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Departamento de Letras LIVROS ACADÊMICOS INTRODUTÓRIOS: QUESTÕES DE PROCESSAMENTO DA LEITURA RELATIVAS À INTEGRAÇÃO TEXTO-IMAGEM Aluno: Juliana da Silva Neto Orientador: Erica dos Santos Rodrigues 1. Introdução Serão reportados, neste trabalho, os resultados da pesquisa de Iniciação Científica intitulada “Livros acadêmicos introdutórios: questões de processamento da leitura relativas à integração texto-imagem”, que integra o projeto de pesquisa “ A leitura e a produção escrita numa abordagem psicolinguística: demandas cogniti vas e especificidades de processamento” [1]. A pesquisa é um desdobramento do Projeto de Iniciação Científica “Gêneros científicos e o processamento da leitura por alunos universitários” [2] (projeto com financiamento da FAPERJ - E-26/100.680/ 2010) cujos objetivos foram analisar a organização textual de capítulos de livros acadêmicos de disciplinas introdutórias, buscando identificar diferenças e semelhanças entre áreas distintas de conhecimento no que tange ao gênero textual examinado e avaliar a complexidade sintática dos textos, a partir de um conjunto de métricas léxico- gramaticais. Nesse projeto, foram realizados 3 tipos de análise. Na primeira análise, empregou-se a versão adaptada para o português da ferramenta Coh-Metrix [3], que opera com 34 métricas de legibilidade textual, as quais permitem avaliar a complexidade dos textos segundo vários níveis de análise linguística: léxico, sintático, discursivo e conceitual. A partir dos cálculos dessas métricas, foi possível analisar o grau de legibilidade dos textos. A segunda análise incidiu sobre aspectos referentes à organização textual, à disposição gráfica da informação e as sequências tipológicas mais recorrentes nos gêneros examinados, com o intuito de identificar especificidades de cada área do conhecimento. Na terceira análise, identificaram-se estruturas léxico-sintáticas específicas que são consideradas mais complexas do ponto de vista do processamento cognitivo. Reunindo-se as conclusões do Projeto de Iniciação Científica, percebeu-se que a complexidade de um texto não podia ser caracterizada apenas em termos de suas estruturas linguísticas; era necessário considerar, da mesma forma, como estas dialogavam com recursos visuais utilizados nos textos. Conclui-se, portanto, que era necessário outro estudo, em que se investigasse como se dá a integração entre elementos textuais e visuais nos capítulos analisados. Na presente pesquisa de Iniciação Científica, investigou-se a articulação entre texto e imagem em livros acadêmicos introdutórios, avaliando-se as demandas de processamento trazidas pelos elementos verbais e visuais. Para tanto, a pesquisa teve duas etapas. A primeira consistiu na ampliação do corpus do Projeto de Iniciação Científica referido acima, procedendo-se às mesmas análises no que se refere ao exame de estruturas léxico-sintáticas. Acrescentou-se a esta etapa o exame dos gêneros visuais presentes nos textos selecionados. A segunda etapa consistiu na análise de gênero visual específico gráfico , dada a frequência com que aparecem nos textos do corpus, e na aplicação de um experimento com esse gênero visual com vistas a avaliar integração entre informação linguística e visual. O presente relatório está organizado da seguinte maneira: primeiramente, descrevem-se os objetivos desta pesquisa de IC; depois, apresenta-se uma breve resenha da literatura referente à multimodalidade dos gêneros científicos, à integração entre informação linguística

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Departamento de Letras

LIVROS ACADÊMICOS INTRODUTÓRIOS: QUESTÕES DE PROCESSAMENTO

DA LEITURA RELATIVAS À INTEGRAÇÃO TEXTO-IMAGEM

Aluno: Juliana da Silva Neto

Orientador: Erica dos Santos Rodrigues

1. Introdução

Serão reportados, neste trabalho, os resultados da pesquisa de Iniciação Científica

intitulada “Livros acadêmicos introdutórios: questões de processamento da leitura relativas à

integração texto-imagem”, que integra o projeto de pesquisa “A leitura e a produção escrita

numa abordagem psicolinguística: demandas cognitivas e especificidades de processamento”

[1].

A pesquisa é um desdobramento do Projeto de Iniciação Científica “Gêneros científicos

e o processamento da leitura por alunos universitários” [2] (projeto com financiamento da

FAPERJ - E-26/100.680/ 2010) cujos objetivos foram analisar a organização textual de

capítulos de livros acadêmicos de disciplinas introdutórias, buscando identificar diferenças e

semelhanças entre áreas distintas de conhecimento no que tange ao gênero textual examinado

e avaliar a complexidade sintática dos textos, a partir de um conjunto de métricas léxico-

gramaticais.

Nesse projeto, foram realizados 3 tipos de análise. Na primeira análise, empregou-se a

versão adaptada para o português da ferramenta Coh-Metrix [3], que opera com 34 métricas

de legibilidade textual, as quais permitem avaliar a complexidade dos textos segundo vários

níveis de análise linguística: léxico, sintático, discursivo e conceitual. A partir dos cálculos

dessas métricas, foi possível analisar o grau de legibilidade dos textos. A segunda análise

incidiu sobre aspectos referentes à organização textual, à disposição gráfica da informação e

as sequências tipológicas mais recorrentes nos gêneros examinados, com o intuito de

identificar especificidades de cada área do conhecimento. Na terceira análise, identificaram-se

estruturas léxico-sintáticas específicas que são consideradas mais complexas do ponto de vista

do processamento cognitivo.

Reunindo-se as conclusões do Projeto de Iniciação Científica, percebeu-se que a

complexidade de um texto não podia ser caracterizada apenas em termos de suas estruturas

linguísticas; era necessário considerar, da mesma forma, como estas dialogavam com recursos

visuais utilizados nos textos. Conclui-se, portanto, que era necessário outro estudo, em que se

investigasse como se dá a integração entre elementos textuais e visuais nos capítulos

analisados.

Na presente pesquisa de Iniciação Científica, investigou-se a articulação entre texto e

imagem em livros acadêmicos introdutórios, avaliando-se as demandas de processamento

trazidas pelos elementos verbais e visuais. Para tanto, a pesquisa teve duas etapas. A primeira

consistiu na ampliação do corpus do Projeto de Iniciação Científica referido acima,

procedendo-se às mesmas análises no que se refere ao exame de estruturas léxico-sintáticas.

Acrescentou-se a esta etapa o exame dos gêneros visuais presentes nos textos selecionados. A

segunda etapa consistiu na análise de gênero visual específico – gráfico –, dada a frequência

com que aparecem nos textos do corpus, e na aplicação de um experimento com esse gênero

visual com vistas a avaliar integração entre informação linguística e visual.

O presente relatório está organizado da seguinte maneira: primeiramente, descrevem-se

os objetivos desta pesquisa de IC; depois, apresenta-se uma breve resenha da literatura

referente à multimodalidade dos gêneros científicos, à integração entre informação linguística

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e visual e ao processamento de gráficos. Em seguida, apresentam-se as duas etapas da

pesquisa, com especificação de metodologia e resultados obtidos referentes a cada etapa. Na

última seção, faz-se uma avaliação global do trabalho com indicação de contribuição e

possíveis desdobramentos da pesquisa.

