Livro contabilidade e gestao_de_custos[1]
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Contabilidade e gestão de custos
Edição UniubeUberaba
2010
Alexandre Alvarez
Laércio Alaim Borges
UNIVERSIDADE DE UBERABA
© 2010 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor: Marcelo Palmério
Pró-Reitora de Ensino Superior:Inara Barbosa Pena Elias
Pró-Reitor de Educação a Distância:Fernando César Marra e Silva
Assessoria Técnica:Ymiracy N. Sousa Polak
Produção de Material Didático:• Comissão Central de Produção
• Subcomissão de Produção
Editoração:Supervisão de Editoração
Equipe de Diagramação e Arte
Edição:Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Alvarez, Alexandre
A86c Contabilidade e gestão de custos / Alexandre Alvarez, Laércio Alaim Borges ; ilustração [de] Rodrigo de Melo Rodovalho. – Uberaba : Universidade de Uberaba, 2010.
134 p. : il.
ISBN 9788577773619
1. Contabilidade de custo. 2. Controle de custo. 3. Controle de estoque. I. Borges, Laércio Alaim. II. Título.
CDD: 657.42
Sobre os autores
Alexandre Alvarez
Especialista em Gerenciamento de Pequenas e Micro empresas e em Docência do Ensino Superior pela Universidade Federal de Lavras; bacharel em Ciências Contábeis e Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro de Uberaba. Atua como professor da Universidade de Uberaba nos cursos de Ciências Contábeis e Administração e como consultor empresarial.
Laércio Alaim Borges
Especialista em Marketing com ênfase em Logística Empresarial pela Universidade Cândido Mendes. Licenciado em Matemática pelo Centro Universitário de Brasília e bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília. Professor titular da Secretaria de Estado de Educação do D.F. e professor na Universidade de Uberaba. Revisor e escritor de materiais de estudo para componentes curriculares na modalidade EAD da Universidade de Uberaba. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis.
ApresentaçãoCaro(a) aluno(a)
Você está recebendo o livro CONTABILIDADE E GESTÃO DE CUSTOS da UNIUBE – Universidade de Uberaba, ofertado na modalidade a distância.
Até esse ponto dos seus estudos você aprendeu o conceito de Contabilidade, as suas técnicas de controle e registro do Patrimônio das empresas, aprendeu sobre as demonstrações contábeis, tanto na forma de estruturá-las como também de analisá-las para poder tirar o máximo de informações. Além disso, você teve acesso a informações gerais que lhe permitiram conhecer e compreender outros ramos da Contabilidade, como a Contabilidade Financeira por meio de relatórios contábeis como a Demonstração de Fluxos de Caixa-DFC.
Nos capítulos que compõem esse livro, mediante o estudo do conteúdo relativo à disciplina de Contabilidade e Gestão de Custos, você aprenderá sobre um ramo da Contabilidade que permite gerenciar os gastos relativos à produção e geração de bens e serviços, que também fornece ainda mais informações sobre as empresas, principalmente as industriais.
No primeiro capítulo, você aprenderá sobre os conceitos introdutórios da Contabilidade de Custos, e a sua importância para o desenvolvimento de uma gestão empresarial eficiente. Além disso, você estudará como classificar os Custos e Despesas diferenciando-os para uma perfeita apropriação. Nesse mesmo capítulo você aprenderá sobre os fundamentos teóricos e práticos para formulação dos modelos de apuração e controle de custos.
No segundo capítulo, você vai aprofundar seus estudos na identificação dos fundamentos teóricos e práticos para formulação dos modelos de apuração e controle de custos. Além de aprender a demonstrar de forma dinâmica os Custos Indiretos de Produção e as suas formas de rateio junto aos produtos. Você aprenderá também sobre os conceitos e técnicas normalmente usadas no planejamento e avaliação de desempenho de unidades de custeio.
No terceiro capítulo, aprofundaremos nosso conhecimento acerca da identificação do melhor método de controle de estoques para as empresas industriais e comerciais e os respectivos impostos que impactam nos estoques de materiais. Você verá também como deve ser tratada a mão de obra direta no seu relacionamento com os produtos fabricados.
No quarto capítulo, você aprenderá como reconhecer as diferenças entre os principais métodos de custeio, calcular e registrar os procedimentos do método de Custeio Variável. Além de desenvolver os métodos de avaliação de custos versus volume e lucro.
Finalmente, no quinto capítulo, aprenderemos como descrever a sistemática aplicada pelo sistema de Custeio ABC, relacionando o Sistema de Custeio ABC com métodos tradicionais de rateio dos Custos Indiretos Fixos. .
Ressaltamos que, além de realizar todas as atividades de aprendizado descritas neste material, você deverá se organizar da melhor maneira possível em termos de tempo de estudo.
Bom estudo e sucesso.
SumárioCapítulo 1 Conhecendo os Gastos Industriais ................................................................... 1
1.1 Fundamentação Histórica............................................................................................. 3
1.2 Métodos de custeio ou de custo e os princípios contábeis .......................................... 10
1.3 Sistema de custeio por absorção ............................................................................... 11
1.3.1 Separação dos Gastos em Custos e Despesas ................................................. 13
1.3.2 Apropriação dos Custos aos Produtos ............................................................... 16
1.3.3 Contabilização dos Custos ................................................................................. 18
Capítulo 2 Entendendo a dinâmica dos Custos Indiretos de Produção – CIPs ............ 25
2.1 A departamentalização e os Custos Indiretos de Produção – CIPs ........................... 27
2.2 Rateio entre departamentos ....................................................................................... 28
2.3 Estudo de caso – Rateio de CIPs e Departamentalização - Empresa Fecha e Tranca .............................................................................................................................. 31
2.3.1 Desenvolvimento do estudo de Caso ................................................................. 34
2.3.2 Distribuição dos custos dos departamentos ....................................................... 37
2.4 Custos Indiretos e a departamentalização ................................................................. 42
2.4.1 Estudo de caso – Usina Melaço ......................................................................... 46
Capítulo 3 Controlando os materiais e a mão de obra ................................................. 53
3.1 Valorizando os estoques e gerenciando a mão de obra ........................................... 54
3.2 Gerenciando os estoques........................................................................................... 65
3.2.1 O Inventário Periódico ........................................................................................ 66
3.2.2 O Inventário Permanente ................................................................................... 68
3.3 Mão de obra direta .................................................................................................... 82
Capítulo 4 Gerenciando os Gastos Industriais ............................................................. 93
4.1 Os Custos Variáveis .................................................................................................. 94
4.2 Custeio padrão .......................................................................................................... 101
4.3 Margem de Contribuição e o custo, volume e lucro .................................................. 102
4.3.1 Classificações do Ponto de Equilíbrio ................................................................ 106
4.3.2 Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio múltiplos produto ..................... 109
4.3.3 Limitação da análise custo – volume – lucro ..................................................... 114
Capítulo 5 Custeio ABC ................................................................................................121
5.1 Sistema de Custeio ABC ............................................................................................ 123
5.1.1 Identificação das Atividades Relevantes ........................................................... 124
5.1.2 Atribuição de custos às atividades ..................................................................... 126
5.1.3 Identificação e seleção dos direcionadores de custos ....................................... 127
Caro aluno, você aprendeu que a Contabilidade é reconhecida como
ciência que estuda as variações e mutações do Patrimônio das Pessoas
(jurídicas e físicas), mas para chegar até esse reconhecimento a
Contabilidade passou por várias etapas conforme os registros históricos
levantados.
Além de sua evolução como ciência ela também se especializou em
áreas afi ns, surgindo assim a Contabilidade comercial e a Contabilidade
fi nanceira.
Com a revolução industrial e, principalmente, após as grandes guerras,
as empresas passaram a se preocupar com os gastos de produção e
seus efeitos na formação de preços de seus produtos. Com isso a
Contabilidade sofreu adaptações e aprofundou os estudos em um novo
ramo, oriundo da Contabilidade fi nanceira, a Contabilidade de custos
também chamada de Contabilidade gerencial e Análise de custos, que
será o nosso objeto de estudo deste componente curricular.
Você aprenderá nesse e nos próximos capítulos os termos técnicos
dessa atividade, e suas implicações no controle das atividades
empresariais, e como utilizar as técnicas de registro e acompanhamento
dos elementos da Contabilidade gerencial.
1Alexandre Alvarez
Laércio Alaim Borges
Introdução
CONHECENDO OS GASTOS INDUSTRIAIS
UNIUBE
Objetivos
Também será visto os conceitos de Custos e Despesas e as diferenças entre
esses elementos; algumas técnicas e ferramentas de trabalho e gestão
dos gastos de transformação e sua influência nos resultados econômicos e
financeiros das empresas.
Bom estudo!
Ao término dos estudos propostos nesse capítulo, você estará apto a:
identificar os conceitos introdutórios da Contabilidade de custos,
importantes para o desenvolvimento dos conteúdos futuros;
descrever os Custos e Despesas, diferenciando-os para a perfeita
apropriação;
relacionar os fundamentos teóricos e práticos para formulação dos
modelos de apuração e controle de custos.
•
•
•
UNIUBE
Esquema
1.1 Fundamentação histórica
Para iniciarmos nossos estudos convido você a conhecer os registros
históricos sobre o surgimento da Contabilidade gerencial e de custos.
Vale ressaltar que vislumbraremos duas fases distintas: antes da Revolução
Industrial (século XVIII) e depois dela.
A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças tecnológicas,
econômicas e sociais, ocorridas durante o século XVIII (século 18)
predominantemente no Reino Unido (Inglaterra), onde dentro das mudanças
tecnológicas se destaca a criação do Motor a Vapor, ou seja, uma máquina
movida a queima de carvão.
Fundam entação H is tó rica – R evo lução Industria l
T erm olog ia fundam enta l da G erenc ia l e A ná lise de C ustos
M etodo log ias de C uste io - T ipos
C om portam ento dos C ustos e D espesas no processo produtivo
C lass ificação dos C ustos em D ire to e Ind ire to , F ixo e V ariáve l
C ontab ilização dos C ustos de P rodução
T extos sugeridos e a tiv idades propostas
Terminologia fundamental da Contabilidade Gerencial e da Análise de Custos
4 UNIUBE
Com o motor a vapor foi possível desenvolver máquinas de produção em
grande escala, pois até aquele momento toda a produção de bens era
basicamente artesanal.
Com o avanço das técnicas de produção o comércio pôde se expandir
mundialmente por meio da comercialização de produtos para consumo
como pela venda de máquinas industriais.
O advento da criação das máquinas a vapor ocasionou grandes mudança
nos meios de transportes. Um dos exemplos mais signifi cativos foi a criação
das locomotivas e dos barcos a vapor.
Todas essas mudanças como outras mais foram de suma importância na
evolução dos conceitos e técnicas comerciais, contribuindo enormemente
para o desenvolvimento da Contabilidade gerencial.
Saiba mais
Para aprofundar os conhecimentos sobre a Revolução Industrial – sua
história e contribuições para a Historia da Humanidade, acesse o links:
<http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u7.jhtm>.
Até a Revolução Industrial, praticamente só existia a Contabilidade geral,
também conhecida como Contabilidade fi nanceira, que atendia muito bem
às empresas comerciais que, naquela época, preocupavam-se muito mais
com a parte financeira do que com seus estoques.
Para a apuração do resultado bastava realizar uma contagem física das
mercadorias existentes na empresa, em certo momento, e as quantidades
apuradas eram valorizadas pelos seus valores de compra (entrada). O
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valor do Estoque Inicial (caso existisse) era adicionado ao valor total das
compras do período, diminuindo-se do resultado dessa soma aquele valor
inventariado (contado fisicamente), apurando se assim o valor do Custo
das Mercadorias Vendidas (negociadas) no período em questão, conforme
equação a seguir:
CMV = EI + COMPRAS – EF
Sabendo-se que:
CMV = Custos das Mercadorias Vendidas;
EI = Estoque Inicial no período;
EF = Estoque fi nal do período.
Parada obrigatória
Vamos analisar uma situação fi ctícia, para entendermos melhor o que
era realizado naquela época.
Supondo que no fi nal de certo mês foi realizada uma contagem das
mercadorias existentes no estoque de um comércio (loja) e foi constatado
que havia uma quantidade de mercadorias e que, considerando, seu
valor de compra, o valor total dessas mercadorias era de 12.000,00.
Sabendo-se ainda que na passagem do mês anterior para o atual já
existia uma quantidade de mercadorias com valor total de 8.000,00. E
ainda que durante o mês atual foram realizadas compras de mercadoria
no valor total de 22.000,00.
Utilizando a técnica e fórmula do CMV, teremos o seguinte resultado.
Estoque Inicial: 8.000,00
Estoque Final: 12.000,00
Compras: 22.000,00
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Logo:
o Custo das Mercadorias Vendidas no mês, foi de:
CMV = 8.000,00 + 22.000,00 – 12.000,00 = 18.000,00.
O que isso signifi ca?
Signifi ca que, durante o mês atual, todas as mercadorias vendidas
por certo valor, custaram para a loja 18.000,00.
Percebemos, portanto, que o CMV, apurado por meio da fórmula anterior,
era deduzido das receitas líquidas (receita de vendas e serviços menos
as deduções diretas), bem como os valores das despesas Administrativas,
Comerciais e Financeiras, chegando se ao resultado (Lucro ou Prejuízo)
do período, que deu origem à clássica Demonstração do Resultado de
Exercício - DRE.
Observe o modelo abaixo:
DRE – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTA DO EXERCÍCIO
Receita Bruta (Vendas e/ou Prestação de Serviços) 0,00
( - ) Deduções (Impostos diretos, descontos, abatimentos etc.) (0,00)
= Receita Operacional Líquida 0,00
( – ) Custo das Mercadorias Vendidas - CMV (0,00)
= Resultado Bruto Operacional 0,00
( – ) Despesas Operacionais:
Administrativas (0,00)
Comerciais (0,00)
Financeiras (0,00)
( = ) Resultado Antes do Imposto de Renda 0,00 ou (0,00)
7 UNIUBE
Com o surgimento da Revolução Industrial, a partir do século XVIII,
as poucas indústrias que existiam e que normalmente eram formadas
por grupos de pessoas não regularizadas (regulamentadas), se viram
obrigadas a dar maior atenção aos seus estoques que não mais poderiam
ser tratados como os das empresas comerciais, uma vez que além dos
valores das mercadorias adquiridas (como nas comerciais), fariam parte
dos custos dos seus produtos a mão de obra e outros insumos de produção
(energia, depreciação, aluguel, manutenção, embalagens etc.). Com esta
necessidade, surgiu a Contabilidade de custos, que veio num primeiro
instante, somente para resolver o problema dos estoques e da produção
das empresas industriais.
Com o passar do tempo, com o avanço da Tecnologia de Informação e
consequente aprimoramento das técnicas, verificou-se que a Contabilidade
de custos poderia contribuir muito para outras funções (controle e tomada
de decisões), auxiliando a Contabilidade gerencial, esta sim muito mais
ampla, com o fornecimento de dados, estabelecendo padrões, orçamentos
e gerando informações relevantes para a tomada de decisão.
Agora é a sua vez
Atividade 1
Marque Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) a Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças tecnológicas,
econômicas e sociais, ocorridas durante o século XVIII;
Importante
Agora veremos como fi caram os procedimentos após a Revolução
Industrial.
8 UNIUBE
( ) a criação das máquinas a vapor não ocasionou mudança nos
transportes;
( ) a Contabilidade gerencial é mais abrangente que a Contabilidade
de custos;
( ) a Contabilidade de custos inicialmente era destinada ao controle
dos estoques.
Após ter realizado a atividade, certamente você aprendeu sobre a história
e a evolução da Contabilidade de custos. Vamos agora a uma explanação
geral sobre como uma empresa industrial deve proceder para ter um sistema
de custos implantado, para que possa ter todos os dados necessários para
controle, análise e tomada de decisões, visando dar continuidade aos
melhores resultados para o seu empreendimento.
Para a implantação de um sistema de custeio, é
necessário que se tenha conhecimento de todos
os gastos da empresa. Estes gastos deverão
ser subdivididos em investimentos, custos e despesas, e provocando
desembolsos, podendo ser estes antecipados, no ato da efetivação da
transação ou no futuro.
Deve-se ainda levar em consideração as perdas que poderão ocorrer.
Sistema de custeioFormas de controlar o processo de produção
Parada obrigatória
Agora é hora de parar um pouco e recordar, ou aprender, alguns
conceitos que são muito importantes para a compreensão do conteúdo
que estamos estudando.
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Gastos: compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício
financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado
por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente
dinheiro).
Investimentos: gasto ativado em função da sua vida útil ou de benefícios
atribuíveis a futuro(s) período(s).
Custos: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros
bens ou serviços.
Despesas: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a
obtenção de receitas.
Desembolsos: pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço.
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Para fi xar esses conceitos, é apresentado, a seguir, o ciclo da matéria-
prima em uma empresa industrial:
a matéria-prima quando é negociada com o fornecedor, e permanece
nesta fase até chegar à empresa é classifi cada como um Gasto;
quando chega à empresa, e é estocada (Ativo Circulante),
permanecendo até ser requisitada para a produção é classifi cada
como Investimento;
depois de requisitada pelo setor de produção, e entra no processo de
produção, passa para a fase onde o valor da matéria-prima consumida
é chamada de custo;
após o término do processo de produção, retorna para o estoque
(Ativo Circulante), como Produto Acabado, permanecendo assim até
a sua venda, neste momento volta para a fase de investimento;
quando da venda do produto, ou seja, a matéria já transformada sai
da fase de investimento e vai para o resultado (DRE) como Custo do
Produto Vendido - CPV, terminando então o seu ciclo.
Vamos novamente praticar mais um pouco.
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10 UNIUBE
Agora é a sua vez
Atividade 2Classifique os eventos descritos, a seguir, em (I) para Investimentos,
(C) para Custos, (D) para Despesas ou (P) para Perdas.
( ) Estoque de Matérias-Primas.
( ) Consumo de Energia Elétrica na fábrica.
( ) Utilização de Mão de Obra na produção.
( ) Consumo de Combustível para Venda.
( ) Gastos com Pessoal do escritório.
( ) Compra de Máquinas e Equipamentos.
( ) Depreciação das Máquinas da Fábrica.
( ) Remuneração do Pessoal da Contabilidade (salários).
( ) Depreciação do Prédio da Administração.
( ) Consumo de parte das Matérias-Primas.
( ) Baixa de Matérias-Primas por enchente.
1.2 Métodos de custeio ou de custo e os princípios contábeis
Existem diversos sistemas de custeio, entre eles: Absorção, Direto, Padrão,
ABC e RKW.
Mas o que são esses métodos ou sistemas de custeio?
São metodologia e técnicas para levantamento ou apuração dos
custos de produção, além de sua apropriação aos produtos ou
serviços.
Aqui neste capítulo, vamos enfatizar o sistema de custeio por absorção.
11 UNIUBE
Absorção é o método aceito pela legislação brasileira por atender a todos os princípios contábeis, ou seja, ele atende a todas as normas que regem a contabilidade em geral.
Qualquer sistema contábil deve obedecer aos princípios geralmente aceitos, e não seria diferente em uma Contabilidade de custos, na qual alguns deles se tornam mais importantes ainda, em função da forma como deve ser implementado o sistema de custeio, entre eles citamos:
Realização da Receita.
Competência.
Custo Histórico como Base de Valor.
Consistência ou Uniformidade.
Conservadorismo ou Prudência.
Materialidade ou Relevância. Os princípios norteiam os procedimentos contábeis e, principalmente, para um sistema de custos, tem uma importância ainda maior por nos dar certa liberdade de ação no tratamento dos gastos, no que diz respeito à sua definição como Custos ou Despesas, que veremos mais adiante.
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Parada para refl exão
Lembre-se de que você já estudou sobre os princípios contábeis
quando estudou Contabilidade básica, na etapa 1. Releia, novamente,
este conteúdo do nosso material de estudo e também acesse o link:
< http://www.cfc.org.br/uparq/Normas_Brasileiras_de_Contabilidade.
pdf>.
1.3 Sistema de custeio por absorção
Como foi mencionado, anteriormente, neste capítulo iremos concentrar
nosso estudo no sistema de custeio por Absorção. Esse sistema ou
método se baseia na separação entre custos e despesas, em que todos
1 UNIUBE
os custos devem compor o valor dos produtos elaborados, indo, após a
fabricação, para o estoque, e só fazer parte do resultado quando forem
vendidos. As despesas, independentemente da produção, vão direto para
o resultado do período.
Observe esse fluxo por meio das figuras 1 e 2, a seguir:
Figura 1: Empresa de Manufaturas.Fonte: Martins (2003, p.37).
Como podemos notar os valores dos custos, após o término da produção,
entram para o estoque de Produtos Acabados, e só vão para o resultado
(DRE) quando das vendas, por meio do Custo dos Produtos Vendidos -
CPV; os produtos que a empresa não conseguir vender, permanecem no
estoque.
Vamos observar, também, como é o esquema do custeio por absorção,
para as empresas Prestadoras de Serviços:
Figura 2: Empresas Prestadoras de Serviços.Fonte: Martins (2003, p. 38).
1 UNIUBE
Verificamos que, nas empresas Prestadoras de Serviços, não existe a fase
de estocagem do serviço, indo direto para o resultado (DRE). Esta é, entre
outras, uma das diferenças básicas entre um sistema de custeio para uma
empresa de manufatura e uma empresa prestadora de serviços.
