fornecedoras, uma vez que cria um marketing ambiental.

O presente artigo tem a finalidade de avaliar o comportamento de consumidores e empresários

quanto a destinação correta de baterias de aparelho celular, perceber o nível de conhecimento

sobre o tema e analisar a falta de atitude correta, para tanto desenvolveu-se um estudo de caso

na cidade de Codó-MA por meio da aplicação de questionários nas três maiores lojas

vendedoras de celular da cidade, abordando-se sobre a política ambiental da empresa,

alinhamento sobre o tema na empresa e para os consumidores. Foram aplicados questionários

aos consumidores codoenses para analisar a conscientização da população quanto ao retorno

das baterias de celulares usadas e o nível de conhecimento sobre o tema.

Justifica-se o desenvolvimento deste projeto pelo fato de que mesmo havendo um aumento de

consumo de aparelhos celular, e apesar de no Brasil ter observado que um grande número de

consumidores de telefonia móvel está preocupado com a destinação correta do descarte das

baterias de celulares usados por eles. Essa discussão não se faz presente no dia a dia de muitas

cidades do interior do país que muitas das vezes nem possuem na prática um plano municipal

de resíduos, apesar de algumas vezes eles existirem no papel. São municípios onde ainda é

muito presente a figura dos lixões, não há aterros sanitários e poucas ações são realizadas no

sentido de ter uma atitude correta quanto à destinação desses resíduos, que não são lixo, pois

podem ser reutilizados. E, considerando a criação de leis no Brasil que fazem com que as

empresas tomem uma decisão responsável para a destinação do lixo eletrônico o presente

trabalho busca compreender como vem sendo tratado esse tema, uma vez que as baterias de

celular é um resíduo perigoso, pois causam poluição ambiental. Sendo que “existem

substâncias tóxicas neste tipo de resíduos, que podem causar danos ao meio ambiente e à

saúde pública” (GIARETTA, 2010).

Bem como, compreender o funcionamento da gestão desse tipo de logística que as empresas

de celulares adotaram como prática empresarial na cidade de Codó, o nível de conhecimento

sobre o tema que os consumidores codoenses possuem e a destinação que eles fazem ao

descartarem as baterias de celulares.

2. Os impactos ambientais das baterias de celulares e as leis ambientais brasileiras

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A cada ano cresce a quantidade de acúmulo de lixo gerado pela população brasileira. Dentre

os vários tipos de resíduos sólidos, está o lixo eletrônico definido como “um aglomerado de

aparelhos eletrônicos que deixam de ser úteis, por estar com defeitos ou obsoletos” (UDESC,

2013).

As baterias de celulares, que são descartadas sejam pela vida útil mínima dos telefones

móveis ou simplesmente pela obsolescência percebida, integram o aglomerado de resíduo

eletrônico.

Normalmente, este tipo de bateria é jogado no lixo comum, cuja destinação é os lixões,

aterros sanitários ou outros lugares inadequados como rios e bueiro.

Segundo Gonçalves (2007), o perigo do lixo eletrônico descartado em aterros sanitários, por

mais seguros e modernos que estes aterros sejam, corre o risco de vazamento, de produtos

químicos e metais que podem se infiltrar no solo. E podem ser muito devastadores nos velhos

e menos controlados aterros sanitários, os quais compõem a maioria em todo o país.

As baterias usadas em celulares são fabricadas com metais pesados como níquel e cádmio,

quando despejadas junto ao lixo comum provocam danos ambientais e a saúde humana.

Esses metais tóxicos ao entrar em contato com o solo contaminam as águas dos lençóis

freáticos, que são utilizadas na irrigação de plantações e assim contaminam os vegetais,

peixes e consequentemente o ser humano.

De acordo com Cândido e Silva (2007), o cádmio faz parte dos metais tóxicos, cujo efeito

cumulativo, provoca risco de efeitos irreversíveis ao ser humano, sendo considerado um

agente cancerígeno, que ataca com mais frequência os rins.