2. Objetivos

A presente pesquisa de Iniciação Científica teve os seguintes objetivos específicos: (1)

identificar gêneros visuais multimodais que mais aparecem em livros acadêmicos de caráter

introdutório, e (2) caracterizar potenciais demandas de processamento dos gêneros visuais

identificados em (1). A pesquisa também teve um objetivo mais abrangente, que foi investigar

fatores que atuam no processo de integração texto-imagem na leitura de textos científicos,

com vistas a prover subsídios para análise de possíveis dificuldades envolvidas na

compreensão desse tipo de texto.

3. Resenha da literatura

3.1 Textos científicos como gêneros multimodais

Alguns textos sobre gêneros científicos, consultados no decurso desta pesquisa, adotam

o referencial teórico da semiótica social, teoria que tem como pressuposto a asserção de que a

linguagem assume características em função de seu uso social e que, portanto, os modos de

comunicação não têm significado em si mesmos, mas na produção de sentidos por enunciador

e enunciatário, que sempre estão inseridos em determinada cultura e em determinadas práticas

sociais [4]. Nos textos em que se adota essa teoria, admite-se que o pensamento humano e a

comunicação são multimodais e que, por isso, os gêneros científicos empregariam recursos de

variados sistemas semióticos para produzirem sentido. Dessa forma, esses gêneros são

considerados multimodais, conforme esse referencial teórico.

Uma característica muito importante que foi adquirida com a utilização da linguagem ao

longo dos séculos, e que contribuiu para a multimodalidade dos gêneros científicos, foi a

especialização funcional dos modos de comunicação. Essa especialização resultou no que

hoje acontece com esses modos: alguns deles servem bem a determinados propósitos

comunicativos e não a outros. Essa condição explicaria, de acordo com os textos examinados,

o fato de imagens, em função de suas propriedades topológicas, serem mais adequadas para

representar, por exemplo, relações de proximidade, de tamanho e forma em comparação com

a linguagem, que tem propriedades essencialmente tipológicas. Dessa forma, explica-se o fato

de a comunidade científica recorrer, com muita frequência, a gêneros visuais que têm

propriedades topológicas, como diagramas, gráficos, tabelas, expressões algébricas etc.

A literatura dessa área também converge para a ideia de que os conceitos científicos não

são verbais, mas híbridos semioticamente. Portanto, não se pode construir sentido, nos textos

científicos, empregando-se apenas a linguagem verbal (ou apenas a linguagem visual). Os

diferentes modos comunicativos empregados nesse tipo de gênero contribuem, de

determinada forma, para a produção de sentidos. Além disso, a combinação de modos

distintos de comunicação (verbal, gestual, visual) multiplicam, se empregados em conjunto,

os significados que um texto científico pode oferecer [5, 6].

Modos diferentes de comunicação também exigem diferentes caminhos de leitura. Para

extrair o sentido de um texto verbal, é necessário que se leiam palavra por palavra e frase por

frase. Há, assim, um caminho já pré-estabelecido para a leitura dos modos verbais. Para os

modos visuais, no entanto, não há obrigatoriedade em se percorrer esse caminho pré-

estabelecido para se depreender o sentido desse modo. O leitor pode, inclusive, alternar entre

modo verbal e visual para compreender o sentido dos modos visuais [5, 7, 8] .

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Com base no referencial teórico abordado na relação dos textos observados,

consideramos que livros acadêmicos introdutórios de caráter didático, utilizados em

disciplinas iniciais de cursos de graduação, são produções multimodais em que se integram

tanto recursos dos modos de comunicação verbal quanto do visual. Portanto, consideramos

que a leitura dessas produções exige não apenas habilidades linguístico-discursivas, mas

também letramento visual específico, necessário ao processamento/compreensão de

informação visual de tipo particular, que compreende desde aspectos relativos ao que

podemos chamar de editoração do texto (como uso de negritos, itálicos, fontes de tamanhos

diferenciados, indicações de paragrafação, etc.) até representações que constituem gêneros

próprios, como gráficos, tabelas, organogramas etc. É com base nessa exigência que se

investigaram, nesta pesquisa, as características dos gêneros visuais presentes nos capítulos

explorados no que se refere aos tipos mais recorrentes e ao grau de integração com o material

linguístico.

3.2 Questões relativas à integração entre informação linguística e visual

A partir da leitura de textos sobre a integração entre informação de diferentes

modalidades de comunicação, é possível concluir que, para se compreender a comunicação

multimodal, a qual combina informações linguísticas e gráficas, os seres humanos integram

informações provenientes de diferentes modalidades envolvidas nessa comunicação com base

em processos cognitivos inconscientes.

A compreensão de textos multimodais envolve integração das informações de gêneros

textuais e visuais. Num plano conceitual, há representações conceituais comuns aos dois

módulos distintos. Nesse plano, são construídos links co-referenciais entre entidades

conceituais introduzidas pelas várias modalidades participantes do processo de compreensão.

As representações conceituais têm papel fundamental na integração das informações oriundas

das duas modalidades específicas, e é a partir delas será estabelecida a coerência entre as

representações [9].

Com base nessas informações, é possível estabelecer um modelo computacional de

compreensão integrada da linguagem baseado nessas representações conceituais, que têm o

papel de integrar informações das modalidades gráfica e linguística. No módulo linguístico

desse modelo computacional, a compreensão linguística é apresentada como é conhecida

basicamente: processos que transformam representações linguísticas externas em

representações mentais internas. Entretanto, incorpora componentes que, a partir da percepção

visual, permitem o processamento da linguagem e conhecimentos espaciais. Este modelo

computacional também possui um módulo gráfico, em que processos cognitivos transformam

representações visuais externas (gráficos) em representações conceituais e espaciais internas.

Estas informações seriam integradas num plano conceitual. Neste plano de natureza

conceitual é que informação de natureza linguística, ao ser decodificada, daria origem a uma

representação de natureza abstrata, proposicional, de modo semelhante ao que ocorreria no

processamento de gráficos. Assim, por exemplo, sentenças com verbos como “reduzir”,

“decrescer”, “sofrer queda” etc. acionariam um esquema proposicional em que a ideia de

‘decréscimo de valor’ estaria representada juntamente com os argumentos relacionados a essa

ideia (o que decresceu, de quanto, para quanto). Do mesmo modo, um gráfico de linha (linha

descendente) juntamente com as informações dos eixos x e y, depois de decodificado

visualmente, poderia instanciar esse tipo de representação conceitual. Logo, seria num plano

abstrato, independente de modalidade, que a integração de informação linguística e visual

ocorreria.

Foi com base nessas informações sobre integração entre texto e imagem que foi

elaborado um experimento, que será relatado na seção 4.2.

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3.3 O processamento de gráficos

Segundo a literatura sobre processamento de gráficos investigada para essa pesquisa,

existe preferência pelas informações representadas graficamente em detrimento daquelas

representadas em formato não pictórico. Além disso, esta literatura também informa que isso

pode se dar pelo fato de este formato ajudar as pessoas a perceberem e raciocinarem sobre as

informações mais facilmente. [10]

Dentre os autores que desenvolveram trabalhos em que se sistematiza a compreensão

dos gráficos, Pinker é o que se destaca como o que apresentou uma teoria mais elaborada.