A seguir, apresentamos as fases que devem ser seguidas para a
implementação de um sistema de custo, bem como a caracterização de
cada fase.
Primeiro: separação dos Gastos em Custos e Despesas.
Segundo: apropriação dos Custos aos produtos.
Terceiro: contabilização dos Custos.
1.3.1 Separação dos Gastos em Custos e Despesas
Como foi dito, a primeira tarefa a ser cumprida é a separação dos gastos
entre custos e despesas. Teoricamente, parece fácil, mas, na prática,
algumas dúvidas podem surgir, o que tornará esta tarefa mais difícil do que
parece.
É normal, nas empresas, existirem gastos que, dentro de um intervalo de
tempo, devem ser tratados como custos e como despesas. Podemos citar
como exemplo: a Administração; os Recursos Humanos; a Contabilidade;
Compras; o Almoxarifado, entre outros, que prestam serviços, tanto para a
fábrica como para os demais setores da empresa.
•
•
•
O que fazer com estes gastos?
É preciso considerar uma parte desses gastos como custos.
Para isso, utilize algum tipo de critério de rateio
(que será visto mais adiante). A outra parte
Critério de RateioÉ a forma de alocar os Custos Indiretos aos diversos produtos.
14 UNIUBE
do valor destes gastos é considerada despesa do período. O que mais
acontece nas empresas, é o tratamento destes gastos como despesas,
baseado não só no princípio da materialidade, mas, também, no princípio
do conservadorismo.
Outros gastos devem, também, ter tratamento específico: os encargos
financeiros (juros, correções e outros encargos decorrentes de
financiamentos e empréstimos), devem ser tratados como despesas, uma
vez que são gastos gerados pela falta de capital próprio e não gastos de
produção.
Os gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos novos não devem
ser tratados como custos.
No Brasil, existem dois tratamentos para os gastos com pesquisa:
lançados como despesas no período ou como investimentos (diferido) para
amortizações futuras.
Já deu para perceber que não é tão fácil, assim, separar os gastos
em custos e despesas, não é mesmo? E não para por aí!
É relativamente fácil saber onde começam os custos de produção, mas
onde eles terminam, às vezes, deixa dúvidas e a melhor maneira de sanar
aqui estas dúvidas é exemplificar.
Imagine você, gestor de uma indústria de laticínios, que utiliza embalagens
personalizadas para o condicionamento de Leite Longa Vida em caixas de
um litro.
E, posteriormente, o conjunto de doze caixas de um litro é embalado em
uma caixa de papelão comum, para facilitar o transporte. Como você,
15 UNIUBE
contabilmente, trataria o valor dessas embalagens? Ambas representam
custos ou também despesas?
Parada para refl exão
Que tal antes de respondermos teoricamente essas questões,
discutirmos com os colegas de turma, por meio da troca de experiências
profi ssionais e pessoais como tratar o valor dessas embalagens.
Agora que você trocou muitas experiências e adquiriu novas informações,
vamos continuar nosso estudo deste capítulo.
Continuando com o estudo devemos verificar e constatar quando é que
o produto estará pronto para ser comercializado; até aí, todos os gastos
serão custos; a partir daí, os gastos serão despesas de comercialização.
Ou seja, se o produto estiver pronto para ser comercializado e embalado, a
embalagem será considerada custos, o que poderemos constatar também
pela sua forma de estocagem (embalado). Se o produto estiver pronto para
ser comercializado a granel e estocado sem a embalagem, e ela só for
adicionada ao produto após a venda, será considerada despesas.
Outros problemas de identifi cação dos custos e despesas podem ocorrer,
como por exemplo, nos gastos dentro da produção que não devem ser
considerados como custos. É comum as empresas utilizarem seus
colaboradores e ferramentas da fábrica na elaboração de serviços não
direcionados à fabricação dos seus produtos. Quando isto ocorrer, a empresa
deverá calcular o valor destes serviços, e não apropriá -los, no período em
referência, como custos e, sim, como despesas dos departamentos que se
beneficiam daqueles serviços. Mas, deve também, mais uma vez, utilizar
o princípio da materialidade, ou seja, se for irrelevante, mesmo ocorrendo
16 UNIUBE
este tipo de serviço, não deve alterar seus valores de custos.
Podemos dizer, então, que os gastos relacionados com o processo de
produção das empresas devem ser considerados custos, e os gastos que
não tiverem nenhum relacionamento com o processo de produção deverão
ser considerados como despesas.
1.3.2 Apropriação dos Custos aos Produtos
Nesta fase, alguns aspectos deverão ser levados
em consideração: outros conceitos importantes a
serem aprendidos; se a empresa tem mais de um
produto na mesma planta fabril, entre outros.
Planta fabrilConsiste na estrutura de produção, desde os equipamentos como da variedade e quantidades de produtos.
Dando continuidade aos objetivos da Contabilidade de custos (Controle
e Tomada de Decisão), ao apropriarmos os custos (e, agora, estaremos
trabalhando somente com os custos, e não mais com as despesas) ao(s)
produto(s), deveremos separar os custos em Diretos e Indiretos, Variáveis
e Fixos, entre outros.
Mas o que significa Custos Diretos, Indiretos, Variáveis e Fixos?
Custos Diretos - CD:
São aqueles apropriados diretamente aos produtos, bastando para isto
ter uma medida de consumo; podemos citar, como exemplo, as matérias-
primas que são apropriadas diretamente aos produtos e têm uma medida
de consumo por unidade fabricada.
Custos Indiretos - CI:
São aqueles que não têm condições de serem apropriados diretamente aos
17 UNIUBE
produtos e qualquer alocação tem que ser feita de maneira estimada, muitas
vezes arbitrária (critério de rateio); podemos citar, como exemplo, o aluguel
do galpão de uma indústria, a supervisão (chefia da fábrica), entre outros.
Pelos conceitos apresentados anteriormente, qualquer custo
pode ser ainda classificado como direto ou indireto.
Mas, se oferecer condição de apropriá-lo diretamente ao produto
e, tiver uma forma de medida de consumo, ele será classificado
como direto. Ao contrário, será classificado como indireto.
Podemos, ainda, dizer que é possível ter, em uma indústria, custos que
parte poderá ser apropriada diretamente aos produtos, e parte não. Por
exemplo, a energia elétrica.
Não só estes conceitos serão importantes, outros também se fazem
necessários para melhor classificar e apropriar os custos de produção aos
produtos elaborados, conforme:
Custos Variáveis - CV:
As quantidades de consumo dependem diretamente do volume de produção.
Quanto maior a quantidade produzida, maior o seu consumo dentro de uma
unidade de tempo e limitado à capacidade instalada. São fixos por unidade
e variáveis em relação ao volume produzido. Exemplo: Matérias-primas.
Custos Fixos - CF:
Os valores gastos não se alteram, ou seja, independentemente de
aumentos ou diminuições, na produção, durante um determinado tempo,
não sofrem alterações, permanecendo iguais, respeitando a capacidade
instalada. São fixos em relação ao volume produzido (limitado à
18 UNIUBE
Os termos Variáveis e Fixos são conceitos
aplicáveis também às despesas. Por exemplo,
comissões (variáveis); salários da administração
(fixos).
1.3.3 Contabilização dos Custos
Existem diversas formas para se demonstrar os lançamentos contábeis
referentes ao processo de custos de uma empresa, desde o mais complexo
ao menos complexo. A empresa deve escolher aquele que melhor lhe
atender. Independentemente do sistema a ser escolhido, entendemos que
a sua contabilidade deve atender às suas necessidades por completo, ou
seja, que sirva como instrumento de controle e tomada de decisão (objetivo
da Contabilidade de custos). A seguir, apresentamos, na Figura 3, um
modelo de Demonstração de Lançamentos Contábeis e na Figura 4, o fluxo
da apropriação dos custos.
capacidade instalada) e variáveis em relação a
cada unidade. Exemplo: Aluguel, Depreciação.Capacidade instaladaÉ a quantidade de produtos que uma indústria tem condições de elaborar, durante um determinado período de tempo (mês, ano), com os recursos existentes na empresa (equipamentos, pessoal etc).
Figura 3: Modelo Simples de Demonstração de Lançamentos Contábeis – Apropriação de Custos ao Produto.Fonte: Acervo do autor.
19 UNIUBE
Apesar de ter, na demonstração, apenas uma conta para Produto
em Processo e Produto Acabado, é recomendado a abertura de
uma conta para cada produto a ser elaborado pela empresa.
Neste capítulo você pôde conhecer de forma introdutória, os conceitos e
terminologias da Contabilidade e gestão de custos, conheceu a classificação
dos custos de produção e sua relação com os resultados das empresas.
Vimos que a elaboração dos Custos Industriais, percorre-se algumas
fases:
separação dos gastos em Custos e Despesas;
apropriação dos Custos Diretos aos Produtos;
apropriação, mediante rateio, dos Custos Indiretos aos Produtos:
rateio dos Custos Indiretos, quando se tem mais de um produto
na linha de produção, pode ser feito por critérios diferentes,
dependendo de cada situação. É importante salientar que um critério
de rateio mal elaborado pode inviabilizar um produto rentável em
detrimento de outro menos rentável;
contabilização dos Custos: de acordo com a sua necessidade de
detalhamento das informações contábeis, visando sempre a utilização
da contabilidade como ferramenta gerencial e não só como um
instrumento para atender à fiscalização.
•
•
•
•
Figura 4: Fluxo de Apropriação dos Custos.Fonte: Acervo do autor.
Resumo
0 UNIUBE
Agora que você chegou até esse ponto, para que possa aprofundar os
conhecimentos aqui apresentado, vá ao livro customizado DUBOIS:
Alexy, KULPA, Luciana, SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preço. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009., que você recebeu
junto ao seu material e leia os seguintes capítulos:
Fundamentação – no qual, você estudará as bases conceituais da
Gestão Financeira de Custos.
Terminologia em Estudo para aprofundar na linguagem própria e
adequada da contabilidade de Custos.
Classifi cação de Custos e Despesas apresenta de forma clara o
mundo da Contabilidade de Custos e Gerencial, permitindo que você
conheça os elementos básicos para a análise de custos.
Por meio do estudo destes textos, você irá revisar os conceitos
apresentados nesse capítulo 01, como também visualizará novos
exemplos de aplicação.
Bom estudo!
Durante a leitura e estudo do capítulo, você desenvolveu alguma das
atividades de fi xação. A seguir, desenvolva as atividades propostas para
aprimorar o seu conhecimento.
Atividades
Leituras
1 UNIUBE
Atividade 1A empresa Mota atua no mercado de produção de Filtros de Água.
Em determinado mês, aconteceram os seguintes gastos:
Compras de matéria-prima: 1.600.000,00.
Devolução de 20% (vinte por cento) das compras por defeito da matéria-
prima;
Mão de obra direta utilizada na produção do período: 450.000,00.
Custos Indiretos de Fabricação do período: 350.000,00.
Estoque Inicial de Matérias Primas: 80.000,00.
Estoque Inicial de Produtos em Elaboração: 110.000,00.
Estoque Final de Produtos Acabados: 140.000,00.
Estoque Final de Matéria-Prima: 120.000,00.
Não existiam outros estoques.
Pede -se:
a) o Custo de Produção do período - CPP;
b) o Custo de Produção Acabada no período - CPA;
c) o Custo do Produto Vendido no período - CPV;
d) o Custos Primários no período - CP;
e) o Custos de Transformação no período - CT.
Atividade 2A indústria Malibu produz velas comuns e velas decorativas, ambas
específicas para uso doméstico. Em determinado período, produziu
15.000 velas comuns e 12.000 velas decorativas incorrendo nos seguintes
custos:
UNIUBE
Fat ores Valor Velas ComunsVelas
DecorativasMatéria-Prima 0,80/Kg 15.000 Kg 12.000 Kg
Mão de Obra Direta 5,00/Hr 6.000 hr 3.000 hr
Custos Indiretos de Fabricação - CIFs:
Fat ores Valores $Supervisão da Produção 3.600,00Aluguel do galpão industrial 4.500,00Seguro dos Equipamentos de Produção 1.500,00Energia Elétrica consumida na Produção 2.400,00
Os Custos Indiretos de Fabricação - CIFs são apropriados aos produtos de
acordo com o tempo de Mão de Obra Direta - MOD empregada na produção
de um e outro produto, sabendo-se que são necessários 38 minutos para
se produzir uma caixa de velas comuns e 45 minutos para se produzir uma
caixa de velas decorativas.
A indústria utiliza em sua produção uma máquina que, devido à corrosão,
tem sua vida útil física e econômica limitada pela quantidade de matéria-
prima processada (a vida útil é estimada pelo fabricante do equipamento
em 600.000kg de processamento de matéria-prima). Foi adquirida por
$260.000,00 e o seu custo ainda não está incluído na relação acima.
Pede-se:
a) elaborar um quadro de apropriação de custos aos produtos, que
demonstre o valor dos Custos Diretos e Indiretos, totais e unitários de cada
produto;
b) calcular o valor do Custo de Produção no Período - CPP;
Custos Diretos Variáveis - CDVs:
UNIUBE
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu; ROCHA, Wellington. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo. Atlas, 2006.
c) calcular o Custo de Produtos Acabados no Período - CPA;
d) calcular o Custo de Primários - CP;
e) calcular o Custo de Transformação - CT.
Referências
ENTENDENDO A DINÂMICA DOS
CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO – CIPS
Neste capítulo serão aprimorados os estudos sobre os conceitos já
vistos e aprofundado um pouco mais sobre o tratamento que se deve
dar aos custos indiretos de produção.
Como foi estudado no capítulo 01, os custos indiretos de produção
devem compor os custos dos produtos fabricados pelas indústrias,
mas, muitas vezes as empresas não têm
medidas exatas para fazer essa composição.
Para solucionar esse problema, utiliza se de
critérios de rateios que possuam um grau
de subjetividade, em alguns casos, maior
ou menor, o que pode viabilizar um produto
menos rentável em detrimento de outro mais
rentável.
Essa distorção é ocasionada pela subjetividade que os critérios de
rateio proporcionam.
2Alexandre Alvarez
Laércio Alaim Borges
Introdução
O que podemos fazer para diminuir o subjetivismo que os
critérios de rateio trazem, quando da sua utilização?
Critérios de rateioForma de distribuir os valores dos custos indiretos aos diversos produtos que fazem parte da planta fabril da empresa.
SubjetividadeDecisão com certo grau de individualidade, tomada mais por experiência vivida de certas situações.
6 UNIUBE
Objetivos
O estudo da metodologia de departamentalização
nas organizações e sua relação com os custos de
produção será o foco desse capítulo.
Leia, com atenção, o texto e realize as atividades
propostas para alcançar êxito nos estudos.
Departamentalização Divisão da empresa em setores para melhor controlar os gastos e c o n s e q u e n t e m e n t e melhorar a distribuição dos custos indiretos aos produtos, diminuindo, assim, o grau de subjetividade dos critérios de rateios. Sempre um produto será mais penalizado em relação aos outros, em função da não exatidão dos critérios de rateio utilizados.
Uma das soluções é a utilização da
departamentalização da empresa industrial.
Ao término dos estudos propostos nesse capítulo, você estará apto a:
identificar os fundamentos teóricos e práticos para formulação dos
modelos de apuração e controle de custos;
demonstrar a dinâmica dos Custos Indiretos de Produção e as suas
formas de rateio junto aos produtos;
avaliar os conceitos e técnicas normalmente usadas no planejamento
e avaliação de desempenho de unidades de custeio.
•
•
•
7 UNIUBE
Esquema
2.1 A Departamentalização e os Custos Indiretos de Produção – CIPs
Departamentalizar uma empresa, é uma ação que entendemos ser de
grande utilidade para qualquer entidade, seja indústria ou não. Poderíamos
citar diversos benefícios, mas vamos nos ater aos que se referem aos
custos de produção.
Ao analisarmos a relação benefícios e custos de produção, alguns
questionamentos se fazem presentes.
Parada obrigatória
Você poderia imaginar que benefícios uma indústria poderia ter
com a departamentalização implantada nela?
Será que uma indústria que fabrica somente um produto teria
•
•
D epartam enta lização – C once ito e Fundam entos
.
R ate io de C ustos Ind ire tos de P rodução en tre D epartam entos
E studo de C aso – R ate io de C IP S e D epartam enta lização
E studo de C aso – T axa de C ustos Ind ire tos de P rodução – P rev is tos e R ea l C IP S
T extos sugeridos e a tiv idades propostas
8 UNIUBE
benefícios, voltados para a composição dos custos, com relação à departamentalização?
Consulte o site < http://www.cfc.org.br/uparq/Normas_Brasileiras_de_Contabilidade.pdf> e pesquise sobre esses benefícios.
Os benefícios são grandes, e dentre eles podemos destacar:
um melhor controle das atividades a serem desenvolvidas;
um melhor controle dos gastos;
um melhor dimensionamento do número de pessoas a trabalharem
na empresa.
•
•
•
Mas você sabe o que realmente um departamento em uma
empresa?
Um departamento é formado por pessoas e/ou equipamentos, bastando
para isto que existam atividades homogêneas que, ao serem desenvolvidas,
consumam recursos humanos ou tecnológicos, gerando os chamados
gastos, ou ainda, custos de produção.
2.2 Rateio entre departamentos
Agora que você sabe bem o que é um departamento, entendemos que
toda empresa, independentemente da atividade, deve ter um organograma
departamental para facilitar os seus controles e análises, principalmente
para as indústrias que têm mais de um produto na linha de produção.
Visualize na Figura 1, a seguir, um modelo de organograma.
9 UNIUBE
Figura 1: Modelo de organograma.Fonte: Acervo do autor.
O organograma apresentado é apenas um modelo para melhor entendermos
este processo. Cada empresa deve construir o seu de acordo com as suas
necessidades e nível de detalhamento que queira trabalhar.
Você pode observar, por meio do organograma apresentado, que a
empresa estará mais organizada, separando os departamentos por área
de atividades e processos, distintos uns dos outros. Com isto, terá maior
facilidade nas análises e controles internos e externos, podendo agir de
forma eficaz em qualquer situação adversa, proporcionando a melhoria do
desempenho da entidade.
Como podemos notar, a empresa tem o setor operacional em que todos os
gastos serão considerados custos, e em grande parte como custos indiretos
de produção, que deverão ser rateados aos seus diversos produtos.
Com esta atitude, facilita e melhora a distribuição dos custos indiretos de
produção aos seus produtos, diminuindo as distorções que os critérios de
rateios apresentam.
0 UNIUBE
Vejamos essas melhorias no diagrama de custeio, apresentado na Figura
2, a seguir:
Figura 2: Diagrama de custeio.Fonte: Acervo do autor.
Ao analisar este diagrama de custeio, verifique que o departamento Supervisão
distribui seus custos para os departamentos de
Almoxarifado, Manutenção, Montagem, Funilaria
e Pintura; ele será considerado um setor de serviços. Verifique que:
Setor de serviçosTambém conhecido como departamentos de serviços, executam serviços auxiliares, não atuando diretamente sobre o produto fabricado.
• o departamento Almoxarifado recebe os custos do departamento Supervisão que, somados aos seus, serão rateados entre os departamentos de Manutenção, Montagem, Funilaria e Pintura. É claro que poderá ocorrer do Almoxarifado trabalhar para o departamento de Supervisão, mas deve se criar uma ordem de transferência de custos, por ordem hierárquica para não incorrer em um lopping (giro e repetições), desprezando este fato para podermos concluir o rateio; o Almoxarifado será considerado um setor de serviços;
• o departamento Manutenção recebe os custos dos departamentos Supervisão e Almoxarifado, que somados aos seus, serão rateados entre os departamentos de Montagem, Funilaria e Pintura. Também poderá ocorrer da Manutenção prestar serviços aos departamentos Supervisão e Almoxarifado, que também deverão ser desconsiderados; o departamento de Manutenção será considerado um setor de serviços;
• o departamento Montagem recebe os custos dos departamentos Supervisão, Almoxarifado e Manutenção, que, somados aos seus, vão diretamente para o Produto “A”, e não vão para o Produto “B”, uma vez que o produto “B” não passa por este departamento no seu
1 UNIUBE
• o departamento Funilaria recebe os custos dos departamentos Supervisão, Almoxarifado e Manutenção que, somados aos seus, serão rateados aos Produtos “A” e “B”; Funilaria será considerado um setor de produção;
• o departamento Pintura recebe os custos dos departamentos Supervisão, Almoxarifado e Manutenção que, somados aos seus, serão rateados aos Produtos “A” e “B”; Pintura será considerado um setor de produção.
Após analisarmos o diagrama de fluxo dos custos em uma empresa departamentalizada chegamos a algumas considerações, observe.
Podemos notar que o produto “B” não recebe os custos indiretos de produção do departamento de montagem por não passar neste, quando da sua fabricação. Caso utilizássemos um critério de rateio único para distribuirmos os custos indiretos de produção totais aos dois produtos, com certeza estaríamos sobrecarregando o Produto “B” com valores que não deveriam fazer parte do seu custo de produção, e em contrapartida, estaríamos diminuindo o valor dos custos indiretos de produção do Produto “A”. Poderia ocorrer de estarmos viabilizando o produto “A” e inviabilizando o “B” e com a departamentalização, mesmo ainda com algumas distorções, este fato não ocorreria.
