Livro-UFBA-2013

98

description

Inovação, empreendedorismo na engenharia

Transcript of Livro-UFBA-2013

  • 1 Edio So Paulo 2014Dlemos Publish Design

    CRDITOS

    PresidenteLo Pinheiro

    Vice-PresidenteCesar Mata Pires Filho

    Diretor Superintendente NordesteElmar Juan Varjo Diretor AdministrativoDilson Paiva Filho

    Reitora Dora Leal Rosa

    Vice-reitor Luiz Rogrio Bastos Leal

    Diretor da Escola PolitcnicaLuis Edmundo Prado de Campos Coordenadora Vanessa Silveira Silva

  • 5Mensagem da OAS

    Mensagem da Universidade Federal da Bahia

    Comparativo entre sistemas de vedaes verticais: parede de concreto x alvenaria estruturalMurilo Arajo Messias Bomfim, Tatiana Bittencourt Dumt

    Modelagem 4D aplicada ao planejamento e controle de obrasDouglas Malheiro de Brito, Emerson de Andrade Marques Ferreira

    Diretrizes para projetos de produo de impermeabilizao para edificaesRodrigo Farias Russ, Jardel Pereira Gonalves

    Perdas por improvisao em obras e sua relao com o planejamento de mdio prazoCamila de Oliveira Veloso, Iamara Rossi Bulhes

    Cobertura em tensoestrutura da Arena Fonte NovaMarcio Jos Serra Paixo, Alberto Borges Vieira Jnior

    Contrapiso autonivelante: diretrizes para execuoHelen Miranda Barbosa dos Santos, Vanessa Silveira Silva

    Uso de indicadores de produtividade em paredes de concreto visando melhorias de desempenhoTlio Rodrigues Torres, Dayana Bastos Costa

    7

    9

    11

    27

    45

    65

    83

    99

    113

    SUMRIOCOMISSO JULGADORAAraken Ribeiro Dias Trindade (OAS)Daniel Veras Ribeiro (UFBA)Elmar Juan Passos Varjo Bomfim (OAS)

    PRODUO EDITORIAL OAS

    CAPAPaulo Vincius Scocuglia Martines

    PROJETO GRFICODlemos Publish Design

    DIREO DE ARTEPriscilla Lemos (Dlemos Publish Design)Marina Garcia de Lemos (Dlemos Publish Design)

    REVISOLuiz M. Leito da Cunha DRT 57.952/SP

    PRODUO GRFICAPriscilla Lemos (Dlemos Publish Design)

    PRODUO GRFICAUniongraph Grfica e Editora Ltda.11 3903.5012 [email protected] / www.uniongraph.com

    IMPRESSO NO BRASIL2014

    DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAO NA PUBLICAO (CIP)

    Inovao, Produtividade e Empreendedorismo na Engenharia Civil: melhores de 2013 / Murilo Arajo Messias Bomfim; Tatiana Bittencourt Dumt; Douglas Malheiro de Brito; Emerson de Andrade Marques Ferreira; Rodrigo Farias Russo; Jardel Pereira Gonalves; Camila de Oliveira Veloso; Iamara Rossi Bulhes; Marcio Jos Serra Paixo; Alberto Borges Vieira Jnior; Helen Miranda Barbosa dos Santos; Vanessa Silveira Silva; Tlio Rodrigues Torres; Dayana Bastos Costa; Alex Dias; Ceclia Robbe; Pedro Henrique do Prado Oliveira; Emerson de Andrade Marques Ferreira; Elana da Silva Pessoa; Dayana Bastos Costa - Bahia, 2014.

    192 p.; 150 cm x 230 cm.

    Inclui bibliografia.

    ISBN: 978-85-99758-14-4

    1. Inovao. 2. Produtividade. 3. Empreendedorismo. 4. Engenharia Civil. I. Universidade Federal da Bahia. II. Escolpa Politcnica. III. OAS. IV. Ttulo.

  • 6 7

    Caro leitor,

    O Prmio OAS/EP-UFBA foi institudo em 2012 com o propsito de incentivar, nos

    futuros engenheiros, a postura empreendedora e a criao de solues inovadoras para os

    desafios da engenharia, propiciando ganhos de produtividade e qualidade e assegurando

    a rentabilidade dos projetos.

    Essa postura se torna cada vez mais necessria na atuao profissional e, seguramente,

    o ser ao longo do tempo, uma vez que os desafios so crescentemente complexos, de

    maior porte e risco.

    Estes desafios so, de fato, oportunidades que devem ser aproveitadas e enfrentadas

    com obstinao, vontade, motivao e, sobretudo, comprometimento e paixo. Tambm

    requerem do engenheiro uma formao ampla e de competncias plurais, que dever ser

    continuamente complementada.

    Este prmio tambm aprofunda a relao da OAS com a universidade, com base na

    convico de que a busca pela evoluo e melhoria constantes se torna muito mais eficaz

    quando universidade e empresa somam esforos.

    Os 10 melhores trabalhos apresentados no prmio compem este livro e materializam

    esta parceria. Autores e seus orientadores compartilham aqui as suas contribuies, que,

    como facilmente constatar o leitor, tm relevncia e aplicabilidade.

    A OAS, empresa regida por valores como Garra, Confiana, Competncia Profissional

    e Orientao para Resultados, e que busca em seus colaboradores este perfil de inovao,

    produtividade e empreendedorismo, entende que o incentivo formao de profissionais

    cada vez mais comprometidos com a busca pela excelncia sua contribuio para a

    profisso e para a sociedade.

    Boa leitura!

    MENSAGEM DA OASUtilizao de resduos da construo na fabricao de blocos de concreto para alvenariaAlex Dias, Ceclia Robbe

    Modelagem 4D aplicada ao planejamento de curto prazo de um pavimento tipoPedro Henrique do Prado Oliveira, Emerson de Andrade Marques Ferreira

    Avaliao do Sistema Last Planner: integrao entre planejamento e produo de obrasElana da Silva Pessoa, Dayana Bastos Costa

    133

    151

    171

  • 8 9

    Durante a cerimnia de formatura do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal

    da Bahia (UFBA), no segundo semestre de 2011, na qual o Presidente da OAS, Lo Pinheiro,

    foi paraninfo da turma, o Diretor da Escola Politcnica, Prof. Luis Edmundo Prado de

    Campos apresentou a proposta para criao de um prmio destinado aos graduandos.

    A ideia consistia no desenvolvimento de trabalhos visando gerar melhorias na rea da

    construo civil, propondo aproximao da Universidade com as empresas.

    A partir disso, todo ano, profissionais da OAS e UFBA elegem os dez melhores Trabalhos

    de Concluso de Curso (TCC), desenvolvidos na temtica de Inovao, Produtividade

    e Empreendedorismo na Engenharia Civil. Os trabalhos so publicados em um livro

    referente ao Prmio e os cinco primeiros colocados recebem uma premiao em dinheiro.

    Acredita-se que essa iniciativa contribui para o desenvolvimento desses novos

    profissionais, proporcionando o envolvimento deles com temais atuais e o crescimento dos

    conhecimentos na rea.

    A Escola Politcnica da Universidade Federal da Bahia (EP-UFBA) agradece o apoio da

    OAS por acreditar e incentivar este processo de integrao entre Empresa e Universidade,

    contribuindo de forma decisiva para a divulgao de boas prticas na rea de Inovao,

    Produtividade e empreendedorismo na Engenharia Civil.

    MENSAGEM DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

  • 10 11

    Resumo

    Nos ltimos anos, a Construo Civil brasileira viveu, e ainda vive, um momento de grande crescimento. Incentivadas por programas habitacionais desenvolvidos pelo governo federal que buscam suprir o dficit de moradia existente, as empreiteiras

    investiram em sistemas construtivos que aumentam a produtividade e reduzem custos e

    prazo de obra. Em meio a este cenrio, destacam-se os sistemas construtivos que utilizam

    como elemento de vedao vertical a parede de concreto e a alvenaria estrutural. Tendo

    isso em vista, o objetivo principal deste trabalho realizar um comparativo entre esses dois

    sistemas construtivos, avaliando as vantagens e desvantagens de ambos e relacionando

    aspectos que influenciam o tempo e os custos de construo. Para tal, foi realizado um

    estudo comparativo a partir de dados levantados em uma empresa de construo civil de

    grande representatividade na cidade de Salvador, que utilizou os dois sistemas de vedao

    vertical em empreendimentos diferentes. Sendo assim, com os parmetros adotados de

    acordo com o projeto base do estudo, o sistema estrutural parede de concreto, em relao

    alvenaria estrutural, apresentou reduo de custos e prazo de execuo da obra, diminuio

    de interferncias e ndices de perdas, e uma maior racionalizao dos processos. A partir

    deste estudo, fazem-se necessrias novas abordagens que otimizem a utilizao de cada

    modelo construtivo, a fim de estabelecer construes mais racionalizadas e com menos

    interferncias entre os seus servios.Palavras-chave parede de concreto; alvenaria estrutural; modelos construtivos.

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS: PAREDE DE

    CONCRETO X ALVENARIA ESTRUTURALMurilo Arajo Messias Bomfim 1

    Tatiana Bittencourt Dumt 2

    1 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected].

  • 12 13

    1 INTRODUO

    De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD de 2008, o dficit

    habitacional no Brasil est estimado em 5,5 milhes de domiclios (FJP, 2011 apud IBGE,

    2009), variando de acordo com a localizao geogrfica. Devido a esse dficit, o governo

    federal vem promovendo aes como o programa Minha Casa, Minha Vida, onde as

    construtoras brasileiras atuam atravs de uma construo civil mais industrializada,

    enxuta e com maior rentabilidade.

    Recentemente, o coordenador do Conselho de Competitividade Setorial da Construo

    Civil (uma das reas estratgicas do Plano Brasil Maior- PBM), ligado Agncia Brasileira

    de Desenvolvimento Industrial-ABDI, Marcos Prates, revelou que a construo civil no

    Brasil est vivendo uma expanso h algum tempo. Isso positivo para a gerao de

    emprego e renda, e para a reduo do dficit habitacional. Entretanto, traz muitos desafios

    no que diz respeito melhoria da produtividade na cadeia de produo (ABDI, 2012).

    Tendo em vista o cenrio que a construo civil brasileira tem vivido nos ltimos

    anos, em que os incentivos do governo federal alavancaram o crescimento de construes

    residenciais para a populao de baixa renda, ao mesmo tempo em que as incorporadoras

    imobilirias buscam tecnologias construtivas que reduzam custos e prazos, torna-se

    importante o estudo dos sistemas de vedaes verticais parede de concreto e alvenaria

    estrutural que, aparentemente, atendem s necessidades empresariais dos construtores e

    demanda de domiclios por parte do governo.