Portanto, adota-se o seu modelo de compreensão desse gênero visual nesta pesquisa. Sua

teoria centra-se nos processos psicológicos responsáveis pela decodificação e compreensão de

gráficos, mas também aplica-se à leitura de outros gêneros visuais, como tabelas e diagramas.

De acordo com esse modelo, o processamento pode ser dividido em estágios distintos, durante

os quais são acessadas estruturas que representam a informação gráfica. A seguir,

caracterizam-se esses estágios e os processos cognitivos envolvidos.

A primeira leitura que um indivíduo faz quando está diante de uma cena gráfica é

superficial. É a percepção dos estímulos visuais. Neste estágio de leitura, mecanismos de

codificação bottom-up (do perceptivo para o cognitivo) atuam para traduzir esta leitura inicial

em uma descrição visual. Descrição visual é uma representação mental de um gráfico,

relativamente não refinada, que é formada durante a leitura do mesmo, conforme vários

princípios perceptuais, tais como as leis de organização da Gestalt, que guiam a codificação

visual.

Nesta fase da leitura, a descrição visual será formada com base nesses princípios e será

ativado o processo de reconhecimento, que permite ao leitor reconhecer o gráfico em leitura

como sendo de determinado tipo de gráficos (barras, linhas, pizza etc.). Este processo

permitirá que seja ativado o esquema gráfico adequado para o tipo de gráfico lido. A partir do

momento em que o leitor ativa o esquema gráfico, ele pode começar a tentar extrair do gráfico

as informações que deseja. O esquema gráfico é uma estrutura mental que acompanha

“tarefas mentais” cujo objetivo é extrair informação do gráfico. As tarefas do esquema gráfico

são estas: (1) traduzir a informação encontrada na descrição visual em uma mensagem

conceitual; (2) traduzir o pedido encontrado em uma questão conceitual, em um processo que

acessa as partes relevantes da descrição visual; e (3) reconhecer o tipo de gráfico que está

sendo trabalhado, uma vez que a extração de informação dependerá do tipo de gráfico

(gráficos de linha, de barras etc.).

Dando sequência ao processo, depois que o tipo de gráfico adequado é ativado, inicia-se

um processo de montagem da mensagem conceitual, que é a informação disponível no gráfico

que ainda será extraída pelo leitor. Esse processo permitirá que as informações procuradas

sejam, de fato, extraídas do gráfico. Se as informações necessárias não estiverem na

mensagem conceitual, processos inferenciais e de interrogação atuarão junto a mecanismos

de codificação top-down (do cognitivo para o perceptivo) para extrair a informação

necessária. Resumindo as fases deste modelo de compreensão de Pinker, pode-se dizer que,

primeiramente, reconhece-se o gráfico; em seguida, através de vários processos cognitivos,

busca-se extrair deles informações relevantes [11].

Segundo esta teoria, a prática tem papel fundamental na eficiência da compreensão de

gráficos, porque ler um gráfico desconhecido demanda uma carga mental maior, visto que o

esquema gráfico de um gráfico nunca visto não estaria armazenado na memória de longo-

prazo. Ainda segundo a teoria desse autor, as pessoas usam um esquema gráfico geral ,

representação mental que agrupa esquemas criados pelos leitores para tipos específicos de

gráficos. Um esquema gráfico é caracterizado por desempenhar as tarefas citadas acima e por

conter informações relativas ao conteúdo pictórico, ao sistema de coordenadas de cada gráfico

e ao material textual de cada tipo de gráfico [10, 11].

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Como explicado acima, neste modelo de compreensão há duas formas de se

depreenderem informações em um gráfico. A primeira é a forma mais simples, através da qual

as informações desejadas pelo leitor são extraídas da mensagem conceitual em função dessas

informações já estarem disponíveis nessa estrutura. Quando as informações desejadas não

estão disponíveis ali, o processo de leitura tem que seguir um caminho mais difícil, que

consiste em extrair a informação desejada usando o processo inferencial ou o processo de

codificação top-down (do cognitivo para o perceptivo). Assim, nesta teoria entende-se que a

dificuldade de se compreender um gráfico ocorre quando o leitor tem de percorrer o segundo

caminho [10, 11].

A teoria de compreensão de gráficos descrita por Pinker insere-se no modelo

computacional de compreensão integrada da linguagem e contribui para o entendimento dos

processos cognitivos envolvidos na leitura de gráficos.

Adiante, detém-se na metodologia e nos resultados das duas etapas dessa pesquisa.

4. Etapas da pesquisa

4.1 Primeira etapa

Como referido acima, esta pesquisa dividiu-se em duas etapas de trabalho. Na primeira,

ampliou-se o corpus da pesquisa anterior. Procedeu-se a uma análise do grau de legibilidade

do material linguístico do corpus através da análise quantitativa de estruturas léxico-

discursivas complexas e da ferramenta computacional Coh-Metrix-Port. Também nessa etapa,

verificaram-se os tipos de gêneros visuais presentes nesses textos e investigaram-se o grau de

integração destes com a informação textual.

Nas seções seguintes, estão detalhados o corpus da pesquisa; a metodologia e os

resultados de cada etapa

4.1.2 Corpus da pesquisa

O corpus selecionado para o projeto de pesquisa anterior, mencionado na introdução,

consistiu no primeiro capítulo de livros de disciplinas introdutórias dos cursos de Letras,

Administração de empresas, Economia e Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio

de Janeiro. No presente estudo, ampliou-se esse corpus, acrescentando-se os capítulos dos

cursos de Teologia, Artes e Design, Psicologia, Geografia, Física, Química e Biologia.

O primeiro capítulo é “Linguagem, língua e linguística” [12]; o segundo, “A

administração e suas perspectivas: delineando o papel da administração” [13]; o terceiro, “Os

dez princípios da economia” [14]; o quarto, “A universalidade do fenômeno jurídico” [15]; o

quinto, “Sinais de esperança para a Teologia” [16]; o sexto, “Comunicação visual” [17]; “A

natureza da Psicologia” [18]; o oitavo, “Ciência morfológica” [19]; o nono, “Medição” [20]; o

décimo, “Química geral” [21], e o último “A organização dos seres vivos” [22]. O critério de

seleção para os textos foi o de serem os das primeiras disciplinas dos referidos cursos e por

introduzirem conceitos básicos das respectivas áreas.

4.1.3 Metodologia

A metodologia seguida nesta etapa da pesquisa é orientada por uma abordagem

psicolinguística da compreensão leitora [23, 24] e envolve a análise de características de

gêneros visuais presentes nos capítulos referidos acima, assim como a análise da

complexidade de estruturas léxico-sintáticas específicas através da identificação e

quantificação das mesmas.

Para investigar a complexidade de estruturas linguísticas específicas, empregou-se a

ferramenta computacional Coh-Metrix Port, citada na introdução. A ferramenta disponibiliza,

dentre as métricas já referidas acima, o Índice Flesch, fórmula que se baseia em aspectos mais

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materiais do texto – como número de palavras em sentenças e número de letras ou sílabas por

palavras. O índice é obtido com as métricas Flesch Reading Ease e Flesch-Kincaid Grade

Level, e permite, como se verá adiante, uma indicação da adequação do texto a nível de

escolaridade.

