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Livro de Resumos
6 a 9 de abril de 2017
Alcoitão
Nota Introdutória
Caro/a participante,
Bem-vindo ao 20º Encontro Nacional de Estudantes de Terapia Ocupacional.
Esta iniciativa tem vindo, ao longo dos anos, a proporcionar a possibilidade de partilha de
conhecimento, experiências e momentos entre os alunos das diferentes escolas do país que
frequentam o curso de Terapia Ocupacional.
Neste documento constarão os resumos das comunicações de cada dia, fornecidos pelos respetivos
oradores.
Sendo o ENETO um momento privilegiado para aquisição de novos conhecimentos no âmbito da
Terapia Ocupacional, contamos com a participação de todos, de modo a tornar ainda mais
enriquecedora esta experiência.
Desejamos, para além da partilha de saber, uma ótima estadia repleta de momentos de convívio e
diversão.
Alcoitão, Abril de 2017
Programa Geral
Quinta feira (6/4)
Sexta feira (7/4) Sábado (8/4) Domingo (9/4)
Hora Programa Aqui e Agora Futuro Paradigma
Hora Programa Hora Formato Workshops Hora Formato Workshops
10:00 Sessão de Abertura
10:00 Sessão de Abertura
10:15
Painel: O olhar
sobre o meu Avô
Meditação 10:15 Encerramento
11:15 Intervalo 11:15 Intervalo 11:30
Passagem do testemunho para 2017
11:30
Painel: Trocado por miudos: TO na infância
Álbum Tátil
+ Surf
Adaptado
11:30 OT Talk:
TO na Comunidade
12:15 Orador-mor: A perspetiva do Psiquiatra
13:00 Apresentação ENOTHE
2018
13:00 Almoço 13:15 Almoço 12:00 Almoço volante
14:30 OTTalk:
Projeto Eu Consigo
Álbum Tátil
14:30 OT Talk: Terapias
Alternativas
Intervenções assisntidas
com animais
15:00 Receção 15:15 Intervalo 15:30 Intervalo
16:00 Sessão de Abertura
15:30 Painel: Justiça Ocupacional no Desporto
15:45
OT Talk: Da prática à
investigação - O papel do
TO
Intervenções assistidas
com animais
18:00 Tuna
APPACDM
19:30 16:15
OT talks: O jogo das
dependências Meditação 17:30 Zumba- FitnessHut
Jantar 19:30 Jantar 19:30 Jantar Académico
23:00 Welcome
Party Festa
22:00 Rally Tascas 22:00 Atuação ESSATuna
23:00 Festa 23:00 Noite Académica
Programa Detalhado
Trocado por Miúdos, TO na Infância
A Abordagem do Terapeuta Ocupacional no Modelo de Educação Inclusiva
Terapeutas Eduardo Gonçalves e Inês Moreira
Uma abordagem inclusiva do Terapeuta Ocupacional em contexto escolar deve abordar os
diferentes contextos onde o processo terapêutico se centra, bem como os diversos intervenientes que deles
fazem parte, visando otimizar o potencial de aprendizagem e o desenvolvimento integral da criança, com
vista a promover a inclusão.
Partindo da criação de planos de ação, à definição dos objetivos que pretendem dar resposta às
necessidades educativas dos alunos, o papel do Terapeuta Ocupacional enquanto profissional que integra
uma equipa pedagógica e de apoio ao aluno, centra-se em diferentes fases ao longo do ano letivo.
Numa ligação estreita com os agrupamentos escolares, estes apresentam-se como parceiros ao
longo de todo o processo terapêutico.
Serão abordadas as diferentes modalidades de intervenção em contexto escolar, bem como a relação da
intervenção do Centro de Recursos para a Inclusão (CRI) com a política de inclusão no contexto europeu.
Palavras-chave: CRI; Terapeuta Ocupacional; Escola; Inclusão
Terapeuta Mafalda Correia
Pensar na saúde mental das crianças e adolescentes, é mergulhar num mundo complexo
onde o normal o patológico muitas vezes se confundem. Enquanto Terapeutas Ocupacionais, é
urgente descodificarmos, traduzirmos e conseguirmos compreender o impacto que as perturbações
psiquiátricas têm na vida destas crianças, por forma a melhor intervir.