É hora de entendermos melhor o processo da departamentalização! Para tanto, vamos desenvolver um estudo de caso.
2.3 Estudo de Caso – Rateio de CIPs e Departamentalização - Empresa Fecha e Tranca
É importante enfatizar que este estudo de caso foi adaptado da obra ‘Contabilidade de Custos’, do autor Eliseu Martins, publicado pela editora Atlas.
Primeiramente, vamos aos dados relativos à empresa e sua movimentação nos departamentos.
processo de fabricação; Montagem será considerado um setor de produção;
Setor de produçãoTambém conhecidos como departamentos de produção, atuam diretamente sobre o produto elaborado
UNIUBE
A Metalúrgica Fecha e Tranca produz dobradiças e fechaduras.
O ambiente de produção é formado por seis departamentos:
estamparia; furação; montagem; almoxarifado; manutenção e
supervisão.
A produção de dobradiças é totalmente realizada apenas nos departamentos de Estamparia e de Furação;
Já as fechaduras passam pelos três departamentos de produção. Ou seja, Estamparia, Furação, Montagem.
Em determinado período, foram produzidas 12.000 dobradiças e 4.000 fechaduras, e os custos diretos foram os seguintes:
Você já aprendeu sobre o que são custos diretos na unidade didática 01
– Conhecendo os Gastos Industriais. Caso tenha ainda alguma duvida releia
o capítulo 01 - Conhecendo os Gastos Industriais.
Custos Diretos Dobradiças Fechaduras TotaisMaterial Direto 8.352,00 5.568,00 13.920,00Mão de Obra 6.048,00 4.032,00 10.080,00Total 14.400,00 9.600,00 24.000,00
Na Tabela 2, apresentamos os Custos Indiretos de Produção - CIPs do
período.
Vale lembrar que as informações sobre os valores e quantidade relacionados com as atividades da empresa são conseguidas por meio dos setores de Contabilidade, Financeiro e de Produção entre outros.
Tabela 1: Custos diretos
UNIUBE
Tabela 2: Custos Indiretos de ProduçãoCIPs Estamparia FuraçãoMontagem Almoxarifado Manutenção Supervisão Total
Mat.Indireto 159,00 57,00 46,00 90,00 112,00 336,00 800,00Energia 2.400,00 432,00 1.340,00 240,00 240,00 148,00 4.800,00
MOI 532,00 672,00 390,00 140,00 170,00 896,00 2.800,00Aluguel 3.200,00 3.200,00
Total 3.091,00 1.161,00 1.776,00 470,00 522,00 4.580,00 11.600,00MOI = Mão de Obra Indireta
As bases para o rateio são as seguintes:
Você deve entender que os critérios de rateio são as referências
adotadas para serem utilizadas como base de distribuição dos
custos indiretos entre os departamentos e os produtos.
Na Tabela 3, a seguir, entenda os critérios do rateio:
os custos de aluguel são atribuídos inicialmente apenas à
Supervisão;
os custos da Supervisão são distribuídos aos demais departamentos
à base do número de funcionários;
a manutenção presta serviços somente aos departamentos de
produção, e o rateio é feito à base do tempo de uso de máquinas;
o almoxarifado distribui seus custos à base do número de
requisições;
a distribuição dos custos dos departamentos de produção aos produtos
é feita na mesma proporção que o custo do material direto.
•
•
•
•
•
Tabela 3: Critérios do rateioDepartamentos Número de
funcionáriosQuantidade de horas/máquina
Números de requisições
Estamparia 35 4.800 600Montagem 15 3.000 300Furação 30 4.200 300
Almoxarifado 10Manutenção 10
Total 100 12.000 1.200
4 UNIUBE
Agora você deve acompanhar com atenção o que se espera dos dados
acima.
Para isso vamos:
a) calcular e demonstrar o custo total de cada departamento de produção;
b) calcular e demonstrar o custo total de cada produto (elaborar o quadro
demonstrativo dos custos de produção);
c) efetuar os lançamentos contábeis do esquema de produção;
d) calcular e demonstrar o custo total de cada produto (elaborar o quadro
demonstrativo dos custos de produção), considerando que os custos
indiretos de produção totais serão rateados de acordo com o consumo
de materiais diretos em cada produto;
e) fazer uma análise comparativa entre os dois resultados (pelos dois
métodos).
2.3.1 Desenvolvimento do estudo de caso
Rateio dos Custos entre os Departamentos:
Antes de iniciar a explicação para cada cálculo, considere sempre os dados
contidos na Tabela 2, apresentada anteriormente.
a) consideramos que os custos da Supervisão serão iguais a $ 4.580,00.
Primeiramente, veremos os custos da supervisão. Para este cálculo o
critério a ser considerado é o número de funcionários. Perceba que para
que o cálculo seja efetivo é necessário dividir o número de funcionários/
departamentos pelo total de funcionários. Você encontrará o percentual de
participação em cada departamento.
5 UNIUBE
Estamparia = 35 / 100 = 0,35 => 0,35 x 100% = 35%
Montagem = 15 / 100 = 0,15 => 0,15 x 100% = 15%
Furação = 30 / 100 = 0,30 => 0,30 x 100% = 30%
Almoxarifado = 10 / 100 = 0,10 => 0,10 x 100% = 10%
Manutenção = 10 / 100 = 0,10 => 0,10 x 100% = 10%
100%
Logo, encontramos os seguintes resultados:
Estamparia: $ 4.580,00 x 0,35 = $ 1.603,00
Montagem: $ 4.580,00 x 0,15 = $ 687,00
Furação: $ 4.580,00 x 0,30 = $ 1.374,00
Almoxarifado: $ 4.580,00 x 0,10 = $ 458,00
Manutenção: $ 4.580,00 x 0,10 = $ 458,00
$ 4.580,00
b) Agora, vamos considerar que os custos da Manutenção serão iguais a =
$ 980,00 (partindo da soma de $ 522,00 + $ 458,00).
Para este cálculo, o critério a ser considerado é o tempo de uso de máquinas.
Perceba que, para que o cálculo se efetive, é necessário dividir o número
de horas/máquinas de cada departamento pelo total de horas/máquinas.
Você encontrará o percentual de participação em cada departamento em
relação a este critério.
Estamparia: $4.800 / 12.000 = 0,40 => 0,40 x 100% = 40%
Montagem: $3.000 / 12.000 = 0,25 => 0,25 x 100% = 25%
Furação: $4.200 / 12.000 = 0,35 => 0,35 x 100% = 35%
100%
6 UNIUBE
Encontramos, portanto, os seguintes cálculos:
Estamparia (40%) $ 980,00 x 0,40 = $ 392,00
Montagem (25%) $ 980,00 x 0,25 = $ 245,00
Furação (35%) $ 980,00 x 0,35 = $ 343,00
Total (100%) $ 980,00
c) Consideramos, agora, os custos do Almoxarifado iguais a $ 928,00.
(partindo da soma de $ 470,00 + $ 458,00).
Para este cálculo, o critério a ser considerado é o número de requisições
de máquinas. Perceba que, para que o cálculo se efetive, é necessário
dividir o número de requisições/máquinas de cada departamento pelo total
de número de requisições/máquinas. Você encontrará o percentual de
participação em cada departamento em relação a este critério.
Estamparia 600 / 1.200 = 0,50 => 0,50 x 100% = 50%
Montagem 300 / 1.200 = 0,25 => 0,25 x 100% = 25%
Furação 300 / 1.200 = 0,25 => 0,25 x 100% = 25%
100%
Encontramos, portanto, os seguintes cálculos:
Estamparia (50%) $ 928,00 x 0,50 = $ 464,00
Montagem (25%) $ 928,00 x 0,25 = $ 232,00
Furação (25%) $ 928,00 x 0,25 = $ 232,00
Total (100%) $ 928,00
d) Faremos agora o cálculo da distribuição dos Custos dos departamentos
aos Produtos. O critério de rateio considera a mesma proporção que o
custo do material direto.
7 UNIUBE
Custos totais dos departamentos de produção:
Estamparia: $ 5.550,00
Furação: $ 3.110,00
Montagem: $ 2.940,00
$ 11.600,00
Custos Diretos Dobradiças Fechaduras Total
Material Direto 8.352,00 5.568,00 13.920,00
% de participação de cada produto nos Materiais Diretos:
Dobradiças – 8.352,00 / 13.920,00 = 0,60 => 0,60 x 100 = 60%
Fechaduras – 5.568,00 / 13.920,00 = 0,40 => 0,40 x 100% = 40%
2.3.2 Distribuição dos custos dos departamentos
As dobradiças somente são trabalhadas nos departamentos de Estamparia
e Furação, já as Fechaduras passam pelos três departamentos.
Observe, com atenção, como será o rateio dos departamentos no
produtos.
Dobradiças (60%) Fechaduras (40%)
Estamparia: $ 5.550,00 $ 3.330,00 $ 2.220,00
Furação: $ 3.110,00 - $ 3.110,00
Montagem: $ 2.940,00 $ 1.764,00 $ 1.176,00
$ 11.600,00 $ 5.094,00 $ 6.506,00
8 UNIUBE
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9 UNIUBE
a) Veja, agora, como fica o demonstrativo do Custo Total de cada
Departamento (após o rateio) (Tabela 5):
Tabela 5: demonstrativo dos Custos de Produção (pela departamentalização)
NOMENCLATURASCDVs
CIPs TOTAISDobradiças FechadurasQuantidade Produzida 12.000 4.000 16.000Custos Diretos VariáveisMatéria-Prima 8.352,00 5.568,00 13.920,00Mão de Obra Direta 6.048,00 4.032,00 10.080,00Total Geral dos CDVs 14.400,00 9.600,00 24.000,00Total Unitário dos CDVs 1,20 2,40 1,50Custos Indiretos de Produção 11.600,00 11.600,00Rateio dos CIPs 5.094,00 6.506,00 (11.600,00) 0,00Total Geral dos CIPs 5.094,00 6.506,00 0,00 11.600,00Total Unitário dos CIPs 0,42 1,63 0,73Total Geral CDVs + CIPs 19.494,00 16.106,00 0,00 35.600,00Total Unitário CDVs + CIPs 1,62 4,03 2,23
Contabilização dos fatos:Material Direto Mão de Obra Direta
13.920,00 13.920,00 10.080,00 10.080,00
Supervisão Manutenção
Si 4.580,00 4.580,00 1 Si 522,00 980,00 2
1 458,00
Almoxarifado Estamparia
Si 470,00 928,00 3 Si 3.091,00 5.550,00 4
1 458,00 1 1.603,00
2 392,00
3 464,00
Furação Montagem
Si 1.161,00 3.110,00 5 Si 1.776,00 2.940,00 6
1 1.374,00 1 687,00
2 343,00 2 245,00
3 232,00 3 232,00
40 UNIUBE
b) Quadro demonstrativo dos Custos de Produção (sem a
departamentalização):
Tabela 6: Demonstrativo dos Custos de Produção (sem a departamentalização)
NOMENCLATURASCDVs
CIPs TOTAISDobradiças FechadurasQuantidade Produzida 12.000 4.000 16.000Custos Diretos VariáveisMatériaPrima 8.352,00 5.568,00 13.920,00MãodeObra Direta 6.048,00 4.032,00 10.080,00Total Geral dos CDVs 14.400,00 9.600,00 24.000,00Total Unitário dos CDVs 1,20 2,40 1,50Custos Indiretos de Produção 11.600,00 11.600,00Rateio dos CIPs 6.960,00 4.640,00 (11.600,00) 0,00Total Geral dos CIPs 6.960,00 4.640,00 0,00 11.600,00Total Unitário dos CIPs 0,58 1,16 0,73Total Geral CDVs + CIPs 21.360,00 14.240,00 0,00 35.600,00Total Unitário CDVs + CIPs 1,78 3,56 2,23
Você agora poderá chegar a algumas conclusões sobre os procedimentos, tais como:
pela departamentalização, foi criou-se uma ordem de rateio em
função da relação entre os departamentos, que foi a seguinte: a
Supervisão transfere seus custos indiretos de produção para todos
os outros setores, utilizando como critério de rateio o número de
funcionários de cada setor e não recebe custos de nenhum
•
Produto em ProcessoDobradiças
Produto em ProcessoFechaduras
7 8.352,00 19.494,00 9 7 5.568,00 16.106,00 108 6.048,00 8 4.032,004 3.330,00 4 2.220,006 1.764,00 5 3.110,00
6 1.176,00
Produto AcabadoDobradiças
Produto AcabadoFechaduras
9 19.494,00 10 16.106,00
41 UNIUBE
outro. A manutenção só recebe da Supervisão, soma-os aos seus
custos indiretos de produção, transfere-os para os departamentos de
produção (Estamparia, Furação e Montagem) em função do número
de horas máquinas trabalhadas em cada setor. O almoxarifado
só recebe os custos da Supervisão, que são somados aos seus
custos indiretos de produção e transferidos para os departamentos
de produção, em função do número de requisições utilizadas em
cada setor. Os departamentos de produção recebem custos de todos
os outros departamentos de apoio (Supervisão, Manutenção e
Almoxarifado) que, somados aos seus custos indiretos de produção,
são transferidos aos produtos usando como critério e rateio o valor
dos materiais diretos utilizados em cada produto. Temos que prestar
atenção no departamento de produção Furação que só trabalha no
produto Fechadura, portanto seus custos indiretos de produção são
totalmente transferidos para este produto;
sem a departamentalização, foi utilizado somente um critério de rateio
para transferir todos os custos indiretos de produção, de todos os
departamentos, na proporcionalidade do valor dos materiais diretos
utilizados em cada produto; não se levou em consideração os
relacionamentos de trabalhos existentes entre os departamentos;
entendemos que a departamentalização, neste caso, é necessária,
uma vez que sem ela o produto Dobradiça fica mais caro, em termos
unitários, em $ 0,16, o que representa 9,876543% a mais em relação
ao custo com a departamentalização (de $ 1,62 para $ 1,78); em
contrapartida, o produto Fechadura fica mais barato, também em
termos unitários, em $ 0,47, o que representa 11,662531% a menos,
em relação ao custo com a departamentalização (de $ 4,03 para
$3,56); isto porque o produto Dobradiça recebe uma parte de custos
indiretos de produção que não deveria receber (o do departamento
de Furação, que só trabalha para o produto Fechadura), o que
•
•
4 UNIUBE
poderá inviabilizá -lo em detrimento do outro produto, quando da sua
comercialização, em função dos reflexos que serão causados no seu preço
de venda (tornando -o mais caro).
Agora é a sua vez
Neste momento, você deve fazer as atividades, que se encontram no
fi nal do capítulo, para depois dar sequência ao restante do conteúdo.
Leia, antes, os capítulos referentes ao assunto nas leituras indicadas.
Agora, que você já está familiarizado com o tratamento dos custos indiretos
de produção, através da departamentalização, chegamos à conclusão
de que, com ela (departamentalização), os custos indiretos de produção
são transferidos, primeiramente, entre os departamentos de serviços
e de produção, para depois serem, novamente, rateados aos produtos
propriamente ditos.
Você lembra do seguinte questionamento, logo na introdução
desse capítulo: “O que podemos fazer para diminuir o subjetivismo
que os critérios de rateio trazem, quando da sua utilização?”
Este procedimento de Departamentalização que você acompanhou permite
diminuir o grau de arbitrariedade e subjetivismo que todo critério de rateio
apresenta, embora não acabe na sua totalidade.
2.4 Custos Indiretos e a departamentalização
Vamos então continuar com nosso estudo, mas antes.
4 UNIUBE
Nunca é demais lembrarmos:
Custos indiretos de produção:
são os custos que, para serem incorporados aos produtos, precisam de um
critério de rateio, uma vez que não oferecem maneiras de ser em medidos
no produto final. Portanto, o conceito de custos indiretos de produção está
diretamente ligado ao produto final.
Os custos transferidos entre os departamentos sempre serão considerados
custos indiretos de produção em relação ao produto final, mas entre os
departamentos, podem existir custos com condições de serem medidos e
outros que não oferecem condições de serem medidos; para os que oferecem
condições de serem medidos, serão transferidos aos departamentos pelo
consumo ou uso, e os que não oferecerem condições, serão rateados por
meio de critérios de rateio.
Para que você entenda melhor este assunto, acompanhe com atenção o
exemplo a abaixo:
Imagine uma empresa que fabrica dois tipos de produtos: Alfa e Beta;
que tem três departamentos de produção: “A”, “B” e “C”, e entre vários
departamentos de serviços (apoio), tem uma central de energia elétrica
que abastece os departamentos de produção. A capacidade instalada
da central é de 100 KWh por mês.
Os departamentos de produção têm a seguinte capacidade
máxima de consumo para o mesmo período (mês): “A”: 50 KWh,
“B”: 30 KWh e “C”: 20 KWh.
•
44 UNIUBE
Durante um período, os custos indiretos de produção da central
foram de $10.000,00 fixos mais $ 5.000,00, referentes ao
consumo de energia pelos departamentos de produção.
O departamento “A” consumiu 45 Kwh e o “B” 25 Kwh, sendo
que o “C”, neste período, não consumiu nenhum KWh.
•
•
Como você acredita que deve ser o procedimento para a
transferência dos custos indiretos de produção da central de
energia para os departamentos de produção?
Antes de encontramos a resposta para essa questão, você precisa entender alguns pontos relacionados, como:
o total dos custos da central de energia ($15.000,00), em relação
aos produtos Alfa e Beta são custos indiretos de produção, mas em
relação aos departamentos de produção, parte do gasto é considerada
como fixa ($ 10.000,00) e parte é variável ($ 5.000,00), uma vez que
depende do efetivo consumo para existirem.
Neste caso, devemos transferir (ratear) os custos indiretos de produção em relação aos departamentos (os $ 10.000,00) proporcionais à capacidade instalada em cada departamento de produção, e os custos indiretos de produção variáveis também em relação aos departamentos de produção, de acordo com o consumo efetivo que cada departamento de produção teve no mesmo período.
Desta forma, ficaria da seguinte maneira, levando- se em consideração as
informações anteriores:
CUSTOS A B C TOTAIS
VARIÁVEIS............ 3.214,29 1.785,71 0,00 5.000,00
FIXOS.................... 5.000,00 3.000,00 2.000,00 10.000,00
8.214,29 4.785,71 2.000,00 15.000,00
•
45 UNIUBE
Agora você já pode analisar os dados acima e construir suas conclusões
sobre a distribuição dos custos da empresa elétrica, tais como:
você pode notar que os custos variáveis são transferidos em função do
efetivo consumo do mês, portanto, o departamento “C” não recebe nenhum
valor por não ter consumido nada neste período; já os custos fixos foram
rateados em função da capacidade instalada da central de energia e, neste
caso, mesmo não tendo consumido nada, o departamento “C” recebe uma
parte do valor, uma vez que a central existe e deve manter-se sempre em
condições de fornecer energia a qualquer um dos departamentos, quando
isto for necessário.
Além destes detalhes, outros problemas existem, como poderemos
constatar, a seguir.
O processo de produção e venda é constante e, muitas vezes, contínuo
dentro das empresas, ou seja, as empresas com processo contínuo de
produção produzem e vendem seus produtos diariamente, chegando, às
vezes, a vender hoje o que acabou de produzir ontem.
O que fazer para valorizar estes produtos, em relação aos custos
indiretos de produção?
Para solucionar este problema, as empresas, devem criar uma taxa dos CIPs. À medida que forem sendo fabricados seus produtos, o valor definido para cada unidade de custos indiretos de produção vai sendo somado a cada unidade; no final de um determinado período (mês, trimestre ou ano, dependendo do regime de tributação federal da empresa) realiza-se a comparação entre os custos reais versus os apropriados por meio da taxa, e efetuam-se as correções necessárias.
Para chegar a este estágio, as empresas devem, antes mesmo de iniciar o seu processo fabril, providenciar o seguinte:
46 UNIUBE
definir o volume a ser produzido para um determinado período,
geralmente mês;
levantar os valores dos custos indiretos de produção por um determinado
período (o mesmo definido para o volume a ser produzido);
realizar todos os rateios destes custos indiretos de produção entre os
departamentos de serviços e de produção;
realizar os rateios dos custos indiretos de produção dos departamentos
de produção aos produtos programados para serem fabricados;
calcular a taxa dos Custos Indiretos de Produção - CIPs para cada
produto.
Veja que, fazendo isto, a empresa trabalhará com um planejamento, ou seja, começará a prever suas operações, o que é muito indicado para qualquer entidade.
Vamos, novamente, analisar um estudo de caso para melhor entendermos o que foi exposto, bem como também, mostrar a parte que se refere à contabilização destes fatos.
2.4.1 Estudo de caso – Usina MelaçoA Usina Melaço decidiu fazer uma estimativa de todos os seus Custos Indiretos de Produção - CIPs e trabalhar com uma Taxa de Apropriação durante um determinado período, ajustando à realidade quando terminar a produção.
Seu maior problema é o custo da manutenção, que pode variar muito e só será conhecido quando terminar a safra e proceder à limpeza e troca das peças desgastadas e corroídas dos equipamentos. A seguir, temos os dados referentes ao volume de produção e aos custos indiretos:
•
•
•
•
•
Tabela 7: Volume de produção e custos indiretos Dados Orçado Real
Custos Indiretos de Produção(exceto Manutenção)
5.754.000,00 5.920.300,00
Manutenção 2.466.000,00 2.507.470,00Volume de Produção (Tonelada) 3.288.000 3.133.000
47 UNIUBE
Considerando que a empresa tenha vendido metade da produção, também
dentro do período em questão, vamos:
a) calcular a taxa pré-determinada dos CIPs, por tonelada;
b) calcular a taxa real dos CIPs, por tonelada produzida;
c) calcular a variação total dos CIPs, em valor absoluto;
d) calcular a variação total dos CIPs, em percentual;
e) elaborar a contabilização dos fatos e do ajuste final.