Junto ao emprego dessa ferramenta computacional, foi feita uma análise manual de

estruturas léxico-sintáticas, à luz de literatura psicolinguística [23], com o objetivo de

verificar qual/quais dos textos apresentariam maior quantidade dessas estruturas linguísticas

que demandam custo de processamento. Para tanto, foram classificadas e quantificadas as

seguintes estruturas: orações relativas, orações intercaladas, orações na voz passiva, orações

reduzidas de gerúndio e negativas. Além dessas, foram quantificadas as retomadas anafóricas

entre orações adjacentes e períodos (ver exemplos de orações no anexo 1).

Quanto à seleção e classificação dessas estruturas, cumpre esclarecer algumas

especificidades. No que tange às orações relativas, foram selecionadas orações relativas

introduzidas pelos pronomes relativos “que”, “cujo”, “o/a qual” e respectivas variações, além

do relativo “onde”. Quanto às orações na voz passiva, foram selecionadas apenas orações na

voz passiva analítica, com ou sem agente, e as reversíveis e irreversíveis. Quanto às negativas,

foram selecionadas apenas as com o advérbio não. As retomadas anafóricas foram

identificadas pelos pronomes demonstrativos e respectivas variações.

Os resultados das análises mencionadas acima serão reportados nas próximas seções.

4.1.4 Resultados da primeira etapa

4.1.4.1 Análise das estruturas linguísticas pela ferramenta Coh-Metrix-Port

Nesta seção, serão reportados os resultados referentes a algumas métricas fornecidas

pela ferramenta Coh-Metrix-Port para o processamento de todos os textos que compõem o

corpus.

Uma análise preliminar dos capítulos na pesquisa anterior apontou a existência de

gêneros textuais principais, denominados, nessa pesquisa, de nucleares, e de textos

secundários, denominados satélites. Todos os textos analisados apresentam, em paralelo com

o texto nuclear, uma série de textos satélites, tais como exercícios, exemplos, legenda das

informações visuais, estudos de caso, resumo do capítulo, glossário, problemas e aplicações,

questionários, leituras adicionais, definições de conceitos tratados no texto nuclear. Decidiu-

se manter essa distinção, pois, na ampliação do corpus, verificou-se a ocorrência de textos

satélites nos novos capítulos incorporados ao conjunto de textos da pesquisa. Por isso, com

exceção dos textos “Linguagem, língua e linguística”, “Comunicação Visual”, “A

universalidade do fenômeno jurídico” e “Ciência Geomorfológica”, que foram submetidos em

apenas um processamento, para todos os outros, foi necessário realizar dois processamentos: o

primeiro apenas com o texto nuclear, e o segundo, apenas com os textos satélites.

Em função de a ferramenta Coh-Metrix-Port apresentar uma limitação quanto ao

número de caracteres dos textos submetidos, os capítulos não foram analisados integralmente

nessa pesquisa. Foi processada apenas uma amostra de cada texto (nuclear e satélite, se fosse

o caso), com cerca de 2.200 caracteres.

No anexo 2, apresenta-se tabela completa com resultados da análise dos textos

principais (nucleares) realizada pelo Coh-Metrix-Port.

A seguir, por questões de espaço, comparamos os textos com base apenas no chamado

índice-Flesch, o qual tem sido adotado como parâmetro relevante na avaliação do grau de

dificuldade de leitura dos textos.

O índice Flesch busca uma correlação entre tamanhos médios de palavras e sentenças e

a facilidade de leitura, sendo possível identificar 5 faixas de dificuldades de leitura para a

Língua Portuguesa, quais sejam:

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textos classificados como muito fáceis (índice entre 75 - 100), que seriam adequados

para leitores comnível de escolaridade até a quarta série do ensino fundamental;

textos fáceis (índice entre 50 - 75), que seriam adequados a alunos com escolaridade até a oitava sériedo ensino fundamental;�

textos difíceis (índice entre 25 - 50), que seriam adequados para alunos cursando o ensino médio ou universitário e;�

textos muitos difíceis (índice entre 0 - 25), que em geral seriam adequados apenas para

áreas acadêmicas específicas

Dos textos examinados, apenas os capítulos de Administração (22.35) pertencem à faixa

de textos muito difíceis. Os demais textos ficaram dentro da faixa dos textos considerados

difíceis (índice entre 25 - 50). O capítulo de Geografia obteve o índice 28.94, valor bastante

próximo ao valor do limite inferior da faixa dos textos considerados difíceis. Em seguida,

ainda no grupo dos difíceis, ficaram os seguintes textos: Linguística (31.14), nuclear de

Teologia (32.37), satélite de Administração (34.74), nuclear de Psicologia (37.67), nuclear de

Biologia (38.41), satélite de Psicologia (38.82); nuclear de Química (38,92), Direito (40.40);

Artes e Design (41.26) e satélite de Teologia (45.81). No grupo dos textos classificados como

fáceis, estão o texto satélite de Biologia (50.54), o nuclear de Economia (57.21), o satélite de

Economia (55.41), o nuclear de Física (57.26), o satélite de Química (67.80) e o satélite de

Física (71.56), sendo o valor deste último bastante próximo ao valor do limite inferior da faixa

dos textos considerados muito fáceis.

É importante observar que o índice Flesch mede apenas a legibilidade com base em

fatores como tamanho de palavras e de sentenças e, nesse sentido, precisa ser analisado em

conjunto com outros fatores, como os indicados na próxima seção.

4.1.4.2 Análise de estruturas léxico-sintáticas complexas

Conforme explicado na seção sobre Metodologia, foi realizada uma análise manual de

estruturas léxico-sintáticas complexas presentes nos capítulos do corpus. Abaixo, apresentam-

se três quadros, sendo o primeiro uma tabela referente à média de estruturas léxico sintáticas

complexas em relação ao total de períodos de todos os textos analisados, o segundo um

gráfico referente a essa mesma média, mas só em relação aos textos nucleares, e o terceiro

uma tabela com um ranking dos textos conforme o grau de complexidade estabelecido com

base nas estruturas examinadas.

Na tabela a seguir, apresenta-se, para cada capítulo, a média das estruturas analisadas

em relação ao total de períodos do texto.

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Departamento de Letras

Red.

Gerúndio

Passivas

Analíticas

Intercaladas Negativas Relativas Ret.

