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Dr. Marcos Sandoval Medeiros de Freitas III POR QUE ENGORDAMOS? A resposta a esta pergunta não é fácil e simples como parece, e a maioria das colocações quase sempre vão sugerir e apontar em direção a uma resposta muito simplista: porque comemos muito. Errado. Hoje, sabe-se que engordar implica diversos fatores como: 1 - Fatores genéticos que nos predispõem por heredi- tariedade a acumular gordura com mais facilidade. Estes podem se manifestar mais cedo ou mais tarde. 2 - Comportamento familiar que nos induz aos hábitos alimentares errados e engordativos. 3 - Estilo de vida sedentário, promovendo metabolismo mais baixo, com menos gasto de energia e mais acúmulo de calorias. 4 - Não manter rotina alimentar regular, pular refeições, ficar intervalos longos sem comer e muitas vezes fazê-lo em uma única refeição, de forma exagerada. 5 - Vida estressante, competitiva e desgastante, gerando ansiedade, frustrações, levando a uma compensação através da compulsão e descontrole na ingestão alimentar. 6 - E, claro, também, porque na maioria das vezes comemos mais do que precisamos, e alimentos menos adequados e menos nutritivos. Quando se trata de genética, observamos que grande parte das pessoas que engordam foram crianças ou 31

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  • Dr. Marcos Sandoval Medeiros de Freitas

    III

    POR QUE ENGORDAMOS?

    A resposta a esta pergunta no fcil e simples

    como parece, e a maioria das colocaes quase sempre vo

    sugerir e apontar em direo a uma resposta muito simplista:

    porque comemos muito. Errado. Hoje, sabe-se que engordar

    implica diversos fatores como:

    1 - Fatores genticos que nos predispem por heredi-

    tariedade a acumular gordura com mais facilidade. Estes

    podem se manifestar mais cedo ou mais tarde.

    2 - Comportamento familiar que nos induz aos hbitos

    alimentares errados e engordativos.

    3 - Estilo de vida sedentrio, promovendo metabolismo

    mais baixo, com menos gasto de energia e mais acmulo de

    calorias.

    4 - No manter rotina alimentar regular, pular refeies,

    ficar intervalos longos sem comer e muitas vezes faz-lo em

    uma nica refeio, de forma exagerada.

    5 - Vida estressante, competitiva e desgastante, gerando

    ansiedade, frustraes, levando a uma compensao

    atravs da compulso e descontrole na ingesto alimentar.

    6 - E, claro, tambm, porque na maioria das vezes comemos

    mais do que precisamos, e alimentos menos adequados e

    menos nutritivos.

    Quando se trata de gentica, observamos que

    grande parte das pessoas que engordam foram crianas ou

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  • Reeducao Alimentar, Emagrecimento, Sade e Longevidade

    adolescentes magros, que s desenvolveram a obesidade

    ou o sobrepeso posteriormente. Nesses casos, fica implcito,

    que, alm de alguma tendncia gentica para engordar, os

    hbitos alimentares inadequados e o sedentarismo "sem

    dvida" tambm esto presentes. Porm, dificilmente uma

    criana que apresenta obesidade muito cedo vai deixar de

    ser um adulto com obesidade ou sobrepeso. Sabe-se que se

    os pais forem obesos a tendncia para tal ser muito maior,

    havendo tambm maior prevalncia gentica, sobretudo

    por parte da me.

    Quanto aos hbitos alimentares, ressalte-se que

    os alimentos que engordam em geral tm menos nutrientes,

    so mais calricos, contm mais carboidratos com maior

    ndice glicmico ou, ento, so mais gordurosos e cheios

    de gorduras ruins. Porm, geralmente, o mais comum so

    estes dois tipos de alimentos (carboidrato de alto ndice

    glicmico e gorduras saturadas) em associao no mesmo

    alimento, fato cada vez mais freqente e que torna o

    alimento mais prejudicial. A maioria dos alimentos mais

    adequados, saudveis e cheios de nutrientes so de baixas

    calorias, tm menos carboidratos e apenas os carboidratos

    bons, com menor ndice glicmico e, em geral, muito pouca

    ou nenhuma gordura ruim.

    Para emagrecer no basta apenas comer menos,

    comer pouco e muito menos deixar de comer, ou at pior,

    simplesmente comer menos calorias se forem calorias "de

    porcaria" (alimentos que engordam muito e so ruins para

    a sade). Temos que analisar a composio dos alimentos

    e comer com qualidade, com equilibro e com prazer. Prazer

    em estarmos nos cuidando e nos protegendo de doenas.

    Nosso corpo nossa casa e ningum leva para dentro de

    sua casa o que no presta, o que ruim ou o que pode criar

    desarmonia e fazer mal. Cuide bem de seu corpo e viva com

    mais harmonia e com maior bem-estar. Todos a sua volta

    vo notar a diferena. Principalmente voc.

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    AVALIAO DO SOBREPESO E DA OBESIDADE

    Fazer a avaliao e classificao de sobrepeso

    e obesidade no to fcil e simples como a princpio se

    pode supor. A rigor, ter-se-ia que levar em conta sexo,

    idade, raa, altura, compleio fsica, estrutura ssea, e

    inclusive a gentica. Vrios so os mtodos que tm sido

    utilizados e, com certeza, nenhum confere uma avaliao

    com total preciso, embora alguns se aproximem bastante

    deste ideal.

    NDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)

    A avaliao mais comum, e usada na maioria

    dos consultrios, o calculo do ndice de Massa Corprea

    (IMC). Tem se mostrado muito til em casos de obesidade

    j instalada, porm, com relao ao sobrepeso e ao peso

    normal, tem se revelado uma aferio muito irregular, pois

    no leva em considerao a relao percentual entre a massa

    muscular e a massa de gordura que compe o indivduo a

    ser avaliado por este clculo.

