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INTRODUO S TEORIAS DA LOCAL IZAOO R I E N T A E S R E C E N T E S N A L O C A L I Z A O I N D U S T R I A L
Rui A . R. RamosJos F. G. Mendes
Univers idade do Minho Depar tamento d e Engenhar ia C iv i l2001
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Rui A. R. Ramos & Jos F. G. Mendes i
NDICE GERAL
1 - INTRODUO................................................................................................................................... 1
2 - OS PIONEIROS DA TEORIA DA LOCALIZAO .......................................................................... 1
2.1-O PERCURSOR:RICHARD CANTILLON ............................................................................................ 2
2.2-OS FUNDAMENTOS DA TEORIA DA LOCALIZAO AGRCOLA:VON THNEN ....................................... 3
2.2.1 - O esquema ter ico dos c rculos concnt ricos ..............................................................................32.2.2 - Disto ro do espao real .................................................................................................................42.2.3 - Prolongamento da anlise...............................................................................................................5
2.3-OS FUNDAMENTOS DA TEORIA DA LOCALIZAO INDUSTRIAL:ALFRED WEBER ................................ 5
2.3.1 - Os factores de localizao das indstr ias .....................................................................................52.3.2 - Evoluo das est ruturas locais e regionais ................................................................................... 7
2.4-DAS TEORIAS DA LOCALIZAO A UMA TEORIA ESPACIAL GERAL ...................................................... 7
2.4.1 - Andreas Predhl e o princpio da substi tuio de factores ......................................................... 72.4.2 - Hans Weigmann e a concorrncia imperfeita ................................................................................82.4.3 - Tord Palander e o mtodo das iso linhas ........................................................................................92.4.4 - Walter Christal ler e a anlise dos sis temas urbanos ..................................................................122.4.5 - A anli se geral das reas de mercado: August Lsch................................................................16
2.4.5.1 - A teor ia da locali zao ........................................................................................................... 162.4.5.2 - A teor ia das reas de mercado.............................................................................................. 19
3 - AS ORIENTAES RECENTES DA TEORIA DA LOCALIZAO INDUSTRIAL ...................... 22
3.1-A VIA CLSSICA: LOCALIZAO E INCERTEZA................................................................................ 22
3.2-A LOCALIZAO DA GRANDE EMPRESA......................................................................................... 24
3.3-A DIVISO ESPACIAL DO TRABALHO.............................................................................................. 26
4 - A OBSERVAO DO COMPORTAMENTO ESPACIAL DAS EMPRESAS INDUSTRIAIS ........ 29
4.1-OS INQURITOS........................................................................................................................... 29
4.1.1 - Problemas de interpretao ..........................................................................................................294.1.2 - Alguns ensinamentos .................................................................................................................... 30
4.2-A ANLISE ECONOMTRICA DAS LOCALIZAES ........................................................................... 35
4.3-O PROCESSO DE DECISO ........................................................................................................... 355 - OS FACTORES DE LOCALIZAO DAS EMPRESAS INDUSTRIAIS........................................ 38
5.1-OS CUSTOS DO TRANSPORTE E A PROXIMIDADE DAS MATRIAS PRIMAS.......................................... 38
5.2-O TRABALHO .............................................................................................................................. 40
5.3-A PROXIMIDADE DOS MERCADOS.................................................................................................. 40
5.4-A EXISTNCIA DE UM MEIO INDUSTRIAL ......................................................................................... 41
5.5-A ORGANIZAO DOS CONTACTOS INTERNOS DA EMPRESA ........................................................... 43
5.6-OS TERRENOS E OS EDIFCIOS ..................................................................................................... 44
5.7-AS INFRAESTRUTURAS ................................................................................................................ 44
5.8-O MERCADO FINANCEIRO E SERVIOS S EMPRESAS..................................................................... 455.9-OS FACTORES PESSOAIS ............................................................................................................. 45
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5.9.1 - A histria individual de cada empresa e de cada unidade fabri l ............................................... 455.9.2 - As amenidades locais ................................................................................................................ 46
5.10-AS CONDIES FISCAIS LOCAIS ................................................................................................. 46
5.11-A ATITUDE DA POPULAO RELATIVAMENTE EMPRESA ............................................................. 46
5.12-AS AJUDAS PBLICAS ............................................................................................................... 47
6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................................. 48
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NDICE DE FIGURAS
Fig. 1 - A h ierarquia urbana segundo Christaller ............................................................................. 14Fig. 2 - Os lugares centrais e respectivas reas de inf luncia segundo Christaller.................... 15
Fig. 3 - A organizao do espao segundo Lsch. ......................................................................... 20
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NDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Razes para abrir uma nova fbrica e no ampliar ou deslocalizar as ins talaesexistente ....................................................................................................................................... 31
Quadro 2 - Factores de localizao cons iderados como restriti vos segundo d iferentes tipos de
empresas...................................................................................................................................... 31
Quadro 3 - Factores de localizao de segunda ordem considerados desejveis pelas
empresas...................................................................................................................................... 31
Quadro 4 - Localizao industrial - Influncia dos vrios factores ............................................... 32
Quadro 5 - Hierarquia dos principais factores de localizao industrial (resultados de um
inqurito) ...................................................................................................................................... 34
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1 - INTRODUO
A anlise da localizao das actividades humanas depara-se com problemas
diversos. Uns, de ndole fundamentalmente terica, prendem-se com a
elaborao de modelos que permitem explicar, de forma geral e abstracta, a
localizao das diversas actividades. Outros, sobretudo de carcter emprico,
relacionam-se com a tentativa de compreenso e explicao da partilha das vrias
actividades num determinado contexto histrico-geogrfico (Mendes, 1984,
pp.283-284).
A primeira parte deste texto consiste na anlise das diferentes teorias,surgidas ao longo dos tempos, que abordam a problemtica da anlise espacial da
localizao; fazem-se tambm algumas referncias s evolues recentes no
campo dos estudos tericos e empricos e finaliza-se com a anlise dos diferentes
factores intervenientes particularmente no caso da localizao da indstria.
Como refere Simes Lopes (1987, pp.171-172), neste como noutros
campos tem havido um certo afastamento entre as abordagens empricas e as
tentativas de generalizao terica; e nem sempre se tem visto nessa evoluo
relaes de complementaridade entre a prtica e teoria, em parte, talvez, porque amatria aparece ligada a duas reas disciplinares que poucas vezes tm criado
oportunidades para abordagem integrada efectiva: a do gegrafo e a do
economista. Alm disso, a teoria tem avanado da nica maneira como pode
avanar: base de hipteses simplificadoras que tornem possvel as abordagens
da realidade complexa; e na natureza das hipteses se tm apoiado os detractores
das construes tericas para lhes minimizar o interesse, eles que em regra so
acusados por sua vez de lhes no interessar ver para alm do caso concreto,
isolado, os mecanismos lgicos que regulam o comportamento.
2 - OS PIONEIROS DA TEORIA DA LOCALIZAO
habitual considerar-se como sendo Von Thnen (1826) o percursor da
economia espacial; no entanto, sem dvida que algumas preocupaes deste tipo
se encontram, de uma forma superficial, nos economistas dos sculos XVII e
XVIII, tendo sido esquecidas durante o sculo XIX.
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Richard Cantillon (1755) o nico que aprofunda os seus estudos de modo
a ser considerado como um verdadeiro percursor da economia espacial. Von
Thnen, aps Cantillon, definiu os fundamentos da teoria da localizao agrcola
e Alfred Weber (1909) fez o mesmo para a localizao industrial. Vrios autores
alemes e escandinavos tentaram ligar estas duas teorias teoria econmicageral, tais como Andreas Predhl (1925), pela aplicao do princpio da
substituio, Hans Weigmann (1931), por referncia ao regime da concorrncia
imperfeita, e Tord Palander (1935), pela generalizao do mtodo das isolinhas,
que est na base das curvas de indiferena. Em seguida apareceram os
percursores da anlise urbana com William Reilly (1929) e os seus estudos da
rea de influncia das cidades e com Walter Christaller (1933), um dos primeiros
estudos dos sistemas urbanos. Por fim, a obra de August Lsch (1940) constitui
uma tentativa de elaborao duma teoria geral de equilbrio espacial e umaanlise das reas de mercado, enquanto que Franois Perroux (1950) prope uma
anlise de conceitos de espao econmico, que define as relaes existentes entre
os diferentes elementos econmicos.
Apesar desta sequncia de desenvolvimentos tericos, autores como
Lajugie et al. sustentam que ainda que a integrao do tempo, na anliseeconmica, tenha sido uma das preocupaes centrais dos economistas do fim do
sculo XIX e princpios do sculo XX, a integrao do espao manteve-se at ao
meio do sculo XX como um campo parte da cincia econmica (Lajugie et al.,1985, p.16).
2.1 - O PERCURSOR: RICHARD CANTILLON
No seu livro Essai sur la nature du commerce en gnrale, publicado em1755, Cantillon inicia uma teoria da localizao e uma anlise das relaes
inter-regionais, que no so mais do que verdadeiras polticas de
descentralizao industrial (Lajugie et al., 1985, p.18).
Partindo da repartio da populao e das suas diferentes actividades, ele
estuda as vrias reas de povoamento (aldeias, burgos, cidades e capitais), a sua
situao, a sua dimenso e a sua zona de atraco. a necessidade de economizar
nos transportes que leva a que algumas aldeias se transformem em burgos, isto ,
lugares de mercado. A rea de influncia desses mercados funo da densidade
populacional envolvente e da distncia entre os diversos centros de povoamento.