    A parede de concreto, tambm conhecida como parede macia moldada in loco,

    caracterizada por ser uma estrutura monoltica. Quando solicitada, tem capacidade de

    distribuir continuamente os esforos por toda a parede, por no apresentar juntas aparentes

    (LORDSLEEM JNIOR et al. 1998).

    A alvenaria estrutural consiste em um processo construtivo no qual vedao e

    estrutura so executadas ao mesmo tempo. Nesse modelo, no h a necessidade de pilares

    e vigas, ficando a cargo da alvenaria e da laje a funo de suportar os esforos do sistema

    e transferi-los fundao. Esta soluo permite construir desde simples muros e

    residncias at edifcios de diversas alturas, hipermercados e indstrias. (Comunidade da

    Construo, 2013).

    Este trabalho tem por objetivo fazer um estudo de caso com os dois sistemas construtivos

    em questo, analisando dados reais obtidos em campo e concluindo com qual dos sistemas

    resulta em obras mais rentveis e rpidas.

    2 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada para a realizao deste artigo foi dividida em trs partes: (a) e

    (b) anlise comparativa dos dados de duas obras, realizadas por uma mesma empresa,

    que utilizaram tais sistemas construtivos; e (c) anlise final dos resultados obtidos e

    apresentao das consideraes finais sobre o artigo.

    Em (a) foi realizada uma anlise oramentria dos sistemas construtivos parede de

    concreto e alvenaria estrutural atravs de uma planilha eletrnica de parametrizao de

    ambos os sistemas, disponvel no site Comunidade da Construo. Neste momento, so

    analisados os custos globais do empreendimento. Para melhor compreenso do texto, esta

    etapa ser denominada linha de estudo 1. J em (b), foi dado um enfoque anlise das

    composies de custos unitrias dos servios de estrutura at o revestimento de pintura

    interna das duas obras, momento em que se destacam as principais diferenas entre os

    sistemas. Esta etapa ser denominada linha de estudo 2.

    Visto que a linha de estudo 2 baseada em resultados reais de produtividade em

    campo, esta foi utilizada para ratificar, ou no, a confiabilidade dos resultados obtidos

    para um estudo j consolidado na bibliografia atual. importante salientar que,

    neste artigo, partiu-se da premissa de que a produtividade coletada das obras levou em

    conta o efeito de aprendizagem. Como a finalidade aqui realizar um comparativo, e

    muitos dos resultados obtidos so apontados em porcentuais, torna-se vlida a adoo

    desta premissa.

    Como parmetro, adotou-se o projeto da obra de parede de concreto como o projeto

    base que se assemelha obra de alvenaria estrutural para aplicao dos ndices

    colhidos em cada uma delas. A partir desse projeto, foi concebido o empreendimento

    em cada um dos dois sistemas construtivos e, ento, encontraram-se os resultados para o

    comparativo em questo deste artigo.

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

  • 14 15

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    A seguir, so apresentados os resultados das duas linhas de estudo citadas e a anlise

    comparativa das mesmas.

    3.1 Resultados da linha de estudo 1: planilha de parametrizao (Comunidade da Construo)

    Neste momento, foram gerados os dados para o comparativo dos sistemas de vedaes

    verticais, levando-se em conta os custos do oramento global para o objeto de

    estudo. Foram consideradas todas as etapas da obra, e no somente aquelas

    diretamente ligadas elevao da parede. A planilha de parametrizao entre os sistemas

    de vedaes verticais alvenaria estrutural e parede de concreto utilizada neste trabalho

    composta de seis abas; so elas: informaes gerais; dados bsicos de entrada; alvenaria

    estrutural (informaes especficas); parede de concreto (informaes especficas);

    resumo sinttico.

    Na aba informaes gerais so inseridos os dados de construo do empreendimento,

    tipologia da obra e estimativa de prazo mximo de concluso, entre outros. importante

    salientar que nem todas as informaes so preenchidas pelo responsvel do estudo, mas

    apenas algumas delas, tais como: nmero de unidades (224); nmero de unidades por

    pavimento (8); nmero de pavimentos por torre (14); rea construda (21.866 m); rea

    privativa (12.517 m); rea til (21.866 m). Outras clulas so bloqueadas com frmulas

    para clculos da prpria planilha de parametrizao.

    A aba dados bsicos de entrada caracteriza-se pelas informaes bsicas do

    empreendimento, principalmente com relao aos custos das etapas principais. Foram

    lanados os valores comuns das etapas de estrutura para os dois sistemas construtivos,

    alm dos outros subsistemas e frentes de servio da obra. Como o comparativo est sendo

    realizado tomando-se o projeto do empreendimento de parede de concreto como base, os

    custos lanados se baseiam principalmente na planilha oramentria deste.

    Em parede de concreto (informaes especficas) so consideradas as variveis

    especficas do sistema de vedao vertical parede de concreto, para que haja a

    parametrizao dos dados e uma comparao equivalente com o outro sistema em estudo.

    Torna-se imprescindvel destacar que as informaes de custo de aquisio, quantidade de

    utilizaes e depreciao (e, consequentemente, manuteno) das frmas so informadas e

    influenciam diretamente o custo final da obra.

    Da mesma forma que o item anterior, em alvenaria estrutural (informaes

    especficas) foram consideradas as variaes especficas do sistema de vedao vertical

    parede de concreto, tais como os consumos e custos dos principais insumos e o ciclo de

    produo desejado, entre outros.

    A aba resumo sinttico apresenta um resumo final comparativo feito com base nos

    dados lanados nas abas anteriores. Uma viso global da ordem de grandeza dos valores

    de custos (Tabela 1) apresentada.

    ITEM ALVENARIA ESTRUTURAL PAREDE DE CONCRETO

    Implantao / Infraestrutura / Terraplanagem / Fundaes

    R$ 4.967.801,23 19% R$ 4.967.801,23 22%

    Superestrutura - Transio R$ - 0% R$ - 0%

    Superestrutura - Concreto R$ 1.617.102,69 6% R$ 2.715.053,17 12%

    Superestrutura - Ao R$ 58.790,84 0% R$ 1.301.941,11 6%

    Superestrutura - Frmas R$ 297.721,21 1% R$ 449.049,35 2%

    Superestrutura - Blocos Estruturais R$ 1.047.581,72 4% R$ - 0%

    Superestrutura - Pr-fabricados R$ 2.488.038,43 10% R$ - 0%

    Superestrutura - Mo de Obra R$ 1.189.754,82 5% R$ 2.579.692,62 12%

    Alvenaria de Vedao R$ - 0% R$ - 0%

    Revestimentos Externos R$ 538.465,54 2% R$ 151.209,07 1%

    Revestimentos Internos R$ 2.478.830,95 10% R$ 1.795.244,24 8%

    Instalaes R$ 3.403.241,33 13% R$ 3.171.872,49 14%

    Esquadrias R$ 1.200.973,47 5% R$ 1.200.973,47 5%

    Elevadores R$ 572.442,95 2% R$ 572.442,95 3%

    Coberturas R$ 130.390,85 1% R$ 130.390,85 1%

    Impermeab./Isolamentos R$ 64.987,65 0% R$ 64.987,65 0%

    Pisos e Forros R$ 533.900,07 2% R$ 533.900,07 2%

    Vidros R$ 114.961,48 0% R$ 114.961,48 1%

    Despesa Indireta de Canteiro / Equipamentos R$ 5.308.047,38 20% R$ 2.548.225,71 11%

    TOTAL: R$ 26.013.032,59 100% R$ 22.297.745,48 100%

    CUSTO/M DE REA TIL: R$ 1.189,66 R$ 1.019,75

    CUSTO/M DE REA PRIVATIVA: R$ 2.078,30 R$ 1.781,47

    TEMPO DE OBRA: 29,2 meses 13,8 meses

    TABELA 1 Resumo comparativo entre os sistemas (linha de estudo 1)

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

  • 16 17

    3.2 Resultados da linha de estudo 2: composies de custo especficas

    Ao contrrio do item 3.1, foram gerados, posteriormente, os dados para o comparativo de

    custos dos sistemas de vedaes, levando-se em conta somente as atividades que esto

    intimamente ligadas parede. Para tal, partiu-se das composies de custos de servios,

    desde a fase de estrutura at o revestimento interno, colhidas nas duas obras que serviram

    de base para este estudo.

    3.2.1 Parede de concreto

    No caso desse sistema, foram analisadas composies dos seguintes servios: montagem

    de frma (desde a marcao das paredes at o final da sua elevao); armao das

    paredes (vergalho e tela soldada); concretagem das paredes; revestimento interno

    (emassamento e pintura).

    importante salientar que o custo do subitem da composio Frma de alumnio

    para parede de concreto foi obtido levando em conta o custo de aquisio, quantidade

    de utilizaes, depreciao e manuteno das frmas. De acordo com a obra na

    qual a parede de concreto foi executada, a quantidade de utilizaes fornecida pelo

    fabricante da frma foi de 1.500, porm, como o sistema at ento ainda era desconhecido,

    a quantidade considerada para a composio foi de 1.000 utilizaes.

    Ainda segundo as informaes coletadas, esta composio apresentada foi elaborada

    no intervalo entre o final da obra na qual a parede de concreto foi executada e que

    foi utilizada neste estudo e o incio de outro empreendimento com o mesmo sistema

    construtivo. Sendo assim, o custo da composio j leva em conta os custos resultantes da

    manuteno realizada na frma.

    Na sequncia, a partir de informao prvia dos ciclos de produo para cada servio

    fornecida pelas obras, foram dimensionadas as equipes que utilizariam a mo de obra

    prpria da construtora. Esses dados so importantes, pois afetaro significativamente os

    custos finais da obra. Vale ressaltar que no sistema de parede de concreto foi utilizada

    a mo de obra de empreiteiro para a execuo da concretagem das paredes. Logo, esta

    equipe no ser dimensionada, pois no ir interferir nos custos diretos de mo de obra do

    servio; seus custos foram includos por unidade de m no resumo do custo final.

    Em seguida, foi elaborado um planejamento dos servios baseado no modelo do grfico

    de Gantt para se estimar um prazo de execuo das atividades e, consequentemente, gerar

    os custos diretos de mo de obra. A anlise foi realizada para uma torre e, no custo final,

    ampliada obra como um todo. A folga entre o trmino do servio de estrutura e o incio

    do revestimento interno de 21 dias corridos. Este o prazo para a retirada do ltimo

    escoramento da laje, que impede a execuo do servio posterior. Foi considerado que para

    execuo da estrutura de parede de concreto foram utilizados dois jogos de frma, ou seja,

    duas torres sendo executadas de uma vez. Sendo assim, o prazo de 18 semanas encontrado

    no grfico de Gantt para execuo dos servios de 1 torre resulta em um perodo igual

    para a execuo das 2 torres do objeto de estudo. Foram considerados 5 dias para o ciclo

    de concluso do servio de estrutura (frma, armao e concretagem) de 1 pavimento, bem

    como para o servio de revestimento interno (emassamento e pintura).