O Iceberg é a metáfora…. A analogia…. Vamos colocar os óculos de mergulho e mergulhar em
águas desconhecidas.
Terapia Ocupacional e a Deficiência Visual na infância
Terapeuta Maria Garcia Alves
Esta comunicação corresponde a uma descrição de experiências, onde é apresentada a
intervenção da terapia ocupacional com crianças com Deficiência Visual (DV) desde 2014, no Centro
Helen Keller. O objetivo será expor o papel do terapeuta ocupacional na intervenção com esta
população. A intervenção da Terapia Ocupacional pretende minimizar o impacto da DV e facilitar o
envolvimento e participação em ocupações significativas para estas crianças.
O terapeuta potencia os recursos da criança, adapta o ambiente e facilita a ocupação. Para
um desempenho funcional e satisfatório das ocupações em que a criança se envolve, o terapeuta
promove um desenvolvimento complexo dos sentidos alternativos à visão, pois será a partir destes
que a criança compreenderá e dará significado ao mundo que a rodeia. Na promoção da integração
dos sentidos, destaca-se especialmente a importância da estimulação e do desenvolvimento do
processamento e perceção tátil.
Conclui-se que o terapeuta ocupacional possui um papel de grande importância na aquisição
de autonomia por parte destas crianças e no desempenho das suas ocupações diárias, sejam elas
relacionadas com autocuidados, produtividade ou lazer.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional Pediátrica; Deficiência Visual; Reabilitação; Atividades
adaptadas
Workshop: Álbum Tátil
O contexto percetivo da cegueira: adaptação de livros infantis
Terapeuta Rita Ângelo
No nosso quotidiano, a informação é captada pela visão numa percentagem de 80% a 90%
(Kastrup, Carijó & Almeida, 2009), assim sendo, as crianças com cegueira têm menos oportunidades
de aprendizagem incidental.
No que respeita à literacia emergente, sabe-se que a sua construção é um direito
fundamental de todas as crianças, pelo que teremos que ter em conta o contexto preceptivo na
cegueira para que se promovam oportunidades de aprendizagem significativas e ajustadas.
Neste workshop, um dos conceitos fulcrais será o de acessibilidade, no que respeita à
adaptação de livros infantis para crianças com cegueira (enfoque na ilustração de tipo háptico).
Workshop: Surf Adaptado
Surf Adaptado – Uma Fábrica de Sorrisos
Nuno Vitorino
Receção aos indivíduos com deficiência, cuidados ter com as patologias na prática do surf adaptado.
Técnicas de mobilidade e transferência com o tiralô (cadeira anfíbia).
Programação e execução do treino adaptado, vestir os fatos, aquecimento.
Deslizar nas ondas sem e com prancha.
Adaptação de material.
Lesões mais frequentes e como as evitar.
Palavras-chave: Surf Adaptado, Desporto Adaptado
A Perspetiva do Psiquiatra
Terapia Ocupacional na Saúde Mental - "Não é só fazer bolos"
Dr. Bruno Silva
A Terapia Ocupacional (TO) tem uma longa história de intervenção em pessoas com
problemas de Saúde Mental. Nos tempos idos dos asilos psiquiátricos, a ocupação dos doentes
assumia um papel importante no controlo dos seus sintomas, na sua “reabilitação moral” e na sua
qualidade de vida. Hoje em dia, a intervenção é centrada no indivíduo, nos seus interesses, desejos e
ambições, integrando conhecimentos de várias áreas da Saúde e desenvolvendo-se principalmente
em contexto comunitário ou em unidades de reabilitação. Apesar desta evolução técnica e científica,
a TO enfrenta ainda muitos desafios. Parece existir um desconhecimento geral sobre as áreas de
atuação da TO e o contributo que esta pode dar no projeto terapêutico dos doentes, não só entre o
público em geral, mas também entre os restantes profissionais de saúde. O termo “ocupacional” é
frequentemente confundido com “regresso ao trabalho” ou com “atividades lúdicas”, sendo
também difícil para um leigo distinguir os papéis diferenciais entre o terapeuta ocupacional, o
fisioterapeuta, o assistente social e outros profissionais.