A instalao a de grandes proprietrios fundirios, com grande poder financeiro,
explica a formao de cidades e de capitais.
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Nascem assim, entre as cidades e o campo, relaes comerciais que criam
fluxos de mercado e de moeda, e Cantillon esclarece, desde logo, a ideia de
balanos regionais. A venda de produtos agrcolas que so transportados para
os mercados, cria, devido aos transportes, diferenas locais de preos e prev-se,
desde j, a teoria de crculos concntricos de Von Thnen. Cantillon mostratambm como os preos no mercado urbano determinam a repartio das culturas
em torno das cidades, tendo em conta os preos dos transportes e os riscos
inerentes.
2.2 - OS FUNDAMENTOS DA TEORIA DA LOCALIZAOAGRCOLA: VON THNEN
Foi necessrio esperar trs quartos de sculo para que um autor alemo
colocasse em primeiro plano os problemas de ocupao do espao e asimplicaes econmicas. Foi em 1826 que apareceu, em Hamburgo, a primeira
parte da obra de Von Thnen, intitulada Der isolierte staat in Beziehung auf
Landwitschaft und Nationalokonomie (O Estado Isolado)1, que representa umgrande esforo de abstraco para, a partir de um exemplo concreto, definir
princpios gerais explicativos da localizao de culturas e da delimitao de reas
de mercado. necessrio relembrar que a anlise feita anterior ao aparecimento
do caminho de ferro e portanto existiam custos elevados e grandes demoras nos
transportes, o que condicionava a localizao das diferentes produes agrcolasface ao seu escoamento. No entanto, mesmo com a introduo de novos meios de
transporte, o rigor e a qualidade do raciocnio desenvolvido mantm-se vlidos
num processo analtico que vai levar teoria, agora clssica, dos crculos
concntricos.
No seu modelo, os produtores agrcolas entram apenas em concorrncia na
localizao ptima das suas culturas, e as necessidades do sistema produtivo
(trabalho e matrias primas) so consideradas disponveis em qualquer ponto
(Derycke, 1995, p. 3).
2.2.1-O ESQUEMA TERICO DOS CRCULOS CONCNTRICOS
Partindo da hiptese de um espao agrcola perfeitamente homogneo,
plano, contnuo e isolado do resto do mundo por um deserto, igualmente frtil em
toda a sua extenso, com facilidades de comunicaes equivalentes em todas as
direces e no centro do qual se encontra uma cidade que desempenha o papel de
mercado, pretende-se definir como se localizaro aqui as culturas.
1 A segunda e terceiras partes da sua obra foram publicadas respectivamente em 1850 e 1863.
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O elemento determinante da localizao ser a maximizao da renda
fundiria, que neste caso depende da distncia dos diversos locais de produo ao
mercado. Para cada categoria de produtos, as culturas vo-se localizar de forma a
reduzir os custos devidos ao transporte que so funo da distncia a percorrer e
do peso a transportar. Sendo este custo, por hiptese, constante em todas asdireces, as zonas de culturas so definidas por crculos concntricos, em torno
da cidade. uma primeira aplicao do mtodo das isolinhas, de que se falar
mais frente.
De acordo com os seus estudos, Von Thnen definiu o seguinte esquema:
A primeira zona, correspondente periferia da cidade, destinada sculturas leguminosas e produo de leite, produtos de transporte delicado e
caro;
A segunda zona destinada silvicultura, ento muito rentvel devido grande necessidade de madeira, e uma vez que o seu transporte era difcil e
tambm dispendioso;
Os trs crculos seguintes so destinados produo de cereais; em
funo do tipo de explorao, os preos so estabelecidos de modo a cobrirem os
custos mais elevados de explorao e transporte, das quantidades necessrias
satisfao de toda a procura;
O ltimo crculo destinado pastorcia.
2.2.2-DISTORO DO ESPAO REAL
Em seguida, o autor reintroduz os elementos que inicialmente tinha
retirado, com o fim de simplificao, mas que provocam distores no
desprezveis. A presena de uma via fluvial navegvel, que permite transportes
menos dispendiosos, tem como resultado o alongamento das reas concntricas
acompanhando a direco do rio; a existncia de diversas povoaes em vez de
uma nica, estabelecem diversos centros de crculos que se entrecruzam. Outros
elementos, diversos valores de taxas e fertilidade dos terrenos no homognea,
traduzem-se em deformaes do modelo primitivo.
Os resultados apresentados s podem ser vlidos nas condies histricas
que presidiram definio das bases do estudo. Mas o raciocnio efectuado e os
princpios bsicos considerados podem-se considerar de certo modo generalistas.
No entanto, foi necessrio aguardar o fim do sculo para fazer a sua aplicao s
novas condies de uma economia alterada pela segunda revoluo industrial.
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2.2.3-PROLONGAMENTO DA ANLISE
Albert Schaffle (1873) utilizou o mtodo dos crculos concntricos para
explicar os resultados da luta entre foras centralizadoras e descentralizadoras na
localizao da indstria, segundo a importncia relativa que possuam, em cadasector, os diferentes factores: mo-de-obra, matrias primas e fontes de energia.
Na mesma poca, um outro autor alemo, Wilhelm Launhardt (1882)
prepara a transio entre Von Thnen e Alfred Weber recorrendo a um mtodo
puramente dedutivo e situando a sua escala de anlise ao nvel da empresa e no
de cada sector. Ele mostra como os custos de transportes, proporcionais ao peso e
distncia, funcionam como foras sobre as empresas, para determinar, em
funo da localizao dos centros de produo de matrias primas e dos
mercados consumidores, um ponto ptimo de localizao, que consiste no local
do mnimo custo de transportes. Launhardt (1885) seria tambm um dosprimeiros a pensar numa teoria geral de fronteiras de reas de mercado.
2.3 - OS FUNDAMENTOS DA TEORIA DA LOCALIZAOINDUSTRIAL: ALFRED WEBER
Alfred Weber (1909) pretendeu definir uma teoria da localizao industrial,
tal como Von Thnen tinha pretendido definir uma da localizao agrcola. Ele
definiu-a como sendo parte de um problema geral de repartio no espao das
actividades econmicas e prolonga-a para uma teoria da evoluo das estruturas
locais e regionais.
2.3.1-OS FACTORES DE LOCALIZAO DAS INDSTRIAS
Analisando os factores que podiam influenciar a localizao das indstrias,
separou trs que considerou principais, denominando-os de: ponto mnimo de
custos de transporte; distoro do trabalho; foras de aglomerao ou
desaglomerao.
a)Oponto mnimo de custos de transporte determinado geometricamente,
tendo em conta os dois elementos que condicionam esse custo, isto , o peso e a
distncia. A deciso de localizao tomada pelos responsveis das empresas
depende, em grande medida, da comparao de preo entre o transporte das
matrias primas e dos produtos finais. O ponto ptimo que minimiza estes custos
determinado pelo mtodo dos tringulos de localizao, formados pelas
linhas que ligam as fontes de matrias primas e os centros de consumo. No
interior desta superfcie exercem-se foras concorrentes que correspondem umas atraco das matrias primas e outras atraco dos produtos finais. No ponto
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em que se equilibram estas foras, atinge-se o menor valor das despesas de
transporte. Pode ser definido um ndice de materiais que corresponde relao:
Nmero de unidades de peso das matrias primas localizadas
Nmero de unidades de peso dos produtos finais
Se este ndice for superior unidade, a atraco das matrias primas que
predominante; se for inferior a atraco dos produtos finais que condiciona. No
entanto, algumas alteraes podem ser admitidas, tendo em ateno o factor
mo-de-obra.
b) A distoro do trabalho corresponde atraco exercida por centros
vantajosos em mo-de-obra. Esta distoro depende essencialmente dasdiferenas entre os nveis salariais dos diferentes locais, considerando a mo de
obra imvel e a oferta ilimitada. A influncia deste factor sobre os produtos, por
unidade de peso, mede-se atravs de um ndice de custo do trabalho, que ser
tanto maior e provocar uma maior distoro, quanto maior for o peso da mo de
obra no processo de produo. Coeficientes de trabalho elevados, levam a que as
indstrias se concentrem geograficamente e quanto mais baixos forem, maior
disperso haver nas indstrias.
c) O nvel de concentrao atingido cria, por si s, um campo de foras deaglomerao ou de desaglomerao. O primeiro consiste em economias de
aglomerao, resultantes do reagrupamento geogrfico das empresas em termos
de produo e de escoamento (existncia de preos mais favorveis, melhores
adaptaes s condies do mercado, integrao de maior nmero de unidades
fabris). O segundo traduz-se num aumento das rendas fundirias provocado por
uma concentrao excessiva, que reduz os locais disponveis e faz aumentar o
preo dos solos.
O resultado da interveno destas foras definir a densidade industrial e
poder provocar variaes relativamente localizao que os dois primeiros
factores, transportes e trabalho, teriam tornado preferencial. A sua influncia ser
maior nas indstrias com produtos de grande valor acrescentado e poder ser
medida por um coeficiente de produo. De uma maneira geral, as indstrias
de elevado coeficiente de produo tm tendncia para se aglomerarem.
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2.3.2-EVOLUO DAS ESTRUTURAS LOCAIS E REGIONAIS
Esta teoria da localizao industrial de Weber no mais do que uma teoria
da transformao das estruturas locais e regionais, atendendo a factores
econmicos e demogrficos, histricos e geogrficos. Numa primeira fase, aactividade agrcola produzia os meios de subsistncia, o que leva, numa segunda
fase, a concentraes da populao, permitindo dessa forma o incio das
actividades industriais, comerciais e intelectuais. Estas diversas localizaes
reagem entre si e provocam novos processos de evoluo no interior do sistema
econmico.