O impacto ambiental causado pelo lixo eletro-tecnológico em especial os das baterias de

celulares e a não recoleta por parte dos fabricantes impulsionaram a criação de leis ambientais

que regulamentassem a destinação correta para este tipo de resíduo.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), uma das principais leis brasileiras

referente ao meio ambiente, por meio da resolução nº 257/99.

“prevê que as pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo,

cádmio, mercúrio e sem compostos, devem ser entregues pelos os usuários aos

estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada

pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores para que

estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de

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reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada”. (BELTRÃO, 2009, p.173).

A elaboração da lei nº 12.305 em agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos é bastante favorável ao desenvolvimento de práticas ambientais aliados ao

crescimento econômico do país. Tem como objetivos o aprimoramento de tecnologias limpas,

incentivo à indústria de reciclagem, capacitação técnica na área de resíduo sólido, estimulo à

implementação da avaliação do ciclo de vida do produto bem como a rotulagem ambiental e o

consumo sustentável. Objetivos estes que visam à mudança na gestão das empresas brasileiras

e da participação da sociedade consumidora.

3. A logística reversa como uma prática de gestão ambiental

A gestão ambiental tornou-se um importante instrumento para se conseguir um

desenvolvimento industrial sustentável, proporcionando ainda vantagens e benefícios às

organizações que adotarem as políticas ambientais.

As leis ambientais que tem objetivo de instaurar a prática de respeito ao meio ambiente na

política da gestão empresarial, reconhecem a Logística Reversa como um processo de

gerenciamento viável entre fabricantes e consumidores no remanejo dos resíduos sólidos.

Dentre as várias definições conceituadas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei nº

12.305/2010 está a de logística reversa:

“instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto

de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos

resíduos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou e outros ciclos

produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”. (PNRS, 2012 p.11)

Conforme Barbieri e Dias (2002), a logística reversa auxilia no desempenho da empresa, gera

a possibilidade de desempenho da empresa, gera a possibilidade de aproveitamento do que foi

gerado e do que seria descartado, com isso, o aproveitamento econômico contribuirá para

reduzir os impactos ambientais e sociais do lixo gerados por estes varejos.

A logística reversa dentro da definição de Martins e Laugeni (2005) vem a ser um processo de

planejamento, implementação e controle da eficiência relacionado ao fluxo de armazenagem e

matéria-prima. Material em processo e produto acabado além do fluxo de informações do

ponto de origem ao ponto de o consumo com o objetivo de atender as exigências do cliente.

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De acordo com Lambert et al (1993), este tipo de logística considera a reutilização,

reciclagem, substituição e descarte como questões importantes para a interface com as

atividades logísticas de compras e suprimentos, transportes, armazenagem e embalagem a

medida que o fluxo reverso de materiais ocorre, sendo que os responsáveis por estas

atividades deverão melhor planejar e organizar suas tarefas.

Gestão ambiental e logística reversa são dois assuntos que devem estar na agenda empresarial,

uma vez que se forem adotados pelas organizações facilitarão a vida dos administradores, que

passarão a desenvolver atitudes e praticas que vão além da preocupação com o meio

ambiente, pois ao adotarem praticas sustentáveis, se tornarão mais competitivas no mercado

por serem vistas pelos consumidores como ambientalmente corretas, éticas e ecológicas e,

sobretudo por desenvolverem processos que irão reduzir custos e aproveitar quase que a

totalidade de toda a matéria prima utilizada no seu processo produtivo, numa perspectiva de

produção de resíduo zero.

Tachizawa confirma que a aliança entre gestão ambiental e mundo empresarial pode ser fonte

de negócios lucrativos ao afirmar que:

“A empresa verde é sinônimo de bons negócios e no futuro será a única forma de

empreender negócios de forma duradoura e lucrativa. Em outras palavras, o quanto

antes as organizações começarem a enxergar o meio ambiente como seu principal

desafio e como oportunidade competitiva maior será a chance de que sobrevivam”.

(Tachizawa, 2011 p.6-7)

4. Metodologia de Pesquisa

O presente estudo de caso realizado no município de Codó- Ma sobre a Logística Reversa das

Baterias de Celulares pode ser caracterizado quanto ao método e forma de abordagem em

estudo qualitativo, possibilitando uma investigação de um fenômeno de uma forma mais

aprofundada.

