Livros livres, homens livres

20
Olá pessoal, hoje o Demonstre está trazendo uma lista de 10 poesias sobre livros. Isso porque estão próximos o Dia Nacional do Livro Infantil e o Dia Mundial do Livro, que acontecem – respectivamente – 18 e 23 de abril. Em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato, o dia 18 de abril foi escolhido para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi instituída em 2002. Quanto ao Dia Mundial do Livro, a UNESCO optou por 23 de abril por conta de uma tradição catalã que consistia em dar rosas para quem comprasse livros neste dia. Ambas as datas tem por objetivo a conscientização do prazer proporcionado pela leitura, seu poder de transformar e influenciar vidas. Pensando nisso, o Demonstre selecionou poesias que exaltam tal magnanimidade literária.

Transcript of Livros livres, homens livres

Page 1: Livros livres, homens livres

Olá pessoal, hoje o Demonstre está trazendo uma lista de 10 poesias sobre livros. Issoporque estão próximos o Dia Nacional do Livro Infantil e o Dia Mundial do Livro, queacontecem – respectivamente – 18 e 23 de abril.

Em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato, o dia 18 de abril foi escolhido paracomemorar o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi instituída em 2002. Quanto ao DiaMundial do Livro, a UNESCO optou por 23 de abril por conta de uma tradição catalã queconsistia em dar rosas para quem comprasse livros neste dia.

Ambas as datas tem por objetivo a conscientização do prazer proporcionado pela leitura, seupoder de transformar e influenciar vidas. Pensando nisso, o Demonstre selecionou poesiasque exaltam tal magnanimidade literária.

Page 2: Livros livres, homens livres

1. Poesia sobre livros – Paulo VogtA primeira poesia desta lista é de Paulo Vogt. Estes versos refletem como um livro podetransportar o leitor para mundos diferentes, transmitir conhecimento e cultura e muitomais.

Livros livres, homens livresEu leioReleio

Page 3: Livros livres, homens livres

Aprendo e conheçoFaço uma viagem pelo mundo,

Respiro fundoE sou mais feliz !

Um outro mundo é possível, através dos livros.Há um outro mundo a sua espera.

Conhecimento, Cultura e FelicidadeLhe esperam a partir da primeira página!

Poetas, Professores, Estudantes ou simples TrabalhadoresTodos beneficiados com este Mundo mágico dos Livros!

Ah meu livro!quando te abro,

não quero te fechar!Ah meu livro!

quando te acho,não quero te deixar!

Ah meu livro!quando te leio me encontro,

me completo, não quero descansar!

2. Poesias sobre livros – Pedro MexiaA poesia que se segue é de autoria do poeta português Paulo Mexia. Pó apresenta um eu-lírico marcado por seus livros, revelando a relação do leitor com seus livros.

Page 4: Livros livres, homens livres

PóNas estantes os livros ficam(até se dispersarem ou desfazerem)enquanto tudopassa. O pó acumula-see depois de limpotorna a acumular-seno cimo das lombadas.Quando a cidade está suja(obras, carros, poeiras)o pó é mais negro e por vezesespesso. Os livros ficam,valem mais que tudo,

Page 5: Livros livres, homens livres

mas apesar do amor(amor das coisas mudasque sussurram)e do cuidado domésticofica sempre, em baixo,do lado oposto à lombada,uma pequena marca negrado pó nas páginas.A marca faz parte dos livros.Estão marcados. Nós também.

3. Poesia sobre livros – João Pedro MéssederMais um poeta português na nossa lista. João Pedro Mésseder, em sua poesia Umlivro, retrata as viagens feitas pelo leitor durante suas leituras.

Page 6: Livros livres, homens livres

Um livroLevou-me um livro em viagemnão sei por onde é que andeiCorri o Alasca, o desertoandei com o sultão no Brunei?P’ra falar verdade, não sei

Com um livro cruzei o mar,não sei com quem naveguei.Com marinheiros, corsários,tremendo de febres e medo?P’ra falar verdade não sei.

Um livro levou-me p’ra longenão sei por onde é que andei.Por cidades devastadasno meio da fome e da guerra?P’ra falar verdade não sei.