Anafóricas

Letras 0,12 0,28 0,08 0,26 0,62 0,25

Teologia

(nuclear)

0,06 0,06 0,00 0,10 0,16 0,13

Teologia (nuclear

e satélite)

0,06 0,06 0,01 0,11 0,20 0,14

Artes e Design 0,13 0,28 0,03 0,28 0,64 0,18

Psicologia

(nuclear)

0,09 0,30 0,00 0,10 0,28 0,21

Psicologia

(nuclear e

satélite)

0,09 0,33 0,01 0,10 0,28 0,19

Direito 0,23 0,16 0,08 0,30 0,47 0,26

Economia

(nuclear)

0,06 0,08 0,03 0,14 0,30 0,24

Economia

(nuclear e

satélite)

0,06 0,09 0,03 0,13 0,30 0,23

Administração

(nuclear)

0,06 0,10 0,08 0,12 0,39 0,33

Administração

(nuclear e

satélite)

0,07 0,10 0,05 0,10 0,32 0,19

Geografia 0,28 0,33 0,00 0,09 0,47 0,27

Química

(nuclear)

0,04 0,15 0,02 0,08 0,24 0,16

Química (nuclear

e satélite)

0,03 0,06 0,00 0,01 0,05 0,06

Física (nuclear) 0,03 0,39 0,02 0,12 0,34 0,26

Física (nuclear e

satélite)

0,07 0,23 0,01 0,06 0,20 0,18

Biologia

(nuclear)

0,04 0,18 0,07 0,21 0,32 0,26

Biologia (nuclear

e satélite)

0,05 0,17 0,06 0,19 0,32 0,23

Tabela 2 - Resultados relativos à média de tipos de sentenças e retomadas anafóricas de todos

os textos – média em relação ao total de períodos do capítulo

Nesta tabela, sobressaem-se os resultados do texto de Direito, porque recebeu as

maiores médias em relação a todos os outros textos. O contrário ocorreu com texto de

Química (nuclear e satélite), que recebeu as menores médias. Ressalta-se também a baixa

ocorrência de intercaladas em todos os textos, tendo alguns recebido média zero, a saber:

Teologia (nuclear), Psicologia (nuclear), Geografia e Química (nuclear e satélite).

Foi a partir da Tabela 2 que foram elaborados o gráfico e o ranking apresentados

adiante.

No gráfico a seguir, apresenta-se, para o texto nuclear de cada capítulo, a média das

estruturas analisadas em relação ao total de períodos.

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Gráfico 1: Tipos de sentenças e retomadas anafóricas – média em relação ao total de

períodos do capítulo

Neste gráfico, destacam-se os resultados dos capítulos de Artes e Design, Letras, Direito

e Geografia, para os quais as médias de relativas são as maiores, a saber: 0,64, 0,62, 0,47 e

0,47, respectivamente. Ressaltam-se também a alta ocorrência de passivas analíticas nos

capítulos de Física e Geografia (médias 0, 39 e 0,33, respectivamente) e de retomadas

anafóricas nos textos de Administração e Geografia (médias 0,33 e 0,27, respectivamente).

Com o fim de classificar quais dos textos nucleares dos capítulos apresentavam maior

complexidade sintática, foi feita uma análise em que se estabeleceu uma escala de

complexidade em que o número 1 corresponde ao texto mais complexo e o número 18, ao

menos complexo. Na tabela abaixo, os textos foram classificados de 1 a 18 com base na

média de orações reduzidas de gerúndio, orações passivas, intercaladas, negativas, relativas e

retomadas anafóricas. Os valores referentes a esses parâmetros foram somados e divididos

pelo número de parâmetros. Esse é um cálculo preliminar, no qual todos os índices têm o

mesmo peso.

Textos nucleares Red. gerúndio Passivas A. Intercaladas Negativas Relativas Ret. Anaf. Soma Div. p/ Parâmetros Class. Final

Letras 4 5 3 3 2 6 23 3,833333333 2

Teologia 6 11 11 8 11 11 58 9,666666667 11

Artes e Design 3 4 6 2 1 9 25 4,166666667 3

Psicologia 5 3 10 9 9 8 44 7,333333333 9

Direito 2 7 1 1 3 5 19 3,166666667 1

Economia 8 10 5 5 8 7 43 7,166666667 8

Administração 7 9 2 6 5 1 30 5 5

Geografia 1 2 9 10 4 2 28 4,666666667 4

Química 9 8 7 11 10 10 55 9,166666667 10

Física 11 1 8 7 6 3 36 6 7

Biologia 10 6 4 4 7 4 35 5,833333333 6

Tabela 3: Ranking dos capítulos (textos nucleares) segundo grau de complexidade (1= mais

complexo; 18= menos complexo)

Como se pode notar, o capítulo de Direito, que, de acordo com o índice Flesch, ficou

classificado como difícil, na análise das estruturas complexas e retomada anafórica é o que

apresenta maior grau de complexidade, seguido pelos capítulos de Letras e Artes e Design. O

capítulo de Administração, que pelo índice Flesch foi classificado como muito difícil, ocupa

no ranking acima a 5ª posição, logo após o capítulo de Geografia. Os capítulos de Biologia,

Física, Economia e Psicologia ocuparam o 6º, 7º, 8º e 9º lugares, respectivamente. Destes,

apenas o texto de Física foi considerado fácil pelo índice Flesch. Os capítulos de Teologia e

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Química foram os que apresentaram menor número de estruturas complexas por período e

foram considerados mais simples, ocupando o décimo primeiro e o décimo lugares,

respectivamente. Embora tenham sido classificados como os menos complexos neste ranking,

foram colocados na faixa dos textos difíceis, conforme o índice Flesch.

Reportam-se adiante os resultados referentes à análise dos gêneros visuais presentes

nestes capítulos.

4.1.4.3 Análise dos gêneros visuais

Nesta seção, apresentam-se os resultados da análise qualitativa dos gêneros visuais

empregados pelos autores nos capítulos investigados. Na análise do corpus, percebeu-se que a

maior parte dos textos que o compõem são multimodais, isto é, combinam um conjunto de

gêneros visuais e textuais para construir sentidos. Entende-se por gêneros visuais os seguintes

tipos: gráficos de todos os tipos (barra, linha, pizza etc.), fotos, tabelas, desenhos

esquemáticos, desenhos icônicos, diagramas, expressões algébricas e fórmulas químicas.

Desenhos icônicos são, semelhantemente às fotografias, representações que parecem, de certo

modo, com os seus referentes no mundo real. Diferentemente destes, os desenhos

esquemáticos são uma abstração de seu referente e buscam representar, de forma simplificada,

objeto ou processo, real ou imaginário [8]. Na pesquisa, identificaram-se os gêneros visuais

de cada capítulo e o seu grau de integração com o texto verbal.

Por integração entre informação linguística e visual compreende-se, nesta pesquisa, a

referência, no texto verbal, aos gêneros visuais que compõem o capítulo, bem como a

proximidade destes com a parte do texto em que foram referidos. A partir dessa definição, os

capítulos foram classificados de acordo com as seguintes gradações: “muito integrado”,

“integrado”, “pouco integrado” ou “sem integração”. Comentam-se, adiante, os resultados da

análise de cada capítulo em que se empregam linguagem verbal e visual.

Primeiramente, foram identificados os tipos de material visual presentes nos capítulos

de Artes e Design, Psicologia, Economia, Administração, Química, Física e Biologia. No

capítulo de Artes e Design foram empregados os gêneros fotografia, desenho icônico, desenho

esquemático e diagrama; no de Psicologia, desenhos icônicos, gráficos de linha e barra,

diagramas, fotos e tabelas; no de Economia, desenho icônico; no de Administração, tabela e

diagrama; no de Geografia, desenho esquemático e icônico, mapa e tabela (com

predominância de desenho esquemático); no de Química, foto, desenho esquemático e

icônico, tabela, diagrama, expressão algébrica, fórmula química, diagrama; no de Física,

tabela, foto, gráfico de linha, desenho icônico e esquemático e expressão algébrica; por fim,

no de Biologia, foto, desenho icônico e esquemático, mapa. De um modo geral, os gêneros

mais empregados são os seguintes: fotos, gráficos, tabelas e desenhos icônicos e

esquemáticos.

