Livro eBook Batismo e Plenitude Do Espirito Santo

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5O FRUTO DO ESP ÍR ITO

Prefácio à segunda edição em inglês ............................... 007

Prefácio à segunda edição em português ......................... 013

Introdução ..................................................................... 015

1A promessa do Espírito .............................................. 021

2A plenitude do Espírito .............................................. 049

3O fruto do Espírito ..................................................... 079

4Os dons do Espírito ................................................... 091

Conclusão ..................................................................... 123

Sobre o autor ................................................................. 125

SUMÁRIO

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6 BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

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7O FRUTO DO ESP ÍR ITO

Faz agora onze anos desde que o pastor PeterJohnston convidou-me para falar à Conferênciade Islington sobre a obra do Espírito Santo. Mi-nha palestra foi depois ampliada e publicada sobo título Batismo e plenitude do Espírito Santo.

Desde então, continuou se espalhando omovimento que por alguns é chamado de “reno-vado”, mas pela maioria de “carismático”. Agoraele é um fenômeno de alcance mundial, e temcomo líderes pessoas muito respeitadas. Não épossível analisar o cenário eclesiástico contempo-râneo sem levá-lo em conta.

Não pode haver dúvidas de que Deus usoueste movimento para trazer bênçãos a um gran-de número de pessoas. Muitos cristãos dão tes-temunho de terem experimentado um novosentimento de amor e liberdade, uma libertaçãodas amarras da inibição, uma alegria transbor-dante e paz na fé, um sentimento mais acentua-do de que Deus é real, uma comunhão cristã

PREFÁCIO À EDIção em INGLES

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8 BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

mais calorosa do que haviam conhecido antes e um zelo renovado naevangelização. Este movimento é um desafio saudável para todos oscristãos que levam uma vida cristã medíocre e para todas as igrejasque têm uma vida enfadonha.

Ao mesmo tempo foram feitas avaliações cuidadosas, de diver-sos pontos de vista. Muitas vezes os líderes carismáticos são os primei-ros a admitir que têm havido algumas causas de inquietação, e que atarefa do debate teológico sério apenas começou. Uma das dificulda-des para uma discussão contínua é que o movimento carismático nãoé uma igreja ou uma associação organizada, com fórmulas doutriná-rias oficiais. As igrejas pentecostais, que surgiram a partir do começodo século passado, têm confissões de fé publicadas, às quais seuspastores precisam se ater. No entanto, o movimento carismático ain-da é bastante independente e seus líderes e membros não estão sem-pre totalmente de acordo entre si em questões teológicas. Parece quealguns adotam uma posição totalmente “pentecostal”, muito seme-lhante à das igrejas pentecostais. Outros dizem ter tido o que elesgostam de chamar de experiência “pentecostal”, que, no entanto, nãoformulam em termos da “teologia pentecostal” clássica. Outros, ain-da, estão passando por um estado de mudança em sua própria manei-ra de ver as coisas, procurando a forma mais adequada de expressarteologicamente suas experiências.

Tamanha flexibilidade é muito bem-vinda, em parte porque elaé um sinal de abertura, e em parte porque deve impedir que alguémpolarize a situação entre “carismáticos” e “não-carismáticos”, já queparece que um número cada vez maior de pessoas tem um pé emcada um dos lados. Porém, mesmo bem-vinda, esta fluidez tambémtoma a tarefa da avaliação mais difícil, pois nem sempre está claro aquem ou sobre quem estamos falando. Desde já quero desculpar-mese algum cristão que se intitula “carismático”, ao ler estas páginas, nãose reconhece no que escrevi! Só posso garantir que tentei ser objetivoe honesto, coletei informações de pessoas e da literatura atual, e deforma alguma quis ridicularizar alguém.

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9PREFÁCIO À EDIÇÃO EM INGLÊS

Agora, deixe-me explicar o motivo pelo qual reescrevi o livretoanteriormente publicado, e as razões de uma segunda edição.