Um livro levou-me com eleaté ao coração de alguémE aí me enamorei –de uns olhos ou de uns cabelos?P’ra falar verdade não sei.

Um livro num passe de mágicatocou-me com o seu feitiço:Deu-me a paz e deu-me a guerra,mostrou-me as faces do homem– porque um livro é tudo isso.

Page 7: Livros livres, homens livres

Levou-me um livro com elepelo mundo a passearNão me perdi nem me achei– porque um livro é afinal…um pouco da vida, bem sei.

4. Poesia sobre livros – Jorge Luís BorgesJorge Luís Borges, poeta português, também versejou sobre o prazer da leitura em suapoesia Os meus livros. Versejou sobre como o leitor se encontra e se identifica comdeterminados livros.

Page 8: Livros livres, homens livres

Os meus livrosOs meus livros (que não sabem que existo)São uma parte de mim, como este rostoDe têmporas e olhos já cinzentosQue em vão vou procurando nos espelhosE que percorro com a minha mão côncava.Não sem alguma lógica amarguraEntendo que as palavras essenciais,As que me exprimem, estarão nessas folhas

Page 9: Livros livres, homens livres

Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.Mais vale assim. As vozes desses mortosDir-me-ão para sempre.

5. Poesia sobre livros – Rainer Maria Rilke

Page 10: Livros livres, homens livres

O homem que lêEu lia há muito. Desde que esta tardecom o seu ruído de chuva chegou às janelas.Abstraí-me do vento lá fora:o meu livro era difícil.Olhei as suas páginas como rostosque se ensombram pela profunda reflexãoe em redor da minha leitura parava o tempo. —De repente sobre as páginas lançou-se uma luze em vez da tímida confusão de palavrasestava: tarde, tarde… em todas elas.Não olho ainda para fora, mas rasgam-se jáas longas linhas, e as palavras rolamdos seus fios, para onde elas querem.Então sei: sobre os jardinstransbordantes, radiantes, abriram-se os céus;o sol deve ter surgido de novo. —E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:o que está disperso ordena-se em poucos grupos,obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoase estranhamente longe, como se significasse algo mais,ouve-se o pouco que ainda acontece.

E quando agora levantar os olhos deste livro,nada será estranho, tudo grande.Aí fora existe o que vivo dentro de mime aqui e mais além nada tem fronteiras;apenas me entreteço mais ainda com elequando o meu olhar se adapta às coisas

Page 11: Livros livres, homens livres

e à grave simplicidade das multidões, —então a terra cresce acima de si mesma.E parece que abarca todo o céu:a primeira estrela é como a última casa.

6. Poesia sobre livros – Jorge de Sousa BragaA próxima poesia é de mais um poeta português, Jorge de Sousa Braga. Seu poema retrataa conectividade entre as árvores e os livros.

Page 12: Livros livres, homens livres

As árvores e os livrosAs árvores como os livros têm folhase margens lisas ou recortadas,e capas (isto é copas) e capítulosde flores e letras de oiro nas lombadas.E são histórias de reis, histórias de fadas,as mais fantásticas aventuras,que se podem ler nas suas páginas,no pecíolo, no limbo, nas nervuras.As florestas são imensas bibliotecas,e até há florestas especializadas,com faias, bétulas e um letreiroa dizer: «Floresta de zonas temperadas».É evidente que não podes plantarno teu quarto, plátanos ou azinheiras.Para começar a construir uma biblioteca,basta um vaso de sardinheiras.

7. Poesia sobre livros – José Jorge LetriaA poesia de José Jorge Letria explicita o carinho e o cuidado que os amantes literários têmpor seus livros.

Page 13: Livros livres, homens livres

Os livrosApetece chamar-lhes irmãos,tê-los ao colo,afagá-los com as mãos,abri-los de par em par,ver o Pinóquio a rire o D. Quixote a sonhar,e a Alice do outro ladodo espelho a inventarum mundo de assombrosque dá gosto visitar.

Page 14: Livros livres, homens livres

Apetece chamar-lhes irmãose deixar brilhar os olhosnas páginas das suas mãos.

8. Poesia sobre livros – Edith ChaconTheodoro

LerLerLer sempre.