Depois da identificação dos tipos de gêneros visuais, foi feita a classificação dos textos

de acordo com o seu grau de integração. Os textos que podem ser classificados, de acordo

com a gradação apresentada acima, como “muito integrados” são os capítulos das áreas de

Geografia e Física. Em ambos os textos, há referência, no texto verbal, a todas as informações

linguísticas presentes nos capítulos e estas encontram-se logo após às suas respectivas

referências. Uma observação importante quanto ao texto de Física é que, neste, a informação

visual contribui de forma decisiva para entendimento do que se diz em algumas partes do

texto. Ainda com relação ao capítulo de Física, as informações não são apenas referidas no

texto, mas explicadas nele, o que confere um tipo particular de integração dentre os capítulos

analisados.

Quanto ao texto de Psicologia, sua classificação oscila entre o integrado e pouco

integrado. Neste, embora haja referência à maior parte das informações visuais, algumas delas

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não estão aludidas no texto verbal. No que se refere à localização, muitos dos gêneros

encontram-se um pouco distantes da sua referência no texto verbal. Entretanto, as

informações visuais para as quais não há referência no texto estão próximas à parte do texto

em que se aborda o mesmo assunto representado pela informação visual. Nesse caso, a

proximidade entre material verbal e visual (com referentes iguais) confere um certo grau de

integração. Outro texto cuja classificação oscila entre “integrado” e “pouco integrado” é o

capítulo de Química. Neste, há referência, no corpo do texto, a todas as informações visuais

presentes no capítulo. Entretanto, com exceção das tabelas, a grande maioria encontra-se

significativamente distante de sua menção no texto verbal.

A maior parte dos capítulos foi classificada como “pouco integrada”. Estão dentro dessa

classificação os textos das áreas de Artes e Design, Economia e Biologia. No primeiro e

segundo capítulos, embora a informação visual localize-se, em todos os casos, bastante

próxima à parte do texto verbal em que se fala do mesmo assunto que a informação visual

representa, não há referência alguma, no texto, a estas informações visuais. No capítulo de

Biologia, estas informações linguísticas, que fazem referência às visuais, também não estão

presentes no corpo do texto e junta-se a isso o fato de localizarem-se distantes da parte do

texto verbal em que se trata do assunto representado na informação visual.

Apenas o capítulo de Administração foi classificado como “sem integração”. Neste não

há alusão verbal às informações visuais. Além disso, a grande maioria destas está

notavelmente distante da parte do texto verbal em que se aborda o mesmo assunto tratado na

informação visual.

Observa-se que a maior parte dos textos apresenta falhas no que diz respeito à

integração entre gênero verbal e visual. Essas falhas podem levar os leitores desses capítulos a

ter dificuldades ao construir sentido a partir da combinação entre informação linguística e

visual.

Resumindo-se os resultados referentes à análise dos gêneros visuais, pode ser

estabelecido um ranking relativo à integração dos gêneros verbal e visual. Neste ranking, o

capítulo de Física ficaria em primeiro lugar, seguido dos capítulos de Geografia, Química,

Psicologia, Artes e Design, Economia, Biologia e Administração.

4.2 Segunda etapa

4.2.1 Proposta de experimento e metodologia

Na segunda fase, elaborou-se um experimento com gráficos. Esse gênero visual foi

escolhido dada sua recorrência nos capítulos analisados. O objetivo do teste era verificar

como se dá a integração entre informação linguística e visual na leitura de gráficos, mais

especificamente, em que medida informação linguística gera expectativas em relação ao modo

como material visual será apresentado. As variáveis independentes foram relação entre

informação linguística e visual (congruente vs. incongruente) e correção da informação visual

em relação à informação linguística (correta vs. incorreta). O design 2x2 deu origem às

seguintes condições experimentais: (i) informação visual congruente e correta em relação à

frase; (ii) informação visual congruente e incorreta; (iii) informação visual incongruente e

correta; (iv) informação visual incongruente e incorreta. No anexo 3, apresenta-se, para cada

condição, uma frase acompanhada de seu respectivo gráfico.

O experimento foi aplicado, em caráter piloto, a onze alunos do curso de Letras. A

tarefa realizada pelos participantes consistiu na leitura de frases seguida da análise de gráficos

que representavam as informações presentes nas frases. Se os participantes considerassem

satisfatória a correspondência entre o gráfico e a frase, deveriam marcar “sim” na folha de

resposta. Se não considerassem, deveriam marcar “não”.

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Esperava-se que, quando o gráfico apresentasse informação incorreta, mas congruente

com a frase, os participantes considerassem-no correspondente à frase. Quando, ao contrário,

o gráfico apresentasse informação incongruente, mas correta, esperava-se que os participantes

considerassem-no incompatível com a frase.

Expõem-se os resultados do experimento na seção subsequente.

4.2.2 Resultados da segunda etapa

A análise estatística realizada por meio do programa Ezanova revelou efeito principal da

variável congruência (p<0,04) e da variável correção (p<0,001). Em relação à comparação

entre as condições por par, todas foram estatisticamente significativas, com exceção dos pares

[congruente_correto] vs. [incongruente_correto] e [congruente_incorreto] vs.

[incongruente_correto].

Com relação à taxa de acerto, os participantes não tiveram dificuldades com as

condições congruente correto e incongruente incorreto. Nas duas outras condições, acertaram

mais quando a informação visual era incongruente correta do que quando ela era congruente

incorreta. Esses dois últimos resultados sugerem que, quando a informação visual é

incompatível (incongruente) com a informação linguística, os sujeitos buscam outros

elementos no gráfico (por exemplo, verificam os elementos do eixo x) para avaliar se este é

ou não compatível com a informação linguística (ao contrário do esperado). Entretanto,

quando a informação visual é compatível com a informação linguística (congruente), os

participantes parecem hesitar: metade das respostas indica que a informação é correta e

metade que é incorreta, o que sugere que, em alguns casos, a questão da congruência parece

se sobrepor ao fator correção. Em termos de demandas cognitivas, pode-se concluir que,

quando há compatibilidade entre informação visual e informação linguística, a integração é

facilitada e a tarefa realizada com sucesso, o que está em consonância com a hipótese de

compartilhamento de uma representação de natureza conceitual pelas duas modalidades.

5. Avaliação global

A pesquisa teórica nas áreas de multimodalidade de textos científicos forneceu

elementos para a análise dos capítulos selecionados nesta pesquisa. Já a pesquisa teórica sobre

integração entre informação linguística e visual e processamento de gráficos possibilitou a

elaboração do experimento com gráficos, em que se considerava a integração entre

informação linguística e visual.

Os resultados das análises sobre os gêneros visuais permitiu a identificação de gêneros

visuais multimodais que mais aparecem nos livros introdutórios acadêmicos e a falta de

integração entre gêneros visuais e verbais presente na maioria dos capítulos analisados. A

análise do material linguístico permitiu uma comparação dos capítulos quanto a seu grau de

legibilidade. Já o resultado do experimento aplicado dá indicações de fatores que podem gerar

compreensão equivocada do gênero visual gráfico. Esses resultados também dão pistas de

como a informação visual é analisada levando-se em consideração congruência e correção em

relação à informação linguística e como o processo de compreensão do gráfico é facilitado

quando essas informações são congruentes e corretas.