Nesta OT Talk iremos falar sobre o contributo da TO na Saúde Mental, os desafios que
enfrenta nesta área da Saúde em Portugal e, por último, tentaremos pensar em estratégias a vários
níveis – no ensino da TO, na organização dos serviços de Saúde, na sensibilização dos restantes
profissionais e público em geral – que ajudem a posicionar a TO num papel central e diferenciado de
prestação de cuidados e reabilitação.
Projeto Eu Consigo
Projeto ‘’Eu consigo’’
Terapeuta António Marques, e Patrícia Protásio
A Terapia Ocupacional em Portugal continua a ser praticada maioritariamente em contexto
clínico, com recurso a actividades limitadas e pouco genuínas que, apesar de procurarem simular os
contextos de desempenho, não permitem observar directamente o desempenho para uma
avaliação, planeamento, e intervenção mais adequados, nem validar os resultados obtidos nos
contextos reais. Este facto limita profundamente o trabalho do terapeuta ocupacional, que vê
reduzido o espectro da sua actuação e a probabilidade de obtenção de resultados positivos,
correndo inclusivamente o risco de não se destacar verdadeiramente de outras disciplinas como a
fisioterapia.
Por outro lado, a Terapia Ocupacional em Portugal sofreu, durante muitos anos, de uma
pobre comunicação das suas potencialidades, quer junto da população em geral, quer junto dos
profissionais de saúde, com especial destaque para a classe médica.
A organização de um conjunto de profissionais sob a estrutura de uma empresa especializada
em Terapia Ocupacional, a Eu Consigo, tem vindo a permitir um trabalho estruturado e continuado
no tempo com vista à divulgação dos benefícios da Terapia Ocupacional e à promoção de uma
abordagem que permita capacitar e reabilitar o utente directamente onde e quando surgem as
situações-problema.
Através da intervenção no contexto de desempenho, o terapeuta ocupacional pode, junto do
utente e dos seus cuidadores, focar a sua intervenção não apenas nos sintomas ou sequelas, mas
principalmente nas consequências do estado de saúde do utente, em todas as suas dimensões. Este
trabalho mais abrangente e mais personalizado traz inúmeras vantagens às famílias, enquanto
constitui um interessante desafio para o terapeuta ocupacional.
A experiência da Eu Consigo, ilustrada por casos relevantes, é a prova vivida de que vale a
pena empreender e inovar, apostando na Terapia Ocupacional.
Justiça Ocupacional no Desporto
Colónias de férias para todos – projeto de promoção de Justiça Ocupacional na
comunidade
Terapeuta João Cadima
“Quando chegarem os 3 meses de férias de Verão o que é que o meu filho vai fazer?”
Esta é a pergunta que todas as famílias com crianças fazem quando se aproximam as férias.
Esta pergunta é especialmente dramática no caso de famílias de crianças com necessidades
educativas especiais, particularmente no verão.
Todos temos boas recordações de férias de Verão passadas com a família, amigos ou até em
colónias de férias. A maioria das crianças com necessidades educativas especiais estão incluídas em
escolas regulares durante o ano letivo mas chegam as férias e vêm-se excluídas das atividades de
lazer a que todas as outras têm acesso. Aqui reside um problema de Justiça Ocupacional dramático
pela exclusão social e limitação de oportunidades de participação a que estas crianças são sujeitas e
pelo drama familiar que daí advém.
Nesta comunicação pretendo partilhar um projeto de desenvolvimento baseado na
comunidade que nasceu da necessidade das crianças e suas famílias, e resultou numa solução
sustentável da própria comunidade.
Vem conhecer este projeto e inspira-te a fazer a diferença na vida das crianças.
Palavras-chave: Inclusão; Comunidade; Projeto; Desenvolvimento Social; Férias
Familiarização com o que é o surf adaptado, bem como apresentação da história do
mesmo.
Fundador da SURFaddict e Surfista de Surf Adaptado Nuno Vitorino
Apresentação dos aspetos positivos e negativos da prática do surf adaptado, quais as suas
oportunidades e as suas ameaças, e ainda quais os seus principais fatores de sucesso.