    Com o planejamento elaborado, foi montado um histograma de consumo de

    mo de obra prpria a cada semana. E, finalmente, elaborou-se uma tabela de resumo

    de custo final de materiais e mo de obra, que servir de base para a discusso dos

    resultados (Tabela 2).

    ITEM CUSTO TOTAL

    MATERIAL R$ 1.972.021,33 100%

    Frma de alumnio para parede de concreto R$ 109.604,63 6%

    Desmoldante R$ 3.706,80 0%

    Finca pino R$ 94,08 0%

    Pino hilti R$ 3.570,38 0%

    Camisinha para gravata R$ 31.046,80 2%

    Ao CA 50 12,5 mm R$ 90.667,29 5%

    Tela soldada comum R$ 119.245,80 6%

    Tela soldada especial R$ 287.043,14 15%

    Arame recozido 18BWG R$ 16.201,90 1%

    Concreto usinado 35Mpa bombevel brita 0 slump 22+-3 R$ 1.049.110,25 53%

    Taxa de bombeamento de concreto por m R$ 106.689,18 5%

    Microfibra de poliestireno R$ 17.070,27 1%

    Espaador plstico R$ 8.128,70 0%

    Massa PVA R$ 37.348,05 2%

    Tinta ltex PVA interior R$ 30.532,71 2%

    Lquido selador R$ 21.250,39 1%

    Lixa para parede R$ 2.391,64 0%

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

  • 18 19

    ITEM (cont.) CUSTO TOTAL

    Massa acrlica R$ 19.896,57 1%

    Tinta ltex acrlica interior R$ 12.316,65 1%

    Lquido selador acrlico R$ 6.106,10 0%

    MO DE OBRA R$ 1.121.737,47 100%

    Carpinteiro R$ 287.588,45 26%

    Armador R$ 184.878,29 16%

    Pintor R$ 308.130,48 27%

    Ajudante prtico de carpinteiro R$ 178.943,92 16%

    Servente de armador R$ 108.188,04 10%

    Servente de pintor R$ 24.041,79 2%

    Lanamento de concreto (Empreiteiro) R$ 29.966,51 3%

    TABELA 2 Resumo final dos custos para execuo da parede de concreto (linha de estudo 2)

    Vale ressaltar que as premissas adotadas na sequncia do estudo seja para a definio

    da durao dos ciclos de produo, a utilizao de mo de obra prpria ou de empreiteiro

    para os servios esto de acordo com as duas obras, tanto a executada com o sistema de

    vedao vertical parede de concreto como a construda com a alvenaria estrutural, que

    serviram de apoio para o embasamento deste trabalho.

    3.2.2 Alvenaria estrutural

    Antes de dar prosseguimento anlise, semelhante realizada no item anterior, necessrio

    esclarecer alguns pontos. Como o objeto de estudo utilizado como base para o comparativo

    foi o da obra executada em parede de concreto, os pontos de grauteamento e a armao

    utilizada na alvenaria estrutural tiveram que ser estipulados. Isso foi feito de acordo com

    a orientao tcnica da obra na qual foi executada a alvenaria estrutural. Sendo assim, os

    pontos de grauteamento vertical foram definidos onde h mudanas de direo e trmino

    das paredes, enquanto o grauteamento horizontal da 6 fiada de blocos foi determinado

    para as paredes de fachada e para as mais solicitadas, e da 13 fiada para todas as paredes.

    Com relao armao, foi considerada a utilizao de uma barra de 10 mm ao longo do

    comprimento dos pontos de graute.

    Dando prosseguimento anlise, da mesma forma que foi realizado com a parede

    de concreto, o estudo da alvenaria estrutural se baseou nas composies de custos dos

    seguintes servios: marcao e elevao de alvenaria; armao das paredes; grauteamento;

    revestimento interno (gesso projetado e pintura).

    Em sequncia, vieram os dimensionamentos de equipes, a elaborao do planejamento

    e o histograma, e, por fim, o resumo dos custos finais para este sistema.

    No planejamento atravs do grfico de Gantt, os servios foram divididos em

    trs grupos: estrutura (marcao de alvenaria, elevao, armao e grauteamento),

    gesso projetado e pintura interna. No h folga entre o trmino da estrutura e a

    execuo do gesso projetado, porm, entre o trmino deste e o incio da pintura

    necessria uma folga de 10 dias para que o gesso esteja apto a receber a pintura.

    importante lembrar que, no caso da alvenaria estrutural, foi considerada uma equipe

    em cada torre, logo, o prazo demonstrado de 32 semanas para execuo dos servios

    analisados vale para as 2 torres do objeto de estudo.

    O ciclo de produo considerado para a estrutura foi de 10 dias por pavimento,

    enquanto para os servios de projeo de gesso e pintura interna foi considerado o ciclo de

    cinco dias por pavimento em cada um.

    Sendo assim, o resumo dos custos para o sistema de alvenaria estrutural pode ser

    observado na Tabela 3.

    ITEM CUSTO TOTAL

    MATERIAL R$ 1.758.857,33 100%

    Bloco de concreto estrutural - Resistncia: 8Mpa R$ 1.011.135,13 57%

    Cimento CP II F32 Portland R$ 53.369,76 3%

    Areia limpa grossa R$ 13.845,36 1%

    Ao corte e dobra R$ 54.455,50 3%

    Arame recozido 18BWG R$ 1.976,92 0%

    Graute Pronto Fgk=10Mpa R$ 129.055,75 7%

    Massa PVA R$ 41.305,16 2%

    Tinta ltex PVA interior R$ 33.767,72 2%

    Lquido selador R$ 23.501,92 1%

    Lixa para parede R$ 2.645,04 0%

    Massa acrlica R$ 22.004,65 1%

    Tinta ltex acrlica interior R$ 13.621,62 1%

    Lquido selador acrlico R$ 6.753,06 0%

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

  • 20 21

    ITEM (cont.) CUSTO TOTAL

    Gesso projetado (Empreiteiro) R$ 351.419,77 20%

    Tinta ltex PVA interior R$ 30.532,71 2%

    Lquido selador R$ 21.250,39 1%

    Lixa para parede R$ 2.391,64 0%

    Massa acrlica R$ 19.896,57 1%

    Tinta ltex acrlica interior R$ 12.316,65 1%

    Lquido selador acrlico R$ 6.106,10 0%

    MO DE OBRA R$ 1.729.979,76 100%

    Pedreiro R$ 493.008,77 28%

    Armador R$ 41.084,07 2%

    Pintor R$ 308.130,48 18%

    Servente de pedreiro R$ 312.543,22 18%

    Servente de armador R$ 24.041,79 1%

    Servente de pintor R$ 24.041,79 1%

    Gesso projetado (Empreiteiro) R$ 527.129,66 30%

    TABELA 3 Resumo final dos custos para execuo da alvenaria estrutural (linha de estudo 2)

    3.3 Anlise comparativa

    Confrontando-se os resultados obtidos atravs da utilizao da planilha de parametrizao

    da Comunidade da Construo (linha de estudo 1) com o uso das composies de custos

    para servios especficos (linha de estudo 2) fornecidas pelas obras estudadas, foram

    obtidos resultados relativamente prximos para o comparativo de custo e prazo dos

    sistemas de vedaes verticais.

    Analisando primeiramente os custos, a planilha de parametrizao gerou um oramento

    de R$ 26.013.032,59 para o sistema de alvenaria estrutural, enquanto a parede de concreto

    resultou em um custo de R$ 22.297.745,48 para o objeto de estudo deste trabalho. Isso

    representa uma variao de, aproximadamente, 14,3%; ou seja, a utilizao da parede

    de concreto reduz este percentual no custo global do empreendimento em relao

    utilizao da alvenaria estrutural. Enquanto isso, a anlise focada nas composies de

    custos especficas de ambos os sistemas gerou valores da ordem de R$ 3.488.837,09 para

    a alvenaria estrutural e de R$ 3.093.758,80 para a parede de concreto, representando uma

    variao de, aproximadamente, 11,32%.

    Entretanto, quando so comparados os prazos resultantes utilizando-se as duas linhas

    de estudo, enquanto a planilha de parametrizao gera um prazo de 29,2 meses para a

    execuo do empreendimento com a alvenaria estrutural, e de 13,8 meses com a parede

    de concreto resultando em uma variao de, aproximadamente, 52,7% , a anlise das

    composies de custos de servios especficos gera um prazo de 8 meses para alvenaria

    estrutural, e de 4,5 meses para parede de concreto resultando em uma variao de,

    aproximadamente, 43,75%.

    Estes valores porcentuais obtidos indicam que a maior parte do ganho em custo e prazo

    do sistema de parede de concreto se d quando todas as etapas do empreendimento so

    analisadas. notvel uma das principais vantagens da parede de concreto em relao

    alvenaria estrutural: a maior velocidade de execuo por conta da eliminao de alguns

    servios. Alm deste sistema estrutural j ser mais rpido na simples elevao crua da

    parede, neste momento a parede de concreto j est pronta para receber os revestimentos

    interno e externo, enquanto a alvenaria estrutural ainda necessita de taliscamento, alm de

    camadas de regularizao da superfcie e do tempo de cura destas, para s depois receber

    o acabamento de pintura.

    Observando-se os resultados, podem ser destacados alguns que merecem ateno. So

    eles: superestrutura (mo de obra); revestimentos interno e externo (material e mo de

    obra); despesas indiretas de canteiro/equipamentos.

    Seguindo a linha de raciocnio j mencionada anteriormente, a vantagem da rapidez de

    execuo resultante do sistema de parede de concreto implica diretamente nas diferenas

    de valores destes itens. No caso da obra estudada que utilizou este sistema construtivo,

    com o cenrio propcio a elevao de duas torres por vez devido quantidade de jogos

    de frma de alumnio adquiridas, o prazo de execuo do servio consegue ser quase 2

    vezes mais rpido que a alvenaria estrutural, levando-se em conta somente os servios

    especficos estudados no item 3.2.

    Por ser a montagem de frma um servio mais simples do que a elevao de alvenaria

    estrutural, possuir etapas de execuo mais bem definidas, possibilitar o efeito aprendizagem

    mais rapidamente, no exigindo alta especializao do operrio, e permitindo que o ajudante

    auxilie o profissional mais do que no caso de outros sistemas construtivos, a velocidade

    de execuo do servio aumenta e os custos com a mo-de-obra se reduzem, tanto pela

    sua especializao como pelo menor tempo necessrio de permanncia da frma na obra.

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

  • 22 23

    Por conta disso, os treinamentos de mo de obra devem ser intensificados, e realizados

    sempre que necessrio.

    Os resultados ainda indicam um custo com mo de obra da estrutura maior para a

    parede de concreto do que para a alvenaria estrutural. Esta representao pode gerar um

    equvoco, haja vista que o custo deste insumo maior para a alvenaria estrutural. Isso pode

    ser justificado pelo fato de a planilha de parametrizao utilizada no item 3.1 estratificar

    os custos de execuo das lajes pr-fabricadas para a alvenaria estrutural com os custos de

    mo de obra da estrutura, quando parte desses pertence a estes.