Contrariamente aos seus antecessores, Weber obteve, rapidamente, um
grande acolhimento s suas ideias e exerceu grande influncia no s na
Alemanha mas tambm nos pases anglo-saxnicos e escandinavos.
2.4 - DAS TEORIAS DA LOCALIZAO A UMA TEORIA ESPACIALGERAL
2.4.1-ANDREAS PREDHL E O PRINCPIO DA SUBSTITUIO DE FACTORES
Unir as teorias parciais da localizao agrcola e industrial teoria
econmica geral, foi o objectivo de Predhl (1925, 1927, 1928), cuja obra no
surge por acaso, mas sim no seguimento do seu contemporneo Walras. Ele
consegue tal unio aplicando o princpio da substituio, recuperado pelos
marginalistas e sistematizado por Alfred Marshall e Cassel no problema da
localizao, a uma escala micro-econmica.
Produo e localizao so finalmente um nico problema. Toda a mudana
de localizao de uma empresa est associada substituio de factores
produtivos localizados em diferentes pontos, em funo dos seus preos relativos
e dos custos comparados do transporte. Estes factores so, de qualquer modo,
afectados por um coeficiente de ponderao local e as variaes intervenientes
nestes coeficientes provocam modificaes nas suas combinaes. No entanto, aocontrrio do esquema clssico em que a substituio se operava num nico
ponto, Predhl introduz a varivel espacial, e a substituio pode agora traduzir-
se por uma mudana de localizao.
Na substituio de factores de produo, situados em diferentes pontos do
espao, entram em linha de conta, cada um por sua vez, os preos relativos dos
factores, os custos que representam o transporte e a qualidade. Estes elementos
traduzem-se em unidades de utilizao, cujo nmero determina o grau de
produtividade de cada factor. Predhl distingue as unidades de utilizao daterra, do capital e do trabalho, e as unidades de utilizao do transporte, entre as
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quais tm lugar as substituies quando uma empresa muda de localizao. Por
exemplo, a alterao de uma localizao A para uma localizao B pode-se
traduzir pelo emprego de um nmero cada vez maior de unidades de utilizao de
terra, de um nmero cada vez menor de unidades de utilizao de capital e de
trabalho e um igual nmero de unidades de utilizao de transporte.Para cada ponto do espao pode-se assim determinar os custos
correspondentes melhor combinao dos factores de produo e as zonas em
que os custos globais so menores so as preferenciais para a implantao das
empresa.
No parece possvel para o autor definir uma frmula geral de substituio
de factores, mas ele cr ser possvel chegar a generalizaes empricas, tendo em
conta certas partes dos custos conhecidos como habitualmente substituveis. Na
sua poca, por exemplo, a indstria de ferro localizava-se tradicionalmente juntos exploraes de carvo e no prximas das minas de ferro; a indstria txtil
perto dos centros de mo-de-obra e no dos locais de produo da matria prima.
De uma maneira geral, quando s factores tcnicos que esto em jogo, e para
custos fixos, a taxa de substituio pode-se exprimir em termos tcnicos e
quantitativos.
possvel encontrar uma aplicao, ainda mais abrangente, do princpio da
substituio, no trabalho do autor americano contemporneo Walter Isard (1949),
que faz deste princpio a base de uma teoria geral da interdependncia espacialdas unidades de um sistema econmico.
2.4.2-HANS WEIGMANN E A CONCORRNCIA IMPERFEITA
Os autores precedentes admitiam todos, como base implcita do seu
raciocnio, um regime de concorrncia puro e perfeito. Hans Weigmann (1931)
vem sublinhar que esta hiptese de todo inapropriada anlise espacial.
Num estilo infelizmente pouco claro e utilizando conceitos de base
complexos e confusos, Weigmann tentou formular uma teoria realista que
envolve a estrutura espacial dos processos econmicos, a extenso e as ligaes
espaciais dos mercados e as interrelaes espaciais dos volumes econmicos.
Retenha-se somente aqui a considerao das diversas formas de mercado e a sua
contribuio para a metodologia da anlise espacial.
Weigmann mostra, antes de mais, que os mercados, tidos como superfcies
e no como pontos, esto limitados no espao, uma vez que em todas as
direces a mobilidade dos factores e dos produtos choca com obstculos
mltiplos e de natureza variada (econmicos, sociais, polticos e culturais). A
concorrncia dos factores e dos produtos entre si, em locais diferentes, portanto
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incompleta. A existncia mesmo de um espao fsico, isto , a passagem de um
espao abstracto a um espao real, implica mobilidade imperfeita e inelasticidade
espacial, e mesmo ainda elasticidade espacial negativa.
Esta aplicao anlise espacial, da hiptese de concorrncia imperfeita ou
de concorrncia monopolista, j evocada por Hotteling (1929), seria reposta edesenvolvida por Chamberlin (1933).
Por outro lado, do ponto de vista metodolgico, Weigmann substitui a
anlise casual e linear tradicional por uma abordagem em termos de equilbrio
geral de economia espacial, concebida como um vasto ordenamento de mercados
espaciais. Ele deseja apresentar um quadro realista e funcional da totalidade da
vida econmica, no qual os diversos elementos so ponderados em funo da sua
importncia.
Tudo isto leva-o a tentar determinar uma forma bsica dos fenmenoseconmicos, a partir da qual podero ser dominadas e sistematicamente
ordenadas as inumerveis formas espaciais que revelam os processos
econmicos. Certas estruturas so activas e mudam frequentemente, outras,
passivas, mudam lentamente. Estas ltimas, relativamente permanentes, so os
elementos essenciais da forma bsica, e a sua combinao determina a
estrutura fundamental da economia. Elas englobam os mercados dos factores
produtivos, terra e trabalho. As estruturas variveis (mutveis) so consideradas
como acidentais ou secundrias e os seus movimentos esto condicionados, emlarga medida, pela forma bsica, j determinada pelo ncleo dos mercados mais
estveis. Elas correspondem preferencialmente aos mercados especficos dos
bens capitais.
2.4.3-TORD PALANDER E O MTODO DAS ISOLINHAS
Na sua tese de doutoramento, escrita na Alemanha, o sueco Tord Palander,
apresenta, em 1935, uma importante Contribuio para a Teoria do Espao.
Palander insiste sobre a complexidade dos factores de localizao, numaeconomia fundada sobre a diviso do trabalho e sobre o mecanismo do mercado:
factores tcnicos e resultados exactos do clculo econmico, mas tambm
elementos climticos, legislativos, institucionais. Demonstra ainda que a
localizao do consumo levanta, tambm ela, problemas complexos, uma vez que
na economia capitalista moderna esta no sempre comandada pela localizao
da produo.
Palander procede a uma comparao interessante de trabalhos anteriores
distinguindo, de uma forma um pouco arbitrria, as teorias espaciais e as
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teorias universais da localizao e anuncia a sua ambio de chegar a uma
sntese geral, da qual d um plano mas que no realizar seno parcialmente.
O exemplo da imperfeita mobilidade da mo-de-obra ou do capital real
desmente a ideia de que os factores de produo so instantaneamente atrados
para os locais onde a sua remunerao a mais elevada. De facto, a repartioespacial das actividades econmicas depende, por sua vez, das condies dos
perodos anteriores e da rapidez dos movimentos de adaptao. A anlise deve
pois integrar a durao de reaco dos diversos factores de localizao.
A partir da, Palander levado a estudar as reaces do empresrio perante
as diferenas locais nas condies de mercado; a teoria do dipolo, aplicada s
relaes de dois vendedores, em condies idnticas, situados em dois pontos
diferentes, que lhe parece constituir o modelo mais prximo da realidade.
nesta altura que ele vai generalizar o mtodo das isolinhas, das quaisPareto havia feito uma ilustrao notria com as curvas de indiferena, e que
vrios autores comearam a aplicar anlise espacial, seguindo o esprito de Von
Thnen com os seus crculos concntricos.
Sabe-se que uma isolinha um lugar geomtrico de pontos representando
certas caractersticas idnticas. Os gegrafos fazem um largo uso desta tcnica,
como por exemplo as isotrmicas e as isbaras.
J antes de Palander, a aplicao desta tcnica havia sido feita com diversas
grandezas econmicas, tais como:
1A distncia. O sueco Olaf Jonasson (1930) havia introduzido o conceito
de isodistantes, lugar geomtrico dos pontos situados a iguais distncias, em
linha recta, de um centro. Por definio as isodistantes definem crculos
concntricos e a interseco de isodistantes absolutas do mesmo valor, isto , a
interseco de crculos traados a partir de dois centros e tendo o mesmo raio,
permite definir isodistantes relativas, que constituem o lugar dos pontos situados
a igual distncia de dois centros.
2 O preo e a durao do transporte. Foi uma vez mais Jonasson quedesenvolveu o conceito de isovector, lugar dos pontos para os quais os custos
de transporte so iguais para uma dada mercadoria.
Por sua vez, Alfred Weber havia definido as isodapanes, lugares
geomtricos dos pontos de igual aumento nos custos de transporte, devido
mudana de localizao relativamente ao ponto mnimo de transporte, sob a
influncia da atraco do factor mo-de-obra. Estes pontos podem estar ligados
por curvas que circundam o ponto mnimo de transporte a uma distncia varivel,
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segundo o ndice material prprio da indstria considerada. Estas curvas so
isodapanes (curvas de igual custo) e Weber destaca, de entre elas, uma
chamada isodapane crtica, que corresponde aos pontos onde as economias
realizadas, em termos de mo-de-obra, so iguais s despesas suplementares
suportadas em termos de transportes. A localizao da empresa ser desviadapara a fonte de mo-de-obra, se esta se situar no interior da rea delimitada pela
"isodapane crtica", isto , se estiver localizada, ela prpria, sobre uma
"isodapane" de menor valor, correspondente a um aumento dos custos de
transporte inferior s economias em mo-de-obra.