Palavras-chave: Surf Adaptado, Desporto Adaptado
Fisioterapeuta Joana Pinho
A justiça ocupacional é um recurso que permite o envolvimento equitativo das pessoas em
ocupações significativas; prende-se com a equidade de acesso às oportunidades, reconhecendo a
necessidade de fortalecer as pessoas, independentemente das diferenças entre elas.
Ainda que influenciada significativamente por cultura, valores, rotinas, economia e espiritualidade,
no desporto, a injustiça ocupacional pode relacionar-se com o ambiente, o género, a idade, altura,
peso e/ou com a existência ou não de necessidades especiais, entre outras.
Vários são os estudos que têm sido realizados no sentido de perceber as injustiças e as
desigualdades de oportunidade na área do desporto, bem como formas de a combater.
Atualmente, e no que se refere ao desporto adaptado, existem entidades mundiais como o
International Olympic Committee (IOC) e a International Federation of Adapted Physical Activity
(IFAPA) com o objetivo de promover a atividade física adaptada por todo o mundo. Em Portugal, o
Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) criou o Programa Nacional de Desporto para
Todos de modo a tentar colmatar a falta de resposta para pessoas com necessidades especiais.
Embora ainda não existam muitos atletas com deficiência no Karate e em outras artes
marciais, tem havido alguma dedicação a esta área, quer a nível nacional como internacional,
inclusivé, têm surgido recentemente, vários estudos sobre os efeitos das artes marciais em
população com necessidades especiais.
Contudo, mesmo que se venha observando os benefícios que acarreta, a justiça
ocupacional ainda está longe de ser atingida por várias dificuldades quer no ambiente social quer no
ambiente físico. Ainda assim, sabe-se que é possível e que já existem boas práticas no nosso país.
Jogar com as Dependências
Álcool e Ocupação – Uma relação de cumplicidade
Terapeuta Ana Lúcia
Será que o álcool e a ocupação são cúmplices tanto na doença como na saúde? Como
Terapeuta Ocupacional esta questão surgiu quando iniciei o meu trabalho com pessoas com
perturbação pelo uso do álcool na Casa de Saúde do Telhal, no serviço de internamento da Clínica de
Alcoologia Novo Rumo.
O Terapeuta Ocupacional olha para a promoção da saúde através do capacitar os indivíduos
para a ocupação promovendo a participação e o equilíbrio ocupacional.
E se as ocupações de consumo são as mais significativas? O padrão ocupacional das pessoas
com perturbação pelo uso do álcool é muito organizado e centrado nas ocupações relacionadas com
a aquisição e consumo de álcool. É um padrão ”tóxico” que promove a doença.
É fundamental o utente voltar a construir um novo padrão ocupacional alterando o seu padrão de
Sentir, Pensar e Agir, conseguindo assim não apenas alterações de rotinas mas uma mudança
transformacional (Kielhofner, 2002).
Na CANR desafio cada utente a planear um padrão ocupacional sem consumo, a partir do
treino de relaxamento que promove a capacidade de auto-controlo, e respostas adaptativas. É
composto por 7 sessões e exercícios individuais de auto-indução - técnica da respiração completa
utilizando as vogais; treino progressivo de jacobson; treino autógeno de schultz e eutonia. Em
complementaridade é realizada uma análise do padrão ocupacional, onde cada utente identifica os
momentos e as ocupações que associa ao consumo recorrendo à imagem de um relógio e
posteriormente sinaliza como poderá alterar esse padrão incluindo ocupações protetoras do
consumo e as técnicas vivenciadas em sala.
O Ser Humano é um Ser Ocupacional e o envolvimento em ocupações é o maior mecanismo
evolutivo para a saúde (Wilcock, 1998). Por isso, farei uma reflexão de outras intervenções que serão
fundamentais serem contempladas na abordagem com pessoas com perturbação pelo uso do álcool.