Você deve acompanhar com atenção o desenvolvimento a seguir do estudo
de caso.
a) Para determinar a taxa prevista dos CIPs, devemos dividir o total
dos Custos Indiretos de Produção pelo volume previsto de produção,
conforme:
TCIPPREV = (5.754.000,00 + 2.466.000,00) / 3.288.000
TCIPPREV = 8.220.000,00 / 3.288.000
TCIPPREV = 2,50
Taxa de Custo Indireto de Produção Previsto - TCIPPREV.
Para cada tonelada produzida, serão apropriados $ 2,50 de Custos Indiretos
de Produção ao produto.
b) Para determinar a taxa real dos CIPs, devemos dividir o total dos Custos
Indiretos de Produção pelo volume real de produção, conforme:
TCIPREAL = (5.920.300,00 + 2.507.470,00) / 3.133.000
TCIPREAL = 8.427.770,00 / 3.133.000
TCIPREAL = 2,69
48 UNIUBE
Taxa de Custo Indireto de Produção Real - TCIPREAL
Para cada tonelada produzida, deveriam ter sido apropriados
$2,69 de Custos Indiretos de Produção ao produto; este número
só será conhecido depois de encerrado o período de apuração,
no caso, o mês.
c) A variação total, entre o CIP Previsto versus o CIP Real é determinado pela diferença entre os dois, conforme:
Variação ($) = (2,69 x 3.133.000) – (2,50 x 3.133.000)Variação ($) = 8.427.770,00 – 7.832.500,00Variação ($) = 595.270,00
Nota-se que os Custos Apropriados pela taxa predeterminada e o
resultado da taxa calculada, no início do processo (período), são
multiplicados pela produção real ocorrida, e não pela produção
também projetada.
d) O cálculo da variação percentual se dá pela divisão do total real ocorrido pelo total previsto apropriado, conforme:
Variação(%) = ((8.427.770,00 / 7.832.500,00) – 1) x 100Variação(%) = (1,076 –1) x 100Variação(%) = 0,076 x 100Variação(%) = 7,6% no período
e) A contabilização será por fases:
a contabilização, de acordo com a produção, pela taxa predeterminada
dos CIPs;
a contabilização do ajuste (acerto) entre os CIPs reais versus o
previsto, após o fechamento do processo produtivo.
•
•
49 UNIUBE
Nesse capítulo, você pôde aprofundar um pouco mais nas questões da
Contabilidade gerencial e de análise de custos. Você aprendeu sobre
a técnica de departamentalização nas empresas e os benefícios que
ela oferece para o tratamento dos custos de produção. Você viu que a
departamentalização permite definir de forma mais adequada e mais
objetiva os valores dos custos agregados aos produtos.
Esperamos que este capítulo tenha-lhe proporcionado uma aprendizagem
significativa. Leia-o quantas vezes achar necessário.
Bons estudos!
Resumo
Custos Apropriados Produtos em Processo4 7.832.500,00 7.832.500,00 1 1 7.832.500,00 7.832.500,00 2
Produtos Acabados CPV2 7.832.500,00 3.916.250,00 3 3 3.916.250,006 297.635,00 6 297.635,00
Custos Reais Variação de CIPs8.427.770,00 5 5 8.427.770,00 7.832.500,00 4
595.270,00 6
50 UNIUBE
No capítulo 6 da obra do professor Eliseu, você estudará o esquema básico
de contabilização na departamentalização;
No capítulo 07, você verá uma perspectiva diferente da contabilização dos
Custos Indiretos de Fabricação – CIFs;
Por fi m, no capítulo 09, você será levado a conhecer um pouco mais sobre
a aplicação dos custos indiretos de produção.
Agora com a leitura dos capítulos customizados no livro que você recebeu, da obra: DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana, SOUZA; Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preço. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009., você terá uma bagagem de informações importantes para fi xação dos conceitos apresentados nesse capítulo. Os capítulos são:
Critérios de Rateio dos CIF.Departamentalização dos CIF.Os Sistemas de Custeio.
A leitura destes textos é importante para que você compreenda melhor os assuntos tratados neste roteiro, e consiga a realização das atividades propostas, além de oferecer melhor base para a construção do conhecimento em torno dos conteúdos que serão desenvolvidos nos próximos capítulos, bem como, também, nas próximas etapas.
Boa Leitura!
•••
Leituras
51 UNIUBE
Assinalar a alternativa correta:
1.1 A unidade administrativa, em que se desenvolvam as atividades para qual foi criada, é denominada de:
a) ( ) Departamento b) ( ) Segmento empresarialc) ( ) Cadeia de Valor d) ( ) Setor de trabalhoe) ( ) Centro de Custos
1.2 A unidade mínima de acumulação de custos é denominada:
a) ( ) Departamento b) ( ) Segmento empresarialc) ( ) Cadeia de Valor d) ( ) Setor de trabalhoe) ( ) Centro de Custos 1.3 Os departamentos que promovem transformação de matérias-primas e insumos em bens e serviços são denominados departamentos de:
a) ( ) Apuração de Receitas b) ( ) Revisão de Serviços c) ( ) Produção Industrial d) ( ) Análise Empresariale) ( ) Setor Empresarial
Atividade 1
Atividades
5 UNIUBE
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu; ROCHA, Wellington. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo. Atlas, 2006.
Referências
CONTROLANDO OS MATERIAIS E A
MÃO DE OBRA
Prezado aluno(a), você aprendeu nos capítulos anteriores sobre os
custos de produção, suas terminologias, sua classifi cação, além de
algumas ferramentas de gestão e contabilização. Agora veremos
em primeiro momento, como são tratados os principais impostos e
contribuições que afetam diretamente ou indiretamente os custos de
produção.
Você estudará ainda nesse capítulo as operações de entradas
(compras) e saídas de estoques, bem como o controle e tratamento
dos gastos com a Mão de Obra Direta.
Os temas serão abortados com auxílio de estudo de casos e exemplos
práticos. Leia com atenção cada tópico e não deixe de ler as literaturas
propostas, elas irão ajudar muito na absorção dos conteúdos.
Bom estudo.
3 Alexandre Alvarez
Introdução
54 UNIUBE
Objetivos
Esquema
Ao término dos estudos propostos nesse capítulo, você estará apto a:
identificar o melhor método de controle de estoques para a entidade;
demonstrar o tratamento dado aos impostos quando do controle dos
estoques de materiais;
avaliar como deve ser tratada a Mão de Obra Direta no seu
relacionamento com os produtos fabricados.
•
•
•
E stoques e os C ustos com m ão de obra
.
.
E studo de C aso – Indústria B e ta
G erenciando os estoques
E studo de C aso – Em presa Ja já
T extos sugeridos e a tiv idades p ropostas
M ão de obra d ire ta
3.1 Valorizando os estoques e gerenciando a mão de obraPara você prosseguir em seus estudos deve rever ou aprender, o significado de algumas siglas e conceitos que serão utilizadas nessa unidade didática.
IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados.
PIS - Programa de Integração Social.
•
•
55 UNIUBEICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de
Transporte Interestadual, Intermunicipal e Telecomunicações.
COFINS: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.
LAIR: Lucro Antes do Imposto de Renda.
IRPJ: Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
CSLL: Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido.
CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas, que determina todos os
procedimentos, os quais devem ser seguidos pelas empresas no
tratamento com seus colaboradores (empregados).
Lucro Real: Sistema de tributação federal, em que os impostos IPI,
PIS e COFINS são calculados sobre o faturamento bruto diminuído
das vendas canceladas, devoluções, abatimentos e o próprio IPI, e
o recolhimento é feito abatendo dos valores calculados os créditos
obtidos pelas aquisições, referentes aos mesmos impostos. O IRPJ e
a CSLL são calculados sobre o resultado (LAIR) do período.
Lucro Presumido: Sistema de tributação federal, em que os impostos
IPI, PIS, COFINS são calculados e recolhidos sobre o faturamento
bruto diminuído das vendas canceladas, devoluções, abatimentos e
o próprio IPI.
O IRPJ e a CSLL também é calculado da mesma forma que os impostos citados anteriormente, só que não se diminui do faturamento bruto o IPI (este faz parte da base de cálculo).
Simples: Sistema de tributação federal, em que os impostos IPI, PIS,
COFINS, IRPJ e CSLL são calculados e recolhidos sobre o faturamento
bruto diminuído das vendas canceladas, devoluções e abatimentos.
Débito e Crédito: Sistema de controle e arrecadação estadual, em
que os contribuintes calculam o valor do ICMS sobre o faturamento
bruto diminuído das vendas canceladas, devoluções, abatimentos e
do IPI (quando a venda for para outro contribuinte), e o recolhimento é
feito diminuindo-se os valores correspondentes ao ICMS obtido pelas
•
•
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•
•
•
•
•
•
•
56 UNIUBE
compras. Quando a venda for feita para um não contribuinte, não se deve diminuir do faturamento bruto o IPI, passando este a fazer parte da base de cálculo do ICMS.
As empresas, na esfera federal, podem se enquadrar em, basicamente,
três tipos de modelos de tributação:
Lucro Real.
Lucro Presumido.
Lucro Simples.
Na esfera estadual, podem ter três tipos de tratamento com relação
ao ICMS:
Débito e Crédito.
Simples do Estado.
Substituição Tributária.
•
•
•
•
•
•
Agora que você aprendeu ou relembrou alguns conceitos básicos vamos
aprofundar nossos estudos.
Trataremos os temas nesse capítulo dando ênfase para as
empresas industriais com tributação pelo Lucro Real (Federal)
e Débito e Crédito (Estado).
Vale ressaltar que o assunto é amplo e cheio de alternâncias, pois, às vezes,
a legislação é específi ca de cada estado, principalmente, com relação ao
ICMS, e algumas vezes com subsídios do governo na esfera Federal. Sendo
assim para se manter atualizado se faz necessário um acompanhamento
permanente da legislação.
57 UNIUBEComo as empresas industriais devem tratar seus estoques, já que elas compram mais de uma vez em um determinado período (mês), e os preços de aquisição variam (não se mantêm constantes)?
A resposta a esta pergunta é o que tentaremos mostrar, em uma primeira
parte, desse tópico. A legislação diz que (regulamento do Imposto de Renda,
regulamento estadual do ICMS entre outros): todos os valores negociados,
que coloquem o bem adquirido em condição de ser usado ou vendido,
devem compor o seu valor, e não só o valor da nota fiscal de aquisição
propriamente dito.
Isto significa que, se comprarmos um bem por um determinado valor
(suponhamos $ 300,00 na nota fiscal), para colocá-lo na nossa empresa
em condição de utilizá-lo para o fim a que foi adquirido, pagamos mais um
frete de $ 50,00 (além do valor da nota fiscal). O valor total de aquisição
deste bem deverá ser a soma destes dois fatores (o da nota fiscal mais
o frete), portanto, deverá ser registrado pelo valor total de $ 350,00 (de
acordo com o exemplo citado).
Ainda temos mais uma variância, pois estes valores não permanecem os
mesmos, ao longo do tempo. E, outro fator a ser levado em consideração é
o tratamento dos impostos incidentes na compra.
Tanto na esfera federal quanto na estadual, existem o sistema cumulativo e
o sistema não cumulativo de arrecadação dos impostos.
Você deve esta se perguntando: mas a que corresponde esses
sistemas chamados de cumulativos e não cumulativos?
58 UNIUBE
Vamos descobrir então:
Sistema cumulativo
Os impostos são recolhidos tendo
como base de cálculo o faturamento
das empresas, portanto, elas não têm
o direito de creditar-se destes quando
das suas compras.
Sistema não cumulativo
Os impostos são recolhidos (pagos)
pela diferença (subtração) entre os
apurados sobre o faturamento e os
calculados sobre as compras, em um
determinado período (mês).
O enquadramento de qualquer empresa em um ou outro sistema, cumulativo
ou não cumulativo, dependerá da legislação federal e estadual, podendo
ser, às vezes, por opção do contribuinte (a empresa).
No nosso conteúdo, será dada ênfase ao sistema não
cumulativo, por ser mais complexo e também o dominado.
Você, compreendendo o sistema não cumulativo, não terá
problemas com o cumulativo.
Dependendo, então, do regime de tributação Federal e Estadual, as empresas podem, e devem recuperar os impostos das suas compras para compensá-las com os apurados sobre o faturamento, recolhendo a diferença através de guias aos órgãos competentes.
Você deve lembrar também que as empresas só podem recuperar os impostos das suas compras se os itens adquiridos forem destinados à revenda, no caso de comércio, ou à fabricação de produtos, também destinados à venda, no caso de indústrias; caso as compras sejam de materiais destinados ao consumo interno, mesmo estando destacados os impostos na nota fiscal, ela não poderá creditar-se destes.
As indústrias enquadradas no sistema não cumulativo podem creditar-se não só dos impostos IPI (no caso de indústria) e do ICMS, que aparecem
59 UNIUBE
destacados na nota fi scal, mas também do PIS e da COFINS, que não aparecem destacados na nota fi scal. Os percentuais destes últimos são de 1,65% e 7,6%, respectivamente, embora possam sofrer alterações a qualquer tempo, por iniciativa do governo.
Existe ainda outro aspecto com relação à negociação: quando a negociação é feita entre dois contribuintes (vendedor indústria e comprador), o IPI não fará parte da base de cálculo dos outros impostos (ICMS, PIS e COFINS). Caso a negociação seja realizada entre vendedor industrial contribuinte e comprador não contribuinte do ICMS, o IPI fará parte da base de cálculo deste (ICMS).
Como já foi dito, anteriormente, são tantos detalhes que o assunto merece um tratamento específi co, por sua importância no resultado fi nal da apuração do resultado das empresas.
Para você entender melhor o que, anteriormente, foi dito, vamos analisar um estudo de caso. Vamos considerar o seguinte:
Parada obrigatória
Vamos analisar a situação de uma indústria, que vamos chamar de
indústria Modelo, que por sua vez é obrigada a contribuir com os
impostos de industrialização. Essa empresa chamada de Beta compra
de outra indústria chamada de indústria Alfa, também contribuinte dos
impostos.
Em uma das compras realizadas, a empresa Beta adquiriu 100
quilos de uma determinada matéria-prima, para uso na fabricação de
seu produto (objeto de venda da empresa Beta), pelo valor total de
$1.000,00, estando incluso neste valor 5% de IPI e 12% de ICMS.
Para que possa usar esta matéria-prima, a Indústria Beta contrata, a
prazo também, um frete no valor total de $ 100.00, estando incluso
neste valor (do frete), 9,6% referentes ao ICMS.
60 UNIUBE
Pede-se:
a) calcular o valor do custo de aquisição da matéria-prima, para a
Indústria Beta, bem como os valores de todos os impostos (IPI,
ICMS, PIS (1,65%) e COFINS (7,6%)) que ela pode creditar-se,
considerando o sistema não cumulativo;
b) elaborar os lançamentos contábeis de aquisição, para a Indústria
Beta, de acordo com os cálculos da letra “a”;
c) elaborar os lançamentos contábeis de venda, para a Indústria Alfa,
considerando que ela também esteja no sistema não cumulativo de
arrecadação de impostos, de acordo com os dados passados.
Agora, vamos à resolução!
a) Para facilitar a sua compreensão da resolução, vamos simular uma parte
da nota fi scal, (Tabela 1) para você visualizar como ele seria:
Tabela 1: Modelo de nota fi scal
DESCRIÇÃO UNID QTDE. UNITÁRIO TOTAL IPI
Matéria-Prima Kg 100 9,52 952,38 47,62
BC DO ICMS
952,38
VLR. DO ICMS
114,29
BC SUBSTITUIÇÃO VLR SUBSTITUIÇÃO
TOTAL PRODUTOS
952,38
VLR FRETE VLR SEGURO OUTRAS DESPESAS
VLR TOTAL IPI
47,62
VLR TOTAL NF
1.000,00
A tabela 1 apresenta parte de uma nota fi scal, somente com os dados
citados no exemplo, e não contém o valor do frete.
61 UNIUBE
Podemos notar no modelo anterior que, tanto o IPI como o ICMS, é calculado
sobre o valor de $ 952,38, e não sobre o valor total da nota fiscal; isto
porque a transação é feita entre contribuintes, em que o IPI não faz parte
da base de cálculo dos impostos citados, inclusive o próprio IPI; o PIS e a
COFINS também deverão ser calculados sobre o valor de $ 952,38 (base
de cálculo para todos os impostos desta nota fiscal, desta transação).
Para atingirmos um grau maior de precisão nos cálculos,
usaremos 04 (quatro) casas decimais após a vírgula.
Podemos definir as seguintes equações (que servirão para cálculo de
qualquer outra nota fiscal):
Vlr.Total da Nota Fiscal = Base de Cálculo (total dos produtos) + IPI
IPI = %IPI x Base de Cálculo
ICMS = %ICMS x Base de Cálculo
PIS = %PIS x Base de Cálculo
COFINS = %COFINS x Base de Cálculo
Os percentuais, quando da execução dos cálculos, deverão ser
divididos por 100.
Como no enunciado do estudo de caso não foi passado o valor da Base de Cálculo, você deve esta questionando: como no modelo da nota fiscal foi calculado o valor $ 952,38 (da base de cálculo)?
É simples a resposta à essa pergunta! Basta desenvolvermos a primeira equação passada. Veja:
Valor Total de Nota Fiscal = Base de Cálculo + IPI (substituindo o IPI pela sua equação)
6 UNIUBE
Logo:
Valor Total da Nota Fiscal = Base de Cálculo + (%IPI x Base de Cálculo) =>
Valor Total da Nota Fiscal = (100% + %IPI) Base de Cálculo
Sendo a Base de Cálculo (BC) = Valor Total de Nota Fiscal / (100% +
%IPI)
Temos:
Base de Cálculo = 1.000,00 / ( 1 + 0,05 )
Base de Cálculo = 1.000,00 / 1,05
Base de Cálculo = 952,38
Logo o IPI será:
IPI = 0,05 x 952,38
IPI = 47,62
O ICMS:
ICMS = 0,12 x 952,38
ICMS = 114,29
O PIS:
PIS = 0,0165 x 952,38
PIS = 15,71
O COFINS:
COFINS = 0,076 x 952,38
COFINS = 72,38
6 UNIUBE
Agora, com todos os valores dos impostos desta transação calculados,
falta apenas calcular o Valor do Custo da Mercadoria, ou seja, o valor que
entrará para o estoque:
Custo da Mercadoria - CM:
CM = Vlr. Total Nota Fiscal – Vlr. IPI – Vlr. ICMS – Vlr. PIS – Vlr. COFINS
Custo da Mercadoria = 1.000,00 – 47,62 – 114,29 – 15,71 – 72,38
Custo da Mercadoria = $ 750,00
Está faltando, agora, o cálculo do valor do Custo do Frete que deverá ser
somado ao custo da nota fiscal para compor o estoque, conforme:
Primeiramente calcula-se o imposto sobre o frete, que é o ICMS.
ICMS Frete = %ICMS x Vlr. Total do Frete
ICMS Frete = 0,096 x 100,00
ICMS Frete = $ 9,60
Logo o Custo do frete será:
Custo Frete = Vlr. Total do Frete – ICMS frete
Custo Frete = 100,00 – 9,60
Custo Frete = 90,40
Determinados todos os valores, vamos, agora, calcular o valor do Custo
Total (nota fiscal + frete) desta operação:
Custo Total = Custo Nota Fiscal + Custo Frete
Custo Total = 750,00 + 90,40
Custo Total = 840,40
64 UNIUBE
Este será o valor que entrará para a conta de Estoques, desta transação.
b) Agora observe os lançamentos contábeis (indústria Beta):
Existem vários tipos de lançamentos que poderiam ser feitos (mais
complexos ou mais simples). Os lançamentos, anteriormente elaborados,
são para uma empresa que prática o inventário permanente, e, mesmo assim,
poderiam ser feitos de forma diferente, como por exemplo: o lançamento de
número 1, ao invés de ser lançado a débito da conta Estoque, ser lançado,
primeiramente, a débito de uma conta chamada Compras Brutas, para
depois serem feitos os lançamentos nas contas dos impostos a recuperar
(IPI, ICMS, PIS e COFINS), e, por fim, o lançamento do saldo restante para
a conta Estoque.
O grau de detalhamento dos lançamentos vai de acordo com a necessidade
de cada empresa, embora seja de suma importância para um melhor
entendimento e análises futuras. Já para uma empresa que pratica
inventário periódico, o correto é fazermos os lançamentos passando pela
65 UNIUBEconta Compras Brutas, mesmo porque esta conta só será ajustada quando
o levantamento (apuração) dos estoques finais, na elaboração do Balanço
anual.
c) Observe e análise os lançamentos contábeis da indústria Alfa:
3.2 Gerenciando os estoques
Após você aprender a calcular os impostos e o custo das matérias-primas
adquiridas, vamos dar continuidade, mostrando como as empresas devem
tratar seus estoques, uma vez que, os valores de aquisição mudam
constantemente.