Em primeiro lugar, ao reler o que escrevi há onze anos, algumaspartes pareceram-me obscuras e outras pouco fundamentadas. Alémdisso, o todo deu a impressão de estar incompleto. Portanto, tenteiesclarecer o que estava obscuro e reforçar aquelas partes que necessita-vam de mais fundamento. Especificamente, dividi o material originalem dois capítulos, agora intitulados “A promessa do Espírito” e “Aplenitude do Espírito”. Expandi o material destes capítulos, dando ênfaseem convicções comuns e indicando em quais áreas as diferenças perma-necem. Depois, acrescentei mais dois capítulos intitulados “O fruto doEspírito” e “Os dons do Espírito”.

A segunda razão é mais pessoal. Durante os últimos anos, recebiregularmente cartas de pessoas que dizem ter ouvido que mudei deponto de vista, depois que escrevi Batismo e plenitude do Espírito San-

to. Não é verdade. A edição revista me dá a oportunidade de corrigireste falso rumor.

Em terceiro lugar, seja qual for nossa posição em relação a esteassunto, precisamos permanecer em comunhão frutífera e em diálogocom os outros. Ninguém acha isto fácil. É preciso ter maturidadeconsiderável para estabelecer e manter um relacionamento pessoal ecordial com pessoas que não vêem as coisas da mesma forma que nós.Em uma conferência recente, achei oportuno confessar minha imatu-ridade, tanto por ter sido negativo demais em relação ao movimentocarismático, quanto por ter relutado em ir até seus líderes e dialogarcom eles. Em seguida, mencionei três áreas que me pareciam ser umabase de comum acordo para continuar o diálogo. Pode ser proveitosoo fato de registrá-las aqui.

A primeira é a objetividade da verdade. Vivemos em tempos muitosubjetivos, em que o existencialismo faz uma distinção radical entrevida “autêntica” e “inautêntica”, usando critérios completamente sub-jetivos para determinar o que é “autêntico”, ou seja, o que a mim pare-ce autêntico neste momento. Porém, cristãos, especialmente cristãos

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10 BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

evangélicos, estão convictos de que Deus falou histórica e objetiva-mente, que sua palavra culminou em Cristo e no testemunho apostó-lico a respeito dele, e que a Escritura é exatamente a palavra de Deusescrita para nosso aprendizado. Portanto, todas as nossas tradições,todas as nossas opiniões e todas as nossas experiências precisam sersubmetidas ao exame independente e objetivo da verdade bíblica.

A segunda é a centralidade de Cristo. Todos concordamos tam-bém nisto, pelo menos em teoria. Nossos olhos foram abertos paraver a verdade como ela é em Jesus, e nossos lábios para confessar queele é o Senhor. Não temos dificuldades para endossar as grandes afir-mações do apóstolo Paulo em sua carta aos colossenses, de que JesusCristo é o cabeça do universo e da igreja; de que o propósito de Deusé que ele possa “em todas as coisas ter a primazia” (1.18); de que “nelehabita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (2.9); e de quenele recebemos “a vida completa” (2.10, BLH).

Entretanto, não é suficiente concordar somente com os lábioscom estas afirmações sobre a supremacia e suficiência de Cristo. Preci-samos ir adiante e estabelecer as implicações disto. Alguns cristãosdão impressão de basear-se numa doutrina de “Jesus ”, tal como: “Vocêveio a Jesus, o que é muito bom; porém, agora, você precisa de algomais para completar este passo”. Outros dão tanta ênfase à suficiênciade Cristo que parecem ter um conceito estático da vida cristã, quenão dá espaço nem para um crescimento em maturidade, nem paraexperiências mais profundas e completas com Cristo.