A estes instrumentos de anlise Palander vai acrescentar as iscronas,
lugares de pontos para os quais a durao do transporte a mesma, seja em
relao a um s centro (iscronas absolutas) seja em relao a vrios centros
(iscronas relativas).Mas Palander vai, sobretudo, desenvolver esta tcnica, utilizando o conceito
de isodapane para designar o lugar geomtrico dos pontos para os quais a soma
total dos custos de transporte a mesma quer para as matrias primas quer para
os produtos acabados.
Para uma tal rede de "isodapanes", necessrio construir "isovectores" para
cada matria prima e para cada produto final. No caso das matrias primas, os
"isovectores" unem os pontos para os quais a quantidade necessria de matrias
primas pode ser expedida com o mesmo custo de transporte. Pode-se portantotraar, em torno de cada fonte de matria prima, uma rede de "isovectores"
correspondendo cada um a um dado custo de transporte, que aumenta em geral
com a distncia em relao a essa fonte. No caso dos produtos finais, os
"isovectores" unem os pontos para os quais um produto pode ser expedido, a um
dado mercado, pelo mesmo custo de transporte. Tambm aqui se pode traar uma
rede de "isovectores", correspondendo cada um a um nvel diferente de custo de
transporte que, em geral, aumenta com a distncia ao mercado.
Uma vez definidas tais redes de "isovectores" em torno de todas as fontes
de matrias primas e de todos os mercados relativos a um problema de
localizao, podem-se traar as "isodapanes", unindo todos os pontos onde a
soma total dos custos de transporte ser a mesma, para as matrias primas e para
os produtos finais. Estas "isodapanes" definem os limites de uma superfcie de
custo total de transporte, no interior da qual se situa o ponto mnimo de
transporte.
A partir da, Palander tornar mais complexas as redes de "isodapanes",
combinando diversas hipteses: tarifas uniformes ou tarifas decrescentes em
matria de transportes, existncia de uma ou vrias matrias primas, igualdade ou
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no no peso da matria prima e no peso do produto, hipteses que distorcem a
rede de "isodapanes", mas que aproximam o esquema da realidade. Desta forma
mostra, por exemplo, que as tarifas variveis tendem a criar vrios pontos
mnimos de transporte, entre os quais se encontram zonas onde os custos sofrem
s fracas variaes, ou ento que, segundo o tipo da tarifa e das relaesexistentes entre o peso das matrias primas e dos produtos e entre os lugares de
extraco e produo, a localizao ptima pode situar-se em zonas
suficientemente amplas, no interior das quais o factor transporte deixa de ser o
elemento essencial de deciso.
3 Opreo total. Por fim, o mtodo das isolinhas pode ser aplicado ao preode venda dos produtos, entendido como a soma do preo na produo com o
custo de transporte.Schilling (1924) determinou assim as isostantes, lugares de pontos para
os quais o preo de uma mercadoria idntico, qualquer que seja a sua
provenincia. A "isostante" o lugar onde eventuais diferenas nos preos de
origem so compensadas pelas diferenas de sentido contrrio no preo do
transporte.
Palander vai definir com preciso o conceito de istimas, lugares dos
pontos onde os preos de uma mercadoria proveniente de um dado centro so
iguais. Bem entendido, "istimas" so constitudas por crculos concntricosquando o custo de transporte idntico em todas as direces e confundem-se,
por isso, com os "isovectores". As "isostantes" so obtidas ligando entre si os
pontos de interseco das "istimas" que tm o mesmo valor, e elas definem a
rea de mercado de cada centro de produo, pelo menos para a venda no
produtor e no comrcio por grosso, uma vez que o comrcio a retalho obedece a
normas diferentes.
2.4.4-WALTER CHRISTALLER E A ANLISE DOS SISTEMAS URBANOS
O estudo das zonas de influncia dos centros urbanos, tendo em conta o
papel das aglomeraes urbanas enquanto plos de atraco, deveria levar, muito
naturalmente, anlise da justaposio e da comprovao destas zonas e s
relaes existentes entre estes plos. Assim deveriam nascer os conceitos de rede
e de sistemas urbanos, e numerosos autores tentaram estabelecer os princpios de
uma hierarquia dos centros urbanos que conduziria posteriormente a uma poltica
de organizao sistemtica da estrutura urbana.
Em 1933, Walter Christaller elabora uma teoria de lugares centrais, que
consiste numa anlise da hierarquia dos centros urbanos, baseada nas suas
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actividades tercirias e servios prestados sua rea de influncia. Ele parte da
ideia de que todo o aglomerado constitudo tendo em vista fornecer um certo
nmero de bens e servios tercirios ao resto do pas: o princpio do
abastecimento dos mercados (marktprinzip). O exerccio das funes comerciais
constitui uma primeira fora aglomerativa para as populaes rurais, dispersassobre um dado territrio; as necessidades de troca levam a um ajuntamento pelo
menos peridico (feiras, mercados), num lugar privilegiado do ponto de vista das
distncias a percorrer. Uma segunda fora tender a tornar esta aglomerao
permanente, residindo no facto de que certos bens e servios no podem ser
produzidos a no ser num nmero limitado de lugares, onde esto reunidos os
factores de produo necessrios e a partir dos quais eles so distribudos por
todo o territrio.
A importncia do centro de produo e a extenso da zona servida variamcom a natureza do produto ou do servio. Para os bens inferiores, tais como os
alimentares ou pronto a vestir corrente, objectos de uma forte e regular procura, a
distribuio pode ser mais dispersa; o volume de populao a abranger para
assegurar a viabilidade da comercializao destes produtos relativamente baixo.
Pelo contrrio, os bens e servios superiores (artigos de luxo, servios de
especialistas, teatros) so procurados por um nmero inferior de pessoas e menos
frequentemente necessrio por isso uma populao muito maior para tornar
possvel a produo e a comercializao que, neste caso, estaro muito maisconcentradas geograficamente.
Obtm-se ento uma hierarquia de centros urbanos baseada na natureza dos
bens e servios produzidos, distribudos pela extenso da rea servida. Os lugares
centrais secundrios exercem somente funes correntes, enquanto que os
lugares centrais principais exercem, para alm destas, certas funes mais raras
que correspondem ao que se denominar por bens e servios excepcionais.
Neste caso, a rea de influncia dos lugares centrais principais engloba vrias
aglomeraes secundrias.
A partir da, Christaller, tenta sistematizar os princpios da organizao
urbana do espao.
Na base da hierarquia est a aldeia, aglomerao rural; o lugar central que
exerce as funes elementares e cuja rea de influncia a mais reduzida. De
acordo com o trabalho de Christaller, esta dever ser alcanada numa hora de
marcha e a sua rea de atraco no dever ser superior a quatro quilmetros.
Estas reas de influncia dos centros elementares consistiriam em crculos
de 4 Km de raio, mas tal configurao levanta o problema dos espaos no
preenchidos (reas no servidas). Tambm a presso da concorrncia conduzir a
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uma sobreposio das reas de influncia circulares; Christaller chega ento a
determinar uma estrutura elementar em tringulos equilteros, nos quais os
vrtices so ocupados pelos lugares centrais e que se reagrupam em hexgonos
regulares. Sendo a distncia entre cada um dos vrtices e o centro dos tringulos
de 4 km, o comprimento de cada lado do tringulo, isto , a distncia que separadois lugares centrais elementares, ser portanto igual a 4 km x 3 , seja 7 km
aproximadamente. A partir disto fcil mostrar que os centros dos hexgonos
correspondem a lugares de hierarquia mais elevada, separados por uma distncia
de 7 km x 3 , seja 12 km aproximadamente. Seguindo este raciocnio, chega-se
a determinar um sistema hierarquizado de lugares centrais que estaro
distanciados entre si de 21, 36, 62km, etc. (Figuras 1 e 2).
E
OB = 4km
BC 7km
AD 12km
- centro elementar
- centro de ordemimediatamente superior
CBD
O
A
Fig. 1 - A hierarquia urbana segundo Christaller
A aplicao deste princpio ao sul da Alemanha, ento caracterizado poruma densidade de 60 habitantes por quilmetro quadrado, permite a Christaller
construir racionalmente uma estrutura urbana, comportando at sete nveis
hierrquicos.
No entanto, este modelo terico apresenta algumas distores na realidade,
uma vez que, a par do princpio do abastecimento dos mercados, baseado no
volume da populao servida, dois outros princpios influenciam a repartio das
aglomeraes no espao: o princpio do transporte (Verkersprinzip), baseado nanatureza e qualidade das vias de comunicao e o princpio da organizao
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administrativa (Zuordnungsprinzip), baseado nas funes administrativas dascidades.
centro E
centro D
centro C
centro B
centro A
Lugares centrais Limites das respectivasreas de influncia
Fig. 2 - Os lugares centrais e respectivas reas de influncia segundo Christaller
Uma vez que o princpio do mercado conduz a uma estrutura hexagonal
regular, do tipo alveolar, correspondendo a um espao homogneo e abstracto,
a tomada em considerao das vias de comunicao, numa anlise concreta do
espao diferenciado, leva a uma distribuio do tipo linear das aglomeraes,
cuja rea de influncia se estende ao longo dos eixos de transporte. Tambm a
distribuio dos lugares centrais est igualmente afectada pelas estruturas
administrativas, uma vez que os centros administrativos nem sempre coincidem
com os centros comerciais. Christaller considera que na prtica um centroadministrativo controla sete centros de ordem imediatamente inferior (contra trs
para os centros comerciais).