    Devido ao fato de a frma de alumnio para parede de concreto poder garantir uma

    maior linearidade vedao vertical, por conta do seu sistema de travamento e fixao,

    os gastos com regularizao de superfcies para o acabamento so menores em relao

    alvenaria estrutural, o que justifica a diferena de valores de revestimentos interno e

    externo. Este ltimo ainda tem um peso maior por necessitar de tempo de cura para a

    massa nica, e quando usado para o chapisco, afetando ainda o tempo de aluguel de

    equipamentos, como o balancim.

    Devido ao tempo de execuo da alvenaria estrutural ser consideravelmente maior que

    o da parede de concreto, as despesas de fiscalizao com os cabos de turma, encarregados

    e mestres, por exemplo, tambm aumentam. Este fator, juntamente com um tempo de ciclo

    de produo maior, gera um prazo de obra mais extenso, afetando diretamente as despesas

    indiretas do canteiro, como o tempo de aluguel de equipamentos, alm de exigir uma

    maior logstica e movimentao de materiais, justificando a discrepncia nos resultados de

    despesas indiretas e equipamentos.

    Comparando-se os sistemas, outros itens tambm foram discrepantes, porm ambos

    so naturais de cada um, como, por exemplo, os valores de concreto e ao que, obviamente,

    sero maiores para a parede de concreto, assim como os valores de blocos estruturais sero

    maiores para a alvenaria estrutural.

    O peso dos insumos materiais e mo de obra uma variao que tambm merece

    ser observada. Considerando o comparativo da linha de estudo 2, a parede de concreto

    possui uma diviso de seu custo em 64% para material e 36% para mo de obra, enquanto

    a alvenaria estrutural consiste em 50% para material e 50% para mo de obra.

    Esses dados remetem a um aspecto que constante quando se fala em industrializao

    da construo civil: diminuio do nmero de operrios no campo. Os nmeros

    encontrados demonstram que o sistema de vedao vertical parede de concreto possibilita

    uma diminuio de funcionrios dentro do canteiro, pois possui menos servios em sua

    linha de produo e um menor prazo de execuo. Essa informao importante, pois a

    possibilidade de interferncias dentro do sistema construtivo menor quando se depende

    mais do material do que da mo de obra.

    Sendo assim, com os parmetros adotados neste trabalho, o sistema estrutural parede de

    concreto em relao alvenaria estrutural, em resumo, apresentou as seguintes vantagens:

    reduo de custos; reduo de prazo de execuo de obra; reduo das interferncias;

    reduo dos ndices de perdas; racionalizao do processo.

    Variantes como oscilao de produtividade de mo de obra e erros de execuo no

    foram levados em conta nesse estudo. Tendo isso em vista, torna-se necessrio dizer

    que erros de execuo na parede de concreto tais como abertura de frma durante

    uma concretagem e inverso de posicionamento de placas, com consequentes erros de

    dimenses das paredes podem impactar mais no custo deste sistema do que na alvenaria

    estrutural. Um erro de prumo de uma parede quando executada neste sistema pode ser

    reparado mais facilmente do que na parede de concreto, enquanto uma parede concretada

    com dimenso equivocada representa um erro difcil de ser reparado. Em contrapartida,

    por ser um sistema com processos mais racionalizados, a parede de concreto, quando conta

    com uma mo de obra bem treinada, reduz a ocorrncia destes erros.

    4 CONSIDERAES FINAIS

    No momento em que a construo civil brasileira cresce significativamente, torna-se

    cada vez mais importante a presena efetiva da tecnologia nos processos construtivos,

    que, de certa forma, no acompanharam as inovaes de outros setores das economias

    brasileira e mundial.

    A parede de concreto um sistema construtivo que, atravs de aperfeioamentos

    tecnolgicos, otimizou o processo da construo civil, mas ainda no muito difundido entre

    as empresas nacionais. O objetivo deste trabalho no dizer se a parede de concreto ou a

    alvenaria estrutural o melhor tipo de vedao vertical, mas, sim, realizar um estudo de caso

    de um empreendimento tpico das construes atuais e comparar os seus custos e prazos.

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

  • 24 25

    REFERNCIAS

    AGNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Governo e entidades

    privadas debatem melhorias na construo civil. Assessoria de Comunicao da

    ABDI, 2012. Disponvel em: . Acesso em: 21 de fevereiro de 2013.

    COMUNIDADE DA CONSTRUO. Aplicativo de parametrizao: Parede de

    Concreto, Alvenaria Estrutural e Estrutura Convencional. Disponvel em: . Acesso em: 10 de julho de 2013.

    COMUNIDADE DA CONSTRUO. Sistemas Construtivos Alvenaria Estrutural.

    Disponvel em: . Acesso em: 18 de maro de 2013.

    FUNDAO JOO PINHEIRO, CENTRO DE ESTATSTICA E INFORMAES. Dficit

    habitacional no Brasil 2008. Ministrio das Cidades, Secretaria Nacional de Habitao,

    Braslia, 2011.

    IBGE. CD-ROM Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2008. Rio de Janeiro, 2009.

    LORDSLEEM JUNIOR, A. C.; FONTENELLE, E. C.; BARROS, M. M. B.; SABBATINI, F. H.

    Estgio atual do uso de paredes macias moldadas no local em So Paulo. In: Congresso

    latino americano tecnologia e gesto na produo de edifcios - Solues para o terceiro

    milnio. So Paulo. Anais. So Paulo: Escola Politcnica, Universidade de So Paulo

    Departamento de Engenharia Civil PCC, 1998.

    COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE VEDAES VERTICAIS

    sempre importante mencionar que a concepo do sistema construtivo a ser adotado

    em um empreendimento depende das peculiaridades de cada um, e de um estudo

    de viabilidade.

    A parede de concreto uma tima opo para empreendimentos verticais que

    necessitem de velocidade de execuo. Alm disso, torna-se vivel quando h a pretenso

    de grande nmero de pavimentos e/ou obras repetidas, devido ao alto custo de aquisio

    da frma metlica e da dificuldade de modificao do layout da planta baixa do projeto.

    Geralmente, utilizado em obras destinadas ao pblico de baixa renda e, por isso,

    um importante aliado das construtoras em programas habitacionais do governo federal

    brasileiro. Quando se busca a construo de obras de menor porte, sem grandes repeties

    e com diferentes arranjos, a alvenaria estrutural pode passar a ser a melhor opo.

    A partir desse estudo, fazem-se necessrias novas abordagens que otimizem a utilizao

    de cada modelo construtivo, a fim de estabelecer construes mais racionalizadas e com

    menos interferncias entre os seus servios.

  • 26 27

    Resumo

    Planejamento e controle so atividades essenciais para concluir um projeto dentro das especificaes de qualidade, custo e prazo definidas. Isso reforado ainda mais em tempos de pouca disponibilidade de recursos, instabilidade do mercado e sob influncia

    da incerteza e variabilidade a que cada processo se submete na construo civil. O

    desenvolvimento tecnolgico aparece como um facilitador dessa dinmica medida

    que novas tecnologias como o BIM (Building Information Modeling) so lanadas. A

    Modelagem da Informao da Construo consegue reunir toda a informao necessria

    s diversas fases do ciclo de vida do empreendimento, incluindo o gerenciamento antes

    e durante a construo. Esse trabalho teve como objetivo principal aplicar a modelagem

    4D ao planejamento e controle de um empreendimento em execuo, o que possibilitou

    a simulao do processo construtivo e o acompanhamento do avano fsico. O modelo

    4D proporcionou uma viso temporal e espacial conjunta do projeto, o que elevou,

    consideravelmente, o poder de visualizao, compreenso e interpretao do cronograma

    pelos usurios, reduzindo falhas e problemas potenciais antes que acontecessem, tendo

    possibilitado um melhor acompanhamento e controle. Os resultados obtidos indicam ser

    til o uso da modelagem 4D para planejar e controlar projetos e sugerem a necessidade da

    criao de mais elementos para melhor visualizao dos servios internos do modelo.Palavras-chave BIM; modelagem 4D; planejamento; controle; construo virtual.

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS

    Douglas Malheiro de Brito 1Emerson de Andrade Marques Ferreira 2

    1 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected].

  • 28 29

    1 INTRODUO

    A concepo adequada e o bom gerenciamento de um projeto so condies essenciais para

    a obteno dos resultados desejados em termos de qualidade, custo e prazo. Os processos

    de planejamento tradicionais consistem em cronogramas, diagramas de rede e linhas de

    balano, sendo os primeiros mtodos os mais difundidos.

    Com a complexidade de alguns projetos da construo civil, os cronogramas e diagramas

    de rede encontram fortes limitaes com atividades muito interligadas ou mudanas nos

    caminhos crticos. J a linha de balano encontra dificuldades em atividades no repetitivas

    ou discretas, as quais costumam ocorrer em muitas obras, inviabilizando a produo do

    planejamento de todo o projeto at que essas atividades estejam bem sincronizadas com as

    demais (LIMMER, 1997).

    Um dos grandes problemas que as empresas vm enfrentando ultimamente a

    dificuldade de visualizar corretamente o planejamento de uma obra no espao, gerando

    cronogramas de interpretao abstrata (KOO; FISCHER, 1998). Essa limitao motivou a

    adoo da modelagem 4D, na qual o projeto 3D pode ser associado ao cronograma, gerando

    uma visualizao espacial do planejamento ao longo do tempo de execuo.

    A visualizao de uma obra em 4D apresenta uma viso mais real da sequncia de

    construo, conectando, intimamente, aspectos temporais e espaciais. Alm disso, o

    planejamento com o uso da tecnologia BIM possibilita anlises sobre a melhor forma

    de realizar o empreendimento, simulando opes e as consequncias dessas escolhas em

    todo o ciclo.

    Outro desafio do processo de planejamento e controle a deteco de possveis

    interferncias da produo com o entorno, o prprio canteiro de obras e demais

    atividades do cronograma. Hartmann et al. (2008) afirmam que modelos 4D podem

    melhorar a confiabilidade dos cronogramas definidos antes da execuo, o que permite o

    aperfeioamento do desenvolvimento das atividades no canteiro.

    A visualizao do modelo 4D permite diminuir as diferenas de interpretao do

    cronograma, minimizando problemas de comunicao (KOO; FISCHER, 1998). Esse

    outro item em que a modelagem 4D supera as tcnicas tradicionais. A comunicao entre os

    nveis gerenciais e entre as partes interessadas (stakeholders) mais objetiva e clara quando

    o planejamento apresentado por meio de uma simulao grfica, reduzindo as falhas

    de comunicao causadas por diferentes nveis de conhecimento e pela anlise mental do

    cronograma que o planejamento tradicional exige dos envolvidos.

