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I livro i Hist ória das Terras de Shiang Introdução Minha vida foi dedicada ao Templo. Desde tenra idade fui trazido para dentro da construção que resistiu a grandes catástrofes, que cuidou da educação de muitos tireses, e que guarda grande parte de nossa história. Infelizmente parte dos textos que guardamos vêm sendo castigados pelo tempo, e temo que em breve esse conhecimento possa ser perdido, pois também são poucos os Guardiões que se dedicam aos estudos das línguas antigas. Sou conhecido como Cajado Branco, sumo sacerdote do Templo da Cidade de Pedras, e no ano de 902, tomei como missão escrever a história das Terras de Shiang. Neste primeiro livro, vou descrever a Primeira Era. Os Pergaminhos em Couro O povo-lagarto, ou lantros, estavam organizados há muito mais tempo que nós, tireses, ou nossos vizinhos das florestas, os símios. Os primeiros relatos feitos por tireses em pedaços de couro curtido, na antiga língua tiresa de desenhos, relata a existência dessas criaturas em avisos, indicando que na região do pântano existia o perigo dos ferozes homens-lagartos. Nesses avisos, constam detalhes de suas táticas de extermínio, sempre efetuada em bandos com um líder capaz de realizar feitos tão misteriosos quanto perigosos e guerreiros que possuíam escudos e lanças. Acredito que esses feitos misteriosos tratavam de magia, que ainda não era controlada com tanta precisão pelos tireses ou símios. Existem também alguns pergaminhos em couro que relatam sobre os símios, que são controversos. Em alguns deles os tireses estão em combate e em outros trocando armas, armaduras e outros itens. Contudo fica claro que a relação entre os símios e lantros era tão conturbada como a de nossos antepassados tireses. Em data a muito esquecida também existem pergaminhos relatando como construir armas em bronze (geralmente elmos, armaduras, espadas e pontas de lança), de plantas venenosas e algumas medicinais e de tireses que realizavam magia. Um fato notório do passado tirês, foi a construção da ponte sobre o Rio da Vida. Este fato neste livro é colocado como o início da história tiresa (o ano Zero), pois foi através dessa ponte que os dois povoados que iriam formar a Cidade do Meio (hoje Sol Nascente), se uniram. Os relatos nos pergaminhos, mostram como as grandes toras foram fixadas com a ajuda de bate- escadas construídos com madeira e corda. Mas os pergaminhos mais importantes são os que mesclam a língua desenhada e a antiga língua escrita tiresa, que tratam da Grande Guerra.

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I

livroiHistória das Terras de Shiang

Introdução Minha vida foi dedicada ao Templo. Desde tenra idade fui trazido para dentro da construção que resistiu a grandes catástrofes, que cuidou da educação de muitos tireses, e que guarda grande parte de nossa história. Infelizmente parte dos textos que guardamos vêm sendo castigados pelo tempo, e temo que em breve esse conhecimento possa ser perdido, pois também são poucos os Guardiões que se dedicam aos estudos das línguas antigas. Sou conhecido como Cajado Branco, sumo sacerdote do Templo da Cidade de Pedras, e no ano de 902, tomei como missão escrever a história das Terras de Shiang. Neste primeiro livro, vou descrever a Primeira Era.

Os Pergaminhos em Couro O povo-lagarto, ou lantros, estavam organizados há muito mais tempo que nós, tireses, ou nossos vizinhos das florestas, os símios. Os primeiros relatos feitos por tireses em pedaços de couro curtido, na antiga língua tiresa de desenhos, relata a existência dessas criaturas em avisos, indicando que na região do pântano existia o perigo dos ferozes homens-lagartos. Nesses avisos, constam detalhes de suas táticas de extermínio, sempre efetuada em bandos com um líder capaz de realizar feitos tão misteriosos quanto perigosos e guerreiros que possuíam escudos e lanças. Acredito que esses feitos misteriosos tratavam de magia, que ainda não era controlada com tanta precisão pelos tireses ou símios. Existem também alguns pergaminhos em couro que relatam sobre os símios, que são controversos. Em alguns deles os tireses estão em combate e em outros trocando armas, armaduras e outros itens. Contudo fica claro que a relação entre os símios e lantros era tão conturbada como a de nossos antepassados tireses. Em data a muito esquecida também existem pergaminhos relatando como construir armas em bronze (geralmente elmos, armaduras, espadas e pontas de lança), de plantas venenosas e algumas medicinais e de tireses que realizavam magia. Um fato notório do passado tirês, foi a construção da ponte sobre o Rio da Vida. Este fato neste livro é colocado como o início da história tiresa (o ano Zero), pois foi através dessa ponte que os dois povoados que iriam formar a Cidade do Meio (hoje Sol Nascente), se uniram. Os relatos nos pergaminhos, mostram como as grandes toras foram fixadas com a ajuda de bate-escadas construídos com madeira e corda. Mas os pergaminhos mais importantes são os que mesclam a língua desenhada e a antiga língua escrita tiresa, que tratam da Grande Guerra.