Naturalmente, os trs princpios de organizao devem estar combinados
para dar uma imagem completa das redes urbanas reais, e a sua respectiva
influncia varia segundo a natureza de cada caso.
Foram realizadas numerosas tentativas de verificao emprica da anlise de
Christaller, tanto nos Estados Unidos como na Gr-Bretanha e na Alemanha.
Todas elas se depararam com a dificuldade de escolher critrios de classificao
de produtos e de servios, que permitissem estabelecer uma hierarquia das
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funes urbanas ou determinar os elementos a reter para medir a extenso das
reas de influncia e chegar a uma hierarquia dimensional dos centros urbanos.
Por isso alguns autores foram levados a fundamentar a hierarquia dos
centros urbanos com base em relaes mais rigorosas entre a sua ordem e a sua
dimenso, ou ainda entre as suas funes e a sua dimenso.
2.4.5-A ANLISE GERAL DAS REAS DE MERCADO:AUGUST LSCH
As anlises empricas de Christaller deram bem cedo lugar a um enorme
esforo de abstraco, tendente generalizao das concluses para as integrar
num verdadeiro modelo de equilbrio global. ainda um autor alemo que, nos
meados do sculo XX, realizar esta primeira formalizao esquemtica do
espao econmico, com a sua grande obra O ordenamento espacial da
economia (1940).No seu livro, que o culminar de uma obra abundante e multiforme, Lsch
(1940) faz a sntese dos trabalhos dos seus antecessores e completa-a com
achegas originais e importantes. Alargando o problema da localizao industrial
a todo o sistema econmico, sugere uma teoria de equilbrio espacial geral, que
se mantm ainda actual. O seu trabalho articula-se em torno de trs temas
principais: uma teoria da localizao, uma teoria das regies, que de facto uma
teoria das reas de mercado, e uma teoria da troca. Vamos aqui analisar as duas
primeiras.2.4.5.1-A TEORIA DA LOCALIZAO
As localizaes efectivamente encontradas na realidade, no esto
necessariamente conforme as normas que deveriam determinar a sua localizao
ideal; o importante, diz Lsch, no procurar as consideraes que guiaram os
empresrios na sua escolha, mas sim determinar de forma abstracta as condies
ptimas de localizao. Os princpios desenvolvidos sero, alis, diferentes
conforme se trate do ponto de vista do empreendedor individual a um nvel
sectorial (industrial, agrcola ou urbano) ou a um nvel global.Com efeito as localizaes particulares, determinadas em funo da
situao dos factores de produo, tanto dos concorrentes como dos
consumidores, influenciam-se umas s outras pelas suas repercusses ao nvel da
oferta e da procura e, por isso, ao nvel da forma e da natureza das actividades
econmicas. As localizaes individuais so determinadas pela procura do lucro
individual mximo; estas inter-relaes levam igualizao das vantagens das
unidades econmicas e maximizao do numero de unidades autnomas.
Resultam, por isso, entre os centros de produo e os centros de consumo,combinaes caractersticas que constituem mercados parciais, subdivises do
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mercado global: so as reas de mercado que se podem reportar a dois tipos
principais - vrios produtores reagrupam-se em torno de um centro de consumo,
situao definida por Lsch como constituindo uma regio de abastecimento,
ou centros de consumo reagrupados em torno de um produtor, e nesse caso ele
define como constituindo uma regio de extraco. A primeira particularmente caracterstica da localizao agrcola e a segunda da localizao
industrial.
Pouco importa o nmero de unidades de produo, que geralmente mais
elevado na agricultura do que na indstria, o que conta o nmero e a posio
das localizaes: isto que determina a natureza da regio. Estas localizaes
podem ser dispersas ou aglomeradas e as concentraes podem, elas mesmas,
consistir em reagrupamentos pontuais ou reagrupamentos por zonas. No primeiro
caso, as reas de mercado sobrepem-se; no segundo caso elas esto justapostas eas suas fronteiras correspondem seja a linhas seja a faixas de terreno, segundo a
fora respectiva das localizaes concorrentes e segundo a diversidade dos
produtos.
A partir da, Lsch analisa as particularidades que distinguem a localizao
industrial e a localizao agrcola.
No caso da indstria, tema em estudo, entram em linha de conta os custos
(custos de transporte, custos de produo e a relao entre os dois) e as receitas
(importncia e poder de compra da clientela, nvel dos preos); mas se estesdiversos elementos podem explicar as localizaes reais, a localizao ideal
depende, por seu lado, do rendimento lquido. No entanto, aps ter colocado
desta forma a interdependncia estreita que relaciona preo, procura e
localizao, Lsch no cr conseguir chegar a uma frmula geral, determinando a
localizao ptima, por ser to elevado o nmero de variveis em jogo. Tudo o
que se pode fazer reconhecer para cada localizao industrial virtual a procura
total possvel e o volume de produo desejvel, em funo do seu custo.
Para Lsch a formao de centros urbanos corresponde a aglomeraes
pontuais de localizao no agrcola. Esta formao explica-se por cinco sries
de factores:
- as vantagens da grande produo podem levar concentrao, num local,
de grandes empresas individuais;
- as empresas do mesmo tipo podem ser levadas a aglomerar-se pela
atraco das economias externas, pelas vantagens tcnicas do local, no que
respeita aos factores de produo, e pela maior possibilidade de concorrncia;
- as empresas heterogneas podem-se aproximar geograficamente devido s
suas ligaes de interdependncia;
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- os centros urbanos podem nascer da simples aglomerao de
consumidores;
- convm ainda acrescentar o factor histrico que favorece a aglomerao
em torno das fontes de oferta pr-existentes, quer se trate de matrias primas, de
fontes de energia, de mo-de-obra ou de capital.As mesmas razes (vantagens do local, atraco das fontes de oferta,
benefcios da concentrao) explicam a formao das cinturas industriais dos
centros urbanos.
A partir destas teorias parciais da localizao, Lsch discute as condies
de um equilbrio espacial geral. Ele cr que este determinado pelo jogo de duas
tendncias fundamentais: a maximizao das vantagens individuais e a
maximizao do nmero de unidades econmicas autnomas. A
interdependncia das localizaes est assegurada no ponto de equilbrio destasduas tendncias. Este pode ser encontrado por um sistema de equaes a que
correspondem cinco condies:
- a localizao de cada unidade deve ser o mais vantajosa possvel;
- as localizaes devem ser suficientemente numerosas de forma a cobrir a
totalidade do espao;
- os lucros anormais devem desaparecer;
- as reas de oferta, de produo e de venda devem ser o mais pequenas
possvel, isto , de um tamanho que permita a sobrevivncia do maior nmeropossvel de unidades individuais;
- os limites das reas econmicas so linhas de indiferena, que podem
pertencer a qualquer das localizaes vizinhas.
No entanto, mesmo preenchidas estas condies, a melhor localizao para
os produtores no necessariamente a melhor para os consumidores e subsiste
sempre uma diferena fundamental: para a produo e consumo de bens
industriais, a melhor localizao encontra-se numa grande cidade, enquanto que
para os bens agrcolas ela implica uma distribuio estvel e uniforme.
Ainda, aps ter estabelecido que existem tantas equaes como incgnitas e
que um sistema espacial de equilbrio geral possvel, Lsch no explicita as
formas deste equilbrio. Ele no desenvolve este sistema de equaes, que ele
prprio julga ser muito geral para ter uma aplicao prtica, e apresenta uma
teoria das reas de mercado e das regies que lhe parece ser intermediria, lgica
e necessria, entre a teoria das localizaes individuais e a teoria do equilbrio
espacial geral.
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2.4.5.2-A TEORIA DAS REAS DE MERCADO
A anlise das reas de mercado e da sua imbricao em regies econmicas
constitui, sem dvida, a contribuio mais importante de Lsch para a teoria
econmica do espao.Lsch concentra o seu esforo na linha de Berthil Ohlin (1933), que havia
contestado o princpio da teoria clssica do comrcio internacional, identificando
fronteiras polticas e fronteiras econmicas. Ele deseja mostrar que se podem
delimitar regies econmicas que no coincidem com os estados e que, ou bem
se situam no interior das fronteiras polticas ou bem as transcendem.
1 O modelo: um espao homogneo abstracto.
Como Von Thunen, Lsch parte da hiptese, simplificada ao extremo, de
uma rea de mercado constituda por um espao economicamente homogneo:uma plancie uniforme sobre a qual as matrias primas e populao esto
repartidas de igual modo e que dispe de facilidades de transporte equivalentes
em todas as direces. partida, cada centro vive em economia fechada e a
influncia de foras extra econmicas est excluda.
Se um dos exploradores agrcolas resolve produzir um bem, cerveja por
exemplo, para l das quantidades necessrias s suas necessidades, ele descobre
as vantagens da especializao e da produo em massa, contrabalanadas, no
entanto, pelos custos de transporte que limitam o escoamento do produto, para lde uma certa distncia. A sua rea de mercado vai depender da curva da oferta e
do preo no mercado, isto , do preo total: preo de venda mais custo de
transporte. Cumprindo os postulados da uniformidade, ento estas reas de
mercado possuem uma forma circular.