    O gerenciamento de obras com uso do BIM tambm tem funo importante no perodo

    de execuo do empreendimento, sendo uma ferramenta essencial para controle contnuo

    e replanejamento da proposta inicial quando necessrio. Este trabalho tem como objetivo

    aplicar a modelagem 4D ao planejamento e controle de um empreendimento em execuo,

    acompanhando os avanos da obra e o alinhamento entre o planejado e o executado.

    2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUO

    O planejamento possui diversos conceitos devido sua aplicabilidade em vrias reas.

    Podem-se destacar os conceitos de Ackoff (1976) planejamento algo que fazemos antes

    de agir, isto , a tomada antecipada de deciso e planejamento um processo que se

    destina a produzir um ou mais estados futuros desejados e que no devero ocorrer, a

    menos que alguma coisa seja feita, corroborando a importncia do planejamento como

    condio para se obter o resultado desejado. Alm disso, o planejamento e o controle esto

    inseridos em um mesmo processo de maneira complementar.

    O controle da produo , para Limmer, (1997) conhecer e corrigir os desvios que

    venham a ocorrer em relao ao planejado e, ainda, avaliar a qualidade do que foi

    planejado e programado de maneira contnua. O controle e a anlise de desempenho em

    projetos so necessrios a fim de atingirem os objetivos dentro dos padres definidos. O

    controle a finalizao do ciclo lgico de gerenciamento de um projeto, atravs da aferio

    do executado, comparando-o com o planejado, buscando determinar o avano, detectar

    desvios e definir correes, em uma retroalimentao contnua do processo.

    Mattos (2010) considera ainda que o processo de planejamento e controle tem forte

    impacto no desempenho da produo, j que deficincias nesse processo esto entre as

    causas mais importantes de baixas produtividades, elevados desperdcios e baixa qualidade

    dos produtos gerados. Para ele, o planejamento de uma obra no se resume preparao

    do cronograma inicial, exige tambm o monitoramento do avano das atividades e a

    averiguao do cumprimento do plano.

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 30 31

    3 BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

    A viso do National Intituite of Building Sciences (NIBS) sobre a tecnologia BIM

    (Building Information Modeling) a define como um processo melhorado de planejar,

    projetar, construir, usar e manter uma instalao, nova ou velha, atravs de um modelo

    de informao normalizado que contm toda a informao apropriada, num formato que

    possa ser utilizado durante todo o seu ciclo de vida.

    O BIM, tambm conhecido como Modelagem da Informao da Construo,

    compreende muitas das funes bsicas para modelar todo o ciclo de vida de um projeto,

    fornecendo a base para uma nova forma de projetar e promovendo mudanas nos papis

    e nas relaes entre os envolvidos. Quando adotado corretamente facilita um processo de

    concepo e construo mais integrado, o que gera empreendimentos de maior qualidade

    a custos e duraes menores (EASTMAN et al., 2011).

    A Modelagem da Informao da Construo possibilita, entre outros aspectos, a

    incluso de informaes em projetos em 3D, relacionadas ao calendrio das atividades,

    custos, caractersticas dos materiais e anlise de interferncias no projeto e entre projetos,

    contribuindo para a coordenao e o desenvolvimento integrado de projetos, para um

    melhor planejamento da execuo e do canteiro de obras, e para uma operao e manuteno

    mais eficientes dos empreendimentos aps a sua concluso. Segundo Eastman et al. (2011),

    o BIM mais do que um software ou produto; uma atividade humana que implica uma

    nova forma de projetar, construir e gerenciar.

    3.1. Modelo 4D

    Eastman et al. (2011) conceituam a modelagem 4D como a ligao entre o planejamento

    da construo com objetos 3D do projeto, possibilitando a simulao do processo

    construtivo que mostra como a edificao e o canteiro de obras estariam em qualquer

    ponto do tempo.

    Koo e Fischer (1998) afirmam que os cronogramas tradicionais no fornecem quaisquer

    informaes referentes ao contexto espacial e complexidade dos componentes de

    um projeto, e constituem uma representao abstrata do cronograma, exigindo uma

    interpretao dos usurios que pode ser errnea em funo do grande nmero de

    atividades e precedncias.

    No modelo 4D, os aspectos temporais e espaciais do projeto esto intimamente

    conectados, permitindo aos planejadores a visualizao do processo de construo,

    maior compreenso do cronograma, e deteco de erros e problemas potenciais antes

    da execuo (KOO; FISCHER, 1998). Os principais benefcios do modelo 4D esto em

    seu poder de anlise, integrao e visualizao dos processos, conforme detalhamento

    no Quadro 1.

    Ainda segundo Koo e Fischer (1998), a maioria dos gerentes de obras visualiza o plano

    do processo construtivo atravs das suas cabeas, a partir da prpria experincia de campo,

    e encontra dificuldades em transmitir ou discutir as informaes com colegas menos

    experientes. Com isso, torna-se difcil formar um consenso entre os envolvidos quanto ao

    mtodo ideal de construo, e os problemas que os softwares tradicionais de gerenciamento

    no detectam so deixados sem soluo at o momento da execuo, o que faz com que as

    mudanas no cronograma durante a construo sejam comuns.

    A capacidade de comunicar eficazmente informaes de progresso e discrepncias

    em relao ao planejado considerada estratgica para a gesto de um projeto bem

    sucedido, permitindo a tomada de aes corretivas em tempo hbil. Golparvar-Fard

    et al. (2008) desenvolveram uma tcnica de monitoramento do progresso a partir da

    visualizao do modelo 4D sobreposto a fotografias do avano real. A modelagem 4D

    permite que os envolvidos no projeto e os clientes compreendam as dificuldades

    espaciais, explorem alternativas, sem depender do nvel de conhecimento e experincia

    prvia dos envolvidos.

    O Modelo 4D deve ter a capacidade de importar e mesclar modelos criados em

    diversas ferramentas BIM em uma nica ferramenta. H possibilidade tambm de

    adicionar componentes temporrios ao modelo, como andaimes, reas de escavao e

    de armazenamento e guindastes; entretanto, alguns usurios ainda precisam criar esses

    componentes. O ideal existir uma biblioteca que permita uma adio rpida desses

    componentes. Como o modelo de construo deve refletir o processo de construo,

    estruturas temporrias, como os andaimes, so importantes por que vo influenciar em

    restries espaciais para pessoas e equipamentos, constituindo-se em um instrumento de

    avaliao da construtibilidade do plano (EASTMAN et al., 2011).

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 32 33

    FERRAMENTAS CRONOGRAMAS TRADICIONAIS

    MODELOS 4D

    Visualizao

    Visualizao e interpretao da sequncia planejada

    Fora os usurios a visualizar mentalmente

    Elimina processo de interpretao

    Antecipao de conflitos espao tempo durante a construo

    Dificuldade de detectar apenas com o cronograma

    Identifica potenciais conflitos

    Transmisso do impacto da mudana no cronograma

    Dificuldade de detectar apenas com o cronograma

    Mostra claramente o impacto

    Integrao

    Formalizao de informaes de projeto e construo

    Baseado em um processo de produo fragmentado

    Facilita o compartilhamento de informaes e a integrao

    Promoo da integrao entre os participantes do projeto

    No promove integrao Promove integrao

    Anlise

    Apoio em anlises de custo e produtividade

    Apoio em anlises de custo e produtividade

    Permite facilmente a deteco

    Antecipao de situaes de risco Antecipao de situaes de risco Permite facilmente a deteco

    Alocao de recursos e equipamentos no espao

    Alocao de recursos e equipamentos no espao

    Permite facilmente a alocao

    Simulaes de execuo Simulaes de execuo Permite a gerao de cenrios alternativos

    QUADRO 1 Ferramentas de Utilizao do Modelo 4D (KOO; FISCHER, 1998)

    3.2. Ferramentas de Anlise e Representao

    Em trabalho apresentado por Song et al. (2012), um projeto pode ser acompanhado

    atravs da simulao 4D de vrias formas. Eles sugerem ajustar algumas funes

    da simulao, como alterar a velocidade, pausar e voltar, para auxiliar na anlise.

    Outro mecanismo desenvolvido para acompanhamento consiste na exibio de

    dois esquemas diferentes de simulao simultnea, lado a lado. Essa ferramenta

    permite que o usurio visualize, dentre outras possibilidades, dois mtodos

    de construo ou o planejado contra o executado, escolhendo o mtodo mais

    apropriado ou identificando as discrepncias no cronograma.

    Chang et al. (2009) e Chen et al. (2013) perceberam em suas pesquisas que

    os planejadores selecionam os esquemas de cores dos modelos com base em

    preferncias pessoais. Durante a construo, o controle por meio de modelos

    4D acontece por mudanas de cores para representar o avano no tempo

    e, portanto, os usurios precisam lembrar de todas as cores e seus estados

    correspondentes para entender o processo, o que pode ser muito complicado de

    memorizar, causando erros de interpretao.

    Em seus esquemas de cores, Chang et al. (2009) escolheram cores frias

    para atividades dentro do previsto devido sensao de calma que causam

    na natureza, adequadas para condies de construo estveis e seguras de

    prazo. J as cores quentes representavam atrasos por serem vivas e capazes de

    despertar e estimular o espectador, atraindo a sua ateno para condies crticas,

    como as de atrasos. Ainda em seu trabalho, eles detectaram que cores com

    efeito de transparncia confundem os usurios por se misturarem com cores de

    fundo do modelo.

    Russell et al. (2009) acrescentam que os modelos 4D precisam de mecanismos

    para visualizar o progresso das atividades internas, ou seja, a capacidade de

    enxergar por dentro da estrutura. Esse um tpico que no vem recebendo

    ateno significativa, mas essencial para a visualizao do avano de um

    empreendimento. Um acesso visual restrito s atividades que acontecem no

    interior de uma edificao limitam a usabilidade do modelo 4D. Para combater

    essas dificuldades, alguns mecanismos foram propostos, como ocultar os nveis

    acima dos locais onde esto acontecendo atividades internas para facilitar a

    visualizao, ajustar a transparncia de alguns elementos para que se possa ver o

    interior do edifcio e diferenciar cores para distinguir atividades.

    4 MTODO DE PESQUISA

    O presente trabalho tem carter de estudo de caso por aprofundar-se em

    uma unidade, neste caso, a obra analisada, permitindo sua ampla e detalhada

    investigao. Para a realizao da pesquisa foi selecionada uma obra em Imbassa,

    pertencente ao municpio de Mata de So Joo, no litoral norte da Bahia. Visando

    conhecer o processo de planejamento e controle com uso da modelagem 4D e

    suas particularidades em relao s tcnicas tradicionais, foi realizada uma

    reviso bibliogrfica sobre o tema. O Quadro 2 apresenta a metodologia utilizada

    neste trabalho.