Quanto ao objetivo, em pesquisa descritiva já que pretende descrever e observar o retorno das

baterias de celulares usadas, procurando classificar e interpretar essa prática na cidade de

Codó.

O presente artigo foi descrito com base na pesquisa bibliográfica, que segundo Marconi e

Lakatos (2010), irá abranger toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de

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estudo, tendo como fim colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito

e estudado sobre o determinado assunto.

Quanto ao procedimento adotado na coleta de dados utilizou-se a pesquisa de campo, definida

por Marconi e Lakatos (2010) como aquela capaz de conseguir informações acerca de um

problema, para a qual se queira comprovar ou descobrir novos fenômenos.

As técnicas de pesquisa de campo utilizadas foram o questionário realizado com as três

maiores lojas vendedoras de celulares da cidade de Codó, assim como foi aplicada uma

entrevista com 20 consumidores codoenses no mês de abril entre homens e mulheres de várias

faixas etárias e escolaridade para avaliar o nível de conhecimento sobre a logística reversa e o

comportamento dos mesmos no descarte das baterias de telefone móvel usadas.

5. Resultados e discussão

Realizou-se uma pesquisa com os usuários de celulares da cidade de Codó para mensurar o

comportamento dos consumidores, cuja avaliação se deu pelo sexo, nível de escolaridade,

descarte das baterias de celulares usadas e informação sobre a logística reversa das baterias de

celulares usadas.

Para compreender o destino dado às baterias usadas pelos consumidores a pergunta foi

direcionada ao lixo comum e ao posto de coleta. O percentual referente a quantidade que foi

depositada no lixo comum compreende também as jogadas no meio ambiente já que alguns

consumidores depositaram essas baterias em rios e esgotos. Assim como as respostas sobre

posto de coleta se referem à destinação das baterias em lojas de assistência técnica da cidade e

ao armazenamento nas próprias casas dos consumidores para depositarem futuramente no

posto de recoleta.

Gráfico 1 – Nível de Escolaridade das Mulheres

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Fonte: Autores (2015)

Gráfico 2 – Comportamento das Mulheres quanto a Destinação das Baterias

Fonte: Autores (2015)

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Gráfico 3 – Percentual de Mulheres Informadas sobre o Tema

Fonte: Autores (2015)

Observou- se que o nível de escolaridade da população feminina codoense não tem muita

relação com a informação sobre o tema, fato que é comprovado em razão do alto percentual

de desinformação entre elas.

As mulheres que declararam ter informação sobre o tema 18% obtiveram através de

telejornal, 9% na escola e 9% na faculdade. Das que declararam ter informação sobre a

logística reversa das baterias de celulares 75% jogam as baterias no lixo comum e das que

declararam não ter informação 25% entregaram em posto de coleta.

Analisando a relação entre informação e destinação das baterias percebeu-se que as mulheres

que tem conhecimento sobre a logística reversa das baterias e as leis ambientais em sua

maioria depositaram as suas baterias de celulares no lixo alegando desconhecer algum posto

de coleta na cidade de Codó. Entretanto as que não conheciam a temática entregaram em

posto de coleta pelo fato de ter o hábito de guardarem as baterias.

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Gráfico 4 – Nível de Escolaridade dos Homens

Fonte: Autores (2015)

Gráfico 5 - Comportamento dos Homens quanto a Destinação das Baterias

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Fonte: Autores (2015)

Gráfico 6 – Percentual de Homens Informados sobre o Tema

Fonte: Autores (2015)

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Os homens que declararam ter informação sobre o tema 99% obtiveram na TV através de

telejornal e somente 1% na internet. Dos que ter informação sobre o tema 40% jogam as

baterias no lixo comum e aqueles que declararam não ter informação 25% entregaram em

posto de coleta.

Na comparação entre homens e mulheres quanto à destinação das baterias usadas, os usuários

codoenses de telefonia móvel ao descartarem as baterias procuram o posto de coleta mais que

as mulheres uma vez que eles possuem mais informação sobre esse tema do que elas. Todavia

os homens que descartaram a bateria no lixo comum assumiram que jogaram em rios e

esgotos enquanto que as codoenses que jogam no lixo disseram ser o lixo doméstico.