Existem dois tipos de inventários, que serão detalhados, a seguir, que as
empresas podem utilizar: Inventário Periódico e Inventário Permanente.
66 UNIUBE
3.2.1 O Inventário Periódico
No Inventário Periódico, durante um determinado período (normalmente o
ano), as empresas não mantêm um controle apurado dos seus estoques.
Elas compram e vendem durante este período, sem fazer nenhum controle
específi co. Para apurarem o resultado fi nal do período, elaboram uma
contagem física, no fi nal do período, obtendo-se aí o saldo fi nal quantitativo
dos seus produtos.
As empresas valorizam estes produtos pelos seus últimos preços de
aquisição (de acordo com a legislação) ou seja, todos os valores que colocam
os produtos em condição de uso para o fi m a que foram adquiridos, menos
os impostos incidentes na compra, pelos quais o comprador é contribuinte
e têm direto de creditar-se deles, obtendo-se aí o saldo fi nal valorizado dos
seus estoques;
Aplicando a equação:
CMV = Estoque Inicial + Compras Líquidas – Estoque Final
Obtem-se o valor do Custo das Mercadorias Vendidas - CMV, que será
lançado em sua contabilidade, fazendo parte da Demonstração do Resultado
do Exercício.
Para entendermos melhor vamos estudar por meio de um caso prático.
Uma empresa comercial, em 20x5, efetuou compras e vendeu sua
mercadoria. No fi nal do ano, realizou um inventário físico e constatou que
tinha 5 unidades da sua mercadoria. Durante o ano, teve as seguintes
compras, a saber:
67 UNIUBE
a) compra de 5 unidades, pelo valor total líquido de $ 55,00;
b) compra de 3 unidades, pelo valor total líquido de $ 37,50;
c) compra de 4 unidades, pelo valor total líquido de $ 52,00.
Considerando os dados anteriormente passados e que iniciou o ano com
4 unidades no estoque no valor (custo) total de $ 40,00, calcule o valor do
Estoque Final e o CMV do período de 20x6 para a empresa em questão, e
elabore a contabilização dos fatos.
Os valores passados neste caso prático referem-se ao custo total de cada
compra, portanto já encontram-se sem os impostos; é como se já tivéssemos
calculado o custo através das equações passadas anteriormente. Caso não
fossem valores líquidos, teríamos que realizar os cálculos para acharmos o
valor do custo, como já demonstrado foi anteriormente.
Acompanhe a resolução a seguir:
Cálculo do valor do EF (Estoque Final)
EF = (4 x 13,00) + (1 x 12,50) EF = 52,00 + 12,50
EF = $ 64,50
Prestem atenção no cálculo anterior: como sobraram 5 unidades, e
na última aquisição só foram adquiridas 4 unidades, então 4 unidades
das 5 que sobraram foram valorizadas pelo custo daquela compra e a
outra unidade que completa as 5, foi valorizada pelo custo da aquisição
imediatamente anterior à última. É desta forma que se deve proceder no
Inventário Periódico.
Cálculo do CMV – Custo das Mercadorias Vendidas: CMV = EI (Estoque
Inicial) + Compras Líquidas – EF CMV = 40,00 + 144,50 – 64,50
CMV = $ 120,00
68 UNIUBE
Veja como fica a contabilização dos fatos acima:
Compras Líquidas Estoques CMV
55,00 144,50 1 si 40,00 40,00 2 1 144,50 64,50 3 37,50 3 64,50 2 40,00 52,00
Podemos concluir que o Inventário Periódico é bastante simples no que
diz respeito à sua operacionalização, mas entendemos que ele também
proporciona algumas desvantagens, como por exemplo:
Em um cenário de inflação crescente, como
é a do nosso país, tende a um menor valor
atribuído ao Custo das Mercadorias Vendidas
e consequentemente maior valor atribuído ao
Estoque Final, fazendo com que a empresa pague
mais impostos (tributação pelo Lucro Real);
Maior possibilidade de desvios de estoques não percebidos pela empresa.
Agora você estudará o segundo modelo de inventário, o Inventário
Permanente.
InflaçãoAumento geral de preço com, com conseqüente perda do poder aquisitivo do dinheiro.
3.2.2 O Inventário Permanente
Para o Inventário Permanente, a nossa legislação prevê alguns tipos de
controles dos nossos estoques, dentre eles:
Primeiro que Entra Primeiro que Sai - PEPS;
Último que Entra Primeiro que Sai - UEPS;
Média Ponderada, e outros - MP.
69 UNIUBE
Vamos esclarecer que estamos dando ênfase a esses citados, embora
existam outros.
Esta modalidade, como o próprio nome diz Permanente, tem como
característica o acompanhamento por movimentação (entrada e saída)
realizada, item por item estocado, ou seja, se a empresa tiver 1.000 itens,
cada um terá acompanhamento por cada movimentação realizada, em um
período de tempo (normalmente o ano).
Para o acompanhamento, as empresas, hoje, têm sistemas informatizados
que facilitam muito este trabalho. Mas em suma, deverão ter uma ficha
para cada item, conforme modelo a seguir, a qual recebe o nome de Ficha de Controle de Estoques:
Modelo de uma Ficha de Controle de Estoque (Kardex):ENTRADAS SAÍDAS SALDOS
Qtde Unit Total Qtde Unit Total Qtde Unit Total
É claro que o modelo acima não está completo, uma vez que deve ter,
na ficha, a data da movimentação, o número da nota fiscal ou requisição,
o local de aplicação, e outras informações que poderão acrescentar no
controle, de acordo com a necessidade da empresa.
Comparando com o Inventário Periódico, podemos citar como características
favoráveis ao Inventário Permanente, dentre várias, as seguintes:
possibilidade de atribuir maior valor ao CUSTO ou Custo das
Mercadorias Vendidas – CMV ou Custo de Produtos Vendido – CPV,
e consequentemente menor valor ao Estoque Final, fazendo com que
a empresa pague menos impostos (tributação pelo Lucro Real);
•
70 UNIUBE
menor possibilidade de desvios de estoques não percebidos pela
empresa.
Bem, vamos, novamente, por meio de um estudo de caso, demonstrar cada
tipo de controle (PEPS, UEPS e MP), e no final vamos fazer um comentário
melhorando os conceitos e comparando os resultados achados, conforme:
a indústria Jajá iniciou suas atividades, para um determinado período,
com 15 unidades de uma matéria-prima em estoque, valorizada pelo custo
total de $ 150,00 ($ 10,00 cada uma). Neste mesmo período, adquiriu
mais 10 unidades da mesma matéria-prima pelo valor total de $ 180,00,
estando incluso neste valor 4% de IPI e 18% de ICMS. Para a produção do
período, foram consumidas 22 unidades da matéria-prima. Considerando
que a empresa é tributada pelo Lucro Real, que a transação foi feita entre
contribuintes (sistema não cumulativo federal e estadual), podendo se
creditar dos impostos da compra (IPI, ICMS, PIS(1,65%) e COFINS(7,6%))
e baseado nos dados acima vamos:
a) elaborar a Ficha de Controle de Estoques pelo critério do PEPS;
b) elaborar a Ficha de Controle de Estoques pelo critério do UEPS;
c) elaborar a Ficha de Controle de Estoques pelo critério da MP;
d) elaborar o controle de estoques pelo Inventário Periódico;
e) fazer uma comparação entre os métodos e critérios adotados.
Acompanhe o desenvolvimento da solução:
primeiramente, em função do enquadramento da empresa, deveremos
calcular o custo da matéria-prima que deverá entrar para o estoque, e que
servirá para todos os modelos (PEPS, UEPS, MP e Periódico):
Base de Cálculo = Valor Total Nota Fiscal / (1 + %IPI)
BC = 180,00 / (1+ 0,04)
Base de Cálculo = 180,00 / 1,04
•
71 UNIUBE
Base de Cálculo = 173,08
Vamos calcular o IPI sobre as mercadorias ou produtos:
IPI = Base de Cálculo x %IPI
IPI = 173,08 x 0,04
IPI = 6,92
O ICMS:
ICMS = BC x %ICMS
ICMS = 173,08 x 0,18
ICMS = 31,15
O PIS:
PIS = BC x %PIS
PIS = 173,08 x 0,0165
PIS = 2,86
O COFINS:
COFINS = BC x %COFINS
COFINS = 173,08 x 0,076
COFINS = 13,15
O Custo da Matéria-Prima - CMP:
CUSTO MP = Valo Total Nota Fiscal – IPI – ICMS – PIS – COFINS
CUSTO MP = 180,00 – 6,92 – 31,15 – 2,86 – 13,15
CUSTO MP = 125,92
Vamos agora preencher as fichas com os dados em cada modelo de controle
de estoques. (Tabelas 2 a 5)
7 UNIUBETabela 2 - Primeiro que Entra, Primeiro que Sai - PEPS:
ENTRADAS SAÍDAS SALDOS
QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL
15 10,00 150,00
10 12,59 125,92
15
10
10,00
12,59
150,00
125,9215
7
10,00
12,59
150,00
88,13 3 12,60 37,7910 125,92 22 238,13 3 12,60 37,79
Tabela 3: Último que Entra, Primeiro que Sai - UEPS:
ENTRADAS SAÍDAS SALDOS
QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL
15 10,00 150,00
10 12,59 125,92
15
10
10,00
12,59
150,00
125,9210
12
12,59
10,00
125,92
120,00 3 10,00 30,0010 125,92 22 245,92 3 10,00 30,00
Tabela 4: Média Ponderada Móvel - MP:
ENTRADAS SAÍDAS SALDOS
QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL
15 10,00 150,00
10 12,59 125,92 25 11,04 275,92
22 11,04 242,81 3 11,04 33,11
10 125,92 22 242,81 3 11,04 33,11
Vamos ver como ficam os lançamentos no Inventário Periódico.
Primeiro vamos calcular o Estoque Final do Período:
EF = 3 x 12,59
EF = 37,77
O Custo da Matéria Prima – CMP =
Custo da Matéria-Prima Consumida = EI + Compras Líquidas – EF
7 UNIUBE
Custo da Matéria-Prima Consumida = 150,00 + 125,92 – 37,77
Custo da Matéria-Prima Consumida = $ 238,15
Vamos comparar os modelos de inventários
Tabela 5 – Modelos de inventários
ITENS
INVENTÁRIO PERMANENTE INVENTÁRIO
PERIÓDICOPEPS UEPS MP
CUSTO 238,13 245,92 242,81 238,15
ESTOQUE FINAL 37,79 30,00 33,11 37,77
Se não houvesse nenhuma restrição, o UEPS seria o melhor método para
a empresa uma vez que proporciona um maior valor para o Custo e um
menor valor para o Estoque Final; com isto, a empresa pagaria menos
Imposto de Renda e Contribuição Social.
O UEPS não é permitido pela legislação brasileira; devendo ser
utilizado apenas gerencialmente, para efeito de análises.
O UEPS não podendo ser utilizado, o melhor método passa a ser a Média
Ponderada Móvel - MP, que fica entre o PEPS e o UEPS, pelos mesmos
motivos explicados em relação ao UEPS acima.
Já o PEPS e o Inventário Periódico têm o mesmo resultado final (CPV e
EF), sendo, para a empresa, os piores métodos a serem utilizados.
Sobre a elaboração da Ficha de Controle de Estoque, no Inventário
Permanente, vamos descrever os passos realizados, para um melhor
entendimento do processo:
nos critérios PEPS e UEPS, os saldos são tratados por lotes, uma vez •
74 UNIUBE
que facilita na hora de realizar as baixas; já na Média Ponderada, não
há necessidade de fazer lotes, uma vez que o saldo é em uma linha
só, pela média ponderada;
podemos notar que os valores referentes às baixas são os valores
unitários da coluna Saldos, imediatamente anterior. Se estivéssemos
fazendo um controle de um Produto Acabado, o procedimento seria o
mesmo; mas lembre-se, o valor a ser baixado no estoque é o Custo e
não o Preço de Venda (não confunda!);
após cada movimentação (Entrada ou Saída), a recomposição do
Saldo é feita primeiramente para a quantidade, logo após, para o
Valor Total e, por último, o Valor Unitário, que é a divisão do Valor
Total pela Quantidade Apurada. Alguns profissionais fazem de forma
diferente, mas entendemos que esta forma é a que mais elimina o que
chamamos de efeito dízima periódica;
o Saldo Inicial é colocado na coluna de Saldos. É comum alguns
alunos confundirem e colocarem o saldo inicial na coluna Entradas;
este procedimento é errado – o correto é na coluna saldos;
a última linha refere-se às somatórias das movimentações de Entradas,
Saídas e Saldos do período apurado. Para as entradas e saídas,
somam-se as quantidades e valores totais; para os Saldos, repete-se
o último apurado no período.
Até agora demonstramos todos os fatos de uma forma normal, ou seja,
quando tudo ocorre dentro de uma normalidade, sem nenhum problema.
Sabemos que isto dificilmente acontece – sempre existem fatos que
obrigam os compradores e/ou vendedores a cancelarem, devolverem
(total ou parcial), ou ainda solicitarem abatimentos. A estes fatos damos
o nome de “não conformidades” ocorridas no processo, que podem ser
pelas especificações dos produtos, estragos, prazos, preços, entre outras.
Estes fatos, além de alterarem os controles internos dos estoques, têm
•
•
•
•
75 UNIUBE
tratamentos específicos, que mostraremos a seguir, no ponto de vista do
comprador, que é o que nos interessa neste momento.
A devolução de compras, seja total ou parcial, será lançada na ficha de
controle de estoques como uma entrada negativa, ou seja, na coluna
de Entradas, com sinal negativo (será demonstrado a seguir, através de
exemplo). Essa operação implica em movimentação física do(s) produto(s)
adquirido(s).
Se for devolução total, e o comprador detectar no ato do recebimento,
antes de assinar o canhoto da nota fiscal do fornecedor, poderá fazer uma
declaração no verso da primeira via da nota fiscal do fornecedor, explicando
o(s) motivo(s) da devolução, assinar a declaração e devolver na própria nota
do fornecedor. Dessa forma, não necessitará de ser registrado contabilmente
pelo comprador, embora deva ter cópias para futuras comprovações junto
às fiscalizações do estado e do governo federal, caso seja necessário.
Mas se ocorrer devolução total, mas não sendo possível fazê-la no ato
do recebimento, ou a devolução parcial da compra realizada, a empresa
deverá emitir uma nota fiscal de devolução total ou parcial, dependendo da
situação, e, neste caso, deverá proceder ao registro da entrada, e, logo em
seguida, o registro da devolução (total ou parcial). No controle de estoque,
esta devolução deverá ser uma entrada negativa, como já foi citado. Além
disso, a empresa deverá providenciar os lançamentos contábeis de estorno,
que serão vistos mais à frente, nesse roteiro.
Para o comprador, a devolução total iguala-se ao cancelamento, portanto,
os procedimentos passam a ser os mesmos.
Com relação ao Abatimento de Compras, quando ocorrer, deverá, também,
ser lançado na Ficha de Controle de Estoques, como uma entrada negativa,
76 UNIUBE
ou seja, na coluna de Entradas com o sinal negativo. Diferentemente da
Devolução, o Abatimento de Compras não implicará na movimentação
física dos itens adquiridos, ou seja, os itens adquiridos continuarão com o
comprador. Haverá apenas um abatimento por alguma não conformidade
ocorrida.
Este fato não modifi ca o valor da nota fi scal, portanto, seu lançamento
continuará com todos os valores originais. O que ocorrerá é que surgirá um
lançamento diminuindo o Custo na conta Estoque e diminuindo, também, a
obrigação registrada na conta Fornecedor a Pagar. É claro que a empresa
compradora, tanto como a vendedora, deverão se munir de documentos
que registrem este fato (abatimento). Para melhor explicar isso, logo a
seguir demonstrarei, através de um exemplo, movimentando todas estas
situações, tanto no controle interno (Ficha de Controle de Estoques) como
na Contabilidade propriamente dito (lançamentos contábeis).
Podemos, então, citar como diferença entre a devolução e o abatimento, que
na devolução, seja ela total ou parcial, os valores registrados pela compra
serão diminuídos pela devolução, permanecendo somente a diferença entre
o adquirido e o devolvido; já no abatimento, somente o valor dos Estoques
(custo) bem como da conta Fornecedor a Pagar (obrigação) terão seus
valores diminuídos justamente pelo valor acordado do abatimento.
Vamos realizar um estudo de caso procurando exemplifi car tudo o que foi
dito anteriormente, bem como também demonstrar como é, na prática, a
aplicação destes conceitos.
A Sisccus Indústria e Comércio Ltda. é uma empresa
cadastrada no sistema de tributação pelo Lucro Real,
tanto federal como estadual e não cumulativo, ou seja os
77 UNIUBE
impostos pagos nas compras são compensados nas vendas.
Ela iniciou o período de agosto de 20x5 com um estoque inicial de
03 unidades de uma determinada Matéria-Prima no valor total (custo)
de 15,00. Para atender às suas necessidades de produção no mês
(Julho/20x5), adquiriu mais 10 unidades, no valor total de $ 100,00,
estando inclusos 5% de IPI e 12% de ICMS.
A empresa é contribuinte, ainda, do PIS (1,65%) e do COFINS (7,6%).
No recebimento da matéria-prima, constatou uma não conformidade
em duas unidades sendo que procedeu à devolução de uma unidade,
e a outra negociou um abatimento no valor de $ 2,00. Logo após,
requisitou, para a produção, 10 unidades da matéria-prima.
De acordo com os dados anteriormente passados, vamos calcular os
impostos pelos quais a Sisccus pode se creditar (IPI, ICMS, PIS e
COFINS); elaborar o controle de estoque pelo Inventário Permanente
na Média Ponderada Móvel, e elaborar os lançamentos contábeis da
referida compra.
Vamos à resolução. Acompanhe:
Primeiramente, em função do enquadramento da empresa, deveremos
calcular o custo da matéria-prima referente à compra realizada, que
deverá entrar para o estoque:
Base de Cálculo (BC)= Valor Total Nota Fiscal / (1 + %IPI)
Base de Cálculo = 100,00 / (1+ 0,05)
Base de Cálculo = 100,00 / 1,05
Base de Cálculo = 95,24
•
78 UNIUBE
O ICMS:
ICMS = BC x %ICMS
ICMS = 95,24 x 0,12
ICMS = 11,43
O PIS:
PIS = BC x %PIS
PIS = 95,24 x 0,0165
PIS = 1,57
O COFINS:
COFINS = BC x %COFINS
COFINS = 95,24 x 0,076
COFINS = 7,24
O Custo da Matéria-Prima:
CUSTO MP = Valo Total Nota Fiscal – IPI – ICMS – PIS – COFINS
CUSTO MP = 100,00 – 4,76 – 11,43 – 1,57 – 7,24
CUSTO MP = 75,00
Veja como fica a elaboração da Ficha de Controle de Estoque (kardex),
pela Média Ponderada Móvel:
Vamos calcular os impostos:
O IPI:
IPI = BC x %IPI
IPI = 95,24 x 0,05
IPI = 4,76
79 UNIUBE
Tabela 6: Ficha de controle de estoque – média ponderadaENTRADAS SAÍDAS SALDOS
QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL QTDE. UNIT. TOTAL3 5,00 15,00
10 7,50 75,00 13 6,92 90,00
- 1 7,50 - 7,50 12 6,88 82,50
- 2,00 12 6,71 80,5010 6,71 67,10 2 6,70 13,40
09 65,50 10 67,10 2 6,70 13,40
Agora a Contabilização:
- Elaboração dos fatos contábeis, através de razonetes em “T”:
Observações gerais sobre as respostas:
existem outros métodos de contabilização dos fatos anteriores. Cada
empresa deve escolher o método que melhor lhe atenda, ou seja,
mais detalhado ou menos detalhado, mais complexo ou não;
os cálculos dos impostos pelos quais a empresa pode se creditar na
•
•
Estoque IPI a Recuperar175,00 7,50 2 14,76 0,48 2
2,00 367,00 4
ICMS a Recuperar PIS a Recuperar111,43 1,14 2 11,57 0,16 1
CONFINS a Recuperar Fornecedores a Pagar17,24 0,72 2 2 10,00 100,00 1
3 2,00
Produto em Processo467,10
80 UNIUBE
você deve prestar atenção com relação à devolução parcial, que
alterou todos os lançamentos contábeis, sob a forma de estorno
parcial destes, proporcional ao que foi devolvido (uma unidade); já o
abatimento negociado só alterou a conta Estoque e Fornecedores a
Pagar, não alterando os impostos recuperáveis.
Apesar de já ter sido estudado, em capítulos anteriores, vamos relembrar o
assunto referente às perdas. Existem dois tipos de perdas:
as Anormais – são aquelas involuntárias e inesperadas, como por
exemplo: roubos, incêndios, greves etc;
as Normais - são aquelas conhecidas e ocorrem no processo de
produção.