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 34 35

    OBJETIVO GERAL APLICAO DA MODELAGEM 4D AO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS

    Objetivos EspecficosMetodologia

    Atividades Ferramentas Resultados

    Conhecer o processo de planejamento e controle sob a tica BIM

    Reviso Bibliogrfica Livros tcnicos, artigos nacionais e internacionais.

    Perceber as diferenas entre as tcnicas tradicionais e a modelagem 4D

    Realizar simulaes do planejamento e acompanhar o avano fsico com o Modelo 4D

    Reviso do Planejamento Software Microsoft Project Revisar e definir as atividades a serem modeladas no planejamento

    Construo do Modelo 4D Softwares Microsoft Project, Revit e Navisworks

    Representao das atividades planejadas, podendo simular e acompanhar o cronograma

    Avaliar a implantao do modelo 4D

    Avaliar as aplicaes da Modelagem 4D

    Anlise dos resultados obtidos, avaliao qualitativa com os envolvidos

    Identificar as vantagens, limitaes e potencialidades

    QUADRO 2 Metodologia do trabalho

    Para o estudo de caso foram realizadas, inicialmente, uma reviso do planejamento

    do empreendimento e a integrao com o projeto em 3D. Posteriormente, a coleta

    de dados e o acompanhamento do planejamento traado para a obra se deram em

    visitas de campo quinzenais. Tambm foram realizadas reunies com o gerente

    do empreendimento para apresentar e discutir o andamento da obra em relao

    ao planejado, para possveis ajustes, quando necessrio.

    Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados os softwares Revit no

    projeto 3D e o Navisworks para a realizao do modelo 4D, o qual pde ser

    desenvolvido atravs da integrao do modelo 3D com o planejamento elaborado

    no Microsoft Project.

    5 ESTUDO DE CASO: APLICAO DA MODELAGEM 4D AO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS

    Este captulo tem o objetivo de apresentar o desenvolvimento da pesquisa,

    incluindo a caracterizao do empreendimento analisado, informaes dos

    softwares utilizados, as etapas da modelagem 4D e a sua aplicao.

    5.1. Empreendimento

    A escolha do empreendimento se deu em razo de a construtora ter iniciado a

    utilizao da tecnologia BIM em seus projetos e ter demonstrado interesse na

    implantao de um sistema de planejamento e controle atravs da modelagem

    4D para visualizar espacialmente a sequncia construtiva e o plano de ataque,

    alm de acompanhar o avano fsico do projeto e facilitar a comunicao com

    investidores. O empreendimento um condomnio com 6 mdulos residenciais

    de 2 pavimentos, constituindo-se em uma obra horizontal com 64 unidades, a

    qual a empresa planejou executar em 18 meses.

    5.2. Etapas da Modelagem 4D

    O processo para desenvolvimento do modelo 4D, utilizado no estudo de

    caso, seguiu uma sequncia envolvendo as seguintes atividades: reviso do

    planejamento inicial, exportao dos projetos 3D do Revit e a importao deles

    no Navisworks, importao do planejamento redefinido no Microsoft Project

    e a associao das atividades do cronograma com os elementos do projeto no

    Navisworks, conforme esquematizado na Figura 1.

    Inicialmente, na reviso do planejamento, foram selecionadas as atividades

    que seriam representadas no modelo 4D. Em seguida, foram exportados os

    arquivos do projeto 3D do Revit em formato NWC, os quais so menores que

    os arquivos originais, o que ideal em grandes projetos por acelerar o processo,

    j que a utilizao no formato tradicional RVT aumenta, consideravelmente, o

    tempo demandado na abertura e atualizao do modelo.

    J no Navisworks, os arquivos NWC foram importados e salvos no formato

    NWF para utilizao no modelo, bem como o cronograma com as atividades,

    o nvel de detalhamento, as duraes e precedncias definidas. Para a gerao

    do modelo 4D foram vinculadas as atividades do cronograma com os sets

    (conjuntos de elementos do modelo), criados a partir de agrupamentos de

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 36 37

    depsito, almoxarifado, guarita, escritrio, refeitrio e vestirio. Os elementos

    em azul demonstram as atividades que esto acontecendo, na data em questo,

    de acordo com o planejado. Optou-se por no usar efeitos de transparncia para

    no confundir os usurios, e selecionou-se a cor azul para representar as atividades

    planejadas, por pertencer ela escala de cores frias, conforme pesquisado na

    reviso bibliogrfica.

    Ainda nessa figura, h o predomnio de atividades que no ocorrem

    internamente, o que facilita a visualizao, o contrrio de quando esto

    acontecendo muitas atividades internas diferentes na obra, ou em um mesmo

    mdulo. Nessa ltima situao, perceberam-se dificuldades nos usurios para

    diferenci-las no modelo 4D.

    A Figura 3 representa a execuo simultnea dos servios de assentamento de

    cermica interna e de fachada no Mdulo 5, revestimento de argamassa externa

    no Mdulo 6, madeiramento do telhado no Mdulo 1, assentamento de cermica

    interna e pintura externa no Mdulo 4. Pode-se observar a dificuldade encontrada

    para a visualizao eficiente em virtude da utilizao de apenas uma cor para

    representar todas as atividades, especialmente as internas, as quais, muitas vezes,

    so encobertas por outros elementos do modelo.

    FIGURA 2 Simulao da execuo da obra e vista do canteiro

    selees baseados em critrios relacionados s tarefas.

    Visando a automao do processo de associao dos sets com as atividades,

    optou-se por utilizar a mesma nomenclatura para ambos, de modo a possibilitar a

    utilizao de regras de associao de nomes permitidas pelo software.

    FIGURA 1 Etapas do desenvolvimento do modelo 4D

    5.3. Modelo 4D para Anlise do Planejamento

    Uma das utilizaes da modelagem 4D realizadas nesse trabalho foi a visualizao

    da simulao da construo, com sua aplicao ao planejamento da obra. O

    grande diferencial da modelagem 4D em relao s formas mais conhecidas de

    se planejar , justamente, a possibilidade de visualizao da estratgia do plano.

    Diferentemente dos cronogramas tradicionais, os quais indicam, por exemplo,

    em que pavimento e mdulo uma equipe est trabalhando, o modelo 4D fornece

    tambm a dimenso espacial, o deslocamento das equipes e a localizao dentro

    do contexto global, analisando os melhores sequenciamentos que combinem esses

    deslocamentos com o layout do canteiro.

    A Figura 2 apresenta a simulao da execuo da obra em certa data,

    representando as atividades que ocorrem em cada mdulo, os elementos presentes

    do canteiro e sua posio, com os estoques de bloco, ao e tubos, as betoneiras,

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

    Reviso do planejamento

    inicial no Microsoft Project

    Importao doplanejamentono Navisworks

    Associao das atividades do

    cronograma com os componentes

    do projeto

    Exportao dos projetos 3D

    do Revit

    Importao dosProjetos 3D

    no Navisworks

    Modelo 4D para simulao e

    acompanhamentodo avano fsico

  • 38 39

    FIGURA 3 Dificuldades na visualizao de muitas atividades simultaneamente

    5.4. Representao das Atividades Internas com Cores

    A partir dos entraves encontrados na representao das atividades internas da

    maneira inicial, desenvolveu-se um modelo 4D utilizando cores definidas para

    representar cada tipo de atividade interna, com a exigncia desta representao

    aparecer na fachada de cada mdulo para facilitar a boa visualizao, j que

    muitos elementos internos so encobertos por outros, externos.

    Foi preciso buscar uma alternativa flexvel para exibir, de maneira clara,

    as atividades internas e, ao mesmo tempo, no impedir a exibio normal das

    atividades externas. Para isso, foram criados elementos geomtricos no Revit,

    como faixas quase transparentes prximas a cada pavimento de cada mdulo,

    com pequena altura, de modo que no atrapalhassem a visualizao das fachadas.

    Esses elementos foram adicionados ao modelo 4D. Nesse trabalho, representamos

    sete atividades internas por meio dessa tcnica com cores diferentes.

    Para facilitar a visualizao e o entendimento dos envolvidos com as cores

    escolhidas para cada tipo de atividade interna, optou-se por criar uma legenda de

    representao no formato de uma figura e abr-la junto com a simulao, conforme

    a Figura 4. Na data selecionada, as seguintes atividades internas esto ocorrendo:

    assentamento de azulejo no Mdulo 3 (representado na cor cinza), assentamento

    de piso no Mdulo 6 (amarelo), revestimento de argamassa no Mdulo 2 (creme),

    forro no Mdulo 5 (roxo); e as seguintes atividades de fachadas: assentamento de

    cermica no Mdulo 3 e pintura no Mdulo 6, representadas na cor azul, como

    no modelo inicial.

    FIGURA 4 Simulao com as atividades internas representadas por cores

    A representao, criada para diferenciar as atividades internas das demais,

    contribuiu para deixar os usurios com maior capacidade de interpretao das

    informaes que surgiram ao longo do tempo. Essa percepo se tornou mais

    evidente nos perodos em que a obra possua diversas atividades, externas e

    internas, acontecendo simultaneamente em vrios mdulos como na Figura 4.

    5.5. Modelo 4D para Acompanhamento do Avano Fsico

    Outro objetivo estabelecido neste trabalho foi a aplicao da modelagem 4D para

    acompanhamento do avano fsico, transformando-a, assim, em uma ferramenta

    de controle importante para os construtores e gestores. Como a obra estudada

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 40 41

    pde ser acompanhada desde o seu incio, durante cerca de nove meses, a

    comparao entre o planejado e o executado foi til para verificar se o plano estava

    sendo cumprido de acordo com o estabelecido e contribuir para o replanejamento

    quando necessrio.

    O modelo possibilita a visualizao das discrepncias do executado em relao

    ao planejado por diferenciao de cores. Na Figura 5, a execuo da platibanda no

    Mdulo 1 encontra-se em atraso, e representada na cor vermelha, selecionada

    para esse fim, enquanto as atividades de madeiramento no Mdulo 4 e as vigas

    da estrutura no Mdulo 2 aparecem na cor fria azul, indicando que acontecem

    conforme a data prevista.

    FIGURA 5 Acompanhamento do avano fsico com cores

    No controle representado por diferenas de cores para indicao do avano

    fsico da obra foram notadas, mais uma vez, algumas dificuldades na anlise

    de muitas atividades ao mesmo tempo em uma mesma tela. A partir dessa

    demanda, buscaram-se estratgias para visualizar o planejado x real lado a lado

    por duas telas. A soluo encontrada foi abrir dois arquivos e dividir a tela ao

    meio verticalmente, configurando uma simulao para exibir o Planejado, e a

    outra, o Real, diferentemente da forma anterior de acompanhamento, na qual era

    selecionado o Planejado contra o Real em uma mesma tela.