Palavras-Chave: Terapia Ocupacional; Perturbação pelo uso do álcool; Padrão Ocupacional; Treino de
Relaxamento
Dia 8 de abril
O Olhar sobre o meu Avô
Dor Crónica: um desafio para a Terapia Ocupacional
Terapeuta António Monteny
A dor caracteriza-se como um “mecanismo de alerta” fisiologicamente indispensável à
hemóstase, resultante de um conjunto de processamentos neurais periféricos e centrais que
integram múltiplos inputs percursores de um padrão de output que evoca a dor. Quando a dor
persiste de forma contínua ou intermitente num espaço de tempo superior a 3 meses é classificada
como dor crónica - uma condição patológica incapacitante geralmente subdiagnosticada e
subtratada. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 20% a 30% da população mundial sofre
de dor crónica com impacto direto sobre o seu desempenho atividades da vida diária, produtivas e
lazer, representando a pertinência de uma abordagem em terapia ocupacional (TO) integrada numa
equipa multidisciplinar. Enquadrado no modelo biopsicossocial, Ronald Melzack propôs um conceito
denominado body-self neuromatrix compreendendo uma vasta rede neural que inclui paralelamente
componentes somatossensoriais, límbicos e tálamo-corticais que promovem as dimensões
sensóriodiscriminativas, afetivo-emocionais e cognitivo-avaliativas da experiência da dor. O culminar
da TO com a prática translacional baseada nas Neurociências, proporciona atualmente novas
tendências e estratégias na abordagem à pessoa com dor crónica para além das metodologias
convencionais. Pressupondo os princípios da neuroplasticidade e respetivos fenómenos de
sensibilização central, torna-se crucial uma intervenção baseada na exposição graduada onde a
concomitância da educação da pessoa para a dor – Explain Pain – é metaforizada e acessível para a
pessoa representando um novo conjunto de neuroassinaturas de evidência credível de segurança
para o cérebro desmistificando. Visando a dessensibilização central, destaca-se igualmente o
processo Graded Motor Imagery onde o acesso ao corpo virtual, permite através de um conjunto de
técnicas de imagética e “ilusão”, graduar progressivamente a exposição ao movimento e função
minimizando a dor. A “revolução da dor” é já um movimento com progressão internacional,
representando um novo desafio para a TO em Portugal onde se mantém a crescente necessidade de
uma prática centrada na pessoa baseada na mais recente evidência científica
Palavras-chave: Dor Crónica; Explain Pain; Graded Motor Imagery; Terapia Ocupacional;
Neurociências
Reflexão sobre a intervenção da Terapia Ocupacional com a Pessoa com Demência
Terapeuta Elena Pimentel
Estima-se que existam cerca de 35,6 milhões de pessoas com demência no mundo,
prevalência que tende a aumentar consideravelmente nas próximas décadas (Alzheimer Portugal,
2014).
A ocupação é reconhecida como fonte de bem-estar e um mecanismo para satisfazer as
necessidades e interesses intrínsecos do indivíduo (Anaby et al., 2009). Sendo a ocupação um aspeto
central da experiência humana (Wilcock, 2006) e o principal meio através do qual o ser humano
desenvolve e expressa a sua identidade (Hasselkus, 2006), considera-se basilar a promoção de uma
intervenção baseada na ocupação. O terapeuta ocupacional é o profissional que ambiciona habilitar
a pessoa com demência para a ocupação, promovendo a sua saúde e o bem-estar.
Esta comunicação pretende contribuir para a reflexão dos estudantes / terapeutas sobre a
verdadeira essência da intervenção da Terapia Ocupacional com a população com demência,
reforçando-se que o envolvimento em ocupações no dia-a-dia é uma estratégia de intervenção
central à prestação de cuidados nesta área de intervenção (Ohman & Nygard, 2005).
Palavras-chave: pessoa com demência, terapia ocupacional, ocupação, bem-estar.
Cuidados Paliativos ao Idoso
Enfermeira Emília Fradique
O crescimento populacional e demográfico do idoso é atualmente um fenómeno mundial e,
consiste no principal determinante da maior prevalência de doenças crónicas, sendo os cuidados
paliativos a resposta célere como coadjuvante no tratamento destas pessoas. A pessoa considerada
em fase final da vida ou “fora da possibilidade de cura” é aquela que expressa doença em fase
avançada em que se verificam claros limites nas suas condições de saúde. Para fazer frente a essa
realidade, os cuidados paliativos respondem claramente com humanização na morte, opondo-se á
ideia da morte como um inimigo a ser combatido a todo o custo.