II

A Expansão dos Lantros A busca por pedras preciosas impulsionou muitos tireses a se aventurarem em regiões desconhecidas, entre elas o pântano a noroeste das Terras de Shiang. Essa região ficou conhecida como "Pântano do Desespero" pois foram poucos os tireses que escaparam dos lantros e conseguiram contar seus feitos. Poucos relatos falam dessas aventuras, mas o fato comprovado é que os lantros já possuíam cidades muitos antes dos tireses. Montados sobre paláfitas, foram vislumbradas várias construções, entre elas enormes templos. Devido à sua organização, a expansão da raça foi acentuada, e acredito que a região do pântano ficou superpovoada por volta do ano Zero. Isso fez com que os homens-lagartos procurassem expandir seus domínios para o sul, na floresta dos símios, e ao leste para as planícies tiresas. Por volta do ano 50, diversos conflitos foram relatados sobre batalhas nas quais tireses e símios, lutavam contra os lantros. Tireses e Símios não lutavam lado a lado no mesmo campo de batalha, mas sempre com o mesmo inimigo em comum. Numa dessas batalhas, na qual um pequeno número de símios estava resistindo a um ataque dos lantros, alguns guerreiros tireses resolveram interceder a favor dos símios, e as forças das duas raças sobrepujaram o inimigo. Após o combate, tireses e símios começaram uma aliança, e apesar da dificuldade da língua e da cultura, se mostrou necessária para vencer um inimigo poderoso.

A Armada e a Cúpula Por volta do ano 60 já era notada a influência dessa aliança entre tireses e símios. As línguas faladas e escritas tiresas expandiram o vocabulário. A medicina tiresa também aumentou o número de ervas conhecidas e com técnicas novas de estancamento e imobilização. Mas as duas áreas que mais evoluíram, foram a da guerra e da magia. Entre os anos 60 e 70, foram instituídas duas organizações: a Armada e a Cúpula, formadas respectivamente por guerreiros e magos. As duas organizações tinham um propósito único: conter a expansão dos lantros. A Armada conseguiu instituir diversas táticas de batalha contra os lantros, utilizando a agilidade tiresa e força símia. Além dos avanços táticos, a fundição de metais (bronze e ferro) para

III

confecção de armas, com um certo contragosto dos símios, começou a ser difundida. A cidade de Minas intensificou suas atividades, enquanto a cidade de Pedras iniciou a extração de minérios. A Cúpula também promoveu grandes avanços, instituindo magos de combate e magos estratégicos em determinadas missões da Armada. Os magos de combate eram colocados atrás das linhas de combate neutralizando inimigos com magias de ataque, nos mesmos moldes da estratégia utilizada pelos lantros. Os magos estratégicos eram magos que informavam o andamento das batalhas, e se necessário, pediam reforços.

A Invocação de Dras'k Com a atuação da Armada e da Cúpula, por volta do ano 70 os lantros se encontravam em desvantagem. Foi então que os temíveis magos lantros, realizaram uma poderosa magia que invocou um grande réptil alado. Ao ser trazido às Terras de Shiang, a criatura destruiu o que estava a sua volta, incluindo vários magos lantros. Apesar de não termos relatos, o que tudo indica é que os lantros conseguiram estabelecer contato com a criatura, e realizaram um pacto. Chego a esta conclusão pois Dras'k, como foi chamado o monstro, foi visto em várias batalhas ao lado dos lantros, revertendo novamente a posição de vantagem. A Grande Batalha As baixas causadas por Dras'k foram enormes, e os líderes da Cúpula e da Armada se uniram para montar uma estratégia que pudesse vencer Dras'k. Foram construídas balestras gigantes (as balestras são arcos de uma só mão, impulsionados por cordas metálicas), inventadas pelos símios. O alcance e o poder das balestras foram testados em segredo para que arqueiros soubessem atingir o alvo e homens da recarga pudessem pronta para o combate o mais rapidamente possível. Os magos treinaram seus guerreiros com mágicas de arremesso, cujo objetivo era o de orientar Dras'k para um determinado local. A Armada fez o mesmo com seus guerreiros, que se mostraram aptos a se sacrificar. Em três locais estratégicos as equipes de extermínio se posicionaram, e ao cair da noite nas imediações da cidade das Águas, Dras'k apareceu. O terror alado estava confiante, e apesar de surpreendido pelas mágicas de arremesso, não saiu em retirada sendo direcionado para o local onde as baletras foram efetivas. Os relatos dizem que mais de 10 flechas gigantes atingiram a criatura, que, impossibilitada de voar, sucumbiu ante a horda de guerreiros ferozes que a cercaram. Muitos morreram, mas foi um perda necessária se comparada ao mal que havia deixado as Terras de Shiang.