Acredita-se que a presente pesquisa possa vir a contribuir para a melhoria do material

didático empregado em cursos de graduação no que se refere aos fatores relativos à integração

entre texto e imagem e para o desenvolvimento de habilidades de leitura de textos

multimodais, os quais exigem um tipo de letramento visual diferenciado.

Em termos de trabalhos futuros, há vários aspectos que poderiam ser explorados, tais

como o exame do processamento de tipos de gráficos diferentes; a ampliação do estudo

incorporando outros gêneros visuais (tabelas, organogramas); o processamento de tabelas

(gênero visual muito presente nos textos analisados e que compartilha características com

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gêneros verbais e visuais). No que tange à análise de material linguístico, verifica-se a

necessidade de se refinar a análise dos aspectos estruturais que podem afetar a

legibilidade/leiturabilidade de textos.

Referências

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psicolinguística: demandas cognitivas e especificidades de processamento. Projeto de

Pesquisa, Departamento de Letras, PUC-Rio, 2009.

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acadêmicos introdutórios: subsídios para identificação de habilidades de leitura

requeridas para alunos universitários. Anais do VI JEL- Jornada de Estudos da Linguagem

da UERJ, Rio de Janeiro, 2011. p. 205-215.

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Port 1.0. Technical Report NILC-TR-09-05, 13 p. Agosto 2009, São Carlos-SP.

(Ed.). Handbook of psycholinguistics. San Diego: Academic Press, 1994, p. 849-894.

4- ALVES, Esdras Garcia. Um estudo multimodal de textos didáticos sobre o efeito

fotoelétrico. 132 p. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação da Universidade

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11- CAZORLA, Irene Mauricio. A relação entre a habilidade viso-pictórica e o domínio de

conceitos estatísticos na leitura de gráficos. 315 p. Tese de Doutorado - Faculdade de

Educação da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.

12- PETTER, Margarida. Linguagem, língua e linguística. In: FIORIN, José Luiz (org.).

Introdução à linguística I: objetos teóricos. 5ª ed. São Paulo: Contexto, 2006. pp. 11-25.

13- CHIAVENATO, Idalberto. A administração e suas perspectivas: delineando o papel da

administração. In: ______. Introdução à teoria geral da administração. 7ª ed. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2004. pp. 9-25.

14- KRUGMAN, Paul R.; WELLS, Robin. Introdução à economia. In: ______. Os dez

princípios da economia. Rio de Janeiro: Campus, Elsevier, 2007. pp. 3-18.

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15- JUNIOR, T. S. F. Introdução ao Estudo do Direito. In: ______. A universalidade do

fenômeno jurídico. São Paulo: Atlas, 2008. pp. 31-47.

16- LIBANIO, J. Batista; MURAD, Afonso. Sinais de esperança para a teologia. In:

__________. Introdução à Teologia: perfil, enfoque, tarefas. Edições Loyola: São Paulo,

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natureza da Psicologia. Introdução à Psicologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. pp.9-

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19- MARQUES, Jorge Soares. Ciência Morfológica. In: GUERRA, Antônio José Teixeira;

CUNHA, Sandra Baptista da. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos, 7ª ed.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. pp. 23-49.

20- HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Medição. In: _______.

Fundamentos de Física 1: mecânica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,

1996.

21- EBBING, Darrell D. Química geral. In: _______. Química Geral. Rio de Janeiro: LTC

Editora S.A, 1988. pp. 2-37.

22- CURTIS, H. Introdução: o caminho para a teoria da evolução. In: _______. Biologia. Rio

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23- PERFETTI, C. A. Psycholinguistics and reading ability. In: GernsbacheR, M. A. (Ed.).

Handbook of psycholinguistics. San Diego: Academic Press, 1994, p. 849-894.

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on language and literacy, p. 34-40, Spring 2009.

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Anexo 1 Exemplos de orações destacadas na análise de estruturas complexas.

Orações relativas:

“Os juristas sempre cuidam de compreender o direito como um fenômeno universal. Nesse

sentido, são inúmeras as definições que postulam esse alcance.” (Direito)

Intercaladas:

“Os formuladores de políticas públicas se deparam com este tradeoff não importa se

inicialmente inflação e desemprego se encontram em níveis altos (como estavam no início da

década de 1980) ou baixos (como em fins da década de 1990), ou em algum patamar

intermediário.” (Economia)

Passivas:

“A publicação, em 1816, de sua obra sobre o sistema de conjugação do sânscrito, comparado

ao grego, ao latim, ao persa e ao germânico é considerada o marco do surgimento da

Linguística Histórica.” (Linguística)

Negativas:

“O avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si apenas, não

produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre os grupos organizados de

pessoas não permitir uma aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais.”

(Administração)

Gerúndio: “Entretanto, a participação de geólogos nesse campo vem aumentando, existindo forte

estímulo nesse sentido pela valorização crescente que vem sendo atribuída, em seus cursos,

aos estudos ambientais.” (Geografia)

Anáfora: “Começamos a aprender física aprendendo a medir as grandezas que aparecem nas leis da

física. Entre essas grandezas estão o comprimento, o tempo, a massa, a temperatura, a pressão

e a resistência elétrica. Podemos dizer, por exemplo: “Só consigo concluir um trabalho a

tempo quando estou sob pressão”. Em física, palavras como trabalho e pressão têm

significados precisos, que não devemos confundir com seus significados usuais. Na verdade, o

significado científico de trabalho e pressão não tem nada a ver com o significado dessas

palavras na frase acima. Isso pode ser um problema. Nas palavras do físico Robert

Opperheimer, “Muitas vezes o fato de que as palavras da ciência são as mesmas da linguagem

comum pode confundir e, não, esclarecer”. (Física)

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Anexo 2 Tabela com os resultados do Coh-Metrix-Port referentes apenas aos textos nucleares.

Contagens Básicas

Let. Teo. Des. Psi. Dir. Eco. Adm Geo. Qui. Fís. Bio.

1- Índice

Flesch

31.14 32.37 41.26 37.6

7

40.40 57.21 22.36 28.95 38.9

3

57.2

7

38.4

1

2-

Número

de

Palavras

2214.

0

2016.

0

1014.

0

211

6.0

2045 2272.

0

2124.

0

2169.

0

2202

.0

226

9.0

216

4.0

3-

Número

de

Sentenças

85.0 135.0 41.0 119.

0

73 134.0 88.0 92.0 116.

0

117.

0

103.

0

4-

Número

de

Parágrafo

s

31.0 47.0 14.0 34.0 26 40.0 24.0 37.0 28.0 47.0 27.0

5-

Palavras

por

Sentenças

26.05 14.93 24.73 17.7

8

28.01 16.95 24.14 23.58 18.9

8

19.3

9

21.0

1

6-

Sentenças

por

Parágrafo

s

2.74 2.87 2.93 3.5 2.81 3.35 3.67 2.49 4.14 2.49 3.81

7- Sílabas

por

Palavras

de

Conteúdo

3.02 3.16 2.76 2.95 2.80 2.67 3.28 3.10 2.96 2.69 2.91

8-

Incidênci

a de

Verbos

145.8

9

115.0

8

164.6

9

168.