A terceira área em que devemos concordar é a diversidade da

vida. Isto é, o Deus vivo da natureza e da Escritura é um Deus dediversidade rica colorida. Ele fez diferente cada ser humano, cadafolha de grama, cada floco de neve. Por esta razão, confesso que, quantomais eu vivo, mais hostil me torno a qualquer estereótipo. Todavia,parece que alguns de nós estão ansiosos em forçar todos a dançaremconforme a sua música, e em enquadrar os outros em seus padrões.Será que está atitude não é sempre reprovável? Minha convicção, quetentarei expor nas próximas páginas deste livro, é de que há uma

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11PREFÁCIO À EDIÇÃO EM INGLÊS

variedade grande de experiências espirituais e uma variedade tam-bém grande de dons espirituais. Se renunciarmos ao desejo de aprisio-nar os outros em camisas-de-força, encontraremos uma nova liberdadee uma nova comunhão no Deus da diversidade abundante.

Finalizando, quero deixar bem claro que meu propósito comeste livro não é criar polêmica, porque sou um homem de paz, e nãode guerra. Se às vezes fui negativo, isto ocorreu somente para esclare-cer a verdade positiva correspondente. Também levantei algumas per-guntas que, segundo me parecem, precisam ser feitas e respondidas.Mas não tenho a intenção de ferir ou confundir ninguém. Minhapreocupação é tentar expor certas passagens importantes da Bíblia. Emeu objetivo nisto é que todos possam compreender melhor agrandiosidade da nossa herança em Cristo, para que nos apossemosdela de maneira mais completa, bem como a extensão da nossa res-ponsabilidade em manifestar todo o fruto do Espírito em nossa vida,e em pôr em prática os dons do Espírito que ele, em sua soberaniagraciosa, nos concedeu.

Abril de 1975J.R.W.S.

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13O FRUTO DO ESP ÍR ITO

Edições Vida Nova tem um grande prazer emnovamente oferecer este importante estudo, deJohn Stott, sobre a controvertida doutrina doEspírito Santo.

A primeira edição do livro, Batismo e pleni-

tude do Espírito Santo, foi lançada por EVN em1966. Agora, ampliada e recomposta, esta obratraz uma apresentação e conteúdo condizentescom a fama do autor e o bom nome de EdiçõesVida Nova. Mas, sua principal atração prende-se à centralidade do Novo Testamento na dis-cussão do assunto como um todo.

Embora não possamos esperar que todosos leitores concordem com a posição do pastorStott, não seria justo alguém considerar-se “cam-peão” na compreensão desta doutrina divergen-te, antes de mastigar e digerir este despretensiosolivro. John Stott conhece bem a Bíblia, o grego,a literatura sobre a doutrina do Espírito Santo eas implicações das conclusões extraídas sobre o

^PREFÁCIO À EDIção em

PORTUGUês~

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14 BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

“batismo” e “plenitude” da Terceira Pessoa da Trindade. Moderado,ponderado e com reconhecida autoridade, John Stott inspira confian-ça nas posições adotadas.

Esperamos que a leitura de Batismo e plenitude do Espírito Santo

proporcione valiosos conhecimentos e lance uma clara luz sobre ocaminho cristão. Esta é a nossa oração.

RUSSELL P. SHEDD

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15O FRUTO DO ESP ÍR ITO

INTRODUçAO~

Para onde quer que olhemos na igreja hoje emdia, há uma carência evidente de uma obra maisprofunda do Espírito Santo.

No Ocidente, o antigo conceito de “cristan-dade”, que existiu durante séculos, parece estarmorrendo rapidamente, à medida que mais emais pessoas repudiam a fé de seus pais. Na dé-cada de sessenta, na tentativa de reinterpretar oevangelho para a era moderna, os teólogos secu-lares negaram abertamente os elementos funda-mentais do cristianismo histórico. E, tendoperdido a fé cristã em grande escala, o mundoocidental também perdeu a ética cristã. Agora asociedade é abertamente pluralista e permissiva.A igreja sobrevive como instituição, mas muitaspessoas a têm como uma relíquia do passado,uma estrutura fora de moda, como as supersti-ções a que ela se atém. Ao mesmo tempo há al-guns sinais de uma renovação espiritual — focosde novo vigor em denominações mais antigas,

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16 BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

no movimento das igrejas nos lares e em organizações para-eclesiás-ticas. Porém, permanece o quadro geral de uma influência cristãdecrescendo de modo constante, em uma sociedade cada vez maissecular. Os ossos mortos e secos da igreja carecem do sopro vivificantede Deus.