É muito comum as empresas industriais terem perdas, consideradas normais,
no seu processo de produção. Estas perdas serão tratadas como custos de
produção, ou seja, comporão o custo dos produtos finais elaborados. Terão
duas classificações:
perda como subproduto – é que este subproduto, é comercializado
normalmente pela empresa, ou seja, tem mercado (comprador e preço
pré-determinado) e é vendido normalmente;
perda como sucata – não tem mercado pré-definido e é vendido
esporadicamente, não tendo compradores nem preços pré-
estabelecidos. Os subprodutos poderão ser compensados no custo
•
•
•
•
•
compra, só foram possíveis de se fazer por se tratar de uma empresa que
opera no sistema não cumulativo de arrecadação dos impostos, bem como
também o que foi adquirido será empregado na produção de um produto
que será comercializado (objeto social na empresa); caso contrário, se
fosse material para ser consumido na empresa, mas não no seu produto
de venda, não seria permitida a apropriação dos créditos dos referidos
impostos;
81 UNIUBE
Exemplifi cando
Vamos imaginar que uma determinada empresa tenha uma perda
de matéria-prima referente a 5% do montante requisitado para a
produção de um determinado produto acabado. Imaginando que o
montante requisitado seja de 500 quilos, 25 quilos são perdidos de
forma normal no processo de fabricação. Considerando ainda, que os
quinhentos quilos tenham um valor de custo (líquido) de $ 5.000,00,
e são utilizados para produzir 450 unidades do produto acabado; os
vinte e cinco quilos de matéria-prima que se perdem no processo
são vendidos, regularmente, por $ 5,00, o quilo, para outra empresa;
na composição do custo total do produto elaborado, e considerando
somente os dados aqui passados, fi caria assim:
de produção a que pertencerem, pelo valor da sua venda.
Quadro Demonstrativo dos Custos de Produção
A contabilização deste fato fi caria assim:
Matéria-Prima Produto em ProcessoSI 5.000,00 5.000,00 1 1 5.000,00 125,00 2
Sub Produto2 125,00
COMPONENTES VALORESQuantidade Produzida 450/unid.Matéria-Prima consumida 5.000,00( - ) Recuperação Subproduto (125,00)( = ) Custo Total 4.875,00( = ) Custo Unitário 10,83
8 UNIUBE
Observações gerais sobre as respostas:
no exemplo anterior, a perda foi considerada como um subproduto
uma vez que tem mercado e preço firme e as negociações são feitas
regularmente;
por se tratar de um subproduto, a empresa pode recuperar no custo
do seu produto, pelo valor da venda (no exemplo anterior $ 125,00
que se refere ao total da venda);
•
•
no preço de venda (no caso os $ 5,00 por quilo) devem estar contido
os impostos sobre a venda, as despesas com a comercialização, entre
outros;
como podemos constatar, a contabilização da venda do subproduto
é em uma conta de estoque, no Ativo Circulante Realizável, e é uma
das únicas condições em que se contabiliza pelo preço de venda,
o que normalmente não é aceito pelos princípios contábeis (Custo
Histórico como Base de Valor).
3.3 Mão de obra direta
Vamos, agora, ver o tratamento que se dá à mão de obra utilizada na
produção.
Como podemos notar, com o passar do tempo, a mão de obra é cada vez
menos utilizada na produção. Isso se deve ao avanço da automação dos
processos. Mesmo assim, temos ainda, por menor que seja a quantidade,
sempre o emprego de mão de obra na produção.
O pessoal da produção, que trabalha na elaboração dos produtos, é
considerado como um Custo Direto. A sua medição, na fabricação,
normalmente é feita em função do tempo gasto na produção dos produtos
fabricados. Em função disto, devemos calcular o valor da hora trabalhada
para podermos alocar o seu custo aos produtos.
•
•
8 UNIUBE
Para isto, devemos saber em que enquadramento a empresa está, uma
vez que, caso esteja enquadrada no sistema Simples de tributação, tem
a isenção do recolhimento do encargo social referente ao INSS, parte da
empresa que varia de 26,8% a 28,8%, bem como também do percentual de
0,5% a mais no FGTS e de 10%, dos 50% da multa rescisória; isto, para as
empresa que têm muitos colaboradores é de fundamental importância para
a redução do custo hora do seu pessoal.
Neste capítulo, daremos ênfase para as empresa de grande porte, com
enquadramento no Lucro Real, em que entendemos serem as incidências
as maiores, e qualquer adaptação para outro tipo de enquadramento se
torna mais fácil.
Pela CLT, os funcionários mensalistas, ganham por 220 horas trabalhadas
por mês. Sabemos que neste montante estão computadas as horas
referentes ao Descanso Semanal Remunerado - DSR, em que os
funcionários não estão presentes, mas recebem nos seus vencimentos.
Para os funcionários contratados pelo regime horista, deverá ser acrescido,
nos seus vencimentos, o DSR.
O DSR refere-se aos domingos, e o seu cálculo deve ser feito multiplicando-
se os domingos existentes no período que se está calculando por 7:20
(número de horas por cada domingo a ser considerada).
Mas fique atento! Para realizarmos os cálculos através de uma
calculadora, deveremos sempre mudar os minutos do relógio
que são para a base 60, para números base 100, isto porque
a cada 60 minutos, no relógio, aumenta-se uma hora e zera os
minutos começando novamente a contagem para a formação de
outra hora.
84 UNIUBE
Na calculadora, este processo só ocorre quando se chega a 100 (cem),
por isso a necessidade de mudarmos os minutos da hora para a base 100,
através de uma regra de três simples.
Para tanto, devemos então, calcular o montante das horas efetivas que os
funcionários estarão à disposição da empresa para exercerem as suas
funções, e como temos doze meses com totais de dias diferentes, bem
como também temos feriados com incidências diferentes em cada mês, o
melhor, ao meu ver, é calcularmos o montante de horas efetivas anuais,
eliminando assim estas distorções.
É importante também para que possamos ter uma precisão maior nos
cálculos, defi nir, ou saber, qual o sistema de horário e trabalho que a empresa
adota. Sabe-se que a legislação defi ne que os funcionários devem trabalhar
44 (quarenta e quatro) horas semanais, e permitem alguns acordos com
relação aos dias da semana em que os funcionários deverão cumprir esta
jornada. Em função disto, temos empresas que adotam o regime de 7:20
horas por dia, de segunda a sábado. Outras adotam o regime de 8:48 horas
por dia de segunda a sexta, entre outros. Esta defi nição é importante, uma
vez que vai defi nir o sábado como sendo um dia útil ao trabalho ou não,
e com certeza, modifi cará o resultado fi nal do total das horas trabalhadas
pelos funcionários, em um determinado período.
Para que melhor possamos entender os conceitos e suas aplicações, vamos
desenvolver um estudo prático e dirimir todas as dúvidas, passo a passo:
Exemplifi cando
Uma determinada empresa, industrial, com o ramo de fabricação por
conta e ordem de produtos de limpeza, tem um grupo de funcionários
85 UNIUBE
A empresa trabalha de segunda a sábado, num total de 7:20 horas
por dia. Tem enquadramento fi scal pelo Lucro Real, e deseja calcular
o custo hora para cada funcionário, referente às horas disponíveis,
tomando como base o ano de 20x6.
Sabendo-se que o ano apresenta 12 dias referentes a feriados
computados entre as segundas e sábados, que além da remuneração
dos funcionários deve recolher ainda 28,8% de INSS e 8,5% de FGTS,
pede-se que sejam elaborados e demonstrados os cálculos do valor
da hora disponível dos seus funcionários, considerando os dados
acima passados.
que por acordo coletivo, recebem, mensalmente, a quantia de $380,00,
correspondente a um salário mínimo vigente(fi ctício).
1 – Demonstrativo do total de horas úteis no ano de 20x6
Número de dias no ano de 20x6 365
( - ) Domingos existentes no ano de 20x6 (53)
( - ) Feriados compreendidos entre as segundas e os sábados (12)
(= ) Número de dias úteis no ano de 20x6 300
( - ) Número de dias referentes às férias no ano de 20x6 (25)
( = ) Número de dias úteis disponíveis no ano de 20x6 275
( x ) Multiplicado pelo número de horas por dia de trabalho 7,33
( = ) Total de Horas Disponíveis no ano de 20x6 2.015,75
2 – Demonstrativo da Remuneração Anual
Vejamos, portanto, os demonstrativos referentes a este caso prático:
Salários do ano ($ 380,00 x 12) 4.560,00( + ) 13o Salário do ano 380,00
86 UNIUBE
Observações gerais sobre as respostas:
• o exercício anterior é apenas para treinamento didático, podendo não refl etir exatamente o calendário de 20x6. O importante é que cada empresa programe o seu calendário para que possa ter os dados projetados em função da sua necessidade;
• no demonstrativo 1, o número de dias considerado para as férias
(25 dias) refere-se ao número de dias úteis no ano de 20x6 (300) dividido por 12, uma vez que os domingos e os possíveis feriados que poderão ocorrer, já tinham sido tirados anteriormente;
• também, no demonstrativo 1, o número de horas por dia (7,33) refere-se às 7:20 do relógio que foram convertidas para a base 100, para a realização dos cálculos através da calculadora; com relação ao Total de Horas Disponíveis no ano de 2006 (2.015,75) deveríamos convertê-las para a hora relógio, que corresponderia a 2.015:45, mas como foi utilizada em outro cálculo, foi mantida na forma numérica para que não modifi casse os cálculos necessários;
3 – Demonstrativo dos Encargos Sociais do ano de 20x6
INSS (28,8% sobre o total da remuneração anual) 1.459,20FGTS (8,5% sobre o total da remuneração anual) 430,67( = ) Total dos Encargos Sociais do ano de 20x6 1.889,87
4 – Demonstrativo do Custo Hora Médio anual
Total da Remuneração anual (20x6) 5.066,67( + ) Total dos Encargos Sociais do ano de 20x6 1.889,87( = ) Total Geral Remuneração + Encargos Sociais 6.956,54( / ) Dividido pelo Total de Horas Disponíveis no ano de 20x6 2.015,75( = ) Custo Hora Médio do ano de 20x6 3,45
( + ) 1/3 referente às Férias do ano 126,67( = ) Total da Remuneração anual (20x6) 5.066,67
87 UNIUBE
• no demonstrativo 2, foi acrescentado somente 1/3 de férias uma vez que o salário referente a ela já está incluído nos 12 salários do ano, ou seja, o funcionário não ganha mais um salário no ano pelas férias, ele só recebe adiantado.
Cabe aqui ressaltar que o exemplo anterior se trata de um funcionário mensalista; caso fosse um horista, deveríamos acrescentar, no demonstrativo 2, o valor correspondente ao Descanso Semanal Remunerado - DSR ((7,33 x número de domingos existentes) x valor da hora contratada).
Nesse capítulo você estudou sobre o gerenciamento dos gastos com mão
de obra no processo produtivo e também aprendeu como gerenciar e
registrar os custos de entrada e saída de materiais no estoques.
Lembre-se de que os assuntos abordados são amplos e podem mudar de
empresa para empresa, estado para estado, e até mesmo por deliberação
do governo federal, governo estadual e municipal. Caso você queira se
aprofundar, você deve estudar mais, e fi car sempre atento às mudanças
que poderão surgir de tempos em tempos.
Agora, que você concluiu o conteúdo deste capítulo, leias as literaturas
sugeridas e realize as atividades, com elas você pode melhorar ainda mais
o seu aprendizado.
Sucesso e bom estudo!
Caro, aluno, para facilitar o seu aprendizado e fi xação dos conteúdos abordados nesse capítulo, faz-se necessária a leitura dos capítulos, indicados
Resumo
Leituras
88 UNIUBE
Desenvolva as atividades propostas para aprimorar o seu conhecimento. Para tal, não deixe de estudar os capítulos enumerados na obra citada.
a seguir, da obra: DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preço. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Este livro foi customizado e faz parte do material que você recebeu:
• Materiais e Estoques.• Mão de Obra.
No capítulo 04, você aprofundará os conceitos de gerenciamento dos gastos relativos aos materiais e seus controles de estoque.
No capítulo 05, a Mão de Obra, um dos recursos produtivos mais importantes, é tratada nesse texto destacando-se suas classifi cações e a gestão dos gastos gerados pela sua utilização seja diretamente ou indiretamente na atividade produtiva.
Leia os textos com atenção, pois eles são fundamentais para o seu aprimoramento e ao mesmo tempo facilitadores do seu aprendizado.
Boa leitura.
Atividade 1O material direto utilizado no processo de produção deve ser apropriado
aos Bens e Serviços pelo:
a) ( ) Custo de Mercado;
b) ( ) Custo de Mercado Corrigido;
c) ( ) Custo Histórico;
d) ( ) Valor de Mercado;
e) ( ) Custo de Estimado.
Atividades
89 UNIUBE
Atividade 22.1. São exemplos de mão de obra direta:
a) ( ) mecânico e pessoal da manutenção;
b) ( ) encarregados de materiais e pintor;
c) ( ) modelador, soldador e supervisores;
d) ( ) modeladores, soldadores e cortadores;
e) ( ) auxiliares, supervisores e pintores.
2.2. Assinale V para as alternativas verdadeira e F para as falsas:
a) ( ) não se deve confundir o custo de mão de obra direta dos produtos
com o valor total da folha de pagamento relativa à mão de obra
direta total da empresa;
b) ( ) custo de mão de obra direta é aquele relativo à utilizada direta e
efetivamente na produção dos bens e serviços;
c) ( ) o custo relativo à folha de pagamento da própria produção é sempre
variável;d) ( ) o custo de mão de obra direta sempre varia com o volume de
produção.
Uma determinada empresa comercial teve as seguintes operações durante
um determinado período, a saber:
em 02/01/2006, adquiriu a prazo, do fornecedor “Z”, 05 – (cinco)
unidades de um determinado produto, no valor total de $ 65.000,00,
estando inclusos neste valor 6% de IPI e 12% de ICMS;
em 05/01/2006, adquiriu a prazo, do fornecedor “X”, 03 – (três)
unidades do mesmo produto, no valor total de 45.000,00, estando
inclusos neste valor 6% de IPI e 18% de ICMS;
em 10/01/2006, vendeu, a prazo, para o cliente “A”, 02 – (duas)
unidades deste produto, pelo valor líquido total de $ 32.000,00;
•
•
•
Atividade 3
90 UNIUBE
O Departamento de Modelagem da empresa Herby tem um funcionário horista, com salário de $ 15,00 a hora.
O regime de trabalho é de 44 horas semanais, e o funcionário trabalha das segundas às sextas-feiras, o ano, para efeito de cálculos, tem 52 semanas.
O período (ano) analisado terá 10 dias de feriados, que ocorrerão entre as segundas e sextas-feiras.
Além da remuneração por hora ($ 15,00), o funcionário tem direito de receber mais 7h20 por semana referentes ao Descanso Semanal Remunerado - DSR, ou seja, os domingos pelos quais o funcionário recebe, mas não trabalha.
As contribuições recolhidas sobre a folha de salários são ( os índices podem variar conforme legislação):
• 28,8% para o INSS; • 8,0% para o FGTS.
Calcule:
a) o custo total do funcionário para a empresa, por ano;
Atividade 4
outras informações:
oa empresa não tinha estoques iniciais;
oa empresa é tributada pelo Lucro Real e é contribuinte dos impostos
PIS e COFINS, recolhendo os percentuais de 1,65% e 7,60%,
respectivamente, podendo também, apropriar-se do crédito, destes
impostos, quando da compra do produto.
Pede-se:
a) elaborar o controle de estoques pelo método do Inventário Permanente
através dos critérios da Média Ponderada Móvel, PEPS e UEPS ;
b) elaborar a DRE de cada critério e analisar as diferenças, caso exista.
•
91 UNIUBE
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu; ROCHA, Wellington. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo. Atlas, 2006.
b) o número médio de horas que o funcionário fica à disposição da empresa, por ano;
c) o custo médio de cada hora que o funcionário fica à disposição da empresa.
Referências
GERENCIANDO OS GASTOS INDUSTRIAIS
Prezado(a) aluno(a), você está iniciando o quarto capítulo do livro
Contabilidade e gestão de custos. Neste momento, estudaremos,
sobre a infl uência dos custos variáveis na tomada de decisão dentro
do processo produtivo; a relação desses custos com os ganhos da
empresa, veremos algumas técnicas para gerenciar esses custos e
otimizar os resultados.
Você aprenderá sobre mais um método de custeio gerencial conhecido
como custo padrão; este método é utilizado como uma referência para
predeterminar os custos na produção.
Bons Estudos!
4Laércio Alaim Borges
Introdução
ObjetivosApós os estudos realizados a partir desse capítulo, você deverá ser
capaz de:
reconhecer as diferenças entre os principais métodos de custeio;
calcular e registrar os procedimentos do método de Custeio
Variável;
desenvolver os métodos de avaliação de custos versus volume e
lucro; regras de contabilização das contas de resultado;
•
•
•
94 UNIUBE
Esquema
C ustos V ariáve is C once ito e curios idades
M argem de C ontribu ição
E studo de C aso - desenvo lvim ento
C usto P adrão - C once ito
A nálise – C ustos – V o lum e – Lucro
P onto de E qu ilíb rio
C lass ificação do P onto de E qu ilíb rio
T extos sugeridos e ativ idades propostas
P onto de E qu ilíb rio para vários produtos
4.1 Os Custos Variáveis
Para iniciar os estudos, é importante relembrar os conceitos de custos
fixos e variáveis. Os custos fixos são aqueles gastos relativos à atividade
produtiva que se mantém constantes durante certos períodos; já os custos
variáveis são os gastos relativos à atividade produtiva, que oscilam seus
valores em virtude do tempo e/ou da quantidade produzida.
Custos Variáveis-Conceitos e curiosidades
95 UNIUBE
Você estudou nos capítulos anteriores que, no critério de custeio, conhecido
como Custeio por Absorção, os gastos são separados em despesas e
custos, e os valores referentes às despesas são tratados como redutores
do resultado contábil, ou seja, são lançadas na apuração do resultado. No
custeio por absorção os custos são separados em custos diretos e indiretos,
e no caso dos custos indiretos esses são rateados e lançados entre os
produtos.
Você estudou que o Custeio por absorção, apesar de ser aceito pela
legislação, produz situações de incertezas quanto ao manuseio dos dados
para tomada de decisões. Logo se faz necessário um critério a nível
gerencial que ajuda na tomada de decisões. Esse critério é chamado de Custeio Variável ou Custeio Gerencial.
O Custeio Variável ou Gerencial considera que todos os custos fixos ocorrem
independentes da quantidade ou volume produzido, logo seu valor pode ser
de certa forma, previsto a cada final de período de produção, e tratado como
despesa. Já os custos variáveis têm sua ocorrência ligada diretamente ao
volume produzido. Nesse caso será considerado para análise dos custos
apenas os custos variáveis apropriados a produção.
Sabendo que cada unidade produzida gera uma receita definida quando da
sua venda e que os custos variáveis são na grande maioria custos diretos
de produção, resultará em uma sobra entre o seu valor de venda e o valor de
custo variável incluído. Essa sobra é chamada de Margem de Contribuição.
Por que Margem de Contribuição?
Cada sobra ou Margem de Contribuição de cada unidade produzida servirá
para formar o montante necessário para pagamento dos Custos Fixos e
Despesas Fixas do período.
96 UNIUBE
Nesse método, quando do cálculo da Margem de Contribuição,
se faz-se necessário considerar as Despesas Variáveis, que
afetarão os produtos.
O cálculo da Margem de Contribuição é representado da seguinte forma:
Margem de Contribuição unitária = Valor de venda unitário – (Custos
Variáveis unitários + Despesas Variáveis unitárias).
Exemplifi cando!
Considere que uma empresa levantou em seus registros contábeis
que seu produto principal é vendido pelo valor de $ 45,00 por unidade.
Para produzi-lo são gastos os valores de $ 6,00 de custos variáveis
por unidade e $ 4,00 de despesas variáveis também por unidade.
Qual será sua Margem de Contribuição para auxiliar no pagamento
dos Custos e das Despesas Fixas?
Margem de Contribuição = 45,00 – ( 6,00 + 4,00) => 45,00 – 10,00
=>
Margem de Contribuição = $ 35,00
O Custeio Variável ou Gerencial tem como vantagem principal oferecer
condições para avaliar o desempenho das etapas produtivas.
Para ajudar na compreensão entre os Métodos de Absorção e Variável,
observe as fi guras 1 e 2, a seguir:
97 UNIUBE
Figura 1: Custeio por absorção.
Figura 2: Custeio variável.
O Método de Custeio Variável é tipicamente gerencial, pois fere os princípios
básicos da contabilidade, tais como: o da competência e da realização
das receitas, por isso não é aceito pelo fisco para fins de apuração de
impostos.
Vamos estudar um pouco sobre outro método de custeio também
de caráter gerencial. O Método de Custeio Padrão.
Por isso, desenvolveremos um estudo de caso, adaptado da obra de Eliseu
Martins, intitulada ‘Contabilidade de custos’, da editora Atlas.
98 UNIUBE
Exemplifi cando!
Uma empresa produz um único produto (shampoo de camomila)
que é vendido, em média, por $ 9,50 cada unidade (preço líquido de
tributos).
Em determinado período, em que não houve estoques iniciais, produziu
integralmente 14.000 (quatorze mil) unidades, vendeu 13.000 (treze
mil) e incorreu nos seguintes custos e despesas (em $):
Supervisão geral da fábrica .................................................. 17.000
Depreciação dos equipamentos de fábrica ...................... 10.000
Aluguel do galpão industrial ................................................ 2.400
Administração geral da empresa ....................................... 8.000
Material Direto ................................................. 2,00 por unidade
Mão de Obra Direta ......................................... 1,50 por unidade
Energia Elétrica consumida na produção ........ 0,40 por unidade
Comissão sobre vendas .................................. 0,75 por unidade
Frete para entregar produtos vendidos ........... 0,15 por unidade
Pede-se para calcular o resultado do período utilizando o:
Custeio por Absorção e pelo
Custeio Variável.