71

144.7

4

174.7

3

127.5

8

144.3

1

139.

87

139.

27

128.

93

9-

Incidênci

a de

Substanti

vos

302.1

7

324.9

0

259.3

7

287.

81

269.4

4

285.2

1

309.3

2

306.1

3

305.

63

307.

18

310.

07

10-

Incidênci

a de

Adjetivos

101.6

3

122.0

2

116.3

7

102.

55

102.6

9

78.34 112.0

5

106.9

6

122.

16

72.7

2

113.

22

11-

Incidênci

a de

Advérbio

s

33.42 41.67 41.42 48.6

8

59.17 40.93 30.60 33.66 30.4

3

36.1

4

44.8

2

12-

Incidênci

a de

Pronomes

57.81 54.07 72.98 63.8

0

60.15 70.86 54.61 55.32 42.6

9

42.7

5

60.5

4

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Departamento de Letras

13-

Incidênci

a de

Palavras

de

Conteúdo

583.1

2

603.6

7

581.8

5

607.

75

576.0

4

579.2

2

579.5

7

591.0

5

598.

09

555.

31

597.

04

14-

Incidênci

a de

Palavras

Funcionai

s

382.5

6

380.4

5

376.7

2

350.

66

373.1

0

385.5

6

391.2

4

384.9

7

371.

48

386.

51

365.

53

Operadores Lógicos

15-

Incidênci

a de

Operador

es

Lógicos

32.07 41.17 27.61 30.7

2

31.78 32.57 66.85 56.71 34.9

7

31.2

9

28.6

5

16-

Incidênci

a de E

25.29 37.70 16.76 21.2

7

25.92 22.01 53.20 41.95 24.5

2

24.2

4

23.1

0

17-

Incidênci

a de OU

4.52 0.50 8.87 5.20 5.38 7.04 11.77 12.91 7.72 3.08 4.15

18-

Incidênci

a de SE

0.90 1.49 0.0 2.36 0 1.76 0.94 0.0 1.81 2.20 0.46

19-

Incidênci

a de

Negações

1.35

1.49

0.99 0.94 0 0.88 0.47 1.38 0.45 1.76 0.92

Frequências

20-

Frequênci

as

2088

83.60

2926

05.38

21697

1.59

255

819.

07

3092

17

2818

48.24

1672

32.43

2455

39.60

1707

13.3

3

228

852.

17

311

086.

46

21-

Mínimo

Frequênci

as

5.0 4.0 7.0 12.0 3 23.0 4.0 3.0

14.0

5.0 3.0

Hiperônimos

22-

Hiperôni

mos de

verbos

0.48

0.3 0.58

0.76

0.37

0.51

0.49

0.59

0.62

0.50

0.40

Pronomes, tipos e token

23-

Incidênci

a de

Pronomes

Pessoais

2.26 2.48 5.92 2.83 4.40 3.96 6.59 3.23 0.0 0.44

2.77

24-

Pronomes

por

Sintagma

s

0.0 0.0 0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

0.0

25-

Type/Tok

en

0.60 0.69 0.65 0.64 0.62 0.55 0.62

0.62 0.61 0.52

0.62

Constituintes

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Departamento de Letras

26-

Incidênci

a de

Sintagma

s

0.0 0.0 0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

27-

Modifica

dores por

Sintagma

s

0.0 0.0 0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

28-

Palavras

antes de

verbos

principais

4.0 4.0 2 6.0 11 0.0 16.0 12.0 14.0 6.0 0.0

Conectivos

29-

Incidênci

a de

Conectivo

s

14.00 12.40 29.58 13.2

0

18.58 14.52 14.59 11.53 13.1

7

14.1

0

14.7

9

30-

Conectivo

s Aditivos

Positivos

4.06 4.46 7.89 2.36 5.38 6.16 2.35 3.23 3.63 4.41 4.16

31-

Conectivo

s Aditivos

Negativos

1.35 0.99 3.94 1.41 2.44 0.88 1.41 1.38 1.36 1.32 1.85

32-

Conectivo

s

Temporai

s

Positivos

3.61 3.47 7.89 4.72 4.89 3.08 3.77 3.23 4.99 3.52 4.16

33-

Conectivo

s

Temporai

s

Negativos

0.0 0.0 0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0

34-

Conectivo

s Causais

Positivos

4.97 5.46 10.85 5.19 6.84 5.28 5.65 4.61 4.09 5.29 5.54

35-

Conectivo

s Causais

Negativos

1.35 0.99 0.99 0.94 0.98 0.88 0.94 0.0 0.91 0.0 0.92

36-

Conectivo

s Lógicos

Positivos

5.42 5.95 13.81 6.60 8.31 7.04 5.18 5.07 4.99 5.73 5.54

37-

Conectivo

s Lógicos

Negativos

2.26 0.99 4.93 1.41 1.95 0.88 1.41 0.92 1.82 1.76 2.31

Ambiguidades

38-

Verbos

5.59 5.16 5.93 5.90 5.31 6.87 4.82 5.81 6.55 6.18 6.90

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39-

Substanti

vos

1.85 1.80 1.79 1.97 2.13 2.13 2.18 2.42 1.71 1.95 2.09

40-

Adjetivos

1.92 2.20 1.77 1.39 2.25 1.44 2.07 2.48 2.01 2.30 2.46

41-

Advérbio

s

0.0 0.0 0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

Correferência

42-

Sobreposi

ção de

argument

os

adjacente

s

0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

43-

Sobreposi

ção de

argument

os

0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

44-

Sobreposi

ção de

radicais

de

palavras

adjacente

s

0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

45-

Sobreposi

ção de

radicais

de

palavras

0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

46-

Sobreposi

ção de

palavras

de

conteúdo

0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

Anáforas

47-

Referênci

a

anafórica

adjacente

0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

48-

Referênci

a

anafórica

0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0.0 0.0

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Anexo 3

Algumas frases e gráficos que integraram o experimento.

Condição 1- informação visual congruente e correta:

“A taxa de inadimplência no comércio aumentou nos últimos seis anos.”

0

5

10

15

20

25

30

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Ta

xa

an

ua

l d

e i

na

dim

ple

nt

es

(%

)

Condição 2- informação visual congruente e incorreta:

“A taxa brasileira de mortalidade infantil sofreu decréscimo nos últimos cinco anos.”

0

5

10

15

20

25

30

2011 2010 2009 2008 2007

Ta

xa

de

mo

rt

ali

da

de

%

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Condição 3- informação visual incongruente e correta:

“A taxa básica de juros recuou nos últimos cinco anos.”

0

5

10

15

20

25

30

2012 2011 2010 2009 2008

Va

lor

es

an

ua

is d

a t

ax

a d

e j

ur

os

(%

)

Condição 4- informação visual incongruente e incorreta:

“O percentual de brasileiros com acesso à internet aumentou nos últimos quatro anos.”

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2008 2009 2010 2011

Pe

rc

en

tu

al

de

br

as

ile

iro

sc

om

ac

es

so

à

in

te

rn

et