É verdade que em algumas partes do mundo a igreja está cres-cendo com rapidez. No Congresso Internacional de EvangelizaçãoMundial em Lausanne, em julho de 1974, ouvimos falar de “umareceptividade ao Senhor Jesus Cristo sem precedentes”. Multidõesestão se abrigando na igreja, e, em algumas áreas, a taxa de natali-dade de cristãos é maior que a do restante da população. Tudo istonos dá motivos de grande alegria. Ao mesmo tempo, estes movi-mentos populares, às vezes, são ofuscados por rivalidades e divisões,como nos dias da igreja primitiva, por ensinos falsos e emocionalismosuperficial. Portanto, também nisto vemos a necessidade de umaobra mais profunda do Espírito Santo, já que ele é o autor de unidade,verdade e maturidade.

Entretanto, não vemos a carência do Espírito Santo somentenas igrejas mais antigas do mundo ocidental e nas igrejas mais novasdo terceiro mundo. Podemos vê-la também olhando para nós mes-mos. Certamente, todos nós que dizemos pertencer ao Senhor Jesus,seja qual for nossa convicção particular, às vezes nos sentimos opri-midos por nossos fracassos pessoais na vida e ministério cristãos.Somos conscientes de que estamos longe do padrão de Cristo, daexperiência dos primeiros cristãos e das promessas claras que Deusfaz em sua palavra. Sem dúvida, somos gratos a Deus pelo que elefez e tem feito, e não queremos denegrir a sua graça. Mas temosfome e sede de algo mais. Também ansiamos por um reavivamentoverdadeiro, uma visitação sobrenatural e abrangente do EspíritoSanto na igreja, trazendo profundidade e crescimento; e, ao mes-mo tempo, anelamos por uma experiência mais profunda, maisrica e mais completa de Cristo em nossas próprias vidas, atravésdo Espírito Santo.

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17INTRODUÇÃO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ABORDAGEM

Antes de começar o estudo, deixe-me explicar quatro coisas.A primeira é que nosso anseio e obrigação, como cristãos, deve

ser o de encaixar-se no propósito pleno de Deus. Ele não ficará satis-feito com nada menos do que isto; também não devemos nos satisfa-zer com algo que esteja aquém disto. Todos que dizemos seguir aCristo devemos buscar uma compreensão mais clara do propósitode Deus com seu povo, ser levados ao arrependimento por não con-seguirmos cumpri-lo, e continuar a nos esforçar com avidez, desejo-sos de tomar posse com firmeza de tudo o que Jesus obteve para nós(v. Fp 3.12-14).

Em segundo lugar, devemos descobrir este propósito de Deusna Bíblia. A vontade de Deus para as pessoas está na sua palavra.Nela devemos tomar conhecimento da vontade divina, e não prefe-rencialmente da experiência particular de indivíduos ou grupos,por mais reais e válidas que estas experiências possam ser. Não de-vemos cobiçar o que Deus pode ter dado a outros, nem impor aoutros o que Deus pode ter dado a nós, a não ser que esteja reveladoclaramente na sua palavra que isto é parte da herança prometida atodo o seu povo. O que buscamos para nós mesmos e o que ensina-mos a outros deve ser orientado somente pela Escritura. Somentequando a palavra de Deus habitar ricamente em nós, seremos capazesde avaliar as experiências que tanto nós quanto outros podemos ter.A experiência nunca deve ser o critério da verdade; a verdade devesempre ser o critério da experiência.

Em terceiro lugar, esta revelação do propósito de Deus na Bíbliadeve ser buscada preferencialmente nas suas passagens didáticas, enão nas descritivas. Para ser mais preciso, devemos procurá-la nos en-sinos de Jesus e nos sermões e escritos dos apóstolos, e não nas seçõespuramente narrativas de Atos. O que a Escritura descreve como acon-tecido a outros não precisa necessariamente acontecer conosco; po-rém do que nos é prometido devemos nos apropriar, e o que nos éordenado devemos obedecer.