Logo que outros vendedores apaream, o espao divide-se em crculos que
delimitam a rea de mercado de cada explorao agrcola. Com o crescimento do
nmero de vendedores, os crculos acabam por se tornar tangentes e a rea de
mercado de cada unidade de produo contgua a outras seis. No entanto, umaparte da populao no servida, aquela que reside nos espaos intersticiais, uma
vez que os crculos deixam espaos vazios. A presso da concorrncia vai ento,
pouco a pouco, modificar as reas de mercado primitivas e dar-lhe uma forma
hexagonal, que tem a dupla vantagem de cobrir toda a superfcie a servir e
igualizar os custos de transporte a partir do ponto central de produo (ver
Figura 3).
O hexgono representa assim uma rea elementar de mercado e a forma
economicamente ptima, uma vez que, se os quadrados e os tringulos oferecem
tambm eles a possibilidade de preencher os espaos vazios, o hexgono a
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figura geomtrica que menos se afasta do crculo e que permite atingir, em igual
superfcie, a maior procura por unidade de superfcie.
A
B
C
D
E
F
G
A
B
C
D
E
F
G
(a) As reas de mercado. (b) As regies e os sistemas de redes.
Fig. 3 - A organizao do espao segundo Lsch.
Este modelo alveolar continua vlido se se passar da hiptese de umapopulao uniformemente distribuda a uma populao agrupada em exploraes
agrcola equidistantes, das quais apenas algumas se transformam em fbricas de
cervejas e produzem cerveja para o mercado. Cada uma destas se situar no
centro do hexgono e abastecer um certo nmero de exploraes agrcolas,
nmero varivel segundo elas se implantem nos ngulos, no meio dos lados ou
no interior dos hexgonos. No primeiro caso, a concorrncia existir entre trs
fbricas de cerveja e cada uma delas servir duas outras exploraes agrcolas; no
segundo caso, a concorrncia existir entre duas fbricas de cerveja, cada umaservir trs outras exploraes agrcolas; no terceiro caso cada fbrica de cerveja
conservar a clientela das seis outras exploraes agrcolas. A partir destas trs
disposies elementares pode-se complicar o esquema mostrando como se
dispem, em torno de um ponto central de produo, os hexgonos de dimenses
cada vez maiores, mas cujos pontos centrais esto sempre separados por uma
distncia dada pela frmula b a n= ; em que, b representa a distncia entre dois
pontos centrais de produo, a constante e igual equidistncia entre todos os
centros de consumo e n representa o nmero de centros servidos.Estas redes de hexgonos ordenam-se em sistemas de redes logo que secombinem as reas de mercado de vrios produtos heterogneos. Alm disso, em
lugar de deixar que as diversas redes se constituam ao acaso, sobre a superfcie
considerada, pode-se obter um arranjo mais ordenado fornecendo-lhes um
mesmo centro, que se tornar ento num grande centro urbano beneficiando de
uma procura local importante. Os outros centros urbanos, para os quais Lsch,
depois de Christaller, retoma a denominao de lugares centrais, estaro
dispersos regularmente; os pequenos centros urbanos situar-se-o a meio
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caminho entre os dois maiores e o tamanho das aglomeraes aumentar com o
seu afastamento do lugar central principal.
Estes sistemas de redes constituem as regies econmicas e a sua
dimenso depende da dimenso da rea mais vasta de mercado que as constitui.
Por sua vez eles constituem, com os sistemas vizinhos, redes de sistemas,igualmente em forma hexagonal e que so agrupamentos de regies. Temos
assim uma hierarquia das reas de mercado.
2 A reconstituio do espao concreto.
A ordem deste esquema ideal perturbada, frequentemente, por factores
reais que Lsch introduz no seu raciocnio:
- os elementos econmicos: so as diferenas espaciais de preos, de
produtos ou de custos de transporte. As reas de mercado diminuem com asdiferenciaes de preos; ao contrrio, elas aumentam e interpenetram-se com a
diferenciao dos produtos, que podem nesse caso encontrar escoamento em
reas concorrentes. O efeito das diferenas locais nos custos de transporte mais
complexo, mas ele vai, em geral, no sentido de um alargamento das reas.
- os elementos naturais: diferenas de fertilidade do solo e, sobretudo,
desigualdade nas facilidades de acesso.
- os elementos humanos: no existe nem uniformidade nem racionalidadeno comportamento dos empresrios no que diz respeito extenso dos mercados,
aos preos, escolha das localizaes; diferenas idnticas existem entre grupos
nacionais, sobretudo em matria de consumo.
- os elementos polticos: na realidade, o fenmeno estado e as fronteiraspolticas so um obstculo mobilidade dos factores de produo e dos produtos,
e originam quer uma reduo do nmero de localizaes nas zonas fronteirias
quer a sua deslocao de um estado a outro.
Assim se encontra reconstituda uma paisagem econmica, suficientemente
distanciada do modelo abstracto que serviu de base a um raciocnio
metodolgico de cujo interesse alguns se interrogam. Lsch no ignorou esta
objeco, mas afasta-se dela deliberadamente. certo, escreve ele, que a
estrutura econmica que nos envolve apresenta muitos traos ilgicos,
irregulares, impossveis e que parecem no estar sujeitos a nenhuma lei, mas
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recuso-me a enfatizar esta falta de ordem... Existe uma explicao racional que
tem muito mais importncia a longo prazo que as explicaes contingentes.2
3 - AS ORIENTAES RECENTES DA TEORIA DALOCALIZAO INDUSTRIAL
Como refere Philipe Aydalot (1985, p. 50), a teoria da localizao est em
crise. No limiar do terceiro milnio questiona-se a consistncia interna do
quadro terico ento existente, sendo notrias algumas insuficincias e
limitaes. A reduo evidente do papel dos transportes retira s teorias clssicas
da localizao a sua base de suporte essencial. A concepo implcita do espao,
em que elas se apoiavam, aparece manifestamente bastante reduzida, e a grandedesordem existente nas localizaes observadas desde os anos 50, coloca-lhes
problemas que j no sabem resolver. Vrias orientaes recentes, que definem
novos pressupostos mais ou menos importantes, oferecem novas explicaes para
as opes tomadas na localizao das indstrias.
3.1 - A VIA CLSSICA: LOCALIZAO E INCERTEZA
Esta orientao assenta em vrios argumentos: a deciso de localizao, que
tem efeitos a longo prazo, suporta mais do que qualquer outra o efeito daincerteza; a empresa no pode considerar que est num meio em que os preos
so conhecidos ou previsveis, e no pode apenas aplicar o clculo econmico. A
melhor escolha j no a procura de uma impossvel maximizao, mas sim de
minimizar os riscos e de adoptar uma atitude probabilstica, devendo-se colocar
primeiramente os factores de escolha cuja racionalidade no seja financeira.
A estratgia de minimizar os riscos impe-se e justifica a menor das
deslocalizaes: a inrcia torna-se racional, o que leva a uma reconduo dos
modelos da localizao herdados do passado. Fazer como os outros parecelgico, e as localizaes devem-se agrupar. De uma forma geral, a incerteza
justifica a escolha de uma localizao no ptima, mas apenas vivel, ao passo
que a rentabilidade mxima procurada por outra via (nas escolhas cujo impacto
a curto prazo, sobretudo escolhas tcnicas). o que prope Richardson (1973).
Smith (1971) acha que as empresas incapazes de quantificar com preciso o
balano econmico, obtido para cada localizao possvel, vo-se limitar a
definir, para o territrio em causa, zonas de lucros positivos, e escolhero, dentro
dessas zonas, as localizaes que maximizem as vantagens no financeiras.
2 Segundo Lsch, citado por Lajugie et al., 1985, p. 58.
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Assim, os factores no econmicos apresentam uma importncia crescente
e podem mesmo ser justificados de uma forma econmica.
Investigadores como Greenhut e Colbert (1962), mostraram que as escolhas
fundamentadas em opes pessoais podiam revelar-se ptimas, pois levavam
escolha de localizaes perfeitamente conhecidas. Hoover (1948) e Tiebout(1957) pensam que localizaes escolhidas ao acaso acabam por ser ptimas,
uma vez que as ms escolhas so progressivamente eliminadas pela concorrncia.
Paradoxalmente, as escolhas, mesmo no racionais economicamente, baseadas
em pressupostos que no permitem o correcto conhecimento do mercado,
podem-se tornar satisfatrias. A preferncia pelas comodidades pessoais, que
levam as empresas para as grandes cidades, traz resultados positivos, uma vez
que, num futuro incerto, estas oferecem as melhores garantias, pois existe a uma
tendncia para o crescimento, bem como para uma maior divulgao de todos ostipos de informao.
Mas sendo assim, a localizao depende de um modelo probabilstico, tal
como o que proposto por Pred (1967 e 1969) ou Richardson (1973). Para este
ltimo, os movimentos inter-regionais de capital dependem de duas sries de
factores: o volume dos capitais oferecidos em cada regio e o balano oferecido
por cada regio (riscos, incerteza, lucros potenciais, vantagens oferecidas por
cada regio...). Richardson, fazendo uma sntese destas informaes, define
assim uma matriz em que a cada caso corresponde um coeficiente probabilstico.Aydalot (1985, p. 51) procura tambm responder a algumas questes
quanto s tendncias seguidas pela teoria de localizao.
Que dizer desta orientao recente da teoria? Sem dvida, a observao das
decises tomadas por numerosas empresas leva a uma certa desconfiana
relativamente ao clculo puramente econmico. Mas embaraoso que estas
novas proposies no sejam mais do que montagens grosseiras de processos de
tomada de deciso e se mostrem incapazes de determinar, pelo menos, as mais
fortes tendncias das localizaes. No essencial, estas ideias recentes deixam
entender que a mobilidade deve diminuir e que a concentrao espacial deve
crescer, uma vez que as tendncias contrrias dominam largamente desde os anos
50. A flexibilidade destas construes, que se podem adaptar a toda a nova
orientao espacial, levanta dvidas sobre o seu interesse terico.