O estudo de Pessini, Bertachini, (2005), enfatiza que existe considerável evidência de que as
pessoas idosas sofrem desnecessariamente por uma falta de avaliação geral por parte de uma
equipa multidisciplinar, do diagnóstico precoce, do tratamento dos seus problemas, bem como por
dificuldade no acesso aos programas de cuidados paliativos. Os cuidados paliativos contemplam uma
filosofia de cuidado que podem ser aplicados em diferentes contextos; domicilio, hospital, centros
de dia e outros.
É notório que os cuidados paliativos e os valores fundamentais da geriatria se articulam e se
integram: a pessoa doente está no centro dos cuidados, a abordagem é multidisciplinar, holística e o
doente e sua família são a única unidade de cuidados. Segundo estudo de Solano, Scazufca,
Menezes, (2011) grande parte dos idosos morrem com sintomas descontrolados como; dor, astenia,
dispneia, depressão, anorexia, insónia, obstipação, no último ano de vida. Muitos destes sintomas
não são identificados precocemente e tratados, apesar de recorrerem frequentemente aos serviços
de saúde. Além disso, o idoso no que concerne ao processo de morrer, esta ocorre frequentemente
quando se encontra em estado de fragilidade, com declínio das suas funções orgânicas e da
qualidade de vida. Segundo Fratezi, Gutierrez, (2011) é imprescindível promover uma atenção
integrar ao doente, envolvendo também os seus familiares, em especial o cuidador que, na maior
parte dos casos, apresenta exaustão física, emocional e financeira.
TO na Comunidade
Cocriação de um novo paradigma para a Terapia Ocupacional
Terapeuta Sílvia Martins
Numa cimeira da ONU em Setembro de 2015, os líderes mundiais assinaram uma nova
agenda de ação até 2030, com o objetivo de criarmos sociedades prósperas socialmente inclusivas e
sustentáveis do ponto de vista ambiental, afirmando que o desenvolvimento sustentável é possível,
mas num novo paradigma, convidando todos os cidadãos a contribuírem para a construção do
mesmo (ONU, 2015).
Também na Terapia Ocupacional, numa altura em que se celebram os 100 anos do
surgimento da profissão nos EUA, um novo paradigma começa a surgir em diversas zonas do mundo,
como forma de respondermos às necessidades de mudança dos estilos de vida atuais, relacionados
com situações de doença e disfunção e conducentes à insustentabilidade ambiental e à injustiça
social e ocupacional.
Para que os terapeutas ocupacionais em Portugal consigam cocriar este novo paradigma é
essencial que a sua prática assente na Ciência Ocupacional e que vivenciem e entendam a sua
dimensão ocupacional e a forma como a mesma lhes permite exercer a sua cidadania de pleno
direito.
Nesta comunicação abordaremos estas e outras questões, procurando estimular nos
participantes a reflexão e discussão de ideias para, em conjunto, sonharmos com a co- construção
do nosso caminho em Portugal.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Transformação Social, Ciência Ocupacional, Justiça
Ocupacional.
Occupation based community development: partnerships for occupational justice
Terapeuta Roshan Galvaan
Traditionally, occupational therapy has not been positioned to address challenges and
inequities in society. The profession tended to rely on Western perspectives and individual-oriented
approaches to research and practice. However, in South Africa as in many other countries, social
inequality and occupational injustice is experienced in daily experiences of participating in
occupations. Structural restrictions, such as social, economic, political, or cultural factors, contribute
to limiting participation and occupational choice (Galvaan, 2015) in marginalized groups. This paper
introduces occupational therapy in the domain of community development practice, focusing on
how the Occupation-based Community Development framework (ObCD) guides reasoning to
promote such practice (Galvaan and Peters, 2013).
As a critical approach to occupational therapy, ObCD involves challenging the hegemonic
practices associated with the occupational engagement of marginalised groups such as domestic
workers and adolescents in low-income communities. Drawing on research and practice with such
marginalized groups provides insights into how critical social theories and perspectives in
occupational science can be further developed. This will illustrate the utility of adopting critical
theories together with participatory approaches to practice, generating insights into the translation
of occupational science constructs into practice that promotes occupational justice.
Palavras-chave: Community development, Partnership, Occupational science, Occupational justice.