Vamos então ao desenvolvimento:
a) Primeiro vamos apurar o resultado utilizando o custeio por absorção.
Dados:
Receita = $ 9,50/u x 13.000 unidades vendidas................ $ 123.500Comissões = $ 0,75/u x 13.000 unidades vendidas.......... $ 9.750Frete = $ 0,15/u x 13.000 unidades vendidas .................. $ 1.950
99 UNIUBE
Custos Variáveis = Material + MOD + Energia Elétrica
Custos Fixos = Supervisão + Depreciação + Aluguel
CPV = Custos Variáveis + Custos Fixos
Logo:
Custos variáveis => $ 26.000 + $ 19.500 + $ 5.200
Custos variáveis = $ 50.700
Custos Fixos => $ 17.000 + $ 10.000 + $ 2.400
Custos Fixos = $ 29.400
Custo Fixo por unidade = $ 29.400/14.000u = $ 2,10/u
Custo Fixo para 13.000 unidades vendidas = $2,10/u x 13.000u = $27.300
CPV => $ 50.700 + $ 27.300
CPV = $ 78.000
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
RECEITA LÍQUIDA 123.500(-) Custo dos Produtos Vendidos ( 78.000)
LUCRO BRUTO 45.500(-) Despesas Administrativas ( 8.000)(-) Frete para entregar produtos vendidos ( 1.950)
(-) Comissão sobre vendas ( 9.750)LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (L.A.I.R.) 25.800
Sabendo que:
100 UNIUBE
Agora vamos apurar o resultado utilizando o custeio variável.
Dados:
Receita = $ 9,50/u x 13.000 unidades vendidas ................ $ 123.500
Comissões = $ 0,75/u x 13.000 unidades vendidas........... $ 9.750
Frete = $ 0,15/u x 13.000 unidades vendidas .................... $ 1.950
Custos Variáveis = Material + MOD + Energia Elétrica
Custos variáveis = $ 26.000 + $ 19.500 + $ 5.200
Custos variáveis = $ 50.700
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
RECEITA LÍQUIDA 123.500(-) Custos Variáveis ( 50.700)
(-) Comissão sobre vendas ( 9.750) (-) Frete para entregar produtos vendidos ( 1.950)Margem de Contribuição Total 61.100
(-) Custos Fixos (29.400)(-) Despesas Administrativas ( 8.000)
LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (L.A.I.R.) 23.700
Veja a diferença entre os dois resultados: $ 25.800 - $ 23.700 = $ 2.100
Demonstração da Diferença: CF/u = $2,10/u x 1.000u em estoque =
$2.100
Este valor corresponde ao Custo Fixo mantido em estoque pelo Custeio por
Absorção, porém lançado no resultado do período pelo Custeio Variável.
Você pode concluir que o resultado pelo custeio variável é menor, mas isso
porque ele é expresso de forma mais confiável e gerencial, pois os custos
são tratados de forma mais realista.
101 UNIUBE
4.2 Custeio Padrão
Todos os outros métodos trabalham os dados e valores ocorridos durante o
processo produtivo, apresentado informações sobre situações já ocorridas.
Já o método de custeio padrão procura criar referenciais para prefixar
valores de custos antes mesmo deles ocorrerem na produção. Esse
método procura antecipar aos custos que poderão ser levantados, sendo
uma ferramenta de Gestão, antecipação e planejamento de produção.
Com o custeio padrão são fixados referenciais que, posteriormente,
comparados com os valores ocorridos, permitirá que sejam feitos ajustes
no planejamento de produção, permitindo uma otimização dos resultados e
reduzindo os gastos.
Como já foi dito, esse método é extremamente gerencial. Por isso ele não
substitui a aplicação de outros métodos como o método de absorção para
atender as exigências fiscais. Mas ele auxilia muito a tomada de decisão
por parte dos gestores de produção.
Logo, esse método tem suas limitações para ser mais eficiente, entre outras
podemos citar:
a produção deve ser com pequena variedade de produtos, e esses
produtos devem ter maior similaridade entre eles, permitindo o máximo
de padronização.
O Método de Custeio Padrão se baseia no monitoramento dos custos,
no tempo necessário para produção e na qualidade exigida por meio
de padrões.
Os gestores podem fazer uso do método de Custeio Padrão, para
fins de negociação de preços, controle de estoques e avaliação de
desempenho, entre outras vantagens.
•
•
•
10 UNIUBE
Os padrões sugeridos pelo Custeio Padrão podem ser definidos em alguns
pontos, como:
Na gestão de materiais, na mão de obra e nos custos indiretos.
Os padrões definidos nesse método devem ser comparados com os
valores reais apurados a cada período de produção, objetivando o
alinhamento entre o previsto e o real.
Podemos citar como vantagens desse método, a facilidade de
manuseio e coordenação das tarefas.
4.3 Margem de Contribuição e o Custo, Volume e Lucro
Você estudou no início desse capítulo sobre o que significa o conceito de
Margem de Contribuição. Agora vamos estudar um pouco mais sobre esse
tema e aprender algumas técnicas de utilização desse conceito.
Como vimos, a Margem de Contribuição destina-se a cobrir os valores
relativos aos custos fixos e despesas fixas. Logo, o volume produzido e
a capacidade produtiva da empresa serão determinantes na capacidade
de pagamento desses custos e despesas como também nos lucros do
processo.
Considere que o valor de cada unidade produzida é composto de custos
variáveis que confrontados com o valor de venda resulta na margem de
contribuição e quando for produzido certo volume de produtos esse volume
irá gerar uma igualdade entre o valor da receita esperada com o valor dos
custos ocorridos.
Vamos considerar as seguintes informações, por meio do exemplo, a
seguir:
•
•
•
10 UNIUBE
Exemplifi cando!
Uma empresa, para fabricar um dos seus produtos, tem como custos
fi xos o valor de $ 25.000 no mês, e seu produto tem como custo
variável o valor de $ 6,00, seu valor de venda é de $15,00. Qual será
a margem de contribuição desse produto e quantos produtos serão
necessários para pagar os custos fi xos?
Sabemos que a margem de contribuição é o valor de venda menos o
valor dos custos variáveis, ou seja:
Valor de venda unitário $ 15,00 – custo variável unitário$ 6,00 =
Margem de Contribuição Unitária $ 9,00.
A Margem de Contribuição também é conhecida como lucro variável,
ou seja, a cada unidade vendida à empresa lucrará certo valor. Ela
pode ser tratada pelo valor unitário ou ainda pelo montante de produtos
vendidos, nesse caso, basta multiplicar, a margem de contribuição
unitária pela quantidade vendida.
Quando a empresa produz e vende uma quantidade que seja sufi ciente
para pagar todos os custos e despesas fi xas, além dos custos e despesas
variáveis de cada unidade produzida, nos temos o Ponto de Equilíbrio. Este ponto é a quantidade ou valor em que a receita esperada com a venda
de produtos é igual ao valor total dos custos e despesas para produzi-los.
104 UNIUBE
Exemplifi cando!
Veja a seguinte situação.
Vamos considerar o produto do exemplo anterior:
Preço de Venda: $ 15,00;
Margem de Contribuição: $ 9,00 (preço de venda – custos e
despesas variáveis);
seja o valor dos custos e despesas fi xas de $ 2.250,00.
Quantas unidades serão necessárias produzir para conseguir pagar
os custos e despesas fi xas?
Considerando que cada unidade produzida vai nos proporcionar
uma Margem de Contribuição de $ 9,00 e sendo o valor dos custos
e despesas fi xas de $ 2.250,00, basta dividir o valor dos custos e
despesas pela Margem de Contribuição.
Ponto de Equilíbrio = $ 2.250 / $ 9,00 = 250, ou seja, 250
unidades.
Logo, podemos deduzir que:
250 unidades vendidas por $ 15,00 cada = 250 x 15,00 =
$3.750,00.
250 unidades com custo e despesas variáveis unitário de $ 6,00
= 250 x 6,00 = $ 1.500,00
Logo: Custo Variável Total mais Custo Fixo = $ 1.500,00 + $ 2.250,00
= $ 3.750,00.
Então: o Ponto de Equilíbrio ocorre quando a receita total é igual
à soma dos custos e despesas.
•
•
•
•
•
•
•
105 UNIUBE
Ponto de Equilíbrio - PE = (Receita total = Custos e despesas totais)
PE = ($ 3.750,00 = $ 1.500,00 + $ 2.250,00).
A fórmula matemática para se chegar ao ponto de equilíbrio, que pode ser
representado em quantidades ou em valor, é:
Ponto de Equilíbrio (PE) = Custos Fixos + Despesas fi xas
Margem de Contribuição
Você viu que o Ponto de Equilíbrio no exemplo anterior é de 250 unidades
ou:
Ponto de Equilíbrio em valor = 250 unidades x $ 15,00 = $ 3.750,00
Vamos continuar nosso estudo sobre o Ponto de Equilíbrio - PE, também
conhecido como Break-Even-Point.
Quando a empresa produz e vende uma quantidade acima do ponto de
equilíbrio, ele começa efetivamente a ter um resultado positivo ou lucro
real, pois o valor recebido até o ponto de equilíbrio esta todo comprometido
com os custos e despesas.
A diferença entre o Ponto de Equilíbrio e a produção acima dele
e chamada de Margem de Segurança.
O Ponto de Equilíbrio é um referencial que permite a empresa evidenciar
de forma rápida o mínimo de atividade ou produção que ela pode atuar em
determinadas situações não habituais.
106 UNIUBE
4.3.1 Classificações do Ponto de Equilíbrio
São realizadas algumas variações no cálculo do Ponto de Equilíbrio,
de forma a simular a capacidade da empresa de suportar situações
diferenciadas, no âmbito contábil, financeiro e econômico. Este ponto de
equilíbrio é classificado em:
Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC;
Ponto de Equilíbrio Financeiro - PEF;
Ponto de Equilíbrio Econômico - PEE.
O Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC:
O Ponto de Equilíbrio Contábil também chamado apenas de Ponto de Equilíbrio
- PE, foi o que você estudou acima, em que a fórmula para encontrá-lo é:
•
•
•
PEC = (CF + DF) / Mg.Contribuição.
O Ponto de Equilíbrio Financeiro - PEF:
Alguns custos e despesas fixas são registrados contabilmente, mas não
geram desembolso de valores, é o caso da Depreciação.
Você já estudou que a depreciação é a perda de valor dos bens de uso da
empresa por fatores de uso, obsolescência etc. Na prática o valor dessa
redução é registrado na Contabilidade, mas não obriga a empresa, a cada
registro, desembolsar valores, ou seja, não existe nenhum pagamento
quando se registra a depreciação.
O Ponto de Equilíbrio Financeiro considera essa não saída de recursos
como uma disponibilidade em caixa. Quando do seu cálculo esse valor
deve ser retirado do montante de custos e despesas lançados nos registros
contábeis. A fórmula para o cálculo deste ponto é:
107 UNIUBE
PEF = (Custos e Despesas Fixas – Custos e Despesas não
desembolsáveis) / Mg.C.
Supondo que no exemplo anterior, a empresa tenha registrado na
contabilidade um valor de custo e despesa com Depreciação de $ 720,00.
O ponto de Equilíbrio Financeiro, ou seja, a quantidade ou valor necessário
para pagamento dos custos e despesas no ponto de vista financeiro será:
PEF = Custos e Despesas fixas – Depreciação (não desembolsável)
Margem de Contribuição unitária
PEF = 2.250,00 – 720,00 =
9,00
PEF = 1.530,00 => PEF = 170 unidades ou
9,00
PEF em valor = 170 unidades x $ 15,00 (preço de venda) = $ 2.550,00.
Observe, agora, que a soma dos custos e despesas, que geram desembolso
no caixa da empresa, vão somar o valor de $ 2.550,00:
170 unidades com custos e despesas variáveis de $ 6,00 cada =
$1.020,00;
Custos fixos totais menos a depreciação = 2.250,00 – 720,00 =
$1.530,00.
Continuando com o estudo, ainda existe um Ponto de Equilíbrio chamado
de Ponto de Equilíbrio Econômico – PEE.
Ponto de Equilíbrio Econômico – PEE
Nesse ponto de equilíbrio, é considerado além dos custos e despesas
108 UNIUBE
operacionais, as despesas financeiras provenientes de efeitos monetários,
como variações cambiais etc., e ainda a projeção de receitas esperadas
como ganho de investimento mínimo, também chamado de Custos de
Oportunidade.
A fórmula do Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é:
PEE = Custos e Despesas Fixas + Custos de Oportunidade + Despesas
Financeiras
Margem de Contribuição Unitária
Vamos ver como fica esse ponto de equilíbrio no nosso exemplo.
Considerando que a empresa tenha, como meta um ganho mínimo por
período de $ 1.080,00, para compensar o que ela ganharia caso os seus
recursos financeiros fossem aplicados em um fundo de investimento (banco).
O valor esperado como compensação de um ganho em outro
investimento é chamado de Custos de Oportunidade, pois o
investimento atual, no caso a produção de bens ou serviços, terá
que gerar ganhos que pague seus custos e despesas mais esses
ganhos mínimos para ser considerado como um investimento
que vale a pena.
Ponto de Equilíbrio Econômico - PEE = 2.250,00 + 1.080,00
9,00
Ponto de Equilíbrio Econômico - PEE = 3.330,00 => PEE = 370 unidades
9,00
Vamos agora fazer uma comparação entre os três tipos de Ponto de
Equilíbrio estudados.
109 UNIUBE
Ponto de Equilíbrio Quantidade Valor
Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC 250 unidades $ 3.750,00
Ponto de Equilíbrio Financeiro - PEF 170 unidades $ 2.550,00
Ponto de Equilíbrio Econômico - PEE 370 unidades $ 5.550,00
Observa-se que em cada uma dessas situações, o Ponto de Equilíbrio
demonstra a igualdade entre a receita e os gastos em pontos de vista
diferentes.
Nada impede que o gestor da empresa defina metas a serem atingidas
nos Pontos de Equilíbrio. Com isso ele consegue pré definir os resultados,
ganhos e lucros esperados. O Ponto de Equilíbrio em qualquer que seja
sua ótica pode ser demonstrado graficamente, como você pode observar
na Figura 3, a seguir.
Figura 3: Demonstração do Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC.Fonte: Acervo do autor.
4.3.2 Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio múltiplos produtos
Dificilmente uma empresa produz um único produto. No caso de empresas
que produzem dois ou mais produtos uma das formas de definir o ponto de
equilíbrio na produção de cada produto é por meio de um percentual médio de
110 UNIUBE
Nessa situação, após levantar os percentuais de participação de cada
produto no faturamento, apura-se a margem de contribuição total de cada
produto, ou seja, a receita esperada de cada produto menos os custos
variáveis.
O próximo passo é confrontar a soma de todas as margens de contribuição
dos produtos com a receita total esperada. Em relação ao resultado obtido
podemos chamar de Índice de Margem de Contribuição Global (% de
contribuição de cada produto) – Mg.C Global.
Índice de Mg.C Global = (Mg.C produto 1 + Mag.C produto 2...Mg.C produto “n”)
Receita Total das Vendas
Em seguida, calcula-se a receita esperada no Ponto de Equilíbrio com base
na Margem de Contribuição Global.
Ponto de Equilíbrio $ = Custos Fixos
Mg.C Global
Com o valor do Ponto de Equilíbrio, basta identifi car a participação de
cada produto de acordo com os percentuais levantados anteriormente.
Acompanhe o desenvolvimento do exemplo a seguir:
A empresa Ventania Ltda, fabrica e comercializa 03 modelos de
ventiladores, os modelos são: ventiladores de mesa, de pedestal e
de parede. Em certo período do ano os gastos relativos a produção e
comercialização dos três modelos foram os seguintes:
participação de cada produto no faturamento total da empresa. Isso é possível
confrontando a receita estimada de cada produto com a receita total esperada.
111 UNIUBE
Qual será o Ponto de Equilíbrio para essa empresa?
Vamos descobrir!!!
Precisamos saber, primeiramente, o valor total das receitas ou do faturamento
da empresa com os três modelos de ventiladores. (Tabela 1)
Modelos de Ventilador Volume de Vendas Preço de Venda unitário
Mesa 150 unidades $ 45,00
Pedestal 250 unidades $ 70,00
Parede 200 unidades $ 60,00
Os Custos e Despesas Variáveis unitário de cada modelo foi:
Produto:
Mesa................... $ 25,50
Pedestal.............. $ 15,00
Parede................. $ 20,00
Os Custos e Despesas Fixas somam-se: $ 12.500,00.
Tabela 1: Receitas e faturamento da empresaModelo Volume de vendas Preço de venda unitário Receita de vendasMesa 150 unidades X $ 45,00 $ 6.750,00Pedestal 250 unidades X $ 70,00 $ 17.500,00Parede 200 unidades X $ 60,00 $ 12.000,00
Receita Total $ 36.250,00
Agora com o valor da receita total, podemos saber qual a proporção de
participação de cada modelo no faturamento total da empresa.
11 UNIUBE
Faturamento total = $ 36.250,00
Faturamento de cada Modelo:
Mesa............ = $ 6.750,00
Pedestal...... = $ 17.500,00
Parede......... = $ 12.000,00
Cálculo das participações:
Modelo de Mesa: $ 6.750,00 / $ 36.250,00 = 0,19 => 0,19 x 100 =
18,62%
Modelo de Pedestal: $ 17.500,00/ $ 36.250,00 = 0,48 => 0,48 x 100 =
48,28%
Modelo de Parede: $ 12.000,00 / $ 36.250,00 = 0,33 => 0,33 x 100 =
33,10%
Para chegar até o Ponto de Equilíbrio Global, temos que achar a margem de contribuição de cada produto (modelo) e o índice geral relativo à margem de contribuição de todos os modelos juntos.
Visualize, na Tabela 2, todo o cálculo a ser realizado. Lembre-se de que a Margem de contribuição é resultado do Faturamento/Receita deduzindo (diminuído dos Custos e despesas variáveis):
Tabela 2: Cálculo do Índice da Margem de Contribuição GlobalModelo Faturamento / Receita Custos e despesas variáveis Margem de
contribuiçãoMesa $ 6.750,00 $ 25,50 x 150 = $ 3.825,00 $ 2.925,00Pedestal $ 17.500,00 $ 15,00 x 250 = $ 3.750,00 $ 13.750,00Parede $ 12.000,00 $ 20,00 x 200 = $ 4.000,00 $ 8.000,00
Margem de Contribuição Total $ 24.675,00
O Índice é calculado assim:
Índice da Margem de Contribuição Global (ind. Mg.C Global):
11 UNIUBE
Margem de Contribuição total
Receita ou Faturamento total
ind. Mg.C Global $ 24.675,00 = 0,6807* $ 36.250,00
*Para um resultado melhor utilize quatro casas decimais.
Agora que calculamos o índice da margem de contribuição global, podemos
calcular a receita ou faturamento no ponto de equilíbrio global.
Ponto de Equilíbrio - PE= Custos e Despesas fixas / índice da Mg C. Global
PE = $ 12.500,00 / 0,6807 => PE = $ 18.363,45
Agora podemos calcular a receita individual de cada modelo como também
a quantidade a ser produzida de cada modelo, para alcançar o ponto de
equilíbrio global.
Para isso vamos fazer uso dos percentuais que foram calculados logo no
início referentes a participação de cada modelo no faturamento global.
Veja:
Modelo Percentual Receita total Receita individual
Mesa 18,62% $18.363,45 ($18.363,45 x 0,1862) = $3.419,27
Pedestal 48,28% $ 18.363,45 ($18.363,45 x 0,4828) = $ 8.865,87
Parede 33,10% $ 18.363,45 ($18.363,45 x 0,3310) = $ 6.078,30
A quantidade a ser produzida será:
Modelo Receita no PE Quantidade a Produzir
Mesa $ 3.419,27 $ 3.419,27 / $ 45,00 = 75,98 ou 76 unidades
114 UNIUBE
Pedestal $ 8.865,87 $ 8.865,87 / $ 70,00 = 126,66 ou 127 unidades
Parede $ 6.078,30 $ 6.078,30 / $ 60,00 = 101,31 ou 101 unidades
Como você viu que, o Ponto de Equilíbrio pode ser calculado individualmente
como em grupo de produtos. Mas o Ponto de Equilíbrio tem algumas
restrições.
4.3.3 Limitação da análise custo – volume – lucro
O Ponto de Equilíbrio seja qual for o foco, faz parte de uma análise chamada
de custo – volume – lucro, essa análise é muito útil na gestão dos custos.
Mas pode apresentar limitações na sua aplicação. Entre as limitações
podemos destacar que os custos fixos são classificados como fixos durante
certo tempo, pois em algum momento esses custos terão seus valores
reajustados ou realinhados. Logo os parâmetros utilizados na análise
precisam ser revistos. Exigindo uma atenção especial para os custos fixos.
Em alguns casos a variedade de produtos pode ser um dificultador na
aplicação do método.
Você aprofundou seu conhecimento sobre os custos variáveis. Aprendeu
sobre métodos de custeio gerenciais como o custeio variável, que utiliza
como base os gastos relacionados com o volume de produção, permitindo
um gerenciamento melhor dos recursos produtivos.