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18 BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

É fácil ter uma má compreensão do que estou tentando dizer.Não estou dizendo que as passagens descritivas da Bíblia não têmvalor, porque “toda Escritura é inspirada por Deus e útil” (2Tm 3.16).Digo, porém, que o que é descritivo tem valor somente até o pontoem que é interpretado pelo que é didático. Algumas narrativas bíblicasque descrevem acontecimentos interpretam a si mesmas, porque in-cluem um comentário explicativo, enquanto outras não podem serinterpretadas isoladamente, mas somente à luz do ensino doutrinárioou ético dado em outras passagens.

Por isso Paulo nos diz que as coisas pelas quais Israel passou nodeserto “lhes sobrevieram como exemplos” e “foram escritas para adver-tência nossa” (1Co 10.11; v. Rm 15.4). Ele está se referindo a diversosepisódios em que o julgamento de Deus recaiu sobre eles. Aqui te-mos, portanto, passagens narrativas que são úteis para o ensino. Po-rém seu valor não está na mera descrição, mas na explicação. Devemosevitar a idolatria, a imoralidade, a presunção e a murmuração, dizPaulo, porque estas coisas são gravemente ofensivas a Deus. Como sabe-mos isto? Porque o julgamento de Deus lhes sobreveio, como Moisésdeixa bem claro nas histórias, e como ele e os profetas ensinam emoutras passagens. Entretanto, não podemos deduzir das histórias que,se pecarmos, assim como o povo de Deus no deserto, morreremospor pragas ou picadas de cobras, como aconteceu com eles. De ma-neira semelhante podemos aprender da história de Ananias e Safiraem Atos 5, que mentir desagrada muito a Deus, porque Pedro o diz;mas não podemos concluir que todos os mentirosos cairão mortos aochão como eles.

Há ainda outro exemplo: em dois parágrafos de Atos, em queLucas nos diz que os primeiros cristãos em Jerusalém venderam muitosdos seus bens, tinham o restante em comum, e distribuíam bens edinheiro “à medida que alguém tinha necessidade” (2.44-45; 4.32-37).Diante desses textos, devemos deduzir que eles estabeleceram umpadrão que todos os cristãos devem imitar, de maneira que a propri-edade privada é proibida aos cristãos? Alguns grupos têm pensado

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19INTRODUÇÃO

assim. Certamente a generosidade e o cuidado mútuo destes primeiroscristãos devem ser imitados, pois o Novo Testamento nos ordena muitasvezes que amemos e sirvamos uns aos outros, e que sejamos generosos(até sacrificiais) em nossas contribuições. Porém, o argumento baseadona prática da primeira igreja de Jerusalém, de que toda propriedadeparticular fica abolida entre os cristãos, não somente não pode sermantido pelo texto, como até é contrariado claramente pelo apóstoloPedro no mesmo contexto (At 5.4) e pelo apóstolo Paulo em outraspassagens (p. ex. 1Tm 6.17). Este exemplo deve nos deixar atentos.Portanto, devemos derivar nossos padrões de fé e comportamento doensino do Novo Testamento, sempre que ele for dado, e não daspráticas e experiências que descreve.

Em quarto lugar, nossa motivação, ao buscarmos aprender opropósito de Deus do ensino da Escritura, é prática e pessoal e nãoacadêmica e polêmica. Somos irmãos e irmãs na família de Deus.Amamo-nos mutuamente e estamos preocupados em conhecer a von-tade de Deus, a fim de que a abracemos e a recomendemos a outros.Não temos desejo de aplicar golpes baixos uns nos outros em umdebate teológico.

Depois destas quatro simples afirmações introdutórias sobre a nossaabordagem, estamos prontos para estudar pela ordem, a partir da Escri-tura e em relação ao debate contemporâneo, o que significa a promessado Espírito (e se é a mesma coisa que o “batismo” do Espírito), a pleni-tude do Espírito, o fruto do Espírito e os dons do Espírito.