    Para se aferir o IMC, divide-se o peso em kg

    pela altura em metros ao quadrado. Como exemplo, uma

    pessoa de 80 kg e 1,60 m (um metro e sessenta

    centmetros) vai dividir o seu peso 80 pela sua altura 1,60

    multiplicada por ela mesma (1,60 x 1,60), o que determina

    como resultado um valor de 31,25 (IMC = 31,25), que no

    caso j significa obesidade inicial ou classe I. Acontece

    que uma pessoa aparentemente magra, com IMC normal,

    pode ter mais massa de gordura percentualmente e menos

    massa magra, "a falsa magra", o que muito comum nos

    consultrios mdicos. No deixa de ser um desequilbrio,

    at porque a massa magra que queima gordura e deve

    ser preservada e at incentivada. Nestes casos, deve-se

    instituir um acompanhamento que gradativamente aumente

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    a massa muscular e com isto se diminua o percentual de

    gordura. Melhora-se ento o metabolismo e restabelece-se

    o equilbrio. Abaixo, a classificao para adultos de acordo

    com o ndice de Massa Corporal:

    Classificao IMC

    Abaixo do peso < 18,50

    Variao normal 18,50 a 24,99 Pr-obeso (sobrepeso) 25,00 a 29,99

    Obeso moderado 30,00 a 34,99 Obeso grave 35,00 a 39,99

    Obeso mrbido 40,00 a mais

    AVALIAO DA GORDURA ABDOMINAL

    A medida da gordura abdominal tem sido cada

    vez mais valorizada e correlacionada a um maior ndice de

    riscos para todas as doenas que esto relacionadas ao

    excesso de peso. Hoje sabe-se que mesmo pessoas com

    peso normal, mas que tenham maior acmulo de gordura intra

    abdominal, tm maiores chances de complicaes cardacas

    e circulatrias, maior tendncia para desenvolver diabetes e

    outras doenas que esto associadas ao excesso de peso.

    Por isto, a medida da circunferncia abdominal tem sido

    valiosa para avaliar situaes de risco potencial e determinar

    a tomada das medidas teraputicas e preventivas, seja em

    relao ao aumento de peso, seja nas doenas metablicas

    que o acompanham. Abaixo, a tabela para avaliao do risco

    das complicaes com as doenas associadas ao aumento

    de medida da circunferncia abdominal, tanto nas mulheres

    como nos homens:

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    Situao de risco circunferncia abdominal

    em centmetros

    Homens Mulheres

    Aumentado Muito

    aumentado

    > 94 cm

    >102 cm

    >80cm

    >88cm

    TABELA PESO VERSUS ALTURA

    A avaliao do excesso de peso, baseada na

    tabela do peso versus altura, foi desenvolvida nas primeiras

    dcadas do sculo passado, para servir como base de

    avaliao de risco sade pelas companhias de seguridade

    social americanas. Embora tenha sido utilizada como

    parmetro de avaliao do que seria o peso mdio ideal para

    homens e mulheres de acordo com sua altura e, com isto,

    permitindo identificar a predisposio s doenas, uma

    aferio muito imprecisa e hoje praticamente em desuso,

    pois no leva em considerao a idade, a compleio

    fsica, a estrutura ssea e a proporo entre massa gorda e

    massa magra do indivduo. Tampouco estabelece o que

    sobrepeso ou os nveis de obesidade. Pode servir como

    complemento a outros mtodos utilizados, embora com

    alguma restrio. Melhor do que determinar uma mdia de

    peso atravs da altura, , de acordo com o paciente, dentro

    de limites saudveis, estabelecer metas de peso ideal que

    podem ser modificadas no decorrer do tratamento.

    EXAME DAS DOBRAS CUTNEAS

    A medida das dobras cutneas um dos mtodos

    utilizados para aferir o aumento ou a diminuio da massa

    de gordura principalmente em relao massa muscular,

    levando-se em conta que h alguma correlao entre a

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    gordura subcutnea e a massa de gordura corporal. So

    realizadas com um aparelho em forma de pina, graduado

    especificamente para este fim, chamado adipmetro.

    No se constitui numa medida muito precisa e

    depende muito da experincia de quem a est utilizando.

    Sua aferio mais utilizada para a gordura subcutnea,

    pois no consegue avaliar de maneira adequada a gordura

    interna e principalmente a visceral.

    EXAME DA BIOIMPEDNCIA

    Este exame feito por um aparelho que, ligado

    ao corpo por dois pares de eletrodos colocados geralmente

    no p e mo direita do indivduo, atravs de uma corrente

    eltrica alternada e imperceptvel, fornece valores mais

    confiveis do percentual existente no organismo da massa

    magra, massa gorda e gua. Isto se deve ao fato de

    existirem diferenas na resistncia passagem da corrente

    eltrica por estas estruturas. Tomando-se alguns cuidados

    no preparo destas pessoas (no ingerir bebidas alcolicas,

    no fazer atividades fsicas intensas, evitar bebidas ou

    medicamentos que acelerem o metabolismo ou substncias

    que sejam diurticos pelo menos nas vinte e quatro horas

    anteriores ao teste), os resultados obtidos tm sido melhores

    e mais confiveis.

    Todavia, acredito ser mais seguro fazer um "mix"

    destes mtodos de avaliao, tanto para determinar o grau

    de sobrepeso e obesidade, como tambm dos fatores de

    risco para a sade e, s ento, com mais segurana, sugerir

    orientaes e implementar um tratamento adequado.

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