Aprendeu sobre o método de custeio padrão que é utilizado para antecipar os
gastos de produção e permitir um bom planejamento. Estudou ainda, sobre
a relação entre os custos fixos, variáveis e o volume produzido, identificando
suas variações nos pontos de vista contábil, financeiro e econômico.
Bons estudos!
Resumo
115 UNIUBE
Para aprofundar o seu conhecimento é necessária a leitura de capítulos
indicados a seguir, da obra de: DUBOIS, Alexy.; KULPA, Luciana;
SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preço. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Eles são de fundamental importância
e imprescindíveis para que você consiga aprender e entender o que
estamos desenvolvendo neste capítulo. Para isso você recebeu
esse livro customizado como parte do material que lhe chegou nesta
etapa.
Métodos de Custeio – você aprofundará seus estudos nos modelos
de custeio mais utilizados.
Análise Custo-Volume-Lucro, você estudará com mais detalhamento
os conceitos abordados permitindo um reforço na construção do
conhecimento.
Boa Leitura!
Leituras
116 UNIUBE
Vamos exercitar um pouco do que aprendemos?
Desenvolva as atividades a seguir, pois elas irão contribuir para o seu
conhecimento, a partir do tema que abordamos nesta unidade.
Atividade 1Com auxílio dos dados abaixo, responda as questões:
dados:
Custos Fixos............................................$ 180.000,00
Custo Variável unitário............................$ 600,00
Valor de venda unitário............................$ 700,00
1.1. O Ponto de Equilíbrio Contábil é igual a:
a) ( ) 2.000 unidades;
b) ( ) 1.800 unidades;
c) ( ) 2.050 unidades;
d) ( ) 1.260 unidades;
e) ( ) 2.020 unidades.
1.2. A Receita total do Ponto de Equilíbrio Contábil é de:
a) ( ) $ 1.000.000;
b) ( ) $ 300.000;
c) ( ) $ 1.400.000;
d) ( ) $ 1.260.000;
e) ( ) $ 2.200,000.
1.3. Se a produção e a venda forem de 225.000 unidades, o lucro será de:
a) ( ) $ 2.000.000;
b) ( ) $ 1.000.000;
c) ( ) $ 1.300.000;
Atividades
117 UNIUBE
Atividade 2Uma empresa vende 06 unidades de seu produto principal. O preço unitário
de venda é de $ 1.200,00, os custos e despesas variáveis unitários de
$300,00 e os custos e despesas fixas mensais totais de $ 3.600,00.
O Ponto de Equilíbrio Contábil em unidades e em valor são
respectivamente:
a) ( ) 02 unidades; $ 3.200,00; o Lucro Bruto é de $ 1.800,00;
b) ( ) 04 unidades; $ 3.200,00; o Lucro Bruto é de $ 1.800,00;
c) ( ) 04 unidades; $ 4.800,00; o Lucro Bruto é de $ 1.800,00;
d) ( ) 02 unidades; $ 1.800,00; o Lucro Bruto é de $ 3.200,00;
e) ( ) 04 unidades; $ 4.800,00; o Lucro Bruto é de $ 3.600,00.
d) ( ) $ 4.500.000;
e) ( ) $ 2.500.000.
Uma empresa investiu $ 250.000,00 num empreendimento novo e deseja
um lucro correspondente a 6% ao mês. Os dados projetados são os
seguintes: Preço de Venda unitário $ 8,00, Custo Variável unitário $ 5,00,
Despesas Variáveis 20% do Preço de Venda e Custos Fixos e Despesas
Fixas num total de $ 6.000,00 por mês. Diante destes fatos o Ponto de
Equilíbrio Econômico em quantidade e valor esperado são:
a) ( ) 12.500 unidades, $ 100.000,00;
b) ( ) 13.125 unidades, $ 105.000,00;
c) ( ) 14.660 unidades, $ 117.280,00;
d) ( ) 15.000 unidades, $ 120.000,00;
e) ( ) 17.850 unidades, $ 142.800,00.
Atividade 3
118 UNIUBE
Atividade 4A margem de contribuição de um produto ou serviço significa:
a) ( ) lucro bruto obtido em sua venda;
b) ( ) diferença entre sua receita e suas despesas fixas;
c) ( ) diferença entre sua receita bruta e os gastos variáveis por ele
gerado;
d) ( ) lucro líquido obtido em sua venda;
e) ( ) lucro líquido obtido em sua compra.
Atividade 5A empresa Faz & Faz Ltda. produz e comercializa 02 produtos diferentes.
No mês de jan/20X1 os gastos relativos à produção e à comercialização
dos dois produtos foram os seguintes:
Produto A:
Gastos com Mão de Obra Direta............................ $ 60.000,00
Gastos com Materiais Diretos................................ $ 40.000,00
Gastos Ind. de Fabricação..................................... $ 140.000,00
Gastos referentes à produção................................ $ 240.000,00
Gastos ref. à comercialização............................... $ 100.000,00
Gastos Totais do Período...................................... $ 340.000,00
Produto B:
Gastos com Mão de Obra Direta.......................... $ 140.000,00
Gastos com Materiais Diretos............................... $ 40.000,00
Gastos Ind. de Fabricação................................... $ 50.400,00
Gastos referentes à produção.............................. $ 230.400,00
Gastos ref. à comercialização.............................. $ 50.000,00
Gastos Totais do Período.................................... $ 280.400,00
119 UNIUBE
Todos os gastos diretos de fabricação variam proporcionalmente às
quantidade produzidas.
Todos os gastos indiretos de fabricação e os gastos de comercialização
são fixos em relação às quantidades produzidas e vendidas.
Além disso, sabe-se que o “Produto A” tem um preço de venda unitário
de $ 10,00/unidade e, no dito período, foram produzidas 50.000 e
vendidas 45.000 unidades deste produto.
Com relação ao “Produto B”, sabe-se que o preço de venda do mesmo
é de $ 8,00/unidade e foram produzidas 36.000 e vendidas 30.000
unidades nesse período.
•
•
•
•
Com base nessas informações, pede-se:
a) demonstrar o resultado do exercício (lucro ou prejuízo do mês), para cada
um dos produtos e para a empresa como um todo, pelos dois sistemas
de custeamento já ensinados neste curso, ou seja, pelo Custeio por
Absorção e pelo Custeio Variável.
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu; ROCHA, Wellington. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo. Atlas, 2006.
Referências
CUSTEIO ABC
Caro aluno, nesse capítulo você estudará sobre o critério do método
de gerenciamento dos custos conhecido como ABC.
Você aprendeu que uma das grandes preocupações dos gestores de
produção são os Custos. E quanto mais detalhada for a informação
que permita avaliar e se possível se antecipar sobre os custos que
ocorrerão no processo produtivo, quanto melhor será os resultados.
Todos os métodos apresentados até agora procuram ajustar eventuais
divergências entre os custos apurados e a confi abilidade dos dados
garantindo assim, melhores resultados econômicos da produção.
Entre os métodos estudados temos o método de absorção que procura
distribuir de forma igual todos os custos entre os diversos produtos
fabricados nas empresas.
Agora, você vai estudar um novo método que procura otimizar ainda
mais o detalhamento e a confi abilidade dos dados, o Método de Custeio
por Atividade ou Custeio ABC, esse método se baseia na identifi cação
dos custos de acordo com todas as atividades realizadas dentro da
empresa.
5Alexandre Alvarez
Introdução
1 UNIUBE
Objetivos
Para alguns profissionais da área, esse método é um aperfeiçoamento
do Método de Absorção, pois ele também utiliza dos conceitos de
Departamentalização, mas agora com um refinamento bem maior nos
detalhes. Aqui as atividades mais simples e mais complexas são levantadas
e todos os elementos geradores de custos são apurados.
O texto apresentado não pretende esgotar todo o tema já que esse assunto
é relativamente novo e muito amplo, mas, você deve ler com atenção esse
capítulo, e posteriormente dedicar-se a leitura dos textos sugeridos nesse
material de estudo, para conseguir absorver de forma mais fácil o assunto.
Se possível procure os demais textos complementares, eles poderão
somar mais conhecimento sobre o tema. Não deixe de fazer as atividades
de fixação.
Um ótimo estudo!
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
descrever a sistemática aplicada pelo sistema de Custeio ABC;
relacionar o Sistema de Custeio ABC com métodos tradicionais de
rateio dos Custos Indiretos Fixos das Indústrias;
criticar como o Sistema de Custeio ABC pode auxiliar na formação do
Preço de Venda e do Resultado das empresas;
defender que o Sistema de Custeio ABC pode ser empregado em
qualquer tipo de empresa, além da industrial.
•
•
•
•
1 UNIUBE
Esquema
S is tem a A B C - C once ito e In trodução.
Identificação das A tiv idades Im portan tes no processo produtivo
Identificação dos C ustos em cada A tiv idade
D irec ionadores de C ustos – C once ito e F ina lidade
A plicações do M étodo de C uste io por A tiv idade - A B C
T extos sugeridos e a tiv idades propostas
5.1 Sistema de Custeio ABC
Você, já estudou sobre o que é Custo, e suas classificações em Direto,
Indireto, Variáveis e Fixos. Portanto, já deverá ter também a noção de que,
o grande problema, para as empresas industriais, que fabricam mais de
um produto em sua planta fabril é com relação aos Custos Indiretos de
Fabricação - CIFs, também conhecido como Custos Indiretos de Produção
- CIPs.
Como apropriar os valores destes Custos aos diversos produtos
fabricados, em um determinado período?
Surge aí o famoso Critério de Rateio. Existem diversas formas de ratear os
CIPs aos produtos, através do Critério de Rateio: pelo tempo de produção
de cada produto, pelo volume produzido no período, pelo tempo da mão de
14 UNIUBE
obra utilizada, entre outros e até pela experiência dos gestores envolvidos
no processo. Todas estas formas contêm um grande grau de subjetividade,
e isto pode não ser bom, e normalmente não é para os resultados das
empresas.
O Sistema de Custeio ABC aparece então, como uma ferramenta para
auxiliar aos gestores das empresas industriais a diminuírem este problema,
acabando até certo ponto com o subjetivismo dos critérios de rateios
tradicionais.
Este método melhora a forma de alocação dos CIPs aos produtos, fazendo
com que os resultados estejam mais próximos do real. É preciso lembrar
que mesmo com esta técnica, do Custeio ABC, ainda assim, teremos algum
subjetivismo/arbitrariedade na alocação dos CIPs aos produtos, mas em
níveis bem menores, a ponto de melhorar e muito, os resultados obtidos
pelas empresas.
Vamos então relatar a sistemática, apresentado por este sistema tão falado
e utilizado na prática pelas indústrias e prestadoras de serviços.
Para que seja bem aplicado e traga os melhores resultados, o Sistema de
Custeio ABC se baseia em 3 – (três) pontos, a saber:
a) Identificação das Atividades Relevantes;
b) Atribuição de Custos ($) às Atividades;
c) Identificação e Seleção dos Direcionadores de Custos.
Vamos estudar agora cada um deles.
5.1.1 Identificação das Atividades Relevantes
Antes de falarmos diretamente sobre este item, vamos lembrar que, para
15 UNIUBE
chegarmos a ter um resultado satisfatório do Sistema de Custeio ABC,
é importante e necessário que a empresa seja departamentalizada, em
todos os seus seguimentos, ou seja, não só na área fabril, mas também na
administração, comercial etc.
Uma das premissas para que o Sistema de Custeio Baseado em Atividades
(ABC) seja um sucesso é a departamentalização das empresas.
Este método procura identifi car e relacionar as atividades relevantes de
cada departamento dentro da empresa.
Exemplifi cando!
Podemos citar como exemplo o quadro 01:
Quadro 01: Demonstrativo das Atividades RelevantesDepartamentos Atividades Relevantes
ComprasComprar Materiais
Desenvolver Fornecedores
Almoxarifado
Receber Materiais
Armazenar Materiais
Movimentar Materiais
Embora possa parecer simples a identifi cação, não se trata de uma
tarefa muito fácil, uma vez que teremos que valorizar cada atividade
e, além disto, identifi car um direcionador para alocar o custo desta
atividade aos produtos.
Podemos dizer também que, por exemplo: a atividade do departamento
almoxarifado, “receber materiais”, com certeza tem, implícito, outras
Fonte: Adaptado de Martins (2003, p. 93).
16 UNIUBE
atividades como: inspecionar materiais. O grau de detalhamento vai
depender da atividade e da necessidade e vontade dos gestores
relacionados a este trabalho.
Vale a pena lembrar que os departamentos exercem diversas
outras atividades como, por exemplo: atendimento de telefone,
atendimento a pessoas externas, arquivos internos, entre outras.
Neste trabalho, temos que identifi car as atividades mais relevantes, o que
o torna bastante complexo.
O sentido de relevante deve sempre estar voltado para atividades que são
o objetivo maior da existência do departamento bem como também aquelas
que se relacionam com os produtos, na medida do possível.
5.1.2 Atribuição de custos às atividades
Vamos continuar com os estudos.
Outra tarefa bastante complexa é identifi car os valores e atribuí-los a cada
atividade. Pode até parecer fácil, mas não é. Vamos lembrar que estamos
falando de um departamento e que às vezes desenvolve em conjunto, diversas
atividades, todas importantes, mas apenas algumas são relevantes.
Sendo assim, é necessário determinar os gastos ($) que o departamento
possui: salários e encargos, materiais utilizados na realização das
atividades em geral, telefones, entre outros, ou seja, todos os gastos que
o departamento tem em um determinado período. A partir daí, de posse
desse valor total, distribuí-lo às atividades identifi cadas como relevantes
para este departamento.
17 UNIUBEPara este trabalho, é empregada a fi losofi a do Sistema de Custeio ABC:
esta distribuição dos valores às atividades deve ser feita de forma bem
detalhada, procurando aplicar a seguinte ordem:
Alocação DiretaRefere-se aos valores que são identifi cados diretamente com a Atividade
Relevante identifi cada;
RastreamentoQuando não for possível identifi car o valor diretamente com a Atividade
Relevante, deve-se procurar achar um caminho, através das diversas
atividades, para se chegar à Atividade Relevante identifi cada. É como se
fossemos ligando o valor a ser distribuído entre todas as atividades que o
departamento faz, até chegar à Atividade Relevante;
RateioEste recurso só deverá ser usado caso não exista nenhuma condição de
mensurar o valor, ou diretamente, ou por rastreamento, à Atividade Relevante.
5.1.3 Identifi cação e seleção dos direcionadores de custos
Podemos conceituar um direcionador como sendo alguma coisa que liga a
Atividade Relevante agora já valorizada, a outros departamentos e aos produtos.
Exemplifi cando!
O número de requisições expedidas, o número de horas trabalhadas,
o número de pedidos expedidos etc. Vejamos o quadro 2 a seguir:
18 UNIUBE
Quadro 2: Demonstrativo das Atividades Relevantes versus Direcionadores.Departamentos Atividades Direcionadores
ComprasComprar Materiais No. de pedidos
Desenvolver Fornecedores No. de fornecedores
Almoxarifado
Receber Materiais No. de recebimentos
Armazenar Materiais No. de produtos/materiais
Movimentar Materiais No. de requisições
Fonte: Adaptado de Martins (2003, p. 99).
Você pode notar que, para cada atividade por departamento, devemos
identifi car alguma coisa que relacione a atividade aos demais
departamentos ou produtos. Este trabalho deverá se estender a todas
as Atividades Relevantes identifi cadas na empresa como um todo. É
através destes direcionadores é que faremos a alocação dos valores
(custos) aos demais departamentos e produtos existentes.
Nesta primeira fase de estudos, vimos a aplicação do Sistema de Custeio
ABC voltado apenas para o processo de produção (área fabril) no auxílio
a alocação dos CIPs aos diversos produtos fabricados por uma empresa
industrial.
É importante salientar que a aplicação do Custeio ABC não se
restringe somente aos Custos Indiretos de Produção (CIPs). Como
ferramenta gerencial, pode e deve ser usado na formação do lucro
das empresas, englobando aí, também as despesas existentes
com relação à distribuição das mesmas (despesas) a cada produto, na
verifi cação de qual produto proporciona a maior margem líquida de retorno
para as empresas. Hoje, as empresas prestadoras de serviços utilizam
desta ferramenta com um nível de sucesso muito grande nas tomadas de
decisões gerenciais, nas estratégias de formação do preço de venda, entre
outros.
19 UNIUBEUsando a mesma metodologia, espalha-se o conceito a todos os gastos
dentro das empresas, o que proporciona um maior acerto na análise
individual de cada linha de produtos. Para a empresa que realizar controle
e apurar resultados por produtos, a técnica do ABC será a mais indicada
para este fim, uma vez que eliminará bastante o grau de subjetividade
com relação agora às despesas que deverão compor o resultado de cada
produto.
Sem o ABC, para este tipo de análise, normalmente as despesas seriam
alocadas aos produtos, utilizando-se critérios de rateios parecidos com
os utilizados na alocação dos Custos Indiretos de Produtos - CIPs, o que
aumentaria a arbitrariedade e, consequentemente, a margem de erro no
resultado final.
O sistema ABC pode ser utilizado na formação do Preço de Venda de cada
produto, em que, além dos custos de fabricação, as despesas também devem
fazer parte do seu cálculo, utilizando à metodologia do Sistema de Custeio
ABC, a empresa terá maior segurança na distribuição dessas despesas
aos diversos produtos que fabrica e vende. Diminuirá bastante a margem
de erro que os critérios tradicionais proporcionam, dando maior segurança
nas análises e tomadas de decisões que porventura forem necessárias.
Lembre-se que agora estamos falando da empresa como um todo e não
mais só da parte relacionada com o processo de produção. Portanto, o
trabalho de elaboração se tornará ainda mais complexo. O bom disto é que,
uma vez definidos todos os critérios e implantado o Sistema, deveremos
fazer as manutenções preventivas e corretivas no sistema, o que vai tornar
o trabalho rotineiro e prazeroso.
É claro que o trabalho de implantação deste sistema requer um projeto, uma
vez que envolve todos os seguimentos de uma entidade, demanda certo
10 UNIUBE
tempo para a sua elaboração e mais tempo ainda para a sua implantação e
acompanhamento, envolvendo o treinamento dos colaboradores envolvidos
neste projeto.
Parabéns, você chegou ao fi nal dos estudos propostos, sobre o tema –
Contabilidade e Custos.
Você conheceu nesse capítulo um dos métodos que mais se aprofunda na
qualifi cação dos custos apurados. Aprendeu sobre sua fi nalidade e como
ele é aplicado no processo fabril. Aprendeu que ele pode ser aplicado nas
áreas de serviço também.
Agora, para fi xar os conhecimentos faça as atividades e procure ler com
atenção as leituras sugeridas.
Agora você pode fortalecer seu estudo com a leitura de – Métodos
de Custeio – da obra: DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz
Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preço. 3 ed. São Paulo:
Atlas, 2009. Com a leitura você irá adquirir mais conhecimento sobre
os temas abordados melhorando o seu aprendizado.
A leitura do texto permitirá que você se familiarize com os termos e
nomenclaturas pertinentes ao assunto.
Esse capítulo aborda as características especiais do método ABC,
a importância do conceito de atividade, além dos benefícios desse
Resumo
Leituras
11 UNIUBE
método na gestão dos custos.
Boa leitura.
Ao realizar as atividades que se seguem, você deverá consultar as
explicações anteriores e os capítulos referentes a este assunto. A empresa
Rede InfoServiços dedica-se à prestação de dois serviços, na área de
informática:
Atividades
Montagem e manutenção de homepages (páginas na internet):
Serviço A: Receita Líquida no período = $ 860.965
Instalação e manutenção de rede interna em empresas (Intranet):
Serviço B: Receita Líquida no período = $ 1.262.273
Em determinado período, foram registrados os seguintes custos diretos:Serviço A Serviço B
Depreciação de veículos -0- 20.000Salários e encargos sociais do pessoal 100.000 130.000Depreciação de equipamentos de processamento de dados
80.000 15.000
Softwares e hardwares utilizados 45.000 380.000Energia elétrica 170.000 -0-
1 UNIUBE
Os Custos Indiretos comuns aos dois serviços, foram de $ 500.000 para o
mesmo período.
Por meio de entrevistas, análise de dados na contabilidade etc., verificou-
se que os custos indiretos referiam-se às seguintes atividades:
Atividade $Treinar e aperfeiçoar pessoal 150.000Realizar manutenção preventiva 110.000Realizar manutenção corretiva 80.000Supervisionar Serviços 70.000Controlar a qualidade dos serviços 90.000TOTAL 500.000
Lista de possíveis Direcionadores de Custos:Serviço A Serviço B
N° de horas de manutenção preventiva 200 1.400N° de horas de manutenção corretiva 80 320Tempo dedicado pelos supervisores 15% 85%N° de horas de treinamento 100 300N° de pontos de inspeção de controle de Qualidade
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Quantidade de Homepages montadas 80 -0-Quantidade de redes instaladas -0- 15
Pede-se:
Atividade 1Calcular o valor dos custos indiretos, por tipo de serviço, segundo o rateio com base no custo direto.
Atividade 2Calcular os custos, segundo o Custeio Baseado em Atividades (ABC).
Atividade 3Calcular a margem bruta de lucro, em porcentagem, por tipo de serviço, e no total, segundo o Custeio Baseado em Atividades (ABC).
1 UNIUBE
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preço. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu; ROCHA, Wellington. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo. Atlas, 2006.
Referências