Pior ainda, no se revestem estas atitudes, apesar das aparncias, de uma
confiana total na teoria tradicional? Na incapacidade de imaginar uma outra
lgica que no a da teoria clssica da localizao, -se conduzido a conceder
localizao indiferente uma fraco cada vez maior das actividades industriais,
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desde que manifestamente os custos de transporte se tornem ineficazes na
explicao da sua localizao.
No estaro as concepes de que acabmos de falar a camuflar o facto de
que nenhuma teoria pode justificar a localizao das indstrias, uma vez que elas
no esto submetidas, seno de uma forma marginal, presso dos custos detransporte? Trs quartos das indstrias sairiam do campo da teoria para depender
dum simples catlogo de factores contraditrios que podem explicar qualquer
comportamento? Estas construes (introduo da incerteza, modelos
probabilsticos) no vm elas esconder um grande vazio terico, encoberto por
uma tcnica sofisticada? Uma alternativa consiste na procura de uma outra lgica
de localizao: voltando hiptese implcita da empresa com uma nica unidade
fabril, tendo em conta o clculo global da empresa que procura no a
maximizao do lucro de cada uma das suas unidades mas uma coerncia global(no espao, no tempo, face s escolhas tecnolgicas...).
3.2 - A LOCALIZAO DA GRANDE EMPRESA
Evidentemente, a escolha da localizao no pode ser sempre analisada
somente atravs da referncia implcita ao clculo maximizador da pequena
empresa, preocupada em minimizar os seus custos de transporte, ligada a um
mercado nico e dotada de uma dada funo de produo. Alm disso, a teoria
das organizaes e a anlise da empresa multinacional so integradas na teoriados comportamentos especficos da grande organizao, enquanto que a teoria
tradicional da localizao v na empresa um agente neutro definido pelo clculo
maximizador e pelas propores de factores. inevitvel suspender estas
simplificaes ao nvel da anlise espacial, do mesmo modo como elas j foram
suspensas em muitos outros domnios da anlise econmica (teoria dos preos,
economia internacional...). Tal comportamento tanto mais necessrio uma vez
que a escolha de uma nova localizao um problema que diz respeito, quase
unicamente, grande empresa: a pequena empresa de unidade fabril nica no sedesloca nunca, excepto quando isso lhe imposto e s o faz em curtas distncias.
Na maioria dos casos, as decises de localizao so um comportamento tpico
de empresas possuidoras de vrias unidades fabris. Quando uma empresa cresce,
ela conhece um certo nmero de mutaes que a tornam potencialmente mvel:
diversificao da sua produo, internamento de servios anteriormente
requisitados ao exterior, adjuno de capacidades produtivas, reorganizao dos
servios (Sant, 1975)3. Cada uma destas mudanas traz, em si mesma, a
possibilidade de um movimento no espao. As formas de mudana e de
3 Citado em Aydalot , 1985, p. 52.
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crescimento das empresas so portanto decisivas para compreender as suas
escolhas espaciais. Por exemplo, nos Pases Baixos a Philips passou de 26
unidades fabris, em 1949, a 81 unidades em 1973 (Fischer, 1994).
Ter o comportamento especfico da grande organizao um impacto
directo sobre as escolhas espaciais? Isto no certo. Cronologicamente, o ter emconsiderao a dimenso da empresa, na anlise das decises espaciais, andou a
par com o desenvolvimento da teoria das organizaes, o que discutvel na
medida em que a pequena empresa considerada pontual e sem contedo real.
Somente a grande empresa teria uma estrutura complexa que interferiria nas suas
decises.
Dito isto, vrias aproximaes ao comportamento da grande empresa
podero ser propostas:
- pela sua estratgia;- pelas suas motivaes especficas;
- pela sua natureza e seus trunfos prprios.
No seguimento de vrios autores, como refere Aydalot (1985, p. 53),
podem distinguir-se trs fases no desenvolvimento da empresa (fase de
organizao, de expanso, de racionalizao) e procurar a aplicao destas trs
lgicas de desenvolvimento nas formas do seu desenvolvimento espacial. Outros
interrogaram-se sobre as motivaes especificas da grande empresa
(maximizao, sobrevivncia, crescimento, interesses prprios dos dirigentes,lgica de uma estrutura organizacional complexa), sobre as modalidades por ela
escolhidas para a resoluo dos conflitos: cada escolha estratgica pode-se
traduzir por sistemas de localizao adaptados ao objectivo pretendido. Pode-se
reflectir sobre os conflitos internos, as relaes de foras no seio da organizao
e os processos internos de resoluo dos conflitos. Outros ainda analisaram a
empresa como uma organizao dedicada produo de sinais, transmisso
de mensagens. Cada carcter considerado determinante ao funcionamento da
empresa pode dar lugar a uma nova interpretao das escolhas espaciais da
empresa.
Na ptica da teoria das organizaes, alguns vem na aco da empresa um
processo de resposta a um stress externo, um processo de aprendizagem.
Considera-se ento implcito que a empresa tenha uma localizao de equilbrio,
que no modificar seno para reagir a uma modificao das condies exteriores
(Rees et al., 1981; North, 1955). O modo como a empresa se adapta s condies
mutveis est ligado aos seus mecanismos internos de organizao. Deve-se
considerar que as estruturas de deciso da empresa definem a estratgia que ela
segue? Ou, pelo contrrio, a ligao organizao-estratgia segue um
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encaminhamento inverso, a definio de uma estratgia primeiramente e a
organizao da empresa no seu seguimento?
A hiptese de uma ligao entre organizao da empresa e decises
espaciais levou vrios autores a analisar com cuidado as modalidades dos
processo de deciso no seio da grande empresa: neste ponto de vista, os trabalhosde Rees et al.(1981) e de Stafford (1974) so instrutivos. Pode-se ser tentado aevidenciar o enriquecimento das potencialidades que a grande dimenso traz
empresa: possibilidade de prever um futuro incerto, de se precaver contra os
riscos de errar, de ultrapassar a submisso s tcnicas e formas de organizao
actuais. Ento, a estratgia da empresa enriquece-se e as decises espaciais so
um elemento de uma poltica de conjunto, que no faz sentido seno como uma
parte de um todo coerente. Assim pensar-se que a dimenso da empresa traz-lhe
liberdades especficas: concepo de tcnicas e de novos produtos, de novasformas de diviso do trabalho, possibilidade de utilizar o espao em seu proveito,
etc. Ao contrrio, a pequena empresa est dependente do meio que a envolve. Ela
determinada pelo meio, inserindo-se nas sua tcnicas, no seu mercado, nos seus
produtos, na sua mo-de-obra. a aptido da grande empresa de se deslocar
parcial ou totalmente sobre grandes distncias que lhe trs uma liberdade da qual
privada a pequena empresa.
3.3 - A DIVISO ESPACIAL DO TRABALHONo passado, as empresas, maioritariamente de pequena dimenso, estavam
restringidas a localizar-se nas proximidades das suas localizaes iniciais. O
conjunto da sua organizao e seu funcionamento era, desde ento, definido pelo
meio envolvente, do qual elas se serviam (tcnicas, mercados e fora de
trabalho...). Com a concentrao de capital e aumento da dimenso das empresas,
estas tornam-se mais mveis e livres de escolher entre as numerosas localizaes.
A diviso espacial do trabalho comea quando a empresa se pode libertar das
injunes do seu meio inicial, passando a escolher a sua localizao em funodas caractersticas que deseja encontrar. No mais o espao que define a
empresa mas a empresa que vai modelar o espao! (Aydalot, 1985, p. 54). Dizer
que o trabalho a varivel que estrutura melhor o espao, dizer que o trabalho
tende a se diferenciar no espao. Se assim , se cada potencial localizao
apreciada atravs de parmetros de quantidade, estrutura e custo de trabalho, a
empresa tende a repartir as suas actividades de modo a implantar em cada espao
a unidade fabril cuja estrutura de emprego corresponde melhor s caractersticas
da fora de trabalho que a se encontram. Posto isto, e para esquematizar os
processos reais, a empresa especializa as suas unidades de forma a diferenciar ao
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mximo a estrutura do emprego, e implantar cada uma delas onde encontrar a
correspondente fora de trabalho disponvel e nas melhores condies. A
tecnologia no mais uma varivel exgena: a sua funo de, entre outras
coisas, permitir empresa adaptar os seus processos tcnicos s caractersticas da
mo-de-obra que ela deseja empregar.Pode-se conceber que as grandes concentraes industriais oferecem uma
concentrao de trabalhadores de todas as qualificaes, sem que haja
especializaes funcionais ou estruturais do trabalho. Mas cada meio envolvente
segrega um custo: o custo de vida dos trabalhadores no o mesmo em todas as
localizaes. Na maioria dos casos, quanto maior for o tamanho da cidade
maiores sero os custos suplementares que ela segrega, os quais devem ser
cobertos pelos trabalhadores que a residem: por um lado porque o grau de
comercializao dos produtos a superior (os numerosos bens e servios devemser adquiridos no mercado enquanto que, noutros locais, so produzidos
gratuitamente pelos residentes); por outro lado porque surgem consumos
suplementares (por exemplo: transportes individuais e colectivos). Porm, os
salrios devem cobrir os custos suportados pelos trabalhadores. Se a relao de
foras existente entre trabalhadores e patres e as lutas sociais podem afastar o
nvel dos salrios do seu nvel terico, determinado a partir dos custos suportados
pelos trabalhadores, simultaneamente existe uma ligao entre o salrio e o
montante dos custos necessrios vida do trabalhador e da sua famlia.O salrio no mais do que o aspecto mais perceptvel ao economista de
entre os factores de diferenciao dos trabalhadores no espao. A empresa no
procura somente a minimizao de um custo salarial, ela deseja igualmente o
desenvolvimento de um modo de relaes sociais que garanta a segurana, a
regularidade e perenidade da sua actividade. -lhe necessrio reagrupar uma
mo-de-obra que aceite as tarefas, as condies de trabalho e os salrios que lhe
so propostos.