Page 15: Livros livres, homens livres

Ler muito.Ler “quase tudo”.Ler com os olhos, os ouvidos, com o tacto, pelos poros e demais sentidos.Ler com razão e sensibilidade.Ler desejos, o tempo, o som do silêncio e do vento.Ler imagens, paisagens, viagens.Ler verdades e mentiras.Ler o fracasso, o sucesso, o ilegível, o impensável, as entrelinhas.Ler na escola, em casa, no campo, na estrada, em qualquer lugar.Ler a vida e a morte.Saber ser leitor, tendo o direito de saber ler.Ler simplesmente ler.

9. Poesia sobre livros – Eugénio de AndradeA poesia que se segue soa como uma declaração de amor aos livros. É de autoria de Eugéniode Andrade, poeta português.

Page 16: Livros livres, homens livres

Os livrosOs livros. A sua cálida,terna, serena pele. Amorosacompanhia. Dispostos semprea partilhar o soldas suas águas. Tão dóceis,tão calados, tão leais,tão luminosos na suabranca e vegetal e cerradamelancolia. Amadoscomo nenhuns outros companheiros

Page 17: Livros livres, homens livres

da alma. Tão musicaisno fluvial e transbordanteardor de cada dia.

10. Poesia sobre livros – Carlos Drummondde AndradeA poesia Biblioteca Verde de Drummond nos apresenta um jovenzinho ávido por seus livros.Tudo o encanta, desde a aparência do livro até seu conteúdo.

Biblioteca VerdePapai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras Célebres.São só 24 volumes encadernados

Page 18: Livros livres, homens livres

em percalina verde.Meu filho, é livro demais para uma criança.Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.Quando crescer eu compro. Agora não.Papai, me compra agora. É em percalina verde,só 24 volumes. Compra, compra, compra.Fica quieto, menino, eu vou comprar.Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.Me mande urgente sua Bibliotecabem acondicionada, não quero defeito.Se vier com um arranhão recuso, já sabe:quero devolução de meu dinheiro.Está bem, Coronel, ordens são ordens.Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro,fino caixote de alumínio e pinho.Termina o ramal, o burro de cargavai levando tamanho universo.Chega cheirando a papel novo, matade pinheiros toda verde. Souo mais rico menino destas redondezas.(Orgulho, não; inveja de mim mesmo.)Ninguém mais aqui possui a coleçãodas Obras Célebres. Tenho de ler tudo.Antes de ler, que bom passar a mãono som da percalina, esse cristalde fluida transparência: verde, verde.Amanhã começo a ler. Agora não.Agora quero ver figuras. Todas.Templo de Tebas. Osíris, Medusa,Apolo nu, Vênus nua… Nossa

Page 19: Livros livres, homens livres

Senhora, tem disso nos livros?Depressa, as letras. Careço ler tudo.A mãe se queixa: Não dorme este menino.O irmão reclama: Apaga a luz, cretino!Esparmacete cai na cama, queimaa perna, o sono. Olha que eu tomo e rasgoessa Biblioteca antes que pegue fogona casa. Vai dormir, menino, antes que eu percaa paciência e te dê uma sova. Dorme,filhinho meu, tão doido, tão fraquinho.Mas leio, leio. Em filosofiastropeço e caio, cavalgo de novomeu verde livro, em cavalariasme perco, medievo; em contos, poemasme vejo viver. Como te devoro,verde pastagem. Ou antes carruagemde fugir de mim e me trazer de voltaà casa a qualquer hora num fechar de páginas?Tudo que sei é ela que me ensina.O que saberei, o que não saberei nunca,está na Biblioteca em verde murmúriode flauta-percalina eternamente.

Obrigado por ler até aqui!

É inegável o poder dos livros sobre o ser humano. Cultura, conhecimento, entretenimento.Todo (ou quase) conteúdo trazido por eles tem sua utilidade. Não só as palavras despertamo interesse, mas também a beleza da capa, o folhear de páginas e o cheiro do papelpropiciam certa dose de prazer. As poesias listadas refletem toda essa nobreza tão própriada leitura, todo o prazer literário que o leitor vivencia. Por conseguinte, o Demonstre

Page 20: Livros livres, homens livres

incentiva essa prática sem qualquer tipo de contra-indicações.