Ambas as atitudes irão causar danos ao meio ambiente e a saúde da população e a diferença

quanto ao gênero está apenas relacionada às funções diárias exercidas pelas mulheres na

higienização do lar. Já em relação a informação sobre o tema, percebeu-se que os homens

pelo hábito de assistirem os noticiários do dia se mantêm mais informados que as mulheres.

Essa é uma característica de cidades do interior, onde as mulheres gostam mais das

telenovelas e no horário do telejornal geralmente estão cuidando do preparo dos alimentos ou

higienização da cozinha para não perderem o capítulo da novela.

Para compreender o comportamento dos consumidores quanto ao destino das baterias usadas

foi aplicado um questionário junto às três maiores empresa que comercializam celulares na

cidade de Codó. Todas afirmaram que a matriz tem uma política ambiental e a filial conhece,

mas não pratica.

Apesar de apenas uma empresa comprar os aparelhos de distribuidores, sendo que as demais

compram diretamente dos fabricantes, em todas não há um alinhamento de informações sobre

a logística reversa das baterias. Portanto podemos afirmar que não há um alinhamento de

informação entre fabricantes, distribuidores, empresa, colaboradores, e consequentemente

para o cliente.

Ao analisar o comportamento das empresas ficou claro que elas aguardam que o cliente tome

a iniciativa de perguntar sobre a existência ou não de um posto de coleta na empresa, atitude

essa que dificilmente ocorreria sem as devidas instruções necessárias para permitir ao

consumidor avaliar a importância de um descarte ambientalmente correto.

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Com base nas médias de vendas das lojas pesquisadas, registrou-se que essas empresas

comercializam aproximadamente 700 aparelhos de telefonia móvel no município de Codó,

resultando em 8.400 aparelhos por ano. Isso considerando apenas o mercado formal, pois há

comercialização de aparelhos celular também no mercado informal, que é ainda mais grave

considerando a qualidade e vida útil dos mesmos.

6. Conclusão

Ao analisa os resultados da pesquisa com consumidores e empresário ficou explícito a

ausência de compartilhamento de informações quanto à importância da logística reversa das

baterias, bem como sobre o perigo existente para o depósito da mesma no meio ambiente. O

fato é negligenciado desde o fornecedor até o cliente. Constatou-se também que as empresas

possuem uma política ambiental, todavia esta é encontrada apenas no papel não sendo

socializada com a organização.

Embora alguns consumidores viessem a se sensibilizar com a necessidade de dar um destino

correto a essas baterias, fariam isso mediante um incentivo visto que investiram um valor para

sua aquisição. Outros fariam a devolução apenas pela compreensão da relevância ambiental

de dar um destino correto a um resíduo sólido perigoso.

Como não existe uma discussão clara na sociedade codoense sobre esse assunto, ainda que no

momento da compra de um celular, através de material impresso ou de uma comunicação do

vendedor, não se pode afirmar que o consumidor só devolveria as baterias nas lojas por meio

de incentivos, como desconto na compra de um novo celular. Esse fato só poderia ser

afirmado após uma campanha porque ao se observar o percentual de devolução e sendo este

muito baixo, fica clara a necessidade de se planejar uma estratégia para motivar o aumento de

baterias recebidas em posto de coleta e assim tirar as baterias do meio ambiente que estão

espalhadas no município de Codó.

Para tanto essa discussão precisa iniciar nas empresas de comercialização, pois sem ter postos

de coleta para receber essas baterias ficará complicado fazer com que a população tome a

atitude de uma destinação correta para tais produtos. E as empresas precisam para tomar uma

atitude ambientalmente correta, consultar seus fornecedores sobre a política deles de

responsabilidade pós-consumo, pois para receberem precisam dar um destino correto a esses

produtos. Esse alinhamento de informação da empresa com os fornecedores pode gerar um

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incentivo ao cliente na aquisição de um aparelho celular e criar um fator de competitividade

na comercialização desses aparelhos.

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