    Para o acompanhamento do avano fsico com duas telas no possvel a

    simulao de ambas as telas ao mesmo tempo, sendo realizado o acompanhamento

    por anlises de datas especficas. Para isso, define-se cada tela para mostrar o

    empreendimento numa mesma data e, visualmente, por meio de duas imagens, o

    usurio identifica as discrepncias entre o planejado e o real com mais preciso e

    tempo de anlise para interpretar possveis causas e gargalos.

    FIGURA 6 Acompanhamento do avano fsico por meio de duas telas

    Na Figura 6, do lado esquerdo, tm-se o planejado e, do lado direito, o real, na

    mesma data. O usurio pode constatar que a colocao das telhas no Mdulo 4

    est atrasada, as lajes superiores dos Mdulos 2 e 6 ainda no foram concretadas

    e as platibandas dos Mdulos 3 e 1 no foram executadas como o planejamento

    inicial previa. O gestor pode ter essa informao sempre que quiser, de acordo

    com o intervalo de controle definido para atualizao do planejamento, e realizar

    avaliaes do impacto de alteraes no avano fsico em datas futuras do projeto.

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 42 43

    6 CONSIDERAES FINAIS

    Diante do que foi discutido, e tendo em vista o objetivo deste trabalho, de avaliar a

    aplicao do modelo 4D ao planejamento e controle de obras, foram identificadas

    algumas vantagens e potencialidades, dentre as quais podemos destacar:

    eliminao do esforo de visualizar e interpretar mentalmente o cronograma;

    capacidade de identificao de possveis conflitos de espao e tempo durante

    a construo, os quais reduzem a produtividade e causam interferncias;

    transmisso do impacto de mudanas no cronograma com maior preciso;

    acompanhamento do avano fsico de maneira clara e visual;

    possibilidade de simular cenrios alternativos de execuo;

    apoio na alocao de equipamentos e recursos no espao;

    facilidade na integrao e comunicao entre os envolvidos.

    importante ressaltar que o grande benefcio da modelagem 4D a sua

    capacidade de considerar todos esses fatores em um nico meio atravs da

    integrao da informao lgica, temporal e espacial do projeto. Isto foi percebido

    durante o estudo de caso e a avaliao com o gerente da obra.

    Com vista a melhorar a visualizao em projetos complexos, com muitas

    atividades ou maior nvel de detalhe, desenvolveram-se mecanismos para

    contornar a limitao da visualizao interna, que geraram resultados positivos

    e mais eficincia nas anlises. Entretanto, essencial a automatizao dessas

    ferramentas. O mesmo pde ser estendido para o acompanhamento fsico via

    duas telas lado a lado, o qual no era possvel no software utilizado, e motivou a

    criao de uma soluo alternativa.

    A disseminao ainda baixa no Brasil da modelagem 4D a coloca como uma

    ferramenta em potencial para auxiliar o processo de planejamento e controle,

    combatendo algumas dificuldades das tcnicas tradicionais. Acredita-se que,

    a curto e mdio prazo, o competitivo mercado da construo civil assimile o

    paradigma BIM e suas aplicaes no ciclo de vida dos empreendimentos.

    REFERNCIAS

    ACKOFF, R. Planejamento Empresarial. Rio de Janeiro: Livros Tcnicos e Cientficos

    Editora S.A., 1976.

    CHANG, H. S., KANG, S. C., CHEN, P. H. Systematic Procedure of Determining an Ideal

    Color Scheme on 4D Models. Advanced Engineering Informatics, v. 23, n. 4, p. 463-473, 2009.

    CHEN, Y., TSAI, M., KANG, S., LIU, C. Selection and evaluation of color scheme for 4D

    construction models, Journal of Information Technology in Construction, v. 18, p. 1-19, 2013.

    EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. BIM Handbook: a guide to building

    information modeling for owners, managers, designers, engineers and contractors. John

    Wiley & Sons, Inc. 2nd ed. New Jersey, 2011.

    GOLPARVAR-FARD, M., PENA-MORA, F., ARBOLEDA, C. A. & LEE, S. Visualization of

    Construction Progress Monitoring with 4D Simulation Model Overlaid on Time-Lapsed

    Photographs. Journal of Computing in Civil Engineering, v. 23, n.6, p. 391-404, 2009.

    HARTMANN, T.; GAO, J.; FISCHER, M. Areas of Application for 3D and 4D Models

    on Construction Projects. Journal of Construction Engineering and Management,

    Washington, v. 143, n. 10, p. 776-785, Oct. 2008.

    KOO, B.; FISCHER, M. Feasibility Study of 4D CAD in Commercial Construction.

    Stanford: Center for Integrated Facility Engineering, 1998. Technical Report n. 118.

    LIMMER, CARL V. Planejamento, oramentao e controle de projetos e obras. Rio de

    Janeiro: Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 1997, 225 p.

    MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras, 1a ed. So Paulo: Editora Pini, 2010.

    NIBS (2008) - United States National Building Information Modeling Standard, version 1 -

    Part 1: Overview, principles, and methodologies.

    MODELAGEM 4D APLICADA AO PLANEJAMENTO

  • 44 45

    RUSSELL, A., STAUB-FRENCH, S., TRAN, N., WONG, W. Visualizing high-rise building

    construction strategies using linear scheduling and 4D CAD. Automation in Construction,

    Amsterdam, v. 18, n.2, p. 219-236, Mar. 2009.

    SONG, S., YANG, J.; KIM, N. Development of a BIM-based Structural Framework

    Optimization and Simulation System for Building Construction. Computers in Industry,

    v. 63, p. 895-912, 2012.

    Resumo

    As falhas no processo de impermeabilizao das edificaes tm se mostrado recorrentes em estudos realizados na rea. A reduo do desempenho deste subsistema, os retrabalhos e desperdcios, aliados aos demais gastos com reparos de patologias oriundas

    desse processo geram prejuzos impactantes no oramento dos empreendimentos onde

    ocorrem. Assim, a anlise dessas falhas/erros do processo em conjunto com o estudo das

    atividades que envolvem a definio do sistema de impermeabilizao podem resultar em

    sugestes de controle de operaes condizentes com os conceitos da construo enxuta e

    industrializao da construo civil. Com o objetivo de criar diretrizes para um projeto de

    produo de impermeabilizao, trs canteiros de obras, onde estavam sendo executados

    sistemas de impermeabilizao, foram utilizados como estudos de caso. Esses estudos

    de caso mostraram que os processos de impermeabilizao ainda possuem deficincias

    oriundas da falta de conhecimento dos sistemas, falta de planejamento e controle das

    atividades e projeto, com informaes insatisfatrias para execuo. Para suprir essas

    deficincias, este trabalho prope como ferramenta diretrizes e o desenvolvimento do

    projeto de produo para o sistema de impermeabilizao. A partir dos resultados dos

    estudos de caso e da proposta do projeto de produo para o sistema de impermeabilizao,

    acredita- se que as edificaes podem ser executadas de forma mais eficiente, reduzindo-se

    os erros e falhas durante este processo.Palavras-chave edificaes; impermeabilizao; projeto de produo.

    DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PRODUO DE IMPERMEABILIZAO

    PARA EDIFICAESRodrigo Farias Russo 1

    Jardel Pereira Gonalves 2

    1 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected].

  • 46 47

    1 INTRODUO

    O subsistema de impermeabilizao corresponde a uma pequena parcela do cronograma e

    do oramento de uma obra. Quando planejada de forma adequada, seu custo no ultrapassa

    2% do valor total do empreendimento, e seus servios no costumam demorar mais

    de dois meses para serem executados, salvo em casos de obras que requeiram cuidados

    especficos quanto estanqueidade das suas estruturas, ou de sistemas no convencionais

    de impermeabilizao.

    Segundo Santos (2013), estudos realizados sobre as patologias decorrentes de falhas

    no processo ou da falta de impermeabilizao revelam que a instalao e os reparos de

    sistemas convencionais, como mantas asflticas e argamassa polimrica, aps o trmino

    da obra, podem gerar um acrscimo de at 12% do valor da obra, alm de um grande

    desconforto ao usurio da edificao.

    Fora da esfera econmica do empreendimento, um sistema adequado garante, em

    alguns aspectos, a integridade da estrutura e de outros sistemas da construo. Em

    alguns casos, a agressividade do ambiente, principalmente quanto umidade e

    salinidade, eleva a necessidade desses sistemas evitando a deteriorao precoce, como no

    caso de Salvador, cidade litornea com zonas que detm alguns dos maiores ndices de

    salinidade do Brasil.

    Alm das patologias, outro aspecto que demanda ateno no estudo das

    impermeabilizaes so as dificuldades encontradas durante a execuo dos seus sistemas.

    Entre as principais dificuldades, nota-se a ausncia de um projeto executivo adequado

    o sistema de impermeabilizao e obra. Em obras onde h algum tipo de projeto, os

    mesmos no possuem informaes (detalhes) suficientes para o planejamento adequado

    das atividades, e deixam de analisar possveis interferncias de outros sistemas, como a

    estrutura, piso, revestimento vertical e instalaes. Isso contribui para que a gerncia

    da produo da edificao defina solues tcnicas muitas vezes sem a compatibilizao

    adequada ao que foi projetado.

    Sendo assim, torna-se de fundamental importncia que sejam implementadas propostas

    de controle das atividades relacionadas impermeabilizao das construes. Modelos

    de produo industrial ou projetos adequados produo especficos tm por objetivo

    otimizar esses processos, evitando falhas, economizando recursos e agregando qualidade

    ao produto final.

    A fim de implementar os conceitos da construo enxuta, reduzir atividades que no

    agregam valor e minimizar a possibilidade de erros, o projeto de produo foi a ferramenta

    escolhida para elevar a qualidade da impermeabilizao. Como ser demostrado ao

    longo desse trabalho, essa ferramenta permite controlar cada atividade do processo

    atravs de conceitos adaptados do planejamento de operaes industriais que, por terem

    uma padronizao maior que na construo civil, tendem a diminuir os coeficientes de

    incerteza, gerando economia em todos os aspectos da impermeabilizao.

    Em outros subsistemas (alvenaria de vedao, revestimento vertical, etc), o projeto

    de produo se mostrou uma ferramenta de grande eficincia no controle da execuo,

    com impactos positivos para a obra. O detalhamento do projeto executivo e a definio

    de estratgias de produo (passo a passo executivo ajustado ao fluxo de materiais at o

    produto final no canteiro) contribui com o planejamento das atividades e torna possvel a

    aplicao dos princpios da construo enxuta. Dessa forma, se espera que, assim como na

    produo de alvenarias de vedao, por exemplo, a aplicao de um projeto de produo de

    impermeabilizao resulte na racionalizao dos processos, melhor controle da qualidade,

    e na gerao de valor para os clientes internos e externos.

    2 PROJETO DE PRODUO

    Oliveira (2014) ressalta que os elevados ndices de desperdcio, retrabalhos e patologias na

    construo civil, fruto da falta de planejamento e dos processos ineficientes de operao,

    fazem da construo civil um campo promissor nos estudos sobre a produo limpa, uma

    vez que h ainda notveis oportunidades de melhorias que podem aumentar a eficincia

    dos processos de um canteiro.