Terapias Alternativas
A canção infantil como terapia
Terapeuta António Gonçalves
Há 26 anos que trabalho em intervenção precoce significando que aprendi e continuo a
aprender como saber estar com um ser em desenvolvimento. Que procura saber estar tal como o
terapeuta procura saber estar. Dar sentido às ações, às intenções, tornando a comunicação presente
nos momentos terapêuticos é o que procuro.
O desenvolvimento da criança faz-se em função do seu sistema, da sua capacidade em
organizar os estímulos e em função de como esses mesmos estímulos são organizados para que a
criança responda melhor.
Na intervenção terapêutica, criança e terapeuta crescem juntos com intenções mutuas. Saber
estar é essencial para ambos fazerem conquistas de realização e bem-estar. A harmonia entre os
dois é facilitada com a canção infantil. A canção é por si só, e por isso é canção, um ambiente sonoro
organizador, previsível, na maioria dos casos securizante, que promove a linguagem e o movimento.
A canção também é imagem, conto, muitas vezes afetiva e claramente sensorial.
Não imagino o trabalho terapêutico sem o uso da canção infantil. Tu imaginas?
Com a canção crio um ambiente sonoro organizador, promovo a compreensão e a repetição
auxiliando nos processos de memória e previsibilidade. As lengas- lengas são um exemplo mas
também propulsionam o movimento. Esse movimento que o terapeuta pode promover para
aumentar o contacto corporal, o contacto visual, as reações.
A canção é toque, não só sonora mas também táctil. Este toque que faz com que o terapeuta
se torne um ser com interesse e que está ali para que a criança não esteja isolada (autismo) mas que
sinta a presença do outro.
A canção infantil é assim um instrumento terapêutico de proximidade, instrumento esse que
também é usado pelos pais e todos os que desejam cantar.
Terapia Ocupacional e Fotografia
Terapeuta Lourdes Cosme
A Terapia Ocupacional permite, através de atividades criativas, como a fotografia/fotograma,
desenvolver potencialidades e competências identificadas no processo de avaliação de diagnóstico
inicial; a fotografia surge em simultâneo, como um meio facilitador da comunicação/expressão
pessoal e como mediadora da relação (terapeuta-utente).
As vantagens desta técnica, de um ponto de vista global, são as de ajudar a emergir a
linguagem simbólica (não verbal) e inconsciente (metafórica) promovendo o crescimento pessoal e
permitem que seja aprofundado o conhecimento sobre a população com quem a/o terapeuta
ocupacional intervém.
A intervenção com adolescentes coloca-nos, antes de tudo, face às grandes tarefas que estes
têm pela frente, com maior destaque para a mudança da imagem do corpo e a criação de uma
identidade (ocupação escolhida / escolha do projeto futuro).
A fotografia (retrato) de adolescentes com dificuldades psicológicas/psiquiátricas, encerra
potencialidades para reforçar o sucesso nas tarefas inerentes ao crescimento.
Terapeuta Patrícia Pinote
Da prática clinica à investigação: o papel do Terapeuta
Ocupacional
Terapeuta Cláudia Quaresma
A investigação tem um papel crucial na definição e fundamentação das metodologias de
avaliação e intervenção aplicadas em todas áreas, bem como na divulgação da profissão.
O objetivo da preleção é descrever o papel que o raciocínio terapêutico e a prática clinica do
Terapeuta Ocupacional têm no desenvolvimento da investigação aplicada a outras áreas,
nomeadamente à Engenharia Biomédica.
As repercussões e a dimensão que têm na investigação são de tal forma abrangentes e
integradoras que permitem mudar paradigmas, práticas e sobretudo direcionar para os interesses
ocupacionais dos indivíduos, quer para criar novas metodologias de avaliação e intervenção nos
terapeutas ocupacionais ou outros profissionais na área da saúde, quer na monitorização e
promoção da qualidade de vida dos clientes e prestadores de cuidados.
Serão, também, apresentados alguns exemplos de projetos de investigação que resultam da
interligação entre a identificação de um problema, a inovação tecnológica, a prática clinica e a
necessidade do mercado.
Esta apresentação procurará aprofundar as características inerentes aos terapeutas
ocupacionais que lhes permitem integrar equipas de diferentes áreas do conhecimento, reforçando
o papel da funcionalidade no desenvolvimento da investigação bem como na definição das
estratégias personalizadas.
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