Conclui-se que as empresas no tm interesse em se implantarem numa
grande cidade, se o custo de eficcia da produo for elevado. Se uma
infraestrutura complexa, apenas existente nas antigas concentraes urbanas e
industriais, necessria, e se tambm as qualificaes exigem um aparelho de
formao sofisticado concentrado nas grandes cidades, ento o custo de vida
elevado e os salrios superiores da grande cidade sero a contrapartida inevitvel
a uma produo eficaz.
Ao invs, cada vez que os processos tcnicos podem ser suficientemente
mecanizados de forma a permitir o emprego de trabalhadores no qualificados,
os custos sero menores se a empresa procurar uma localizao caracterizada por
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um menor custo de mo-de-obra (trabalhadores com mais baixo nvel de vida).
o caso das operaes de produo e de montagem em srie, que se multiplicaram
desde algumas dezenas de anos. Assim, o sucesso da empresa, ao adaptar as
caractersticas da mo-de-obra local estrutura do emprego nas suas unidades,
est ligado vontade de no pagar seno o custo necessrio ao nvel de vida dosseus trabalhadores.
Pode ir-se mais longe e propor a ideia segundo a qual a empresa escolhe
uma localizao de forma a poder utilizar uma fora de trabalho desvalorizada,
de baixo custo de vida, privilegiando com esse fim as tcnicas que permitem o
emprego de mo-de-obra no qualificada.
Assim, nas suas escolhas, a empresa opta simultaneamente por uma tcnica
e um espao: escolhe a tcnica adaptada fora de trabalho que ela deseja
empregar; e no seguimento escolhe a localizao onde a fora de trabalho estadaptada tcnica que ela entende adoptar. O domnio tecnolgico no tem
sentido seno no seio de um projecto de contedo espacial. Para uma empresa,
possuir a arma tecnolgica, sem a aptido de uma deslocao longnqua, seria
largamente intil. O possuir de uma nova tecnologia no pode dar todos os seus
frutos se a empresa no souber adaptar as sua localizaes aos tipos de mo-de-
obra correspondentes. Correntemente, necessrio empresa mobilizar uma
fora de trabalho barata, o que pode levar a passar por vrios processos, que
consistem todos na transferncia de parte dos custos relativos ao nvel de vida dafora de trabalho:
- Escolher uma fora de trabalho barata: porque a localizao escolhida
permite baixos salrios, ou porque os trabalhadores continuam a ter um nvel de
vida baixo, semelhante ao que tinham nas suas regies de origem (tais como
zonas rurais, ou pases do terceiro mundo);
- Colocando-se numa posio em que no pagam seno uma fraco do
custo total necessrio ao nvel de vida dos trabalhadores (salrio real), quer por a
empresa empregar trabalhadores de contratos a curta durao ou por o Estado
comparticipar em parte esse custo total (subsdio para alojamento, transportes,
servios culturais e sociais).
Nestas condies, os espaos tendem para uma certa homogeneizao: os
empregos qualificados reagrupam-se nas cidades que oferecem um meio
intelectual e tcnico necessrio sua eficcia, enquanto que os empregos no
qualificados localizam-se em zonas perifricas de custo de vida reduzido, mas
onde uma produo padronizada pode ser realizada com uma eficcia satisfatria.
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4 - A OBSERVAO DO COMPORTAMENTO ESPACIALDAS EMPRESAS INDUSTRIAIS
4.1 - OS INQURITOS
Os inquritos so frequentemente utilizados para se conhecer os motivos
que as direces das empresas consideraram para a sua escolha espacial. Face ao
grande nmero de factores concretos de localizao, os inquritos deste tipo
devem permitir a classificao e hierarquizao dos principais factores. A
apresentao das concluses obtidas atravs desses inquritos deve rodear-se de
algumas precaues, pois as respostas dadas pelos responsveis das empresas aos
questionrios que lhes so colocados nem sempre so totalmente verdadeiras,
sendo por vezes evasivas ou imprecisas.
4.1.1-PROBLEMAS DE INTERPRETAO
Em primeiro lugar deve evitar-se qualquer confuso quanto aos elementos
do inqurito. Um factor que foi determinante para uma deciso de encerramento
de uma unidade fabril pode no ter qualquer importncia para a implantao de
uma nova unidade. Por exemplo, uma empresa que feche uma das suas unidades
devido ao estado de degradao atingido pelas instalaes, pode abrir uma outra
e apenas se preocupar com as facilidades de acesso das matrias primas face nova localizao. Os factores que justificam o encerramento de uma determinada
unidade, a sua deslocalizao ou a sua criao, no so necessariamente
idnticos.
Cada factor de localizao tem um campo espacial prprio. Certos factores,
por exemplo o preo do solo ou a facilidade de acesso para camies, variam em
apenas alguns quilmetros ou mesmo centenas de metros, isto , o seu campo de
aco intra-urbano. Para outros factores, por exemplo os salrios, a distncia
que necessrio percorrer para que haja alguma variao pode ser de algumascentenas de quilmetros. H ainda alguns factores, como por exemplo as
regulamentaes aduaneiras, que possuem um campo de aco internacional.
Faa-se notar que possvel escolher um local porque o preo do terreno
bastante baixo mas j no se escolhe uma regio pelo mesmo motivo, isto porque
em todas as regies possvel encontrar terrenos livres e a bons preos.
Agrupar numa classificao nica factores de localizao to diferentes no
faz sentido. Por exemplo (Aydalot, 1985, pp. 50-60), se uma empresa francesa
abrir um novo estabelecimento industrial nos arredores oeste de Santander, ela
ter feito vrias consideraes sucessivas, diferentes e no somveis. Ter
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inicialmente escolhido Espanha porque pretende tirar proveito dos salrios mais
baixos que em Frana ou para ter acesso ao mercado espanhol. Em seguida
escolheu uma regio caracterizada por diferentes parmetros (salrios, formao
da mo-de-obra, etc.) que se adequam s caractersticas pretendidas. Escolheu a
cidade de Santander devido existncia do seu porto de mar. Por fim um terrenovazio existente na zona oeste dos arredores pareceu ser conveniente devido ao
baixo preo do solo, existncia de infraestruturas adequadas indstria, s
facilidades de acesso e proximidade dos domiclios dos seus dirigentes. Vrios
factores intervieram na escolha mas no em simultneo nem com o mesmo peso
na deciso.
Uma outra confuso possvel o facto de existirem diferentes tipos de
indstrias, cada uma com as suas exigncias prprias e que normalmente os
inquritos no conseguem distinguir. No se podem interpretar correctamente osresultados de um inqurito sem j se ter feito uma separao por cada tipo de
indstria presente. Considerar a empresa individual ou a empresa com vrias
unidades fabris de uma forma indiferenciada do ponto de vista da tomada de
deciso na localizao industrial pode tambm conduzir a graves distores. De
facto, enquanto o empresrio individual depende s de si na escolha do local para
instalar a sua unidade fabril, a empresa colectiva possui formas de deciso
integradas num processo mais complexo onde intervm vrios factores.
necessrio tambm saber interpretar o discurso dos dirigentesinterrogados. Os seus propsitos nem sempre reflectem os seus comportamentos
reais. Seja por eles j se no recordarem das verdadeiras razes que os levaram a
tomar opes num passado mais ou menos longnquo, e por isso terem tendncia
a dar respostas banais quando no podem ser suficientemente precisos; seja por
quererem esconder alguns dos verdadeiros factores, por exemplo no admitir que
os salrios baixos so um factor importante, argumentando que o clima social era
favorvel; ou ento no admitir que a distncia a uma casa de fim de semana teve
algum contributo para a escolha, argumentando que a localizao teve o acordo
dos quadros da empresa.
pois necessrio interpretar com clareza as respostas obtidas atravs dos
inquritos efectuados e confront-las com a realidade observada para se colocar
em evidncia, ao lado das respostas directas, as lgicas efectivas dos
comportamentos.
4.1.2-ALGUNS ENSINAMENTOS
Schmenner (1982)4 analisou detalhadamente o processo de expanso das
4 Citado em Aydalot , 1985, p. 60.
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empresas: porqu expandir-se no local actual, deslocalizar-se ou ainda criar numa
nova unidade num outro local? Que caractersticas dever apresentar a nova
unidade? Que factores determinam a escolha de uma nova localizao? Nos
Quadros 1 a 3, esto indicadas algumas das respostas a estas questes.
Quadro 1 - Razes para abrir uma nova fbrica e no ampliar ou deslocalizar as instalaes existente
Razes dadas para a opo de abrir uma nova fbrica e no ampliar ou deslocalizar as instalaesexistentes (amostra de 158 empresas):- espao disponvel insuficiente...........................................................................................................47 %- desejo de no colocar todos os ovos no mesmo cesto....................................................................33 %- desejo de se libertar da mo-de-obra improdutiva da fbrica actu