IV

O Final da Guerra Com a morte de Dras'k os lantros retornaram ao Pântano do Desespero, e abandonaram completamente seus postos nas florestas e nas planícies. A Armada e a Cúpula se reuniram, e resolveram enviar uma missão ao pântano para que os lantros declarassem sua rendição e reclusão permanente às áreas delimitadas pelo pântano. Por volta do ano 72, essa missão foi enviada e os lantros aceitaram sua rendição e as condições impostas. Após a aceitação da rendição dos lantros, a Armada cessou suas atividades. Os exércitos símios e tireses retornaram aos seus lares, deixando apenas alguns soldados vigiando os postos montados durante a Grande Guerra. Esses vigias, que eram trocados de tempos em tempos, tinham como dever fiscalizar a reclusão dos lantros, e se avistassem qualquer um deles fora de seus limites, tinham o dever de executá-lo. A Cúpula não cessou suas a atividades, e também manteve alguns vigias entre os soldados para vigiar os lantros.

Período de Paz Aparente Os próximos 100 anos de história, representam um período de genuína paz nas Terras de Shiang. Os guerreiros tireses que retornaram como heróis, foram promovidos a guardas, em diversas cidades tiresas. Com o tempo, esses guerreiros passaram a ser conhecidos como heróis, e pela nobre ação que realizavam, muitas vidas foram salvas. Muitos heróis que envelheceram nesses anos, procuraram passar seu conhecimento, experiência de vida, técnicas de combate e armamento a um discípulo, que era escolhido a dedo pelo herói.

V

A Cúpula, que ainda continuava suas atividades, passou a agir secretamente. Os antigos postos de observação foram fortificados e passaram a ser as bases da Cúpula. Apenas 10 anos após o fim da guerra, os guerreiros que tinham a missão de vigiar os lantros deixaram seus postos. Eles haviam sido substituídos por magos da cúpula. Um relato feito por um desses guerreiros, que veio se tornar um grande herói, narra como a Cúpula encarou a Grande Guerra, e como se comportou após a rendição dos lantros. Acredito que a maioria dos guerreiros que deixaram os postos por último, sabia o que a Cúpula iria fazer. Pelos relatos do guerreiro, os magos sempre temiam que magos lantros tentassem uma grande investida, como por exemplo realizar a invocação de um ser como Dras'k. Isso gerou uma paranóia generalizada nos magos, que se mantiveram nos postos de vigilância. Para a Cúpula, a guerra não havia acabado.

O Expurgo dos Lantros A ação dos heróis nas cidades tiresas foi de fundamental importância para que a população se mantivesse calma, se sentindo protegida. Muitos guerreiros tireses que estiveram na companhia dos símios, se especializaram na caça de alguns animais nocivos aos tireses. Os símios tem diversos inimigos naturais, e alguns guerreiros tireses aprenderam técnicas efetivas de rastreamento e emboscada. Mesmo com a ação dos heróis, o medo da ameaça lantra pairava sobre as planícies tiresas e também na floresta símia. Tudo indica que ao longo do período no qual os magos da Cúpula vigiavam os limites do pântano, eles estudaram uma forma de colocar fim a ameaça dos lantros. E por volta do ano 170, realizaram a maior obra de magia jamais vista, fazendo com que os lantros deixassem as Terras de Shiang. Quando a magia foi realizada, todos os seres vivos sentiram o chão tremer e os que olharam em direção do pântano de lugares altos, puderam ser luzes de cores que não existiam. Muitos guerreiros foram destacados para averiguar o ocorrido, e quando lá chegaram, três dias depois, viram as torres de vigilância não existiam mais, somente terra remexida e sinais de uma grande batalha. No pântano só foram encontrados a raça escravizada pelos lantros, os banques, vistos durante a guerra executando funções servis. Muitos tireses e símios acreditaram que a Cúpula tinha deixado de existir, mas ela apenas manteve sua atividade secreta, longe dos olhos da população, ressurgindo muitos anos depois. Isso será descrito posteriormente.