    O projeto de produo tende a agregar aos conceitos da construo enxuta por levar ao

    campo no apenas solues executivas, mas, tambm, o planejamento das atividades, que

    podem ser divididas em atividades que agregam valor (processamento) e atividades de

    fluxo (estoque, transporte e inspeo).

    PROJETOS DE PRODUO DE IMPERMEABILIZAO

  • 48 49

    Segundo Melhado (1994) apud Oliveira (2014, p. 03), o projeto de produo :

    Um conjunto de elementos de projetos elaborados de forma simultnea ao detalhamento do projeto executivo, para utilizao no mbito das atividades de produo em obra, contendo as definies

    de disposio e sequncia de atividades de obra e frentes de servio,

    uso de equipamentos, arranjo e evoluo do canteiro de obras, dentre

    outros recursos vinculados s caractersticas e recursos prprios da

    empresa construtora.A Figura 1 demostra a insero do projeto de produo no processo integrado da

    construo civil. Verifica-se na Figura 1 que a ferramenta em questo est essencialmente

    inserida entre a concepo do projeto executivo e a produo, tendo como principal

    objetivo definir seus meios.

    FIGURA 1 Fluxograma do projeto de produo

    Segundo Chalita (2010), o projeto de produo fruto do amadurecimento da

    construo civil, a partir do sucesso das tcnicas adaptadas da linha de gerenciamento

    de processos industriais modernos oriundos do Sistema de Produo Toyota, onde o foco

    da gesto passou a ser o sistema de produo. Ainda conforme a autora, o projeto de

    produo tem como dados de entrada (inputs) as informaes referentes ao sistema de

    produo da empresa, se tornando especfico para cada organizao e requerendo uma

    equipe interdisciplinar para a sua elaborao, sendo capaz de analisar todas as possveis

    interferncias das demais disciplinas naquela que objeto do projeto, alm de possveis

    gargalos de produo. Essa demanda por dados referentes eficincia dos processos de

    cada organizao torna a gesto da informao fundamental para que a implantao de

    um projeto de produo possa amadurecer projetos futuros.

    Analisando os objetivos da elaborao de um projeto para a produo de um subsistema

    de uma edificao, pode-se resumir um projeto de produo nas seguintes etapas:

    a) Compatibilizao de sistemas

    b) Anlise tcnica do sistema

    c) Quantificao de materiais e servios

    d) Planejamento estratgico das atividades

    2.1 Vantagens do projeto de produo

    Como citado no incio deste item, o projeto de produo foi uma ferramenta criada para

    atender atividades industriais, e tem se mostrado eficiente na construo civil, pois o seu

    nvel de detalhamento, se comparado ao projeto executivo, catalisa o planejamento de

    cada atividade do processo estudado.

    A aplicao de projetos de produo em outros sistemas tem sido determinante para o

    atendimento dos conceitos de produo enxuta, uma vez que suas interfaces so objetivas

    e de fcil entendimento, permitindo que a informao circule em todos os nveis da

    produo. Assim, as falhas e incertezas, ora intrnsecas ao processo, tendem a ser anuladas

    com o amadurecimento dessa ferramenta dentro de uma corporao.

    A Figura 2 o exemplo de um projeto de produo de alvenaria, em sua principal

    interface, a planta. Nela, notamos que as principais diferenas entre um projeto executivo

    e um projeto de produo so traduzidas pelo nvel de detalhamento do segundo. Verifica-

    se que as informaes so dispostas de maneira mais explcita e detalhada, evitando que

    os responsveis pela operao adotem solues que sejam incompatveis com os requisitos

    do sistema ou dos demais.

    Muito embora o projeto de produo tenha demostrado excelente desempenho

    em outros susbsistemas da construo civil como, por exemplo, em alvenarias e

    PROJETOS DE PRODUO DE IMPERMEABILIZAO

    Projeto ExecutivoCompatibilizaodos Sistemas

    Planejamento Estratgico

    PlanejamentoTtico

    Planejamentooperacionalda Produo

    Detalhamento doPlanejamento Op.da Produo

    Produo

    RETROALIMENTAO DAS INFORMAES

    Projeto de produoLegenda:

  • 50 51

    fachadas, no foram encontradas referncias sobre a aplicao dessa ferramenta na

    execuo de impermeabilizaes.

    FIGURA 2 Projeto de Produo de Alvenaria (FONTE: Inovatec Consultores Associados)

    Na impermeabilizao, o projeto de produo tem por objetivo elevar o nvel da

    produo nos seguintes aspectos:

    a) Logstica e quantificao de materiais.

    b) Dimensionamento de mo de obra.

    c) Reduo de interferncias de projetos.

    d) Padronizao de detalhes tcnicos.

    e) Garantia de qualidade.

    3 PATOLOGIAS DOS PROCESSOS DE IMPERMEABILIZAO

    As patologias mais recorrentes nos processos de impermeabilizao so decorrentes de

    falhas em detalhes construtivos executados em desacordo com a norma NBR 9574 (2008).

    O descumprimento das recomendaes dessa norma pode acarretar avarias no sistema

    adotado, ou at mesmo da estrutura, trazendo ao usurio no s desconfortos, como

    tambm danos integridade da estrutura devido sua exposio a fluidos indesejveis.

    Lima (2010) destaca em seu trabalho que o projeto de produo sofre forte dependncia

    do detalhamento de outros sistemas. As interferncias de outros projetos, principalmente

    os de instalaes, alvenarias e estruturas, costumam ocasionar a maior parte das patologias

    do processo de impermeabilizao.

    Algumas das interferncias levantadas por Lima (2012) so recorrentes do processo

    e devem ser previamente analisadas, adotando-se solues adequadas que atendam s

    necessidades dos sistemas envolvidos, tanto no carter tcnico quanto no construtivo.

    Dentre essas interferncias, destacam-se as de maior incidncia:

    a) Falta de rebaixo entre lajes internas e externas, atrapalhando a implantao de certos

    sistemas e impedindo grandes caimentos.

    b) Localizao de juntas estruturais em piscinas ou locais de difcil acesso, o que

    aumenta a ocorrncia de falhas na sua estanqueidade.

    c) Restrio do posicionamento e nmero de ralos pela escolha dos

    sistemas estruturais.

    d) ngulos muito pequenos entre as faces impermeabilizadas, dificultando, ou at

    mesmo impedindo, a instalao da maioria dos sistemas.

    e) Tubulaes passantes prximas s superfcies impermeabilizadas, tornando o

    acabamento nesses pontos vulnervel.

    f) Coletores de gua dimensionados com dimetros inferiores a 75 mm podem resultar

    no estrangulamento da sua boca quando impermeabilizados com manta asfltica.

    g) Posicionamento dos condutes nas caixas de passagem e pontos eltricos, o que

    possibilita a entrada de gua pelos condutes.

    h) Embutimento da impermeabilizao em alvenarias de reas molhadas, aumentando

    a espessura do revestimento.

    O estudo dessas interferncias tem por objetivo nortear o detalhamento do projeto

    PROJETOS DE PRODUO DE IMPERMEABILIZAO

  • 52 53

    de produo, criando diretrizes de orientao para que os sistemas sejam executados de

    maneira adequada.

    Desta forma, o objetivo deste trabalho desenvolver diretrizes para a elaborao

    de projetos de produo do subsistema impermeabilizao levando em considerao a

    satisfao dos clientes externos e internos, e a reduo das patologias durante sua execuo.

    4 ESTUDOS DE CASO

    Com o intuito de traar o perfil das atividades associadas ao processo da impermeabilizao

    no atual cenrio da construo civil, foram realizadas visitas a trs canteiros de obra em

    Salvador. As visitas tiveram o objetivo de avaliar os processos de execuo dos servios

    ligados s impermeabilizaes, ratificando a alta incidncia de determinadas patologias

    e verificando em qual etapa do processo de produo estas ocorrem. Foi averiguado que,

    durante a preparao do substrato, atividade executada pelas prprias construtoras, h um

    dficit de qualificao dos profissionais e de informaes sobre as recomendaes tcnicas,

    resultando na ocorrncia da maior parte das falhas, principalmente quando executados

    detalhamentos especficos.

    Falhas nos processos logsticos e os consequentes desperdcios de materiais,

    como mantas e asfalto, foram detectadas, com grande responsabilidade por parte

    da empresa responsvel pela execuo, uma vez que ao requisitar os insumos do processo,

    ela os superdimensiona, e suas sobras no so reaproveitadas, nem armazenadas de

    maneira adequada.

    Outra grande deficincia do processo foi averiguada durante a definio dos sistemas

    de impermeabilizao e especificaes dos materiais. Na presena das trs envolvidas

    no processo (terceirizada que executa a impermeabilizao, fabricante dos materiais e

    construtora) nota-se um conflito de interesses, onde a construtora, por falta de orientaes

    (projetos) tende a apenas mediar as recomendaes das demais partes, que podem ser

    parciais em certos aspectos, visando valorizar seus produtos. Da, verifica-se que h

    necessidade de maior responsabilidade por parte do construtor nas definies dos sistemas.

    Embora as obras fossem de trs construtoras diferentes, tratavam-se, todas elas,

    de edifcios residenciais, e as reas impermeabilizadas e os mtodos escolhidos tambm

    seguiam um padro. O estabelecimento dessas semelhanas foi de suma importncia para

    que as diretrizes do projeto de produo fossem elaboradas buscando a aplicabilidade

    e eficincia dessa ferramenta. Abaixo, so listados os principais aspectos dos processos

    relacionados impermeabilizao, detectados durante os estudos de caso:

    a) Os sistemas utilizados (mantas asflticas e argamassa polimrica).

    b) reas impermeabilizadas (jardins, reservatrios, lajes descobertas e piscinas).

    c) A preparao do substrato era sempre realizada pela construtora.

    d) A execuo da impermeabilizao era sempre realizada por terceirizados.

    e) No havia qualquer tipo de projeto de impermeabilizao.

    f) Grandes evidncias de retrabalhos na preparao do substrato (Figura 4.1).

    g) Dificuldades de logstica de material.

    h) Ausncia de controle de qualidade e indicadores de produo.

    FIGURA 3 Ratificao do substrato

    5 DIRETRIZES DO PROJETO DE PRODUO DE IMPERMEABILIZAO

    Uma vez levantados os dados necessrios, torna-se possvel a elaborao das diretrizes

    em funo dos estudos feitos sobre o projeto de produo. O objetivo dessas diretrizes

    orientar a elaborao de um projeto de produo que contemple todo o processo da

    impermeabilizao. Dessa forma, espera-se a reduo das principais falhas encontradas

    durante o planejamento e operao das atividades dessa macro.

    PROJETOS DE PRODUO DE IMPERMEABILIZA